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LAZER E CURRÍCULO: UM OLHAR SOBRE O CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ ENTRE 1999-2008. 1 Prof Esp. Gustavo Maneschy Montenegro 2 Prof. Msc. Vera Lúcia da Costa Fernandes (orientação) RESUMO: O presente artigo é resultado de pesquisa desenvolvida no III Curso de Especialização em Lazer realizado pelo Curso de Educação Física da Universidade do Estado do Pará (UEPA), tendo por objetivo analisar a formação na área do lazer no currículo do curso em questão durante o período de 1999 à 2008. A metodologia abordou uma pesquisa participante, abordagem qualitativa, técnica e coleta de dados: entrevista semi-estruturada, análise do discurso e observação participante. Participaram como sujeitos da pesquisa quatro professores que trabalharam com a temática do lazer durante o período destacado. O problema: Como ocorreu a formação na área do lazer no currículo do curso de Educação Física da UEPA no período de 1999 à 2009?. Resultados: A formação no lazer foi realizada por meio da disciplina Fundamentos do Lazer I, que se fundamenta na indissociabilidade entre ensino-pesquisa e extensão. No entanto, vale destacar que nem todos os professores realizaram essa ação, percebendo-se a necessidade de consolidá-la, embora exista uma prática em comum entre eles, que entende o lazer como um direito social, e não somente como descanso e diversão. . Palavras-Chave: Currículo. Lazer. Formação profissional. 1 Prof° Especialista em Lazer(UEPA), Mestrando em Educação-UFPA-; Prof° da disciplina Atividades Físicas, Recreação e Jogos(UEPA), Membro da linha de Pesquisa “Formação e Desenvolvimento de Pessoal em Politicas Publicas de Lazer”- NEPAEL-UEPA; [email protected]. 2 Profª Mestre em Educação- Docência Universitária/IPLAC- UEPA;Especialista em Lazer(UFMG); graduada em Educação Física(ESEFPA); Profª da disciplina Estudos do Lazer(UEPA); Coordenadora da linha de Pesquisa”Formação e Desenvolvimento de Pessoal em Politicas Públicas de Lazer”-nEPAEL-UEPA; Coordenadora do IV Curso de Especialização em lazer(UEPA); [email protected]/[email protected] 1

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LAZER E CURRÍCULO: UM OLHAR SOBRE O CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE DO

ESTADO DO PARÁ ENTRE 1999-2008.

1Prof Esp. Gustavo Maneschy Montenegro2Prof. Msc. Vera Lúcia da Costa Fernandes (orientação)

RESUMO: O presente artigo é resultado de pesquisa desenvolvida no III Curso de Especialização em Lazer realizado pelo Curso de Educação Física da Universidade do Estado do Pará (UEPA), tendo por objetivo analisar a formação na área do lazer no currículo do curso em questão durante o período de 1999 à 2008. A metodologia abordou uma pesquisa participante, abordagem qualitativa, técnica e coleta de dados: entrevista semi-estruturada, análise do discurso e observação participante. Participaram como sujeitos da pesquisa quatro professores que trabalharam com a temática do lazer durante o período destacado. O problema: Como ocorreu a formação na área do lazer no currículo do curso de Educação Física da UEPA no período de 1999 à 2009?. Resultados: A formação no lazer foi realizada por meio da disciplina Fundamentos do Lazer I, que se fundamenta na indissociabilidade entre ensino-pesquisa e extensão. No entanto, vale destacar que nem todos os professores realizaram essa ação, percebendo-se a necessidade de consolidá-la, embora exista uma prática em comum entre eles, que entende o lazer como um direito social, e não somente como descanso e diversão. .Palavras-Chave: Currículo. Lazer. Formação profissional.

A CONSTRUÇÃO DA TEMÁTICA...

Este artigo é resultante de pesquisa desenvolvida durante o III Curso de

Especialização em Lazer realizado pelo Curso de Educação Física da

Universidade do Estado do Pará, Campus Belém, tendo por objetivo analisar a

formação na área do lazer no currículo do curso em questão durante o período

de 1999 à 2009

A construção e interesse pelo tema ocorreu a partir do contato

profissional com o lazer durante o período da graduação em educação física,

quando se teve a oportunidade de atuar durante o ano de 2007 como agente 1 Prof° Especialista em Lazer(UEPA), Mestrando em Educação-UFPA-; Prof° da disciplina Atividades Físicas, Recreação e Jogos(UEPA), Membro da linha de Pesquisa “Formação e Desenvolvimento de Pessoal em Politicas Publicas de Lazer”- NEPAEL-UEPA; [email protected] Profª Mestre em Educação- Docência Universitária/IPLAC-UEPA;Especialista em Lazer(UFMG); graduada em Educação Física(ESEFPA); Profª da disciplina Estudos do Lazer(UEPA); Coordenadora da linha de Pesquisa”Formação e Desenvolvimento de Pessoal em Politicas Públicas de Lazer”-nEPAEL-UEPA; Coordenadora do IV Curso de Especialização em lazer(UEPA); [email protected]/[email protected]

