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UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Edsel Paulo Rockel SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE GERADOR EÓLICO Campo Grande 2013

Monografia_Edsel Paulo Rockel

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Sistema de controle de gerador eólico para carregar uma bateria chumbo ácida.

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  • UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP PRO-REITORIA DE GRADUAO

    CURSO DE ENGENHARIA ELTRICA

    Edsel Paulo Rockel

    SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE GERADOR ELICO

    Campo Grande 2013

  • Edsel Paulo Rockel

    SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE GERADOR ELICO

    Trabalho de concluso de curso apresentado banca examinadora do curso de Engenharia Eltrica da Universidade Anhanguera-Uniderp, como requisito parcial para a obteno do grau de Bacharel em Engenharia Eltrica.

    Orientador: Professor Esp. Romualdo Orlandeli Sanches

    -

    Campo Grande 2013

  • AGRADECIMENTOS...

    Ao professor Romualdo Orlandeli Sanches, meu orientador, pelas sugestes

    oportunas, cobranas eventuais e apoio constante.

    Ao Luiz Cesar Nocera, pela oportunidade que me concedeu de realizar este

    Trabalho com o seu gerador elico.

    Ao Meteorologista Natlio Abraho Filho, da Estao Meteorolgica da

    Universidade Anhanguera-Uniderp, por me disponibilizar os dados sobre velocidade

    dos ventos na cidade de Campo Grande, os quais foram imprescindveis para as

    demonstraes tericas neste Trabalho.

    Miriam, minha esposa, pela compreenso e pacincia.

  • RESUMO

    Este trabalho mostra o projeto de um sistema eletrnico de controle de carga de

    gerador elico, permitindo que ele carregue uma bateria automotiva, a qual tem

    capacidade inferior mnima estabelecida para o banco de baterias previsto no

    manual do gerador elico. Utiliza-se o recurso de desvio de carga na sada do

    gerador, atravs de transistores de potncia do tipo MOSFET (metaloxide

    semiconductor field-effect), sempre que a tenso ou a corrente eltrica do gerador

    exceder parmetros predeterminados em software contido no microcontrolador do

    sistema. O regime de carga monitorado atravs de um ampermetro e voltmetro,

    mostrado em um visor LCD e h tambm um cronmetro que grava o tempo de

    carga em que a bateria foi submetida durante o perodo que ela ficou conectada ao

    gerador elico.

    Palavras chave: gerador elico; Air Breeze; bateria automotiva; sensor hall; PSoC;

    controle de carga.

  • ABSTRACT

    This paper describes an electronic system designed to control the charge of an

    electrical generator driven by a wind turbine so as to allow it to charge an automotive

    battery whose storage capacity is smaller than the minimum established for the

    battery bank by the turbines manufacturer. It must be a diversion style regulator the

    with MOSFETs (metal-oxide-semiconductor field-effect transistors) whenever either

    the voltage or the electric current of the generator exceeded the parameters pre-

    established by the software of the microcontroller. The system load was monitored by

    an ammeter and a voltmeter on an LCD display that also contains a clock to record

    the load time of the battery for the period that it was connected to the wind turbine. --

    ----------------------------------------------------------------

    Keywords: wind turbine, Air Breeze, automotive battery, hall sensor; PSoC; loading

    .control.

  • Lista de Figuras

    Pgina

    Figura 1 Bateria alcalina, com clula em destaque . 16

    Figura 2 Mtodo de dois nveis de tenso . 20

    Figura 3 Mtodo de dois nveis de tenso, em funo do tempo. 21

    Figura 4 Gerador elico Air Breeze 23

    Figura 5 Diagrama de instalao. 24

    Figura 6 Gerador elico instalado sobre o teto do hangar. 27

    Figura 7 Bancada de testes do gerador elico. 27

    Figura 8 Diagrama de ligao de ampermetro e voltmetro. 28

    Figura 9 Corrente e tenso mxima indicada. 29

    Figura 10 Corrente e tenso obtidas com a bateria totalmente carregada. 30

    Figura 11 Fluxo de vento atravs de uma turbina elica. 31

    Figura 12 Grfico da potncia mxima possvel Mximo de Betz. 33

    Figura 13 Curva do coefic. de pot. Cp, em funo da velocidade do vento. 34

    Figura 14 Velocidade mxima do vento, em intervalos de 5 minutos. 38

    Figura 15 Velocidade mdia dos ventos, tomada a cada 15 minutos 39

    Figura 16 Fluxograma do Sistema de Controle. 40

    Figura 17 Diagrama em blocos simplificado. 42

    Figura 18 Diagrama em blocos. 43

    Figura 19 Diagrama geral do sistema. 43

    Figura 20 Conexo do gerador bateria. 44

    Figura 21 Simulao de carga atravs do trans. IRF4905 (MOSFET P) 45

    Figura 22 Grfico da corrente ID, em funo da tenso VDS. 46

    Figura 23 Desvio de carga do gerador elico. 47

    Figura 24 Monitoramento da tenso da bateria pelo gerador. 48

    Figura 25 Sensor de corrente por Efeito Hall, ACS750xCA-50 . 49

  • Figura 26 Diagrama em blocos do Sensor Hall . 50

    Figura 27 Diagrama de uma aplicao tpica do Sensor Hall . 50

    Figura 28 Aplicao de campo eltrico em uma barra de metal. 51

    Figura 29 Diagrama do sensor de corrente (Sensor Hall). 52

    Figura 30 Diagrama do sensor de tenso. 53

    Figura 31 Diagrama do microcontrolador PSoC CY8C29466-24PXI. 54

    Figura 32 Diagrama da fonte de alimentao de 5 V (VDD). 55

    Figura 33 Proteo de sobrecarga da bateria. 56

    Figura 34 Dispositivo de proteo contra sobrecorrente PTC 57

    Figura 35 Barra de alimentao, com proteo por polyfuses. 57

    Figura 36 Sistema do gerador elico, com as conexes da chave geral. 58

    Figura 37 Ambiente de desenvolvimento IDE-PSoC Designer. 60

    Figura 38 Variao da tenso de sada do sensor de corrente 61

    Figura 39 Identificao dos terminais do microcontrol. PSoC de 28 pinos. 62

    Figura 40 Diagrama do sistema de controle de carga. 67

    Figura 41 Layout da PCI (Placa de Circuito Impresso). 70

    Figura 42 Placa de circuito impresso montada. 71

    Figura 43 Monitoramento e Controle de Gerador Elico. 72

    Figura 44 Grfico de tenso e corrente com a bateria descarregada 73

    Figura 45 Grfico de tenso e corrente com a bateria carregada. 75

    Figura 46 Ajuste da tenso de regulao (Set Point) 77

    Figura 47 Grfico de tenso e corrente, em teste real, ao vento. 79

    Figura 48 Verificao da densidade da soluo da bateria. 79

    Figura 49 Verificao do tempo de carga. 80

    Figura 50 Resistncia de desvio fora da caixa do sistema de controle. 81

    Figura 51 Carga do gerador aplicado ao resistor nos instantes de desvio. 82

  • Lista de Tabelas

    Pgina

    Tabela 1: Caractersticas dos mtodos de carga. 19

    Tabela 2: Velocidades mdias e mximas de ventos em Campo Grande, MS. 37

    Tabela 3: Teste do Sist. de Monit. e Contr. de Carga, com bat. descarregada. 74

    Tabela 4: Teste do Sist. de Monit. e Contr. de Carga, com bateria carregada. 76

    Tabela 5: Teste em campo do Sist. de Monitoramento e Controle de Carga. 78

  • Lista de Smbolos

    Unidade

    A rea da seo transversal das trilhas da placa de circ. Imp. (PCI). m

    CB Capacidade da Bateria. Ah

    Coeficiente de potncia de uma turbina elica. adimensional

    fclock Clock interno do microcontrolador Hz

    I Corrente eltrica. A

    Imin Corrente mnima A

    Imx Corrente mxima A

    m Fluxo de massa de ar. kg/s

    Massa especfica do ar. kg/m

    Potncia do vento na sada da turbina elica. W

    Potncia do vento na entrada da turbina elica. W

    Potncia eltrica W

    Resistncia interna da Bateria

    Vmin Tenso mnima V

    Vmx Tenso mxima V

    Vmed Tenso mdia V

    VGen Tenso do gerador V

    Vf Tenso de flutuao da bateria V

    Vst Tenso mxima permitida pelo fabricante da bateria V

    VH Tenso HALL V

    VREF Tenso de referncia V

    VBE Tenso entre a base e o emissor de um transistor bipolar. V

    VDS Tenso entre o dreno e a fonte de um transistor FET V

    VGS Tenso entre a porta e a fonte de um transistor FET. V

    VVT Velocidade do vento m/s

    v Velocidade do vento livre. m/s

    t Tempo s

  • 9

    SUMRIO 1. INTRODUO ........................................................................................................... 12

    1.1 Objetivo ........................................................................................................................ 12

    1.2 Restries tcnicas .................................................................................................... 12

    1.3 Descrio e metodologia .......................................................................................... 13

    1.4 Sequncia da apresentao..................................................................................... 13

    2. BATERIAS ................................................................................................................... 15

    2.1 Baterias alcalinas ....................................................................................................... 15

    2.2 Baterias chumbo cida .............................................................................................. 16

    2.3 Mtodos de carga de baterias chumbo cidas ..................................................... 18

    2.4 Conceitos e termos relacionados s baterias ....................................................... 21

    3. O GERADOR ELICO .............................................................................................. 23

    3.1 Instalao e funcionamento ..................................................................................... 23

    3.2 Caractersticas e especificaes tcnicas ............................................................. 25

    3.2.1 Regulao ................................................................................................................... 26

    3.2.2 Desacelerao ............................................................................................................ 26

    3.2.3 Travagem .................................................................................................................... 26

    4. TESTE EM BANCADA .............................................................................................. 27

    4.1. Potncia mxima ........................................................................................................ 28

    4.1.1. Descrio do teste ..................................................................................................... 28

    4.1.2. Anlise dos dados ...................................................................................................... 29

    5. CLCULO DE POTNCIA DO VENTO ................................................................. 31

    6. DEMONSTRAO DA NECESSIDADE DO SISTEMA DE CONTROLE ........ 35

    5.1 Clculos tericos ........................................................................................................ 36

    5.2 Velocidade dos ventos na cidade de Campo Grande .......................................... 37

    7. PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE ............................................................ 40

    7.1. Definio dos valores de limitao do sistema ..................................................... 41

    7.2. Diagramas em blocos ................................................................................................ 42

    7.3. Estudo e desenvolvimento dos diagramas eletrnicos ........................................ 44

    7.3.1. Etapa de potncia ...................................................................................................... 44

    7.3.1.1.Simulao do circuito de potncia ......................................................................... 45

    7.3.2. Etapa de desvio .......................................................................................................... 47

