4
Informativo do Sindicato dos Bancários/ES - Coordenador Geral: Carlos Pereira de Araújo - Diretor de Imprensa: Jonas Freire Santana - Editoras: Bruna Mesquita Gati - MTb 3049-ES, Elaine Dal Gobbo - MTb 2381-ES - e Ludmila Pecine - MTb 2391-ES Diagramação: Jorge Luiz - MTb 041/96 - Nº 103 - Março e abril/2014 - [email protected] - Tiragem: 10.000 exemplares Mulher e poder Mulher 24 HORAS VEJA NESTA EDIÇÃO Seminário discute importância da linguagem inclusiva 2 Liliana Segnini fala sobre o tema do III Encontro da Mulher Bancária 3 8 de março: a origem do Dia Internacional da Mulher 4 Foi iniciada a conta- gem regressiva para o III Encontro Estadual da Mu- lher Bancária, que acon- tecerá nos dias 04 e 05 de abril, em Vitória, com o tema Mulher e Poder. A abertura do evento contará com a participação especial da Kiwi Companhia de Teatro, de São Paulo, que trará exclusivamente para o evento o espetáculo Carne. A peça discute as relações entre patriarcado e capitalis- mo, e será apresentada pela primeira vez no Estado. Mas porque o tema mulher e poder? Durante séculos foi negada às mu- lheres a participação em lo- cais de decisão e cargos de representação, relegando-as ao espaço privado, tendo a vida doméstica como único caminho a seguir. Por meio do movimento feminista, elas alcançaram diversas conquistas, como a inserção no mercado de trabalho, nas universidades, partidos e entidades de classe. Apesar disso, a par- ticipação das mulheres na vida pública ainda é limita- da, mesmo nos sindicatos e movimentos sociais. Mu- dar essa realidade continua sendo um grande desafio para as mulheres, que de- pende da organização co- letiva das trabalhadoras e trabalhadores. Por isso, o III Encontro da Mulher Bancária vai de- bater a realidade da mulher em seu cotidiano, no traba- lho e nas relações interpes- soais. Participe do encontro e ajude a traçar ações para a construção de uma socie- dade pautada na igualdade. Editorial Perguntou pra mim de queixo em pé... Sou forte, fraca, generosa, egoísta, angustiada, perigosa, infantil, astuta, aflita, serena, indecorosa, inconstante, persistente, sensata e corajosa, como é toda mulher, poderia ter respondido, mas não lhe dei essa colher. Martha Medeiros

Mulher 24 Horas - 103 - MARÇO E ABRIL 2014 · Mulher e poder Mulher 24 horas VEJA NESTA EDIÇÃO seminário discute importância da ... dar essa realidade continua sendo um grande

  • Upload
    lehuong

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Mulher 24 Horas - 103 - MARÇO E ABRIL 2014 · Mulher e poder Mulher 24 horas VEJA NESTA EDIÇÃO seminário discute importância da ... dar essa realidade continua sendo um grande

Informativo do Sindicato dos Bancários/ES - Coordenador Geral: Carlos Pereira de Araújo - Diretor de Imprensa: Jonas Freire Santana - Editoras: Bruna Mesquita Gati - MTb 3049-ES,

Elaine Dal Gobbo - MTb 2381-ES - e Ludmila Pecine - MTb 2391-ES Diagramação: Jorge Luiz - MTb 041/96 - Nº 103 - Março e abril/2014 - [email protected] - Tiragem: 10.000 exemplares

Mulher e poder

Mulher 24 horas

VEJA NESTA EDIÇÃO

seminário discute importância da

linguagem inclusiva

2

Liliana segnini fala sobre o tema do III Encontro

da Mulher Bancária

3

8 de março: a origemdo Dia Internacional

da Mulher

4

Foi iniciada a conta-gem regressiva para o III Encontro Estadual da Mu-lher Bancária, que acon-tecerá nos dias 04 e 05 de abril, em Vitória, com o tema Mulher e Poder.

A abertura do evento contará com a participação especial da Kiwi Companhia de Teatro, de São Paulo, que trará exclusivamente para o evento o espetáculo Carne. A peça discute as relações entre patriarcado e capitalis-mo, e será apresentada pela primeira vez no Estado.

Mas porque o tema mulher e poder? Durante séculos foi negada às mu-lheres a participação em lo-cais de decisão e cargos de representação, relegando-as ao espaço privado, tendo a vida doméstica como único caminho a seguir. Por meio do movimento feminista, elas alcançaram diversas conquistas, como a inserção no mercado de trabalho, nas universidades, partidos e entidades de classe.

