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CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA - IBMR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO DE BIOMEDICINA GUSTAVO FAURE FARINA FONSECA Nanopartículas Metálicas no Diagnóstico e Terapia de Cânceres de Mama Rio de Janeiro 2017

Nanopartículas Metálicas no Diagnóstico e Terapia de Cânceres … · 2020-06-08 · Figura 4 - Corte histológico de carcinoma ductal in situ e carcinoma lobular in situ

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CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO DA SILVEIRA - IBMR

LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES

CURSO DE BIOMEDICINA

GUSTAVO FAURE FARINA FONSECA

Nanopartículas Metálicas no Diagnóstico e Terapia de

Cânceres de Mama

Rio de Janeiro

2017

Page 2: Nanopartículas Metálicas no Diagnóstico e Terapia de Cânceres … · 2020-06-08 · Figura 4 - Corte histológico de carcinoma ductal in situ e carcinoma lobular in situ

GUSTAVO FAURE FARINA FONSECA

NANOPARTÍCULAS METÁLICAS NO DIAGNÓSTICO E

TERAPIA DE CÂNCERES DE MAMA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao IBMR - Laureate International Universities como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharelado em Biomedicina.

Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação

ORIENTADOR: Prof. Dr. Sérgio Henrique Seabra

Rio de Janeiro

2017

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GUSTAVO FAURE FARINA FONSECA

NANOPARTÍCULAS METÁLICAS NO DIAGNÓSTICO E

TERAPIA DE CÂNCERES DE MAMA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao IBMR - Laureate International Universities como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharelado em Biomedicina.

Aprovado em _______________ de_________________ de 2017.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. Dr.

IBMR - Laureate International Universities

_____________________________________________

Prof. Dr.

IBMR - Laureate International Universities

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AGRADECIMENTOS

À minha família que sempre esteve presente, me apoiou e me incentivou nos

momentos em que mais precisei.

A meu tio Wilson Faure e meus primos Vitor Faure e Aline Faure que sempre

apostaram em mim e acreditaram no meu potencial.

À minha querida irmã Aline Fonseca que me ajudou imensamente tanto na minha

formação acadêmica quanto pessoal.

A meus pais Rosa Maria Faure e Jorge Farina Fonseca que sempre zelaram por mim e

sempre me desejaram tudo de melhor.

A meus amigos que confiaram em mim e me ouviram falar sobre este trabalho tanto

em ambiente acadêmico quanto em eventos informais.

E um agradecimento especial para minha avó Selma Barbosa Faure que é uma das

pessoas que eu mais amo e admiro nesta vida.

Page 5: Nanopartículas Metálicas no Diagnóstico e Terapia de Cânceres … · 2020-06-08 · Figura 4 - Corte histológico de carcinoma ductal in situ e carcinoma lobular in situ

“Todos nós fazemos o ‘dó, ré, mi’, mas você tem

que encontrar as outras notas por si mesmo.”

Louis Armstrong

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RESUMO

O câncer de mama é uma doença que acomete principalmente mulheres e possui uma

gama de apresentações clínicas, divergindo entre si em sintomas, alterações histológicas,

alterações moleculares e subtipagem. Em relação à sua atual abordagem diagnóstica e

terapêutica, nota-se que não são totalmente adaptadas, eficazes e estáveis para cada paciente e

perfil clínico de câncer de mama em questão, podendo levar a erros de diagnóstico e

utilização de tratamentos altamente tóxicos e invasivos que além de causarem uma série de

efeitos colaterais, podem acabar não curando totalmente o câncer que acaba por levar à

reincidência, metástase e consequentes óbitos. Devido a esse notável problema de saúde

pública surgem alternativas a fim de contornar essa situação, a de maior relevância sendo o

uso da nanotecnologia, mais especificamente nanopartículas metálicas. Metais em escalas

nanométricas possuem diversas propriedades óticas e eletrônicas interessantes que

normalmente não existem quando estes mesmos metais estão em escalas maiores. Estas

propriedades aliadas a seus tamanhos característicos tornam-nas ferramentas de extrema

utilidade biológica e médica, possuindo aplicações tanto no diagnóstico quanto terapia de

cânceres de mama. Podem ser formadas a partir de ferro, cádmio ligado com semimetais e

ouro, cada tipo de metal possuindo propriedades distintas uns dos outros fazendo com que

possuam diferentes capacidades. Este trabalho teve como objetivo central discutir e fazer um

levantamento acerca das nanopartículas aplicadas ao diagnóstico e terapia em diversos

subtipos de cânceres de mama tratando-se de ser um levantamento bibliográfico descritivo

feito através de pesquisa em bases de dados. Foi levantado neste trabalho que nanopartículas

metálicas de diferentes tamanhos e composições podem formar imagens bem definidas de

massas tumorais mamárias, gerar com facilidade diagnósticos moleculares quantitativos e ser

utilizadas em terapias mais específicas, eficazes e menos tóxicas.

Palavras-chave: CÂNCER DE MAMA. DIAGNÓSTICO E TERAPIA.

NANOPARTÍCULAS METÁLICAS.

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ABSTRACT

Breast cancer is a disease that mostly affects women and has a range of clinical

presentations, diverging from each other in symptoms, histological changes, molecular

changes and subtyping. Regarding its current diagnostic and therapeutic approach, it is

observed that they are not totally adapted, effective and stable for each patient and clinical

profile of breast cancer in question, and may result in diagnosis errors and use of highly toxic

and invasive treatments which, besides causing a series of side effects, may end up not totally

healing the cancer which finally leads to recurrence, metastasis and consequent deaths. Due to

this remarkable public health problem, alternatives arise in order to overcome this situation,

the one of greater relevance being the use of nanotechnology, more specifically metallic

nanoparticles. Metals in nanometric scales have several interesting optical and electronic

properties that normally do not exist when these same metals are on larger scales. These

properties allied to their characteristic sizes make them tools of extreme biological and

medical utility, holding applications both in the diagnosis and therapy of breast cancers. They

can be formed from iron, cadmium bonded with semimetals and gold, each type of metal

having properties different from each other causing them to possess different capacities. This

work aimed to discuss and make a survey about the nanoparticles applied to the diagnosis and

therapy in several subtypes of breast cancers, it trying to be a descriptive bibliographical

survey done through a database search. It has been demonstrated through this work that

metallic nanoparticles of different sizes and compositions can form well defined images of

mammary tumor masses, easily generate quantitative molecular diagnostics and be used in

more specific, effective and less toxic therapies.

Keywords: BREAST CANCER. DIAGNOSIS AND THERAPY. METALLIC

NANOPARTICLES.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Figura do interior de uma mama e uma comparação entre lóbulos saudáveis e o

carcinoma lobular in situ .............................................................................................................. 14

Figura 2 - Corte histológico do epitélio ductal saudável e células lobulares saudáveis .............. 15

Figura 3 - Corte histológico de carcinoma ductal invasivo e carcinoma lobular invasivo.......... 15

Figura 4 - Corte histológico de carcinoma ductal in situ e carcinoma lobular in situ ................. 16

Figura 5 - Imunohistoquímica representando os subtipos existentes de câncer de mama de

acordo com a expressão de moléculas específicas ....................................................................... 19

Figura 6 - Imagem obtida de uma hibridização fluorescente in situ exibindo amplificação

gênica de HER2, os pontos verdes são os genes HER2 e os pontos vermelhos são os

centrômeros do cromossomo 17. .................................................................................................. 22

Figura 7 – Plano axial de modelo murino infectado com linhagem humana de câncer de

mama triplo negativo .................................................................................................................... 28