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de recreação no Serviço Social do Comércio-Ananindeua/PA (SESC-

Ananindeua/PA) com vivências para crianças, adolescentes e idosos. No

decorrer dessa fase, tinha-se uma percepção restrita do significado do lazer,

compreendendo-o apenas no eixo da diversão e do entretenimento.

A atuação era centrada no “fazer pelo fazer” de modo técnico e ingênuo,

uma práxis inserida no consumo acrítico e descontextualizada do lazer, muito

próximo a que Isayama (2002) tem criticado ao referir que a prática pedagógica

no lazer quando fica a mercê da reprodução de jogos e brincadeiras contribui

para a alienação e reprodução das desigualdades sociais.

É importante ressaltar que essa forma de atuar sempre causava

inquietações para os seguintes questionamentos: “lazer é só diversão?”; “lazer

é um momento para entreter os alunos?”; “afinal, o que é trabalhar com lazer?”.

Na busca de respostas para essas indagações e subsídios que me

possibilitassem uma práxis pedagógica orientada para a reflexão/ação/reflexão,

tive a oportunidade de exercer durante os anos de 2008-2009 a função de

monitor da disciplina Fundamentos do Lazer I, no curso de Educação Física da

Universidade do Estado do Pará que me possibilitou uma melhor compreensão

dos temas em questão.

A partir dessa experiência houve motivos maiores para a investigação de

como se configurava a formação docente para o lazer em nível nacional, e em

especial nos cursos de educação física em Instituições de Ensino Superior

(IES) de Belém/PA. Às voltas com esta trajetória, a pesquisa ocorre para

aprofundar o conhecimento sobre a trajetória do lazer na formação do curso de

educação física da UEPA.

Com o avançar dos estudos, tornou-se evidente que o lazer se expandiu

a cada dia, principalmente pela descoberta de um mercado promissor, capaz

de gerar lucros significativos para aqueles que detêm e controlam os espaços e

equipamentos para o usufruto do tempo disponível das pessoas - padrões

meramente consumistas, alienante e acrítico no lazer. (WERNECK, 1998).

No que concerne à formação, ainda se depara com professores de lazer

atuante nos moldes da reprodução de jogos e de “pacotes” de atividades

recreativas sem um compromisso político, ou seja, colaboradores para a

manutenção da ordem e da apropriação do lazer pelas mãos do capital.

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Pensar nesse processo de formação/atuação não apresenta grandes

contribuições aos estudos do lazer, e sim, acreditar em um procedimento

dialógico, no qual professores e alunos são responsáveis por esta formação e

pela construção de um espaço democrático, dialético e científico, e ainda

convençam-se de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua produção ou a sua construção. (FREIRE, 1996, p.

22).

Portanto, compreende-se que a simples agregação dos saberes

produzidos em diferentes áreas do conhecimento não significa uma superação

das abordagens fragmentadas sobre o conteúdo, e aqui, em especial, o lazer,

mas que a formação seja refletida a partir da visão de Fernandes (2000, p. 13),

que defende:um processo que prepara o Homem “na” vida e “para” a vida, de modo que as decisões curriculares se assumam em correspondência não somente com os avanços científicos e técnicos, senão também atendendo aos diversos contextos e características culturais em que é desenvolvido.

Isso nos faz perceber que é necessário um maior envolvimento de

professores e alunos com vista a construir uma formação no lazer, aqui em

especial na educação física, que possa reconhecê-lo como um campo que

envolve saberes multi e interdisciplinares.

É fundamental ter a percepção e a clareza de que as ações pedagógicas

crítico-reflexiva no lazer só serão alcançadas por meio de um trabalho

integrado que envolva profissionais com diferentes formações, o que será

adquirido por meio da busca da inovação em termos do trabalho científico e da

pesquisa colaborativa, superando-se a sistemática das estruturas tradicionais.

(GOMES, 2006).

Então, as deveras reflexões acima realizadas detém o problema: Como ocorreu a formação na área do lazer no currículo do curso de Educação Física da UEPA no período de 1999 à 2008?.

