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JOSIMAR SANTANA RIBEIRO
NÍVEIS DIETÉTICOS DE POTÁSSIO PARA
POEDEIRAS COMERCIAIS LEVES EM FINAL
DE CICLO DE PRODUÇÃO
LAVRAS - MG
2015
JOSIMAR SANTANA RIBEIRO
NÍVEIS DIETÉTICOS DE POTÁSSIO PARA POEDEIRAS
COMERCIAIS LEVES EM FINAL DE CICLO DE PRODUÇÃO
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, área de concentração em Produção e Nutrição de Não Ruminantes, para a obtenção do título de Mestre.
Orientador
Prof. Antônio Gilberto Bertechini
Coorientadores
Prof. Édison José Fassani
Prof. Paulo Borges Rodrigues
LAVRAS - MG
2015
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Geração de Ficha Catalográfica da Biblioteca Universitária da UFLA, com dados informados pelo(a) próprio(a) autor(a).
Ribeiro, Josimar Santana. Níveis dietéticos de potássio para poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção / Josimar Santana Ribeiro. – Lavras : UFLA, 2015. 52 p. Dissertação (mestrado acadêmico)–Universidade Federal de Lavras, 2015. Orientador(a): Antônio Gilberto Bertechini. Bibliografia. 1. Minerais. 2. Relação eletrolítica. 3. Balanço eletrolítico. 4. Desempenho. 5. Qualidade de ovos. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.
O conteúdo desta obra é de responsabilidade) autor(a) e de seu orientador(a).
JOSIMAR SANTANA RIBEIRO
NÍVEIS DIETÉTICOS DE POTÁSSIO PARA POEDEIRAS
COMERCIAIS LEVES EM FINAL DE CICLO DE PRODUÇÃO
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, área de concentração em Produção e Nutrição de Não Ruminantes, para a obtenção do título de Mestre.
APROVADA em 29 de junho de 2015.
Dr. Antônio Gilberto Bertechini UFLA
Dr. Édison José Fassani UFLA
Dr. Paulo Borges Rodrigues UFLA
Dr. Adriano Geraldo IFMG Bambuí
Dr. Antônio Gilberto Bertechini
Orientador
LAVRAS - MG
2015
RESUMO
Objetivou-se com esta pesquisa determinar a necessidade de suplementação dietética de potássio com a relação (Na+K)/Cl da dieta fixa ou livre para poedeiras comerciais. Foram realizados dois experimentos em conjunto, sendo que os experimentos foram compostos por 924 poedeiras Hy - Line - W 36 em final de ciclo de produção, com 71 semanas de idade. No experimento 1 foi mantida a relação eletrolítica (Na+K)/Cl fixa e no experimento 2 a relação eletrolítica (Na+K)/Cl livre. Em cada experimento as poedeiras foram distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos e sete repetições de 12 aves por unidade experimental. Os níveis de potássio avaliados nos dois experimentos foram 0,580; 0,680; 0,780; 0,880 e 0,980%, e um tratamento controle sem a suplementação de potássio. A pesquisa teve duração de 84 dias divididos em quatro períodos de 21 dias, sendo avaliado o desempenho (produção de ovos, peso do ovo, consumo de ração, conversão alimentar e ovos viáveis), a qualidade dos ovos (Unidade Haugh, espessura da casca, peso específico, porcentagem de casca e peso da casca por unidade de superfície de área), peso das aves, matéria seca das excretas e análise sanguínea (pH, pCO2, HCO3
-, Cl, Na e K). Concluiu-se que não é necessário a suplementação dietética de potássio com a relação (Na+K)/Cl da dieta fixa ou livre para poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção. Palavras-chave: Minerais. Relação eletrolítica. Balanço eletrolítico. Desempenho. Qualidade de ovos.
ABSTRACT The objective in this study was to determine the need for dietary potassium supplementation with (Na+K)/Cl fixed or free diet for laying hens. Two trials were conducted in conjunction, and were composed by 924 laying hens Hy - Line - W 36 at the end of the production cycle, with 71 weeks of age. In the trial 1 was maintained electrolyte ratio (Na+K)/Cl fixed and in the trial 2 electrolyte ratio (Na+K)/Cl free. In each experiment the hens were distributed in a completely randomized design with six treatments and seven repetitions of 12 hens per experimental unit. Potassium levels evaluated in the two experiments were 0.580; 0.680; 0.780; 0.880 and 0.980%, and a control treatment without potassium supplementation. The research had duration of 84 days divided into four periods of 21 days, being evaluated the performance (egg production, egg weight, feed intake, feed conversion and viable eggs), egg quality (Haugh unit, shell thickness, specific weight, eggshell percentage and shell weight per unit surface area), hens weight, dry matter of feces and blood analysis (pH, pCO2, HCO3
-, Cl, Na and K). It was concluded that dietary supplementation of potassium is not necessary with (Na+K)/Cl fixed or free diet for light commercial laying hens at the end of the production cycle. Keywords: Minerals. Electrolyte ratio. Electrolyte balance. Performance. Eggs quality.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 5
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 8
2.1 Importância do potássio, sódio e cloro na dieta de poedeiras comerciais ... 8
2.2 O efeito da relação eletrolítica (Na+K)/Cl sobre a fisiologia da formação do ovo ......................................................................................................... 14
3 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 18
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 29
4.1 Experimento 1 - Níveis de potássio com relação (Na+K)/Cl fixa ............ 29
4.2 Experimento 2 - Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl livre ........ 37
5 CONCLUSÕES ........................................................................................... 45
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 46
ANEXO .......................................................................................................... 51
5
1 INTRODUÇÃO
O Brasil figura como um dos grandes produtores de ovos no mundo,
tendo produzido 2,826 bilhões de dúzias em 2014, com um plantel estimado em
mais de 132 milhões de poedeiras comerciais (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE 2015). A produção nacional de ovos
vem crescendo ano após ano devido ao aumento do consumo per capta que no
ano de 2014 foi de 182 ovos/ano (SANTIN, 2015).
O avanço do melhoramento genético resultou no surgimento de
poedeiras modernas com alto potencial produtivo. Comparadas aos híbridos
criados nas décadas passadas, as poedeiras modernas apresentam baixo peso
corporal e baixo consumo alimentar. Essa evolução genética tornou-se um
desafio devido ao dinamismo da poedeira moderna, principalmente sobre os
aspectos nutricionais em que são necessárias reavaliações e adequações
frequentes das exigências nutricionais das aves, com o intuito de dar suporte à
máxima expressão genética dessas aves.
A nova realidade nas formulações de rações para poedeiras com o uso de
aminoácidos industriais como lisina, metionina e outros, resulta em uma redução
na utilização do farelo de soja, que além de ser uma fonte proteica, contribui
significativamente com o fornecimento de minerais, principalmente o potássio.
A maioria dos manuais das linhagens de poedeiras comerciais não traz
recomendações de potássio, pois, leva em consideração que esse mineral
presente nos ingredientes normais das rações, como o milho e o farelo de soja,
seja suficiente para suprir as necessidades das aves. Consequentemente, devido à
diminuição da utilização do farelo de soja em relação a maior utilização de
aminoácidos industriais ocorre a diminuição do potássio na dieta, podendo levar
a um déficit deste mineral para as aves.
6
As rações das aves possuem quantidades específicas de íons como, sódio
(Na+), potássio (K+) e cloro (Cl-), que em equilíbrio asseguram desempenho e
crescimento das aves. Este balanço é conhecido como balanço eletrolítico (BE),
expresso em mEq/kg de alimento. A restrição de um desses minerais resulta no
desequilíbrio eletrolítico, prejudicando o desempenho e até comprometendo a
sanidade das aves.
O potássio, além de participar no balanço eletrolítico, atua em diversas
outras funções fisiológicas e metabólicas como reações enzimáticas, na
transferência ou utilização de energia, síntese de proteínas e no metabolismo de
carboidratos.
Na literatura as pesquisas envolvendo balanço eletrolítico utilizam
normalmente fontes de potássio e sódio, com o cloreto de potássio e o
bicarbonato de sódio. Atualmente, com a aplicação do conceito de proteína ideal
e uso de aminoácidos digestíveis, é rotina a suplementação de aminoácidos
industriais como é o caso da L-lisina HCl, que traz o cloro em sua composição,
além de suplementos de vitaminas como o cloreto de colina, que também
contribui com o aporte de cloro nas rações de poedeiras, fato que se não
computado pode afetar o balanço eletrolítico pelo excesso de cloro. Na prática,
formular dietas para poedeiras, utilizando das recomendações existentes e das
fontes minerais comuns, como o sal comum (NaCl) inviabiliza atingir os valores
estipulados como ideal em cloro e potássio. Nessas dietas, o cloro sempre está
acima da exigência e o potássio possivelmente abaixo, favorecendo as dietas em
um maior poder acidogênico pelo excesso de cloro.
