16
O Cultivoda Pimenteira-do-reino Dias, Ailton Geraldo Eng. Agrônomo Professor, Pesquisador e Consultor [email protected]

O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivoda Pimenteira-do-reino Dias, Ailton Geraldo Eng. Agrônomo Professor, Pesquisador e Consultor

[email protected]

Page 2: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

1 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

1 - Introdução 1.1 – História da Pimenteira-do-reino A pimenteira-do-reino – Piper nigrum, L – é uma planta originária da Índia, cujos frutos recebem a denominação mundial de pimenta preta. À época da colonização, os grãos desta pimenteira, de procedência asiática, ficaram conhecidos no

Brasil como Pimenta de Portugal (do “reino”). A pimenta-do-reino também conhecida como pimenta-da-índia, é, ainda hoje, a mais importante especiaria.

O grande naturalista Plínio, menciona-a em diversas passagens de sua História Natural. Famosos navegantes, como Marco Pólo, no Século XIII, e Nicolo Ponti, no Século XV, também a ela se referiram, quando do regresso de suas longas

viagens. Nos últimos séculos da Idade Média, generalizou-se muito o uso de especiarias, particularmente o da pimenta

preta (pimenta-do-reino), na culinária dos europeus, que a empregavam não só para condimentos dos pratos comuns como também na doçaria e no vinho.

Indiretamente, desempenhou importante papel em grandes acontecimentos históricos, como o descobrimento do Brasil, ocorrido quando a expedição portuguesa de Cabral buscava novo caminho para as Índias.

Atualmente, o cultivo da pimenteira preta encontra-se bem difundido em regiões de clima tropical, em latitudes de até

20º N e 20º S e altitudes de até 2.400 m. Na Ásia, é cultivada na Índia, na Indochina, no Sri-Lanka, no Vietnã, na Indonésia e na Malásia. Na África, é cultivada

em Camarões, na Nigéria, na República Centro Africana e no Congo. Nas Américas, é cultivada, principalmente, em Porto Rico, na Jamaica e no Brasil.

A introdução da pimenteira-do-reino no Brasil ocorreu no Século XVII, no Estado da Bahia, sendo levada em seguida para os Estados da Paraíba, do Maranhão e do Pará. Porém, a sua exploração econômica no Brasil só veio a ocorrer, já no

Século XX, a partir do ano de 1933, quando imigrantes japoneses, que se destinavam ao Estado do Pará, trouxeram

algumas mudas da cultivar Cingapura (Kuching) e as implantaram em Tomé-Açu. As poucas mudas introduzidas foram sucessivamente multiplicadas e, a partir de 1955, com o uso de adubações, tutores

mortos e outras tecnologias de produção, a cultura da pimenteira-do-reino ganhou expansão e proporcionou um rápido incremento na produção total brasileira.

1.2 – Cenário Mercado Mundial Tabela 01 – Principais países produtores

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Vietnã 145.000 150.000 170.000 180.000 220.000 250.000

Indonésia 52.000 70.000 60.000 60.000 70.000 75.000

India 50.000 50.000 65.000 75.000 92.000 95.000

Brasil 43.300 42.300 42.300 51.700 54.100 55.000

China 40.000 41.000 42.000 42.000 42.000 45.000

Outros 59.700 41.700 20.700 41.300 21.900 30.000

Produção

Mundial

Paises Produtores(valores expressos em toneladas)

390.000 395.000 400.000 450.000 500.000 550.000

fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux, France

Page 3: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

2 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

Gráfico 01 – Produção Mundial – valores expressos em toneladas

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

Vietnã Indonésia India Brasil China Outros Mundial

Produção Mundial

2012 2013 2014 2015 2016 2017

fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux, France

Page 4: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

3 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

Gráfico 02 – Produção Mundial - Vietnã e Brasil exibem maior crescimento entre países produtores

