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NOTAS GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICA DA BR 174: TRECHO MANAUS – SANTO ANTONIO DO ABONARI (PRESIDENTE FIGUEREDO) – AMAZONAS (AM)
Deivison Carvalho Molinari – Doutorando em Geografia /[email protected] / UEA
Neliane de Sousa Alves – Doutoranda em Geologia / [email protected] / UEA Amarílis Rodrigues Donald – Graduanda em Geografia /[email protected] /UEA
RESUMO O entorno da cidade de Manaus constitui-se na área de maior concentração da incipiente malha rodoviária do Amazonas, composta pelas rodovias federais BR 174 (Manaus- Boa Vista), Br 319 (Manaus – Porto Velho) e as estaduais AM 010 (Manaus – Itacoatiara) e AM 240 (Manaus – Manacapuru). Diante disso, este artigo tem como objetivo realizar breve caracterização de alguns aspectos geológico-geomorfológica da BR 174, no trecho compreendido entre Manaus e a comunidade Santo Antonio do Abonari (AM). Para isto, destacou-se: a) o papel exercido pelas voçorocas e suas conseqüências ambientais, b) o assoreamento dos canais fluviais, c) os litotipos ígneos e sedimentares e suas características; e, d) os processos de laterização e os depósitos de caulim. As voçorocas foram classificadas baseando-se nos modelos de tipo (OLIVEIRA, 2006) e forma (BIGARELLA e MAZUCHOWISKI, 1985) e caracterizadas quanto aos aspectos dimensionais (comprimento, largura e profundidade). Quanto as áreas de assoreamento dos igarapés, os litotipos ígneos e sedimentares e os processos de laterização e depósitos de caulim foi realizado o mapeamento de sua ocorrência ao longo da área em análise. Os resultados mostram que das 31 voçorocas cadastradas somente 2 incisões (6,5%) são do tipo integrada e o restante (n=29) são conectadas (93,5%). No que tange a forma, 11 voçorocas são retangular (35,5%), 08 linear (25,8%) e outras (n=12; 39,2%). A influência do homem ficou evidente visto que todas as incisões apresentam em suas cabeceiras uma canaleta e/ou tubulação. Outro aspecto é a predominância de voçorocas conectadas (93,5% = 29 incisões) ao fundo do vale sinalizando que a evolução desses canais contribui para a colmatação igarapés da rodovia, fato confirmado pelo mapeamento das áreas de assoreamento, todas a jusante das voçorocas. Os litotipos sedimentares são representados por arenitos e folhelhos, nos quais afloram os lateritos e depósitos de caulim, e os ígneos (granitos, dacitos e riolitos). Palavra-chave: Geologia – Geomorfologia – Amazonas (AM) ABSTRACT The surrounding from the city of Manaus is the area of bigger concentration of the incipient road mesh of Amazonas, composed by the federal highways BR 174 (Manaus – Boa Vista), Br 319 (Manaus – Porto Velho) and the state AM 010 (Manaus – Itacoatiara) and AM 240 (Manaus – Manacapuru). Beyond this, this article objective is to carry out short characterization of some geologically- aspects of the BR 174, in the passage understood between Manaus and the community of Santo Antonio do Abonari (AM). For this, it stood out: a) the importance of the gullies and its environmental consequences, b) the silting-up of the river channels, c) the igneous lito-types and sediments and its characteristics; and, d) the processes of laterização and the kaoline deposits. The gullies were classified being based on the models of type (OLIVEIRA, 2006) and shape (BIGARELLA and MAZUCHOWISKI, 1985) and characterized by the dimensional aspects (length, width and depth). As for the areas of silting-up of the cannels, the igneous lito-types and sediments and the processes of laterização and kaoline deposits, was mapped its occurrence along the area in analysis. The results show that of the 31 gullies, only 2 incisions (6,5 %) were the integrated type and the remainder (n=29) were the connected type (93,5 %). As for the shape, 11 gullies are rectangular (35,5 %), 8 linear (25,8 %) and others (n=12; 39,2 %). The influence of man was evident, visa that all the incisions present in his heads a canaleta and / or piping. Another aspect is the predominance of connected gullies (93,5 % = 29 incisions) to the bottom of the valley signaling that the evolution of these channels contributes to the colmatação narrow riverbanks of the highway, fact confirmed by the mapping of the areas of silting-up, all downstream from the gullies. The lito-types sedments are represented by sandstone and
folhelhos, in which the lateritos and kaoline deposits, and the igneous ones (granites, dacitos and riolitos) emerge. Key-words: Geology – Geomorphology – Amazonas (AM) INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo central expor e discutir as características geológica-
geomorfológica da BR 174, rodovia federal que interliga Manaus (AM) a Boa Vista (RR), no intuito
de constituir-se numa literatura básica e sintética de apoio para os trabalhos de campo de alunos de
graduação do curso de Geografia e Biologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
A área de investigação situa-se no trecho compreendido entre Manaus (0Km) e a localidade de
Santo Antonio do Abonari (200Km – Presidente Figueiredo/AM) (Figura 01). Dentre os aspectos
geológico-geomorfológicos abordados destacam-se: 1) Processos erosivos ou denudacionais, com
ênfase na erosão por voçorocas; 2) Processos deposicionais nos fundos dos vales; 3) Rochas
Sedimentares; e, 4) Rochas ígneas vulcânicas e intrusivas.
