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Guia turístico de Molvânia
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MolvâniaUM PAÍS INTOCADO PELA ODONTOLOGIA MODERNA
SANTO CILAURO, TOM GLEISNER & ROB SITCH
Capas.indd 1 9/18/07 12:45:51 PM
MUSEUS
CORREIO
BANCO
IGREJA
ADORAÇÃO DO DEMÔNIO
PARTIDO COMUNISTA
CENTRAL SINDICAL
PEBOLIM
ENTRETENIMENTO
CASSINO
GUARDA-CHUVA
CAMPO DE NUDISMO
BANHEIRO PÚBLICO
PONTO DE TÁXI
ÔNIBUS
CAMPO DE GOLFE
AEROPORTO
RESTAURANTE
Distância
Quilômetros/Milhas/Kraktraks
1 = 3.3 = 1.238 2/7
Metros/Pés/Splutzenfrabs
1 = 3.3 = 606 2/7
Peso
Quilos/Libras/Krakfi gs
1 = 2.2 = -139 2/7
Gramas/Onças/Plopps
1 = 0.4 = 2/7
Volume
Litros/Galões/Fizls
1 = .26 = 6 ou 13(depende se você está medindo
vinho ou brandy, ou se o
vendedor consumiu ambos)
Roupas de Mulher
EUA
4
6
8
10
12
14
BRASIL
34
36
38
40
42
44
MOLVÂNIA
pequeno
médio
grávida
não disponível
não disponível
não disponível
Roupas de Homem
EUA
6
8
10
12
14
16
BRASIL
36
38
40
42
44
46
MOLVÂNIA
extra large
não disponível
não disponível
não disponível
não disponível
não disponível
Temperatura
Fº 0 10 20 30 32 40 50 60 70 80 90 100
CONVERSÕES
Cº -17.8 12.2 -6.7 -1.1 0 4.4 10.0 15.5 21.1 26.6 32.2 37.7
Kzº 19 22 26 32 40 51 64 77 (não existente)13/17
13/17
13/17
13/17
13/17
13/17
13/17
13/17
SÍMBOLOS
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Molvânia,TERRA DE UM POVO BAIXINHO E RANHETA
MOLVÂNIA – INTRODUÇÃO 1
1Fica aqui cumprida a sentença, emanada pela Corte de Strasburgo, que decidiu ser torpe difamação a notícia, inadvertidamente publicada em nossa reportagem, de que o governador de Dzrebo, o professor Rudzvard Bcezveklij, teria exibido fotos de adolescentes nus em seu site. Tal fato jamais ocorreu.
Diz um velho provérbio molvão que “no princípio era o verbo, depois o advérbio
e, antes mesmo de criar a crase, Deus fez surgir de uma plantação de beterrabas
a ilibada República da Molvânia”. Quem conhece essa labiríntica nação centro-
européia tende a concordar. Os que escapam de lá costumam dizer que existe a
mão de Asmodeu nesse país cheio de charme e de raras doenças contagiosas.
Misterioso, baixinho e ranheta, o povo molvão recebe de braços abertos, e com
generosas doses de conhaque de alho, as dúzias de turistas que conseguem
chegar ao país. Prestativos, sobretudo com ruivas voluptuosas e desacompanha-
das, os molvãos gostam de brindar os visitantes com informações sobre grandes
feitos locais, como a invenção do cinzeiro de estanho e do panetone de picles.
Dado o tremendo sucesso, e um custoso processo judicial1, da reportagem
sobre a Molvânia, publicada no número 1 de piauí, no longínquo outubro de 2006,
oferecemos à nossa elegante clientela este singelo guia sobre o belicoso país. Ele
pretende orientar o viajante audaz pelas intrigantes paragens molvãs, onde, como
diz outro ditado, “quem tem mais de cinco dentes é rei – ou, ao menos, ministro
da Saúde”. Boa viagem, ou, como dizem os molvãos: Kowaniskatsky powakatsa
(literalmente, “caminhe pela prancha de madeira sem virar para trás”)!
Cerimônia de premiação com os medalhistas da 7ª Olimpíada Molvã da Aguardente de Acelga
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AS REGIÕES
GRANDE DEPRESSÃO CENTRALAntes chamada de “o pulmão molvão”, por suas frondosas fl orestas, a região
central do país hoje é conhecida como “o grande pâncreas”. Foi nessa área que
grande parte do folclore molvão
fl oresceu. Em muitas aldeias,
não é incomum mulheres idosas
agarrarem você pelas orelhas e
cuspirem três vezes no seu rosto.
Acredita-se que o costume pro-
teja contra maus espíritos, mas
não o protegerá da tuberculose.
