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Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa Mandioca e Fruticultura
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
O CULTIVODA
BANANEIRAAna Lcia Borges
Luciano da Silva SouzaEditores
Cruz das Almas BA2004
Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:
Embrapa Mandioca e FruticulturaRua Embrapa, s/nCEP 44380-000Caixa Postal 007 - Cruz das Almas, BahiaFone: (75) 621-8000Fax: (75) 621-8097Homepage: http://www.cnpmf.embrapa.brE-mail: [email protected]
Comit de Publicaes da Unidade
Domingo Haroldo Reinhardt - PresidenteCristina Maria Barbosa Cavalcante Bezerra Lima - SecretriaAdilson Kenji KobayashiAlberto Duarte VilarinhosCarlos Alberto da Silva LedoFernanda Vidigal Duarte SouzaFrancisco Ferraz Laranjeira BarbosaGetlio Augusto Pinto da CunhaMrcio Eduardo Canto Pereira
Supervisor editorial::Domingo Haroldo Reinhardt
Revisor de texto:Comit de Publicaes Local
Normalizao bibliogrfica:Snia Maria Maciel Cordeiro
Capa:Maria da Conceio Borba
Editorao eletrnica:Maria da Conceio Borba
Foto da capa:Mrcio Eduardo Canto Pereira
Tratamento das ilustraes:Maria da Conceio Borba
1a edio1a impresso (2004)1000 exemplares
Todos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em
parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei no 9.610).
O cultivo da bananeira / Ana Lcia Borges,Luciano da Silva Souza, editores; autores, AldoVilar Trindade... [et al.]. Cruz das Almas :Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004.279p. : il. ; 22 cm.
ISBN: 85-7158-010-3
1. Banana - Cultivo. I Borges, Ana Lcia. II Souza,Luciano da Silva. III. Trindade, Aldo Vilar.
CDD: 634.722 (21. ed.) Embrapa 2004
Autores
ALDO VILAR TRINDADEEngenheiro Agrnomo, DSc. em Microbiologia do Solo,Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, C.P. 007,CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
ANA LCIA BORGESEngenheira Agrnoma, DSc. em Solos e Nutrio de Plantas,Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
ANTNIO HERIBERTO DE CASTRO TEIXEIRAEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Climatologia Agrcola,Pesquisador da Embrapa Semi-rido. C.P. 23, CEP 56300-970 Petrolina-PE. [email protected]
ARISTOTELES PIRES DE MATOSEngenheiro Agrnomo, PhD. em Fitopatologia, Pesquisador daEmbrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
CECLIA HELENA SILVINO PRATA RITZINGEREngenheira Agrnoma, PhD. em Nematologia e Fitopatologia,Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007,CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
CLVIS OLIVEIRA DE ALMEIDA,Engenheiro Agrnomo, DSc. em Economia Aplicada, Pesquisadorda Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
DILSON DA CUNHA COSTAEngenheiro Agrnomo, DSc. em Fitopatologia, Pesquisador daEmbrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
DIO LUIZ DA COSTAEngenheiro Agrcola, M.Sc. em Engenharia Agrcola, Pesquisadorda Epamig-Centro Tecnolgico do Norte de Minas. C.P. 12,CEP 56300-970 Nova Porteirinha-MG. [email protected]
LIO JOS ALVESEngenheiro Agrnomo, MSc. em Fitotecnia, PesquisadorAposentado da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Rua CasteloBranco, 195 Bairro Lauro Passos, CEP 44380-000 Cruz dasAlmas-BA. [email protected]
EUGNIO FERREIRA COELHOEngenheiro Agrcola, PhD. em Engenharia de Irrigao, Pesquisadorda Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
FERNANDO CSAR AKIRA URBANO MATSUURAEngenheiro Agrnomo, MSc. em Tecnologia de Alimentos,Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007,CEP 44380-000 Cruz das Almas BA.
JANAY ALMEIDA DOS SANTOS-SEREJOEngenheira Agrnoma, DSc. em Gentica e Melhoramento de Plantas,Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007,CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
JOS EDUARDO BORGES DE CARVALHOEngenheiro Agrnomo, DSc. em Solos e Nutrio de Plantas,Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
JOS DA SILVA SOUZAEngenheiro Agrnomo, MSc. em Economia Rural, Pesquisadorda Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
LUCIANO DA SILVA SOUZAEngenheiro Agrnomo, DSc. em Cincia do Solo, Pesquisadorda Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
MARCELO DO AMARAL SANTANAAdministrador, BSc. com especializao (Lato Sensu) emEconomia Financeira e Anlise de Investimentos, Tcnico de NvelSuperior da Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
MARCELO BEZERRA LIMAEngenheiro Agrnomo, MSc. em Fitotecnia, Pesquisador daEmbrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
MARCIO EDUARDO CANTO PEREIRAEngenheiro Agrnomo, MSc. em Fitotecnia, Pesquisador daEmbrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
MARILENE FANCELLIEngenheira Agrnoma, DSc. em Cincias, Pesquisadora daEmbrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
MARILIA IEDA DA SILVEIRA FOLEGATTIZootecnista, DSc. em Tecnologia de Alimentos, Pesquisadora daEmbrapa Meio Ambiente. C.P. 69, CEP 13820-000 Jaguarina-SP. [email protected]
PAULO ERNESTO MEISSNER FILHOEngenheiro Agrnomo, DSc. em Fitopatologia/Virologia, Pesquisadorda Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
SEBASTIO DE OLIVEIRA E SILVAEngenheiro Agrnomo, DSc. em Fitomelhoramento, Pesquisadorda Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
VALDIQUE MARTINS MEDINAEngenheiro Agrnomo, MSc. em Fisiologia Vegetal, Pesquisadorda Embrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
ZILTON JOS MACIEL CORDEIROEngenheiro Agrnomo, DSc. em Fitopatologia, Pesquisador daEmbrapa Mandioca e Fruticultura. C.P. 007, CEP 44380-000 Cruz das Almas BA. [email protected]
A Embrapa a grande responsvel pelo avano daproduo agropecuria brasileira nos ltimos anos, pela
abertura das novas fronteiras agrcolas e pelo extraordinrioaumento da produtividade no campo. Ao longo de trs dcadas,
a Embrapa tem garantido o suporte indispensvel produode alimentos e ser ainda mais importante na tarefa, j iniciada
pelo Governo Lula, de riscar a fome do nosso mapa social.
Roberto RodriguesMinistro da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
Folha da Embrapa no 65, p. 2, 2003
Apresentao
A Embrapa Mandioca e Fruticultura coloca mais umavez disposio dos tcnicos e produtores de banana doPas o livro O cultivo da bananeira, que rene, em 15captulos, toda a cadeia produtiva da cultura, abordando asexigncias edafoclimticas, o preparo e a conservao dosolo, a calagem e a adubao, as variedades, a propagao,o estabelecimento do pomar, os tratos culturais e a colheita,a irrigao, as doenas e os mtodos de controle, osnematides e as alternativas de manejo, as pragas e o seucontrole, a ps-colheita, o processamento, a comercializaoe os custos e a rentabilidade.
A cultura da banana tem grande importncia econmicapara o Brasil, destacando-se como a segunda fruta maisimportante em rea colhida, quantidade produzida, valor daproduo e consumo. cultivada por grandes, mdios epequenos produtores, sendo 60% da produo provenienteda agricultura familiar.
O mercado interno o principal consumidor de banana,representando as exportaes apenas 3,4% da produo. Em2003, o agronegcio da banana exportou mais de 30 milhesde dlares, principalmente provenientes dos Estados de SantaCatarina e do Rio Grande do Norte.
A grande importncia da bananicultura est atualmentesendo reforada pelas diretrizes da produo integrada queesto sendo implementadas na cultura, envolvendo as boas
prticas de manejo agrcola, o que certamente, levar obteno de frutos de qualidade superior e de maior lucropara os produtores, proporcionando assim uma melhorqualidade de vida para todos, consumidores e produtores.
Este l ivro ref lete vrios anos de conhecimentoacumulado e de resultados de pesquisa dos autores,acreditando-se que as informaes nele contidas sero teispara todos aqueles envolvidos no agronegcio da banana.
