Monografia- Jordana

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Monografia- Bullying: Uma realidade escolar desde a primeira infância (da educação infantil as séries iniciais), apresentada ao Instituto Educar Brasil.

Citation preview

INSTITUTO EDUCAR BRASIL

JORDANA WRUCK TIMM

BULLYING: UMA REALIDADE ESCOLAR DESDE A PRIMEIRA INFNCIA (DA EDUCAO INFANTIL S SRIES INICIAIS)

So Loureno do Sul 2010 Alfabeto

JORDANA WRUCK TIMM

BULLYING: UMA REALIDADE ESCOLAR NA PRIMEIRA INFNCIA (DA EDUCAO INFANTIL S SRIES INICIAIS)

Monografia, requisito para obteno do ttulo de Especialista em Psicopedagogia Clnica e Institucional, apresentada ao Instituto Educar Brasil, Portal faculdades, para o curso de Ps Graduao lato sensu em Psicopedagogia Clnica e Institucional, para a disciplina de Pesquisa em Psicopedagogia. Especialista: Jordana Wruck Timm.

Orientadora: doutoranda Eliana da Fonseca Fernades

So Loureno do Sul 2010 Alfabeto

Timm, Jordana Wruck. Bullying: uma realidade escolar desde a primeira infncia (da educao infantil s sries iniciais)/ Jordana Wruck Timm. -- 2010. 102 f. Monografia (Especializao em Psicopedagogia Clnica e Institucional) Instituto Educar Brasil- Portal Faculdades, 2010. Orientao: Eliana Fonseca Fernandes.

1. Bullying. 2. Comunidade. 3. Emoes. 4. Preveno. 5. Punir. 6. Realidade. I. Fernades, Eliana da Fonseca, orient. II. Ttulo.

Alfabeto

JORDANA WRUCK TIMM

BULLYING: UMA REALIDADE ESCOLAR NA PRIMEIRA INFNCIA (DA EDUCAO INFANTIL S SRIES INICIAIS)

Monografia, requisito para obteno do ttulo de Especialista em Psicopedagogia Clnica e Institucional, apresentada ao Instituto Educar Brasil, Portal faculdades, para o curso de Ps Graduao lato sensu em Psicopedagogia Clnica e Institucional, para a disciplina de Pesquisa em Psicopedagogia.

Banca examinadora:

....................................................................................................................................... Prof Doutoranda Eliana da Fonseca Fernandes

Conceito:........................................................................................................................ ........................................................................................................................................ ........................................................................................................................................

So Loureno do Sul, .............de ...........................................de ................. Alfabeto

DEDICATRIA

s pessoas que acreditaram na minha perseverana de querer ir adiante, no potencial que tenho. Dedico aos que me apoiaram, me incentivaram, me ensinaram e aos que de uma forma ou de outra contribuiram para mais este passo em minha vida. Alfabeto

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeo a Deus, por minha existncia e por guiar-me em passos to importantes e por vezes difceis, sempre iluminando meu caminho. Em especial, agradeo a pessoa mais importante neste processo de aprendizagem, o meu namorado Vincius Bhlke Leitzke, que soube tolerar minha ausncia em muitos momentos, que sempre me incentivou e apoiou com ternura, pacincia e carinho, nunca me cobrando, mas sempre estando ao meu lado para o que eu precisasse. Agradeo a minha famlia e a de meu namorado, por terem me apoiado em todas as decises, auxiliando da maneira que puderam a continuar sempre buscando meus ideias. Aos professores pelo ensinamento que deram-me, mas especialmente a Eliana Fonseca Fernandes, que orientou-me neste processo, que me fez sentir confiante de que era capaz e segura de saber que tinha com quem contar sempre. Muito especialmente agradeo a Renata Lessa Sampaio e Mauro Zacher, que foram as pessoas que despertaram meu interesse na escolha do tema a pesquisar, foram os que mais ajudaram-me em recursos bibliogrficos e palavras

incentivadoras. Renata, profissional brilhante que apareceu como uma luz. No sabe ela, a importncia que tem na minha formao, o tamanho da generosidade com que me recebeu e por isto serei grata eternamente. Agradeo aos amigos e colegas de trabalho e de aula, por estarem ao meu lado, to nervosos quanto eu, mas sempre me entendendo, agradeo a eles por no me abandonarem, apesar de estar muitas vezes ausente. Alfabeto

5

[...] Os dias correm, somem E com o tempo no vo voltar, S h uma chance pra viver. No perca a fora e o sonho. No deixe nunca de acreditar. Que tudo vai acontecer. [...]

(Chance- Rosa de Saron, composio Eduardo)

[...] Tudo o que eu quiser, O cara l de cima vai me dar, Me dar toda coragem que puder Que no me falte foras pra lutar! [...] (Xuxa)

6

TIMM, Jordana Wruck. Bullying: uma realidade escolar desde a primeira infncia (da educao infantil s sries iniciais). 2010. 100 p. Monografia apresentada como pr requisito para concluso do Curso de Especializao em Psicopedagogia Clnica e Institucional, Instituto Educar Brasil- Portal Faculdades, So Loureno do Sul, 2010. RESUMO O trabalho visa reestruturar o pr-projeto j apresentado e complementar informaes ainda ocultas no mesmo, os objetivos para a referida pesquisa so expressar curiosidade por novas informaes, indignao com a realidade apresentada e respeito com quem passa por esta situao, entender os motivos que levam este fenmeno ao constante crescimento e percebendo at onde se faz presente na realidade, conceituar este transtorno, a fim de entende-lo para poder identificar possveis casos em determinados sujeitos. A justificativa deu-se em torno da motivao em buscar entender o fenmeno, conhecer o que se passa na realidade. A reviso bibliogrfica inicia-se com uma pesquisa de campo, realizada com crianas de uma determinada comunidade, onde mostra os procedimentos utilizados, o local, os sujeitos e as devidas concluses obtidas, em seguida, abordado o bullying desde o princpio, escreve no preconceito e na agresso, do pequeno espao que h entre ambos, investiga ainda na origem, preveno, identificao, causas, consequncias e nas leis, depois parte para um novo fenmeno, o cyberbullying e o uso do mundo virtual na infncia, aborda as diferenas entre todos os sujeitos e a unio destes em competies e no controle das emoes, punir/ privar, ainda mostra o papel que cada um tem a cumprir diante dos fatos. A metodologia utilizada so duas, a reviso bibliogrfica e a pesquisa de campo, sero utilizados livros, peridicos, trabalhos de outros alunos, pginas da internet (seguras e recomendadas) e pesquisas em determinadas comunidades com crianas que frequentam a escola, na necessidade de olhar a realidade com outros olhos, no enxergar o que est prximo e fazer o possvel para mudar esta prtica violenta que se pronuncia. Palavras-chave: Bullying; Comunidade; Emoes; Preveno; Punir. Realidade.

7

ABSTRACT The work aims to restructure the pre-project already submitted and complement additional information that are still hidden in it. The goals for such research are to express curiosity about new information, outrage at the reality presented and respect for those who go through this, understand the reasons why this phenomenon grows up continously and realize how much this is actually present in our reality, conceptualize this disorder in order to understand to identify possible cases in certain subjects. The reason is around the motivation to try to understand the phenomenon and know what is happening nowadays. This bibliographical review starts with a field research conducted with children of a particular community, which shows the procedures used, the location, and the subjects, along with the conclusions that were obtained, then bullying is dealt from its beginning, it write on prejudice and aggression, the small space that there is between them, still investigate about the origin, prevention, identification, causes, consequences and laws, then changes to a new phenomenon, the cyberbullying and the use of the virtual world during childhood, it examines the differences between all subjects and their union in competitions and in control of emotions, punishing/depriving, also shows the role that each one has to acomplish before the facts. The methodologies used are two, the literature review and field research, books, periodicals, works of other students, web pages (secure and recommended) wills be used, and research in certain communities with children who attend school, in need to look at our situation with other eyes, seeing what's before us and doing everything possible to change this violent practice which is pronounced. Keywords: Bullying. Community. Emotions. Prevention. Punishment. Reality.

8

LISTA DE ILUSTRAES E TABELAS Grfico 01- Envolvidos em agresses .......................................................................13 Grfico 02- Bullying ...................................................................................................13 Grfico 03- Formas de agresses usadas ................................................................14 Tabela 01- Agressores, alvos e testemunhas- como identific-los............................21 Tabela 02- Efeitos das intervenes tradicionais e colaborativas..............................53

9

SUMRIO INTRODUO ..........................................................................................................10 1 PESQUISA DE CAMPO .........................................................................................12 1.1 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS UTILIZADOS .....................................12 2 O BULLYING EM SEUS PRIMEIROS PASSOS ...................................................15 2.1 DO PRECONCEITO A AGRESSO .............15 2.2 ORIGEM, PREVENO E IDENTIFICAO .....................................................17 2.3 CAUSAS E CONSEQUNCIAS- CICATRIZES QUE NO CURAM ..................22 2.4 AS LEIS- AINDA RESTAM ESPERANAS ........................................................25 3 BULLYING VIRTUAL ...27 3.1 CIBERBULLYING/ ABUSO NO CIBER ESPAO ....27 3.2 TIPOS DE CIBERABUSOS .............................................................................31 3.3 ENTENDENDO E CONTROLANDO O ESPAO VIRTUAL ...............................32 4 REUNINDO AS DIFERENAS ..............................................................................38 4.1 COMPETIES DURANTE AS ATIVIDADES ...................................................38 4.2 CONTROLANDO AS EMOES .......................................................................40 4.3 BULLIES SE RELACIONAM, BULLIES BRINCAM .............................................43 5 PUNIO A SADA? COMO RESOLVER DETERMINADOS CASOS .............47 5.1 UM PROBLEMA DE TODOS E EST EM TODOS OS LUGARES ....................47 5.2 PRIVAES- PUNIR A SOLUO? ...............................................................49 5.3 VAMOS INTERVIR, JUNTOS ACHAREMOS A MELHOR SADA ......................50 6 CADA UM FAZ SUA PARTE .................................................................................60 6.1 O PAPEL DA FAMLIA ........................................................................................60 6.2 O PAPEL DA ESCOLA ........................................................................................62 6.3 O PAPEL DOS ALUNOS .....................................................................................65 CONCLUSO ...........................................................................................................67 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................................68 APNDICES ..............................................................................................................71 ANEXOS ...................................................................................................................83

10

INTRODUO

O objeto de estudo o fenmeno bullying, que existe desde muitos anos, mas que infelizmente repercute na realidade, devido ao seu sbito crescimento e ocorrncias causadas pelo mesmo, o tema est em constante debate e muitas crianas esto includas neste processo, sejam como vtimas, expectadoras e/ou agressoras. Ao pensar no assunto logo vieram os objetivos que instigam a querer buscar cada vez mais informaes sobre o tema, a fim de entender melhor o que ocorre, dando continuidade em outro trabalho que j desenvolvido sobre o mesmo assunto, ento apresenta-se o objetivo geral, seguido dos trs objetivos especficos: expressar curiosidade, buscando cada vez mais informaes sobre o assunto, demonstrando a indignao com a triste realidade que se apresenta e o respeito com quem sofre/sofreu com esta prtica. a) entender porque este fenmeno est tomando parte da realidade, mudando histrias, destruindo vidas, e consequentemente, vendo at que ponto esta prtica se faz presente no dia a dia. b) conceituar o fenmeno, para entender melhor o que bullying e saber at que ponto ele se faz presente na realidade com que trabalha-se; c) identificar possveis casos de bullying com crianas moradoras de determinada comunidade; Enquanto graduanda surgiu necessidade de escolher um tema para abordar no TCC, e sem noo alguma, sem idias que motivassem, no conseguia chegar a qualquer pensamento, certo dia teria um painel sobre Bullying e violncia nas escolas e justia restaurativa, ofertado pelo Centro de Estudos Trabalhistas, organizado pela psicloga e psicopedagoga Renata Lessa Sampaio, percebendo a importncia de entender o tema, e assistindo-o no restaram dvidas de que aquele realmente era o tema ao qual sentia-se motivada a defender, e assim o fez, porm o tema envolveu demasiadamente, devido identificar com parte do passado, por este motivo, no restaram dvidas na hora da escolha para o presente trabalho, depois de tanto pesquisar e descobrir novos conhecimentos, percebeu-se que o tema muito amplo, que sempre se tem algo a mais a descobrir, a buscar, a conhecer, ento resolveu-se ampliar as buscas, ganhando mais aprendizagens na rea.