Lutenblag, capitalPRINCIPAIS ATRAÇÕES
Qualquer tour pela cidade deve incluir uma parada no Palatz Rojal, pejorativa-
mente chamado de Palácio Real. Em frente ao portão fi cam sentinelas armados
até os dentes (embora não costumem ter dentes). Toda sexta-feira, às 18:30,
eles realizam a cerimônia Uaiémcyei, na qual fazem uma coreografi a com suas
carabinas ao som da banda Village People. Conhecidos como Bazurkas, esses
guardas protegem o palácio desde a Noite das Mil Colheres, em 1754.
VENDO ESTRELAS
Nenhum passeio a Lutenblag estaria completo sem uma parada no Museu
Espacial da Molvânia. Durante a década de 50, cientistas molvãos planejaram
2 MOLVÂNIA – AS REGIÕES
No entorno dos Arcos do Triunfo de Lutenblag, amostras de sua arquitetura pós-eclética
O reator nuclear de Gyrorik. Desativado desde os anos
60, é conhecido como o Monumento à Radioatividade
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e construíram a primeira nave espacial movida a água oxigenada 20 volu-
mes. Tragicamente, o Splutfab I explodiu durante o lançamento. O Splutfab II teve mais sucesso e, em 1963, a Molvânia foi o primeiro país a aterrissar
um astronauta na Polônia.
Na escola...
A maioria das pessoas, quando pensa
em métodos de ensino alternativos,
lembra-se de Montessori ou de Steiner.
Entretanto, a Molvânia também tem seu
próprio sistema, baseado nas obras do
visionário V. Z. Vzeclep (1823-1878), uma
das grandes personalidades de Luten-
blag. Os Vzeclep Instjtuts se baseiam
numa fi losofi a educacional conhecida
como Ne Drabjovit Vard Szlabo (“não
espanque o burro com tanta força”).
Esse sistema enfatiza a postura e respi-
ração, e as crianças nas Escolas Vzeclep
passam os primeiros seis anos de sua
vida escolar amarradas em arreios.
A classe de 52. Alunos felizes da primeira
Escola Vzeclep curtem seu recreio semanal
ALPES MOLVÃOSImagine uma cabana alpina aconchegante, coberta de neve, janelas geladas
brilhando à luz de uma grande lareira aquecendo a noite gélida. Bem-vindo
ao verão nos Alpes Molvãos.
Estendendo-se das planícies férteis da bacia do Rio Jerko até as imponen-
tes Montanhas Postenwalj a leste, a região dos Alpes Molvãos oferece grande
MOLVÂNIA – AS REGIÕES 3
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variedade de opções de viagem. Uma das
mais populares é o famoso Valentinji
Promendjj (“Caminho dos Namorados”),
com escarpas repletas de cactos, olivei-
ras e preservativos usados.
DESTAQUES
Muitos visitantes vêm até a distante
Vajana simplesmente para visitar seu
famoso zoológico compacto. O Vajazoo
contém uma das maiores coleções de
animais da Europa Oriental. São 2 500
animais, distribuídos em 65 jaulas. O zoo-
lógico fi ca aberto nos dias úteis de 9:00
às 16:30, e nas sextas-feiras você pode
ouvir uma palestra do patologista veteri-
nário explicando a causa mortis dos animais falecidos naquela semana.
Diante da Prefeitura fi ca o Museu de Odontologia Medieval (Muszm Dentjk Medvl) de Vajana. Nele, uma apresentação multimídia traça a história dos
primeiros avanços em higiene bucal. A parte mais aplaudida do vídeo cos-
tuma ser a que trata de infl amações da gengiva. O museu também exibe
uma premiada coleção de alicates e boticões.
4 MOLVÂNIA – AS REGIÕES
A Grandessíssima Planície, eleita Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, “local de notável monotonia”
Um pensador profundo...
Ao norte de Svetranj, em Sv. Livisnki Obala, 1120, você
encontrará uma residência de pe-
dra de aspecto humilde. Ali nasceu
Djar Rzeumerten, sem dúvida o
mais famoso fi lósofo da Molvânia.
Nascido em 1768, Rzeumerten
foi um pensador avançado, cuja
maior realização foi provar que
ele mesmo não existiu.
No zôo de Vajana, fi las se formam para apreciar o mastim Slot destroçar ovelhas e urubus
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ESTEPES FITZULAS A imensa variedade de cores é a primeira coisa que impressiona os visitantes
dos distritos orientais da Molvânia. Verdes luxuriantes, marrons terrosos
e amarelos incandescentes irrompem dos dentes dos habitantes desses
confi ns. Embora o leste da Molvânia possa não ser rico em belezas naturais,
oferece um par de atrações ao turista preparado para enxergar além das
espessas camadas de gás carbônico. Uma das jóias da coroa é a cidade
histórica Bardjov, que teria sido mencionada pelo próprio Shakespeare:
“Domínio maldito, covil imundo e torpeLocal do sinistro encontro de miséria e morteOnde o espírito sombrio raspa a bundaAtravés da planície devastada e imunda.”