Ana Lcia Borges e Luciano da Silva Souza
Pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura
Editores
Sumrio
Introduo ..................................................................................... 13Captulo I - Exigncias Edafoclimticas ..................................... 15
1.1. Condies Edficas .............................................................. 161.2. Condies Climticas ........................................................... 191.3. Escolha da rea para o plantio da bananeira ......................... 22
Captulo II - Preparo e Conservao do Solo ............................ 242.1. Preparo do Solo .................................................................... 242.2. Conservao do Solo ............................................................ 27
Captulo III - Calagem e Adubao ............................................. 323.1. Recomendaes de Calagem e Adubao ............................ 343.2. Anlise Qumica Foliar .......................................................... 43
Captulo IV Variedades ............................................................. 454.1. Variedades Tradicionais ........................................................ 454.2. Novas Variedades.................................................................. 474.3. Escolha da Variedade ........................................................... 58
Captulo V Propagao ............................................................. 595.1. Mtodos Convencionais ........................................................ 595.2. Micropropagao ................................................................... 75
Captulo VI - Estabelecimento do Pomar ................................... 876.1. poca de Plantio ................................................................... 876.2. Espaamento e Densidade ................................................... 886.3. Sulcamento e Coveamento .................................................... 986.4. Seleo e Preparo das Mudas .............................................. 996.5. Plantio e Replantio ................................................................ 104
Captulo VII - Tratos Culturais e Colheita ................................... 1077.1. Manejo de Plantas Infestantes .............................................. 1077.2. Controle Cultural ................................................................... 1127.3. Desbaste .............................................................................. 1137.4. Desfolha ................................................................................ 1187.5. Escoramento......................................................................... 1207.6. Ensacamento do Cacho ........................................................ 1217.7. Colheita ................................................................................. 1237.8. Corte do Pseudocaule Aps a Colheita ................................. 130
Captulo VIII Irrigao ............................................................... 1328.1. Mtodos de Irrigao ............................................................. 1328.2. Necessidades Hdricas.......................................................... 1348.3. Resposta da Bananeira Irrigao ........................................ 1378.4. Manejo da Irrigao ............................................................... 1398.5. Qualidade da gua e Salinidade............................................ 144
12
Captulo IX - Doenas e Mtodos de Controle ........................... 1469.1. Doenas Fngicas ................................................................ 1469.2. Doenas Bacterianas ............................................................ 1739.3. Doenas Virticas ................................................................. 180
Captulo X - Nematides e Alternativas de Manejo ................... 18310.1. Nematide Caverncola (Radopholus similis) ....................... 18410.2. Nematide das Leses (Pratylenchus coffeae) .................... 18510.3. Nematide Espiralado (Helicotylenchus multicinctus) .......... 18610.4. Nematide das Galhas (Meloidogyne spp.) .......................... 18710.5. Alternativas de Manejo Integrado ......................................... 188
Captulo XI - Pragas e seu Controle ............................................ 19511.1. Broca-do-rizoma - Cosmopolites sordidus (Germ.)
(Coleoptera: Curculionidae) ................................................. 19511.2. Tripes .................................................................................. 20111.3. Lagartas Desfolhadoras - Caligo spp., Opsiphanes spp.
(Lepidoptera: Nymphalidae), Antichloris spp. (Lepidoptera:Arctiidae) ............................................................................ 204
11.4. Abelha Arapu - Trigona spinipes (Fabr.) (Hymenoptera:Apidae) ............................................................................... 206
11.5. Broca-Rajada - Metamasius hemipterus (Coleoptera:Curculionidae) ..................................................................... 206
11.6. caros de Teia - Tetranychus spp. (Acari: Tetranychidae) .... 20711.7. Traa da Bananeira - Opogona sacchari (Bojer)
(Lepidoptera: Lyonetiidae) ................................................... 208Captulo XII - Ps-colheita ........................................................... 209
12.1. Beneficiamento ................................................................... 20912.2. Classificao ....................................................................... 21312.3. Embalagem ......................................................................... 21712.4. Conservao Ps-colheita ................................................... 21912.5. Maturao Controlada Climatizao ................................. 222
Captulo XIII Processamento .................................................... 23213.1. Aspectos Nutricionais .......................................................... 23413.2. Aspectos Tecnolgicos ........................................................ 23513.3. Matria-prima ...................................................................... 235 13.4. Produtos ............................................................................ 237
Captulo XIV Comercializao ................................................. 24514.1. Produo e Problemas na Comercializao ........................ 24514.2. Concentrao da Produo e Comportamento dos Preos .. 25114.3. Insero do Brasil no Mercado Externo ............................... 253
Captulo XV- Custos e Rentabilidade .......................................... 25615.1. Custos de Instalao e de Manuteno ............................... 25815.2. Rentabilidade Esperada ....................................................... 261
Captulo XVI Referncias Bibliogrficas ................................. 263
13
A banana, Musa spp., uma das frutas mais consumidasno Mundo, cultivada na maioria dos pases tropicais. Constituiimportante fonte de alimento, podendo ser utilizada verde oumadura, crua ou processada (cozida, frita, assada eindustrializada). Possui vitaminas (A, B e C), minerais (Ca, K eFe) e baixos teores calrico (90 a 120 kcal/100 g) e de gordura(0,37 a 0,48 g/100g). Alm de conter aproximadamente 70% degua, o material slido formado principalmente de carboidratos(23 a 32 g/100g), protenas (1,0 a 1,3 g/100g) e gorduras.
Em 2003, a produo mundial de banana, para consumoin natura, foi de aproximadamente 68 milhes de toneladas,sendo a ndia o maior produtor (24,1%), seguido do Brasil (9,5%),China (8,5%) e Equador (8,2%). Quanto aos pltanos conceitoestabelecido para banana consumida frita, cozida ou assada , aproduo mundial foi de 33 milhes de toneladas; o ContinenteAfricano, apesar de apresentar a menor produtividade (5,72 t/ha),representou 71,4% desse total; Uganda (30,1%), Colmbia (8,9%)e Ruanda (8,5%) foram os pases maiores produtores mundiais.
No Brasil, a bananeira cultivada de Norte a Sul, numarea aproximada de 503 mil hectares em 2002, envolvendo desdea faixa litornea at os planaltos interioranos, sendo 99% daproduo destinada ao mercado interno. As Regies Sudeste eNordeste do Brasil, juntas, respondem por 66,6% da produonacional (6.422.855 toneladas). Em 2002, os Estados maioresprodutores foram: So Paulo (1.151.600 t), Bahia (763.901 t),Par (723.694 t), Santa Catarina (628.850 t) e Minas Gerais(607.575 t).
Introduo
14
15
Captulo IExigncias Edafoclimticas
A bananeira (Musa spp.) uma planta monocotilednea eherbcea, ou seja, a parte area cortada aps a colheita.Apresenta caule subterrneo (rizoma), de onde saem as razesprimrias, em grupos de trs ou quatro, totalizando 200 a 500razes, com espessura predominante menor que 0,5 mm,podendo atingir at 8 mm, sendo brancas e tenras quando novase saudveis, tornando-se amareladas e endurecidas com otempo. O sistema radicular fasciculado, podendo atingirhorizontalmente at 5 m; no entanto, mais comum de 1 a 2 m,dependendo da variedade e das condies do solo; tambmsuperficial, com aproximadamente 30% localizadas naprofundidade de 0-10 cm e 82% concentrando-se na camadade 0-50 cm.
O pseudocaule formado por bainhas foliares, terminandocom uma copa de folhas compridas e largas, com nervura centraldesenvolvida. Uma planta pode emitir de 30 a 70 folhas, com oaparecimento de uma nova folha a cada 7 a 11 dias. Ainflorescncia sai do centro da copa, apresentando brcteasovaladas, de colorao geralmente roxo-avermelhada, em cujasaxilas nascem as flores. De cada conjunto de flores formam-seas pencas (7 a 15), apresentando nmero varivel de frutos (40a 220), dependendo da variedade.
Os fatores que influenciam no crescimento e produodas bananeiras classificam-se em fatores internos e externos.Os fatores internos esto relacionados com as caractersticas
Ana Lcia BorgesLuciano da Silva Souza
16
genticas da variedade utilizada, enquanto que os externosreferem-se s condies edficas (solo), ambientais (clima),agentes biticos e ao do homem interferindo nos fatoresedficos e climticos.
1.1. Condies Edficas
1.1.1. TopografiaOs terrenos planos a levemente ondulados (< 8%) so os
mais adequados, pois facilitam o manejo da cultura, amecanizao, as prticas culturais, a colheita e a conservaodo solo. So consideradas no adequadas reas com declividadesuperior a 30%, pois so necessrias rigorosas medidas decontrole da eroso do solo.
1.1.2. ProfundidadeApesar de a bananeira apresentar sistema radicular
predominantemente superficial (62% de 0 a 30 cm), importanteque o solo seja profundo, com mais de 75 cm sem qualquerimpedimento; consideram-se inadequados aqueles comprofundidade efetiva inferior a 25 cm.
Recomenda-se, para o bom desenvolvimento dabananeira, que os solos no apresentem camada impermevel,pedregosa ou endurecida e nem lenol fretico a menos de ummetro de profundidade.
Em solos compactados, as razes da bananeira raramenteatingem profundidades abaixo de 60 a 80 cm, fazendo com queas plantas fiquem sujeitas a tombamento. Da, a importncia deobservar-se o perfil do solo como um todo, e no apenas ascamadas superficiais.
17
1.1.3. AeraoA disponibilidade adequada de oxignio fundamental para
o bom desenvolvimento do sistema radicular da bananeira.Quando h falta de oxignio, as razes perdem a rigidez, adquiremuma cor cinza-azulada plida e apodrecem rapidamente. A maerao do solo pode ser provocada pela compactao ouencharcamento do mesmo.
Em reas com tendncia a encharcamento, deve-seestabelecer um bom sistema de drenagem, para melhorar ascondies de aerao do solo. Os solos cultivados com bananadevem ter boas profundidade e drenagem interna, para que osexcessos de umidade sejam drenados rapidamente e que o nveldo lenol fretico mantenha-se a mais de 1,80 m de profundidade.
1.1.4. SolosA bananeira cultivada e se desenvolve em diversos
solos. A Tabela 1.1 mostra os solos onde ela cultivada no Brasil,suas principais limitaes e as prticas de manejo recomendadas.