As recomendações em termos de balanço eletrolítico para poedeiras são
bastante variáveis e pesquisas recentes estão mudando o conceito de balanço
eletrolítico para relação eletrolítica, sendo esta a soma dos cátions (Na e K)
relacionados à quantidade de ânion (Cl) da dieta. O uso da relação eletrolítica é
7
mais vantajoso, pois pode trabalhar com um determinado valor, controlando o
balanço eletrolítico da dieta.
As fontes mais comuns de eletrólitos disponíveis para uso em rações
animais são o bicarbonato de sódio e o cloreto de sódio. Contudo, para adequar a
relação eletrolítica de uma ração se faz necessária uma fonte de potássio sem a
presença de cloro ou sódio, utilizando neste caso o carbonato de potássio ou o
fosfato monopotássico.
A exigência de potássio e a relação eletrolítica da dieta para galinhas
poedeiras são pouco estudadas. Diante do exposto, pesquisas são necessárias
para dar melhor entendimento sobre o nível de potássio e da relação eletrolítica
da dieta para poedeiras em final de ciclo de produção.
O objetivo na pesquisa foi determinar a necessidade de suplementação
dietética de potássio para poedeiras comerciais leves em final de ciclo de
produção, adotando o conceito de relação eletrolítica fixa ou livre.
8
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Importância do potássio, sódio e cloro na dieta de poedeiras comerciais
O potássio é o terceiro mineral mais abundante no organismo animal e o
principal cátion intracelular. Esse mineral vem sendo mais estudado na nutrição
animal, devido à baixa quantidade presente em alguns alimentos e também em
decorrência da maior necessidade do animal por este elemento (McDOWELL,
1992). Segundo o National Research Council - NRC (1994), o potássio atua para
manter a homeostase, a relação osmótica e o pH corporal.
O potássio contribui inevitavelmente para a regulação ácido-base do
organismo, evitando a ocorrência de acidose e alcalose (SUTTLE, 2010). A
acidose pode ser causada pelo excesso de cloro na dieta, sendo evitada através
da ingestão de potássio que atua equilibrando a relação cátion-aniônica no
organismo. A hipocaliemia, que é a baixa concentração de potássio no sangue
leva a alcalose onde, devido a um diferencial de concentração o potássio, tende a
sair do interior da célula e íons de hidrogênio entram, diminuindo assim a
concentração de hidrogênio no sangue, aumentando o pH sanguíneo, levando a
alcalose, sendo evitada através da ingestão de potássio, normalizando a
concentração deste no sangue.
Segundo Araújo et al. (2010) as principais funções do potássio são:
regular o balanço osmótico celular; regulação ácido-base, onde neutraliza os
ácidos, evitando a acidose; atua como um íon afetando as funções capilares e
celulares e a excitabilidade nervosa, regulando os batimentos cardíacos; mantém
o balanço de água no organismo; participa da ativação de várias enzimas, como
na transferência ou utilização de energia, síntese de proteínas e no metabolismo
dos carboidratos. É um elemento importante na produção e na composição de
diversos produtos de origem animal, tais como leite, carne e ovos. Portanto,
9
alterações na homeostase do potássio podem afetar as várias funções celulares,
interferindo no desempenho do animal e afetando a qualidade dos produtos.
A absorção do potássio nas aves ocorre principalmente no intestino
delgado por difusão simples, ou seja, a favor do gradiente de concentração, do
local de maior concentração para o de menor concentração (ARAUJO et al.,
2010).
De acordo com Campestrini et al. (2008), o potássio está relacionado a
vários processos fisiometabólicos, entre eles está a síntese proteica. O aumento
da captação de aminoácidos pelas células ocorre através do mecanismo de
transporte ativo da bomba de sódio potássio. Nesse sistema, quando o sódio é
bombeado contra o seu gradiente de concentração para fora da célula, o potássio
entra também contra seu gradiente de concentração, facilitando a entrada de
aminoácidos na célula, onde os aminoácidos são direcionados para a síntese
proteica.
Leach Júnior (1974) estudando cinco níveis (0,05; 0,10; 0,15; 0,20 e
0,30%) de potássio para galinhas poedeiras, observou que os níveis (0,10; 0,15;
0,20 e 0,30%) de potássio, proporcionaram a melhor produção de ovos e
também constatou uma ótima formação da casca do ovo.
A deficiência de potássio na dieta de galinhas poedeiras resultará na
queda do desempenho das aves, provocando a diminuição da produção, do peso
do ovo, da espessura da casca e do teor de albumina dos ovos. Uma deficiência
extrema deste mineral é ainda mais grave, resultando em fraqueza, incapacidade
da ave em ficar de pé e morte (TEETER; BELAY, 1995).
Segundo o NRC (1994) a quantidade de 0,15% de potássio é adequada
para poedeiras com ingestão diária de 100 g de ração, essa recomendação não
leva em consideração a presença do potássio nos ingredientes da ração.
Rostagno et al. (2011) recomenda 0,580% de potássio para poedeiras leves e
ainda variando a recomendação de acordo com a variação da temperatura
10
ambiente, sendo para temperaturas alta e baixa quantidades de potássio de
0,624% e 0,537% respectivamente, sendo que estas recomendações levam em
consideração a presença do potássio nos ingredientes da ração, como o milho e
farelo de soja. No entanto, no manual da linhagem Hy-Line W-36 não há
recomendações de níveis de potássio, pois este leva em consideração a
quantidade do mineral presente no milho e farelo de soja da dieta.
São vários os alimentos que contêm potássio, alguns com quantidades
significativas outros não. Fonte de carboidratos geralmente contêm baixas
quantidades de potássio 3 a 5 g/kg MS, no entanto as fontes proteicas
apresentam altas quantidades de 10 a 20 g/kg MS de potássio, como o farelo de
soja que contém quantidades significativas (SUTTLE, 2010). Segundo Rostagno
et al. (2011) o farelo de soja (45%) e o milho (7,88%) contêm respectivamente
1,83% e 0,29% de potássio. Contudo, parte do potássio presente nas fontes
vegetais pode estar indisponível pela ligação com o ácido fítico.
A soja, um dos principais ingredientes da ração avícola, contém de 1 a
1,5% de fitato (RIBEIRO et al., 1999). Nutricionalmente a presença de fitato nos
ingredientes da ração é desfavorável, pois acarreta na formação de complexos
insolúveis com minerais e proteínas, diminuindo assim a biodisponibilidade
desses nutrientes para serem aproveitados pelo animal (TORREZAN et al.,
2010).
Outro cátion importante para o organismo animal é o sódio, sendo o
principal monovalente do fluído extracelular (SMITH et al., 1988). Este mineral
por ser barato e de fácil disponibilidade, não é menos importante que os demais
nutrientes para o organismo, exercendo e participando de várias funções
metabólicas.
O sódio atua na absorção de aminoácidos, minerais, glicose e de
vitaminas hidrossolúveis, controle da pressão osmótica, equilíbrio ácido básico,
excitabilidade nervosa, mineralização óssea e contração muscular e cardíaca
11
(MURAKAMI, 2000; UNDERWOOD; SUTTLE, 1999). Contudo, evita o
canibalismo, melhora a palatabilidade da ração, estimulando o consumo de ração
e água nas aves (SILVA; RIBEIRO; JORDÃO FILHO, 2006).
A deficiência de sódio na ração causa grande redução no consumo das
aves. Em contrapartida, o excesso de sódio na ração, resulta em má qualidade
das excretas, aumentando a umidade em decorrência do aumento no consumo de
água, elevando a proliferação de patógenos e de gases tóxicos como a amônia
nas excretas, sendo prejudicial à saúde das aves (HOOGE, 1999).
A absorção de sódio, segundo Cunningham (1993), ocorre de três
formas distintas, primeiro como cotransporte do sódio com moléculas orgânicas;
segundo é a absorção do sódio ligado ao cloreto e o terceiro é a absorção do
sódio por difusão simples.
São várias as fontes de sódio para as aves, como, a água, os grãos,
cloreto de sódio, bicarbonato de sódio e o carbonato de sódio. Junqueira et al.
(2000) avaliando diferentes fontes de sódio para poedeiras comerciais,
observaram que o cloreto de sódio e o bicarbonato de sódio, influenciaram o
desempenho e os parâmetros sanguíneos das aves.
São várias as recomendações de sódio para poedeiras no primeiro ciclo
de produção, segundo o NRC (1994) a quantidade de 0,15% é adequada, já
Rostagno et al. (2011) recomendam 0,225% de sódio.
Bertechini, Lira e Fassani (1996), estudando diferentes níveis de sódio
para poedeiras criadas em clima tropical, durante o pico e o final de postura,
concluíram que as exigências de sódio para ótima produção de ovos são 0,150 e
0,180% e para a conversão alimentar são 0,192 e 0,198%, respectivamente, em
cada período estudado.