Figura 01 – Área de Estudo: BR 174 (Manaus – Santo Antonio do Abonari/AM) Fonte: Imagem captura do Google Earth em 28/12/2008
A discussão sobre cada um dos temas será composta por duas partes. A primeira destaca-se as
características genéricas e teóricas, tais como conceitos, tipologias, entre outras de cada tema. Na
segunda parte, realiza-se uma síntese de todas as ocorrências dessa determinada feição (ex: voçorocas)
ao longo de toda área de estudo.
A geomorfologia entre Manaus e Presidente Figueiredo resulta diretamente do arcabouço
geológico, sendo compartimentada em dois grandes domínios. A porção sul, localizada entre o Km 0
em Manaus e o Km 130 (Ladeira da Vovó) em Presidente Figueiredo, compreende a bacia Sedimentar
Fanerozóica da Amazônia (ROSS, 2000) caracteriza-se por terrenos sedimentares paleozóicos de baixa
altitude, compostos por cristas, colinas e interflúvios tabulares em diferentes índices de dissecação
Manaus
sobre uma superfície de aplainamento plio-pleistocênica, que sofreu profundos entalhes nas drenagens
na sua zona de borda no contato com o embasamento (MULLER e CARVALHO, 2001).
A porção norte, localizada entre o Km 130 e o km 200 (santo Antonio do Abonari) em Presidente
Figueiredo, constituí-se de terrenos mais acidentados topograficamente, que se estendem ao longo dos
rios e platôs com níveis altimétricos intermediários, com altitude de até 200m, instalados sobre as
rochas graníticas e vulcânicas do embasamento. De acordo com Sarges et al (2001) e Nogueira e
Sarges (2001) essa configuração geomorfológica é compartimentada em 2 unidades morfoestruturais:
a) Depressão Periférica Norte do Pará (DPNP); b) Planalto Dissecado Norte da Amazônia (PDNA)
A Depressão Periférica do Norte do Pará engloba as formas de relevo desenvolvidas sobre as
rochas vulcânicas do Supergrupo Uatumã (Proterozóico Médio), compreendendo uma área aplainada,
constituída por sistemas de vales e de colinas com baixas altitude e extensão em torno de 200 m. Por
outro lado, o Planalto Dissecado Norte da Amazônia está esculpido sobre os corpos graníticos
pertencentes à Suíte Intrusiva Mapuera (Proterozóico Médio). Os diferentes graus de dissecação
caracterizam-se por relevo de platôs e interflúvios tabulares com extensão média de 8km, além de
colinas com extensão entre 200-300m (SARGES et al., 2001; NOGUEIRA e SARGES, 2001).
Geologicamente a área proposta pode ser dividida em dois domínios geológicos distintos. O
primeiro composto por rochas proterozóicas, predominantemente ígneas e metamórficas, relacionadas
ao Grupo Iricoumé e corpos granitóides atribuídos à Suíte Intrusiva Abonari, que ocorrem a partir do
km 130 da BR-174. O segundo caracterizado por uma extensa cobertura sedimentar fanerozóica
compreendida pelas rochas paleozóicas da bacia sedimentar intracratônica do Amazonas,
representadas pelo Grupo Trombetas e Javari.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os parâmetros identificados/mensurados das incisões erosivas do tipo voçoroca foram: a)
dimensões: o comprimento, a largura e a profundidade das incisões erosivas e das áreas de
contribuição e as distâncias entre as casas e as voçorocas; b) tipos e formas das feições erosivas; c)
feições de retrabalhamento e movimentos de massa; d) tipos de moradia; e) presença de tubulação de
esgoto doméstico e vegetação nas voçorocas; f) depósitos tecnogênicos.
Quanto ao tipo de voçoroca foi utilizado o sistema classificatório, elaborado por Oliveira e Meis
(1985), que descreve três tipos (Figura 6): a) conectadas – associada ao escoamento hipodérmico e/ou
subterrâneo nas partes baixas da encosta, podendo ser considerada um canal de primeira ordem; b)
desconectadas – encontram-se na parte superior da encosta, estaria ligada ao escoamento superficial e
não poderia ainda ser considerado um canal de primeira ordem em virtude de não estarem ligadas à
rede de drenagem; c) integradas - junção das duas formas anteriores (voçorocas conectadas e
voçorocas desconectadas), formando uma só incisão erosiva. No que tange as formas das incisões,
empregou-se a proposta organizada por Bigarella e Mazuchowski (1985) que descrevem seis formas:
linear, bulbiforme, dendrítica, entreliça, paralela, composta, e uma sétima, a retangular, acrescida por
Vieira (1998) (Figura 7).