11

Para a apresentao escolheu-se dois tipos de metodologias, uma delas a de referencial terico e a outra de pesquisa de campo, com esforo ao mximo na busca de materiais, este processo baseou-se em livros, peridicos, pginas da internet (seguras e recomendadas), trabalhos de outros alunos (com formao nas reas afins). E a pesquisa de campo desenvolveu-se em comunidades de baixa vulnerabilidade. O referencial terico apresenta, inicialmente, a pesquisa de campo realizada nas vilas: Arthur Kraft, Banhado Grande, Camponesa e Nova Esperana, com o intuito de mostrar a importncia das pesquisas, aps aborda uma breve introduo ao tema de como tudo comeou, mostra o pequeno passo que tem entre o preconceito at chegar agresso, escreve sobre a origem do bullying, na preveno e na identificao do transtorno, nas causas e consequncias que ficam e algumas leis que protegem as vtimas; fala no mais novo fenmeno, o ciberbullying, confrontando com a idias de at quando o uso dos computadores na infncia traz vantagens; apresenta-se a unio das diferenas, das competies e dos controles emocionais; da punio, de como e se convm punir; em seguida aborda-se o papel de cada um neste processo, seja para as vtimas, ou seja, com os agressores, por ltimo apresenta-se as consideraes a cerca do trabalho apresentado, bem como apndices da pesquisa e anexos relacionados. No trabalho aborda-se muito a autora Clo Fante, ela que pedagoga e pioneira no assunto, autora do programa antibullying: Educar para a Paz, apresentou livro junto com Pedra que atua na formao, imprescindvel a contribuio de suas obras para a caracterizao desta monografia, dentre outros autores que tambm se baseiam para minimizar o bullying. Bem como apresenta-se grandes idias da psicloga e psicopedagoga Renata Lessa Sampaio, ela que atua profissionalmente na cidade de So Loureno do Sul e vem desenvolvendo trabalhos sobre o bullying. Esta monografia contribuiu para que a qualificao profissional possa ser permeada de responsabilidade e competncia, sempre norteando para os casos que possam vir a acontecer na realidade, dando direo ao trabalho, para que este seja eficaz e combatente diante de tais agresses.

12

1 PESQUISA DE CAMPO

Pensou-se em desenvolver o trabalho sobre o bullying, na verdade j vemse buscando materiais a cerca do assunto mais tempo, mas planejou-se fazer algo novo, queria mostrar que o que eu falo realidade, infelizmente, por este motivo buscou-se nas comunidades resultados para os questionamentos, buscou-se comprovaes para o trabalho. Pesquisou-se o bullying em algumas comunidades carentes de So Loureno do Sul, com crianas entre zero e seis anos, e foi desenvolvido no sentido de analisar as atitudes discentes a fim de provar a existncia deste fenmeno, infelizmente, e comprovar a veracidade dos fatos.

1.1 PROCEDIMETOS METODOLGICOS UTILIZADOS

Para a realizao da pesquisa de campo, utilizou-se questionrios, que se encontram os modelos no apndice A. A maneira de abordagem deu-se de forma mais descontrada, com dilogos/ conversas, na tentativa assim de conseguir respostas mais sinceras das crianas e dos pais, a fim de embasar os conhecimentos pertinentes a pesquisa. Trabalha-se como visitadora no Programa Primeira Infncia Melhor de So Loureno do Sul e fez-se a pesquisa na rea em atuao, por isso, ela no ocorreu em escolas de Educao Infantil, mas sim na prpria comunidade, nas casas das crianas. As vilas estudadas foram: Arthur Kraft, Banhado Grande, Camponesa e Nova Esperana. Os sujeitos que participaram foram crianas que frequentam a Educao Infantil e os pais. No caso de crianas que ainda no falavam conversou-se com os pais, sobre o comportamento das mesmas em casa. No caso das crianas que j falavam, perguntou-se diretamente a elas e, posteriormente, com os pais sobre o comportamento das mesmas. Realizou-se a entrevista com 10 crianas, que so as que participavam ativamente dos grupos comunitrios: escolas e/ou vizinhana. Aps fazer a entrevista e analisar os dados obtidos, organizou-se as concluses em forma de grficos, para dar melhor entendimento.

13

No grfico 01 observa-se quantas das crianas esto envolvidas em agresses, sejam como agressores, ou como agredidos. No segundo analisamos, detalhadamente, quanto so os agressores, quantos so os agredidos, e as formas de agresses mais utilizadas.

Envolvidos em agresses

No 20%

Sim 80%

Grfico 1: Envolvidos em agresses. Fonte: elaborado pela autora.

Bullying

Quantos No sofrem / agridem? 20%

Quantos sofrem agresso? 30%

Quantos sofrem e agridem? 30%

Quantos agridem? 20%

Grfico 2: Bullying. Fonte: elaborado pela autora.

14

Formas de agresses usadas

Preconceito 13% Emocional 34% Verbal 40%

Fsica 13%

Grfico 3: Formas de agresso usadas. Fonte: elaborado pela autora.

Os resultados apontam que 80% das crianas esto envolvidas em agresso j na Primeira Infncia e que a maioria envolvida so os agredidos e os que agridem e so agredidos ao mesmo tempo. E que as formas mais utilizadas so as verbais. J tinha-se noo da complexidade e do envolvimento de muitos no fenmeno, mas precisava-se provas de que as noes so uma realidade. A partir destes dados, percebe-se a complexidade dos fatos, v-se a importncia de continuar buscando e pesquisando a respeito do assunto, j que realmente faz-se muito presente.

15

2 O BULLYING EM SEUS PRIMEIROS PASSOS

2.1 DO PRECONCEITO A AGRESSO

Vrios so os autores com responsabilidades e conhecimento a cerca deste assunto, mas enfatiza-se o trabalho desenvolvido por Tremblay, Gervais e Pletitclrc (2008), que abordam a questo da primeira infncia, desde a gestao, pesquisando a origem de determinados fatores, que sero listados ao decorrer deste e de Fante (2005), que pioneira sobre o assunto. Inicialmente aborda-se os conceitos de preconceito e agresso, afim de melhor compreender a prtica de bullying. Segundo Napolitano e Cardoso (2007, p. 02), o preconceito uma idia negativa formada precipitadamente sobre algo/ algum ou at mesmo a um grupo de pessoas, e isto leva a discriminao, excluso e a violncia. Segundo Tremblay, Gervais e Petitclerc (2008, p. 04), a agresso dividida em trs tipos principais, so elas: a fsica (bater, chutar, morder, ...), a verbal (so palavras utilizadas para insultar, ameaar outrem, enfim) e a indireta (este tipo de agressividade mais complexa que as demais, consiste em prejudicar outrem, seja falando a respeito, espalhando assuntos excluindo-a do grupo...). Em relao aos termos concorda-se que h um espao muito pequeno entre o preconceito e a agresso. Na verdade, tudo comea por algum preconceito, e depois disto vem a discriminao, e ento a agresso prpriamente dita. Neste sentido as observaes, as entrevistas feitas com os sujeitos desta pesquisa, revelam ser assim, comea com um bate boca, para depois as agresses fsicas, os estranhamentos entre um e outro. Tremblay, Gervais e Pletitclrc (2008, p.10) apontam motivos para a compreenso dos comportamentos agressivos. Para os autores existem cinco fatores responsveis para determinados comportamentos: o meio intra uterino, o temperamento, a herana da espcie, a herana ligada ao sexo e a herana familiar. Levando em considerao estes fatores tudo leva a crer que na gestao que tudo comea; o uso de drogas e lcool intercedem no desenvolvimento da seus, difamando-a, ou at mesmo

16

criana/ feto, bem como o temperamento formado antes mesmo da criana nascer e continua desenvolvendo-se durante a primeira infncia, este temperamento pode ser adquirido por herana e pelo meio onde vive-se. Os autores, Tremblay, Gervais e Pletitclrc (2008, p. 10) defendem que as heranas adquiridas, inicialmente a herana da espcie, que no so aprendidas por exemplos, por que vivenciam tal situao, mas sim porque de natureza do ser humano, como por exemplo: chorar quando se tem fome, tirar o brinquedo de outra criana, enfim, tem crianas que fazem crises de birras, sem que jamais tenham visto outro fazer, de natureza. E a herana ligada ao sexo, no incio ambos, meninos e meninas coincidem no uso a agresses, mas as meninas tendem a diminuir ou parar com o uso agressivo, bem antes dos meninos, os autores ainda escrevem na herana familiar, onde a agresso pode se passar de forma gentica, ou pelo comportamento dos prprios pais/ responsveis, com quem a criana convive. At certo ponto, concorda-se com os autores, mas tambm acredita-se que muitas destas crises de birras, ou at genticas, so na verdade manhas, colocadas pelos pais, muitas vezes estes fazem todas as vontades, e quando no o fazem as crianas respondem deste modo e novamente os pais a agradam, para que ela pare com a cena, com isto a criana aprende que sempre que quiser algo, s fazer seu teatrinho que ir ganhar. Por isso, antes de criticar a conduta de uma criana, deve-se analisar a educao que as mesmas recebem de seus responsveis. Acredita-se, tambm, que o cuidado deve ser dado desde a gestao, j fezse vrios cursos para trabalhar com gestantes, acha-se fantstica a gestao e o poder que esta tem na vida dos seres humanos. Pensa-se que os cuidados antes e durante a gestao devem ser to importantes quanto aps o nascimento do beb. Para que este tenha uma boa formao, a gestante deve passar nove meses cuidando-se, em um ambiente calmo e tranquilo, com uma alimentao sadia e balanceada, ela no deve ingerir lcool, usar drogas, as pessoas a sua volta tambm devem colaborar. importante a criana sentir-se segura ainda dentro da barriga, sentir-se acolhida por todos e ver que desejada, os dilogos j devem ser iniciados neste perodo, propiciando a comunicao entre me e beb, assim quando a criana

