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    Faculdade de Comunicao Social Csper Libero

    MOVIMENTOOPEN SOURCEA importncia da comunicao e da relao entre

    empresas e comunidades para o mercado

    Eliane Yumi Iwasaki

    So Paulo

    2008

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    Eliane Yumi Iwasaki

    MOVIMENTOOPEN SOURCEA importncia da comunicao e da relao entre

    empresas e comunidades para o mercado

    Monografia apresentada Faculdade Csper

    Lbero, como parte dos requisitos para a obteno

    do ttulo de Especialista em Marketing, sob a

    orientao do Professor Dr. Srgio Amadeu da

    Silveira.

    So Paulo

    2008

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    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho a meus pais, irms, namorado

    e amigos verdadeiros, grandes incentivadores e

    exemplos de vida, pelo apoio nos momentos de

    sucesso e angstia.

    E tambm a todos aqueles que acreditam e apostam

    na liberdade, colaborao e compartilhamento do

    conhecimento.

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    AGRADECIMENTOS

    Aos professores e demais profissionais da

    Faculdade Csper Lbero, em especial Professores

    Srgio Amadeu da Silveira, orientador deste

    projeto, e Tnia Cmara Baitello, orientadora demeu trabalho acadmico de concluso de curso na

    graduao, pela grande contribuio para minha

    formao acadmica e profissional.

    minha famlia e aos meus amigos, que sempre

    apoiaram, torceram por minhas realizaes e

    contriburam para a minha formao pessoal.

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    RESUMO

    Este trabalho tem como objetivo compreender o modelo de produo do

    software livre, motivaes de colaboradores de comunidades open source e sua

    influncia no mercado de TI.

    Para a realizao deste estudo, a internet foi amplamente utilizada como fonte

    de informaes sobre comunidades, mercado de TI, tecnologia e de duas grandes

    entidades representando empresa e comunidade: Red Hat e Fedora. Complementei

    esta pesquisa bibliogrfica com meus conhecimentos obtidos por meio de

    participao em palestras e eventos, alm do acesso a informaes e pessoasdentro das entidades citadas, devido a minha atual posio no departamento de

    Marketing da empresa Red Hat Brasil.

    A concluso obtida a partir dos resultados da pesquisa afirma ou contesta

    hipteses levantadas no incio do estudo, esclarecendo muitas questes a respeito

    deste movimento revolucionrio e inovador. Pode ainda contribuir para a relao

    entre empresa e comunidade open source, visando a continuidade e crescimento

    deste mercado.

    Palavras-chave: Internet, Colaborao, Comunicao, Comunidades open source

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    ABSTRACT

    This monograph aims to provide a better understanding about the free

    software production, open source community members motivation and their

    influence on the IT market.

    In order to write it, I made use of websites to search for information about

    communities, IT market, technology and two entities that represent open source

    company and community: Red Hat and Fedora. Due to the fact I work for Red Hat at

    the Marketing department, I have been able to obtain relevant information from

    people, presentations and events.The conclusion, obtained from the research results, answers the questions

    asked in the beginning of the monograph, in order to address issues concerning this

    revolutionary and innovative movement. It can also contribute to enhance the

    relationship between open source companies and communities, providing this market

    with growth and continuity.

    Keywords: Internet, Collaboration, Communication, Open source communities

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    SUMRIO

    1. INTRODUO..........................................................................................................1

    2. CONCEITOS.............................................................................................................3

    2.1. O que Open Source................................................................................................. 3

    2.2. Histrico...................................................................................................................... 3

    2.3. Licenciamento............................................................................................................ 5

    2.4. Comunidades.............................................................................................................. 6

    2.5. Modelo de produo.................................................................................................. 7

    3. CENRIO OPEN SOURCE....................................................................................11

    3.1. Mercado.................................................................................................................... 11

    3.2. Nmeros do setor..................................................................................................... 14

    3.3. Evoluo do mercado.............................................................................................. 16

    3.4. Vantagens e desvantagens...................................................................................... 18

    4. EVOLUO HISTRICA: RED HAT E FEDORA.................................................22

    5. CONSIDERAES FINAIS...................................................................................26

    REFERNCIAS..........................................................................................................30

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    1. INTRODUO

    Os softwares open source (cdigo aberto) baseiam-se no compartilhamento

    de informaes, permitindo o uso de tecnologias sem a cobrana de licenas de

    software, o oposto do que feito pelo sistema proprietrio, o que inovou o mercado

    de TI.

    Esse movimento de softwares com cdigo aberto conta com o apoio e

    participao de comunidades compostas por pessoas espalhadas por todo o mundo.

    Muitas empresas j comercializam servios relacionados a estes produtos,

    como suporte tcnico e treinamentos, com foco no mercado corporativo. No Brasil,

    este mercado recente e tem muito a ser explorado.

    Este trabalho visa averiguar se a relao existente entre as comunidades e

    estas empresas exerce influncia na construo da imagem de marcas e divulgao

    de produtos.

    As hipteses a serem estudadas nesta pesquisa so:

    A colaborao de muitas pessoas no processo de desenvolvimento deproduto, inclusive clientes (ou usurios) do sistema, contribui para a

    adequao de lanamentos s necessidades do mercado.

    Este modelo de produo permite a customizao do produto, de acordo com

    o perfil e necessidades dos clientes.

    A comunidade distribui o produto gratuitamente e alimenta um ecossistema,

    ampliando o nmero de clientes potenciais de empresas.

    As comunidades so formadoras de opinio e influenciam a tomada dedeciso de empresas.

    O papel das comunidades essencial para o modelo de negcios open

    source, pois constitui um diferencial competitivo perante concorrncia

    (modelo proprietrio).

    Para averiguar estas hipteses, sero estudadas a empresa Red Hate sua

    relao com a comunidade Fedora, no Brasil. Esta escolha deve-se representatividade destas instituies para o mercado, ao acesso facilitado a

    1

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    informaes e contatos na empresa, uma vez que atuo na rea de Marketing de sua

    subsidiria brasileira, alm de grande interesse pelo tema e simpatia pelos princpios

    defendidos pelo movimento open source.

    As inmeras descobertas feitas durante todas as pesquisas realizadas para

    este trabalho foram surpreendentes e motivadoras; todo o processo de

    desenvolvimento dos softwares open source repleto de inovao, liberdade e

    respeito, podendo ser utilizado como referncia de valores, organizao,

    comunicao e mobilizao de pessoas em prol de um objetivo comum.

    2

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    2. CONCEITOS

    2.1. O que Open Source

    A traduo do termo em ingls open source cdigo aberto. Um software

    com o cdigo aberto pode ser executado, copiado, distribudo, modificado e

    aperfeioado por todos seus usurios segundo conceitos encontrados no site do

    Projeto Software Livre Brasil.

    O software open source tambm conhecido como free software. Neste

    caso, a palavra free no indica gratuidade, mas sim, liberdade. A liberdade um

    dos valores defendidos pelo movimento open source, alm da colaborao e o

    compartilhamento do conhecimento. Devido ambigidade do significado do termo

    free software, foi criada a expresso open source.

    Estes softwares so desenvolvidos por pessoas espalhadas em todo o

    mundo, em funo do acesso ao cdigo fonte. Em torno de um software, os

    colaboradores formam uma comunidade. Atualmente, existem comunidades opensource no mundo todo, em torno de diversos tipos de software.