Para a identificação do sentido de evolução das voçorocas utilizou-se uma bússola de Bruton
para se obter dados de orientação (N, S, W, E) e um clinômetro para mensuração do grau de
declividade das vertentes na parte superior. Ao que se refere às dimensões, mediu-se com uma trena
(50 metros) comprimento, largura e profundidade dos segmentos (superior, médio e inferior) das
voçorocas, as áreas de contribuição, as distâncias entre as moradias e as incisões.
RESULTADOS E DISCUSSÕES TEMA 01: PROCESSOS DE DENUDAÇÃO OU EROSÃO
Ao longo da BR 174, no trecho entre Manaus (0Km) e a localidade de Santo Antonio do Abonari
(200Km – Presidente Figueiredo/AM), verificam-se a presença de diversas feições erosivas que devido
seu crescimento e sua proximidade com a referida rodovia implicam em sérios problemas
socioeconômicos e ambientais. Dentre estas feições, as voçorocas representam as incisões mais
impactantes devido se constituírem no estágio mais avançado do processo erosivo, em geral
apresentam os maiores tamanhos, além de sua ocorrência na área estudada, totalizando 31 incisões
(VIEIRA e ALBUQUERQUE, 2004).
As voçorocas constituem incisões erosivas que apresentam algumas formas bem marcantes,
como o fundo plano e as paredes laterais bem verticais, caracterizando a forma da calha em U. Pode-se
observar ou não no interior dessas incisões afloramento de lençol freático. No entanto, essa
característica não deve ser utilizada como parâmetro para diferenciar uma ravina de uma voçoroca,
uma vez que algumas voçorocas podem não apresentar este tipo de ocorrência. Pode-se para efeito
didático utilizar parâmetros dimensionais para caracterizar uma voçoroca, como sendo: comprimento e
largura superiores a 3m e profundidade acima de 1,5m (VIEIRA, 1998) (figura 02). Outra
característica que diferencia a voçoroca dos sulcos e das ravinas é que sua expansão (recuo da
cabeceira e das bordas laterais) segue em sentido contrário ao escoamento superficial, expandindo seus
Figura 6: Tipos de voçorocas Figura 7: Formas das voçorocas. Autor: Oliveira e Meis, 1985. Autor: Bigarella e Mazuchowski, 1985 e Vieira, 1998.
limites em direção a montante do barranco (crescimento regressivo) via movimentos de massa na
forma de escorregamento, desmoronamento ou tombamento (MOLINARI, 2009).
Figura 02 – Voçoroca
Fonte: Fábio Vieira (1998) De acordo com Oliveira e Meis (1985) três tipos principais de voçorocas podem ser destacadas:
As voçorocas conectadas estão associadas ao escoamento hipodérmico e/ou subterrâneo nas partes
baixas da encosta ser considerada um canal de primeira ordem; as voçorocas desconectadas,
encontrando-se na parte superior da encosta, estão ligadas ao escoamento superficial e não podem ser
consideradas um canal de primeira ordem em virtude de não estarem ligadas à rede de drenagem; e o
terceiro tipo, as voçorocas integradas são na verdade a junção das duas formas anteriores (voçorocas
conectadas e desconectadas), formando uma só incisão erosiva (OLIVEIRA e MEIS, 1985;
OLIVEIRA, 1989, 2007) (figura 03).
Quanto às formas das voçorocas, Bigarella e Mazuchowski (1985) classificou-as como: 1) linear,
2) bulbiforme, 3) dendrítica, 4) entreliça, 5) paralela, 6) composta e 7) retangular (VIEIRA, 1998)
(figura 03).
Figura 03 – Tipos de voçorocas (esq.) e Formas das Voçorocas (dir.) Fonte: Tipos (OLIVEIRA, 1989) e Formas (BIGARELLA e MAZUCHOWSKI, 1985) e (VIEIRA, 1998)
No que tange ao trecho analisado na BR 174 (entre Km 0 e o Km 200), verificou-se 31 voçorocas
(VIEIRA e ALBUQUERQUE, 2004) e que todas apresentam em suas respectivas cabeceiras a
presença de uma canaleta e/ou tubulação que servem para dar passagem à água da chuva que escoa
pela pista. Em outras palavras, fica evidente que essas estruturas provocaram juntamente com outras
características o surgimento da incisão erosiva e sua presença contribuem para a expansão da
voçoroca.
No entanto, é importante salientar que não é somente a presença dessas saídas d’água da pista
para a lateral do terreno que provoca a ocorrência de voçorocas, mas as interações entre as
características fisico-naturais da área, tais como: declividade, grau de cobertura vegetal, tipo de solo,
características da chuva e o tipo de estrutura (com ou sem canaleta).