Figura 8 – Plano axial de modelo murino infectado com fragmento de câncer de mama

murino subtipo luminal B ............................................................................................................. 29

Figura 9 - Imagem de autofluorescência de células vivas do subtipo luminal A e imagem

composta pela autofluorescência de células do subtipo luminal A e imagem de emissão de

fluorescência perto do infravermelho ........................................................................................... 30

Figura 10 - Imagem de autofluorescência de células vivas do subtipo HER2 positivo e

imagem composta pela autofluorescência de células do subtipo HER2 positivo e imagem de

emissão de fluorescência perto do infravermelho ........................................................................ 31 Figura 11 - Figura que relaciona o tamanho das nanopartículas quantum dots em relação a

seus comprimentos de onda emitidos ........................................................................................... 32

Figura 12 - Imagens de microscopia confocal a laser multiespectral da expressão das

moléculas ER, PR e HER2 marcadas pelas quantum dots dos subtipos luminal B, luminal A e

triplo negativo ............................................................................................................................... 32

Figura 13 - Gráfico representando a média de crescimento do câncer de mama de linhagem

murina em função do tempo ......................................................................................................... 33

Figura 14 – Imagens obtidas de microscopia de fluorescência de viabilidade celular e

permeabilidade de membrana ....................................................................................................... 34

Figura 15 – Gráfico de viabilidade celular de células do subtipo HER2 .................................... 35

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LISTA DE SIGLAS

BRCA – Gene do câncer de mama

CdCl2 – Cloreto de cádmio.

CD44 – Grupamento de diferenciação 44.

CdTe – Telureto de cádmio.

DNA – Ácido desoxirribonucleico.

ER – Receptor de estrogênio.

FE3O4 – Óxido de ferro.

FISH – Hibridização fluorescente in situ.

HauCl4 – Ácido cloroáurico.

HER2 – Receptor de fator de crescimento humano 2.

NaBH4 – Borohidreto de sódio.

NaHTe – Telureto de sódio e hidrogênio.

PH – Concentração de prótons de hidrogênio.

PR – Receptor de progesterona.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 12

2.1 Objetivo geral ......................................................................................................................... 12

2.2 Objetivos específicos .............................................................................................................. 12

3 METODOLOGIA .................................................................................................................... 13

4 DESENVOLVIMENTO .......................................................................................................... 14

4.1 Anatomia da mama e sintomas do câncer de mama ............................................................... 14

4.2 Histologia do câncer de mama ............................................................................................... 15

4.3 Alterações moleculares do câncer de mama ........................................................................... 16

4.4 Subtipos de câncer de mama .................................................................................................. 18

4.5 Diagnóstico de cânceres de mama .......................................................................................... 19

4.6 Terapia de cânceres de mama ................................................................................................. 22

4.7 Nanopartículas: sintetização e aplicações............................................................................... 24

4.8 Nanopartículas de óxido de ferro na formação de imagens de cânceres de mama ................ 27

4.9 Nanopartículas quantum dots no diagnóstico molecular de cânceres de mama ..................... 29

4.10 Nanopartículas de ouro na terapia de cânceres de mama ..................................................... 33

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 36

6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 37

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1. INTRODUÇÃO

Entende-se como câncer de mama um grupo muito diverso de doenças em questão de:

apresentação, morfologia, características biológicas e comportamento clínico. O câncer de

mama é originado de mutações somáticas comumente nas células epiteliais que revestem o

ducto terminal de lóbulos mamários ou nas próprias células lobulares secretoras de leite.

Células cancerosas que permanecem enclausuradas pelas suas membranas basais são

classificadas como não invasivas e células cancerosas que ultrapassam esta membrana basal e

se disseminam em tecidos adjacentes saudáveis, invasivas (SAINSBURY, 2000).

Tumores que aparentemente possuem características morfológicas homogêneas variam

em resposta à terapia e resultados, na qual pode refletir a grande variedade de características

biológicas e perfis genéticos do câncer de mama (EDWARDS, 2005). Esta heterogeneidade

aliada ao grande avanço no entendimento do câncer de mama fazem o diagnóstico vigente e

estratégia terapêutica ser uma tarefa desafiadora, uma vez que não são precisamente

adaptados para cada paciente (RAKHA, 2009).

Nanomedicina é uma área relativamente nova e interdisciplinar que envolve a

aplicação da nanotecnologia na medicina e vem ganhando destaque nos últimos anos (MIN,

2015). Uma das tecnologias que estão sendo difundida e pesquisadas são as nanopartículas

metálicas, que são partículas nanométricas normalmente compostas por metais como ouro ou

ferro, que integradas com moléculas bioquímicas se ligam a alvos específicos e geram sinais

óticos analiticamente úteis (CHEN, 2014).

Devido à alta especificidade do câncer de mama em relação a seu diagnóstico e

tratamento, emergem novas alternativas para suprir essa demanda, uma delas é o uso de

nanossondas. Para o diagnóstico, é possível usar estas nanopartículas metálicas bioconjugadas

com moléculas de anticorpos para detectar e quantificar biomarcadores importantes que estão

associados ao câncer de mama, a partir de apenas uma única seção de tumor. Pode-se usar

também nanossondas supermagnéticas como agentes de contraste na formação de imagens de

ressonância magnética para detectar o câncer de mama in vivo ou até mesmo monitorar o

câncer de mama quanto a sua resposta ao tratamento utilizado. Para o tratamento é possível

formular fármacos e quimioterápicos em doses nanométricas e ligá-los a nanossondas;

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conferindo mesma eficácia, maior especificidade e menos efeitos tóxicos em comparação a

formulações convencionais destas mesmas drogas (YEZHELYEV, 2006).

O potencial uso de nanopartículas metálicas para fins clínicos é muito interessantes

devidos seus tamanhos e propriedades físicas que possuem excelentes interações e

compatibilidade com elementos celulares. Trata-se de uma tecnologia nova que vêm

ganhando destaque em diversos campos da pesquisa principalmente nas áreas biomédicas

onde estão sendo medidos esforços para esclarecer o funcionamento destas nanopartículas

metálicas em ambiente tanto in vitro quanto in vivo, podendo ser um método alternativo

substituto aos atuais métodos de diagnóstico e terapia, no futuro.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é discutir acerca da ciência das nanopartículas aplicadas a

diagnóstico e terapia de cânceres de mama, a fim de esclarecer e determinar sua eficácia e

viabilidade tanto in vitro quanto em modelos in vivo não humanos.

2.2. Objetivos específicos

Caracterizar o câncer de mama quanto à anatomia, histologia, características celulares

e subtipos.

Determinar o grau de complexidade acerca de diagnóstico e terapia nos mais variados

tipos de câncer de mama existentes.

Esclarecer sobre a sintetização de nanopartículas, determinando suas capacidades,

aplicações e limitações.

Introduzir a utilização da nanotecnologia como uma opção alternativa ao diagnóstico e

terapia de cânceres de mama, determinando eficácia e viabilidade do uso de nanopartículas

para fins clínicos.

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3. METODOLOGIA

Este trabalho trata-se de um levantamento bibliográfico, descritivo, feito através de

pesquisa nas bases de dados Pubmed (U.S. National Library of Medicine National Institutes

of Health) e Scielo (Scientific Eletronic Library Online). A pesquisa limitou-se a publicações

entre 1994 a 2017, no idioma inglês, utilizando-se de palavras chaves como: “breast cancer”,

“ductal carcinoma”, “lobular carcinoma”, “breast cancer diagnosis”, “breast cancer therapy”,

“nanoparticles”, “nanoprobes”, “nanoparticles and breast cancer”, “breast cancer”. Foram

utilizados também nesse estudo livros acadêmicos de anatomia humana e artigos publicados

pelo Ministério da Saúde do Brasil.