17

nascer, ela j estar entendendo o ambiente onde vive, e claro no se muda nada, deve-se continuar sempre conversando bastante com o beb e muito importante a participao de todos os que esto a sua volta. 2.2 ORIGEM, PREVENO E IDENTIFICAO Segundo Guareschi e Silva (2008, p. 17), o termo bullying de origem inglesa e no possui traduo em lngua portuguesa, a palavra deriva de bully, que significa, enquanto substantivos, valento/ brigo, e como verbo, brutalizar, tiranizar, amedrontar, ainda escreve que este um tipo de violncia que consiste em agresses fiscas e/ou psicolgicas e/ou verbais, de forma repetitiva e intencionais. Fante e Pedra (2008, p. 34), apontam outros termos utilizados para esta prtica: a) mobbing, na Noruega e na Dinamarca; b) mobbning, na Sucia e na Finlndia; c) herclement quotidien, na Frana; d) prepotenza ou bullismo, na Itlia; e) yjime, no Japo; f) agressionen unter shlern, na Alemanha; e g) acoso e amenaza entre escolares ou intimidacin, na Espanha. Os autores explicam que Portugal o termo j utilizado de maneira politicamente correta. No Brasil no foi encontrado um termo com a mesma amplitude de bullying, tendo em vista que intimidao, no abrange totalmente o significado, na verdade ela uma das formas utilizadas pelos bullies, mas no a nica. Neste ponto de vista, o bullying est alm da intimidao, da agresso. necessria uma palavra mais abrangente, que envolve todas as condies que o fenmeno submete. Guareschi e Silva (2008, p. 15) defendem que o fenmeno to antigo, quanto a prpria escola, e que esta prtica ocorre em escala mundial. Afirmam que a Sucia foi a primeira a mobilizar-se com relao ao assunto, Silva (2010, p. 111), confirma as palavras de Guareschi e Silva em seu livro (2008, p. 15).

18

Pensa-se, que este assunto existe h muitos anos mesmo, do mesmo modo que Guareschi e Silva (2008, p. 15) escrevem, talvez at antes das escolas surgirem, mas s veio a tomar tais propores, devido ao seu crescimento. Infelizmente h casos de bullying, se no em todas, mas na maioria das escolas no s do Brasil, mas no mundo todo, e agora devido a este sbito crescimento, perceberam que este fenmeno envolve muito os alunos e traz consequncias (estas que sero abordadas a seguir), e por este motivo comeou a ser mais estudado, mais pesquisado agora. Segundo Silva (2010, p. 117), o bullying ocorre indepedente de tradies, localizao e poder aquisitivo dos alunos, est em escolas pblicas e particulares, bem como est entre meninos e meninas (p. 113), porm, as meninas tendem a praticar mais as agresses psicolgicas. Neste ponto de vista, pensa-se que realmente, o preconceito/ agresso no escolhe cor, raa, valores, sexo, est por toda parte, muitos so envolvidos, sejam como agressores, sejam como vtimas, sejam como expectadores. Seguindo o enfoque preventivo, pretende-se inicialmente escrever, que em vrios livros pesquisados, muito l-se na origem, nos papis que cada um tem em relao ao assunto, em causas e consequncias, identificao dos envolvidos, enfim, porm chamou ateno, o fato de no abordarem o aspecto preventivo prpriamente dito. Para tanto, Fante (2005, p. 89), escreve que so escassos os programas que visam a incluso ao debate e a preveno do fenmeno nas escolas, mas ela alerta para programas referentes ao fenmeno, que so aqui no Brasil: Abrapia e Educar para a paz, ambos programas so compostos em medidas scio-educativas e psicopedaggicas, que buscam a preveno e a interveno diante dos fatos, visando a reduo do fenmeno. Guareschi e Silva (2008, p. 77) sugerem formulrios confidenciais, onde alunos possam espressar seus sentimentos em relao as aulas, seja com o professor, a direo, os colegas, enfim, como maneira de saber se algo esta acontecendo, como est acontecendo, o que pode ser feito, os autores lembram que, por vezes, o bullying pode ser reflexo inclusive de uma prtica pedaggica.

19

Concorda-se com a idia de Guareschi e Silva, um passo para tentar descobrir um pouco mais sobre a realidade em que estamos inseridos. Sugiro como medida preventiva, que as escolas no fiquem prendendo-se a estas regras habituais, estas que ningum cumpre, mas que adotassem normas e regras de acordo com suas realidades e necessidades, criando um programa interno, poderiam realizar palestras, capacitando professores, funcionrios, pais,

comunidade, os alunos, enfim tornando consciente a realidade em que esto. Pereira (2009, p. 67) defende que diante da grandeza do bullying e de suas extenses, necessrio que toda a comunidade escolar entenda o fenmeno, que saiba de sua existncia e juntos busquem mtodos para san-los. Mas, para que isso ocorra preciso que os rgos responsveis pelo processo educacional tambm criem condies de qualificar os professores a fim de torn-los mais preparados para tais situaes. Segundo Fante (2005, p. 75) o bullying tem como caracterstica principal a violncia oculta, considerando que a criana no falar nada. Por violncia oculta, ou violncia invisvel entende-se como sigilosa, onde quem vtima tem medo de denunciar e sofrer ainda mais agresses e receio de ser chacoteado, por medroso, ou como aquele que apanha, os expectadores tambm no entregaro os agressores, pois temem ser os prximos alvos, com isto os agressores engrandecem-se por fazer o que bem entende e no ser descoberto pelos

responsveis. A autora alerta para que estejam atentos a qualquer sinal dado pela criana, por mais simples que parea. As pessoas vitimadas pelo bullyng apresentam uma queda repentina do rendimento escolar e a resistcia em ir a aula. Os professores tambm devem estar muito atentos, caso a criana se isole, ou s queira ficar perto de adulto, caso tenha dificuldade em falar diante dos demais (inseguro ou ansioso), na escolha de jogos em equipe sempre ser o ltimo a ser escolhido. Podem ter aparncia deprimida, triste, aflita ou contrariada, apresenta desleixo com as tarefas, seguidamente tem roupas rasgadas, cortes, arronhes, feridas, falta seguidamente a aula, queixa-se de dor de cabea, pouco apetite, apresenta mudana de humor e perde com certa constncia seus pertences.

20

Tambm importante

observar por outro ngulo, o aluno que faz

brincadeiras ou gozaes, que coloca apelidos ou chama pelo nome, mas de forma debochativa, aquele que insulta, menospreza, ridiculariza, faz difamaes de outrem, ameaa, manda, incomoda, domina, intimida, agride, discute e que pega pertences de outrem sem o consentimento do mesmo (seguidamente aparece com pertences novos, muitas vezes dizendo terem ganho de um amigo), pois este comportamento caracterstico dos agressores. Quando isso ocorre os pais ou responsveis pelas crianas devem estar atentos, procurar a escola, na tentativa de buscar ajuda e orientao, devem dialogar muito com seus filhos, enfim. Estas caractersticas devem ser supervisionadas tanto por pais, quanto pelos professores. Fante e Pedra (2008, p. 40) afirmam que as vtimas so preferencialmente as que no tem habilidade de defesa, bem como os agressores so os que apresentam capacidade de liderana, so influentes, a fim de conseguir o que querem do restante da turma. Ou seja, os mais frgeis geralmente se tornam vtimas, incapazes de se defender, enquanto aqueles mais desenvoltos, so os agressores, estes costumam levar a turma na conversa, conseguindo o que querem dos demais, geralmente esto cercados por companheiros, que testemunham seu modo de agir, demonstram achar legal, mas o que na maioria das vezes ocorre, no admirao pelos seus atos e sim medo, de poder estar testemunhando agora, mas adiante se tornarem vtimas tambm. Abaixo, segue uma tabela criada por Guareschi e Silva, que mostra bem o que abordou-se anteriormente, esta apresenta critrios de identificao dos envolvidos, onde os autores abordam quem so, como identificar e os comportamentos mais salientes apresentados pelos agressores, pelos alvos e pelas testemunhas do fenmeno:

21

Tabela 1 Agressores, alvos e testemunhas como identific-los Agressores Alvos Testemunhas Quem so.............. So os que So as vtimas Alunos que so aplicam atos de do bullying; obrigados a bullying nos viver em um outros; ambiente de intimidao, ansiedade e medo gerado pelo bullying; Como identific-los.........

Indivduos que gostam de ser cercados, admirados e temidos pelos outros alunos; indivduos que assumem posio de liderana negativa;

Trocam de colgio com frequencia, pouco sociveis, inseguros, baixa autoestima etc;

Calam-se com medo de tornarem-se as prximas vtimas, setemse inseguros sobre o que fazer e incomodados com a violncia;

Comportamentos mais salientes........ Agredir, ameaar, apelidar, ignorar, discriminar, dominar, humilhar, intimidar.

Isolar-se, deprimir-se, fugir do contato social, abandonar a escola, entre muitos outros.

Fingir que no sabe, omitir-se, aliar-se aos agressores para que no se tornem vtimas tambm, entre outros.

Tabela 1: Agressores, alvos e testemunhas- Como identific-los. Fonte: (GUARESCHI e SILVA, 2008, p. 60).

De acordo com os fatos relatados, importante um olhar atento a tudo que ocorre ao redor. preciso que pais e professores entendam a gravidade do

problema, reconheam e procurem auxlio juntos, assim fica mais fcil a descoberta de um possvel envolvimento com o bullying, para tentar resolver a situao, talvez antes mesmo desta tomar propores maiores.