Essas observações podem ser exemplificadas na voçoroca (figura 04) localizada no Km 06 da
rodovia que surgiu devido a instalação de canaleta de dissipação de água da chuva cujo comprimento
não se estende desde a margem da pista até o fundo do vale. Em de decorrência disso, a água da chuva
ao escoar no contato entre o fim da canaleta de dissipação (construída de concreto) e o solo desnudo
tem sua capacidade de cisalhamento ou erosão amplificada devido a 2 fatores: a) a energia cinética do
escoamento se intensifica devido a concentração de água decorrente da canalização promovida pela
canaleta; e, b) a diferença de resistência entre os materiais, do concreto da canaleta (mais resistente)
para o solo (menos resistente). A conseqüência direta da interação entre água da chuva e a superfície é
a evolução do canal inciso.
Figura 04: Erosão por voçoroca – Km 06 da BR 174 Fonte: Amaralis Donald (2008)
Essa voçoroca apresenta forma linear com ligeira inflexão em sua cabeceira, onde se encontra a
parte preservada da canaleta de dissipação da água de chuva, local de maior expansão e
reafeiçoamento da incisão. Quanto ao tipo, o canal inciso estende-se paralelamente a pista conectando-
se até o fundo do vale, constituindo-se, portanto, numa voçoroca conectada. Do ponto de vista
dimensional, apresenta os seguintes parâmetros: 3,30m de profundidade, 3,50m de largura e 250m de
comprimento, tais dados permite mensurar o volume de material perdido que é de aproximadamente
2.888m³.
No que tange a totalidade do trecho analisado da BR 174, Vieira e Albuquerque (2004) e Vieira,
Molinari e Albuquerque (2005) identificaram as seguintes características das 31 voçorocas (tabela 01):
Em termos gerais das 31 voçorocas cadastradas por Vieira e Albuquerque (2004), somente 2
incisões (6,5%) são do tipo integrada e o restante (n=29) são concectadas (93,5%). Quanto a forma 11
voçorocas apresentam forma retangular (35,5%), 08 linear (25,8%), 07 bulbiforme (22,5%), 02
entreliça (6,5%), 02 paralelas (6,5%) e 01 dendrítica (3,2%).
Diante do exposto sobre as voçorocas da BR 174, pode-se sumarizar as seguintes conclusões
preliminares:
a) ficou evidente a influência do homem na deflagração das voçorocas visto que todas
apresentam em suas respectivas cabeceiras a presença de uma canaleta e/ou tubulação que servem para
dar passagem à água da chuva que escoa pela pista;
b) as formas retangular e linear totalizam 61,3 % das voçorocas da estrada, isso reforça a idéia de
que esses canais incisos apresentam um único agente de formação, que nesse caso são as canaletas de
dissipação da água da chuva. Além disso, a forma retangular sugere que houve um alto grau de
evolução (expansão) alcançado por estas incisões, visto que as ramificações existentes antes, em fase
anterior (bulbiforme, por exemplo) foram unidas num só entalhe erosivo;
c) a predominância de voçorocas conectadas (93,5% = 29 incisões) ao fundo do vale sinaliza que
a evolução desses canais incisos contribui diretamente para a colmatação e/ou assoreamento dos cursos
d’água que cortam a rodovia.
Tabela 01: Características das voçorocas da BR 174 Fonte: Vieira e Albuquerque (2004) e Vieira, Molinari e Albuquerque (2005)
TEMA 02: ASSOREAMENTO DE CANAIS FLUVIAIS (IGARAPÉS) E COLMATAÇÃO DE FUNDO DE VALES
Em decorrência da quantidade de voçorocas conectadas ao fundo de vale ao longo da BR-174,
verificam-se implicações diretas aos canais fluviais, localmente chamados de igarapés, que
gradativamente são assoreados devido à sedimentação promovida pelos solos e fragmentos de rochas
transportados das voçorocas.
Entretanto, antes de abordar a sedimentação dos cursos d’água, torna-se necessário conceituar
alguns termos importantes, tais como: a) sedimentação; b) tipos de transporte de sedimentos; c) relação
textura e depósitos sedimentares; e, d) formas resultantes da deposição (marcas onduladas e gretas de
contração).
Entende-se por sedimentação o processo de deposição dos sedimentos ou de substancias que
poderão vir a ser mineralizadas. Em geral, a sedimentação resulta da desagregação e/ou decomposição
das rochas primitivas (GUERRA e GUERRA, 2006).
A água da chuva é o principal agente de transporte de sedimentos. O fluxo da água transporta
sedimentos de três formas: a) dissolução – processo químico de dissolvimento de íons de cálcio, ferro
e carbonato; b) suspensão – processo mecânico por meio do fluxo turbulento do curso d’água; e, c)
tração ou rolamento – processo mecânico que consiste no transporte de partículas de granulação
grosseira (areia, por exemplo) através de saltos e rolamentos ao longo da superfície de transporte
(PINTO et al, 1976).