Como procedimentos metodológicos adotamos: análise bibliográfica,

análise documental e pesquisa de campo realizada no Curso de Educação

Física da UEPA; como técnicas de coleta e análise de dados utilizamos: a

entrevista semi-estrutura, a observação participante e a análise de discurso.

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LAZER, CURRÍCULO E FORMAÇÃO SOB O PONTO DE VISTA DOS AUTORES...

Quando nos deparamos com questões que envolvem a problemática da

educação e das práticas curriculares na atualidade, percebe-se que estamos

diante de um grande desafio, tamanhas são as suas importâncias e relevâncias

para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Pensar nesses dois aspectos em tempos de neoliberalismo, de descaso

com a educação pública, de baixos salários para o corpo docente só vem a

reforçar a necessidade de educadores e educadoras assumirem um propósito

de mudança social, e de conceberem que a sua prática profissional não é

neutra e nem ingênua.

Para isso, partimos de uma concepção dialética da educação, pois nela:a formação do homem se dá pela elevação da consciência coletiva realizada concretamente no processo de trabalho (interação) que cria o próprio homem. (...) A questão central da pedagogia é o homem enquanto ser político, a libertação histórica, concreta, do homem contemporâneo. (GADOTTI, p. 157-158, 2006).

Trata de compreender que a educação não é um simples processo de

transmissão e reprodução do conhecimento, pois deve perpassar por uma ação

social e científica, na qual o seu propósito deve estar voltado para a construção

de um homem coletivo, crítico e criativo.

Nesse caminho, os estudos de Moreira e Silva (2001) nos ajudam a

compreender que o currículo há muito tempo deixou de ser uma área

meramente prática, voltada a questões relativas a procedimentos, técnicas,

métodos pedagógicos, ou seja, voltado ao “como” fazer, mas sim, guiada por

questões sociológicas, políticas e epistemológicas.

Consideramos que o currículo não se configura por ser um elemento

neutro e inocente no processo educativo, pois, ao construí-lo, estamos levando

em consideração uma concepção de mundo, de sociedade, relações de poder

e ideológicas, ou seja:Não é mais possível alegar qualquer inocência a respeito do papel constitutivo do conhecimento organizado em forma curricular e transmitido nas instituições educacionais. A teoria curricular não pode mais, se preocupar apenas com a organização do conhecimento escolar, nem pode encarar de modo ingênuo e não

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problemático o conhecimento recebido. (MOREIRA; SILVA, 2001.p. 20-21).

Não podemos perder de vista que o currículo transmite uma

compreensão de mundo, uma visão de coletividade, sendo de grande

importância para o propósito de sociedade que os profissionais de educação

física devam assumir para superar o entendimento da sua prática pedagógica

como eminentemente técnica e reprodutora, mas sim, envolvidos com a

construção de uma sociedade mais justa e mais harmoniosa.

No que concerne às questões teóricas sobre o lazer, tomamos como

suporte, dentre outros os estudos de Marcellino (2008) e Werneck (2000), por

serem marco histórico do Lazer no Brasil, e adentram-se pela discussão da

formação do profissional de lazer - espaços públicos e privados nos mostrando

o perfil sóciopolítico do mesmo, e a segunda descreve uma abordagem de

épocas das transformações sociais ocorridas desde Platão até os dias atuais.

Suas contribuições para os estudos nos possibilitam entender que

vivemos em uma sociedade marcada pela exclusão social, pelo desemprego e

pela privatização de bens sociais, a qual vem gerando a precariedade de

diversos serviços destinados a população, como a educação pública de

qualidade, condições satisfatórias de saúde e garantias de vivência críticas no

lazer.

O entendimento que se tem é que o lazer precisa ser compreendido na

perspectiva crítico-criativa – entendê-lo “ como gerado historicamente, e dele

podendo emergir, de modo dialético, valores questionadores da sociedade

como um todo, e sobre ele também sendo exercidas influenciais da estrutura

social vigente.”, que por outro lado significa dizer mudanças de atitudes

políticas, socais e educacionais (MARCELLINO, 2008, p.12).

Defende-se que a formação para a área do lazer deve ser alicerçada na

concepção proposta por Werneck (2000, p. 144), que busca: (..) sujeitos comprometidos com o processo de construção do saber, sujeitos que questionem a realidade, que perguntem pelo sentido de seu exercício profissional, que assumam uma atitude reflexiva face aos processos sociais e às contradições do nosso meio, fazendo do lazer não um mero (e alienante) produto a ser consumido, mas uma possibilidade lúdica, crítica, criativa e significativa a ser vivenciada com autonomia e muita responsabilidade.