22

2.3 CAUSAS E CONSEQUNCIAS- CICATRIZES QUE NO CURAM Segundo Fante (2005, p. 47), a causa, o incio aos ataques se d pelo fato de o agressor ter um temperamento irritadio e sentir a necessidade de ameaar algum, de dominar, subjulgar, utilizando sua fora ou frustarando outrem. A vtima escolhida de acordo com o temperamento, geralmente o agressor pega os mais frgeis, aqueles que so mais ansiosos, inseguros, passivos, tmidos, aqueles que tem dificuldade de se impor, que provavemente no falaro nada a ningum e que no usaro de sua fora , nem mesmo para se defender. Fante e Pedra (2008, p. 98) acreditam que o comportamento agressivo e violento aprendido em casa, e concorda-se com a afirmao, pensa-se que a estrutura do ser humano construda em casa. Se h um ambiente calmo, tranquilo, respeitoso, a criana crescer dentro de boas normas de convivncia, agora se de casa j no do limites, desrespeitosa a relao entre familiares, a criana absorver para si e ir levar por toda a vida, para o seu meio de convvio, claro, no generaliza-se que todos os casos so assim, mas muitos problemas ocorrem por ter causas familiares. Ainda (2008, p. 98), escrevem que na primeira infncia que as crianas j tentam manipular seus pais para estes se submeterem s suas necessidades, e que pode-se comear a observar a falta de limites e agressividade incontrolvel a partir dos dois anos de idade. Fante e Pedra (2008, p. 99) escrevem que as crianas passam por fases/ etapas, e que neste momento os pais e responsveis precisam estar atentos, sabendo levar a relao, no aceitando tudo o que a criana deseja, mas sim colocando limites, caso no se pegue desde o incio, tais comportamentos faro parte de um repertrio violento, agressivo, manipulador. Desejos todas as crianas tm, por vezes pensa-se, porque negar algo que ela queira, a criana se chatear, isso verdade hoje, mas um dia ela agradecer por ter posto limites nela. Caso fizermos todas as vontades das crianas, enquanto filhos, chegar um momento em que ela ser parada, que no faro suas vontades, isto ocorrer na escola, neste momento que provavelmente a criana ser frustrada por no conseguir aquilo que quer, ento, ou ela comea a se isolar, se sentir humilhada / travada e pode comear a sofrer bullying, ou ela pode ficar

23

agressiva por ter sido bloqueado seu desejo, e pode transformar-se em agressor, o que mais provvel. Com isso, salienta-se: O educador deve recorrer muito mais a reciprocidade do que autoridade, que favorece mais do qualquer imposio ou qualquer disciplina exterior, o desenvolvimento da personalidade moral (PIAGET, 1973, p. 79). Na frase de Piaget, salienta-se que ao escrever sobre o eduador, pode-se referir ao pai, a me, o resposvel, que tambm assume este papel. O bullyng ocorre em um ciclo repetitivo, os maus tratos podem vir de algum que foi agredido e vive- versa. muito interessante, pensando neste assunto, um treho do livro de Fante e Pedra (2008, p. 101):O praticante de bullying, em algum momento de sua vida, foi alvo de um tirano, de um bully... Portanto, o bullying acontece dentro de um ciclo repetitivo de abusos e maus tratos, duas faces da mesma moeda em que o indivduo aparece como vtima e agressor ao mesmo tempo. As crianas no nascem praticando bullying. Algum fator no transcurso de seu desenvolvimento colaborou para o surgimento deste tipo de comportamento. Crianas que so vtimas de alguma forma de abuso na primeira infncia, tornam-se inseguras. Sua tendncia poder ser a de se colocar como alvo de bullyies e/ou de submeter outras crianas ao bullying. Reproduzir a vitimizao um esquema de proteo que adotam para lidar com a dor do trauma. Portanto, o bully antes de tudo um indivduo que sofre, que tem medo e muita raiva represada no corao...

Segundo Fante e Pedra (2008, p. 83) uma das pricipais consequncias o estresse. Ressaltam que o estresse responsvel por em mdia 80% das doenas atuais, por conta da resistncia imunolgica estar baixa e dos sintomas psicossomticos. A sade mental tambm fica abalada, pois muitos so os traumas e devido as suas vivncias no meio agressivo poder ter perdas/ prejuizos no desenvolvimento cognitivo, emocional e socioeducacional, e ainda dependendo da estrutura psiquica de cada um, o fenmeno pode gerar ansiedade, medo, raiva, oscilaes de humor, hiperatividade, dficit de ateno, tristeza, retraimento, desejos de vingana, pensamento suicida, entre outros, ainda, devido a estes acontecimento repetitivos pode prejudicar sua capacidade de raciocnio e aprendizagem.

24

Fante (2005, p. 81) escreve que o bullying passou a ser problema de sade pblica, devido aos danos fsico-emocionais, precisando ser reconhecido por profissionais da rea. O bullyng sim um problema de sade pblica, mas tambm da escola, da famlia e da comunidade, infelizmente, podemos perceber que aquilo que parecia uma brincadeirinha, comeou a ter propores muito maiores do que o previsto e isto est acarretando em srias consequncias para os envolvidos, mas, principalmente, para as vtimas. Infelizmente esta uma realidade das escolas, e que os profissionais devem se mobilizar e tentar fazer algo para contribuir com a reduo ou o fim do fenmeno. Estudos em Debarbieux (Blaya e Fante) Guareschi e Silva (2008, p. 64) afimam que as vtimas podem ter transtornos mentais e psicopatologias graves, tentativa de suicdio e/ou consumao do mesmo, bem como homicdio do agressor, geralmente tm consequncias no desenvolvimento fsico, mental e social, e na questo financeira e social. Segundo eles as consequncias vem tambm para os agressores, como a dificuldade de relacionamento em casa, na familia, no mbito social. Para as testemunhas diante do ambiente tenso, tornam-se inseguras e temem ser as prximas vtimas, e ainda, tem o ambiente escolar que sente consequncias tambm diante do bullying, pois os nveis de evaso escolar aumentam, comea haver desrespeito dos alunos pelos professores e atualmente muitos casos ocorrem de porte de arma por alunos em sala de aula. Os autores fazem dois comentrios pertinentes, primeiro que as

consequncias valem para o ciberbullying tambm, que este embora no haja contato fsico to cruel quanto, e o segundo que a evaso nem sempre a soluo, por vezes a vtima j est to insegura, que para onde for ela poder ser vtima, mas principalmente porque o agressor procurar outro alvo, tendo o seu sado da escola. Sobre as consequncias do Bullyng, Guareschi e Silva (2008, p. 17), afirmam que um fenmeno devastador, podendo vir a afetar a auto-estima e a sade mental dos adolescentes, assim como desencadear problemas como anorexia, bulimia, depresso, ansiedade e at mesmo o suicdio.

25

Infelizmente as consequncias so marcantes, v-se a necessidade da identificao precoce de casos de bullying, o que no tarefa fcil, pois quando este passa a ser percebido, todos envolvidos j esto sofrendo com alguma(s) consequncia(s), assim pensa-se, e nenhuma delas benfica, todas vm acarretando em novos problemas, em novas consequncias que viro para devastar com o sossego de quem vtima desta. Pereira segue no mesmo pensamento de Guareschi e Silva, e escreve que as consequncias so para todos os envolvidos, mas as mais severas valem para as vtimas, e elas podem ser de carter extremamente danosas a curto e a longo prazo (2009, p. 62). Diante das leituras realizadas, v-se que realmente um ciclo, onde todos perdem, todos sofrem, mas sem dvida concordo com os autores de que as vtimas so as mais prejudicadas.

2.4 AS LEIS- AINDA RESTAM ESPERANAS

A Constituio Federal de 1988, garante que todos somos iguais perante a lei, sem distino de origem, cor, raa, sexo, idade, e que no so admitidas quaisquer formas de preconceito e discriminao. O Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), dispe de igualdade de ensino para todos, garantindo acesso e permanncia na escola, bem como respeito. Entre outras leis que defendem a questo da discriminao, do preconceito, zelando pela paz entre todos. As leis por completo se encontram disponveis nos anexos. Em 2009, o vereador Mauro Zacher publicou um projeto de lei especfico ao Bullying, neste fala sobre a poltica antibullying, as prticas que o mesmo constitui, no ciberbullying, nos objetivos e nos fins de incentivo para a poltica antibullying. No artigo 4 e o pargrafo nico, recomendam que as instituies de ensino devem fazer histricos de casos ocorridos de agresses, as previdncias tomadas e os resultados obtidos, v-se, este projeto retrata desde o princpio, at as medidas a serem tomadas. O projeto de lei completo encontra-se nos anexos.

26

Passos foram dados, agora nos resta fazer nossa parte para que os objetvos sejam alcanados em campanha antibullying. Como j escrito anteriormente, importante promover palestras e trabalhos inserindo a comunidade, estabelecer regras nas escolas, promover debates a respeito do assunto. Acredita-se que se todos profissionais fizerem sua parte, muito mudar, temse em pensamento que educao d-se em casa, o que considera-se fato, a casa, os ensinamentos dados dentro do lar so as bases de uma boa educao, e esta remove montanhas a favor de quem sabe us-la. Acredita-se muito no papel da escola, no potencial que esta tem em contribuir com a educao, no que seja papel apenas dela, continua-se pensando que a educao dever de casa, mas acredita-se que a escola capaz de contribuir para esta educao, reestruturar se preciso for, e consequentemente leva-se em conta a incumbncia das autoridades, em criao de regras/ leis, na denncia, em formas de punio, em medidas scio educacionais, para a tentativa de diminuio ou preveno do fenmeno, tendo em vista, que seu fim, algo improvvel.

27

3 BULLYING VIRTUAL 3.1 CIBERBULLYING / ABUSO NO CIBERESPAO Segundo Fante e Pedra (2008, p. 63), uma das formas de bullying o virtual que consiste em zoar, discriminar, difamar atravs da internet e do celular, devido ao uso de ferramentas tecnolgicas cada vez mais sofisticadas (cmeras digitais, celulares, filmadoras) e do acesso a internet estar muito facilitado (e este ser um meio de agredir ocultamente/ anonimamente pois valem de nomes falsos, apelidos, ou ainda, podem se passar por outras pessoas), ampliou-se os mtodos de excluso, dando uma nova postura a um mtodo to antigo. Os autores (p. 66) afirmam que o ciberbullying acontece atravs de emails, fotoblogs, msn, orkut, torpedos, blogs, enfim, e como os autores tem o anonimato, eles espalham calunias a respeito da vtma, fotos (geralmente montagens) sem o consentimento da mesma pelo ciberespao ou at pelos corredores do colgio. Os mesmos autores (p. 68) acreditam que qualquer pessoa pode ser vtima deste abuso, mas a pior constatao que fizeram, foi que pessoas no envolvidas com as agreses at certo momento, mas que sejam to quo, sem escrupulos (igual aos agressores reais), podem usar destes materias para pedofilia/ pornografia, colocando-os na internet, e os agressores em sua maioria, so adolescentes. Realmente esta uma forma de agresso to violenta, quanto a prpria agresso fsica, ela fere a alma e a moral da pessoa, por vezes muito pior, pois nem sabe-se com quem est lidando-se, no tem noo de por qual parte vem a agresso, e no sabem como buscar seu direitos, o que fazer, a quem recorrer. Fante e Pedra (2008, p. 69) apontam que falta de orientao tica a respeito do uso de recursos tecnolgicos, falta de limites, insensibilidade, insensatez, comportamentos inconsequentes, dificuldade de empatia e o pensamento de impunidade, ocorre pois sabe-se que est no anonimato, ou ento que as vtimas raramente denunciam, e se o fizerem sero defendidos pelo ECA, por serem menores de idade (caso adolescentes), so motivos para o incio a prtica do ciberbullying.

28

Eles defendem que, por vezes, possivelmente as vtimas reais podem ser os agressores virtuais, um meio de cobrar-se da agresso recebida. E claro, ainda tem aqueles agressores, realmente desligados, no se do conta do que esto fazendo, no imaginam que aquele ato, possa ter consequncias desastrosas, bem como tem os que sabem o que esto fazendo, tem noo do transtorno que esto causando em outrm e mesmo assim fazem propositalmente. Guareschi e Silva (2008, p. 70) tambm escrevem que o aumento dos casos de ciberbullying deu-se devido a invaso tecnolgica na vida das pessoas, e este fator contribui para vida sociocultural e em seguida na vida social dos indivduos, bem como o anonimato e a falta de punio aos agressores virtuais. V-se que realmente difcil indentificar os envolvidos com o ciberbullying, principalmente os agressores, acredita-se que deveriam ser implantados mtodos de acordo com a realidade, procedimentos eficientes para o combate a estes abusos, onde quem comete algo, no fique por isto mesmo, ele deve ser reconhecido e algo tem que acontecer, para que mude esta triste realidade, onde agridem e nada acontece. Em busca de mtodos capazes de auxiliar no descobrimento de possveis agressores virtuais, leu-se uma reportagem de Carpanez, no site da G1(em anexo), que diz o seguinte:Os responsveis por essas aes tm a falsa sensao de anonimato. Mas a internet deixa rastros, e possvel identificar o responsvel pelo ciberbullying, afirmou ao G1 o advogado Renato Opice Blum, especialista em direito digital. Para ele, necessrio que se crie nas escolas uma disciplina sobre como se portar na internet, incluindo nessas aulas os aspectos legais do uso da web.