    7.3.3. Monitoramento do nvel de carga da bateria para o gerador .............................. 48

    7.3.4. Monitoramento e controle do nvel de corrente .................................................... 49

    7.3.4.1.Sensor Hall ................................................................................................................ 49

    7.3.4.2.O Efeito Hall .............................................................................................................. 50

  • 10

    7.3.4.3.Diagrama eletrnico do sensor de corrente ......................................................... 52

    7.3.5. Monitoramento e controle do nvel de tenso ....................................................... 53

    7.3.6. Diagrama do microcontrolador ................................................................................. 54

    7.3.7. Fonte de alimentao ................................................................................................ 55

    7.3.8. Proteo de sobrecarga ............................................................................................ 56

    7.3.9. Chave geral ................................................................................................................. 58

    7.4. O microcontrolador PSoC CY8C29466-24PXI ...................................................... 59

    7.4.1. Descrio do microcontrolador ................................................................................ 59

    7.4.2. Configuraes do microcontrolador ........................................................................ 60

    7.4.3. Ampermetro ............................................................................................................... 61

    7.4.4. Voltmetro .................................................................................................................... 65

    7.4.5. Contagem do tempo de carga ................................................................................. 65

    7.4.6. Controle de potncia ................................................................................................. 67

    8. MONTAGEM DO SISTEMA DE CONTROLE ....................................................... 69

    8.1. Placa de circuito impresso ........................................................................................ 69

    9. TESTES DO EQUIPAMENTO ................................................................................. 73

    9.1. Testes em bancada ................................................................................................... 73

    9.1.1. Com a bateria fraca ................................................................................................... 73

    9.1.2. Com a bateria carregada .......................................................................................... 75

    9.1.3. Ajuste do Set Point .................................................................................................... 76

    9.2. Teste real, com vento ................................................................................................ 78

    9.3. Aquecimento da resistncia de desvio ................................................................... 80

    9.3.1. As causas do aquecimento ...................................................................................... 82

    10. CONCLUSO ............................................................................................................. 84

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..........................................................................86

    ANEXO A: Especificaes tcnicas do gerador elico Air Breeze. ...........................89

    ANEXO B: Diagrama completo do Sistema de Monitoramento e Controle ...............90

    ANEXO C: Especificaes tcnicas do transistor POWER MOSFET IRF4905.........91

    ANEXO D: Especificaes tcnicas do diodo schottky MBR1060.............................92

    ANEXO E: Especificaes tcnicas do transistor POWER MOSFET IRF2907.........93

    ANEXO F: Datasheet do resistor de desvio de caga, 2,2W150W...........................94

    ANEXO G: Planilha com velocidades dos ventos .....................................................95

  • 12

    1. INTRODUO

    Os geradores elicos de pequeno porte so fabricados com o objetivo de

    fornecer energia eltrica a embarcaes, residncias, pequenas indstrias ou

    comunidades. Podem ser instalados isoladamente ou com a interligao de vrios

    geradores em paralelo ou ainda combinando-os com painis fotovoltaicos.

    Atualmente esses sistemas so ligados diretamente rede eltrica, mas,

    dependendo da escala de produo de energia ou da localidade onde esto

    instalados, ainda utilizam-se bancos de baterias para armazenar a energia produzida

    pelo vento.

    Neste Trabalho, o gerador elico utilizado para carregar uma bateria

    automotiva o Air Breeze. Ele no tem, em princpio, esta finalidade, pois

    destinado a carregar bancos de baterias. Sem sistema de controle, o gerador Air

    Breeze s pode ser ligado a bancos de baterias de no mnimo 400 Ah. Baterias com

    menos capacidade, se ligadas a ele, so danificadas, devido ao excesso de carga

    que recebem.

    1.1 Objetivo

    O presente Trabalho consiste em desenvolver um equipamento

    eletroeletrnico, microprocessado, que possibilite ao gerador elico Air Breeze

    carregar uma bateria de automvel sem causar danos bateria, por excesso de

    carga, e tambm sem causar danos ao gerador, por aumento excessivo do seu giro

    quando estiver desconectado da bateria, girando livre, em ocasies de ventos fortes.

    1.2 Restries tcnicas

    De acordo com o manual do gerador, o Air Breeze no est concebido para

    funcionar com sistemas de controle que utilizam a tcnica de modulao por PWM

    (Pulse Width Modulation) ou do tipo shunt (SOUTHWEST, 2011). Por esse motivo,

    optou-se por desenvolver um sistema de controle com derivao, que desvia para

    uma carga resistiva a sada do gerador quando a tenso ou a corrente produzida

    pelo gerador exceder os limites mximos estabelecidos no software do Sistema de

    Controle.

  • 13

    1.3 Descrio e metodologia

    O Sistema de Controle no contm rels eletromecnicos. A comutao

    feita atravs de transistores de potncia do tipo MOSFET (metaloxide

    semiconductor field-effect). O sensor de corrente para o ampermetro um sensor

    HALL (ACS750); para o voltmetro a referncia tomada com divisor de tenso feito

    com resistores e todos os dados do ampermetro, voltmetro e cronmetro so

    processados por um microcontrolador PSOC CY8C29466-24PXI. A escolha deste

    microcontrolador foi porque ele contm mdulos analgicos internos, amplificador

    programvel (PGA) e um conversor analgico-digital duplo (Dual ADC). Para a

    elaborao e testes do software feito em liguagem C, no PSOC designer 5.4

    utilizada uma placa de desenvolvimento da Cypress (CY3210-PSOC EVAL1). A

    visualizao das indicaes de corrente, tenso e tempo de carga atravs de um

    display LCD (liquid crystal display) de 16 caracteres 2 linhas (SC1602A).

    Devido imprevisibilidade de ocorrncia de ventos, o sistema de controle

    contm tambm um cronmetro (timer) que disparado toda vez que o gerador

    elico fornece corrente de carga bateria. Cada tempo gravado somado

    gravao anterior e o total mostrado em um visor LCD.

    1.4 Sequncia da apresentao

    Apesar deste Trabalho ter como foco o carregamento de baterias

    automotivas, essas baterias no so tecnicamente as mais recomendadas para

    comporem bancos de baterias destinadas ao fornecimento de energia eltrica a

    residncias, embarcaes ou pequenas edificaes comerciais (BASTOS, 2013;

    MOURA, 1996). Por isso, este Trabalho inicia-se com uma pesquisa bibliogrfica

    sobre os diferentes tipos de baterias existentes no mercado, com um enfoque

    especial s baterias automotivas.

    Em seguida h a apresentao do gerador elico Air Breeze. Alm das

    informaes contidas no seu manual de instrues, fornecido pelo fabricante do

    gerador, mostra-se uma sequncia de testes que foi realizada em bancada

    especialmente montada para este fim, para comprovar com prtica experimental os

    parmetros tcnicos desse gerador elico e tambm para demonstrar a necessidade

  • 14

    do Sistema de Controle a ser desenvolvido neste TCC (Trabalho de Concluso de

    Curso).

    Nos captulos subsequentes h a elaborao do projeto do sistema de

    controle, sua execuo e testes finais.

    As definies de parmetros e seus respectivos clculos referentes ao

    Sistema de Controle so mostradas durante a apresentao do projeto e na fase

    de testes do equipamento em bancada e em campo, com eventuais mudanas do

    projeto original, em funo dos resultados obtidos nos testes prticos.

    O diagrama geral e outras documentaes podem ser vistas em anexos, nas

    ltimas pginas desta monografia.

  • 15

    2. BATERIAS

    H diversos tipos de baterias, cuja escolha depende do uso a que se pretende

    fazer dela. Essa escolha nem sempre feita levando-se em conta apenas

    parmetros tcnicos que dizem respeito s especificaes da bateria, sua

    capacidade de se submeter a descargas profundas ou fornecer altas correntes em

    curto espao de tempo. O fator econmico, mais precisamente o preo da bateria, a

    facilidade de aquisio e assistncia tcnica so fatores que em muitas ocasies

    pesam mais na hora da escolha.

    2.1 Baterias alcalinas

    A bateria de NI-CAD um dos mais eficientes armazenadores de energia

    eltrica disponveis. Ela rgida, compacta, prov correntes elevadas na sada,

    apesar de seu pouco peso, carrega rapidamente, possui excelentes caractersticas

    de funcionamento a baixas temperaturas e mantm uma tenso relativamente

    constante na sada, at descarregar-se completamente (EMBRAER, 1977).

    As baterias alcalinas, em especial as de Nquel-Cdmio (NiCd) ou Nquel

    Metal Hidreto (NiMH), admitem descargas profundas de at 90% da capacidade

    nominal, com baixssimo coeficiente de autodescarga. A sua capacidade de

    absoro de carga superior a 80% e possui alto rendimento mesmo sob variaes

    extremas de temperatura. Durante a manuteno possvel substituir clulas

    individualmente. A tenso de cada clula de 1,2 volts e devem ser totalmente

    descarregadas antes de serem submetidas recarga, devido ao efeito memria

    (EMBRAER, 1983).

    Tecnicamente, as baterias alcalinas so as mais indicadas para o uso em

    banco de baterias, mas o seu alto custo de aquisio e manuteno as tornam

    inviveis na maioria dos casos. Essas baterias requerem equipamentos especiais

    para monitorar o processo de carga, porque no podem sofrer superaquecimento,

    devido ao risco de incndio. O ambiente de armazenamento e manuseio dessas

    baterias no pode ser o mesmo de baterias chumbo cidas, devido ao risco de

    ocorrerem reaes qumicas que as danifiquem (EMBRAER, 1983).

    A Figura 1 mostra detalhes de uma bateria alcalina, com a tampa superior

    retirada.

  • 16

    Figura 1: Bateria alcalina, com clula em destaque . Fonte: Manual de Sistemas Eltricos (EMBRAER, 1983, p. 43).

    2.2 Baterias chumbo cida

    Baterias chumbo cida so as mais utilizadas para armazenamento de

    energia e podem ser classificadas como:

    1- Baterias SLI (Starting, Lighting and Igniton arranque, iluminao e

    ignio);

    2- Baterias de trao;

    3- Baterias estacionrias.

    1- As baterias SLI ou baterias de arranque, tambm conhecidas como

    automotivas so desenvolvidas para operarem durante perodos curtos,

    como na partida do motor de um automvel. As placas que constituem as

    suas clulas so finas e em grande quantidade, o que resulta em uma

    maior superfcie ativa entre elas e suportam altas descargas de corrente

    em curtos espaos de tempo. Por no serem utilizadas durante longos

    ciclos (tempos longos de descarga) e no suportarem descargas

    profundas, elas no so as mais recomendadas para sistemas de bancos

    de baterias, apesar de usadas em sistemas de baixo custo (SAAD, 2012).

