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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
LEANDRO FERRETTI FANELLI
O DESIGN GRÁFICO E A PUBLICIDADE DOS ANÚNCIOS DE AUTOMÓVEIS
DA REVISTA O CRUZEIRO ENTRE OS ANOS DE 1968 E 1972
São Paulo
Janeiro/2012
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
LEANDRO FERRETTI FANELLI
O DESIGN GRÁFICO E A PUBLICIDADE DOS ANÚNCIOS DE AUTOMÓVEIS
DA REVISTA O CRUZEIRO ENTRE OS ANOS DE 1968 E 1972
São Paulo
Janeiro/2012
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Design – Mestrado, da Universidade Anhembi Morumbi,
como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Design,
sob orientação da Orientadora: Profª. Drª. Pos. Doc. Ana Mae Barbosa
LEANDRO FERRETTI FANELLI
O DESIGN GRÁFICO E A PUBLICIDADE DOS ANÚNCIOS DE
AUTOMÓVEIS DA REVISTA CRUZEIRO ENTRE OS ANOS DE 1968 E 1972
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Design – Mestrado, da
Universidade Anhembi Morumbi, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Design.
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Heliodoro Teixeira Bastos Filho
Universidade do Estado de São Paulo
Orientadora: Profª. Drª. Ana Mae Barbosa (Orientadora)
Mestrado em Design Anhembi Morumbi
Prof. Dr. Jofre Silva, PhD.
Mestrado em Design Anhembi Morumbi
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem
autorização da Universidade, do autor e da orientadora.
LEANDRO FERRETTI FANELLI
Mestrando em Design pela Universidade Anhembi Morumbi. MBA em Gestão de Marketing pelo Centro Universitário Padre
Anchieta. Especialista em Gestão em Primeira Gerência de Negócios com Ênfase em Marketing pela Escola Superior de
Publicidade e Marketing. Graduado em Comunicação Social/Publicidade e Publicidade pela Universidade Anhembi Morumbi
Ficha Catalográfica
F212d
CDD 741.6
Fanelli, Leandro FerrettiO Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro entre os anos de 1968 e 1972 /Leandro Ferretti Fanelli. – 2012.159f.: il.; 21 cm.
Orientador: Prof. Dra. PhD. Ana Mae BarbosaDissertação (Mestrado em Design) – UniversidadeAnhembi Morumbi, São Paulo, 2012.Bibliografia: f.151-159.
1. Design gráfico. 2. Publicidade. 3. Anúncios impressos.4. Criação publicitária. Título.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
DEDiCAtóRiA
Dedico este trabalho a minha filha Ana Flavia e a minha esposa Giovana pela atenção
carinho e dedicação que me deram ao longo de mais esta etapa de minha vida. Sei que houve
períodos em que minha dedicação a este trabalho privou-nos de vários momentos juntos, mas
sabia desde sempre que poderia contar com vocês para atingir este tão sonhado objetivo.
Dedico também ao meu irmão e amigo Marcello e a minha cunhada Adriana, que tantas
vezes me ajudaram e apoiaram em vários aspectos, sem a ajuda de vocês seria impossível a
conclusão desta pesquisa.
E finalmente dedico (em memória) este trabalho aos meus pais, Osvaldo e Mércia por terem
feito de um menino um homem que luta sempre para alcançar os seus objetivos.
A todos vocês, minha eterna gratidão e amor.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
AGRADECiMENtOS Agradeço a minha orientadora Ana Mae Barbosa, pela dedicação que me
ofereceu, ao longo deste período, mostrando-me meios de concluir esta pesquisa e me
incentivando nos momentos necessários.
Agradeço também ao professor Jofre Silva, por me ouvir e conversar todas as
vezes que foi preciso, mantendo-se acessível e compreensível quando bati à sua porta.
Agradeço a todos os professores do curso que sempre buscaram mostrar os
caminhos possíveis para meu amadurecimento acadêmico.
Agradeço também ao professor Heliodoro Bastos pelos aconselhamentos e ajuda
oferecida nesta pesquisa.
Agradeço imensamente a Antônia Costa, assistente do mestrado, pelo carinho,
dedicação e gentileza que sempre demonstrou ao longo deste período.
Agradeço a todos meus colegas que juntos percorremos este caminho.
E finalmente, mas não menos importante agradeço a minha querida amiga Mileide
Servilha, por me socorrer todas as vezes que precisei de sua ajuda pessoal e profissional.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
RESuMO Essa pesquisa busca aprofundar o conhecimento do design gráfico através da sua
atuação no mercado publicitário. Para isso serão analisados os anúncios de automóveis
publicados na revista O Cruzeiro, entre os anos de 1968 e 1972. A discussão possibilita
entender como o mercado publicitário atuava no período sob influências culturais e
sociais não apenas do Brasil, mas também dos Estados Unidos. Para isso, falaremos dos
anúncios publicitários criados por Bill Bernbach, em um período em que a publicidade
mundial passou por grandes mudanças. Assim, analisaremos a fundação e evolução da
revista O Cruzeiro, algumas publicidades veiculadas, desde o início do século XX até
chegar ao período acima citado. As análises foram baseadas na técnica desenvolvida
por Robert Willian Ott, intitulada Image Watching, e com isso iremos demostrar como
os desenvolvimentos dos layouts dos anúncios publicitários veiculados na época
influenciavam a população brasileira. Os resultados obtidos nesta pesquisa asseguram
a necessidade de aprofundar este estudo pela técnica desenvolvida pelo professor Ott,
aplicadas ao mercado publicitário.
Palavras chaves: Design Gráfico; Publicidade; Anúncios; Criação Publicitária.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
ABStRACt This research aims at deepening the knowledge of graphic design through his work
in the advertising market. For this, we look at car ads published in O Cruzeiro, between
the years 1968 and 1972. The discussion allows to understand how the advertising
market was active in the period under social andcultural influences not only in Brazil
but also the United States. To do this, talk of advertisementscreated by Bill Bernbach, a
period in which the advertising world has undergone major changes. Thus, we analyze
the foundation and evolution of the magazine O Cruzeiro, some commercials aired from
the early twentieth century until the period mentioned above. Analyses were based on
the technique developed by Robert William Ott, entitled Image Watching, and it will
demonstrate how the developments of the layouts of ads running at the time influencing
the Brazilian population. The resultsobtained in this study ensure that the need for further
study by the technique developed by Professor Ott, applied to the advertising market.
Keywords: Graphic Design, Advertising, Ads, Advertising Creation.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
SuMÁRiO
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Sumário
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1 – Os Diários Associados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2 – A Indústria Automobilística no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1 - As Principais Montadoras Brasileiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.1.1 - Willys Overland . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.1.2 - Ford Motor Company . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.1.3 - Volkswagen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.1.4 - General Motors . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2 - O “Milagre Econômico” Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3 - O Desenvolvimento da Publicidade ao Longo do Século XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.1 – A Evolução do Mercado Publicitário Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.2 - A Revolução Criativa de Bill Bernbach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.3 - A Revolução Criativa Chega ao Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
11
Sumário
4 - O Design Gráfico aplicado nos anúncios de automóveis da Revista O Cruzeiro . . . . . 90
4.1 – O Design Gráfico do anúncio do Ford Gálaxie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.2. – O Design Gráfico do Willys Itamaraty . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.3 – O design gráfico do anúncio do Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.4 – O design Gráfico do Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.5 – O design Gráfico do Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
4.6 – O design Gráfico do Volkswagen Variant Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
4.7 – O design Gráfico do Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
4.8 – O design Gráfico do Ford Rural é bom comparar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
4.9 – O design Gráfico do Ford Rural compre uma ou leve duas . . . . . . . . . . . . 128
4.10 – O design Gráfico do Pick-up Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
4.11 – O design Gráfico do F-100 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
4.12 – O design Gráfico Caminhões Ford . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Lista de ImagensFigura 1: foto de Assis Chateaubriand . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 2: anúncios de remédios publicados na dédaca de 1920 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 3: anúncio de confecção publicada na revista O Cruzeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 4: anúncio Ford publicado em 06/07/1924 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 5: anúncio da General Motors publicado nos anos 20 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 6: anúncio futurista de lâmpada da década de 30 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 7: capa da primeira edição da revista O Cruzeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 8: Assis Chateaubriand com Getúlio Vargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 9: foto de Freddy Chateaubriand . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 10: David Nasser e Jean Manzon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 11: páginas da revista O Cruzeiro com o médium Chico Xavier . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 12: capa e imagens da última edição da Revista O Cruzeiro . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 13: anúncio da Ford na década de 50 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 14: Juscelino em visita à fábrica “Vemag” D.K.V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 15: Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 16: Aero Willys . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 17: Ford Modelo T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 18: Ford Galaxie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 19: Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 20: Protótipo do Volkswagen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 21: Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 22: Volkswagen TL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 23: Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 24: Chevrolet Amazona . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 25: Chevrolet Opala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 26: publicidades ufanistas durante a ditadura militar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Figura 27: anúncio do Conga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 28: disco com o hino nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 29: anúncio publicado no século XIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 30: anúncio do automóvel Talbot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 31: Bill Bernbach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 32: anúncio da loja de departamento Orbach’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Figura 33: anúncio dos pães de centeio Levy’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 34: anúncio Volkswagen com título Think small. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 35: anúncio Volkswagen com título Can you name this car? . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Figura 36: anúncio Volkswagen com título Lemon. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 37: anúncio Volkswagen criado pela DDB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 38: anúncio criado pela Ogilvy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 39: Júlio Cosi Jr. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 40: Alex Periscinoto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Figura 41: primeiros anúncios para o Volkswagen Fusca no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Figura 42: anúncio criado pela DDB e adaptado pela ALMAP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Figura 43: anúncio criado pela ALMAP e utilizado pela DDB nos EUA . . . . . . . . . . . . . 84
Figura 44: anúncio criado pela ALMAP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Figura 45: anúncio criado pela ALMAP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Figura 46: anúncio da General Motors nos anos 20 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Figura 47: detalhe da mulher observando o veículo da General Motors . . . . . . . . . . . 87
Figura 48: anúncio da Ford na década de 50 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Figura 49: anúncio Ford Galaxie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Figura 50: sentido de Leitura do anúncio Ford Galaxie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Figura 51: alinhamento do título do anúncio Ford Galaxie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Figura 52: área de respiro do anúncio Ford Galaxie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Figura 53: caixas de elementos do anúncio Ford Galaxie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Figura 54: box de texto do anúncio Ford Galaxie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Figura 55: divisão em quadros da imagem anúncio Ford Galaxie . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Figura 56: sentido de leitura da imagem principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Figura 57: detalhe ampliado da imagem Ford Galaxie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 58: anúncio Willys Itamaraty . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Figura 59: sentido de leitura do anúncio Willys Itamaraty . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Figura 60: representação da inclinação da subida do anúncio Willys Itamaraty . . . . . 99
Figura 61: detalhe da segunda imagem apresentado no anúncio Willys Itamaraty . . 100
Figura 62: divisão em quadros do anúncio Willys Itamaraty . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Figura 63: divisão em quadros da segunda imagem do anúncio Willys Itamaraty . . . 101
Figura 64: alinhamento do título e texto do anúncio Willys Itamaraty . . . . . . . . . . . . . 101
Figura 65: caixa de elementos do anúncio Willys Itamaraty . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
Figura 66: anúncio Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Figura 67: sentido de leitura do anúncio Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Figura 68: alinhamento dos textos do anúncio Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Figura 69: alinhamento do título do anúncio Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Figura 70: área de respiro do anúncio Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Figura 71: alinhamento da assinatura do anúncio Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Figura 72: caixas de elementos do anúncio Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Figura 73: divisão em quadros da imagem do anúncio Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . 107
Figura 74: sentido de leitura da imagem do anúncio Ford Corcel . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Figura 75: anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Figura 76: área de respiro do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 77: caixa de elementos do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Figura 78: sentido de leitura do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Figura 79: posição do Volkswagen Fusca na imagem principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Figura 80: divisão em quadros da imagem do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . 111
Figura 81: anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Figura 82: sentido de leitura do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Figura 83: caixa de elementos do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Figura 84: detalhe do rodapé da página do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . 114
Figura 85: imagem principal do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Figura 86: divisão em quadros do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
Figura 87: sentido de leitura da imagem do anúncio Volkswagen Fusca . . . . . . . . . . . 116
Figura 88: comparação das imagens dos anúncios do Volkswagen Fusca . . . . . . . . . 117
Figura 89: comparação das áreas de respiro dos anúncios Volkswagen Fusca . . . . . 117
Figura 90: anúncio Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Figura 91: sentindo de leitura do anúncio Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
Figura 92: alinhamento de título do anúncio Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Figura 93: caixas de texto do anúncio Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Figura 94: balanceamento das caixas de texto do anúncio Volkswagen Variant . . . . . 119
Figura 95: divisão em quadros do anúncio Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 96: comparação das caixas de elementos dos anúncios Fusca e Variant . . . . 121
Figura 97: anúncio Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Figura 98: sentido de leitura do anúncio Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Figura 99: comparação entre anúncios Volkswagen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Figura 100: comparação de caixas de elementos dos anúncios Volkswagen . . . . . . . 124
Figura 101: imagem principal do anúncio Volkswagen Variant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Figura 102: divisão em quadros da imagem principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Figura 103: anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Figura 104: caixa de elementos do anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Figura 105: sentido de leitura do anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Figura 106: anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Figura 107: sentido de leitura anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Figura 108: caixas de elementos do anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Figura 109: representação da divisão da página do anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . 130
Figura 110: área de respiro do anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Figura 111: caixas de elementos do anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Figura 112: detalhe da imagem do anúncio Ford Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Figura 113: anúncio Pick-up Willys F-75 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Figura 114: área de respiro do anúncio Pick-up Willys F-75 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 115: direcionamento de leitura do anúncio Pick-up Willys F-75 . . . . . . . . . . . . 133
Figura 116: ponto inicial de observação do anúncio Pick-up Willys F-75 . . . . . . . . . . 134
Figura 117: caixas de elementos do anúncio Pick-up Willys F-75 . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Figura 118: anúncio Pick-ups Ford F-100 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Figura 119: sentido de leitura do anúncio Pick-ups Ford F-100 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Figura 120: área de respiro do anúncio Pick-ups Ford F-100 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Figura 121: diferenciais do anúncio Pick-ups Ford F-100 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Figura 122: caixas de elementos do anúncio Pick-ups Ford F-100 . . . . . . . . . . . . . . . 138
Figura 123: anúncio Caminhões Ford’71 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Figura 124: sentido de leitura do anúncio Caminhões Ford’71 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Figura 125: área de respiro do anúncio Caminhões Ford’71 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
Figura 126: caixas de elementos do anúncio Caminhões Ford’71 . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Figura 127: imagem principal do anúncio Caminhões Ford’71 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
Figura 128: imagem secundária do anúncio Caminhões Ford’71 . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
iNtRODuçãO
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
20
Introdução
Ao longo do século XX os anúncios de revistas se
consolidaram como uma importante ferramenta propulsora da
economia de várias empresas, por apresentar e demonstrar aos
consumidores a utilidade de vários tipos de produtos disponíveis
no mercado. No Brasil a profissão de publicitário era vista no
início do século como uma profissão desnecessária, porque
na concepção dos comerciantes o bom cliente era aquele que
fazia suas compras sempre nos mesmos estabelecimentos e
por isso acreditavam que não precisavam deste serviço.
Devido à migração da população brasileira para os
grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, começou a
surgir com maior regularidade no Brasil, jornais e revistas dos
mais variados títulos, entre elas a Revista O Cruzeiro fundada
por Assis Chateaubriand.
Com a vinda de grandes empresas estrangeiras para o
Brasil, que já utilizavam do recurso da publicidade na Europa e
nos Estados Unidos, para aumentar a venda de seus produtos
e serviços, esta visão foi sendo alterada e a publicidade ganhou
seu espaço e notoriedade, mostrando aos empresários locais
os benefícios que o uso da publicidade pode trazer para as
empresas que desejam ganhar participação de mercado e
lembrança de suas marcas.
Como este trabalho tem como objetivo principal fazer
uma análise do design gráfico dos anúncios publicitários da
revista O Cruzeiro, entre os anos de 1968 e 1972, é fundamental
compreender os avanços que a publicidade alcançou ao longo
do século XX e também é importante compreender o que foi a
revolução criativa feita na publicidade a partir de Bill Bernbach nos
Estados Unidos com a fundação de sua agência de publicidade a
DDB - Doyle Dane Bernbach. Para isso, propomos uma reflexão
a respeito do posicionamento da publicidade brasileira neste
mesmo período. O recorte cronológico para este estudo ocorreu
por motivos históricos: em primeiro lugar, porque neste período
o Brasil estava no auge da ditadura militar, o que pode nos
revelar algum tipo de influência do governo nos anúncios, como
incentivo ao regime imposto ou até mesmo aos governantes da
época. Além disso, vivíamos um período conhecido como a era
do “milagre econômico”, em que o país teve um crescimento
significativo da economia e reservas, apesar do aumento da
inflação e do arroxo salarial presenciado pelas camadas menos
favorecidas população.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
21
Entretanto, a opção por este veículo de comunicação é
também extensiva por ele próprio considerando sua importância
histórica. Como veremos no primeiro capítulo, a revista O
Cruzeiro foi uma revista publicada entre os anos de 1929 e 1975.
A revista fez parte de um conglomerado de imprensa fundado
por Assis Chateaubriand, que durante décadas obteve altos
índices de vendas, como por exemplo, a edição que trouxe
a reportagem sobre a morte do ex-presidente Getúlio Vargas,
que vendeu cerca de 720.000 exemplares em 1954 enquanto
sua média de vendas era de 80.000 exemplares por semana.
O recorte do objeto de estudo deu-se de maneira
aleatória, em princípio catalogamos os exemplares disponíveis
para vendas em sebos, em seguida dividimos o ano em
trimestres e escolhemos o segundo trimestre do ano, entre as
edições 19 e 37 devido ao maior número de edições disponíveis
para análise. A próxima etapa para a seleção das amostras
foi contabilizar todos os anúncios existentes nas revistas.
Verificamos que os anúncios de automóveis eram os mais
veiculados no periódico, e por motivos quantitativos optamos
pelos anúncios voltados à indústria automobilística.
No primeiro capítulo, veremos parte da história de
Assis Chateaubriand, desde a compra de seu primeiro jornal
até a consolidação da Revista O Cruzeiro, que contou com
colaboradores renomados como, por exemplo, a sua famosa
dupla de jornalistas David Nasser e Jean Manzon, que ao longo
dos anos fizeram reportagens polêmicas para o periódico de
Assis Chateaubriand e garantiram altos índices de vendas
para a revista O Cruzeiro.
O segundo capítulo, abrange a instalação das
indústrias automobilísticas no Brasil durante o governo
de Juscelino Kubistchek. Graças ao Programa de Metas
colocado pelo presidente, nesta época o número de vendas
de automóveis em nosso país alcançou números expressivos
e atraiu montados como Ford, General Motors e Volkswagen
para o Brasil. Ainda neste capítulo falaremos de outro período
conturbado de nossa história, o regime militar brasileiro,
mais especificamente do ano de 1968 por se tratar, como já
dissemos o início do período do “milagre econômico”, onde
as taxas de crescimento de nosso país eram expressivas,
apesar das dificuldades econômicas da maior parte de nossa
população.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
22
O terceiro capítulo trata da evolução dos anúncios
publicitários em relação ao design gráfico no século XX, porque
para nós é fundamental compreender como a publicidade
atuava no mercado ao longo deste período. Além disso,
analisamos o que foi a revolução criativa proposta por Bill
Bernbach nos Estados Unidos com sua agência DDB - Doyle
Dane Bernbach, que modificou não apenas as estruturas das
agências de publicidade, mas principalmente a forma de lidar
com os consumidores. Também neste capítulo é apresentado
ao leitor dois publicitários brasileiros que são considerados os
responsáveis por trazer para o Brasil a revolução criativa de Bill
Berbach, os publicitários Júlio Cosi Júnior e Alex Periscinoto,
que tiveram a oportunidade de aprender in loco com Bill
Bernbach.
No quarto capítulo é analisado o design gráfico das
peças publicitárias de nosso objeto de estudo. Para esta análise,
usaremos como referência o método criado pelo professor
Robert Willian Ott, da Pen State University, denominado Image
Watching. Segundo a técnica do professor Ott, o processo
de análise de imagens para estudos de obras de arte em
museus deve ser dividido em cinco etapas: descrever, analisar,
interpretar, fundamentar e revelar.
O desenvolvimento desta pesquisa contará com a
técnica de observação direta extensiva, através da análise
de conteúdo, que segundo LACATOS (2006) permite a
descrição sistemática, objetiva e quantitativa do conteúdo da
comunicação. Usaremos o método histórico para fazermos
um resgate dos anúncios como difusor e cultural e artístico de
nossa história.
Nosso objetivo é realizar um estudo onde estes conceitos
históricos e de análise das peças publicitárias se entrelaçam,
criando uma unidade entre aspectos culturais e econômicos de
nosso país, associados à revolução criativa proposta por Bill
Bernbach, e uniformizadas através da proposta do professor
Robert Willian Ott, contribuindo para o avanço do estudo
do design gráfico das peças publicitárias envolvidas neste
estudo. Esperamos que ao final desta leitura haja acréscimo
de conhecimento não apenas para designers, mas também
a publicitários, historiadores e sociólogos que se interessem
por esta obra e que pretenda aprofundar o conhecimento do
design gráfico e dos anúncios publicitários no período.
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1 - OS DiÁRiOS ASSOCiADOS
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura1: foto de Assis ChateaubriandFonte: http://www.diariosassociados.com.br/home/conteudo.php?co_
pagina=23Acesso em 07/02/2011
Ao longo dos anos vários nomes se destacaram no
mercado editorial brasileiro. Entre jornalistas e empresários
que acreditavam no sonho de levar ao povo brasileiro
informações de vários segmentos, alguns nomes se
destacam entre eles Hipólito José da Costa que fundou o
primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, em junho de
1808, frei Tibúrcio José da Rocha fundador da Gazeta do Rio
de Janeiro, Rui Barbosa e Assis Chateaubriand.
Nascido em Umbuzeiro na Paraíba, em 1892, Francisco
de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, ou simplesmente
Assis Chateaubriand, acreditou neste sonho e ao longo dos
anos construiu um império de comunicação que viria a ser
na metade do século XX, um dos mais influente e importante
grupo de comunicação do país.
Porém, Assis Chateaubriand sabia que para construir
seu império de comunicação seria necessário mais do que
a venda de jornais, seria preciso revolucionar o mercado, o
que abriu espaço para o desenvolvimento de outra profissão
não muito bem vista em nosso país no início do século XX, o
mercado publicitário.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
25
Apaixonado pela sua profissão abandonou a carreira de
direito e dedicou-se à sua verdadeira vocação, o jornalismo.
Sem meias palavras escrevia o que pensava, e não
media esforços para criticar aqueles que considerava errado.
Assis Chateaubriand era apaixonado por obras de artes e
foi um dos fundadores e mantenedores do MASP-Museu de
Artes de São Paulo.