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4. DESENVOLVIMENTO

4.1. Anatomia da mama e sintomas do câncer de mama

As mamas (Figura 1) se encontram sobre o músculo peitoral maior e serrátil anterior,

sendo suportadas por uma camada de tecido conjuntivo, cada uma possui uma projeção

denominada papila mamária, que dão abertura ao exterior, estas por sua vez possuem uma

rede de ductos (Figura 2. A) por onde passará o leite que será secretado para fora. Mais

internamente nesses ductos há mais ramificações e são encontrados de 15 a 20 lobos, os

ductos ramificam-se mais ainda para o interior de cada lobo estando dispostas em unidades

lobulares (Figura 2. B) cujos interiores são encontrados as glândulas mamárias especializadas

na produção de leite (TORTORA, 2012).

Os sintomas mais relevantes associados ao câncer de mama são o aparecimento de

nódulos na mama ou axila, dor na região mamária, alterações de pigmentação na pele na

região da mama ou até mesmo ulcerações na mesma e descargas papilares unilaterais

cristalinas ou sanguinolentas, todos estes sintomas podem estar relacionados à proliferação

desordenada das células epiteliais encontradas nos ductos ou das células produtoras de leite,

encontradas nos lóbulos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Figura 1 – Figura do interior de uma mama e uma comparação entre lóbulos saudáveis e o carcinoma lobular in

situ.

Fonte: American Cancer Society.

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4.2. Histologia do câncer de mama

O tipo mais comum de câncer de mama é o câncer de mama ductal denominado

adenocarcinoma ductal; aonde as células epiteliais que revestem os ductos proliferam

exacerbadamente podendo ou ser invasivas ou não invasivas, dependendo de sua capacidade

de degradar a membrana basal onde estão enclausuradas, ou seja, se estas células conseguem

degradar a membrana basal são classificados como carcinoma ductal invasivo (Figura 3. A) e

se não conseguem degradar a membrana basal, carcinoma ductal in situ (Figura 4. A). Há

também o carcinoma originado nas células dos lóbulos, denominado carcinoma lobular, que

possui menor ocorrência em relação aos carcinomas ductais e também são classificados como

invasivo (Figura 3. B) ou in situ (Figura 4. B) (CARANGIU, 2005).

(A) (B)

Figura 2 – Corte histológico do (A) epitélio ductal saudável e (B) células lobulares saudáveis.

Fonte: (A) MBBS Medicine; (B) Digital Atlas of breast pathology.

(A) (B)

Figura 3 – Corte histológico de (A) carcinoma ductal invasivo e (B) carcinoma lobular invasivo.

Fonte: Breast Cancer: Nuclear Medicine in Diagnosis and Therapeutic Options.

15 µm 50 µm

50 µm 50 µm

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(A) (B)

Figura 4 – Corte histológico de (a) carcinoma ductal in situ e (B) carcinoma lobular in situ.

Fonte: (A) Breast Pathology Info; (B) MORROW, 2015.

4.3. Alterações moleculares do câncer de mama

As alterações celulares mais conhecidas e que são amplamente investigadas em um

diagnóstico de câncer de mama são alterações nos receptores de membrana: receptor de

progesterona (PR), receptor de estrogênio (ER) e receptor de fator de crescimento humano 2

(HER2); os dois últimos citados sendo reconhecidamente os alvos com melhor resposta ao

tratamento endócrino anticâncer (ESTEVA, 2004).

O receptor de estrogênio possui um importante papel no desenvolvimento e progressão

do câncer de mama. A superexpressão deste receptor está ligada a alguns fatores de risco que

são associados a mudanças na secreção de estrogênio como idade, menopausa e gravidez

(PARSA, 2016).

Uma vez que o estrogênio estimula a divisão celular ao ligar-se a seu receptor, as

chances de erro durante a divisão do material genético aumentam, aumentando a possibilidade

do aparecimento de mutações e consequentemente o desenvolvimento de células cancerosas

mamárias (FOIDART, 1998). Cânceres de mama que são positivos para ER, ou seja, que

possuem ER superexpresso na membrana celular compreende cerca de 80% de todos os

cânceres de mama diagnosticados (LI, 2015). Positividade para ER costuma apresentar bons

resultados à terapia endócrina com fármacos antagonistas de estrogênio, como por exemplo, o

tamoxifeno (MANNA, 2016).

Junto com ER, o receptor de fator de crescimento humano 2 também é um

biomarcador importante no desenvolvimento do câncer de mama e é um alvo terapêutico

50 µm 50 µm

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extremamente valoroso (KRISHNAMURTI, 2014). Receptor de fator de crescimento humano

2 ou HER2, é considerado um oncogene, ou seja, se seu gene decodificador no material

genético for amplificado por erros na divisão celular, ocorrerá superexpressão do receptor,

conferindo malignidade à célula, que a partir desde evento, já pode ser considerada uma

célula cancerosa (GUTIERREZ, 2011). Quando este receptor é ativo, ele regula cascatas

relacionadas à proliferação, apoptose, invasão e metástase, angiogênese e diferenciação

celular; fazendo com que cânceres de mama HER2 positivos sejam extremamente agressivos,

apresentando desenvolvimento maligno rápido, metástase precoce e prognóstico

extremamente ruim. Cerca de 20% de todos os cânceres de mama são positivos para HER2,

sendo que cerca de 50% dos cânceres de mama que superexpressam HER2 também

superexpressam ER. HER2 positivos também apresentam bons resultado à terapia endócrina,

só que neste caso, utiliza-se o fármaco trastuzumab que é bloqueador específico do receptor

HER2 (RIMAWI, 2015).

Outras moléculas que são importantes e que apresentam grande valor prognóstico para

o desenvolvimento do câncer de mama são os genes BRCA1 e BRCA2. Estes genes

expressam proteínas de mesmo nome que são supressores de tumor e estão relacionados ao

reparo por recombinação homóloga, que é um processo de reparo da dupla fita de DNA

quando este é danificado. Mutações em uma ou nas duas cópias nos genes BRCA1 e BRCA2

resultam na não expressão ou na expressão deficitária de suas respectivas proteínas,

consequentemente os processos de reparo de DNA associados não funcionarão, aumentando a

suscetibilidade da célula de acumular mutações, se tornando uma célula cancerosa (LORD,

2016).

Genes BRCA1 e BRCA2 mutantes nas células da linhagem germinativa são

associados ao aparecimento de cânceres de mama hereditários. Cânceres de mama

hereditários representam entre 5- 7% dos casos de câncer de mama e portadores de genes

BRCA mutantes hereditários possuem um risco entre 50-80% de desenvolver câncer de mama

até o fim da vida (ROY, 2012). É possível realizar testes de sequenciamento de DNA para

identificar genes BRCA mutantes quando há casos de câncer de mama familiar, sendo

necessário acompanhar o portador da mutação com exames preventivos regulares para

detectar o câncer de mama caso ele apareça e tratá-lo o quanto antes para que ele não se

desenvolva (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

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18

4.4. Subtipos de câncer de mama

Devido à heterogeneidade do câncer de mama, foi possível identifica-los separando-os

em subtipos (Figura 5) de acordo com expressão de moléculas e agressividade. O subtipo

mais comum é o luminal A, representando entre 50-60% de todos os cânceres de mama,

possui ótimo prognóstico. São caracterizados por altos níveis de expressão de ER e/ou PR e

negativos para HER2, respondem bem à terapia endócrina. A taxa de reincidência deste

subtipo é significativamente menor que a dos outros subtipos (YERSAL, 2014).