    2- As baterias de trao podem ser submetidas a descargas profundas,

    aceitam ciclos longos e possuem placas mais grossas e durveis. Devido

    a essas caractersticas, elas so geralmente utilizadas em veculos eltricos

    e so recomendadas para sistemas elicos e fotovoltaicos autnomos.

  • 17

    3- As baterias estacionrias so comumente utilizadas em no-breaks para

    computadores, equipamentos telefnicos e outros sistemas onde no se

    pode ter interrupo da alimentao. Estas baterias permitem descargas

    mais profundas se comparadas s baterias SLI.

    Conforme o regime de descarga, temperatura de operao e aspectos

    construtivos da bateria, as placas positivas ou negativas sero ou limitadoras da

    capacidade ou superdimensionadas. Por exemplo: nas baterias de trao,

    construdas especialmente para uso com correntes de mdia intensidade (uso

    industrial), na faixa de temperatura entre 10 e 30C, a placa negativa limitadora da

    capacidade. J para as altas correntes de descarga das baterias automotivas, na

    mesma faixa de temperatura, a placa positiva a limitadora da capacidade, porque a

    placa negativa superdimensionada (MOURA, 1996).

    Os principais fatores construtivos que influem na capacidade de um elemento

    so: matria ativa e concentrao de eletrlito; espessura das placas; rea de

    contato das placas com o eletrlito; porosidade das placas, e os componentes das

    placas e da grade (MOURA,1996). Citando como exemplo a espessura das placas,

    em geral altas correntes exigem placas finas como so as das baterias

    automotivas. Como o tempo disponvel para que ocorra a reao mais curto nas

    correntes elevadas, convm que os ons obtenham uma penetrao maior nas

    placas e de forma mais acelerada, antecipando o contato com a matria ativa. As

    placas grossas so mais apropriadas para descargas lentas, como, por exemplo, as

    baterias de no-breaks (estacionrias). Baterias com placas finas apresentam menor

    vida til que as baterias com placas grossas.

    As baterias chumbo cida tambm se distinguem pela forma de seu eletrlito:

    H as baterias inundadas e as baterias seladas.

    Baterias inundadas so as clssicas baterias que dispem de abertura para

    a verificao do nvel e concentrao do eletrlito, assim como para a reposio de

    gua destilada ou deionizada.

    Baterias Seladas so similares s inundadas, mas possuem eletrlito

    suficiente em reserva para operarem dentro dos seus ciclos normais de vida,

    dispensando reposio de gua e manuteno. Elas no dispem de aberturas para

    verificao de estado, nvel de eletrlito e reposio de gua, o que pode limitar sua

    vida til. Por este motivo no devem sofrer sobrecarga, descargas profundas, e altas

  • 18

    temperaturas. primordial serem carregadas adequadamente para o aumento de

    performance e durabilidade (SAAD, 2012).

    H variaes construtivas de baterias chumbo cidas (VRLA e Gel, por

    exemplo), igualmente seladas, requerendo, portanto, os mesmos cuidados.

    H algumas desvantagens apresentadas pelas baterias de chumbo e cido,

    tais como a dificuldade de se determinar com preciso o SOC (State of Carge ou

    estado de carga, que a quantidade de carga presente na bateria em relao

    carga mxima), principalmente quando a bateria est em operao (com carga ou

    descarga em andamento) e a baixa densidade de energia que ela armazena, em

    relao aos outros tipos de baterias. A durabilidade de uma bateria de chumbo e

    cido depende do regime de carga e descarga e da temperatura de operao

    (COELHO, 2001).

    O valor tpico de tenso nos terminais de uma bateria de chumbo e cido

    aproximadamente 2,14 V por clula, se completamente carregada (BASTOS, 2013).

    O valor dessa tenso na verdade depende do seu estado de carga, se est sendo

    carregada, descarregada ou em circuito aberto. Em geral, a tenso de uma clula

    varia entre 1,75 e 2,5 volts, sendo a mdia cerca de 2 volts; a qual se costuma

    chamar de tenso nominal da clula (MOURA, 1996). Se a bateria de chumbo cida

    no for utilizada por algum tempo, sua capacidade reduzida devido auto

    descarga. Assim, uma tenso de flutuao deve ser imposta nos terminais da bateria

    quando ela no estiver em operao, em torno de 2,2 V por clula (COELHO, 2001).

    A capacidade de armazenagem de energia de uma bateria depende da

    velocidade de descarga. A capacidade nominal que a caracteriza corresponde a um

    tempo de descarga de 20 horas (C20) (NBR15914, 2013). Quanto maior for o tempo

    de descarga, maior ser a quantidade de energia que a bateria fornece. Um tempo

    de descarga tpico em sistemas elicos e fotovoltaicos 100 h. Por exemplo: uma

    bateria que possua uma capacidade de 80 Ah, em 10 h (capacidade nominal), ter

    100 Ah de capacidade em 100 h (MOURA, 1996).

    2.3 Mtodos de carga de baterias chumbo cidas

    O tempo de carga e o rendimento so dois fatores muito importantes para a

    carga de uma bateria. A carga rpida requer corrente maior e isso diminui o

    rendimento. Ambos (tempo de carga e rendimento) devem ser tratados de forma a

    se obter um equilbrio. Os fatores que limitam o processo de carga so: a tenso

  • 19

    terminal e a temperatura, j que tenses e temperaturas elevadas danificam e

    reduzem a vida til da bateria (COELHO, 2001).

    A capacidade armazenada por uma bateria, durante o processo de carga, so

    os ampres-hora adquiridos durante o processo. Esses ampres-hora armazenados

    so extrados da bateria durante a descarga. Segundo a lei dos ampres-hora de

    Woodbridge, 1935, quando a bateria se encontra em estado de carga baixo, a

    aceitao de carga elevada e vai diminuindo medida que a bateria vai carregando.

    A aceitao de carga depende no s das condies de carga, mas tambm da

    construo da bateria, do tempo de uso e da temperatura (BASTOS,_2013).

    Os mtodos de carga de bateria vistos na literatura so cinco: corrente

    constante; tenso constante; potncia constante; corrente pulsada e mtodos

    mistos, nos quais existem estgios de alternncias entre os outros mtodos

    (COELHO, 2001; BOSCH, 2007; SAAD, 2012).

    Tabela 1 Caractersticas dos mtodos de carga.

    Fonte: COELHO, 2001.

    Na Tabela 1 so apresentadas as caractersticas dos mtodos de carga. O

    mtodo de corrente constante o que apresenta um dos melhores resultados, porque

  • 20

    a corrente controlada, evitando aquecimento. Porm, a bateria pode ser danificada

    por ficar exposta a tenses elevadas (valores mais altos do que os limites mximos

    permitidos pelo fabricante da bateria), ento a tenso deve ser gerenciada durante

    todo o processo.

    No mtodo de tenso constante a corrente tende a alcanar valores elevados

    em determinados momentos, por isso deve ser utilizado para pequenos intervalos de

    tempo. A temperatura deve ser observada para evitar aquecimento excessivo.

    De acordo com a Tabela 1, v-se que o mtodo de potncia constante deve

    ser utilizado tambm com superviso da temperatura da soluo e somente para

    curtos intervalos de tempo. Mas difere do mtodo de tenso constante, porque a

    potncia injetada diminu medida que a bateria vai adquirindo carga. Neste mtodo

    a reduo de potncia no ocorre, fazendo com que as perdas hmicas sejam

    superiores em relao ao mtodo de tenso constante, devido injeo de uma

    potncia mais elevada durante todo o processo.

    Dos mtodos mistos utilizados, destaca-se o mtodo com dois nveis,

    mostrado na Figura 2. Este mtodo se baseia na unio das caractersticas dos

    mtodos de corrente constante e do mtodo de tenso constante, alternados de forma

    a utilizar as melhores caractersticas de cada um (COELHO, 2001; BASTOS, 2013).

    Figura 2: Mtodo de dois nveis de tenso . Fonte: COELHO, 2001.

    Supondo a bateria descarregada, aplica-se no primeiro estgio uma corrente

    mnima, controlada (Imin), evitando-se, com isso, picos de corrente e formao

    excessiva de gases. Esta etapa mantida at que a bateria atinja uma tenso

    mnima de trabalho (Vmin).

  • 21

    Ao ser alcanado Vmin, inicia-se o processo de carga da segunda etapa,

    injetando a corrente de carga desejada Imax. Com a injeo de uma corrente de carga

    elevada, a tenso tende a subir a uma taxa proporcional corrente. No momento em

    que ela atinge o valor mximo permitido pelo fabricante da bateria (Vst), a terceira

    etapa iniciada, fixando-se este valor de sobretenso na bateria.

    A terceira etapa tem a funo de reduzir o tempo de carga por meio da

    regulao de uma sobretenso Vst. Como a tenso fixa, a corrente de carga inicia

    um processo de queda, medida que a bateria se aproxima da carga completa.

    Ao ser atingida a carga completa, inicia-se a quarta etapa, que tem a funo

    de compensar a autodescarga da bateria, aplicando-se uma tenso de flutuao Vf,

    uma vez que a bateria est carregada e no est em operao. Aps o uso da

    bateria, caso o processo de carga se inicie com uma carga diferente de zero, o

    processo necessitar ser reiniciado a partir da segunda etapa.

    A Figura 3 mostra a representao do mtodo com dois nveis de tenso em

    funo do tempo (t).

    Figura 3: Mtodo de dois nveis de tenso, em funo do tempo. Fonte: COELHO, 2001.

    2.4 Conceitos e termos relacionados s baterias

    A 1. Lei de Faraday estabelece que durante uma eletrlise, a massa de uma

    substncia libertada em qualquer um dos eletrodos, bem como a massa da substncia

    decomposta, diretamente proporcional quantidade de eletricidade que passa pela

    soluo. Decorrente dessa Lei, surge o conceito de capacidade (MOURA, 1996).

    A capacidade de uma bateria expressa na unidade de ampre-hora ou, de

    forma menos usual, na unidade watt-hora.

    A capacidade em ampre-hora mede a quantidade de eletricidade que a

    bateria plenamente carregada pode fornecer numa descarga a uma determinada

  • 22

    corrente at uma tenso final estabelecida, denominada tenso de corte. A

    capacidade em watt-hora, por outro lado, a energia que a bateria pode fornecer

    durante a mesma descarga. A capacidade em watt-hora pode ser obtida

    multiplicando-se a capacidade em ampre-hora pelo valor mdio da tenso durante

    o perodo de descarga. Portanto, na medida da capacidade necessrio especificar o

    regime de descarga, a tenso final de corte e a temperatura da descarga (MOURA, 1996).

    No teste de capacidade mais usual, se toma um valor constante para a

    corrente de descarga, de modo que a capacidade dada pela expresso CB = I . t,

    onde I a corrente de descarga, t o tempo decorrido desde o incio da descarga

    at a tenso final de corte.

