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NOVOS ELEMENTOS PARA O CONHECIMENTO DO COMPLEXO BASÁLTICO DOS ARREDORES DE LISBOA POR JOSÉ BRAK-LAMY NATURALlSTA DO MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL Destina-se este trabalho a apresentar os resultados de alguns estudos que realizei sobre rochas pertencentes ao com- plexo basáltico de Lisboa-Mafra, principalmente do ponto de vista da composiç ão química. As rochas foram colhidas em regiões periféricas de Lis- boa, uma vez que, sobre a mais próxima da cidade, haviam sido pu blicados por PEREIRA DE SOUSA (1931) alguns resulta- dos analíticos . de Raoult, e, mais recentemente, outros, em mais avultado número, efectuados por AMILCAR DE JESUS (1952). Entre as regiões do referido complexo eruptivo que, num espaço limitado, oferecem exemplo mais típico de dife- renciação, figura a da Falagueira (Amadora), motivo que me levou a dedicar-lhe maior nl).mero de estudos ópticos e quí- micos. Além desta região, figuram, ainda: a de Carnaxide e Queijas, a oeste de Lisboa, próxima do limite da grande mancha do complexo basáltico; a de Aroil (Almargem do Bispo), na parte setentrional da mancha basáltica, a WNW do importante afloramento traquítico de Montemor (Caneças), região esta de que efectuara algumas análises aqui repro- duzidas (BRAK-LAMv, 1945); a de Colares, a NW do maciço granito-sienítico da Serra de Sintra, tam bém referida nou- tros trabalhos (TORRE DE ASSUNÇÃO & BRAK-LAMV, 1952); a de Sintra e, finalmente, a região de Mafra de que se repro- duzem as análises existentes.

NOVOS ELEMENTOS PARA O CONHECIMENTO DO … · com epigenia de cristais pequenos de quartzo e, aindl, esf

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NOVOS ELEMENTOS PARA O CONHECIMENTO DO COMPLEXO BASÁLTICO DOS

ARREDORES DE LISBOA

POR

JOSÉ BRAK-LAMY NATURALl STA DO MUSEU NACIONAL

DE H ISTÓRIA NATURAL

Destina-se este trabalho a apresentar os resultados de alguns estudos que realizei sobre rochas pertencentes ao com­plexo basáltico de Lisboa-Mafra, principalmente do ponto de vista da composição química.

As rochas foram colhidas em regiões periféricas de Lis­boa, uma vez que, sobre a mais próxima da cidade, haviam já sido pu blicados por PEREIRA DE SOUSA (1931) alguns resulta­dos analíticos .de Raoult, e, mais recentemente, outros, em mais avultado número, efectuados por AMILCAR DE JESUS (1952).

Entre as regiões do referido complexo eruptivo que, num espaço limitado, oferecem exemplo mais típico de dife­renciação, figura a da Falagueira (Amadora), motivo que me levou a dedicar-lhe maior nl).mero de estudos ópticos e quí­micos. Além desta região, figuram, ainda: a de Carnaxide e Queijas, a oeste de Lisboa, próxima do limite da grande mancha do complexo basáltico; a de Aroil (Almargem do Bispo), na parte setentrional da mancha basáltica, a WNW do importante afloramento traquítico de Montemor (Caneças), região esta de que já efectuara algumas análises aqui repro­duzidas (BRAK-LAMv, 1945); a de Colares, a NW do maciço granito-sienítico da Serra de Sintra, tam bém referida nou­tros trabalhos (TORRE DE ASSUNÇÃO & BRAK-LAMV, 1952); a de Sintra e, finalmente, a região de Mafra de que se repro­duzem as análises existentes.

SGP
Referência bibliográfica
Boletim da Sociedade Geológica de Portugal, Vol. XII, Fasc. I-II, 1956.

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A partir de todas as análises químicas, calculei as res­pectivas normas e parâmetros magmáticos, quer das que são publicadas de novo (publicam-se aqui oito análises inéditas), quer das já existentes, por ter verificado que havia algumas imprecisões nos cálculos destas últimas.

A região da Falagueira (Amadora)

Antes de iniciar as descrições das várias rochas estuda­das, darei, resumidamente, algumas notas relativas à obser­vação de campo feita na região da Falagueira.

No reconhecimento desta região, tomei como base a Carta Geológica de Lisboa, editada em 1940 pelos Serviços Geológicos de Portugal.

As observações que efectuei mostram a necessidade de introduzir, na carta referida, algumas rectificações, quer no que se refere aos limites dos afloramentos eruptivos, quer na descriminação das respectivas legendas.

Os limites da zona sobre que incidiram os estudos de que dou sumária notícia neste trabalho são, aproximamente, os seguintes:

A norte, uma linha de elevações culminada pelos moinhos da Serra do Marco e pelo Casal do Castelo; a leste, o vale que passa na Quinta da Brandoa, a norte de Alforne­los; a sul, a zona setentrional da Amadora e a Estação Ex­perimental de Avicultura; o limite ocidental é fixado por uma linha de direcção N - S q ue passa cerca de 250 m a W dos Moinhos do Penedo.

A série de elevações sobre que assentam os moinhos do Penedo (cota 205 m), Os da Falagueira (co~asvisinhas de 150 m) e da Serra do Marco (cota 178 m), dispostas em crescente muito aberto, côncavo para o norte, corresponde a um extenso afloramento de rochas de composição teralítica (luscladito e luscladito dolerítico).

Na sua maior parte, esta mancha é formada por rochas de grão fino; todavia, na Falagueira observa-se a passagem,

. mais ou menos brusca, a unia, fácies de grão grosseiro, que

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constitui uma pequena mancha alongada, sobre a qual assenta uma parte' das casas daquela povoação.

A fácies mais grosseira da rocha, em tempos estudada pelo Prof. TORRE DE ASSUNÇÃO (1937), foi colhida na povoa­ção da Falagueira,segundo informação verbal dada por aquele Professor, que já então a designara como «rocha tera­lítica, análoga aos luscladitos de Mafra ».

Os estudos que efectuei, quer ópticos, quer químicos conduziram-me, como se verá, a considerar os vários especi­mes da rocha como luscladitos.

A amostragem que serviu de base ao estudo químico dos exemplares mais grosseiros que observei é, no entanto, de grão mais fino que a utilizada pelo Prof. Assunção e foi colhida noutra pequena mancha do diferenciado fanerítico, situada mais para leste.

O papel geomorfológico desempenhado por esta massa eruptiva de natureza teralítica está nitidamente marcado na região, visto corresponder a relevos.

É difícil encontrar exactamente a linha limitante do contorno da mancha de luscladito, não só por virtude de os terrenos estarem ocupados por culturas, como ainda por não se observarem limites nítidos em relação ao basanitóide adjacente.

As rocj:las da Falagueira mostram disj unção em parale­lipípedos e elipsoidal. Próximo do depósito de água da Ama­dora, observa-se o primeiro tipo de disj uncção; os tipos simultâneamente paralelipipédico e elipsoidal podem ver-se no caminho para os moinhos de S. Braz, e na mancha mais ocidental do luscladito.

No caminho que, da Falagueira de Cima, conduz à pe­dreira de S. Braz, encontra-se, bem visível, uma formação de tufo basáltico, cor de vinho, com estratificação muito per­feita. A direcção das camadas é sensivelmente E -W, mer­gulhando 60° pára sul; a espessura é cerca de 18 m. A for­mação do tufo volta a aparecer junto ao depósito de água da Amadora, quase imediatamente a sul .do moinho do Pe­nedo situado mais a nascente. A sua inclinação é grande, para sul; a direcção não sofreu grande desvio relativamente à

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do tufo anteriormente citado e volta a sobrepor-se· lhe o lus· cladito dolerítico.

Os moinhos da Galega estão edificados sobre um pe­queno morro traquiandesítico. Este afloramento tem con­torno fechado e é circundado por basanitóide que se situa entre o traquiandesito e o luscladito dolerítico.

Isto leva a supor que o traq uiandesito corresponda, talvez, a um «neck », representando mais um diferenciado do magma basáltico original.

Neste pequeno afloramento, vê-se disjuncção elipsoidal, merecendo especial menção a ocorrência de veios siliciosos entre as fracturas da rocha e mesmo no interior da sua pró­pria massa.

As variedades coloidais de sílica estão representad~s, sendo fácil colher bons exemplares de opala·ágata leitosa, com epigenia de cristais pequenos de quartzo e, aindl, esfé­rulas de sílica fibro-radiada, possivelmente representativas, em grande, dos esferulitos de ~ quártzina» q ue identifiquei microscopicamente em lâminas da mesma rocha.

A leste deste afloramento passa a falha de A-da-Beja, marcada na carta geológica de Lisboa, cujos efeitos estão pa­tentes numa pedreira de calcários cretácicos que, semelhan­temente ao que sucede na pedreira de S. Braz, forma uma peq uena cúpula. .

O basalto produziu leve metamorfismo no calCário, pro­vocando cristalização superfici<tl e enriquecimento de ferro.

Toda a região estud'lda deve ter sofrido o efeito de for- . tes esforços tectónicos, além de períodos de erosão. que difi­cultam a reconstituição da posição inicial das várias formações.

Para terminar a descrição sumária da região da Fala­gueira, vejamos qual a moldura geral em que se enquadra o afloramento luscladítico.

Para norte do extremo ocidental do afloramento, encon­tra-se o basanitóide compacto, exceptuando as proximida­des a SW do Casal de S. Braz, em que se sobrepõe aos cal­cários turonianos que, íunto de uma mãi-de-água do aqueduto das Aguas-Livres, têm direcção pràticamente E-W e mer-

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gulham 28° para norte, já sobre um flanco do anticlinal de S. Braz.

O manto basáltico prossegue para E, até ser detido pela f~lha de A-da-Beja, onde se encontra uma pequena janela cretácica que é a parte meridional da faixa que, a leste do Casal do Castelo, mostra disposição aI).ticlinal.

Toda a região situada a norte e a leste da Serra do Marco é ocupada pelo mesmo basanitóide, umas vezes com­pacto e com fenocristais de augite (corresponde ao basani~

tóide da análise n.o 12), outras menos compacto e olivínico {corresponde à análise n.o 10).

Destes basanitóides darei, mais adiante, a respectiva descrição.

Nas proximidades da mancha de luscladito, predomina 'o basanitóide da análise n.o 12.