Apesar disso, a par-ticipação das mulheres na vida pública ainda é limita-da, mesmo nos sindicatos e movimentos sociais. Mu-dar essa realidade continua sendo um grande desafio para as mulheres, que de-pende da organização co-letiva das trabalhadoras e trabalhadores.

Por isso, o III Encontro da Mulher Bancária vai de-bater a realidade da mulher em seu cotidiano, no traba-lho e nas relações interpes-soais. Participe do encontro e ajude a traçar ações para a construção de uma socie-dade pautada na igualdade.

Editorial

Perguntou pra mim de

queixo em pé...

Sou forte,

fraca,

generosa,

egoísta,

angustiada,

perigosa,

infantil,

astuta,

afl ita,

serena,

indecorosa,

inconstante,

persistente,

sensata e corajosa,

como é toda mulher,

poderia ter respondido,

mas não lhe dei essa colher.

Martha Medeiros

Page 2: Mulher 24 Horas - 103 - MARÇO E ABRIL 2014 · Mulher e poder Mulher 24 horas VEJA NESTA EDIÇÃO seminário discute importância da ... dar essa realidade continua sendo um grande

20 anos do Mulher 24h é comemorado com o Seminário Linguagem de Gênero

2

Mulher 24 horas

O seminário foi marcado pela apresentação de um ma-nifesto que reafirma o compro-misso do Sindicato sobre o uso permanente de uma linguagem inclusiva nos seus materiais de comunicação. A atividade con-tou com a palestra da doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Vera Vieira.

“A opressão de gênero é uma construção social que atri-bui a homens e mulheres carac-terísticas distintas e que coloca a mulher em uma posição de subordinação. Isso se reflete na linguagem, que pode ser escri-ta ou por meio de imagens. A linguagem não é neutra nem inocente, pois manifesta uma ideologia”, diz a palestrante. Vera defende que a descons-

trução do machismo deve ser feita no dia a dia das pessoas. “Cada um tem que desconstruir em espaços como o trabalho e a família a relação de opressão contra as mulheres, por exem-plo, não atribuindo tarefas do-mésticas somente às meninas”, defende. A doutora em Ciên-cias da Comunicação mostrou diversos exemplos de como as imagens, principalmente as de campanhas publicitárias, pre-gam a opressão feminina, como as propagandas que fazem apo-logia à cultura do estupro ou a um padrão de beleza a ser se-guido, excluindo mulheres ne-gras e gordas.

“A atividade foi impor-tante para, nos 20 anos do jornal Mulher 24 Horas, reno-var o compromisso que o Sin-dicato tem de comunicar para transformar a sociedade. Que-

A violência contra a mulher, que mata milhares de mulheres diariamente, não se expressa apenas no aspecto físico, mas também no simbólico. Qualquer discurso ou enunciado carrega consigo valores, significados e formas de compreensão da realidade. Nesse sentido, a linguagem se transforma também em agente de cultura, podendo ajudar a reproduzir as relações sociais tais como foram historicamente estabelecidas ou modificá-las.

O uso de uma palavra masculina como universal, para referir-se a um grupo de homens e mulheres, torna invisível a ação dos sujeitos femininos na história e acaba sendo mais um fator de

discriminação e segregação da mulher em nossa sociedade. Por isso, a construção de relações igualitárias e sem opressões passa também pela mudança da construção dos discursos, seja na fala, na literatura, no jornalismo, na televisão ou no cinema.

As mulheres do Sindicato dos Bancários/ES lutam há anos, dentro e fora da entidade, pela emancipação das mulheres e pela igualdade de gênero. O Sindicato dos Bancários/ES, junto com outras lutadoras e lutadores, tem sido protagonista da luta das mulheres no Espírito Santo, e, aos 20 anos do jornal Mulher 24 horas, compreendemos que é preciso avançar mais.

Ao se comprometer com o uso

permanente de uma linguagem não sexista no cotidiano da entidade e em seus materiais de comunicação, o Sindicato dá um passo importante na luta pela igualdade entre homens e mulheres e na construção da nova sociedade que queremos, sem classes e sem discriminação de qualquer ordem, seja de gênero, raça, sexo ou idade. Afinal, como diz Paulo Freire, “mudar a linguagem faz parte do processo de mudar o mundo”.

