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O aspeto é uma categoria gramatical que nos dá
informação acerca do início, do curso e do fim da
ação expressa pelo verbo.
A categoria aspeto, apesar de se relacionar com a
categoria tempo, é independente desta.
Assim, todas as situações expressas nas frases
seguintes podem ser localizadas temporalmente como
anteriores ao momento em que as frases são
produzidas. No entanto, o seu valor aspetual é
distinto.
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A Maria já leu o livro. - sabe-se que a leitura do
livro está acabada (aspeto perfetivo); A Maria estava a ler o livro, quando a vi. - não
é dada informação sobre a culminação da leitura do livro (aspeto imperfetivo);
Quando era nova, a Maria lia muitos livros. - a
situação descrita corresponde a um hábito (aspeto habitual).
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O valor aspetual pode ser expresso por diferentes processos, e,
por isso, podemos distinguir o aspeto lexical e o aspeto
gramatical.
O aspeto lexical diz respeito ao conteúdo semântico
transmitido pelo verbo, ou seja, ao significado intrínseco ao
próprio verbo.
O aspeto lexical permite distinguir situações estativas de
eventos durativos e eventos não durativos:
Assim:
O João sabe francês. – situação estativa - não é
dinâmica e não contém a noção de fim; O João escreveu um livro. - evento durativo – o
evento tem duração;
O João espirrou. - evento não durativo - o evento é
momentâneo.
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O aspeto gramatical diz respeito ao valor expresso por certos
tempos verbais e também por elementos externos ao verbo:
advérbios, locuções adverbiais, verbos auxiliares, etc.
Por exemplo:
A Alzira está a fazer uma deliciosa tarte de maçã. – a
ação é apresentada como estando em curso.
Todos os dias durante as férias, o Pedro enviou postais
à namorada. - a ação expressa pelo verbo enviar
estendeu-se por um determinado período de
tempo.
Quando a Catarina era mais nova, fazia patinagem
artística. – trata-se de uma ação durativa no passado.
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Deste modo, o aspeto gramatical pode ser:
Perfetivo (culminado) - a ação apresenta-se como
terminada.
Ex.: O Rui já se vestiu.
A ação enunciada pelo verbo vestir-se está concluída e
essa ideia é explicitada através do uso do pretérito
perfeito simples do modo indicativo e reforçada, ainda,
pelo uso do advérbio já.
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Aspeto imperfetivo (não culminado) – a ação é
apresentada como não terminada.
Ex.: Estou a aprender a bordar. O Rui estava a observar a paisagem. O sol subia no horizonte.
A ação é apresentada como algo que se prolonga, uma
ação que ainda não está concluída. Essa ideia é
explicitada através do uso do pretérito imperfeito do
modo indicativo e do complexo verbal com o auxiliar
estar.
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Aspeto genérico – estados que se referem a situações
genéricas, verdadeiras e atemporais.
Ex.: As crianças que leem têm melhores resultados escolares.
O uso do verbo no presente do modo indicativo
permite interpretar o enunciado como contendo uma
situação sempre verdadeira.
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Aspeto habitual – processo que traduz um hábito.
Ex.: A Primavera costuma chegar anunciada por um tempo mais quente.
O complexo verbal constituído pelo verbo auxiliar
costumar e pelo verbo principal chegar implica a
ideia de que a chegada da Primavera se sucede
durante um período ilimitado e habitualmente sempre
desse modo.
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Ex.: Levanto-me sempre cedo. Habitualmente, fumo depois das refeições. Vou ao ginásio três vezes por semana.
Nos três casos, para além do uso do presente do
indicativo, a dimensão habitual da ação é reforçada pelo
uso de advérbios (sempre, habitualmente) ou de uma
expressão que inclui um quantificador (três vezes por
semana).
Ex.: Quando eu era jovem, andava mais de bicicleta.
O uso de uma oração subordinada temporal pode
acentuar também o aspeto habitual do enunciado.
outubro de 2010 10
Aspeto iterativo – evento que se repete regularmente durante
um período de tempo.
Ex.: O Manuel tem-se levantado cedo ultimamente.
O uso do verbo no pretérito perfeito composto e do advérbio
ultimamente acentua a regularidade com que a ação se tem
repetido, marcando o aspeto iterativo do enunciado.
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Em conclusão O aspeto lexical permite distinguir:
Situações estativas; eventos durativos e eventos não durativos;
O aspeto gramatical pode ser:
Perfetivo, imperfetivo, genérico, habitual e iterativo
O aspeto realiza-se:
Pelo conteúdo semântico transmitido por palavras do enunciado;
Por complexos verbais com verbos auxiliares aspetuais;
Por alguns tempos verbais (p. imperfeito, p. perfeito simples, p. perfeito
composto,…)
Por alguns advérbios ou locuções adverbiais (já, sempre, ainda,
lentamente, frequentemente, pouco a pouco,…)
Por nomes contáveis ou não contáveis, quantificadores, orações
subordinadas, etc.
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Valor modal (modalidade) A modalidade exprime a atitude/subjetividade do locutor
em relação ao que enuncia e em relação ao interlocutor.
A modalidade pode ser expressa através:
- da entoação;
- dos modos verbais;
- dos verbos modais como dever, poder, etc.;
- de advérbios;
- de adjetivos com valor modal.
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Tipos de Modalidade
Apreciativa - O locutor exprime um juízo valorativo, negativo
ou positivo, emitido sobre um enunciado anterior com valor
assertivo.
Pode ser expressa através de alguns processos, tais como a
utilização de :
- advérbios: Infelizmente, não tive sorte! - verbos: Agrada-me que tenhas ido lá. - adjetivos: É desagradável ser sempre criticado! - frases exclamativas: Que fácil é esta matéria!
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Epistémica - O locutor pretende expressar uma atitude,
baseada no seu grau de conhecimento, perante a veracidade
ou falsidade do enunciado produzido.
Esta atitude do locutor em relação ao que enuncia pode
assumir um valor:
- de certeza: uso do modo Indicativo:
Ex.: Está a chover.
- de probabilidade
Ex.: Amanhã deve chover.
- de possibilidade
Ex.: Talvez chova na terça-feira.
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Deôntica - O locutor exprime juízos, procurando agir sobre o
seu interlocutor, impondo, proibindo ou autorizando.
Assim, expressa valores:
- de imposição /obrigação: através do
imperativo; ter de + infinitivo; dever + infinitivo:
Ex.: Fecha a porta! Tens de fazer o exame!
- e de permissão / proibição: poder + infinito
Ex.: Podes fazer o exame. Não podes sair antes do tempo.
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