Rodrigues et al. (2004) avaliaram três níveis de sódio 0,15; 0,25 e 0,35%
para poedeiras comercias no segundo ciclo de produção e observaram que o
nível de 0,15% de sódio na ração é o suficiente para atender à exigência
12
nutricional de sódio para poedeiras no segundo ciclo de produção, para melhores
desempenho e qualidade dos ovos, no entanto, o nível de 0,25% de sódio foi o
que apresentou melhor espessura da casca.
Junqueira et al. (2003) estudando diferentes fontes e níveis de sódio
0,37% e 0,67% de NaCl; 0,37% de NaCl mais 0,41% de NaHCO3 e 0,37% de
NaCl mais 0,34% de Na2SO4; sendo que o primeiro tratamento continha 0,17%
de sódio e os demais 0,28% de sódio para poedeiras comerciais no primeiro
ciclo de produção, observaram que as fontes e os níveis de sódio não
influenciaram os parâmetros produtivos; o peso específico dos ovos foi afetado
quando se elevou os níveis de sódio independente da fonte e os parâmetros
sanguíneos pH, HCO3- e pCO2 foram influenciados pelos níveis e fontes de
sódio, sendo os maiores valores obtidos com o uso de bicarbonato de sódio na
dieta.
No trabalho de Ribeiro et al. (2008), os autores avaliaram sete níveis de
sódio, de 0,08; 0,13; 0,18; 0,23; 0,28; 0,33 e 0,38% para poedeiras no final do
primeiro ciclo e durante o segundo ciclo de postura. Observaram que a produção
de ovos, massa de ovos e a conversão por massa de ovos foram afetadas de
forma quadrática, sendo estimada a exigência de sódio em 0,21; 0,22 e 0,21%,
respectivamente e no segundo ciclo, além das variáveis observadas no primeiro,
afetou a conversão por dúzia de ovos de forma quadrática, nesse ciclo, as
exigências de sódio foram estimadas em 0,20; 0,19; 0,18 e 0,19%,
respectivamente.
Além dos cátions potássio e sódio, o cloro é o principal ânion presente
no fluido extracelular dos animais. Este mineral está presente no suco gástrico
como parte do ácido clorídrico e é responsável pela ativação da amilase
intestinal. Assim como o potássio e o sódio, o cloro também está envolvido na
manutenção da pressão osmótica e do equilíbrio ácido-básico, transmissão de
13
impulsos nervosos, transporte ativo dos aminoácidos e da glicose em nível
celular (UNDERWOOD, 1981).
A principal fonte de cloro para as aves é o sal comum (NaCl), que
contêm 59,6% de cloro e 39,7% de sódio de acordo com Rostagno et al. (2011).
Rostagno et al. (2011) recomendam 0,20% de cloro para poedeiras
comerciais leves, já o NRC (1994) recomenda 0,13% de cloro com consumo
diário de 100 g de ração.
As dietas das aves são formulas à base de milho e farelo de soja mais
cloreto de sódio, ocorrendo predominância do elemento cloro. Sendo que as
exigências de sódio e cloro já estão bem definidas, os nutricionistas atualmente
estão dando mais atenção em estabelecer um balanço ideal de cátions e ânions
da dieta (LESSON; DIAZ; SUMMERS, 1995).
Segundo Chen e Balnave (2001), tanto o excesso de sódio quanto o de
cloro, afeta negativamente a qualidade da casca, podendo estar relacionado à
menor atividade da enzima anidrase carbônica da glândula da casca, limitando o
fornecimento de íons bicarbonato para o lúmen da glândula da casca, e
consequentemente de cálcio, resultando em uma menor formação de bicarbonato
de cálcio que será depositado na casca, resultando em ovos de casca mais fina.
Ernest et al. (1975) estudaram o nível de 0,23% de sódio com diferentes
níveis de cloro nas dietas de poedeiras comerciais com 90 semanas de idade,
estipulando as relações sódio:cloro 0,77; 0,88 e 1,28:1. Os autores não
observaram alterações na produção, peso dos ovos e na espessura da casca.
Hess e Britton (1989) avaliaram três níveis de cloro (0,09; 0,13 e 0,33%)
com sódio variando de 0,14 a 0,19% na dieta de poedeiras comerciais com 72
semanas de idade. Os autores observaram que a redução do nível de cloro não
influenciou o consumo de ração, produção e peso dos ovos, porcentagem e
deformação da casca. No entanto, o nível mais baixo 0,09% de cloro resultou
nos maiores valores para a densidade dos ovos.
14
2.2 O efeito da relação eletrolítica (Na+K)/Cl sobre a fisiologia da formação
do ovo
A principal função dos eletrólitos é fazer a manutenção e o equilíbrio
iônico da água corporal. Os íons fortes (Na+, K+ e Cl-) que atuam na homeostase
do fluido corporal não podem ser considerados individualmente, pois o
equilíbrio global que é importante. O equilíbrio ácido-base das aves é
influenciado principalmente pela nutrição e pelo ambiente. Portanto, a
manutenção desse equilíbrio acarreta em melhorias no desempenho das aves
(AHMAD; SARWAR, 2006).
O equilíbrio ácido-básico é medido pela diferença entre cátion-ânion em
miliequivalente (mEq) por uma variedade de fórmulas, incluindo íons
monovalentes (Na+ + K+) - Cl- ou bivalentes (Na+ + K+ + Ca2+ + Mg2+) - (Cl- +
S2-) (SUTTLE, 2010).
Dietas contendo altos teores de ânions (Cl-) resultam na diminuição do
pH sanguíneo causando acidemia. Por outro lado dietas com altos teores de
cátions (Na+ e K+) provocam o aumento do pH sanguíneo resultando em
alcalemia. Por tanto, ambas as situações afetam negativamente o desempenho
das aves, resultando em queda de produção e afetando a sanidade das aves
(AHMAD; SARWAR, 2006). Os eletrólitos presentes na ração exercem
influência no equilíbrio ácido-base e com isso afetam os processos metabólicos
como, crescimento, resistência a doenças, adaptação ao estresse e aos
parâmetros de desempenho (ARAÚJO et al., 2010).
A concentração dos íons na corrente sanguínea durante a formação da
casca do ovo em poedeiras é determinante na deposição do cálcio na casca.
Segundo Mongin (1968) o balanço cátion/aniônico é um importante fator que
influencia a resistência da casca do ovo.
De acordo com Mongin (1980) a diferença cátion-aniônica atua
diretamente na manutenção da qualidade da casca. Os minerais Na, K e Cl são
15
escolhidos pela importância que desempenham no metabolismo, pela
participação no balanço osmótico, no balanço ácido-base e na integridade dos
mecanismos que regulam o transporte através das membranas celulares. O
balanço destes minerais age diretamente no equilíbrio ácido-base das aves,
podendo influenciar o seu desempenho, o metabolismo do cálcio e a utilização
do fósforo.
Alterações no equilíbrio ácido-básico podem levar as poedeiras a
produzir ovos com casca mais fina, pois altera o metabolismo do cálcio durante
o processo de formação da casca. Isso ocorre, porque a alcalose afeta a
concentração de cálcio no sangue. A glândula da casca das aves remove cálcio
ionizado do sangue para formar a casca, e esse pode ser rapidamente reposto
pela dissociação do cálcio ligado a proteína. Porém, durante a alcalose, há um
aumento no pH do sangue devido à perda de CO2, sendo esse aumento no pH
acompanhado por uma diminuição no nível sanguíneo de cálcio ionizado. Dessa
forma, uma diminuição do pH resultará em um aumento no nível de cálcio
ionizado, devido à liberação de íons cálcio ligados às proteínas (FURLAN et al.,
2005).
Segundo Mongin (1981) deve-se adequar uma ração não apenas ao
balanço eletrolítico, pela diferença (Na+ + K+ - Cl-), mas, também à relação
eletrolítica (Na+ + K+)/Cl-.
Junqueira et al. (2000) estudando diferentes fontes e níveis de sódio,
cloro, potássio e da relação eletrolítica da dieta para poedeiras em final de ciclo
de produção, eles observaram melhor produção de ovos, redução no consumo de
ração e melhor conversão alimentar, com a relação (Na+ + K+)/Cl- de 4,46
contendo 0,23; 0,26 e 0,93% de sódio, cloro e potássio, respectivamente.
Segundo Abbas et al. (2012) o balanço eletrolítico (Na+ + K+ + Cl-) para
as poedeiras em gaiolas foi estimado em 180 mEq/kg, já para as matrizes é
recomendado cerca de 180 a 190 mEq/kg e para o período de alta temperatura
16
ambiental pode elevar para 200 mEq/kg visando estimular o consumo de água
para amenizar o estresse térmico.