As elevações situadas ao norte da região estudada, que têm o aspecto de anfiteatro a destacar-se do panorama de contornos suaves do manto basáltico, são devidas a terrenos mesozóicos, (cenomanianos e turonianos) que ocorrem nos moinhos da Serra e no Casal do Castelo, devendo-se esta última elevação à presença de uma cúpula calcária, análoga ;às que vulgarmente se observam na Serra de Monsanto, por .exemplo, e em tantos outros afloramentos cretácicos.

Deste estu<;lo resulta a conclusão de que não existe o filão marcado como teschenito na carta geológica de Lisboa, ·na região da Falagueira.

CIiOf'fAT (190I) fez alusão à rvcha, designando-a, real­mente, por teschenito; no entanto, aq uele geólogo refere a possibilidade de existência da mesma rocha no flanco da co­lina do Penedo, sendo muito interessante citar esta passagem do seu artigo:

«A decomposição da rocha, nos pontos de contact'J ou . de passagem entre o tesch~nito e o basalto, não me permite afirmar que não é um filão, mas o exame atento deixou-me a impressão de que se trata de interestratificação com passagem entre as duas rochas.

Esta tendência à formação de teschenito não teria exis-

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tido senão esporàdicamente, pois que, em vão, procurei vol· tar a encontrar esta rocha ao norte da abóbada cretácica.

Esta ausência deporia em favor de um filão, mas é pos­sível que a espessura do complexo basáltico a N da abóbada seja mais fraca q ue a das camadas de basalto inferiores ao teschenito; ela não pode, portanto, ser tomada em con­sideração.

Resulta, do que precede, que o teschenito da Falagueira é incontestàvelmente terciário. Se se tratasse de interestra­tificação, seria eocénico, ainda que ele possa ser um pouco

. mais recente, se se tratar de um filão, o que é menos provável». Vê-se, assim, com que reserva Choffat considerava a

rocha da Falagueira como um filão. Entretanto, aquele autor não teve o ensejo de estudar senão a fácies grosseira da ro­cha, nem o de se aperceber que as rochas circunvisinhas não eram, na sua totalidade, basaltos.

A ocorrência de massas ou de veios de rochas granula­res ou doleríticas, no seio de basaltos, já foi referida por LA­CROIX (I928) que, por analogia do processo de formação com o dos pegmatitos nas rochas graníticas, designou tais rochas por pcgmatitóidcs.

A formação de pegmatitóldescorresponde, segundo La­croix, a mudança de fase no decurso da consolidlição do magma, mas na parte finaL desta, sob a influência de agentes voláteis concentrados. Trata-se, assim, de um termo final da consolidação de um resíduo magmático dotado de grande fluidez, o que aumenta a cristalinidade relativamente à da lava considerada em conjunto.

Este acréscimo de cristalinidade é bem traduzido, nas rochas que estudei, peja extrema perfeição euédrica de alguns minerais.

A aparição de zeólitos nalgu mas das. rochas q ue segui­damente descreverei é também citada por Lacroix, nos nume­rosos pegmatitóides que observou, e atribuída a um enrique­cimento, em água, do resíduo magmático. Entretanto, nem sempre estes zeólitos deixam de ser secundários nos exem­plares que vi; todavia, é bem possível que, nalgumas das

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rochas da Falagueira, a aparição de zeólitos se deva à auto­pneumatólise destrutiva a que se refere Lacroix.

Passo a dar, seguidamente, as descrições das várias rochas estudadas, escalonando-as por tipos petrográficos.

Basanitos e basanitóides

Basanito analcítico. Aroil de Baixo, a leste de Almar­gem do Bispo.

A rocha basáltica desta região mantém, pelo menos do ponto de vista macroscópico, grande homogeneidade e fres­cura.

É uma rocha afanítica, melanocrata, de cor negro-acin­zentada, muito densa e de aparência compacta. Só com o auxílio da lupa podem ver-se raros grãos pequenos, corres­pondentes a piroxema e a olivina .

. A acção magnética é nítida, não se produzindo eferves­cência visível com o ácido clorídrico.

Microscopia. A pasta, muitíssimo. cerrada e fina, é es­sencialmente constituída por:

a) Bâstonetes de plagioclase, muito estreitos, alonga­dos e mal geminados, de impossível determinação rigorosa, mas que, pelos ângulos de extinç~o relativamente ao alonga­mento, deve corresponder a um tipo muito básico, próximo do domínio da bytownite:

b) Piroxena violácea, que forma a maior parte do fundo, sem que os seus cristais se individualizem;

c) Abundantíssimos grãos de minério negro, opaco, prateado em luz reflectida; alguns são relativamente grandes e de perfeita euedria, sendo assim de atribuir à magnetite;

d) Substância intersticial, umas vezes isótropa e inco­lor, outras vezes de aspecto sujo, de baixas refringência e .birrefringência, sendo visíveis, nalguns casos, macIas compli­cadas. Nalgumas secções consegui obter, com grande amplia­ção, figuras de interferência biáxicas e opticamente negativas, confirmando a analcite.

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A substância incolor é certamente, vitrea. As secções de analcite são abundantes, merecendo ainda.

especial referência a presença de zeólitos fibro-radiados. e) Agulhas de apatite, dispersas. O mineral quase exclusivo da geração fenocristalina é­

uma olivina em cristais sempre corroídos pela pasta e, na maioria dos casos, fortemente alterada em serpentina.

Além da olivina e de ocorrência muito menos comum,­existem alguns fenocristais de clinopiroxena violácea, com os consabidos caracteres das augites titaníferas. Aparece prin­cipalmente na pasta, mas também em microfenocristais com coq.tornos cristalográficos marcados.

Vêem-se raríssimas inclusões pequenas de calcite, que' não é produto secundário de alteração, mas certamente rela­cionada com a visinhança dos calcários cretácicos que en­quadram a mancha basáltica e através dos quais o magma. circulou.

O carácter acentuadamente básico da plagioclase está. de acordo com o que nos fornece a norma (Quadro II), ha­vendo também concordância no que respeita ao material in­tersticial, traduzido, na norma,' por nefelina.

A ortose, que figura em percentagem notável na norma· desta e de outras rochas afins, é característica comum aos, exemplares do complexo b~sáltico que têm sido analisados~ Deve encontrar-se, de facto, distribuída pelos feldspatóides e pela própria plagioclase.

Também a elevada percentagem do minério da norma é congruente com o que microscàpicamente se observa, feita a restrição de que parte da titânia pertence,· sem dúvida, à piroxena.

A piroxena da norma, predominantemente calco~magne­siana, é afim da do modo - a augite.

A fórmula magmática obtida para esta rocha (Quadro III) localiza-a, segundo a sistemática de Lacroix:

Na I,a Divisão '-- Rochas essencialmente feldspáticas, e na 3.a Subdivisão, posto que q = 6 (7); Família dos Terali­tos, pois que os parâmetros se enquadram na fórmula para tal família indicada p (6-7.2-43-4). O Ramo correspondente é

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o nefelínico (ou ana1cítico), u ma vez que o parâmetro s = 4; o Tipo é fixado pela presença de piroxena monoclínica e de oUvi na ; o Grupo é mesocrata.

Finalmente, a Forma de que mais se aproxima é a dos basanitos nejelínicos, para a qual Lacroix indica os parâme­

. tros IlI.6.3.4 [2.2.2.2].

Atendendo a que este autor engloba as rochas nefelíoi­cas e analcíticas e a que, como se viu, a analcite está expressa, j ustifica· se, também quimicamente, a classificação da rocha comobasanito analcí#co,

Basanitóide olivínico. Cerca de 250 m a SSE dos moinhos da Serra do Marco (no seio da mancha, relativamente extensa, do blsanitóide seguinte).

A rocha é acinzentada, quase negra, um pouco menos compacta que o basanitóide que a seguir se descreve e rica de feno cristais de oUvina.

Parece bastante fresca, não dá efervescência com o ácido clorídrico e tem acentuada acção magnética.

Microscopia - A pasta é microlítica, intersectaI e tem a seguinte constituição:

a) Bastonetes de plagioclase, com geminação mais per­feita que no basanitóide seguinte, correspondendo a um labra­dor ácido com cerca de 52 mols °ío de anortite;

b) Cristais de augite titanífera, abundantes; c) Su bstâocia intersticial, umas vezes vítrea, mais vul­

garmente dotada de frácas refringência e birrefringência, i,mpossível de isolar para observação conoscópica, de natu­reza muito provàvelmente analcítica;

d) Raros cristais feldspáticos, muito lím pidos, de secção em losango, com geminação simples que lembra a de Baveno, sendo de supor que se trate de um feIdspato potássico. Não é possível, infelizmente, obter figuras de interferência para diagnóstico mais exactoj mas é de suspeitar que se esteja em presença da sanidina;

e) Cristais abundantíssimos de minério negro, prateado

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em luz reflectida, quase sempre dotados de euedria e assim atribuíveis, em grande parte, a magnetite.

À geração fenocristalina pertencem, exclusivamente, cris­tais de olivina, alguns deles com -notável euedria mas, na maioria dos casos, um pouco corroídos pela pasta. Encon­tram-se invariàvelmente alterados em serpentina e clorite,­ainda que esta alteração só nalguns cristais seja profunda.

A- observação da norma desta rocha (Quadro III) mostra não haver discrepâncias acentuadas, relativamente ao modo.

Assim, a notável percentagem de ortose, a que já se tem feito referência, a propósito de outras rochas, encontra, além das explicações já emitidas, a de existir feldspato potás­sico expresso.

A percentagem notável de olivina do modo também con­corda com a que nos fornece a norma, bem como a sua na­tureza predominantemente magnesiana, na norma, e os pro­dutos de alteração observados.

No que respeita o enquadramento da rocha no sistema de Lacroix, tudo se passa semelhantemente ao que se dirá para rochas afins, justificando-se, quimicamente, a sua classi­ficação como basanitóide olivinico.

Basanitóide. 500 m a SW dos moinhos da Serra do Marco. Falagueira (Amadora).

A rocha é cinzenta muito escura, quase negra e afanítica. Tem textura compacta, apenas se vendo, num ou noutro ponto, cristais pequenos, negros, de augite, que lhe conferem textura porfírica quando se observam grandes amostras.

Os exemplares possuem tendência a fracturar-se segundo planos paralelos em uito próximos. Esta espécie de esfoliação da rocha é provàvelmente devida a meteorismo, pois que se acentua mais em exemplares alterados, nos quais existe um induto ferruginoso cobrindo as superfícies de fractura.