1.1 - Os Diários Associados
Em 02 de outubro de 1924, Assis Chateaubriand, na
época com 31 anos de idade, adquire seu primeiro jornal, o
diário O Jornal no Rio de Janeiro do jornalista Renato Toledo
Lopes. Inicia assim um conglomerado de imprensa que no
futuro viria se chamar Diários Associados.
O nome do diário O Jornal deu-se em função do hábito
das pessoas irem às bancas de jornal e pedirem ao jornaleiro “o
jornal do dia”, no qual se referiam ao Jornal do Comércio.
Para compor sua equipe, Assis Chateaubriand contratou
jornalistas renomados como Júlio Mesquita e Alfredo Pujol.
Passou a buscar anunciantes para que, como já dissemos ter
lucro com seu diário e expandi-lo para todo o país, o problema
é que na época anunciar não era hábito dos comerciantes
brasileiros.
Neste período, segundo MORAES (1994:142), existiam
poucas agências de publicidade no Brasil. Para termos uma
referência desta proporção, na cidade de São Paulo havia pouco
mais do que seis agências de publicidade, entre elas a agência
A Eclética, além das agências internas das grandes empresas
que eram responsáveis pelos seus próprios anúncios. Estas
agências internas são conhecidas nos dias atuais como house.
Segundo ABREU e PAULA (2007:85) A Eclética foi
fundada em São Paulo entre 1913 e 1914 por Jocelyn Bennaton
e João Castaldi. Com a saída de seus fundadores, entre 1918
e 1919 associou-se a agência Júlio Cosi e Eugênio Leuenroth.
Cosi ficou responsável pela matriz da empresa em São Paulo,
enquanto seu sócio Leuenroth ficou responsável pela filial da
agência na cidade do Rio de Janeiro.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 2: anúncios de remédios publicados na dédaca de 1920Fonte: Revista Para Todos 1922 n° 167
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/para_todos/para_todos_1922.htm Acesso em 05/01/2011
Ainda segundo ABREU e PAULA (2007:86) entre as
contas atendidas pela A Eclética havia empresas de grande
porte como a montadora de automóveis Ford e a distribuidora
de combustível Texaco.
Júlio Cosi costumava contar que no início do século XX
algumas lojas de São Paulo costumavam colocar placas na
vitrine da loja com dizeres do tipo: “Esta casa só dá esmolas
aos sábados e não recebe homens de publicidade”. Com o
passar dos anos e a instalação de agências de publicidades
Europeias e Norte Americanas, que vieram para o Brasil com
a finalidade de atender seus grandes clientes, esta visão
foi mudando e a publicidade teve uma nova maneira de ser
vista o que possibilitou o atendimento do comércio local e as
indústrias nacionais, desenvolvendo este ramo de atividades.
Em a História da Publicidade Criativa no Brasil (1996:48)
podemos perceber que o papel do redator e do diretor de arte
no Brasil nos anos 30, não era considerado muito importante,
segundo relato os contatos publicitários chegavam com o
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Figura 3: anúncio de confecção publicada na Revista CruzeiroFonte: http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro
Acesso em 24/08/2010
pedido de anúncio do cliente, o redator datilografava o texto
e fazia algumas sugestões de imagens para a arte. O layout
men, que podemos considerar o predecessor do diretor de
arte, era responsável pela concepção da arte final. Após o
desenvolvimento do layout o redator e o layout men só iriam
ver o anúncio impresso nas bancas de jornal.
Segundo RAMOS (1990:4) apud BRANCO (1990),
neste período havia o predomínio dos anúncios de remédios
e com o amadurecimento dos anunciantes e os esforços
das vendas regulares e crescentes iniciou-se um processo
de profissionalização dos anúncios publicitários. Um dos
principais anunciantes da época era a indústria farmacêutica
Bayer, que segundo o autor fazia anúncios de produtos como
Aspirina, Cafiaspirina, Adalina além de outros produtos.
Ainda nesta época, começam a se diversificar os
anunciantes existentes. Nas revistas surgem anúncios de
vários segmentos de mercado, como por exemplo, lojas de
departamentos, lâmpadas, meias, calçados e cigarros.
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Figura 4: anúncio Ford publicado em 06/07/1924Fonte: http://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/tag/1924
Acesso em 03/01/2012
Segundo MORAES (1994:142) quem auxiliou
Chateaubriand a lidar com o problema da falta de
anunciantes em seu jornal foi o norte-americano Fitz
Gibbon, que era chefe do departamento de publicidade do
New York American, um matutino publicado em Nova York.
Após ser contratado por Assis Chateaubriand, Gibbon
criou o Departamento de Publicidade do diário O Jornal o
que possibilitou um crescente número de anúncios no
veículo de Chateaubriand.
Ainda no ano de 1924, Assis Chateaubriand
conheceu o então deputado federal gaúcho Getúlio
Vargas. Em uma conversa de pouco mais de duas
horas, segundo MORAES (1994:144) Vargas soube dos
planos de Chateaubriand de expandir seu jornal para
São Paulo e Minas Gerais, dando início a uma cadeia
nacional de informações. MORAES (1994:145) afirma que
as pretensões de Chateaubriand fez brilhar os olhos do
deputado, que visava ser em breve candidato às eleições
presidenciais e proferiu as seguintes palavras para o
dono de O Jornal:
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Figura 5: anúncio da General Motors Publicado nos anos 20Fonte: GRACIOSO (2009:34)
Mais do que qualquer outra coisa, este país precisa de instituições que lhe dêem unidade. Cada estado brasileiro é uma ilha voltada de costas para as outras, como se fossem países diferentes. A cadeia de jornais que tu projetas pode ser um embrião da unidade nacional por que eu tanto luto. Se precisares de ajuda para a realização de teus planos, podes contar comigo.
Em meados de 1925 O Jornal era um sucesso. Graças
às ações de vendas de espaços publicitários desenvolvidas
por Gibbon, as páginas do diário estavam cheias de anúncios
de empresas de grande porte como Antártica, General Motors,
casas bancárias e laboratórios farmacêuticos.
A expansão do grupo segue para São Paulo e dez
meses depois da compra de seu primeiro jornal, Chateaubriand
adquire o Diário da Noite na capital paulista. O jornal havia
sido fundado pouco tempo antes, em Janeiro de 1925. Com
ajuda de empresários e agricultores paulistas, além das vendas
antecipadas de espaços publicitários, Assis Chateaubriand
conseguiu o valor necessário para a aquisição do jornal
paulista. Em 02 de junho do mesmo ano, Assis Chateaubriand
era o novo proprietário do Diário da Noite. Menos de seis
meses após a compra de seu novo empreendimento o Diário
da Noite já apresentava lucro.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Nesta época o Brasil era governado pelo Presidente Artur
Bernardes e os jornais de Chateaubriand, através de seus artigos,
publicavam duras críticas ao governo que comandava o país
através de seguidas decretações de estado de sítio.
Incomodado com os textos publicados pelo O Jornal e
o Diário da Noite, o Presidente Artur Bernardes, tentava conter
as palavras de Assis Chateaubriand, que na época negociava a
compra de mais um jornal desta vez na cidade de Porto Alegre.
Após frustrar a compra de o Diário de Notícias, Assis Chateaubriand
tomou conhecimento que o português Carlos Malheiros Dias
planejava lançar uma revista semanal com cobertura nacional,
porém por falta de recursos Malheiros resolveu desistir do projeto.
Apesar do sucesso de seus jornais, Chateaubriand não
tinha a quantia necessária para a aquisição da revista. O jornalista
então recorreu ao ministro da Fazenda do governo de Washington
Luis, Getúlio Vargas, que por coincidência teria um encontro em
trinta minutos com o banqueiro Antônio Mostardeiro, dono do
Banco da Província e presidente do Banco do Brasil na época.
Segundo MORAES (1994:177), o plano da revista que
Chateaubriand descreveu para Getúlio Vargas eram bem
diferentes da planejada por Malheiros:
... A revista que ele descreveu para o ministro nada tinha a ver com os planos de Malheiros Dias: a Cruzeiro de Chateaubriand era uma revista com papel de melhor qualidade, repleta de fotografias, contaria com os melhores articulistas e escritores do Brasil e do exterior, e assinaria todos os serviços estrangeiros de artigos e fotografias. Impressas em quatro cores pelo sistema de rotogravura1, a revista seria rodada em Bueno Aires, já que a qualidade das gráficas brasileiras estava “abaixo do nível das africanas”. E tinha mais: Cruzeiro seria semanal, com tiragem de cinquenta mil exemplares (e não os 27 mil imaginados por Malheiros), que circularia em todas as capitais e principais cidades do Brasil. Os olhos de Vargas faiscavam. Sem qualquer protesto de Chateaubriand, acendeu um robusto Santa Damiana e foi direto ao que interessava:
- De quanto tu precisas para pôr a revista nas ruas em doze meses?
- Com 250 contos assumo imediatamente o controle da empresa, que já está montada. O resto do dinheiro eu arranco nas primeiras semanas de circulação. Tenho promessa de contrato de publicidade com a Antartica, a Sul-América de Seguros a fábrica de vitrolas e rádios Victor e a estamparia América Fabril...
1BAER (2002) diz que rotogravura é um conjunto de processos de pré-impressão, cuja a finalidade é a produção de fôrmas em encavo para impressão em máquinas planas e rotativas. Resume ainda que o que difere o processo de rotogravura dos demais modos de impressão é a qualidade e velocidade de atuação em grandes tiragens com máquinas rotativas, além de ser aprecidas pela riqueza de tons em pequenas tiragens, onde a alternância de cor não acontece de forma abrupta.
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Figura 6: anúncio futurista de lâmpada da década de 30Fonte: RAMOS (1995:161)
Após conseguir o empréstimo necessário para comprar seu novo
empreendimento, Chateaubriand passou a controlar o veículo e em
10 de dezembro de 1928, lançou a revista Cruzeiro, nesta época
ainda não contava com o artigo “O” à frente de seu nome, que foi
incorporado apenas na década seguinte. Para o primeiro número
foram impressos 50 mil exemplares que graças a uma ação de
divulgação feita na época esgotou-se rapidamente os impressos
colocados à venda. BARBOSA (2002) nos conta que cinco dias
antes do lançamento da revista, foram atirados do alto dos prédios
da então Avenida Central no Rio de Janeiro, quatro milhões de
folhetos para divulgar o lançamento de O Cruzeiro.
Complementando Barbosa, MORAES (1994:185) descreve
a ação de promoção da revista O Cruzeiro da seguinte maneira:
... Chateaubriand se preparava no final de 1928, para a mais estrondosa promoção realizada por suas empresas até então: o lançamento de Cruzeiro. No final da tarde de 5 de dezembro, quando a avenida Rio Branco fervilhava de gente que deixava o trabalho ou saía às ruas para as primeiras compras de natal, quatro milhões de folhetos – três vezes mais que o número total de habitantes do Rio – foram atirados do alto dos prédios sobre a cabeça dos passantes. Os volantes anunciavam o breve aparecimento de uma revista “contemporânea dos arranha-céus”, uma revista semanal colorida que “tudo sabe, tudo vê”.
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Figura 7: capa da primeira edição da Revista CruzeiroFonte: http://www.almanaquedacomunicacao.com.br
Acesso em: 25/08/2010
Já no lançamento da revista, as publicidades
publicadas em O Cruzeiro ocupavam praticamente metade
das 64 páginas do periódico. Entre os anunciantes, podemos
encontrar produtos como: lâminas de barbear, lojas de
departamento, cremes dentais, remédios e unguentos,
lâmpadas, sabonetes, sapatos masculinos e femininos,
chicletes e automóveis.
A Capa da primeira edição de O Cruzeiro trazia o
desenho realista de uma mulher, com diversidade de cores
e as estrelas do Cruzeiro do Sul, que inspirou o nome da
revista.
Logo abaixo do nome da revista, aparece o principal
diferencial do periódico em relação às demais publicações da
época, que foi um dos grandes motivos do sucesso da revista
nas próximas décadas: REVISTA SEMANAL ILUSTRADA.
Conforme BARBOSA (2002), o diferencial da revista O
Cruzeiro para as demais publicações da época, é o fato do
leitor não ler apenas os textos, mas também as imagens que
ilustravam as páginas da revista facilitando a compreensão
das matérias publicadas.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 8: Assis Chateaubriand com Getúlio VargasFonte: FAUSTO (1999:416)
Segundo MORAES (1994:186) a direção da revista prometia
no editorial do primeiro número, uma revista mais ingênua do que a
imagem estampada na capa, voltada para a cultura e educação.
Em março de 1930, foram realizadas as eleições para a
presidência da República e os candidatos eram Júlio Prestes
e Getúlio Vargas. As páginas dos jornais de Chateaubriand e da
revista O Cruzeiro ficaram repletas de matérias dedicadas ao
candidato Getúlio Vargas. Segundo MORAES (1994) até mesmo
um simples chá beneficente oferecido por Darcy Vargas, esposa
de Getúlio Vargas, recebeu cobertura dos veículos de Assis
Chateaubriand.
Graças a popularidade do candidato apoiado pelo
jornalista, Assis Chateaubriand pode observar que as vendas da
revista chegou próximo a oitenta mil exemplares.
Apesar dos esforços apresentados pelos veículos de
Assis Chateaubriand, Getúlio Vargas foi derrotado nas eleições
presidenciais e só tomou o poder graças ao apoio de vários
setores de nosso país, que apoiaram o golpe militar aplicado
pelo candidato derrotado.
Após o golpe de Getúlio Vargas, a rede de informações de
Chateaubriand contava com sete jornais e a Revista O Cruzeiro.
Contudo, ao perceber que Getúlio Vargas não deixaria o poder
tão cedo, Assis Chateaubriand passou a criticar o Governo
ditatorial através de seus jornais, o que segundo MORAES
(1994:255) fez com que surgisse o nome Diários Associados
para sua rede de informações:
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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E foi nessa época que, casualmente, nasceu o
nome pelo qual a rede de comunicações seria
conhecida ao longo das décadas seguintes. No final
de 1930, Chateaubriand escreveu um artigo para
responder a uma pergunta que segundo ele era feita
insistentemente “pelos nossos amigos e por dezenas
de leitores que escrevem cartas às nossas redações”:
seus jornais estavam na oposição ao governo Vargas?
No artigo ele dizia que não, que os jornais não tinham
se transformado em um partido de oposição. “Ocorre
que habituamo-nos a falar alto”, escreveu, “ e como
não temos hábitos palacianos, preferimos a tribuna
dos nossos diários associados para debater os atos
do governo, com a sinceridade que o ditador já pediu
aos jornalistas. Os sete jornais e O Cruzeiro ganhavam
naquele momento o apelido de Diários Associados,
marca que meses depois se transformaria em nome
oficial e registrado do poderoso grupo de empresas.
Durante a década de 30, os anunciantes da revista O
Cruzeiro começaram a se multiplicar. Empresas como General
Eletric, Toddy, Modess além de produtos importados dos
Estados Unidos e Europa, tornaram-se anunciantes frequentes
das páginas da revista.
FAUSTO (1999:288) nos conta que entre os anos de 1920 e
1938, houve uma grande evolução na produção industrial de nosso
país, os principais ramos industriais da época eram a área têxtil em
primeiro lugar, seguido por alimentos e bebidas, e vestuário. Ainda
segundo o autor, várias fábricas de tecidos passaram a ter mais de
mil funcionários na época.
Apesar da evolução que o Brasil obteve em vários setores da
economia, havia áreas que se destacavam não pela sua evolução,
mas pelo retrocesso apresentado devido à ditadura imposta por
Getúlio Vargas, como é o caso do controle da opinião pública.
FAUSTO (1999: 375) coloca que o Estado Novo buscava formar
uma maciça opinião a seu favor, para isso a opção encontrada foi
controlar as informações que chegavam à população, elaborando
versões próprias para os fatos que ocorriam no Brasil.
Para atingir este objetivo, Vargas criou um departamento
que determinava quais informações poderiam ser veiculados nos
meios de comunicação de massa como rádios, cinemas, jornais e
revistas. Em 1939 o governo Vargas criou um departamento que ficou
conhecido como DIP, Departamento de Imprensa e Publicidade,
que estava ligado diretamente ao presidente da República, além de
informações internas do país, o DIP era responsável pela censura
de publicações consideradas nocivas para o povo brasileiro.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
35
Figura 9: foto de Freddy ChateaubriandFonte: CARVALHO (2001:79)
Neste período Assis Chateaubriand passou a
contratar pessoas que se tornariam os maiores nomes da
literatura, jornalismo e das artes brasileira, como Manuel
Bandeira, Graça Aranha, David Nasser, Millôr Fernandes,
Cândido Portinari, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
Em 1942 chega ao Brasil o fotógrafo francês
Jean Manzon. Após uma passagem pelo DIP, Freddy
Chateaubriand, que era sobrinho de Assis Chateaubriand
e diretor da revista O Cruzeiro, chama Manzon para
trabalhar na revista. Após uma breve entrevista com Assis
Chateaubriand, Manzon aceita o convite e incorpora um
novo hábito no jornalismo brasileiro: a dobradinha repórter-
fotógrafo. Para ser seu companheiro na revista, Manzon
chama o então repórter de O Globo, David Nasser, que
segundo CARVALHO (2001:49), trabalhou na empresa
concorrente por nove anos. Em pouco tempo as matérias da
dupla passaram a ter grande destaque e segundo MORAES
(1994:411) as reportagens da dupla tornaram-se a marca
registrada da revista:
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36
Figura 10: David Nasser e Jean ManzonFonte: CARVALHO (2001:562)
Para O Cruzeiro, ali estava a marca registrada que a
acompanharia pelo resto de sua existência – a de uma
revista de grandes reportagens. E, para os milhares
e milhares de leitores, nascia quase um slogan que
eles se habituariam a aguardar com ansiedade, todas
as semanas, pelos quinze anos seguintes: “Texto de
David Nasser, fotos de Jean Manzon”.
Além disso, CARVALHO (2001:63) coloca que Manzon
foi o responsável pela reorganização da revista. Apesar
das contratações de peso que Assis Chateaubriand fazia
para O Cruzeiro, suas vendas oscilavam constantemente,
com vendas abaixo da casa de 50 mil exemplares. Por este
motivo Assis Chateaubriand chegou algumas a pensar em
fechar a revista O Cruzeiro. Apesar deste dado negativo
sobre a revista MORAES (1994:539) diz que o recorde de
vendas de revistas é de O Cruzeiro, exatamente com o
exemplar que fala sobre o suicídio do Presidente Getúlio
Vargas anos depois, onde atingiu vendagem de 720 mil
exemplares, quatorze vezes mais que em determinados
períodos considerados de poucas vendas.
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37
Figura 11: páginas da revista O Cruzeiro com o médium Chico Xavier,Fonte: CARVALHO (2001:137)
Para CARVALHO (2001:21), entre os anos de 1943
e 1951, a dupla Nasser e Manzon foi responsável por
reportagens que entraram para a história do jornalismo
brasileiro. Segundo o autor a reportagem mais citada é a
que mostra o deputado federal Barreto Pinto usando fraque
e cuecas, devido ao escândalo da reportagem o deputado
teve seu mandato cassado.
Ainda segundo o autor, outras reportagens da dupla
também renderam histórias, como exemplo, as matérias sobre
os índios Xavantes, que foram fotografados pela primeira vez
pela dupla Nasser e Manzon e também a do médium Chico
Xavier, que foi fotografado dentro de uma banheira, o que
gerou grande repercussão nacional. Nasser trabalhou por 30
anos na revista O Cruzeiro e em 1974 deixou a empresa de
Assis Chateaubriand e foi para a revista Manchete.
Segundo CARVALHO (2001:20) os Diários Associados
eram uma potência em comunicação na década de 50,
possuía 31 jornais, 5 revistas, 21 emissoras de rádio, 3
estações de TV, 1 agência telegráfica, 2 de representação e 2
indústrias.
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38
Figura 12: capa e imagens da última edição da Revista CruzeiroFonte: http://www.memoriaviva.com.br/ocruzeiro
Acesso em: 21/03/2011
Em setembro de 1959, Assis Chateaubriand convocou toda
a imprensa para uma entrevista coletiva no 20° cartório de São Paulo
para anunciar que ele decidira doar a 22 de seus empregados 49%
das ações de suas empresas, na época constituída por 40 jornais e
revistas, 20 estações de rádio, 12 estações de televisão, 1 agência
de notícias e 1 de publicidade.
Nove anos depois, com a saúde bastante debilitada
em decorrência de uma trombose que tirara sua fala e parte do
movimento de seu corpo, Assis Chateaubriand morre de colapso
cardíaco, em 4 de abril de 1968.
Após a morte de Chateaubriand a revista O Cruzeiro, ainda
foi publicada continuamente até julho de 1975, sua última edição foi
às bancas com uma reportagem sobre Pelé, que havia encerrado
sua carreira no ano anterior e decidiu voltar a jogar futebol nos
Estados Unidos, no time do Cosmos, por seis milhões de dólares.
A justificativa do rei do futebol foi que estava endividado por conta
do fechamento de uma construtora que pertencia a ele na época e
que com isso conseguiria sanar suas dívidas financeiras.
A capa da última edição da revista O Cruzeiro traz o jogador
vestido de Tio Sam, com uma bola verde e amarela nos pés e uma
mala branca escrito Cosmos em dourado. O título da capa trouxe
o seguinte texto: “Pelé o preço do rei”.
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2 - A iNDÚStRiA AutOMOBiLÍStiCA NO BRASiL
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 13: anúncio da Ford na década de 50Fonte: GRACIOSO (2009:96)
2 - A Indústria Automobilística no Brasil
Segundo a obra Fusca: a história de um símbolo (1996:26) até
1957 o Brasil possuía apenas veículos importados e a frota
nacional total era composta por 528 mil veículos, sendo 276
mil automóveis, 236 mil caminhões e 16 mil ônibus. Neste
período, nosso país possuía 52 milhões de habitantes, o que
nos dá uma média de um veículo para cada 100 pessoas.
A chegada e a evolução das indústrias automobilísticas
no Brasil aconteceu durante o governo de Juscelino
Kubitschek (1956-1961). Entre as preocupações do governo
havia o crescimento econômico, onde o Estado promoveu
uma ampla atividade no setor de infraestrutura, o incentivo
direto à industrialização do país, além da construção de
Brasília. A publicidade oficial do governo já expunha o
pensamento de Juscelino: cinquenta anos em cinco.
A política econômica de Juscelino Kubitschek foi
definida como Programa de Metas e entre os principais
objetivos propostos estavam: energia, transportes,
alimentação, indústria de base e educação, além da
construção de Brasília, chamada de meta-síntese.
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Figura 14:Juscelino em visita à fábrica “Vemag” D.K.V.Fonte: FAUSTO (1999:428)
Segundo FAUSTO (1999:427), o governo de Juscelino
Kubitschek assumiu abertamente a necessidade de atrair
capital estrangeiro para o Brasil incentivando a instalação e
o desenvolvimento de indústrias de diversos setores como
exemplo: automobilística, transportes aéreos, estradas de
ferro, eletricidade e siderúrgicas.
