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RELATÓRIO TÉCNICO DA PERITAGEM
EFETUADA À QUEDA DE UMA ÁRVORE
NO LARGO DA FONTE, FREGUESIA DO MONTE,
FUNCHAL
Pedro Ginja Arboricultor
ELABORADO PARA: MUNICÍPIO DO FUNCHAL
MAIO DE 2018
Pedro Jorge Ginja 1 Gerard Passola Parcerissa 2
1 Engenheiro Agrícola, Arboricultor Profissional com Formação Avançada em
Arboricultura Urbana
2 Biólogo, membro do Colégio de Biólogos da Catalunha, Espanha (Núm.
16.860-C), especialista em Arboricultura
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste relatório técnico
pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer
meio, incluindo fotocópia ou gravação, sem a permissão escrita dos seus
autores.
MUNICÍPIO DO FUNCHAL – RELATÓRIO TÉCNICO DE PERITAGEM VILA REAL, MAIO DE 2018
Pedro Ginja
Arboricultor
: 965 144 981 [email protected]
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Í ndice geral Conteúdo
Índice geral .................................................................................................................................... 1
Índice de ilustrações ...................................................................................................................... 5
Índice de tabelas ......................................................................................................................... 15
Declarações iniciais ..................................................................................................................... 16
Juramento ................................................................................................................................... 16
1. Introdução ............................................................................................................................... 17
2. Caracterização do espaço ........................................................................................................ 18
2.1 Breve apontamento histórico ........................................................................................... 18
2.1.1 Breve apontamento histórico acerca da queda de árvores no local..................... 20
2.2 Topografia ......................................................................................................................... 22
2.3 Fitogeografia ..................................................................................................................... 23
2.4 Climatologia ....................................................................................................................... 23
2.4.1 Temperatura média do ar ..................................................................................... 25
2.4.2 Humidade média do ar .......................................................................................... 26
2.4.3 Precipitação ........................................................................................................... 28
2.4.4 Velocidade média do vento ................................................................................... 30
2.4.5 Velocidade máxima do vento ................................................................................ 31
2.5 Geologia ............................................................................................................................ 32
2.6 Edafologia .......................................................................................................................... 33
2.6.1 Solos ...................................................................................................................... 33
2.6.2 Fertilidade do solo ................................................................................................. 36
3. Estado geral da árvore antes da queda ................................................................................... 39
3.1 Caracterização do local de implantação da árvore ........................................................... 39
3.2 Caracterização dendrológica ............................................................................................. 43
3.3 Caracterização dendrocronológica ................................................................................... 45
3.3.1 Análise do crescimento anelar .............................................................................. 46
3.3.2 Proposta de idade para a árvore ........................................................................... 49
3.3.2.1 Estudo do desenvolvimento médio dos anéis de crescimento das verrumadas ........ 49
3.3.2.2 Contagem direta dos anéis de crescimento numa secção da árvore ......................... 50
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3.4 Caracterização dendrométrica .......................................................................................... 52
3.4.1 Perímetro e diâmetro na base............................................................................... 52
3.4.2 Perímetro e diâmetro à altura do peito ................................................................ 53
3.4.3 Altura ..................................................................................................................... 54
3.4.4 Massa da árvore .................................................................................................... 56
3.4.5 Relação entre a altura da árvore e o diâmetro do tronco – coeficiente de
esbelteza......................................................................................................................... 58
4. Reconstrução da estrutura da árvore ..................................................................................... 60
5. Avaliação biomecânica e sanitária da árvore .......................................................................... 68
5.1 Estádio de desenvolvimento da árvore ............................................................................. 71
5.2 A copa da árvore ............................................................................................................... 76
5.2.1 Estudo aéreo do histórico da dimensão e posição da copa .................................. 76
5.2.2 Análise da estrutura da copa ................................................................................. 82
5.2.2.1 Folhas e raminhos .................................................................................. 82
5.2.2.2 Ramos .................................................................................................... 84
5.2.2.2.1 Lesão num ramo estrutural da copa – ramo 2.2 ..... 85
5.2.2.2.1.1 Análise da secção no ponto da lesão ........ 87
5.2.2.2.1.2 Inspeção instrumental da lesão .................. 90
5.2.2.2.1.2.1 Inspeção 8 – ramo 2.2 acima da
rutura ......................................................................... 90
5.2.2.2.1.2.2 Inspeções 9, 10 e 11 – zona de
inserção dos ramos 2.1 e 2.2 (bifurcação B) ... 91
5.2.2.2.1.3 Cálculo da capacidade de carga da
secção menor encontrada nesta zona ............... 93
5.3 Tronco da árvore ............................................................................................................... 94
5.3.1 Avaliação instrumental do tronco ......................................................................... 96
5.3.1.1 Secção 1 ................................................................................................. 98
5.3.1.2 Secção 2 ............................................................................................... 101
5.3.1.3 Secção 3 ............................................................................................... 104
5.3.2 Tronco do carvalho e os cabos de aço ....................................................... 107
5.4 Análise da base da árvore ............................................................................................... 109
5.4.1 Geometria da base .......................................................................................... 110
5.4.2 Estado mecânico da madeira da base ...................................................... 117
5.4.2.1 Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base ...... 118
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5.4.2.1.2 Nível 3 – a 1,3 m de altura ................................................................ 119
5.4.2.1.3 Nível 2 – Zona de início das raízes de compressão .......................... 122
5.4.2.1.4 Nível 1 – Nas mesmas raízes de compressão ................................... 125
5.4.2.1.4.1 Nível 1.1 – Obtido da parte do tronco que caiu no
solo ......................................................................................... 125
5.4.2.1.4.2 Nível 1.2 – Obtido da parte do sistema radicular
que ficou no solo .................................................................... 131
5.4.2.2 O estado da qualidade da madeira da base ........................................ 132
5.4.3 Síntese sobre a análise biomecânica ao sistema basal da árvore .... 137
5.4.3.1 Zona sul ................................................................................................ 138
5.4.3.2 Zona central ......................................................................................... 138
5.4.3.3 Zona norte ........................................................................................... 142
5.4.3.4 Zona nascente...................................................................................... 142
5.4.3.5 Zona poente ......................................................................................... 144
6. Estudo laboratorial de material recolhido na peritagem ...................................................... 145
6.1 Locais de recolha das amostras ....................................................................................... 146
6.1.1 Amostras de tecidos biológicos na zona radicular ou zona envolvente ............. 146
6.1.2 Amostras de tecidos biológicos na zona da lesão de um dos ramos estruturais da
copa – ramo 2.2 ............................................................................................................ 155
6.1.3 Amostras de solo junto à parte do sistema radicular que ficou no solo ............. 156
6.2 Resultados das amostras enviadas para o ISA ................................................................ 160
7. Outros aspetos estudados ..................................................................................................... 164
7.1 Registo dos parâmetros climatológicos de maio a julho de 2017 .................................. 164
7.1.1 Velocidade média do vento .......................................................................... 164
7.1.2 Velocidade máxima do vento ....................................................................... 166
7.2 Registo dos parâmetros climatológicos no dia 15 de agosto .......................................... 168
7.2.1 Temperatura instantânea ............................................................................... 168
7.2.2 Humidade relativa do ar .............................................................................. 169
7.2.3 Velocidade média do vento ........................................................................ 169
7.2.4 Velocidade máxima do vento ..................................................................... 170
7.3 Hipótese de derrube da árvore pelo ramo de um plátano ............................................. 170
7.4 Galerias de ratazanas ...................................................................................................... 178
8. Conclusões ............................................................................................................................. 179
9. Bibliografia ............................................................................................................................ 187
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10. Anexos ................................................................................................................................. 193
Anexo 1 – Memória descritiva e identificação de entidades ................................................ 194
Anexo 2 – Resultados individuais das análises de solo efetuadas para cada amostra ......... 208
Anexo 3 – Os 10 estádios de desenvolvimento da parte aérea das árvores de acordo com
Raimbault (ANÓNIMO, 2017) (excerto do artigo) ................................................................... 252
Anexo 4 – Os estádios de desenvolvimento da parte radicular das árvores de acordo com
Raimbault (SIMON, 2014) (excerto do artigo) ........................................................................ 255
Anexo 5 – Relatório de Consulta Fitossanitária redigido pelo Laboratório de Patologia
Vegetal Veríssimo de Almeida, do Instituto Superior de Agronomia ................................... 256
Anexo 6 – Adenda ao Relatório de Consulta Fitossanitária redigido pelo Laboratório de
Patologia Vegetal Veríssimo de Almeida, do Instituto Superior de Agronomia ................... 263
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Í ndice de ilustraçõ es Ilustração 1. Postal circulado em 1906, onde se identificam os plátanos do Largo da Fonte
(Delcampe, 2018) ........................................................................................................................ 19
Ilustração 2. Imagem da zona da Fonte da Virgem anterior a 1896 (Câmara Municipal do
Funchal) ....................................................................................................................................... 20
Ilustração 3. Árvore de grande dimensão caída junto à antiga Fonte da Virgem (Câmara
Municipal do Funchal) ................................................................................................................. 21
Ilustração 4. Mapa hipsométrico dos Jardins do Monte (Quintal, 2007) ................................... 22
Ilustração 5. Andares fitoclimáticos da Madeira (Jesus, 2009) ................................................... 23
Ilustração 6. Localização das estações meteorológicas do IPMA mais próximas do Largo da
Fonte ........................................................................................................................................... 24
Ilustração 7. Gráfico da temperatura média do ar na EM do Funchal (dados IPMA) ................. 25
Ilustração 8. Gráfico da temperatura média do ar na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA) ... 25
Ilustração 9. Gráfico da humidade relativa do ar na EM do Funchal (dados IPMA) ................... 26
Ilustração 10. Gráfico da humidade relativa do ar na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA) ... 27
Ilustração 11. Gráfico da precipitação na EM do Funchal (dados IPMA) .................................... 28
Ilustração 12. Gráfico da precipitação na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA) ...................... 28
Ilustração 13. Gráfico da velocidade média do vento na EM do Funchal (dados IPMA) ............ 30
Ilustração 14. Gráfico da velocidade média do vento na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA)
..................................................................................................................................................... 30
Ilustração 15. Gráfico da velocidade máxima do vento na EM do Funchal (dados IPMA) ......... 31
Ilustração 16. Gráfico da velocidade máxima do vento na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA)
..................................................................................................................................................... 32
Ilustração 17. Excerto da Folha B da Carta Geológica da Madeira (escala: 1/50.000) (Silveira et
al., 2010) ...................................................................................................................................... 33
Ilustração 18. Excerto da Folha B da Carta de Solos da ilha da Madeira (1/50.000) (1ª Edição da
Carta 1992, com Base Cartográfica da C.M.P. 1/25.0000 do Serviço Cartográfico do Exército,
1974/1975) .................................................................................................................................. 34
Ilustração 19. Pormenor da Carta dos Solos da Madeira (Supreme Number Lda, 2015) ........... 35
Ilustração 20. Rede de caminhos com calçada madeirense ....................................................... 39
Ilustração 21. Caminhos que serpenteiam a encosta ................................................................. 40
Ilustração 22. Canteiros ajardinados ........................................................................................... 40
Ilustração 23. Vegetação exuberante dos Jardins do Monte ...................................................... 40
Ilustração 24. Canteiro em que vegetava o carvalho caído na encosta ...................................... 40
Ilustração 25. Pormenor do corte transversal à encosta com indicação dos caminhos, muros e
canteiros, e posicionamento do carvalho antes e após a queda (corte indicado na ilustração
121) ............................................................................................................................................. 41
Ilustração 26. Til de grandes dimensões próximo do carvalho ................................................... 41
Ilustração 27. Corte transversal do terreno desde o Largo da Fonte ao til próximo do carvalho
caído (corte indicado na ilustração 121) ..................................................................................... 42
Ilustração 28. Carvalhal da zona temperada húmida (Caldeira Cabral e Ribeiro Telles, 1999) .. 45
Ilustração 29. Recolha de amostra de lenho com verruma de Pressler...................................... 45
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Ilustração 30. Ponto de recolha da amostra de lenho do tronco a 2 m da base ........................ 46
Ilustração 31. Ponto de recolha da amostra de lenho do tronco na zona intermédia ............... 46
Ilustração 32. Fotografia dos rolos de madeira obtidos com a verruma. ................................... 46
Ilustração 33. Fotografia da identificação dos anéis de crescimento no ponto intermédio. ..... 46
Ilustração 34. Fotografia da identificação dos anéis de crescimento no ponto próximo da base.
..................................................................................................................................................... 47
Ilustração 35. Incremento do crescimento (1/100 mm) ............................................................. 47
Ilustração 36. Incremento de crescimento radial anual (1/100 mm) ......................................... 47
Ilustração 37. Incremento da área de crescimento radial anual (1/100 mm) ............................ 48
Ilustração 38. Secção da árvore na zona do colo ........................................................................ 50
Ilustração 39. Segmento da secção para preparação da amostra .............................................. 50
Ilustração 40. Amostra preparada para contagem dos anéis de crescimento ........................... 51
Ilustração 41. Contagem dos anéis de crescimento com recurso a lupa .................................... 51
Ilustração 42. Determinação da idade do carvalho por contagem dos anéis de crescimento ... 51
Ilustração 43. Diâmetro do carvalho na base do tronco (levantamento topográfico 3D) .......... 53
Ilustração 44. Diâmetro do carvalho a 1,30 m do solo (levantamento topográfico 3D) ............ 54
Ilustração 45. Determinação da altura do carvalho após a reconstituição informática do
exemplar...................................................................................................................................... 55
Ilustração 46. Elevada quantidade de pedras e terra agregadas à parte do sistema radicular que
caiu com o tronco. ....................................................................................................................... 56
Ilustração 47. Evidência de perda de água nos raminhos e folhagens, a 30 de agosto de 2017 57
Ilustração 48. Coeficiente de esbelteza e risco (Mattheck, 2007) .............................................. 58
Ilustração 49. Relação entre o coeficiente de esbelteza e a taxa de fracasso das árvores
(Mattheck, 2007) ......................................................................................................................... 59
Ilustração 50. Relação entre o coeficiente de esbelteza e a idade da árvore (Mattheck, 2007) 59
Ilustração 51. Trabalhos de reconstituição do carvalho ............................................................. 60
Ilustração 52. Disposição das peças no solo ............................................................................... 60
Ilustração 53. Laserscanner 3D usado no levantamento topográfico tridimensional ................ 61
Ilustração 54. Içamento das peças do carvalho com autogrua e levantamento topográfico 3D 61
Ilustração 55. Reposicionamento de uma secção da árvore para levantamento topográfico 3D
..................................................................................................................................................... 61
Ilustração 56. Montagem e preparação de uma secção da árvore para levantamento
topográfico 3D ............................................................................................................................. 61
Ilustração 57. Pormenor 1 do levantamento com o Laserscanner 3D ........................................ 62
Ilustração 58. Parte do sistema radicular do carvalho que permaneceu no solo após a queda 63
Ilustração 59. Varrimento topográfico 3D à parte do sistema radicular que ficou no solo
realizado pelo Laserscanner 3D .................................................................................................. 63
Ilustração 60. Reconstituição 3D da estrutura da árvore – vista sul ........................................... 64
Ilustração 61. Reconstituição 3D da estrutura da árvore – vista poente .................................... 64
Ilustração 62. Reconstituição 3D da estrutura da árvore – vista norte ...................................... 64
Ilustração 63. Reconstituição 3D da estrutura da árvore – vista nascente ................................. 64
Ilustração 64. Laserscanner 3D da marca Leica P40 ................................................................... 65
Ilustração 65. Excerto do varrimento topográfico realizado pelo Laserscanner 3D ................... 65
Ilustração 66. Drone DJI PHANTOM 4PR utilizado para recolha de informação......................... 65
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Ilustração 67. Imagem aérea recolhida pelo drone .................................................................... 65
Ilustração 68. Perspetiva geral do modelo tridimensional do local, com ilustração do carvalho
caído e reposicionamento do mesmo na sua posição original ................................................... 66
Ilustração 69. Fotografia 1 anterior à queda do carvalho, onde é possível ver a sua posição
(CMF) ........................................................................................................................................... 67
Ilustração 70. Fotografia 2 anterior à queda do carvalho, onde é possível ver a sua posição
(CMF) ........................................................................................................................................... 67
Ilustração 71. Fotografia 3 anterior à queda do carvalho, onde é possível ver a sua posição
(CMF) ........................................................................................................................................... 67
Ilustração 72. Modelo 3D do posicionamento do carvalho com base na informação de
fotografias anteriores à queda .................................................................................................... 67
Ilustração 73. Procedimento para a aplicação do método VTA (adaptado de Mattheck e
Breloer, 1994b) ........................................................................................................................... 69
Ilustração 74. Os dez estádios de desenvolvimento da parte aérea das árvores (Raimbault, s.d.)
..................................................................................................................................................... 72
Ilustração 75. Os estádios de desenvolvimento da parte radicular das árvores (Raimbault, s.d.)
..................................................................................................................................................... 73
Ilustração 76. Os dez estádios de desenvolvimento das árvores de acordo com Raimbault
(Anónimo, 2017).......................................................................................................................... 74
Ilustração 77. Determinação dos estádios de desenvolvimento das árvores com base na
avaliação de catorze caracteres morfológicos (Raimbault e Tanguy, 1993) ............................... 75
Ilustração 78. Esquema da evolução da árvore, da germinação até à morte, decomposto em
dez estádios (Raimbault e Tanguy, 1993) ................................................................................... 75
Ilustração 79. Delimitação da área da copa do carvalho sobre o ortofotomapa de 2004 .......... 77
Ilustração 80. Delimitação da área da copa do carvalho sobre o ortofotomapa de 2007 .......... 77
Ilustração 81. Delimitação da área da copa do carvalho sobre o ortofotomapa de 2010 .......... 77
Ilustração 82. Delimitação da área de clareira que corresponderia à copa do carvalho sobre a
imagem aérea de 2017, captada pelo drone após a sua queda ................................................. 78
Ilustração 83. Sobreposição das áreas da copa do carvalho delimitadas sobre os ortofotomapas
de 2004, 2007 e 2010 e da área de clareira em 2017 após a queda .......................................... 78
Ilustração 84. Cotas altimétricas da copa do carvalho e das árvores envolventes obtidas com
base no ortofotomapa de 2010 .................................................................................................. 79
Ilustração 85. Excerto do varrimento topográfico 3D realizado pelo drone às copas das árvores,
com indicação do local onde se encontrava a copa do carvalho ................................................ 79
Ilustração 86. Delimitação do polígono correspondente à copa do carvalho no ortofotomapa
de 2004 ........................................................................................................................................ 80
Ilustração 87. Sobreposição do polígono correspondente à área da copa do carvalho no
ortofotomapa de 2004 sobre o ortofotomapa de 2007 ............................................................. 80
Ilustração 88. Sobreposição do polígono correspondente à área da copa do carvalho no
ortofotomapa de 2004 sobre o ortofotomapa de 2010 ............................................................. 81
Ilustração 89. Sobreposição do polígono correspondente à área da copa do carvalho no
ortofotomapa de 2004 sobre a imagem captada pelo drone em 2017, após a sua queda ........ 81
Ilustração 90. Exemplo de avaliação de um Pinus pinea através de fotografias do Google para
determinar se existe inclinação histórica .................................................................................... 82
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Ilustração 91. Raminhos do carvalho e folhas com boa vitalidade ............................................. 83
Ilustração 92. Raminho com boa densidade foliar ...................................................................... 83
Ilustração 93. Página superior das folhas com fumagina ............................................................ 83
Ilustração 94. Reconstituição da estrutura da copa do carvalho com identificação dos ramos
principais e das bifurcações ........................................................................................................ 84
Ilustração 95. Reconstituição da copa do carvalho e pormenor do local com o toco do corte de
um ramo ...................................................................................................................................... 85
Ilustração 96. Toco resultante do corte de um ramo seco ......................................................... 86
Ilustração 97. Pormenor do corte de um ramo seco .................................................................. 86
Ilustração 98. Pormenor do corte, em que é possível constatar que este foi executado por mão
humana ....................................................................................................................................... 86
Ilustração 99. Reconstituição da zona da bifurcação A e da bifurcação B .................................. 87
Ilustração 100. Zona da bifurcação A com identificação dos 2 ramos principais ....................... 88
Ilustração 101. Zona da bifurcação onde se observa o ramo 1 e a base da rutura nos ramos 2.1.
