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8/19/2019 Mostra Socioambiental de filmes http://slidepdf.com/reader/full/mostra-socioambiental-de-filmes 1/4 Mostra Socioambiental de Filmes 18 e 19 março 2016 Associação dos Moradores da Praia de Gaibú Rua Laurentino Gomes s/n - Gaibú - Pernambuco - Brasil

Mostra Socioambiental de filmes

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Mostra Socioambiental de Filmes

18 e 19 março 2016Associação dos Moradores da Praia de Gaibú

Rua Laurentino Gomes s/n - Gaibú - Pernambuco - Brasil

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sexta 18 março

sabado 19 março

Instalação “Refúgio made in China” - 17 hs

Mesa redonda - 17 hs

Prog. Animal qualque(e)r - 19 hs

Carla Lombardo

Milícia, remoções e redução da possibilidade de vida no territóriode Suape.

A vida na terra lembrada e fantasiada em plástico. Antropoceno.

S/t / Claudio Caldini / 2’ 50

Amor com a cidade / Juliana Dorneles / 15’

Trecho do “Indio cidadão” / Ailton Krenak / 4’

Scrapbook / Mike Holboom / 18’

Lesser Apes / Duke & Battersby / 12’

Dixon / Rai Sacramento e Dixon / 3’

Ensopado de coelho / Pollux / 17’

Spetsai / yann beauvais / 15’

Tempo, Espaço, Gaibu  / Rai Sacramento / 10’

Heliografia  / Claudio Caldini / 5’

Silvia Shade  / Cherry Kino / 4’

Exília  / Renata Claus / 23’

Mulher não é objeto. Humano não é coisa.“Coisas de viado”. Homem:“um animal de linguagem”, e aqueles sem?Homem-animal, animal humano ameríndio. A vida como fuxo de

inter-relações no sistema terra.

Programador:Ж

A cidade como selva, a selva como nome comum: Silva. Os povosda/do Silva, povos da foresta, transpostos à selvas de cimento. Não

há pedras nessas selvas. As etno-paisagens em metamorfose e osrastros do homem na terra se inscrevem como marcas irreverssíveis. Amedida possível do dano: uma era geológica.Programador:Ж

Convidados: Representantes do Forum Suape / Conceição - Advogadada CPT / Seu Biu - residente da ilha de Tatuoca / Adriana - Mulheres

Programa Cidade da S / lva - 18 hsi e

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POR PAUL BEATRIZ PRECIADO

Durante uma de suas “conversaes innitas”, Hans-Ulrich Obrist me pede para fazer uma pergunta urgente, quearstas e movimentos polcos deveriam responder em conjunto. Eu digo: “Como viver com os animais? Como vivercom os mortos?”. Outra pessoa pergunta: “E o humanismo? E o feminismo?” Senhoras, senhores e outros, de umavez por todas, o feminismo no um humanismo. O feminismo um animalismo. Dito de outro modo, o animalismo um feminismo dilatado e no antropocntrico.

No foram o motor a vapor, a imprensa ou a guilhona as primeiras mquinas da Revoluo Industrial, mas sim oescravo trabalhador da lavoura, a trabalhadora do sexo e reprodutora, e os animais. As primeiras mquinas daRevoluo Industrial foram mquinas vivas. Assim, o humanismo inventou um outro corpo que chamou humano: umcorpo soberano, branco, heterossexual, saudvel, seminal. Um corpo estracado, pleno de rgos e de capital, cujasaes so cronometradas e cujos desejos so os efeitos de uma tecnologia necropolca do prazer. Liberdade,igualdade, fraternidade. O animalismo revela as razes coloniais e patriarcais dos princpios universais do humanismo