Silva (2010, p. 125) relembra os tempos antigos, onde no necessitava-se de tanta tecnologia, onde tudo era mais calmo, mas questiona, que provavelmente muitos no trocariam os bens que tem hoje, pela pureza de antigamente, relata que os seres humanos tem capacidade de criar ferramentas poderosas, com isto foram muitos os avanos tecnolgicos, porm, muitos utilizam destes recursos de maneira insensata e sem finalidades ticas. A autora (p. 126) cita a bomba atmica, ou ainda, os meios de comunicao, como computador e internet, so ferramentas poderosas, mas que, infelizmente,

29

muitos jovens utilizam para tranformar a vida de outras, constrangendo, humilhando, enfim. Ela chega dizer que os bullies virtuais, so os verdadeiros covardes mascarados de valentes. Concorda-se com a autora nestes aspectos, entrega-se no sentido de que usa-se e muito a tecnologia, no esta acostumada a ficar sem ela, mas claro, sabese os limites que tem a respeitar, jamais usaria de tais recursos para invadir a vida de outrm, muito menos ferir; usa-se ela a favor, para facilitar o dia a dia, usa-se como recurso estudantil, mas tambm como forma de lazer, porm, infelizmente no so todos que utilizam-a da mesma forma, muitos realmente extrapolam. Silva (2010, p. 133) ainda aborda sobre a dificuldade que as vtimas tm em se abrirem diante de tanta humilhao, que este um fato compreensvel, mas que a falta de denncia, faz crescer a ao dos bullies virtuais, impossibilitando desta forma, a ao de autoridades, estes acabam por no conseguir planejar, quo menos executar polticas pblicas e/ou privadas para a reduo ou melhor, a conteno do fenmeno. Entende-se a dificuldade das vtimas, j que estas j so mais sensveis por natureza, e ainda sofrendo humilhaes, muito complicado desabafar com ntimos, quem dir as autoridades, pessoas estranhas, falar de que est sendo ameaado, colocar mais pblico as suas ofena. Para poder comear a mudar esta realidade, necessrio, que se comecem as denncias, que se consiga por pra fora, tudo o que acontece, para tentar resolver a prpria vida e a de outras vtimas, que passam pela mesma situao; para outros a dificuldade de desabafar, por parecer ser fraco diante dos outros, admitir estar sendo ameaado e no saber o que fazer, quem vtima j est emocionalmente abalado e fica muito difcil recorrer a ajuda e admitir seus anseios em pblico e tornar mais pblico do que j est. Heber e Glatzer (2009, p. 222) acreditam que o fato do ciberbullying ser annimo facilita dos agressores serem mais maus, eles criam coragem de dizer coisas, que pessoalmente no conseguiriam, por vezes chegam a fazer isto no impulso, sem pensar nas possveis consequncias. Segundo os autores, este abuso ocorre mais entre meninas, do que meninos, tendo em vista o enfrentamento, que nem todas suportam, nem todas se tem de coragem para este momento.

30

Diante desta afirmativa, concorda-se a facilidade em dizer coisas mais pesadas, e que muitas meninas usam destes recursos para o enfrentamento (virtual, mas enfrentamento) no relacionamento com outras pessoaos. Falar o que pensa, sem ser identificado agresso. E est muito presente em nossa realidade, e a falta de denncia gera cada vez mais conflitos, mais agresses, e consequentemente mais vtimas. Para encontrar respostas mais concretas, que fizessem enterder melhor este transtorno, procurou-se auxlio de uma profissional da rea, com a qual conversouse, e ela sanou as curiosidades. Conforme Renata Lessa Sampaio mais complexo do que pode-se imaginar:Envolve o uso de informao e tecnologias e esta cada vez se tornando mais popular, por intensificar na vtima sensao de que no h sada, ela se torna muito mais dolorosa e destrutiva do que as outras formas de intimidao, tendo consequncias muito mais devastadoras. Com certeza quem pratica o ciberbullying esta passando por algum problema ou pode ter algum transtorno de carter, sendo que cada caso deve ser avaliado, a histria pregressa do autor, familiar, enfim se h motivos para ele cometer tal "delito" ou no. Como no bullying, os autores do ciberbullying, tambm apresentam algumas possveis causas que podem fazer as pessoas a serem autoras, como as influncias fsicas, como as preferncias inatas, os fatores biolgicos, o temperamento, ou as influncias sociais, como as preferncias aprendidas, ou seja, alm das preferncias inatas, as crianas tambm aprendem preferncias com suas famlias e com a sociedade. A confiana com sua prpria superioridade, violncia e agresso, preconceito, inveja, medo, vingana, egocentrismo, ambiente familiar ruim, baixa auto-estima, desejo por controle e poder, falta de valores, enfim, tudo que seja vivenciado de uma forma que ele no saiba suportar. E, certamente estas pessoas necessitam de ajuda psicolgica ou psiquitrica, para poder reverter tal situao, mas se for transtorno de carter a coisa vai por outro caminho. (Renata, graduada em psicologia e pedagogia, ps-graduada em psicopedagogia e psicologia organizacional e cursa mestrado em educao. Ela que apresenta e organiza seminrios a cerca do assunto, cedeu entrevista ao jornal O Lourenciano (que encontra-se em anexo), e foi muito receptiva, ao esclarecer questes relacionadas ao bullying e ciberbullying).

Na complexidade do fenmeno cada vez mais necessrio o entendimento a cerca do assunto. Em casos da prtica do ciberbullying cabe aos responsveis pelas crianas em formao uma liberdade vigiada na certeza de que as atitudes dos jovens possam ser permeadas pela responsabilidade e pela prtica de valores que viabilizem a cidadania.

31

3.2 TIPOS DE CIBERABUSOS Segundo Haber e Glatzer (2009, p. 222), existem vrios tipos de abusos existentes por meio das tecnologias. Os mais utilizados so: a) pginas da internet criadas para perturbar: com as facilidades ofertadas pela internet, muito fcil criar um site, claro esta facilidade foi pensada para ajudar as pessoas, mas muitos as usam de forma incorreta, sem tica; b) fazer-se passar por algum: o agressor tenta se passar por outro, pode ser algum conhecido de turma, ou no, o que acontece que ou este agressor conseguiu invadir a conta de outro e por isso se faz passar por ele, ou cria uma nova conta usando do nome do outro; c) grupos de intrigas: so blogues, emails e outros espaos como myspace/ orkut, enfim, onde criam comunidades ou mensagens com humilhaes do alvo, vrios agrupam-se para caluniar a vtima; d) publicao de vdeos e fotografias: so gravaes feitas com o uso da tecnologia, alguns gravam e depois colocam na internet, dois exemplos so o You Tube e o orkut, que pode-se colocar qualquer gravao em rede, assim fica de livre acesso para quem quiser ver, tambm pode acontecer da vtima fazer uma gravao de si prpria, mas esta chega em mos dos agressores, eles fazem montagens e depois colocam na internet, com o intuito de ridicularizar a vtima, de humilh-la; e) bullying direto: quando o bulli entra em contato direto a vtima, por meio on line, manda email, torpedo, enfim, pode ser fictcio, mas o intuito maior o de amedrontar e humilhar quem os recebe; f) inscries indesejadas: o abusador tendo o contato da vtima, pode increv-lo para receber vrios tipos de emails, com contedos no propcios a idade, so maneiras de provocar as vtimas de ciberbullying. Quaisquer das situaes acima, o transtorno terrvel, as consequncias so to graves ou mais graves quanto de uma agresso corporal, o fato de ser humilhado e ridicularizado diante de todos, e das constantes ameaas, doloroso para a vtima, dificilmente ela sair ilesa desta histria.

32

Virtualmente agredidas, as vitimas podero viver a humilhao em silncio, o que poder gerar, no caso de adolescentes, impedimento do pleno desenvolvimento da personalidadee, em adultos um constrangimento aterrorizante porque o desconhecimento do agressor impede a defesa do agredido. Infelizmente, no h uma legislao que evite este transtorno, o que pode ser feito, a denncia, mas so necessrias provas que apontem estar sendo vitimizado, bem como de quem o agressor. Nos Estados Unidos, criaram uma lei de punio as agresses na escola, e em So Paulo a assemblia aprovou uma lei de combate ao bullying escolar, mas que precisa ser sancionada pelo governador. A base para a iniciativa desta lei, foi a ameaa de um aluno, que se diz vtima, contra a escola. Ele sofreu medidas scio educativas, estas medidas variam de acompanhamento teraputico liberdade assistida (BASSETE, site G1, 2007/ 2008). A matria completa est disponvel nos anexos. 3.3 ENTENDENDO E CONTROLANDO O ESPAO VIRTUAL Silva (2010, p. 129) defende que no existe um perfil de vtima especfico, que qualquer pessoa pode ter seu email invadido, ou ainda ter montagens suas espalhadas pelo mundo virtual, j os agressores, ou os praticantes de ciberbullying, como a autora chama (p. 130) so difceis de ser identificados, uma vez que existe muito a questo do anonimato, e raras so as denncias para este tipo de agresso. Ela advoga que a postura de no denunciar, alimenta a realidade covarde que o ciberbullying. O que pode-se fazer para prevenir esta prtica violenta? Haber e Glatzer (2009, p. 228) indicam em seu livro, um texto cujo ttulo Um quilo de preveno, sobre o uso de computadores prprios desde a infncia sugerindo que os pais verifiquem o contato que tem com seus filhos. Para tanto necessrio ter em mente alguns fatores, por exemplo: como a criana se relaciona com os pais, ela sempre sincera, caso sim, no h problemas previstos, caso a criana no seja to honesta assim, melhor que esta no tenha acesso em lugares privados, para que no se corra o risco, do mesmo modo se os pais no tiverem este tempo para dialogar com os filhos, sempre explicar as crianas de que no devem fornecer dados pessoais a ningum, muito menos deixar exposto