e 2.2 (bifurcação B) ..................................................................................................................... 88
Ilustração 102. Pormenor da base da rutura nos ramos 2.1 e 2.2 (bifurcação B) ...................... 88
Ilustração 103. Zona com podridão onde se inseriam os ramos 2.1 e 2.2 (bifurcação B) – vista
lateral 1 ....................................................................................................................................... 88
Ilustração 104. Zona com podridão onde se inseriam os ramos 2.1 e 2.2 (bifurcação B) – vista
de topo ........................................................................................................................................ 89
Ilustração 105. Zona com podridão onde se inseriam os ramos 2.1 e 2.2 (bifurcação B) – vista
lateral 2 ....................................................................................................................................... 89
Ilustração 106. Secção do tronco por baixo da bifurcação B, com podridão interna da madeira
..................................................................................................................................................... 90
Ilustração 107. Secção do tronco por baixo da bifurcação B, com delimitação da zona interna
apodrecida................................................................................................................................... 90
Ilustração 108. Indicação do ponto da inspeção 8 ...................................................................... 90
Ilustração 109. Detalhe da orientação da inspeção 8 ................................................................. 90
Ilustração 110. Resistograma da inspeção 8 – base do eixo central acima da rutura ................ 91
Ilustração 111. Indicação dos pontos das inspeções 9 e 10 ........................................................ 91
Ilustração 112. Resistograma da inspeção 9 – zona de inserção dos ramos 2.1 e 2.2................ 92
Ilustração 113. Resistograma da inspeção 10 – zona da bifurcação dos ramos 2.1 e 2.2 .......... 92
Ilustração 114. Indicação do ponto da inspeção 11 .................................................................... 92
Ilustração 115. Detalhe da orientação da inspeção 11 ............................................................... 92
Ilustração 116. Resistograma da inspeção 11 – zona da bifurcação dos ramos 2.1 e 2.2 .......... 93
Ilustração 117. Capacidade carga remanescente no local da lesão ............................................ 93
Ilustração 118 Ferida no tronco de corte de um ramo ............................................................... 94
Ilustração 119. Zona da bifurcação A com plantas epífitas – fetos provavelmente do género
Polypodium sp. ............................................................................................................................ 95
Ilustração 120. Pormenor do tronco com rizomas dos fetos – provavelmente do género
Polypodium sp. ............................................................................................................................ 95
Ilustração 121. Planta com a localização e numeração das árvores na envolvente do carvalho 96
Ilustração 122. Indicação das secções do tronco que foram avaliadas instrumentalmente ...... 97
Ilustração 123. Perfuração da secção 1 do tronco com o aparelho IML RESI F500 S – lado sul . 97
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Ilustração 124. Pormenor da perfuração com o aparelho IML RESI F500 S ............................... 97
Ilustração 125. Ilustração da secção 1 com indicação dos resistogramas .................................. 98
Ilustração 126. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 1 – nascente-poente ............. 99
Ilustração 127. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 1 – norte-sul........................ 100
Ilustração 128. Ilustração da secção 2 com indicação dos resistogramas ................................ 101
Ilustração 129. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 2 – nascente-poente ........... 102
Ilustração 130. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 2 – norte-sul........................ 103
Ilustração 131. Ilustração da secção 3 com indicação dos resistogramas ................................ 104
Ilustração 132. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 3 – nascente-poente ........... 105
Ilustração 133. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 3 – norte-sul........................ 106
Ilustração 134. Modelo 3D do carvalho e das árvores envolventes, com indicação do sistema de
cabos que permitiam o suporte do plátano n.º 7 ..................................................................... 107
Ilustração 135. Plátano n.º 7 cablado no Largo da Fonte ......................................................... 108
Ilustração 136. Plátano a norte, onde está fixado o cabo n.º 1 ................................................ 108
Ilustração 137. Ritidoma do carvalho com marcas de roçamento do cabo n.º 2 ..................... 108
Ilustração 138. Pormenor do local onde partiu o cabo n.º 2 .................................................... 108
Ilustração 139. Ritidoma do til ferido, onde estava fixado o cabo n.º 2 ................................... 108
Ilustração 140. Pneus que protegiam o ritidoma do til do contacto com o cabo n.º 2 ............ 108
Ilustração 141. Ilustração dos defeitos encontrados nas árvores e sintomas reparadores
(Mattheck, 2007) ....................................................................................................................... 110
Ilustração 142. Parte radicular da árvore .................................................................................. 111
Ilustração 143. Zona de compressão onde se observa um número elevado de contrafortes .. 112
Ilustração 144. Desenvolvimento expectável dos contrafortes ................................................ 112
Ilustração 145. Sistema radicular na zona de compressão, com menor dimensão do que numa
situação normal ......................................................................................................................... 113
Ilustração 146. Vista lateral do sistema radicular na zona de compressão, com menor dimensão
do que numa situação normal .................................................................................................. 113
Ilustração 147. Crescimento diferencial no sistema radicular jovem associado a stresse
mecânico gerado pelo vento ..................................................................................................... 114
Ilustração 148. Posição relativa das raizes em função do vento e do centro de cargas ........... 114
Ilustração 149. Base do carvalho já limpa ................................................................................. 115
Ilustração 150. Delimitação da secção radicular do carvalho ................................................... 115
Ilustração 151. Cálculo da capacidade de carga da secção obtida com a aplicaç o A oMe h™ da Rinntech® ............................................................................................................................. 115
Ilustração 152. Dekimitação das raízes na secção do carvalho ................................................ 116
Ilustração 153. Cálculo da capacidade de carga da secção ....................................................... 116
Ilustração 154. Delimitação das zonas de raiz de tração que rompeu e causou a queda da
árvore na parte do sistema radicular que caiu com o tronco ................................................... 116
Ilustração 155. Delimitação das zonas de raiz de tração que rompeu e causou a queda da
árvore na parte do sistema radicular que ficou no solo ........................................................... 116
Ilustração 156. Diagrama de fratura do VTA (Mattheck, 2007) ................................................ 117
Ilustração 157. Resistência remanescente de uma secção em função do raio ........................ 118
Ilustração 158. Nível 3 – Local de avaliação com o aparelho IML PowerDrill 500 no nível 3 ... 119
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Ilustração 159. Posição das inspeções (direção perpendicular à superfície): 1 – raiz de tração
partida, 2 – cordão radicular ligado à raiz de tração, 4 – lateral este no cordão radicular, ponto
ligeiramente enterrado ............................................................................................................. 119
Ilustração 160. Posição das inspeções (direção perpendicular à superfície): entre cordões
radiculares na zona enterrada .................................................................................................. 120
Ilustração 161. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 3,
resistograma 1 ........................................................................................................................... 120
Ilustração 162. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 3,
resistograma 2 ........................................................................................................................... 120
Ilustração 163. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 3,
resistograma 3 ........................................................................................................................... 121
Ilustração 164. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 3,
resistograma 4 ........................................................................................................................... 121
Ilustração 165. Resistência remanescente de uma secção em função do raio, com indicação dos
valores obtidos para o carvalho (linha verde) ........................................................................... 122
Ilustração 166. Posição das inspeções 12, 13 e 14 (direção perpendicular à superfície), na zona
de início das raizes de compressão ........................................................................................... 122
Ilustração 167. Posição da inspeção 15 (direção perpendicular à superfície), na zona de início
das raizes de compressão ......................................................................................................... 123
Ilustração 168. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 2,
resistograma 12 ......................................................................................................................... 123
Ilustração 169. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 2,
resistograma 13 ......................................................................................................................... 124
Ilustração 170. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 2,
resistograma 14 ......................................................................................................................... 124
Ilustração 171. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 2,
resistograma 15 ......................................................................................................................... 124
Ilustração 172. Posição das inspeções 16 a 19 na zona das raizes de compressão .................. 125
Ilustração 173. Pormenor da posição das inspeção 16 ............................................................. 125
Ilustração 174. Medição do diâmetro da raiz 1 (centro)........................................................... 125
Ilustração 175. Pormenor da medição do diâmetro da raiz 1 (centro) ..................................... 126
Ilustração 176. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira nas raízes de
compressão – raiz 1 (centro), resistograma 16 ......................................................................... 126
Ilustração 177. Pormenor da posição das inspeção17 .............................................................. 127
Ilustração 178. Medição do diâmetro da raiz 2 (centro)........................................................... 127
Ilustração 179. Avaliação visual da raiz 2 .................................................................................. 127
Ilustração 180. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira nas raízes de
compressão – raiz 2 (centro), resistograma 17 ......................................................................... 128
Ilustração 181. Pormenor da posição das inspeção 18 ............................................................. 128
Ilustração 182. Medição 1 do diâmetro da raiz 3 (lateral norte) .............................................. 129
Ilustração 183. Medição 2 do diâmetro da raiz 3 (lateral norte) .............................................. 129
Ilustração 184. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira nas raízes de
compressão – raiz 3 (lateral norte), resistograma 18 ............................................................... 129
Ilustração 185. Pormenor da posição das inspeção 19 ............................................................. 130
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Ilustração 186. Pormenor da medição do diâmetro da raiz 4 (lateral sul) ............................... 130
Ilustração 187. Medição do diâmetro da raiz 4 (lateral sul) ..................................................... 130
Ilustração 188. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira nas raízes de
compressão – raiz 4 (lateral sul), resistograma 19 .................................................................... 130
Ilustração 189. Imagem da parte dos sistema radicular que ficou no solo, com a marcação
aproximada da zona onde a madeira estava deteriorada ........................................................ 131
Ilustração 190. Exemplo de sistema radicular de uma folhosa com zona central apodrecida . 132
Ilustração 191. Secção irregular do sistema radicular .............................................................. 133
Ilustração 192. Base do sistema radicular que partiu e trabalhava sob compressão, sendo
usada pela árvore para se apoiar no terreno ............................................................................ 133
Ilustração 193. Base do sistema radicular que trabalhava em tração, sendo usada pela árvore
para se fixar ao terreno, como um sistema de cabos ............................................................... 134
Ilustração 194. Sistema radicular do carvalho – secção útil à compressão e zona deteriorada
................................................................................................................................................... 134
Ilustração 195. Cálculo da diminuição da capcacidade da secção ............................................ 135
Ilustração 196. Secção útil à tração e compressão que (raizes quebradas) e zona deteriorada do
sistema radicular ....................................................................................................................... 135
Ilustração 197. Perda máxima de força associada à secção, tendo em conta uma zona
apodrecida/deteriorada de 10% ............................................................................................... 136
Ilustração 198. Parte do sistema radicular que caiu com o tronco ........................................... 137
Ilustração 199. Solo rochoso onde se desenvolvia o carvalho .................................................. 138
Ilustração 200. Sapata de madeira de reação que estava assente sobre a zona rochosa ........ 138
Ilustração 201. Parte central da zona basal com podridão – imagem 1 ................................... 139
Ilustração 202. Parte central da zona basal com podridão – imagem 2 ................................... 139
Ilustração 203. Quatro estádios do sistema radicular de Quercus (Raimbault, 1991) ............. 140
Ilustração 204. Senescência do sistema radicular de Quercus L. (Raimbault, 1991) ................ 141
Ilustração 205. Grande raiz de tração do carvalho ................................................................... 143
Ilust aç o 206. F atu a f gil da aiz de t aç o, o aspeto de f atu a e i a ................ 143
Ilustração 207. Clivagem numa zona central da raiz que se deu em dois planos paralelos ..... 143
Ilustração 208. Raiz de tração com madeira de reação observada no carvalho ....................... 144
Ilustração 209. Pormenor da raiz do til que estava encostada à raiz de tração do carvalho que
quebrou ..................................................................................................................................... 144
Ilustração 210. Local de recolha das amostras de tecidos biológicos – amostras 1, 2 e 3 ....... 146
Ilustração 211. Lesão 1 - raiz média fraturada do lado sul (extremidade) com tecidos biológicos
no exterior ................................................................................................................................. 146
Ilustração 212. Pormenor dos tecidos biológicos da lesão 1 .................................................... 146
Ilustração 213. Lesão 2 - raiz média fraturada do lado sul (zona intermédia) com tecidos
biológicos no exterior da zona quebradiça ............................................................................... 147
Ilustração 214. Pormenor tecidos biológicos na lesão 2 ........................................................... 147
Ilustração 215. Lesão 3 - raiz média fraturada do lado sul (zona superior) tecidos biológicos no
exterior (Amostra 1) .................................................................................................................. 147
Ilustração 216. Pormenor dos tecidos biológicos na lesão 3 .................................................... 147
Ilustração 217. Plataforma de apoio mecânico desenvolvida pela árvore a sum sobre uma zona
rochosa ...................................................................................................................................... 147
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Ilustração 218. Elementos rochosos encastrados na árvore na zona da lesão 4 ...................... 147
Ilustração 219. Raiz do lado sul com estrutura de fungo envelhecida (?) ................................ 148
Ilustração 220. Estrutura de fungo envelhecida (?) na lesão 5 ................................................. 148
Ilustração 221. Local de recolha das amostras de tecidos biológicos ....................................... 148
Ilustração 222. Lesão 6 – raiz média fraturada com podridão húmida (Amostra 2A) com tecidos
biológicos no exterior (Amostra 2B) ......................................................................................... 148
Ilustração 223. Pormenor dos tecidos biológicos da lesão 6 .................................................... 148
Ilustração 224. Lesão 7 - raiz média fraturada .......................................................................... 149
Ilustração 225. Pormenor da lesão 7 ........................................................................................ 149
Ilustração 226. Lesão 8 - fragmento de carpóforo de fungo (?) ............................................... 149
Ilustração 227. Pormenor do carpóforo de fungo (?) da lesão 8 .............................................. 149
Ilustração 228. Lesão 9 - raiz média fraturada .......................................................................... 149
Ilustração 229. Pormenor da lesão 9 ........................................................................................ 149
Ilustração 230. Lesão 10 - raiz média fraturada onde se podem observar fragmentos de
carpóforos de fungo (?) ............................................................................................................. 150
Ilustração 231. Pormenor da lesão 10 ...................................................................................... 150
Ilustração 232. Lesão 11 – zona central do sistema radicular com podridão, onde se podem
observar fragmentos de carpóforos de fungo (?) (Amostra 3A) e tecidos com podridão húmida
(Amostra 3B) ............................................................................................................................. 150
Ilustração 233. Pormenor 3 da lesão 11 ................................................................................... 150
Ilustração 234. Pormenor 3 da lesão 11 ................................................................................... 150
Ilustração 235. Pormenor 3 da lesão 11 ................................................................................... 150
Ilustração 236. Lesão 12 – Raiz de t aç o p i ipal ue ada o fratura cerâmica , o de se podem observar tecidos biológicos no exterior (Amostra 4) e uma estrutura em madeira de
reação devida à fricção da mesma com a raiz do til, que estava do lado nascente ................. 151
Ilustração 237. Pormenor 1 da lesão 12 ................................................................................... 151
Ilustração 238. Pormenor 2 da lesão 12 ................................................................................... 151
Ilustração 239. Pormenor 3 da lesão 12 ................................................................................... 151
Ilustração 240. Lesão 13 – Raiz média fraturada com podridão onde se podem observar tecidos
biológicos no exterior e fragmentos de carpóforos de fungo (?) (Amostra 5) ......................... 151
Ilustração 241. Pormenor da lesão 13 ...................................................................................... 151
Ilustração 242. Lesão 14 – Zona com fragmentos de carpóforos de fungo (?) (Amostra 6) ..... 152
Ilustração 243. Pormenor 1 da lesão 14 ................................................................................... 152
Ilustração 244. Pormenor 2 da lesão 14 ................................................................................... 152
Ilustração 245. Lesão 15 – Zona com fragmentos de carpóforos de fungo (?) ......................... 152
Ilustração 246. Pormenor da lesão 15 ...................................................................................... 152
Ilustração 247. Lesão 16 – Raiz fraturada com tecidos com podridão húmida (Amostra 7A),
onde se podem observar tecidos biológicos no exterior e fragmentos de carpóforos de fungo
(?) (Amostra 7B) ........................................................................................................................ 153
Ilustração 248. Pormenor da lesão 116 .................................................................................... 153
Ilustração 249. Lesão 17 – raiz média fraturada, onde se podem observar tecidos biológicos no
exterior ...................................................................................................................................... 153
Ilustração 250. Pormenor dos tecidos biológicos da lesão 17 .................................................. 153
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Ilustração 251. Lesão 18 – a mesma raiz da lesão anterior, onde se podem observar rizomorfos
(?) no exterior e fragmentos de carpóforos de fungo (?) ......................................................... 153
Ilustração 252. Pormenor da lesão 18 ...................................................................................... 153
Ilustração 253. Lesão 19 – raiz de pequena dimensão fraturada ............................................. 154
Ilustração 254. Pormenor da lesão 19 ...................................................................................... 154
Ilustração 255. Lesão 20 – raiz de grande dimensão fraturada ................................................ 154
Ilustração 256. Pormenor da lesão 20 ...................................................................................... 154
Ilustração 257. Lesão 21 – raiz de média dimensão fraturada, ondese podem observar
fragmentos de carpóforos de fungo (?) (Amostra 8A) e tecidos biológicos no exterior (Amostra
8B) ............................................................................................................................................. 154
Ilustração 258. Pormenor da lesão 21 ...................................................................................... 154
Ilustração 259. Lesão 22 – raiz de média dimensão fraturada, onde se podem observar tecidos
biológicos no exterior ................................................................................................................ 155
Ilustração 260. Pormenor dos tecidos biológicos da lesão 22 .................................................. 155
Ilustração 261. Amostras 10 e 11 – pedaços de lenho e tecidos com podridão cúbica castanha
................................................................................................................................................... 155
Ilustração 262. Pormenor 1 da zona de recolha das Amostras 10 e 11 .................................... 155
Ilustração 263. Pormenor 2 da zona de recolha das Amostras 10 e 11 .................................... 155
Ilustração 264. Pormenor 3 da zona de recolha das Amostras 10 e 11 .................................... 155
Ilustração 265. Amostras 12 e 13 – pedaços de lenho e tecidos com podridão cúbica castanha
................................................................................................................................................... 156
Ilustração 266. Pormenor da zona de recolha das amostras 12 e 13, com micélio branco ..... 156
Ilustração 267. Local de recolha da amostra de solo (Amostra 1) ............................................ 156
Ilustração 268. Pormenor do local de recolha da amostra de solo .......................................... 156
Ilustração 269. Listagem das amostras enviadas para o ISA (página 1 de 2) ............................ 158
Ilustração 270. Listagem das amostras enviadas para o ISA (página 2 de 2) ........................... 159
Ilustração 271. Resultados das amostras enviadas para o laboratório LPVVA do ISA .............. 160
Ilustração 272. Atualização dos resultados das amostras enviadas para o laboratório LPVVA do
ISA .............................................................................................................................................. 161
Ilustração 273. Gráfico da velocidade média do vento no Funchal (dados IPMA) ................... 164
Ilustração 274. Gráfico da velocidade média do vento no Chão do Areeiro (dados IPMA) ...... 165
Ilustração 275. Gráfico da velocidade média do vento no Pico Alto (dados IPMA) .................. 165
Ilustração 276. Gráfico da velocidade máxima do vento no Funchal (dados IPMA)................. 166
Ilustração 277. Gráfico da velocidade máxima do vento no Chão do Areeiro (dados IPMA) ... 166
Ilustração 278. Gráfico da velocidade máxima do vento no Pico Alto (dados IPMA) ............... 167
Ilustração 279. Gráfico da temperatura instantânea do ar no dia 15.08.2017 (dados IPMA) .. 168
Ilustração 280. Gráfico da humidade relativa do ar no dia 15.08.2017 (dados IPMA) ............. 169
Ilustração 281. Gráfico da velocidade média do vento no dia 15.08.2017 (dados IPMA) ........ 169
Ilustração 282. Gráfico da velocidade média do vento no dia 15.08.2017 (dados IPMA) ........ 170
Ilustração 283. Ramo de plátano – parte P1 imagem 1 ............................................................ 171
Ilustração 284. Ramo de plátano – parte P1 imagem 2 ............................................................ 171
Ilustração 285. Ramo de plátano – parte P1 imagem 3 ............................................................ 171
Ilustração 286. Ramo de plátano – parte P1 imagem 4 ............................................................ 171
Ilustração 287. Ramo de plátano – parte P2 imagem 1 ............................................................ 172
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Ilustração 288. Ramo de plátano – parte P2 imagem 2 ............................................................ 172
Ilustração 289. Ocorrência 1 – raminho do carvalho no plátano n.º 4 ..................................... 173
Ilustração 290. Ocorrência 2 – raminho do plátano n.º 7 partido ............................................ 173
Ilustração 291. Ocorrência 3 – ramo do plátano n.º 7 partido ................................................. 173
Ilustração 292. Ocorrência 4 – ramo do plátano n.º 7 partido ................................................. 173
Ilustração 293. Ocorrência 5 – ramo do plátano n.º 7 partido ................................................. 174
Ilustração 294. Ocorrência 6 – grande ramo do plátano n.º 7 partido ..................................... 174
Ilustração 295. Ocorrência 6 – pormenor do grande ramo do plátano n.º 7 partido ............... 174
Ilustração 296. Ocorrência 7 – dois ramos do plátano n.º 9 partidos ...................................... 174
Ilustração 297. Ocorrências 12 e 13 – grande ferida de fricção antiga no ramo do plátano n.º 9
................................................................................................................................................... 174
Ilustração 298. Ocorrência 15 – ferida de roçamento recente num ramo do plátano n.º 9 .... 174
Ilustração 299. Ocorrência 16 - grande ferida de fricção antiga no ramo do plátano n.º 9 ..... 175
Ilustração 300. Ocorrência 17 – ramo do plátano n.º 7 partido ............................................... 175
Ilustração 301. Ocorrência 19 – ramo do plátano n.º 9 partido ............................................... 175
Ilustração 302. Ocorrência 20 – ramo do plátano n.º 9 partido ............................................... 175
Ilustração 305. Indicação das lesões principais identificadas nas árvores envolventes após a
queda do carvalho (lesões 1, 6, 7 13, 16 e 19) .......................................................................... 175
Ilustração 306. Registo mais detalhado das principais identificadas nas árvores envolventes
após a queda do carvalho (lesões 1, 6, 7 13, 16 e 19) .............................................................. 176
Ilustração 304. Indicação do ramo partido no plátano n.º 7 (ocorrência 6) e sua cota sobre a
imagem aérea recolhida pelo drone após a queda do carvalho ............................................... 177
Ilustração 303. Pormenor da lesão no plátano n.º 7 onde se inseria o ramo de grande dimensão
que partiu .................................................................................................................................. 177
Ilustração 307. Tocas de ratazanas (Rattus norvegicus) ........................................................... 178
Ilustração 308. Pormenor da entrada de uma toca de ratazana (Rattus norvegicus) .............. 178
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Í ndice de tabelas Tabela 1. Resultados médios das análises ao solo ...................................................................... 37
Tabela 2. Características gerais do carvalho-alvarinho (HUMPHRIES et al., 1996; MITCHELL, 1992;
MOREIRA, 2008) ............................................................................................................................ 44
Tabela 3. Estimativa da idade da árvore em função dos incrementos do crescimento radial
anual ............................................................................................................................................ 49
Tabela 4. Idade da espécie Quercus robur de acordo com diversos autores.............................. 52
Tabela 5. Massas do carvalho ..................................................................................................... 56
Tabela 6. Cálculo da massa total do carvalho ............................................................................. 57
Tabela 7. Características morfológicas do estádio de desenvolvimento do carvalho ................ 76
Tabela 8. Registos da análise ao resistogramas da secção 1 ...................................................... 99
Tabela 9. Registos da análise ao resistogramas da secção 2 .................................................... 102
Tabela 10. Registos da análise ao resistogramas da secção 3 .................................................. 105
Tabela 11. Níveis de avaliação do estado interno da madeira ................................................. 118
Tabela 12. Análise comparativa das perdas de secção dos sistema radicular .......................... 137
Tabela 13. Lesões nas árvores envolventes do carvalho .......................................................... 172
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Declaraçõ es iniciais
Os peritos manifestam não ter interesse direto ou indireto no assunto ou em outro
semelhante; nem crer que exista nenhuma outra circunstância que lhes faça
desmerecer no conceito profissional.
Juramentõ
Os peritos declaram, sob juramento, dizer a verdade, que atuam e atuarão com a
maior objetividade possível, tomando em consideração tanto o que possa favorecer,
como o que seja suscetível de causar prejuízo a qualquer uma das partes, e que
conhecem as sanções penais nas quais poderiam incorrer em caso de incumprimento
dos seus deveres como peritos.
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1. Íntrõduça õ
O presente relatório técnico resulta da avaliação efetuada a uma árvore, um
carvalho (Quercus robur), sito nos Jardins do Monte, no Funchal, na sequência da sua
queda no dia 15 de agosto de 2017, dia das festividades de Nossa Senhora do Monte,
da qual resultaram treze mortos e quarenta e nove feridos. Logo após o registo da
ocorrência, fomos contactados pelo Município do Funchal, na pessoa do chefe de
divisão dos Jardins e Espaços Verdes Urbanos, o Eng.º Francisco Andrade, tendo
iniciado a nossa colaboração técnica no dia 15 de agosto. Por sua solicitação,
mobilizámo-nos de imediato para o Funchal, onde demos início aos trabalhos de
peritagem no dia 16, pelas 9.00 horas.
Os trabalhos de peritagem no terreno ocorreram em dois momentos diferentes. A
primeira fase teve início no dia 16 de agosto e decorreu até ao seguinte, dia 17, pois
os trabalhos viriam a ser suspensos ao final desse dia por ordem do Ministério Público.
Após diversas vicissitudes, a segunda fase iniciou-se apenas doze dias depois, a 29
de agosto, tendo-se prolongado até ao dia 1 de setembro (ver Anexo 1).
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2. Caracterizaça õ dõ espaçõ
2.1 Breve apontamento histórico
No passado, o Monte, principalmente devido ao seu clima e belas vistas, era
utilizado pelos funchalenses “…que ali tinham as suas residências de verão…” como
zona de veraneio e repouso, mas também se constituía como destino de eleição dos
visitantes (PIO, 1992). A partir do séc. XVIII, passou a ser o local predileto dos
estrangeiros, “…nomeadamente britânicos que… fizeram construir ali belas vivendas,
fundando quintas, palacetes e chalets…”. (PIO, 1992) No início do séc. XX, o Monte
tornou-se uma estância turística de excelência, com numerosos hotéis, onde existiam
também muitas quintas e vilas particulares (RIBEIRO, 1991).
Os Jardins do Monte desenvolvem-se desde o Largo da Fonte até à Igreja de
Nossa Senhora do Monte. A construção do parque, de carácter romântico, iniciou-se
em 1894, por iniciativa do município, que adquiriu “…o terreno necessário localizado
no outeiro adjacente à Igreja paroquial de Nossa Senhora do Monte…” (PIO, 1992),
tendo a primeira fase de construção terminado em 1899 (QUINTAL E PPITAGROZ, 2001;
PIO, 1992). O carácter romântico do jardim faz lembrar muitos espaços deste período
construídos em Portugal Continental, em especial pelos jardineiros/paisagistas do
norte. A Igreja de Nossa Senhora do Monte foi inaugurada em 1818, sobre uma antiga
ermida, e encontra-se nela sepultado o Imperador Carlos I da Áustria (QUINTAL E
PPITAGROZ, 2001).
Junto à Ribeira de Santa Maria, na margem esquerda, terá sido construída, em
1778, por mando do Cônsul britânico, Charles Murray, a designada Fonte da Virgem,
esta, “…em pedra tosca de cantaria mole (…) foi destruída em 1896, pelo castanheiro
que lhe ficava sobranceiro.” (PIO, 1992) Em 1897, é adjudicada a construção da fonte
em mármore (PIO, 1992; QUINTAL E PPITAGROZ, 2001) onde se encontra “…um nicho
com a imagem de Nossa Senhora do Monte, sendo local de grande devoção para os
madeirenses residentes e emigrados.” (QUINTAL E PPITAGROZ, 2001). No Largo da
Fonte, principal acesso ao parque, existe um coreto construído em 1890 (QUINTAL E
PPITAGROZ, 2001) e um edifício devoluto, que era a antiga estação do antigo caminho-
de-ferro do Monte, onde circulou “…o comboio entre 1894 e 1943…” (QUINTAL, 2007).
O Largo da Fonte está calcetado com a típica calçada madeirense, de pequenos
calhaus rolados, e sob o mesmo passa a Ribeira de Santa Maria. No jardim, existe um
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pequeno lago, ao estilo romântico, construído em pedra de fajoco, com uma pequena
ilha ao centro, também em fajoco, representando a Ilha da Madeira e habitado por
cisnes. Ao longo do tempo, o parque foi crescendo e entre “…1997 e 1999 (…) passou
por importantes obras de requalificação, essencialmente na zona mais baixa, a Sul.”
(RIBEIRO, 1991).
O parque do Monte, quanto ao património vegetal, é, na atualidade, constituído por
muitas espécies autóctones e exóticas (QUINTAL E PPITAGROZ, 2001), tendo Raimundo
Quintal identificado 319 taxa em 2007, “…o que coloca o Parque Municipal do Monte
na classe Excecional do Índice de Riqueza Florística.” (QUINTAL, 2007) O espaço dos
jardins inicialmente teria “…mata indígena… (e) …castanheiros e carvalheiros.”, sendo
alguns dos castanheiros “…velhos e seculares…” (Pio, 1992). No património arbóreo
são de destacar os centenários plátanos do Largo da Fonte, que já teriam grandes
dimensões aquando da construção do parque, em 1894, como se pode observar neste
postal circulado em 1906.
Ilustração 1. Postal circulado em 1906, onde se identificam os plátanos do Largo da Fonte (Delcampe, 2018)
Neste postal, de 1906 ou anterior, posterior às obras, a zona da encosta estava,
aparentemente, pouco arborizada com grandes espécimes, existindo apenas, e com
certeza, exemplares de castanheiros e carvalhos, alguns ainda hoje presentes. É de
referir que os plátanos são de existência anterior ao encanamento da Ribeira de Santa
Maria para a execução do Largo da Fonte, tal como o vemos atualmente.
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Ilustração 2. Imagem da zona da Fonte da Virgem anterior a 1896 (Câmara Municipal do Funchal)
Relativamente aos plátanos do Largo da Fonte, é importante destacar que em
2008, no âmbito do “Projecto das Árvores Monumentais e Emblemáticas da Madeira”,
apoiado pelo Programa Leader + e realizado pela Direção Regional de Florestas, do
qual resultou a publicação do livro “Árvores Monumentais e Emblemáticas da
Madeira”, os mesmos foram descritos como “…um notável e monumental núcleo de 18
plátanos (Platanus x hybrida), cuja altura do exemplar mais alto ultrapassa os 52
metros, registando um perímetro de mais de seis metros e meio.” Este exemplar
referido, “…um plátano com 52,5 metros…” (DOMINGUES et al., 2008), foi
catalogado, neste mesmo trabalho, como uma das cinco árvores mais altas da
Madeira.
Em 2007, existiam “…cerca de sessenta espécies de árvores de todos os
continentes, com exceção da Antártida…” (QUINTAL E PPITAGROZ, 2001).
