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58 WWW.MUSICAEMERCADO.COM.BR Gestão Estratégia Não é só venda, é tecnologia Quanta muda suas estratégias para atingir diretamente os PDVs e alcançar metas ousadas em 2011 Por Ana Carolina Coutinho U ma das empresas pio- neiras do Brasil em tecnologia musical, a Quanta iniciou suas ativida- des praticamente junto com a abertura econômica do País para importação, nos idos de 1990 do governo Collor. Com mais de 20 anos de atuação, um de seus grandes desafios sempre girou em torno da pe- culiaridade dos produtos que vende, já que exigem conheci- mentos específicos por parte dos lojistas, em sua maioria, avessos a certas novidades. Numa feliz coincidência com o salto tecnológico da socie- dade pós-moderna, a empre- sa cresceu, e muito, e agora pretende dar um novo passo: popularizar seus produtos no varejo, com uma atuação mais agressiva na conquista de novos PDVs, entre outras estratégias. Para isso, começa com a transferência de todo o seu departamento comercial para a capital paulista. A M&M foi conferir em como essas mudanças irão M M atingir o mercado e, no escritório provisório em São Paulo (em breve eles mudarão para um espaço mais ade- quado para a estrutura que estão montando), conversou com Milton Lehmann, diretor comercial, e Joey Gross Brown, gerente da área. Além de falarem sobre as trans- formações que a empresa atravessa, em um diálogo fran- co e informal, conversaram sobre as outras unidades de negócios do grupo, como a Quanta Store, e revelaram as metas para este ano. Leia a seguir. A empresa vem passan- do por mudanças, como a vinda do departamento comercial para a cidade de São Paulo. Qual foi o moti- vo dessa escolha? Joey Gross Brown: Houve a necessidade de voltar para o mainstream do mercado latino-americano. São Paulo é a espinha dorsal comer- cial deste continente. Então a Quanta, tanto dentro da divisão AV-Pro quanto da distribuição, que fica em Cam- pinas, concluiu que para haver um crescimento e buscar novos horizontes, precisava formar uma base comercial em São Paulo. O setor administrativo e o financeiro con- tinuam em Campinas, mas tínhamos de vir para cá, pela mobilidade e representatividade do mercado paulistano na economia brasileira. Nossos melhores clientes estão aqui. Sobre a distribuição, somos uma empresa B2B e havia essa necessidade de criar uma rotina em São Pau- Milton Lehmann (esq.) e Joey Gross Brown: “o que a Quanta busca são negócios rentáveis e duráveis, nada aventureiro”. O QUE A QUANTA BUSCA SÃO NEGÓCIOS RENTÁVEIS E DURÁVEIS, NADA AVENTUREIRO

Não é só venda, é tecnologia !

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Matéria da revista MUSICA E MERCADO.

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Gestão Estratégia

Não é só venda, é tecnologiaQuanta muda suas estratégias para atingir diretamenteos PDVs e alcançar metas ousadas em 2011Por Ana Carolina Coutinho

Uma das empresas pio-neiras do Brasil em tecnologia musical, a

Quanta iniciou suas ativida-des praticamente junto com a abertura econômica do País para importação, nos idos de 1990 do governo Collor. Com mais de 20 anos de atuação, um de seus grandes desa� os sempre girou em torno da pe-culiaridade dos produtos que vende, já que exigem conheci-mentos especí� cos por parte dos lojistas, em sua maioria, avessos a certas novidades. Numa feliz coincidência com o salto tecnológico da socie-dade pós-moderna, a empre-sa cresceu, e muito, e agora pretende dar um novo passo: popularizar seus produtos no varejo, com uma atuação mais agressiva na conquista de novos PDVs, entre outras estratégias. Para isso, começa com a transferência de todo o seu departamento comercial para a capital paulista.

A M&M foi conferir em como essas mudanças irão M&M foi conferir em como essas mudanças irão M&Matingir o mercado e, no escritório provisório em São Paulo (em breve eles mudarão para um espaço mais ade-quado para a estrutura que estão montando), conversou com Milton Lehmann, diretor comercial, e Joey Gross Brown, gerente da área. Além de falarem sobre as trans-formações que a empresa atravessa, em um diálogo fran-co e informal, conversaram sobre as outras unidades de negócios do grupo, como a Quanta Store, e revelaram as metas para este ano. Leia a seguir.

