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O prefeito de São Borja, Mariovane Weiss, está sendo acusado de desvio de verbas públicas e de fraude.
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Na Terra dos Presidentes, corruptos tem seu espaço
Por Dyuli Soares
São Borja é famosa por ser berço de grandes nomes da política brasileira. A
cidade carrega o apelido de Terra dos Presidentes, já que nela, nasceram Getúlio Vargas
e João Goulart, ambos presidiram o Brasil. Mas São Borja não vive um bom momento
na sua política municipal.
O prefeito, Mariove Weis foi condenado a dois anos e 11 meses de reclusão em
regime aberto, substituída por prestação de serviços a comunidade e multa de 10
salários mínimos, por utilizar verbas públicas para se autopromover. Segundo a
denúncia feita pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, Mariovane
teria utilizado R$7.587 reais de verbas públicas para a confecção do informativo
intitulado “Perspectivas”. O material, divulgado em agosto de 2007, continha 25 fotos
do prefeito, além de seu nome, inserções de seu símbolo político e alusões positivas à
sua gestão.
Mariovane afirma que sua presença nas fotos era inevitável, já que eram fotos de
trabalho. De acordo com ele, o informativo foi criado para divulgar os trabalhos
realizados na cidade, e em nenhum momento, a intenção foi de praticar crime de
peculato. Mesmo com os argumentos utilizados pelo prefeito, é quase impossível
acreditar na sua inocência, afinal, ele está cercado de assessores e publicitários que
trabalham para impedir que erros grotescos como este sejam cometidos. A fala de
Mariovane é desacreditada quando temos a oportunidade de ver o informativo, que
mostra fotos do prefeito em atividades em escolas, bairros, e eventos sociais. É
impossível ler cada reportagem sem pensar em propaganda política, e que, a criação do
material, foi feita propriamente para autopromoção do prefeito.
O advogado, Iberê Teixeira, que compõe a equipe de defesa do prefeito, acredita
que a condenação será alterada, já que Mariovane não roubou esse dinheiro para si, mas
para a publicação do informativo. Ele acredita que se comparado a muitos outros casos
de irregularidades com verbas públicas, o valor desviado pelo prefeito de São Borja, é
pouco.
Mas se R$7.587 não era suficiente para que o prefeito fosse condenado, surgiu
recentemente mais uma denúncia contra Mariovane: fraude de contrato entre a
prefeitura de São Borja e a Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos de Passo Fundo
(Cooperpasso), em que foram pagos valores superiores a R$ 2,3 milhões à Cooperativa.
O Ministério Público Federal apontou que Weis e o secretário de Saúde da época, Bruno
Maurer, teriam forjado uma situação de emergência na saúde pública do município para
contratar a Cooperpasso sem licitação. O contrato entre a prefeitura e a empresa durou
de julho de 2005 a dezembro de 2006.
Conforme a denúncia, eles se basearam em uma exceção da legislação que
permite contratação de empresas, sem licitação. Mas no entendimento do MPF, a
situação emergencial era fictícia. Se esse tipo de ação praticada por Weis não é digna de
condenação, eu não posso entender o que mais é necessário ser desviado, fraudado,
roubado, para que o prefeito de São Borja pague pelas suas atitudes ilícitas.
Considerando que a acusação anterior, na qual Mariovane foi condenado, era
entendida como “leve” pelos seus advogados, a que ele tem em mãos agora, pode ser
considerada “pesadíssima”. Além de criar uma situação emergencial na cidade para
efetivar a contratação da Cooperpasso, a empresa nunca teria executado serviços na área
da saúde, e além disso, eles não possuem médicos ou enfermeiros, o que torna ainda
mais condenável o caso de fraude na prefeitura de São Borja.
Se a pena de Mariovane, pela condenação do desvio dos R$7.587 reais será
alterada, se ele será realmente punido pela fraude na contratação da Cooperpasso, ou se
surgirá mais alguma acusação sobre ele, é impossível dizer. É lógico que desejamos que
maus políticos sejam castigados pelos seus crimes, mas caso isso não aconteça com
nosso prefeito, uma coisa podemos afirmar com toda certeza: Mariovane jamais será
lembrado como um dos ilustres políticos da Terra dos Presidentes.