Gezen e Eren (2005) estudaram três níveis de balanço eletrolítico 80,
256 e 330 mEq/kg, que correspondem à relação eletrolítica de 1,44; 4,90 e 5,73;
respectivamente, para galinhas poedeiras. Eles observaram o aumento
significativo do peso do ovo, espessura e resistência da casca para o balanço
eletrolítico de 256 mEq/kg, com a relação (Na+ + K+)/Cl- de 4,90 contendo 0,29;
0,21 e 0,74% de sódio, cloro e potássio, respectivamente; e também observaram
o aumento significativo do pH sanguíneo e da concentração de HCO3- para os
balanço eletrolítico de 256 mEq/kg, contendo 0,29; 0,21 e 0,74% de sódio, cloro
e potássio, respectivamente, e com a relação (Na+ + K+)/Cl- de 4,90 e com o
balanço eletrolítico de 330 mEq/kg, contendo 0,39; 0,22 e 0,87% de sódio, cloro
e potássio, respectivamente, e com a relação (Na+ + K+)/Cl- de 5,73; sugerindo
assim uma melhora da qualidade do ovo pela suplementação alcalina.
Nobakht et al. (2006) estudaram três quantidades diferentes de balanço
eletrolítico 120, 240 e 360 mEq/kg, correspondendo à relação eletrolítica de
1,82; 3,66 e 6,14; respectivamente, para galinhas poedeiras, eles observaram
para o balanço eletrolítico de 360 mEq/kg, que corresponde a (Na+ + K+)/Cl- de
6,14; contendo 0,50; 0,21 e 0,79% de sódio, cloro e potássio respectivamente,
aumento significativo nos parâmetros de qualidade do ovo, peso específico, peso
da casca, espessura da casca e peso da casca por superfície de área. Os autores
concluíram que ao aumentar o balanço eletrolítico da dieta em períodos de
estresse térmico resulta em melhorias na qualidade da casca do ovo de poedeiras
em período de postura tardio.
Chen e Balnave (2001) relataram uma ótima atividade da enzima
anidrase carbónica em meio alcalino, essa enzima atua na glândula da casca,
sendo responsável pela deposição de cálcio na casca do ovo. Dietas contendo
altas quantidades de cloro, resultam na redução do pH sanguíneo, limitando a
17
atividade da enzima anidrase carbónica, que reduz a deposição de cálcio na
casca do ovo, levando a formação de ovos de má qualidade de casca.
Murakami et al. (2003) realizaram dois experimentos com diferentes
níveis de sódio, variando de 0,12 a 0,24% contendo diferentes relações
eletrolíticas (Na+K)/Cl de 4,81 a 7,53 para poedeiras comerciais no primeiro e
segundo ciclos de produção. Observaram que os níveis de 0,12% de sódio, em
dietas com (Na+K)/Cl de 6,61, para poedeiras no primeiro ciclo de produção, e
de 0,13% de sódio, em dietas com (Na+K)/Cl de 4,81, para poedeiras no
segundo ciclo de produção, proporcionaram bom desempenho produtivo e
melhor qualidade externa dos ovos.
Judice et al. (2002) estudaram a influência do balanço cátion-aniônico
das rações e do manejo de uso das rações em diferentes horários do dia com
diferentes níveis de cálcio, sobre o desempenho e qualidade dos ovos de
poedeiras comerciais no segundo ciclo de produção. Os autores concluíram que
a ração catiônica contendo 3,8% de cálcio e relação eletrolítica (Na+K)/Cl de
3,54 resultou em melhor produção de ovos e qualidade da casca, aumentando a
porcentagem de ovos viáveis.
Há vários estudos na nutrição de poedeiras comerciais com balanço
eletrolítico da dieta, fontes e níveis de minerais, principalmente, de sódio. No
entanto não se encontram muitas informações sobre níveis de potássio e da
relação eletrolítica da dieta. Sendo que o potássio está envolvido em várias
funções fisiológicas e metabólicas no organismo, contribuindo
significativamente para o desempenho, qualidade do ovo e saúde das aves. Essa
pesquisa vem a contribuir com mais informações e esclarecimento sobre o
mineral potássio e a relação eletrolítica da dieta, atuando no desempenho,
qualidade do ovo e nos constituintes e níveis sanguíneos de poedeiras comerciais
em produção.
18
3 MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizados dois experimentos para determinar a necessidade de
suplementação dietética de potássio para poedeiras comerciais leves em final de
ciclo de produção, mantendo a relação eletrolítica fixa ou livre. As médias da
temperatura e da umidade relativa mínima e máxima registrada durante o
período experimental foram de 14,22 e 25,67° C; e 44,64 e 91,32%,
respectivamente. No primeiro experimento foi fixada a relação eletrolítica
(Tabela 1 e 2) e no segundo experimento a relação eletrolítica ficou livre (Tabela
3 e 4), se assemelhando aos experimentos comumente realizados com níveis de
minerais para aves.
Na sequência estão descritos os procedimentos gerais adotados nos dois
experimentos e, posteriormente, os detalhes específicos que foram realizados em
cada um dos ensaios.
Localização e período experimental
Os experimentos foram conduzidos no Setor de Avicultura do
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras. O município de
Lavras localiza-se na região sul do estado de Minas Gerais, a uma altitude de
910 metros, tendo como coordenadas geográficas 21o 14’ de latitude sul e 45o de
longitude oeste de Greenwich. Os experimentos foram realizados
concomitantemente no período de maio a agosto de 2014, ambos com duração
de 84 dias, divididos em quatro períodos de avaliação de 21 dias.
Instalações e equipamentos
O galpão de poedeiras apresenta um conjunto de gaiolas de arame
galvanizado, sendo cada gaiola com medidas de 100 cm de frente x 45 cm de
profundidade x 40 cm de altura, que constituíram uma parcela e são equipadas
19
com comedouros tipo calha e bebedouros tipo nipple. Em cada gaiola foram
alojadas 12 galinhas, conferindo uma densidade de 375 cm2/ave. No interior do
galpão foram instalados quatro termohigrômetros para o registro das
temperaturas máximas e mínimas e umidade relativa do ar durante todo o
período experimental. Foi adotado um programa de iluminação de 16 horas por
dia, complementando a iluminação natural com lâmpadas fluorescentes.
Aves e manejo geral
Foram utilizadas 924 poedeiras comerciais leves, com 71 semanas de
idade, da linhagem Hy-line W-36 em final de ciclo de produção, oriundas do
plantel de avicultura do Departamento de Zootecnia. As aves foram distribuídas
nas unidades experimentais de modo aleatório, e a ração fornecida duas vezes ao
dia em comedouro tipo calha e água à vontade em bebedouro tipo nipple.
Diariamente foi anotado em fichas apropriadas, o número de ovos íntegros,
quebrados, sem casca, com casca mole, e sujos por sangue ou excreta em cada
parcela. A coleta de ovos foi realizada duas vezes ao dia sempre as 10 e às 16
horas. Ao final de cada semana foram pesados todos os ovos íntegros e o
consumo de ração de cada parcela. Os parâmetros de qualidade interna e externa
foram medidos nos ovos colhidos no último dia de cada período de 21 dias.
Tratamentos e rações experimentais
Os experimentos foram conduzidos em um delineamento inteiramente
casualizado (DIC). Cada experimento foi constituído por cinco tratamentos mais
o controle, o qual era igual para ambos. Cada tratamento continha sete
repetições com doze aves por unidade experimental, totalizando 420 poedeiras
para os cinco tratamentos e 84 poedeiras para o tratamento controle. As rações
experimentais (Tabela 2 e 4) foram formuladas à base de milho e farelo de soja,
seguindo as recomendações descritas no manual da linhagem Hy-Line W-36 e a
20
composição química dos ingredientes utilizados na formulação obtida por
Rostagno et al. (2011).
Os dois experimentos foram constituídos por cinco tratamentos com
níveis crescentes de potássio, sendo: 0,580; 0,680; 0,780; 0,880 e 0,980%, mais
um tratamento controle, sem suplementação de potássio, estimando consumo em
98 gramas por ave/dia, suplementado apenas por sal comum e com a relação
eletrolítica livre. No experimento 1 a relação eletrolítica foi fixada em 4,0, sendo
este valor fixado pelo resultado calculado da relação eletrolítica do manual da
linhagem. No experimento 2 a relação eletrolítica foi mantida livre, conforme as
tabelas 1 e 3. O cálculo da relação eletrolítica (Na+K)/Cl foi realizado tomando-
se os valores de Na, K e Cl fornecidos pelas rações e pelos sais (NaHCO3, NaCl
e KH2PO4).
Para a suplementação e adequação dos níveis de sódio, cloro e potássio
foram utilizadas fontes comerciais desses elementos, a saber: sal comum (Na
39% e Cl 61%), bicarbonato de sódio (Na 27,1%) e fosfato monopotássico (K
34% e P 52%). Na formulação foi computada a contribuição em fósforo
fornecido pelo fosfato monopotássico, nos tratamentos que essa fonte foi
incluída e corrigida a quantidade de fosfato bicálcico e calcário, conforme
indicado nas tabelas 2 e 4.