    2.2. Histrico

    Na dcada de 1960, os softwares eram distribudos gratuitamente, uma vezque haviam poucos computadores no mercado. Fabricantes como IBM e HP

    vendiam mquinas e entregavam gratuitamente os programas, com cdigos fonte

    abertos, livres para distribuio. Dez anos mais tarde, com o crescimento da

    indstria de TI e conseqente aumento de usurios, os softwares comearam a ser

    vendidos separadamente. Com a concorrncia acirrada, as empresas do setor

    comearam a patentear seus softwares, protegendo sua propriedade intelectual,

    originando o modelo proprietrio, que limitou a distribuio do software.

    3

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    No incio da dcada de 1980, o programador Richard Stallman iniciou o

    Projeto GNU e posteriormente criou a FSF Free Software Foundation em reao

    s limitaes impostas pelo modelo proprietrio, dedicando-se ao desenvolvimento

    de um sistema operacional completo que seria distribudo como software livre. Ao

    publicar o Manifesto GNU, em 1984, Stallman definiu os conceitos de software livre,

    posicionando o cdigo fonte como conhecimento cientfico, que deve ser

    disseminado, compartilhado. Neste manifesto, convocou a participao de outros

    programadores para contribuir com o projeto. Como fruto deste esforo, foram

    produzidos: o editor de textos emacs, o compiladorgcce vrias outras ferramentas e

    utilitrios.

    No incio da dcada de 1990, grande parte dos sistemas de apoio j haviasido criada, mas faltava o ncleo do sistema operacional. Este ncleo foi

    desenvolvido por Linus Torvalds, o que originou o nome Linux. Torvalds publicou

    sua contribuio em 1991 e convocou outros programadores para que ajudassem a

    finalizar as partes faltantes. Com a colaborao de muitos desenvolvedores, em

    menos de dois anos a verso Linux podia ser considerada estvel. Segundo Linus

    Torvalds, o Linux contribuiu definitivamente para o movimento open source. Apesar

    de no ter sido o primeiro projeto a seguir este modelo, mudou a forma como aspessoas enxergavam o open source, agregando s ideologias do projeto a

    percepo de que este modelo de produo de tecnologias complexas realmente

    funcionava.

    Em 1998, foi fundada a Cygnus Solutions a primeira empresa open source

    do mercado dedicada a promover e prover suporte aos softwares oriundos da

    GNU e FSF. Seu fundador, Michael Tiemann, teve a idia de criar a empresa aps

    ler o Manifesto GNU, tendo visto um plano de negcios, segundo o qual omovimento open source rene esforos de programadores de todo o mundo

    enquanto empresas de servios (como customizaes, melhorias e suporte)

    poderiam se beneficiar deste tipo de software.

    No ano de 1999, o nmero estimado de usurios do sistema GNU/Linux era

    de 7.5 milhes de pessoas, tendo evoludo para 30 milhes no ano de 2001.

    Atualmente existem mais de 140 mil projetos registrados em um dos

    repositrios de cdigo aberto o site SourceForge.net.

    4

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    A Red Hat empresa lder do mercado open source surgiu em 2003, tendo

    posteriormente comprado a Cygnus Solutions. A histria da empresa est descrita

    no captulo 4.

    2.3. Licenciamento

    O copyleft o conceito que norteia a distribuio do software livre. Este nome

    indica oposio ao copyright, quegarante os direitos autorais, impedindo cpia e

    distribuio sem aprovao do autor.Para regulamentar a produo e distribuio do software livre, de forma a

    garantir que seus conceitos e valores sejam preservados, foram criadas algumas

    licenas, com caractersticas distintas, conforme descries a seguir:

    GPL (General Public License): regras que impedem uma empresa de

    apropriar-se do cdigo aberto e comercializar o software seguindo o modelo

    proprietrio. Para promover a colaborao, a GPL impe ao programador quedivulgue as alteraes que fizer ao cdigo fonte, de forma a melhorar o

    trabalho divulgado anteriormente, beneficiando todos os envolvidos no

    projeto. O ncleo do Linux, tambm chamado de kernel, distribudo sob a

    GPL.

    OSD (Open Source Definition): em 1997, a OSI (Open Source Initiative), que

    considerava a GPL uma limitao difuso do software livre, criou a OSD,

    que no obrigava a publicao de alteraes no cdigo-fonte de umprograma. Esta licena favorece as iniciativas que agrupam software livre e

    proprietrio.

    BSD (Berkeley System Distribution): licena que impe poucas restries

    para cpia, uso e distribuio do software livre, no obrigando a liberao do

    cdigo fonte e, consequentemente, possibilitando sua incluso num software

    proprietrio, como por exemplo, o sistema operacional MAC OS X, da

    empresa Apple.

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    Estas licenas devem ser consultadas por usurios, programadores e

    empresas que desejarem utilizar ou distribuir um software livre. Assim como muitas

    licenas de software proprietrio, no oferecem ao usurio garantias de

    funcionamento.

    2.4. Comunidades

    A respeito da produo colaborativa, Lvy (1999) aborda a forma de produo

    caracterstica das comunidades open source:

    Quanto mais os processos de inteligncia coletiva se desenvolvem [...],melhor a apropriao, por indivduos e por grupos, das alteraes tcnicas,e menores so os efeitos de excluso ou de destruio humana resultantesda acelerao do movimento tecno-social. (Lvy, 1999: 29).

    Castells (1999) indica que a internet favoreceu a organizao de

    comunidades que mudam processos produtivos e de experincia, poder e cultura,

    caracterizando as redes como instrumentos voltados para a inovao, globalizao e

    concentrao descentralizada; para o trabalho, trabalhadores e empresas voltadas

    para a flexibilidade e adaptabilidade; define a comunidade virtual como rede

    eletrnica autodefinida de comunicaes interativas e organizadas ao redor de

    interesses ou fins em comum... (CASTELLS, 1999, p. 442.) .

    Segundo Foster, a Internet a principal tecnologia de informao que exerce

    influncia determinante sobre relaes sociais convencionais. A Internet [...] permite

    a cada usurio ter igual voz ou, pelo menos, a mesma chance de falar.(FOSTER,

    pgina eletrnica)1. Este recurso, somado facilidade de estar em contato com

    nmero crescente de pessoas com interesses comuns, fortalece o sentimento de

    comunidade.

    Os relacionamentos dentro de uma comunidade virtual so facilitados, pois

    quando um membro expe uma questo, a resposta pode ser recebida com rapidez.

    1 Disponvel em: , acesso em

    20/01/08.

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    Isto pode ser importante quando a eficincia e a rapidez so necessrias

    (WELLAN, pgina eletrnica)2

    Esses conceitos permitem a compreenso do surgimento e do trabalho das

    comunidades open source, compostas por pessoas separadas fisicamente, porm

    interligadas atravs da internet, trabalhando em prol de um objetivo comum.

    2.5. Modelo de produo

    Aproximadamente 100 mil programadores e projetistas integram acomunidade open source, trabalhando voluntariamente em algum projeto e estima-

    se que existem mais de 10 milhes de usurios regulares de sistemas operacionais

    e aplicativos distribudos como software livre, segundo estudo de Roberto Hexsel

    (2002).

    Como a colaborao feita atravs da internet, envolvendo grande nmero

    de desenvolvedores, a qualidade tcnica do sistema GNU/Linux atrai novos

    usurios, vrios dos quais passam a agir como testadores e desenvolvedores do

    sistema, o que contribui ainda mais com a qualidade tcnica. Isso atrai mais

    desenvolvedores e usurios, ciclo que garante a evoluo e continuidade do

    software livre.