2.1.1 Breve apontamento histórico acerca da queda de árvores
no local
Não tendo sido efetuado nenhum levantamento sistemático relativo à queda de
exemplares arbóreos nos Jardins do Monte, parece-nos, contudo, importante fazer
referência neste ponto que este acontecimento não é único na zona da encosta onde
se encontrava o carvalho. No passado, aconteceram ocorrências de queda de árvores
de grandes dimensões, cujas causas desconhecemos. Como descrito anteriormente,
há referência histórica da queda de um castanheiro do talude, em 1896, que destruiu a
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antiga Fonte da Virgem (PIO, 1992). Anteriormente, teria caído também uma outra
árvore de grande porte, muito próxima da fonte, situação que se pode observar na
seguinte fotografia.
Ilustração 3. Árvore de grande dimensão caída junto à antiga Fonte da Virgem (Câmara Municipal do Funchal)
Nesta fotografia, constata-se a existência da antiga fonte em cantaria mole ainda
intacta, bem como uma árvore de grande dimensão derrubada pela raiz.
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2.2 Topografia
Os Jardins do Monte estendem-se por uma área de 2,5 hectares com exposições
dominantes a sudoeste e a sul, a uma altitude entre os 508 e os 589 metros, com a
sua “…cota mínima (…) no talvegue da Ribeira de Santa Maria, no extremo sul e a
cota máxima a norte da Igreja.” (QUINTAL, 2007).
Ilustração 4. Mapa hipsométrico dos Jardins do Monte (QUINTAL, 2007)
O declive é muito acentuado, com uma média de 27 %, encontrando-se os
declives suaves, até 10 %, praticamente circunscritos ao Largo da Fonte, e os declives
acentuados, de 20 a 30 %, em grande parte do espaço entre o Largo da Fonte e a
Igreja (QUINTAL, 2007).
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2.3 Fitogeografia
Relativamente ao andar fitoclimático, os Jardins do Monte, devido à sua
hipsometria, situam-se na segunda zona – andar pré-montanhoso/vegetação de
transição.
Ilustração 5. Andares fitoclimáticos da Madeira (JESUS, 2009)
Este segundo andar – vegetação de transição, definido como estando,
aproximadamente, entre os 300 e os 600 m, é caracterizado por ser um ambiente mais
fresco e húmido, onde crescem espécies autóctones como o barbusano (Apollonias
barbujana), a faia das Ilhas (Myrica faya), o azevinho (Ilex canariensis) e a murta
(Myrtus communis) (JESUS, 2009). Este segundo andar é, de acordo com CAPELO et al.
(2004), designado de Laurissilva mediterrânica do barbusano (300- 800 m).
2.4 Climatologia
A caracterização climática do local é efetuada com base nos dados fornecidos
pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) – Delegação Regional da
Madeira, na pessoa do Dr. Vítor Prior, relativos às estações climatológicas mais
próximas do Lugar do Monte, visto não existir nenhuma estação neste local. Assim,
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consideram-se os dados obtidos na estação do Funchal (latitude 32º38’51’’, longitude
16º53’33’’ e altitude 58 m), do Chão do Areeiro (latitude 32º43’20’’, longitude 16º54’55’’
e altitude 1.590 m) e do Pico Alto (latitude 32º41’40’’, longitude 16º54’14’’ e altitude
1.118 m). É de salientar que o local de estudo se encontra situado a uma altitude entre
500 e 600 m e que nenhuma destas estações se encontra à mesma cota, nem mesmo
numa cota próxima.
A estação de Pico Alto é aquela para a qual são disponibilizadas menos leituras,
não tendo sido fornecidos dados da normal climatológica de referência de 1971-2000,
nem mesmo anteriores a 2015, pelo que não foi, assim, possível proceder a uma
análise comparativa. Optou-se por excluir os dados provenientes desta estação
climatológica da nossa análise.
Ilustração 6. Localização das estações meteorológicas do IPMA mais próximas do Largo da Fonte
(dados IPMA sobre imagem do Google)
Foi realizada uma análise aos dados fornecidos, comparando os dados da normal
climatológica de referência do período compreendido entre 1971 e 2000 com os
valores para os períodos 2011-2012, 2012-2013, 2013-2014, 2014-2015, 2015-2016 e
2016-2017. Optou-se, também, por determinar a média de cada parâmetro no período
2011-2017, de forma a poder fazer-se uma análise comparativa da tendência dos
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últimos anos com os dados da normal climatológica. Destaca-se que apenas existente
informação relativa a todos os parâmetros para a estação do Funchal.
Com os dados disponibilizados, efetuaram-se os seguintes gráficos e fez-se a sua
análise.
2.4.1 Temperatura média do ar
Ilustração 7. Gráfico da temperatura média do ar na EM do Funchal (dados IPMA)
Ilustração 8. Gráfico da temperatura média do ar na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA)
15
16
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19
20
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23
24
25
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Temperatura média do ar (ºC) - Funchal
Normal 71/2000 2011-2012 2012-2013 2013-20142014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set
Temperatura média do ar (ºC) - Chão do Areeiro
Normal 71-2000 2011-2012 2012-2013 2013-2014
2014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
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A análise dos dados disponíveis para a estação do Funchal permite verificar que
as temperaturas médias do ar nos últimos anos para os quais foram fornecidos
registos, de 2011 a 2017, têm sido superiores às médias registadas no período
correspondente à normal climatológica de 1971-2000.
Uma análise dos dados da estação de Chão do Areeiro permite constatar uma
tendência de aumento da temperatura média do ar de 2011 a 2017 em relação à da
normal climatológica de 1971-2000. Os anos de 2011-2012 e 2015-2016 são os que
apresentam valores de temperatura média do ar mais irregulares.
Baseando-nos nos dados das duas estações, podemos concluir que a
temperatura média do ar de 2011 a 2017 tem sido tendencialmente superior à normal.
De acordo com FLORESTAR (2018), as temperaturas adequadas para o
desenvolvimento do carvalho-alvarinho situam-se entre -15 e 10º C no inverno e 10 e
25º C no verão, pelo que podemos concluir que as condições do local em que
vegetava o carvalho eram indicadas para a espécie.
2.4.2 Humidade média do ar
Ilustração 9. Gráfico da humidade relativa do ar na EM do Funchal (dados IPMA)
50
55
60
65
70
75
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Humidade relativa do ar (%) - Funchal
Normal 71/2000 2011-2012 2012-2013 2013-2014
2014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
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Ilustração 10. Gráfico da humidade relativa do ar na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA)
Na estação do Funchal, os valores da humidade relativa do ar são bastante
irregulares no período 2011-2017. Comparando os dados da normal climatológica de
1971-2000 com os valores médios correspondentes a esse período, pode-se afirmar
que a humidade relativa do ar tem vindo a diminuir, sendo mais notória esta tendência
nos meses de outubro a março.
A humidade relativa do ar na estação de Chão do Areeiro é irregular ao longo dos
anos no período 2011-2017. Verifica-se que nesse espaço de tempo, de dezembro a
agosto, tem havido uma diminuição da humidade relativa quando comparando os
valores com as médias da normal climatológica de 1971-2000.
Podemos, assim, afirmar que, nos últimos anos, tem vindo a diminuir a humidade
relativa do ar relativamente à normal.
40
50
60
70
80
90
100
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Humidade relativa do ar (%) - Chão do Areeiro
Normal 71-2000 2011-2012 2012-2013 2013-2014
2014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
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2.4.3 Precipitação
Ilustração 11. Gráfico da precipitação na EM do Funchal (dados IPMA)
Ilustração 12. Gráfico da precipitação na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA)
0
50
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150
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Precipitação (mm) - Funchal
Normal 71/2000 2011-2012 2012-2013 2013-2014
2014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
0,0
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Precipitação (mm) - Chão do Areeiro
Normal 71-2000 2011-2012 2012-2013 2013-2014
2014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
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A análise comparativa da precipitação na estação do Funchal entre a normal
climatológica de 1971-2000 e os últimos anos, 2011-2017, permite constatar que é de
dezembro a março que se registam maiores alterações, com uma redução significativa
da precipitação. Também se verifica que nos meses de março a abril e de setembro a
novembro tem ocorrido maior quantidade de precipitação nos últimos anos em relação
à normal. Em 2012-2013, os valores são anormalmente irregulares, com picos muito
elevados de precipitação nos meses de outubro, novembro e março, e precipitação
muito reduzida no período de dezembro a fevereiro e em maio. Também o período
2011-2012 foi bastante atípico, com baixa precipitação de outubro a maio.
Comparando os valores da precipitação da normal climatológica de 1971 a 2000
na estação do Chão do Areeiro com a média de 2011 a 2017, constata-se que existe
um ligeiro aumento da quantidade de precipitação nos meses de outubro e novembro
e que a quantidade de precipitação de dezembro a junho foi menor. À semelhança do
sucedido na estação do Funchal, o período de 2012-2013 é bastante irregular. Os
valores registados atingem picos muito elevados em novembro e março e a
precipitação é muito reduzida de dezembro a fevereiro e em abril e maio. Também o
período 2011-2012 foi bastante atípico, com baixa precipitação de outubro a maio.
Com base nos dados das duas estações, constata-se que os invernos têm sido
menos chuvosos e que nos outonos tem ocorrido um ligeiro aumento da quantidade de
precipitação.
De acordo com LOUREIRO (1994), o carvalho-alvarinho é uma espécie que “exige
600 mm de precipitação média anual, com 200 mm de precipitação estival.”.
CARVALHO (1994) refere que a pluviosidade estival deve ser superior a 60 mm, pelo
que podemos concluir que as condições do local em que vegetava o carvalho eram
indicadas para a espécie.
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2.4.4 Velocidade média do vento
Ilustração 13. Gráfico da velocidade média do vento na EM do Funchal (dados IPMA)
Ilustração 14. Gráfico da velocidade média do vento na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA)
0,0
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Velocidade média do vento (km/h) - Funchal
Normal 71/2000 2011-2012 2012-2013 2013-20142014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
10
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Velocidade média do vento (km/h) - Chão do Areeiro
Normal 71-2000 2011-2012 2012-2013 2013-2014
2014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
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A análise do gráfico da estação do Funchal permite verificar que a velocidade
média do vento tem sido mais baixa no período 2011-2017 do que no período de
1971-2000, da normal climatológica. Embora os valores para os diferentes períodos
sejam muito próximos, existe um pico da velocidade média do vento em 2012-2013, no
mês de março, em que o valor foi bastante superior ao da normal climatológica.
Na estação de Chão do Areeiro não existem dados da normal climatológica para
este parâmetro, não sendo, por isso, possível estabelecer qualquer relação entre os
valores de 1971-2000 e os de 2011-2017.
2.4.5 Velocidade máxima do vento
Ilustração 15. Gráfico da velocidade máxima do vento na EM do Funchal (dados IPMA)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
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Velocidade máxima do vento (km/h) - Funchal
Normal 71/2000 2011-2012 2012-2013 2013-20142014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
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Ilustração 16. Gráfico da velocidade máxima do vento na EM do Chão do Areeiro (dados IPMA)
Analisando o gráfico da estação do Funchal e comparando a média de 1971-2000,
da normal climatológica, com a do período 2011-2017, constata-se um aumento
significativo da velocidade máxima do vento em todos os meses, com exceção de
dezembro. O período de 2015-2016 é aquele em que os valores registados atingem
picos mais elevados, sendo março e agosto os meses em que se verificaram as
velocidades máximas mais altas (rajadas).
Uma vez que para a estação do Chão do Areeiro não existem dados deste
parâmetro na normal climatológica de 1971-2000, apenas se pode fazer uma análise
da tendência deste parâmetro para o período 2011-2017. De outubro a março é
quando, regra geral, os valores máximos atingidos são mais elevados, e ocorre uma
diminuição da velocidade máxima do vento de março a agosto.
2.5 Geologia
A diferenciação dos horizontes na zona em estudo deu-se a partir da rocha-mãe,
rochas eruptivas mistas, entre derrames de lavas basálticas e de depósitos de
materiais piroclásticos. De acordo com a Carta Geológica da Madeira (SILVEIRA et al.,
2010a; SILVEIRA et al., 2010; ZBYSZEWSKI, et al., 1975), o local em estudo é formado
40
60
80
100
120
140
160
180
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Velocidade máxima do vento (km/h) - Chão do Areeiro
Normal 71-2000 2011-2012 2012-2013 2013-2014
2014-2015 2015-2016 2016-2017 2011-2017
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por Derrames Lávicos Subaéreos de composição máfica (basaltos e basanitos), com
intercalações de tufitos, depósitos piroclásticos de queda (escórias, lapilli e cinzas
basálticas) e ocasionais produtos máficos de atividade freato-magmática. Estes
derrames estão identificados na figura seguinte pela sigla CVS1 β e a mancha de
tonalidade verde-claro de contorno irregular.
Ilustração 17. Excerto da Folha B da Carta Geológica da Madeira (escala: 1/50.000) (SILVEIRA et al., 2010)
O Complexo Vulcânico Superior, Unidade dos Lombos (CVS1 β – Derrames
lávicos subaéreos de composição máfica), foi formado entre os 1,8 milhões de anos e
os 700 mil anos (SILVEIRA et al., 2010a; SILVEIRA et al., 2010; ZBYSZEWSKI, et
al., 1975), devido a atividade essencialmente efusiva de origem fissural, e deu origem
a empilhamentos de espessos mantos lávicos com intercalação de materiais
piroclásticos.
2.6 Edafologia
2.6.1 Solos
No que respeita à caracterização pedológica geral do local, segundo a
classificação estabelecida pela FAO/UNESCO para o Soils Map of the World, em
1998, e a Folha B da Carta de Solos da Ilha da Madeira, o solo é um “Humic
Cambisols” (Cambissolo Húmico) – CMu. Na figura seguinte, podemos ver um excerto
da Folha B da Carta de Solos da Ilha da Madeira (1/50.000), com “Humic Cambisols”,
assinalado pela mancha de contorno irregular e tonalidade verde e a sigla 103-CMu7.
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Ilustração 18. Excerto da Folha B da Carta de Solos da ilha da Madeira (1/50.000) (1ª Edição da Carta 1992, com
Base Cartográfica da C.M.P. 1/25.0000 do Serviço Cartográfico do Exército, 1974/1975)
O Cambissolo Húmico no local em estudo, segundo a Carta de Solos da Ilha da
Madeira, resulta da alteração das escoadas basálticas e dos depósitos de materiais
piroclásticos e apresenta as seguintes características gerais:
horizonte A úmbrico, rico em matéria orgânica;
textura fina com elevada percentagem de limo;
sem propriedades vérticas, sem propriedades gleicas e sem permafrost a
menos de 200 cm de profundidade;
cor pardo escura ou cor pardo avermelhada ou vermelha, em função do teor de
humidade e dos constituintes ferruginosos (hematite e magnetite);
mistura de minerais argilosos (caulinite e/ou haloisite e alofanas);
pouco pegajoso e pouco plástico;
compacidade pequena no solo superficial;
consistência dura a branda nos níveis superiores, sendo dura a ligeiramente
dura subjacentemente.
No Plano Regional de Ordenamento Florestal da Região Autónoma da Madeira
(SUPREME NUMBER LDA., 2015), o local em estudo pertence à classe dos Cambissolos
e estes são descritos genericamente como “Solos medianamente ácidos a neutros (pH
4,4-7,5), e com agregação geralmente forte. Consistência geralmente dura a muito
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dura. Possuem um teor médio de matéria orgânica e um grau de saturação médio a
alto. Solos pobres em fósforo. São, no geral, solos que poderão apresentar razoável
potencialidade agrícola. O seu teor em sódio poderá condicionar significativamente a
sua produtividade.”
Ilustração 19. Pormenor da Carta dos Solos da Madeira (SUPREME NUMBER LDA, 2015)
É muito importante referir que nos Jardins do Monte os pédones naturais foram
modificados pela modelação e armação do terreno, pelo que nos encontramos na
presença de antropossolos – solos produzidos pelo homem. Podem, no entanto,
existir, em alguns locais, pédones originais e, noutras zonas, solos modificados por
deposição de aterros cuja proveniência se desconhece, podendo ser constituídos pelo
material original ou outro de origem externa.
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2.6.2 Fertilidade do solo
De modo a proceder à caracterização das condições de fertilidade do solo do local
onde o carvalho se encontrava, procedeu-se à colheita de várias amostras de solo no
canteiro onde vegetava, que posteriormente foram enviadas para o Laboratório de
Análises de Solos e Fertilidade da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, em
Vila Real, da responsabilidade do Prof. João Coutinho.
Na recolha das amostras, procurou-se distribuir as mesmas pelo terreno, de modo
a verificar se existiam ou não variações dos parâmetros testados que pudessem, de
alguma forma, influenciar o desenvolvimento da árvore. Foram recolhidas seis
amostras de terra na profundidade 0-20 cm e cinco amostras na profundidade 20-50
cm. A diferença no número de amostras para cada profundidade é justificada pelo
facto de uma destas ter incidido na parte nascente, junto ao sistema radicular, local
onde a pedregosidade era elevada, motivo pelo qual não foi recolhida amostra para a
profundidade 20-50 cm.
No ponto de recolha de cada amostra, procedeu-se à limpeza da camada superior
do solo, foram abertas covas e, com uma pá, retirou-se da parede da cova, à
profundidade pretendida, uma fatia de terra que foi devidamente acondicionada e
etiquetada em sacos para posterior envio para o laboratório.
Relativamente a cada amostra recolhida, foram analisados diversos parâmetros
em laboratório, como a textura, a reação do solo, o teor de matéria orgânica, os teores
de fósforo e potássio extraíveis, o teor de boro extraível, os teores de micronutrientes
catiões, o complexo de troca, a condutividade elétrica, a granulometria e classe de
textura, o teor de metais. Os resultados individuais das análises efetuadas para cada
amostra são apresentados no Anexo 2. Com os valores obtidos para as diferentes
amostras calcularam-se os parâmetros médios descriminados na tabela seguinte.
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Tabela 1. Resultados médios das análises ao solo
Resultados médios Profundidade 0-20cm Profundidade 20-50cm
Textura Fina a média Fina a média
pH água 6,3 6,2 pH KCL 5,1 4,9
Reação do solo Moderadamente ácido Moderadamente ácido Teor de MO (%) 9,42 Alto a muito alto 12,17 Muito alto
Macro- nutrientes
P extraível (mg) 32,5 Muito baixo a baixo 59,6 Muito baixo a alto
K extraível (mg) 294 Alto a muito alto 256 Alto a muito alto Boro extraível (mg) 1,30 Baixo a alto 1,474 Médio a alto
Micronu-trientes
catiões (mg)
Cu 5,50 Médio 4,88 Médio
Zn 10,2
Muito baixo a muito alto
6,0 Baixo a muito alto
Fe 220,4 Muito alto 169,2 Muito alto
Mn 25,6 Baixo a médio 14,8 Baixo a médio
Com
ple
xo d
e tr
oca
(m
g) Ca troca 5,49 Baixo a médio 6,07 Baixo a médio
Mg troca 5,30 Alto a muito alto 6,49 Alto a muito alto
K troca 0,75 Médio a muito alto 0,59 Médio a alto Na troca 0,47 Médio a alto 0,45 Médio a alto
Al troca 0,00 Não limitante 0,00 Não limitante CTC potencial 7,0 22,55 Médio a alto 22,90 Baixo a alto Grau saturação em bases 100,00 Muito alto 100,00 Muito alto
Grau saturação em alumínio
0,00 Não limitante 0,00 Não limitante
Condutividade elétrica 0,097 Nula a muito reduzida
0,11 Muito reduzida
Azoto total 4,14 5,36 Relação C/N (g/kg) 13,1 13,1
Aná
lise
gra
nu
lo-
métr
ica
Teor de areia grossa (g/kg)
203 20 % 192 19 %
Teor de areia fina (g/kg) 203 20 % 202 20 % Teor de limo (g/kg) 372 37 % 366 37 %
Teor de argila (g/kg) 222 22 % 240 24 %
Classe de textura Franco-limoso a franco-argilo-limoso
Franco-limoso a franco-argilo-limoso
Teor
de
meta
is
Cobre (mg/kg) 54,0 Inferior ao limite geral 56,2 Inferior ao limite geral Zinco (mg/kg) 75,0 Inferior ao limite geral 63,8 Inferior ao limite geral Chumbo (mg/kg) 50,2 Inferior ao limite geral 45,8 Inferior ao limite geral
Cádmio (mg/kg) 0,1 Inferior ao limite geral 0,1 Inferior ao limite geral
Crómio (mg/kg) 317,5 Superior ao limite geral 301,8 Superior ao limite geral
Níquel (mg/kg) 332,9 Superior ao limite geral 291,0 Superior ao limite geral
Mercúrio (µg/kg) 353 Inferior ao limite geral 343 Inferior ao limite geral
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Da análise destes dados, verifica-se não existirem muitas variações entre as duas
camadas de solo relativamente à maior parte dos parâmetros considerados. Importa
destacar a existência, em ambas as camadas, de níveis dos metais crómio e níquel
superiores ao limite geral, situação que não tem origem em contaminações externas,
mas no processo de pedogénese da rocha-mãe subjacente (DENEUX-MUSTIN et al.,
2003).
As características edáficas do local, tendo em consideração os resultados obtidos,
podem ser consideradas normais e adequadas para o bom desenvolvimento da
espécie Quercus robur. De acordo com VINÃS et al. (2003) o pH ideal é 6,5 a 7,5, mas
tolera 6 a 8; a textura do solo pode ser compactada, média e desagregada; e prefere
solos húmidos, com teor de matéria orgânica em decomposição rico a normal.
Segundo LOUREIRO (1994), “Quanto ao solo vegeta em todos os tipos, desde os
arenosos aos compactos, excepção feita dos solos alcalinos”.
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3. Estadõ geral da a rvõre antes da queda
3.1 Caracterização do local de implantação da árvore
Na zona da encosta dos Jardins do Monte, sobranceira ao Largo da Fonte, o
terreno, devido ao seu declive acentuado, com declive médio de 27 % (QUINTAL,
2007), foi, aquando da construção deste jardim histórico, no final do século XIX,
modelado, construindo-se pequenos patamares em escavação e aterro suportados por
muros de alvenaria em pedra seca de basalto, que funcionam como muros de
gravidade. A modelação, de carácter romântico, teve como objetivo a criação de uma
rede de pequenos caminhos que serpenteiam a encosta, revestidos com calçada
madeirense, de modo a vencer de forma mais suave o expressivo declive e criando
nos espaços entre estes canteiros para ajardinamento. Na composição paisagista, as
zonas dos canteiros ficaram com grandes inclinações, tendo sido estes locais
plantados com espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas.
Ilustração 20. Rede de caminhos com calçada madeirense
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Ilustração 21. Caminhos que serpenteiam a encosta
Ilustração 22. Canteiros ajardinados
Na data em que foram realizadas as obras de construção do jardim já existiam no
local árvores, castanheiros e carvalhos, tendo alguns exemplares sido mantidos. Nos
canteiros do espaço existe uma vegetação exuberante, dominada no estrato herbáceo
e arbustivo por espécies como as coroas-de-henrique (Agapanthus praecox) e as
hortênsias ou novelos (Hydrangea macrophylla), e na composição de sebes topiadas o
buxo (Buxus sempervirens). Observam-se, ainda, na envolvente da árvore, outras
espécies, de que se destacam os fetos-arbóreo-australiano (Cyathea cooperi) e as
heras (Hedera helix).
Ilustração 23. Vegetação exuberante dos Jardins do
Monte
Ilustração 24. Canteiro em que vegetava o carvalho
caído na encosta
A árvore encontrava-se plantada a meio da encosta, num dos canteiros existentes,
confinado por um muro a jusante e um caminho pedonal a montante, num talude de
declive muito acentuado, de 80 % (38,66º), sendo a diferença de cota da zona de
contacto do tronco com o solo (colo da árvore) da parte de cima do talude para a parte
de baixo de 1,11 m.
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Ilustração 25. Pormenor do corte transversal à encosta com indicação dos caminhos, muros e canteiros, e
posicionamento do carvalho antes e após a queda (corte indicado na ilustração 121)
O carvalho tinha a face superior do tronco praticamente encostada ao limite do
canteiro, havendo apenas uma pequena sebe de buxo (Buxus sempervirens) entre
este e o caminho pedonal existente, em calçada. Este caminho secundário, a
montante, com largura aproximada de 1,25 m, entronca muito perto noutro carreiro e,
no local de interceção destes, encontra-se uma árvore de grandes dimensões da
espécie til (Ocotea foetens).
Ilustração 26. Til de grandes dimensões próximo do carvalho
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Ilustração 27. Corte transversal do terreno desde o Largo da Fonte ao til próximo do carvalho caído (corte
indicado na ilustração 121)
O til está implantado a nascente, com o tronco a 3,05 m em linha reta do local
onde se encontrava a face nascente do tronco da árvore avaliada, o que é
extremamente próximo, pois não podemos esquecer que ambas as espécies atingem,
normalmente, grandes dimensões.
O carvalho (Quercus robur) pode atingir 18 a 22 m de diâmetro de copa e máximo
de 45 m de altura, normalmente 20 a 35 m, com copa ampla; e o til (Ocotea foetens)
20 a 30 m diâmetro de copa e máximo de 40 m de altura, normalmente 20 a 30 m,
com copa densa, frondosa e piramidal a arredondada (MOREIRA, 2008). Esta
proximidade levou a uma forte competição entre as duas árvores pela luz, na qual o til
ganhou desde o início forte dominância, pois, embora existisse grande proximidade
entre o tronco das árvores, como o terreno tem forte inclinação, o til está plantado a
uma cota superior, cerca de 2,80 m. O crescimento do til foi também favorecido pela
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exposição solar a nascente, que fez com que captasse maior radiação solar, ao
mesmo tempo que ensombrava o carvalho. A folha permanente do til deu-lhe também
uma forte vantagem competitiva, pois enquanto o carvalho mobilizava anualmente as
suas reservas para o crescimento da nova folhagem a cada ciclo vegetativo, o til
iniciava mais rapidamente o processo fotossintético. Outro aspeto fundamental a
referir é que o til é uma espécie autóctone da Ilha da Madeira, logo, perfeitamente
adaptada às condições ambientais, enquanto o carvalho é uma espécie introduzida,
adaptada a condições ambientais muito distintas. Estes fatores fizeram com que o
carvalho, uma espécie fotófila, crescesse em permanente competição, desde o início,
para poente, na procura da luz, tentando desviar-se o mais possível do til, tendo
crescido para o espaço livre existente e desenvolvido toda a sua estrutura na direção
do Largo da Fonte, onde já se encontravam plantados, a uma cota muito inferior, cerca
de 13 m abaixo, os plátanos existentes.