A empresa vem passan-do por mudanças, como a vinda do departamento comercial para a cidade de São Paulo. Qual foi o moti-vo dessa escolha?Joey Gross Brown: Houve a necessidade de voltar para o mainstream do mercado

latino-americano. São Paulo é a espinha dorsal comer-cial deste continente. Então a Quanta, tanto dentro da divisão AV-Pro quanto da distribuição, que � ca em Cam-pinas, concluiu que para haver um crescimento e buscar novos horizontes, precisava formar uma base comercial em São Paulo. O setor administrativo e o � nanceiro con-tinuam em Campinas, mas tínhamos de vir para cá, pela mobilidade e representatividade do mercado paulistano na economia brasileira. Nossos melhores clientes estão aqui. Sobre a distribuição, somos uma empresa B2B e havia essa necessidade de criar uma rotina em São Pau-

Milton Lehmann (esq.) e Joey Gross Brown: “o que a Quantabusca são negócios rentáveis e duráveis, nada aventureiro”.

O QUE A QUANTA BUSCA SÃO NEGÓCIOS RENTÁVEIS E DURÁVEIS,

NADA AVENTUREIRO

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lo. A ideia é traçar novas estratégias e nos diferen-ciar da concorrência.

Com essas modifi -cações, quais benefí-cios o lojista terá de forma direta?J. G.: Imediatamente, na velocidade de atendimento, captação de problemas vivenciados no PDV, e ainda vamos traçar estratégias mais justas. Isso é bom tanto para o pessoal da Quanta quanto para o lojista.Milton Lehmann: É importante estar em São Paulo porque existem muitas

É IMPORTANTE ESTAR EM SÃO PAULO PORQUE

EXISTEM MUITAS REVENDAS SEM ATENDIMENTO

5 produtos essenciais da QuantaTascam – DM-4800É um console digital para usuários pro� ssionais com 64 canais de gravação baseados em modo DAW (Digital Audio Workstation). É compatível com os softwares Pro Tools, Logic, Sonar, DP, Cubase e Nuendo.

Nord – Electro 3O teclado é compatível com a biblioteca

Piano Nord e aproveita a multiplicidade de camadas de velocidade, pedal e amostras de alta qualidade.

M-Audio – XponentA mesa combina as

características de um mixer de DJ de dois canais com

controle de estilo CDJ, permitindo ao

usuário mixar e manipular arquivos digitais sem

precisar tocar no computador.

M-Audio – Torq 2.0O software para DJs aproveita as quatro

plataformas para criar mixagens complexas e dinâmicas.

M-Audio – Fast Track ProÉ uma interface de áudio que utiliza porta USB para se alimentar

e se comunicar com o software de gravação Sound Forge.

É um console digital para usuários pro� ssionais com 64 canais de gravação baseados em modo DAW (Digital Audio Workstation). É compatível com os É um console digital para usuários pro� ssionais com 64 canais de gravação

Nord – Electro 3

Piano Nord e aproveita a multiplicidade de camadas de velocidade, pedal e amostras de alta qualidade.

características de um mixer de DJ de dois canais com

multiplicidade de camadas de velocidade, pedal e amostras de alta qualidade.

M-Audio – XponentA mesa combina as

usuário mixar e manipular arquivos digitais sem

precisar tocar no computador.

plataformas para criar mixagens complexas e dinâmicas.

revendas sem atendimento, que não estão sendo acompanhadas de perto e, estando próximo, o Joey vai poder se relacionar com elas, conhecer mais o mercado e a demanda. Tudo para ter mais proximidade e proporcionar o ca-rinho de que esses clientes precisam.

Qual é o impacto dessas mudanças no portfólio de marcas e produtos da empresa?J. G.: A ideia toda é cresci-mento. E para crescer é pre-ciso comprar mais, diversi-� car mais a compra, buscar novas marcas que sejam

vendáveis para toda a cadeia de su-primentos. O produto precisa chegar às mãos do consumidor � nal e causar satisfação, então obviamente estare-mos sempre de olho, buscando novos negócios e novas formas de proporcio-nar excelência.