    Castells (2003) resume o processo de produo open source e atribui seu

    sucesso internet:

    S uma rede de centenas de milhares de crebros trabalhando

    cooperativamente, com diviso do trabalho espontnea, e coordenaomalevel, mas eficiente, poderia levar a cabo a tarefa extraordinria de criarum sistema operacional capaz de lidar com a complexidade decomputadores cada vez mais potentes interagindo por meio da Internet.(Castells, 2003, p.41).

    Cezar Taurion (2004) descreve o processo de produo comunitrio,

    apontando os personagens de um projeto e suas motivaes para contribuio, que

    , na maioria das vezes, voluntria e no remunerada. Os principais agentes e

    passos deste processo so:

    2 Disponvel em: , acesso em20/01/08.

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    Mantenedor: idealizador de um projeto que exerce o papel de lder e publica a

    primeira verso do software e seu cdigo-fonte. Responsvel por divulgar o

    trabalho em listas de discusso.

    Contribuidores: voluntrios que acessam o cdigo fonte para avaliar se tero

    interesse em contribuir.

    Trabalho: aqueles que considerarem a proposta desafiadora comeam a

    trabalhar no projeto, identificando problemas e propondo correes.

    Essas correes so implantadas e enviadas ao mantenedor, via email.

    A comunidade discute quais correes devem ser implantadas, por meio de

    mailing list, tendo o mantenedor e alguns contribuidores como moderadoresda discusso. Aps a definio das mudanas, estas so incorporadas ao

    software pelo prprio mantenedor.

    A nova verso do software liberada. Os contribuidores acessam a nova

    verso e reiniciam o ciclo, buscando novas possveis contribuies para

    determinado projeto.

    Existe tambm uma mailing list separada, exclusiva para suporte aos

    usurios.

    O primeiro passo para o incio de um projeto open source dado pelo

    mantenedor, um desenvolvedor que idealiza um software, desenvolve seu cdigo

    fonte e o publica na internet. A partir de ento, inicia-se um processo de divulgao,

    a fim de despertar o interesse de outros colaboradores para que seu projeto possa

    ser executado. Esta divulgao feita em newsgroups3 e listas de discusso.

    Geralmente, o mantenedor inicia esse processo pois tem interesse emdesenvolver um software para suprir alguma deficincia do mercado ou para que

    haja uma verso open source para um programa j existente e distribudo sob o

    modelo proprietrio. Quanto mais desafiador, mais atraente para os contribuidores

    torna-se o projeto.

    Essa popularidade do projeto, ou seja, a capacidade de despertar o interesse

    de um grande nmero de colaboradores, resulta num rpido desenvolvimento do

    software. Os contribuidores voluntrios acessam a web para trabalhar no cdigo

    fonte do programa, a fim de implementar correes e modificaes. Feito isso,

    3Grupos de usurios cadastrados que recebem notcias

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    devolvem a nova verso ao mantenedor. Essas mudanas so analisadas pelo

    idealizador do projeto, juntamente com outros membros da comunidade mais

    prximos ao mantenedor. Essa anlise toda feita via internet, por meio de listas de

    discusso. responsabilidade do mantenedor manter a comunidade em volta de

    seu projeto sempre integrada e motivada a continuar a colaborar. Isso porque muitas

    vezes existe uma competio entre os contribuidores pelo desenvolvimento da

    melhor soluo. Portanto, todo o processo colaborativo, mesmo que coordenado

    pelo mantenedor, que libera a nova verso do software. Aps esse release, o

    processo se inicia novamente.

    O mantenedor implementa as sugestes feitas pelos colaboradores de acordo

    com o que havia sido idealizado inicialmente. Isso cria a identidade do projeto einfluencia o modelo de produo. Conseqentemente, os membros envolvidos neste

    projeto acabam criando uma sub-comunidade, com interesses comuns, organizados

    sob uma hierarquia. Os nveis desta hierarquia so definidos pelos prprios

    integrantes, fundamentados na meritocracia: pode depender do conhecimento,

    reputao, participao no projeto, tempo de participao, entre outros fatores.

    Obtendo o reconhecimento dos colaboradores, o mantenedor, como lder do projeto,

    ter suas decises respeitadas.Por ser este um reconhecimento tcnico, a estrutura da comunidade no

    favorvel nem atrativa participao de usurios finais, o que transforma o software

    produzido sob essa organizao num produto tcnico, que demanda melhorias em

    usabilidade. Os elementos grficos que facilitam a utilizao do software so

    implementados posteriormente, sob demanda de usurios e geralmente copiados de

    modelos proprietrios que j so utilizados. Isso significa que nem todo software

    pode ser desenvolvido neste modelo open source.Geralmente, este processo de desenvolvimento de um software livre segue a

    Lei de Pareto, que segundo consta no livro de Cezar Taurion, tambm conhecido

    como regra 80-20, pois 80% do resultado advm de 20% das suas causas. como

    afirmar que 80% do lucro de uma empresa gerado por 20% de seus clientes. Isso

    significa dizer que 80% do trabalho executado por apenas 20% de contribuidores,

    que so mais ativos durante o desenvolvimento do projeto.

    A contribuio individual e no caracteriza um trabalho em equipe.

    Conhecer a motivao de cada colaborador pode contribuir para o entendimento da

    sustentabilidade deste modelo de produo.

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    Alm do incentivo do mantenedor, uma das motivaes do colaborador est

    em ser reconhecido como pea chave do projeto, o que lhe prov reputao e

    prestgio. E quanto maior o projeto, maior essa reputao, o que incentiva os

    contribuidores mais ativos a apoiar a divulgao do projeto para o qual esto

    trabalhando. Outro fator comum a todos os participantes da comunidade a

    simpatia ou apoio filosofia do software livre e de todos os conceitos que

    fundamentam o seu desenvolvimento, como a liberdade, o compartilhamento de

    informaes, entre outros j mencionados no incio deste estudo.

    O desafio do projeto no qual o contribuidor ir trabalhar, a ausncia de

    cobranas e presso, somados ao fato de exercer uma atividade que ele considera

    agradvel tambm so fatores incentivadores. Alm disso, o trabalho contribui paraevoluo profissional e tcnica, aumentando a empregabilidade dos

    desenvolvedores.

    Um grande nmero de pessoas envolvidas no desenvolvimento tambm

    amplia as chances de continuidade de um projeto, pois permite que dois pilares de

    sustentao continuem a existir: suporte aos usurios e desenvolvimento de

    melhorias constantes.

    Para isso, alm de muitos colaboradores, o projeto precisa atingir grandenmero de usurios, que sero os responsveis por identificar falhas e fazer

    sugestes por meio das mailing lists de suporte. O desenvolvimento feito com

    base nestes indicadores.

    O Linux e o Apache, por exemplo, foram adotados por muitas empresas, que

    comearam a remunerar alguns colaboradores de forma a garantir a continuidade

    dos projetos. Assim, evitaram que os mesmos fossem extintos por no haver mais

    pessoas envolvidas no desenvolvimento.

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    3. CENRIO OPEN SOURCE

    3.1. Mercado

    O mercado open source pode ser dividido em duas partes: Projetos open

    source em geral, que abrange diversos tipos de software, e Projetos Linux, que por

    sua vez podem se dividir em distribuies corporativas e comunitrias.

    3.1.1. Projetos open source

    Os projetos open source mais conhecidos e bem sucedidos so:

    Mozilla Firefox: Navegador para internet com grande nmero

    de usurios.

    Apache: Atualmente o servidor Apache utilizado em mais de

    50% dos servidores web do mundo

    Perl: linguagem de programao e ferramenta responsvel

    pela maioria do contedo dinmico na rede mundial de

    computadores.