    Define-se regime de descarga tanto pelo tempo total da descarga, quanto

    pela corrente. Por exemplo: numa descarga completa de 20 horas de durao, com

    corrente de 1,8 A, o regime de descarga pode ser especificado como regime de 20

    horas ou regime de 1,8 A.

    J a tenso de corte a tenso mnima admissvel de operao da bateria em

    descarga e varia conforme o regime. Ao descarregar alm desse limite se observa a

    queda brusca da tenso. Esta prtica conduz a prejuzos estruturais na bateria, sem

    nenhum ganho significativo em capacidade.

    Outros termos relacionados capacidade so:

    1- Capacidade Nominal: trata-se da capacidade assegurada pelo fabricante

    para uma bateria nova e em condies de operao especificadas. Um

    acumulador com capacidade de 36 Ah, para 20 h de descarga, se

    representa como C20. A corrente que capaz de fornecer durante 20 horas

    de 1,8 A e se representa por I(C20)=1,8A.

    2- Profundidade de descarga: so os ampres-hora extrados de uma

    bateria plenamente carregada, expressos como uma porcentagem da

    capacidade.

    3- Estado de carga (EC): ampres-hora disponveis em uma bateria

    expressos como uma porcentagem da capacidade.

    4- Ciclo de vida: nmero total de ciclos que uma bateria pode suportar sob

    certas condies.

    5- Vida: perodo durante o qual uma bateria capaz de operar, mantendo a

    capacidade e o nvel de rendimento.

  • 23

    3. O GERADOR ELICO

    O gerador elico utilizado neste Trabalho um aerogerador de pequeno

    porte, que pode ser instalado em barcos, topo de edifcios, residncias e outros

    locais que tenham uma demanda adequada a sua capacidade de gerao de

    energia eltrica e haja ocorrncia de ventos constantes. fabricado nos Estados

    Unidos e incorpora tecnologia de ltima gerao.

    Os folders de propaganda deste aerogerador informam que ele silencioso,

    eficiente e necessita de pouco vento para gerar energia (SOUTHWEST, 2011).

    A Figura 4 mostra o gerador elico.

    Figura 4: Gerador elico Air Breeze Fonte: Rockel, 2013

    3.1 Instalao e funcionamento

    O fabricante do gerador elico recomenda que a altura mnima da torre deve

    ser de 25 ps (7,6 m) em campo aberto ou 20 ps (6 m) acima de construes

    prximas, porque a turbulncia dos ventos reduz a eficincia e provoca desgastes

    nas partes rotativas do gerador. H diversas configuraes de instalao possveis,

    associadas com painis solares ou vrios geradores elicos agrupados, mas essas

    configuraes no sero abordadas neste Trabalho, porque no se relacionam com

  • 24

    o projeto. Considerar-se- apenas um gerador, cujo diagrama de instalao est

    mostrado na Figura 5.

    Figura 5: Diagrama de instalao do gerador elico AIR BREEZE. Fonte: Manual do proprietrio Air Breeze (SOUTHWEST, 2011, p. 13).

    O fabricante do gerador elico recomenda ligar o gerador diretamente ao seu

    banco de baterias. necessria a instalao de um interruptor de passagem, para

    fornecer um modo conveniente de deslig-lo. Quando o interruptor desliga o gerador

    do banco de baterias, ele coloca em curto os terminais do gerador, para evitar que o

    rotor dispare por ao do vento quando esse estiver muito intenso.

  • 25

    As turbinas elicas funcionam atravs da captura de energia cintica do ar em

    movimento (o vento), convertendo-a em movimento de rotao de seu eixo, que est

    acoplado a um alternador, que produz energia eltrica.

    As ps giram em resposta ao vento. Dependendo da fora do vento,

    continuaro girando at elevar a tenso eltrica produzida a um nvel acima da

    tenso do banco de baterias, iniciando o carregamento.

    O gerador elico possui um alternador trifsico e seu controle comandado

    por um microcontrolador interno. O microcontrolador monitora a velocidade do rotor,

    o nvel de carga e a tenso do banco de baterias e, em funo dessas variveis,

    atua nos circuitos internos do gerador conforme informa o fabricante do gerador

    (SOUTHWEST, 2011).

    A seguir so descritos os recursos que o gerador tem, conforme consta no

    manual do proprietrio.

    3.2 Caractersticas e especificaes tcnicas

    O Air Breeze um aerogerador leve, com apenas 6 kg, e seu rotor tem

    dimetro de 1,17 m. Ele necessita de uma velocidade mnima do vento de 2,7 m/s

    (9,7 km/h) para comear a girar. Em testes realizados em bancada, que sero

    mostrados no captulo seguinte, constatou-se que o incio do giro do rotor do gerador

    no significa, necessariamente, que ele j tenha potncia suficiente para carregar

    uma bateria.

    Para definir a potncia nominal do gerador, que de 160 watts, o fabricante

    tomou como referncia ventos com velocidade de 28 mph, que corresponde a

    aproximadamente 12,5 m/s (45 km/h).

    Outras especificaes tcnicas podem ser vistas no Anexo A, que se encontra

    no final desta publicao.

    O gerador roda livremente se estiver desligado, sem uma carga eltrica

    conectada nele. Se o vento estiver muito intenso, ele pode atingir rapidamente o

    limite mximo de velocidade e travado pelo sistema interno de segurana. A

    repetio sucessiva deste processo pode danificar o gerador. Por isso, na ausncia

    de carga eltrica, deve-se deixar os seus terminais curto-circuitados.

    Ele possui os seguintes recursos de proteo automtica:

  • 26

    1- Regulao;

    2- Desacelerao;

    3- Travagem.

    3.2.1 Regulao

    O ponto de regulao (set point) vem definido de fbrica para 14,1 volts, mas

    pode ser ajustado entre 13,6 e 17 volts. No se trata de regulagem da sada do

    gerador, como, em princpio, se pode pensar. D-se o nome de ponto de regulao,

    ou set point, ao valor de tenso atingida pelo banco de baterias, durante a carga, em

    que se considera que ele esteja totalmente carregado.

    Quando a tenso do banco de baterias atinge o set point, o gerador entra no

    modo regulao. Neste momento ele deixa de produzir energia e a rotao das ps

    diminui drasticamente. O gerador permanece em regulao at a tenso do banco

    de baterias atingir um valor ligeiramente abaixo do set point. Quando esse nvel

    atingido, chamado de nvel de transio", as ps do gerador elico retornam

    rotao normal, em resposta ao vento.

    O modo de regulao indicado por um LED, existente na parte debaixo do

    corpo do gerador elico, o qual pisca cerca de duas vezes por segundo.

    3.2.2 Desacelerao

    O modo desacelerao ocorre com uma reduo abrupta da rotao do

    gerador para cerca de 500 - 700 rpm. O gerador entra nesse modo quando a

    velocidade do vento atinge 15,6 m/s (56,16 km/h) e permanece neste modo at a

    velocidade do vento diminuir para 14 m/s (50,4 km/h). Se for detectado uma

    velocidade de vento de 22 m/s (79,2 km/h), a turbina ficar totalmente desligada por

    5 minutos.

    O LED indica o modo de desacelerao piscando aproximadamente 10 vezes

    por segundo.

    3.2.3 Travagem

    O modo de travagem ocorre quando os terminais de sada do gerador elico

    so postos em curto-circuito. Esse procedimento pode ser feito manualmente,

    acionando o interruptor do gerador, ou automaticamente, com comando interno do

    gerador, quando h ventos muito fortes.

  • 27

    4. TESTE EM BANCADA

    O gerador elico escolhido como objeto de pesquisa para a realizao deste

    Trabalho fica instalado sobre o teto de um hangar no aeroporto Teruel, conforme se

    v na foto apresentada na Figura 6.

    Figura 6: Gerador elico instalado sobre o teto do hangar. Fonte: ROCKEL, 2013.

    Para verificar in loco as suas caractersticas e especificaes tcnicas, ele foi

    retirado desse local e instalado em uma bancada, sem as ps da hlice, de forma

    que o seu giro pde ser feito com uma furadeira eltrica, de rotao varivel,

    mostrada na Figura 7. Assim, a realizao dos testes no ficaram restritas

    ocorrncia de ventos.

    Figura 7: Bancada de testes do gerador elico. Fonte: ROCKEL, 2013.

  • 28

    4.1. Potncia mxima

    Para verificar a potncia mxima do gerador, utilizou-se uma bateria

    automotiva de 12 volts 60 Ah conectada diretamente ao gerador, conforme o

    diagrama mostrado na Figura 8.

    Figura 8: Diagrama de ligao de ampermetro e voltmetro. Fonte: ROCKEL, 2013.

    Para a obteno da potncia mxima do gerador elico, aplicada bateria,

    durante o giro do gerador em bancada, utilizou-se dois multmetros selecionados

    para medir corrente e tenso respectivamente. Para facilitar o registro desses dados,

    manteve-se acionada a tecla HOLD MAX em cada um dos instrumentos, para

    congelar a imagem do visor no valor mximo indicado.

    4.1.1. Descrio do teste

    Com a furadeira eltrica acoplada ao gerador elico, aumentou-se

    gradualmente a rotao at atingir o limite mximo permitido pelo sistema de

    proteo automtica do gerador, o qual ento travou o gerador como se o vento

    tivesse atingido a velocidade de 15,6 m/s (56,16 km/h). Nesse instante, os valores

    indicados nos instrumentos eram:

    1- Imx = 13,25 A;

    2- Vmx = 14,66 V.

    A bateria no estava carregada, apresentando tenso de 11,93 V, antes do

    incio do giro.

    A Figura 9 mostra a indicao de corrente e tenso registradas pelos

    multmetros no final do teste.

  • 29

    Figura 9: Corrente e tenso mxima indicada. Fonte: ROCKEL, 2013.

    Com os dados obtidos de corrente e tenso, a potncia aplicada pelo gerador

    bateria, no instante final, foi de:

    4.1.2. Anlise dos dados

    A potncia nominal do gerador elico 160 W. No teste realizado obteve-se

    194,25 W. Esta aparente discrepncia certamente se justifica pela rotao aplicada

    ao gerador. O fabricante do gerador estipulou como parmetro de definio da

    potncia nominal ventos com velocidade de 12,5 m/s (45_Km/h). No teste, elevou-se

    a rotao do gerador at o sistema de segurana interno dele travar, indicando que

    a rotao aplicada correspondia a ventos com velocidade de aproximadamente 15,6

    m/s (56,16 km/h). Portanto, o gerador foi submetido a um esforo extremo mxima

    rotao permitida e, nesse instante, atingiu 194,25 W de potncia.

    Sabe-se que, dependendo das condies de carga, a bateria oferece uma

    certa resistncia corrente de carga, limitando-a. Se a bateria estiver descarregada,

    sua resistncia (para o gerador) ser baixa e a corrente de carga alta. Assim que

    comea a carregar, sua resistncia interna (para o gerador) aumenta e a corrente de

    carga diminui.