Na escolha dos solos para o cultivo de bananeira, oconhecimento de suas propriedades fsicas e qumicas importante para o sucesso do cultivo. Vale ressaltar que,enquanto as caractersticas qumicas dos solos podem seralteradas com adubaes, a correo das caractersticas fsicasno oferece a mesma facilidade; sua modificao exige grandedispndio de tempo e de recursos financeiros.
Informaes mais detalhadas sobre as principaispropriedades fsicas e qumicas do solo so obtidas mediante asua anlise.
Em todo o Brasil encontram-se condies edficasfavorveis ao cultivo de bananeira. Contudo, nem sempre soutilizados os solos mais adequados, o que se reflete em baixaprodutividade e m qualidade dos frutos.
18
Tabela 1.1. Classes de solos cultivados com bananeira no Brasil,suas limitaes e prticas de manejo recomendadas.
1Entre parnteses aparece a classificao pelo novo Sistema Brasileiro de Classificao de Solos(Embrapa, 1999).
2Referem-se s limitaes apresentadas pela maioria dos solos da classe, embora existam namesma solos sem ou com pequenas limitaes. Por exemplo, na classe dos Latossolos existemLatossolos Vermelho-Escuros Eutrficos, sem ou com pequenas limitaes para a bananeira; aslimitaes citadas para esta classe referem-se aos Latossolos Distrficos, Latossolo Amarelo,Latossolo variao Una etc. O mesmo vlido para as demais classes.
CLASSES1 LIMITAES2 PRTICAS DE MANEJO
Aluviais(NEOSSOLOS)
Pouca profundidade, m drenagem,baixa fertilidade, heterogeneidade.
Drenagem, calagem, adubao.
Areias Quartzosas(NEOSSOLOS)
Baixo armazenamento de gua enutrientes.
Calagem, adubao, irrigao(maior parcelamento).
Bruno no-clcicos(LUVISSOLOS)
Pouca profundidade, pedregosidade,carter sdico.
Irrigao e drenagem.
Cambissolos(CAMBISSOLOS)
Pouca profundidade, baixafertilidade, relevo movimentado.
Calagem, adubao, curvas denvel, renques de vegetao.
Gleis(GLEISSOLOS)
M drenagem, baixa fertilidade,presena de argila 2:1.
Drenagem, calagem, adubao,prticas de cultivo do solo.
Latossolos(LATOSSOLOS)
Acidez, baixa CTC, baixos teores denutrientes, adensamento, baixo
armazenamento de gua.
Calagem, adubao, prticas decultivo do solo (leguminosas,
subsolagem), irrigao.Orgnicos(ORGANOSSOLOS)
Pouca profundidade (lenol freticoelevado), alto poder tampo, baixa
fertilidade.
Drenagem, calagem, adubao.
Planossolos(PLANOSSOLOS)
Pouca profundidade, m drenagem,adensamento, baixa fertilidade,
carter soldico.
Drenagem, calagem, adubao,prticas de cultivo do solo
(leguminosas, escarificao).Podzlicos(ALISSOLOS,ARGISSOLOS)
Aumento do teor de argila emprofundidade, adensamento, acidez,
baixa CTC, compactao, baixosteores de nutrientes.
Prticas de cultivo do solo(leguminosas, subsolagem),
calagem, adubao, drenagem.
Regossolos(NEOSSOLOS)
Baixo armazenamento de gua enutrientes.
Calagem, adubao, irrigao(maior parcelamento).
Vertissolos(VERTISSOLOS)
Alto teor de argila 2:1,encharcamento, compactao.
Irrigao, drenagem, prticas decultivo do solo (leguminosa,
camalho).
19
1.2. Condies Climticas
1.2.1. TemperaturaA temperatura tima para o desenvolvimento normal das
bananeiras comerciais situa-se em torno dos 28oC. Considera-se a faixa de 15oC a 35oC de temperatura como os limitesextremos para a explorao racional da cultura. Havendosuprimento de gua e de nutrientes, essa faixa de temperaturainduz ao crescimento mximo da planta.
Abaixo de 15oC, a atividade da planta paralisada.Temperaturas inferiores a 12oC provocam um distrbio fisiolgicoconhecido como chilling ou friagem, que prejudica os tecidosdos frutos, principalmente os da casca. O chilling pode ocorrernas regies subtropicais onde a temperatura mnima noturnaatinge a faixa de 4,5oC a 10oC. Esse fenmeno mais comumno campo, mas pode ocorrer tambm durante o transporte doscachos, na cmara de climatizao ou logo aps a banana colorir-se de amarelo. As bananas afetadas pela friagem tm oprocesso de maturao prejudicado.
Baixas temperaturas tambm provocam a compactaoda roseta foliar, dificultando o lanamento da inflorescncia ouprovocando o seu engasgamento, o qual deforma o cacho,inviabilizando a sua comercializao. Quando a temperaturabaixa a 0oC, sobrevem a geada, causadora de graves prejuzos,tanto para a safra atual ou pendente, como para a que se seguir.
Por outro lado, o desenvolvimento da planta inibido emtemperaturas acima de 35oC, em conseqncia, principalmente,da desidratao dos tecidos, sobretudo das folhas, especialmentesob condies de sequeiro.
1.2.2. PrecipitaoA bananeira uma planta com elevado e contnuo consumo
de gua, devido morfologia e hidratao de seus tecidos. Asmaiores produes de banana esto associadas a uma precipitao
20
total anual de 1.900 mm, bem distribuda no decorrer do ano, ouseja, representando 160 mm/ms e 5 mm/dia.
A carncia em gua adquire maior gravidade nas fases dediferenciao floral (perodo floral) e no incio da frutificao.Quando submetida a severa deficincia hdrica no solo, a rosetafoliar se comprime, dificultando ou at mesmo impedindo olanamento da inflorescncia. Em conseqncia, o cacho podeperder seu valor comercial.
Alm das condies de evapotranspirao, o suprimentode gua est relacionado com o tipo de solo, podendo o limite de100 mm/ms ser suficiente para solos mais profundos e com boacapacidade de reteno de umidade, sendo de 180 mm/ms parasolos com menor capacidade de reteno. fundamental, porm,que o fornecimento de gua assegure uma disponibilidade noinferior a 75% da capacidade de reteno de gua do solo, semque ocorra o risco de saturao do mesmo, o que prejudicaria asua aerao.
Assim, a precipitao efetiva anual seria de 1.200-2.160mm/ano.
1.2.3. LuminosidadeA bananeira requer alta luminosidade, ainda que a durao
do dia, aparentemente, no influa no seu crescimento e frutificao.
Em regies de alta luminosidade, o perodo para que ocacho atinja o ponto de corte comercial de 80 a 90 dias aps asua emisso, enquanto que, em regies com baixa luminosidadeem algumas pocas do ano, o perodo necessrio para o cachoalcanar o ponto de corte comercial varia de 85 a 112 dias. Sobluminosidade intermediria, a colheita se processa entre 90 e 100dias a partir da emisso do cacho.
A atividade fotossinttica acelera rapidamente quando ailuminao encontra-se na faixa de 2.000 a 10.000 lux (lumn intensidade de iluminncia/m2), sendo mais lenta na faixa entre10.000 e 30.000 lux, em medies feitas na superfcie inferior dasfolhas, onde os estmatos so mais abundantes. Valores baixos
21
(inferiores a 1.000 lux) so insuficientes para que a planta tenhabom desenvolvimento. J os nveis excessivamente altos podemprovocar a queima das folhas, sobretudo quando estas encontram-se na fase de cartucho ou recm-abertas. Da mesma forma, ainflorescncia tambm pode ser prejudicada por esse fator.
1.2.4. VentoO vento outro fator climtico que influencia no cultivo da
bananeira, podendo causar desde pequenos danos at destruiodo bananal. Os prejuzos causados pelo vento so proporcionais sua intensidade e podem provocar: a) chilling ou friagem, nocaso de ventos frios; b) desidratao da planta, em conseqnciade grande evaporao; c) fendilhamento das nervuras secundriasdas folhas; d) diminuio da rea foliar, pela dilacerao da folhafendilhada; e) rompimento de razes; f) quebra da planta; e g)tombamento da planta.
Perdas de colheita provocadas pelos ventos tm sidorelatadas na bananicultura e podem ser estimadas entre 20% e30% da produo total. De maneira geral, a maioria das variedadessuporta ventos de at 40 km/hora. Velocidades entre 40 e 55 km/hora produzem danos moderados como, por exemplo, odesprendimento parcial ou total da planta, a quebra dopseudocaule e outras injrias que vo depender da idade da planta,da variedade, do seu desenvolvimento e altura. A destruio podeser total, quando os ventos atingem velocidade superior a 55 km/hora. Contudo, variedades de porte baixo podem suportar ventosde at 70 km/h.
As variedades de porte baixo (Nanica) so mais resistentesao vento do que as de porte mdio (Nanico e Grande Naine).Em virtude das perdas sofridas pela variedade Valery, por causada ao dos ventos, tem-se procedido a sua substituio pelaGrande Naine, que quatro a cinco vezes mais resistente.
Em reas sujeitas incidncia de vento recomenda-se ouso de quebra-ventos como, por exemplo, cortinas de bambu, deMusa balbisiana, de Musa textilis ou de outras plantas.