Temos o subtipo luminal B representando entre 15-20% de todos os cânceres de mama

(KUMMAR et al, 2009). Apresentam baixa expressão de ER e PR e alta expressão de genes

de proliferação e genes relacionados ao ciclo celular como os genes de receptores de fatores

do crescimento, sendo que aproximadamente 20% destes são de genes HER2 (ADES, 2014).

Representando entre 15-20% de todos os cânceres de mama, temos o subtipo HER2.

Prognóstico é ruim, são muito agressivos, pois possuem alta capacidade metastática e

proliferativa (GABOS, 2006). Este subtipo de câncer apresenta negatividade para ER e PR e,

como o nome sugere superexpressam HER-2 (CIANFROCCA, 2004).

Representando aproximadamente 15% de todos os cânceres de mama temos o triplo

negativo, que é um subtipo de câncer de mama que não superexpressa ER e PR nem HER2,

caracterizado por ser extremamente indiferenciado e possuir fenótipo mesenquimal, sendo

conhecido também como subtipo “basal-like” (COLLIGNON, 2016). É um câncer que possui

prognóstico ruim, altamente agressivo pois possui afinidade de metástase para o cérebro e

pulmão nos primeiros 5 anos a partir do diagnóstico e entrada com tratamento, fazendo com

que seja altamente letal além de possuir alta taxa de reincidência tanto local quanto em outros

tecidos. Basicamente seu tratamento é à base de agentes que danificam o DNA diretamente,

como compostos de platina ou radiação ionizante (NEWMAN, 2014).

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Figura 5 – Imunohistoquímica representando os subtipos existentes de câncer de mama de acordo com a

expressão de moléculas específicas.

Fonte: Adaptado de http://fontemd.com/exames/imuno-histoquimica/.

4.5. Diagnóstico de cânceres de mama

Pelo câncer de mama ser uma doença altamente heterogênea, deve-se realizar um

estudo minucioso no paciente a partir da detecção de uma alteração nas mamas através da

mamografia digital. A mamografia digital é o primeiro passo na detecção de um câncer de

mama, utilizando-se de raios-x para visualizar calcificações, massas e outras estruturas

aberrantes que são possivelmente indicativas de cânceres de mama em estágio inicial e é

devido à possibilidade de visualização dessas anormalidades assintomáticas que este exame

preventivo e de rotina é altamente recomendado para mulheres acima de 50 anos, uma vez

que o quanto mais rápido for a detecção e o diagnóstico do câncer de mama mais fácil e mais

bem sucedido será o seu tratamento, diminuindo a taxa de mortalidade desta enfermidade

(NOBLE, 2008). Apesar de ser um teste relativamente fácil de ser realizado, que apresenta

baixa toxicidade e consegue detectar estruturas anormais densas, o mesmo não apresenta

grande especificidade; um exemplo disso é a ocultação das margens do tumor que faz com

que não seja possível visualizar sua real extensão e dimensão, levando à avaliação e

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tratamento errados e por consequência, o desenvolvimento do câncer, tornando-se mais difícil

seu tratamento (MANDELSON, 2000).

Outro exame, que possui mais especificidade e sensibilidade que a mamografia digital,

é a ressonância magnética, que não é realizado como exame de rotina, mas como um

adjuvante na detecção de cânceres de mama (GOETHEM, 2006). A mamografia por

ressonância magnética é baseada no realce de lesões após injeção intravenosa de compostos à

base de gadolínio que são usados para o contraste da imagem, este realce sendo dependente de

vascularização, permeabilidade dos vasos e espaço intersticial do tumor a ser observado

(FROUGE, 1994). Como se sabe, tumores malignos tendem a realizar angiogênese, ou seja,

estimulam o desenvolvimento de novos vasos ao seu redor, estes vasos sendo de má qualidade

e com permeabilidade aumentada, fazendo com que haja maior afluência do agente

contrastante para a região abrangente da massa tumoral e consequentemente sendo possível

visualizá-la ao realizar o exame de ressonância magnética (MILLET, 2012). Devido a estes

fatores e a alta sensibilidade de aproximadamente 93% da mamografia por ressonância

magnética, este tipo de ressonância é especialmente sensível a cânceres de mama invasivos e

consequentemente ajuda no diagnóstico ou exclusão deste padrão de câncer em uma avaliação

(BERG, 2004).

Sua especificidade vai de baixa a moderada, sendo dependente de alguns fatores como

se o paciente é sintomático ou não, tumores benignos que podem estar presentes na área do

câncer fazendo com que também sejam realçados na formação da imagem, não sendo possível

distinguir a real área da massa tumoral maligna e o padrão do câncer de mama, se este é in

situ ou invasivo (MUMTAZ, 1997). Por exemplo, o padrão excepcional de crescimento do

carcinoma lobular invasivo, que se dá pelo crescimento difuso, arranjo celular em “fila

indiana”, padrão invasivo ao estroma caracterizado por ser por células individuais e o fato de

que cânceres invasivos tendem a usar vasos preexistentes fazem com que haja realce

diminuído nas regiões que de fato existem massas tumorais, assim dificultando a formação da

imagem e podendo levar a um falso negativo (GILLES, 1994).

O único método definitivo para diagnóstico de câncer de mama é a biópsia, existindo

dois métodos de remoção de amostras para diagnósticos atualmente, estes sendo a aspiração

com agulha fina que é um método que se utiliza de uma agulha fina e oca que é inserida na

mama com intuito de remover células da lesão suspeita de câncer. É o método menos

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invasivo, mais rápido e mais fácil de ser realizado além de ser possível de avaliar a qualidade

da amostra realizando uma rápida distensão da mesma (CHAIWUN, 2007). A aspiração com

agulha grossa, como o nome sugere, usa-se uma agulha mais grossa e ao invés de células, esta

aspiração remove de 3 a 5 pequenos cilindros de tecido do tamanho de um grão de arroz

(NEAL, 2014).

Estas amostras então vão para análise em laboratório aonde serão visualizadas e

devidamente caracterizadas por patologistas que apontarão malignidade ou não e mais

informações relevantes sobre a massa em questão, além de serem feitos testes moleculares,

estes sendo o teste de receptor de hormônio que se utiliza da técnica de imunohistoquímica,

que tem como princípio ligação antígeno e anticorpo, realiza-se coloração específica e fixa-se

a amostra, que posteriormente em contato com complexos de enzimas conjugadas com

anticorpos monoclonais ou policlonais anti-ER ou anti-PR reagirão, acionando a enzima

conjugada se houver ligação antígeno/anticorpo específica, resultando em coloração castanha

caso a amostra seja positiva para receptores hormonais superexpressos, esta coloração poderá

ser visível diretamente nas células da lâmina histológica ao observá-las no microscópio ótico

podendo também ser observadas em microscópio de fluorescência, dependendo do tipo de

coloração realizada e tipo de anticorpos empregados (NOFECH-MOZES, 2012). O teste de

HER2 é idêntico ao teste de receptor de hormônio só que com anticorpos mono ou policlonais

anti HER2 que se ligam à proteína HER2. Não é o método mais indicado para avaliação de

negatividade e positividade para HER2, devido a vários laboratórios possuírem critérios de

avaliação diferentes além de ser um teste semiquantitativo e instável (KROESE, 2007).