    A bateria que foi submetida ao teste no estava totalmente descarregada

    (com 11,93 V antes do giro). A tenso de corte, em circuito aberto, de uma bateria

    automotiva, em torno de 10,5_V (MOURA, 1996). A 50% de carga ela possui 2,03 V

    por clula e 1,95 V quando totalmente descarregada (COELHO, 2001). Mesmo assim,

    durante o giro, a corrente subiu rapidamente, com pouco aumento de tenso. Pode-

    Eq. 1

  • 30

    se inferir, diante dessas consideraes, que o crescimento da intensidade de

    corrente de carga seria ainda maior com a bateria totalmente descarregada.

    Um segundo teste foi realizado, com a bateria totalmente carregada, para

    observar se, nesta condio, o aumento de tenso seria mais significativo do que o

    aumento de corrente e obteve-se os seguintes dados no final do giro:

    1- Tenso da bateria antes do giro: 12,73 volts.

    2- Imx = 7,63 A

    3- Vmx = 16,37 V

    Figura 10: Corrente e tenso obtidas com a bateria carregada. Fonte: ROCKEL, 2013.

    Observou-se que a tenso aumentou mais rapidamente do que a corrente

    durante o giro. Mas, o teste foi encerrado antes do sistema de segurana do gerador

    travar, no atingindo a potncia mxima. Foi o suficiente para permitir o clculo da

    resistncia interna da bateria (para o gerador) no instante final de cada giro (Eq. 2).

    Pela Lei de Ohm,

    A resistncia interna da bateria, considerando o instante final do primeiro e

    segundo teste, respectivamente, :

    A potncia aplicada pelo gerador sobre a bateria sempre a mxima

    disponvel, em funo do vento, enquanto os valores de tenso e corrente de carga

    dependero do estado de carga da bateria (EC).

    Eq. 2

  • 31

    5. CLCULO DE POTNCIA DO VENTO

    A equao da continuidade de Bernoulli define que a vazo de fludo

    constante para diferentes localizaes ao longo do tubo de vazo, considerando-se

    que no h fluxo de massa atravs dos limites do tubo de vazo e assumindo-se

    que a massa especfica do ar constante, o que vlido para velocidades do vento

    menores que 100 m/s (fludo incompressvel) (CUSTDIO, 2009).

    Ao converter a energia cintica do vento, a turbina elica provoca a reduo

    da velocidade do vento na sada do rotor, o que resulta no aumento do dimetro do

    tubo de vazes, como se v na Figura 11.

    Figura 11: Fluxo de vento atravs de uma turbina elica. Fonte: Electrnica, (http://www.electronica-pt.com/index.php/content/view/17/29/).

    A potncia do vento extrada pela turbina elica a diferena de potncia

    entre o fluxo de ar na entrada e na sada do rotor elico, como demonstra a equao 3:

    Onde:

    Pt = potncia extrada do vento pela turbina elica (W),

    Pe = potncia disponvel no vento na entrada do rotor elico (W);

    Ps = potncia disponvel no vento na sada do rotor elico (W).

    Se o vento perde muita velocidade atrs do rotor, o ar ir fluir em volta da

    rea do rotor, em vez de atravess-lo. Por isso, a mxima potncia que pode ser

    extrada do vento por uma turbina elica apresenta uma limitao que referente a

    uma velocidade do vento na sada do rotor elico, que no pode ser inferior a 1/3 da

    Eq. 3

  • 32

    velocidade do vento incidente (v). Neste caso, o rotor absorve a energia equivalente

    a 2/3 da energia disponvel no vento livre, antes da turbina (CUSTDIO, 2009).

    A potncia do vento na entrada da turbina dada pela equao 4:

    Onde:

    Pe = potncia disponvel no vento na entrada do rotor elico (W);

    m = fluxo de massa de ar (kg/s);

    v = velocidade do vento livre (m/s).

    Sendo que:

    m = A ve

    Onde:

    m = fluxo de massa de ar (kg/s);

    = massa especfica do ar (kg/m);

    A = rea da seo transversal (m);

    ve = velocidade do vento na entrada da turbina (m/s).

    Ento, a potncia do vento na entrada da turbina elica dada por:

    De forma similar, pode-se determinar a expresso da potncia do vento na

    sada da turbina, considerando-se que vs = v/3, ou seja:

    Substituindo-se as equaes 7, 6 e 3, obtm-se a mxima potncia do vento

    que pode ser extrada por uma turbina elica:

    ou:

    Onde:

    Ptmx = mxima potncia possvel de ser extrada do vento por uma turbina (W);

    = massa especfica do ar (kg/m);

    A = rea da seo transversal varrida pelo rotor da turbina (m);

    Eq. 4

    Eq. 5

    Eq. 6

    Eq. 7

    Eq. 8

    Eq. 9

  • 33

    v = velocidade do vento livre antes da turbina (m/s);

    P = potncia disponvel do vento (W).

    Desconsiderando perdas na turbina elica, ela poder extrair no mximo

    16/27 da potncia disponvel do vento, o que representa 59,3% dessa potncia

    (CUSTDIO, 2009). Este valor chamado de Mximo de Betz, ou Coeficiente de

    Betz. No grfico abaixo (Figura 12), v-se as curvas de potncia do vento e da

    mxima possvel de extrao pelo gerador elico.

    Figura 12: Grfico da potncia do vento e da mxima potncia possvel de ser extrada por uma turbina elica Mximo de Betz.

    Fonte: Energia Elica (CUSTDIO, 2009, p. 72).

    Uma turbina real somente far a extrao de parte da potncia mxima do

    vento, porque h perdas na converso da energia elica.

    O coeficiente Cp indica a relao entre a potncia realmente extrada do vento

    por uma turbina elica e a potncia disponvel no vento, como se v na equao 10:

    Onde:

    Cp = coeficiente de potncia de uma turbina elica (adimensional);

    Pt = potncia produzida pela turbina elica (W);

    = massa especfica do ar (kg/m);

    Eq. 10

  • 34

    A = rea varrida pelo rotor da turbina (m);

    v = velocidade do vento (m/s).

    O coeficiente Cp de uma turbina elica varia de acordo com a velocidade do

    vento. V-se um exemplo, de um determinado gerador elico, na Figura 13. Esta

    variao deve-se ao fato das ps do rotor da turbina alterarem suas eficincias

    aerodinmicas em funo da variao da velocidade do vento incidente. O ponto de

    mximo da curva Cp v representa a mxima eficincia da turbina e obtida em uma

    determinada velocidade do vento.

    A posterior converso em energia eltrica ainda inclui outra reduo de

    potncia devida aos rendimentos dos demais equipamentos, tais como gerador,

    transmisso, etc. (CUSTDIO, 2009).

    Figura 13: Exemplo de curva do coeficiente de potncia Cp de um gerador elico. Fonte: Energia Elica (CUSTDIO, 2009, p. 68).

    Portanto, a viabilidade de um projeto de converso de energia elica em

    energia eltrica, alm da frequncia de ocorrncia de ventos durante o ano, depende

    tambm de um conjunto de fatores que resultaro (ou no) na potncia pretendida

    ou necessria, para o fim que se destina o projeto. A velocidade dos ventos um

    desses fatores fundamentais.

  • 35

    6. DEMONSTRAO DA NECESSIDADE DO SISTEMA DE CONTROLE

    No caso especfico do sistema de controle desenvolvido neste Trabalho, no

    se visa o carregamento de um banco de baterias, mas de uma bateria automotiva

    unicamente, ligada ao gerador elico.

    O gerador aplica sobre os terminais da bateria toda a potncia disponvel, em

    funo da velocidade do vento (Eq. 9). Um banco de baterias, de no mnimo 400 Ah,

    no precisa de sistema de controle, porque a potncia mxima que o gerador aplica

    nos momentos de vento forte no excede a capacidade de absoro de carga das

    baterias. No entanto, se uma bateria automotiva de, por exemplo, 60 Ah for

    conectada aos terminais do gerador, ela poder ser submetida a um nvel de

    carregamento muito elevado, superior ao que ela suporta, e ser danificada.

    So os fabricantes de baterias que estipulam os nveis mximos

    recomendados de corrente e tenso de carga para as baterias chumbo cidas. A

    tenso no deve exceder 14,5 volts (para baterias de 12 volts em regime de tenso

    constante) e a corrente no deve exceder 10% da capacidade da bateria, quando

    em regime de corrente constante (MOURA, 1996; Bosch, 2007; SAAD, 2012; BASTOS,

    2013). No significa, necessariamente, que tenses e correntes de carga com

    valores acima dessa limitao danificaro a bateria. O risco, neste caso, est

    vinculado ao aumento de temperatura no interior dela.

    Em procedimentos de carga rpida, a intensidade de corrente de carga

    ultrapassa os 10% da capacidade nominal da bateria. Em uma publicao tcnica da

    Johnson Controls Treinamento Tcnico em Baterias Automotivas , diz o seguinte:

    Normalmente, no recomendada carga rpida para baterias chumbo-

    cido, devendo ser utilizada somente em situaes de emergncia.

    Neste caso, recomendamos a recarga com corrente constante de 30%

    da capacidade nominal, limitando a tenso ao mximo de 16 V e a

    temperatura da soluo a 50-C.

    (JOHNSON CONTROLS, 2009, p. 25.)

    Pode-se concluir, ento, que so aceitveis regimes de carga com correntes

    que atinjam at 30% da capacidade nominal da bateria e tenses at 16 volts,

    porm requerem um monitoramento da temperatura do eletrlito, devido

    possibilidade de superaquecimento.

  • 36

    Diante dessas constataes, resta saber o quanto de carga o gerador Air

    Breeze aplica bateria automotiva conectada a ele, em diversos nveis de

    intensidade de ventos que ocorrem durante as estaes do ano.

    5.1 Clculos tericos

    Nos experimentos realizados para verificar a potncia mxima do gerador

    (Cap. 3.3.1), obteve-se os seguintes dados:

    1- Resistncia interna da bateria, com ela semi descarregada, Ri1 = 1,106 ;

    2- Resistncia interna da bateria, com ela carregada, Ri2 = 2,145

    Esses valores de resistncia interna da bateria se referem unicamente aos

    respectivos instantes que foram obtidos. Mas, apenas como um exerccio terico,

    eles sero utilizados para calcular tenso e corrente de carga em condies

    diferentes de velocidade do vento e de potncia produzida pelo gerador.

    Supondo a potncia nominal do gerador (160 W) sendo aplicada bateria

    com essas resistncias internas, resulta em correntes de carga de:

    =>

    =>

    E tenses (Eq. 2):

    Com esses dados, verifica-se que os valores obtidos de corrente de carga

    (entre 8,64 e 12,03 A) so muito elevados, se aplicados durante um longo perodo de

    tempo a uma bateria de chumbo e cido de 60 Ah. Da mesma forma, a tenso de

    18,53 V seria excessiva para essa bateria.