A acção magnética é muito nítida, notando-se fraca .efervescência pela actuação do ácido clorídrico.

Microscopia. Observa-se textura microlítica muito fina que, em certos campos, tem tendência fluida!.

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A pasta é formada por bastonetes de plagioclase com ge­minação lamelar simples, ou com o complexo Karlsbad-albite, pouco perfeitas, e por abundantíssimos grãos de augite tita­nifera, muito pequenos, além de muito minério negro parcial­mente atribuívefa magnetite, em virtude da idiomorfia de numerosos cristais que' chegam a ser relativamente grandes.

Nota-se a presença bem marcada de substância inters­ticial de baixa birrefringência, atribuivel a analcite, não sendo possível isolá-la, mesmo com a máxima ampliação, para es­tudo em luz convergente.

A plagioclase corresponde, pelos seus caracteres ópti­cos, a um labrador com cerca de 48 mols % de ano

Os fenocristais, poqco frequentes, são de augite titaní­fera, crivados de inclusões de minério negro e corroídos pela pasta; as dimensões destes fenocristais são notáveis.

Não se observa olivina, ainda que seja de suspeitar a sua existência inicial. De facto, existem abundantes cristais pequenos de um mineral transparente, castanho, pleocróico entre o castanho-amarelado e o amarelo-dourado claro, mos­trando ainda, nalgumas secções, tons verde-amarelados. Possui uma clivagem, bastante nitida, que se revela por traços muito próximos e normais ao alongamento do mineral, que é sempre negativo. O ângulo de extinção, relativamente ao alonga­mento, é quase nulo, mostrando as figuras de interferência carácter pràticamente uniaxial e sinal óptico positivo; obser­va-se acentuada dispersão.

Tudo leva a supor que se trate de iddingsite, mineral a que se associa, nalgumas secções, a serpentina que chega a formar núcleos desenvolvidos.

Nem sempre o contorno destas secções é nitido, o que conduz a supor que haiam sofrido corrosão, como ê habitual suceder nos fenocristais de rochas semelhantes.

A ohs~rvação da norma desta rocha (Quadro II), em que a olivina figura com composição predominantemente magne­siana, é mais um argumento a favor da suspeição de que a serpentina e a iddingsite sejam minerais provenientes de uma olivina.

Considerações, análogas às que foram feitas sobre o ba-4

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sanito analcitico de Aroíl, podem reproduzir.se para a com­paração entre o modo e a norma desta rocha. A natureza menos básica da plagioclase diagnosticada opticamente re~

flecte-se nos teores de ab. e de ano da norma. Assim, e por mera via óptica, cabe a esta rocha a desi­

gnação de basanitóide, apenas pelo facto de a olivina não estar (ou já não estar) presente;

Na sistemática creada por Lacroix, o enquadramento faz-se na Divisão das rochas essencialmente feldspáticas, na 3.a Subdivisão e na Família dos Teralitos. O ramo é nefelí­nico (ou· analcítico), o Tipo com piroxena monoclínica, e o Grupo é mesocrata.

A fórmula magmática desta rocha (Quadro III) continua a aproximar-se da que aquele autor indica para os basanitos III. 6. 3. 4 [2. 2. 2. 2.}e para os basanÍtóides seus heteromorfos.

Vê-se, assim, que os dados químicos confirmam a classi­ficação adoptada.

Rochas teralíticas e afins

Luscladito dolerítico. JuIito dos moinhos da Serra do Marco, Falagueira (Amadora).

A rocha é melanocrata, de cor cinzenta muito escura, com granularidade variável de muito fina até fina. Nos exemplares de maior grão, vê-se que a tonalidade da rocha resulta da predominância de um mineral negro ·em que, à lupa, dificilmente se reconhecem ,clivagens, correspondente à piroxena observada ao microscópio.

Este fundo piroxénico é profusamente salpicado de finos bastonetes feldspáticos, minúsculos, de cor cinzenta muito clara, destacando-se ainda numerosas manchas castanho-aver­melhadas que, à lupa, se verifica serem devidas a grãos de olivina alterados em produtos ferruginosos. Na parte central destas manchas, vê-se bem a cor verde-amarelada do mineral primário-a olivina- que existe também em grãos aparente­mente pouco alterados, dispersos pela rocha.

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Microscopia - A rocha é de grão fino, possuindo nítida tendência para a textura intersectaI. A piroxena é o mineral predominante; quase sempre mostra fracturas, tem clivagens bem visíveis e observam-se macIas de dois indivíduos e ge­minação lamelar múltipla. Alguns cristais exibem uma idio­morfia perfeita. Trata-se de uma clinopiroxena castanho-vio­lácea pálida, com pleocroismo geralmente muito fraco; alguns cristais têm estrutura zonada bem nítida, havendo recorrência no comportamento óptico das várias zonas, semelhantemente,. mas em reduzidíssima escala quanto à frequência com que aparecem, ao que sucede nos exemplares dos luscIaditos cujas descrições se seguem. .

Esta clinopiroxena é àpticamente positiva e, pelos seus restantes caracteres, corresponde a um tipo augítico titaní­fero. A limpidez deste mineral é manifesta, existindo, porém, alguns grãos parcialmente transformados, nas orlas principal­mente, em pequeníssimas lâminas, estreitas e límpidas, de biotite. Esta biotite é pouco freq uente e não ocorre isolada,. parecendo assim um mineral de ori2'em deutérica_

Por entre os aglomerados piroxénicos e tendendo a entrecruzar-se, abundam cristais alongados de plagioclase, muito límpida na quase totalidade dos casos, cujos caracteres· ópticos, nomeadamente os valores dos ângulos de extinção· em secções da zona simétrica com geminação lamelar e, bem assim, com a macIa combinada Karlsbad-albite, a caracterizam como um labrador-bytownite com cerca de 70 mols Ofo de an ..

Merece evidenciar-se, pela sua grande generalização, a presença de orlas feldspáticas não geminadas, em cristais da plagioclase.

Tais orlas são estreitas, mas pôde verificar-se, pelo método de Becke, a sua refringência inferior à do labrador e, por analogia com alguns cristais de outro feldspato não, maclado, de sinal óptico negativo (nas orlas, tal determinação­é impossível), suponho tratar-se de um feldspato potássico ..

Além disto, a ortoclase encontra· se. figurada em peque­nos cristais disseminados, alguns com a macIa de Baveno.·

Vêem-se algumas secções intersticiais de nefelina, quase

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sempre minúsculas, havendo' ainda outros interstícios, fre­quentes mas de pequenas dimensões, preenchidos por mate­daI incolor e isótropo ou quase, atribuível a analciteem virtude de o seu índice de refracção ser muito baixo.

Tem interesse anotar, relativamente às orlas potássicas, ·a insistência com que tal fenómeno tem sido observado em várias rochas estudadas, quer do complexo basáltico, quer da ·orla do núcleo sienítico da Serra de Sintra.

Os grãos de olivina são muito abundantes e geralmente pequenos, mas existem alguns de dimensões notáveis. Quase sempre estão alterados, principalmente OS menores que, por 'vezes, se encontram fortemente serpentinizados no núcleo, -com estreitas orlas ferruginosas de alteração onde existe ,hematite e iddingsite. N os grãos maiores há, por vezes, pe­.quenas inclusões de apatite.

Estes grãos maiores de oUvi na estão pouco alterados, 'havendo-os muito límpidos, apenas com preenchimento das fracturas por veios ferruginosos, ao longo dos quais a ser­,pentina se dispõe como delicada nervação secundária, visí­vel com forte ampliação.

Estes cristais fornecem boas figuras de interferência, que .aproveitei para estudo mais minucioso da olivina.

As figuras dadas por secções talhadas normalmente a um .eixo óptico desde logo permitiam antever um ângulo 2V elevado, em virtude da fraquíssima curvatura da isógira. Mesmo assim, foi possível verificar que o sinal óptico é ne­gativo, facto confirmado noutras secções de orientação de­finida.

Para a determinação correcta de 2V, utilizei secções -orientadas por figuras de interferência bem centradas, me­dindo os atrasos com o compensador de Berek.

No quadro anexo, dou os resultados obtidos em três secções orientadas que conduziram, com flagrante concor­-dância, a um ângulo 2V = 84°, correspondendo, assim, 'esta oUvina a um crisólito com 28 mols % de faiaUte, segundo o diagrama de WINCHELL (1948).

das secçoes Fórmulas empregadas e

valores obtidos I Orientaç_ão I Atrasos medidos I

I 1--------1--------------

Jng-n m etog-Om)=370 mI'- senV= =0,669 ng-np

J--- I nm-np

e(nm - np )=470 mlJ. cos V = = 0,747 • ng- np

..L Ba

..L Bo

..L Nm

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Valores de 2V

Além dos minerais citados, existem abundantes grãos de minério negro, opaco, atribuíveis a, magnetite e a ilmenite ..

Pela descrição feita, verifica-se que a rocha é, essencial­mente, um teralito.

Lacroix designa os teralitos olivínicos em que a horn­blenda está ausente e a biotite ocorre com irequênera;· em que a ortoclase margina a plagioclase e onde a nefelina, pouco­abundante, ocorre intersticialmente, por luscladitos. É o caso­desta rocha teralítica, motivo porque adoptei tal designação, acrescendo o facto de terem já sid.o descritas, sob este nome, outras rochas do nosso complexo basáltico.

A fórmula paramétrica obtida para a presente rocha (Quadro III) é quase idêntica à que Lacroix indica para os mafraítos III-IV .6-7.3.4. [2.2'.2.2].

Trata-se, assim, apenas de heteromorfismo, pois que, como é sabido, nos mafraítos não há nefelina expressa, es­tando o componente sódico traduzido pela presença de horn­blenda sódica. factos discordantes dos revelados pelo estudo microscópico da presente rocha.

Ao comparar-se a descrição microscópica com a compo­sição que nos dá a norma, saltam à vista algumas discrepân­cias. não parecendo, todavia, difícil encontrar a sua inter­pretação.

Assim, ao passo que, na norma, a percentagem de· ortose é fraca, no modo é, sem. dúvida, superior, estando o· componente potássico de facto distribuído por aquela em maior escala e absorvendo mais sílica.

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A existência de mica negra diz-nos que tambémél~ absorverá uma quota parte daquele componente potássico:

A leucite que, excepcionalmente, figura na norma e não. está expressa (devendo a potassa pertencer à ortose e à bio­ti te ), resulta certamente da alteração da rocha ter feito variar () seu teor inicial de sílica, ao que, no fundo, se deverão tais incongruências.