Page 5: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

4 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

Gráfico 03 – Vietnã – produção crescente nos últimos anos

fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017

ESA Conference, jun 2017 Bordeaux, France

Gráfico 04 – Camboja – produção crescente nos últimos anos

fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux, France

Page 6: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

5 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

Gráfico 05 – Vietnã, Camboja e Brasil com crescimento na produção nos últimos anos

fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux, France

Gráfico 02 – Preços Mundiais – período 2011 a 2017

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

jan

/11

mai

/11

set/

11

jan

/12

mai

/12

set/

12

jan

/13

mai

/13

set/

13

jan

/14

mai

/14

set/

14

jan

/15

mai

/15

set/

15

jan

/16

mai

/16

set/

16

jan

/17

mai

/17

Preços US$/Tonelada Pimenta Preta (2011-2017)

fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux, France

Page 7: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

6 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

2 – Boas Práticas de Produção Agrícola para a Pimenteira-do-reino 2.1 - Botânica A Pimenteira-do-reino pertencente à família das Piperáceas. Botanicamente é conhecida como Piper nigrum L. É uma planta trepadeira, perene e, para o seu bom desenvolvimento, exige o uso de tutores. A família Piperácea está

representada por 9 a 12 gêneros. Destes, o Piperonia e o Piper são os mais conhecidos. O gênero Piper inclui de 600 a

700 espécies. Outros autores citam entre 800 e 2.000 espécies. Destas, apenas 12 são utilizadas como especiarias ou para fins medicinais.

A pimenteira-do-reino, na parte aérea, é constituída, basicamente, por três tipos de ramos: ramo de crescimento – ramo ortotrópico –, que se desenvolve junto ao tutor, fixando-se a este por raízes adventícias grampiformes; ramo

produtivo – ramo plagiotrópico –, que se desenvolve lateralmente; e ramos ladrões que se desenvolvem a partir da base da planta ou a partir da extremidade dos ramos ortotrópicos, permanecendo dependurados por fora da folhagem.

Estes últimos devem ser continuamente retirados da planta.

Tabela 02 – Distribuição do sistema radicular de Gráfico 03 – Distribuição do Sistema Radicular

pimenteira com 4 anos. Pará, 1971. Profundidade (cm) Peso (g) %

-10 704 37,22

-20 493 26,05

-30 362 19,13

-40 197 10,41

-50 104 5,50

-60 32 1,69

fonte: Terada, S As folhas podem ser grandes ou pequenas, cordiformes ou lanceoladas, dependendo da cultivar. As raízes, na maioria, são adventícias, algumas do tipo pivotante, atingem até 3 a 4 m de comprimento, lateralmente, e, profundidade de 1 a

2 m. No perfil do solo de 0 – 30 cm, encontra-se, aproximadamente, 82,4% do sistema radicular. Uma avaliação desta distribuição pode ser vista na Tabela 02 (adaptada). Na inflorescência, as flores, desprovidas de cálice e de corola, podem

ser masculinas, femininas ou bissexuais. As espécies cultivadas apresentam, normalmente, flores hermafroditas, o que facilita a polinização e o desenvolvimento do fruto. O período favorável à polinização ocorre entre 3 e 10 dias após a

antese (abertura das flores na inflorescência). Neste período, deve haver alta umidade relativa do ar – U. R. – para que

se verifiquem melhores condições para a polinização. A ocorrência de sol intenso, de déficit hídrico ou de chuvas fortes, nesta fase, poderá comprometer a polinização, pois poderá provocar o secamento ou a lavagem do grão de pólen,

decorrendo daí espigas com poucos frutos (espigas “banguelas”). Os frutos desenvolvem-se em espigas, também denominadas amentilhos, onde são agrupados até 150 grãos. Na maturação, os grãos passam da coloração verde para

a amarela e em seguida para a vermelha, apresentando diâmetro variável entre 4 e 6 mm e peso entre 3 e 8 gramas por

100 grãos. O período entre o florescimento e a maturação é de, aproximadamente, 6 meses, apresentando, nesta época, espigas de tamanho entre 5 e 20 cm, dependendo da cultivar.

2.2 - Clima 2.1 – Condições gerais de clima A pimenteira-do-reino é uma planta tropical, que encontra condições favoráveis entre as latitudes 20N e 20S. Mesmo

assim, é importante lembrar que sendo longo o ciclo da cultura, esta fica mais exposta às influências da ação das chuvas e da evapotranspiração durante todo o ano. A distribuição destes fatores, pode resultar em déficits hídricos estacionais

que, em função da magnitude, limitarão a produção em determinados locais. Por isso, o clima é fator bastante limitante

na seleção de áreas para a pipericultura, uma vez que nem todos os seus aspectos podem ser corrigidos economicamente para uma boa adaptação da pimenteira-do-reino.

