Museum as Muse, Visao, 13 Maio 1999

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  • 7/28/2019 Museum as Muse, Visao, 13 Maio 1999

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    gem (Hans Aaake), como relativas aoes-pao que permanece vazio nos museusaps haver roubos de objectos (SophieCalle). Muitos dos rtistas presentes, nomeadamente desde os anos70 at aos nossos dias, criam museus imaginrios, sublinhando a sua funo principal, que diz respeito aos actos de juntar, coleccionar eclassificar (Claes Oldenberg, ChristianBoltanski, Herbet Distei, Barbara Bloom).Marcel Broodhaers, o artista concep

    tual belga que, nos anos70, realiza umasrie complexade trabalhos sobreum museu imaginrio, ocupa, o queno deixa deser surpreendente,um lugar pouco relevante nesta mostra; mas bomver a obrade Duchamp neste contexto - no s osreadymades como o seu museu porttil.Artistas que se debruaram sobre as implicaes taxonmicas e nostlgicas do con

    ceito da coleco, obras to diferentesquanto as caixas de Joseph Cornell,Fromthe Freud Museum, de Susan Hiller e ascoleces obsessivas de Mark Dion, espcimes em ambientes que lembram asWunderkammer, aparecem junto de obrasde artistas como Lothar Baumgarten eFred Wilson, que problematizam a relao entre o museu e as histrias do colonialismo e da escravatura. A mostra reneum conjunto de peas que sempre se sonhou ver, mas quenunca se pensou serpossvel reunirnum nico espao, revelando-se, do ponto de vista intelectual, toystimulante como absorvente do ponto devista visual. Ummust para todos os quevisitam Nova Iorque.

    VISO 13 de Maio de 1999

    'UNTAR, COLECCIONAR, CLASSIfiCAR

    Dirigida por Kynaston McShine, quetem sido, durante muitos anos, o comissrio responsvel pela pintura e escultura doMuseu de Arte Moderna de Nova Iorque,The Museum as Muse uma mostra irresistvelna qual se encontram reunidas peas cuja preocupao central o museu

    enquanto espao ou instituio. Organizada com grande coerncia e exposta deuma forma que recorda, talvez 'comum acerta ironia, asWunderkammers ouKuns-tkammer dos sculos XVII e XVIII, a mostra inclui fotografias que documentam visitas a museus, realizadas a partir de diversos pontos de vista(e que abarcam desdeo fotgrafo do sculo XIX, Roger Fenton,passandopor Henri Cartier Bresson, ElliotErwitt e GaryWinograd, s obras contemporneas de Thomas Struth, Hiroshi Sugimoto e Jeff Wall), bem como obras dosnossos dias que levantam questes relativas no s aos conceitos de originalidade eautent icidade (Sherrie Levine, AIlanMcCollum; Komar e Melarnid), ou de ori-

    tino passivo o museu, interrogam os cnones da prpria museologia, no apenasao permanecerem afastadas desses espaosinstitucionais, mas tambm ao interpelarem os contextos ticos, sociais e econncos do espao museolgico. Por outras palavras, para um leque surpreendente de artistas, o museu enquanto monumento,santurio e mausolu ao mesmo tempo,tornou-se no s um objectivo eum localde destino, como tambmum tpico.

    'THE MUSEUMAS MUSE', EM NOVA IORQUEUma mostra que uma verdadeira reflexo sobre o espao museolgico e a sua evoluo

    RurH.ROSENLMR.TEN .

    CULTURA

    Quando, em 1917, Marcel Duchamp assinou um urinol com o nome R.Mutt,he deu o ttulo deFonte e o submeteu Society for Independent Artists em Novaorqtie,-j .tinha realizado anteriormenteoutros readytnades. Na altura, Fonte nooi exposta, tendo,no entanto, ganho oes-atuto rrtico de obra fundadora, a qualvi-ria no s alterar os postulados que fundamentam o objecto artstico mas tambmos que aliceram a instituio que legitimae valoriza esses objectos;ou seja, o museu.Enquanto destino de esplios, tesouros artsticos e obras de arte, o museu acaboupor ser encarado, nos ltimos anos, nocomo um mostrurio neutrode obras,mas sim comoum espao prenhe de umadeologia prpria. Para alm de conferiremstatu quer ao sector pblico quer ao privado, os museus so agora vistos como instituies intrinsecamenteligadas a determinados contextos histricos, tais como are-descoberta da antiguidade do sculoXIII, o expansionismo colonialista do sculo XIX, e os cnones puristas do Movi

    mento Moderno,da primeira metade dosculoXX.Em 1953, quando publicou OMuseu

    Imaginrio, Andr Malraux referia-sesdiferentes possibilidades que a fotografiavinha dar a todos de constiturem museusprivados e imaginrios (na linguagem dehoje, virtuais) atravs dos dispositivosdareproduo mecnica (a fotografia). Atravs da simples justaposio de reproduesde imagens, alarga-se, e simultaneamenteproblematiza-se, a ideia do museu enquanto instituio legitimadora. Para alm deque tem vindo a crescer, desde o adventodaArte Conceptual,na dcadade 70, o nmero de artistas cujas obras, em vez de semanterem limitadas a um objecto cujo des-

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    EXPOSIAO

    Museu,o tpicoAt finais de Junho,The Museum as Muse uma escala obrigatriaem Nova Iorque

    Haake