Os restantes minerais da norma não merecem referência especial, àparte o alto teor de forsterite que bem explica a forte serpentinização que afecta a olivina. Além disto, tal facto está de acordo com a natureza da mesma olivina, a que cheguei por via óptica, predominantemente forsterítica.

luscladito dolerítíco. Cerca de 250 m a SW dos moi­nhos da Serra do Marco. Falagueira (Amadora).

A rocha apresenta, em limitada extensão de contorno fechado, brusca variação de granularidade, tornando-se rela~ tivamente grosseira. Tem cor média cinzento-esverdeada escura e adquire facies completamente diferente que a apro­xima da das rochas de consolidação profunda.

O que mais fere a atenção é a existência de cristais negros, rectangulares ou com a aparência de agulhas, que ch~­gam a atingir quase I cm. Coma lupa, vê-se que possuem clivagens nítidas, correspondendo este mineral à augite tita­nífera diagnosticada nas lâminas.

Mesmo à vista desarmada se descobre a' presença de abundante feldspato de cor cinzenta, ocorrendo quer em agu­lhas, quer em grãos' pequenos .

. A acção magnética dos exemplares é acentuada. Microscopia - As lâminas desta: rocha mostram, desde

logo, textura grosseira com tendência intersectaI dos cristais <la plagioclase presente. quando estes têm forma alongada, 'que é o mais vulgar.

Em cristais quase sempre muito maiores que os da pia­gioclase, ocorre abundantíssima clinopiroxena violácea, geral­mente euédrica ou subeuédrica.

Além destes minerais, que constituem a maior parte da

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rocha, Dotam-se: muito minério negro (magnetite e possível ilmenite), olivina completamente alterada, nefelina, natrolite, apatite e algumas lâminas de biotite.

Dou, seguidamente, as características de cada um destes minerais componentes.

Os cristais plagioclásicos são muito límpidos, nalguns casos de dimensões notáveis e têm geminações muito perfeitas, segundo as leis habituais. Quase sempre são zonados, o que se traduz por uma aparente extinçã.o rolante, devida à grada­ção contínua da extinção, do núcleo para as margens que, por sua vez, são orIadas por estreitas faixas, certamente de feldspato potássico.

O estudo dos ângulos de extinção e do sinal óptico con­duziram-me (na região central dos cristais) a um labrador já próximo da bytowníte, com cerca de 68 mols % de anortite.

Apesar da limpidez quase geral, nalguns cristais vê-se, raramente, ligeira epigenia de calcite.

Os maiores cristais da rocha são constituídos por clino­piroxena .que é acentuadamente violácea e pleocróica, opticamente positiva e de ângulo óptico muito moderado, com forte dispersão que se traduz por uma extinção imper­feita, em tons azul-violáceos. O carácter zonado é frequente, sendo então as zonas muito nítidas. Trata·se de unia augite fortemente titanífera, mineral de que se ocupou o Prof. TORRE OE ASSUNÇÃO (I937), ao estudar uma facies ainda mais gros. seira desta rocha q ue ocorre em local um pouco afastado mas na mesma região da Falagueira.

Esta clinopiroxena está inalterada, mas as numerosas fracturas dos seus cristais são preenchidas pelos produtos de alteração dos enormes grãos euédricos de minério que cons­tituem inclusões.

Apenas nalguns cristais, vê-se que a titanaugite passa, nas orlas, a uma piroxena de cor esverdeada, cujos caracteres levam a supô-la uma aegirina-augite, mas estas orlas são raras, bastante estreitas e irregulares, impossibilitando per­feita. deter minaçã.o.

Além das inclusões de magnetite' e de ilmenite (vê-se, nalguns cristais, um fino bordo de alteração em leucoxena),

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a apatite encontra-se também inclusa, mostrando perfeitas secções hexagonais, abundantes.

Os numerosos graos de oUvina, por vezes grandes, sãO' apenas reconhecíveis pela forma das secções euédricas e pela natureza dos produtos de alteração que é absolutamente total.

Os produtos secundários, que se observaram, são a ser­pentina, a antigorite e a iddingsite.

A completa alteração deste mineral contrasta com a re­lativa frescura da rocha, em geral. Sem dúvida que a olivina inicial era fortemente magnesiana.

A nefelina encontra-se, quer em secções intersticiais, quer em secções euédricas, rectangulares, fornecendo óptimas figuras de interferência uniaxiais e de sinal negativo. Apesar de se mostrar bastante límpida, em torno de algumas secções de nefelina vêem-se, nalguns campos apenas, agregados fibro­-radiados e flabeliformes, quase incolores, de baixa birrefrin­gência, com extinção recta em relação ao alongamento e sem. estriação transversal, que correspondem a um zeólito, certa­mente a natrolite.

Também, nalguns casos, se vê substância intersticial, de aparência suja e com muito baixa birrefringência, possível analcite.

O minério· é abundante, sendo corrente a existência de grandes cristais. Uma boa parte deve corresponder à magne­tite, mas as estreitas orlas de leucoxena que marginam alguns cristais, como se disse, denunciam que se trata também de ilmenite. Nalguns cristais vê-se a associaçllo do minério com pequenas lâminas de biotite, muito límpidas, mineral este que é frequente, ainda que pouco abundante. Lembra um mineral deutérico.

Em alguns grãos cristalinos do minério, vêem·se peque­nas inclusões de apatite, de olivina e até de biotite. Só nes­tas inclusões a olivinase mantém quase inalterada, abrigada pelo espesso escudo protector do minério.

A apatite está bem representada em magníficos cristais que mostram, nas lâminas, secções hexagonais perfeitíssimas e agulhas com a típica estriação transversal.

As car·acterísticas apontadas na descrição que acabo de

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fazer e considerações análogas às que fii: para os exem pIares de grão mais fino, precedentemente descritos, levam-me a dar a designação de [usc/adito à presente rocha.

Já quando estudou a facies- mais grosseira desta rocha, o Prof. ASSUNÇÃO (1937) a tinha classificado como «teralito semelhante aos luscladitos de Mafra».

O exame da -norma calculada (Quadro II), a partir da análise química que realizei, mostra-nos, desde logo, a sua extraordinária riqueza em titânia, bem explicada pela natureza fortemente titanífera da piroxena e ainda pela ilmenite presente.

A magnetite está bem representada e desde logo se traduziu na acção magnética muito intensa.

A percentagem normativa da nefelina não está exage­rada, se atendermos à sua existência real e à dos zeólitos.

O teor de ortose explica-se, quer pelas orlas ,encontra­das, quer pela presença de biotite.

No que toca à percentagem de olivina da norma, parece es­tar aqui subestimada relativamente ao modo. A total alteração desta olivina, ao produzir minerais secundários, terá deixado li~ vre alguma sílica que vem figurar quer na albite, quer na ens­tathe, elevando a sua percentagem em relação à realidade.

Quanto à fórmula magmática (Quadro III), enquadra-se perfeitamente esta rocha na que Lacroix indica para os tera­litos e sua variedade luscladítica III.6.3-4 [2- 3. 3-2. 1 -3.2-3], o que confirma a designação atribuída.

Dolerito olivínico e analcítico. Moinhos do Penedo, ao N da Amadora.

O môrro onde se situam os moinhos do Penedo é, na sua parte superior e na vertente para o lado da Amadora, constituído por uma rocha microgranular, cinzenta muito escura, dotada de acção magnética bem visível.

Esta rocha é salpicada de manchas arredondadas e esbranquiçadas correspondentes a pequenas amígdalas zeo:" líticas. -

Com a lupa vêem-se, no fundo negro predominante, bastonetes ou massas cristalinas branco-acinzentadas, que

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-correspondem à plagioclase e à substância intersticial encon­tradas ao microscópio; vêem-se também alguns grãos arre­dondados, esverdeados, que correspondem à oUvina alterada .que o microscópio permitiu.observar.

O ácido clorídrico produz uma efervescência levíssima, apenas visível à lupa.

MicroscoPia--A rocha tem uma granularidade relativa­mente fina e uma textura intersectaI.

A parte félsica, que forma apenas um pouco mais do que metade da rocha, é constituída por plagioclase, analcite e .zeólito fibro·radiado.

A plagioclase, talvez menos abundante do que a analcite e zeólitos em conjunto, forma bastonetes mais ou menos alon­gados, geminados polissinteticamente e relativamente lím­pidos. Apesar da sua geminação nem sempre ser perfeita, o valor dos ângulos de extinção medidos e o sinal óptico, queé positivo, caracterizam a plagioclase como um labrador muito próximo do domínio da bytownite,com cerca de 69 mols % de ano

Material de aparência geralmente suja, umas vezes isó­tropo, outras quase isótropo (há secções incolores perfeita­mente isótropas), forma a maior parte do fundo félsico. Cer­tamente que, pelos vários caracteres que observei, se está em presença de analcite, à qual se associam, nalguns campos, massas de zeólito fibro-radiado, bastante límpido, de birrefrin­gência moderada, com extinção um tanto oblíqua relativa­mente ao alongamento.

Também se observam extensas amígdalas zeolíticas dando polarização de agregado.

Quer a ana]cite, quer o zeólito devem ser produtos secundários.

Não olJservei nefelina. O mineral máfico predominante e que muito abunda é

umaJitanaugite de tom violáceo relativamente acentuado, que ocorre quer em cristais pequenos, quer formando os maiores elementos da rocha. Encontra-se, sempre, bastante límpida. Nas Illargens de alguns cristais associam-se-Ihe pequenas lâmina.s d.~.biotite, mineral q ue parece ser primário, dada a

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sua aparição também frequentemente isolada, em minúsculas secções sem relação com os outros minerais.

Não existe olivina inalterada e raros são os grãos em que ainda se vêem, através da profunda alteração em serpen­tina e clorite, as altas tintas de polarização deste mineral. Entretanto, deve ter sido muito abundante, a avaliar pela profusão com que ocorrem os produtos de alteração.

O minério negro} muitas vezes idíomorfo, aparece em grãos numerosos.

Como mineral acessório, vê-se apatite em raras agulhas ou em peq uenos grãos.

Está rocha mantém estreitas afinidades com os luscla­ditos de granularidade variável da região da Falagueira.

É também análoga à rocha estudada da região de Quei­jas, isto é, essencialmente um do/erito olt"vínico e analcítico.

Compreende-se que Choffat tenha adoptado para a rocha da Falagueira a designação de teschenito, visto que é um dole­ritoanalcítico e tem abundante augite purpúrea.