    BrOffice.org: uma verso brasileira do OpenOffice.org, que

    por sua vez a verso open source do Microsoft Office,

    reunindo aplicativos utilizados por milhares de pessoas.

    Linux: sistema operacional, que surgiu em 1991, derivando de

    outros sistemas j existentes, mas com o cdigo aberto e,

    conseqentemente, desenvolvido por membros de

    comunidades espalhadas em todo o mundo.

    Quadro 2: Projetos open source

    Fonte: Wikipedia

    11

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    3.1.2. Distribuies Linux: comunitrias e corporativas

    As distribuies Linux podem ser divididas em 2 categorias: as que so

    comercializadas por empresas de TI e as mantidas por comunidades.

    O que as diferencia que a primeira possui uma empresa que suporta a

    distribuio, oferecendo suporte tcnico e respondendo legalmente pelo software,

    enquanto as comunitrias grupo ao qual pertence a maioria das distribuies tm

    todo suporte e desenvolvimento feito por membros da comunidade. A escolha entre

    elas pelo cliente se d em funo das necessidades de sua infra-estrutura de TI.

    Red Hat, SuSE e Mandriva esto concentrados no mercado corporativo,

    oferecendo solues open source para servidores. Segundo matria publicada na

    Info Online (2005), o market share da Red Hat de 62%, SuSE 21% e a Mandriva,

    17%.

    Entre as distribuies comunitrias, a mais antiga a Slackware, tendo sua

    primeira verso lanada em 1993. Segundo dados do Distrowatch4, a grande maioria

    deriva do Debian (129) e KNOPPIX (50) que tambm derivada do Debian. Em

    seguida esto Fedora (63), Slackware (28) e Mandriva (14). Apenas cinco derivam

    da Kurumin.

    A tabela a seguir apresenta uma relao e breve descrio das distribuies

    Linux, tanto corporativas quanto comunitrias, com maior popularidade no Brasil:

    Debian: Distribuio que segue toda filosofia doprojeto GNU, oficialmente contendo apenas pacotescom programas de cdigo-fonte livre, feito porvoluntrios espalhados pelo mundo, e sem finslucrativos. O Debian conta com mais de 3.950 pacotes,

    que facilitam muito a instalao e gerenciamento deprogramas no sistema.

    Fedora: Distribuio de desenvolvimento abertopatrocinada pela Red Hat e pela comunidade. Surgidaem 2002 e baseada em verso da antiga linha deprodutos Red Hat Linux, ela s tem suporte dacomunidade e tem como prioridade o uso docomputador como estao de trabalho. Alm de contarcom uma ampla gama de ferramentas de escritrio,possui funes de servidor e aplicativos paraprodutividade e desenvolvimento de softwares.

    4 Site cujas informaes so inseridas por colaboradores, para realizar comparaes entre

    distribuies Linux. Disponvel em http://distrowatch.com/

    12

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    KNOPPIX: Live CD baseado no Debian, pode serusado para recuperar arquivos e dados do HD,demonstrar as possibilidades do Linux a novos usurios,testar compatibilidade do sistema operacional com o

    hardware em computadores antes da compra, conectarem internet cafs ou usar como um sistema Linux,pronto para as tarefas do dia-a-dia.

    Kurumin: Uma distribuio baseada em Debian queroda diretamente a partir do CD (Live CD), ideal paraquem deseja testar uma distribuio Linux. Caso goste,pode ser instalada diretamente no disco rgido. Suportaquantidade significativa de hardwares disponveis. Averso instalada possui suporte maioria doswinmodens mais encontrados no Brasil.

    Mandriva: Fuso do Mandrake com a brasileira

    Conectiva (distribuio baseada em Red Hat Linux), aMandriva adotou o modelo de desenvolvimento abertomuito antes de outras distribuies populares, comtestes intensivos nas fases beta e freqenteslanamentos estveis.

    SuSE: Pertencente Novell desde 2004, uma dasmaiores influncias do Linux no mundo, junto com a RedHat. No incio, a SuSE baseava sua distribuio noSlackware, mas logo depois tomou rumo diferente,comeando a implementar os pacotes com o RPM, efazendo mudanas na forma de organizao do sistema.Criaram tambm uma ferramenta de configurao do

    sistema chamada YaST, que facilita o acesso sconfiguraes da distribuio.

    Red Hat: Uma das principais distribuies e queinfluenciou um grande nmero de outras distribuiesLinux. Apesar do foco no mercado corporativo, bastante indicada para uso domstico, devido facilidade de manuseio, pacotes atualizados, entreoutros.

    Slackware: uma das mais famosas distribuies. Assuas prioridades so estabilidade e simplicidade: possuiuma interface de instalao bem amigvel, alm de uma

    srie de scripts que ajudam na instalao edesinstalao de pacotes, o que a torna uma alternativatanto para usurios iniciantes como os j experientes.

    Em pouco mais de um ano, o Ubuntu se tornou umadas distribuies Linux mais populares. Ele baseadono Debian Sid (uma verso "instvel"), incorporandomelhorias e correes, de forma a proporcionar umsistema bastante estvel e fcil de usar.

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    Yellow Dog Linux (Para Mac): Sistema operacionalideal para escritrios, estaes e servidores.Desenvolvido especialmente para usurios da Apple, o

    Yellow Dog baseado no Fedora Core.

    Quadro 3 : Distribuies Linux mais populares no Brasil

    Fonte: PCWorld, 2007

    3.2. Nmeros do setor

    Conforme apontado pelo Ncleo de Informao e Coordenao do Ponto br -

    NIC.br, na pesquisa TIC Empresas 2006, realizada com 2.569 empresas com 10 ou

    mais funcionrios sobre o ano de 2005, a adoo do software livre maior entre as

    grandes e mdias empresas:

    Quantidade defuncionrios

    Percentual que usaSoftware Livre

    Mais 1000 61%500 a 999 59,67%

    250 a 499 62%

    100 a 249 58%

    50 a 99 43,13%

    20 a 49 30,66%

    10 a 19 19,33%Quadro 1: Porte de empresas x adoo de software livre

    Fonte: Pesquisa TIC Empresas 2006

    Um estudo realizado pela consultoria Evans Data, publicado na edio 21 da

    revista Info Canal revela que o Linux vem ganhando mercado, afirmando que a

    adoo entre as grandes corporaes segue acelerada: o Linux est presente em

    73% das companhias com mais de mil funcionrios, revelando aumento significativo

    com relao ao ano anterior.

    Ainda neste estudo, desenvolvedores de aplicativos open source apontam asempresas consideradas lderes de mercado: 11,7% mencionaram a Red Hat, 10,5%

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    a Novell; outras empresas citadas foram IBM e Sun. A concluso do estudo afirma

    que no h um lder claro, algo tpico de mercados ainda em formao.

    O estudo mais recente deste mercado foi realizado pelo Instituto Sem

    Fronteiras, em Dezembro de 2007, patrocinado por IBM, Intel, Itautec e Red Hat, a

    fim de averiguar Tendncias de Investimentos e Utilizao de Software Livre nas

    Empresas Brasileiras. Os resultados obtidos aps entrevistar 1090 executivos de TI

    de empresas brasileiras, de diversos segmentos e tamanhos, provaram que as

    organizaes de grande porte so responsveis pelo maior percentual de utilizao

    do software livre, por este ser mais adequado s especificaes e expectativas

    tcnicas de ambientes caracterizados por grande volume de transaes e

    processamento de dados. Analistas afirmam ainda que as grandes empresas somenos permeveis pirataria, pois possuem recursos para optar entre adquirir

    software proprietrio ou utilizar software livre de maneira eficiente.