O Programa de Metas de Juscelino Kubitschek fez com
que a produção industrial crescesse 80% entre 1956 e 1961.
Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional crescia
em torno de 7% ao ano, o que podemos considerar um
grande avanço para um país que na época era considerado
essencialmente agrícola.
A administração implantada por Juscelino Kubitschek
ficou associado à instalação da indústria automobilística. Foram
montadas e expandidas fábricas de grandes multinacionais
como: Willys Overland, Ford, Volkswagen e General Motors.
FAUSTO (1999:428) nos conta que em 1960 estas três
últimas montadoras foram responsáveis por colocar nas ruas
brasileiras 133 mil novos veículos tendo uma participação
de 78% da produção nacional, o que representa mais que o
dobro do total da frota de automóveis de três anos antes.
Apenas oito anos depois em 1968, Ford, GM e
Volkswagen foram responsáveis por 90% da produção
nacional de automóveis. Nesta época a produção do setor
automobilístico no Brasil chegou a representar 58% da
produção nacional de automóveis.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
42
Entre 1957 e 1968 a frota nacional de carros de passeio
aumentou 360%, ônibus 194% e de caminhões 167%,
obtivemos uma média de um veículo para cada 37,2 habitantes.
Sendo considerado este um dos motivos para o esquecimento
do setor ferroviário de nosso país nos anos posteriores,
porque devido ao grande número de veículos vendidos, era
necessário aumentar o número de ruas e estradas existentes
no Brasil.
Ainda segundo Fusca: a história de um símbolo,
(1996:36) no primeiro ano de produção do Volkswagen Fusca,
foi vendido 8.406 unidades e a partir de 1962 o Fusca já era
líder de vendas no mercado nacional com um total de 31.014
unidades comercializadas.
A vinda das indústrias automobilísticas para o Brasil,
segundo SANTOS (1994:71) coincidem com outros fatores
que contribuíram para a industrialização do Brasil, como as
sequelas da crise de 1929 e também a II Guerra Mundial,
porque houve aumento da compra de alimentos e de matéria
prima para enviar aos países envolvidos no conflito.
No caso da crise de 1929, devido às condições favoráveis
existentes na época, o capital nacional obteve superávits (lucros)
cambiários, com praticamente a totalidade do mercado interno
em suas mãos. Como neste momento havia o interesse do Estado
em desenvolver a indústria nacional, conseguiram alavancar as
bases industriais de nosso país.
Já no período do pós-guerra, não havia emprego suficiente
para a população nos Estados Unidos, como consequência
houve um enorme excedente de produção das indústrias norte-
americanas, o que levou este país a destinar seus produtos
para outros lugares do mundo, que precisavam reorganizar
suas economias. Para isso, os produtos que eram fabricados
a mais foram enviados para Europa, Japão e alguns países em
desenvolvimento, entre estes o Brasil.
SANTOS (1994:72) coloca que os EUA tinham a necessidade
de retomar o controle dos mercados nacionais, estimular a
exportação e substituir o parque industrial norte-americano, para
incorporar máquinas mais modernas, e tecnologicamente mais
eficientes. Desta forma, a saída era exportar estes maquinários
aos países dependentes inclusive o Brasil.
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2.1 – As principais montadoras do país
Como vimos anteriormente, foi durante o governo de
Juscelino Kubitschek que algumas das principais montadoras de
automóveis do mundo se instalaram no Brasil. Para conhecermos
mais sobre este período fascinante da nossa história mostraremos
quando estas empresas se instalaram, quais eram os principais
veículos produzidos ou montados em nosso país.
Além das empresas descritas neste trabalho, outras
montadoras foram importantes para o desenvolvimento da
indústria automobilística do Brasil. Vieram para cá durante o
século XX, empresas como a montadora italiana Fiat que iniciou
sua produção de veículos nacionais em julho de 1975, mas que já
montava seus veículos desde a década de 1920 em nosso país. E
também como um segundo exemplo podemos citar a DKW que
em novembro de 1956 iniciou sua produção automotiva no Brasil.
Estas e outras empresas, infelizmente, não serão analisadas
neste trabalho, porque devido ao recorte feito para este projeto
não havia anúncios de automóveis destas montadoras veiculados
nas Revistas O Cruzeiro dentro do período selecionado.
2.1.1 – Willys Overland
STEINBRUCH (2008:100) nos conta que a Willys foi
fundada em 1902 no estado de Indiana nos Estados Unidos. Em
1905 teve sua razão social alterada para Overland e dois anos
depois, foi comprada pelo empresário John North Willys, que era
um represente de diversas marcas de automóveis e de fábricas
de bicicletas. Após reestruturar a empresa e tendo suas dívidas
sanadas, sua razão social foi alterada definitivamente para Willys
Overland Co.
Em 1914 a Willys Overland passou a ser a segunda maior
montadora de automóveis dos Estados Unidos, ficando atrás
apenas da Ford. Seus carros eram conhecidos por ter baixo
custo, mas com uma excelente Aerodinâmica e um ótimo sistema
de freios.
Durante a segunda guerra mundial, tanto a Willys Overland
como a concorrente Ford Motor Company passaram a produzir
um veículo especial para o combate que ficou conhecido como
Jeep. Após o termino do conflito bélico, a Willys Overland
continuou com a produção do veículo por mais seis anos, só
então retomando a produção de veículos de passeio.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
44
No Brasil, instalou sua fábrica em 1952 e segundo
STEINBRUCH (2008:102) contribuiu para a formação do cenário
automobilístico brasileiro, inicialmente montado os Jeeps que
eram importados desmontados e finalmente montado aqui no
Brasil.
Em 1957, iniciou-se de fato a produção do Jeep em nosso
país, devido às péssimas condições de nossas estradas o Jeep
Willys foi muito bem aceito pela população brasileira.
Figura 15: RuralFonte: STEINBRUCH (2008:105)
Embalados pelo sucesso de vendas do Jeep, em 1958,
a Willys passou a fabricar no Brasil o modelo Rural, que era
exatamente igual ao produzido nos Estados Unidos, tinha a
proposta básica de ser um carro que servia para o passeio ou
trabalho e acomodava seis pessoas. Seu maior diferencial era o
fato de ter a carroceria fechada o que bloqueava a entrada de
água e vento além do reduzir o barulho interno da cabine. Este
modelo foi fabricado no Brasil até 1981.
STEINBRUCH (2008:110) nos conta que no final de 1959
a Willys do Brasil passou a montar, sob concessão da Renault,
o modelo Dauphine, que era um pequeno modelo sedã de
quatro portas que poderia ser comparado aos dias de hoje a um
modelo popular para a época, porém devido a sérios problemas
existentes no modelo o produto não agradou aos consumidores
brasileiros e com o objetivo de melhorar a imagem que a empresa
tinha perante o mercado, lançaram em 1962 o Gordini que teve
sua produção até o ano de 1968.
Ainda segundo STEINBRUCH (2008:105), além do
sucesso da Rural, a Willys ainda lançou no Brasil outro modelo
de automóvel que não seguia os padrões de resistência da linha
Jeep ou Rural. O Aero Willys inicialmente era um veículo que
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possuía um desempenho pífio de motor, mas com espaço
interno bastante confortável para a família, além disso,
apoiava suas peças publicitárias no quesito segurança,
porque uma das características do carro era não quebrar
nas estradas brasileiras, o que era comum na época para os
carro refrigerados a água, isso garantiu o sucesso de vendas
do automóvel.
Figura 16: Aero WillysFonte: STEINBRUCH (2008:109)
Em 1966, após várias evoluções do Aero Willys, a
fabricante lançou o modelo Itamaraty, que era uma versão
mais luxuosa do antigo Aero Willys. Em 1967 houve a
troca do motor do Itamaraty, que passou a contar com um
motor mais potente. Ainda em 1967 lançaram uma versão
limusine, denominada Executivo e lançou no Brasil o primeiro
automóvel com ar-condicionado e toca-fitas de cartucho
para os passageiros do banco traseiro. Devido ao luxo
que o Executivo possuía passou a ser o veículo oficial da
Presidência da República até 1969, quando foi substituído
pelo Ford Galaxie que havia sido lançado aqui no Brasil dois
anos antes.
2.1.2 – Ford Motor Company
Segundo STEINBRUCH (2008:206) em 1903, Henry
Ford e um grupo de investidores criaram a Ford Motor
Company. O modelo que projetou a Ford para o mundo foi o
modelo T. Henry Ford era considerado uma pessoa de difícil
trato e devido a este fator de sua personalidade, a empresa
quase fechou em 1919. Após tornar-se sócio majoritário,
Henry Ford passou a controlá-la e a expandir seu negócio.
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46
Ford adotou ainda aquele que se transformaria no
modelo de produção dos dias atuais. A redução apresentado
no tempo de produção de um carro foi muito significativo, se
antes era preciso 12 horas para montar um carro, foi reduzido
para apenas uma hora e meia, garantindo um número maior
de vendas do modelo T.
Figura 17: Ford Modelo TFonte: STEINBRUCH (2008:208)
Nesta época, a Ford passou a ampliar seu negócio
para o resto do mundo. Em vinte e dois anos, a Ford passou
a contar com fábricas nos principais países do mundo como
Canadá, Alemanha e Inglaterra. No Brasil, a Ford iniciou
oficialmente suas atividades em 1920, quando o então
Presidente da República Epitácio Pessoa assinou um decreto
autorizando a instalação da Ford no Brasil para a fabricação
do modelo T, iniciando assim a fabricação dos automóveis
Ford no Brasil.
No início a fábrica da Ford no Brasil contava com
apenas 12 funcionários e gradativamente este número foi
aumentando até chegar a 1500 funcionários no limiar da
Segunda Guerra Mundial.
STEINBRUCH (2008:222) nos conta que em 1957 a
Ford iniciou a produção de caminhões totalmente fabricados
no Brasil, e apenas oito anos depois já havia produzido
100.000 unidades.
Nesta época, a empresa lançou no Brasil seu primeiro
veículo de alto padrão, o Ford Galaxie.
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Figura 18: Ford GalaxieFonte: STEINBRUCH (2008:225)
O Galaxie foi o primeiro carro nacional a possuir os mesmos
padrões do modelo americano, o que segundo STEINBRUCH
(2008:222) foi considerado uma revolução para a época, porque
segundo o autor os carros que eram lançados aqui, normalmente, já
eram ultrapassados e em muitas vezes nem eram mais produzidos
em seu país de origem.
Logo no lançamento foi considerado um símbolo de status
graças ao luxo e conforto oferecido pelo novo modelo produzido
pela empresa, e como já dissemos, por este motivo substituiu o
veículo presidencial, que na época era o Willys Itamaraty.
Alguns anos depois, em 1970 a Ford lançou um modelo
mais simples para competir com outros modelos existentes
no Brasil como Dodge Dart, da Chrysler. Sua produção ocorreu
até 1983, quando a Ford encerrou a fabricação do modelo mais
luxuoso da empresa na época.
No final de 1966, enquanto preparava o lançamento do
Galaxie, a Ford negociava a compra da Willys-Overland do Brasil. O
que gerou após a compra da Willys, a descontinuidade da produção
dos modelos Aero para não competir com o Ford Galaxie.
Nesta época, a Willys do Brasil e a Renault francesa
possuíam um projeto conjunto que estava bastante avançado aqui
no Brasil, conhecido como Projeto M, após várias modificações
feitas pela Ford o carro foi lançado no Brasil com o nome de Ford
Corcel.
Figura 19: Ford CorcelFonte: STEINBRUCH (2008:229)
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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O lançamento do Corcel ocorreu em 1968 e competia em
outro segmento de mercado menos luxuoso que o Galaxie. A
grande inovação que o Ford Corcel trouxe para o mercado de
automóveis do Brasil foi que pela primeira vez na história um carro
desenvolvido em parceria com outra empresa estrangeira havia
sido lançado primeiro no Brasil e depois no país de origem da
montadora, no caso a França, onde foi lançado apenas em 1970
com o nome de Renault 12.
Devido ao sucesso do Corcel, a Ford estendeu sua linha
de produção com os seguintes modelos: Belina, Del Rey, Scala e
Pampa que visava atender a outros seguimentos de mercado.
2.1.3 – Volkswagen
O mais popular dos automóveis do século XX, foi
idealizado por Ferdinand Porsche. STEINBRUCH (2008:137)
coloca que o Volkswagen começou a ser desenvolvido em
1900, porém o projeto só entrou em produção quando o
ditador nazista Adolf Hitler resolveu desenvolver um veículo
barato e resistente para os operários alemães.
Com um nome que representava os principais
objetivos do ditador para o projeto, porque Volkswagen
em alemão significa “carro do povo”, o carro passou a ser
fabricado na Alemanha em 1934. A princípio o Volkswagen
era fabricado pela Daimler-Benz. Com o início da segunda
guerra mundial, o Volkswagen passou a ser fabricado para
fins bélicos e em 1942 foi criada uma versão anfíbia do
modelo.
Figura 20: Protótipo do Volkswagen Fonte: Fusca: a história de um símbolo (1996:17)
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No final da Segunda Guerra Mundial, a fábrica da
Volkswagen estava totalmente destruída e coube ao Plano
Marshall a reconstrução da fábrica. Apesar de o nome ter
sido dado por Hitler, a opção dos ingleses de manter o
nome do carro original surpreendeu. A fábrica foi oferecida
a várias empresas, inclusive a Henry Ford, que recusou a
oferta de compra da indústria, por não acreditar no projeto
desenvolvido por Porsche.
Figura 21: Volkswagen FuscaFonte: Fusca: a história de um símbolo (1996:34)
Para espanto de todos, em 1948 haviam sido fabricados
25.000 unidades. Entre as versões que seguiram nos anos
seguintes destacam-se: o Cabriolet (conversível) e o Standard
que possuía acabamento diferenciado. Em 1950 a Volkswagen
já era líder do mercado alemão e começou a abrir filiais pelo
mundo, inicialmente no Canadá em 1952 e depois no Brasil em
1953.
O Volkswagen passou a ser chamado no Brasil de Volks.
Em 1962 a empresa possuía 250 revendas espalhadas pelo Brasil
e suas campanhas publicitárias faziam questão de ressaltar a
importância de se usar peças originais para manutenção do
veículo.
Com peças publicitárias desenvolvidas inicialmente pela
agência americana DDB, os veículos Volkswagen tornaram-se
sucesso no mundo todo, chegando em 1973, a um volume de
vendas no mundo de 20 milhões de automóveis com mecânica
tradicional Volkswagen, refrigeradas a ar.
No Brasil a linha de veículos Volkswagen refrigerado a ar,
foi utilizado para os carros Kombi, Volkswagen 1600, TL, Brasília,
Karmann Guia TC, SP2 e a Variant.
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Figura 22: Volkswagen TLFonte: STEINBRUCH (2008:157)
A princípio a Volkswagen lançou, em 1969 o modelo
Volkswagen 1600, que graças ao seu formato, recebeu
o apelido nada carinhoso, de Zé do Caixão. No final
deste mesmo ano, a Volkswagen lançou um novo veículo
derivado do modelo 1600, a perua Variant, onde apoiava
sua comunicação na confiabilidade do motor refrigerado
a ar como no Fusca, além disso, o espaço para bagagem
era excelente para os padrões da época, servindo para o
conforto de famílias maiores.
Segundo STEINBRUCH (2008:154) graças às ações
de comunicação e de Marketing desenvolvidas pela empresa,
a Volkswagen foi a responsável por criar no consumidor
brasileiro uma preferência mantida por vários anos, a compra
de carro duas portas:
A Variant contava com a “virtude” que, com muita
competência, a VW ensinou ao consumidor brasileiro
a apreciar: as duas portas em vez de quatro.
Figura 23: Volkswagen VariantFonte: STEINBRUCH (2008:156)
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2.1.4 – General Motors
Segundo STEINBRUCH (2008:272), a General Motors
começou a ser estruturada em 1908, com a formação de um
conglomerado de fabricantes de automóveis com o objetivo
de evitar uma concorrência predatória entre as empresas
americanas.
O Projeto desenvolvido por Willian Crapo Durant,
idealizador da marca Chevrolet, foi negada por Henry Ford e
Reason Eli Olds da Olds Motor Work. Porém, outras empresas
entraram no negócio e em 1908 foi fundada a General Motors
Company – GMC.
Apenas um ano depois, o grupo GMC já possuía 22
empresas, entre elas a Cadillac. Em 1918, se junta ao grupo
GMC a Chevrolet, que viria a se tornar a maior fabricante de
carros americana nove anos depois. A partir de 1925, começa
a expansão do grupo para outros países como Inglaterra,
Alemanha e Austrália.
STEINBRUCH (2008:280) coloca que algumas
empresas do grupo GMC participaram desde o início do
desenvolvimento da frota de veículos do Brasil. Em janeiro
de 1925, foi fundada a Companhia Geral de Motores do
Brazil S.A. onde abriu sua primeira filial em nosso país. Em
1927 inicia-se a construção da fábrica que no ano seguinte
começou a apenas montar os carros que eram importados
de outros países, como Alemanha e Inglaterra.
Antes de iniciar a produção de veículos de passeio no
Brasil a Chevrolet produziu ônibus e caminhões. Os primeiros
caminhões fabricados em nosso país datam de 1957 e as
picapes em 1958.
Um ano depois do lançamento da primeira picape
nacional, a Chevrolet lançou um utilitário misto, que segundo
STEINBRUCH (2008:282) seria um derivado da caminhonete:
a Chevrolet Amazona, que foi o antecessor da perua Veraneio,
lançada em 1963.
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Figura 24: Chevrolet AmazonaFonte: STEINBRUCH (2008:156)
Anos depois, no final dos anos 60, a Chevrolet passou
também a fabricar carros de passeio no Brasil e não apenas
a montá-los, o Chevrolet Opala foi primeiro carro totalmente
fabricado no Brasil, o que proporcionou a ampliação das
linhas de produção pouco tempo depois.
Podemos observar que no decorrer deste período
estas e outras montadoras de automóveis buscaram fincar
suas raízes no Brasil com o desenvolvimento das indústrias
do setor automobilístico.
Figura 25: Chevrolet OpalaFonte: STEINBRUCH (2008:286)
Várias estradas foram construídas ou ampliadas
no Brasil. As linhas de produção de automóveis no
Brasil cresceram significativamente através dos projetos
desenvolvidos pela indústria automobilística em nosso país.
Segundo KOTLER (2000:423) empresas que buscam estender
suas linhas de produtos, visam um crescimento rápido de
mercado, além de maior participação nas categorias onde
concorrem.
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53
Dessa maneira, seria natural a ampliação das linhas
de produtos com o tempo, desenvolvendo novos itens e
garantindo a satisfação de vários segmentos de mercado,
o que era esperado no Brasil na época com a implantação
do projeto do “milagre econômico” que beneficiou vários
setores industriais de nosso país.
2.2 - O “milagre econômico” Brasileiro
Após o golpe militar, ocorrido em 1964, o Brasil atravessou
um período de forte recessão econômica.
Visando controlar o aumento da inflação, o governo
optou por segurar os aumentos salariais e elevar os lucros que
os bancos e grandes investidores recebiam na época.
Esta ação deixou o poder aquisitivo da grande maioria
da população muito reduzida, mas garantia grandes lucros por
parte dos investidores, conforme coloca SANTOS (1994:105):
No que se refere à criação de amplos excedentes
econômicos a serem investidos, a missão estava
cumprida através dos próprios mecanismos gerados
pela depressão econômica: as tendências a acumular,
a baixar salários e a aumentar o nível médio de
produtividade permitiram gerar grandes excedentes
econômicos que podiam servir de base à retomada
das inversões.
Três anos depois do golpe militar, em 1967, o
presidente Costa e Silva, elaborou um projeto econômico que
tinha como objetivo principal estabilizar a desvalorização dos
salários. Assim criou-se um mecanismo de reajuste salarial
páreo ao custo de vida da época.
Através de vantagens e concessões o Estado permitiu
que se formasse um grande mercado de valores, onde
havia grande incentivo para que a população comprasse
ações nas bolsas de valores de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. Desta forma, houve uma grande migração da
população das cadernetas de poupanças para as bolsas de
valores.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
54
Criou-se um grande valor financeiro, mas não
houve aumento real da produção para sustentar tal ação
governamental.
Conforme SANTOS, (1994:106), grandes empresas se
aproveitaram desta ação para tirar vantagens econômicas:
... Esse mercado também foi aberto ao capital
estrangeiro, que se aproveitou dessas enormes
vantagens e desse clima especulativo. Estabeleceram-
se facilidades para o funcionamento de bancos
estrangeiros e para as operações financeiras de suas
empresas, procurando transformar o Brasil na sede
latino-americana das empresas multinacionais.
Desta forma, SANTOS (1994:107) conclui o milagre
econômico da seguinte maneira:
... a essência do “boom” econômico que viveu o Brasil
de 1967 a 1974 estava na capacidade de elevar a taxa
de lucros através, sobretudo, da rebaixa do salário
real... esta política foi complementada por outros
mecanismos de intervenção estatal em favor do
aumento da taxa de lucros, do estímulo e orientação
estatal do investimento e da criação de vários
mecanismos que objetivavam canalizar todos os
excedentes gerados no país para o sistema financeiro,
posto a serviço das grandes empresas nacionais e
estrangeiras.
SANTOS (1994:107) continua:
... este mercado não se podia encontrar entre a
maioria dos assalariados, porque seus baixos salários
representavam a base da formação dos excedentes
que se convertiam nas novas inversões.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
55
Complementando Santos, RODRIGUES (1990:5)
coloca:
O “milagre” foi fruto do modelo adotado
pelos governos militares que consistia no crescente
condicionamento do desenvolvimento brasileiro às
exigências dos capitais internacionais. O governo
brasileiro oferecia vantagens fiscais e financeiras
para as empresas monopolistas internacionais que
quisessem instalar-se no País. Esses monopólios,
dominando avançadas técnicas de produção,
aproveitavam a mão-de-obra nacional, de baixo custo.
RODRIGUES (1990:4) coloca que durante o período do
“milagre”, o Governo fazia uso de frases que enalteciam a pátria
e elevavam o furor da população como: “Ninguém segura este
país” ou “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Tais frases eram usadas em
mídias impressas e também em redes de televisão. O objetivo
destas publicidades governamentais era criar uma ideia de que
seria criada uma grande potência econômica, além de confrontar
com ideais de outras classes da população como os estudantes
que eram contrários ao regime militar.
Figura 26: publicidades ufanistas durante a ditadura militarFonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br
Acesso: 18/08/2011
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
56
Aproveitando este período da nossa história, algumas
empresas seguiam a mesma linha de anúncios criados para o
governo militar.
A indústria de calçados Alpargatas, na época atendida
pela agência Standard, criou a peça abaixo demonstrando
que de alguma maneira havia apoio ao regime imposto pelos
militares:
Figura 27: anúncio do CongaFonte: GRACIOSO (2009:142)
Nela podemos observar claramente a alusão aos grandes
desfiles que os militares promoviam na época dos desfiles de
sete de setembro. Além disso, a peça apresenta a mesma palavra
de ordem que o governo utilizava no nome de um LP compacto
com o Hino Nacional.