Entretanto, uma vez que fica bem averiguada a predo­minância de rochas tipicamente luscladíticas de que esta não será mais do que uma facies de variação, é aconselhável pôr de parte esta designação que pode originar confusões.

Suponho preferível reservar o nome teschenito para rochas realmente um tanto afins das presentes, mas em que se verifica a presença bem marcada de anfíbolas sódicas, facto este nunca observado naquelas de que estou tratando.

A norma desta rocha (Quadro II) revela-nos uma alta percentagem de nefelina que parece bem justificada pela abun. dância de analcite e de zeólito que está realmente presente.

A ortose da norina, característica consabida destas rochas do nosso complexo basáltico, continua a ter a sua explicação provável na presença docomponeílte potássico, quer na plagioclase, quer nos feldspatóides, além de, em ínfima pàr~e, estar na pouca biotite presente.

Pelo q ue toca às plagioclases, piroxenas e oli vinas, do modo e di norma, quer qualitativa, quer quantitativamente, parece não haver incongruência.

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A riqueza de minério e a pobreza de apatite são também reflectidas na norma obtida.

No referente à fórmula magmática (Quadro III), as con­siderações a fazer são análogas às que fiz sobre a rocha de Queijas, isto é, aproxim~-se da que Lacroix dá para os lus­claditos e doleridos analcíticos 111.6.2.4-5 [2-3.2-3.2.2]. . ..

A observação do terreno evidencia que esta última ro­cha se encontra separada daquela cuja facies é tipicamente luscladítica por uma formação piroclástica de tufo (Fot. 2), sobre o qual consolidou. .

Cronologicamente, é este dolerito analcítico mais antigo do que o luscladito de grão variável que, de E para W, se es­tende (considerada apenas a região da Falagueira) desde os moinhos da Serra do Marco até as proximidades dos Moinhos do Penedo.

Temos, assim, a seguinte sucessão de formações erupti­vas na região da Falagueira: dolerito analcítico e olivínico (afim dos teschenitos), macroscôpicamente caracterizado pela presença de amígdalas zeolíticas; luscladito e lusclaâito do­lerítico; basanitóide.

No meio do tufo, observa-se, no pequeno môrro dos Moinhos da Galega, o afloramento de traquiandesito que, a se­guir, se descreve.

Um pouco mais para o sul destes moinhos, encontra-se~ de novo, um minúsculo afloramento deste traquiandesito, cujo modo de ocorrência não é fácil verificar.

Junto do tufo basáltico e imediatamente a sul dos moi­nhos, observa-se uma pequena chaminé com fragmentos de brecha vulcânica muito alterada.

A rocha que classifiquei como luscladito dolerítico, ge­ralmente portadora de pequenas manchas avermelhadas, foi assinalada para W da colina do J>.enedo, por vezes ocupando grandes extensões, em Queijas, já referido, em Valejas e em Carnaxide, o que dá realmente a noção da relativa vulgari­dade de ocorrência de rochas teralíticas no nosso complexo basáltico.

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Dolerito olivínico e analcítico. Queijas (cerca de 800 m a NW de Linda-a-Pastora).

Esta rocha, que ocupa notável extensão e parece inti­mamente relacionada com as rochas de composição teralítica da Falagueira, é melanomesocrata, tendo uma tonalidade negro-acinzentada.

Não pode considerar-se, com propriedade, uma rocha afanítica, posto que, mesmo à vista desarmada, se distinguem minúsculas agulhoas acinzentadas de feldspato e pequenos grAos de oUvina, dispersos num fundo negro que a lupa per­mite supor de piroxena. , É uma rocha relativamente fresca, lembrando macroscó-picamente um dolerito e tendo acção magnética sensível.

MicroscoPia A observação de várias lâminas revela-nos sempre textura intersecta], muito nítida, que não merece a designação de ofitica.

Hastes límpidas de plagioc1ase bem geminada, sempre alongadas e de dimensões variáveis, formam uma trama de malhas com extensões irregulares, dispondo-se entre elas os outros minerais formativos.

Apenas em alguns cristais da plagioclase se observa extinção aparentemente rolante, devida à natureza levemente ~onada do feldspat~

O estudo desta plagioclase conduziu à sua determinação como um labrador ainda próximo da andesina, com cerca de 50 mols % de ano

O mineral máfico predominante é uma augite titanífera, quase sempre acentuadamente violácea, cujos cristais mos­tram, em muitos casos, tendência para a euédria.

Muito abundante ainda, mas nitidamente menos do que a piroxena, existe olivina em grandes cristais euédricos, com frequência denotando corrosão sofrida, alterados em serpen­tin,a, iddingsite e óxidos de ferro. Como habitualmente, esta oUvina tem ângulo 2V próximo de 90°.

A magnetite abunda (e possivelmente a ilmenite), em grãos euédricos isolados, ou em grãos pequenos e irregulares, estes principalmente rodeando os grãos cristalinos da olivina.

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- Vêem-se algumas agulhas de apatite. É facto notável, nesta rocha dolerítica, a ocorrênCia de

material intersticial isótropo, ou levemelite birrefringente e então de aparência suja, relativamente abundante, côm as características ópticas da analcite.

Acidentalmente, vêem-se raras secções de calcite, mate­rial este que não deve ser produto de alteração da rocha, mas certamente importado dos calcários visinhos.

Estamos, assim, em presença de um do/erito olivínieo e analcítico, rocha bastante análoga às colhidas na região da Falagueira.

Embora a nefelina não esteja directamente expressa, é muito provável que a analcite possa ter derivado dela. Sendo assim, esta rocha caberia na designação de /useladito atri­buída às rochas granulares ou doleríticas, predominantes na região da Falagueira.

Por outro lado, os exemplares de Queijas também se aproximam, pela sua composição mineralógica, dos teschenitos que HOHNEGGE~ (1861) definiu como «variedade de dolerito analcítico, rico em álcalis, caracterizado pela presença de au­gite purpúrea idiomorfa, ou de aegirina-augite, contendo ge­ralmente anfíbolas sódicas ».

Tendo observado, principalmente na região da Fala­gueira, a variabilidade de rochas no que toca à granularidade, à textura, à própria composição mineralógica; de ponto para ponto, ficou-me a convicção de que se não justifica uma pro­fusão de nomes.

De facto, tal profusão serviria apenas para complicar a cartografia geológica destas regiões e para estabelecer inde­sejáveis confusões.

As rochas em questão são fundamentalmente semelhan­tes; apenas as condições de consolidação do magma originário variaram um pouco e os tipos de alteração se diversificaram também e sempre em pequena escala.

Do ponto de vista químico, a norma calculada não nos merece reparos de maior, ao confrontá-la com a composição mineralógica expressa.

A percentagem relativamente elevada de nefelina da

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norma (Quadro II) reflecte a riqueza real de analcite. Quanto à piroxena e à oUvina, a norma concorda, tal como se tem anteriormente visto, com os minerais de facto presentes.

Na sistemática de Lacroix, esta rocha tem estreita analo­gia com as rochas precedentes, aproximando-se bastante nos seus parâmetros magmáticos (Quadro III) da fórmula por aquele autor indicada para os luscladitose doleritos analcí­ticos IlI.6.2.4-S [2-3.2-3.2.2], o que confirma realmente a estreita analogia da rocha considerada com os tipos luscladí-· ticos da Falagueira.

Vê-se que a rocha de Queijas pode mesmo considerar-set

de acordo com Lacroix, um luscladito dolerítico, analcítico ..

Traquiandesitos

Traquiandesito. Moinhos da Galega. Falagueira (Amadora»

Os exemplares colhidos em vários pontos do pequeno­afloramento desta rocha, variam, quanto à cor, de mesocratas (tonalidade cinzento-esverdeada), a mesoleucocratas (cinzento­-amarelados ).

A rocha é afaníticae tem textura porfírica devida à. presença de abundantíssimos fenocristais alongados de felds­pato, que atingem 3 mm, e à de outros fenocristais maiores, de augite, com idiomorfia bem expressa, mais espaçadamente; distribuidos.

A acção magnética é quase imperceptível. Merece especial referência o facto de se produzir, pela­

acção do ácido clorídrico, uma generalizada efervescência .. O exame, à lupa, mostra que esta acção é regular, libertan­do-se contiguamente inúmeras bolhas gasosas.

Microscopia. - O exame de lâminas desta rocha mós­tra que existe perfeita identidade entre os exemplares. que, macroscópica mente, exibiam tonalidades diferentes. Apenas sucede que os de cor menos clara estão mais frescos •.

. A textura é holocristalina, p.orfírica, coDi nítido arranjo fluidal dos minerais da pasta.

Esta pasta é essencialmente constituída por micrólitos.

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de plagioclase, quase sempre bem geminados segundo a lei da albite, mais raramente com o complexo Karlsbad-albite, cor­respondentes a uma andesina-labrador com um teor de anor­tite variável de 40 a 48 mols %.

Além da plagioclase, muitas vezes com carácter zonado, pràticamente inalterada (a não ser nos exemplares claros, em que existem raras lâminas pequenas de micas brancas secun­dárias), existem abundantes grãos de magnetite, alguns com perfeita euedria, e muitos interstícios preenchidos pela cal­cite e por minerais do seu grupo, sendo difícil fazer a des­trinça, por virtude da íntima associação em que se apresentam.

No entanto, uma boa parte destes agregados, que são por vezes fibro-radiados, é de atribuir à siderite, pela cor e pelas vénulas ferruginosas, e outra parte à dolomite ou a car­bonatos magnesianos, em virtude de ter observado a presença de serpentina nas orlas.

Os valores obtidos na análise química (Quadro II) são .argumentos favoráveis a esta suposição.

Estes agregados de carbonatos contêm frequentes esfe­rulitos fibro-radiados com extinção em cruz negra, possuindo fibras de baixÍssima birrefringência, com alongamento posi­tivo, o que me leva a supô-los constituídos por quartzina.

Esta variedade de calcedónia é, segundo vários autores, atribuída a produto secundário de alteração em rochas básicas. Os agregados fibro-radiados de sílica aparecem, ainda, orlando os outros agregados também fibro-radiados, de carbonatos.

É interessante notar que, por todo o afloramento, podem encontrar-se fragmentos, por vezes grandes, de diferentes variedades de sílica.

Os fenocristais da rocha são, na sua maioria, de plagio­c1ase, havendo outros, pouco frequentes, de [liroxena.