Tabela 1 Níveis de potássio para poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção, com a relação eletrolítica (Na+K)/Cl fixa
Tratamento Sódio Cloro Potássio Relação:
(Na + K)/Cl BE
(mEq/kg) 1 0,180 0,190 0,580 4,0 170 2 0,180 0,215 0,680 4,0 189 3 0,180 0,240 0,780 4,0 207 4 0,180 0,265 0,880 4,0 226 5 0,180 0,290 0,980 4,0 244 6 (controle) 0,180 0,345 0,580 2,2 126
21
Tabela 2 Composição das rações experimentais, com diferentes níveis de potássio e relação eletrolítica fixa para poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
* Fornecimento por kg de produto: A: 7.100.000 UI; D3: 2.100.000 UI; E: 6.000 UI; K3: 1.600 mg; B2: 3.000 mg; B12: 8.000 mcg; Niacina: 21.000 mg; Ácido Pantatênico: 5.000 mg; Biotina: 10 mg; B.H.T. (Hidróxido de Tolueno Butilado): 18.000 mg; Cu: 10.000 mg; Fe: 50.000 mg; I: 1.200 mg; Mn: 80.000 mg; Se: 200 mg; Zn: 60.000 mg. ** BR Bond: Aluminosilicatos hidratados de sódio e cálcio - mín. 1,000 g/kg. *** Valores de tabela (ROSTAGNO et al., 2011).
Ingredientes (%) Níveis de potássio (%) Controle
0,580 0,680 0,780 0,880 0,980 0,580 Milho 60,690 60,690 60,690 60,690 60,690 62,957 Farelo de soja 21,920 21,920 21,920 21,920 21,920 21,508 Óleo vegetal 2,421 2,421 2,421 2,421 2,421 1,651 Fosfato bicálcico 1,759 1,327 0,900 0,473 0,040 1,756 Calcário calcítico 10,844 11,125 11,402 11,680 11,961 10,847 Suplemento vit/min* 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 Cloreto de colina, 70% 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 DL-Metionina, 99% 0,164 0,164 0,164 0,164 0,164 0,162 L-Lisina HCL, 78% 0,052 0,052 0,052 0,052 0,052 0,059 Adsorvente** 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300 Sal comum 0,154 0,196 0,238 0,280 0,322 0,410 Bicarbonato de sódio 0,372 0,310 0,252 0,190 0,128 -- Fosfato monopotássico -- 0,348 0,697 1,045 1,394 -- Inerte 0,974 0,797 0,614 0,435 0,258 -- Total 100 100 100 100 100 100
Composição calculada***: Energia metabolizável (kcal/kg) 2800 2800 2800 2800 2800 2800 Proteína bruta (%) 14,84 14,84 14,84 14,84 14,84 14,84 Cálcio (%) 4,59 4,59 4,59 4,59 4,59 4,59 Fósforo disponível (%) 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 Lisina digestível (%) 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 Metionina+cistina digestível (%) 0,58 0,58 0,58 0,58 0,58 0,58 Triptofano digestível (%) 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 Treonina digestível (%) 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 Sódio (%) 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 Cloro (%) 0,190 0,215 0,240 0,265 0,290 0,345 Potássio (%) 0,580 0,680 0,780 0,880 0,980 0,580 Relação (Na+K)/Cl 4 4 4 4 4 2,2 Balanço eletrolítico (mEq/kg) 170 189 207 226 244 126
22
Tabela 3 Níveis de potássio para poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção, com a relação eletrolítica (Na+K)/Cl livre
Tratamento Sódio Cloro Potássio Relação:
(Na + K)/Cl BE
(mEq/kg) 1 0,180 0,180 0,580 4,22 172 2 0,180 0,180 0,680 4,77 198 3 0,180 0,180 0,780 5,33 224 4 0,180 0,180 0,880 5,88 249 5 0,180 0,180 0,980 6,44 275 6 (controle) 0,180 0,345 0,580 2,20 126
23
Tabela 4 Composição das rações experimentais, contendo diferentes níveis de potássio mantendo a relação eletrolítica livre, para poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
* Fornecimento por kg de produto: A: 7.100.000 UI; D3: 2.100.000 UI; E: 6.000 UI; K3: 1.600 mg; B2: 3.000 mg; B12: 8.000 mcg; Niacina: 21.000 mg; Ácido Pantatênico: 5.000 mg; Biotina: 10 mg; B.H.T. (Hidróxido de Tolueno Butilado): 18.000 mg; Cu: 10.000 mg; Fe: 50.000 mg; I: 1.200 mg; Mn: 80.000 mg; Se: 200 mg; Zn: 60.000 mg. ** BR Bond: Aluminosilicatos hidratados de sódio e cálcio - mín. 1,00 g/kg. *** Valores de tabela (ROSTAGNO et al., 2011).
Ingredientes (%) Níveis de potássio (%) Controle
0,580 0,680 0,780 0,880 0,980 0,580 Milho 60,690 60,690 60,690 60,690 60,690 62,957 Farelo de soja 21,920 21,920 21,920 21,920 21,920 21,508 Óleo vegetal 2,421 2,421 2,421 2,421 2,421 1,651 Fosfato bicálcico 1,759 1,332 1,164 0,473 0,040 1,756 Calcário calcítico 10,844 11,121 11,231 11,680 11,961 10,847 Suplemento vit/min* 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 Cloreto de colina, 70% 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 DL-Metionina, 99% 0,164 0,164 0,164 0,164 0,164 0,162 L-Lisina HCL, 78% 0,052 0,052 0,052 0,052 0,052 0,059 Adsorvente** 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300 Sal comum 0,140 0,140 0,140 0,140 0,140 0,410 Bicarbonato de sódio 0,390 0,390 0,390 0,390 0,390 -- Fosfato monopotássico -- 0,348 0,697 1,045 1,394 -- Inerte 0,970 0,772 0,481 0,375 0,178 -- Total 100 100 100 100 100 100 Composição calculada** *: Energia metabolizável (kcal/kg) 2800 2800 2800 2800 2800 2800 Proteína bruta (%) 14,84 14,84 14,84 14,84 14,84 14,84 Cálcio (%) 4,59 4,59 4,59 4,59 4,59 4,59 Fósforo disponível (%) 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 Lisina digestível (%) 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 Metionina+cistina digestível (%) 0,58 0,58 0,58 0,58 0,58 0,58 Triptofano digestível (%) 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 Treonina digestível (%) 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 Sódio (%) 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 Cloro (%) 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,345 Potássio (%) 0,580 0,680 0,780 0,880 0,980 0,580 Relação (Na+K)/Cl 4,22 4,77 5,33 5,88 6,44 2,20 Balanço eletrolítico (mEq/kg) 172 198 224 249 275 126
24
Variáveis avaliadas
• Produção média de ovos
A produção média de ovos a cada período de 21 dias, expressa em %
ovos/ave/dia, foi obtida tomando-se diariamente o número de ovos produzidos
incluindo os trincados, quebrados, sem casca mole e ovos sujos por sangue ou
excreta.
• Peso médio dos ovos
No último dia de cada semana experimental, foram pesados todos os
ovos íntegros produzidos e foi obtido o peso médio de cada parcela. Ao final de
cada período de 21 dias foi calculada uma média das pesagens para obter o peso
médio dos ovos produzidos no período.
• Consumo de ração
A ração destinada a cada parcela foi pesada e acondicionada em baldes
plásticos com tampa. Ao final de cada semana, as sobras dos comedouros e dos
baldes foram pesadas e o consumo de ração foi determinado e expresso em
gramas de ração consumida por ave/dia. Ao final de cada período, foi calculada
a média do consumo nas semanas correspondentes a cada período.
• Conversão alimentar
A conversão alimentar foi calculada através da formula:
CA = (CR / Pr x PO) x 100
CA: conversão alimentar. CR: consumo de ração. Pr: produção de ovos PO:
peso do ovo. Sendo expressa em gramas de ração consumida por grama de ovo
produzido (g/g).
25
• Ovos viáveis
Diariamente, foram anotadas as quantidades de ovos trincados,
quebrados, de casca mole ou sem casca e ao final de cada semana foi calculada a
porcentagem de ovos perdidos (OP) em relação ao total produzido. Ao final de
cada período, foram calculadas as porcentagens de ovos viáveis, através da
diferença:
OV = (100 - OP)
OV: ovos viáveis (%). OP: ovos perdidos (%).
• Qualidade dos ovos
Ao final de cada período, foram pesados todos os ovos por parcela e o
obtido o peso médio do ovo. Foram coletados três ovos por parcela, de peso
semelhante à média da parcela, e tomadas as medidas para se determinar a
qualidade interna e externa. Para determinar o peso específico foi feita uma
avaliação no último dia dos períodos, com todos os ovos íntegros produzidos na
unidade experimental.
a) Unidade Haugh
Os três ovos amostrados por parcela, ao final de cada período,
devidamente identificados foram pesados e quebrados sobre uma superfície
plana de vidro para a obtenção da altura de albúmen, medida que foi realizada
com um micrômetro de profundidade, com precisão de 0,1 mm. Os valores
Unidade Haugh foram calculados utilizando-se a fórmula apresentada por Card e
Nesheim (1968):
UH = 100 log (H + 7,57 – 1,7 x PO0,37 )
H = altura de albúmen (mm). PO = peso do ovo (g).