    Esta pesquisa mostra a evoluo do uso de software livre como sistema

    operacional em servidores: 54% das empresas ampliaram a utilizao de software

    livre, 44% mantiveram o mesmo volume de utilizao e 2% reduziram.

    A regio Centro-Oeste tem o maior percentual de utilizao do software livre,

    por concentrar grande nmero de rgos federais: o Governo o segmento quepossui a maior quantidade de servidores com software open source instalado,

    seguido de Educao e Comrcio. Os autores deste estudo afirmam que o sucesso

    do software livre no governo deve-se segurana, interoperabilidade e

    disponibilidade que ele oferece.

    As principais distribuies Linux presentes nas empresas brasileiras, de

    acordo com os entrevistados, so Red Hat, Debian, Novell-Suse, Ubuntu, Fedora e

    Mandriva.Atualmente, segundo estudo da FGV (Fundao Getulio Vargas), 16% dos

    servidores instalados em empresas nacionais rodam Linux.

    Segundo estudos da consultoria IDC, no terceiro trimestre de 2006, a base de

    sistemas operacionais Linux instalados no Brasil cresce 30% ao ano, j est em

    64% das empresas brasileiras e o mercado mundial de servidores gerou 12,9

    bilhes de dlares. A maior parte desse dinheiro mais exatamente 4,8 bilhes

    ficou com mquinas equipadas com Windows. O Unix apareceu em segundo, com

    3,9 bilhes. O Linux, por sua vez, ficou com 1,5 bilho de dlares. E h uma

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    previso para o ano de 2008 de que produtos e servios que tenham alguma relao

    com o Linux iro movimentar 35 bilhes de dlares no mundo.

    Com base em estudos do instituto Gartner, as linhas de receita do Unix vo

    se manter estveis, enquanto as do Windows e do Linux iro crescer, at 2010. Em

    2011, o estudo prev que 80% de softwares corporativos conter pores

    significativas de cdigos abertos.

    3.3. Evoluo do mercado

    A evoluo do mercado Linux e as conseqentes oportunidades de lucros

    atraram a ateno de grandes empresas de TI, como IBM, Novell, Dell, Oracle e

    Sun. Os investimentos destas companhias no que tange a pesquisa e

    desenvolvimento contriburam definitivamente para o crescimento deste mercado,

    fazendo com que o Linux ficasse mais conhecido, estvel e ganhasse credibilidade.

    Sem a interferncia destas grandes corporaes, a entrada do Linux no mercado

    corporativo seria muito difcil.Taurion (2006) afirma que o crescimento do Linux est diretamente

    relacionado queda do valor da marca Microsoft, defende a Wikipedia5 como um

    fantstico uso de inteligncia coletiva e cita o Linux como um exemplo de como o

    processo colaborativo pode transformar uma indstria.

    Alguns fatores contribuem significativamente para o crescimento constante e

    projees de evoluo do mercado Linux, como a busca das empresas por reduo

    de custos e tecnologias que ofeream melhor custo-benefcio, segurana em funodas falhas de sistemas que esto sendo utilizados, alm do aumento constante do

    nmero de usurios. E os fatores considerados por empresas na escolha do

    distribuidor Linux so: a sustentabilidade deste distribuidor, suporte a arquiteturas de

    processadores e hardware e qualidade de servios (suporte tcnico e treinamento).

    Este suporte tcnico deve ser efetuado de maneira profissional, com contratos

    estabelecendo um compromisso com tempos de resposta e prazos, o que no

    ocorre quando o suporte prestado pela comunidade. O fato de haver muitos outros

    5 Enciclopdia virtual que conta com a colaborao dos usurios no envio de contedo. Site oficial:http://www.wikipedia.org/

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    usurios desta determinada distribuio tambm influencia a deciso: alm de

    contar com casos de sucesso como referncia, atrai mais desenvolvedores,

    fornecedores de hardware e software, que iro certificar seus produtos para que

    funcionem com este sistema, beneficiando o usurio final.

    As distribuies corporativas tm o foco em empresas de grande porte. Aos

    poucos, vm sendo desenvolvidas estratgias para o mercado de empresas de

    mdio e pequeno porte (SMB - Small and Medium Business). Porm, no Brasil, este

    mercado bastante incipiente, devido a alguns fatores como o dficit de

    profissionais especializados nas tecnologias abertas, consequentemente, pouco

    conhecimento das solues e seus benefcios, o que impede as empresas de adotar

    software livre, segundo dados de um estudo do Grupo Impacta.Segundo o relatrio de 2002-2003 da Sociedade Brasileira para Promoo da

    Excelncia do Software Brasileiro (Softex), a formao de profissionais essencial

    para alavancar a competitividade da indstria brasileira de software.

    Outro fator que impulsionou o mercado open source brasileiro foi a adoo de

    padres abertos pelo governo. Em muitos pases, como Espanha, Alemanha, China,

    Filipinas, Frana, tm como procedimento a utilizao do sistema operacional Linux

    e pacote de escritrio Open Office. Estes casos tornam-se exemplos de sucesso aserem seguidos por outros rgos governamentais e empresas. Alm da reduo de

    custos, o software livre, por permitir o acesso ao seu cdigo fonte, viabiliza ao

    usurio a manuteno dos sistemas, aumentando a segurana ao possibilitar a

    identificao e correo de falhas por tcnicos ou desenvolvedores do governo.

    Como conseqncia do aumento da demanda por software livre, houve um incentivo

    pblico em treinamentos, que profissionalizou os tcnicos, habilitando-os a

    implementar solues personalizadas.Este um mercado promissor pois ainda existem muitos rgos no Brasil com

    projetos de informatizao, alm de alguns projetos de incluso digital apoiados pela

    iniciativa pblica, como a Acessa Livre, desenvolvido pelo Prodesp que tem como

    objetivo adequar e adotar software livre para centros de acesso internet destinados

    populao de baixa renda.

    O governo, alm de usurios / consumidores, pode impulsionar uma

    tecnologia, em funo de sua aprovao, utilizao e definio de regras, que

    contribuem com a disseminao da mesma na comunidade.

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    Alm disso, existe um projeto de incluso digital Um computador por aluno

    (OLPC, em ingls, one laptop per child) apoiado pelo governo brasileiro, que

    pretende adquirir este laptop para ser utilizado na educao de crianas carentes. O

    projeto deste laptop estima um custo de 100 a 200 dlares por equipamento, que

    ter um sistema Linux instalado o que proporciona reduo do custo do mesmo,

    em funo da iseno do pagamento de licenas de software.

    3.4. Vantagens e desvantagens

    Segundo Silveira (2007), o cdigo aberto do software permite que a

    comunidade envolvida com seu desenvolvimento o atualize, teste, corrija e estabilize

    para seu lanamento, sendo esta uma das vantagens mercadolgicas deste modelo:

    As chances de ter suas falhas mais rapidamente encontradas e superadas bem maior do que no modelo proprietrio e fechado. A qualidade dasverses est diretamente vinculada a quantidade da inteligncia coletivaagregada na rede mundial de computadores. (SILVEIRA, 2007:3)

    Um estudo publicado por Coverity Inc. revela que a densidade de defeitos do

    software proprietrio que possui como maior representante a empresa Microsoft -

    a mesma desde a dcada de 1960: 20 a 30 defeitos a cada mil linhas de cdigo.