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J. G.: A média é de 120 lojas. Em clientes ativos, che-gamos a ter 350. Temos uma estrutura para parceiros em cada região. Para tecnologia, produto que deman-da muito conhecimento, existe na Quanta Music um treinamento gratuito de capacitação para revendas. A revenda só arca com o transporte até o local do curso. Nesse sentido, o que a Quanta faz é aumentar o leque dentro de um formato conceitual coerente com o res-to do grupo, e não só vender. Queremos o produto nas mãos do consumidor � nal, e a loja é a principal forma de fazer isso, então oferecemos todas as ferramentas para essa loja, para que possam entender e oferecer tecnologia aos clientes e satisfazê-los.

A venda de tecnologia musical ainda sofre pre-conceito por parte de pequenas lojas que temem a difi culdade do aprendizado. Como estão enxer-gando a venda para esses PDVs?M. L.: A velocidade da tecnologia é muito grande e as lojas que não entrarem nessa... É difícil sair da zona de conforto e por isso queremos abrir a opor-tunidade de ensinar, inserir as lojas nesse contexto novo. Estamos em São Paulo para isso.Quais critérios a Quanta exige para uma loja que queira vender seus equipamentos?J. G.: Só a capacitação de alguém de vendas, para que não venda errado, pois quando isso acontece, o cliente acha que o produto é ruim. Fazemos isso de graça, den-tro do nosso centro de capacitação, em Campinas, SP. Em breve também será feito em São Paulo. Indicamos cursos por meio de parceiros. Também fazemos road shows, clínicas, bate-papo sobre produtos. A Quanta é uma empresa para a qual você liga e tem alguém para lhe dar suporte. Nossa expertise é atendimento ao con-sumidor. O PDV, hoje, só precisa treinar alguém para vender, o resto deixa com a gente.M. L.: É importante que as lojas entendam que tecno-logia não é um bicho de sete cabeças, que é possível apresentá-la para os clientes, porque quando envere-dam por esse caminho, não voltam mais. E isso acon-tece naturalmente.

Além do desafi o de fazer com que o vendedor e o lojista conheçam o produto de tecnologia musi-cal, existe algum outro desafi o em vender tecno-logia musical?M.L.: Sim, enfrentar a carga tributária do Brasil. É absurdo pagar 500 reais por um produto, sendo

Trabalhar com tecnologia exige atualização cons-tante de portfólio, pois a cada mês surgem novos equipamentos. Como a Quanta lida com isso?M. L.: No mercado de tecnologia, a atualização é cons-tante, mesmo em produtos já líderes. Se uma empresa consegue fazer com que os processos sejam executados numa rotina de velocidade e qualidade de atendimento, não importa que haja mil marcas chegando, você vai conseguir identi� car aquela que realmente agrega algo no mercado em vez de uma marca que vai dar um pique e depois sumir. O que a Quanta busca são negócios ren-táveis e duráveis, nada aventureiro. Não somos assim.

Como foi o ano de 2010 para a empresa e qual é a meta de crescimento para 2011?J. G.: Em 2010 tínhamos uma meta conservadora, vinda de uma economia recessiva. Havíamos esti-pulado 8% de crescimento. E foi mesmo um ano de solidi� car as bases, preparar a plataforma para dar o salto. Nossa semente foi plantada em 2009, nós a rega-mos em 2010, e entre o � nal de 2011 e o início de 2012 colheremos seus frutos. A meta para 2011 é de 20%.M. L.: Esse crescimento não pode ser enxergado como meta de importação, pois a ideia é utilizar o estoque que já temos para � car mais competitivos. Pretende-mos diminuir o número de estoque e deixá-lo mais enxuto e objetivo.J. G.: Vamos economizar no tamanho do estoque e investir em pessoal para que possamos atender melhor, no corpo a corpo, e melhorar o pós-venda da Quanta Music.

Como está a penetração da Quanta Music no mercado, especialmente em pontos de venda?