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Portanto, quando se depara empiricamente com o processo

formativo na área por meio dos meios de comunicação de massa - jornal e

televisão, – observa-se profissionais enquanto recreadores se moldando ainda

as suas práticas pedagógicas à atividades voltadas tão somente para o eixo da

diversão e do entretenimento.

E a partir da experiência profissional na área, afirma-se que é

necessário discutir essas concepções, haja vista que as mesmas trazem um

debate acadêmico superador do entendimento tradicional de lazer se

fomentando um despertar no significado para um desenvolvimento político sob

a luz das políticas públicas de possibilidades acerca da transformação social

tendo o lazer como um direito social de fato.

Não podemos perder de vista também as contribuições de Isayama

(2002); (2004) no que concerne a formação, uma vez que o autor tem se

dedicado ao aprofundamento dessas questões no interior dos currículos dos

cursos de educação física em Instituições de Ensino Superior (IES).

O autor nos mostra que as discussões pertinentes ao lazer estão

cada vez mais presentes na educação física brasileira, gerando um maior

número de disciplinas específicas ligadas a essa temática nos currículos de

formação, em cursos de pós-graduação e aperfeiçoamento, além de maiores

espaços para debates como seminários, congressos, encontros etc.

No que tange a formação, o autor revela que a mesma vem se

concretizando, principalmente, sob duas perspectivas: - a primeira se

caracteriza por procurar formar um “profissional mais “técnico” e tem como

orientação primordial o domínio de conteúdos específicos e metodologia”.

Nesse caso, a formação compreende o lazer como apenas nos moldes da

diversão, sendo utilizada principalmente para entreter os participantes. (IDEM,

2002, p. 93-4).

A outra busca uma formação centrada no conhecimento, na cultura e na

crítica, concretizando-se por meio da construção de conhecimentos, na qual

docentes e discentes passam a ser sujeitos desse processo, alicerçados com

um novo olhar para a área, no qual o lazer pode contribuir para uma sociedade

mais justa e mais humana, denominada de tendência emancipatória na

formação. (IDEM, 2004.).

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Caminhar nessa perspectiva é de se reestruturar uma praxis

pedagógica-científica que envolva a técnica, a política, a filosófica, a

pedagógica e o conhecimento crítico da realidade para que ocorra uma

verdadeira consolidação da concepção emancipatória na formação, na qual a

ação docente possa ser fundamentada por um sólido arcabouço teórico.

Trata de concebê-lo como possibilidades consciente, de criação, que

carrega significados sociais, implica uma concepção mais ampla de lazer que

pode assumir um sentido construtivo de transformação de nossa realidade, por

isso o que se propõe em pauta para essas mudanças sociopolíticas se

converte sob a demanda de uma práxis de formação para além da conjuntura

neoliberal. (IDEM, 2002, p. 93).

Nesse contexto, as indagações aumentam sobre a formação de

professores para a área do lazer em Belém, em especial no curso de Educação

Física da UEPA, ou seja, trata de sabermos como esse processo está sendo

construído, pensado e articulado, por se tratar da instituição de ensino mais

antiga no que tange a formação de professores de educação física no Estado

do Pará, por ser uma referência na formação dentro do Estado e também, por

trazer em seu bojo, a discussão sobre o lazer desde o Projeto Político

Pedagógico implantado em 1999 no curso.

OS CAMINHOS DA PESQUISA...LOCAL, SUJEITOS E MÉTODO.

Trata-se de uma pesquisa participante, estudo descritivo e abordagem

qualitativa, considerada como possibilidades de explorar as características dos

indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente,

coletada pela observação, descrição e gravação.. (MOREIRA e CALEFFE,

2006, p. 73).

Como técnica e analise dos dados utilizamos: análise do discurso,

entrevista semi-estruturada acompanhada de um roteiro gravada em fita k7,

outras respondidas pela internet e observação participante.

Primeiramente consultamos o Projeto Político Pedagógico (PPP) do

curso de Educação Física da UEPA implantado em 1999 e vigente até 2008.

Nele, identificamos a existência da disciplina Fundamentos do Lazer I que

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tratava acerca das questões que envolvem o lazer na formação de professores

de educação física.

Posteriormente entramos em contato com a coordenação do curso e

solicitamos documentos pertinentes à disciplina, tais como os planos de ensino

dos docentes, planos de atividades de monitores e trabalhos acadêmicos

realizados pelos discentes.