Para o cultivo da pimenteira-do-reino, os fatores de clima mais limitantes são temperatura, precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar. Nos gráficos a seguir – Gráficos 02 a 07 – encontram-se representadas as médias das

010203040

-10-20-30-40-50-60 % d

e r

aíz

es

Profundidade (cm)

Page 8: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

7 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

temperaturas mensais de algumas regiões onde se encontram cultivos de pimenteira-do-reino; e, nos gráficos – Gráficos

08 a 11 – encontram-se representadas as médias das precipitações pluviométricas.

23242526272829

J F M A M J J A S O N D

tem

pe

ratu

ras

°C

meses do ano

Gráfico 04 - Belém - PA

25

26

27

28

29

J F M A M J J A S O N Dtem

pe

ratu

ra º

C

meses do ano

Gráfico 05 - Tomé Açú - PA

05

1015202530

J F M A M J J A S O N D

tem

pera

tura

ºC

meses do ano

Gráfico 06 - Linhares - ES

05

1015202530

J F M A M J J A S O N D

tem

pera

tura

°C

meses do ano

Gráfico 07 - São Mateus - ES

Page 9: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

8 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

2.2 – Comportamento agroclimático da Pimenteira-do-reino A pimenteira-do-reino é típica de regiões de clima quente e úmido, necessitando, portanto, para o seu desenvolvimento

e para a sua produção, valores elevados de temperatura e de chuva. Assim, a distribuição da temperatura e da pluviosidade, associadas a outras componentes do clima, incluindo a intensidade luminosa, a umidade do ar, a

evapotranspiração e a ocorrência de deficiência hídrica, influenciam diretamente na produção da pimenteira-do-reino. O efeito dos elementos do clima nas plantas tem sido abordado do seguinte modo:

– A temperatura do ar afeta a maioria dos processos físicos e químicos das plantas e considera-se que cada espécie

exige um ótimo de amplitude térmica e de temperaturas máximas e mínimas, além das quais a planta não se desenvolve satisfatoriamente;

– A insolação, como reflexo da radiação solar incidente, é considerada elemento climático de extrema importância na produção agrícola, visto que insolação/radiação solar estão associadas com a produtividade das plantas pelos

processos da fotossíntese, da transpiração, do florescimento e da maturação;

– A importância da umidade do ar (U.R.) deve-se principalmente ao fato de encontrar-se em relação direta com a demanda evaporativa da atmosfera. Pode-se dizer que quando muito baixa ou muito elevada, a U.R. torna-se

prejudicial para a maioria das plantas. Umidade relativa abaixo de 60% pode ser prejudicial porque aumenta a taxa de transpiração, e, acima de 90% pode ser prejudicial porque diminui a absorção de nutrientes, devido a

redução da transpiração, além de favorecer a propagação de doenças de etiologia fúngica; – A chuva é um elemento climático fundamental para as plantas, pois a água é substância essencial para o

crescimento e desempenha importante papel na fotossíntese e, portanto, na produção. Esta importância é maior

para as regiões tropicais úmidas porque, distintas das regiões fora dos trópicos, onde o cronograma agrícola é determinado pela temperatura, o elemento regulador da agricultura, em nossas condições, é a chuva, dada a

sua função na disponibilidade de água para as plantas durante o ano, com ou sem a exigência de complementação através da irrigação.

Tomando-se por base o comportamento agroclimático da pimenteira-do-reino em regiões de origem e no Brasil – no

Estado do Pará e no Estado do Espírito Santo, onde a cultura é encontrada com maior expressão –, indicaram-se as seguintes referências climáticas para a cultura: as temperaturas consideradas limitantes para o cultivo da pimenteira-

0100200300400500

J F M A M J J A S O N D

pre

cip

ita

çã

o

plu

vio

tric

a m

m

meses do ano

Gráfico 08 - Belém

0

50

100

150

200

J F M A M J J A S O N D

pre

cip

ita

çã

o

plu

vio

tric

a m

m

meses do ano

Gráfico 09 - São Mateus - ES

Page 10: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

9 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

do-reino são 12°C e 40°C; as temperaturas ótimas estão entre 23°C e 28°C. ; a umidade relativa do ar entre 80% e

88% ; o total pluviométrico anual entre 1.500mm e 3.000mm; e, o brilho solar acima de 2.000 horas no ano.