Figura 28: disco com o hino nacionalFonte: http://bom-som.blogspot.com
Acesso em 16/11/2011
Desta forma, podemos concluir que para SANTOS
(1994), o milagre econômico brasileiro, foi uma ação do
governo para aumentar as margens de lucro de grandes
empresas e manter a base da sociedade estagnada, sem
aumento real de salários, mas com grande capacidade
de produção, graças à mão de obra barata que havia no
Brasil.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
57
Assim podemos dizer que a base do milagre brasileiro
era aumentar a produção, sem repassar ao povo a margem de
lucro que as empresas recebiam. Havia emprego, e a economia
do país conseguia aumentar suas reservas porque a grande
massa da população não tinha dinheiro para gastar.
Complementando Santos, RODRIGUES (1990:5) coloca
que o milagre econômico, foi direcionado às classes média e
alta da população, onde uma grande diversidade de produtos
passou a fazer parte do cotidiano da parte mais abastada da
população:
... o privilégio de desfrutar essa condição restringiu-se às
camadas médias e altas da população, especialmente
as dos grandes centros do sudeste e sul do País. O
mercado foi invadido por toda sorte de produtos, de
iogurtes a luxuosos modelos de eletrodomésticos e
carros; hipermercados e sofisticados shopping centers,
verdadeiros “templos do consumo”, começaram a
ocupar grandes espaços urbanos.
Já GRACIOSO (2009:119) possui uma visão contrária
dos teóricos anteriores. Para o autor durante a década de
1960 o crescimento da população brasileira foi de um terço,
enquanto que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foi
de 80%. Diante deste cenário econômico favorável, a indústria
automobilística era impulsionada pelo plano econômico, criado
pelo então ministro da fazenda Delfin Neto. No final da década
de 1970 eram produzidos no Brasil 700.000 veículos ao ano,
disputados pela classe média emergente. Com o aumento do
consumo, aliado às medidas de crescimento econômico operado
pelo governo, grandes e médias empresas passaram comprar
espaços publicitários com maior frequência e itens de conforto
doméstico como aspiradores de pó, geladeiras e televisores
estavam à disposição desta nova classe social. O autor coloca
ainda que com tais medidas econômicas, grandes indústrias
americanas e europeias passaram a ver o Brasil com um olhar
diferente de períodos anteriores, uma vez que o país estava se
configurando como um mercado consumidor potencial.
Graças ao aumento do consumo e dos espaços
publicitários, esse mercado passou a crescer e ser desejado por
várias empresas.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
58
Na visão de GRACIOSO (2009:120) o maior beneficiário
do “milagre econômico” foi a classe média, porque tornou-
se mais fácil a compra de bens de consumo por esta parcela
da população. Em Fusca: a história de um símbolo (1996:37)
é apresentado ao leitor que o melhor período de vendas
do Fusca foi exatamente nos primeiros anos da década
de 1970. Entre 1972 e 1976 as vendas anuais superaram
a marca de 200 mil unidades. Em 1973, 224.154 unidades
foram comercializadas no país, o que significa uma média
de 18.679 unidades ao mês.
Partindo da visão de GRACIOSO, podemos associar
o “milagre econômico” e a publicidade em nosso país,
porque devido à necessidade de escoamento da produção
industrial às classes média e alta, houve aumento das
vendas de espaços publicitários em jornais, revistas e outras
mídias existentes na época, exemplo disso são os anúncios
de automóveis analisados mais à frente neste projeto.
Assim podemos perceber o “milagre econômico”
como uma das ferramentas propulsoras da indústria
automobilística e do mercado publicitário no Brasil. Com
o aumento das vendas de automóveis e das inserções
publicitárias em revistas, jornais e outras mídias criou-se
um ambiente ideal para que a publicidade acompanhasse
este desenvolvimento. Associado a estes fatores, há outra
questão que merece ser abordada por este projeto.
Durante a década de 60, houve uma mudança
mundial, que refletiu no Brasil, no modo de como as agências
de publicidade passaram a abordar o consumidor. Em linhas
gerais, podemos dizer que a linguagem publicitária tornou-se
mais simples e mais próxima do consumidor. Este momento
ficou conhecido como Revolução Criativa e será abordado
em maior profundidade no próximo capítulo.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
3 - O DESENvOLviMENtO DA PuBLiCiDADE
AO LONGO DO SéCuLO XX
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
60
Figura 29: anúncio publicado no século XIXFonte: O Publicador Paulistano, 1860
ed. n° 174
3 – O desenvolvimento da publicidade ao longo do século XX
3.1 – A Evolução do mercado publicitário brasileiro
Ao longo dos anos, o mercado publicitário brasileiro
tem mudado constantemente. Em meados do século XIX os
publicitários atuavam apenas como agenciadores de jornais,
onde negociavam os espaços para classificados e ofereciam
negócios dos mais variados, desde a venda de imóveis
pedindo o comparecimento a determinado endereço, até a
oferta de escravos para fazendeiros.
Ricardo RAMOS (1995:15) coloca que a linguagem
usada na publicidade do início do século XX era formada
basicamente pela transposição da escrita das vozes,
remetendo aos vendedores ambulantes dos dias atuais,
onde simplesmente apresenta a venda elementar com o
termo “quem quer comprar”.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
61
Como já dissemos, ao longo da década de 1910,
começam a surgir as primeiras agências de publicidade em
nosso país. Em maio de 1914, segundo SIMÕES (2006:75),
Jocelyn Bennaton e João Castaldi fundam a agência de
publicidade A Eclética. A primeira conta atendida pela
agência foi a indústria de rolamentos SKF. Complementando
Simões, MARCONDES (1995:28) afirma que pouco tempo
depois da fundação da A Eclética, junta-se à sociedade o
jornalista Eugênio Leuenroth.
Em 1918, Jocelyn Bennaton e João Castaldi deixam a
sociedade de A Eclética e Júlio Cosi, cunhado de Leuenroth,
associa-se à empresa. Enquanto Cosi cuidava da matriz em
São Paulo, Leuenroth ficou responsável pela filial da agência
na cidade do Rio de Janeiro.
Cosi costumava contar que nesta época não era
hábito empresas e lojas publicarem anúncios em jornais,
os comerciantes da época acreditavam que o bom cliente
era aquele consumidor tradicional, que fazia suas compras
sempre nos mesmos estabelecimentos. Algumas lojas
tinham o hábito de colocar placas na vitrine com dizeres do
tipo: “Esta casa só dá esmolas aos sábados e não recebe
homens de publicidade”. Como veremos mais a frente, com o
passar dos anos e a instalação de grandes agências no Brasil
esta visão foi mudando e os profissionais da publicidade
se estabeleceram graças às empresas multinacionais que
usavam deste serviço para anunciar seus produtos, além é
claro do talento que estas agências de publicidade possuíam.
Durante a década de 1920 grandes mudanças
começaram a acontecer em nosso país. Nossas cidades
passaram a se urbanizar, as pessoas começaram a deixar as
áreas agrícolas em busca de emprego nas grandes cidades,
além disso, grandes eventos agitavam a vida urbana de cidades
como Rio de Janeiro e São Paulo onde podemos citar como
exemplo a Semana de Arte Moderna. Segundo PROENÇA
(2000:230) a Semana de Arte Moderna, aconteceu nos dias
13, 15 e 17 de fevereiro no Teatro Municipal de São Paulo,
onde foram apresentados no interior do teatro concertos
e conferências, enquanto no saguão foram montadas
exposições de artistas plásticos, escultores, desenhistas
e pintores. Este evento, segundo a autora, é considerado
o marco de uma nova concepção do fazer e compreender
a obra de arte, porque na visão dos conservadores a arte
deveria ser uma cópia fiel do real, enquanto outros artistas
acreditavam em uma maior liberdade criadora destoando
dos limites da realidade.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 30: anúncio do automóvel TalbotFonte: PADILHA (2001:112)
No anúncio do veículo Talbot, publicado na revista
Ariel de 1926, há uma grande influência do modernismo,
porque na peça a cópia do fiel é deixada de lado, não temos
ruas ou casas e até mesmo pessoas usadas na criação, a
ênfase dada ao anúncio está na velocidade com traços que
remetem ao movimento do carro vindo em direção ao leitor.
Além disso, o motorista é substituído por uma chama,
remetendo a emoção de guiar o carro em alta velocidade.
Como vimos no primeiro capítulo, seis anos
depois da semana de arte moderna é lançada a revista O
Cruzeiro, com grande número de anúncios publicados
em suas páginas. Grandes indústrias internacionais
começaram a vir para o Brasil procurando expandir seus
negócios. Como consequência as primeiras agências de
publicidades internacionais instalaram-se em nosso país.
Além disso, grandes empresas na época possuíam o
próprio departamento de criação, que nos dias atuais são
conhecidas como house. CASAQUI (2007:55) apud PEREZ
e BARBOSA (2007), diz que a General Motors foi uma das
grandes formadoras de vários profissionais de publicidade
no Brasil, uma vez que quando se instalou em nosso país em
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
63
1925, a empresa também possuía seu próprio departamento
de criação, até que a agência J.W. Thompson abriu seu
escritório por aqui em 1929 e passou a atender a conta da
General Motors.
Ainda segundo CASAQUI (2007:55) apud PEREZ e
BARBOSA (2007), nesta época o automóvel passou a ser
um dos produtos mais desejados pela população sendo
símbolo de status e objeto de desejo de várias classes
sociais, porém devido ao seu custo elevado apenas poucos
poderiam sentir o prazer de guiar um veículo na época:
O automóvel, um dos produtos mais representativos
das transformações da época, possibilitava novas
experiências: com ele, as pessoas começavam a ter
outra percepção do tempo e do espaço, devido à nova
maneira de ver o mundo sobre quatro rodas. Reservado
para os mais abastados pelo seu alto preço, tornou-se
símbolo de status e também da ideia que o homem era
senhor do planeta, capaz de construir máquinas que
superariam as limitações impostas pela natureza.
Entre 1929 e 1932 vários eventos sacudiram a vida
da sociedade brasileira. Em 1929 tivemos o crack da bolsa
de Nova York, o que fez com que a nossa economia, que
na época era baseada na exportação de café, sofresse um
grande abalo pelo baixo preço da saca e a consequente
quebra de vários produtores. Em 1930 tivemos a “revolução”
feita por Getúlio Vargas, que assumiu a força com a ajuda de
militares, empresários e do próprio Assis Chateaubriand, o
Governo do Brasil. Inconformados com a perda de poder
político, dada a Revolução de 1930, em 1932 os paulistas
pegaram em armas contra o governo federal exigindo uma
nova Constituição Federal, isto é a constitucionalização do
país, no movimento que ficou conhecido como Revolução
Constitucionalista. Estes fatos fizeram com que a publicidade
fosse severamente reduzida em nosso país. Segundo
RAMOS (1987:41) Júlio Cosi testemunhou que: “Foram
ocasiões em que a publicidade paralisou totalmente”, o que
nos remete ao fato de que até nos dias atuais, quando as
empresas passam por momentos difíceis, ou há qualquer
instabilidade econômica a primeira verba a ser cortada é da
publicidade, prejudicando as vendas das empresas. Este
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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hábito de suspender a verba publicitária, também pode
ser associado ao relato anterior, quando dissemos que a
resistência que empresas e comerciantes tinham em relação
à publicidade, uma vez que podemos considerar cultural
o fato das mesmas resistirem à criação e veiculação de
anúncios nas mais variadas mídias.
Porém apesar das várias crises que passamos em
tão curto espaço de tempo, isto não foi empecilho para que
outras agências de publicidade se instalassem no Brasil,
como a Ayer & Son em 1931 e a McCann em 1935.
Segundo SIMÕES (2006:103), a Ayer & Son era uma das
mais antigas agências de publicidade dos Estados Unidos e
vinha para o Brasil operar a conta da montadora de automóveis
Ford que na época era atendida pela A Eclética de Júlio Cosi.
Posteriormente, a Ayer & Son também serviu a empresas como
General Electric e à empresa de energia Light.
Já a McCann instalou seu primeiro escritório no
Brasil na cidade do Rio de Janeiro, para atender a conta
da Standard Oil Company of Brazil, que mais tarde viria a
se chamar Esso Brasileira de Petróleo. Em 1937 a McCann
abriu seu escritório de São Paulo para atender a fabricante
de eletrodomésticos Frigidaire. Com o desenvolvimento
do rádio em nosso país e a abertura de várias emissoras,
a McCann e a Oil Company of Brazil criaram aquele que se
tornaria um marco nas transmissões de rádio de nosso país:
O Repórter Esso.
É importante dizer que ainda nesta época, década de
30, papel do redator e do diretor de arte não era considerado
muito importante. Segundo a obra História da Publicidade
Criativa no Brasil (1996:48) os contatos publicitários
chegavam com o pedido de anúncio do cliente, o redator
datilografava o texto e fazia algumas sugestões de imagens
para a arte. Os layouts men, que podemos considerar
os predecessores dos designers gráficos e diretores de
arte, eram responsáveis pela concepção da arte final,
principalmente em relação à tipologia que seria usado no
anúncio. Depois disso tanto redator quanto o layout men só
iriam ver o anúncio impresso nas bancas de jornal.
Consideramos que o fato das agências na época
subjugarem o trabalho do layout men, pode ser associado a
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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uma questão histórico-cultural, que para nós está presente
no Brasil desde a criação da Academia de Belas-Artes por
Dom João VI, porque a academia tinha o objetivo inicial de
entreter as mulheres da corte portuguesa no Brasil.
Segundo Ana Mae BARBOSA (2008:16) os primeiros
cursos de ensino superior existentes no Brasil, visavam cuidar
da saúde da corte, desta forma foi criado o curso da faculdade
de Medicina da Bahia. Também havia a necessidade de
formar um exército para defender o território brasileiro, sendo
criadas as escolas militares e finalmente, como já dissemos
com o intuito de entreter as mulheres da corte que vieram
para o nosso país foi criada a escola de Belas-Artes. Mais
tarde com a preparação para a República este preconceito
teria aumentado, uma vez que tudo o que era ligado ao
império não era bem visto pelos republicanos, o que foi mais
um agravante para a situação do ensino das artes, o que
em nossa opinião podemos incluir anos depois o curso de
publicidade e publicidade e o curso de design gráfico.
É fácil, portanto, entender porque as primeiras
instituições de ensino superior foram as escolas militares,
os cursos médicos e a Academia de Belas-Artes durante
o Reinado.
Com a preparação para a República, as faculdades
de Direito passaram a ser consideradas as de maior
importância no cenário educacional e foi onde se formou
a elite do regime republicano.
Com a República foi reiterado o preconceito contra o
ensino da arte, simbolizado pela Academia de Belas-
Artes, pois estivera a serviço do adorno do Reinado e
do Império, e com o dirigismo característico do espírito
neoclássico de que estava impregnada, servira à
conservação do poder.
Para nós, este preconceito em relação ao trabalho
exercido pelos profissionais da área de criação, tem origem
neste fato, onde nossa escola de artes sofreu esta visão
deturpada em relação ao ensino das artes devido às origens
de sua fundação aqui no Brasil.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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O modelo de trabalho adotado pelas agências de
publicidade em nosso país nos anos 1930 seguia os padrões
das matrizes norte-americanas. Eram estruturas enormes,
que tornava o trabalho dos criativos da época secundário,
sendo considerada mais importante pelas agências a técnica
e não a criatividade. Em 1947 esse cenário mudaria com a
revolução criativa da publicidade feita por Bill Bernbach, com
a fundação da agência DDB nos Estados Unidos.
3.2 – A Revolução Criativa de Bill Bernbach
Ao analisarmos a história da revolução criativa,
pudemos perceber que a maioria dos autores analisados
divide a história da publicidade em dois períodos: antes e
depois de Bill Bernbach. Porém o publicitário Júlio Cosi Jr.
(1999:1), que contaremos um pouco da sua história mais a
frente, vai além e diz que para ele existiram três revoluções
criativas, a primeira com o Renascimento entre os séculos XIV
e XVI, quando os pintores desenvolveram a técnica do uso da
perspectiva, volumes e sombras. GOMBRICH (1999:286) diz
que os avanços na arte só foram possíveis porque os artistas
passaram a estudar a fundo matemática para compreender a
perspectiva e a anatomia para aprofundar os conhecimentos
sobre o corpo humano, ou seja, neste período que foi um dos
mais famosos das artes para o mundo, os artistas buscavam
compreender o universo para produzir suas obras de arte,
tendo como objetivo a perfeição na reprodução da natureza.
A segunda revolução criativa para COSI JR. (1999:1)
veio com o Impressionismo no século XIX, onde os artistas
não se preocupavam mais em retratar o real ou a arte
acadêmica, mas utilizavam traços soltos e contornos não tão
nítidos em suas obras de arte. Para GOMBRICH (1999:499)
neste período houve uma ruptura com a tradição, que marca
a Grande Revolução Francesa, fato este que mudaria a vida
das pessoas e dos artistas, além dos avanços tecnológicos
efetuados com a Revolução Industrial que estava se
expandindo pela Europa. Tais mudanças fizeram com que
artistas, escultores e arquitetos repensassem na maneira
como produziam suas obras de arte.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 31: Bill BernbachCriativa da publicidade.Fonte:http://www.marketinguk.co.uk/
Marketing/DDB-UK-Marks-Centennial-of-Bill-Bernbach-The-Real-Mad-Man.asp
Acesso em: 11/12/2011
Finalmente a terceira revolução criativa, segundo
COSI JR. (1999:1), veio com Bill Bernbach em Nova York,
entre os anos de 1949 e 1986. Para o autor (2010:1) a
agência de publicidade fundada por Bill Bernbach buscava
incentivar diretores de arte e redatores a ver os produtos com
simplicidade, deixando claras as qualidades dos produtos
oferecidos de uma maneira real, sem exageros ou benefícios
inexistentes.
MELO (2008:32) diz que durante a década de 60,
ocorreu uma grande influência do psicodelismo no design
gráfico e nas publicidades impressas, o que segundo o autor
traduziu com grande força a cultura dos anos 60. Além disso,
a influência da televisão também atingiu aos jovens que
viveram aquele momento, destruindo a ideia de totalidade
existente até este período.
Vários acontecimentos contribuíram para que
ocorressem estas mudanças comentadas anteriormente.
Nesta época, várias guerras e manifestações agitavam a
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
68
sociedade. No Brasil a ditadura militar procurava calar a voz
dos jovens; americanos e soviéticos disputavam qual era o
país mais poderoso entre as nações; cantores e artistas em
todo o mundo clamavam por paz entre os povos e tantos
outros eventos contribuíram para que houvesse revoluções
em seus campos de atuação.
Desta forma, podemos dizer que todas as grandes
mudanças que acompanharam as revoluções criativas
estavam associadas a eventos marcantes para a população,
porque ao compararmos estes períodos, podemos ver
grandes mudanças sociais ocorridas nas épocas.
Segundo TUNGATE (2009:68) Bill Bernbach iniciou
sua carreira na Scheley Distillers Company como mensageiro.
Após criar um improviso para um anúncio e entregar
pessoalmente no departamento da publicidade da empresa,
Bill Bernbach teve seu primeiro anúncio veiculado. Bill
Bernbach fez com que o presidente da companhia soubesse
que havia sido ele quem fizera a criação, o que o levou a ser
promovido para o departamento de publicidade da empresa.
Anos depois, Bill Bernbach passou a trabalhar na
agência Willian H. Weintraub como redator, nesta época
conheceu o designer gráfico Paul Rand.
Paul Rand foi considerado o mentor de Bill
Bernbach enquanto trabalharam juntos na agência Willian
H. Weintraub. Segundo TUNGATE (2009:69) aos 27 anos
de idade Paul Rand já controlava o departamento de arte
da agência e com imagens incisivas e despojadas Paul
Rand levou para os Estados Unidos a sensibilidade do
design gráfico europeu, criando entre outras marcas o
logotipo da empresa IBM.
Para os padrões da época, a incomum dupla Bill
Bernbach e Paul Rand originaram as duplas de criação
dos dias atuais. Juntos desenvolveram conceitos para
as campanhas publicitárias que atraía a atenção dos
consumidores.
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Após cumprir o serviço militar, Bill Bernbach foi
contratado para trabalhar na agência Grey Advertising,
onde passou de chefe de redação à vice-presidente e
diretor criativo em poucos meses. Foi na Grey Advertising
que Bill Bernbach conheceu o diretor de arte Bob Gage,
que no futuro viria a ser um dos sócios de sua agência.
Em 1947, Bill Bernbach escreveu uma carta ao presidente
da Grey Advertising, onde colocou seu ponto de vista em
relação às preocupações que o afligiam sobre o futuro
da publicidade, uma vez que Bill Bernbach já considerava
a criação como o fator principal para uma campanha de
sucesso. Segundo o livro a História da Publicidade Criativa
(SD:12), Bill Bernbach esperou uma resposta de seus
superiores por quatro meses, como não recebeu qualquer
posição decidiu abrir seu próprio negócio e levou consigo
entre outras pessoas o diretor de arte Bob Gage.
A dupla Bill Bernbach e Bob Gage juntaram-se
a Maxwell Dane que possuía uma pequena agência de
publicidade na Madison Avenue. Nascia assim a agência
DDB – Doyle Dane Bernbach. TUNGATE (2009:70) coloca
que a falta de vírgulas para separar os nomes dos
fundadores da DDB foi proposital. Segundo o autor, Bill
Bernbach dizia que nada ficaria entre eles, nem mesmo a
pontuação.
O primeiro cliente atendido pela DDB foi a loja
de departamentos N.M. Ohrbach’s, que anteriormente
trabalhava com a própria Grey Advertising. As peças
criadas por Bill Bernbach, na DDB, colocaram a Ohrbach’s
em uma posição diferente no mercado da moda. Suas
peças diziam que era chique pagar barato. Graças às
imagens impactantes e textos equilibrados, os clientes
começaram a surgir.
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Figura 32: anúncio da loja de departamento Orbach’sFonte: http://www.migdal.ru/images/migdal-16920-16376.jpg
Acesso em: 12/12/2011
Na peça há uma gata de chapéu fumando um cigarro
em uma piteira, o que em nossa opinião representa a mulher
descrita no texto da loja de departamento Ohrbach’s. A
irreverência e simplicidade do anúncio traduz o estilo de Bill
Bernbach aplicado com a revolução criativa.
O foco da imagem está no animal, sem que qualquer
outro elemento interfira na análise do leitor sobre a peça. O
fundo infinito também contribui para esta análise e o próprio
título que diz “o que descobri sobre Joan” aguça a curiosidade
do leitor em ler o restante do anúncio.