Vitória, 12 de dezembro de 2013 – Seminário de Linguagem de Gênero

Sindicato dos Bancários/ES

No dia 12 de dezembro, o Coletivo de Mulheres do

Sindicato dos Bancários/ES realizou o Seminário Linguagem de Gênero, que teve como objetivo debater a presença do machismo na linguagem. O evento também comemorou os 20 anos do jornal Mulher 24H. o seminário de

Linguagem de Gênero foi reali-zado no auditório do sindicato dos Bancários/Es

Manifesto por uma linguagem inclusiva

remos fazer uma comunicação para os trabalhadores e traba-lhadoras, buscando sempre a igualdade”, diz a diretora do Sindicato dos Bancários/ES, Lucimar Barbosa.

Uma intervenção artística abriu o evento destacando o protagonismo das mulheres nas lutas da classe trabalhadora ao longo da história

Fotos: Sérgio Cardoso

Page 3: Mulher 24 Horas - 103 - MARÇO E ABRIL 2014 · Mulher e poder Mulher 24 horas VEJA NESTA EDIÇÃO seminário discute importância da ... dar essa realidade continua sendo um grande

Palavra de Mulher

3

Mulher 24 horas

Doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo, Liliana Rolfsen Petrilli Segnini será palestrante no III Encontro Estadual da Mulher Bancária. Nesta entrevista, ela fala sobre o tema da atividade: Mulher e poder. Confira!

Um bate-papo sobre mulher e poder

Ao longo da história, qual foi o papel desempenhado pela mulher e quais espaços ela po-dia ocupar?

As mulheres sempre estive-ram presentes no trabalho, mas foram pouco observadas nos dife-rentes campos do conhecimento. Essa análise acontece realmente no século XX, sobretudo a partir dos anos 60. Historicamente, elas trabalharam nos feudos, passa-ram para o trabalho domiciliado e prestaram serviços para as fá-bricas. Então, o importante é que para falar do trabalho feminino ou da situação da mulher nos processos produtivos deve-se ter o cuidado de analisar teoricamente, considerar a questão de classe social, de etnias, ou seja, todas essas dimensões devem estar presentes.

Quais sãos as formas de po-der exclusivamente feminino e como se dá o exercício desse po-der no âmbito político?

O poder exclusivamente femi-nino, tal como apregoado em movi-mentos sociais recentes, por um lado reconhece as dificuldades das mulhe-res na superação das desigualdades oriundas da divisão sexual do traba-lho; por outro lado, reafirmam as dico-tomias e não avançam na perspectiva da luta por uma sociedade igualitária. No âmbito político essas dimensões

são reiteradas. Esses movimentos, a partir do momento em que propõem espaços exclusivamente femininos, deixam de privilegiar aquilo que efe-tivamente deve ser rompido: a dife-rença entre homens e mulheres, entre

brancos e negros e as desigualdades de classes sociais.

Reconheço que é legitimo tentar romper com as desigualdades entre homens e mulheres, constituir espaços só femininos, mas duvido que esses movimentos tenham uma ação eficaz

naquilo que é mais importante, que é a construção de uma socie-dade igualitária. Na minha pers-pectiva, seria mais interessante lutar dentro das contradições desse debate e não construindo guetos femininos.

Quais são as principais características do processo de feminilização do trabalho bancário?

O processo de feminiliza-ção do trabalho bancário ocorre numa conjuntura multifacetada: expansão das tecnologias de base microeletrônica, supressão de postos de trabalho no proces-so de reestruturação dos ban-cos, fusões e privatizações, mu-danças no conteúdo do trabalho bancário, ênfase nas atividades de vendas nos bancos, competi-ção acirrada. Ao mesmo tempo, crescimento dos índices de esco-larização das mulheres. O ingres-so significativo das mulheres nos bancos representou conquistas

sociais, mas não só: significou tam-bém elevado grau de racionalização do trabalho, ora minimizando custos, ora aumentando a produtividade.

Esse processo levou a mulher a ocupar espaços de poder dentro dos bancos?

Os espaços ocupados por mu-lheres nos bancos são predominan-temente relacionados às vendas; não alteram a estrutura de poder, que per-manece masculina.

O trabalho profissional das mu-lheres não altera também o papel que

lhes é atribuído no campo do trabalho doméstico, que tem significado a dis-ponibilidade permanente do tempo das mulheres para o serviço da família, mesmo quando auxiliadas por outras mulheres como avós ou empregadas domésticas.