22
1.2.5. Umidade relativaA bananeira, como planta tpica das regies tropicais midas,
apresenta melhor desenvolvimento em locais com mdias anuais deumidade relativa superiores a 80%. Esta condio acelera a emissodas folhas, prolonga sua longevidade, favorece a emisso dainflorescncia e uniformiza a colorao dos frutos. Contudo, quandoassociada a chuvas e a temperaturas elevadas, provoca ocorrnciade doenas fngicas, principalmente a Sigatoka-amarela.
Por outro lado, a baixa umidade relativa do ar proporciona folhasmais coriceas e com vida mais curta.
1.2.6. AltitudeA bananeira cultivada em altitudes que variam de 0 a 1.000 m
acima do nvel do mar. Com as variaes de altitude, a durao dociclo da bananeira alterada. Por exemplo, bananeiras do tipoCavendish, cultivadas em baixas altitudes (0 a 300 m), apresentaramciclo de 8 a 10 meses, enquanto que, em regies localizadas a 900 macima do nvel do mar, foram necessrios 18 meses para completar oseu ciclo. Comparaes de bananais conduzidos sob as mesmascondies de cultivo, solos, chuvas e umidade evidenciaram aumentode 30 a 45 dias no ciclo de produo para cada 100 m de acrscimona altitude.
A altitude influencia nos fatores climticos (temperatura, chuva,umidade relativa e luminosidade, entre outros) que, conseqentemente,afetaro o crescimento e a produo da bananeira.
1.3. Escolha da rea para o plantio da bananeira
evidente que, na escolha da rea para o cultivo da bananeira,devero ser contempladas as exigncias edficas e climticasanteriormente abordadas. Essas e alguns aspectos complementares,relativos capacidade de uso de reas para o cultivo da bananeira,so mostrados na Tabela 1.2.
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Embora a bananeira seja uma planta pouco degradadorado solo e pouco erosiva, isso no dispensa a escolha de reasaptas para o seu cultivo, como abordado no captulo anterior.Alm disso, importante a utilizao de prticas como o preparoadequado do solo, para promover o crescimento radicular tantoem volume quanto em profundidade, o uso de cobertura morta eo plantio de culturas de cobertura, ambos para manter o solocoberto, reduzir as enxurradas e reciclar nutrientes, entre outras.
2.1. Preparo do Solo
De modo geral, o preparo do solo visa melhorar ascondies fsicas do terreno para o crescimento das razes,mediante aumento da aerao e da infiltrao de gua e reduoda resistncia do solo expanso das mesmas; visa ainda aocontrole de plantas infestantes. O preparo adequado do solopermite o uso mais eficiente tanto dos corretivos de acidez comodos fertilizantes, alm de outras prticas agronmicas.
2.1.1. CuidadosNo preparo do solo, os seguintes cuidados so
recomendados:
Captulo IIPreparo e Conservao
do Solo
Luciano da Silva SouzaAna Lcia Borges
25
a) Alternar o tipo de implemento empregado e aprofundidade de trabalho. O uso de implementos comdiferentes mecanismos de corte do solo (arado de disco, aradode aiveca etc.) e em diferentes profundidades importante paraminimizar o risco de formao de camadas compactadas e dedegradao do solo.
b) Revolver o solo o mnimo possvel. A quebraexcessiva dos torres, com a pulverizao do solo, deixa-o maisexposto ao aparecimento de crostas superficiais e, porconseguinte, eroso.
c) Trabalhar o solo em condies adequadas deumidade. O preparo do solo com umidade excessiva aumenta orisco de compactao, alm de provocar a aderncia de terraaos implementos, dificultando o trabalho. Quando o solo estmuito seco, o seu preparo resulta na formao de grandes torrese na necessidade de maior nmero de gradagens para destorroaro terreno. A condio ideal de umidade para trabalhar o terrenose d quando o solo est frivel, ou seja, suficientemente midopara nem levantar poeira durante o seu preparo e nem aderiraos implementos.
d) Conservar o mximo de resduos vegetais sobre asuperfcie do terreno. Os resduos evitam ou diminuem oimpacto das gotas de chuva na superfcie do solo, causa dedegradao da sua estrutura. Tambm constituem um empecilhoao fluxo das enxurradas, cuja velocidade reduzida, diminuindo,em conseqncia, a sua capacidade de desagregao e detransporte de solo. Atuam ainda na conservao da umidade ena amenizao da temperatura do solo.
Para a cultura da banana, o preparo da rea para plantiopode ser feito manualmente ou com o uso de mquinas.
2.1.2. Preparo manualNo preparo manual, feita inicialmente a limpeza da rea,
com a derrubada ou roagem do mato, a destoca, o
26
encoivaramento e a queima das coivaras; o preparo do solo limita-se ao coveamento manual. Em reas com vegetao arbreapode-se efetuar a destoca gradativa ano a ano, aps o plantio,tendo-se o cuidado de que as rvores cadas no obstruam oscanais de drenagem naturais ou artificiais e que no interfiramnas possveis linhas de plantio. Os resduos das rvores podemdurar bastante tempo em decomposio, podendo ocasionardistrbios nas operaes de cultivo e colheita da planta. Essesistema tradicional tem como vantagens no perturbardemasiadamente o solo e manter a matria orgnica distribudauniformemente sobre este.
2.1.3. Preparo mecanizadoNo preparo mecanizado, a limpeza da rea feita por
mquinas, tendo-se o cuidado de no remover a camada superficialdo solo, que rica em matria orgnica. Procede-se em seguida arao, gradagem e ao coveamento ou sulcagem para plantio.reas anteriormente cultivadas com pastagens ou que apresentamhorizontes subsuperficiais compactados ou endurecidos devemser subsoladas a 50-70 cm de profundidade, para que o sistemaradicular da planta penetre mais profundamente no solo. Por essarazo, na escolha da rea para plantio importante observar operfil do solo como um todo, para detectar a presena de camadascompactadas ou endurecidas, e no apenas se restringir scamadas superficiais. Como a maioria das razes da bananeiraocupa os primeiros 30 cm de profundidade, a arao deve ser feitano mnimo a 20 cm da superfcie do solo, ou mais profundamente,se possvel. Em reas declivosas deve-se reduzir o uso demquinas, a fim de no acelerar a eroso do solo. Em todos oscasos, recomenda-se o uso de mquinas e implementos do menorpeso possvel, bem como a execuo das operaesacompanhando sempre as curvas de nvel do terreno.
Uma alternativa de preparo primrio do solo, em substituio arao, a escarificao, que rompe o solo da camada arvelat o mximo de 25 a 30 cm de profundidade, por meio de
27
implementos denominados escarificadores. O escarificadorpulveriza menos o solo do que o arado, deixa a superfcie bemmais rugosa e com uma boa quantidade de resduos vegetais,resultando em efeito altamente positivo no controle da eroso.Esse sistema de preparo do solo altamente promissor na culturada bananeira, cuja maioria dos plantios est localizada em reascom declive acentuado.
Em reas sujeitas a encharcamento, indispensvelestabelecer um bom sistema de drenagem. O excesso continuadode umidade no solo por mais de trs dias promove perdasirreparveis no sistema radicular, com reflexos negativos naproduo da bananeira. Por essa razo, os solos cultivados combanana devem ter boas profundidade e drenagem interna, paraque os excessos de umidade sejam drenados rapidamente eque o nvel do lenol fretico mantenha-se a no menos de 1,80m de profundidade.
2.2. Conservao do Solo
A conservao do solo representa o conjunto de prticasagrcolas destinadas a preservar a fertilidade qumica e ascondies fsicas e microbiolgicas do solo. Historicamente,entretanto, no Brasil tem sido vista como sinnimo de prticasmecnicas de controle da eroso (terraos, banquetas, cordesem contorno e outras) que, se usadas isoladamente, agemsomente sobre 5% da eroso hdrica do solo. As maiores perdasde solo e gua em reas com declive acentuado, cerca de 95%da eroso hdrica do solo, so provocadas pelas gotas de chuvaque, ao carem sobre o solo descoberto, rompem e pulverizamos agregados superficiais, produzindo maior ou menorencrostamento da terra, dependendo da cobertura vegetalexistente, da intensidade da chuva e da declividade do terreno.Com a formao de crostas superficiais, a velocidade deinfiltrao de gua se reduz, cuja conseqncia o aumento dovolume das enxurradas e de seus efeitos danosos.
28
O princpio bsico da conservao do solo deve ser o demanter a produtividade do solo prxima da sua condiooriginal, ou o de recuper-lo, caso sua produtividade seja baixa,usando-se, para tanto, sistemas de manejo capazes de controlara ao dos agentes responsveis pela degradao do solo edaqueles condicionantes do processo erosivo.
De preferncia, o cultivo comercial da bananeira deve serfeito em terrenos planos, para facilitar as operaes de cultivo eevitar a formao de focos de eroso, to comuns em reas dedeclive. No entanto, nas principais regies produtoras do Pas, amaioria dos plantios de banana est localizada em reas comdeclive acentuado. Por isso mesmo, a conservao do solo nabananeira assume grande importncia como prtica de cultivo,sobretudo no primeiro ciclo da cultura, quando o solo permanecedescoberto durante grande parte do ano. Neste caso especfico,a manuteno de cobertura morta sobre o solo uma prticabastante recomendvel, uma vez que, isoladamente, essa tcnica a que mais responde pelo controle da eroso, alm de produziroutros efeitos benficos (incorporar matria orgnica e nutrientes,conservar a umidade do solo, amenizar a temperatura do solo,diminuir a incidncia de plantas infestantes etc.).