Em termos de déficits hídricos, embora tenha sido verificado que o cultivo da pimenteira-do-reino pode se dar sob ampla faixa de déficits hídricos (entre 30 mm e 400 mm), sabe-se que a cultura é exigente em bom suprimento de água,

principalmente durante o florescimento e a frutificação, havendo assim a necessidade de se manter o solo com adequada umidade para se evitar queda na produção. Por isso, em áreas de baixa pluviosidade e déficits hídricos elevados, o

incremento na produção estará relacionado com o emprego de irrigação. Para a polinização, a temperatura de 28ºC foi determinada como a que proporciona maior germinação do pólen.

Temperaturas muito elevadas ou muito baixas, tornam o pólen inviável.

A pimenteira-do-reino adapta-se a regiões com menor quantidade de chuvas, porque apresenta um mecanismo fisiológico de escapamento à desidratação. A existência de um período seco, próximo à maturação, é favorável ao bom desempenho

da cultura, entretanto, este déficit não deve ser superior a 400 mm anuais. O total médio de chuvas é de 1.088 mm para Nova Venécia; 1.035 mm para São Mateus; 1.320 mm para Jaguaré; 1.184 mm para Linhares, o que representa

condições, praticamente, satisfatórias para o desenvolvimento da cultura.

A umidade relativa do ar exerce influência principalmente na polinização e valores de U.R. em torno de 80% são suficientes. Valores baixos de U.R. causam a desidratação e a morte dos grãos de pólen, reduzindo, conseqüentemente,

a produção.

3 – Condições edáficas 3.1 – Topografia O cultivo da pimenteira-do-reino deve ser estabelecido, preferencialmente, em terrenos planos e suave ondulados, com

declives inferiores a 8%, condições que facilitam o manejo da cultura, as práticas culturais, a colheita e a conservação do solo. Nos terrenos moderadamente ondulados, com declives de 8% a 13% e de 13% a 20%, há restrições; enquanto

naqueles com declividades acima de 20% não se deve instalar o cultivo. Em áreas com declives na faixa entre 8% a 20% há necessidade de aplicação de práticas de controle da erosão.

Nas regiões produtoras de pimenteira-do-reino no Brasil, são utilizadas as áreas de terra firme, porque as áreas de

várzeas são inundáveis, tornando-se inadequadas, mesmo com uso de práticas de drenagem.

3.2 – Profundidade A pimenteira-do-reino necessita de solos profundos, sem quaisquer impedimentos físicos, químicos e ou biológicos. Solos de baixas profundidades, muito comuns no litoral do Sudeste e do Nordeste (tabuleiros costeiros) requerem cuidadosas

práticas de manejo. Em solos com compacidades, o desenvolvimento das plantas é limitado. Compacidade é o

arranjamento ou agrupamento cerrado das partículas que um solo pode apresentar. Num perfil de solo, tanto em função de processos pedogenéticos quanto em função do manejo empregado, podem aparecer

camadas com graus diferentes de arranjamento cerrado, ou seja, com graus diferentes de compacidade. Neste texto, separa-se com denominações distintas compacidades de naturezas diferentes. Para compacidade devida a

processos pedogenéticos adota-se a denominação de “camadas adensadas”; para compacidade devida ao manejo do solo reserva-se a denominação “camadas compactadas”.

As camadas adensadas e as camadas compactadas produzem, basicamente, duas condições desfavoráveis aos

desenvolvimento das plantas: a) um impedimento físico ao desenvolvimento do sistema radicular;

b) restrição do movimento da água e do ar ao longo do perfil, com a consequente diminuição da aeração e da capacidade do solo de armazenar água disponível.

As principais características das camadas adensadas e das camadas compactadas encontram-se descritas por Winters e Simonson1.