“Os espaços ocupados por mulheres nos bancos são predominantemente

relacionados às vendas; não alteram a estrutura de poder, que permanece masculina.”

Liliana rolfsen Petrilli segnini, doutora em Ciências sociais pela Pontifícia Universidade

Católica de são Paulo

Page 4: Mulher 24 Horas - 103 - MARÇO E ABRIL 2014 · Mulher e poder Mulher 24 horas VEJA NESTA EDIÇÃO seminário discute importância da ... dar essa realidade continua sendo um grande

A outra história do 8 de março

Envie suas sugestões, poesias

e comentários para o e-mail

[email protected]

Mulheresantenadas

@

@

4

Mulher 24 horas

Mulher 24 horas

Muitos atribuem a origem do 8 de março a um incêncio em uma fábria textil em 1857, onde teriam morrido 129 ope-rárias. Contudo, segundo Reneé Cote, autora do livro “O Dia Internacional da Mulher – Os verdadeiros fatos e datas das mis-teriosas origens do 8 de março, até hoje confusas, maquiadas e esquecidas”, a história do Dia Internacional da Mulher começa em 1917, ano da Revolução Russa Socialista.

O fato não é coincidência. As mulheres trabalhadoras tiveram um importante papel para impulsionar e fortalecer o movimento revolucionário. No dia 8 de março de 1917, um grupo de tecelãs de São Petersburgo organizou uma manifes-tação que foi o estopim para o começo da Revolução. Assim, elas foram protagonistas de uma das maiores revoluções so-cialistas da história mundial.

O 8 de março passou a ser considerado o Dia Interna-cional da Mulher no ano de 1921, quando a Conferência das Mulheres Comunistas, realizada em Moscou, na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), adotou essa data com o apoio da recém criada 3ª Internacional Comunista. Nas-cia, então, o Dia Internacional da Mulher Comunista. Um dia de luta no qual se intensificam as mobilizações contra o patriarcado, data em que as mulheres vão para as ruas denunciar a opressão vivida por elas e reivindicar seus direitos.

René pesquisou a ocorrência do incêndio de 1857, vi-sitando todos os arquivos de imprensa da Europa, Estados Unidos e Canadá, mas nada foi encontrado a respeito. Ela defende que o incêncio de 1857 é um mito criado entre as greves de 1910, 1911 e 1917.

Em 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Para entender o significado dessa data é importante

resgatar sua origem.

A peça Carne será apresentada pela Kiwi Companhia de Teatro na abertura do III Encontro Estadual da Mulher Bancária. A peça discute as relações entre patriarcado e capitalismo, e a violência contra as mulheres no Brasil. O espetáculo será dia 04, às 19 horas, no auditório do Hotel Alice, no Centro de Vitória.

Peça teatral: “Carne”

Participe do III Encontro da Mulher BancáriaNos dias 04 e 05 de abril

acontece o III Encontro Estadu-al da Mulher Bancária. O tema será Mulher e Poder, levantando questões sobre o papel da mulher na história e as relações de poder que geram a opressão às mulhe-res em diversos espaços da vida social. A abertura do evento será no Hotel Alice, no Centro de Vitó-ria. Já o segundo dia de progra-mação acontecerá no auditório

do Sindicato dos Bancários/ES.O encontro terá a par-

ticipação da professora Lilia-na Segnini, da Unicamp (SP), além de Deise Recoaro, Secre-tária de Mulheres da Contraf, que falará sobre as relações de gênero e poder no traba-lho bancário. No mesmo dia, a diretora do Sindicato, Rita Lima, discutirá a participação das mulheres no sindicalismo,

traçando um paralelo com os 80 anos do Sindibancários/ES.

Durante o encontro have-rá recreadores para auxiliar as mães que trouxerem os filhos ao evento. O Sindicato também providenciará transporte para as bancárias do interior, basta ape-nas entrar em contato com as subsedes da entidade.

“Toda a programação e a estrutura do evento estão sen-

do pensadas para as bancárias. Será um importante momento de diálogo sobre o ‘ser mulher’ e sobre a realidade e os desafios da nossa profissão”, afirma Luci-mar Barbosa, diretora do Sindi-cato, convidando todas as ban-cárias para participar do evento.

A programação completa e a ficha de inscrição da ativida-de você encontra no site www.bancarios-es.com.br. Confira!