De posse desses documentos identificamos que oito professores haviam

ministrado a disciplina no período em questão. No entanto, para a realização

do estudo foi utilizada uma amostra de 4 (quatro) professores, a partir dos

seguintes critérios: por estarem a mais de um ano na docência da disciplina,

por terem vivenciado a construção histórica do lazer em Belém,

academicamente e na monitoria.

Quanto à entrevista, foi adotado o seguinte roteiro: 1) Quais barreiras

você aponta na formação do professor de educação física para a área do

lazer?; 2) Que contribuições você desenvolve com o trabalho na disciplina?;

3) Quais sugestões para a formação dentro do viés ensino-pesquisa-

extensão?; 4) Como você percebe as relações de ensino, pesquisa e extensão

dentro da formação para a área do lazer?

O DISCURSO DOS PROFESSORES

Considerando-se a ética na pesquisa os professores serão identificados

por letras. Na entrevista do professor A, identificou-se que o mesmo aponta

como principal barreira para a formação a “compreensão da disciplina pelos

alunos, que perpassa pelo entendimento da mesma como brincadeira e de não

seriedade”. Esse aspecto para o docente acaba ocasionando em uma

dificuldade do aluno em aprofundar os seus estudos na área do lazer.

Já na segunda pergunta, o mesmo indica que a sua contribuição para a

formação ocorre por “uma visão transformadora do lazer, e que a formação dos

alunos possa trilhar num único viés, ou seja, que o discente perceba que ele é

um profissional pesquisador”. Essa compreensão torna-se importante, pois nos

deparamos com uma realidade em que o processo formativo precisa buscar

essa prática transformadora, na qual o discente se reconheça como um

professor pesquisador crítico-reflexivo.

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Quanto à sugestão para a formação, aponta a “busca de um processo

interdisciplinar, introduzindo o que nós chamamos de pesquisa aplicada em

sala de aula, passando a trabalhar com eixos temáticos”.

Na última pergunta o professor A defende “a existência de uma relação

espiralada entre ensino-pesquia-extensão atuando automaticamente e num

constante diálogo”. Ou seja, trata de reconhecer que a formação não se dá

apenas no eixo do ensino, mas sim, que a prática da pesquisa, contribuindo

para a produção do conhecimento e a da extensão, como tentativa de

superação daquilo que se obtém como resultados integram o processo

formativo em uma perspectiva transformadora.

Já o professor B indica que a principal barreira para essa formação é a

“discriminação ao conceito de lazer e falta de interesse na disciplina”, gerando

um desinteresse dos discentes com a temática.

Quanto a sua contribuição, o mesmo nos aponta que a principal é “para

que os alunos tenham uma compreensão do que é lazer, que o mesmo seja

visto como direito social e não como bem de consumo”. Trata de “compreender

como o lazer se constitui na comunidade social, para que os mesmos (os

discentes) disseminem o lazer como direito social, ou seja, acessível a todos”.

(Fala do professor B).

Já nas suas sugestões, o mesmo nos fala da necessidade de se “ter

uma relação do poder executivo, legislativo e judiciário com a comunidade,

iniciando a relação entre os discentes com as comunidades de bairros”.

Quanto à relação ensino-pesquisa-extensão na formação para o lazer, o

professor denuncia a existência de uma grande lacuna quanto a essas

relações, que “ocorrem em virtude de uma preferência dos discentes para com

as disciplinas biológicas, gerando uma desmotivação para com os estudos na

área do lazer.”

Por sua vez, o professor C destaca outros aspectos como barreiras na

formação, iniciando pela “falta de conhecimento e de interesse sobre o lazer,

pouco aprofundamento na pesquisa e a obrigatoriedade da disciplina, fazendo

com que os alunos a façam por obrigação.”

Na sua contribuição, o mesmo aponta que seria a busca por “incentivar

que o aluno seja um pesquisador na área do lazer, e possa conceituá-lo dentro

de uma formação acadêmico-científica”.

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Assim, as suas sugestões sobre a formação na área são para “incentivar

a formação dos alunos dentro dos grupos de pesquisa, para que os mesmos

fiquem fortalecidos e que haja um maior envolvimento dos discentes, além da

participação de rodas de conversa, mesas redondas e divulgação da pesquisa

na área do lazer”.

No entanto, quando o mesmo é interrogado a respeito das relações de

ensino-pesquisa-extensão na formação, diz-nos que não reconhece “dentro da

UEPA as relações de pesquisa na área do lazer, devido a não se por em

prática o que é planejado, por uma disputa entre condicionamento físico e

lazer”.