26
b) Espessura da casca
Após a secagem em estufa a 65 °C por 72 horas, as cascas foram
pesadas e em seguida tomadas as medidas de sua espessura em três pontos na
região equatorial do ovo e obtida a média através de um micrômetro da marca
Mitutoyo, com precisão de 0,001 mm (0,001 – 25,000 mm) os valores obtidos
nos três ovos de cada parcela foram transformados em valores médios por
parcela.
c) Peso específico
O peso específico foi feito em todos os ovos íntegros produzidos no
último dia de cada período, o método se baseia no princípio de Arquimedes
usando a equação descrita por Hempe et al. (1988).
PE = peso do ovo/(peso do ovo na água x correção da temperatura)
Correção da temperatura (D) segundo Kell (1975).
D = (0,9998676 + 17,801161 x 10-3 t - 7,942501 x 10-6 t2 - 52,56328 x 10-9 t3 +
137,6891 x 10-12 t4 - 364,4647 x 10-15 t5)/(1 + 17,735441 x 10-3 t)
t: temperatura média da água em grau Celsius - (ti + tf)/2
d) Porcentagem de casca
Feito nos três ovos amostrados em cada parcela ao final de cada período
após serem quebrados para avaliação de Unidade Haugh. As cascas foram
lavadas em água e secas em estufas a 65 °C por 72 horas, em seguida, foram
pesadas obtendo-se o percentual através da relação (peso da casca / pesos do
ovo).
e) Peso de casca por unidade de superfície de área
27
O peso da casca dos ovos por unidade de superfície de área (PCSA),
expresso em mg/cm2 foi calculado pela equação de Abdallah, Harms e El-
Husseiny (1993).
PCSA = [PC/3,9782 x (PO 0,7056)] x 1000
PC = peso da casca (g). PO = peso do ovo (g).
• Peso das aves
Ao final dos experimentos, três aves de cada parcela foram pesadas
(total de 126 aves), individualmente, sendo colocadas em uma gaiola de
pesagem e utilizando balança digital. Com os dados individuais dos pesos de
cada ave, foi calculado o peso médio das aves por tratamento.
• Matéria seca da excreta
A coleta foi realizada duas vezes ao dia, nos três últimos dias dos
experimentos, sendo coletadas em bandejas revestidas com plástico sob cada
gaiola experimental, para facilitar a coleta e evitar a perda de excretas.
As excretas coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos
previamente identificados e armazenadas em freezer, à temperatura de -5 oC, até
o final do período de coleta, quando foram descongeladas, pesadas e
homogeneizadas. Em seguida foram retiradas amostras de 350g para as análises
laboratoriais posteriores. Essas amostras foram submetidas a uma pré-secagem
em estufa de ventilação forçada (65 oC), durante 72 horas, para a determinação
da amostra seca ao ar e depois secas em estufa (105 oC) por 12 horas, então,
encaminhadas ao laboratório para a determinação dos teores de matéria seca
(MS), conforme as técnicas descritas por Silva e Queiroz (2002).
• Análises sanguíneas
28
Ao final do quarto período experimental foram colhidas amostras de
sangue de duas aves por tratamento dos dois experimentos, totalizando 22
amostras para realização das análises de pH, pCO2, HCO3-, Cl, Na e K. Foram
coletadas amostras de 3 mL de sangue por ave, da veia braquial (asa) utilizando
seringa esterilizada, as amostras foram colocadas em tubos plásticos apropriados
e devidamente identificados. Posteriormente, as amostras foram encaminhadas
ao Laboratório Santa Cecília no município de Lavras MG.
Análise estatística
Todos os dados foram submetidos à análise de variância e quando
significativo, foi utilizado o teste de Dunnett a 5% de probabilidade para
comparação com a dieta controle, e para a estimativa do nível de potássio (K) foi
aplicado o teste de regressão polinomial utilizando o software estatístico
ASSISTAT 7.7 (SILVA, 1996).
29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Experimento 1 - Níveis de potássio com relação (Na+K)/Cl fixa
Os efeitos dos diferentes níveis de potássio com a relação eletrolítica
fixa da dieta, sobre o desempenho estão representados na Tabela 5.
Tabela 5 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl fixa, sobre a produção de ovos (PrO), peso do ovo (PO), consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA) de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Tratamento Na Cl K Relação BE PrO PO CR CA
(%) (Na+K)/Cl (mEq/kg) (%) (g) (g/ave/dia) (g/g)
1 0,180 0,190 0,580 4,0 170 83,74 ± 4,96DP 66,73 ± 1,48 104,55 ± 4,26 1,814 ± 0,22
2 0,180 0,215 0,680 4,0 189 84,07 ± 5,19 68,19* ± 1,89 106,08 ± 5,50 1,819 ± 0,16
3 0,180 0,240 0,780 4,0 207 83,54* ± 5,20 67,84 ± 1,69 102,59* ± 6,45 1,814 ± 0,18
4 0,180 0,265 0,880 4,0 226 84,58 ± 5,61 67,52 ± 1,64 106,37 ± 4,94 1,815 ± 0,16
5 0,180 0,290 0,980 4,0 244 83,99 ± 5,83 68,86** ± 1,65 108,22** ± 5,52 1,812 ± 0,19
6 (Controle) 0,180 0,345 0,580 2,2 126 84,56 ± 4,32 67,38 ± 2,14 105,17 ± 5,65 1,817 ± 0,17
Média 83,98 67,83 105,56 1,815
CV (%) 2,90 2,61 5,18 1,54 BE balanço eletrolítico. DP desvio padrão. DUNNETT comparação dos tratamentos com a dieta controle **(P
30
níveis estudados podem ter aumentado a síntese de albumina no ovo, resultando
em ovos mais pesados. Gezen e Eren (2005) avaliando diferentes balanços
eletrolíticos, contendo diferentes níveis de potássio na dieta de poedeiras
comerciais, observaram aumento do peso dos ovos das aves com o balanço
eletrolítico de 256 mEq/kg, contendo 0,740% de potássio e relação (Na+K)/Cl
de 4,90. Nobakht et al. (2006) trabalhando com diferentes balanços eletrolíticos
da dieta com dois níveis de potássio 0,640 e 0,790%, não observaram efeito dos
tratamentos sobre o peso dos ovos das aves.
O consumo de ração reduziu (P0,05) pelos níveis de
potássio, com a relação (Na+K)/Cl fixa (Tabela 6).
31
Tabela 6 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl fixa sobre ovos viáveis (OV), peso da aves (PA) e matéria seca das excretas (MS) de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Tratamento Na Cl K Relação BE OV PA MS1
(%) (Na+K)/Cl (mEq/kg) (%) (kg) (%) 1 0,180 0,190 0,580 4,0 170 93,6 ± 3,06DP 1,640 ± 0,05 27,40** ± 0,38 2 0,180 0,215 0,680 4,0 189 94,0 ± 2,60 1,650 ± 0,08 27,40** ± 0,31 3 0,180 0,240 0,780 4,0 207 95,2 ± 2,15 1,677 ± 0,07 25,33** ± 0,55 4 0,180 0,265 0,880 4,0 226 95,4 ± 2,69 1,714 ± 0,07 24,93** ± 0,30 5 0,180 0,290 0,980 4,0 244 92,5 ± 3,23 1,668 ± 0,06 24,40** ± 0,40 6 (Controle) 0,180 0,345 0,580 2,2 126 93,8 ± 3,44 1,653 ± 0,06 26,47 ± 0,27 Média 94,1 1,67 25,89 Regressão NS NS L CV (%) 3,33 4,20 1,60 1- (P
32
A porcentagem de matéria seca das excretas foi alterada (P
33
Figura 1 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl fixa na dieta sobre a porcentagem
de matéria seca das excretas (MS) de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Os resultados para a Unidade Haugh estão descritos na Tabela 7 e
demonstram que os níveis 0,580; 0,780 e 0,880% de potássio proporcionaram a
melhor qualidade interna dos ovos (P
34
Tabela 7 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl fixa sobre a Unidade Haugh (UH), espessura da casca (EC), porcentagem de casca (PC), peso da casca por unidade de superfície de área (PCSA) e peso específico (PE) de ovos de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Tratamento Na Cl K Relação BE UH EC PC PCSA PE
(%) (Na+K)/Cl (mEq/kg) (%) (mm) (%) (mg/cm2) (g/cm3)
1 0,180 0,190 0,580 4,0 170 87,11** ± 2,88 DP 0,359 ± 0,02 8,43 ± 0,57 73,39 ± 3,30 1,074 ± 0,01
2 0,180 0,215 0,680 4,0 189 85,92 ± 2,68 0,360 ± 0,02 8,46 ± 0,60 73,70 ± 2,97 1,076 ± 0,01
3 0,180 0,240 0,780 4,0 207 86,92** ± 2,92 0,359 ± 0,02 8,54 ± 0,66 74,24 ± 3,02 1,078 ± 0,02
4 0,180 0,265 0,880 4,0 226 87,12** ± 3,05 0,353 ± 0,02 8,40 ± 0,69 73,84 ± 3,00 1,075 ± 0,01
5 0,180 0,290 0,980 4,0 244 86,12 ± 2,63 0,356 ± 0,02 8,43 ± 0,68 73,70 ± 2,84 1,077 ± 0,01
6 (Controle) 0,180 0,345 0,580 2,2 126 85,58 ± 2,45 0,357 ± 0,02 8,46 ± 0,61 73,70 ± 3,64 1,073 ± 0,01
Média 86,64 0,357 8,45 73,77 1,076
CV (%) 3,23 6,68 7,58 4,28 0,99 BE balanço eletrolítico. DP desvio padrão. DUNNETT comparação dos tratamentos com a dieta controle **(P0,05) com os diferentes níveis
dietéticos de potássio, mantendo fixa a relação eletrolítica da dieta (Tabela 7).
