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Boletim InformativoProduzindo ciência, gerando desenvolvimento
Nº 14
Fev- Mar
2017
Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da UFRGS
Av. Bento Gonçalves, 7712 – CEP 91540-000 – Porto Alegre, RS, Brasil http://ufrgs.br/agronomia/joomla/index.php/ensino/pos-graduacao/pg-em-ciencia-do-solo
/ppgcienciadosoloufrgs
Leguminosas como plantas de cobertura: por que usarLuana Bottezini1 & Cimélio Bayer2
1 Engenheira Agrônoma, Mestre em Ciência do Solo e atual Doutoranda do PPGCS/UFRGS2 Professor do Departamento de Solos/UFRGS
A região Sul do Brasil caracteriza-se por a-presentar estações do ano bem definidas. Noverão, são cultivadas as principais culturas co-merciais, como milho e soja; no inverno ouentressafra, algumas lavouras são cultivadascom cereais de inverno, outras com pastageme muitas permanecem em pousio. Essa práticaé caracterizada por manter o solo descobertoe sem cultivo de plantas, onde há apenas odesenvolvimento de plantas espontâneas, namaioria invasoras, que serão eliminadas antesda próxima safra.O uso de plantas de cobertura é uma al-
ternativa para evitar que estas áreas sejamdeixadas em pousio e para que haja uma di-versificação do sistema de produção, além demelhorar as características químicas, físicas ebiológicas do solo. Além disso, a utilização deplantas diferentes das principais culturas co-merciais é de grande importância, podendoequilibrar a quantidade de nutrientes e au-mentar a fertilidade do solo ao longo do tem-po. Na prática, quando há utilização de plan-
tas de cobertura, boa parte dos agricultoresainda restringe-se ao uso de gramíneas. Po-rém, a adição de leguminosas tem muito aacrescentar na qualidade dos sistemas produ-tivos, principalmente, no que se refere à dis-ponibilidade de nitrogênio para as culturas su-cessoras.Em estudo para avaliação da capacidade
de suprimento de nitrogênio no solo, foi utili-zada a camada de 0 a 20 cm de um ArgissoloVermelho distrófico típico, sob sistema plantiodireto conduzido durante aproximados 30 a-nos, sob os seguintes sistemas de coberturado solo: pousio/milho (P/M); aveia preta/milho(A/M); aveia preta + ervilhaca/milho (AV/M);e lablab+milho (LL+M), no qual o sistemaLL+M é assim denominado por se tratar de u-ma cobertura cultivada no verão, assim comoo milho.Na Figura 1 observamos as curvas de mi-
neralização do nitrogênio dos sistemas acimaapresentados.
Dias após incubação
0 10 20 30 40
mg k
g-1
0
50
100
150
200
Dias após incubação
0 10 20 30 40 50
mg k
g-1
0
50
100
150
200
250
Dias após incubação
0 10 20 30 40 50 60
mg k
g-1
0
50
100
150
200
250
300
Dias após incubação
0 10 20 30 40
mg k
g-1
0
50
100
150
200
250
300
A/M LL/M
Figura 1
A inclusão de legumi-
nosas de cobertura no
sistema produtivo au-
menta a qualidade de
nitrogênio mineraliza-
do no solo, conforme
pode ser observado
pelas curvas de mine-
ralização em diferen-
tes sistemas de pro-
dução.
1Pág. 2Boletim Informativo do PPGCS da UFRGS – Nº 14 – Fevereiro-Março/2017
É possível perceber que o nutriente é dis-ponibilizado em maior quantidade no sistemaLL+M, onde se utiliza apenas uma legumino-sa como planta de cobertura. Nos demais sis-temas, temos a inclusão de gramíneas comocobertura do solo ou o sistema permaneceem pousio, seguido pelo cultivo do milho.Nestes casos, a mineralização do nitrogêniodiminui de forma marcante. No caso do pou-sio, a mineralização chega a 171 mg/kg desolo, enquanto que no sistema LL+M a mes-ma atinge 262 mg/kg, representando um au-mento de 53% de nitrogênio no solo ou umadiferença aproximada de 182 kg/ha. Já ossistemas que incluem leguminosas demons-tram menor diferença quando comparados ao
sistema pousio, embora haja um ganho naquantidade de nitrogênio no solo. Compa-rando o sistema P/M com AV/M, o aumento éde 8%, enquanto que a diferença entre P/M eA/M é de 17%, representando 26 kg/ha e 58kg/ha de nitrogênio, respectivamente.Desta forma, podemos concluir que o uso
de plantas de cobertura do solo, especial-mente a inclusão de leguminosas nestes sis-temas, além de ser importante para a melho-ria das características do solo, contribui paraa manutenção e aumento da disponibilidadede nitrogênio no solo para a cultura sucesso-ra, podendo diminuir a quantidade de fertili-zante a ser aplicado no solo e, consequente-mente, o custo de produção para o produtor.