1 WINTERS, E. e SIMONSON, R.W. The subsoil. Adv. Agron. 1951

Page 11: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

10 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

3.3 – Aeração A disponibilidade adequada de oxigênio é de fundamental importância para o bom desenvolvimento do sistema radicular

da pimenteira-do-reino. A falta de oxigênio provoca a morte das raízes por asfixia. Uma má aeração do solo pode ser causada pelo seu adensamento, pela sua compactação ou pelo seu encharcamento. Os excessos contínuos de umidade

no solo promovem perdas irreparáveis no sistema radicular, com reflexos negativos na produção da cultura. Por isso, os solos cultivados com pimenteira-do-reino devem apresentar boas propriedades físicas, tais como profundidade,

porosidade, boa drenagem interna, para que os excessos de umidade sejam drenados rapidamente.

3.4 – Tipos de Solos A pimenteira-do-reino se adapta em diversos tipos de solos, e neste particular, a maioria dos solos de grande parte do Brasil se presta ao seu cultivo com a obtenção de bons resultados, tendo em vista que, sem considerar os aspectos

nutricionais da planta, a sua maior exigência diz respeito às propriedades físicas dos solos, consideradas como razoáveis

e boas para a maioria destes. Entre as classes de solos que reúnem condições edáficas e qualidades para o cultivo da pimenteira-do-reino estão os

Latossolos e os Argissolos, que são predominantes. Entretanto, outros solos apresentam potencial para o cultivo desta especiaria. Na Tabela 03 se encontra um resumo das classes de solos com descrição das qualidades, das limitações e

das práticas de manejo recomendadas.

Tabela 03 – Classe de solos com potencial para o cultivo da Pimenteira-do-reino

Classes Limitações Práticas de Manejo Latossolos Acidez, baixa CTC, baixa reserva de

nutrientes, adensamento/compactação

Calagem, adubação, subsolagem,

irrigação, curvas de nível

Argissolos (Podzólicos) Acidez, baixa CTC, baixa reserva de nutrientes, aumento da fração argila em

profundidade, adensamento/ compactação

Calagem, adubação, subsolagem, drenagem

Cambissolos Pequena profundidade, baixa fertilidade, relevo movimentado.

Calagem, adubação, curvas de nível

Neossolos Quartzarênicos

(Areias Quartzosas)

Acidez, baixa fertilidade, baixa retenção de

água.

Calagem, adubação, irrigação

Nitossolos (Terra Roxa

Estruturada)

Relevo movimentado Adubação, curvas de nível, irrigação

Latossolos Concrecionários e Argissolos Concrecionários

Pedregosidade, pequena profundidade, acidez, baixa fertilidade

Calagem, adubação, práticas de cultivo

Alissolos (Podzólicos) Acidez, toxidade de alumínio, baixa reserva

de nutrientes

Calagem, adubação, curvas de nível,

drenagem

Vertissolos Encharcamento, compactação, alto teor de

argila 2:1

Drenagem, práticas de cultivo, irrigação

Argissolos Plínticos (Podzólicos Plínticos)

Má drenagem, baixa fertilidade, acidez Drenagem, calagem, adubação, curvas de nível

fonte: Baena, A. R. C

3.5 – Escolha do solo Na escolha dos solos para o cultivo da pimenteira-do-reino, o conhecimento de suas características físicas, químicas e biológicas são de primordial importância para o empreendimento ter sucesso. Alguns aspectos importantes relativos à

capacidade de uso da terra para o cultivo da pimenteira-do-reino, são apresentados na Tabela 04, a seguir.

Em resumo, a pimenteira-do-reino exige, para o seu cultivo, solos com boas características físicas, sem problemas de encharcamento e ricos em matéria orgânica. Apesar da exigência em nutrientes, para uma boa produção, estes podem

Page 12: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

11 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

ser fornecidos em adubações assim como a matéria orgânica. Solos muito argilosos devem ser evitados, devido à sua

baixa capacidade de infiltração de água, que pode levar ao encharcamento, acarretando a morte de raízes e facilitando

a entrada de fungos causadores de doenças, principalmente dos gêneros Fusarium e Phytophthora.