    Ao avaliar a qualidade do Kernel Linux (e posteriormente o software open source),

    foram encontrados os seguintes resultados: a densidade de defeitos por linha de

    cdigo 99.3% menor do que a mdia; enquanto o tamanho do cdigo do Linux

    cresceu 4.7%, os defeitos nele apresentados reduziram 2.2%, o que significa dizerque os defeitos mais srios identificados foram corrigidos em seis meses.

    Um forte argumento a favor do Linux a reduo do TCO custo total de

    propriedade calculado com base nos custos de aquisio, manuteno e operao

    de sistemas, que incluem licenas de software, atualizaes, suporte tcnico,

    treinamento, profissionais, alm de clculos de possveis prejuzos ocasionados por

    falhas ou indisponibilidade no sistema. Como no existem os custos com licenas, o

    Linux oferece grande vantagem, no s no momento da aquisio, mas em casos dereplicar o sistema em grandes quantidades de mquinas. Muitos estudos j foram

    18

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    publicados sobre estes clculos, mas importante ressaltar que o TCO varia de

    acordo com o pas no qual a empresa se encontra e suas polticas. Nos pases em

    desenvolvimento, por exemplo, h uma tendncia de que os custos de licenciamento

    se destaquem no TCO, uma vez que os salrios so bem inferiores se comparados

    aos pagos por empresas de pases desenvolvidos.

    Existem ainda vantagens com relao aos custos de desenvolvimento para

    empresas mantenedoras de um projeto. Apenas uma pequena parcela dos

    desenvolvedores remunerada e contribui com a maior parte do projeto. Os demais

    contribuidores so voluntrios e, portanto, no resultam em custos adicionais para

    desenvolvimento. Esse modelo permite a empresas que no possuem muito capital

    desenvolverem softwares de qualidade.Algumas distribuies so vendidas por preo de custo e ainda oferecem a

    opo de downloadgratuito. Alm da mdia para instalao, existe muito material

    disponvel (documentao para guiar instalao e administrao de sistemas). Com

    o sistema proprietrio, os custos de manuteno aps a aquisio so elevados,

    pois o servio de instalao e administrao depende do prprio fornecedor,

    parceiros ou consultores individuais. Estima-se que os custos de manuteno de

    software livre e sistemas proprietrios sejam similares; porm, em alguns casos, osuporte necessrio pode ser obtido gratuitamente, sendo prestado por integrantes

    de comunidades open source por meio da Internet, o que torna o investimento inicial

    do software livre mais baixo do que o proprietrio.

    Ainda no que se refere s questes de reduo de custos, o diretor-

    presidente do SERPRO (Servio Federal de Processamento de Dados), Marcos

    Mazzoni, afirma que a utilizao de software livre por ministrios e rgos estaduais

    e municipais no Brasil pode gerar uma economia de at 20% por ano, o que equivalea R$ 1,4 bilho.

    Devido ao modelo de produo do software livre, h maior foco no usurio, se

    comparado ao sistema proprietrio, uma vez que os lucros decorrentes das vendas

    do software proprietrio so sempre privatizados, enquanto que os frutos da

    produo de software livre tornam-se disponveis para a comunidade (Hexsel,

    2002). Portanto, o custo social baixo na maioria dos casos.

    Ao utilizar o software proprietrio, uma empresa fica refm desta tecnologia,

    sendo obrigada a utilizar atualizaes e novas verses daquele determinado

    fabricante. Tambm existe o risco do fabricante extinguir seu produto do mercado.

    19

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    Ao utilizar o software livre, a empresa no fica dependente de um mesmo

    fornecedor, pois existem vrias empresas com produtos similares, que podero

    substituir aquele que no mais fabricado ou mantido. Alm desta opo, o fato do

    cdigo fonte estar disponvel na internet permite que um grupo de programadores

    possa prestar suporte, ou ainda, ser contratado por tal empresa para efetuar a

    manuteno necessria.

    O modelo de produo do Linux, alm de ser mais barato por contar com

    vrios contribuidores voluntrios, pode ter em paralelo o desenvolvimento de

    inovaes e correo de bugs, enquanto dentro de uma empresa, a equipe deve

    estar focada em uma das duas tarefas, o que retarda o lanamento de uma nova

    verso.O software livre oferece algumas oportunidades de lucros, que dependem da

    modalidade de licenciamento que o software adotou. Pode-se comercializar o

    software, modificando-o e licenciando-o como um programa proprietrio, desde que

    esteja sob a licena BSD; oferecer suporte, treinamento e outros servios

    agregados; aproveitar-se do baixo custo e ser agregado a hardware ou mesmo um

    software proprietrio, aumentando sua competitividade no que se refere a preos.

    No modelo proprietrio, o preo do software composto pelo custo de seudesenvolvimento e seu direito de uso, de acordo com as funcionalidades que

    oferece. Quanto maiores as restries de acesso e compartilhamento, mais barato

    o produto, porm, menor ser seu valor agregado para o usurio. Isso ocorre pois,

    aumentando o acesso ao cdigo fonte e possibilidades de compartilhamento, o

    produto venderia menos e o preo unitrio deveria ser elevado para sustentar a

    empresa.

    O modelo open source quebra este paradigma: por no cobrar a licena deuso, oferece maior valor agregado, pois aumenta o acesso do usurio ao software.

    Quanto maior o acesso, menores sero os preos. Como os custos de produo

    ficam dispersos na comunidade, torna-se possvel reduzir o preo que o usurio

    paga por servios ou funcionalidades adicionais. Ento empresas com fins lucrativos

    que distribuem o software livre tm suas receitas oriundas de treinamento e suporte,

    alm de outras possibilidades, como empacotamentos de software, documentao e

    at mesmo venda de camisas e outros materiais com smbolos conhecidos na

    comunidade, como o Tux o pingim mascote do Linux.

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    Segundo empresas brasileiras entrevistadas na pesquisa realizada pelo ISF,

    as principais vantagens de solues open source com relao s proprietrias so:

    TCO, melhor aproveitamento de hardware, estabilidade e segurana.

    E quando questionadas sobre os principais motivos para no utilizar software

    livre, apontam: padronizao e polticas da empresa, incompatibilidade, falta de

    conhecimento sobre o assunto e comodismo.

    Outras desvantagens perante os softwares proprietrios, alm das questes

    tcnicas muitos apresentam menos funcionalidades os custos de mudana

    (quando o cliente realiza uma migrao) e suas complicaes como treinamento de

    pessoal, adaptao de hardware, entre outros, podem inviabilizar a adoo.

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    4. EVOLUO HISTRICA: RED HAT E FEDORA

    Em 1991, Linus Torvalds lanou o cdigo fonte do Linux, o Kernel. Dois anos

    mais tarde, Bob Young adquiriu a empresa ACC Corporation, que comercializava

    acessrios e livros sobre Linux e Unix e tambm distribua uma revista chamada

    New York Unix. Em outubro de 1994, Marc Ewing apresentou sua prpria verso do

    Linux, nomeada Red Hat Linux. Um ano depois, Bob Young comprou o negcio de

    Marc Ewing e uniu ACC Corporation, criando a empresa Red Hat Software.

    Inicialmente, Marc Ewing e Bob Young distribuam material de divulgao da

    marca brindes e cds de instalao do software contribuindo bastante para o

    incio da histria da empresa e fixao de sua marca. O destaque com relao

    outras distribuies j existentes na poca era o contedo dos cds: totalmente

    compostos por softwares open source, livres para instalao, ao contrrio do que

    acontecia com outras empresas do mercado, como SuSE e Caldera. Em 1996 foi

    estabelecida a sede da Red Hat, na Carolina do Norte, acrescentando os

    departamentos comercial e administrativo operao.