Solos do Planalto Médio do Rio Grande do SulTatiele Fruett1
1Engenheira Agrônoma, Mestre em Ciência do Solo e atual Doutoranda pelo PPGCS/UFRGS
A região do Planalto Médio do RioGrande do Sul (RS) compreende os municí-pios de Passo Fundo, Carazinho, Cruz Alta,Ijuí, Panambi, Tupanciretã, Soledade, Ta-pera e Júlio de Castilhos. A maioria destaregião é coberta por basalto (rocha de co-loração escura rica em ferro e magnésio),porém nos municípios de Júlio de Casti-lhos, Tupanciretã e Cruz Alta é notória apresença da formação geologia chamadaBotucatu, ou melhor, afloramentos de ro-cha de arenito (rocha sedimentar rica emquartzo). Deste modo, os solos desta regi-ão possuem uma mistura de material deorigem das rochas arenito e basalto, sendo
os solos predominantes Latossolos e Argis-solos (Figura 1), principalmente a unidadede mapeamento Cruz Alta.Em dados do levantamento de solos de
1973 consta que apenas 10% da área daregião possuía a agricultura de soja e trigo,atualmente as culturas predominantes naregião. O histórico de Júlio de Castilhos,Tupanciretã e Cruz Alta apresenta transfor-mações significativas em seu espaço ruralnas últimas décadas que se devem à mu-dança do domínio da pecuária extensivaem favor da adoção da cultura da soja. Ho-je, Tupanciretã é o maior produtor da cul-tura no RS.
A B C
Figura 1 - Solospredominantes daregião do PlanaltoMédio onde ocorrea presença da for-mação geológicaBotucatu: A – Ar-gissolo (UM Júliode Castilhos); B -Latossolo (UMCruz Alta); C – La-tossolo (UM PassoFundo). Estes so-los possuem limi-tações quanto àfertilidade naturale são susceptíveisà erosão.
Pág. 3Boletim Informativo do PPGCS da UFRGS – Nº 14 – Fevereiro-Março/2017
Muitos agricultores não conseguiram seadaptar ao novo modelo e, assim, os índicesde êxodo rural foram aumentando e as terrasse concentram nas mãos de poucos. A um-dança desencadeou o arrendamento e a vem-da das propriedades. Muitas áreas de camponativo com a criação de gado bovino foramdando espaço ao preparo do solo para a im-plantação da soja e posterior sucessão comtrigo no inverno.Este novo modelo é preocupante, pois a
composição destes solos possui limitaçõesquanto à fertilidade natural, pequena capaci-dade de retenção de água pelo alto percen-tual de areia e por serem solos moderados afortemente suscetíveis à erosão. Estas carac-terísticas alertam para a adoção de práticasconservacionistas, a fim de reduzir as perdas
de água e solo, como: semeadura transversalao declive, plantio direto, rotação de culturas,cobertura do solo com resíduos culturais edescompactação do solo utilizando plantascom sistema radicular profundo e vigoroso.Nem todos os produtores da região têm
acesso à informação técnica, então, quantosde fato cuidam da qualidade do solo, conside-rando os aspectos físico, químico e biológico.Por conta desta preocupação, sugere-se queo tema solos seja inserido no currículo detodas as escolas de ensino básico, para queas crianças filhos de trabalhadores rurais e,quem sabe, futuros produtores possam terconsciência da importância da realização depráticas conservacionistas e, assim, contribuirpara o melhor manejo das áreas agrícolas.