Tabela 04 – Parâmetros edáficos para a avaliação da capacidade de uso de terras para o cultivo da Pimenteira-do-reino

Parâmetros Características de adequabilidade Favorável Desfavorável

Profundidade efetiva >120 cm < 75 cm

Textura argilosa/média/muito argilosa + estrutura

forte granular

arenosa/muito argilosa

Estrutura fraca / moderada ou forte granular sem estrutura

Consistência muito friável / friável muito firme

Permeabilidade Moderada rápida/lenta

Regime de Umidade Úmido seco/molhado

Drenagem Boa moderada/excessiva

Relevo plano/suave ondulado ondulado / forte ondulado /

montanhoso

Declividade 0 – 8 % > 20%

Pedregosidade não pedregoso pedregoso/muito pedregoso

Compactação Ausente adensamento/compactação

Concreção Ausente comum/muito fonte: Baena, A. R. C

Page 13: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

12 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

4 – Cultivares A recomendação de cultivares de pimenteira-do-reino para uso do produtor, tem sido condicionada a introdução de

genótipos e posterior avaliação e seleção para os caracteres agronômicos de produção e de resistência a doenças. Sendo uma espécie com centro de origem na Índia, a distância e a falta de condições adequadas para se evitar a introdução e

a propagação de doenças que ocorrem no continente asiático, impedem que as introduções, pela Embrapa, sejam feitas de modo regular e mais dinâmico. Mesmo assim, a Embrapa Amazônia Oriental tem disponibilizado cultivares introduzidas

informalmente, que após a multiplicação, avaliação e seleção são recomendadas ao setor produtivo, dando ênfase

principalmente às características de produção e de rendimento. Embora essas cultivares não apresentem resistência a fusariose, principal doença da pimenteira-do-reino, é notório a

utilização das mesmas no sentido de diversificar o material de cultivo, evitando assim a uniformidade genética, através da utilização de uma única cultivar. Um ciclo de produtividade elevada mais precoce torna-se muito vantajoso sob o

ponto de vista econômico, possibilitando melhor convivência com a doença de tamanha importância como a fusariose.

Encontram-se sob cultivo nas principais áreas produtoras do Brasil as seguintes cultivares:

Tabela 05 – Principais cultivares da Pimenteira-do-reino no Brasil

1 Apra cultivar oriunda de plantas matrizes provenientes do Estado de Kerala, sul da Índia.; apresenta

[1980] folhas largas (8,8 cm de largura por 13,8 cm de comprimento). Brotos de cor violeta

2 Bragantina proveniente da propagação vegetativa do híbrido Panniyur, também do Estado de Kerala; as

[1982] folhas são largas, codiformes e suas espigas são longas, comprimento média de 14 cm. Brotos

de cor verde clara

3 Cingapura cultivar introduzida no Brasil no ano de 1933, por imigrantes japonses. Esta cultivar é originária

[1933] de plantas da variedade Kuching (muito cultivada na Malásia); suas folhas são estreitas e suas

espigas são curtas (em torno de 7 cm de comprimento). Brotos de cor violeta.

4 Guajarina proveniente da cultivar Arkulam Munda; folhas alongadas e de tamanho médio; espigas longas

[1970] (comprimento médio de 14 cm). Brotos de cor violeta

5 Iaçará material de origem introduzido da Índia; folhas de tamanho médio e estreitas; espigas longas

[1981] (comprimento médio de 9 a 10 cm). Brotos de cor violeta.

6 Kottanadan 1 cultivar introduzida do Estado de Kerala; folhas bem desenvolvidas, longas; espigas longas .

[1981] Brotos de cor violeta.

7 Kuthiravally folhas largas, compridas e espigas longas (comprimento médio de 12 cm). Brotos de cor violeta

{1982] 5 – Formação e manejo da Cultura da Pimenteira-do-reino 5.1 – Produção de mudas A pimenteira-do-reino pode ser propagada por sementes, por estacas semilenhosas pré-enraizadas ou por estacas

herbáceas. A propagação por meio de sementes é utilizada somente em pesquisas.