No que tange a interpretação dos depósitos, as características texturais fornecem elementos
importantes, pois revelam indícios sobre a natureza do meio de deposição. O tamanho e angularidade
dos detritos formados por correntes aumentam de acordo com o aumento da velocidade da corrente.
Dessa forma, sedimentos de granulação grossa, angulares e mal selecionados indicam rápida deposição
por águas movimentadas, ao passo que, sedimentos granulados, bem selecionados e laminados
sugerem deposição lenta onde os grãos individuais se assentam lentamente em suspensão (LAPORTE,
1969).
Duas características deposicionais podem ser observadas em campo: marcas de ondulação e as
gretas de contração. A primeira refere-se as marcas presentes na superfície de sedimentos incoerentes.
Em geral, quando a corrente de transporte move-se uniformemente, em sentidos preferenciais, as
marcas de ondulações são assimétricas, com lados mais íngremes situados a jusante (LAPORTE,
1969). Já as gretas de contração (figura 05) são fendas de dissecação sobre sedimentos aquosos de
granulação fina na forma de polígonos de formas irregulares, cujo tamanho é relacionado à espessura
da camada sedimentar que esta sendo desidratada (BIGARELLA, 2003)
Figura 05: Gretas de Contração
Fonte: Deivison Molinari (2008) A colmatação dos fundos de vale e o assoreamento dos igarapés ao longo da BR 174 reflete o
desequilíbrio ambiental decorrente da forma da rodovia, que por ser retilínea não obedece aos critérios
geotécnicos (curvas de nível) corta diversos interflúvios e os fundos de vales, consequentemente a
rodovia apresenta várias tubulações construídas para dar vazão ao escoamento dos canais que
atravessam a pista. No entanto, essas passagens foram sub-dimensionadas, verificada no grande
volume de água que se acumulam em um lado da pista, provocando o “afogamento” da vegetação com
posterior formação das paliteiras (troncos mortos) (figura 06) e do outro, sedimentos grosseiros que se
depositam em função da baixa capacidade de transporte da água (figura 07).
Figura 06 e 07: Formação de Paliteiras (esq.) e colmatação do fundo dos vales (dir.) Fonte: Deivison Molinari (2008)
Além disso, conforme exposto no tema 01, significativa quantidade de voçorocas presentes na
BR 174 apresentam conexão direta com o fundo dos vales (voçorocas conectadas). Diante disso, nota-
se a direta influência do surgimento e evolução destes canais incisos, que surgiram devido as canaletas
de dissipação da água da chuva, com o assoreamento dos canais fluviais e a colmatação do fundo dos
vales.
No que tange ao assoreamento e a colmatação do fundo dos vales ao longo da BR-174 no trecho
em análise, pode-se afirmar que, quase a totalidade dos fundos dos vales encontra-se assoreados ou em
processo de assoreamento devido a expressiva quantidade de voçorocas conectadas e ao sub-
dimensionamento das manilhas que cortam a rodovia.
TEMA 03: ROCHAS SEDIMENTARES
A cobertura sedimentar fanerozóica está representada na região pelo Grupo Trombetas
subdividido, da base para o topo, nas formações Autaz-Mirim, Nhamundá, Pitinga e Manacapuru
(CAPUTO et al., 1971). E pelo Grupo Javari, representado pela Formação Alter do Chão.
A Formação Nhamundá, representa a primeira seqüência transgressiva-regressiva da Bacia do
Amazonas, sendo constituída por quarto-arenitos, folhelhos e diamictitos pelítico-arenoso encontrados
em muitas cachoeiras de rios e igarapés, chegando até 10 m de espessura, com estruturas glacio-
tectônicas e depositadas em ambiente litorâneo e de plataforma marinha sob influência glacial
(MULLER e CARVALHO, 2005). Souza (1974) a posicionou no Eo-Siluriano, fundamentados nas
idades dos quitinozoários. Estas rochas são observadas ao norte do município de Presidente Figueiredo
(nas margens da BR-174), onde é sobreposta por folhelhos marinhos da Formação Pitinga.
Arenitos:
As principais ocorrências de blocos e lajedos de Arenitos da Formação Nhamundá (Siluriano:
450-400 ma), localizam-se no km 113, no leito e margens do Igarapé das Lajes. Neste local estão
representados por quartzo-arenitos finos de coloração branca a branca acinzentadas, bem selecionados,
com grãos arredondados e acamamento maciço, e apresentam pacotes com até 3m de espessura. No
arenito do leito do igarapé ocorre uma grande quantidade de “marmitas”. Estes arenitos foram
depositados em Ambiente litorâneo influenciado pela ação dinâmica glacial. (Figura 08 e 09)
Figura 08 e 09: Arenitos da Fm. Nhamundá na área do igarapé das Lages (esq.) e Contato dos arenitos da Fm. Nhamundá com os folhelhos da Fm. Pitinga (dir.) Fonte: Neliane Alves (2006)
Formação Manacapuru constitui a unidade de topo do Grupo Trombetas. De acordo com
Cunha et al. (1994) reúne arenitos finos a médio intercalados com siltitos acinzentados e laminados, de
idade Siluriano-devoniana. O ambiente de sedimentação é nerítico a litorâneo. A idade siluro-
devoniana está baseada nos resultados de análise bioestratigráficas com quitinozoários.