Em nossa opinião Bill Bernbach optou por usar um gato
em seu anúncio por se tratar de um animal muito elegante
ao andar, com movimentos suaves, que podemos associar a
mulheres elegantes caminhando, diferente de outros bichos
como, por exemplo, o cachorro que ao se aproximar de seus
donos normalmente vem pulando e chamando a atenção
pelo seu jeito alegre de viver.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 33: anúncio dos pães de centeio Levy’sFonte: http://www.migdal.ru/images/migdal-16925-16386.jpg
Acesso em: 12/12/2011
Outro cliente atendido pela DDB foi a empresa de pães de
centeio Levy’s Bakery, graças ao seu grande instinto comercial e
criatividade, Bill Bernbach direcionou o foco do produto para outro
público-alvo, os não judeus, já que se o produto fosse comparado
aos pães produzidos pelas padarias judaicas ou os assados em
casa, o sabor não agradaria aos consumidores tradicionais de pão
de centeio. Desta forma, Bill Bernbach usou em suas criações os
mais variados públicos, desde que não fossem judeus. O título dos
anúncios dizia “Você não precisa ser judeu para amar Levy.” Com
isso as vendas dos pães Levy’s Bakery aumentaram, tornando a
DDB ainda mais percebida pelo mercado. Segundo KOTTLER
(2000:30) uma empresa dificilmente conseguirá satisfazer a todos
os consumidores de um mercado, desta forma há uma segmentação
onde são identificados e traçados diferentes perfis de grupos
distintos de compradores que poderão preferir determinados
produtos. Desta forma, a empresa poderá identificar onde há maior
oportunidade para atender determinado segmento, onde é atribuído
maior valor agregado para o produto oferecido. Além disso, na visão
de KOTTLER (2000:80) a satisfação do consumidor depende do
desempenho percebido do produto em relação às suas expectativas,
o que foi comprovado por Bill Bernbach na campanha dos pães de
centeio Levy’s Bakery, porque como os não judeus não conheciam
o sabor dos pães de centeio tradicionais, a probabilidade de deles
gostarem dos pães de Levy’s Bakery era maior.
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Figura 34: anúncio Volkswagen com título Think smallFonte: COSI (2010:76)
O sucesso atingido pela DDB com seus clientes, fez
com que a agência entrasse em uma concorrência para uma
nova campanha do automóvel produzido pela Volkswagen, o
Beatle, conhecido por nós aqui no Brasil como Fusca.
O pedido da Volkswagen para a DDB era muito
complexo, porque conflitava com os padrões de consumo da
população norte americana que preferiam carros enormes de
rabos de peixe e com consumo excessivo de combustível.
Havia também outra questão muito importante para a época:
era uma empresa alemã, que queria vender seu produto no
mercado norte-americano, sendo que o carro havia sido
criado a pedido de Adolf Hitler para estimular o consumo de
automóveis em seu país de origem.
Para isso, a DDB iniciou uma série de anúncios que
buscavam mostrar aos consumidores norte-americanos
as vantagens que o Volkswagen oferecia em relação a
concorrentes como Ford e General Motors, que como já
dissemos são empresas fundadas nos Estados Unidos.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 35: anúncio Volkswagen com títuloCan you name this car?Fonte: COSI (2010:76)
Bill Bernbach foi o responsável pelo início de uma
nova era para a publicidade mundial, os anúncios deixaram
de ser apenas informativos e cheios de elogios aos produtos
e passaram a ser bem-humorados, irônicos e diretos, com
alto poder de comunicação. Além disso, o uso de fotografias
ao invés de ilustrações também estava presentes nas
criações da agência DDB.
Segundo TUNGATE (2009:69), apesar da amizade que
havia entre Bill Bernbach e Paul Rand, Rand nunca perdoou
Bernbach pela sua preferência por fotografias ao uso de
ilustrações nos anúncios criados por ele, uma vez que Paul
Rand se preocupava mais com a estética dos anúncios e Bill
Bernbach procurava impactar os consumidores potenciais.
Segundo COSI JR. (2010:83) os anúncios criados
por Bill Bernbach são uma revolução criativa, porque sua
filosofia ia contra os pontos de vista já estabelecidos, ou
seja, contra a prática em vigor.
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Figura 36: anúncio Volkswagen com título Lemon.Fonte: COSI (2010:76)
Os primeiros anúncios criados pela DDB para a
Volkswagen foram feitos pelo diretor de arte Helmut Krone e
pelo redator Julian Koenig, e foram supervisionados pelo
próprio Bill Bernbach. Segundo TUNGATE (2009:72) Helmut
Krone, que era descendente de alemão, foi o escolhido para
desenvolver criação da arte do anúncio, porque era o único
que já havia ouvido falar do pequeno veículo criado na
Alemanha. Ainda segundo o autor, outro anúncio bastante
comemorado pela DDB, foi o que mostra uma foto simples
do Volkswagen novo e brilhante, acompanhado do título de
uma única palavra escrito “Lemon”, com o sentido para nós
brasileiros de “abacaxi”. O texto do anúncio foi criado pelo
redator Julian Koenig. Segundo TUNGATE (2009:74) o
material só foi aprovado pelo cliente alemão, por que este
ficou envergonhado de admitir que não havia entendido o
sentido do jogo de palavras usado no anúncio. A intenção da
peça era mostrar ao consumidor o rígido controle de qualidade
que o Volkswagen era submetido antes ser colocado à venda
nas lojas. Desta forma, o anúncio colocou que os frisos do
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carro, que apesar de não estar aparente, estavam
manchados e não deveriam chegar ao consumidor final.
Segundo Bernbach este título mudou a história da DDB,
porque ousou trabalhar uma única palavra ao invés de usar
um texto longo como por exemplo “Todo Volkswagen
passa por uma rígida inspeção”. Com isso a inovação,
mais uma vez partiu das paredes da DDB, ganhando
notoriedade pelo mercado publicitário.
Em relação aos layouts desenvolvidos por Helmut
Krone a princípio não foram bem vistos por Bill Bernbach,
pois como a disposição dos elementos da página era muito
bem arrumada, lembrava e muito os anúncios criados por
outra agência concorrente da DDB na época, a Ogilvy.
A agência Ogilvy, foi fundada pelo inglês David
Ogilvy que iniciou sua carreira na área de publicidade aos
38 anos de idade na cidade de Nova York, onde passou a
morar em 1938. Segundo TUNGATE (2009:58) o estilo de
publicidade de David Ogilvy era uma síntese de tudo o que
já havia existido de publicidade e que entre outros motivos,
estas qualidades levaram a Ogilvy a ser uma das maiores
e melhores agências de publicidade que já existiu. Em
essência, o estilo de publicidade de Ogilvy era: a ciência de
Claude Hopkins, a sofisticação da agência J. W. Thompson
nos tempos de Stanley Resor e a criatividade baseada nas
pesquisas de outra agência a Young & Rubicam.
Voltando à trajetória de Bill Bernbach, com a
visibilidade que a DDB havia atingindo com suas criações,
ele passou a dar entrevistas em diversas mídias, entre
elas COSI JR. (2010:88), afirma que Bill Bernbach falou
sobre algumas regras que seguia para criar seus anúncios
durante uma entrevista para a revista americana Ad Age.
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O autor coloca que Bernbach procurava
posicionar o produto o mais próximo possível do
real, apresentando-o ao consumidor suas reais
característ icas e benefícios, o que segundo ele
transmite ao produto um efeito vivo, natural,
portanto mais acreditável.
Bernbach também coloca que o produto deve
ser o ator principal da cena, e não um coadjuvante,
criando uma maneira ef icaz do produto ser lembrado
pelo consumidor.
O criat ivo anda coloca que os produtos
ou mercadorias quando são bem apresentados
possuem interesse inerente e que o próprio que
deve atrair a atenção do consumidor.
Outro ponto colocado é que a propaganda
deve ter um ponto focal, onde exista uma grande
área que domine e não diversas áreas focais com o
intuito de não repel ir a atenção do leitor.
O textos e arte devem estar integrados, criando
unidade no anúncio, segundo Bernbach é indiferente
o que é criado primeiro, se o texto ou a arte.
Estabelecendo uma comparação entre o
esti lo de criação feito por Bi l l Bernbach para o
Volkswagen e por David Ogilvy para as camisas
Hathaway , estas regras tornam-se mais fáceis de
ser compreendidas:
2Segundo TREIN atualmente na publicidade, o uso de personagens em publicidades são conhecidos como gimmicks, que, podem ser considerados como “um truque ou atrativo com efeito visual ou sonoro para chamar a atenção e despertar interesse em um determinado anúncio, comercial, produto ou serviço. gimmicks é uma gíria norte-americana que sugere artimanha”. Na publicidade brasileira os gimmicks mais facilmente encontrados são os objetos animados, como a gota do personagem Zé Gotinha, do Ministério da Saúde; os personagens ficcionais, como o frango da Sadia; os licenciados, como o elefante Jotalhão, da turma da Mônica, no extrato de tomate da Cica; e os humanos ficcionais, como o personagem Senninha, uma reprodução do ex-piloto Airton Senna, que é utilizado em uma série de produtos.
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Figura 37: anúncio Volkswagen criado pela DDBFonte: COSI (2010:76)
Figura 38: anúncio criado pela Ogilvy Fonte: http://insighteight.com
Acesso em: 12/12/2011
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David Ogilvy posicionou seu modelo de forma
imponente em uma alfaiataria, aparecem vários rolos de
tecidos ao fundo guardados em prateleiras, há na fotografia
uma segunda pessoa que seria o alfaiate, que aparece
apenas sua mão tirando as medidas para a confecção de
uma peça de roupa e uma terceira pessoa, que seria o
ajudante do alfaiate, anotando as medidas do modelo. Todo
este contexto preparado para a execução da fotografia
conflita com o padrão criado pela DDB, em que Bill Bernbach
coloca que sua criação consiste em não manter a atenção do
leitor em vários pontos focais, mas apenas no ponto principal
do anúncio. Como é o caso do anúncio do Volkswagen, onde
a DDB colocou o pequeno carro em fundo infinito, sem que
nenhum outro elemento interfira na observação da peça.
Além disso, o título produzido pela DDB reforça a ideia de
“pensar pequeno”, conforme é proposto no título da peça,
criando harmonia entre texto e imagem, porque “pensar
pequeno” e posicionar o Volkswagen em um plano mais
distante reforça o conceito da peça.
A peça de David Ogilvy apresenta o título “O homem
da camisa Hathaway”. No nosso ponto de vista o que acabou
despertando interesse dos consumidores em ler o anúncio foi
o tapa-olho que o modelo usava na fotografia produzida para a
peça e não tanto o conteúdo apresentado no título do anúncio.
A ideia de usar este acessório partiu do próprio David Ogilvy,
que conforme descreve TUNGATE (2009:68), o cliente havia se
posicionado contra a ideia de David Ogilvy em usar o acessório,
mas no momento em que se dirigia para o estúdio onde
acompanharia a seção de fotos David Ogilvy decidiu parar em
uma drogaria e comprar o tapa-olho. A brilhante ideia de David
Ogilvy rendeu anos de sucesso para as camisas Hathaway,
fazendo com que os leitores das revistas reconhecessem seus
anúncios em qualquer lugar.
Percebemos que o texto produzido por David Ovilvy é mais
denso que texto produzido por Bill Bernbach, o que nos mostra
que a objetividade apresentada no anúncio da Volkswagen criado
pela DDB é maior que no anúncio da Ogilvy, o que demonstra a
essência proposta nos anúncio da agência de Bill Bernbach.
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Figura 39: Júlio Cosi Jr. Fonte:http://www.altamiravideo.com.br/Refer%C3%AAncias.php
Acesso em: 13/12/2011
Retomando nosso raciocínio sobre a revolução criativa
feita por Bill Bernbach, foi desta forma que iniciou o período que
ficou conhecido como revolução criativa, pouco tempo depois
um grande número de agências de publicidades do mundo,
inclusive no Brasil, buscava acompanhar a fórmula da DDB para
a criação de anúncios publicitários.
3.3 – A Revolução Criativa Chega ao Brasil
Com a fundação da Doyle Dane Bernbach nos Estados
Unidos e a grande repercussão dos anúncios criados por Bill
Bernbarch, os publicitários brasileiros passaram a incorporar
décadas depois, as mesmas mudanças que estavam acontecendo
nos Estados Unidos. Começou então a surgir grande interesse
de nossos criativos em conhecer a nova agência que estava
modificando a linguagem publicitária no final dos anos 50.
Entre os vários criativos que contribuíram para o processo
de evolução da publicidade no Brasil, destacamos Júlio Cosi Jr. e
Alex Periscinoto, ambos com uma atuação marcante, porque são
considerados os responsáveis por trazer para o Brasil durante a
década de 1960, os conceitos criativos desenvolvidos por Bill
Bernbach na DDB.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Segundo ABREU e PAULA (2007:70), Júlio Cosi Jr.
ingressou na publicidade em 1949, como contato publicitário
da Agência A Eclética que era de seu pai, o publicitário Júlio
Cosi, sendo promovido mais tarde a supervisor de contas
e diretor de criação. Em 1957 se transferiu para a McCann
Publicidade como supervisor de contas e membro do Comitê
de Planejamento. Em 1959 deixou a McCann e foi para a
Standard Publicidade onde ocupou a chefia do grupo de
contas e posteriormente a gerência do escritório da agência
em São Paulo sendo promovido a vice-presidência de criação
e a diretor de criação da agência.
Na época em que Bill Bernbach desenvolvia os
anúncios para a Volkswagen nos Estados Unido, Júlio Cosi Jr.
acompanhava atento os anúncios criados por Bill Bernbach.
Decidido a aprofundar seu conhecimento neste novo método
de fazer publicidade Júlio Cosi Jr. percebeu que precisava
fazer um estágio na empresa de Bill Bernbach, em Nova York.
Na época em que Júlio Cosi Jr. trabalhava na Standard, a
agência atendia a conta das máquinas de escrever Remington
aqui no Brasil, na mesma época, a mesma Remington era
atendida nos Estados Unidos pela DDB. Com isso Júlio Cosi
Jr. conseguiu um estágio na agência de Bill Bernbach em
Nova York, onde passou 45 dias acompanhando o trabalho
da DDB e aprendendo como estava sendo feita a nova
linguagem da publicidade norte-americana.
Ao retornar para o Brasil Júlio Cosi Jr. passou a
aplicar o conhecimento adquirido na DDB em companhia
de Bill Bernbach. Com isso, começaram a surgir em nosso
país anúncios que acompanhavam o estilo criativo que Bill
Bernbach, porém com maior irreverência, o que consideramos
natural que acontecesse, já que a alegria do povo brasileiro
estava sendo passado para os anúncios publicitários da
época.
Júlio Cosi Jr. trabalhou ainda na Alcântara Machado
Publicidade, em 1972 fundou a Cosi, Jarbas, Sergino
Publicidade, vendida a uma renomada agência internacional
seis anos depois, a Young & Rubicam.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 40: Alex PeriscinotoFonte:http://www.altamiravideo.com.br/Refer%C3%AAncias.php
Acesso em: 13/12/2011
Outro personagem fundamental que destacamos
para a revolução criativa que ocorreu no Brasil foi Alex
Periscinoto. ABREU e PAULA (2007:191) nos conta que,
Alex Periscinoto nasceu em Mococa em 1925. Trabalhou
nas indústrias Matarazzo na seção de desenhos de
estampa de tecidos até 1949 quando foi trabalhar na loja de
departamentos Sears como desenhista, onde se dedicou
ao desenho de publicidades, iniciando sua carreira como
publicitário. Chegou a gerente de publicidade e em 1958 foi
para a Standard, mas pouco tempo depois decidiu voltar a
trabalhar em lojas de departamentos, transferindo-se para
as lojas Mappin como diretor de publicidade.
Graças aos ótimos resultados apresentados, Alex
Periscinoto ganhou uma viagem aos Estados Unidos para
estudar varejo na loja de departamentos Ohrbach’s que
era atendida na época pela agência Doyle Dane Bernbach.
Ao terminar seu estágio Periscinoto retornou ao Brasil e
foi convidado a produzir como freelancer, anúncios para a
Volkswagen.
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Figura 41: primeiros anúncios para o Volkswagen Fusca no BrasilFonte: Fusca a História de um símbolo (1996:58)
Os primeiros anúncios produzidos para o Volkswagen
Fusca aqui no Brasil, não seguiam o layout e a estrutura criada
pela DDB, porém a criatividade das peças se destacava pelas
criações feitas por Alex Persicinoto. A grande criatividade do
publicitário levou-o a um convite da agência Alcântara Machado:
caso o publicitário vencesse a concorrência em que a agência
entraria pela conta da empresa alemã Volkswagen, o criativo
receberia 15% de participação do capital da empresa. Em 1960
após vencer a concorrência tornou-se sócio da agência e tornou-
se diretor de Criação. Nesta época a agência Alcântara Machado
passou a se chamar ALMAP, Alcântara, Machado e Periscinoto
Publicidade.
Como diretor de criação da ALMAP, Periscinoto foi o
responsável por implantar na agência o modelo norte-americano
de duplas de criação, onde redator e diretor de arte criam juntos
na mesma sala. Esta ação era uma novidade para as agências
de publicidades brasileiras da época e contribuiu para que
fossem produzidos anúncios memoráveis para o Volkswagen
no Brasil, como exemplo da página 83, onde temos o desenho
de um Fusca feito em um ovo. Este layout foi desenvolvido para
exaltar a forma única do veículo produzido pela empresa alemã e
comercializado aqui no Brasil.
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Figura 42: anúncio criado pela DDB e adaptado pela ALMAPFonte: Fusca a História de um símbolo (1996:64)
Algumas peças produzidas pela DDB nos Estados
Unidos foram veiculadas no Brasil pela ALMAP, como é o
caso da peça ao lado onde o título do anúncio diz: “O
Volkswagen só precisa de água para lavar”, fazendo uma
alusão ao fato do veículo não possuir radiador e
consequentemente não precisar de água. Este era um grande
diferencial que o Fusca possuía em relação aos concorrentes,
porque na época vários automóveis tinham problema de
aquecer demais e ferver. Mas também houve situações
contrárias, onde o anúncio foi criado aqui no Brasil e publicado
pela DDB nos Estados Unidos, como é o caso da peça com
o título “Quando uma ideia é boa, ela é definitiva. Fusca. Bom
hoje. Bom amanhã. Bom sempre.”, aplicado na página 82.
A temática das peças produzidas para o Fusca era
das mais variadas, mas torna-se claro ao observarmos os
anúncios da ALMAP ou da DDB, que o principal diferencial
das peças publicitárias é o fato do veículo não possuir
radiador. No anúncio da página 83, podemos perceber que
eram usados vários temas para anunciar o diferencial do
produto, como em um anúncio de oportunidade, onde temos
um Fusca com um radiador e o título “1° de Abril! 1° de Abril!”
que é conhecido no Brasil como o dia da mentira.
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Figura 43: anúncio criado pela ALMAP e utilizado pela DDB nos EUAFonte: Fusca a História de um símbolo (1996:92)
Ao compararmos as peças, podemos observar que
existe uma similaridade em relação à estrutura do layout, porém
a criação do anúncio “Quando uma idéia é boa, ela é definitiva.”
feita pela ALMAP, a agência trabalhou com o título em dois
tempos, ou seja, o título é apresentado em duas etapas. A
primeira parte do título aparece antes da imagem e a segunda
parte, complementando a ideia inicial abaixo da fotografia.
Outro diferencial da peça da agência brasileira é que
acompanhando o título da peça, são apresentados objetos que
simplificaram a vida das pessoas, como é o caso do zíper de
calça, tornando o ato de fechá-las mais simples e rápido.
O estilo de publicidade usada para o Fusca foi inspirador
e durante anos, suas peças se estenderam para outros veículos
da marca Volkswagen, como exemplo a Kombi e a Variant. Além
disso, outras linhas de produtos de outras empresas também
aderiram ao estilo que a DDB desenvolveu para o pequeno carro
alemão vendido nos Estado Unidos, as lojas de departamento
Ohrbach’s, os pães de centeio Levy’s Bakery e outros clientes que
foram atendidos pela DDB, criaram um marco para a publicidade
mundial, de forma inovadora e simples de mostrar seu produto
para os consumidores inspiraram décadas de criação de
anúncios publicitários, incentivando jovens a seguir a carreira de
designers e diretores de arte pelo mundo afora.
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Figura 44: anúncio criado pela ALMAPFonte: Fusca a História de um símbolo (1996:79)
Figura 45: anúncio criado pela ALMAPFonte: Fusca a História de um símbolo (1996:76)
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Figura 46: Anúncio da General Motors nos anos 20Fonte: GRACIOSO (2009:34)
Ao compararmos o anúncio do Volkswagen criado pela
DDB nos anos 1960, com o anúncio da General Motors da
década de 1920 podemos perceber que existe toda uma cena
preparada para exibir o produto da General Motors, cabe a
observação que o veículo está posicionado de uma maneira
secundária na peça, uma vez que na arte desenvolvida há uma
mulher em primeiro plano que observa o veículo passando pela
rua. Na arte temos também um prédio ao fundo que é coberto
por uma caixa de texto com o título da peça: “Admirado por
todos”, o que explica a posição em que a mulher se encontra.
Com isso, o carro se torna secundário na peça, uma vez que
o título já nos leva a observar, mesmo que indiretamente, a
mulher com chapéu vermelho posicionada à frente do carro,
porque cabe ao leitor observar quem é este “todos” a que
o anúncio se refere. No momento em que o leitor analisa a
peça percebe a existência desta personagem observando a
passagem do veículo.
Segundo PADILHA (2001:114) durante a década de
1920, havia uma grande preocupação dos anunciantes de
automóveis em incorporar o uso do carro no cotidiano das
pessoas, porque o carro havia sido criado a pouco tempo e
muitos consideravam o automóvel uma engenhoca supérflua
e luxuosa.
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Figura 47: Detalhe da mulher observando o veículo da General Motors Fonte: GRACIOSO (2009:34)
No nosso ponto de vista, este anúncio da General
Motors, busca vencer esta barreira e por isso trabalha com
o título “Admirado por todos!”, procurando inserir no dia
a dia da população da época o uso do automóvel em seu
cotidiano.
O veículo, que é o objeto de desejo do anúncio,
encontra-se em um cruzamento de ruas, isto se torna evidente
pela existência de um semáforo e um guarda procurando
organizar a passagem do veículo enquanto outro carro está
parado aguardando a passagem.
Outro fator que chama nossa atenção na peça é o estilo
de arte utilizada, uma vez que ao observarmos a imagem do
anúncio, a pintura nos remete à Europa, que na época era
a referência de elegância e estilo de vida para a elite das
grandes cidades brasileiras. Com o advento da segunda
guerra mundial e o posicionamento do Brasil ao lado dos
aliados, este padrão deixa de ser Europeu e passa a ser norte
americano, o que é explorado ao máximo com o estilo de
vida norte americano, que visava produção e consumo em
massa dos produtos fabricados, estimulando a ampliação
das indústrias deste país.
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Figura 48: anúncio da Ford na década de 50Fonte: GRACIOSO (2009:96)
Em outro anúncio produzido na década de 1950,
há novamente o uso de ilustração para a criação da peça.