A tecnologia de produção por estacas herbáceas foi desenvolvida com o objetivo de prevenir a dispersão da fusariose e do mosaico para novas áreas produtoras ainda livres de doenças. Esta tecnologia foi prontamente adotada pelos

pipericultores por apresentar as seguintes vantagens em relação ao plantio com mudas oriundas de estacas semilenhosas: a) previne a disseminação da fusariose e do mosaico; b) reduz a perda de material vegetativo no campo; c) permite a

formação de lavouras mais uniformes; d) eliminação das práticas de capação (eliminação da primeira florada) e da poda

de formação. Hoje, a maior parte das lavouras é formada com mudas de estacas herbáceas, de modo que, os agentes de crédito já destinam, nos projetos financiados, crédito de custeio para aquisição de mudas.

Page 14: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

13 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

A produção de mudas, para a comercialização, deve obedecer às normas e aos padrões estabelecidos pelo Ministério da

Agricultura (MAPA). O campo de matriz – denominado Jardim Clonal – pode ser estabelecido em sistemas de tutores

inclinados e verticais e em locais com ou sem cobertura de sombrite.

5.1.1 – Jardim Clonal Sistema de tutores inclinados (espaldeira) - Este sistema de plantio é mais usado por agricultores que produzem

mudas destinadas a novos plantios, na propriedade.

Compreendem-se das seguintes etapas:

Escolha da área – A área para instalação do campo de matrizes, ou jardim clonal, deve ser localizada próxima à

propriedade, bem drenada, ligeiramente inclinada para permitir

o escoamento da água da chuva, próximo à fonte de água e de árvores para proporcionar um ambiente sombreado e arejado,

caso não seja construído sob cobertura de sombrite. Preparo da área, adubação e enterrio de estacões – No

sistema inclinado, os estacões de madeira com 2,0 m de comprimento são enterrados em fileiras duplas (1,0m x 0,50 m),

espaçados de 0,50 m, formando com o solo um ângulo de 45°.

Esses estacões são apoiados em um travessão superior a 2,0 m acima do solo. O solo da área é revolvido e puxado com a enxada para a base dos estacões, a fim de formar as leiras de

0,50 m de largura e 0,25 m de altura. .A adubação pode ser feita na cova de cada planta ou em toda a leira, usando-se uma mistura contendo 60% de solo

(expurgado) e 40% de matéria orgânica (esterco de gado curtido, cama de aviário ou composto orgânico). As mudas são

plantadas em covas abertas próximo à base dos estacões, sendo amarradas aos mesmos para facilitar a aderência das plantas aos tutores de madeira.

Plantas matrizes – Matrizes são plantas que irão fornecer material vegetativo – estacas – para a produção de mudas herbáceas com um ou dois nós e uma folha. As estacas devem ser retiradas de lavouras sadias,

sem qualquer sintoma de doenças, vigorosas e livres de sintomas de deficiências nutricionais. Deve-se tomar o cuidado de não se retirar estacas de plantas em fase de florescimento e de frutificação, pois não

haverá emissão de raízes ou quando houver, as plantas resultantes serão muito fracas. Após o corte, as estacas devem ser imersas em uma solução de um fungicida à base de estrobirulina(tipo Amistar 1 g/L)

durante 15 minutos e em seguida plantadas.

Pré-enraizamento das estacas – As estacas são pré-enraizadas em canteiros propagadores formados com tábuas de

madeira contendo leito de areia de fundo de rio ou barro amarelo. Terra preta, rica em matéria orgânica só deve ser usada se for tratada previamente com produtos químicos. Se o solo não for tratado, fungos de solo (Rhizoctonia solani,

Pythium splendens, Fusarium solani f. sp. piperis, Phytophthora palmivora, Sclerotium rolfsii) poderão causar a morte das estacas resultando em perdas de até 100%. Os canteiros propagadores devem ser cobertos com folhas de

palmeiras e regados diariamente As mudas permanecem durante 20 a 30 dias nestes canteiros e quando as estacas

começarem a brotar é feito o transplantio para a base dos estacões. Esta operação de pré-enraizamento de estacas tem sido substituída pelo plantio da estaca direto na sacola plástica com

substrato previamente tratado. Corte das estacas herbáceas – quando as plantas atingirem a idade de 8 meses é feito o corte do

material herbáceo, a 0,50 m acima do solo. As estacas herbáceas devem conter dois a três nós e uma folha presa ao nó

da extremidade apical. Estacas de um nó também podem ser preparadas. A folha deve permanecer presa ao nó ou não haverá emissão de brotação. Após o corte, as estacas são tratadas com um fungicida à base de estrobirulina (1 g/L) ou