33

tais dados, sempre alert-los aos perigos das conversases e dos riscos de humilhaes. Pensa-se que no se tem tanto a fazer, pois tambm no podemos privar as crianas do mundo social, mas acredita-se em um fator fundamental, o dom da palavra, conversas, explicar bem os pontos positivos, os negativos, o que se deve cuidar, o que oferecer e o que no oferecer em hiptese alguma, enfim, alertar bem a criana do risco que se corre, para que esteja preparada diferentes situaes e que se abra com seu responsvel diante de qualquer fato que possa vir a ocorrer. Neste sentido a escola apresenta um papel fundamental neste processo, a prtica de conversas, debates, a cerca dos cuidados que se deve ter, levar

profissionais para explicarem o uso da internet saudvel e vivenciar isto no laboratrio da escola, caso tenha. Todos precisam saber que os recursos tecnolgicos devem ser usados de maneira responsvel e que o desrespeito passvel de punio, bem como, preparar a todos, para em caso de serem vtimas destes abusos, que devem denunciar. Fante e Pedra (2008, p. 72) mostram que segundo a lei, pode-se a acusao de injria, calnia e difamao, e que a vtima deve reunir provas (salvar e imprimir os contedos recebidos, como email, por exemplo, ou que esteja a disposio de todos, contedos de sites, por exemplo), aps registrar em cartrio e fazer declarao de f pblica, aps prestar queixa em delegacia de polcia, ou procurar a promotoria de infncia e juventude, aps contatar o prestador de servio da internet para a retirada do material, importante um acompanhamento psicolgico em determinados casos, e as provas valem de arquivos on line. Fante e Pedra (2008, p. 70) relatam que o principal mtodo para interromper este ato agressivo a denncia, claro, eles alertam para a preveno, que a maneira mais fcil, se nem acontecer, mas caso venha, o melhor denunciar, outra questo sempre dialogar, e importante estabelecer regras quanto ao uso do computador, como o tempo disponvel, sites a qual pode acessar, sempre observar a reao da criana diante da tela, antes e depois, enfim. Segundo Haber e Glatzer (2009, p. 229) tem que observar os dois lados, importante cuidar para que a criana no esteja sendo ameaada, mas tambm importante ver se ela no est amaeaando. Os mesmos autores citam o que os

34

responsveis devem fazer para tentar prevenir ou identificar se o filho esta envolvido em agresses virtuais: a) bisbilhotar: como eles mesmos escrevem, no sair por a lendo todos emails e mensagens, isto at falta de respeito, invaso de privacidade, e ao invs de ajudar, somente atrapalha a relao entre ambos, mas conferir se tem email suspeito, ou algum remetente desconhecido. importante ter em mente o que realmente quer procurar, neste caso se o filho est envolvido em crculo de agresso, ento outros assuntos pessoais no devem ser invadidos, e no se deve retirar o computador caso a criana esteja sofrendo algo, pois isto e bem como outras atitudes impensadas s serviro para o envolvido se retrair e no contar nada; b) questionar: de acordo com a idade da criana, pode-se question-la a cerca de suas conversas, de seu mundo virtual, como por exemplo, como a criana costuma passar o tempo no computador, que sites costuma visitar, se tem blogues, perfis, com que nome aparece, se a criana permitir mostrar o perfil, com quem costuma se comunicar, por vezes aparece algum desconhecido enviando-lhe algo, se sabe como bloquear pessoas indesejadas, se fornece informaes pessoais, se conhece o ciberbullying/ ciberabuso, j participou de de ciberabuso, j presenciou, perguntar se j forneceu suas senhas a algum, se j recebeu email ou mensagens ameaadoras, pedir para ver a lista de contatos dizer quem cada pessoa da lista, e dizer que qualquer coisa que precisar, pode contar com seu apoio; c) contratos para utilizao de computadores: so regras pr-estabelecidas com a criana, pode-se pedir para que ela assine o contrato com o dia que foi assinado, mas os pais tambm no podem bisbilhotar sem uma razo para isto; d) sites de redes sociais e blogues: questionar se a criana j tem algo publicado na internet, no motivo para preocupao, no entanto, sempre lembrar de no fornecer informaes pessoais, no colocar contedos seus, como fotos, vdeos ou outros que possam vir a ser usados contra si prprio depois;

35

e) bloquear abusadores: geralmente as crianas no esto preparadas para responder a altura, o mais correto neste caso, bloquear de imediato, o abusador acaba por desistir, pois ver que ele nem se importou com a ameaa recebida, respostas mesmo que ignorativas, por vezes encorajam o abusador a continuar, pois viu que a vtima no gostou; f) descobrir ciberabusadores: ento os autores citam maneiras de descobrilos: pesquisando-se a si prprio no google, como forma de ver se seu nome est envolvido em algo, reenviar os email ao fornecedor de email do abusador, visitar o site fornecedor e procurar pistas do abusador, contactar o site, a empresa de alojamento do site, so formas de procurar por pistas de quem possa ser o possvel agressor, bem como, uma maneira de tentar remover determinados contedos agressivos contra a criana, importante notificar a escola do que est acontecendo. Diante dos fatos toda a preveno pouca, e que realmente melhor prevenir do que remediar, como j diz o velho ditado, mas que necessrio estar atento, controlando possveis ataques ofensivos contra a criana, porm estas dicas so para os pais, j para os professores, o melhor o aconselhamento, como no tem-se como vigiar os alunos no ciberespao o tempo todo, opina-se fornecer determinadas informaes na tentativa de conscientiz-los. A seguir, mostra-se a importncia de prevenir, apontando as consequncias do bullying virtual, que so to cruis, quanto o bullying real. Fante e Pedra (2008, p. 71) apontam as consequncias do ciberbullying na vida das vtimas, eles relatam que a auto-estima rebaixada, a vtima comea a ter dvidas quanto a si prpria, assim comprometendo a formao de identidade e a socializao tambm fica comprometida, tendo em vista, que a vtima no reconhece seus agressores e para ela, neste momento todos so suspeitos, muitas vtimas se isolam ou comeam a faltar as aulas com frequncia, quando no trocam de escola, como meio de fugir das gozaes, mas carregando a dor consigo. No mais as consequncias so como a de qualquer outro caso de bullying, porm a vtima sente-se muito mais impotente do que nos outros casos, pois ela nem sequer conhece seus agressores, os autores escrevem que o ciberbullying pode levar ao suicdio, bem como Harber e Glatzer (2009, p. 227) confirmam.

36

Concorda-se com o ponto de vista dos autores, realmente a agresso to grave quanto o bullying, quanto quaisquer tipo de agresso e apesar da vtima ser impotente conhecendo seus agressores, ao menos ela os reconhece, e sabe de onde viro as ameaas, mas agora sem saber quem esta agredindo, todos passam a ser suspeitos e as consequncis acabam sendo maiores. Haber e Glatzer (2009, p. 246) indicam que estamos em um mundo ciberntico, e que errado privar a criana de tal tecnologia, diante dos computadores, crianas tmidas e que sofram agresses podem buscar ajuda, entrando em comunidades e desabafando com outras vtimas, que passam ou passaram pelo mesmo sofrimento, pode usar como meio de aprendizagem, o que importante estabelecer so dilogos, o responsvel se fazer presente para qualquer situao, sempre estando alerta a possveis agressores em seu meio virtual, sem medos, sem pnicos, alertar-se e procurar ajudar sempre que a criana precisar. E a escola, segundo Fante e Pedra (2008, p. 71), deve orientar aos alunos sobre o uso responsvel e tico das tecnologias, falar sobre consequncias do mau uso tanto para quem esto provocando, quanto para si que pratica, de no fornecer quaisquer informaes pessoais aos amigos virtuais, bom alertar para os crimes virtuais e as consequncias judiciais que podem vir a sofrer caso se envolvam neste tipo de violncia, bem como importante informar aos pais sobre as novas formas de ataque, para que estes tambm faam sua parte na preveno, em casa. A virtualidade se faz muito presente nas vidas, e ela muito til, tem os pontos negativos, mas ela feita em sua maioridade para ajudar, mesmo que a violncia se encontre deste modo, no pensa-se ser certo privar as crianas de entrarem neste espao, mas sim dialogar responsavelmente e fazer com que a mesma use este meio de forma consciente e tica, para apenas tirar deste recurso coisas boas, vantagens para si, para sua vida. interessante sempre dialogar, falar dos riscos que se corre em rede, falar do tipo de violncia que anda percorrendo pelo caminho tecnolgico, e sempre lembrar das consequncias traumticas para quem sofre, quanto das judiciais para quem pratica, caso seja denunciado e deixar claro, que em qualquer circunstncia podes ter o aconchego dos responsveis, ter a liberdade em abrir-se e desabafar, a

37

cerca do que esta acontecendo e que juntos acharo uma melhor alternativa de contornar a situao.

38

4 REUNINDO AS DIFERENAS 4.1 COMPETIES DURANTE AS ATIVIDADESA competio parece ser o que une as atividades escolares, um elemento utilizado como motivador fundamental para seduzir as crianas a um desempenho.

Inicia-se o captulo com a frase de Beaudoin e Taylor (2006, p. 30) no sentido de evidenciar que a competio algo real nas escolas e, principalmente nas falas dos professores que ao longo do dia-a-dia escolar emitem palavras de cunho competitivos que podem implicar em consequncias inimaginveis nas vidas dos estudantes. As autoras relatam que competies do mais entusiasmo a determinadas atividades, mas tambm promovem algumas consequncias, como:Os alunos concentram-se em si mesmos e no na comunidade; Os alunos sentem que o fim justifica os meios; Compartilhar e cooperar com os outros so opes que se tornam menos atrativas; Aumenta a probabilidade de conflitos e de comentrios mordazes. Cresce o desinteresse e o aborrecimento com as atividades menos intensas, no competitivas; Nos alunos, a percepo do eu movida pela conquista de status ou pelo ganho material, pelas preferncias, pelos valores e pela motivao/ satisfao intrnsecas; A crtica e a avaliao de si mesmos e dos outros infiltram-se em suas experincias; A falta de vnculos distorce a interao com os outros, que so vistos como competidores. Beaudoin e Taylor (2006, p. 30).

As autoras lembram que a competio um convite a problemas para os alunos que esto inseguros, pelo fato de o estresse e a frustrao serem inevitveis, isto na maioria das vezes ocorre pois aqueles que tem dvidas em relao a sua auto-estima, querem a competio para provar que ela est alta, mas ao perder, eles mesmos comeam ter dvidas em relao a isto e passam a sentir-se fracassados, perdedores. Pensa-se que a competio no leva a lugar algum, importante respeitarem as regras, bem como, importante ter a consciencia de que horas se ganha, mas horas se perde, mas quando trata-se de lidarmos com seres que j esto passando por conflitos emocionais, tudo fica mais difcil, so vidas, e pequenos atos fazem grandes diferenas, pode at parecer bobo, mas os resultados tem grande influncia na vida das crianas.