    Em 1999, a Red Hat comprou a Cygnus Solutions primeira empresa aprestar servios para softwares open source do mercado. Seu fundador, Michael

    Tiemann, tornou-se CTO (Chief Technology Officer) e atualmente Vice-presidente

    de Open Source Affairs.

    A Red Hat sempre foi fiel aos princpios e valores sob os quais foi fundada

    produzindo software livre, contribuindo para projetos open source e lanando

    produtos sob a licena GNU-GPL.

    Em 2002, ao decidir se posicionar como provedora de solues open sourcepara o mercado corporativo, a Red Hat dividiu sua distribuio Linux em: Red Hat

    Enterprise Linux e Fedora Core, criando o Projeto Fedora. A Red Hat comeou a

    concentrar-se na venda de servios que agregassem valor ao atendimento ao

    cliente, como suporte tcnico, consultoria, implementao, atualizao de software,

    treinamentos, alm de outras solues que complementam o sistema operacional

    Linux, que continua sendo o carro chefe da empresa. Os servios podem ser

    contratados por um perodo de 1 a 3 anos e so comercializados sob o modelo de

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    subscrio uma assinatura de servios essenciais para o melhor aproveitamento

    do software.

    A partir deste momento, as empresas usurias de Red Hat Linux foram

    aconselhadas a migrar para a verso Red Hat Enterprise Linux, para ter acesso ao

    suporte tcnico oferecido pela empresa, alm dos outros servios agregados.

    Esta segmentao no foi facilmente compreendida pelo pblico em geral.

    Segundo ponto de vista das comunidades, a empresa estava contrariando o

    movimento por visar lucros com a venda de servios para o software livre e muitos

    clientes no compreendiam as razes pelas quais deveriam pagar para utilizar um

    software livre, at que o conceito de servios agregados fosse absorvido. E

    justamente para manter a relao com a comunidade open source, o Projeto Fedorafoi criado e patrocinado, com investimento em pessoas, eventos, divulgao, entre

    outros fatores que levaram a comunidade de colaboradores do Fedora a crescer.

    A empresa tem a misso e grande interesse em fomentar o mercado,

    complementando aes de Marketing por meio do patrocnio de um projeto de

    incluso digital (OLPC), tendo desenvolvido o sistema operacional para um laptop

    educacional, e do desenvolvimento de programas acadmicos (Red Hat Academy),

    com objetivo de incluir seu programa de treinamento no Red Hat Enterprise Linuxem grades curriculares de universidades, ciente de que a formao de profissionais

    especializados em Linux essencial para que as empresas aceitem a migrao para

    este sistema, pois ter equipes capacitadas para esta tarefa.

    Atualmente, a Red Hat est presente em 35 pases, conta com mais de 2000

    funcionrios e possui mais de 200 clientes ao redor do mundo.

    A empresa possui muitos profissionais na rea tcnica, responsveis pela

    Engenharia de software, suporte tcnico, treinamentos, marketing de produto eapoio rea comercial. Muitos deles esto diretamente ligados a comunidade

    Fedora.

    O Projeto Fedora, segundo definies do Lder do Projeto Max Spevack

    uma parceria entre a Red Hat e a comunidade Open Source. O mais alto nvel de

    tomadores de deciso do Fedora o Fedora Project Board, um grupo com poder de

    deciso sobre polticas do Fedora, que define prioridades e mantm os demais sub-

    projetos do Fedora. O Fedora Board tem 9 membros, sendo 5 deles funcionrios

    Red Hat e os outros 4 so membros da comunidade. Espera-se que com o tempo,

    este quadro seja composto apenas por lderes da comunidade Fedora.

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    Alm disso, este quadro tem um Presidente, exercendo a funo do Lder do

    Projeto Fedora posto atualmente ocupado por Max Spevack.

    O projeto conduzido de acordo com um consenso do Fedora Advisory Board

    (Equipe de assessoria), composto por aproximadamente 50 contribuidores mais

    ativos do Fedora. Esta uma lista aberta, que disponibiliza acesso a arquivos e

    participao em discusses, tanto a pessoas da Red Hat quanto da comunidade.

    No Brasil existem outros sub-projetos que contribuem com o crescimento do

    Fedora, que contam com contribuies em traduo do software, criao e traduo

    de documentao, participao e execuo de atividades de Marketing, distribuio

    de mdias e incentivo utilizao do Fedora e outras ferramentas livres no meio

    acadmico.A comparao das duas distribuies demonstra as diferenas principais

    entre os modelos proprietrio e comunitrio:

    Aspectos observados Fedora Red Hat Enterprise Linux

    Modelo de desenvolvimentoComunidade open source +Engenheiros Red Hat

    Engenheiros Red Hat

    SuporteOferecido por membros dacomunidade em fruns e chats

    Oferecido por experts RHCE,24x7 via web e telefone

    Hardware certificado pelofabricante

    No IBM, HP, Dell e Fujitsu

    Software de terceiroshomologado pelo fabricante

    NoOracle, SAP, Sybase, Symantec,Vmware

    Ciclo de verses A cada 6 meses A cada 18 meses

    Tempo de manuteno Aproximadamente 18 meses 7 anos do lanamento da verso

    Garantia legal NoPrograma Open SourceAssurance

    Download GratuitoSubscrio para suporte,updates e Red Hat Network

    Site http://projetofedora.org http://www.br.redhat.com

    Quadro 4: Comparao Red Hat x FedoraFonte: Revista Arquivo Linux 28, Ano 3

    24

    http://projetofedora.org/http://www.br.redhat.com/http://projetofedora.org/http://www.br.redhat.com/
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    Pode-se observar neste quadro que as principais diferenas entre as duas

    distribuies evidenciam o foco da Red Hat no mercado corporativo. Alm do

    downloaddo Fedora ser gratuito e o RHEL depender da compra de uma subscrio,

    as condies de suporte e tempo de manuteno so fatores importantes a serem

    considerados. A Red Hat oferece algumas opes diferenciadas de suporte tcnico,

    de acordo com a cobertura e tempo de resposta a chamados.

    O Fedora, lanado a cada seis meses, testa e aperfeioa recursos para que

    sejam ento incorporados ao Red Hat Enterprise Linux (RHEL), lanado a cada 1

    ano e meio. No caso da verso corporativa, a Red Hat oferece suporte tcnico por 7

    anos, enquanto a comunidade suporta at 2 verses anteriores.

    Para lanar a verso seguinte, feita a seleo de recursos que seroadicionados. Para eleger as prioridades, so consultados engenheiros de software

    da Red Hat e a comunidade, que participa por meio de wikis e listas de contato

    pblicas. A deciso tomada pelo Fedora Advisory Board, que por sua vez se

    baseia na disponibilidade de seus contribuidores para desenvolver cada uma das

    novas funcionalidades propostas. Quando no h um voluntrio para desenvolver e

    a funcionalidade considerada importante, a Red Hat pode disponibilizar um de

    seus engenheiros para se dedicar a este trabalho.A certificao de software e hardware indica que determinados fabricantes

    homologaram seus produtos para serem compatveis com o software. A quantidade

    de hardware e software certificados uma vantagem para a Red Hat em relao

    distribuies comunitrias e at mesmo outras corporativas, uma vez que os

    processos de homologao so longos, o que favorece a distribuio mais antiga e

    estvel.