Folhelhos:
No Km 107 da BR-174, próximo ao município de Presidente Figueiredo observa-se o contato
dos Folhelhos da Formação Pitinga com os Arenitos da Formação Nhamundá. (Figura 09)
Os siltitos acinzentados e folheados da Formação Manacapuru (Idade Siluriano-Devoniano -
400 ma) afloram no km 99 nas proximidades do Rio Urubu. Estes folhelhos possuem uma coloração
cinza, granulação fina e alta fissilidade, possuindo entre suas lâminas grande quantidade de icnofósseis
e fósseis de braquiópodes. O afloramento em questão apresenta na sua porção superior camadas de
sedimentos com níveis de argila e areia fina bem selecionada, em parte com bioturbações. A área tem
sido denominada de Sítio Paleontológico (Figuras 10 e 11).
Figuras 10 e 11: Folhelhos Fm. Manacapuru (2006) (esq.) e Registro Fossilífero: fósseis de braquipódes (dir.) Fonte: Neliane Alves (2006)
A Formação Alter do Chão, representada por arenitos e argilitos de coloração vermelha,
graças à presença de óxido de ferro; sua espessura está estimada em torno de 1.250m (CUNHA et al.,
1994) depositados em ambiente flúvio-lacustre a fluvial. sua ocorrência é ampla, ao longo da BR-174,
compreendendo o trecho de Manaus até o interflúvio igarapé Preto/Rio Urubu (SOUZA, 1994).
Recobrindo estas unidades têm-se as coberturas detrito-lateríticas pleistocênicas, representadas pelas
formações Iça e Solimões.
Coberturas lateríticas e Depósitos de Caulim
O laterito (Figuras 12 e 13) é produto do intenso intemperismo químico de rochas subaéreas
(pré-existentes) e até mesmo de lateritos antigos, cujo processo aumenta o teor de ferro e/o alumínio e
diminui o teor de sílica. Segundo a estrutura física, os lateritos classificam-se em: compactos, maciços,
coesos e incoesos, terrosos ou argilosos. Com coloração variando entre vermelho, violeta, amarelo,
marrom e branco (COSTA, 1991).
Figura 12 e 13: Limite entre a crosta laterítica e solo (esq.) e laterito (dir.)
Fonte: Amarílis Donald (2008) Conforme Costa (1991), as composições mineralógicas dos perfis lateríticos em ordem
decrescente de abundância são: argilo-minerais (caulinita e esmectita), oxi-hidróxidos de ferro
(hematita e goethita), de alumínio (gibbsita e bõhmita), de titânio (anatásio), de resistatos (turmalina,
cassiterita, rutilo, etc.).
De acordo com Costa e Moraes (1997), a região amazônica está confinada pela presença de
lateritos, que também podem ser chamados de regolitos. Este material é dado em abundância,
caracterizado por depósitos minerais associados encobertos por uma espessa camada de Argila Belterra
(argilo-arenoso de cor amarela). Na altura do Km 128 este material ocorre de maneira expressiva
associado a latossolos vermelhos e amarelos.
Existem várias teorias para explicar a origem dessa cobertura argilo-arenosas (Argila Belterra),
dentre as quais se destacam aquelas que consideram (FERNANDES FILHO et al,1997): a) unidade
sedimentar do Terciário cuja origem lacustre explica a granulometria fina e homogênea; b) uma
unidade sedimentar do Terciário de ambiente semi-árido; c) um horizonte argiloso derivado de
alterações in situ de sedimentos da Formação Alter-Chão; e, d) derivada do intemperismo de crostas e
bauxitas.
A Amazônia possui apenas dois tipos de lateritos, maturo e imaturo. O primeiro é de idade do
Eoceno – Oligoceno, cujos perfis são mais profundos e evoluídos, encontrados sobre relevo mais
elevado (platôs e morros), dos quais há complexidade de horizontes, estruturas, mineralogia e feições
químicas. Por outro lado, o laterito imaturo apresenta idade do Terciário Superior/Quaternário (Plio-
Pleistoceno), forma o relevo mais jovem dominante na região Amazônica, possuindo um grau de
evolução baixa e uma concentração de óxido de ferro em seu horizonte (COSTA, 1991).
Os lateritos de acordo com a sucessão dos horizontes e as respectivas texturas e estruturas podem
ser classificados em: lateritos alóctones e autóctones, que tanto podem ser na forma matura ou imatura.