Os primeiros possuem muitas vezes um carácter zonado nítido e correspondem a uma bytownite com cerca de 72 mols % de an., valor a que me conduziram determinações pelo método do máximo ângulo de extinção, em indivíduos da zona simétrica com geminação lamelar simples, confirma:" dos pelo estudo de indivíduos da mesma zona, geminados segundo o complexo Karlsbad-albite.

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Estes fenocristais possuem orlas de birrefringência mais baixa do que a do núcleo, em que se pode determinar o carácter de quase uniaxialidade e sinal óptico negativo, contrària­mente ao que se verifica no interior dos fenocristais. Isto leva-me a admitir a natureza potássica das orlas, fenómeno observado em tantas outras rochas do complexo basáltico, e a supor que, neste caso, tais orlas possam ser de anortose.

De resto, entre os fenocristais, existem alguns, em bora mais raros, com a macIa de Baveno e com características análogas às das orlas citadas.

Os fenocristais de piroxena têm boas clivagens e são muito límpidos. Devido à fraca densidade da sua distribui­ção na rocha, só me foi possível observar, nas váÍ"ias lâminas efectuadas, dois destes fenocristais, um dos quais talhado muito próximo da normalidade a um eixo óptico, que deixa prever um ângulo dos eixos relativamente moderado, vista a acentuada curvatura da isógira.

Esta piroxena é õpticamente positiva, a sua cor é ama­relo-acastanhada clara, tem pleocroismo muito fraco e deve corresponder a uma augite.

Este mineral também se encontra distribuído em peque­nos grãos dispersos pela pasta, impossíveis de isolar para estudo mais minucioso.

Como mineral acessório, encontra-se a apatite, geral­mente em pequenos cristais, muito perfeitos e frequentes.

Verificada a impossibilidade de obter exemplares liber­tos de carbonatos e na esperança de poder, à maneira do que fiz com o traq uito de Montemor (Caneças) (BRAK- LAMY, I945), fazer uma ideia da composição química real ou muito provà­velmente representativa deste traquiandesito, determinei, com a maior exactidão possível, a composição média desta rocha.

O material foi convenientemente escolhido e parti de grande quantidade de pó grosso. Dele fiz duas análises para­lelas que me conduziram a resultados concordantes sempre nas décimas por cento e, em vários componentes, nas cen­tésimas.

A determinação do anidrido carbónico foi feita por qua­tro vezes, até obter resultados concordantes.

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Esta análise demonstra claramente q ue o anidrido car­bónico não se distribui apenas pela calcite, pois absorveria todo o QCa, ficando ainda livre algum CO2•

De acordo com as observações de carácter óptico, atrás relatadas, vê-seque a calcite é realmente o carbonato predo­minante, mas que o acompanham outros carbonatos, princi­palmente de ferro e de magnésio, sendo impossível possuir indicações, mesmo vagas, sobre o seu teor no modo.

O que pode realmente afirmar-se é que se trata de uma rocha visivelmente menos básica do que o conjunto eruptivo da Falagueira, visto o valor do componente Si02 relativamente elevado, que subiria, ainda, se pudéssemos descontar o ma­terial estranho nela introduz.ido.

O exame das com posições químicas desta rocha e do traquito de Caneças deixam ver uma certa analogia geral, exceptuada a maior riqueza desta em sílica, em alumina eem álcalis.

O teor mais elevado de ferro e de magnésio no tra­quiandesito poderia, na realidade, vir a nivelar-se com os do traquito, se atribuíssemos as quotas partes correspondentes aos carbonatos.

- Pode ainda pensar-se na hipótese desta rocha ter sofrido empobrecimento em sílica, resultante da assimilação de· car­bonatos provenientes dos calcários que haja atravessado, sendo o magma original mais ácido.

Isto pode vir a ter importância, uma vez que voltem a encontrar-se mais representantes da diferenciação no sentido da maior acidez dQ magma basáltico original, libertos de calcite.

Ao mesmo tempo, os factos indicados parecem estar de acordo com a ideia de que a grande intrusão traquítica de Montemor (Caneças) seja, de facto, um diferenciado do magma basáltico.

Embora seja impossível calcular os parâmetros magmá­ticos do traquiandesito, a analogia da sua análise química com a do traquito deixa prever quimismo atlântico.

As orlas potássicas referidas, possivelmente atribuíveis a anortose, são mais um traço de união entre várias rochas

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que estudei. Este carácter foi já observado pelo Prof. Torre de Assunção, em diferentes rochas.

O teor de titânia é outro carácter que merece especial atenção, pois, sendo dos primeiros óxidos a entrar na compo­sição dos cristais inicialmente separados do banho magmático, dá indicação de parentesco próximo entre as rochas, quanto à sua génese.

Os teores de Ti02 obtidos para o traquito de Caneças, para o microssienito da Urca, para o traquiandesito e para os basanitóides da Falagueira, têm de facto sugestiva analogia, contrastando com os valores obtidos para outras rochas.

Considerações sobre o estudo químico.

Em virtude de, anteriormente, ter feito referência, do ponto de vista químico, ao traquiandesito da Falagueira (Amadora), não o incluirei nestas considerações e, bem assim, no referente ao traq uito de Montemor (Caneças) e a várias rochas estudadas noutros trabalhos.

PARGA-PONDAL (1935), certamente por troca havida com outra análise, dá valores, no que diz respeito ao Juscladito colhido a SW do Paço de Mafra, que são totalmente diferen­tes dos da análise efectuada por Raoult e publicada por PE~ RElRA DE SOUSA (1931). Por tal motivo, calculei de novo, a partir desta análise, os respectivos parâmetros de Niggli, assim como os parâmetros C. I. P. W.

Efectuei, também, este trabalho- para todas as restantes rochas, com o objectivo de rectificar alguns resultados já publicados.

Para permitir uma vista melhor de conjunto, calculei também, para todas as rochas em que foi possível, os parâ~ metros de Lacroix e elaborei vários quadros e gráficos .

. Do ponto de vista da filiação magmática, as rochas bá­sica$ do complexo basáltico dos arredores de Lisboa enqua~ dram-se nos magma!!! c: teralítico-gabróide:. e (essexitico-ga­bróide:t de Niggli.

Nem sempre o enquadramento é perfeito, havendo casos

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em que a localização das rochas ocupa posição intermédia, relativamente aos citados magm'l.s-padrões.

Pode entretanto dizer-se, de maneira geral, que os ma­fraítos se enquadram no magma essexítico-gabróide e as res­tantes rochas no magma teralítico-ga bróide. Todavia, há ex­cepções, como o basanito olivínico da Falagueira (anal. 10) que melhor'se filia no magma essexítico-gabróide, e o mafraíto de Sintra (anal. 4) que melhor se ajusta ao magma teralítico­-gabróide.

As rochas das análises n.os 3, II, 12 e 13 (lusc1aditos e basanitóides) ocupam posição intermediária.

PARGA-PONDAL (1935), considerando o pequeno número de análises então existentes, tinha tirado conclusão seme­lhante, filiando as rochas do nosso complexo basáltico nos dois magmas que citei, mas referia ainda o magma «essexí­tico», no qual incluiu o luscladito colhido a SW do Paço de Mafra, o que se deve ao lapso citado.

Este comagmatismo dá-nos, por um lado, a ideia da ín­tima relação entre as rochas, certamente diferenciadas de um mesmo magma basáltico original; por outro lado, revela-nos o seu caracter atlântico muito nítido, bem posto em evidên­cia pelas projecções dos pontos figurativos das rochas, nos diagramas Qs-Fs-Ls (Fig. I) e k-mg (Fig. 2). Este último diagrama tem, no nosso caso, real significado, em virtude do razoável número de análises efectuadas.

Os diagramas de diferenciação c-alk (Fig. 4) e al-fm (Fig. 3) traduzem, pela sua configuração, o modo contínuo da diferenciação magmática. A isofália, traçada com relativa segurança no último destes diagramas, confirma, uma vez mais, o quimismo atlântico das rochas estudadas.

Com o objectivo de fazer uma ideia de conjunto da com­posição das piroxenas (Quadro IV) e dos feldspatos das «normas» calculadas (Quadro VI), tracei mais dois diagra­mas triangulares. No diagrama da Fig. 5 revela-se, para as piroxenas, o seguinte conjunto de características:

a) Relativa pobreza de ferro, traduzida por um teor de metassilicato ferroso variável desde quase zero até pouco mais de 20 mols %;

69

ó) Um teor pràticamente constante de wolastonite (cerca de 45 m ols %) ;

c) Um teor médio de enstatite, dotado de fraca oscila­ção (cerca de 25 até 45 mols %) ;

Ora, sendo as piroxenas dos primeiros minerais a crista­lizar a partir do magma, esta permanência da sua composição é mais um factor a favorecer a ideia da origem comum do nosso complexo basáltico a partir de um mesmo magma basáltico original.

No diagrama da Fig. 6, tradutor dos dados constantes do Quadro VI, àparte alguns pontos de dispersão (rochas das análises N.os 1,2, e 5), observam-se os limites, relativamente apertados, da oscilação de composições dos feldspatos das normas. Assim, o teor de ortose varia, pràticamente, entre 10 e 30 mols %; o de albite entre 20 e 40 mols %, e o de anortite entre 40 e 60 mols %.

Também as composições centesimais das olivinas, expressas nos seus minais forsterite e faialite, calculadas a partir dos valores obtidos nas normas, e que figuram no Quadro V, traduzem a sua composição sempre predominante­mente magnesiana; de facto, os teores de forsterite escalo­nam-se, nas análises que consideramos, entre cerca de 55 e cerca de 95 mols Ofo.

Já durante o estudo óptico se verificara esta caracterís­tica comum das olivinas serem fortemente magnesianas.

Poder-se-ia, a partir das análises constantes deste tra­balho, calcular a composição média do magma presumivel­mente responsável pelas várias rochas aqui estudadas ou referidas. Todavia, parece mais natural fazê-lo, de maneira mais geral e representativa, tomando em linha de conta maior número de dados químicos e estender as considerações para regiões do País, distintas da de Lisboa, onde ocorrem rochas afins das estudadas.

Poderão, desse modo, reunir-se numa síntese geral, as rochas basálticas e afins, de idade semelhante, que parcelar­mente têm sido estudadas por vários autores, aumentando ainda, na medida do possível, o número de análises e estu­dos já existentes.

Legendas dos números que figuram nos quadros e gráficos seguintes

1- Basanitoánalcítico. Aroil de Baixo, a E de Almargem do Bispo. Anal. J. Brak-Lamy, com a colab. de L. Guimarães.