Ao fundo temos uma alusão ao uso de outdoor3 , com os
dizeres: “Não se satisfaça com menos... aguarde o seu Ford”.
A peça, já apresenta uma evolução em direção à proposta de
Bill Bernbach, porque não há um cenário para posicionar o
veículo, apenas a ilustração do carro passando à sua frente,
com três mulheres no interior do veículo.
Em comparação ao anúncio anterior, não percebemos o
exagero dos elementos ao utilizar um cenário na peça publicitária,
com o intuito de direcionar atenção do leitor para todos os demais
elementos presentes na peça, conforme expôs Bill Bernbach
em entrevista à revista Ad Age, apresentado anteriormente. Na
peça há exagero em relação à proporção utilizada no carro, pois
ocupa praticamente toda faixa central do anúncio. Percebemos
que a quantidade de adjetivos presente na peça publicitária
para apresentar aos consumidores as características do produto
também é usada de forma exagerada, conforme condenava Bill
Bernbach.
3 Segundo SIMÕES (2009:92) nesta época o uso de outdoor já havia sido regulamentado pelo governo do estado de São Paulo. O uso de outdoors foi autorizado no ano de 1926, permitindo a exploração de anúncios em estradas de rodagem estaduais. A primeira empresa a anunciar no veículo foi a fabricante de pneus Dunlop no mesmo ano.
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4 - O DESiGN GRÁfiCO APLiCADO NOS ANÚNCiOS DE
AutOMóvEiS DA REviStA O CRuzEiRO
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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4 - O Design Gráfico aplicado nos anúncios de automóveis da Revista O Cruzeiro
Existem várias maneiras de analisar o design gráfico
de uma peça publicitária. Segundo o livro Gestalt do Objeto,
de João Gomes Filho é possível que esta análise seja feita
através de uma leitura visual de formas, fundamentada
através de estudos realizada pela escola Gestalt. Porém, para
esta pesquisa a análise gráfica dos anúncios publicitários
selecionados foi baseada no artigo do professor Robert
Willian Ott, intitulado “Ensinando Crítica nos Museus”.
O processo sistematizado por OTT denomina-se
“Image Watching” e propõem nova forma de realizar a leitura
de obras de arte em museus para alunos que não possuem
qualquer experiência em análises desta natureza. Segundo
OTT, devemos seguir cinco etapas até chegar a uma análise
crítica da tela que são: descrever, analisar, interpretar,
fundamentar e revelar, que estão descritas abaixo:
Descrever: a primeira etapa da proposta de análise
do Image Watching propõe que devemos observar a peça
estudada, antes de se envolver com outras formas adicionais
de observação, com isso segundo OTT (1997:128) apud
BARBOSA (1997), é possível que a arte fale primeiro para seu
observador. Tal análise, segundo o autor, deve ser feita de
maneira detalhada, sendo necessário produzir um inventário
ou lista de tudo o que é perceptível na obra de arte. Esta
primeira etapa do Image Watching é considerado um ponto
de partida para os a análise da obra de arte.
Para a análise desta primeira etapa de nossa pesquisa
será observado nos anúncios publicitários os seguintes
critérios: sentido de leitura do anúncio, alinhamento do título,
áreas de respiro, colunas de textos, posição da assinatura da
peça, retângulos para destacar os elementos principais e a
análise da(s) fotografia(s).
Analisar: a segunda etapa do Image Watching propõe
que devemos coletar dados e investigar intrinsecamente
a peça, visando perceber o que foi executado e o que foi
percebido com a análise. Segundo OTT (1997:129) apud
BARBOSA (1997) os elementos do design muitas vezes
dão o ponto de partida de onde evolui uma compreensão e
composição da forma e da obra de arte.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Para realizarmos esta segunda etapa da técnica do
processo do Image Watching analisaremos as fotografias
utilizadas nos anúncios associadas aos respectivos títulos
das peças.
Apesar desta pesquisa não abranger a análise da
linguagem verbal dos anúncios publicitários acreditamos
que a associação de título e imagem se faz necessária para
um melhor entendimento desta etapa da análise, uma vez
que como dissemos no capítulo anterior, com a revolução
criativa proposta por Bill Bernbach, a criação dos anúncios
publicitários tornou-se mais homogênea com a realização da
criação feita pelas duplas de criação formadas por redator e
diretor de arte. Desta forma, não entraremos nas análises de
texto que serão estudas em uma próxima pesquisa, mas faz-
se necessário uma breve associação entre título e imagem.
Interpretar: a terceira etapa do Image Watching leva a
interpretar as imagens observadas, esta etapa do processo
é considerada uma das mais criativas no método, porque
possibilita desenvolver ou atribuir significados acerca do
objeto e/ou discurso tendo em vista a forma, o contexto e a
função.
Ao longo das análises realizadas neste capítulo, será
possível observar que tal critério não se aplica em todos os
anúncios analisados, pois em algumas peças a objetividade
colocada na criação não permite que se tenha uma leitura mais
aprofundada da publicidade.
Fundamentar: a quarta etapa coloca que devemos
fundamentar teoricamente, a partir das interpretações obtidas,
onde devemos basear a interpretação em conhecimentos
adicionais disponíveis.
Para fundamentar nossa pesquisa serão usados alguns
conceitos trabalhados no design gráfico, através de autores
que estudam a diagramação e história do design como Rafael
Cardoso e Chico Homem de Melo. Nosso objetivo é embasar
teoricamente as análises, mas principalmente serão usados
métodos próprios de análise com o objetivo de tornar mais claro
aos leitores os objetivos deste trabalho.
Revelar: finalmente esta é a última etapa do processo
de análise do Image Watching em que as categorias anteriores
resultam neste item, revelando conhecimentos de forma situada,
de expressão, de adequação ao tempo, ao lugar, obediência ou
questionamento dos sistemas reguladores sociais e não um
julgamento.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Cabe a observação que para a análise das peças
publicitárias desta pesquisa, trabalharemos as etapas do
Image Watching de forma conjunta, uma vez que ao longo
deste projeto várias destas etapas já foram inicialmente
analisadas em capítulos anteriores, com o intuito de embasar
o leitor dentro do contexto histórico que abrange esta
pesquisa como, por exemplo, o período da revolução criativa
e a história das montadoras de automóveis no Brasil tratadas
nos capítulos anteriores.
4.1 – O Design Gráfico do anúncio do Ford Gálaxie
Segundo nosso levantamento, a agência J.W.
Thompson era a responsável por atender a conta do Ford
Galaxie, uma vez que o modelo Itamaraty fabricado pela
Willys, que também pertencia à Ford, era atendido pela
agência Salles como veremos mais a frente.
O luxo e conforto era um dos principais diferenciais
oferecidos pelo modelo e buscava atender às classes sociais
mais elevadas da nossa população.
Figura 49: anúncio Ford Galaxie Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°34, agosto de 1968.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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O anúncio do Ford Gálaxie leva a uma leitura diagonal
do anúncio, ou seja, o leitor inicia a observação pela parte
superior esquerdo e termina no canto inferior direito.
Figura 50: sentido de Leitura do anúncio Ford Galaxie
Assim podemos dizer que o leitor inicia a leitura do
anúncio pelo título, em seguida observa a imagem, onde pode
analisar alguns detalhes que o Ford Galaxie possui e segue em
direção à assinatura da peça publicitária.
Na visão de WHITE (1996:6) os leitores de revistas
concentram mais sua atenção nas áreas superiores da página,
o que no caso do anúncio do Ford Galaxie favorece a leitura do
título do anúncio, além disso, segundo o autor o observador
segue a página em sentido diagonal, do canto superior esquerdo
e segue no sentido do canto inferior direito, onde o designer
deve aproveitar para organizar os elementos de maneira que
guie o olhar do leitor.
O título do anúncio possui alinhamento centralizado, o
que para nós está associado ao fato do equilíbrio existente na
construção do veículo. A área de respiro da peça encontra-se à
direita do título, uma vez que após a afirmação existente na frase,
podemos considerar que o consumidor precisa de um período
para assimilar a informação que o título do anúncio oferece.
Segundo WHITE (2006:28) os espaços em branco deixados em
uma página servem como um momento de quietude, na qual o
leitor absorve a informação transmitida na página.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 51: alinhamento do título do anúncio Ford Galaxie
Figura 52: área de respiro do anúncio Ford Galaxie
Após observar os detalhes presentes na imagem, o leitor
percorre as colunas de texto e termina a visualização na assinatura
da peça, posicionada no canto inferior direito do anúncio.
Ao traçarmos as caixas de elementos sobre o anúncio,
podemos confirmar o sentido de leitura existente na peça,
porque o título é o único elemento que está posicionado do
lado esquerdo superior, sem que nenhum outro elemento
esteja posicionado do lado direito superior, desta forma
o peso do anúncio fica para o lado esquerdo da página.
Os demais elementos que estão abaixo estão distribuídos
igualmente no layout, levando o consumidor para a parte
inferior direita do anúncio.
Figura 53: caixas de elementos do anúncio Ford Galaxie
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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O texto explicativo da peça é formado por três colunas.
Pudemos perceber que houve a preocupação em alinhar a
imagem da lateral do Gálaxie no centro da página, junto à
coluna central do texto, conforme imagem abaixo.
Figura 54: box de texto do anúncio Ford Galaxie
Neste anúncio a imagem principal não é uma foto
externa do veículo, porque havia a preocupação em
demonstrar o conforto que o Ford Galaxie oferece aos seus
usuários, assim optaram por colocar uma imagem do carro na
parte inferior central do anúncio.
A associação entre título e imagem mostra ao leitor
que o Ford Galaxie é um carro confortável e silencioso. A
criança está dormindo encostada à mãe que dirige o carro
tranquilamente em um dia de sol, além disso, a criança está
abraçada a um ursinho de pelúcia, fazendo uma referência
à questão de ser mais confortável e silencioso do que os
demais modelos existentes na época. Pela expressão facial
da mãe, podemos perceber que ela está tranquila enquanto
dirige o que nos remete à confiabilidade do veículo. Por ser
um carro de banco inteiriço e a criança posicionada junto
à mãe é possível perceber o espaço livre que ainda há no
banco dianteiro. Através da imagem observamos os detalhes
de acabamento do automóvel. A cor vermelha presente no
banco, na lateral e em alguns detalhes do painel e coluna
de direção ajuda a atrair a atenção do leitor, o painel do
ar-condicionado também aparece em destaque na foto, o
acessório fica evidente devido à posição em que a fotografia
foi produzida.
Ao dividirmos esta imagem em quatro partes, podemos
observar que os quadros um e três mostram a mãe e a criança
sentadas no carro, enquanto no quadro quatro temos o painel
do carro mostrando o ar condicionado do veículo. Os quadros
três e quatro mostram o conforto e espaço do carro ao exibir
o assento dianteiro do veículo. Com isso forma-se uma leitura
diagonal da fotografia, conforme demonstra a figura abaixo:
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Em relação à pequena imagem que aparece no final do
anúncio, temos a fotografia da lateral do carro que está em
movimento, onde podemos associar esta imagem à fotografia
principal, ou seja, na primeira imagem temos a apresentação
interna do veículo, enquanto a segunda representa o carro
em movimento com a mãe e a criança em seu interior.
Figura 57: detalhe ampliado da imagem Ford Galaxie
O anúncio do Ford Galaxie busca mostrar aos
consumidores que é um veículo espaçoso e silencioso, feito
para pessoas que buscam conforto para si mesmas e para
seus familiares quando estão no automóvel.
Figura 55: divisão em quadros da imagem anúncio Ford Galaxie
Figura 56: sentido de leitura da imagem principal
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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O fato de a criança dormir encostada à mãe no banco do
carro mostra o carinho que ela oferece ao filho quando procura
seu colo para ter conforto, criando assim uma associação
entre a mãe e o banco do carro, como se estivessem sentados
em um confortável sofá na sala de estar da família. Além disso,
a criança abraçando o ursinho de pelúcia cria um ambiente
harmonioso e aconchegante no interior do Galaxie.
Concluímos que a intenção do anúncio do Ford Galaxie
é mostrar aos leitores um carro silencioso e reconfortante onde
é possível que uma criança descanse enquanto o veículo está
em movimento. Outro fator que para nós é importante ressaltar
é que a personagem principal do anúncio não é a mãe que
dirige o carro, mas a criança; o que nos leva a concluir que o
carro é oferecido a quem se preocupa com o conforto para
toda a família e por isso escolhe o Ford Galaxie.
Cabe a observação que na época as leis de trânsito
vigente não obrigavam o transporte de crianças menores de
dez anos no banco traseiro, desta forma, nos dias atuais este
anúncio não seria possível ser veiculado, uma vez que infringe
a lei de transito número 9503 instituída em maio de 2008.
4.2. – O Design Gráfico do Willys Itamaraty
Figura 58: anúncio Willys Itamaraty Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°34, agosto de 1968.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Segundo o site Portal São Francisco, o publicitário
Mauro Salles foi um entusiasta de automóveis, e teria sido
ele o responsável pela criação do nome do modelo Itamaraty.
Na época Mauro Salles havia deixado o jornalismo para abrir
sua agência de publicidade, o que lhe rendeu uma parceria
com a Willys e posteriormente com a Ford, estendendo-se
até a época da Autolatina4 .
Na publicidade do Willys Itamaraty, podemos perceber
que o sentido de leitura composto para anúncio é vertical, a
visão do leitor parte do carro no alto da página e segue em
direção a uma segunda imagem onde há o título e o restante
do texto do anúncio, conforme é representado na figura ao
lado:
Figura 59: sentido de leitura do anúncio Willys Itamaraty
4A Autolatina foi uma joint venture formada entre a Ford e a Volkswagen em 1987, o objetivo era formar uma empresa de porte ainda maior para combater o crescimento da General Motors no mercado brasileiro e argentino, a parceria entre as empresas se manteve até 1996, quando a parceria se desfez de forma amigável.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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O anuncio do Willys Itamaraty trabalha com a imagem
ocupando toda a área da página. Como já dissemos, o
veículo está posicionado no topo, praticamente no limite da
área de impressão, o que segundo WHITE (2006:56) serve
apenas para garantir que nada de importante seja cortado
quando a publicação for encadernada, todo o restante da
área do anúncio é usado para mostrar a vegetação que o
veículo está enfrentando.
Devido ao posicionamento dos elementos na página,
o anúncio transfere ao leitor uma sensação de segurança e
robustez, podemos perceber uma leve inclinação indicando
uma subida em um terreno irregular, sem asfalto ou qualquer
outro tipo de pavimentação que dê maior estabilidade ao carro
sobre o terreno, fazendo com que o leitor seja convencido da
qualidade oferecida no anúncio.
O casal dirige-se para um lugar alto. Em nosso ponto
de vista sobem uma montanha, o que para nós se torna claro
pela inclinação do carro no anúncio e a vegetação que o
Willys Itamaraty está enfrentando, visando persuadir o leitor
sobre a qualidade referida na peça.Figura 60: representação da inclinação da
subida do anúncio Willys Itamaraty
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
100
Após observar a lateral do veículo, o olhar do leitor
segue para o segundo momento do anúncio, onde agora
temos o casal conversando tranquilamente, apoiados no
carro estacionado. Nesta segunda imagem é possível o leitor
observar a parte frontal do automóvel, seus faróis e a grade
do Willys Itamaraty.
Dividindo a página em quadros fica clara a intenção
de apresentar o anúncio ao leitor em duas etapas: a subida
da montanha no primeiro momento e a chegada ao topo no
segundo. A parte principal da fotografia está dividida entre
os quadros um e dois, enquanto os quadros três e quatro
são usados para demonstrar que o objetivo do passeio foi
alcançado com o Willys Itamaraty.
Figura 61: detalhe da segunda imagemapresentado no anúncio Willys Itamaraty
Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°34, agosto de 1968.Figura 62: divisão em quadros do anúncio Willys Itamaraty
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Ao observarmos a segunda etapa do anúncio, onde o
casal está conversando fora do carro, percebemos que esta
área foi utilizada para concentrar os textos do anúncio onde
ainda podemos dividir em três partes: o título ocupando a
parte superior, além de duas colunas de texto, conforme
representa a figura abaixo:
Figura 63: divisão em quadros da segundaimagem do anúncio Willys Itamaraty
O título e a caixa de texto possuem alinhamento à
esquerda, porém diferenciam-se em relação à altura das
caixas, uma vez que o primeiro bloco de texto tem maior
cumprimento para poder aproveitar mais o espaço para
fornecer informações sobre o automóvel aos leitores.
Figura 64: alinhamento do título e texto do anúncio Willys Itamaraty
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Nesta imagem aparece apenas o casal e o carro em
um fundo azul, subentendendo que eles chegaram ao ponto
mais alto da montanha e que segundo o título do anúncio é
óbvio que só conseguiram chegar ao destino por causa da
qualidade oferecida pelo Willys Itamaraty.
Percebemos que todo o texto do anúncio encontra-
se dentro da área da segunda imagem, que no nosso ponto
de vista é uma diagramação utilizada para representar a
qualidade referida no título da peça, uma vez que só podemos
citar a qualidade do veículo quando este chegou ao lugar
desejado, no caso o topo da montanha.
A assinatura da peça também ficou dentro da área
da segunda imagem, reforçando o argumento da qualidade
utilizado no anúncio.
Na peça não consideramos haver área de respiro,
uma vez que toda a extensão do anúncio é usada para
representar a dificuldade que o veículo enfrenta para chegar
a seu objetivo. Além disso, na segunda imagem a área que
poderia ser usada para o respiro está ocupada pelo texto do
anúncio e o casal conversando encostados no carro.
As caixas de elementos reforçam o sentido de leitura
da peça, uma vez que sua disposição está centralizada, sem
que elas se sobreponham ou pendam para qualquer um dos
lados da página.
Figura 65: caixa de elementos do anúncio Willys Itamaraty
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
103
O contraste entre as cores do anúncio também revela
esta simbologia empregada na peça, uma vez que na primeira
imagem do anúncio o uso de cores quentes na vegetação
reforça a dificuldade que o Willys Itamaraty é capaz de
superar para atingir seu objetivo, enquanto na segunda
imagem o azul representa ter alcançado o destino desejado
sem que o proprietário do veículo se preocupe com a volta.
Conforme colocamos no capítulo 2, o Willys Itamaraty
foi lançado com um motor que possuía qualidade inferior em
relação aos concorrentes da época, o que obrigou a empresa
a substituir o motor do automóvel por um de maior potência.
Este anúncio foi criado para dizer ao consumidor que este
motor já era mais forte, por isso procuram utilizar um ambiente
de difícil acesso para a produção da publicidade, uma vez
que não há asfalto ou qualquer outro tipo de pavimento que
auxilie o Willys Itamaraty a sobrepor os obstáculos existentes.
4.3 – O design gráfico do anúncio do Ford Corcel
Figura 66: anúncio Ford Corcel Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°37, agosto de 1970.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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O anúncio do Ford Corcel apresenta leitura diagonal.
Devido à disposição dos elementos, podemos observar que o
leitor começa a leitura da peça na parte superior esquerda do
layout onde está aplicada a imagem do veículo que segue o
mesmo sentido de leitura que o restante da página, passando
pelo título, texto e segue em direção à assinatura da marca Ford.
Figura 67: sentido de leitura do anúncio Ford Corcel
Na parte inferior do anúncio estão aplicados o título e
os textos explicativos da peça. Esta área divide-se em três
partes, o título está alinhado a esquerda e é dividido em duas
linhas onde na primeira temos apenas a palavra “Por que” e na
segunda o complemento da pergunta com os dizeres “tração
dianteira?”. Segundo WHITE (2006:110) quando o título é
disposto em escada há um estímulo ao fluxo do olhar do leitor,
o que no caso do anúncio do Ford Corcel ajuda a direcionar a
visão ao final da página, em direção ao logotipo Ford.
Figura 68: alinhamento dos textos do anúncio Ford Corcel
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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As outras duas áreas que analisamos nesta peça, são
formadas pelas duas colunas que formatam o texto explicativo
do anúncio, o alinhamento dos parágrafos produzidos para
o anúncio é justificado deixando a parte inferior do anúncio
equilibrada, o que reforça o sentido de leitura desenvolvido
na peça, uma vez que na coluna posicionada à direta da
página temos a assinatura da marca Corcel e o logotipo da
montadora Ford.
Figura 69: alinhamento do título do anúncio Ford Corcel
A área de respiro da peça encontra-se ao lado do título,
levando o consumidor a uma breve reflexão entre a pergunta
feita e a resposta apresentada na criação publicitária.
Figura 70: área de respiro do anúncio Ford Corcel
O logotipo da montadora Ford encontra-se alinhado à
esquerda da segunda coluna de texto e a base da marca está
alinhada à primeira coluna de texto, conforme demonstra a
imagem abaixo:
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 71: alinhamento da assinatura do anúncio Ford Corcel
Ao analisarmos as caixas de elementos reforça-se o
sentido de leitura utilizado na peça, porque a maioria dos
elementos ficam posicionados do lado esquerdo do layout,
direcionando o leitor para o final da página do lado direito
inferior. Outro fator que interfere no sentido de leitura do
anúncio é o título que está alinhado à esquerda formando ao
lado direito do título a área de respiro.
Figura 72: caixas de elementos do anúncio Ford Corcel
Na fotografia, temos o Corcel em alta velocidade
em uma estrada de terra demonstrando a estabilidade que
o carro oferece. A alta velocidade a que nos referimos, é
representada pela poeira que levanta com a passagem do
carro pela estrada.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Ao observarmos a imagem em quadros, podemos
perceber que o carro encontra-se posicionado entre os
quadros um e dois, enquanto os quadros três e quatro
possuem apenas a estrada de terra aonde o carro ainda
irá passar, ou seja, novamente temos a sensação do
movimento levando o imaginário do consumidor para um
lugar que não aparece na fotografia.
Figura 73: divisão em quadros da imagem do anúncio Ford Corcel
O primeiro ponto de observação da imagem é a
traseira do carro e a poeira gerada pelo seu movimento.
O segundo ponto que o leitor pode observar ao analisar
a imagem é a lateral do automóvel, seguindo em direção
à frente do Corcel, onde o leitor pode observar a grade
dianteira e a placa com o logotipo Ford, seguindo em
direção ao quadro quatro da fotografia. O movimento
da imagem segue da parte superior esquerda e vai
em direção a parte inferior direita deixando mais
acentuado a sensação de movimento existente na
fotografia. Observamos também que a posição em
que a fotografia foi produzida favorece o sentido de
leitura da peça, porque a sombra produzida na frente
do veículo conduz o olhar do leitor no mesmo sentido
em que o anúncio foi criado.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Figura 74: sentido de leitura da imagem do anúncio Ford Corcel
Nesta peça a disposição dos elementos leva o
leitor a imaginar como a tração dianteira pode favorecer
os proprietários de automóveis, a disposição que foi
atribuída à peça conduz o observador a este imaginário
tendo vista que a Ford procurava mostrar as vantagens
oferecidas com a tração do carro nas rodas dianteiras.