Os lateritos alóctones, conhecidos também na região por linhas de pedra (stone line) (Figura 14) e
paleopavimentos, que em geral são constituídos por fragmento de lateritos imaturos, são mais restritos
do que os autóctones (COSTA, 1991).
Figura 14: Cobertura tipo argila Belterra e linhas-de-pedra em perfis lateríticos na Amazônia (Ex. Pitinga –AM)
Fonte: Marcondes Costa (1991)
A descrição dos perfis lateríticos pode ser exemplificada na região de Manaus, cuja se encontra
estruturada em horizontes bem definidos, às vezes truncados ou rotacionados por falhas normais ou
transcorrentes. Do qual pode ser denominado da base para o topo da seguinte forma (FERNANDES
FILHO et al, 1997): horizonte transicional apresenta características da rocha-mãe sedimentar possui
coloração rosa a esbranquiçada e sua passagem para o horizonte sotoposto é gradual, com tendência ao
desaparecimento das estruturas primárias; horizonte argiloso (mosqueado, saprolítico) possui
coloração rosa a vermelhada, e o contato com o horizonte sotoposto é abrupto; horizonte ferruginoso
é caracterizado por crosta ferro-aluminosa, que pode ser dividida em crosta colunar (topo) e crosta
derivada do mosqueado (base); horizonte esferolítico acha-se associado aos perfis lateríticos onde a
crosta ferruginosa está bem mais preservada. Estes se encontram imersos numa matriz argilosa de cor
amarela, semelhante à que ocorre no horizonte solo; linha de pedra (stone line) é constituída
essencialmente por fragmentos de óxi-hidróxidos de ferro, derivado da crosta ferro-aluminosa
preexistente; horizonte solo constituído por um material argiloso a arenoargiloso de cor amarelada,
recobre indistintamente as linhas de pedra, o horizonte esferiolítico ou o horizonte ferruginoso, e
localmente pode está em contato com o material com horizonte argiloso. Esta unidade mostra-se mais
argilosa onde ocorre como cobertura dos lateritos autóctones, ou seja, recobrindo o horizonte
ferruginoso ou esferiolítico.
De acordo Chen et al. (1997) apud Nogueira (2007), essas características proporcionaram a
formação de caulim, um material resultante de alterações químicas que se aproxima de um silicato
hidratado de alumínio Al4(Si4O10)(OH)8) (LUZ, 1993 apud NOGUEIRA, 2007), particularmente, os
feldspatos. Em geral, o caulim, possui coloração branca ou quase branca cuja composição química
assinala a presença abundante de caulinita e quartzo (COSTA e MORAES, 1997) (Figuras 15 e 16).
Figuras 15 e 16: A - quartzo e muscovita; B - feldspato, muscovita e caulim. Fonte: Afonso Nogueira (2007)
O caulim pode ser encontrado em dois tipos de depósitos, primários e secundários. Os depósitos
primários ou residuais (eluvial) são resultantes de transformações em rochas in situ. No qual é divido
em três tipos: intemperizado, hidrotermal e solfatara. Enquanto os secundários formam-se a partir da
deposição de materiais transportados por correntes de água doce em que quantidades de quartzo e mica
são menores. Assim podendo ser classificados em: caulim sedimentar, areia caulinítica, argilas
plásticas (ball clays), refratárias e silicosas (flint clays) (NOGUEIRA, 2007).
O depósito de caulim está estabelecido no horizonte basal de perfis lateríticos evoluídos (laterito
maturo) truncados, ou seja, nas zonas pálidas e em partes mosqueadas dos horizontes saprolíticos. A
exposição deste material somente ocorre a partir da erosão da parte superior dos perfis laterítico-
bauxítico, que foram recobertos por sedimentos ou modificados parcialmente para latossolos (COSTA
e MORAES, 1997).
Na década de 70 houve o primeiro conhecimento da jazida de caulim no Estado do Amazonas,
em áreas de ocorrência da Formação Alter do Chão, entre Manaus e Itacoatiara, tendo destaque
algumas áreas entre os km 30 a 60 da BR-174 (Damião et al, 1972 apud CPRM, 2008). Segundo
D’Antona et al.,2006 apud CPRM, (2008) são adicionadas a recentes descobertas no município de
Manacapuru, notadamente na AM-352 (Manairão).
Na década de 90, tiveram inicio a exploração de caulim na BR-174 pela Mineração Horboy
Clays Ltda, cuja finalidade era o uso deste na indústria de papel (coating). Os levantamentos
realizados pela empresa identificaram 3.406.501.971 de toneladas, distribuídos em áreas com cerca de
30.000 hectares nos municípios de Manaus, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva. No qual parte
dessa reserva, cerca de 100 milhões de toneladas possui qualidade para ser utilizado pela indústria de
papel de alta qualidade (CPRM, 2008)
Na BR 174, especificamente no km 45, verifica-se uma expressiva jazida de caulim (Figuras 17
e 18), cuja exposição dar-se devido ao entalhe de uma incisão erosiva, do tipo voçoroca, localizado nas
proximidades do igarapé Cabeça Branca.