Murakami et al. (2003) avaliando diferentes níveis de sódio, com dois níveis de
potássio 0,640 e 0,740% para poedeiras comerciais no primeiro e segundo ciclo
de produção, não observaram efeito dos minerais sobre a espessura da casca,
porcentagem de casca e peso específico do ovo. No entanto Gezen e Eren (2005)
estudando diferentes balanços eletrolíticos da dieta, contendo três diferentes
níveis de potássio 0,730; 0,740 e 0,870% para poedeiras comerciais no primeiro
ciclo de produção, observaram aumento na espessura da casca do ovo, com
balanço eletrolítico de 256 mEq/kg, contendo 0,740% de potássio.
As concentrações sanguíneas dos minerais sódio, cloro e potássio não
foram influenciadas (P>0,05) pelos diferentes níveis de potássio com a relação
eletrolítica fixa da dieta (Tabela 8). Gezen e Eren (2005), estudando o balanço
eletrolítico da dieta, com diferentes níveis de potássio, não observaram
35
alterações nas concentrações sanguíneas de sódio e potássio, mas no entanto,
eles observaram alteração na concentração de cloro. O resultado das
concentrações dos minerais encontrados no plasma das aves está dentro dos
parâmetros normais, em que as aves necessitam de uma determinada quantidade
de minerais para a produção e homeostase corporal, sendo o excesso excretado
nas fezes.
Tabela 8 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl fixa sobre a concentração sanguínea de sódio, cloro e potássio de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Tratamento Na Cl K Relação BE Sódio Cloro Potássio
(%) (Na+K)/Cl (mEq/kg) (mEq/L) (mEq/L) (mEq/L) 1 0,180 0,190 0,580 4,0 170 150,00 ± 1,00 DP 118,50 ± 0,50 3,55 ± 0,05 2 0,180 0,215 0,680 4,0 189 151,50 ± 0,50 119,00 ± 0,05 3,70 ± 0,30 3 0,180 0,240 0,780 4,0 207 147,00 ± 1,00 115,50 ± 1,50 3,70 ± 0,20 4 0,180 0,265 0,880 4,0 226 149,50 ± 3,50 117,00 ± 1,00 4,35 ± 0,55 5 0,180 0,290 0,980 4,0 244 148,00 ± 1,00 117,50 ± 0,50 4,10 ± 0,30 6 (Controle) 0,180 0,345 0,580 2,2 126 146,50 ± 0,50 115,00 ± 0,50 3,45 ± 0,05 Média 149,20 117,5 3,88 CV (%) 1,54 0,95 11,01 BE balanço eletrolítico. DP desvio padrão. (P>0,05).
36
Os valores de pH, pressão de gás carbônico e bicarbonato no sangue das
poedeiras não sofreram alterações (P>0,05) com o uso de diferentes níveis de
potássio com a relação eletrolítica fixa da dieta (Tabela 9).
Tabela 9 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl fixa sobre o pH, pressão de gás carbônico (pCO2) e bicarbonato (HCO3
-) no sangue de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Tratamento Na Cl K Relação BE pH pCO2 HCO3
- (%) (Na+K)/Cl (mEq/kg) (mm Hg) (mmol/L)
1 0,180 0,190 0,580 4,0 170 7,345 ± 0,08 DP 54,00 ± 11,00 28,00 ± 1,00 2 0,180 0,215 0,680 4,0 189 7,365 ± 0,02 52,50 ± 3,50 29,50 ± 1,50 3 0,180 0,240 0,780 4,0 207 7,395 ± 0,10 46,50 ± 9,50 27,50 ± 0,50 4 0,180 0,265 0,880 4,0 226 7,295 ± 0,08 54,50 ± 6,50 25,50 ± 1,50 5 0,180 0,290 0,980 4,0 244 7,355 ± 0,02 49,50 ± 3,50 27,00 ± 1,00 6 (Controle) 0,180 0,345 0,580 2,2 126 7,465 ± 0,05 44,50 ± 8,50 31,00 ± 2,00 Média 7,351 51,40 27,50 CV (%) 1,21 21,50 6,74 BE balanço eletrolítico. DP desvio padrão. (P>0,05).
Junqueira et al. (2000) avaliando as fontes e níveis de sódio, cloro e
potássio e da relação eletrolítica da dieta para poedeiras comerciais, observaram
diferença para o pH sanguíneo. Gezen e Eren (2005) avaliando diferentes
balanços eletrolíticos, com diferentes níveis de potássio na dieta de poedeiras
comerciais, não observaram diferenças para a pressão de gás carbônico (pCO2),
no entanto, constataram efeito sobre o pH e bicarbonato (HCO3-) no plasma
sanguíneo das aves. O pH sanguíneo pode ser alterado com o alto consumo de
cloro, reduzindo o pH do sangue, os diferentes níveis de potássio atuou no
controle das variações dos níveis dietéticos de cloro, evitando alterações no pH
sanguíneo. A pCO2 e HCO3- são influenciados principalmente nas épocas de alta
temperatura, em que as aves aumentam a frequência respiratória para perder
calor por evaporação, o que resulta na diminuição das variáveis pCO2 e HCO3-
no sangue, levando as aves a uma acidose metabólica. Os níveis de potássio com
o uso de bicarbonato de sódio (NaHCO3) utilizado para minimizar o estresse
37
térmico e manter o equilíbrio ácido-base, foram efetivos em manter as variáveis
analisadas dentro dos parâmetros normais, evitando a ocorrência de distúrbios
metabólicos nas aves.
4.2 Experimento 2 - Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl livre
O efeito dos diferentes níveis de potássio com a relação eletrolítica livre
da dieta sobre o desempenho das aves está descrito na Tabela 10, onde se
observa que, a produção de ovos reduziu (P
38
potássio com relação (Na+K)/Cl de 5,33 não influenciou (P>0,05) a produção de
ovos em comparação ao tratamento controle. Gezen e Eren (2005) não
observaram efeito dos diferentes balanços eletrolíticos, contendo diferentes
níveis de potássio, sobre a produção de ovos de poedeiras comerciais.
O peso do ovo diminuiu com a suplementação de 0,780% de potássio
com relação (Na+K)/Cl de 5,33 (P
39
Figura 2 Efeito dos níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl livre na dieta sobre o consumo de ração (CR) de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
A conversão alimentar não foi influenciada (P>0,05) pelos diferentes
níveis de potássio e da relação (Na+K)/Cl da dieta (Tabela 10). Junqueira et al.
(2000) observaram diferenças na conversão alimentar de poedeiras alimentadas
com dois níveis de potássio 0,730 e 0,930% com diferentes relações (Na+K)/Cl
da dieta 3,46 a 6,46.
y = 98,257 + 5,533X; R2 = 0,84
100,00
100,50
101,00
101,50
102,00
102,50
103,00
103,50
104,00
0,580 0,680 0,780 0,880 0,980
CR
(g)
Níveis de Potássio (%)
40
A porcentagem de ovos viáveis e o peso das aves não foram modificados
(P>0,05) com os diferentes níveis de potássio com relação (Na+K)/Cl da dieta
(Tabela 11).