3.2 Caracterização dendrológica
A árvore avaliada pertence à família Fagaceae, à espécie Quercus robur,
vulgarmente conhecida em Portugal por carvalho, carvalho-alvarinho, carvalho-
comum, carvalho-roble, carvalheira, roble-alvarinho, albarinho, alvarinho ou roble
(JARDIM BOTÂNICO UTAD, 2018).
É a “árvore mais característica da mata da zona temperada da Europa” (CALDEIRA
CABRAL E RIBEIRO TELLES, 1999) e a espécie de carvalho mais abundante em toda a
Europa, distribuindo-se desde o centro, oeste e norte da Europa até ao Cáucaso,
Balcãs e Urais (JARDIM BOTÂNICO UTAD, 2018). É autóctone em Portugal continental,
onde “…ocorre no Norte e Centro litorais.” (LOUREIRO, 1994), tendo sido, no passado,
a árvore dominante nas florestas portuguesas do Minho, Douro Litoral e Beiras. Na
Ilha da Madeira, é uma espécie introduzida.
De acordo com CALDEIRA CABRAL E RIBEIRO TELLES (1999), “foi sempre
considerada como a mais nobre das essências florestais europeias”. É uma árvore
caducifólia de 20 a 35 m, que, no seu habitat natural, pode atingir os 45m de altura,
com uma copa ampla, globosa e não muito densa (MOREIRA, 2008).
CARVALHO (1994), indica que carvalho-alvarinho é “…uma espécie mesofílica, que
prospera sobretudo nas baixas altitudes (500/600 m)”. Pode encontrar-se dos 0 aos
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1.000 m de altitude, sendo uma árvore bastante resistente ao vento (PINTO E GINJA,
2006; PINTO E GINJA, 2006b).
Tabela 2. Características gerais do carvalho-alvarinho (HUMPHRIES et al., 1996; MITCHELL, 1992; MOREIRA, 2008)
Ritidoma
Acinzentado e liso em árvores jovens
Torna-se cinzento e estreitamente fissurado em curtas
placas estreitas e verticais com a idade
Copa
Ampla e irregularmente cupuliforme
Poucos ramos baixos densos e retorcidos
Amiúde, muitos rebentos epicórmicos densos sobre o
tronco
Largura de 18 a 22 m
Folhagem
Raminhos verde-acastanhados pubescentes, por fim
acinzentado e glabros
Gemas de 2 a 5 mm, cónico-ovóides, subobtusas a
obtusas, glabrescentes
Folhas de 5 a 18 – 2,2 a 10 cm, caducas, membranáceas,
geralmente com um par de aurículas na base, verdes
escuras na página superior e verdes claras na página
inferior, glabras, com pecíolo glabro de 2 a 7 mm
Flores e fruto
Flores são aquénios lustrosos de cor castanha
Floração em abril – maio
Fruto é uma bolota de maturação anual, em outubro, com
25 a 120 mm, delgado e glabro
Raízes
Pivotante – raiz principal vertical quando jovem,
tendencialmente mais horizontal com a idade – raízes
laterais e superficiais
Este carvalho integra o carvalhal da zona temperada húmida, cujas características
se encontram descriminadas na imagem seguinte.
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Ilustração 28. Carvalhal da zona temperada húmida (CALDEIRA CABRAL E RIBEIRO TELLES, 1999)
3.3 Caracterização dendrocronológica
Com o objetivo de determinar o estado fisiológico do carvalho, foi realizado um
estudo dendrocronológico do exemplar, que se encetou com a recolha de amostras de
lenho com a Verruma de Pressler.
Ilustração 29. Recolha de amostra de lenho com verruma de Pressler
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Foram recolhidas duas verrumadas (cilindros de madeira) em locais distintos, uma
na lateral do tronco, do lado norte, a 2 m da base, e outra numa zona intermédia.
Ilustração 30. Ponto de recolha da amostra de lenho do
tronco a 2 m da base
Ilustração 31. Ponto de recolha da amostra de lenho
do tronco na zona intermédia
3.3.1 Análise do crescimento anelar
O estudo dendrocronológico foi realizado em colaboração com a empresa
Rinntech®, especializada na conceção de ferramentas e programas específicos para
avaliações dendrocronológicas, entre os quais o programa LignovisionTM.
Ilustração 32. Fotografia dos rolos de madeira obtidos com a verruma.
Acima, o rolo do ponto intermédio do tronco; abaixo, o do ponto próximo da base
Ilustração 33. Fotografia da identificação dos anéis de crescimento no ponto intermédio.
Obtida com recurso à lupa binocular e marcados com recurso o programa LignovisionTM
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Ilustração 34. Fotografia da identificação dos anéis de crescimento no ponto próximo da base.
Obtida com recurso à lupa binocular e marcados com recurso o programa LignovisionTM
Ilustração 35. Incremento do crescimento (1/100 mm)
( ____ ponto intermédio, ____ ponto próximo da base, ____ média)
O crescimento médio determinado foi de, aproximadamente, 1mm para os anéis
mais exteriores e entre 2 e 3 mm para a zona mais interior. Os crescimentos médios
obtidos são baixos e os valores próximos de 1 mm implicam um vigor reduzido.
No gráfico seguinte, foi gerada uma linha de marcação entre valores superiores e
inferiores a um crescimento de 1,5 mm, com o intuito apenas de melhor percecionar a
dinâmica de crescimento da árvore.
Ilustração 36. Incremento de crescimento radial anual (1/100 mm)
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É possível constatar que, aproximadamente, até ao ano de 1970, os incrementos
no crescimento radial anual foram superiores a 1,5 mm, e que a partir dessa data
foram inferiores a esse valor. De 1972 a 2000, aproximadamente, a árvore teve uma
tendência de incremento no crescimento radial anual reduzida, inferior a 1mm, tendo,
nalguns anos, sido mesmo inferior a 0,5 mm – no início da década de 80, observando-
se um único pico superior a 1,5 mm próximo de 1990. Os valores observados são
expectáveis se atendermos ao estádio de desenvolvimento do carvalho evidenciado
pelas suas características morfológicas (estádio de desenvolvimento 7 – fase de
estabilização) (ver ponto 5.1).
O estudo da área de secção da árvore associada aos incrementos de crescimento
radial anual, isto é, da área de lenho que se produz anualmente em função do
acréscimo radial, permite ajustar o comportamento da vitalidade.
Ilustração 37. Incremento da área de crescimento radial anual (1/100 mm)
Nos últimos 20 anos, aproximadamente a partir do ano de 1997 até à data da
queda do exemplar, em 2017, o incremento do crescimento radial anual, embora tenha
sido inferior a 1,5 mm, mostra que a área de crescimento radial anual associada
evidencia uma ligeira recuperação, sendo esta um pouco mais evidente nos últimos 5
anos.
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3.3.2 Proposta de idade para a árvore
No estudo da idade do carvalho foram usadas duas metodologias distintas, uma
que teve por base o estudo do desenvolvimento médio dos anéis de crescimento das
verrumadas recolhidas e outra que consistiu na contagem direta dos anéis de
crescimento numa secção de madeira retirada na zona basal da árvore.
3.3.2.1 Estudo do desenvolvimento médio dos anéis de
crescimento das verrumadas
Tendo por base os dados determinados na leitura dos anéis de crescimento das
verrumadas realizadas ao carvalho, é possível colocar diversas hipóteses em relação
à sua idade.
Considerando as médias dos incrementos do crescimento radial anual obtidas
anteriormente e que as árvores jovens apresentam normalmente incrementos mais
elevados do que as árvores menos jovens, podem-se realizar diferentes aproximações
da idade.
No cálculo da idade da árvore os parâmetros dendrométricos considerados foram:
Diâmetro à altura do peito (dap – a 1,30 m do solo): 93 cm
Diâmetro sem casca: 91 cm
Raio sem casca: 45,5 cm
Com base nos incrementos médios do crescimento radial anual, foi estimada a
idade da árvore e os valores obtidos são descriminados na tabela seguinte.
Tabela 3. Estimativa da idade da árvore em função dos incrementos do crescimento radial anual
Crescimento médio
estimado (mm)
Idade correspondente
(anos)
2,5 182
3,0 152
3,5 130
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Relativamente ao carvalho em análise, consideramos que os valores mais
ajustados às suas características são os valores de incrementos médios – 3 mm,
assim, a árvore teria uma idade aproximada de 150 anos.
3.3.2.2 Contagem direta dos anéis de crescimento numa secção
da árvore
A datação da idade da árvore recorrendo à contagem dos anéis de crescimento
numa secção do exemplar foi efetuada em colaboração com o Prof. Luís Lousada do
Laboratório de Estrutura e Propriedades da Madeira, da Universidade de Trás-os-
Montes e Alto Douro, em Vila Real.
Iniciou-se o estudo pela recolha da secção da árvore na zona do colo em contacto
com a parte superior do solo, a qual foi devidamente acondicionada e enviada para o
laboratório, onde se procedeu à preparação da amostra, serrando um segmento da
secção desde o ritidoma à medula do carvalho. Para melhor observação da superfície
da madeira, realizou-se o afagamento da peça numa alinhadeira multilâmina e, por
fim, esta foi polida numa lixadeira de rolo. A peça foi observada à lupa, tendo os anéis
sido contados individualmente e marcados em quinquénios. Foi depois realizada uma
leitura da secção completa da peça da árvore, tendo sido obtida um valor de idade de
147 anos.
Ilustração 38. Secção da árvore na zona do colo
Ilustração 39. Segmento da secção para preparação da
amostra
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Ilustração 40. Amostra preparada para contagem dos
anéis de crescimento
Ilustração 41. Contagem dos anéis de crescimento com
recurso a lupa
Ilustração 42. Determinação da idade do carvalho por contagem dos anéis de crescimento
O valor apurado para a idade da árvore é de 147 anos.
Considera-se esta medição da idade da árvore mais fiável do que a efetuada de
acordo com o desenvolvimento médio dos anéis de crescimento, uma vez que é feita a
contagem integral dos anéis de crescimento da secção.
A espécie Quercus robur é uma espécie de grande longevidade, como se pode
comprovar na tabela seguinte, em que se apresentam valores de acordo com diversos
autores.
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Tabela 4. Idade da espécie Quercus robur de acordo com diversos autores
Autores Idade (anos)
GREEN (2010A) Superior a 1000 anos
JARDIM BOTÂNICO UTAD (2018) 500 a 600 ou mais
Foram encontrados exemplares milenares
VINÃS et al. (2003) 600 ou mais em ambiente urbano
MITCHEL (1992) As árvores mais velhas podem ter 800 anos
READ (2000) compara a idade de diversas espécies arbóreas e afirma que “…aos
100 de idade uma bétula seria velha e um choupo extremamente velho. Aos 200 uma
faia estaria a começar a tornar-se interessante, um carvalho apenas a amadurecer e
um teixo a iniciar.” GREEN (2010b) refere-se a um provérbio inglês segundo o qual “Um
robur passa 300 anos a crescer, 300 anos a descansar e 300 anos a deteriorar-se com
graça.”. Assim, tratando-se o carvalho dos Jardins do Monte de um exemplar com 147
anos de idade, pode-se dizer que se trata de uma árvore matura.
3.4 Caracterização dendrométrica
A recolha dos parâmetros dendrométricos do carvalho foi dificultada por diversas
razões. Em primeiro lugar, pela orografia do terreno em que a árvore ficou assente
após a queda, depois, pela forte fragmentação em que ficou a copa com o embate nas
árvores a poente e no solo, mas também pelos cortes efetuados para socorro das
vítimas. Alguns parâmetros foram recolhidos por medição e leitura direta e outros
foram avaliados por métodos indiretos.
3.4.1 Perímetro e diâmetro na base
O perímetro na base foi medido com recurso a uma fita de diâmetros na zona do
colo, na parte de cima do talude imediatamente em contacto com o solo. O perímetro
medido na base foi de 3,05 m e a partir deste valor calculou-se o diâmetro na base
(D=P/π), tendo-se obtido um valor de 0,97 m.
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Ilustração 43. Diâmetro do carvalho na base do tronco (levantamento topográfico 3D)
3.4.2 Perímetro e diâmetro à altura do peito
O perímetro à altura do peito (pap) foi obtido com recurso a uma fita de diâmetros
e medido a 1,30 m da zona do colo, na parte de cima do talude imediatamente em
contacto com o solo. O perímetro à altura do peito medido foi de 2,92 m e o diâmetro à
altura do peito (dap) calculado com base nesta medição (D=P/π) foi de 0,93 m.
0,97 m
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Ilustração 44. Diâmetro do carvalho a 1,30 m do solo (levantamento topográfico 3D)
3.4.3 Altura
A altura da árvore foi obtida de forma aproximada, após os trabalhos de
reconstrução da sua estrutura, tendo-se determinado um valor de 26,9 m depois da
reconstituição informática das partes do exemplar que se encontravam fragmentadas
no terreno aquando da peritagem.
0,93 m
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Ilustração 45. Determinação da altura do carvalho após a reconstituição informática do exemplar
(levantamento topográfico 3D)
Uma vez que, no seguimento do acidente, foram removidos do local restos da
árvore – folhagens e pequenos ramos, por se encontrarem com sangue ou outros
tecidos orgânicos, e que outros pequenos ramos e folhas se dispersaram durante a
queda, considera-se que a altura dos ramos em falta que correspondiam ao topo da
árvore equivaleriam a uma altura de, aproximadamente, 1 m. Assim, a altura total
estimada para o exemplar é de 27,9 m.
A altura da árvore anteriormente determinada é muito aproximada da altura obtida
com base na diferença entre a cota da base e cota do topo da copa do carvalho
medida no ortofotomapa de 2010.
26,9 m
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3.4.4 Massa da árvore
A massa do carvalho foi medida colocando numa balança todos os elementos da
árvore que ainda se encontravam no local. As peças foram previamente marcadas e,
posteriormente a terem sido fotografadas e levantadas topograficamente, foram
transportadas para as instalações da Câmara Municipal do Funchal, onde foram
medidas as respetivas massas.
O valor total de massa obtido através das pesagens foi de 14.021,95 kg. No toco,
junto ao sistema radicular, mantiveram-se alguns elementos rochosos e alguma terra
que estava fixada, que se estimou terem uma massa total aproximada de 200 kg. As
ramagens e folhagens diversas pesadas na balança perfizeram um total de 400,00 kg.
Ilustração 46. Elevada quantidade de pedras e terra agregadas à parte do sistema radicular que caiu com o tronco
Tabela 5. Massas do carvalho
Descrição Massa (kg)
Massa medida para o total das peças 14.021,95 kg
Massa medida dos ramos e tronco
(incluindo rochas e terra agregadas à parte do sistema
radicular que caiu com o tronco)
13.621,95 kg
Massa medida de ramagens e folhagens recolhidas no local 400,00 kg
Massa estimada de rochas e terra agregadas à parte do
sistema radicular que caiu com o tronco 200,00 kg
É de referir que, logo após as operações de socorro às vítimas, no dia 15 de
agosto, foram removidos do local as folhagens e pequenos ramos que estavam com
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sangue ou outros tecidos orgânicos. Assim, considerámos que os materiais de
ramagens e folhagens existentes no local correspondem a 80 % do total da árvore,
tendo os restantes 20 % sido removidos no momento do socorro às vítimas.
Destaca-se, também, que as pesagens foram realizadas nos dias 31 de agosto e 1
de setembro, ou seja, cerca de 15 dias após a queda do exemplar, pelo que os tecidos
da árvore tinham já perdido parte da água, em especial os raminhos e folhagens.
Assim, consideramos que os raminhos e folhagens teriam perdido até à data da
realização das pesagens 50 % da sua massa, devido ao seu menor teor em água.
Ilustração 47. Evidência de perda de água nos raminhos e folhagens, a 30 de agosto de 2017
Em resumo, estima-se que o valor da massa total da árvore fosse o apresentado
na tabela seguinte.
Tabela 6. Cálculo da massa total do carvalho
Descrição Massa (kg)
1. Massa dos ramos e troncos
(incluindo rochas e terra agregadas ao à parte do sistema radicular que caiu
com o tronco)
13.621,95 kg
2. Massa de ramagens e
folhagens
80 % Medida da parte recolhida no local + 400,00 kg
Perda por dessecação (50% da massa) + 400,00 kg
20 % Estimada como removida no socorro + 200,00 kg
3. Massa estimada de rochas e terra agregadas à parte do sistema radicular
que caiu com o tronco - 200,00 kg
Massa da árvore 14.421.95 kg
O valor da massa total da árvore calculado foi de 14.421,95 kg.
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3.4.5 Relação entre a altura da árvore e o diâmetro do tronco –
coeficiente de esbelteza
A relação entre a altura da árvore e o diâmetro do tronco designa-se coeficiente de
esbelteza e indica o potencial de fracasso de uma árvore. No caso de árvores com
copas suficientemente largas e ramos baixos, ocorrem incrementos de madeira na
base do tronco. Quando estes ramos baixos estão em falta, os anéis de crescimento
apenas se desenvolvem na parte mais alta do tronco, pelo que a sua forma cónica se
transforma num cilindro, sendo mais elevado o risco devido a uma maior esbelteza
(MATTHECK, 2007).
Ilustração 48. Coeficiente de esbelteza e risco (MATTHECK, 2007)
Para valores de coeficiente de esbelteza de H/D > 50, a taxa de fracasso de
árvores livres aumenta. No caso de árvores em floresta, suportadas pelas árvores
envolventes, mesmo quando H/D = 70, estes exemplares podem ser considerados
seguros. Já no caso de árvores isoladas o coeficiente de esbelteza é normalmente de
H/D = 30 (MATTHECK, 2007).
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Ilustração 49. Relação entre o coeficiente de esbelteza e a taxa de fracasso das árvores (MATTHECK, 2007)
O critério de que árvores com coeficiente de esbelteza superior a 50 são perigosas
apenas se aplica a partir de determinado valor de diâmetro do tronco, pois árvores
velhas com diâmetros maiores tendem a ser compactas, logo, com menor risco de
fracasso.
Ilustração 50. Relação entre o coeficiente de esbelteza e a idade da árvore (MATTHECK, 2007)
No caso do carvalho, uma vez que a relação entre a altura da árvore (H =27,9 m) e
o diâmetro do tronco (D=0,97 m), é de H/D = 27,9 m / 0,97 m = 28,76, e se tratava de
um exemplar protegido pelas árvores envolventes, podemos afirmar que se tratava de
um exemplar seguro.
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. Recõnstruça õ da estrutura da a rvõre
As numerosas partes da árvore resultantes da queda e das operações de socorro
às vítimas começaram por ser separadas e dispostas no solo.
Ilustração 51. Trabalhos de reconstituição do carvalho
Ilustração 52. Disposição das peças no solo
Depois, iniciou-se um trabalho demorado, minucioso e difícil de reconstituição do
exemplar no solo, encaixando as diferentes partes fragmentadas nos locais corretos.
Este trabalho foi efetuado desde a zona basal – parte radicular que caiu com o tronco,
ao longo do tronco e dos grandes ramos estruturais da copa até aos ramos mais
pequenos. No que respeita a uma pequena parte das ramagens mais finas e folhagens
soltas, constatou-se que estas eram impossíveis de reconstituir. Seguidamente,
procedeu-se à marcação e desenho das diferentes partes e, depois, cada uma das
peças marcadas foi erguida do solo com recurso a uma autogrua e fixada para
execução do seu levantamento topográfico tridimensional. Este foi efetuado com
recurso a um instrumento de varrimento Laserscanner 3D, da marca Leica P40, o qual
foi reposicionado diversas vezes em torno de cada segmento para a sua integral
cobertura, tendo os levantamentos especializados de topografia sido efetuados pela
empresa Geoide – Geosystems, S.A..
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Ilustração 53. Laserscanner 3D usado no levantamento topográfico tridimensional
Ilustração 54. Içamento das peças do carvalho com autogrua e levantamento topográfico 3D
Ilustração 55. Reposicionamento de uma secção da
árvore para levantamento topográfico 3D
Ilustração 56. Montagem e preparação de uma secção
da árvore para levantamento topográfico 3D
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As peças levantadas tridimensionalmente foram encaixadas em suporte
informático, reconstituindo-se assim a maior parte da estrutura real da árvore.
Ilustração 57. Pormenor 1 do levantamento com o Laserscanner 3D
Ilustração 55. Pormenor 2 do
levantamento com o Laserscanner 3D
Ilustração 56. Modelo da árvore reconstruído a partir da informação recolhida pelo Laserscanner 3D
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Foi posteriormente efetuado o levantamento topográfico tridimensional à
importante parte do sistema radicular que ficou no solo.
Ilustração 58. Parte do sistema radicular do carvalho que permaneceu no solo após a queda
Ilustração 59. Varrimento topográfico 3D à parte do sistema radicular que ficou no solo realizado pelo
Laserscanner 3D
Por fim, a estrutura real da parte aérea da árvore obtida em suporte informático foi
agregada à parte do sistema radicular que ficou no solo levantada, obtendo-se, assim,
a reconstituição real da estrutura principal da árvore no local original.
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Ilustração 60. Reconstituição 3D da estrutura da
árvore – vista sul
Ilustração 61. Reconstituição 3D da estrutura da
árvore – vista poente
Ilustração 62. Reconstituição 3D da estrutura da
árvore – vista norte
Ilustração 63. Reconstituição 3D da estrutura da
árvore – vista nascente
No local, não se procedeu apenas ao levantamento das peças que constituíam o
carvalho para se fazer a sua reconstituição tridimensional. Entendeu-se ser também
importante proceder ao levantamento topográfico e ao registo fotográfico de todo o
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espaço, para conhecer a sua dinâmica e perceber a relação do carvalho com o meio
envolvente, em especial as árvores que o circundavam.
Todo o espaço foi também levantado topograficamente com recurso ao
instrumento de varrimento Laserscanner 3D, da marca Leica P40, tendo havido a
necessidade de reposicionar o aparelho em diversos locais, de forma a se poder
proceder ao levantamento detalhado de todos os elementos presentes. Este trabalho
foi complementado com informação recolhida pelo voo do drone DJI PHANTOM 4PRO
sobre a área em estudo, que procedeu à recolha de diversas imagens aéreas.
Ilustração 64. Laserscanner 3D da marca
Leica P40
Ilustração 65. Excerto do varrimento topográfico realizado pelo
Laserscanner 3D
Ilustração 66. Drone DJI PHANTOM 4PR utilizado para
recolha de informação
Ilustração 67. Imagem aérea recolhida pelo drone
A informação recolhida através do levantamento topográfico tridimensional permitiu
construir um modelo do espaço em suporte informático, no qual está representada a
modelação principal do terreno, mas também os elementos essenciais construídos e
as árvores existentes. Neste modelo, que de seguida apresentamos, está presente o
carvalho caído.
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Como anteriormente referido, uma vez que foi também efetuado o varrimento
detalhado à parte do sistema radicular do carvalho que permaneceu encastrada no
solo, foi, assim, possível reposicionar a árvore reconstruída informaticamente no seu
local original.
Ilustração 68. Perspetiva geral do modelo tridimensional do local, com ilustração do carvalho caído e
reposicionamento do mesmo na sua posição original
Após a reconstrução informática do modelo digital 3D do carvalho houve
necessidade de o colocar na sua posição original no terreno, trabalho este que foi
executado ligando o modelo tridimensional da parte do sistema radicular que ficou no
solo encastrada ao modelo da parte aérea resultante da junção de todos os elementos
parcelares. Esse trabalho foi complementado e ajustado através do cruzamento de
imagens anteriores à queda da árvore em diferentes perspetivas.
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Ilustração 69. Fotografia 1 anterior à queda do
carvalho, onde é possível ver a sua posição (CMF)
Ilustração 70. Fotografia 2 anterior à queda do carvalho,
onde é possível ver a sua posição (CMF)
Ilustração 71. Fotografia 3 anterior à queda do
carvalho, onde é possível ver a sua posição (CMF)
Ilustração 72. Modelo 3D do posicionamento do
carvalho com base na informação de fotografias
anteriores à queda
Nos trabalhos de tratamento da informação foram utilizados os seguintes
programas: para a modelação, o Autodesk Revit e 3DReshaper; para o desenho, o
Autodesk Autocad Civil 3D e o Galileo 2000 (programa desenvolvido pela Geoide
Geosystems); para o processamento e registo de nuvens, o Leica Cyclone; para a
manipulação de nuvens de pontos, o Cloudcompare; para a fotogrametria do drone, o
Pix4D e o sistema de informação geográfica – ortofotos o QGIS.
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. Avaliaça õ biõmeca nica e sanita ria da a rvõre
A avaliação da árvore foi realizada mediante a aplicação do sistema “Evaluación
Visual del Arbolado” (EVA), derivado do sistema VTA – Visual Tree Assessment, o
qual foi descrito por Claus Mattheck nos princípios dos anos 90. O sistema baseia-se
na avaliação das estruturas visíveis da árvore para determinar o seu estado interno,
tanto na sua vertente fisiológica, como mecânica. Ao sistema desenvolvido por
Mattheck adicionaram-se informações de outros investigadores, como Ted Green
(relações fungo-árvore), Francis Schwarze (relações fungo-árvore), Francis Halle e
Pierre Raimbault (estrutura arbórea), e Wessoly (estática e aerodinâmica), para além
da nossa própria investigação, perceções e experiência.