Um outro aspecto a considerar que, por serem mnimasas reservas hdricas da bananeira, as plantas so obrigadas aequilibrar constantemente, pela absoro radicular, as perdasde gua por transpirao. Portanto, em todas as fases dedesenvolvimento da bananeira, a deficincia temporria de guano solo causa srios danos planta: no perodo vegetativo, afalta de gua afeta a taxa de desenvolvimento das folhas; noflorescimento, limita o crescimento e o nmero de frutos; e noperodo de formao do cacho, afeta o tamanho e o enchimentodos frutos.
Esses aspectos so particularmente importantes naRegio Nordeste do Brasil, que responde por parte expressivada produo de banana do Pas. Essa regio caracteriza-se porapresentar deficincia hdrica no solo durante alguns meses do
29
ano e, para mant-lo com umidade adequada por todo o ciclo dabananeira, necessrio o uso da irrigao convencional ou autilizao de prticas alternativas capazes de manter a suaumidade prxima capacidade de campo. A utilizao deespcies vegetais como plantas de cobertura ou melhoradorasdo solo e/ou de cobertura morta com resduos vegetais podemser solues alternativas para os estresses hdricos a que sosubmetidos os bananais desta regio, protegendo tambm asreas contra a eroso e a degradao do solo.
2.2.1. Plantas melhoradoras do soloAs leguminosas destacam-se entre as espcies vegetais
que podem ser utilizadas como plantas melhoradoras do solo,pela sua caracterstica em obter a quase totalidade do nitrognioque necessitam por meio da simbiose com bactrias especficas,as quais, ao se associarem com as leguminosas, utilizam onitrognio atmosfrico transformando-o em compostosnitrogenados; alm disso, apresentam razes geralmente bemramificadas e profundas, que atuam estabilizando a estruturado solo.
Vrios trabalhos de pesquisa tm mostrado efeitosbenficos da utilizao de leguminosas nas entrelinhas dobananal, como plantas melhoradoras do solo. Dentre asleguminosas avaliadas foi observado melhor comportamento parao feijo-de-porco (Canavalia ensiformis), soja perene (Glycinejavanica), leucena (Leucaena leucocephala) e guandu (Cajanuscajan). O feijo-de-porco um dos que mais se destacam, pelogrande volume de massa verde que produz, pela agressividadedo seu sistema radicular, pela grande competio com as plantasinfestantes e pela ampla adaptabilidade a condies variadas desolo e clima, apesar de sua tolerncia a sombreamento parcial.Aumentos de produtividade da bananeira da ordem de 188% e127% foram observados, respectivamente, para a implantaode soja perene e feijo-de-porco nas entrelinhas do bananal, emcomparao com bananeiras cultivadas em terreno mantido
30
permanentemente limpo. Recomenda-se o plantio da leguminosano incio do perodo chuvoso, ceifando-a na florao ou ao finaldas chuvas e deixando a massa verde na superfcie do solo, comocobertura morta.
No Estado do Rio de Janeiro, as coberturas de soloestabelecidas pelas leguminosas herbceas siratro (Macroptiliumatropurpureum) e cudzu tropical (Pueraria phaseoloides)proporcionaram cachos de bananeira Nanico,respectivamente, 84% e 74% maiores do que no tratamento comvegetao espontnea (capim colonio).
2.2.2. Cobertura mortaA proteo do bananal com cobertura morta proveniente
de resduos vegetais tem por finalidade impedir o impacto dasgotas de chuva sobre o solo e manter o teor de matria orgnicaem nvel elevado durante toda a vida til da cultura. O cuidadoem evitar o impacto das gotas de chuva sobre a superfcie dosolo de fundamental importncia, dada a localizao da maioriados bananais em reas com declive acentuado. A manutenode nveis elevados de matria orgnica proporciona ao solo maiorvolume e disponibilidade de nutrientes, alm de conserv-lo comumidade satisfatria o ano inteiro, evitando estresses hdricosprejudiciais bananeira. Esse aspecto particularmenteimportante na Regio Nordeste, com estiagens prolongadas emalguns meses do ano. Por conseguinte, alm de aumentar areteno e o armazenamento de gua no solo, a cobertura mortacontribui para reduzir os custos de conduo do bananal, aoeliminar a necessidade de capinas e ao diminuir a quantidadede fertilizantes utilizada; tambm ameniza a temperatura do solo.
Nos bananais localizados em encostas ngremes, almda cobertura morta do solo, necessria a implementao deprticas como o plantio em nvel, cordes em contorno, renquesde vegetao e terraos ou banquetas, dependendo dadeclividade, do tamanho da rea cultivada e da lucratividade da
31
explorao. As prticas citadas visam a reduzir a velocidade dasenxurradas.
A cobertura morta feita com resduos do prprio bananal,inclusive folhas secas oriundas das desfolhas e plantas inteirasaps o corte do cacho. Esse material deve ser espalhado sobretoda a rea do bananal e formar uma cobertura deaproximadamente 10 cm de altura. Em virtude da decomposioacelerada do material empregado, indispensvel proceder realimentao da cobertura, sempre que necessrio.
Essa prtica tem mostrado alta eficincia no cultivo dabananeira. Em comparao com o terreno do bananal mantidopermanentemente limpo por meio de capinas, a cobertura mortatem aumentado em 16% o armazenamento de gua no solo, em139% os teores de potssio, em 183% os teores de clcio e de22% a 533% a produtividade do bananal.
Muitas vezes, a utilizao da cobertura morta tem sidodificultada pois, em razo da decomposio rpida do materialorgnico proveniente da bananeira, o volume de resduosnormalmente produzido no bananal insuficiente para umacobertura total e contnua de toda a rea. A reduo da reacoberta poder viabilizar essa prtica. Nesse sentido, em bananalplantado em fileiras duplas (4 x 2 x 2 m), mostraram serpromissores, no aumento da produtividade e na melhoria daqualidade do fruto, a cobertura com resduos da bananeiraconcentrados apenas no espaamento largo ou no espaamentoestreito, ou a associao de resduos no espaamento estreito+ plantio de feijo-de-porco ou de guandu no espaamento largo,quando comparados com os resduos da bananeira deixados nosolo sem qualquer direcionamento. Em reas irrigadas pode-sealternar as entrelinhas irrigadas com entrelinhas utilizandocobertura morta.
32
A bananeira uma planta de crescimento rpido querequer, para seu desenvolvimento e produo, quantidadesadequadas de nutrientes disponveis no solo. Embora parte dasnecessidades nutricionais possa ser suprida pelo prprio solo epelos resduos das colheitas, na maioria das vezes necessrioaplicar calcrio e fertilizantes para a obteno de produeseconomicamente rentveis.
A necessidade de aplicao de nutrientes para a variedadeplantada depende do seu potencial produtivo, da densidadepopulacional, do estado fitossanitrio e, principalmente, do balanode nutrientes no solo e do sistema radicular que interferir naabsoro dos mesmos. As necessidades de nutrientes soelevadas, devido s altas quantidades exportadas nas colheitasdos cachos de banana.
O potssio (K) e o nitrognio (N) so os nutrientes maisabsorvidos e necessrios para o crescimento e produo dabananeira, seguidos pelo magnsio (Mg) e pelo clcio (Ca). Emseqncia e com menor grau de absoro esto os nutrientesenxofre (S) e fsforo (P) (Tabela 3.1).
Dos micronutrientes estudados, o boro (B) e o zinco (Zn)foram os mais absorvidos, principalmente pela bananeira Terra,vindo em seguida o cobre (Cu) (Tabela 3.1).
Ana Lcia Borges
Captulo IIICalagem e Adubao
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Existem diferenas entre variedades, destacando-se amaior absoro de nutrientes pela bananeira Terra, certamenteem razo da maior produo de matria seca e das diferentescondies edafoclimticas de cultivo (Tabela 3.1).
A exportao dos macronutrientes absorvidos pelo cacho(frutos + engao + rquis feminina + rquis masculina + corao)ocorre na seguinte ordem decrescente: K > N > Mg, variando aordem para as quantidades de S, P e Ca (Tabela 3.1). Com baseem diversos trabalhos, as exportaes mdias de macronutrientespelos cachos, em kg/t, variam de 1,2 a 2,4 de N; 0,11 a 0,30 de P;3,1 a 8,2 de K; 0,13 a 0,38 de Ca e 0,20 a 0,37 de Mg. A exportaode micronutrientes pelo cacho, em relao ao total absorvido, de 28% para o B, 49% para o Cu e 42% para o Zn (Tabela 3.1).
Embora a bananeira necessite grande quantidade denutrientes, uma parte considervel retorna ao solo, uma vez quecerca de 66% da massa vegetativa produzida na colheita devolvida ao solo, em forma de pseudocaule, folhas e rizoma.Dessa maneira, h uma recuperao significativa da quantidadeutilizada dos nutrientes, em razo da ciclagem dos mesmos. Aproduo de matria seca chega a atingir 16 toneladas por hectarepor ciclo, no caso da bananeira Terra. Assim, as quantidades denutrientes reincorporadas ao solo pelos resduos vegetais de umplantio de banana so considerveis, podendo chegar a valoresmximos aproximados por ciclo, na poca da colheita, em kg/ha,de 170 de N; 9,6 de P; 311 de K; 126 de Ca; 187 de Mg e 21 de S(Tabela 3.1).