39

Infelizmente, o que a mdia e o mundo oferecem/ incentivam, a competio, mas a escola tem poder suficiente de mudar esta realidade (pelo menos no perodo em que a criana se encontra dentro deste espao), o ideal seria que estabelecessem regras na escola, incentivndo ao ldico, a participao e excluindo a competio, isto de incio, ento com muito dilogo, fazer entender que todos em algum momento perdem, bem como ganham, mas que no isto que vai interferir na pessoa que cada um , conforme nota-se a turma mais madura para entender, pode-se acrescentar algumas brincadeiras competitivas, mas sempre dentro dos limites. Segundo Shapiro e Jankowski (2008, p. 246) no jogo devem-se haver opes, criar, e que todos so livres para aceitar, recusar ou modificar tais condies, Jankowski, escreve: melhor ter opes e no precisar delas do que precisar e no ter. Atribui-se esta leitura principalmente na prtica do professor, criar regras de acordo com a turma, observar a todos por diferentes ngulos e ver o que melhor se enquadra a eles. Os autores seguem (p. 31) lembrando que tambm, por vezes, difcil convencer para novas opes, quem est em vantagem ou est tirando proveito de outrm, no aceitar as novidades, isto porque lida-se com seres difceis, mas eles dizem, que antes de impor, devemos nos colocar no lugar do outro, bem como mostrar nosso ponto de vista. O importante que aja a comunicao, para que o outro comece a entrar no ritmo, e tambm no chegar estabelecendo e fazendo com que aceitem as regras impostas, mas fazer com que tenha participao mtua, questionar aos demais, sobre o que pensam ser melhor, como fariam se pudessem escolher, mas e se fizessem assim, sempre questionando, mas introduzindo regras aos poucos, levando-os a pensar, e se mesmo assim o outro no concordar, questionar o porque no, ao contrrio de querer encerrar logo o assunto, deve-se ir incentivando, para que se estabelea a comunicao entre todos, cada qual vendo seu ponto de vista. Neste caso, v-se que bater de frente e querer impor tudo, s faz comprar confuso e no atinge o objetivo, j se discutir e avaliar todas as propostas, se deixar que todos opinem e coloquem seus pontos de vista, ser possvel entrar em

40

um concenso, e ter uma grande chance de melhorar para todos, se todos ficam contentes, o ambiente j comea a mudar, ao menos o que sempre se espera. Mas, e quando a conversa no funciona, segundo Shapiro e Jankowski (2008, p. 258) tem aqueles que fazem tudo por puro prazer, mal ouvem as propostas, nada aceitam, e enquanto seres humanos, fica-se sem pacincia, mas deste modo nada ser resolvido, apenas agravar ainda mais a situo, o plano parece quase infalvel, mas infelizmente, o que eles querem estar do contra, preciso saber lidar com cada situao, conseguir virar as costas e deixar as coisas como esto, para que no se agrave ainda mais o problema (p. 265). Os autores defendem que esta ttica permite parar a situao por um tempo, mas tambm possibilita de caso ela precisar ser reavaliada, estar em aberto para novos conceitos, ao deixar esta fresta permitido encontrar o outro e tentar mudar a cena, se fugir do controle, talvez no tenha mais volta, no haver chance de reconciliao, de arrumao. Ento, pensa-se em tentar mudar as atitudes, importante saber parar, e se preciso contar at dez, cem, sei l..., no importa, mas vale ter o controle em mos e tentar dar uma direo de paz a todos. Beaudoin e Taylor (2006, p. 32) escrevem que regras em demasia sufocam, e levam ao desrespeito as mesmas, que o melhor colocar as regras significativas. Diante desta afirmativa, v-se a coincidcia entre a escrita das autoras com a de Shapiro e Jankowski, e concorda-se, no valem muitas regras e nenhuma cumprida, o melhor ter poucas, mas de qualidade e respeitadas.

4.2 CONTROLANDO AS EMOESNunca duvide que um grupinho de pessoas inteligentes e comprometidas possa transformar o mundo. Alis, a nica coisa que sempre transformou.

Inicia-se este captulo com a frase de Margaret Mead ( apud MIDDELTONMOZ e ZAWADSKI, 2007, p. 135), com o intuito de enfatizar que nem sempre o bullying ocorre de forma explicita. Na silenciosidade de sua ocorrncia as consequncias so destruidoras.

41

As autoras defendem a necessidade de conseguir um grupo destes, capaz de transformar o mundo em que vive-se, mas que infelizmente est to propenso ao bullying. So jovens cometendo suicdios, a crescente agressividade entre crianas em idade pr escolar, violncia domstica, tiroteio nas escolas, enfim, as consequncias do bullying so assustadoras. Concorda-se com a frase de Margaret, e pensa-se ser o nico meio de encontar solues, se pessoas de bem, inteligentes e comprometidas derem-se as mos em prol disto. Necessita-se tambm de polticas pblicas preocupadas em prevenir, e se cada um fizer sua parte, obteremos xitos, mas para isto deve-se haver inicialmente a conscientizao, sem conhecimento a cerca do assunto, nem os pais, nem as professora, nem ningum conseguir fazer qualquer coisa, por isso a importncia de capacitar e preparar os envolvidos para este processo. A violncia est crescendo constantemente, e medidas pecisam ser tomadas, o que antes era visto entre adultos, passou a acontecer entre os jovens, e j passou para os adolescentes, e atualmente, ocorre entre os pr escolares. Crianas pequenas, j comeam a usar de violncia para resolverem seus conflitos, j sofrem com a realidade, sentem-se frgeis e no conseguem reagir, esta uma triste realidade. Em entrevistas com estudantes, Middelton-Moz e Zawadski (2007, p. 137) perceberam que as crianas esto sentindo-se solitrias, elas abordam respostas obtidas entre crianas, a respeito de uma pergunta (o que elas mais queriam dos adultos presentes em sua vida no novo milnio?), as crianas esto pedindo, elas esto cobrando companhia, sentem-se ss, com medo, inseguras, desprotegidas, elas precisam de modelos a recorrer, elas necessitam de responsveis que lhes ensinem valores, que transmitam responsabilidade e no violncia. A falta deste acolhimento, faz com que a criana comece a procurar sua prpria familia, incluindo-se em comunidades, muitas vezes de outros iguais a si, ou que j tenha mais vivncia e mostre o verdadeiro mundo da agressividade, e este passa a ser o seu modo de vida, utilizando de violncia para se manter, para obter o que quiser, muitos bullies disseram que cresceram em ambientes violentos, abandonados, sem valores e limites. Toda criana precisa de pessoas que ofeream

42

apoio, limites, que os entenda e que coloque valores saudveis, formando assim, geralmente, o bom carter. Como escrito em outro momento, a educao comea no primeiro ambiente que a criana tem contato, compete aos responsveis transmitir os conhecimentos de vida, dar ateno e estimular para o caminho do bem. Beaudoun e Taylor (2006, p. 102) escrevem que voc quem os outros enxergam em voc, por vezes os comportamentos agressivos so justificados diante de crticas, por vezes, de tanto apontarem seus atos, o ser comea a pensar que daquele jeito e no tem outra opo, e acaba por levar comportamentos para sua vida e invadindo a vida de outros. As autoras aconselham que se elogie a cada progresso, ficar s criticando e apontando as falhas, fazem com que o ser internalize-as e acredita ser assim, mas quando so elogiados sua auto-estima se eleva, e ento passa a ver que tambm tem qualidades que agradam aos outros. Por vezes, enquanto educadores nem d-se conta do modo como lida com os alunos, bem como os pais com seus filhos, se estes fazem algo correto, olha-se, mas no d-se importncia, tem aqueles que chegam a pensar que no fazem mais do que a obrigao, mas se fizer algo errado, aponta-lhe o dedo, acusa, xinga, e continua no explicando o que esta incorreto, e a criana carrega para si, cada vez mais se distancia e no acredita em si mesmo. Em uma palestra assistida, h um tempo atrs, ouviu-se que quando uma criana entra em tratamento psicolgico, no basta ela ser tratada, mas todos a sua volta devem entrar juntos nesta, e qual no foi a surpresa, ao ler Beaudoin e Taylor (2006, p. 187) elas relatam a histria de um menino, que enfrenta problemas em sala de aula, mas neste momento que d-se o desfecho principal, no ponto de vista, aps vrias tentativas e nada funcionava, comeou-se a tratar os familiares tambm, mas do mesmo modo, ele continuava a sofrer no ambiente escolar, ele acreditava que era aquilo que diziam ser, cansado de tantas reclamaes, que interiorizava tudo e os resultados no vinham, ento foi quando optaram em tratar a comunidade tambm, professores, funcionrios, alunos e pais de alunos.

43

Foi-lhe ento estimulado o lado pessoal, de acreditar em si, e de trabalhar com este menino e a cada dia foi questionando as suas superaes e elogiando a cada novo passo dado. Este um passo muito bem dado, trabalha-se com o problema, envolve todos no processo, oportuniza momentos de aprendizagem mtua, onde uns ajudam outros, e sempre elogiar os avanos, so modos de tentar por um fim nestas atitudes. Realizar dinmicas em sala, tambm uma boa maneira, onde alerta os alunos, para o quo ruim passar por esta prtica e quo bom ser elogiado, ter amigos, enfim. Para finalizar, enfatiza-se a importncia do auto controle, que cada um deve ter a cerca de si prprio, primeiro lembra-se que no caso do menino citado acima, ele aceitou bem ao tratamento e j sentia-se incomodado por estar excludo, ento aceitou ajuda. Shapiro e Jankowski (2008, p. 26) escrevem que se no controlar as emoes, elas iro controlar-lhes, em casos onde se recebe alguma provocao, de imediato, se quer responder a altura, mas reagir, quase sempre, o sinnimo de perder o controle, com isto tornam-se agressivos e no permite-se aprender com a situao, no permiti-se crescer. Ao invs disto, neutrlize as emoes, manter-se calmo, tranquilo, preparado para ouvir insultos e para no coresponder, para no entrar na mesma linha dele. O que vale pensar agora em acalmar-se, j sabe-se que todos tem papel fundamental no processo, e que a sada todos caminharem juntos, em direo a paz, claro, este no um passo inicial, para quem quer se livrar das agresses, mas que pode ser adotado junto ao tratamento que estiver fazendo.

4.3 BULLIES SE RELACIONAM, BULLIES BRINCAM

Beaudoin e Taylor (2006, p. 35) defendem que atualmente, cada vez mais cedo as crianas precisam estar aprendendo algo, isto insatisfaz tanto alguns professores, que acabam sem entender para que a pressa em fazer com que aprendam cada vez mais rpido e as crianas, que desde muito cedo j esto saturadas da escola.

44

As

crianas esto comeando a frequentar a escola muito cedo, logo

comeam com suas responsabilidades, e com isto alguns assuntos vo se adiantando, mas o que os outros no percebem que a criana est deixando de cumprir seu papel muito cedo, papel de ser criana. Brincar no mais a tarefa principal, agora elas j tem responsabilidades a cumprirem, no incio at podem achar legal, mas muito cedo podero comear a no querer mais frequentar a escola, elas j estaro esgotadas de todos dias, trabalhos e trabalhos e quando chegar a hora de realmente levar a srio, elas estaro cansadas e desmotivadas, querendo recuperar o tempo perdido ou quem sabe recorrendo a agresso, como meio de esgotar suas frustraes. Pensa-se tambm que muito a escola esta envolvida tambm neste processo, pois se as aulas fossem mais motivacionais, respeitando os limites que cada criana tem, muito j as pouparia e aconteceria no tempo certo. Diante da leitura feita, Beaudoin e Taylor (2006, p. 119) destacam algumas atitudes que vo ao encontro a proposta do respeito em sala de aula, so elas: o vnculo, a apreciao, a colaborao, a auto reflexo, a comunidade, a diversidade e o respeito, e ainda o professor neste processo deve livrar-se do adultismo, estas so idias que devem se fazer presente na tentativa de levar o respeito para detro de nossa realidade. O vnculo fundamental para aquisio da confiana, segurana, dentro do espao que convive-se, apreciar, comentar, no basta perceber que fulano fez algo bem feito, deve-se elogi-lo pelo feito, deve-se apreci-lo, colaborar uma das palavras mais importantes quando se trata de respeito, pois mostra que importa-se com o outro e contribui-se para que de certo, o que se planejou. importante cada um refletir a cerca de suas atitudes, fazendo uma auto avaliao do certo e do errado, todas estas propostas seguem dentro de uma comunidade, e deve-se ter em mente que a diversidade se faz presente em todos os lugares, o respeito e a incluso devem ser constantes entre todos, bem como a relao adulto/ criana, cada parte deve saber seu lugar e respeitar o limite do outro, aps esta breve discurso, concorda-se com o ponto de vista das autoras em relao a busca pelo respeito, e pensa-se que esta uma busca que deve ser de todos os envolvidos com a educao.