O método VTA, um dos métodos mais usados na avaliação de património arbóreo,
foi desenvolvido por Claus Mattheck e Helge Breloer e baseia-se na avaliação visual
da árvore com base em critérios biomecânicos e no axioma da tensão constante. De
acordo com este axioma, ao longo do seu crescimento, as árvores criam estruturas
auto-otimizadas e muito resistentes que lhes permitem distribuir uniformemente pela
sua superfície as tensões a que se encontram sujeitas (GINJA, 2008; MATTHECK E
BRELOER, 1994a; PINTO, 2002). Cada árvore faz, assim, uma utilização o mais
económica possível do material, garantindo, em simultâneo, uma elevada resistência
mecânica, pelo que a sua estrutura exibe pontos com excesso de tensão, áreas de
fragilidade, ou pontos de tensão reduzida ou desperdício de material. Perante qualquer
perturbação a esta estrutura otimizada a árvore repara-se a si própria, formando,
localmente na zona enfraquecida, anéis de crescimento mais espessos. Estas
estruturas reparadoras, produzidas com o objetivo de recuperar a situação inicial de
stresse constante, são o sintoma que evidencia a presença de defeitos mecânicos e
revelam o padrão de tensão a que a árvore se encontra sujeita, podendo constituir-se
como zonas de fragilidade a que se deve dar especial atenção no processo de
avaliação de qualquer exemplar arbóreo (GINJA, 2008; MATTHECK E BRELOER, 1993;
MATTHECK E BRELOER, 1994b; PINTO, 2002). Para Mattheck, este padrão de
crescimento do tronco e ramos é a linguagem corporal das árvores – “the body
language of trees” (HARRIS et al., 2004).
Este método de avaliação de árvores proposto por Mattheck e Breloer – o método
VTA, desenvolve-se de acordo com as seguintes três etapas (MATTHECK E BRELOER,
1994a; MATTHECK E BRELOER, 1994b).
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1. Inspeção visual da árvore, para identificar sintomas de defeitos e avaliar a
sua vitalidade. Se, nesta fase, não forem identificados sintomas de defeitos
indicadores de que a árvore possa representar perigo, a aplicação do
método VTA termina nesta etapa.
2. Avaliação cuidada do(s) defeito(s) identificado(s), com o objetivo de
comprovar a sua existência. Caso esta se confirme, a aplicação do método
avança para a etapa seguinte. Caso contrário, cessa nesta etapa.
3. Análise e medição do(s) defeito(s) presente(s) e quantificação da
resistência residual da árvore.
Ilustração 73. Procedimento para a aplicação do método VTA (adaptado de MATTHECK E BRELOER, 1994b)
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Concretamente na avaliação visual deste exemplar, observaram-se variáveis
como a superfície e densidade foliar, altura e distribuição das massas foliares,
medidas e coloração; a estrutura dos ramos e rebentos, processos de crescimento; a
madeira de reação, excessos de peso ou exposição; os defeitos em uniões,
codominâncias; a tipologia do ritidoma; a geometria radicular; a orientação, ventos
dominantes e fatores atenuantes; as forças do vento sobre a copa; outras.
A nossa equipa de trabalho realizou especificamente a avaliação da geometria e
tipologia da madeira que a árvore apresentava antes de cair. De modo a proceder à
avaliação da parte do sistema radicular que caiu com o tronco, as raízes foram limpas
manualmente e com ar sob pressão, para determinar a sua geometria, estado e
dimensões, sem as alterar. A avaliação do estado interno da madeira realizou-se com
recurso aos aparelhos IML Resi F500-S e IML PowerDrill 500, que se baseiam “nos
mesmos princípios de funcionamento do resistógrafo” (GINJA, 2008). Tal como os
resistógrafos, são compostos por uma agulha que perfura a madeira a velocidade
constante, sendo a resistência oferecida pela madeira à sua deslocação registada num
gráfico de resistência que, quando corretamente interpretado, permite avaliar as
propriedades mecânicas e diagnosticar defeitos tanto em árvores vivas, como em
estruturas de madeira (MATTHECK E BRELOER, 1994,b; MOORE, 2000; RINN, 1994; RINN
et al, 1994; ZOMBORI, 2001). Através da utilização dos resistógrafos ou aparelhos
similares pode-se obter informação respeitante a diversos “…resultados relativos à
avaliação do crescimento, à determinação da espessura da casca, à deteção de
podridões, ao ataque de fungos ou insetos, à avaliação de níveis de densidade e à
localização de fendas, nós, espaços ocos e lenho de reacção.” (Ginja, 2008), bem
como quantificar a extensão de lesões e medir a espessura da parede residual sã
(PINTO, 2002a; PINTO, 2002b; PINTO, 2003; GINJA E PINTO, 2003; GINJA, 2008).
Para o cálculo das propriedades mecânicas da secção foram tiradas medidas in
situ e utilizou-se uma imagem 3D gerada mediante leitura por laser da parte do
sistema radicular que caiu com o tronco e da parte do sistema radicular que ficou no
solo. As secções foram analisadas com os programas ArboMech™ e ArboStAppTM da
Rinntech®.
Realizou-se, também, um estudo dendrocronológico do crescimento da árvore;
uma avaliação do espaço aéreo que ocupava a árvore; uma avaliação dos restos da
árvore; uma avaliação cuidada das copas das árvores na envolvente, especialmente
dos plátanos (Platanus x hispanica).
No entanto, são várias as limitações do estudo.
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A avaliação prévia do estado da árvore realizou-se mediante os restos da
mesma, considerando que o tempo decorrido não tem que implicar
alterações nas características da madeira do carvalho.
Os valores da madeira (módulo de elasticidade e limite de compressão)
foram obtidos de amostras da própria árvore, estando também
acompanhados dos resultados dos resistogramas que fazem presumir uma
avaliação indireta da densidade. Estes valores podem variar em função do
local onde são realizadas as amostras e medições.
As dimensões da copa foram estimadas mediante um estudo da zona, um
estudo com recurso a laser do espaço vazio entre as copas das árvores e
através de ferramentas de análise espacial (tecnologia 3D), e, portanto,
está sujeito a certos erros.
Outra das limitações reside no facto de os cálculos de resistência da madeira
residual da árvore se terem realizado através de vários modelos de cálculo, que
geraram valores distintos do coeficiente de segurança. A proposta do Método SIA
(Static Integrated Analysis) estabelece a capacidade de carga com base na tipologia
do material, na sua geometria, na carga aplicada e nos resultados da densidade da
madeira obtidos com o resistógrafo. A proposta de Claus Mattheck estabelece como
valor mínimo aceitável para valores de parede residual de 33% do raio (1/3). A
proposta de Frank Rinn descreve uma capacidade de carga baseada nos postulados
de carga de Claus Mattheck modificados pelo crescimento na fase matura da árvore. A
proposta de Peter Sterken estabelece uma correção do método SIA para valores
baixos de madeira residual e diâmetros grandes.
Na avaliação biomecânica e sanitária da árvore iniciou-se este processo de
diagnóstico pela avaliação da copa, seguindo-se o tronco e, por fim, a zona da base.
5.1 Estádio de desenvolvimento da árvore
A árvore, ao longo do seu ciclo de vida, passa por um conjunto de estádios de
desenvolvimento diferentes. Segundo RAIMBAULT (S.D.), “A estrutura da árvore é, à
partida, hierarquizada, sujeita à dominância apical do tronco. Os ramos ramificam-se
principalmente sobre a parte inferior (hipotonia). Então, a estrutura fragmenta-se em
partes independentes chamadas reiterações (estrutura poliárquica). Os ramos
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renovam-.se, então, sobre a face superior (epitonia). Um ser vivo evolui de acordo com
três parâmetros parcialmente independentes: a idade cronológica (idade do
calendário), a idade ontogenética programada, que compreende três fases principais
(juvenilidade, idade adulta, senescência), e, finalmente, a idade fisiológica,
parcialmente dependente do ambiente, que podemos caracterizar pela juventude e
pelo envelhecimento. O declínio está ligado a um fator externo (patologia, seca, ...).”
RAIMBAULT (S.D.) enumera dez estádios atendendo às características morfológicas
das árvores.
Ilustração 74. Os dez estádios de desenvolvimento da parte aérea das árvores (RAIMBAULT, S.D.)
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Indica, também, que o sistema radicular das árvores, à semelhança da parte
aérea, se desenvolve segundo estádios bem definidos, agora apresentados.
Ilustração 75. Os estádios de desenvolvimento da parte radicular das árvores (RAIMBAULT, s.d.)
A figura seguinte ilustra os estádios de desenvolvimento da estrutura das árvores,
com indicação das três fases principais da idade ontogenética programada –
juvenilidade, idade adulta, senescência (ANÓNIMO, S.D.).
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Ilustração 76. Os dez estádios de desenvolvimento das árvores de acordo com RAIMBAULT (ANÓNIMO, 2017)
Nos Anexos 3 e 4, apresenta-se informação mais detalhada sobre cada um dos
estádios de desenvolvimento.
RAIMBAULT E TANGUY (1993) apresentam um método analítico sistemático e
simplificado de determinação da idade fisiológica da árvore. Esta determinação
baseia-se na presença ausência ou valoração de critérios morfológicos relativos à
arquitetura, às correlações, ao vigor e à mortalidade. A sobreposição dos valores da
avaliação desses critérios coloca os exemplares arbóreos observados na escala de
desenvolvimento seguinte.
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Ilustração 77. Determinação dos estádios de desenvolvimento das árvores com base na avaliação de catorze
caracteres morfológicos (RAIMBAULT E TANGUY, 1993)
Ilustração 78. Esquema da evolução da árvore, da germinação até à morte, decomposto em dez estádios
(RAIMBAULT E TANGUY, 1993)
.
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A análise detalhada e completa à morfologia do carvalho, quer ao nível da parte
aérea, quer da parte radicular, colocam-no, pelas suas características no estádio de
desenvolvimento 7 – fase de estabilização.
Tabela 7. Características morfológicas do estádio de desenvolvimento do carvalho
Estádio de
desenvolvimento Descrição do estádio de desenvolvimento 7
Estádio 7
“A árvore atingiu a plena maturidade. O tronco está completamente
despido e apenas resta a copa definitiva, que progressivamente
atinge o seu volume final. Na base dos ramos principais, os ramos
localizados na parte inferior e os ramos velhos vigorosos e
hipotónicos perdem a sua vitalidade e acabam por morrer (primeiro
tipo de mortalidade). Fortes ramificações desenvolvem-se na parte
superior da estrutura (epitonia) a partir dos ramos existentes ou
recentemente formados, renovando progressivamente os eixos
principais, que acabam por morrer (segundo tipo de mortalidade).
Na estrutura, as ramificações nascidas sobre forte dominância
apical são as primeiras a morrer, enquanto as que nasceram sobre
baixa dominância apical desaparecem mais tarde (terceiro tipo de
mortalidade). Assim, é estabelecido um sistema simples de
ramificação (de acordo com o sistema fractal), densamente
ramificado no exterior. A árvore atinge o seu máximo
desenvolvimento.” (ANÓNIMO, 2017)
Estádio G – 7
“Estádio G – O eixo central desaparece fisiologicamente, podendo
mesmo desaparecer fisicamente. É substituído pelas numerosas
raízes pivotantes do sistema fascicular. O sistema radicular está no
seu apogeu, a parte aérea atinge o seu máximo de extensão e de
densidade (estado aéreo 7).” (SIMON, 2014)
5.2 A copa da árvore
5.2.1 Estudo aéreo do histórico da dimensão e posição da copa
O estudo da copa é baseado nos ortofotomapas do local e sobre cada um foi
delimitada a copa do carvalho, tendo-se determinado no programa QGIS a área
ocupada pela mesma.
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Ilustração 79. Delimitação da área da copa do carvalho sobre o ortofotomapa de 2004
Ilustração 80. Delimitação da área da copa do carvalho sobre o ortofotomapa de 2007
Ilustração 81. Delimitação da área da copa do carvalho sobre o ortofotomapa de 2010
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Ilustração 82. Delimitação da área de clareira que corresponderia à copa do carvalho sobre a imagem aérea de
2017, captada pelo drone após a sua queda
Após a delimitação das áreas da copa do carvalho nos ortofotomapas de 2004,
2007 e 2010, obteve-se a área média da copa da árvore nos últimos treze anos.
Ilustração 83. Sobreposição das áreas da copa do carvalho delimitadas sobre os ortofotomapas de 2004, 2007 e
2010 e da área de clareira em 2017 após a queda
A área média da copa calculada foi de 181,4 m2 e a área de clareira medida de
171,7 m2, valor ligeiramente inferior. A explicação para este facto prende-se com a
existência de diversos ramos do carvalho sobre as copas das árvores envolventes,
cujos ramos se mantiveram na sua posição mesmo após a queda do carvalho.
A copa do carvalho estava delimitada pelas árvores em seu redor, lateralmente, a
este, pelo til e a norte, oeste e sul, pelo bosque de plátanos.
Com base na informação recolhida nos ortofotomapas é possível afirmar que o
carvalho estava em codominância relativamente às árvores envolventes, pelo que
todos os exemplares tinham uma altura semelhante.
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Ilustração 84. Cotas altimétricas da copa do carvalho e das árvores envolventes obtidas com base no
ortofotomapa de 2010
Ilustração 85. Excerto do varrimento topográfico 3D realizado pelo drone às copas das árvores, com indicação do
local onde se encontrava a copa do carvalho
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De seguida, procede-se a uma análise histórica da evolução da copa do carvalho
nos últimos anos, com base nos ortofotomapas, com o intuito de verificar a ocorrência
de alguma alteração ao nível da inclinação da árvore, comparando-a com as copas
das árvores envolventes.
Ilustração 86. Delimitação do polígono correspondente à copa do carvalho no ortofotomapa de 2004
Ilustração 87. Sobreposição do polígono correspondente à área da copa do carvalho no ortofotomapa de 2004
sobre o ortofotomapa de 2007
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Ilustração 88. Sobreposição do polígono correspondente à área da copa do carvalho no ortofotomapa de 2004
sobre o ortofotomapa de 2010
Ilustração 89. Sobreposição do polígono correspondente à área da copa do carvalho no ortofotomapa de 2004
sobre a imagem captada pelo drone em 2017, após a sua queda
Este tipo de análise realiza-se após a queda de árvores para determinar se estas
apresentavam uma inclinação gradual, que é possível de avaliar visualmente e,
portanto, pode ser objeto de medidas corretivas.
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Ilustração 90. Exemplo de avaliação de um Pinus pinea através de fotografias do Google para determinar se existe
inclinação histórica
No caso do carvalho, a análise histórica da evolução da copa através da
visualização dos ortofotomapas de 2004, 2007 e 2010, bem como das delimitações e
medições efetuadas sobre os mesmos, não revelaram separações entre a copa do
carvalho e as copas das árvores próximas, podendo-se concluir que não ocorreu
inclinação gradual da árvore ao longo dos últimos anos.
5.2.2 Análise da estrutura da copa
5.2.2.1 Folhas e raminhos
A estrutura de ramos e raminhos observada no carvalho é uma estrutura normal,
não apresentando uma densidade reduzida ou quaisquer ramos mortos na periferia da
copa.
É importante referir que não se encontraram evidências de dieback – sintoma que
se caracteriza pela morte progressiva dos rebentos e ramos, com início nas
extremidades e progressão para o interior e que é especialmente comum em plantas
lenhosas. Este sintoma é normalmente progressivo ao longo de vários anos e pode ter
diversas causas, nomeadamente, fraca estrutura do solo e sua drenagem, corte ou
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remoção de raízes durante obras, danos significativos do tronco ou ramos principais,
humidade excessiva no solo, entre muitas outras (ANÓNIMO, 1996).
Os raminhos apresentavam uma densidade foliar normal, com folhas de aspeto
viçoso.
Ilustração 91. Raminhos do carvalho e folhas com boa vitalidade
Ilustração 92. Raminho com boa densidade foliar
Ilustração 93. Página superior das folhas com fumagina
Algumas das folhas observadas exibiam na página superior sinais de fumagina,
causada por fungos diversos que se desenvolvem sobre meladas originadas na
sequência do ataque de insetos sugadores de seiva das plantas. Estes insetos, que
podem ser de uma multiplicidade de espécies, não foram observados nas folhas do
carvalho. As meladas podem ter origem em ataques de insetos às árvores
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envolventes. A fumagina em condições normais não afeta diretamente a planta, é
apenas superficial e confere um aspeto desagradável (RHS, 2018).
5.2.2.2 Ramos
A estrutura da copa era, basicamente, composta por uma bifurcação codominante
(bifurcação A), com os ramos principais inseridos aproximadamente a 11,5 m de altura
no tronco; um, com 56 cm de diâmetro (ramo 1); e outro, com 64 cm de diâmetro
(ramo 2), que se subdividia (bifurcação B), 1,5 m acima, em dois outros ramos, um
com 40 cm de diâmetro (ramo 2.1) e outro com 52 cm (ramo 2.2).
Ilustração 94. Reconstituição da estrutura da copa do carvalho com identificação dos ramos principais e das
bifurcações
Na estrutura de ramos secundários não foram encontradas nenhumas lesões
significativas.
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5.2.2.2.1 Lesão num ramo estrutural da copa – ramo 2.2
No ramo 2.2, foi identificada uma lesão com podridão que teve origem na
existência de um toco. A figura seguinte, realizada sobre o modelo do carvalho
reconstruído, ilustra o ponto onde se encontrava esse toco.
Ilustração 95. Reconstituição da copa do carvalho e pormenor do local com o toco do corte de um ramo
Este toco foi, provavelmente, deixado por um ramo que morreu de forma natural
(desramação natural da árvore, processo em que a mesma vai libertando os ramos
que ficam ensombrados), mas que foi cortado à poda de forma incorreta. Esse corte
de poda não foi executado o mais próximo possível do colo do ramo, pelo que não
permitiu a formação do calo de compartimentação adequado.
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Ilustração 96. Toco resultante do corte de um ramo seco
Ilustração 97. Pormenor do corte de um ramo seco
Ilustração 98. Pormenor do corte, em que é possível
constatar que este foi executado por mão humana
Considera-se que esta zona de estudo é a menos pertinente de acordo com a
avaliação, porque julgamos que a rutura teve origem na zona basal da árvore e a
rutura nesta zona, 1,5 m acima da bifurcação codominante (bifurcação A), ponto onde
se dividia em dois grandes ramos (bifurcação B), deu-se com o impacto no solo. O
estudo seria apenas pertinente tendo em consideração dois aspetos. Primeiro, o da
capacidade mecânica desta zona, de difícil avaliação, poder servir de referência
relativamente à capacidade de carga da secção da base. Segundo, a rutura na zona
da bifurcação B, associada à queda e posterior a esta, poder implicar que se a força
que gerou a rutura foi uma carga na copa, então este era o ponto que devia ter
recebido esse incremento de carga e devia ter quebrado em primeiro lugar, já que
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estava em piores condições mecânicas. Portanto, pode-se diferir a partir deste facto
que o incremento de força poderia não ter tido origem na copa.
5.2.2.2.1.1 Análise da secção no ponto da lesão
Uma vez identificada a lesão, procedeu-se ao estudo exaustivo da secção na
parte afetada.
Ilustração 99. Reconstituição da zona da bifurcação A e da bifurcação B
A estrutura da árvore nesta zona da bifurcação A era composta por dois eixos a
partir dos quais saíam um eixo mais baixo, sem defeito (ramo 1), situado a norte; e
outro eixo mais alto (ramo 2), situado a sul, que se bifurcava (bifurcação B) em dois
ramos com um defeito na base (ramo 2.1 e ramo 2.2), que saíam do mesmo ponto.
2.1
2.2
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Ilustração 100. Zona da bifurcação A com identificação dos dois ramos principais
Ilustração 101. Pormenor onde se observam o ramo 1 e
a base da rutura nos ramos 2.1. e 2.2 (bifurcação B)
Ilustração 102. Pormenor da base da rutura nos ramos
2.1 e 2.2 (bifurcação B)
Ilustração 103. Zona com defeito onde se inseriam os ramos 2.1 e 2.2 (bifurcação B) – vista lateral 1
1
2
2.2
1 2.2
2.1
2.2
2.1
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Ilustração 104. Zona com defeito onde se inseriam os ramos 2.1 e 2.2 (bifurcação B) – vista de topo
Ilustração 105. Zona com defeito onde se inseriam os ramos 2.1 e 2.2 (bifurcação B) – vista lateral 2
A zona da bifurcação B que suportava os ramos 2.1 e 2.2 tinha uma parede
residual baixa, devido à ação causada por Laetiporus sulphureus, um fungo que
habitualmente afeta o cerne da espécie Quercus robur e pode causar ruturas em
elementos estruturais em árvores com baixo crescimento. As imagens abaixo mostram
a secção do ramo por baixo da bifurcação B, onde se pode observar a alteração dos
tecidos do cerne da madeira.
2.2
2.2
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Ilustração 106. Secção do ramo por baixo da bifurcação
B, com alteração interna da madeira
Ilustração 107. Secção do ramo por baixo da bifurcação
B, com delimitação da zona interna alterada
5.2.2.2.1.2 Inspeção instrumental da lesão
Na análise das lesões do ramo 2 foi utilizado o aparelho IML PowerDrill 500. Nos
resistogramas realizados com este aparelho são registadas duas curvas, em que a
curva de cor verde indica a resistência apresentada pela madeira à perfuração,
enquanto a de cor azul dá informação sobre a energia despendida pelo aparelho para
manter constante a velocidade de penetração da agulha.
5.2.2.2.1.2.1 Inspeção 8 – ramo 2.2 acima da rutura
Esta inspeção instrumental foi efetuada no ramo 2.2, na parte acima da rutura.
Ilustração 108. Indicação do ponto da inspeção 8
Ilustração 109. Detalhe da orientação da inspeção 8
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Ilustração 110. Resistograma da inspeção 8 – base do eixo central acima da rutura
Nesta zona, o ramo apresenta uma degradação central do lenho com uma parede
residual entre 22 e 6-8 cm.
5.2.2.2.1.2.2 Inspeções 9, 10 e 11 – zona de inserção dos ramos
2.1 e 2.2 (bifurcação B)
Ilustração 111. Indicação dos pontos das inspeções 9 e 10
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Ilustração 112. Resistograma da inspeção 9 – zona de inserção dos ramos 2.1 e 2.2
Ilustração 113. Resistograma da inspeção 10 – zona da bifurcação dos ramos 2.1 e 2.2
Esta é uma zona de rutura gerada pelo impacto do ramo no solo, com uma parede
residual de 23 cm e um diâmetro aproximado de 55-60 cm. A zona de madeira em
bom estado mecânico apresenta inícios de degradação em dois pontos.
Ilustração 114. Indicação do ponto da inspeção 11
Ilustração 115. Detalhe da orientação da inspeção 11
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Ilustração 116. Resistograma da inspeção 11 – zona da bifurcação dos ramos 2.1 e 2.2
Esta é uma zona de rutura gerada pelo impacto dos ramos no solo, com uma
parede residual de 6 cm e um diâmetro aproximado de 50-55 cm na zona sem
ramificação e de 70 cm no ponto de onde saem os ramos.
5.2.2.2.1.3 Cálculo da capacidade de carga da secção menor
encontrada nesta zona
Estimando um diâmetro de 70 cm e uma parede residual de 8 cm (média obtida
de valores que oscilam entre 2 cm e 22 cm), obtém-se que a capacidade de carga
remanescente na zona de inserção dos ramos seria de 48 % (calculado através do
programa ArboStAppTM, específico para árvores).
Ilustração 117. Capacidade carga remanescente no local da lesão
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5.3 Tronco da árvore
O tronco da árvore apresenta uma ligeira inclinação na zona da base e depois
desenvolve-se praticamente a direito, medindo 11,5 m desde a zona do colo
imediatamente em contacto com a parte superior do solo, até ao local onde se bifurca
em dois ramos principais – bifurcação codominante (bifurcação A).
Foi efetuada uma observação visual cuidada de todo o tronco e verificou-se que
este se encontrava totalmente são em toda a sua extensão, apresentando apenas, na
parte superior, uma lesão relacionada com o corte de um ramo antigo, de 15 cm de
diâmetro. A provável causa desta lesão pode ser um processo de desramação natural
da árvore, em que o ramo, devido ao forte ensombramento, terá secado e sido
posteriormente removido através de uma operação de poda, uma vez que apresenta
um corte liso corretamente executado.
Ilustração 118 Ferida no tronco de corte de um ramo
Ao nível da bifurcação codominante (bifurcação A), ou seja, da zona de inserção
dos grandes ramos, observa-se uma grande população de plantas epífitas – plantas
em relação comensal, que acontece entre duas espécies diferentes que vivem
associadas e da qual resulta o benefício de uma espécie sem afetar a outra ou a
favorecer. Estas plantas epífitas não têm qualquer contacto com o solo e usam o
carvalho apenas como apoio, sem dele retirarem nutrientes. A espécie da população
epífita existente é um feto, provavelmente do género Polypodium.
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Ilustração 119. Zona da bifurcação A com plantas epífitas
– fetos provavelmente do género Polypodium sp.
Ilustração 120. Pormenor do tronco com rizomas dos
fetos – provavelmente do género Polypodium sp.
No tronco, encontraram-se, também, marcas recentes no ritidoma, relacionadas
com o roçamento num cabo de aço durante o momento da queda. Este cabo de aço
estava fixo ao til (Ocotea foetens) n.º 1, a nascente, e constituía, a par de outro cabo
de aço ainda existente, o sistema de ancoragem do plátano (Platanus x hispanica) n.º
7 do Largo da Fonte.