3.1. Recomendaes de Calagem e Adubao
A calagem e adubao devem ser precedidas da anlisequmica do solo, com a qual se evita desperdcio de corretivos efertilizantes, aplicando-se os insumos nas quantidadesnecessrias. A amostragem do solo para anlise qumica deveser feita antes da instalao do bananal, bem como anualmente,
35
visando a acompanhar e manter os nveis adequados de nutrientesdurante o ciclo da planta. Recomenda-se retirar 15 a 20subamostras por rea homognea (at 10 ha), coletadas ao acasoem toda a rea, nas profundidades de 0-20 cm e, se possvel, de20-40 cm, formar uma amostra composta para cada profundidadee encaminhar para o laboratrio, com antecedncia de 60 dias doplantio. No bananal j instalado, as subamostras devem serretiradas na regio de aplicao do adubo. conveniente, se aterra estiver muito molhada, sec-la ao ar antes de coloc-la naembalagem para remessa o laboratrio.
3.1.1. CalagemA aplicao de calcrio, quando recomendada, deve ser a
primeira prtica a ser realizada, com antecedncia mnima de 30dias do plantio, preferencialmente. O calcrio deve ser aplicado alano em toda a rea, aps a arao e incorporado por meio dagradagem ou apenas fazendo-se uma escarificao do solo apsa aplicao. Caso no seja possvel o uso da mquina, aincorporao pode ser efetuada na poca da capina. Recomenda-se o uso do calcrio dolomtico, que contm clcio (Ca) e magnsio(Mg), evitando assim o desequilbrio entre potssio (K) e Mg e,conseqentemente, o surgimento do distrbio fisiolgico azul dabananeira (deficincia de Mg induzida pelo excesso de K). Anecessidade de calagem (NC) deve basear-se na elevao dasaturao por bases (V) para 70%, quando esta for inferior a 60%,segundo a frmula a seguir, e tambm o teor de Mg2+ para 0,8cmolc/dm3. Alm disso, adicionar 300 g de calcrio na cova deplantio, em solos cidos (pH em gua inferior a 6,0).
, onde:
V1 = saturao por bases atual do solo,
CTC = capacidade de troca catinica do solo (cmolc/dm3) e
PRNT = poder relativo de neutralizao total do calcrio.
NC (t/ha) =(70 - V1)
PRNT x CTC
36
3.1.2. Adubao orgnica a melhor forma de fornecer nitrognio no plantio,
principalmente quando se utilizam mudas convencionais, pois asperdas so mnimas; alm disso, estimula o desenvolvimento dasrazes. Assim, deve ser usada na cova, na forma de esterco bovino(10 a 15 litros/cova) ou esterco de galinha (3 a 5 litros/cova) outorta de mamona (2 a 3 litros/cova) ou outros compostosdisponveis na regio ou propriedade. Vale lembrar que o estercodeve estar bem curtido para ser utilizado. Caso hajadisponibilidade, recomenda-se adicionar anualmente 20 m3 dematerial orgnico/ha. A cobertura do solo com resduos vegetaisde bananeiras (folhas e pseudocaules) pode ser uma alternativavivel para os pequenos produtores, sem condies de adubarquimicamente seus plantios, pois aumenta os teores de nutrientesno solo, principalmente potssio (K) e clcio (Ca), alm demelhorar suas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas.
3.1.3. Adubao fosfatadaO fsforo (P) favorece o desenvolvimento vegetativo e o
sistema radicular, praticamente imvel no solo e, por isso, deveser aplicado na cova de plantio. A bananeira necessita pequenasquantidades desse nutriente, porm, na sua falta, as plantasapresentam crescimento atrofiado e razes pouco desenvolvidas.Alm disso, as folhas mais velhas so tomadas por uma clorosemarginal em forma de dentes de serra e os pecolos se quebram.Os frutos podem apresentar-se com menor teor de acar. Adeficincia de P favorecida pelo baixo teor do nutriente no soloe por baixo pH, que leva sua menor disponibilidade.
A quantidade total recomendada aps anlise do solo (40a 120 kg de P2O5/ha) deve ser colocada na cova, no plantio.Pode ser aplicado sob as formas de superfosfato simples (180 gde P2O5/kg), superfosfato triplo (450 g de P2O5/kg), fosfatodiamnico - DAP (450 g de P2O5/kg) e fosfato monoamnico -MAP (480 g de P2O5/kg) ou em formulaes NPK. A aplicao
37
deve ser repetida anualmente, aps nova anlise qumica do solo.Solos com teores de P acima de 30 mg/dm3 (extrator Mehlich)dispensam a adubao fosfatada (Tabela 3.2).
Tabela 3.2. Quantidades de fsforo (P2O5), boro (B) e zinco (Zn)aplicados na cova de plantio da bananeira, com base na anlisequmica do solo.
1Avaliar anualmente a disponibilidade de micronutrientes no solo e, caso seja necessrio, aplicar aduboscontendo B e Zn, conforme a tabela acima, ou adicionar 50 g/cova de FTE BR12.Fonte: Borges et al., 2002.
P (Mehlich),mg/dm3
B1 (gua quente),mg/dm3
Zn1 (DTPA),3
0-6,0 6,1-15,0 15,1-30,0 > 30,0 0-0,21 > 0,21 0-0,60 > 0,60---------------- P2O5, kg/ha ------------------- ------ B, kg/ha ------ ----- Zn, kg/ha -----120 80 40 0 2,0 0 6,0 0
mg/dm
3.1.4. Adubao nitrogenadaO nitrognio (N) um nutriente importante para o cresci-
mento vegetativo, sobretudo nos trs primeiros meses iniciais,quando a planta est em desenvolvimento. Ele favorece a emis-so e o desenvolvimento dos perfilhos, alm de aumentar a quan-tidade de matria seca. A falta desse nutriente reduz o nmero defolhas, aumenta o nmero de dias para a emisso de uma folha,os cachos so raquticos e o nmero de pencas menor. A deficin-cia de N leva a uma clorose generalizada das folhas e ocorre, nor-malmente, em solos com baixo teor de matria orgnica, cidos,onde menor a mineralizao da matria orgnica, bem como emsolos com alta lixiviao e onde existe seca prolongada.
Recomenda-se 200 kg de N mineral na fase de formao ede 160 a 400 kg de N mineral/ha/ano, na fase de produo da ba-naneira, dependendo da produtividade esperada (Tabela 3.3).A primeira aplicao deve ser feita em cobertura, em torno de 30a 45 dias aps o plantio. Recomendam-se, como adubosnitrogenados: uria (450 g de N/kg), sulfato de amnio (200 g deN/kg), nitrato de clcio (140 g de N/kg) e nitrato de amnio (340 gde N/kg).
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39
3.1.5. Adubao potssicaO potssio (K) o nutriente mais absorvido pela bananeira,
apesar de no fazer parte de compostos na planta. um nutrienteimportante na translocao dos fotossintatos, no balano hdricoe na produo de frutos, aumentando a resistncia destes aotransporte e melhorando a sua qualidade, pelo aumento dos slidossolveis totais e acares e decrscimo da acidez da polpa. Adeficincia de K caracteriza-se pelo amarelecimento rpido emurchamento precoce das folhas mais velhas; o limbo dobra-sena ponta da folha, aparentando aspecto encarquilhado e seco. Ocacho a parte da planta mais afetada pela falta de K, pois, como baixo suprimento de K, a translocao de carboidratos das folhaspara os frutos diminui e, mesmo quando os acares atingem osfrutos, sua converso em amido restrita, produzindo frutospequenos e cachos imprprios para comercializao, commaturao irregular e polpa pouco saborosa. A deficincia ocorreem solos pobres no nutriente, com lixiviao intensa e comaplicao excessiva de calcrio, devido ao antagonismo Ca e K.
A adubao recomendada varia de 200 a 450 kg de K2O/ha na fase de formao e de 100 a 750 kg de K2O/ha na fase deproduo, dependendo do teor no solo (Tabela 3.3). A primeiraaplicao deve ser feita em cobertura, no 2o ou 3o ms aps oplantio. Caso o teor de K no solo seja inferior a 0,15 cmolc/dm3(58,5 mg/dm3), iniciar a aplicao aos 30 dias, juntamente com aprimeira aplicao de N (Tabela 3.3). O nutriente pode ser aplicadosob as formas de cloreto de potssio (600 g de K2O/kg), sulfatode potssio (500 g de K2O/kg) e nitrato de potssio (480 g de K2O/kg), embora, por questo de preo, o primeiro adubo seja quasesempre usado. Solos com teores de K acima de 0,60 cmolc/dm3dispensam a adubao potssica.
3.1.6. Adubao com enxofreO enxofre (S) interfere principalmente nos rgos jovens
da planta, onde sua ausncia expressa-se por alteraesmetablicas que dificultam a formao da clorofila, terminando
40
por interromper as atividades vegetativas. A deficincia do nutri-ente ocorre em solos com baixo teor de matria orgnica e tam-bm nos solos com aplicao de adubos concentrados sem S. Adeficincia na planta caracteriza-se por clorose generalizada dolimbo das folhas mais novas, que desaparece com a idade, devi-do ao aprofundamento do sistema radicular, explorando maiorvolume de solo. Quando a deficincia progride, h necrose dasmargens do limbo e pequeno engrossamento das nervuras, semelhana do que ocorre na deficincia de clcio. Alm disso,os cachos so pequenos.