2 - Luscladito dolerílico. Junto dos moinhos da Serra do Marco. Falagueira (Amadora). Anal. J. Brak·Lamy. 3 - Luscladito. 250 m a SW dos moinhos da Serra do Marco. Falagueira (Amadora). Anal. J. Brak-Lamy. 4 - Mafraíto. Rio Touro, a NNW da Peninha. Serra de Sintra. Anal. L. Guimarães. 5 - Dolerito olivínico e analcítico. Queijas (cerca de 800 ma NW de Linda-a-Pastora). Anal. J. Brak-Lamy. 6- Dolerito analcítico. J unto aos moinhos do Penedo, a N da Amadora. Anal. J. Brak-Lamy, com a colab.

de L. Guimarães.

7 - Basanitóide. 400 m S, 54.0 E da ponte, cota 20 da estrada entre Linda-a-Velha e Carnaxide. Anal. Raoult .. 8-Basanitóide olivínico. Junto do marco geodésico da Bica. Montemor (Caneças). Anal.J.Brak-Lamy. 9 - Mafraíto. Rio Touro, a E da Quinta Marfil, Sintra. Anal. Raoult.

10 - Basanitóide olivínico. 250 m a SSE dos moinhos da Serra do Marco. Falagueira (Amadora). Anal. J. Brak-Lamy.

11 - Basanitóide olivínico. 100 m a N do marco geodésico de Montemor (Caneças). Anal. J. Brak-Lamy. 12 - Basanitóide. 500 m a SW dos moinhos da Serra do Marco. Falagueira (Amadora). Anal. J. Brak-Lamy. 13 - Lusclódito. SW do Paço de Mafra. Anal. Raoult. ) 4 - Mafraíto. Cota 218, a 850 m SW do Convento de Mafra. Anal. Raoult. 15 - Mafraíto. Quinta das CaméJias, Colares. Anal. J. Brak-Lamy e L. Guimarães. 16 - Traquiandesito. J unto dos moinhos da Galega. Falaglleira (Amadora). Anal. J. Brak-Lamy. 17 - Traquito. Montemor (Caneças). Anal. J. Brak-Lamy. 18 -» » » (análise calculada para o total de 100,00 sem CO2 e sem OH;-)

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TRABALHO SUBSIDIADO PELO

INSTITUTO DE ALTA CULtURA

2 SiO 05 A Oi)F

IOFe OM

12

e2

n OM OCa ONa OK2

OH+ OH­TiO P20 CO2

S S05

g

2

2

2

2

5

I CI Tota 1

I 1

40,00 14,18 5,75 9,89 0,16 6,97

11,17 3,42 1,95 2,03 0,68 3,82 0,44 ----

[100,46

2 3

40,61 42,18 12,18 16,20 4,39 3,65 7,74 8,31 0,16 0,07

12,28 6,04 11,79 10,89 3,45 3,42 1,26 1,66 1,96 2,13 0,72 0,24 3,14 4,80 0,30 0,50 - -- -- -- -

99,98 100,09

QUADRO J , ;

ANALISES QUIMICAS

4 5 6 7 I 8 I 9 I 10 I 11 I 12 13 14 15

42,20 42,29 42,44 42,78 43,08 43,54 44,18 44,36 44,98 45,08 45,72 47,05 17,22 13,19 15,28 11,15 15,94 16,66 17,84 15,19 17,67 10,48 15,62 19,33 5,76 4,75 3,02 3,59 5,59 2,36 2,81 2,02 5,67 6,51 3,15 3,59 5,57 6,65 9,45 8,02 8,04 7,43 8,27 8,15 5,34 7,33 9,51 6,88 0,12 0,17 0,19 0,18 0,151 - I 0,19 0,46 0,12 - - 0,08 6,45 10,73 6,89 12,57 6,35 7,20 7,50 9,11 5,43 7,47 5,31 4,32

12,90 10,26 9,67 11,78

1

9,49 11,10 10,15 10,12 9,29 15,56 10,92 11,22 3,17 4,04 4,08 2,95 4,30 3,31 3,39 3,42 5,29 2,22 4,13 4,00 1,39 1,95 1,88 0,95 1,69 1,43 1,71 1,83 1,39 0,90 1,75 1,03 0,19 2,10 2,89 1,871 1,92 0,12 1,90 1,96 2,19 0,08 0,11 0,23 0,80 0,74 0,82 0,43) 0,78 1,05 0,87 0,53 0,78 0,13 0,55 0,27 2,83 2,85 2,98 3,30 1,81 5,40 1,12 2,80 1,07 3,39 3,01 1,64 1,15 0,56 0,42 0,61 1,20 0,72 0,43 0,40 0,55 0,38 0,46 0,48 - - - - - - - - 0,31 - - -0,13 - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - 0,09 - -- - - - - - - - - 0,11 - -

99,88 ;100,28 100,01 100,18 100,34 100,32 100,36 100,35 100,08 100,36 100,24 100,12 , I

16 I 50,74 15,02 2,36 5,91 0,08 3,36 6,27 3,82 2,19 1,00 0,91 1,00 0,58 6,55 ---

99,79

17

56,38 18,49 2,48 3,08 0,08 0,51 4,19 5,42 3,88 0,42 1,35 1,11 0,26 2,29 ---

I ~ 6 1 0,37 9,79 2,67 3,30 0,09 0,55 1,37 5,80 4,15 0,45

1,19 0,27

9994 10 ' I

I IQ IC

or ab an lc ue CIN S04 wo eu

a Na~

m. fs for fai mt iI ap cc

,. pir moI .°/0 au

1

--

11,51 0,21

17,54 -

15,56 --

14,63 9,55 4,04 5,52 2,59 8,33 7,27 1,04 --98,8

2 I 3 4

-I

- -- - -1,81 9,84 8,23 - 10,06 9,48

14,01 23,88 28,60 4,40 - -

15,79 10,22 9,37 - - -- - -

17,76 11,24 11;66 13,43 7,93 9,71 2,48 2,32 0,45

12,09 5,02 4,49 2,48 1,63 0,23 6,36 5,29 I 8,35 5,97 9,12 5,38 0,71 1,18 2,72 - - -- - 0,25 100 69,1 97,4

5 6

- -- -

11,51 11,12 3,20 7,18

12,07 17,79 - -

16,78 14,80 - -- -

14,71 11,45 11,42 6,80 1,66 4,05

10,79 7,30 1,721 4,80 6,89 4,38 5,41 5,67 1,31 1,01 - -- -78,1 70,0

QUADRO II

NORMAS

7 8 I 9 10

- - - -- - - -5,62 10,01 8,45 10,12 7,21 15,41 I 14,15 9,54

14,34 19,15 26,33 28,36 - - - -9,60 ·11,36 7,50 10,37 - - - -- - - -

16,76 8,39 10,03 8,04 12,46 5,34 7,75 4,75 2,63 2,49 1,19 2,88

13,28 7,38 7,18 9,80 3,09 3,81 1,21 6,55 5,20 8,10 3,43 4,08 6,28 3,44 10,26 2,13 1,44 2,86 1,71 1,01 - - - -

I

65,2/ -- -

54,0 63,7 73,7

11 12

- -- -

10,84 8,23 8,91 20,12

20,63 20,32 - -

10,85 13,32 - -- -

11,28 8,44 7,38 6,07 3,09 1,60

10,78 5,26 4,97 1,53 2,92 8,21 5,32 2,04 0,94 1,31 - 0,70 - -68,6 48,8

I 1 3

5, 34 10

,54 13, 16

2

° ° 24 18

1

9 7

°

,44 ,19 ,16 ,29 ,68 ,48

4 ,4 ,5 9

8 , 1

54,3

I 14 15 I - -

- -

10,34 6,12 13,52 21,96 18,88 31,69 - -

11,59 642 . , - -- -

13,50 8,71 7,45 5,01 5,53 3,30 4,08 4,06 3,36 2,94 4,57 5,20 5,72 3,12 1,08 1,14 - -

-57,61 56,8

16 I I

....... Q)

:> 'ro ....... ~ (.) ....... ~ (.)

o I~ z

17

6,40 3,65

22,96 45,80 4,67 -----

1,28 1,91 --3,60 2,11 0,60 5,20

8,81

18 I 6,89 3,90

" 24,52 Lf:8,99 5,06

1,38 2,05

3,87

~I ~

QUADRO III A ,

PARAMETROS MAOMATICOS

I Rochas I ti

c 1

2a1k Qs Fs Ls Parâme~ SI aI fm c alk k mg p fm

qz al+alk c. 1. P. W. e de Lacroix e magmas

1 83,3 17,4 48,2 24,9 9,5 0,27 0,45 6,0 0,39 I III. 6. 3. 4 0,52 -54,7 0,71 -0,66 0,79 0,87 III. 6 (7).3.4 [2. 2.2.3)

2 77,7 13,7 54,2 24,2 7,9 0,19 0,65 4,5 0,24 0,45 -53,9 0,73 -0,69 0,93 0,76 m. 7. 3. 4 IHI) IV. 7. '3. 4 [2. 2. 2. 2]

3 95,1 21,5 42,3 26,3 9,9 0,24 0,48 8,1 0,47 0,62 -44,5 0,63 -0,47 0,60 0,87 III. 6. 3. 4 m .. 6. 3. 4 [:i. 2. 2. '3J

4 90,5 21,7 40,2 29,6 8,5 0,22 0,52 4,6 1,04 0,74 -43,5 0,56 -0,48 0,63 0,86 m. 6. 3. 4

'III. '6. 3 ("I. 4 [2 (3).'2.2 (3).2']

5 85,9 15,8 51,5 22,3 10,5 0,24 0,64 4,3 0,48 0,43 -56,1 0,80 -0,65 0,80 0,86 III. 7. 2. 4

III. (6) 7. 2'. 4 [2. 2. 2. 2]

6 94,1 19,9 45,8 23,0 11,4 0,23 0,50 5,0 0,40 0,50 -51,5 0,73 -0,55 0,64 0,91 m. 6. 3. 4

III. 6. '3. 4 l2. 2 (3). 2. 3]

7 83,8 12,9 55,6 24,7 6,8 0,18 0,66 4,9 0,51 0,44 -43,4 0,691 0,52 0,89 0,63 IIl-IV. 6. 3. 4.