europeu. O regime de escravido, e depois o regime de trabalho assalariado, aparece como o fundamento daliberdade dos “homens modernos”; a expropriao e a segmentao da vida e do conhecimento como o reverso daigualdade; a guerra, a concorrncia e a rivalidade como operadores da fraternidade.O Renascimento, o Iluminismo, o milagre da revoluo industrial repousam, portanto, sobre a reduo de escravos emulheres condio de animais e sobre a reduo dos trs (escravos, mulheres e animais) condio de mquinas(re-) produvas. Se o animal foi um dia concebido e tratado como mquina, a mquina se torna pouco a pouco umtecnoanimal vivo entre os animais tecnovivos. A mquina e o animal (migrantes, corpos farmacopornogrcos, lhosda ovelha Dolly, crebros eletrodigitais) se constuem como novos sujeitos polcos do animalismo por vir. A mquinae o animal so nossos homnimos quncos.J que toda a modernidade humanista soube apenas fazer proliferar tecnologias da morte, o animalismo deverconvidar a uma nova maneira de viver com os mortos. Com o planeta como cadver e como fantasma. Transformar anecropolca em necroestca. O animalismo torna-se portanto uma festa fnebre. Uma celebrao do luto. Oanimalismo rito funerrio, nascimento. Uma reunio solene de plantas e de ores em torno das vmas da histria

do humanismo. O animalismo uma separao e um acolhimento. O indigenismo queer, a pansexualidade planetriaque transcende as espcies e os sexos, e o tecnoxamanismo, sistema de comunicao interespcies, so disposivosde luto.

O animalismo no um naturalismo. E um sistema ritual total. Uma contratecnologia de produo da conscincia. Aconverso para uma forma de vida, sem qualquer soberania. Sem qualquer hierarquia. O animalismo instui seuprprio direito. Sua prpria economia. O animalismo no um moralismo contratual. Ele recusa a estca docapitalismo e sua captura do desejo pelo consumo (de bens, ideias, informaes, corpos). Ele no repousa nem sobrea troca nem sobre o interesse individual. O animalismo no a revanche de um cl contra outro cl. O animalismono um heterosexualismo, nem um homossexualismo, nem um transssexualismo. O animalismo no nemmoderno nem ps-moderno. Posso armar, sem brincadeira alguma, que o animalismo no um hollandisme. No um sarkozysme ou bleumarinisme [NT: Referncias a Franois Hollande, Nicolas Sarkozy et Marine Le Pen]. O

animalismo no um patriosmo. Nem um matrionismo. O animalismo no um nacionalismo. Nem um europesmo.O animalismo no nem um capitalismo, nem um comunismo. A economia do animalismo um benecio total depo no agonsco. Uma cooperao fotossintca. Um gozo molecular. O animalismo o vento que sopra. E ocaminho atravs do qual o esprito da oresta de tomos ainda alcana os seres que voam. Os humanos, encarnaesmascaradas da oresta, devero se desmascarar do humano e se mascarar novamente do saber das abelhas.A mudana necessria to profunda que se costuma dizer que ela impossvel. To profunda que se costuma dizerque ela inimaginvel. Mas o impossvel est por vir. E o inimaginvel nos devido. O que era o mais impossvel einimaginvel, a escravido ou o m da escravido? O tempo de animalismo o do impossvel e o do inimaginvel.Este o nosso tempo: o nico que nos resta.

Paul Beatriz Preciado (Burgos/Espanha, 1970) lsofa, autor de numerosos ensaios e dos livros Manifesto

Contrasexual (Barcelona: Opera Prima, 2002) e mais recentemente Testo Yonqui: sexo, drogas y biopolca (Madrid,

Espasa-Calpe, 2008).

O FEMINISMO NÃO É UM HUMANISMO*

* Publicado no O POVO online, 24/11/2014 .

Traduzido do francês por Charles Feitosa. Revisão Técnica: Alessandro Sales e Paulo Oneto.

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A Mostra Socioambiental de Filmes, programada como uma ação de formaçãodo programa Fazer o Mundo Fazendo Vídeo, se dedica a gerar pensamentosobre as relações entre paisagem, espaço interior, humanidade e animalidadeno Antropoceno. Agregando filmes, uma mesa-redonda e uma instalação aproposta é desenvolver ideias e perspectivas descoloniais sobre o estado

corrente de degradação socioambiental do mundo e no contexto no qual aMostra ocorre, Pernambuco-Brasil.

Agradecemos aos artistas que solidariamente cederam seus trabalhospara que esta Mostra fosse possível.

+ de Fazer o Mundo Fazendo Vídeo : vimeo.com/fazeromundofazendovideo

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