Por outro lado, professor D afirma que as barreiras no processo de

formação são de ordem filosófica e política, pois “a primeira implica em

questões conceituais e subjetivas, no qual para muitos, lazer é descanso e

divertimento, enquanto para outros, lazer é trabalho”.

Já a segunda barreira diz respeito à classificação, uma vez que “(...)

entende-se o lazer apenas no eixo da diversão e do descanso, dificultando o

processo de desenvolvimento social, cultural, moral, político e educacional do

cidadão brasileiro (...)”.

Quanto a sua contribuição, ela ocorre em virtude de desenvolver uma

“(...) práxis pedagógica didática investigativa sob as bases de ação “Projeto”, o

que significa uma ação que se fundamenta na indissociabilidade entre ensino-

pesquisa e extensão (...)”.

Dessa forma, o professor D indica como principais sugestões para a

formação à oferta de cursos para a “qualificação profissional na área da

informática, os desafios de se viver nos princípios da coletividade e da

cooperação, o fortalecimento de parcerias para a concretização de Políticas

Públicas Universitárias bem como reservas financeiras para apresentação de

trabalhos científicos e aumento salarial para se viver com uma dignidade

profissional como pesquisador.”

Na última pergunta, o professor considera “de grande avanço político-

acadêmico o crescimento de ações pedagógicas desenvolvidas pela disciplina

lazer, criando-se incentivo a relações de estágio, monitoria e projetos de

ensino, extensão e pesquisa (...), tendo como carro forte o curso de

Especialização em Lazer”.

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Portanto, para compreender melhor essas falas é necessário realizar

uma análise mais abrangente dos discursos, levando-se em consideração o

desenvolvimento do trabalho pedagógico, planos de ensino, a compreensão

dos docentes sobre lazer e formação e o contato com bibliografias, com vista a

ampliar a percepção acerca da construção da proposta pedagógica dessa

disciplina.

RESULTADOS PRELIMINARES...

Antes do debate a respeito da proposta pedagógica da disciplina em

questão, faz-se necessário se refletir inicialmente acerca das barreiras e

dificuldades enfrentadas no processo formativo.

No desenvolver do estudo, pode-se identificar por meio das falas dos

professores a existência de barreiras na formação dos alunos, em virtude,

principalmente, do desconhecimento do processo histórico e sociopolítico pela

manutenção do status quo com relação ao conceito de lazer por parte dos

discentes, perpassados por uma compreensão de que lazer é a simples

brincadeira e a não seriedade, agravado pelo pouco aprofundamento dos

graduandos na pesquisa.

Os alunos precisam superar uma espécie de fragilidade na sua

formação, que ocorre em virtude de não reconhecerem a devida importância de

uma área do conhecimento que é bastante complexa, dificultando a sua

possibilidade de aprofundar os estudos e as pesquisas em um campo de

atuação da educação física que cresce a cada dia e que pode contribuir para

mudanças na ordem social vigente. (MARCELLINO, 2008).

No que tange ao trabalho pedagógico que foi desenvolvido na disciplina

Fundamentos do Lazer I, a tentativa de superar as concepções tradicionais de

formação (que concebem o lazer como sendo essencialmente brincadeira,

norteadas por concepções funcionalistas), vem ocorrendo a partir das

contribuições desenvolvidas no plano de ação dos docentes , na tentativa de

que o aluno possa se perceber enquanto um profissional de educação física

pesquisador na área do lazer, possibilidades de ampliar uma visão

transformadora e que o discente possa compreendê-lo como um direito social e

como o mesmo se articula na comunidade social.

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Werneck (1998 p.7), ao analisar a importância do processo de pesquisa

na formação do profissional do lazer, conclui que devemos buscar inovações em

termos do trabalho científico e da pesquisa colaborativa, superando assim a

sistemática das estruturas tradicionais. Corroborando com a autora, Pimentel

(2003, p. 76), afirma que a formação no lazer deve ter como um dos pilares

básicos a prática da pesquisa, pois por meio dela o acadêmico deve saber

avaliar, empregar e julgar resultados da pesquisa. Trata de se ter uma formação

“pela” e “para” a pesquisa, possibilitar aos alunos não só o consumo do que já

fora produzido pelos autores, mas sim estar envolvido com a produção de

conhecimento na área.

É preciso mencionar que nesse processo de construção da proposta

pedagógica da disciplina aparece como eixo sustentador do seu

desenvolvimento, à formação do profissional pesquisador a cerca dos

fenômenos socioculturais do lazer.