NOSSA SEMENTE FOI PLANTADA EM 2009, NÓS

A REGAMOS EM 2010, E ENTRE O FINAL DE

2011 E O INÍCIO DE 2012 COLHEREMOS SEUS FRUTOS

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que nos Estados Unidos se pagariam 100 dólares [170 reais, numa conversão livre]. É difícil explicar para o cliente que nosso lucro não é de 400 reais, é de 30, e que o governo � ca com os outros 370. É assustador. Somos obrigados a manter uma quanti-dade de informação para o governo, que é absurda, para não corrermos risco de sofrer retaliação, isso enquanto o País está cheio de contrabandistas que não pagam nada de imposto...

Os consumidores fi nais tam-bém têm acesso às lojas lá de fora, e mesmo pagando cer-tos impostos conseguem o mesmo produto mais barato. O que a Quanta faz ao orien-tar o varejista para falar com seu cliente?J. G.: Não há como tomar uma atitude de� nitiva. En-tre os paliativos está o pós-venda. A Quanta não ven-de somente produto, vende serviço de alta qualidade. M. L.: O caso da tecnologia musical é peculiar. Se o produto não tiver registro no Brasil, o consumidor � -nal não vai poder fazer atualizações. Se ele for de con-trabando e o cliente está na internet e, por ventura, atualiza-o, o software pode travar e então o usuário não terá suporte. Existe um risco enorme e é ruim para a marca, pois será como se o produto dela não funcionasse no Brasil. Produtos ilegais são um risco.

Como conciliar a questão do consumidor fi nal com a Quanta Store e AV-Pro com o PDV?J.G.: Dentro de um mercado não existe só um ca-nal de venda, assim todos devem ser explorados por completo. No caso da AV-Pro, que trabalha com uma mesa diferenciada e precisa de um pós-venda especial, distribuir esse produto por loja é incoerente para com o consumidor � nal — tam-bém existem as exigências do fornecedor nesse sentido. A Quanta Store é o canal que busca en-tregar produtos fora de linha ou esquecidos no tempo, novas marcas e produtos que não tenham volume su� ciente para uma distribuição dentro do PDV ou ainda aqueles pelos quais o lojista não tem interesse. O lojista precisa começar a olhar a diversi� cação do mercado dele também, do canal de venda dentro da loja dele. Ainda estamos muito em cima de commodities [produtos populares e de muito giro]. Vejo isso mudando em breve. A Quanta

Store não é uma ofensa ou concorrência, pois não vende o mesmo que a Quanta Music. Por esse canal não vendemos produtos comercializados nos PDVs.M. L.: Só queremos atender o mercado com produtos pelos quais nem sempre as lojas têm interesse. Existe uma cesta de produtos que não se adequava a outros canais de vendas e a Store começou a atender clien-tes com itens especí� cos. O faturamento tem sido

crescente. O trabalho é muito e� ciente. Vemos, a cada mês, um crescimento de 10%, 20%, 30% na Quanta Store, sem alterar o fatu-ramento da distribuição.J. G.: Na verdade, a transparên-cia do que foi feito dá o tom do que é a Quanta Store. Todos os

produtos que estão nela foram oferecidos para os PDVs por cerca de oito meses em caráter promocio-nal e não foram absorvidos. Então o que � zemos? Antes mesmo de ela ir para o ar, � zemos um comu-nicado ao mercado, mostrando o foco e possibilitan-do, inclusive, a devolução de produtos e trocá-los por outros. De certa forma, até limpamos o estoque de lojas que não estavam conseguindo girar esses equi-pamentos. Foi interessante para todo mundo. Não há vontade de competir com lojas.

O que o lojista pode esperar da Quanta neste ano?J. G.: Inovação, diversi� cação, busca por excelência. Este é o ano para isso, para encontrarmos mercado, prospectarmos novos segmentos, caminhos, com muita inovação.M. L.: Melhoria do pós-venda, evolução da equipe e aperfeiçoamento do trabalho que já fazemos hoje.

Quanta BrasilQuanta Brasil

Marcas: São mais de 20, entre elas:

Avid, M-Audio, Tascam, Novation,

dB Technologies e Nord.

Funcionários: 45, além dos

colaboradores externos

Portfólio: 450 produtos exclusivos.

Por volta de 800, incluindo outras marcas.

Contato: (19) 3741-4646

A METAPARA 2011 É CRESCER 20%