Apesar da imagem não deixar claro ao leitor quem
conduz o veículo, podemos perceber que é um homem
quem dirige o Ford Corcel. Associando o título à imagem,
concluímos que fatores como estabilidade e segurança eram
direcionados aos homens, enquanto os anúncios produzidos
para o público-alvo feminino possuía como tema questões
relacionadas ao conforto e silêncio. Segundo BERGSTRÖM
(2009:49) o público-alvo de uma empresa é formado por um
determinado grupo de pessoas que a publicidade queira
atingir inicialmente com o seu produto, assim no anúncio
do Ford Corcel, confirmamos este posicionamento existente
na criação, que foi produzido conforme descrevemos neste
parágrafo.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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4.4 – O design Gráfico do Volkswagen Fusca
Figura 75: anúncio Volkswagen Fusca Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°26, agosto de 1969.
O Anúncio do Volkswagen Fusca foi produzido dentro
dos padrões de criação desenvolvidos pela DDB, difere
o fato de que nos anúncios de Bill Bernbach o criativo
preferiu trabalhar com a imagem do carro sem complemento
na fotografia, ou seja, usou o recurso de fundo infinito ou
imagens recortadas. No anúncio criado pela ALMAP houve o
complemento da estrada e da vegetação na figura.
Ao observarmos os blocos de texto do anúncio
percebemos que entre o título e o texto explicativo há uma
pequena área de respiro, que leva o consumidor a pensar se
realmente o Fusca nunca está sozinho.
Figura 76: área de respiro do anúncio Volkswagen Fusca
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
110
O título da peça está posicionado ao centro da página, que por sua vez encontra-se alinhado a imagem onde temos o pequeno Fusca se distanciando, o que reforça a composição centralizada do layout, conforme podemos observar pela imagem da caixa de elementos. Segundo WHITE (2006:8) quando o título está colocado ao centro da página há um equilíbrio na arte, fazendo com que as palavras fiquem imóveis, padronizadas e estáticas, o que para nós neste caso do anúncio do Volkswagen Fusca transfere todo o movimento da página para a fotografia,
levando o consumidor a ação do carro ao longe na estrada.
Figura 77: caixa de elementos do anúncio Volkswagen Fusca
Depois da área de respiro temos três colunas de texto onde ocorre a explicação do porquê que o Fusca nunca está sozinho. Os textos explicativos foram alinhados à esquerda e percebemos também que o texto é menor em relação a outros anúncios analisados neste trabalho.
O anúncio possui sentido de leitura vertical, os olhos do leitor procuram em primeiro lugar a pequena imagem do Fusca posicionado no centro da fotografia, passando por uma grande área da estrada e da mata que a cerca até chegar ao título e ao texto explicativo do anúncio.
Figura 78: sentido de leitura do anúncio Volkswagen Fusca
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
111
A representação gráfica da fotografia trás todo o conceito
envolvido no título da peça ao mostrar o pequeno carro em
meio a uma estrada deserta, onde podemos identificar o Fusca
passando e induzindo o leitor a pensar se o Volkswagen Fusca
realmente nunca está sozinho, uma vez que na fotografia o
veículo percorre uma estrada deserta.
Figura 79: posição do Volkswagen Fusca na imagem principal
No anúncio o Fusca está se distanciando e apesar de ser o objeto da publicidade, sua imagem não aparece grande no enquadramento proposto, mas é usado como um pequeno detalhe da peça dando maior sincronia entre a imagem e o título.
Ao dividirmos a imagem em quadros, podemos perceber que o automóvel está posicionado no centro da figura, o que facilita a localização do veículo pelo leitor e aumenta a sensação de ser um lugar isolado sem que haja nada por perto.
Figura 80: divisão em quadros da imagem do anúncio Volkswagen Fusca
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
112
Além disso, pela imagem abaixo, podemos perceber que o carro está totalmente isolado na fotografia, remetendo ao fato de ser um lugar longínquo de nosso país.
O anúncio do Volkswagen Fusca apresenta uma ambiguidade ao leitor, o que para nós aguça a curiosidade em saber o que o texto do anúncio apresenta, uma vez que a fotografia da peça mostra o Volkswagen Fusca sozinho na estrada, enquanto o título diz o contrário. Podemos analisar esta relação entre texto e imagem como o estar sozinho na condição de ser o melhor carro, ou o mais barato, o mais querido, o mais confiável do Brasil. Enquanto a relação com o texto afirma que ele nunca está sozinho quando é visto questões como suporte técnico, atenção e ajuda quando necessário.
Outro ponto que podemos ressaltar no anúncio do Volkswagen Fusca é o fato do carro estar se distanciando. A fotografia foi produzida retratando a parte traseira do veículo, levando o consumidor a subentender que o Fusca seguirá seu destino indo cada vez mais longe e com a tranquilidade de saber que em qualquer cidade do Brasil encontrará uma revendedora para manutenção.
Podemos perceber a fotografia como sendo a visão dos concorrentes assistindo o Volkswagen Fusca se distanciando e ganhando mercado, enquanto eles assistem ao longe.
4.5 – O design Gráfico do Volkswagen Fusca
Figura 81: anúncio Volkswagen Fusca Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°29, agosto de 1969.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
113
Assim como no anúncio anterior do Volkswagen Fusca,
intitulado “Ele nunca está sozinho”, a base deste layout mantém
a mesma disposição gráfica em relação aos elementos e sentido
de leitura. Esta peça, que tem o título “Ele aguenta os mais
duros carinhos”, possui sentido de leitura vertical e o título
também está alinhado ao centro da página com a estrutura do
texto explicativo também dividido em três colunas.
Figura 82: sentido de leitura do anúncio Volkswagen Fusca
A disposição das caixas de elementos dão harmonia
e equilíbrio na peça tornando simétrico ambos os lados do
anúncio.
Figura 83: caixa de elementos do anúncio Volkswagen Fusca
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
114
Verificamos que foi seguido o padrão de criação para
os anúncios da montadora Volkswagen. Ao compararmos
a estrutura dos dois anúncios do Fusca analisados nesta
pesquisa, podemos perceber que a peça anterior teve o logotipo
da montadora posicionado à esquerda da terceira coluna de
texto e neste anúncio, nesta mesma posição há uma pequena
imagem do veículo. Acreditamos que como nesta publicidade
não foi apresentado ao leitor a imagem do automóvel, houve
a opção por posicionar esta pequena imagem no lugar do
logotipo da empresa. Também podemos associar o nome do
produto Fusca, comercializado pela montadora Volkswagen
como um sinônimo da marca, como é comum acontecer em
alguns produtos existes no mercado, como palhas de aço que
são chamadas incondicionalmente de Bombril, mesmo que a
preferência de compra seja de outro fabricante.
Figura 84: detalhe do rodapé da páginado anúncio Volkswagen Fusca
A imagem principal utilizada nesta criação apresenta
apenas parte do câmbio do veículo, subentendendo-se que
este pequeno item do carro foi usado para representar todo
o automóvel. Esta representação da imagem trata-se de uma
metonímia que é uma figura de linguagem onde uma parte do
objeto é utilizada para significar o todo.
Figura 85: imagem principal do anúncio Volkswagen Fusca
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
115
Neste anúncio há novamente o uso de
ambiguidade na relação texto e imagem, porque
para dizer que o câmbio aguenta todo tipo de
situação colocaram uma delicada mão feminina
enluvada, gerando curiosidade dos leitores que
observam o anúncio. Podemos fazer uma relação
com a parte do texto que se refere à senhora que
trata seu carro com delicadeza excessiva, por isso o
uso das luvas ao dirigir para não estragar o volante
ou o câmbio do automóvel. Cabe ressaltar que
nesta época havia muito preconceito em relação às
mulheres que dirigiam e o uso de uma mulher para
a criação e produção do anúncio, traduz todo o
preconceito existente na sociedade na época, já que
as mulheres eram consideradas péssimas motoristas
arranhando a marcha toda vez que fosse necessário
sua utilização. A partir desta associação podemos
fazer a relação da ambiguidade explicada acima. A
ironia apresentada na peça, não seria bem visto pela
nossa sociedade nos dias atuais, caso fosse usado
um mesmo tema em uma criação publicitária, esta
peça seria mal vista por vários órgãos da sociedade e
caberia uma ação do CONAR5 , solicitando a retirada
da peça.
5 O CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) é uma instituição que fiscaliza a ética da publicidade comercial veiculada no Brasil, norteando-se pelas disposições contidas no Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. O órgão foi criado no final dos anos 1970 com o intuito de impedir que o governo federal sancionasse uma lei criando censura prévia à publicidade.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Ao dividirmos a imagem em quadros, podemos
perceber que existe uma área de respiro aplicada na figura.
Os quadros 1, 2 e 3 são usados para a representação gráfica,
enquanto o quadro quatro apresenta apenas o fundo usado
no estúdio fotográfico fazendo a função de área de respiro da
fotografia.
Figura 86: divisão em quadros do anúncio Volkswagen Fusca
O sentido de leitura da imagem também conduz o
olhar do leitor no mesmo sentido da composição da peça,
assim não temos conflito de direcionamento de leitura entre
a estrutura do anúncio e da figura utilizada na publicidade.
Figura 87: sentido de leitura da imagem do anúncio Volkswagen Fusca
Comparando as imagens principais utilizadas nos dois
anúncios do Volkswagen Fusca, podemos verificar que
enquanto no anúncio intitulado “Ele nunca está sozinho”
houve a opção em usar uma imagem em Grande Plano Geral,
no segundo anúncio intitulado “Ele aguenta os mais duros
carinhos” foi utilizado um plano contrário ao do anúncio
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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anterior, isto é um Close-up em que toda a atenção da
fotografia é voltada para o objeto fotografado, no caso a mão
e o câmbio do Volkswagen Fusca. Em contrapartida no
anúncio intitulado “Ele nunca está sozinho” segundo WATTS
(1990:158) é possível ter uma visão mais abrangente do
ambiente fotografado, e que faz com que o leitor procure o
objeto da imagem por toda a área.
Figura 88: comparação das imagens dos anúncios do Volkswagen Fusca
Notamos que a área de respiro do texto foi mantida
nos dois anúncios, porém a área utilizada para a imagem na
peça anterior é maior que a deste segundo anúncio analisado
nesta pesquisa.
Figura 89: comparação das áreas de respiro dos anúncios Volkswagen Fusca
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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4.6 – O design Gráfico do Volkswagen Variant Futuro
Figura 90: anúncio Volkswagen Variant Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°20, agosto de 1970.
O anúncio publicitário da Variant, assim como as demais
peças da Volkswagen, possui sentido de leitura vertical onde o
leitor inicia a observação pela imagem do carro, que foi posicionado
de forma que fique aparente a lateral do veículo. Após observar
automóvel, o consumidor é direcionado ao título e ao texto
explicativo, que estão posicionados, respectivamente, no centro e
no rodapé da página.
Figura 91: sentindo de leitura do anúncio Volkswagen Variant
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Em relação aos anúncios do Volkswagen Fusca há diferenças na estrutura do layout, a aplicação da imagem feita para a publicidade do Volkswagen Variant utiliza toda página para posicionar a imagem, enquanto nos anúncios do Volkswagen Fusca, apenas parte da página é utilizada para a aplicação da fotografia.
Outra diferença que há no anúncio do Volkswagen Variant em relação ao Volkswagen Fusca é que abaixo do carro temos o título do anúncio em letras grandes ocupando praticamente 1/3 da página. O título está alinhado à esquerda da página, porém com a mesma tipologia usada nos anúncios do Fusca.
Figura 92: alinhamento de título do anúncio Volkswagen Variant
Na parte inferior da peça foram aplicadas três colunas
para posicionar o texto explicativo, que consideramos padrão
para os anúncios da Volkswagen. O logotipo da montadora
está posicionado na parte inferior direita da área, do lado
oposto, no canto superior esquerdo da caixa de texto, há uma
pequena imagem de um Fusca aplicada, criando equilíbrio
no layout desenvolvido.
Figura 94: balanceamento das caixas de textodo anúncio Volkswagen Variant
Figura 93: caixas de texto do anúncio Volkswagen Variant
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Ao observarmos a imagem em quadros, podemos perceber
que a parte principal da fotografia está posicionada nos quadros
um e dois no alto da página, enquanto os quadros três e quatro
são utilizados para o complemento da imagem onde temos a
vegetação em que a Variant está estacionada e é sobreposto pelo
título e caixa de texto.
Figura 95: divisão em quadros do anúncio Volkswagen Variant
Percebemos uma leve semelhança em relação à
estrutura do layout dos anúncios do Fusca e da Variant, o
que para nós é relacionado a intenção da agência em fazer
uma associação entre os carros, que como já vimos no
segundo capítulo, eram fabricados pela mesma montadora,
a Volkswagen. Para nós esta semelhança serve para passar
maior credibilidade ao automóvel, já que o Fusca era
considerado um carro confiável pelo fato de possuir o motor
refrigerado a ar. Comprovamos este nosso ponto de vista
pelo fato do anúncio da Variant ter a imagem da traseira de
um Fusca posicionado ao lado superior esquerdo da caixa de
texto, conforme descrevemos acima. Esta pequena imagem
faz uma referência direta entre os motores dos dois carros
com o intuito de transmitir maior credibilidade aos leitores.
O logotipo Volkswagen aplicado na cor azul contrasta
com a fotografia, tornando sua visualização mais fácil por
parte do leitor, o que mais uma vez busca transmitir maior
credibilidade aos consumidores, desta vez associado à
marca do fabricante.
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A caixa de elementos comprova a semelhança entre
os anúncios do Fusca e da Variant, que dispõe os objetos de
forma parecida, com o intuito de fazer com que o leitor faça
uma relação entre o Volkswagen Fusca e a Variant conforme
imagem abaixo:
Figura 96: comparação das caixas de elementos dos anúncios Fusca e Variant
A imagem do veículo associada ao título do anúncio
nos remete a credibilidade, sugerida no texto, porque o futuro
citado no título leva-nos ao destino do passeio proposto na
imagem, um lugar onde há um lago em que o proprietário do
carro procura se refugiar dos problemas do dia a dia com sua
família.
O tom alaranjado da peça nos remete a um fim de tarde,
ou seja, ao final do passeio, em que as pessoas retornarão
em segurança sem qualquer problema ao conforto de seu lar,
graças ao seu Volkswagen.
Na imagem foi aplicado um efeito degradê que a
sobrepõe a fotografia até chegar a um tom próximo do preto,
o que para nós representa a continuidade do gramado no
final do anúncio, assim como o espaço sideral, que em sua
escuridão que não conhecemos o seu final.
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4.7 – O design Gráfico do Volkswagen Variant
Figura 97: anúncio Volkswagen Variant Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°37, agosto de 1970.
Neste segundo anúncio do Volkswagen Variant
intitulado “Exija porta-malas na frente, porta-malas atrás e
mecânica VW. Não aceite imitações”, constatamos que o
sentido de leitura do anúncio também é vertical. A fotografia
do carro está alinhada com o título ao centro da página, além
disso, temos as três colunas de texto que seguem as mesmas
características dos demais anúncios da Volkswagen.
Figura 98: sentido de leitura do anúncio Volkswagen Variant
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Ao compararmos as características entre esta
peça e os anúncios do Fusca, podemos perceber várias
semelhanças gráficas, como a tipologia usada e o tamanho
da fonte usada nos títulos das três peças. As caixas de texto
também possuem as mesmas características de tamanho,
alinhamento e assinatura da peça. Podemos associar estas
características à necessidade de transmitir aos leitores a
sensação de estar diante de um veículo com as mesmas
qualidades do Volkswagen Fusca, pois como foi colocada
no primeiro anúncio da Variant a intenção é transmitir maior
confiabilidade aos leitores.
Figura 99: comparação entre anúncios Volkswagen
A principal diferença entre os anúncios do Fusca e o
referido anúncio da Variant, é o fundo deste anúncio que foi
criado com a cor preta na parte inferior, nesta peça foi usada
uma inversão de cores, onde temos o fundo preto e os textos
brancos.
Há também uma pequena variação em relação aos
logotipos aplicados. No anúncio do Fusca intitulado “Ele
aguenta os mais duros carinhos” temos em uma das peças
uma pequena imagem do Fusca, e no segundo anúncio,
intitulado “Ele nunca está sozinho” é aplicada a marca da
montadora alemã. Nos anúncios da Variant, percebemos
que no primeiro anúncio intitulado “Para saber se seu carro
tem futuro, verifique o passado do motor dele.” foi usado o
logotipo da montadora, enquanto nesta publicidade foi usada
a marca da Variant, acompanhada de um pequeno ícone
na cor amarela, informando que foram vendidos um milhão
de Fuscas, o que nos remete ao fato de ainda procurarem
reforçar a associação entre o Fusca e a Variant, passando
maior credibilidade aos possíveis compradores do veículo e
procurando alavancar suas vendas.
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Ao compararmos as caixas de elementos torna-se
claro as semelhanças estruturais entre as peça criada para
a Variant e os anúncios do Fusca.
Figura 100: comparação de caixas de elementos dosanúncios Volkswagen
Na fotografia usada neste anúncio, podemos observar
que o carro está estacionado em uma praia, porém antes
do leitor observar o carro, é perceptível que existem várias
pedras ao redor do veículo, o que nos remete que é um lugar
de difícil acesso, mas que a Variant é capaz de chegar.
Figura 101: imagem principal do anúncio Volkswagen Variant
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O fato de o carro ter dois porta-malas é colocado como
um diferencial da Variant, por isso na fotografia o veículo está
com os dois porta-malas abertos. No porta-malas dianteiro
está guardada uma mala de viagem grande e mãe está ao
lado com uma criança no colo que segura um brinquedo. Em
frente ao porta-malas traseiro o pai está vestindo uma roupa
mergulho, sendo ajudado por um dos filhos a pegar o cilindro
de oxigênio. Vemos também que dentro do carro há uma
terceira criança olhando o pai se preparar para o mergulho.
Isto mostra que o carro tem grande espaço interno para
transportar uma família de até cinco pessoas.
Ao analisarmos a fotografia em quadros, temos nos
quadros um e dois a imagem do carro e da família, enquanto
nos quadros três e quatro as pedras da praia, conforme
descrevemos anteriormente.
A leitura da imagem acontece primeiro nos quadros um
e dois, tornando os quadros três e quatro secundários, isto
porque toda ação está ocorrendo nos quadros superiores,
remetendo ao fato da Variant ser confiável para chegar a
lugares difíceis.
Figura 102: divisão em quadros da imagem principal
Em ambos os anúncios da Variant analisados nesta pesquisa, torna-se claro a intenção de informar aos leitores a qualidade que a mecânica Volkswagen oferece, pois em ambas as imagens os proprietários chegaram ao seu destino, comprovando a superioridade oferecida pelo motor refrigerado à ar. Difere o fato de que no primeiro anúncio da Variante analisado o passeio está no final, enquanto nesta segunda peça estão chegando ao lugar desejado.
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4.8 – O design Gráfico do Ford Rural é bom comparar
Figura 103: anúncio Ford Rural Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°25, agosto de 1971.
Conforme o próprio título do anúncio criado para o Ford
Rural, esta peça é um comparativo entre o veículo fabricado
pela Ford e outro produto fabricado pela concorrência.
Abaixo do título aparece entre parênteses o número romano
IV o que nos leva a concluir que além deste anúncio existem
no mínimo outras três peças que faz este tipo de comparação
entre o Ford Rural e outros veículos existentes na época,
que não apareceram nas amostras selecionadas para esta
pesquisa.
A peça não possui fotos, mas desenhos para facilitar
as comparações entre os dois veículos: o Ford Rural e o
Volkswagen Fusca. Os textos usados nas comparações
destacam as informações de forma que o leitor possa chegar
rapidamente à conclusão que a Rural é a melhor opção entre
os quesitos apresentados na comparação com o modelo
concorrente.
Outra questão relevante que aparece no anúncio da
Rural é que este é o único veículo que apresenta o preço
do carro para o leitor. Acompanhando o design gráfico do
restante da peça o valor foi aplicado dentro de um quadro o
que gera mais destaque para o preço do Ford Rural.
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As demais informações foram aplicadas em letras
pequenas, divididas em duas colunas abaixo da caixa com
o preço, além disso, temos a palavra de ordem e assinatura
do fabricante posicionada no rodapé da página. O anúncio
do Ford Rural possui alinhamento centralizado, o que gera
sentido de leitura vertical para a publicidade conforme
podemos observar através da caixa de elementos abaixo:
Figura 104: caixa de elementos do anúncio Ford Rural
Figura 105: sentido de leitura do anúncio Ford Rural
A assinatura do fabricante foi aplicada do lado inferior direito
da peça, com o texto da palavra de ordem aplicado ao lado
esquerdo da assinatura.
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A simplicidade usada no layout da peça serve para levar
o consumidor a uma comparação rápida entre os veículos
o que direciona o consumidor a uma decisão favorável ao
modelo do Ford Rural.
Percebemos que o objetivo desta peça, diferente de
outras analisadas nesta pesquisa, é mostrar os diferenciais
que o produto possui. Por este motivo, não há imagens para
seduzir o consumidor, mas há uma comparação entre o Ford
Rural e outros produtos existentes no mercado à época.
Percebemos que foi feita a opção de trabalhar a
disposição da peça em linhas, como se fosse uma tabela
onde os benefícios comparados podem ser vistos lado a
lado facilitando o entendimento da peça.
4.9 – O design Gráfico do Ford Rural compre
uma ou leve duas
Figura 106: anúncio Ford Rural Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°24, agosto de 1972.
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O próximo anúncio do Ford Rural analisado nesta
pesquisa, também faz um comparativo entre o modelo da
Ford e outro concorrente, neste caso, a Veraneio fabricado
pela Chevrolet. Conforme indica a imagem abaixo, a peça
possui leitura vertical, o leitor parte da Veraneio e segue em
direção ao Ford Rural.
Figura 107: sentido de leitura anúncio Ford Rural
O alinhamento da página segue os moldes do anúncio
anterior, todos os elementos da peça estão centralizados,
o que transmite maior harmonia e simplicidade aos leitores
facilitando o entendimento da proposta do anúncio de
comparar os modelos dos carros.
Figura 108: caixas de elementos do anúncio Ford Rural
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Através da composição do título do anúncio, podemos perceber que o veículo concorrente está isolado na peça, o que reforça o conceito usado na primeira parte do título “Compre uma”. Abaixo da imagem da Veraneio, temos a segunda parte do título “Ou leve duas.”, completando a peça, podemos observar a imagem de duas Rurais, que representam graficamente o conceito usado no título do
anúncio.
Figura 109: representação da divisão da página do anúncio Ford Rural
Neste anúncio, temos uma grande área de respiro, o
que torna a peça mais objetiva levando o leitor a comparar
exatamente o preço entre os dois veículos, uma vez que
nesta peça não há qualquer outro texto, que não seja título
ou preço apresentado ao consumidor.