Esse repensar o processo de formação, também deve estar pautado em

um projeto político emancipador das camadas populares, em que o lazer não

pode mais ser visto como um simples atenuante para as injustiças sociais,

permeado por valores assistencialistas e funcionalistas, mas sim, comprometido

com o propósito de transformação social, possibilitando a democratização das

práticas culturais do lazer. (TAFFAREL, 2009, p. 5)

Quanto à contribuição dos docentes para a formação, no processo de

análise - dois professores apontam a possibilidade de desenvolver uma prática

pedagógicacientífica investigativa sob as bases de PROJETO, baseada na

indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, a qual permiti que o aluno possa

desenvolver pesquisas na área, tendo a habilidade de dialogar com a literatura

do lazer a nível nacional e conceituá-lo dentro de uma formação acadêmica,

com um olhar para a democratização às camadas populares.

Os educadores defendem a existência de uma relação espiralada no

tripé ensino-pesquisa-extensão, como forma de corrigir a sua ação estanque e

fragmentada, atuando de forma essencial na formação dos discentes, embora

se reconheça lacuna nesse processo, que vão desde preferência dos discentes

para com disciplinas biológicas e falta de interesse na área do lazer.

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Assim, para que se torne solidificada e trazer avanços para a área no

Estado do Pará, os educadores sugerem que haja maiores investimentos na

pesquisa dentro da instituição, permeado por um processo interdisciplinar

dentro do curso de educação física da UEPA.

E ainda, para o avanço na discussão, sugere-se que a disciplina passe a

trabalhar com eixos temáticos, rompendo-se com a relação dos conteúdos

fragmentados, o que se chama de pesquisa aplicada em sala de aula, além de

incentivar uma maior participação dos discentes nos grupos de pesquisa e a

sua participação com as comunidades de bairros.

Essa prática entende a formação para além da simples agregação dos

saberes produzidos em diferentes áreas do conhecimento, mas sim na busca

de superar as abordagens fragmentadas sobre o lazer, uma vez que é preciso

buscar uma formação na qual o discente tenha uma visão crítica sobre a

prática, refletindo a todo o momento sobre o seu fazer pedagógico, pois é

pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a

próxima prática. (FREIRE, p. 39, 1996).

Em suma, os professores sugerem que ocorra um maior envolvimento

dos discentes com as pesquisas desenvolvidas na instituição, bem como, a

busca de uma relação do poder executivo, legislativo e judiciário com a

comunidade, e que dentro da instituição, possa haver maior divulgação de

produções científicas na área por meio de mesas redondas e palestras.

Por sua vez, com base nos planos de ensino consultados na

coordenação do curso, analisa-se que essa formação procura estreitar ações

pedagógicas de ensino-pesquisa-extensão, podendo ser assim articuladas:

Ações pedagógicas de ensino Estreitando relações no e do grupo; esclarecendo os caminhos na

disciplina;

Os padrões culturais do lazer: (conceitos, significados e correntes

filosóficas);

Tempo e a corporeidade - a relação lúdica da prática criativa;

As políticas públicas do lazer: formação e desenvolvimento para

atuação;

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Page 14: O discurso dos professores de lazer na formação … › acer_histedbr › jornada › j… · Web viewEnquanto profissional de Educação Física, a partir deste estudo, compreende-se

A diferença entre políticas públicas, políticas sociais, movimentos

sociais;

O lazer da cidade e os parceiros nos programas/ eventos; gestão,

barreiras e desafios;

Lazer e qualidade de vida: a humanização em questão;

Ações pedagógicas de extensão: Elaboração de atividades de lazer nos espaços de intervenção do

profissional de Educação Física;

Participação em programas e eventos pedagógicos – científicos;

(Encontros, congressos, seminários etc)

EXTENSÃO – Brinquedoteca Joana D’arc entre outras esferas sociais

– escolas

Ações pedagógicas de pesquisa: Pesquisa Bibliográfica – conhecer e identificar as bases teóricas –

práticas do lazer; Pesquisa documental: análise crítica das bases teóricas e suas relações

com a prática;

Pesquisa de campo nos espaços de intervenção do profissional de

Educação Física – identificar e desvelar as bases teóricas – práticas do

lazer nos espaços públicos e privados

PESQUISA (científica) – publicações nos eventos e programas

científicos nacionais e locais

Por outro lado, os desafios estão atrelados a tentativas de superar uma

perspectiva curricular que historicamente compreende a educação física e o

lazer como um simples “saber-fazer”, na qual prática e teoria andam

separados, e a formação é baseada na reprodução de pacotes de jogos e de

recreação, contribuindo para o consumo a-crítico do lazer.