    Porm, a potncia nominal pode no retratar a realidade cotidiana da cidade

    de Campo Grande local do experimento com o gerador elico Air Breeze , porque

    a potncia nominal do gerador (160 W), especificada pelo manual do gerador,

    considerando a velocidade de vento de 12,5 m/s (45 km/h).

    Diante disso, um estudo a respeito das velocidades de ventos em Campo

    Grande se faz necessrio.

    Eq. 11

  • 37

    5.2 Velocidade dos ventos na cidade de Campo Grande

    Na Tabela 2, v-se uma tomada de dados de velocidade mdia e mxima de

    ventos, realizada na Estao Meteorolgica da Universidade Anhanguera-Uniderp,

    entre os meses de janeiro e setembro de 2013.

    Tabela 2 Velocidades mdias e mximas de ventos em Campo Grande, MS.

    Ms Velocidade (m/s)

    mdia mxima

    Janeiro 1,7 25,5

    Fevereiro 1,3 16,1

    Maro 1,5 16,5

    Abril 1 12,5

    Maio 1,2 19,2

    Junho 0,7 20,6

    Julho 1,9 15,6

    Agosto 2,3 15,2

    Setembro 2,2 18,3

    Fonte: Estao Meteorolgica da Universidade Anhanguera-Uniderp, 2013.

    Os dados de temperatura, presso, velocidade do vento, radiao solar,

    umidade do ar, ponto de orvalho e outros so computados, na Estao

    Meteorolgica da Universidade Anhanguera-Uniderp, a cada 5 minutos todos os

    dias, de forma ininterrupta (informao verbal) 1. Para compor a Tabela 2, extraiu-se do

    sistema apenas os dados referentes velocidade dos ventos. Esses dados so

    apresentados prontos, calculados em software do prprio sistema computacional da

    Estao Meteorolgica.

    No ms de junho aparece o registro do menor valor de velocidade mdia

    (0,7_m/s) e o segundo valor mais alto de velocidade mxima (o valor mais alto o de

    janeiro, 25,5 m/s). Nota-se que em ambos os casos (Vmx e Vmin) o gerador elico Air

    Breeze no estaria carregando a bateria automotiva, porque a velocidade mnima

    para o rotor dele comear a girar 2,7 m/s e a mxima que ele pode atingir, sem

    travar, 15,6_m/s.

    Os dados mdios e mximos de velocidade do vento de um ms inteiro no

    nos permitem tirar concluses a respeito do tempo de funcionamento do gerador

    durante esse perodo. Mas, analisando-se somente as velocidades mximas,

    (1) Informao prestada pelo meteorologista Natlio Abraho Filho, da Estao Meteorolgica da ..Universidade Anhaguera-Uniderp.

  • 38

    constata-se que o gerador no atingiria a velocidade de travamento somente nos

    meses de abril e agosto, conforme os nmeros apresentados na coluna de

    velocidade mxima, na Tabela 2. Em todos os outros meses ele seria submetido a

    velocidades acima da mxima que ele funciona sem travar.

    Para se ter uma noo melhor do funcionamento do gerador elico durante

    um determinado perodo, montou-se uma planilha no M. Excel, com os valores

    mdios e mximos de velocidade dos ventos, de um determinado perodo de um dia

    do ms de agosto. Esta planilha pode ser vista no Anexo G.

    Na Figura 14 mostrado um grfico com dados restritos a hora em que se

    registrou a velocidade mxima daquele ms (15,2 m/s) e na Figura 15 se v um

    grfico das velocidades mdias registradas entre 6 horas da manh at ao meio-dia,

    ambos referentes ao dia 14 de agosto de 2013.

    Figura 14: Velocidade mxima em intervalos de 5 minutos. Perodo das 8 s 9 horas da manh do dia 14 de agosto de 2013, quando ocorreu a maior velocidade de vento naquele ms

    ..................(15,2 m/s 54,72 km/h, s 8 h e 30 min).

    Fonte: Estao Meteorolgica da Universidade Anhanguera-Uniderp, 2013.

    A mdia das velocidades mximas tomadas a casa 5 min, entre 8 e 9 horas, :

    (43,16 km/h)

    J o grfico mostrado na Figura 15 diferente, porque cada ponto registra a

    velocidade mdia computada em cada intervalo (e no a velocidade mxima de

    cada intervalo, como no grfico da Figura 14).

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    08:00 08:05 08:10 08:15 08:20 08:25 08:30 08:35 08:40 08:45 08:50 08:55 09:00

    V (m/s)

    V (m/s)

    V(m/s)

    h:min

    Eq. 12

  • 39

    Figura 15: Velocidade mdia dos ventos, tomada a cada 15 minutos. Perodo das 6 s 12 horas da manh do dia 14 de agosto de 2013.

    Fonte: Estao Meteorolgica da Universidade Anhanguera-Uniderp, 2013.

    A mdia das velocidades tomadas das 6 s 12 horas, (Eq.12):

    (17,28 km/h)

    Sendo 2,7 m/s a velocidade de incio do giro e 15,6 m/s a velocidade de

    travamento do gerador; a condio de produo de energia eltrica pelo gerador

    dada por:

    2,7 < VVt < 15,6

    VVt = Velocidade do vento (m/s)

    Conclui-se que, apesar das velocidades mximas e mnimas dos ventos que

    ocorreram no dia 14 de agosto de 2013, na cidade de Campo Grande (considerando

    o dia inteiro, de 24 horas), terem registrado valores que ficam fora dos limites de

    funcionamento do gerador elico Air Breeze, para carregar uma bateria, houve

    perodos durante o dia, como entre 6 e 12 horas da manh, que a mdia das

    velocidades indica que ele poderia estar em operao, produzindo eletricidade.

    Os picos de velocidades mais altas, nos perodos estudados (janeiro a

    setembro de 2013), extrapolam o valor definido de velocidade do vento para a

    potncia nominal do gerador (que de 12,5 m/s), inclusive no ms de agosto cujo

    pico mximo de velocidade (15,2 m/s) ficou abaixo da velocidade de travamento

    (15,6 m/s), mas acima da velocidade que determina a potncia nominal.

    Considerando que a potncia nominal do gerador j pode ser excessiva para

    carregar uma bateria automotiva conforme ficou demonstrado no clculo terico da

    seo 5.1 h a necessidade de um sistema de controle de carga para o gerador

    Air Breeze, se ele for conectado a uma bateria automotiva.

    0

    2

    4

    6

    8 0

    6:0

    0

    06

    :15

    06

    :30

    06

    :45

    07

    :00

    07

    :15

    07

    :30

    07

    :45

    08

    :00

    08

    :15

    08

    :30

    08

    :45

    09

    :00

    09

    :15

    09

    :30

    09

    :45

    10

    :00

    10

    :15

    10

    :30

    10

    :45

    11

    :00

    11

    :15

    11

    :30

    11

    :45

    12

    :00

    V (m/s)

    V (m/s)

    V(m/s)

    h:min

    Eq. 13

  • 40

    7. PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE

    No manual do gerador elico h a seguinte advertncia:

    CUIDADO: No utilize uma modulao de largura de impulsos (PWM) ou um

    controlador do tipo shunt; o Air Breeze no est concebido para

    funcionar com estes tipos de controladores. A maioria dos controladores

    concebidos para funcionarem com painis solares no adequada para

    o Air Breeze. Esses controladores desligam os painis solares ou

    neste caso o Air Breeze do banco de baterias, quando as baterias

    estiverem carregadas, permitindo que o Air Breeze rode livremente.

    (SOUTHWEST, 2011, p. 25)

    Alm do aviso em destaque, o manual recomenda que o sistema de controle

    seja do tipo de derivao, que desvia para uma carga resistiva a sada do gerador

    quando este produzir uma energia em excesso.

    Sendo assim, o sistema de controle desenvolvido neste Trabalho do tipo de

    derivao, com a sequncia demonstrada no fluxograma da Figura 16. Se no

    houver vento, o gerador fica conectado bateria, porm sem produzir carga (gerador

    parado), e quando ocorrer vento, o sistema de controle monitorar os parmetros de

    corrente e tenso.

    Figura 16: Fluxograma do sistema de controle.

    Fonte: ROCKEL, 2013.

  • 41

    7.1. Definio dos valores de limitao do sistema

    Conforme foi exposto no captulo 5, no recomendvel submeter a bateria

    chumbo cida a um regime de carga com correntes acima de 10% de sua

    capacidade nominal por um perodo longo, bem como no ultrapassar o nvel da

    tenso de carga de 14,5 volts, para baterias de chumbo e cido de 12 volts

    nominais. Ainda naquele captulo, na sequncia deste tema, mostrou-se uma

    exceo ou flexibilizao desses limites, quando houvesse necessidade de cargas

    rpidas de bateria, no podendo, porm, nesses casos, a corrente ultrapassar 30%

    do valor da capacidade nominal da bateria e a tenso 16 V com monitoramento da

    temperatura interna da bateria (JOHNSON CONTROLS, 2009).

    Para o sistema de controle de carga, apresentado neste Trabalho,

    considerou-se os seguintes limites mximos:

    1- Tenso: 14,5 V;

    2- Corrente: 9 A.

    O valor mximo estabelecido para a tenso (14,5 V) o definido pelos

    fabricantes de baterias automotivas para regimes de cargas de tenso constante,

    sem risco de danificar a bateria (BOSH 2007; JOHNSON CONTROLS, 2009). O regime

    de carga do gerador elico no constante em tenso, corrente ou potncia, porque

    depende da velocidade dos ventos, que varia constantemente. Mas, ao estabelecer-

    se o nvel mximo de tenso para a carga da bateria igual ao previsto para um

    regime de carga de tenso constante, tm-se assegurado a ausncia de riscos de

    danificar a bateria devido ao excesso de tenso, haja vista a pouca margem de

    flexibilizao permitida, at 16 V em curtos perodos, pouco mais de 1% de 14,5_V.

    J o valor mximo atribudo corrente de carga (9 .A) arbitrrio.

    O principal fator que impe a necessidade de limitao de corrente no

    processo de carga da bateria o superaquecimento interno. As publicaes tcnicas

    estabelecem como temperatura mxima da soluo 50 C (BOSCH, 2007; JOHNSON

    CONTROLS 2009). Enquanto no houver aumento de temperatura, a corrente de

    carga da bateria pode ser aumentada em 30% da capacidade nominal, de acordo

    com a publicao da Johnson Controls que corresponde a 18 A para baterias de 60

    Ah ou at 25 A, tomando-se como referncia o Manual de Baterias Bosch

    (BOSCH,_2007,_p._13).