O método mais eficaz para avaliar a positividade da amostra para HER2 é utilizando-

se o método FISH. Hibridização fluorescente in situ (Figura 6), ou FISH, baseia-se na

identificação de sequências de DNA através de ligação complementar de partículas de DNA

previamente identificadas que são marcadas com moléculas fluorescentes, sendo possível

visualizar em microscópio de fluorescência se há amplificação do gene HER2 na amostra e

consequentemente revelando se a amostra é negativa ou positiva. Este método é bastante

específico fazendo com que seja altamente valorizado para fins diagnósticos, porém este

método possui um grande contra, este sendo o fato de ser muito trabalhoso, portanto, a chance

de erro por falha humana durante a preparação é alta, resultando em um experimento perdido

ou um falso negativo (GOUD, 2012).

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Figura 6 – Imagem obtida de uma hibridização fluorescente in situ exibindo amplificação gênica de HER2, os

pontos verdes são os genes HER2 e os pontos vermelhos são os centrômeros do cromossomo 17.

Fonte: Adaptado de https://pt.slideshare.net/FonteMD/aula-mastologia-mama-patologia-molecular

4.6. Terapia de cânceres de mama

O avanço na caracterização bem definida de subtipos de câncer mama junto com a

identificação de alterações genéticas e cascatas de sinalização envolvidas levou ao

desenvolvimento clínico de alguns agentes moleculares alvos direcionados bem sucedidos,

isto é, agentes moleculares que bloqueiam direcionadamente alvos moleculares específicos

responsáveis pelo crescimento e sobrevivência de células cancerosas (HIGGINS, 2011).

Tumores em estágio inicial de desenvolvimento podem ser removidos cirurgicamente,

tanto tumores in situ quanto invasivos e palpáveis e não palpáveis, sendo que para não

palpáveis é necessário realizar a remoção com auxílio de mamografia por ressonância

magnética e uma agulha guiada em formato de “v” para localizar o tumor e posteriormente

realizar a remoção. Este método é considerado o mais eficaz para localizar e remover cânceres

de mama não palpáveis, porém existe casos maus sucedidos de remoção devido à agulha

migrar de posição e o cirurgião perder a localização do tumor, podendo gerar uma remoção

errônea de tecido saudável, favorecendo o desenvolvimento do tumor além de ser um

procedimento altamente invasivo. Pacientes que passam por qualquer processo de remoção

então passam pelo tratamento com o uso dos fármacos antitumorais e dependendo dos casos

15 µm

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23

passam por sessões de radioterapia, tudo para conter a reincidência do tumor (AHMED,

2015).

Pacientes com positividade para receptores hormonais geralmente recebem

tratamentos endócrinos com fármacos seletivos bloqueadores de receptores de estrogênio,

como o tamoxifeno e fármacos inibidores da aromatase, estas duas classes de fármacos sendo

as opções mais utilizadas no tratamento deste tipo de câncer e no caso de luminal B, os

pacientes recebem também quimioterápicos citotóxicos como compostos de platina e

radioterapia. Pacientes com tumores que superexpressam HER2 geralmente recebem terapia

anti HER2 alvo específico como o fármaco trastuzumab, combinada com agentes

quimioterápicos e radioterapia (TINOCO, 2013). Pacientes com câncer triplo negativo não

possuem alvos específicos para tratamento então as estratégias terapêuticas se baseiam apenas

no uso de agentes quimioterápicos citotóxicos e radiações ionizantes localizadas (ISMAIL-

KHAN, 2010).

O mecanismo de ação do tamoxifeno acontece pelo bloqueio seletivo dos receptores

superexpressos de estrogênio da célula de câncer de mama, uma vez que os receptores são

bloqueados, o estrogênio não se ligará a ER, impossibilitando que o complexo estrogênio/ER

migre para o núcleo celular e se ligue a coativadores transcricionais responsáveis pela

proliferação e crescimento do tumor (LONNING, 1995). O tratamento com tamoxifeno tem

duração de 2 a 3 anos e seus efeitos colaterais são de baixa e moderada gravidade, os mais

comuns sendo sintomas parecidos a da menopausa como ondas de calor repentinas,

menstruação irregular, sangramento e prurido vaginal (CLEMONS, 2002). Os sintomas mais

raros e mais graves estão associados a mulheres com 50 anos ou mais aonde já foi reportado:

embolia pulmonar, cataratas, desenvolvimento de câncer uterino e doença isquêmica do

coração (FISHER, 2005).

O mecanismo de ação dos inibidores da aromatase acontece pelo bloqueio específico

da enzima aromatase, que é responsável pela conversão da androstenediona em estrona e

testosterona em estradiol sendo que, estrona e estradiol são hormônios estrógenos. A não

formação destes hormônios estrógenos implica na não ligação de estrogênios com o ER das

células do câncer de mama, impossibilitando proliferação e crescimento destas células

cancerosas e consequentemente inviabilizando-as (BERRY, 2005). O tratamento com

inibidores da aromatase tem duração de 2 a 3 anos, é usado como fármaco que continua a

terapia do câncer de mama positivo para receptores hormonais após o uso de tamoxifeno,

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somando 5 anos de tratamento no total (LONNING, 2013). Seus efeitos colaterais são de

baixa, moderada e alta gravidade, os mais comuns sendo parecido com os sintomas da

menopausa e sintomas inespecíficos como náuseas, dor de cabeça, diarreia e perda de cabelo.

Sintomas mais raros e mais graves são: dores nas juntas, rigidez musculoesquelética, perda de

densidade óssea que pode resultar em osteoporose e atrofia geniturinária (FILES, 2010).

Já para o tratamento de cânceres de mama HER2 positivo utiliza-se fármacos

bloqueadores da ativação do HER2, um destes é o trastuzumab que têm como mecanismo de

ação a ligação ao sítio extracelular do HER2, impedindo sua clivagem proteolítica que gera a

formação do fragmento de HER2 ativo, que quando fosforilado têm como função ativar

cascatas de sinalização relacionadas proliferação, apoptose, invasão e metástase, angiogênese

e diferenciação celular. Pacientes com câncer de mama HER2 positivo em estágio inicial

recebem tratamento com trastuzumab por 1 ano, prolongamento do tratamento com este

fármaco não é recomendado pois não aumenta sua eficácia além de aumentar os riscos de

efeitos adversos que basicamente se resumem à cardiotoxicidade (MAXIMIANO, 2016). Para

pacientes com câncer de mama HER2 positivo em estágio avançado sugere-se que o

tratamento deve ser feito num período de 3 a 4 anos, dependendo da idade dos pacientes e

terapia adotada, trastuzumab por 1 ano e agentes quimioterápicos como o taxol, que é um

quimioterápico que impede a formação de microtúbulos das células tumorais as impedindo de

se dividir, sendo a combinação mais reconhecida para o tratamento deste padrão de câncer de

mama (MRSIC, 2001).

4.7. Nanopartículas: Sintetização e Aplicações

Nanotecnologia é o ramo da ciência dedicada ao estudo de materiais que possuem

dimensões nanométricas, a peculiaridade acerca do tamanho e propriedades destes materiais

os tornou artifícios indispensáveis para muitas atividades humanas, duas destas sendo a

biologia e a medicina (SALATA, 2004). Células humanas geralmente possuem 10

micrometros, no entanto, os componentes internos que constituem estas células são bem

menores e estão abaixo da escala micrométrica, fazendo parte da escala nanométrica. Por

questões de comparação, proteínas geralmente possuem 5 nanômetros, que é o tamanho de

uma das menores nanopartículas já criadas pelo homem (TATON, 2002).

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25

Em geral, nanopartículas empregadas no ramo da biotecnologia possuem espectro de

tamanho de 10 a 500 nanômetros. O tamanho destas partículas permite comunicação direta

com biomoléculas da superfície ou do interior das células, podendo revelar aspectos físicos e

bioquímicos destas, fazendo com que possuam potenciais aplicações na entrega de fármacos

que interagem com moléculas específicas e formação não invasiva de imagem, tornando o uso

destas partículas uma alternativa interessante que pode ser superior ao uso de agentes

farmacêuticos e métodos de formação de imagem convencionais, dependendo de

enfermidades em questão (MODY, 2009).