No entanto, vale destacar algumas contradições encontradas na

pesquisa, pois nem todos os professores reconhecem essa prática pedagógica

PROJETO que é desenvolvida como norteadora da disciplina, uma vez que o

professor C afirma não reconhecer “(...) dentro da UEPA as relações de

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pesquisa na área do lazer, devido a não se por em prática o que é planejado,

dificultando que haja ensino-pesquisa-extensão (...)”

Ainda sob análise se faz necessário consolidar essa ação docente, uma

vez que ela está em processo, em construção e não se encontra já consolidada

na formação no lazer.

Isso é agravado pela dificuldade que os professores têm em realizar um

plano de ação que envolva ensino-pesquisa-extensão em virtude de muitos

possuírem dois ou até três empregos, gerando grandes barreiras para que se

efetue uma formação verdadeiramente transformadora na área, aqui em

especial no curso de educação física da UEPA.

Portanto, o exercício que se deve fazer com vista a concretizar essa

prática pedagógicacientifica deve ser constante, fruto da dedicação de

professores e alunos que estejam sempre dispostos a apreender, a analisar,

resignificar e refletir sobre o seu fazer profissional, pois a luta é árdua, é difícil,

mas que sigam com a convicção de possibilidades de mudanças, e assim,

contribuições para uma sociedade que contemplem profissionais

comprometidos com uma atuação, formação e educação significativa, e assim,

continuidade da política social e avanços das políticas publicas do lazer..

CONSIDERAÇÕES FINAIS…

Não se pretende encerrar a discussão da formação de professores

para a atuação no lazer e nem propor “receitas” para a formação de docentes,

pois esse processo se caracteriza por ser aberto e dinâmico, perdurando-se

por toda a vida acadêmica e profissional do sujeito e propício a formulações de

novas idéias e novas concepções, impossibilitando o seu fechamento em um

ciclo ou em um “manual” de formação de professores.

Para isso, o lazer deve ser considerado como uma reivindicação

social, como uma atividade necessária ao desenvolvimento completo do ser

humano, e não apenas como um meio para descansar e/ou entreter-se.

A formação no lazer não se resume ao domínio de técnicas

recreativas ou habilidades, mas é definida como uma ação cultural que precisa

ser responsabilizada ética e politicamente, na busca para oportunizar com que

a maioria da população tenha acesso às atividades culturais do lazer de forma

crítica, educativa e emancipatória.

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Page 16: O discurso dos professores de lazer na formação … › acer_histedbr › jornada › j… · Web viewEnquanto profissional de Educação Física, a partir deste estudo, compreende-se

Assim, precisa-se intensificar a discussão do lazer junto à sociedade

como agente transformador,bem como, viabilizar uma formação humanizante,

em uma reelaboração crítico-reflexiva do profissional a ser formado com base

numa intervenção pedagógica transformadora da realidade sustentada na

tríade ensino-pesquisa-extensão.

Enquanto profissional de Educação Física, a partir deste estudo,

compreende-se e defende-se a importância do lazer na vida das pessoas e no

cotidiano de uma determinada comunidade, uma vez que nesse processo está

o professor com possibilidades a gênese de um local pedagógico e de

vivências determinantes para uma melhoria da vida da população.

Em síntese, a formação na área do lazer no curso de Educação Física

da UEPA durante o período de 1999 à 2008 foi desenvolvida por meio da

disciplina Fundamentos do Lazer I, sendo realizada por alguns professores

uma prática pedagógica investigativa sob as bases de ensino PROJETO, que

visa articular ações de ensino-pesquisa-extensão.

, nem todos os professores realizam essa ação, pode-se constatar que

existe uma prática em comum entre eles, que entende o lazer como um direito

social, e não somente como descanso e diversão.

Como sugestão para aumentar o ciclo de debate sobre as ações

políticas do lazer se deve promovê-lo para outros campus na UEPA pelas vias

das práticas interdisciplinares; fortalecer os laços de parceria com as

instituições públicas (escolas, igrejas, hospitais, associações, centro

comunitários, ONGs, líderes comunitários, enfim) dada a responsabilidade

social de cada esfera política para que o compreenda como um direito social,

contribuição para tornar os cidadãos mais críticos perante o sistema

governamental político brasileiro, e assim, considerá-lo como uma

reivindicação social, promover o desenvolvimento completo do homem, e não

apenas como um meio para descansar e/ou entreter-se para manutenção do

status quo.

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