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Ilustração 121. Planta com a localização e numeração das árvores na envolvente do carvalho
5.3.1 Avaliação instrumental do tronco
Na inspeção visual ao tronco da árvore não foi encontrado qualquer defeito que
justificasse avaliação posterior, no entanto, entendeu-se proceder à recolha de dados
relativos à resistência da madeira. Com recurso ao aparelho IML RESI F500 S foram
efetuadas leituras em diferentes secções da árvore a caracterizar. Devido ao grande
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diâmetro do tronco, em cada secção, foram efetuadas quatro leituras, uma em cada
face do tronco.
Ilustração 122. Indicação das secções do tronco que foram avaliadas instrumentalmente
Ilustração 123. Perfuração da secção 1 do tronco com o
aparelho IML RESI F500 S – lado sul
Ilustração 124. Pormenor da perfuração com o
aparelho IML RESI F500 S
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5.3.1.1 Secção 1
Ilustração 125. Ilustração da secção 1 com indicação dos resistogramas
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Tabela 8. Registos da análise ao resistogramas da secção 1
Secção 1 Diâmetro (m) Raio - R (m) Espessura da parede residual – t (m) t / R
Nascente-poente (A-C) 0,97 0,485 0,485 1,00
Norte-sul (B-D) 0,97 0,485 0,485 1,00
Nascente-poente (sentido A – B)
Ilustração 126. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 1 – nascente-poente
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Norte-sul (sentido B – D)
Ilustração 127. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 1 – norte-sul
Da análise destes dados conclui-se que a secção 1 do tronco se encontrava integralmente sã.
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5.3.1.2 Secção 2
Ilustração 128. Ilustração da secção 2 com indicação dos resistogramas
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Tabela 9. Registos da análise ao resistogramas da secção 2
Secção 2 Diâmetro (m) Raio - R (m) Espessura da parede residual – t (m) t / R
Nascente-poente (A-C) 0,83 0,415 0,415 1,00
Norte-sul (B-D) 0,83 0,415 0,415 1,00
Nascente-poente (sentido A – C)
Ilustração 129. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 2 – nascente-poente
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Norte-sul (sentido B – D)
Ilustração 130. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 2 – norte-sul
Da análise destes dados conclui-se que a secção 2 do tronco se encontrava integralmente sã.
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5.3.1.3 Secção 3
Ilustração 131. Ilustração da secção 3 com indicação dos resistogramas
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Tabela 10. Registos da análise ao resistogramas da secção 3
Secção 3 Diâmetro (m) Raio - R (m) Espessura da parede residual – t (m) t / R
Nascente-poente (A-C) 0,78 0,390 0,390 1,00
Norte-sul (B-D) 0,78 0,390 0,390 1,00
Nascente-poente (sentido A – C)
Ilustração 132. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 3 – nascente-poente
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Norte-sul (sentido B – D)
Ilustração 133. Resistogramas da inspeção do tronco na secção 3 – norte-sul
Da análise destes dados conclui-se que a secção 3 do tronco (identificada com o número 4 nos resistogramas) se encontrava
integralmente sã.
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5.3.2 Tronco do carvalho e os cabos de aço
Relativamente às questões que se colocaram sobre a presença de cabos de aço
eventualmente fixos ao carvalho, temos a esclarecer que, em momento algum, os
cabos existentes no espaço estiveram presos ao exemplar. Efetivamente, o plátano n.º
7 existente no Largo da Fonte estava cablado com dois cabos de aço, colocados no
passado para responder a um defeito no tronco, uma fissura.
Ilustração 134. Modelo 3D do carvalho e das árvores envolventes, com indicação do sistema de cabos que
permitiam o suporte do plátano n.º 7
A estrutura de amarração era constituída por dois cabos de aço de 12 mm de
diâmetro, fixos a 13,10 m do solo no tronco do plátano n.º 7. O cabo n.º 1, com 47 m,
estava fixo a um outro plátano, situado a norte na encosta e que ainda se encontra
intacto no local; e o cabo n.º 2, com 34 m, que fixava o plátano n.º 7 ao til n.º 1, a
nascente, próximo do carvalho. Este último cabo foi atingido pelo carvalho durante a
queda, tendo roçado ao longo do ritidoma do tronco, até que não resistiu, e quando
quebrou, a 11,51 m do plátano n.º 7, devido ao efeito elástico, emaranhou-se no
tronco e na vegetação envolvente.
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Ilustração 135. Plátano n.º 7 cablado no Largo da Fonte
Ilustração 136. Plátano a norte, onde está fixado o cabo
n.º 1
Ilustração 137. Ritidoma do carvalho com marcas de
roçamento do cabo n.º 2
Ilustração 138. Pormenor do local onde partiu o cabo
n.º 2
Ilustração 139. Ritidoma do til ferido, onde estava
fixado o cabo n.º 2
Ilustração 140. Pneus que protegiam o ritidoma do til
do contacto com o cabo n.º 2
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5.4 Análise da base da árvore
O estudo do tronco e dos restos de elementos vegetais íntegros conservados
permite realizar uma avaliação sobre as evidências visuais e os defeitos mecânicos
que a árvore apresentava antes de cair.
Tal como se indicou anteriormente, a avaliação específica para a deteção do risco
das árvores realizou-se através da avaliação visual que o método VTA descreve. Este
método permite associar os defeitos internos que a árvore tem com as características
da madeira periférica (exterior) dos ramos e do tronco, e, quando visíveis, do colo e
das raízes.
O método VTA tem validade sempre que a árvore tenha vitalidade e possa gerar
as estruturas de compensação do defeito. Trata-se, pois, de um método indireto que
avalia o tipo de reação no crescimento da madeira, em função da perda da capacidade
mecânica que um ponto ou zona pode ter, permitindo a tipologia da reação reconhecer
o tipo de defeito que a árvore esconde.
Este método descreve que:
A árvore compensa as perdas mecânicas mediante o crescimento da madeira
de reação. A tipologia, dimensão e posição da madeira de reação permite
conhecer que tipo de defeito apresenta a árvore.
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Ilustração 141. Ilustração dos defeitos encontrados nas árvores e sintomas reparadores (MATTHECK, 2007)
Não há madeira de reação quando a árvore não tem vitalidade (energia)
suficiente para a produzir, ou porque não há défice mecânico real, isto é, a
madeira sã ou ativa mecanicamente é adequada para as cargas que suporta.
Foi verificado, através do estudo dendrocronológico, que embora não tendo uma
vitalidade muito alta, a árvore apresentava um crescimento da área anelar nos últimos
anos, e, portanto, pode-se considerar um incremento da vitalidade.
Por sua vez, o estudo da superfície foliar (projeção de copa), baseado na
informação dos ortofotomapas anteriormente analisados, permitiu avaliar a superfície
foliar em cerca de 181,4 m2, uma superfície que entendemos ser suficiente para
garantir uma atividade fotossintética suficiente que sustente a vitalidade.
5.4.1 Geometria da base
A geometria da parte basal da árvore não podia ser totalmente avaliada
visualmente sem retirar parte da terra que a cobria. O sistema radicular estava
totalmente oculto, tanto na parte da compressão, como na parte da tração.
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Ilustração 142. Parte radicular da árvore
Na imagem anterior, observa-se que a parte visível da base da árvore não
apresentava nenhuma anomalia. A linha amarela delimita a zona basal que se
encontrava enterrada antes da queda da árvore, e permite afirmar que não existia
nenhum sintoma visível que fizesse supor que a árvore tivesse defeitos mecânicos.
A limpeza de parte da zona enterrada também não ofereceu mais dados sobre a
mecânica da árvore, uma vez que esta:
Apresentava cordões radiculares de compressão evidentes e em bom estado;
Estes cordões não exibiam deformações por excesso de peso, podridões
internas, etc.;
Os cordões não apresentavam alterações na geometria que pudessem levar a
considerar defeitos mecânicos.
A análise do tronco na zona de compressão mostra um sistema radicular sem
alterações e com alguma normalidade, número elevado de contrafortes claros e
definidos (entre 5 e 7), com crescimento de compensação normal na união com o
tronco.
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Ilustração 143. Zona de compressão onde se observa um número elevado de contrafortes
O único elemento peculiar do exemplar caído é que, mesmo apresentando os
contrafortes de qualquer árvore, estes tinham dimensões inferiores ao que seria
expectável para um exemplar com as suas características.
A avaliação das causas da presença de contrafortes de dimensões inferiores às
esperadas parece um aspeto fundamental na descrição das causas da queda do
exemplar.
Ilustração 144. Desenvolvimento expectável dos contrafortes
Os contrafortes são claramente menores do que os encontrados na maior parte
das árvores nestas circunstâncias, evidenciados na foto anterior. Os motivos de esta
menor dimensão estariam seguramente associados a:
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Incapacidade das raízes de se desenvolverem de modo normal no talude, uma
vez que na frente da zona de compressão se encontrava um muro de,
aproximadamente, 2 m de altura, que impedia as raízes de se desenvolverem
na direção adequada para minimizar o momento da força através dos esforços
de compressão.
Uma boa ligação na zona de tração, o que facilitou uma ótima conexão
mecânica e equilibrou os defeitos de compensação da anomalia em
compressão.
A relativa riqueza climática da zona, que geralmente origina sistemas
radiculares com uma dimensão algo menor do que em zonas de maior stresse
ambiental – stresse hídrico.
Quaisquer que sejam as razões exatas e em que percentagens podem ter
colaborado nesta anomalia nas dimensões dos contrafortes, não são tão importantes
como o facto de que estas raízes tinham uma dimensão mais reduzida do que o
habitual.
As fotos abaixo mostram essa menor dimensão radicular, facilmente
compreensível se compararmos com a foto acima, correspondente a uma árvore em
circunstâncias similares.
Ilustração 145. Sistema radicular na zona de
compressão, com menor dimensão do que numa
situação normal
Ilustração 146. Vista lateral do sistema radicular na
zona de compressão, com menor dimensão do que
numa situação normal
A análise da geometria radicular de compressão e tração, apresentada de
seguida, mostra que as raízes tinham um desenvolvimento lateral – perpendicular à
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inclinação, superior ao das raízes na direção da inclinação. Contudo, deveria ter
sucedido exatamente o oposto, uma vez que o crescimento de reação gera mais
madeira nas direções onde é maior o stresse mecânico.
Este é um facto amplamente aferido e descrito. Na imagem seguinte à direita,
mostra-se o crescimento diferencial num sistema radicular jovem associado a stresse
mecânico gerado por ação do vento (STOKES, 1994; NICOLL E DUNCAN, 1996), e à
esquerda, ilustra-se a posição relativa das raízes em função do vento e do centro de
cargas.
Ilustração 147. Crescimento diferencial no sistema
radicular jovem associado a stresse mecânico gerado
pelo vento
Ilustração 148. Posição relativa das raizes em função do
vento e do centro de cargas
O estudo da geometria radicular foi realizado com base na análise da parte do
sistema radicular que caiu com o tronco previamente limpa.
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Ilustração 149. Base do carvalho já limpa
Ilustração 150. Delimitação da secção radicular do
carvalho
A rutura pode ter modificado, em parte, a geometria radicular, no entanto, uma
análise da capacidade de carga da secção obtida mostra que esta é de apenas 20 %
na direção da queda, face aos 100 % que se obteria no sentido perpendicular à
mesma e que se pode observar na imagem seguinte.
Ilustração 151. Cálculo da capacidade de carga da secção obtida com a aplicação A oMe h™ da Rinntech®
(olho: imagem girada)
Se a análise se realizar considerando apenas as raízes e não toda a zona
arrancada, a diferença é menos dramática, mas continua a ser muito significativa, pois
é de 34 %.
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Ilustração 152. Dekimitação das raízes na secção do carvalho
Ilustração 153. Cálculo da capacidade de carga da
secção
Este tipo de anomalias não faz supor um defeito por si só, pois surgem em
momentos de incremento do stresse mecânico, por exemplo, devido a golpes de
vento, desadaptação, etc., embora esta menor dimensão no sentido da queda tenha
sido importante para a sua ocorrência, não foi o motivo do fracasso estrutural. As
causas apresentadas para explicar a menor dimensão das raízes de compressão são
as duas primeiras: as condições do terreno pouco adequadas e a “eficácia” das raízes
de tração.
Esta eficácia das raízes de tração não foi suficiente, uma vez que estimamos que
a rutura primária ocorreu nas raízes de tração por uma sobrecarga de peso.
Ilustração 154. Delimitação das zonas de raiz de tração
que rompeu e causou a queda da árvore na parte do
sistema radicular que caiu com o tronco
Ilustração 155. Delimitação das zonas de raiz de tração
que rompeu e causou a queda da árvore na parte do
sistema radicular que ficou no solo
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As zonas delimitadas a amarelo mostram as raízes de tração que quebraram e
causaram a queda do exemplar, tanto na parte do sistema radicular que ficou no solo,
na imagem à esquerda, como na parte do sistema radicular que ficou no solo, na
imagem à direita.
5.4.2 Estado mecânico da madeira da base
Do ponto de vista externo, nesta zona, a árvore não apresentava nenhum sintoma
reparador de podridão. Este facto é lógico, uma vez que a perda de secção de um
cilindro desde o centro não é relevante antes de os valores serem inferiores a 33 % do
raio.
De acordo com MATTHECK (2007), a frequência de fratura de árvores ocas
aumenta rapidamente quando a podridão (cavidade) ultrapassa 70 % do raio da árvore
(Ri/R < 0,3). Portanto, as árvores não costumam mostrar nenhum tipo de reação a
defeitos se não atingirem esse valor.
Ilustração 156. Diagrama de fratura do VTA (MATTHECK, 2007)
No gráfico abaixo, é apresentada a resistência remanescente de uma secção
descrita por Mattheck nos anos 90, uma característica de todos os perfis ocos e não
apenas da estrutura dos troncos.
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Ilustração 157. Resistência remanescente de uma secção em função do raio
Para o nosso caso de estudo, com um diâmetro a 1,30 m de 91 cm medido
debaixo da casca, uma podridão associada podia iniciar aos 35 cm, no máximo (ver
ponto seguinte avaliação dos perfis resistográficos), e a perda de força da secção
estaria próxima de 0 %.
Os dados obtidos na zona basal da qualidade da madeira em zonas mais baixas
mostram uma podridão mínima que origina capacidades mecânicas idênticas à da
secção inteira.
5.4.2.1 Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira
da base
Realizou-se uma avaliação do estado interno da madeira na base, que incidiu em
três níveis distintos.
Tabela 11. Níveis de avaliação do estado interno da madeira
Nível Local da avaliação
3 A 1,3 m de altura (coincidindo com as raízes de tração)
2 Na zona de início das raízes de compressão
1
1.1
1.2
Nas mesmas raízes de compressão
Obtido da parte do tronco que caiu no solo
Obtido da parte radicular que ficou no terreno
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0102030405060708090100
% r
esi
stê
en
cia
rem
ane
sce
nte
% parede residual (sobre o raio)
Mat
thec
k
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5.4.2.1.2 Nível 3 – a 1,3 m de altura
Ilustração 158. Nível 3 – Local de avaliação com o aparelho IML PowerDrill 500 no nível 3
Ilustração 159. Posição das inspeções (direção perpendicular à superfície): 1 – raiz de tração partida, 2 – cordão
radicular ligado à raiz de tração, 4 – lateral este no cordão radicular, ponto ligeiramente enterrado
2 1
4
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Ilustração 160. Posição das inspeções (direção perpendicular à superfície): entre cordões radiculares na zona
enterrada
Ilustração 161. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 3, resistograma 1
Ilustração 162. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 3, resistograma 2
3
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Ilustração 163. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 3, resistograma 3
Ilustração 164. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 3, resistograma 4
O estudo da qualidade relativa da madeira nesta secção mostra que a árvore tinha
capacidade mecânica suficiente.
A parede residual menor de madeira sã obtida nesta zona foi de 35 cm, sobre um
raio de 45,5 cm (diâmetro de 91 cm), portanto, uma secção sã de 76 % o que não
supõe nenhuma perda da capacidade de carga.
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Ilustração 165. Resistência remanescente de uma secção em função do raio, com indicação dos valores obtidos
para o carvalho (linha verde)
5.4.2.1.3 Nível 2 – Zona de início das raízes de compressão
Ilustração 166. Posição das inspeções 12, 13 e 14 (direção perpendicular à superfície), na zona de início das raizes
de compressão
100%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
05
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
10
0
% r
esi
stê
nci
a re
man
esn
te
% parede residual (sobre o raio) M
atth
eck
Perda moderada / elevada de
capacidade de carga
Perda baixa da capacidade de
carga
Sem perda de capacidade de
carga
13
12
14
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Ilustração 167. Posição da inspeção 15 (direção perpendicular à superfície), na zona de início das raizes de
compressão
Resistogramas 12 a 15
Ilustração 168. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 2, resistograma 12
15
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Ilustração 169. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 2, resistograma 13
Ilustração 170. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 2, resistograma 14
Ilustração 171. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira da base – nível 2, resistograma 15
Cerca de 40-50 cm acima de rutura (nível 1, raízes), a secção avaliada não
mostra nenhuma perda de secção.
O diâmetro neste ponto é algo maior, 97,5 cm, mas a parede residual menor
obtida é de 44 cm, portanto, a este nível não haveria nenhuma perda da capacidade
de carga.
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5.4.2.1.4 Nível 1 – Nas mesmas raízes de compressão
5.4.2.1.4.1 Nível 1.1 – Obtido da parte do tronco que caiu no
solo
Ilustração 172. Posição das inspeções 16 a 19 na zona das raizes de compressão
Resistograma 16 – raiz 1 (centro)
Ilustração 173. Pormenor da posição das inspeção 16
Ilustração 174. Medição do diâmetro da raiz 1 (centro)
19
16
17 18
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Ilustração 175. Pormenor da medição do diâmetro da raiz 1 (centro)
Diâmetro aproximado da raiz 1 – 16-20 cm.
A avaliação visual não mostra podridão associada à raiz 1.
Ilustração 176. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira nas raízes de compressão – raiz 1 (centro),
resistograma 16
A raiz 1 encontra-se integralmente sã.
Resistograma 17 – raiz 2 (centro)
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Ilustração 177. Pormenor da posição das inspeção17
Ilustração 178. Medição do diâmetro da raiz 2 (centro)
Diâmetro aproximado da raiz 2 – 20 cm.
A parte interior da raiz 2 estaria associada à podridão central.
Ilustração 179. Avaliação visual da raiz 2
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Ilustração 180. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira nas raízes de compressão – raiz 2 (centro), resistograma 17
A raiz apresenta uma fissura devida à queda e a parte interior a partir dos 20 cm
pode apresentar cavidade ou podridão (seta vermelha).
Resistograma 18 – raiz 3 (lateral norte)
Ilustração 181. Pormenor da posição das inspeção 18
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Ilustração 182. Medição 1 do diâmetro da raiz 3
(lateral norte)
Ilustração 183. Medição 2 do diâmetro da raiz 3 (lateral
norte)
Diâmetro aproximado da raiz 3 – 25 cm.
Não há podridão importante associada à raiz 3.
Ilustração 184. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira nas raízes de compressão – raiz 3 (lateral
norte), resistograma 18
A avaliação realizada indica que a maioria da secção da raiz 3 estava em bom
estado mecânico, apresentando uma pequena podridão no centro, sem repercussões
na estabilidade mecânica.
Resistograma 19 – raiz 4 (lateral sul)
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Ilustração 185. Pormenor da posição das inspeção 19
Ilustração 186. Pormenor da medição do diâmetro da
raiz 4 (lateral sul)
Ilustração 187. Medição do diâmetro da raiz 4 (lateral sul)
Diâmetro aproximado da raiz 4 – 25 cm
A avaliação visual não mostra podridão associada à raiz 4.
Ilustração 188. Avaliação instrumental do estado mecânico da madeira nas raízes de compressão – raiz 4 (lateral
sul), resistograma 19
Toda a raiz 4 se encontrava em bom estado.
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5.4.2.1.4.2 Nível 1.2 – Obtido da parte do sistema radicular que
ficou no solo
A análise desta zona com o aparelho IML PowerDrill 500 não aporta muita
informação devido a esta estar muito fissurada pela rutura. Na parte do sistema
radicular que ficou no solo não se observou podridão nas raízes e a única zona
deteriorada era a zona central, coincidente com a zona central da parte do sistema
radicular que caiu com o tronco.
Ilustração 189. Imagem da parte dos sistema radicular que ficou no solo, com a marcação aproximada da zona
central onde a madeira estava deteriorada
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5.4.2.2 O estado da qualidade da madeira da base
Do estudo resistográfico e visual das distintas zonas avaliadas conclui-se que:
O tronco apresentava uma pequena zona com podridão interior de forma
cónica.
Esta podridão não supunha um “defeito”, faz parte da evolução natural e
normal de um sistema radicular desta espécie e, em geral, da maioria das
folhosas, como descreveremos mais à frente.
Ilustração 190. Exemplo de sistema radicular de uma folhosa com zona central apodrecida
A perda de força causada por estes defeitos é largamente compensada de
maneira extraordinariamente eficaz pela criação de tecidos novos na zona
periférica do tronco, com uma eficiência mecânica muito mais alta por razões
de geometria e momento.
O principal argumento para descartar que a podridão terá tido uma
participação significativa é a ausência na própria árvore de madeira de reação
surgida para compensar o defeito.
Através desta análise, desenvolveu-se uma zona de rutura que poderia ter uma
determinada geometria e qualidade de madeira.
Partindo desta secção irregular:
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Ilustração 191. Secção irregular do sistema radicular
Ilustração 192. Base do sistema radicular que partiu e trabalhava sob compressão, sendo usada pela árvore para
se apoiar no terreno
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Ilustração 193. Base do sistema radicular que trabalhava em tração, sendo usada pela árvore para se fixar ao
terreno, como um sistema de cabos
De seguida, apresenta-se um esquema do padrão de podridão/deterioração obtido
para ambos os casos.
Ilustração 194. Sistema radicular do carvalho – secção útil à compressão e zona deteriorada
Com base nesta informação, procedeu-se, posteriormente, ao estudo da perda da
capacidade de carga à compressão da secção associada à podridão.
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Ilustração 195. Cálculo da diminuição da capcacidade da secção
Da análise da imagem, conclui-se que a perda de força seria de 3 % da
capacidade total da secção.
Ilustração 196. Secção útil à tração e compressão que (raizes quebradas) e zona deteriorada do sistema radicular
Com base neste dados, fez-se o estudo da capacidade de carga das raízes
quebradas da secção, tendo em conta a perda de força associada à podridão.
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Ilustração 197. Perda máxima de força associada à secção
A perda de força máxima associada à secção tendo em conta a zona
apodrecida/deteriorada seria de cerca de 10 %.
Como epílogo do estudo da secção da zona basal podemos afirmar que:
A secção mostrou ter perdas de capacidade de carga muito reduzidas quando
se avaliou a secção completa, mesmo no caso de lhe serem retiradas aquelas
zonas que estavam deterioradas.
Supõe-se que nem mesmo essas perdas poderiam ser reais, uma vez que a
árvore atua reactivamente, reforçando a secção na periferia. Para um diâmetro
de 100 cm, um incremento periférico de 5 cm de diâmetro equivaleria à perda
de um cilindro de 68 cm.
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Tabela 12. Análise comparativa das perdas de secção dos sistema radicular
5.4.3 Síntese sobre a análise biomecânica ao sistema basal da
árvore
A análise ao sistema basal da árvore foi efetuada, como nos pontos anteriores
demonstrados, com grande detalhe e versou sobre uma multiplicidade de fatores,
tendo incidido sobre as duas partes – a parte do sistema radicular que caiu com o
tronco e a parte do sistema radicular que ficou no solo.
Na parte do sistema radicular que cai com o tronco identificam-se áreas com
características distintas e com um desempenho biomecânico diferenciado.
Ilustração 198. Parte do sistema radicular que caiu com o tronco
Diâmetro
exterior
Parede
residual Raio
Diâmetro
interior
Resistência
à
deformação
da cavidade
Resistência
do sólido %
100 50 50 0 4.908.750 4.908.750 100%
Diâmetro comparado
Diâmetro
exterior
Parede
residual Raio
Diâmetro
interior
Resistência
à
deformação
da cavidade
Resistência
do sólido %
105 18,5 52,5 68 4.917.058 5.966.616 82%
Comparação de % entre secções 100 % 122 %
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5.4.3.1 Zona sul
Na zona sul do sistema radicular, a tipologia de suporte biomecânico desenvolvida
pela árvore foi fortemente influenciada pelas características do solo que encontrou. O
local rochoso subjacente não foi favorável à penetração radicular e a árvore, ao
encontrar um bom apoio mecânico, simplesmente desenvolveu uma base aplanada
ampla com madeira de reação sobre o material rochoso basáltico. Observam-se
mesmo blocos rochosos embutidos na madeira de reação, na continuidade dos que
ficaram no solo, que foram transportados conjuntamente com esta “sapata” de apoio.
Nesta base de apoio, a árvore apenas desenvolveu na periferia algumas raízes
laterais pequenas, com funções essencialmente de absorção.
Ilustração 199. Solo rochoso onde se desenvolvia o
carvalho
Ilustração 200. Sapata de madeira de reação que
estava assente sobre a zona rochosa
5.4.3.2 Zona central
Na parte central basal, que corresponde à raiz pivotante inicial, identifica-se uma
pequena zona com podridão.
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Ilustração 201. Parte central da zona basal com
podridão – imagem 1
Ilustração 202. Parte central da zona basal com
podridão – imagem 2
Esta pequena podridão, de forma cónica, é um processo perfeitamente normal na
espécie, e, de uma forma geral, nas árvores folhosas com o avançar da idade. Esta
afirmação é corroborada por RAIMBAULT (1991), pois indica que “…a morfologia da
maior parte das espécies passa, ao longo do desenvolvimento da árvore, por etapas
comuns.
O eixo central da raiz é inicialmente dominante, se existente (ilustração 203 a).
O eixo central da raiz ramifica-se na extremidade ou fica curvado.