à base de cobre, durante 15 a 20 minutos e, em seguida, colocadas nas sacolas contendo substrato previamente tratado. As sacolas de plástico preto perfurado devem apresentar dimensões mínimas de 15 cm x 20 cm x 0,05 cm, podendo

também ser utilizadas sacolas com dimensões de 27 cm x 17 cm x 0,10 cm.

Page 15: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

14 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

As sacolas com as estacas são transferidas para viveiros, construções simples, feitas de moirões de madeira, cobertas

com folhas de palmeiras ou com plástico agrícola, onde permanecerão, no mínimo 3 meses e no máximo 6 meses,

quando, então, as mudas estarão aptas para o plantio, no campo.

5.2 – Tutores para a Pimenteira-do-reino A pimenteira-do-reino requer, para o seu bom desenvolvimento, o uso de tutores. Nos principais países

produtores, a pimenteira-do-reino é cultivada comercialmente aderida a plantas (tutor vivo) ou em postes de madeira (tutor

morto).

A utilização de tutor morto (eucalipto tratado) é uma prática de custo elevado que absorve, aproximadamente, 70% do

valor de implantação da cultura.

5.2.1 – Tutores vivos - O sistema de tutor vivo é usado

principalmente na Índia e na Indonésia. No Brasil, é utilizado no Pará, na

Paraíba, na Bahia e no Espírito Santo. Este tipo de tutor deve apresentar

sistema radicular profundo, casca rugosa e tenra e suportar podas constantes na copa (manejo de luz).

5.3 – Plantio da Pimenteira-do-reino As mudas de pimenteira-do-reino são plantadas próximo ao tronco dos

tutores (vivos ou mortos), distantes 20 cm. Como a pimenteira-do-reino é uma trepadeira, se seu crescimento não for orientado, a planta

crescerá no sentido horizontal e não desenvolverá os ramos plagiotrópicos ou de frutificação. Por isso, logo após o plantio, os ramos

ortotrópicos ou de crescimento são amarrados ao tronco do tutor vivo ou

num suporte até que os ramos alcancem o tutor para facilitar a fixação da pimenteira-do-reino no mesmo. A parte superior das mudas deve ficar ereta

ou ligeiramente inclinada formando um ângulo igual ou maior do que 45°, entre a muda e o tutor. Após o amarrio, as plantas são sombreadas com

folhas de palmeiras. A abertura das covas de plantio, bem

como a sua adubação são feitas do mesmo modo como no cultivo com tutor morto.

Page 16: O Cultivoda Pimenteira-do-reino - TM Eventosfrut2017.tmeventos.com.br/resumos/AILTON DIAS.pdf · 2017-09-27 · fonte: NedSpice Pipper Crop Report 2017 ESA Conference, jun 2017 Bordeaux,

O Cultivo da

Pimenteira-do-reino

15 Sementes Vitória Ltda Ailton Geraldo Dias

CNPJ 36.362.689/0001-41 Engenheiro Agrônomo CREA-MG 45667/D

e-mail: [email protected] Professor, Pesquisador e Consultor

6 – Exigências Nutricionais Sugestão de adubação para a pimenteira-do-reino, em função da análise do solo, dos diferentes estádios de desenvolvimento, e da produtividade.

Stand: 1600

plantas/ha

Nitrogênio

Fósforo (mg/dm3)* Potássio (mg/dm3)*

Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto

N (kg/ha/ano) P2O5 (kg/ha/ano) K2O (kg/ha/ano)

kg/ha de

pimenta preta 45 60 40 20 45 30 20

2.400 – 3.200 10 ano 140 – 100 70 50 30 210 150 90

4.000 – 5.600 20 ano 280 – 200 140 100 60 420 300 180

6.400 – 8.000 30 ano

em diante

420 - 300 210 150 90 630 450 270

* teores apresentados na análise de solo

Fonte: Sementes Vitória, Consultoria.