O suprimento de S normalmente feito mediante as adu-baes nitrogenada, com sulfato de amnio (230 g de S/kg), efosfatada, com superfosfato simples (110 g de S/kg).
3.1.7. Adubao com micronutrientesO boro (B) e o zinco (Zn) so os micronutrientes com maior
freqncia de deficincia nas bananeiras.
O B participa no transporte de acares e na formaodas paredes celulares. A sua disponibilidade reduzida em soloscom pH elevado e com altos teores de Ca, Al, Fe e areia e baixoteor de matria orgnica. A deficincia nas folhas mais novasaparece como listras amarelas e brancas na superfcie do limboe paralelas nervura principal. As folhas podem ficar deformadas,com reduo do limbo, semelhante deficincia de S. Nos casosgraves surge uma goma no pseudocaule, que atinge a flor epode at impedir sua emergncia, ficando a inflorescnciabloqueada dentro do pseudocaule. Na produo, leva adeformaes no cacho, reduzindo o nmero de frutos eatrofiando-os. A sua falta pode levar ao empedramento queocorre nos frutos da banana Ma. Como fonte, recomenda-se aplicar no plantio 50 g de FTE BR12, cuja concentrao de B de 18 g/kg. Para solos com teores de B inferiores a 0,21 mg/dm3 (extrator gua quente) deve-se aplicar 2,0 kg de B/ha (Tabela3.2).
41
O zinco (Zn) interfere na sntese de auxinas, que sosubstncias reguladoras do crescimento. A falta do nutrienteocorre em solos com pH neutro ou alcalino, com altos teores deP, de argila e de matria orgnica, que inibem a absoro do Zn.As plantas deficientes em Zn apresentam crescimento edesenvolvimento retardado, folhas pequenas e lanceoladas. Osfrutos, alm de pequenos, podem apresentar-se enrolados, comas pontas verde-claras e o pice em formato de mamilo. Comofonte de Zn, aplicar no plantio 50 g de FTE BR12, que contm90 g de Zn/kg. Para teores de Zn no solo inferiores a 0,60 mg/dm3 (extrator DTPA) recomendam-se 6,0 kg de Zn/ha (Tabela3.2).
3.1.8. Parcelamento das adubaesO parcelamento vai depender da textura e da CTC
(capacidade de troca catinica) do solo, bem como do regimede chuvas e do manejo adotado. Em solos arenosos e com baixaCTC, deve-se parcelar semanalmente ou quinzenalmente. Emsolos mais argilosos, as adubaes podem ser feitasmensalmente ou a cada dois meses, principalmente nasaplicaes em forma slida.
3.1.9. Localizao dos fertilizantesAs adubaes em cobertura devem ser feitas em crculo,
numa faixa de 10 a 20 cm de largura e 20 a 40 cm distante damuda, aumentando-se a distncia com a idade da planta. Nobananal adulto, os adubos so distribudos em meia-lua em frentes plantas filha e neta (Fig. 3.1). Em terrenos inclinados, aadubao deve ser feita em meia-lua, do lado de cima da cova,e ligeiramente incorporada ao solo. Em casos de plantios muitoadensados e em terrenos planos, a adubao pode ser feita alano, nas ruas.
42
3.1.10. FertirrigaoEm plantios irrigados, os fertilizantes podem ser aplicados
via gua de irrigao. A aplicao via gua de irrigao, oufertirrigao, uma prtica empregada na agricultura irrigada,constituindo-se no meio mais eficiente de nutrio, pois combinadois fatores essenciais para o crescimento, desenvolvimento eproduo: gua e nutrientes. Essa prtica indicada para ossistemas localizados (microasperso e gotejamento), uma vez queaproveita as caractersticas prprias do mtodo, tais como baixapresso, alta freqncia de irrigao e possibilidade de aplicaoda soluo na zona radicular, tornando mais eficiente o uso dofertilizante. A freqncia de fertirrigao pode ser a cada 15 dias,em solos com maior teor de argila; em solos mais arenosos,recomenda-se a freqncia de fertirrigao semanal. Para omonitoramento da fertirrigao, alm da avaliao do estadonutricional das bananeiras pelos sintomas visuais de deficinciase anlise qumica foliar, recomenda-se a anlise qumica do solo,incluindo a condutividade eltrica do extrato de saturao do solo,a cada seis meses. Com base nessas anlises, deve-se verificarse os nveis dos nutrientes aplicados, da condutividade eltrica edo pH esto de acordo com aqueles esperados ou permitidos.
Fig. 3.1. Localizao de fertilizantes na bananeira.
43
3.2. Anlise Qumica Foliar
A anlise qumica foliar importante para avaliar o estadonutricional das plantas, realizada a cada seis meses,complementando a anlise qumica do solo. Para que seja utilizadaadequadamente, necessrio que se observe principalmente apoca e posio das folhas amostradas. Para a bananeira,recomenda-se amostrar a terceira folha a contar do pice, com ainflorescncia no estdio de todas as pencas femininasdescobertas (sem brcteas) e no mais de trs pencas de floresmasculinas. Coleta-se 10 a 25 cm da parte interna mediana dolimbo, eliminando-se a nervura central (Fig. 3.2). Nesse estdiode desenvolvimento, existem teores padres de nutrientes jdefinidos, que podem ser usados como referncia. As faixas denutrientes adequadas para algumas variedades encontram-se naTabela 3.4.
Fig. 3.2. Amostragem foliar em bananeira, para anlise qumica.
44
Tabela 3.4. Faixas de teores de macro e micronutrientesconsideradas adequadas para a bananeira, para diferentesvariedades.
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N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn-----------------------------g/kg ----------------------------- --------------------mg/kg ------------------25-29 1,5-1,9 27-35 4,5-7,5 2,4-4,0 1,7-2,0 12-25 2,6- 72-
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86315-398
12-14
PACOVAN
Fonte: Borges et al., 2002; Silva et al., 2002.
45
4.1. Variedades Tradicionais
As variedades mais difundidas no Brasil so a Prata,Pacovan, Prata An, Ma, Mysore, Terra e DAngola, dogrupo AAB, utilizadas unicamente para o mercado interno, eNanica, Nanico e Grande Naine, do grupo AAA, usadasprincipalmente para exportao (Tabela 4.1). Em menorescala, so plantadas Ouro (AA), Figo Cinza e FigoVermelho (ABB), Caru Verde e Caru Roxa (AAA). Asvariedades Prata, Prata An e Pacovan so responsveispor aproximadamente 60% da rea cultivada com bananano Brasil.
As bananas Pacovan, Prata, Terra e Mysoreapresentam porte alto. A banana Ma altamentesuscetvel ao mal-do-Panam, as variedades Nanica,Nanico, Grande Naine, Terra e DAngola apresentam altasuscetibilidade aos nematides e a Mysore est infectadacom BSV. Todas essas variedades so suscetveis ao mokoe, exceo da Mysore, so tambm suscetveis Sigatoka-negra. Excetuando a Ma, Mysore, Terra e DAngola,as citadas variedades so tambm altamente suscetveis Sigatoka-amarela (Tabela 4.1).
Captulo IVVariedades
Sebastio de Oliveira e SilvaJanay Almeida dos Santos-Serejo
Zilton Jos Maciel Cordeiro
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47
A banana Prata foi introduzida no Brasil pelosportugueses e, por esta razo, os brasileiros, especialmente osnordestinos e nortistas, manifestam uma clara e constantepreferncia pelo seu sabor; apresenta frutos pequenos, de sabordoce a suavemente cido. A Pacovan destaca-se por suarusticidade e produtividade; apresenta frutos 40% maioresque aqueles do tipo Prata, e um pouco mais cidos e com quinasque permanecem mesmo depois da maturao. A Prata An,tambm conhecida como Enxerto ou Prata de Santa Catarina,apresenta as pencas mais juntas que as da Prata, com frutosdo mesmo sabor e com pontas em formato de gargalo. A Ma,a mais nobre para os brasileiros, apresenta frutos com cascafina e polpa suave, que lembra a ma. As variedadesCavendish (Nanica, Nanico e Grande Naine), tambmconhecidas como banana dgua, apresentam frutos delgados,longos, encurvados, de cor amarelo-esverdeada aoamadurecer, com polpa muito doce e que so usados nasexportaes. A Terra e a DAngola apresentam frutos grandes,com quinas proeminentes, que so consumidos cozidos oufritos. A Mysore apresenta frutos com casca fina, de coramarelo-plida e polpa ligeiramente cida, que apresentamgrande adstringncia quando consumidos antes do completoamadurecimento.
4.2. Novas Variedades
Nos ltimos anos, o Programa de MelhoramentoGentico da Bananeira da Embrapa Mandioca e Fruticultura PMG Bananeira tem recomendado, em parceria com outrasinstituies ou no, uma srie de novas variedades, as quaisso descritas a seguir (Tabela 4.2).
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4.2.1. CaipiraInternacionalmente conhecida como Yangambi km 5,
uma variedade de banana de mesa, pertencente ao grupoAAA, de porte mdio a alto, frutos pequenos e muito doces.Foi selecionada a partir de avaliaes realizadas em vrioslocais, destacando-se pelo seu vigor vegetativo, resistncia Sigatoka-negra, Sigatoka-amarela e ao mal-do-Panam,alm de resistncia broca-do-rizoma, evidenciada porbaixos ndices de infestao pela praga (Fig. 4.1).