Um sistema radicular horizontal e oblíquo, fasciculado, resultante da base do
eixo principal da raiz, desenvolve-se em concorrência com este (ilustração 203
c).
Sobre todas as estruturas horizontais e oblíquas surgem ou reforçam-se as
raízes verticais ou de direção de crescimento próxima da vertical (ilustração
203 d).
O eixo central da raiz perde importância ou morre.
As estruturas horizontais iniciais e verticais reforçam-se em detrimento das
estruturas oblíquas e secundárias (ilustração 203 f).
A senescência do sistema radicular começa pela morte das extremidades
profundas das raízes verticais” (ilustração 204).
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Ilustração 203. Quatro estádios do sistema radicular de Quercus (RAIMBAULT, 1991)
A uma determinada idade fisiológica (a idade cronológica correspondente varia com
a espécie e as condições pedo-climáticas), a renovação da estrutura secundária, logo,
do sistema radicular, abranda e depois cessa. Anteriormente a esta fase, os
contrafortes começaram a constituir-se entre a base do tronco e as raízes verticais
centrais. Depois, o eixo central (se ainda não estive morto) e as raízes pivotantes mais
centrais ou as mais profundas morrem a partir da sua extremidade. A necrose atinge
frequentemente o centro das toco e a parte inferior das raízes principais horizontais.
Certas espécies (Quercus rubra L.) iniciam a morte neste momento (ilustração 204 a).
Noutras espécies (Quercus robur L., Q. petraea Liebl.), a constituição dos
contrafortes é acelerada. O contraforte pode emitir raízes verticais vigorosas de ambos
os lados do centro necrosado. O sistema radicular periférico morre parcialmente na
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extremidade (ilustração 204 b). Debaixo da casca desenham-se, então,
frequentemente, colunas, cada uma relacionada com 2 ou 3 raízes verticais. Estas
raízes verticais recentemente formadas reforçam-se, atingindo novamente a
profundidade de enraizamento máximo e cada uma tem relação com 2 ou 3 colunas
do tronco (ilustração 204 c-d). Se ambos os lados se encontrarem ocos, a zona
cambial emite para o interior raízes aéreas que, através do húmus do cepo, se
enraízam no solo. Podemos, assim, falar de uma estrutura reiterativa total da árvore.”
(RAIMBAULT, 1991).
Ilustração 204. Senescência do sistema radicular de Quercus L. (RAIMBAULT, 1991)
O carvalho em questão estaria na etapa em que “O eixo central da raiz perde
importância ou morre.” (RAIMBAULT, 1991). Como referido no ponto 5.1, a análise
detalhada de todas as características morfológicas do carvalho, quer ao nível da parte
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aérea, quer ao nível da parte radicular, colocam-no no estádio de desenvolvimento 7 –
fase de estabilização. No que concerne especificamente ao estádio de
desenvolvimento radicular, o carvalho apresentava todas as particularidades
morfológicas normais a uma árvore no Estádio G (ver tabela 7).
No ponto 5.3.2.1.2, indicou-se que esta podridão abrangeu uma pequena área
nesta secção. A parede residual menor de madeira sã medida foi de 35 cm, sobre um
raio de 45,5 cm (diâmetro de 91 cm), portanto, uma secção sã de 76 %. No entanto,
como o fracasso de árvores aumenta rapidamente quando a secção de madeira sã é
inferior a 30 %, não supõe nenhuma perda da capacidade significativa de carga neste
ponto da árvore. A carga da secção com a cavidade central detetada foi de 90 a 97 %
da capacidade de carga da secção se esta não apresentasse a cavidade (dados
obtidos mediante a utilização do programa ArboStAppTM, específico para árvores, para
cálculo da capacidade de carga de uma secção danificada das árvores).
Também é de referir que a pequena podridão da parte central da raiz não teve uma
participação significativa na queda do carvalho, uma vez que não existia qualquer
perda da capacidade de carga da zona basal. Este aspeto é ainda corroborado pelo
facto de não existir nenhum sintoma reparador como resposta da árvore para
compensar esse defeito – deposição de madeira de reação (ilustração 141).
5.4.3.3 Zona norte
Na zona norte, encontra-se um conjunto significativo de raízes de dimensões
consideráveis num posicionamento vertical, que tinham continuidade no solo, mas que
se encontravam todas desfibradas por arrancamento. Estas raízes que se
encontravam em toda a zona periférica tinham uma função importante de fixação ao
solo e estavam sãs. O quadro sintomatológico que apresentam, com rachaduras,
indicia que as mesmas foram sujeitas a um esforço de tração contínuo que as levou à
rutura por fratura dúctil com desfibramento.
5.4.3.4 Zona nascente
Na zona nascente, o sistema radicular resumia-se a uma grande raiz de tração que
funcionava como a grande “espia” fundamental no suporte desta folhosa. Por analogia
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com a anatomia humana, podemos dizer que esta raiz de fixação era, em termos de
resistência, o “tendão de Aquiles” do carvalho.
Ilustração 205. Grande raiz de tração do carvalho
A raiz apresentava uma fratura frágil, com deformação plástica muito pequena, o
que indiciava um sobre esforço mecânico de tração que levou a uma rutura repentina.
A rutura tem um aspeto de “fratura cerâmica”, com uma deformação plástica muito
pequena no material adjacente, e ocorreu em dois planos paralelos a níveis distintos,
clivando numa zona central da raiz.
Ilustração 206. Fratura frágil da raiz de tração, com
aspeto de f atu a e â i a
Ilustração 207. Clivagem numa zona central da raiz que
se deu em dois planos paralelos
Na raiz de tração, observa-se uma estrutura em madeira de reação devida à
fricção da mesma com a raiz do til, que estava encostada.
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Ilustração 208. Raiz de tração com madeira de reação
observada no carvalho
Ilustração 209. Pormenor da raiz do til que estava
encostada à raiz de tração do carvalho que quebrou
5.4.3.5 Zona poente
Na zona poente, o sistema radicular era composto por um conjunto significativo de
raízes de compressão num posicionamento vertical, que tinham continuidade no solo,
mas que se encontravam todas desfibradas por arrancamento. Estas raízes que se
encontravam em toda a zona periférica tinham uma função importante de fixação ao
solo e estavam sãs. O quadro sintomatológico que apresentavam, com rachaduras,
indicia que as mesmas foram sujeitas a um esforço de tração contínuo, que as levou à
rutura por fratura dúctil com desfibramento. A dimensão observável destas raízes
permitiu identificar uma deficiência geométrica nas mesmas.
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. Estudõ labõratõrial de material recõlhidõ na peritagem
No âmbito da decisão inicial do Município do Funchal de encetar os trabalhos
necessários à compreensão dos motivos que estiveram na origem do acidente com a
árvore, logo no dia 15 de agosto, foi contactada a Prof. Ana Paula Ramos,
Coordenadora do Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo Almeida do ISA –
Instituto Superior de Agronomia, da Universidade de Lisboa, de forma a solicitar a sua
colaboração nos trabalhos de peritagem.
No dia 16 agosto, foi requisitada formalmente, pela então Vice-Presidente do
Município, a Dr.ª Idalina Perestrelo, a colaboração à Presidente do Instituto Superior
de Agronomia, a Prof. Amarilis de Varennes, que veio a anuir e disponibilizar toda a
colaboração no dia seguinte.
A colaboração foi estruturada com a equipa do ISA, constituída pela Prof.ª Ana
Paula Ramos e pela Eng.ª Filomena Caetano, especialista em arboricultura, de forma
a poder ser estudado laboratorialmente o material biológico a recolher nos trabalhos
de campo.
No sentido de assegurar a maior celeridade possível na recolha do material
biológico, no dia 16, incidiram-se os trabalhos no reconhecimento de material no
campo que seria necessário estudar laboratorialmente, com o intuito de procurar
identificar agentes bióticos.
Foi recolhido um total de 17 amostras de tecidos biológicos – 13 na zona radicular
ou envolvente da mesma (tecidos 1, 2A, 2B, 3A, 3B, 4, 5, 6, 7A, 7B, 8A, 8B, 9) e 4 na
zona da lesão de um dos ramos estruturais da copa – ramo 2.2 (tecidos 10, 11, 12,
13). Foi, ainda, recolhida 1 amostra de solo junto à parte do sistema radicular que ficou
no solo (solo 1).
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6.1 Locais de recolha das amostras
6.1.1 Amostras de tecidos biológicos na zona radicular ou zona
envolvente
A observação minuciosa de toda a zona radicular permitiu identificar um conjunto
de situações que vieram a ser marcadas com etiquetas numeradas e, posteriormente,
avaliadas e registadas em detalhe. Nota: a numeração das etiquetas é precedida da
palavra lesão, no entanto, é importante ressalvar que as marcações efetuadas não se
limitaram à identificação de lesões mas incidiram também sobre outros aspetos ou
estruturas que se entendeu relevante registar.
Ilustração 210. Local de recolha das amostras de tecidos biológicos – amostras 1, 2 e 3
Ilustração 211. Lesão 1 - raiz média fraturada do lado
sul (extremidade) com tecidos biológicos no exterior
Ilustração 212. Pormenor dos tecidos biológicos da
lesão 1
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Ilustração 213. Lesão 2 - raiz média fraturada do lado
sul (zona intermédia) com tecidos biológicos no
exterior da zona quebradiça
Ilustração 214. Pormenor tecidos biológicos na lesão 2
Ilustração 215. Lesão 3 - raiz média fraturada do lado
sul (zona superior) tecidos biológicos no exterior
(Amostra 1)
Ilustração 216. Pormenor dos tecidos biológicos na
lesão 3
Ilustração 217. Plataforma de apoio mecânico
desenvolvida pela árvore a sum sobre uma zona
rochosa
Ilustração 218. Elementos rochosos encastrados na
árvore na zona da lesão 4
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Ilustração 219. Raiz do lado sul com estrutura de fungo
envelhecida (?)
Ilustração 220. Estrutura de fungo envelhecida (?) na
lesão 5
Ilustração 221. Local de recolha das amostras de tecidos biológicos
Ilustração 222. Lesão 6 – raiz média fraturada com
podridão húmida (Amostra 2A) com tecidos biológicos
no exterior (Amostra 2B)
Ilustração 223. Pormenor dos tecidos biológicos da
lesão 6
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Ilustração 224. Lesão 7 - raiz média fraturada
Ilustração 225. Pormenor da lesão 7
Ilustração 226. Lesão 8 - fragmento de carpóforo de
fungo (?)
Ilustração 227. Pormenor do carpóforo de fungo (?) da
lesão 8
Ilustração 228. Lesão 9 - raiz média fraturada
Ilustração 229. Pormenor da lesão 9
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Ilustração 230. Lesão 10 - raiz média fraturada onde se
podem observar fragmentos de carpóforos de fungo (?)
Ilustração 231. Pormenor da lesão 10
Ilustração 232. Lesão 11 – zona central do sistema
radicular com podridão, onde se podem observar
fragmentos de carpóforos de fungo (?) (Amostra 3A) e
tecidos com podridão húmida (Amostra 3B)
Ilustração 233. Pormenor 3 da lesão 11
Ilustração 234. Pormenor 3 da lesão 11
Ilustração 235. Pormenor 3 da lesão 11
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Ilustração 236. Lesão 12 – Raiz de tração principal
ue ada o fratura cerâmica , o de se pode observar tecidos biológicos no exterior (Amostra 4) e
uma estrutura em madeira de reação devida à fricção
da mesma com a raiz do til, que estava do lado nascente
Ilustração 237. Pormenor 1 da lesão 12
Ilustração 238. Pormenor 2 da lesão 12
Ilustração 239. Pormenor 3 da lesão 12
Ilustração 240. Lesão 13 – Raiz média fraturada com
podridão onde se podem observar tecidos biológicos
no exterior e fragmentos de carpóforos de fungo (?)
(Amostra 5)
Ilustração 241. Pormenor da lesão 13
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Ilustração 242. Lesão 14 – Zona com fragmentos de carpóforos de fungo (?) (Amostra 6)
Ilustração 243. Pormenor 1 da lesão 14
Ilustração 244. Pormenor 2 da lesão 14
Ilustração 245. Lesão 15 – Zona com fragmentos de
carpóforos de fungo (?)
Ilustração 246. Pormenor da lesão 15
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Ilustração 247. Lesão 16 – Raiz fraturada com tecidos
com podridão húmida (Amostra 7A), onde se podem
observar tecidos biológicos no exterior e fragmentos
de carpóforos de fungo (?) (Amostra 7B)
Ilustração 248. Pormenor da lesão 116
Ilustração 249. Lesão 17 – raiz média fraturada, onde
se podem observar tecidos biológicos no exterior
Ilustração 250. Pormenor dos tecidos biológicos da
lesão 17
Ilustração 251. Lesão 18 – a mesma raiz da lesão
anterior, onde se podem observar rizomorfos (?) no
exterior e fragmentos de carpóforos de fungo (?)
Ilustração 252. Pormenor da lesão 18
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Ilustração 253. Lesão 19 – raiz de pequena dimensão
fraturada
Ilustração 254. Pormenor da lesão 19
Ilustração 255. Lesão 20 – raiz de grande dimensão
fraturada
Ilustração 256. Pormenor da lesão 20
Ilustração 257. Lesão 21 – raiz de média dimensão
fraturada, ondese podem observar fragmentos de
carpóforos de fungo (?) (Amostra 8A) e tecidos
biológicos no exterior (Amostra 8B)
Ilustração 258. Pormenor da lesão 21
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Ilustração 259. Lesão 22 – raiz de média dimensão
fraturada, onde se podem observar tecidos biológicos
no exterior
Ilustração 260. Pormenor dos tecidos biológicos da
lesão 22
6.1.2 Amostras de tecidos biológicos na zona da lesão de um
dos ramos estruturais da copa – ramo 2.2
Ilustração 261. Amostras 10 e 11 – pedaços de lenho e
tecidos com podridão cúbica castanha
Ilustração 262. Pormenor 1 da zona de recolha das
Amostras 10 e 11
Ilustração 263. Pormenor 2 da zona de recolha das
Amostras 10 e 11
Ilustração 264. Pormenor 3 da zona de recolha das
Amostras 10 e 11
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Ilustração 265. Amostras 12 e 13 – pedaços de lenho e
tecidos com podridão cúbica castanha
Ilustração 266. Pormenor da zona de recolha das
amostras 12 e 13, com micélio branco
6.1.3 Amostras de solo junto à parte do sistema radicular que
ficou no solo
A amostra de solo foi recolhida na zona imediatamente encostada à parte do
sistema radicular que ficou no solo. A colheita foi efetuada do lado sul da raiz de
tração (na listagem que seguiu para o laboratório, por lapso, foi a indicação de ter sido
recolhida do lado norte).
Ilustração 267. Local de recolha da amostra de solo
(Amostra 1)
Ilustração 268. Pormenor do local de recolha da
amostra de solo
Seguidamente, apresenta-se uma descrição das amostras enviadas para análise,
com identificação do número da amostra, do número da lesão, do local da colheita,
bem como uma pequena descrição – documento intitulado “Recolha de amostras
efetuadas no dia 16/08/2017 no Quercus robur e remetidas ao ISA – Fase 1”. Esse
documento de campo apresenta a descrição expedita que foi realizada no terreno de
acordo com o material encontrado e observado apenas visualmente a olho nu. Esta
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descrição serviu de ponto de partida para as análises laboratoriais e confirmação ou
não das hipóteses colocadas quanto ao tipo de tecidos biológicos em questão.
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Ilustração 269. Listagem das amostras enviadas para o ISA (página 1 de 2)
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Ilustração 270. Listagem das amostras enviadas para o ISA (página 2 de 2)
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6.2 Resultados das amostras enviadas para o ISA
As amostras foram estudadas em laboratório ao nível macro e microscópico e o
LPVVA redigiu o Relatório de Consulta Fitossanitária (Anexo 5), no qual descreve
detalhadamente os procedimentos utilizados para a deteção de eventuais estruturas
de fungos e pseudofungos. O quadro de resultados obtido apresenta-se de seguida.
Ilustração 271. Resultados das amostras enviadas para o laboratório LPVVA do ISA
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Esta informação foi analisada e complementada posteriormente, tendo a Prof.ª Ana
Paula Ramos do LPVVA indicado que as estruturas apontadas na lista inicial como
sendo rizomorfos correspondiam a raízes e que, relativamente aos tecidos indicados
como podendo ser carpóforos velhos e ativos, não tinha sido possível essa
confirmação.
O material identificado no terreno como sendo rizomorfos foi integralmente
recolhido no exterior das raízes/colo da árvore e não foi encontrado micélio ou
estruturas subcorticais destes. Os tecidos referidos como podendo ser carpóforos
estavam muito degradados, não sendo percetível com exatidão que de tipo de
estruturas se tratava.
No documento inicial redigido pelo laboratório algumas amostras encontravam-se
ainda em processo de cultura para correta identificação. Entretanto, este processo foi
concluído, tendo sido adicionados os resultados apresentados seguidamente.
Ilustração 272. Atualização dos resultados das amostras enviadas para o laboratório LPVVA do ISA
A “Adenda ao Relatório de Consulta Fitossanitária” elaborada pelo LPVVA
encontra-se na íntegra no Anexo 6.
Os estudos laboratoriais permitiram identificar um vasto leque de fungos no
conjunto de amostras da zona radicular e sua envolvente, como seria expectável
encontrar no ambiente da rizosfera.
Os resultados laboratoriais confirmaram o diagnóstico efetuado visualmente
relativamente ao agente envolvido da podridão cúbica castanha do cerne, encontrada
na lesão do ramo estrutural da copa (ramo 2.2), o fungo Laetiporus sulphureus, pois
nas quatro amostras estudadas desta zona foi isolada a sua presença em três
(amostras 11, 12 e 13).
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Do Relatório de Consulta Fitossanitária emitido pelo LPVVA transcrevemos
integralmente a principal matéria descrita:
“Do conjunto de fungos isolados a partir das amostras recebidas e identificados é
de destacar a presença do fungo basidiomiceta Laetiporus sulphureus.
Este fungo ocorre em diversos hospedeiros lenhosos, quer em folhosas quer em
coníferas, sendo particularmente comum nos géneros Quercus, Castanea e Taxus
(Londsdale, 1999; Schmidt, 2006).
Laetiporus sulphureus s. lat. é mundialmente referido como um dos mais
importantes basidiomicetes que causa podridão cúbica castanha do cerne (Intini 1990;
Londsdale, 1999; Schwarze et al. 2000) em árvores velhas em floresta e em ambiente
urbano (Schwarze et al. 2000; Schmidt, 2006). As infecções são causadas pelos
esporos sexuados (basidiósporos) que penetram na árvore através de aberturas
naturais no ritidoma, de lesões resultantes de podas ou ainda através de lesões nas
raízes (Schwarze et al. 2000; Schmidt, 2006). Assi, Laetiporus sulphureus pode afectar
desde as raízes , causando podridão do colo (situação pouco frequente segundo
Passola (2011)) até o tronco e as pernadas mais altas, sobretudo nas zonas de união
das pernadas com o tronco (Londsdale, 1999: Passola, 2011). Em virtude do borne
raramente ser infetado, as árvores afetadas por este fungo podem não exibir defeitos
estruturais externos reveladores do nível de degradação (Schwarze et al. 2000;
Passola, 2011).
Segundo Londsdale (1999), Schwarze et al. (2000) e Passola (2011) árvores em
pé afetadas por Laetiporus sulphureus podem viver durante muitos anos até entrarem
naturalmente em rutura ou cederem em condições meteorológicas excecionais
(Schmidt, 2006; Passola, 2011).”
É fundamental perceber que na rizosfera são inúmeros os agentes biológicos que
estão presentes e desempenham um papel basilar no equilíbrio do ecossistema,
nomeadamente nos processos de decomposição. É importante lembrar e ter presente
as palavras de TED GREEN (2010b), “Poucos fungos são patogénicos, especialmente
em condições naturais, e a presença de fungos numa árvore, em especial de fungos
Aphyllophorales, não indica necessariamente a sua morte ou queda iminente.
Normalmente é tudo ao contrário, visto que a eliminação do cerne morto por parte de
alguns fungos de decomposição – que são incapazes de apodrecer o borne – reduzirá
o peso na árvore e nas suas raízes de suporte. O cilindro oco resultante pode ser que
seja mais flexível para resistir a ventos fortes.”
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Pedro Ginja
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Muito mais importante que identificar estes agentes, é perceber em que medida
afetaram a árvore, se tiveram uma ação parasita ou saprófita, provocando defeitos
estruturais como podridões, e, principalmente, se tal se verificou, quantificar esses
mesmos defeitos, bem como quantificar a madeira residual sã para se poder, de forma
efetiva, rigorosa e fundamentada, julgar sobre a estabilidade da árvore. Assim, como
pormenorizadamente já descrevemos anteriormente, as lesões causadas por fungos,
quer num ramo estrutural da copa – ramo 2.2 (ponto 5.1.2.2.1), quer na zona radicular
(ponto 5.3.2), não originaram perdas de secção na árvore que justifiquem a rutura
repentina da grande raiz de tração e consequente colapso da árvore.
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. Outrõs aspetõs estudadõs
7.1 Registo dos parâmetros climatológicos de maio a
julho de 2017
Com a finalidade de verificar se alguma ocorrência recente em qualquer parâmetro
meteorológico pode ter sido importante na queda da árvore, analisaram-se os valores
registados nas estações do Funchal, Chão do Areeiro e Pico Alto.
Os valores disponibilizados referem-se apenas à velocidade média e velocidade
máxima do vento, com os quais se elaboraram os gráficos que se seguem.
7.1.1 Velocidade média do vento
Ilustração 273. Gráfico da velocidade média do vento no Funchal (dados IPMA)
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Velocidade média do vento (km/h) - Funchal - Maio a Julho 2017
Maio Junho Julho Agosto
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Ilustração 274. Gráfico da velocidade média do vento no Chão do Areeiro (dados IPMA)
Ilustração 275. Gráfico da velocidade média do vento no Pico Alto (dados IPMA)
Após a análise dos gráficos conclui-se não existir nenhuma alteração significativa
da velocidade média do vento tanto no período considerado, como no dia 15 de
agosto.
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Velocidade média do vento (km/h) - Chão do Areeiro - Maio a Julho 2017
Maio Junho Julho Agosto
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Velocidade média do vento (km/h) - Pico Alto - Maio a Julho 2017
Maio Junho Julho Agosto
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7.1.2 Velocidade máxima do vento
Ilustração 276. Gráfico da velocidade máxima do vento no Funchal (dados IPMA)
Ilustração 277. Gráfico da velocidade máxima do vento no Chão do Areeiro (dados IPMA)
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Velocidade máxima do vento (km/h) - Funchal - Maio a Julho 2017
Maio Junho Julho Agosto
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Velocidade máxima do vento (km/h) - Chão do Areeio - Maio a Julho 2017
Maio Junho Julho Agosto
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Ilustração 278. Gráfico da velocidade máxima do vento no Pico Alto (dados IPMA)
Na análise dos gráficos não se verificam alterações significativas deste parâmetro
no período considerado.
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Velocidade máxima do vento (km/h) - Pico Alto - Maio a Julho 2017
Maio Junho Julho Agosto
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7.2 Registo dos parâmetros climatológicos no dia 15 de
agosto
7.2.1 Temperatura instantânea
Ilustração 279. Gráfico da temperatura instantânea do ar no dia 15.08.2017 (dados IPMA)
Na análise dos gráficos não se verificam alterações significativas deste parâmetro
no período considerado.
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Temperatura instantânea (ºC) - 15.08.2017
Funchal Chão do Areeiro Pico Alto
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7.2.2 Humidade relativa do ar
Ilustração 280. Gráfico da humidade relativa do ar no dia 15.08.2017 (dados IPMA)
Na análise dos gráficos não se verificam alterações significativas deste parâmetro
no período considerado.
7.2.3 Velocidade média do vento
Ilustração 281. Gráfico da velocidade média do vento no dia 15.08.2017 (dados IPMA)
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Humidade relativa do ar (%) - 15.08.2017
Funchal Chão do Areeiro Pico Alto
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:00Velocidade média do vento (km/h) - 15 .08.2017
Funchal Chão do Areeiro Pico Alto
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Na análise dos gráficos não se verifica alterações significativas deste parâmetro no
período considerado.
7.2.4 Velocidade máxima do vento
Ilustração 282. Gráfico da velocidade média do vento no dia 15.08.2017 (dados IPMA)
Na análise dos gráficos não se verificam alterações significativas deste parâmetro
no período considerado.
7.3 Hipótese de derrube da árvore pelo ramo de um plátano
Foi colocada uma hipótese relativa à queda do carvalho ter sido desencadeada
pela fratura prévia de um ramo de um plátano existente no Largo da Fonte. O estudo
desta questão envolveu: a observação minuciosa de todas as ramagens que se
encontravam no pavimento do Largo da Fonte, quer as do carvalho, quer as de
plátanos; a análise cuidada à posição e cotas em que estaria a copa do carvalho, para
a qual foi fundamental o trabalho de reconstituição 3D da árvore; e o estudo detalhado
da parte aérea de todas as árvores envolventes do carvalho, na procura de vestígios
de alguma conexão com esse exemplar.
05
101520253035404550
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Velocidade máxima do vento (km/h) - 15.08.2017
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Aquando da reconstituição do carvalho no solo, foram sendo separadas todas as
ramagens de plátano que se encontravam no local e procedeu-se ao estudo do seu
posicionamento prévio nas copas dos plátanos do Largo da Fonte. A maioria das
partes encontradas eram pequenos raminhos e folhagens que foram atingidas pela
copa do carvalho no momento da queda.
Foi encontrado um ramo de plátano de maior dimensão, aproximadamente com
6,79 m de comprimento e um diâmetro, medido a 0,34 m do local de inserção, de 19,3
cm. A massa medida na parte deste ramo que foi possível encontrar era de 140 kg,
sendo de referir que na peça faltavam as extremidades de dois ramos e a mesma
estava integralmente desprovida da folhagem, pelo que admitimos que o ramo poderia
ter 200 a 220 kg de massa.