Os três tipos de nanopartículas metálicas mais utilizadas na biotecnologia são as

nanopartículas de ouro, nanopartículas magnéticas e nanopartículas semicondutoras que

também são conhecidas como nanopartículas quantum dots (GASPARYAN, 2013).

Nanopartículas de ouro são sintetizadas a partir do ácido cloroáurico, um composto de

fórmula HAuCl4, que é formado pela dissolução do ouro por ácido nítrico e ácido clorídrico

(KING, 2015). O ácido cloroáurico então é exposto a ácido cítrico e água à temperatura de

ebulição, aonde o ácido cítrico atua servindo como agente redutor e estabilizador do ácido

cloroáurico, criando assim uma solução diluída com nanopartículas esféricas de ouro

moderadamente estáveis com diâmetros entre 10 a 20 nanômetros, sendo possível criar

nanopartículas menores que 10 nanômetros e maiores que 20 nanômetros, por exemplo,

dependendo do protocolo de execução do processo (YEH, 2012). Estas nanopartículas então

passam por um processo de funcionalização aonde são tratadas com o composto surfactante

não iônico tween 20, que atua revestindo estas partículas impedindo assim a agregação

irreversível destas após sua formação, e posteriormente compostos alcanotióis, que possuem

caráter orgânico aonde os átomos de enxofre criam ligação covalente com o ouro e atuam

criando uma monocamada na superfície das nanopartículas conferindo-as maior estabilidade,

capacidade de manipulação de uma gama de agentes químicos e realização de procedimentos

físicos como secagem e ressuspensão em solução sem que as nanopartículas se desfaçam ou

degradem (ASLAN, 2002).

Estas nanopartículas esféricas de ouro possuem características muito interessantes para

uso biomédico devido seu tamanho, propriedades óticas e eletrônicas, relação superfície de

contato para volume, notável biocompatibilidade e baixa toxicidade (MURPHY, 2008). A

habilidade mais característica das nanopartículas esféricas de ouro é relacionada ao sistema de

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entrega de fármacos, aonde estas nanopartículas são previamente sensibilizadas com fármacos

antitumorais específicos e quando são introduzidas in vivo conseguem escapar à fagocitose

pelas células mononucleares, extravasam a vasculatura frágil criada pelos tumores e

depositam-se no microambiente tumoral, restringindo a ação do fármaco apenas ao tumor e

com isso reduzem a circulação deste fármaco no organismo, aumentando a eficácia e

seletividade da terapia e diminuindo sua toxicidade (PACIOTTI, 2004).

Nanopartículas magnéticas possuem larga escala de produção e baixo custo, ao

contrário das nanopartículas de ouro. Sua sintetização acontece por métodos químicos simples

e eficientes aonde composição, tamanho e formato podem ser conduzidos. São formadas a

partir da adição de uma base a uma mistura aquosa de cloreto de ferro +2 e +3 em alta

temperatura, obedecendo a uma escala molar de 1 para 2, que resulta coloração negra a

solução e precipitação dos íons de ferro, formando nanopartículas esféricas de óxido de ferro,

cuja fórmula é Fe3O4 de 15 a 100 nanômetros, tamanho sendo dependente de controle de PH,

concentração de cátions da precipitação e temperatura da reação. Para prevenir a oxidação e

agregação irreversível das partículas elas são revestidas com moléculas inorgânicas como

sílica e orgânicas como alcanotióis (ALI, 2016). A aplicação destas nanopartículas Fe3O4 é

limitada devida sua sensibilidade à oxidação (BAO, 2010).

A aplicação mais significante destas nanopartículas Fe3O4 é na formação não invasiva

de imagem por ressonância magnética aonde estas atuam como agente de contraste de baixa

toxicidade na detecção de tecidos e formações anormais quando administrados localmente

(CHERTOK, 2008). Existem desafios acerca da formação da imagem por nanopartículas

Fe3O4 devido sua instabilidade em condições fisiológicas e sua distribuição não seletiva in

vivo, quando estas não estão revestidas com biomarcadores, fazendo com que estas

nanopartículas não atinjam concentração suficiente no ambiente tumoral para produzir sinal

necessário para a formação da imagem do tumor durante a ressonância magnética (PENG,

2008).

Nanopartículas semicondutoras, ou quantum dots, são nanopartículas geralmente

formadas de telureto de cádmio. O início de sua sintetização acontece adicionando o pó de

telúrio com borohidreto de sódio, cuja fórmula é NaBH4, e água deionizada à 80 graus, todos

esses compostos então reagem por 30 minutos e formam o telureto de sódio e hidrogênio cuja

fórmula é NaHTe, durante esse processo a reação é protegida por uma cuba que expele

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nitrogênio, garantindo que a reação não sofra alteração pelo oxigênio atmosférico, uma vez

que este pode pode alterar a quantidade de cádmio livre na solução na próxima etapa da

sintetização, aumentando a toxicidade da solução e inviabilizando a ligação do telúrio com o

cádmio (MA, 2014). A segunda etapa acontece em um aparelho condensador onde a solução

de NaHTe é misturada a uma solução saturada de nitrogênio contendo cloreto de cádmio, cuja

fórmula é CdCl2, e ácido mercaptopropiônico, que é um tiol estabilizador. Então estes

compostos reagem, telúrio liga-se ao cádmio formando nanopartículas de telureto de cádmio,

cuja fórmula é CdTe, e o ácido mercaptopropiônico atua estabilizando a formação esférica das

nanopartículas revestindo-as, garantindo uma capa orgânica ao redor destas nanopartículas

fazendo que elas já sejam funcionais. O tamanho destas nanopartículas é dependente do

controle de PH e tempo de refluxo. A remoção destas nanopartículas do aparelho condensador

acontece por precipitação simples utilizando etanol, que também ajuda na remoção do excesso

de ácido mercaptopropiônico e íons de cádmio livres (WENG, 2006).

Após sua formação, quantum dots emitem fluorescência através de um efeito

conhecido como confinamento quântico, que é quando as partículas tornam-se menores que o

comprimento de onda de seus elétrons fazendo com que estes sejam excitados, isso aumenta a

energia dos elétrons forçando-os a dissipar energia em forma de luzes fluorescentes de

diversos comprimentos de onda, dependendo do tamanho das nanopartículas. Além dessa

característica, as nanopartículas quantum dots CdTe possuem resistência a degradação

química e metabólica, fotoestabilidade, largo espectro de emissão de fluorescência e alto

coeficiente de absorção em relação à fluoróforos orgânicos convencionais (SCHULZE, 2017).

Todas estas características tornam as nanopartículas quantum dots uma classe promissora de

fluoróforos para captação de moléculas e consequente diagnóstico (YEH, 2005).