Fig. 4.1. Cacho da variedadeCaipira.
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4.2.2. Thap MaeoIntroduzida da Tailndia e selecionada pela Embrapa
Mandioca e Fruticultura, uma variedade pertencente ao grupoAAB, muito semelhante Mysore, diferenciando-se desta porno apresentar altas infestaes de viroses (BSV). Apresentaporte mdio a alto, frutos pequenos, resistncia s sigatokasamarela e negra e ao mal-do-Panam, baixa incidncia de broca-do-rizoma e de nematides. Um aspecto importante dessavariedade a rusticidade demonstrada em solos de baixafertilidade, onde a produtividade mdia de aproximadamente25 t/ha/ano. Sob condies de solo de boa fertilidade, apresentaprodutividade mdia de at 35 t/ha/ano (Fig. 4.2).
Fig. 4.2. Variedade Thap Maeo,semelhante Mysore.
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4.2.3. FHIA-18
um hbrido da Prata An, de porte mdio, com frutosexternamente semelhantes aos desta variedade, embora comsabor mais doce. Foi introduzida de Honduras, avaliada em vrioslocais e selecionada. um tetraplide pertencente ao grupoAAAB, tendo como caracterstica mais importante a resistncia Sigatoka-negra, principal doena da bananeira (Fig. 4.3).
Fig. 4.3. Variedade FHIA 18, do tipoPrata.
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Fig. 4.4. Variedade Prata Baby.
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4.2.4. Prata BabyTambm conhecida como Nam, uma variedade
triplide do grupo AAA, introduzida da Tailndia, de portemdio a alto, resistente Sigatoka-amarela e ao mal-do-Panam. Apresenta frutos pequenos, com polpa rsea e sabordoce. Depois de avaliada em diversos locais, foi recomendadano Estado de Santa Catarina. Atualmente, encontra-se emplantios comerciais e, no mercado, atinge preo superior aoda Prata An (Fig. 4.4).
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4.2.5. Pacovan Ken um hbrido tetraplide do grupo AAAB, de porte alto,
resultante de cruzamento da variedade Pacovan com ohbrido diplide (AA) M53, gerado pelo PMG Bananeira, emCruz das Almas, BA. A Pacovan Ken apresenta nmero etamanho de frutos e produtividade superiores aos daPacovan. Os frutos da nova variedade so mais doces eapresentam resistncia ao despencamento semelhante aosda Pacovan. A Pacovan Ken, alm de resistente Sigatoka-negra, apresenta tambm resistncia Sigatoka-amarela eao mal-do-Panam (Fig. 4.5).
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Fig. 4.5. Variedade Pacovan Ken, dotipo Prata.
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4.2.6. Prata-Grada um hbrido tetraplide do grupo AAAB, de porte mdio,
gerada em Honduras a partir de cruzamento da Prata Ancom o hbrido diplide SH 3393. Possui frutos e produomaiores que os da Prata An, com sabor um pouco maiscido, sendo plantada comercialmente. Todavia, noapresenta resistncia s sigatokas amarela e negra, sendo,porm, resistente ao mal-do-Panam (Fig. 4.6).
Fig. 4.6. Variedade Prata Grada, do tipoPrata.
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4.2.7. Preciosa um hbrido tetraplide do grupo AAAB, de porte alto,
resultante de cruzamento da variedade Pacovan com o hbridodiplide (AA) M53, gerado pelo PMG Bananeira (PV42-85), emCruz das Almas, BA. A nova variedade rstica, tem porte altoe frutos grandes, que so mais doces e apresentam resistnciaao despencamento semelhante aos da Pacovan. A Preciosa,alm de resistente Sigatoka-negra, apresenta tambmresistncia Sigatoka-amarela e ao mal-do-Panam, sendorecomendada inicialmente para o Estado do Acre, onde aSigatoka-negra o grande problema (Fig. 4.7).
Fig. 4.7. Variedade Preciosa, do tipo Prata.
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4.2.8. Maravilha um hbrido tetraplide (AAAB), resultante de
cruzamento entre Prata An (AAB) x SH 3142 (AA), de portemdio, introduzido de Honduras com o nome de FHIA-01, eque foi avaliado em vrios locais e selecionado pela EmbrapaMandioca e Fruticultura para a Regio de Rio Branco, AC.Os frutos e a produo so maiores e a polpa mais cida queos da Prata An. Apresenta resistncia Sigatoka-negra eao mal-do-Panam (Fig. 4.8).
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Fig. 4.8. Variedade Maravilha, do tipoPrata.
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4.2.9. Tropical um hbrido tetraplide do grupo AAAB, resultante de
cruzamento da variedade Yangambi no 2 com o hbrido diplide(AA) M53, de porte mdio a alto, criado pela Embrapa Mandiocae Fruticultura (YB42-21), em Cruz das Almas, BA. Os frutosso maiores, mais grossos e com sabor semelhante aos davariedade Ma. A Tropical, alm de resistente Sigatoka-amarela, tambm tolerante ao mal-do-Panam. Todavia, no resistente Sigatoka-negra. Seu plantio ser direcionadoprincipalmente para regies produtoras de banana Ma (Fig.4.9).
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Fig. 4.9. Variedade Tropical, do tipo Ma.
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4.3. Escolha da Variedade
A escolha da variedade de bananeira depende dapreferncia do mercado consumidor e do destino da produo(indstria ou consumo in natura). Existem quatro padres outipos principais de variedades de bananeira: Prata, Ma,Cavendish (Banana Dgua ou Caturra) e Terra. Dentro de cadatipo h uma ou mais variedades. Assim, as variedades Prata,Prata An, Pacovan, FHIA-18, Pacovan Ken, Preciosa eMaravilha so do tipo Prata; no tipo Ma, tem-se a Maverdadeira e a Tropical; no tipo Cavendish destacam-se asvariedades Nanica, Nanico e Grande Naine; e no tipo Terra, asvariedades mais importantes so Terra e DAngola. Asvariedades Ouro e Caipira no se enquadram em nenhum tipomencionado, enquanto a Thap Maeo uma variao muitoprxima da Mysore. Ainda h, contudo, um outro fator quedeve ser considerado na escolha da variedade, que a suaresistncia s doenas. Se houver possibilidade, deve-se optar,dentro do tipo escolhido, por uma variedade que seja resistentes principais doenas que atacam a cultura. O emprego de umavariedade inadequada inviabiliza todos os outros investimentosna cultura da bananeira.
Quando se diz que uma nova variedade de umdeterminado tipo, deve-se entender que ela originou-se de umavariedade do referido tipo, mas no exatamente igual genitora, uma vez que, durante o processo para a introduoda resistncia a uma doena, por exemplo, pode ocorrer a perdade caracteres existentes na variedade original. Acrescenta-se,ainda, que, a depender do local de avaliao, a qualidade (cor,sabor e despencamento) dos frutos de uma variedade podeser alterada.
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5.1. Mtodos Convencionais
A bananeira (Musa spp.) propaga-se por semente epor muda, sendo mais usual e eficiente a propagao pormuda.
Uma bananeira pode produzir tantas mudas quantasforem as folhas emitidas (38 2) at o surgimento do cacho,quando cessa essa atividade. Contudo, a variedade, o porteda bananeira e a idade da planta-me so fatores importantesna determinao do nmero de rebentos emitidos at osurgimento do cacho, o que tem reduzido o potencial paraaproximadamente 25% do total ou seja, na realidade umabananeira produz apenas nove a dez mudas, em perodogeralmente superior a 12 meses, em condies de campo, enem todas so de boa qualidade.
Objetivando aproveitar ao mximo a potencialidade dabananeira de produzir gemas vegetativas, tm-se aplicadodiversas metodologias para a propagao da cultura, cujoprincpio fundamental o de induzir a brotao das gemas eacelerar seu processo de desenvolvimento.
Captulo VPropagao
lio Jos AlvesMarcelo Bezerra Lima
Janay Almeida dos Santos-SerejoAldo Vilar Trindade
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5.1.1. Mtodos de propagaoA reproduo da bananeira vegetativa ou clonal, por meio
da separao de brotos e filhos da planta-me os quais, porreplantio, perpetuam a espcie.
Dentre os mtodos mais utilizados para a obteno demudas de bananeira, que esto ao alcance dos produtores,destacam-se: a) o prprio bananal; e b) viveiros.
5.1.1.1. O prprio bananal
No se deve utilizar indiscriminadamente o bananal para aobteno de mudas. possvel utiliz-lo adequadamente, paraesse fim, especialmente para atendimento a pequenosprodutores, que representam, provavelmente, mais de 90% douniverso dos bananicultores brasileiros.
Quando se dispe de um cultivo comercial bemestabelecido, que no tenha pragas que possam propagar-se eque a idade do rizoma no seja superior a trs anos, pode-seobter mudas dos filhos que no foram selecionados para darcontinuidade unidade de produo (touceira). Nesse caso, osfilhos para mudas so selecionados e marcados com uma fitaplstica colorida, no devendo selecionar-se mais de um filhopor touceira. A escolha deve ocorrer quando a planta-me jest bem desenvolvida (8 a 10 meses de idade) e o filho medindo30 a 50 cm de altura. Este se desenvolve ao lado da me