Figura 110: área de respiro do anúncio Ford Rural
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A assinatura da peça também é aplicada no canto inferior
direito do anúncio, o que altera levemente a característica da
disposição dos elementos do anúncio, uma vez que todos os
demais elementos encontram-se posicionados no centro da
página, conforme podemos observar pela representação das
caixas de elementos abaixo:
Figura 111: caixas de elementos do anúncio Ford Rural
A peça mostra ao consumidor de forma objetiva
que com o preço que se paga em uma Veraneio é possível
adquirir duas Ford Rurais, desta forma houve a opção de
isolar através do título a imagem da Veraneio.
Figura 112: detalhe da imagem do anúncio Ford Rural
Os valores abaixo das imagens dos carros comprovam
os dizeres do título usado na criação e se somarmos os
valores das duas Ford Rurais temos exatamente o valor
cobrado na Veraneio, como propõem o título do anúncio.
A simplicidade do layout comprova novamente a
opção de tratar o objeto do anúncio de forma objetiva, sem
que fossem levadas ao consumidor questões subjetivas,
como conforto ou beleza, mas a economia que é possível
fazer ao comprar o Ford Rural.
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4.10 – O design Gráfico do Pick-up Rural
Figura 113: anúncio Pick-up Willys F-75 Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°20, agosto de 1970.
O anúncio do pick-up Willys possui uma diagramação
diferenciada dos demais anúncios analisados nesta pesquisa.
Inicialmente percebemos que o título foi posicionado na
base da página com alinhamento centralizado. Acima do
título do lado esquerdo do anúncio temos um bloco de texto
com diversas informações sobre a capacidade de carga
suportada pelo veículo da Ford. No lado direito da peça,
temos a imagem da traseira do veículo e podemos observar
três tonéis e algumas caixas de madeira colocados em sua
caçamba. A capacidade de carga aparece na tampa da
caçamba do Rural, o que indica ao leitor quantos quilos o
veículo é capaz de transportar, passando credibilidade ao
consumidor. Dentro da cabine há o vulto de uma pessoa que
está sentada na posição do motorista.
Percebemos que esta peça foi produzida sem uso de
fundo na imagem, há apenas a sombra que o carro produz
para que não fique a sensação que o veículo está suspenso
no ar. A ausência de fundo na imagem forma uma grande
área de respiro sobre o veículo, o que possibilita ao leitor
absorver o conceito utilizado na peça sobre como o pick-up
Willys é um bom investimento para seus compradores.
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Figura114: área de respiro do anúncio Pick-up Willys F-75
Devido à diagramação utilizada nesta peça, o primeiro
ponto de observação do leitor é a caçamba do Willys, seguindo
para o título da peça que está abaixo da imagem e subindo
para o topo da página onde está todo o texto usado na peça.
Figura 115: direcionamento de leitura do anúncio Pick-up Willys F-75
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Abaixo do texto estão posicionados os logotipos da
Willys F-75 e da montadora Ford próximos ao para choque
traseiro do pick-up.
Figura 116: ponto inicial de observação do anúncio Pick-up Willys F-75
Algumas especificações técnicas seguem abaixo
dos logotipos como potência do motor, quantidades de
marchas e novamente a capacidade de carga suportada
pelo Willys.
A caixa de elementos do anúncio revela a
sobreposição das áreas utilizadas. Podemos perceber
que apesar da ter uma diagramação diferenciada em
relação aos demais anúncios analisados nesta pesquisa,
há equilíbrio entre os elementos e a imagem compensa
o fato da diagramação ser feita de uma forma diferente
que os demais anúncios. Devemos ressaltar também que
as caixas de elementos se sobrepõem, o que para nós
é importante para que se crie uma unidade no anúncio,
direciona o olhar do leitor ao longo da página.
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Figura 117: caixas de elementos do anúncio Pick-up Willys F-75
Desta forma, podemos definir a visualização da peça
em três partes. O primeiro ponto de observação da peça é a
imagem para atrair a atenção do leitor, o segundo é o título
do anúncio e a terceira parte a redação publicitária usada na
peça.
O diferencial apresentado pelo anúncio é a
possibilidade de transportar uma grande quantidade de carga
tendo um maior lucro dos proprietários do pick-up Ford, por
isso nesta peça a fotografia do automóvel traz a caçamba do
carro carregada de tambores e caixas.
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4.11 – O design Gráfico do F-100
Figura 118: anúncio Pick-ups Ford F-100 Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°29, agosto de 1969.
No anúncio dos caminhões Ford F-100, percebemos o
uso da leitura vertical, porque podemos observar a formação
de uma linha entre as caixas das imagens centrais
direcionando o olhar do leitor para o final da página onde foi
aplicada a imagem do veículo.
Figura 119: sentido de leitura do anúncio Pick-ups Ford F-100
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Também há duas áreas de respiro no anúncio tornando
mais claro o sentido de leitura empregado no anúncio, o que
gera maior equilíbrio na peça publicitária, conforme a imagem
abaixo:
Figura 120: área de respiro do anúncio Pick-ups Ford F-100
As quatro imagens posicionadas nos centro da página
possuem o mesmo tamanho de caixa e estão posicionadas
simetricamente em tamanho e distância ajudando a manter o
equilíbrio do anúncio.
Figura 121: diferenciais do anúncio Pick-ups Ford F-100
As caixas de texto abaixo das imagens explicam
de forma rápida e simples o que cada um dos diferenciais
apresentados melhorará a usabilidade dos usuários.
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A caixa de elementos releva que no centro da página
temos as imagens dos detalhes do veículo que causam
equilíbrio, criando o sentido de leitura da publicidade e
induzindo o leitor ao rodapé da página.
Figura 122: caixas de elementos do anúncio Pick-ups Ford F-100
O anúncio do Ford F-100 também é comparativo,
porém, não apresenta os concorrentes de sua categoria, mas
procura explicar ao consumidor, através de seus textos as
vantagens que o produto oferece ao consumidor final.
Através das quatro imagens alinhadas ao centro da
página, podemos perceber a necessidade de deixar claro ao
consumidor as qualidades que o Ford F-100 possui, desta
forma, assim como nos anúncios comparativos do Ford Rural,
há necessidade de trabalhar as imagens alinhadas deixando
claro ao consumidor os benefícios que o modelo oferece
em quesitos como conforto, silêncio interno, suspensão
que reduz o impacto de ondulações e buracos na pista,
qualidade de estofamento e facilidade de manuseio da tampa
da caçamba. Além disso, a relação entre texto e imagem se
faz como andares de um edifício ligando a modernidade dos
espigões à modernidade que se quer ao apresentar o veículo.
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4.12 – O design Gráfico Caminhões Ford
Figura 123: anúncio Caminhões Ford’71 Fonte: O Cruzeiro, Ed. n°37, agosto de 1970.
No anúncio dos caminhões Ford’71, percebemos que a peça possui sentido de leitura diagonal e o primeiro elemento que o leitor se depara ao analisar a peça é a imagem do homem em frente ao caminhão carregando uma bandeja de ovos. Abaixo temos o título “Avarento!” alinhado à esquerda da página com o depoimento do proprietário complementando a chamada da peça logo abaixo do título do anúncio.
Figura 124: sentido de leitura do anúncio Caminhões Ford’71
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O texto informativo aparece ao lado da imagem
que complementa o subtítulo da peça, ilustrando a
situação de lazer, na qual é feita uma referência que o
veículo pode ser utilizado tanto para o trabalho como
para o lazer. A assinatura “Caminhões Ford’71” fecha a
peça e concretiza a leitura diagonal para o anúncio.
O depoimento que aparece logo abaixo do título
foi composto com alinhamento centralizado, mas
posicionado à esquerda da página para direcionar o
olhar do leitor no sentido desejado da peça, há uma
imagem da família em um piquenique que é considerado
por muitos um passeio divertido e barato.
A área de respiro encontra-se ao lado do
depoimento, porque como no anúncio existe duplo
sentido no título o depoimento reforça esta questão,
desta forma houve a opção de manter esta área livre
para manter a atenção do leitor sobre a quem o anúncio
se refere.
Figura 125: área de respiro do anúncio Caminhões Ford’71
Como a questão central do anúncio é “quem é o
avarento?” só é revelado após a área de respiro no
complemento do texto, que é seguido pela assinatura
dos caminhões Ford.
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Com a caixa de elementos, podemos observar
que a maioria dos elementos que compõem o anúncio
está posicionada à esquerda da página, deixando
apenas parte da primeira imagem, informações técnicas
e assinatura à direita do anúncio.
Figura 126: caixas de elementos do anúncio Caminhões Ford’71
No título do anúncio há um jogo de palavras, em
um primeiro momento, e não conseguimos identificar
quem é o avarento que o título se refere, ao caminhão
ou ao seu proprietário, que é representado pela imagem
no topo da página.
O primeiro elemento que o leitor se depara no
anúncio é o homem com a bandeja de ovos posicionado
à esquerda da imagem e a caçamba do pick-up dividindo
o primeiro plano, o que reforça o duplo sentido proposto
pelo título do anúncio. Podemos observar também que
existem outras caixas na caçamba do caminhão, o que
indica que o veículo pode ser usado como uma opção
para o trabalho.
O fato do homem estar segurando uma bandeja
de ovos quer passar sutilmente a informação aos
leitores que os caminhões da linha Ford rodam macio,
sendo possível transportar ovos sem quebra-los, isto
independente do veículo estar sendo usados para o
trabalho ou para o lazer com a família.
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Figura 127: imagem principal do anúncio Caminhões Ford’71
Percebemos que a fotografia foi produzida de
cima para baixo, o que facilita a observação da caçamba
carregada de caixas para transporte.
Na segunda imagem podemos observar que
existem quatro personagens na fotografia. O homem
que aparece na fotografia principal está segurando uma
vara de pescar com uma criança ao lado. O Caminhão
Ford encontra-se estacionado e a sua frente temos uma
mulher usando óculos escuros e segurando a cesta
de piquenique enquanto observa a segunda criança
brincado com uma bola.
Figura 128: imagem secundária do anúncio Caminhões Ford’71
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CONCLuSãO
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Conclusão
Ao analisarmos os anúncios de automóveis publicados
na revista O Cruzeiro entre os anos de 1968 e 1972, pudemos
perceber que o periódico fundado por Assis Chateaubriand
atingia diversas classes sociais.
Percebemos ao longo desta pesquisa que havia
anúncios voltados para as classes sociais mais elevadas,
como nas peças do Ford Galaxie e do Willys Itamaraty, onde
conforto e qualidade eram oferecidos aos clientes e foram
colocados como questões principais a serem abordadas
pelas publicidades, através das roupas e acessórios que os
ocupantes dos carros estão usando.
Percebemos também que apenas no anúncio do Ford
Galaxie houve a preocupação em mostrar aos leitores o interior
do carro na imagem principal, tornando nesta peça, a questão
do conforto do usuário como diferencial do produto abordado.
Nas demais criações este item foi tratado como secundário
e quando abordado a representação gráfica da imagem
ocorreu em fotos menores. Também pudemos verificar que
esta foi a única peça analisada nesta pesquisa onde a mulher
foi colocada sem a utilização de ironia no anúncio, porque
no segundo anúncio onde é feita a menção as mulheres no
volante, a peça do Volkswagen Fusca com o título “Aguenta
os mais duros Carinhos” esta questão é abordada de forma
estereotipada, carregada de preconceitos sobre mulheres que
guiam automóveis.
De forma subjetiva, também procuraram demonstrar
esta suposta qualidade oferecida nos anúncios através da
organização das páginas. Seus layouts estão organizados
milimetricamente, associando situações cotidianas, como
guiar o automóvel em companhia do filho como um ato
reconfortante, onde é possível dormir com os movimentos
silenciosos do Ford Galaxie graças ao fato de sua construção
ser melhor do que os demais automóveis existentes na época.
No anúncio do Willys Itamaraty torna-se claro que estão
oferecendo um automóvel superior, pelo posicionamento da
imagem principal do anúncio, em que é representada a subida
de uma montanha, onde a potência do motor faz com que o
automóvel chegue a lugares que outros carros não conseguem
chegar. Para isso, a fotografia do anúncio foi distribuída no
alto da página, onde é representado não apenas a subida da
montanha, mas as dificuldades que o Willys Itamaraty é capaz
de superar graças a qualidade do motor do carro.
O Design Gráfico e a Publicidade dos Anúncios de Automóveis da Revista O Cruzeiro Entre os Anos de 1968 e 1972.
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Para nós isso se revela também no momento em que
toda a disposição de textos é colocada no segundo momento
do anúncio, quando chegaram ao topo da montanha e estão
tranquilos conversando, confiante da qualidade que veículo
oferece, enquanto esperam o momento de retornar do
passeio.
O anúncio do Ford Corcel busca atingir um público
alvo que tem um espírito mais aventureiro, que procura
estabilidade em terrenos instáveis além de alta velocidade.
Nesta peça identificamos que o anúncio não está direcionado
a uma determinada classe social, mas graças à silhueta de
quem dirige o veículo percebemos que é um anúncio voltado
ao público masculino jovem, que gosta de aventuras em
alta velocidade. A peça traz ao leitor o espírito de aventura
ao colocar o carro em movimento em direção do leitor. As
letras grandes usadas no título da peça fazem com que a
persuasão do leitor seja direcionada ao título, tornando a
imagem complementar ao texto.
Também pudemos perceber que a questão da
segurança foi abordada nas peças do Corcel, onde foi
apresentada ao consumidor a segurança que a tração
dianteira oferece em relação aos demais modelos e no
anúncio do Ford Galaxie devido sua construção melhor
elaborada, porém nesta peça pudemos verificar que há
uma falha na segurança em transportar crianças no banco
dianteiro do automóvel, o que nos dias atuais é proibido por
lei, conforme descrevemos no capítulo 4.
Os anúncios do Volkswagen Fusca não são
direcionados a questões de conforto e estabilidade, mas
durabilidade e acessibilidade, uma vez que em ambas as
peças são colocadas situações de confiança, manutenção
fácil e resistência como atributos trabalhados nos anúncios.
No primeiro anúncio do Volkswagen Fusca analisado,
em que o título da peça diz “Êle nunca está sozinho”, é
transportada para a imagem uma situação contrária ao que é
dito no título, a fotografia produzida para o anúncio mostra um
lugar distante, onde não há nada por perto, porém é colocado
subjetivamente que o Fusca consegue chegar aonde não há
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nada por perto. O que acaba atraindo a atenção do leitor para
o texto explicativo do anúncio, onde é trabalhada de forma
persuasiva a confiabilidade que o Volkswagen Fusca oferece.
Por ser um carro extremamente conhecido pela população,
não houve a necessidade de mostrar o carro aos leitores,
mas havia a necessidade de dizer das facilidades que a
montadora alemã oferece, caso seja preciso manutenção.
No segundo anúncio criado para o Volkswagen Fusca,
intitulado “Êle aguenta os mais duros carinhos”, foi utilizado
apenas um componente do carro, o câmbio, para representar
a durabilidade que o modelo oferece. Além disso, pudemos
observar nesta peça a existência de preconceito em relação
às mulheres que dirigiam, o que podemos interpretar como
um anúncio voltado aos chefes de família que na época
começavam a adquirir carros para suas esposas. Isso é
revelado pela mão feminina que está apoiada ao câmbio do
carro.
Em ambas as peças, pudemos perceber várias
influências que haviam sido propostas por Bill Bernbach
nos Estados Unidos para o mesmo modelo de automóvel
produzido naquele país. As variações dos anúncios do
Volkswagen Fusca são mínimas e a agência responsável
pelas peças produzidas no Brasil, a ALMAP, buscava manter
o estilo de comunicação feita pelo seu criador.
Nos anúncios do Volkswagen Variant, pudemos
perceber que foram criados sob a influência do sucesso do
Volkswagen Fusca.
No primeiro anúncio que possui o título “Para saber se
seu carro tem futuro, verifique o passado do motor dele”, há
uma pequena variação na estrutura do layout, onde a imagem
ocupa toda área do anúncio e o título foi composto em
letras grandes, porém a tipologia e a disposição dos textos
explicativos usada na peça é a mesma que a do Volkswagen
Fusca, criando semelhança entre os modelos produzidos
pela montadora alemã. Tais semelhanças são associadas ao
fato de que este modelo produzido pela empresa usava o
mesmo tipo de motor e procurava alavancar as vendas da
Variant usando o passado do pequeno carro alemão como
atrativo aos consumidores.
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No segundo anúncio do Volkswagen Variant,
percebemos que as semelhanças são ainda maiores,
porque a estrutura usada no anúncio é exatamente igual
aos utilizados no Volkswagen Fusca, variando apenas a
composição das cores do fundo e do texto, trabalhadas
nesta peça respectivamente preto e branco.
Nesta peça o diferencial trabalhado é o fato de o carro
possuir dois porta-malas além da mecânica ser a mesma
que a do Volkswagen Fusca, que permite que o carro chegue
a lugares de difícil acesso como uma praia deserta onde a
família pode fazer um passeio.
Percebemos também que o público-alvo trabalhado
neste anúncio é diferente do público-alvo do Volkswagen
Fusca, porque trabalha com o conceito de passeio em
família, onde todos os lugares do carro são ocupados pelos
pais e três filhos. Neste anúncio, não há o uso do logotipo
da montadora, mas um ícone referenciando a venda de um
milhão de Volkswagen Fuscas vendido. Graças a cor amarela
trabalhada sobre o fundo preto, há um maior destaque
para este ícone, o que reforça a associação entre os carros
produzidos pela montadora, o Fusca e a Variant.
Os anúncios do Ford Rural deixam de lado questões
subjetivas e persuasivas para trabalhar com fatores voltados
ao convencimento dos consumidores. Nas peças fica claro
a intenção de comprovar através de valores e números a
vantagem de adquirir um Ford Rural.
No primeiro anúncio do Ford Rural que tem o título
“É bom comparar”, percebemos que houve a opção de
trabalhar com ícones ao invés de imagens, o que em nossa
opinião ajuda a manter a atenção do consumidor nas
questões propostas pela agência, uma vez que as imagens
teriam um caráter mais subjetivo, proporcionando maior
dificuldade em analisar os pontos comparados no anúncio.
Além disso, a colocação em forma de tabela também faz com
que a visualização seja rápida por parte dos consumidores,
fazendo com que cheguem rapidamente a conclusão que o
Ford Rural é melhor que o Volkswagen Fusca.
O segundo anúncio criado para o Ford Rural, com
o título “Compre uma. Ou leve duas”, trabalha com uma
quantidade de textos ainda menor, onde o título e a disposição
gráfica dos elementos faz com que seja feita uma conta
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rápida de soma e leva o leitor de forma objetiva a conclusão
que o com o valor pago em apenas uma Veraneio é possível
adquirir duas Ford Rurais. A disposição gráfica feita entre o
título e a Veraneio isola o produto do concorrente, tornando
mais fácil esta identificação. Além disso, a disposição dos
elementos remete às contas que aprendemos na escola,
quando colocamos os numerais uns sobre os outros com o
objetivo de facilitar as contas necessárias para as operações
matemáticas aprendidas.
O anúncio do Pick-up Willys veiculadas na revista O
Cruzeiro, procura convencer aos leitores através de argumentos
voltados a questões econômicas sobre a vantagem de adquirir
este veículo.
A disposição dos elementos criada para a página da
revista é feita com o objetivo de atrair a atenção do leitor para
o espaço que a caçamba tem, possibilitando maior transporte
de carga e reduzindo o número de viagens que o utilitário
precisa fazer gerando economia aos seus proprietários. O título
do anúncio foi colocado no rodapé da página, logo abaixo da
imagem do veículo, o que reforça o motivo da campanha em
falar sobre a economia gerada. O texto explicativo da peça
foi colocado à direita da imagem, fazendo com que todas as
informações girem em torno da imagem posicionada do lado
direito do anúncio.
No anúncio dos pick-ups F-100 da Ford, foi trabalhado
os diferenciais que o produto oferece em relação aos
concorrentes, procuraram mostrar através das imagens e dos
textos posicionados abaixo das mesmas as diferenças entre
este produto e os demais existentes no mercado, sempre
direcionando a peça a questões voltadas para o silêncio e o
conforto que o pick-up F-100 oferece.
Os quatro diferenciais propostos pelo anúncio procuram
levar o consumidor a uma decisão que varia entre o racional
e o emocional, como um motor mais potente e silencioso e a
praticidade de manipular a tampa da caçamba caso uma das
mãos esteja ocupada.
Para comprovar o silêncio existente na cabine da Pick-
up Ford em seu anúncio, é oferecido ao comprador do produto
um rádio para ser escutado enquanto dirige o veículo. Esta
imagem foi posicionada estrategicamente sobre o logotipo da
empresa no final do anúncio, de forma que o leitor acompanhe
todo o raciocínio do anúncio até chegar ao final da página.
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O anúncio dos caminhões Ford trabalha com duplo
sentido em seu texto, uma vez que a peça não deixa claro
no primeiro momento quem é o avarento que a publicidade
se refere. A fotografia posicionada no topo da página coloca
tanto o carro como o seu proprietário na mesma condição,
mantendo a dúvida apresentada acima.
Devido a disposição dos elementos o leitor vai
acompanhando o desenvolvimento do anúncio em que é
revelado apenas no final do texto que se refere ao carro, pois
serve tanto para o trabalho como para o lazer.
A segunda imagem completa o objetivo da peça,
porque nela aparece toda a família em um passeio em que
se revela a intenção do anúncio em dizer como Pick-up Ford
é mais econômico, porque não há a necessidade de um
segundo automóvel para a família.
Com isso concluímos que a criatividade presente nos
anúncios analisados nesta pesquisa, acontece de várias
maneiras, seja pela disposição, ou pela fotografia produzida
para o anúncio, ou pela espontaneidade usada nos títulos,
levando os consumidores a ter várias opções de compra se
tratando de veículos.
As peças criadas entre o final dos anos de 1960 e início dos anos 1970, são referências para o mercado publicitário, onde atuam designers e diretores de arte que buscam as mais variadas formas para divulgar os produtos existentes. Além disso, traduzem o início de um novo período para a publicidade brasileira, quando nosso país passou a ser premiado em vários eventos voltados para esta atividade. Isto possibilitou que a publicidade brasileira fosse respeitada e servisse como inspiração para várias agências de publicidade existentes no mundo.
Pudemos comprovar que nos anúncios analisados nesta pesquisa, a maioria das criações publicitárias analisadas possui sentido de leitura diagonal, tendo como ponto de partida a parte superior esquerda do anúncio e segue em direção a parte inferior direita, o que faz com que o leitor observe todo o conteúdo da pagina, desde o título até a assinatura, passando pelas imagens existentes.
Por fim, em nossa análise concluímos que os anúncios de veículos utilitários trabalham com uma relação de texto mais densa, porque as peças buscam convencer os consumidores através de argumentos mais objetivos e concretos como a economia que é feita ao se comprar determinados veículos; enquanto nos anúncios de veículos de passeio, questões subjetivas como conforto e estabilidade são mais utilizados pelas agências de publicidade, porque podem persuadir o consumidor através destes fatores.
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REfERÊNCiAS BiBLiOGRÁfiCAS
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