Este ramo pertencia ao plátano n.º 7 e foi levantado tridimensionalmente com o
intuito de estudar a sua posição na árvore, tendo sido, para esta operação, seccionado
em duas partes – P1 e P2.
Ilustração 283. Ramo de plátano – parte P1 imagem 1
Ilustração 284. Ramo de plátano – parte P1 imagem 2
Ilustração 285. Ramo de plátano – parte P1 imagem 3
Ilustração 286. Ramo de plátano – parte P1 imagem 4
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Ilustração 287. Ramo de plátano – parte P2 imagem 1
Ilustração 288. Ramo de plátano – parte P2 imagem 2
Foi também efetuado o estudo detalhado da parte aérea de todas as árvores
envolventes do carvalho na procura de vestígios de alguma conexão com o exemplar.
Este trabalho de pesquisa minuciosa foi realizada com recurso a uma autoescada,
tendo-se registado todas as ocorrências encontradas respeitantes quer aos sinais e
sintomas consequência da queda do carvalho, quer outros que pudessem resultar da
convivência deste com as árvores envolventes. Cada ocorrência foi numerada
sequencialmente, fez-se a sua descrição, o seu levantamento topográfico e o respetivo
registo fotográfico.
Tabela 13. Lesões nas árvores envolventes do carvalho
Árvore Número
da ocorrência
Cota registada
(m) Descrição
Arv 4 - Ph 1 595,88 Raminho do carvalho pendurado na árvore
Arv 7 - Ph 2 598,01 Raminho do plátano partido
Arv 7 - Ph 3 597,94 Ramo (± 6 cm Ø) do plátano mais interior partido
Arv 7 - Ph 4 593,48 Ramo (± 7 cm Ø) do plátano mais interior partido
Arv 7 - Ph 5 593,53 Ramo (± 5 cm Ø) do plátano mais interior partido
Arv 7 - Ph 6 593,10 Ramo grande que partiu do plátano com ferida por
esgalhamento
Arv 9 - Ph 7 597,88 Dois raminhos pequenos do plátano quebrados
Arv 9 - Ph 8 598,72 Ramo (± 3 cm Ø) do plátano partido
Arv 9 - Ph 9 598,97 Ramo (± 4 cm Ø) do plátano partido
Arv 9 - Ph 10 598,12 Ramo (± 5 cm Ø) do plátano partido
Arv 9 - Ph 11 596,90 Ramo com ferida de roçamento
Arv 9 - Ph 12 595,23 Ramo com extensa ferida de fricção (antiga)
provocada pelos ramos do carvalho
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Árvore Número
da ocorrência
Cota registada
(m) Descrição
Arv 9 - Ph 13 594,91 Ramo com extensa ferida de fricção (antiga)
provocada pelos ramos do carvalho
Arv 9 - Ph 14 595,09 Ramo (± 5 cm Ø) do plátano partido
Arv 9 - Ph 15 595,74 Ramo com ferida de roçamento recente
Arv 9 - Ph 16 596,19 Ramo com ferida de fricção (antiga) provocada pelos
ramos do carvalho
Arv 7 - Ph 17 595,04 Ramo (± 3 cm Ø) do plátano partido
Arv 9 - Ph 18 595,50 Ramo (± 10 cm Ø) do plátano esgalhado e pendurado
Arv 9 - Ph 19 598,58 Ramo (± 7 cm Ø) do plátano partido
Arv 9 - Ph 20 599,93 Ramo (± 3 cm Ø) do plátano partido
Arv 9 - Ph 21 598,11 Ramos seco do plátano (± 6 cm Ø) provocado pela
competição do carvalho
Arv 9 - Ph 22 599,89 Ramo com ferida de fricção (antiga) provocada pelos
ramos do carvalho
Ilustração 289. Ocorrência 1 – raminho do carvalho
pendurado no plátano n.º 4
Ilustração 290. Ocorrência 2 – raminho do plátano n.º
7 partido
Ilustração 291. Ocorrência 3 – ramo do plátano n.º 7
partido
Ilustração 292. Ocorrência 4 – ramo do plátano n.º 7
partido
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Ilustração 293. Ocorrência 5 – ramo do plátano n.º 7
partido
Ilustração 294. Ocorrência 6 – grande ramo do plátano
n.º 7 partido
Ilustração 295. Ocorrência 6 – pormenor do grande
ramo do plátano n.º 7 partido
Ilustração 296. Ocorrência 7 – dois ramos do plátano n.º 9
partidos
Ilustração 297. Ocorrências 12 e 13 – grande ferida de
fricção antiga no ramo do plátano n.º 9
Ilustração 298. Ocorrência 15 – ferida de roçamento
recente num ramo do plátano n.º 9
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Ilustração 299. Ocorrência 16 - grande ferida de fricção
antiga no ramo do plátano n.º 9
Ilustração 300. Ocorrência 17 – ramo do plátano n.º 7
partido
Ilustração 301. Ocorrência 19 – ramo do plátano n.º 9
partido
Ilustração 302. Ocorrência 20 – ramo do plátano n.º 9
partido
Ilustração 303. Indicação das ocorrências principais identificadas nas árvores envolventes após a queda do
carvalho (lesões 1, 6, 7 13, 16 e 19)
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Ilustração 304. Registo mais detalhado das principais ocorrências identificadas nas árvores envolventes após a
queda do carvalho (lesões 1, 6, 7 13, 16 e 19)
O topo da copa do carvalho desenvolvia-se a uma cota de 604,56 m (ilustração
84) e todas as ocorrências encontradas e registadas situavam-se a cotas
significativamente inferiores.
O ramo do plátano n.º 7 em relação ao qual se colocou a hipótese de ter caído
previamente ao carvalho e ter desencadeado a queda do mesmo estava inserido na
árvore a uma cota de 593,10 m.
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Ilustração 305. Indicação do ramo partido no plátano n.º 7 (ocorrência 6) e sua cota sobre a imagem aérea
recolhida pelo drone após a queda do carvalho
O ponto de inserção do ramo foi detalhadamente avaliado e fotografado, tendo-se
verificado que se encontrava numa posição bastante horizontal, formando um
“cotovelo”. A lesão observada foi provocada pelo esgalhamento do ramo, encontrando-
se os tecidos integralmente sãos, sem qualquer sintoma ou sinal de patologias
Ilustração 306. Pormenor da lesão no plátano n.º 7 onde se inseria o ramo de grande dimensão que partiu
Os dados recolhidos relativamente à sanidade, biomecânica e posicionamento do
ramo em questão permitem concluir que este quebrou como consequência da queda
do carvalho sobre o plátano n.º 7.
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7.4 Galerias de ratazanas
Observaram-se, nas imediações do local, ratazanas (Rattus norvegicus) de
dimensões consideráveis e também diversas galerias no solo. Uma vez que esta
espécie constrói frequentemente tocas extensas, poderá significar que existem
espaços vazios no solo de dimensões consideráveis.
Ilustração 307. Tocas de ratazanas (Rattus norvegicus)
Ilustração 308. Pormenor da entrada de uma toca de
ratazana (Rattus norvegicus)
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. Cõnclusõ es
A queda da árvore deveu-se à conjugação de fatores de ordem diversa, uns
relacionados com aspetos de predisposição e condições de desenvolvimento do
espécime e outros que poderão ter origem externa e de mais complexa análise.
a) A árvore que caiu foi identificada como sendo um carvalho da espécie
Quercus robur, espécie introduzida na Ilha da Madeira.
b) O carvalho estava localizado num talude de declive muito acentuado (80 %),
sendo a diferença de cota da zona de contacto do tronco com o solo (colo da
árvore) da parte de cima do talude para a parte de baixo de 1,11 m.
c) O carvalho cresceu em forte competição, especialmente com uma árvore
muito próxima, um til (Ocotea fotens), a 3,05 m do lado nascente. Esta árvore
competiu ao nível aéreo e ao nível radicular com grande vantagem sobre o
carvalho por diversas razões: sendo autóctone, está muito melhor adaptada às
condições ambientais do meio; sendo de folha perene, consegue responder
muito mais depressa e com menor esforço fisiológico quando as condições do
meio são favoráveis ao desenvolvimento vegetativo; estando numa posição
mais elevada, 2,80 m, e do lado nascente, consegue melhor exposição solar.
Estas condições fizeram com que o carvalho se desenvolvesse para o lado
poente.
d) A estrutura biomecânica aérea da árvore desenvolveu-se toda para o lado
poente, de forma assimétrica mas natural, devido às condições do meio que
teve para se desenvolver, principalmente devido ao fototropismo.
e) A copa da árvore tinha uma superfície média de 181,4 m2 e estava
compactada lateralmente pela proximidade de outras árvores, a norte, oeste e
sul pelos plátanos monumentais do Largo da Fonte e a nascente pelo til. No
passado recente, não ocorreu incremento da inclinação da copa do carvalho.
A superfície da copa é suficiente para garantir uma atividade fotossintética que
sustente a vitalidade.
f) A árvore apresentava um bom estado global. A sua copa encontrava-se em
bom estado sanitário geral, com uma estrutura de ramos e raminhos normal,
não apresentando uma densidade reduzida ou presença de ramos ou
raminhos secos. A densidade foliar era normal e, em geral, as folhas
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apresentavam um aspeto viçoso. Observaram-se algumas folhas com
fumagina.
g) As árvores desde que germinam até à morte passam por dez estádios de
desenvolvimento. A análise detalhada de todas as características morfológicas
do carvalho, quer ao nível da parte aérea, quer ao nível da parte radicular,
colocam-no, no estádio de desenvolvimento 7 – fase de estabilização.
h) O estudo dendrocronológico permitiu constatar que os crescimentos médios
dos anéis anuais do carvalho foram baixos de 1970 a 2017. Os valores
observados são expectáveis se atendermos ao estádio de desenvolvimento 7
do carvalho – fase de estabilização. Em termos do incremento anual de área
de secção associada a esses anéis, verifica-se que a árvore recuperou
ligeiramente a partir de 1997 e de forma mais clara nos últimos cinco anos,
podendo-se falar de um aumento da vitalidade. O valor apurado para a idade
da árvore foi de 147 anos.
i) No que respeita à relação entre a altura da árvore (H =27,9 m) e o diâmetro do
tronco (D=0,97 m), coeficiente de esbelteza, esta é de H/D = 27,9 m / 0,97 m =
28,76. Para valores de coeficiente de esbelteza de H/D > 50, a taxa de
fracasso de árvores livres aumenta. No caso de árvores em floresta,
suportadas pelas árvores envolventes, mesmo quando H/D = 70, estes
exemplares podem ser considerados seguros. Já no caso de árvores isoladas
o coeficiente de esbelteza é normalmente de H/D = 30. No caso do carvalho
em estudo, como H/D = 28,76, uma vez que o exemplar se encontrava
protegido pelas árvores envolventes, podemos afirmar que se tratava de um
exemplar seguro.
j) No local onde se encontrava implantado o carvalho não foram identificadas
quaisquer alterações recentes ou condicionalismos de origem externa ao nível
do espaço (compactação, feridas no tronco ou ramos, valas, corte de raízes,
aplicação de herbicidas ou outras substâncias químicas, escavações, aterros,
alterações na hidrologia, fogos, outros) que tivessem provocado stresse
adicional ao exemplar, colocando em causa a sua vivência e/ou a mecânica da
árvore. As operações de manutenção do jardim foram as habituais, como a
limpeza da folhagem nos caminhos, poda de sebes, rega à mangueira,
mondas, entre outras.
k) O carvalho apresentava evidências da realização de operações de
manutenção através da execução de intervenções de poda de ramos no
tronco e ramos principais. Foram observados dois cortes de ramos antigos, um
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deles num ramo da parte superior do tronco e o outro num dos ramos
principais da estrutura da árvore.
l) No que concerne à fertilidade do solo, as condições encontradas são as
adequadas ao bom desenvolvimento da espécie.
m) A estrutura da copa era, basicamente, composta por uma bifurcação
codominante (bifurcação A) com os ramos inseridos aproximadamente a 11,5
m no tronco: um (ramo 1), com 56cm de diâmetro, sem lesões registadas; e
outro (ramo 2), com 64 cm de diâmetro, que se subdividia (bifurcação B) a 1,5
m em dois outros ramos – um (ramo 2.1) com 40 cm de diâmetro e outro
(ramo 2.2) com 52 cm. Num destes ramos (ramo 2.2) foi identificada uma
lesão com degradação, que teve origem na existência de um toco,
provavelmente deixado por um ramo que secou de forma natural –
desramação natural da árvore (processo em que a mesma vai libertando os
ramos que ficam ensombrados). Este ramo foi removido numa operação de
manutenção de poda realizada de forma incorreta.
n) A lesão mencionada no ponto anterior encontrava-se num ramo da copa
situado a cerca de 14 m do solo. É de referir a presença de uma importante
quantidade de rizomas de uma população significativa de plantas epífitas
(fetos provavelmente do género Polypodium) desde a parte superior do tronco,
estendendo-se pela zona da bifurcação A e cobrindo toda zona de inserção
dos grandes ramos estruturais da copa. Estes dois fatores dificultavam a
observação visual do defeito numa avaliação de rotina a partir do chão.
o) O tipo de lesão encontrada, com podridão cúbica castanha do cerne, indicou
que a mesma poderia ter sido causada pelo fungo Laetiporus sulphureus, um
fungo que habitualmente afeta o cerne desta espécie. A análise das amostras
recolhidas na zona desta lesão, analisadas no Laboratório de Patologia
Vegetal Veríssimo de Almeida, do Instituto Superior de Agronomia, da
Universidade de Lisboa, confirmaram a presença desse fungo nesta zona e
também em tecidos da parte radicular.
p) Relativamente a essa lesão, procedeu-se à sua avaliação instrumental e
calculou-se a capacidade de carga remanescente na secção menor.
Estimando um diâmetro de 70 cm e uma parede residual de 8 cm, a
capacidade de carga remanescente é de 48 % (calculado através do programa
ArboStAppTM, específico para árvores). Para avaliar se a capacidade de carga
era suficiente, deveríamos poder estudar as forças do vento sobre a copa, o
que não é possível, embora se suponha que essas forças fossem muito baixas
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devido à presença de árvores que envolviam a sua copa com a mesma altura,
ou, quando muito as forças seriam de caráter moderado. De qualquer maneira,
a lesão nesta zona da árvore não teve qualquer intervenção na sua queda.
q) Na inspeção visual e instrumental do tronco da árvore não foi encontrado
qualquer defeito significativo, encontrando-se o mesmo totalmente são em
toda a sua extensão. A única lesão encontrada era antiga, não se revestia de
qualquer importância, localizava-se na parte superior do tronco e estava,
provavelmente, relacionada com a desramação natural de um ramo de 15 cm
de diâmetro, o qual secou e foi posteriormente removido numa operação de
poda de limpeza realizada corretamente. Uma vez que não se encontrou
qualquer defeito biomecânico no tronco, também, e como seria de esperar,
não se observaram sintomas reparadores.
r) Relativamente às questões que se colocaram sobre a presença de cabos de
aço eventualmente fixados no carvalho, temos a esclarecer que em momento
algum os cabos existentes no espaço estiveram presos a esta árvore. Os
cabos em questão estavam fixados num plátano (Platanus x hispanica) e no til
(Ocotea foetens) n.º 1, próximo do carvalho que caiu, e tinham como finalidade
o espiamento do plátano n.º 7 do Largo da Fonte. Durante a queda do
carvalho, o cabo foi atingido, tendo quebrado.
s) Relativamente às questões colocadas sobre a quebra do ramo do plátano n.º
7, concluímos que a mesma foi provocada pela queda do carvalho. O ramo do
plátano encontrava-se em bom estado sanitário e biomecânico e desenvolvia-
se a uma cota muito inferior (593,10 m) à cota em que vegetava o carvalho
(604,56 m).
t) O desenvolvimento da árvore estava limitado pelo espaço do canteiro, em
particular pelo muro a poente, o que fez com que o sistema radicular do lado
da compressão ficasse limitado e não se desenvolvesse como seria
espectável. Assim, as raízes tinham um maior desenvolvimento lateral
perpendicular à inclinação do que no sentido da inclinação.
u) A geometria basal da árvore e o seu sistema radicular estavam cobertos de
terra, tanto do lado de compressão, como de tração, pelo que a existência de
eventuais defeitos não poderia ser observada. A parte visível do colo não
apresentava qualquer anomalia, nem a existência de qualquer sintoma
reparador. Mesmo que se tivesse procedido à remoção da terra quando a
árvore ainda se encontrava em pé, não teriam sido detetadas quaisquer
anomalias.
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v) Ao nível das raízes de compressão a árvore apresenta uma estrutura
mecânica com contrafortes menores do que os geralmente observados em
árvores nestas circunstâncias e com estas características.
w) Uma análise mecânica exaustiva da árvore na zona do colo não teria detetado
qualquer sintoma de grande preocupação, nem mesmo moderada, seja do
ponto de vista visual, seja do instrumental (resitografia, tomografia), pois estes
conduziriam a resultados de segurança muito alta.
x) Outro aspeto relevante que importa destacar é que a resistência à perfuração
da madeira com resistógrafo (avaliação indireta da densidade) mostrou valores
abaixo dos normais para esta espécie noutras localizações da Península
Ibérica. Este facto não implica nenhuma consequência do ponto de vista da
capacidade de prevenir a queda do carvalho, mas está relacionado com as
condições edafoclimáticas em que se desenvolveu o carvalho, muito distintas
das encontradas no habitat de origem da espécie.
y) Sendo uma folhosa, a estrutura biomecânica é suportada por reforço
mecânico, principalmente com deposição de madeira de tração. Ao nível da
madeira de tração, o sistema radicular do carvalho apresentava um grande
reforço do lado nascente, que estava bem ligado ao talude de terra, encostado
à raiz do til, integralmente são, e apresentava uma fratura frágil que indicia
uma rutura súbita. É de salientar que a parte inferior do sistema radicular de
tração se manteve fortemente fixada no solo do talude.
z) Ao nível da parte central da raiz existia uma pequena zona de podridão de
forma cónica, processo normal na espécie e, de uma forma geral, nas árvores
folhosas com o avançar da idade (estádio de desenvolvimento 7). Esta
podridão abrangeu uma pequena área da secção. A parede residual menor de
madeira sã medida foi de 35 cm, sobre um raio de 45,5 cm (diâmetro de 91
cm), portanto, uma secção sã de 76 %. O fracasso de árvores aumenta
rapidamente quando a secção de madeira sã é inferior a 30 %, logo, como o
valor obtido foi de 76 %, não supõe nenhuma perda da capacidade
significativa de carga neste ponto da árvore. A carga da secção com a
cavidade central detetada foi de 90 a 97 % da capacidade de carga da secção
se esta não apresentasse a cavidade (dados obtidos mediante a utilização do
programa ArboStAppTM, específico para árvores, para cálculo da capacidade
de carga de uma secção danificada das árvores).
aa) A pequena podridão da parte central da raiz, identificável apenas após o
derrube da árvore, e consequente exposição de parte do sistema radicular,
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não teve uma participação significativa na queda do carvalho, uma vez que
não existia perda da capacidade de carga da zona basal. Esta conclusão é
corroborada pelo facto de não existir nenhum sintoma reparador como
resposta da árvore para compensar esse defeito (deposição de madeira de
reação).
bb) Nas amostras recolhidas na zona basal da árvore e no solo envolvente do
sistema radicular, analisadas no Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo
de Almeida, do Instituto Superior de Agronomia, da Universidade de Lisboa,
detetou-se um conjunto de fungos, essencialmente saprófitas, na sua
generalidade muito comuns nos solos e tecidos mortos ou em decomposição
de um grande número de hospedeiros. É importante salientar que estes
fungos foram identificados em várias amostras que correspondiam a tecidos
radiculares, provavelmente da vegetação presente na envolvente da árvore.
cc) As lesões com infeções fúngicas quer num ramo estrutural da copa – ramo
2.2, quer na zona radicular, não originaram perdas de secção na árvore que
justifiquem a rutura repentina da grande raiz de tração e consequente colapso
da árvore.
dd) Na zona a sul, onde a árvore se desenvolveu, constata-se a existência de uma
deposição de elementos rochosos que impediram o crescimento e
aprofundamento radicular, tendo a árvore desenvolvido através de madeira de
reação uma plataforma ampla de apoio mecânico. Esta zona rochosa onde a
árvore estava apoiada era constituída por agregados rochosos como rochas,
seixos e cascalhos, com muitos espaços vazios de dimensões consideráveis
entre si. Também é de referir que o solo, após um longo período de seca, tinha
teores de água baixos, sendo a porosidade preenchida por maior quantidade
de ar.
ee) Outro aspeto que poderá ter importância é o de se observarem ratazanas
(Rattus norvegicus) na encosta onde se encontrava o carvalho, animais de
dimensões consideráveis, tendo-se também identificado no solo numerosas
galerias. Esta espécie é conhecida por escavar com facilidade e fazer
frequentemente sistemas de tocas extensos e complexos. Este indício poderá
sugerir que existem naturalmente espaços vazios consideráveis nos
elementos que compõem o solo, criando um bom habitat para a instalação da
espécie, ou que a própria atividade dos roedores poderá ter criado esses
espaços, tendo algum efeito na estrutura do solo. Este assunto deverá ser
sujeito a uma análise cuidada.
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ff) Importa referir que não foi efetuado nenhum levantamento sistemático relativo
à ocorrência no passado da queda de árvores nos Jardins do Monte. No
entanto, foi possível identificar dois registos históricos de queda de
exemplares arbóreos de grandes dimensões no local onde se situava o
carvalho.
gg) Da análise dos parâmetros meteorológicos nos meses precedentes ao
acidente e no dia do mesmo, conclui-se não existirem variações ou
ocorrências significativas que justifiquem a queda da árvore.
hh) Não encontrámos defeitos na estrutura mecânica da árvore ou cargas
externas naturais (vento ou outras) que justifiquem a rutura repentina da
grande raiz de tração, que se encontrava integralmente sã, e o consequente
colapso do carvalho.
ii) Da análise visual e biomecânica do carvalho conclui-se que:
1. A árvore não apresentava elementos visuais que fizessem supor um
risco de queda. Esta ausência de sinais refere-se a todos os aspetos
visuais avaliáveis do exemplar – não havia rugas de compressão na
madeira; não havia fendas ou fissuras na casca, fossem de tração ou
de corte; não havia elevações ou deformações no terreno.
2. A árvore apresentava características morfológicas normais.
3. Os níveis de degradação internos eram os normais para a espécie e
idade da árvore e não faziam supor uma perda de força relacionada
com a rutura.
4. A árvore apresentava uma deficiência na dimensão das raízes de
compressão, mais pequenas do que o habitual devido à presença do
muro poente próximo, deficiência suprimida pela árvore na zona de
compressão com as ancoragens na zona de tração.
5. A análise por um arboricultor profissional à árvore teria concluído que
esta apresentava um risco baixo.
jj) Levantamos como hipótese que a explicação para a rutura da raiz de tração
esteja relacionada com um sobre esforço a que foi sujeita por uma
movimentação no solo, provavelmente na zona rochosa encontrada a sul.
Essa movimentação poderá ter levado a uma ligeira cedência na grande
sapata de apoio de madeira de reação e, consequente, à falta de apoio
mecânico momentâneo, tendo desencadeado a rutura da raiz de tração.
kk) Entendemos que devem ser encetados estudos subsequentes de
caracterização da geologia, da pedologia, da geotecnia, em especial no que
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concerne à mecânica dos solos, e as respetivas relações com as questões da
acústica (som emitido pela atuação dos conjuntos musicais e detonação dos
fogos de artifício: velocidade de oscilação - frequências e amplitudes - energia,
pressão sonora) e da detónica (fogos de artificio: caracterização das ondas de
choque, caracterização dos materiais – solo e árvore – ao choque e avaliação
de possíveis danos).
ll) Consideramos que também deverá ser estudado o possível efeito das
vibrações mecânicas de uma máquina giratória que trabalhou com um martelo
pneumático na Ribeira de Santa Maria, próxima do local.
mm) Os aspetos referidos nos pontos anteriores, bem como a interação dos
mesmos (efeito elástico), devem ser estudados por outros especialistas, pois
pensamos que, uma vez que não encontrámos defeitos na estrutura mecânica
da árvore ou a ocorrência de cargas externas naturais (vento ou outras) que
justifiquem o seu colapso, poderá ser uma possibilidade que o efeito destes
fatores tenha provocado movimentações nos elementos do solo na zona
rochosa onde estava apoiada a árvore, levando a que a raiz de tração não
aguentasse o sobre esforço e colapsasse, levando à queda da árvore. O
denominado “Pai da Arboricultura Moderna”, o Dr. Alex Shigo afirma que “Não
podemos separar a condição de uma árvore da carga. Podemos ter a árvore
mais saudável, mais forte, melhor conformada e melhor posicionada no
mundo, mas se a carga – vento, impacto mecânico, explosivos, terramotos,
erupções vulcânicas, ondas gigantes, tempestade – for suficientemente forte,
a árvore ou as suas partes podem fracassar.” Shigo (1991).
Vila Real, 14 de maio de 2018
Pedro Jorge Ginja
Arboricultor, Engenheiro Agrícola
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efetuadas para cada amostra
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Anexo 3 – Os 10 estádios de desenvolvimento da parte aérea das árvores de acordo com Raimbault (ANÓNIMO, 2017) (excerto do artigo)
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Anexo 4 – Os estádios de desenvolvimento da parte radicular das árvores de acordo com Raimbault (SIMON, 2014) (excerto do artigo)
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Anexo 6 – Adenda ao Relatório de Consulta Fitossanitária redigido pelo Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo de Almeida, do Instituto Superior de Agronomia
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