4.8. Nanopartículas de óxido de ferro na formação de imagens de cânceres de

mama

Devido à simplicidade de produção, baixo custo, baixa toxicidade e excelente

formação não invasiva de imagens por ressonância magnética, as nanopartículas Fe3O4 são

altamente estudadas no campo do diagnóstico (AHMED, 2013). Estas nanopartículas também

possuem boa biocompatibilidade, fazendo com que estratégias diagnósticas sejam adotadas

como a bioconjugação de substâncias que se ligam com alvos moleculares de células de

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câncer de mama na superfície dessas nanopartículas, sendo possível formar uma imagem com

excelente visualização e contraste (WORTMANN, 2014). Sabe-se que cânceres

superexpressam glicoproteína CD44, que é um receptor para ácido hialurônico, então ácido

hialurônico é bioconjugado às moléculas orgânicas tióis da superfície das nanopartículas

Fe3O4, em paralelo, um modelo murino recebe injeção subcutânea de 1x10^7 células de

linhagem humana de câncer de mama triplo negativo. Então, quando este tumor completa 1

centímetro de diâmetro, 40 micromolar por quilo de nanopartículas Fe3O4 bioconjugadas

com ácido hialurônico são injetadas pela veia da cauda do murino e a ressonância magnética

(Figura 7) é realizada antes da injeção de nanopartículas Fe3O4, 30 minutos, 90 minutos e 24

horas após a injeção. Nanopartículas Fe3O4 são excelentes agentes de contraste em aquisições

T2, ou seja, escurecem o tecido alvo quando este parâmetro é adotado na formação da

imagem na ressonância magnética (YANG, 2016).

Figura 7 – Plano axial de modelo murino infectado com linhagem humana de câncer de mama triplo negativo

aonde foi realizado ressonância magnética em T2 antes da injeção de nanopartículas Fe3O4 bioconjugadas com

ácido hialourônico, 30 minutos, 90 minutos e 24 horas depois da injeção.

Fonte: Adaptado de YANG, 2016.

Em outro trabalho, as nanopartículas Fe3O4 foram revestidas com moléculas

orgânicas de dextran, um polímero biocompatível de alta retenção em organismos, que foi

bioconjugado com anticorpo monoclonal humanizado anti HER2, mais conhecido como

trastuzumab. O modelo murino recebeu implantação subcutânea de um fragmento de câncer

de mama murino do subtipo luminal B, que é positivo para superexpressão de HER2. As

nanopartículas bioconjugadas com anti HER2 a 30 micromolar por quilo então foram

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injetadas na veia da cauda do murino infectado quando o tamanho do tumor chegou entre 0,9

a 1 centímetro de diâmetro. Foi realizada a ressonância magnética em aquisição T2 antes da

injeção das nanopartículas Fe3O4 bioconjugadas com anti HER2 e 4 horas, 24 horas e 72

horas depois da injeção das nanopartículas (RASANEH, 2010).

Figura 8 – Plano axial de modelo murino infectado com fragmento de câncer de mama murino subtipo luminal b

aonde foi realizado ressonância magnética em T2 antes da injeção de nanopartículas Fe3O4 bioconjugadas com

trastuzumab, 4 horas, 24 horas e 72 horas depois da injeção.

Fonte: Adaptado de RASANEH, 2010.

4.9. Nanopartículas quantum dots no diagnóstico molecular de cânceres de

mama

Devido à capacidade de emitir diversas fluorescências relacionadas à condução de

seus tamanhos, estratégias para que essas nanopartículas quantum dots emitam fluorescência

perto do infravermelho emergem. Emissão de fluorescência perto do infravermelho (entre 700

a 1300 nanômetros) são ideiais para formação de imagem in vitro e de tecidos profundos

devido à autofluorescência biológica ser transparente a esses comprimentos de onda (PIC,

2009). Então, nanopartículas quantum dots podem ser bioconjugadas a moléculas de interesse

que se ligam a receptores específicos das células de cânceres de mama, criando assim imagens

que podem ser visualizadas por emissão de infravermelho (YONG, 2009). Logo, as

nanopartículas CdTe quantum dots que emitem fluorescência perto do infravermelho podem

ser uma valorosa e potente alternativa no diagnóstico molecular tanto in vivo quanto in vitro

de cânceres de mama, in vitro sendo uma alternativa mais sensível, estável e barata que a

imunohistoquímica e menos trabalhosa e tão sensível quanto o FISH. Por exemplo, ao

bioconjugar trastuzumab ao revestimento de tióis das nanopartículas quantum dots e depois

incubar essas nanopartículas com células de linhagem humana do subtipo luminal A, que não

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superexpressa HER2, e células de linhagem humana do subtipo HER2 positivo, é possível

visualizar por microscopia confocal de varredura a laser os receptores HER2 marcados pelas

nanopartículas, que emitem fluorescência perto do infravermelho, sendo visualizadas por

pequenos pontos vermelhos. Para o controle negativo sem presença das nanopartículas, as

células são visualizadas por autofluorescência azul e a imagem com o HER2 marcado, com

presença das nanopartículas, é uma composição digital formada da imagem de

autofluorescência com a imagem da emissão de fluorescência perto do infravermelho.

Observa-se que quando as células do subtipo luminal A são marcadas com quantum dots

bioconjugadas com trastuzumab (Figura 9), apenas alguns pontos na imagem aparecem em

vermelho, mostrando que houve baixa absorção das quantum dots por receptores HER2, ou

seja, não há superexpressão de HER2. Já quando as células do subtipo HER2 positivo são

marcadas com as mesmas quantum dots (Figura 10), o cenário é diferente e observa-se muitos

pontos vermelhos na imagem formada, mostrando que houve alta absorção das quantum dots

por receptores HER2, comprovando superexpressão de receptores HER2 (RIZVI, 2014).

Figura 9 – Imagem de autofluorescência de células vivas do subtipo luminal A (A) e imagem composta pela

autofluorescência de células do subtipo luminal A e imagem de emissão de fluorescência perto do

infravermelho(B).

Fonte: Adaptado de RIZVI, 2014.

80 µm 80 µm

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Figura 10 - Imagem de autofluorescência de células vivas do subtipo HER2 positivo (A) e imagem composta

pela autofluorescência de células do subtipo HER2 positivo e imagem de emissão de fluorescência perto do

infravermelho (B).

Fonte: Adaptado de RIZVI, 2014.

O diagnóstico molecular dos cânceres de mama é baseado em imunohistoquímica, que

é incapaz de realizar testes simultâneos para mais de uma molécula, possui apenas uma cor

(castanho) independente da molécula que for marcada na amostra e além do mais é um teste

semiquantitativo e subjetivo (THOMSON, 2001). Como o comprimento de onda da

fluorescência das nanopartículas quantum dots pode ser manipulado via controle do tamanho

das nanopartículas, aonde nanopartículas menores emitem comprimento de onda de

fluorescência de maior frequência que nanopartículas maiores (Figura 11), abrangendo todo o

espectro da luz visível, é possível bioconjugar anticorpos diferentes à nanopartículas quantum

dots de diferentes tamanhos, sendo possível realizar testes simultâneos de marcação de

biomoléculas de interesse em uma única amostra de células de câncer de mama. Ao

bioconjugar-se anticorpos anti-HER2 com quantum dots de emissão de 525 nanômetros, anti-

ER com quantum dots de emissão de 565 nanômetros e anti-PR com quantum dots de emissão

de 605 nanômetros e incubar todas essas nanopartículas junto com linhagens de células de

câncer humano do subtipo luminal A, luminal B e triplo negativo individualmente, é possível

visualizar a absorção das quantum dots pelas moléculas alvo ao visualizar-se as amostras

individualmente por microscopia confocal de varredura a laser multiespectral, sendo possível

confirmar diagnóstico de subtipo baseado na intensidade de comprimentos de onda

específicos captados por espectroscópio (YEZHELYEV, 2007).

80 µm 80 µm

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Figura 11 – Figura que relaciona o tamanho das nanopartículas quantum dots em relação a seus comprimentos

de onda emitidos, quanto menor a partícula maior será a frequência de onda emitida.

Fonte: Adaptado de https://www.intechopen.com/books/biomedical-engineering-technical-applications-in-

medicine/quantum-dots-in-biomedical-research.