Tabela 11 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl livre sobre ovos viáveis (OV), peso da aves (PA) e matéria seca das excretas (MS) de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Tratamento Na Cl K Relação BE OV PA MS1 (%) (Na+K)/Cl (mEq/kg) (%) (kg) (%)
1 0,180 0,180 0,580 4,22 172 94,4 ± 1,85 DP 1,629 ± 0,05 27,13 ± 0,27 2 0,180 0,180 0,680 4,77 198 95,3 ± 1,40 1,578 ± 0,15 26,45 ± 0,97 3 0,180 0,180 0,780 5,33 224 94,8 ± 1,53 1,633 ± 0,09 25,33* ± 0,50 4 0,180 0,180 0,880 5,88 249 94,8 ± 1,61 1,642 ± 0,05 23,60** ± 0,46 5 0,180 0,180 0,980 6,44 275 94,5 ± 2,29 1,646 ± 0,07 23,40** ± 0,92 6 (Controle) 0,180 0,345 0,580 2,20 126 93,8 ± 3,44 1,653 ± 0,06 26,47 ± 0,27 Média 94,6 1,626 25,18 Regressão NS NS L CV (%) 2,44 5,63 2,72 1- (P
41
seca das excretas. Os níveis crescente de potássio e da relação (Na+K)/Cl da
dieta, estimularam o aumento de consumo de água nas aves, aumentando assim a
umidade das excretas. Os resultados encontrados diferem de Murakami et al.
(2003), que não observaram mudanças na umidade das excretas das aves
alimentadas com diferentes níveis de sódio e potássio.
Figura 3 Porcentagem de matéria seca das excretas (MS) de poedeiras comerciais leves
em final de ciclo de produção recebendo níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl livre na dieta
As variáveis de qualidade interna e externa do ovo, Unidade Haugh,
espessura da casca, porcentagem de casca, peso da casca por unidade de
superfície de área e peso específico do ovo (Tabela 12) não foram alteradas
(P>0,05) em decorrência dos diferentes níveis de potássio e da relação
(Na+K)/Cl da dieta. Os resultados mostram que os níveis de potássio estudados
com as diferentes relações (Na+K)/Cl da dieta, foram eficazes em manter as
variáveis de qualidade interna e externa do ovo. Murakami et al. (2003) não
observaram alterações sobre a qualidade do ovo, estudando diferentes níveis de
y = 33,233 - 10,319X; R2 = 0,96
22,00
23,00
24,00
25,00
26,00
27,00
28,00
0,580 0,680 0,780 0,880 0,980
MS
(%
)
Níveis de Potássio (%)
42
sódio, com dois níveis de potássio 0,640 e 0,740% para poedeiras comerciais de
primeiro e segundo ciclo de produção.
Tabela 12 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl livre sobre a Unidade Haugh (UH), espessura da casca (EC), porcentagem de casca (PC), peso da casca por unidade de superfície de área (PCSA) e peso específico (PE) de ovos de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Tratamento Na Cl K Relação BE UH EC PC PCSA PE (%) (Na+K)/Cl (mEq/kg) (%) (mm) (%) (mg/cm2) (g/cm3)
1 0,180 0,180 0,580 4,22 172 85,55 ± 1,84 DP 0,356 ± 0,02 8,46 ± 0,62 74,94 ± 2,63 1,073 ± 0,01 2 0,180 0,180 0,680 4,77 198 85,07 ± 1,96 0,355 ± 0,02 8,46 ± 0,71 74,52 ± 2,65 1,071 ± 0,01 3 0,180 0,180 0,780 5,33 224 85,30 ± 2,08 0,356 ± 0,02 8,50 ± 0,61 74,80 ± 2,21 1,073 ± 0,01 4 0,180 0,180 0,880 5,88 249 85,32 ± 1,81 0,353 ± 0,02 8,55 ± 0,58 74,88 ± 2,09 1,074 ± 0,01 5 0,180 0,180 0,980 6,44 275 84,78 ± 1,72 0,354 ± 0,02 8,57 ± 0,66 74,93 ± 2,47 1,076 ± 0,02 6 (Controle) 0,180 0,345 0,580 2,20 126 85,58 ± 2,45 0,357 ± 0,02 8,46 ± 0,61 73,70 ± 3,64 1,073 ± 0,01 Média 85,20 0,355 8,51 74,81 1,073 CV (%) 2,26 6,06 7,49 3,30 1,01 BE balanço eletrolítico. DP desvio padrão. (P>0,05).
As concentrações dos minerais sódio, cloro e potássio no sangue das
aves não foram alteradas (P>0,05) pela suplementação dos diferentes níveis de
potássio e da relação (Na+K)/Cl da dieta (Tabela 13). A suplementação
crescente de potássio com a relação (Na+K)/Cl livre da dieta das aves,
mantiveram as concentrações destes minerais no sangue das aves dentro dos
valores normais, comparados com o tratamento controle. Gezen e Eren (2005)
não observaram mudanças nos níveis de sódio e potássio, mas houve aumento
nos níveis de cloro com a utilização dos balanços eletrolíticos 256 e 330 mEq/kg
contendo 0,740 e 0,870% de potássio respectivamente.
43
Tabela 13 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl livre sobre a concentração sanguínea de sódio, cloro e potássio de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Tratamento Na Cl K Relação BE Sódio Cloro Potássio (%) (Na+K)/Cl (mEq/kg) (mEq/L) (mEq/L) (mEq/L)
1 0,180 0,180 0,580 4,22 172 147,00 ± 0,50 DP 115,50 ± 0,50 3,85 ± 0,45 2 0,180 0,180 0,680 4,77 198 148,00 ± 2,00 117,00 ± 1,00 3,85 ± 0,15 3 0,180 0,180 0,780 5,33 224 146,00 ± 0,50 115,50 ± 0,50 4,35 ± 0,25 4 0,180 0,180 0,880 5,88 249 148,00 ± 1,00 116,00 ± 0,50 3,85 ± 0,45 5 0,180 0,180 0,980 6,44 275 149,00 ± 0,50 116,50 ± 0,50 4,10 ± 0,05 6 (Controle) 0,180 0,345 0,580 2,20 126 146,50 ± 0,50 115,00 ± 0,50 3,45 ± 0,05 Média 147,60 116,10 4,00 CV (%) 0,90 0,66 10,37 BE balanço eletrolítico. DP desvio padrão. (P>0,05).
As medidas de pH, pressão de gás carbônico e bicarbonato no sangue
das aves não foram alteradas (P>0,05) pelos diferentes níveis de potássio e
relação (Na+K)/Cl da dieta (Tabela 14). Os tratamentos estudados atuaram de
forma eficaz, mantendo as variáveis semelhantes ao tratamento controle. Gezen
e Eren (2005) observaram alterações no pH e no bicarbonato sanguíneo das
aves, onde os balanços eletrolíticos 80 mEq/kg com 0,730% de potássio e 330
mEq/kg com 0,870% de potássio, respectivamente diminuíram e aumentaram o
pH sanguíneo da aves. Os balanços eletrolíticos 256 e 330 mEq/kg contendo
respectivamente 0,740 e 0,870% de potássio aumentaram a quantidade de
bicarbonato no sangue das aves, no entanto eles não observaram alterações para
a pressão de gás carbônico no sangue das aves.
44
Tabela 14 Níveis de potássio com a relação (Na+K)/Cl livre sobre o pH, pressão de gás carbônico (pCO2) e bicarbonato (HCO3
-) no sangue de poedeiras comerciais leves em final de ciclo de produção
Tratamento Na Cl K Relação BE pH pCO2 HCO3
- (%) (Na+K)/Cl (mEq/kg) (mm Hg) (mmol/L)
1 0,180 0,180 0,580 4,22 172 7,410 ± 0,06 DP 44,00 ± 7,00 27,50 ± 0,50 2 0,180 0,180 0,680 4,77 198 7,395 ± 0,11 42,00 ± 7,00 25,00 ± 2,00 3 0,180 0,180 0,780 5,33 224 7,385 ± 0,02 46,50 ± 0,50 27,00 ± 2,00 4 0,180 0,180 0,880 5,88 249 7,320 ± 0,04 56,50 ± 7,50 28,00 ± 1,00 5 0,180 0,180 0,980 6,44 275 7,395 ± 0,05 47,50 ± 4,50 28,50 ± 0,50
6 (Controle) 0,180 0,345 0,580 2,20 126 7,465 ± 0,05 44,50 ± 8,50 31,00 ± 2,00 Média 7,381 47,30 27,20 CV (%) 1,16 19,37 7,62 BE balanço eletrolítico. DP desvio padrão. (P>0,05).
45
5 CONCLUSÕES
Nas condições em que os experimentos foram realizados, pode-se
concluir que não é necessária a suplementação de potássio em dietas com a
relação (Na+K)/Cl fixa ou livre para poedeiras comerciais leves em final de
ciclo de produção.
Houve influencia dos tratamentos sobre o desempenho das aves,
qualidade dos ovos e porcentagem da matéria seca das excretas. Sendo esses
efeitos atribuídos à relação eletrolítica da dieta e à utilização do bicarbonato de
sódio controlando o nível de cloro da dieta.
Como continuidade a esta pesquisa, sugere-se a realização de novos
estudos que possam dar entendimento sobre os níveis de cloro e da relação
eletrolítica da dieta para poedeiras comerciais leves em produção.
46
REFERÊNCIAS
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ANEXO