  • 42

    Desta forma, tem-se a premissa de que o limite mximo de corrente de carga

    estabelecido em 9 ampres est dentro de uma faixa que preserva a integridade da

    bateria automotiva de 60 Ah, a ser carregada pelo gerador elico. Parte-se do

    princpio de que os ventos so inconstantes como se v nos grficos das figuras

    14 e 15 e os nveis de corrente e tenso ficam oscilando para mais e para menos,

    eventualmente atingindo os picos mximos, quando atuar a proteo do sistema de

    controle, seja pela corrente ou tenso mxima.

    7.2. Diagramas em blocos

    Na figura 17, v-se o diagrama em blocos simplificado do projeto do sistema

    de controle.

    Figura 17: Diagrama em blocos simplificado.

    ...Fonte: ROCKEL, 2013.

    O sistema de controle monitora os nveis de corrente e de tenso de carga,

    atravs de sensores que enviam essas informaes ao microcontrolador e este

    aciona o sistema de controle, desviando a carga do gerador para uma resistncia

    de desvio, mantendo o gerador com carga (para no girar livre) e desconectando a

    bateria do gerador, preservando-a.

    Na Figura 18, apresenta-se o diagrama em blocos completo do sistema de

    controle. Este diagrama foi elaborado a partir de informaes fornecidas pelo manual

    do gerador e obtidas em testes realizados em bancada.

  • 43

    Figura 18: Diagrama em blocos.

    ...Fonte: ROCKEL, 2013.

    O controle conecta o gerador bateria ou resistncia de desvio,

    dependendo dos valores de tenso e corrente fornecidos ao microcontrolador pelos

    respectivos sensores. Quando o gerador est conectado bateria, acende o led

    verde e quando em desvio, acende o led vermelho.

    No display so mostrados os valores de corrente, tenso e tambm pode ser

    visto o tempo de carga, se pressionar o boto Timer.

    A bateria ou o gerador, se este estiver produzindo carga, alimenta a fonte de

    5 V para o microcontrolador e display.

    O gerador monitora o nvel de carga da bateria, para cessar a carga ao atingir

    o set point.

    A Figura 19 mostra como ligada a chave seletora do sistema.

    Figura 19: Diagrama geral do sistema. ...Fonte: ROCKEL, 2013. ..........

  • 44

    O interruptor de trs posies, mostrado no diagrama geral (Figura_19), liga o

    gerador diretamente ao banco de baterias; bateria automotiva atravs do sistema

    de controle, ou curto-circuita o gerador na posio desligado (posies 1, 2 e 3).

    7.3. Estudo e desenvolvimento dos diagramas eletrnicos

    Neste captulo so apresentados os circuitos eletrnicos de todas as etapas

    do projeto do Sistema de Monitoramento e Controle.

    7.3.1. Etapa de potncia

    A conexo do gerador bateria feita atravs do transistor IRF4905. Ele

    um MOSFET de potncia de canal P, com 52 A de corrente contnua mxima de

    dreno, 100 C de temperatura de operao (TC). A tenso limiar da porta (gate

    threshold voltage, Vth) est entre 2 V e 4 V. As caractersticas principais deste

    transistor POWER MOSFET relacionadas a este projeto esto mostradas no

    Anexo C, no final desta monografia.

    Figura 20: Conexo do gerador bateria. ...Fonte: Desenho prprio.

    Quando a tenso do gerador maior do que a tenso da bateria, ele fica em

    condies de carreg-la. Depender do comando do microcontrolador (C), atravs

    do transistor Q3, para que haja a conduo no sentido GERADOR BATERIA, pelo

    transistor Q1, como se v na Figura 20. O led verde acende quando o gerador est

    conectado bateria.

    O transistor Q3, 2N7002, que comanda a porta do MOSFET de potncia Q1,

    um transistor de efeito de campo (FET), de canal N. Optou-se por esse transistor e

    no por um transistor de juno bipolar devido baixa queda de tenso entre

  • 45

    dreno e fonte, o que resulta em um comando mais definido (sem a queda de tenso

    VCE que ocorre nos transistores bipolares).

    O diodo D1 um diodo schottky (MBR1060). Ele impede o fluxo de corrente

    no sentido BATERIA GERADOR, porque o transistor POWER MOSFET no tem

    capacidade para bloqueio de tenses inversas. O fato se deve ao diodo intrnseco

    antiparalelo existente em sua estrutura (AHMED, 2006). Optou-se por um diodo

    schottky por causa de sua baixa queda de tenso direta.

    A corrente mxima IF(AV) (Average Rectified Forward Current) do diodo 10 A

    e a tenso reversa mxima 60 V. Outras caractersticas podem ser vistas no seu

    datasheet Anexo D.

    7.3.1.1. Simulao do circuito de potncia

    Na Figura 21, v-se uma simulao feita no PROTEUS 7.7. O objetivo desta

    simulao verificar as condies do transistor IRF4905, quando submetido aos

    valores extremos de corrente (9 A) e tenso (14,5 V) do gerador, aplicados bateria,

    definidos na programao do microcontrolador.

    Figura 21: Simulao de carga da bateria atravs do transistor IRF4905 (POWER MOSFET canal P). ..Fonte: ROCKEL, 2013.

    S D

    G

  • 46

    O transistor Q3 (2N7002) que aparece no diagrama da Figura 20 foi

    substitudo pelo interruptor (SW) na simulao da Figura 21.

    Quando um MOSFET de potncia usado como chave e est na condio

    ligado, forado a operar na regio hmica. Isso garante que a queda de tenso no

    dispositivo seja baixa, de tal modo que a corrente de dreno fique determinada pela

    carga. Assim, a perda de potncia no dispositivo pequena (AHMED, 2006).

    Figura 22: Grficos da corrente ID, em funo da tenso VDS, em cada nvel de tenso VGS. ..Fonte: Datasheet do transistor POWER MOSFET P IRF4905, f. 3.

    No diagrama da simulao, mostrado na Figura 21, a tenso de queda no

    transistor Q1 (POWER MOSFET) 0,13 V e a corrente 9 A. Se plotar estes valores

    no grfico da Figura 22, em qualquer nvel de tenso VGS acima de 5 V, cair na

    regio hmica do transistor, demonstrado pelas retas diagonais, onde a corrente ID

    aumenta (em mdulo) de forma diretamente proporcional ao aumento da tenso VDS.

    A condio para operao do MOSFET na regio hmica dada por:

    VDS VGS + VTH e VDS < 0

    (Para MOSFET canal P)

    Substituindo pelos dados mostrados na simulao, considerando VTH = (_2)

    temos:

    VDS = ( 0,13) 0

    ( 0,13) ( 14,5) + ( 2) => ( 0,13V) > ( 16,5V)

    Eq. 14

  • 47

    A potncia dissipada pelo transistor Q1 (Eq. 1):

    7.3.2. Etapa de desvio

    Durante o processo de carga da bateria pelo gerador, quando a tenso ou a

    corrente excede o limite estipulado no programa do microcontrolador, este comanda

    o transistor Q1 para cortar o fornecimento de carga bateria (comando feito atravs

    do transistor Q3). Simultaneamente, o microcontrolador aciona o desvio de carga

    para o gerador elico no girar livre. O desvio de carga proporcionado por outro

    MOSFET de potncia, IRF2807, canal N, o qual conecta ao gerador uma resistncia

    de 2,2 150W. O led vermelho acende nesse instante.

    O transistor IRF2807 opera com 63 A de corrente mxima de dreno, 100 C

    (TC). A tenso limiar da porta (gate threshold voltage, Vth) est entre 2 V e 4 V. As

    caractersticas principais deste transistor POWER MOSFET relacionadas a este

    projeto esto mostradas no Anexo E, no final desta monografia.

    Na Figura 23, v-se o diagrama da etapa de desvio de carga do gerador.

    Figura 23: Desvio de carga do gerador elico. ..Fonte: ROCKEL, 2013

    Para o transistor MOSFET de potncia canal N entrar no modo de conduo,

    o dreno deve ser positivo em relao fonte (VD > VS) e uma tenso pequena

    positiva (VGS) aplicada na porta. No havendo tenso na porta, a chave (transistor)

    fica desligada; ou seja: a tenso da porta que controla as condies ligado e

    desligado (AHMED, 2006).

  • 48

    Portanto, quando o transistor Q4 estiver conduzindo, no h tenso entre a

    porta e a fonte (VGS) de Q2 e ele permanece em corte, dando condio ao gerador

    de carregar a bateria. Quando o microcontrolador altera o estado de Q4, deixando-o

    em corte (aberto), o resistor R3 aplica uma tenso positiva na porta de Q2 e ele

    passa a conduzir, conectando ao Terra (GND) a resistncia de desvio R2, a qual

    passa a ser a carga do gerador, que foi desconectado da bateria nesse instante.

    7.3.3. Monitoramento do nvel de carga da bateria para o gerador

    O fabricante do gerador elico informa que ele necessita de uma tenso

    mnima da bateria de aproximadamente 10,5 V. Se no houver essa informao ao

    gerador (da tenso da bateria), ele funcionar como se estivesse em circuito aberto

    (SOUTHWEST, 2011). Diante disso, necessrio inserir no projeto um modo do

    gerador monitorar a tenso da bateria.

    Figura 24: Monitoramento da tenso da bateria pelo gerador. ...Fonte: ROCKEL, 2013.

    Na Figura 24 v-se o transistor de juno bipolar NPN (BC337) posicionado

    no sentido de conduo BATERIA GERADOR. Ele um transistor de sinal, com

    corrente mxima de coletor (IC), 800 mA e 45 V de tenso mxima VCE, conforme

    informaes de seu datasheet (MOTOROLA, 1996).

    O resistor R4, de 1k, polariza a base do transistor. Como a impedncia nos

    terminais do gerador muito alta (constatada durante testes em bancada), o valor de

    R4 no crtico, porque no haver fluxo significativo de corrente pelo transistor Q5

    em nenhuma das seguintes condies:

    VGen > VBat , VGen < VBat e gerador em desvio.

    O diodo D3 coloca em corte o transistor Q5 quando o gerador estiver em

    desvio (VB_

  • 49

    7.3.4. Monitoramento e controle do nvel de corrente

    O valor da intensidade de corrente obtido por um sensor que opera por

    Efeito Hall, e envia essa informao ao microcontrolador.

    7.3.4.1. Sensor Hall

    A informao da intensidade de corrente de carga, dada ao microcontrolador,

    fornecida pelo sensor ACS750xCA-50, da Allegro MicroSystems Inc. Trata-se de

    um sensor totalmente integrado, baseado no Hall Effect, com isolao de alta tenso

    e baixa resistncia no condutor de corrente.

    A corrente que flui atravs do condutor de cobre interno do sensor, gera um

    campo magntico que o C.I. Hall transforma numa tenso proporcional. Esse

    condutor que tem capacidade de at 50 A possui resistnca de 130 . A

    preciso do dispositivo otimizada pela proximidade do sinal magntico do

    transdutor Hall. Uma tenso proporcional, exata e estvel, fornecida na sada do

    sensor (ALLEGRO, 2009).