III (IV). 6. 3. 41 [2. 2'. 2. 2]

III. 6. 3. 4 8 95,0 20,7 45,3 22,4 11,6 0,21 0,46 3,0 1,12 0,49 -51,4 0,72 i-O,54 0,62 0,92 11lI. 6. 3. 4. [2. 13. 2. 13]

9 97,7 22,0 42,1 26,7 0,22 0,58 9,1 0,69 0,63 -39,1 0591-040 0,54 0,83 IIl. 6. 3.4. 9,2 , , 'm. (s) 6. 3'. 4 [2'.2.2.2 (3»)

10 95,7 22,7 44,2 23,6 9,5 0,25 0,55 1,8 0,39 - 0,53 -42,3 0,59 -0,44 0,57 0,87 III. 6. 3. " (II) III. '6.3 /.4 [/2. 3. 2. (2) 3]

-------- -----1-------

11 95,1 19,2 48,0 23,3 9,6 0,26 0,61 4,5 0,36 0,49 -43,3 0,67 -0,46 0,65 0,81 m. 6. 3. 4

III. 6. 3. 4 [12. '3. 2. 2 (3,] -----

12 103,9 24,0 39,1 23,0 14,0 0,15 0,48 1,9 0,54 0,59 -52,1 0,74 -0,50 0,50 1,00 III. 6. 3. 4

II (III). 6. '3.4 !.S) [2.2.2.2 (3)J -

13 94,3 12,9 46,5 34,8 5,8 0,21 0,50 6,3 0,34 0,75 -28,9 0,62 -0,31 0,79 0,52 III. 5. 3. 4 III (IV). Si. 3'. 4 [2. I. '3. 2 \3.J ---- I/ --

" 14 1 103,3 20,8 41,3 26,4 11,6 0,22 0,44 5,1 0,43 0,64 -43,1 0,72 -0,42 0,57 0,85 UI. 6. 3. 4

lIl. 6. 3. 4 [2. 2. 2'. 3]

15 109,7 26,5 34,9 28,0 10,6 0,15 0,43 2,9 0,48 0,80 -32,7 0,57 -0,30 0,43, 0,87 II. s. 3. 4 ll'. S (6).3 (4). 4(S) [2. 2. 2. 3J

16 I 1

Não calculável

198,91 38,41 15,81 27,2 0,151 . 2,91 0,851-9,91 . 1

093 1 II. s. 1. 4 17 18,6 0,32 0,38 0,831-0,05 0,12 , ti) II. 's. I (2): '4 -----

1 t-;---1----

0,15 r--~O,42 1,0 I ~ 006 1 I. 5. 1. 4 18 223,4 43,1 20,9 5,4 30,6 0,32 0,26 0,83 0,01 , 0,93 I (II). 's. 1 (2). 14 -Magma teralí-90 20 46 23 11 0,25 0,50 0,50 -54 0,71 -0,60 0,67 0,93 III. 6. 3. 4. tico-gabróide - -de Niggli -+

Magma esse-\

I xítico-gabrói- 105 2:~ 43 I

24 10 I

0,25/ 0,46 - -I

1,55 -35 0,67 -·0,33 0,51 0,82 III. 5-6. 3-4 .4 de de Niggli

QUADHO IV

COMPOSiÇÕES CENTESIMAIS DAS PIROXENAS

I Minais Números das Rochas I I das I I I pIroxenas 1 2 3 4 5 6 7- 8 9 10 11 12 13 14 15

Enstatite 33,84 39,89 36,90 44,50 41,10 30,49 39,12 32,92 40,85 30,31 33,93 37,68 42,02 28,13 29,44

Woll .. !oni!e f51,84 52,75 52,30 53,44 52,93 51,35 52,62 51,73 52,87 51,31 51,86 52,39 54,64 50,98 51,18

I Metassilicato ferroso 14,32 7,36 10,80 2,06 5,97 18,16 8,26 15,35 6,27 18,38 14,21 9,931 3,33 20,88 19,391

QUADRO V

C O MP O S I ç Õ E S C E N T E SIM A I S D AS O L I V I NA S

Minais das Números das Rochas I

olivinas 1 2 3 4

~ 7 8 9 10 11 12 13 14 I 15

I Forsterite (for.) 68,06 82,98 75,49 95,13 86,25 60,33 81,12 65,95 85,58 59,94 68,44 77,47 - 54,84 58.00

I Faialite (fai.) 31,94 17,0~ ~4,51 4,87 13,75 39,67 18,88 34,05 14,42 40,06 31,56 22,53 - 45,16 4200 I

QUADRO VI

COMPOSiÇÕES CENTESIMAIS DOS FELDSPATOS

I I I 18 1 N.OS das rochas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 17

ortose 39,46 11,44 22,47 17,63 42,98 30,81 20,68 22,45 17,27 21,07 26,84 16,91 15,27 24,19 10,24 34,82 31,211 --

albite 0,72 ° 22,98 21,08 11,95 19,90 26,54 34,58 28,92 19,87 22,07 41,34 :n,45 31,63 36,74 59,15 (j2,35 .-t----

anortite 59,82 88,56 54,55 61,29 45,07 49,29 52,78 42,97 53,81 59,06 51,09 41,75 47,28 44,17 53,02 6,0:1 6,44

-

1\ 1,4

h '\ 1,6k-~~~~~~-7~*-~ ,8k-~-*~~~~-7~~~-A

°2~~-*~~~~-4~~~-*~

k-*~'-')t--*~---lf---*-""*~é-){-*",*dp<:,,,-1,8

3 '--..>L--"---"'--"'-'--"'----"'---'''--~-->.<.---''--"''--'''-~---'''-''".-2

e o 0.2 0,4 0,6 Q8 1 12 t4 16 1,8 2 2,2 2,4 2,6 2,8 3 '11

mg

Na I1g

0,8

0,6

Q2 Fe

Na

y 5 ..

2 °11 . • 9

~ .10

•• t2' t3 .3

-a .j

15· °14

0,2

Série sódica

'l:' fig. 1

0.4 0,6 0.8

Série pofóssico

Fig. 2

K 119

Fe K

60

~ fm ~ ,

50 • li 1 .. 1~

6

8:~O 14

3 40

" "

30

'.s "

20

o' -,,' '0'

ai ';;1 -'2'

f3 , 10

80 90 100 110 120 si-

Fig. 3

Fig. 5

o

o O (O 20 .50 40 50 60 70 80 90 O

b fig. 6

~RAK-LA.\1Y - Complexo basáltico EST. I

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1 - Aspecto da reglao da Falagueira. visto do flanco E da colina do Penedo. Grande parte da região central do primeiro plano

é ocupada por tufo basáltico .

. 2 - Flanco meridional da colina do Penedo. O luscladito dolerítico, que assentam os moinhos . cobre uma formação de tufo basáltico; sob o tufo, vê-se o dolerito analcítico , com amigdalas de zeólito fibroso.

19rafias do Autor BoI. da Soco GeaI. de Portugal - Vol. XII - 1955

J. BRAK-LAMY - Complexo basáltico EST. II

Fot. 3 - Basanitóide olivínico. Falagueira (2501ll a SSE dos moinhos da Serra do Marco). Luz po1. da s. anal. or 45x. Na pasta, micrólitos de pla­gioc1ase , analcite intersticial, grãos pequenos de piroxena, e magnetite abundante. Vêem-se grandes fenocristais de olivina, parcialmente corroídos.

Fot. 4 - Lusc\adito. Falagueira (250m a SW dos moinhos da Serra do Marco)· Luz po1. da s. anal.or 40><. Notar a granularidade grosseira e o pleocroism o da augite titanífera. No campo fotogratado, há cristais de plagioc1ase e de

apatite e pequenos grãos de minério.

Fotomicrografias do Autor

AK -LAMY - Complexo basáltico EST. III

5 - luscladilo dolerítico. Junto dos moinhos da Serra do Marco. Jol.da s. anaI.or 38 x. Cristais alongados de plagioclase, piroxena iante e grãos de magnetite. Na parte inferior da gravura, vê-se um

grande fenocristal de olivina.

6 - luscladilo dolerítico. Junto dos moinhos da Serra do Marco. poLda s. anal.dor 26x. Outro aspecto da rocha mostrando a abun­ia de augi te titanífera. A frescura da rocha é notável ; apenas os

fenucristais de olivina estão um pouco serpentimzados.

nicrografias do Autor Bol_ da Soe. Geol. de Portugal - Vol. XII-1955

J. BRAK L.b.MY - - Complexo basáltico EST. IV

F ot. 7 _ . Dolerito anlllcítico. Moinhos do Penedo (a N da Amadora). Luz pol. da s. anal. dor 50><. Aspecto geral da rocha, mostrando : augite titanífera idiomórfica, plagioclase, zeólito fibro·radiado ( natrolite) muito abundan te. anal ci te, grãos de magnetite e apatite. Na parte central, à direita, uma

st!cção trapezoidal de anal cite.

Fot. 8 - Dolerito llnalcítico. Moinhos do Penedo. Nicois cruzados. 50 ><. Campo idêntico ao da fot. 7. Observar a isotropia da anal cite e a extinção

em leque da natrolite.

Fotomicrografias do A.utor

IAK- L AMY - Complexo basáltico EST. V

9 - Dolerito olivínico e anelcítico. Queijas. Nicois cruzados . 38 x. r a textura intersectai da rocha. Hastes de plagioclase, augite titaní­

fera, olivina, grãos de magnetite e anal cite intersticial.

, 10 - Trequiendesito. Moinhos da Galega. Falagueira. Luz pol.da s. I.dor. 38x. Observar a transição dos micrólitos de plagioclase para

os grandes fenocristais. A' esquerda, um fenocristal de augi te.

,micrografias do Autor BoI. aa Soe. GeaI. de Portugal - Vol. XII-I955

J. BRAK- L AMY - Complexo basáltico E~T . VI

Fot. 11 - Trequiandesito. Moinhos da Galega. Falagueira. Luz pol.da s. ana!.dor 45 x. Pasta microlítica, rica de plagioclase e grãos de magnetite ; à direita, carbonatos com coronas serpentmosas e contendo esferutitos de quartzina. Ao centro, um grande fenocristal de plagioclase. No vértice

superior esquerdo magnetite' no inferior direito, apatite.

Fot. 12 - Traquiendesito. Moinhos da Galega. Falagueira (Amadora l. Nícois cruzados. 95x. Um fenocristal de bytownite de dimensões médias ,

dotado de caracter zonar. Em volta, micrólitos plagioclásicos com arranjo fluida!.

Fotomicrografias do Autor