    Segundo Max Spevack, o Projeto Fedora um laboratrio de inovao,pesquisa e desenvolvimento, que age como fora multiplicadora, possibilitando que

    mais coisas sejam feitas num curto espao de tempo.

    25

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    5. CONSIDERAES FINAIS

    O modelo de negcios da Red Hat revolucionrio. Qualquer empresa tem

    acesso ao cdigo-fonte do software que leva sua marca e poderia vender por preos

    bem menores, uma vez que no se incluiriam custos de desenvolvimento, por

    exemplo. Mas a Red Hat se mantm na posio de liderana, tendo conquistado

    cada vez mais espao no mercado de TI. Este estudo permitiu compreender como a

    empresa se beneficia do movimento open source para evoluir e consolidar sua

    liderana num mercado dinmico, competitivo e exigente.

    Conhecero modelo de produo open source torna possvel a compreenso

    da influncia das comunidades no mercado. O modelo colaborativo favorece a

    adequao de produtos s necessidades do mercado, pois o sistema de produo

    baseado em sugestes e indicaes de falhas por parte dos usurios, que

    voluntariamente se manifestam em prol da melhoria do software.

    Este processo pode ainda suprir a necessidade que as empresas tm de

    realizar pesquisas para avaliar grau de satisfao e expectativa de clientes, que so

    impessoais e requerem altos investimentos, uma vez que o usurio interagediretamente com o desenvolvedor do produto. Outra vantagem da produo

    colaborativa o fato de milhares de desenvolvedores acessarem o cdigo fonte de

    um software ao mesmo tempo, o que facilita e agiliza correes e atualizaes

    necessrias.

    Alm disso, importante ressaltar os motivos que levam um mantenedor a

    iniciar o projeto, que pode ser o desejo de criar uma alternativa sob o modelo aberto

    a algum software j existente no modelo proprietrio ou criar algo que ainda noexiste e pode ser til para muitas pessoas. Quando o software atrai a ateno e

    interesse de muitos colaboradores, fica evidente que o mantenedor estava correto

    quando iniciou o projeto, mantendo o foco da produo no usurio, o que ir resultar

    num produto adequado s necessidades e ao perfil do mercado. Ainda assim, por ter

    o cdigo fonte acessvel, o software pode ser customizado pelo usurio.

    A comunicaoexerce um papel fundamental em todo o contexto, no ficando

    limitada divulgao de produtos e servios.

    No caso de um projeto open source, de interesse dos contribuidores que

    este seja popular, atraindo cada vez mais usurios e mais contribuidores. Quanto

    26

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    mais contribuidores, mais rpidas e eficazes sero as atualizaes e o

    aperfeioamento do sistema. Quanto maior o nmero de usurios, mais rpidas so

    as percepes e indicaes de falhas e possibilidades de melhorias. Portanto,

    essencial que o projeto seja divulgado, bem como seus benefcios e vantagens, que

    motivem colaboradores a participar do desenvolvimento.

    A comunicao tambm essencial para que o software livre ganhe espao

    no mercado, pois isto ocorre em funo do aumento de sua credibilidade e do

    reconhecimento de seus benefcios e vantagens pelos tomadores de deciso na

    rea de TI. A divulgao de argumentos a favor do software livre feita por

    empresas que a distribuem, pela mdia especializada e pelas comunidades. Em

    geral, muitos contribuidores da comunidade defendem os princpios do movimentoopen source e assumem uma postura a favor do software livre, independentemente

    do nome da distribuio para a qual contribuem. Assim, podem apoiar outras

    comunidades de outros tipos de software livre. Isso favorece a disseminao e o

    fortalecimento dos conceitos do movimento open source no mercado.

    Pode-se afirmar que os atributos do modelo de negcios descritos neste

    estudo so atualmente bastante conhecidos pelo mercado, principalmente no que se

    refere reduo de custos, maior segurana, alta qualidade de produtos e servios,entre outros. Estas caractersticas diferenciam o software livre do proprietrio.

    Servios como treinamento, suporte tcnico, consultoria e outras solues

    convenceram o mercado de forma definitiva de que o software livre no sinnimo

    de software gratuito. O valor agregado proporcionado por estes servios, a

    divulgao de casos de sucesso, a comunicao destes atributos ao mercado e o

    importante apoio do governo e outras grandes corporaes do setor de TI so

    estratgias essenciais para a evoluo do movimento open source no Brasil.A comunicao tambm importante para esclarecer alguns pontos do

    relacionamento. Para muitos, as duas distribuies concorrem entre si, uma vez que

    a empresa no obtm receita quando um cliente opta pela instalao do Fedora.

    Mas ao observar as diferenas existentes entre os dois modelos de distribuio,

    possvel concluir que ambas possuem um pblico alvo especfico. Por exemplo, para

    alguns clientes, o Fedora suficiente, com suporte oferecido pela comunidade e

    menor intervalo de tempo entre lanamento de verses; para empresas com

    aplicaes de misso crtica, cujos prejuzos em casos de falhas no sistema podem

    ser significativos, imprescindvel que haja suporte tcnico oferecido por diversos

    27

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    canais, comprometidos com tempos de resposta, entre outros servios necessrios

    para manter a estrutura de TI adequada sua demanda. Ao comparar os dois

    sistemas, observa-se que, apesar das caractersticas em comum, como cdigo fonte

    aberto, caractersticas e recursos, softwares open source instalados, os servios

    agregados pela comunidade e pela Red Hat so determinantes para diferenciar o

    foco dos softwares. Este o argumento mais adequado para esclarecer esta

    questo.

    Outro conflito a interpretao de que o Fedora uma verso de testes da

    Red Hat, instvel e imprpria para utilizao. Um dos benefcios para a Red Hat

    ter seu produto aprimorado com recursos j testados e aprovados por usurios do

    Fedora. Mas, muitas vezes, este fato mal interpretado pela comunidade opensource. Segundo o lder do Projeto Fedora, apesar de patrocinada pela empresa,

    este constitui uma distribuio independente, que possui diversas verses

    derivadas, inclusive o RHEL. Existe uma relao de troca entre os sistemas open

    source em geral e, da mesma forma que outras distribuies usufruem deste modelo

    de produo, a Red Hat tambm o faz, sem usar o Fedora como um teste.

    Apesar de todas as especificidades deste mercado, a fora da marca tambm

    essencial. um dos fatores que contribuem para a liderana de mercado exercidapela Red Hat, uma vez que qualquer empresa pode copiar sua distribuio, mudar o

    nome e comercializar.Prova disso foi um anncio feito em meados de Novembro de

    2006, pela empresa Oracle, de que lanariam um Linux nomeado Unbreakable

    Linux com suporte a custos muito inferiores aos da Red Hat. Porm, um produto

    sem valor agregado em nada influenciou o desempenho da lder de mercado. Outra

    estratgia que fortaleceu a marca foi sua associao com grandes empresas, como

    IBM e HP, estabelecendo parcerias que favorecem ambos os lados e aumentou acredibilidade da Red Hat.

    Outro fator que contribuiu para a empresa manter a liderana de mercado a

    qualidade de seus produtos e servios, resultante do bom desempenho e

    comprometimento dos desenvolvedores do software, o que comprova o sucesso do

    modelo de produo do Linux. A Red Hat emprega cerca de 700 profissionais

    dedicados ao desenvolvimento de produtos e depende ainda de centenas de outros

    desenvolvedores que contribuem com o Projeto Fedora. Para manter a maior parte

    desta equipe, basta continuar sendo honesta e verdadeira com a comunidade.

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