Figura 12 – (A) Imagens de microscopia confocal a laser multiespectral da expressão das moléculas ER, PR e

HER2 marcadas pelas quantum dots dos subtipos luminal B, luminal A e triplo negativo. As cores destas

imagens não são as cores reais que foram captadas pelo microscópio, portanto estão colorizadas artificialmente

devido ao efeito de confluência dos três comprimentos de ondas emitidos pelos três tipos de quantum dots

utilizados que faz com que não seja possível distinguir as cores a olho desarmado, apenas por espectroscópio.

(B) Gráfico obtido através da medição por espectroscópio da intensidade de comprimentos de onda específicos

emitidos pelas quantum dots quando ligadas as moléculas específicas de interesse, aonde expressão de HER2 é

determinada pelo comprimento de onda 525 nanômetros, expressão de ER 565 nanômetros e expressão de PR

605 nanômetros.

Fonte: Adaptado de YEZHELYEV, 2007.

15 µm

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4.10. Nanopartículas de ouro na terapia de cânceres de mama

Nanopartículas de ouro usadas para pesquisas terapêuticas tendem a ter diâmetro em

média de 5 nanômetros devido a sua melhor bioabsorção e maior inêrcia química (HILLYER,

2001). Não são citotóxicas, mesmo em tamanhos muito diferentes e revestidas com diferentes

tióis (CONNOR, 2005). Existem três relevantes tipos de terapia envolvendo as nanopartículas

de ouro estes sendo realce de radiação, hipertermia induzida e marcação de tumor (LEE,

2014). A energia de radiação da maioria das radioterapias de raios-X é em megavolts, porém,

existem radioterapias aonde a exposição à energia é menor, denominadas radioterapias em

quilovolts, que não são utilizadas convencionalmente e sabe-se que o ouro reage à emissão de

energia em quilovolts, ocorrendo sua radiosensibilização devido à absorção de fótons,

causando um efeito fotoelétrico onde o ouro passa a emitir elétrons incessantemente enquanto

for irradiado por raios X, acontecendo este mesmo efeito com o ouro em escala nanométrica

(JAIN, 2011). Estas liberações de elétrons estimuladas pelos raios x em quilovolts podem

realçar o efeito da radioterapia localizada quando as nanopartículas estiverem na localização

do tumor, aumentando a eficácia da radioterapia e diminuindo sua toxicidade. Foi realizado

em modelos murinos este experimento, aonde os murinos foram infectados com câncer de

mama de linhagem murina e posteriormente foram tratados apenas com nanopartículas de

ouro injetadas, apenas com irradiação quilovoltáica localizada e com nanopartículas de ouro

injetadas mais irradiação quilovoltáica localizada. Nota-se que as nanopartículas de ouro

injetadas mais irradiação quilovoltáica localizada conseguem reduzir drasticamente o volume

da massa tumoral, comprovando o efeito fotoelétrico e sua possível aplicação terapêutica

(HAINFELD, 2004).

Figura 13 – Gráfico representando a média de crescimento do câncer de mama de linhagem murina em função

do tempo aonde os modelos murinos foram tratados apenas com nanopartículas de ouro, não receberam

tratamento, apenas irradiação quilovoltáica e nanopartículas de ouro mais irradiação quilovoltáica

respectivamente no gráfico. Fonte: Adaptado de HAINFELD, 2004.

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34

Nanopartículas de ouro possuem interessantes propriedades de absorção de ondas

eletromagnéticas, dependendo de tamanho e formato (JAIN, 2006). É possível elaborar

nanopartículas de 110 nanômetros de diâmetro, aonde seu interior é formado por 100

nanômetros de diâmetro de sílica e seu exterior formado por 10 nanômetros de diâmetro de

ouro, que possuem absorção máxima em 800 nanômetros, ou seja, perto do infravermelho

(OLDENBURG, 1999). Comprimentos de onda perto do infravermelho são excelentes para

penetrar tecidos e assim emerge o princípio não invasivo da destruição de tumores por

hipertermia induzida aonde as nanopartículas de ouro com interiores de sílica são irradiadas

por laser com comprimento de onda em 800 nanometros, fazendo com que elas sejam

estimuladas e produzam calor localizado na região das células que estas estão ligadas,

destruindo-as (HAINFELD, 2014). Ao aplicar apenas laser localizado a 800 nanometros em

células de linhagem humana do subtipo HER2 e aplicar este mesmo laser localizado às

mesmas células, porém estas foram previamente incubadas com nanopartículas de ouro com

interior de sílica, posteriormente realizar marcações com fluoróforos de viabilidade celular

(Figura 14 A. e B.) e permeabilidade de membrana (Figura 14 C. e D.), é possível visualizar a

área localizada em que houve a destruição celular por aumento de temperatura (HIRSCH,

2003).

Figura 14 – Imagens obtidas de microscopia de fluorescência de (A-B) viabilidade celular da área localizada

atingida pela emissão de laser de comprimento onda de 820 nanômetros (C-D) permeabilidade de membrana da

área localizada atingida pela emissão de laser de onda de comprimento de onda 820 nanômetros.

Fonte: Adaptado de HIRSCH, 2003.

15 µm

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35

Devido à capacidade de ultrapassar a vasculatura permeável criada por tumores e ficar

retido no ambiente tumoral, nanopartículas de ouro são potentes carreadores de fármacos

(KHLESTKIN, 2008). Ao bioconjugar-se nanopartículas de ouro com trastuzumab

incubando-as com células de linhagem humana do subtipo HER2 e realizar testes de

viabilidade celular comparados entre incubação apenas com nanopartículas de ouro, apenas

com solução de agente poliestireno, que é o agente que bioconjuga o tiól da superfície da

nanopartícula ao trastuzumab e nanopartículas de ouro bioconjugadas com trastuzumab, nota-

se baixa proliferação celular de células incubadas com nanopartículas de ouro bioconjugadas

com trastuzumab devido o bloqueio do receptor HER2, fazendo com que as células morram e

se tornem inviáveis (RATHINARAJ, 2015).

Figura 15 – Gráfico de viabilidade celular de (azul) células do subtipo HER2 incubadas com solução de

poliestireno; (vermelho) células do subtipo HER2 incubadas apenas com nanopartículas de ouro; (verde) células

do subtipo HER2 incubadas com nanopartículas bioconjugadas com trastuzumab.

Fonte: Adaptado de RATHINARAJ, 2015.

p<0,05

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36

5. CONCLUSÃO

# O câncer de mama é uma doença altamente heterogênea possuindo diferentes

padrões histológicos e moleculares que faz com que ele possua diversas apresentações

clínicas.

# Tanto o diagnóstico quanto a terapia estão ultrapassados e não são totalmente

específicos, fazendo com que o diagnóstico não seja estável e a terapia muita vezes recorra a

métodos mais invasivos e com acentuada toxicidade.

# Com a clara falta de personalização do diagnóstico e terapia, emergem novas

alternativas para suprir essa carência, uma delas é o uso de nanopartículas, que possuem um

leque tão grande de aplicações e propriedades quanto à heterogeneidade dos cânceres de

mama.

# A aplicação das nanopartículas para fins clínicos de larga escala cada vez mais se

torna algo concreto, com diversos estudos que demonstram sua eficácia, aplicabilidade e

viabilidade tanto in vitro quanto em modelos in vivo.

# Ainda há de ser esclarecido acerca da metabolização e excreção dessas

nanopartículas em modelos vivos, pois esses dois pontos estão associados à toxicidade em

longo prazo, sendo um direcionamento interessante para estudos futuros acerca de

nanopartículas metálicas, contudo, o diagnóstico e terapia utilizando estes artifícios se

mostram de extrema eficácia e relevância para o avanço da medicina moderna.

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