O Brasil dispõe de menos de 1% das re-servas mundiais de carvão, ocupando o 10°lugar no ranking mundial, totalizando 7 bi-lhões de toneladas. As reservas brasileirasde carvão mineral estão localizadas nos Es-tados do Rio Grande do Sul, Santa Catarinae Paraná, com 28,8 bilhões, 3,4 bilhões e100 milhões de toneladas, respectivamente,sendo a maior delas a de Candiota/RS, com38% do carvão nacional.No Rio Grande do Sul, a mineração de
carvão está concentrada em lavras do tipocéu aberto, com o carvão localizando-se aprofundidades entre 10 e 25 m da superfíciedo solo. Na mina de Candiota, explorada pe-
la Companhia Riograndense de Mineração(CRM), o método de lavra a céu aberto em-prega a “dragline” como principal equipa-mento para remoção dos materiais. A esca-vação com o uso da “dragline”, máquina degrande porte, gera grandes modificações natopografia, na vegetação e no regime hidro-lógico da área, já que envolve intensa movi-mentação de grandes volumes de solo e derochas. Além do impacto visual, há proble-mas associados à drenagem ácida da áreado entorno, geração de poeiras, ruídos, vi-brações e gases emanados das detonaçõese deposição de rejeitos.
Processo de mineração de carvão a céu aberto no Sul do BrasilTiago Stumpf da Silva1 e Lizete Stumpf2
1Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo e Doutorando do PPGCS/UFRGS2Engenheira Agrônoma, Mestre e Doutora em Ciência do Solo e atual Pós-Doutoranda na UTFPR
Figura 1:
Etapas do processo de extra-
ção de carvão mineral a céu
aberto, em Candiota/RS. A)
retirada do solo, B) formação
das pilhas de carvão não uti-
lizável, C) Extração e trans-
porte do carvão e D) aloca-
ção e “construção do solo” no
local após a mineração.
Pág. 4Boletim Informativo do PPGCS da UFRGS – Nº 14 – Fevereiro-Março/2017
Para que se tenha melhor entendimentode como a lavra a céu aberto é realizado namina de Candiota, e posteriormente como osolo é construído, apresenta-se a seguir asprincipais etapas envolvidas neste processo:a) Retirada por retroescavadeira dos hori-zontes A, B e/ou C do solo original (FiguraA), que é levado por caminhões para cober-tura final da área topograficamente aplaina-da (Figura D); b) Perfuração e detonação doarenito e remoção das rochas, através do u-so da “dragline”, para a cava aberta no corteanterior; c) Perfuração, detonação e extra-ção do carvão do banco superior e do bancoinferior (Figura C), com separação do mate-rial inerte intermediário (argilitos); d) Na ca-va aberta formam-se pilhas de cones com-postos por uma mistura de rochas e carvão,denominados de material estéril (Figura B),que são aplainados por tratores de esteirapara realização da recomposição topográficada área; e) Finalizando a recomposição topo-gráfica da área, deposita-se uma camada dosolo superficial (horizonte A e/ou B) (FiguraD), chamada de “terra vegetal”, retirada na-
teriormente à lavra do carvão (etapa a),originando o “solo construído”.Na recuperação dessas áreas degrada-
das, o uso de espécies vegetais torna-se pri-mordial, pois a adição de fitomassa ao soloproporciona cobertura para redução dos pro-cessos erosivos e aumento gradativo da ma-téria orgânica do solo, para a ciclagem denutrientes, melhorando também a infiltraçãoe armazenamento de água e aumento da ati-vidade biológica, criando condições propíciaspara o estabelecimento de um processo desucessão de espécies, particularmente as na-tivas.Geram-se muitos passivos ambientais a
partir da mineração, no entanto, os efluenteslíquidos das áreas são constantemente ana-lisados para avaliação da qualidade e acidez.O mesmo é realizado no solo, cuja fertilidadedeve retornar aos padrões da região. A CRMunidade Candiota, além de realizar a mine-ração do carvão, investe na recuperação dasáreas mineradas, sabendo a importância demanter a preservação do meio ambiente.
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Datas importantes dos meses de abril-maio
3/4 Início das aulas no PPGCS-UFRGS
6/4 Entrega do projeto de pesquisaAlunos de mestrado ingressantes em 2016/2
20/4 Prazo limite para matrícula em disciplina adicional
24/4 Prazo limite para cancelamento de disciplina