Figuras 17 e 18: Exposição de caulim no Km 45 da BR-174 Fonte: Amarílis Donald (2008)
TEMA 04: ROCHAS ÍGNEAS
A Suíte Intrusiva Abonari na região é representada por rochas graníticas com anfibólio,
geralmente leucocráticas, textura equigranular média a grossa, isótropas e homogêneas, que
apresentam coloração acinzentada a rósea. A. Esta unidade representa corpos granitóides anorogênicos
e assinala um relevante paroxismo granítico no Escudo das Guianas em torno de 1,5 b.a. Datações
realizadas pelo método U-Pb em zircão indicam uma idade aproximada de 1.545±20 milhões de anos
para esta unidade (HADDAD et al., 1999)
As melhores exposições de rochas graníticas – sienogranitos - ocorrem na pedreira localizada
no lado direito da BR-174, no km 202, Lat. S 01º18’23,0” e Long. W 60º23’27,9”. As rochas são
atribuídas a Suíte Intrusiva Abonari que inclui rochas graníticas caracterizadas pela coloração
rosada, granulação grossa e composição sienogranítica dominante (feldspato alcalino + quartzo +
plagioclásio + biotita + anfibólio). Apresenta inúmeros enclaves máficos de composição diorítica a
quartzo diorítica (plagioclásio intermediário + anfibólio + quartzo + FK) que, ocasionalmente, exibem
cristais de feldspato mais desenvolvidos do granito hospedeiro (cristais pingados), resultantes de
processo de assimilação magmática.
As rochas proterozóicas são representadas pelo Grupo Iricoumé, constituído por rochas
vulcânicas intermediárias a ácidas, não metamorfizadas, representada por dacitos, traquidacitos e
andesitos básicos de textura porfirítica com fenocristais de feldspato, e de hornblenda em matriz
afanítica que variam de cinza esverdeada a cinza arroxeada; são comuns, ainda, ocorrências
localizadas de rochas piroclásticas, além de sulfetos disseminados. Tipos afaníticos de composição
intermediária a ácida são subordinados.
Na altura do Km 150 afloram na forma de Pedreira rocha vulcânica ácida – Riolito, rocha de
coloração maciça, inequigranular, porfirítica apresentando intrusão de corpos de pegmatitos com
cristais bem desenvolvidos de feldspato potássico, quartzo e micas. Estas rochas encontram-se bastante
cisalhadas. Corpos discordantes de rochas básicas de coloração cinza-esverdeada, constituídos por
plagioclásio, piroxênio e anfibólio, cortam estas rochas.
Vulcânicas ácidas também afloram nos seguintes locais ao longo da BR-174: no Km 130 tem-
se o contato destas com as rochas sedimentares paleozóicas da Bacia do Amazonas, cujo afloramento é
totalmente alterado, com as rochas vulcânicas de coloração avermelhada recobertas pelos sedimentos
paleozóicos (Figuras 19 e 20); no Km 137 no leito do igarapé canastra e no Km 174 onde as
vulcânicas são representadas por dacitos.
Figuras 19 e 20: Contato das rochas vulcânicas do Grupo Iricoumé com as rochas sedimentares (esq.) e Pedreira de rochas vulcânicas – Riolito (dir.) Fonte: Neliane Alves (2008)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A breve caracterização geológica-geomorfológica do trecho compreendido entre Manaus (0 Km)
e a localidade de Santo Antonio do Abonari (200Km – Presidente Figueiredo/AM) demonstrou que a
BR 174 constitui-se num verdadeiro laboratório de campo para docentes, discentes e pesquisadores das
geociências da região de Manaus (AM) devido o vasto leque de temáticas que podem ser abordados,
dentre os quais neste trabalho foram destacados, os processos de denudação (com ênfase no
voçorocamento) e sedimentação e a variedade litológica existente, como as rochas sedimentares e as
ígneas.
A compartimentação geológica dividida em rochas proterozóicas (ígneas e metamórficas)
localizadas a partir do km 130, e rochas sedimentares fanerozóicas entre o km 0 e o 129km, acabou por
condicionar as formas de relevo e consequentemente os processos de denudação e sedimentação. De
forma que, no domínio proterozóico o relevo é bastante acidentado e/ou dissecado, no entanto,
praticamente não se identificaram feições erosivas lineares, como as voçorocas. Por outro lado, no
domínio fanerozóico caracterizado pela baixa altimetria das superfícies é marcado pela intensa
atividade erosiva e de sedimentação, visto a quantidade expressiva de voçorocas e de canais
completamente ou em estágio avançado de assoreamento.
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