    Os terminais do condutor de corrente so eletricamente isolados dos

    condutores de sinal. Isto permite que a famlia ACS75x de ICs sensores no

    necessitem do uso de opto-isoladores ou outras tcnicas de isolamento

    dispendiosas (ALLEGRO, 2009).

    A Figura 25, abaixo, mostra o sensor de corrente utilizado neste Trabalho.

    Figura 25: Sensor de corrente por efeito hall, ACS750xCA-50 . ...Fonte: Rockel 2013.

    Na foto est bem visvel o condutor de passagem da corrente, que atravessa

    o interior do chip. V-se tambm os trs terminais menores, de alimentao e sada

    de sinal. Nas prximas figuras, 26 e 27, so mostrados, respectivamente, o

  • 50

    diagrama em blocos das etapas do circuito interno e o diagrama esquemtico dos

    pinos do componente.

    Figura 26: Diagrama em blocos do Sensor Hall . ...Fonte: Datasheet do componente (ALLEGRO, 2009).

    Figura 27: Diagrama de uma aplicao tpica do Sensor Hall . ...Fonte: Datasheet do componente (ALLEGRO, 2009).

    7.3.4.2. O Efeito Hall

    O efeito Hall a produo de diferena de potencial atravs de um condutor

    eltrico. Essa tenso transversal corrente no condutor e perpendicular ao

    campo magntico. Dentro de um mesmo material, por exemplo um fio metlico que

    esteja conduzindo corrente e sendo afetado por um campo magntico, surge uma

  • 51

    diferena de tenso entre dois locais, pertencentes a um plano perpendicular

    corrente e ao campo magntico incidente ao fio, dessa mesma barra. O Efeito Hall

    foi descoberto por Edwin H. Hall no final do sculo XIX (RESENDE NETO, 2010).

    Figura 28: Aplicao de campo eltrico em uma barra de metal. ...Fonte: Resende Neto, 2010.

    A diferena de potencial entre os dois pontos V = VH e V = 0V como mostrado

    na Figura 28, chamada de tenso de Hall. A magnitude da fora magntica

    implicada na Barra qvdB. Essa fora magntica equilibrada pela fora

    eletrosttica da magnitude qEH, onde EH o campo eltrico separao das cargas

    eltricas. Ento temos que EH = vdB. Se a largura da barra w, a diferena de

    potencial EHw. Com isso, a tenso Hall (TIPLER, 2009):

    VH = EH w VH = vd Bw

    Onde VH a tenso Hall, w a largura da barra, vd a velocidade de deriva

    dos eltrons, e B o campo magntico incidente perpendicularmente barra. Como

    esta velocidade de deriva para correntes comuns muito reduzida, podemos, por

    meio da tenso Hall, extrair a quantidade de portadores de carga por unidade de

    volume. Essa magnitude pode ser dada como (TIPLER, 2009):

    |I| = |q| n vd A

    Onde A a rea da seo transversal da barra, e n a densidade de

    portadores de carga. Para uma barra de largura w e espessura d, resultaria em

    A_=_w_d.

    Eq. 15

    Eq. 16

  • 52

    Eq. 17

    Eq. 18

    Eq. 19

    Como a maioria dos portadores de cargas so eltrons, a quantidade |q|, a

    carga de um eltron e. Ento, a densidade de nmero de portadoras de carga n

    dada por (TIPLER, 2009):

    Substituindo as equaes 14 e 16, temos que:

    Onde I a corrente, B o campo magntico, d a largura da fita, e a carga

    do eltron, VH a tenso Hall.

    Com isso, a tenso Hall nos fornece um mtodo conveniente para a medida

    de campos magnticos. Se rearranjarmos a equao anterior, podemos escrever a

    tenso Hall como:

    Onde, VH a tenso Hall, I a corrente que passa na barra, n a densidade de

    portadoras de carga, d a altura, e a carga elementar do eltron, e B o campo

    magntico.

    7.3.4.3. Diagrama eletrnico do sensor de corrente

    Figura 29: Diagrama do sensor de corrente (Sensor Hall). ...Fonte: ROCKEL, 2013.

    A Figura 29 apresenta a ligao do gerador bateria, com o sensor de

    corrente inserido entre o transistor Q1 e o diodo D1. V-se que a corrente de carga

    passa pelo condutor principal do sensor de corrente e, atravs do efeito Hall, uma

  • 53

    Eq. 20

    tenso proporcional ao valor da corrente produzida no pino 3 do sensor e enviada

    ao microcontrolador (como tambm mostrado nas figuras 26 e 27).

    O sensor alimentado por 5 V (VDD) e a sua sada varia entre + 2 V e - 2 V,

    corespondentes a + 50 A e - 50 A. Portanto, h uma relao de 40 mV/A. O valor de

    referncia 0 A (zero amper) igual a 2,5 V da tenso da fonte de 5 V.

    O processamento desses sinais no microcontrolador apresentado na

    seo_7.4.

    7.3.5. Monitoramento e controle do nvel de tenso

    A informao da tenso da bateria, dada ao microcontrolador, feita por um

    divisor de tenso, conforme mostra a Figura 30.

    Figura 30: Diagrama do sensor de tenso. ...Fonte: ROCKEL 2013.

    Uma tenso proporcional tenso da bateria enviada ao microcontrolador.

    O resistor varivel (Aj1) serve para aferir essa tenso, de acordo com a indicao no

    display LCD do sistema de controle e um voltmetro padro de referncia.

    Para facilitar o ajuste para que ele seja suave todo o percurso do resistor

    varivel compreende apenas aproximadamente 2,5% da resistncia total do divisor

    de tenso, como se v na equao 20, abaixo.

  • 54

    Eq. 21

    H a necessidade de incluir um divisor de tenso ao invs de se obter uma

    leitura direta da tenso da bateria porque o microcontrolador alimentado com

    apenas 5 V. Uma variao de zero a 20 V na tenso do gerador corresponder a uma

    variao de zero a 5 V na leitura feita pelo microcontrolador, conforme est mostrada

    na equao 21:

    O processamento desses sinais no microcontrolador apresentado na

    seo_7.4.

    7.3.6. Diagrama do microcontrolador

    A Figura 31 apresenta as ligaes feitas no microcontrolador PSoC

    CY8C29466-24PXI, da Cypress.

    Figura 31: Diagrama do microcontrolador PSoC CY8C29466-24PXI. ...Fonte: ROCKEL, 2013.

    No diagrama mostrado acima se v as conexes eltricas feitas no

    microcontrolador dos sensores de corrente e tenso, controle dos transistores de

  • 55

    potncia Q1, Q2, timer, display LCD, interruptor de iluminao e trimpot de ajuste do

    contraste dos caracteres do display, alm da alimentao ( 5 V ).

    O microcontrolador comanda o os transistores Q1 e Q2 em funo dos nveis

    de sinais recebidos de corrente e tenso de carga, produzidos pelo gerador. Ele

    mostra no visor LCD a intensidade de corrente de carga e a tenso na bateria.

    Quando pressiona-se o boto TIMER, aparece no visor LCD a indicao de tempo

    de carga a que a bateria foi submetida desde o incio, quando foi conectada ao

    gerador. O resistor varivel Aj2 ajusta o contraste dos caracteres mostrados no visor

    LCD e a chave Sw1 liga ou desliga a luz do visor.

    7.3.7. Fonte de alimentao

    Para o microcontrolador, sensor de corrente (sensor HALL) e o display LCD

    so necessrios 5 V de tenso de alimentao. Esta tenso fornecida por um

    regulador de tenso 7805, conforme se v no diagrama da Figura 32.

    Figura 32: Diagrama da fonte de alimentao de 5 V (VDD). ... Fonte: ROCKEL, 2013.

    A entrada do regulador de tenso ligada ao terminal positivo da bateria e,

    portanto, recebe energia proveniente do gerador, quando este estiver produzindo

    tenso maior do que a da bateria, ou da bateria, quando o gerador estiver fora.

    A finalidade de manter o microcontrolador alimentado, mesmo quando o

    gerador no estiver produzindo (quando no h ventos), para no apagar os dados

    referentes contagem de tempo de carga armazenados na memria RAM do

    microcontrolador.

    A corrente do microcontrolador 30 mA, do sensor HALL 10 mA e do display

    LCD 0,3 mA, considerando esses componentes operando com corrente mxima e a

  • 56

    luz do display desligada, conforme informaes nos seus respectivos datasheets

    (HITACHI, 1998; CYPRESS, 2004; ALLEGRO, 2009).

    7.3.8. Proteo de sobrecarga

    Na proteo contra sobrecarga da bateria, em caso de falha do sistema de

    controle, utiliza-se um dispositivo limitador de corrente de estado slido, com

    coeficiente positivo de temperatura (PTC), comercialmente denominado de

    POLYSWITCH .

    A Figura 33 mostra o dispositivo de proteo instalado na entrada positiva do

    Sistema de Controle na linha condutora que vem do gerador e atravessa o sistema

    de controle, levando carga bateria.

    O valor escolhido para o PTC o mesmo definido no programa do sistema de

    controle: 9 A. Se eventualmente o controle de corrente mxima no atuar, o polyfuse

    cortar o fornecimento de corrente de carga do gerador bateria.

    Figura 33: Proteo de sobrecarga da bateria, inserida no sistema de controle do gerador.

    Fonte: ROCKEL, 2013.

    A escolha desse dispositivo de proteo de sobrecorrente se deve s

    diferenas importantes, quando comparado com fusveis e disjuntores. O dispositivo

    PTC interrompe a passagem de corrente ao circuito quando h uma sobrecarga, no

    entanto, ele no precisa ser substitudo, como um fusvel, e nem rearmado, como

    um disjuntor, porque o PTC reinicia automaticamente a conduo de corrente

    quando cessa a sobrecarga no circuito.

    Quando um disjuntor PTC est acionado, ele deixa passar uma quantidade

    pequena, inofensiva, de corrente atravs dele, mantendo porm os dispositivos

    desligados. A pequena corrente passante no representa qualquer risco de incndio

    ou danos fiao ou componentes do circuito, mas serve para manter o dispositivo

    de rearme. Depois que a causa da sobrecorrente eliminada, demora cerca de dez

    a quinze segundos para o PTC esfriar, redefinir-se e estar pronto para uso

  • 57

    novamente. O PTC pode ser desarmado milhares de vezes sem nenhum perigo

    (CONTROL VISION, 1997).

    A Figura 34, mostra um dispositivo de proteo PTC e na Figura 35 pode-se

    ver uma srie desses dispositivos instalados na placa de um painel de interruptores

    de sistemas eltricos de aeronave.

    Figura 34: Dispositivo de proteo contra sobrecorrente PTC (Positive Temperature Coefficient).

    Fonte:

    .

    Figura 35: Barra de ali