45

Alm destas idias, interessante o mtodo utilizado pelas autoras (2006, p. 109), elas lanam um captulo escutando as vozes dos alunos. Ao ouvir as vozes deles, entra-se em contato com suas histrias e, assim, compreendendo-os com mais clareza. necessrio tomar atitudes e pesquisar, mas antes de tudo precisa-se ouvir o que eles tem a dizer, conhece-los melhor, e diferentemente dos outros autores, sem minimizar quaisquer, elas saram um pouco da teoria e colocaram frases ditas pelos alunos, trabalharam diretamente a realidade em que esto, podendo esclarecer muitos pontos ainda obscuros. Middelton-Moz e Zawadski (2007, p. 78), apontam que o bullying se faz presente, nas ruas, onde muitos de classe um pouco mais elevadas, pensam que no existe, mas a realidade que muito j ocorreu em escolas rurais e de casse mdia e alta, tambm, dismistificando tal iluso, o bullying no escolhe classe social, racial, ele existe e esta dentre todos. Segundo as autoras, na escola (2007, p. 79) recebe-se alunos com trs tipos diferentes de educao recebida em casa, so elas: a) a criana que foi bem preparada, bem estimulada, que aprendeu a reconhecer erros, e as consequncias para seus atos, so crianas que tiveram/ tem apoio, se sentem seguras e equilibradas emocionalmente, provavelmente tero sucesso na vida escolar, no se envolvem com certos atos (neste caso o bullying); b) a criana despreparada para se defender, sempre foi super protegida, no foi preparada para o mundo, ela sente-se insegura diante do novo, no sabe como reagir, no sabe quando vai agradar ou quando estar fazendo algo errado, teme as punies, pois no foi ensinada as consequncias, nem o certo e o errado, provavelmente sero as vtimas dentro do espao escolar; c) e ainda, tem aquela criana que no recebeu limite algum de casa, sentem-se maioes que os prprios adultos, querem buscar segurana, e acabam fazendo isto por meio da agressividade, so os agressores que querem vitimar seus colegas ou at mesmo seus professores. Precisa-se de uma educao de valores desde casa, no sentido de ensinar a fazer o que certo e entender que certas coisas/aes so erradas, pois assim

46

mostra-se que tudo tem consequncia. de suma importncia o dilogo, pois alm de orientar, prepara a criana para a vida em sociedade. Pensa-se que a educao vem de casa, e a mesma pode determinar a personalidade que o indivduo apresentar em suas relaes.

47

5 PUNIO A SADA? COMO RESOLVER DETERMINADOS CASOS 5.1 UM PROBLEMA DE TODOS E EST EM TODOS OS LUGARES Acredita-se que o bullying no ocorre em todas as instncias da sociedade, mas na maioria. Ele um problema grave que ocorre cada vez com maior

constncia e precisa-se ter em mente que necessrio uma unidade educacional a fim de resolv-lo da melhor maneira possvel. Muitos pensam que dentro da escola, o bullying ocorre somente no recreio, puro engano, Haber e Glatzer (2009, p. 19), escrevem que o abuso no um problema s deste momento, eles trazem consigo a alegria de ver que j se esto levando a srio o bullying, mas sentem-se infelizes, que para este acontecimento foram necessrias muitas tragdias, e que atualmente o que mais pode-se fazer para ajudar a vtima transmitir segurana a ela. Segundo os autores, segurana o que mais precisam, crianas no sabem se defender, esta histria de que no deve-se se importar com briguinhas, no existe, criana se importa, se ofende e ensinar a revidar no a soluo, ento transmitir segurana a melhor sada. Os autores Haber e Glatzer (2009, p. 117) ainda escrevem dos abusos dentro da escola, no desporto e no lazer/ frias, dentro da escola sempre tem casos, por mais que o diretor venha dizer o contrrio, segundo os autores onde h crianas, h abusos, para tanto importante trabalhar desde cedo condutas a serem tomadas, tanto preventivas, quanto se o caso j estiver acontecendo, como os autores mostram (HABER e GLATZER, 2009, p. 122). Certas maneiras podem ser trabalhadas diretamente com as crianas, estimulando-as a resolverem seus conflitos, mas isto depende da criana e do conflito, o mais importante que preste-se ateno e tome-se alguma atitude, pois d para imaginar algum tentando aprender lgebra e estando sendo vitimizado ao mesmo momento? V-se que no s lgebra, mas qualquer novo que precise para a vida, a criana j est abalada, como vai se concentrar em outra coisa, se a vitimizao ocupa tanto sua vida? Por isso v-se a importncia do dilogo, para que a criana se sinta segura, protegida, com espao para desabafar e juntos poderem tomar providncias.

48

Haber e Glatzer (2009, p. 159) afirmam que no desporto no deixam de ocorrer os problemas, mesmo parecendo construtivo, e construtiva a participao das crianas em modalidades desportivas, o abuso se faz presente, constantemente as crianas lutam pelo poder, necessitam ganhar, para sentirem-se vitoriosos, os autores chegam a classificar o desporto em duas modalidades: jogo limpo e jogo sujo, o primeiro so comportamentos adequados e bom esprito desportivo e o segundo abusos e comportamentos inadequados, e que na linha desportiva, est muito prximo o jogo, da competio, para a agresso. Haber e Glatzer apresentam trs tabelas (2009, p. 161-163) que abordam o abuso no desporto, a primeira tabela refere-se aos abusos fsicos, a segunda aos abusos relacionais e a terceira aos abusos verbais. Para cada tipo de abuso, eles classificam em agresso branda, moderada ou grave, ento como exemplos cita-se alguns destes abusos, conforme os autores: a) abuso fsico- Brando: cabeadas, toalhadas, atirar objetos em outrm, roubar (roupas, equipamentos). Moderado: pregar rasteiras, atirar a bola contra outrm com a inteno de magoar. Grave: estragar, destruir propriedade, violncia fsica para infligir dor; b) abuso relacional- Brando: provocar um indivduo, comentrios crticos, criar intrigas, olhares maldosos e isolamento. Moderado: excluso por mais de uma vez, envergonhar outrm em pblico, ameaar a revelar assuntos pessoais. Grave: calnias, isolamento de um jogador na equipe, ou at afastamento do mesmo, utilizao da internet para quaiquer destes casos; e c) abuso verbal- Brando: crticas durantes as brincadeiras, apreciadores de insultos verbais. Moderado: ameaas verbais de agresso contra o indivduo, chamar de nomes com intena de magoar outrm, ridicularizar. Grave: ameaas verbais e infrao pos danos corporais, utilizao da internet para quaiquer dos casos. Quaisquer seja o tipo de violncia, importante estar atento para saber que medidas tomar, para entender quem est sendo vtima e quem est sendo agressor, para evitar que possveis consequncias venham ocorrer, e mesmo que parea ser uma agresso branda, esta traz consequncias tambm, e inclusive deve-se cuidar

49

para que no passe para uma mais severa, pois os agressores tendem a comear devagar e aos poucos vo aumentando a intensidade das agresses, por isso devese ter o mximo de ateno, a final lida-se com vidas. E no campo de frias, os mesmos autores (p. 190) mostram que todo o lazer, pode virar um pesadelo para alguns, tendo em vista que na escola, o bullying ocorre em qualquer parte, mas principalmente no recreio, e as frias, como se fossem um recreio gigante, com muito tempo para ser agressor e ser vtima. Concorda-se com Haber e Glatzer, quando enfatizam que desporto, competio e agresso esto muito ligados. Infelizmente, a grande maioria entra no jogo para ganhar, os mais sensatos, mesmo que percam, compreendem, pois ora se perde, ora se ganha, mas tem aqueles que no entendem e no aceitam, ento comeam a resolver sua raiva por ter perdido, por meio da agresso. Em relao ao campo de frias, v-se que mais provvel ainda ocorrer o bullying, pois as crianas esto livres, dificilmente esto em volta de algum supervisor, tornando-se presas mais fceis para os agressores. Segundo Guimares e Rimole (apud GUARESCHI E SILVA, 2008, p. 57) o fenmeno no ocorre mais apenas no ambiente escolar, mas em qualquer lugar onde tenha relaes entre pessoas. Os autores ainda referem-se ao mobbing, que o assdio moral, que ocorre em locais de trabalho, entre pessoas adultas, asunto que apenas cita-se j que no tema da pesquisa, mas uma realidade que ocorre no mundo profissional. Ento, a violncia no prioridade de um ou de outro lugar, no escolhe sexo, classe social e nem racial, o que realmente pode interferir a educao dada desde muito cedo em casa, a confiana de saber que se tem com quem contar, para quem desabafar, aprender a lidar, sem recorrer da mesma ferramenta, a agresso. Por isso o mais importante o dilogo e a educao.

5.2 PRIVAES- PUNIR A SOLUO?

Atualmente o mundo globalizado impe s crianas certas atividades que nem sempre trazem divertimento e/ou prazer a elas. Muitas so as imposies familiares, sociais...

50

Haber e Glatzer (2009, p. 187) escrevem que o desporto serve para descontraio, diverso e boa sade, uma atividade livre de stresse, ao menos deveria ser. O desporto no deve ser praticado contra a vontade de quem o faz, simplesmente por insistncia de um dos pais, a criana precisa querer estar ali, gostar de estar ali, sem contar que importante tanto os pais verificarem se o ambiente seguro, quanto das crianas terem a liberdade de falar se algo no vai como o desejado, ningum deve ficar em meio agressivo durante as atividades desportivas, bem como ocorre nas frias (p. 220), estas devem ser uma experincia agradvel, e elas no tem que ir temendo algo, quando muito voltarem de l queixando-se. Ento, pensa-se que qualquer seja o momento, deve ser bom para a criana, se ela se queixa em demasia, algo errado est acontecendo, ou mesmo que no se queixe, mas notrio que ela faz sem vontade, que anda desanimada, bom atentar-se. O ideal que se crie ambientes de debates, e sempre ouvir tudo o que um aluno falar e investigar, observar para tomar as devidas providncias. Em caso de agressores, punir excluindo-os no a forma mais correta de lidar com os fatos, pois o mesmo deixar de agredir naquele momento/ lugar, mas