CULTURA
Devido ao isolamento, o leste molvão desenvolveu uma cultura singular. Sua
música folclórica, por exemplo, com a ênfase no volume em vez da melodia,
só consegue ser ouvida aqui. A culinária local, toda baseada na acelga,
também é inconfundível. Os molvãos do leste se orgulham ainda de seu dia-
leto, que inclui expressões poéticas como a saudação cotidiana ercj Djeum a vrozem-krum (literalmente, “possa Deus inseminar sua mulher”).
HISTÓRIA
Lublova é uma das poucas cidades molvãs que escapou da destruição feita
pelos exércitos de Hitler, durante a Segunda Guerra. Tragicamente, grande
MOLVÂNIA – AS REGIÕES 5
O prefeito de Bardjov faz a tradicional Marcha do Vyagraj, na parada do Dia da Fertilidade Molvã
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parte da cidade foi destruída por um incêndio em 1945, graças a uma foguei-
ra em homenagem ao Dia do Armistício.
Eureca!
O quase ganhador do Prêmio Nobel, Willjm Krejkzbec
(1891-1943), fi cou conhecido popularmente quando,
em 1908, conseguiu passar uma corrente elétrica
por uma placa de cobre suspensa em ácido clóri-
co. Infelizmente, esse feito não encontrou aplica-
ção prática. A fama acadêmica de Krejkzbec mais
tarde seria ofuscada pela sua defesa apaixonada
do sadomasoquismo.
PLANALTO DE TCHATCHUNKAOs turistas tendem a ser um tanto temerosos em relação à Molvânia ocidental,
percebendo-a como pouco mais do que um aglomerado de cidades poluídas
repletas de prédios altos, com taxas de criminalidade ainda mais altas. Eles
têm razão. Mas o oeste da Molvânia também esconde (esconde mesmo) recan-
tos de beleza natural.
O Planalto de Tcha-
tchunka contém uma
das maiores reservas de
pântanos do mundo. Ali
se abrigam mais de 300
espécies de aves migra-
tórias, 800 famílias de
plantas e o movimento
dos Escoteiros Molvãos.
A melhor época para ex-
perimentar os pantanais
é no fi nal de maio, antes
que as sanguessugas
comecem sua dança de
acasalamento.
6 MOLVÂNIA – AS REGIÕES
Aí vem a noiva...!
As celebrações dos casa-
mentos molvanianos come-
çam com os noivos jejuando
24 horas. Após esse perío-
do, a mulher é proibida de
sair de casa, enquanto o fu-
turo marido sai para beber
drinks à base de óleo de
rícino e ricota. Na véspera
do casório, a noiva é besuntada com pasta de
amendoim e fermento em pó. O noivo sempre
entra na igreja num fl orido carrinho de mão,
empurrado pela sogra.
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A capital da região oeste, Sasava, tem sido comparada com Paris, menos pela
sua arquitetura do que pelo fato de ter suas ruas cobertas de cocô de cachorro.
Cidade de SasavaPRINCIPAIS ATRAÇÕES
O Centro Velho de Sasava não é grande, e se você começar logo cedo é pos-
sível visitar em um só dia todas as suas principais atrações, sobrando tempo
para almoçar num bordel e ser assaltado na catedral.
Do centro da cidade leva-se dez minutos a pé para chegar ao Muszm Antjkq
(“Museu Caquético”). Lá, o turista encontrará grande variedade de exposições,
incluindo uma mostra agropecuária sobre os avanços das técnicas de abate
em massa. A entrada é gratuita, mas há uma pequena taxa para sair.
COMO SE DESLOCAR
A cidade de Sasava ostenta uma das redes de metrô mais rápidas de toda a
Europa. Infelizmente, a linha tem apenas 1,6 quilômetro de extensão.
MOLVÂNIA – AS REGIÕES 7
Saúde!
Em Sjerezo, costuma-se servir vinho tinto na maioria das refeições (exceto
no café da manhã, quando tradicionalmente se bebe vodka).
Um típico edifício de Sasava, com a sua fachada característica de tijolos marrons e buracos de bala
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88 MOLVÂNIA – AS REGIÕES
Em Chatêau Sultána fi ca a única vinícola
do mundo que faz vinhos à base de
milho, mamonas, gasolina e quiabo.
Conhecido como as “
o anfi teatro de Slakof
uma empreiteira de R
1978, sem completa
A lendária torre de amianto de Grotti, onde
Buljfl ab III (a “Princesa Corpulenta”) teria
sido presa — daí a grande rachadura.
A capital da Mo
o encanto do ve
com o concreto
A INIGUALÁVEL MOLVÂNIA
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MOLVÂNIA – AS REGIÕES 9
“ruínas romanas”,
ff foi construído por
Roma que faliu, em
ar a obra.
olvânia, Lutenblag, onde
elho mundo se harmoniza
armado soviético.
As famosas catacumbas de Katfl aap. Os
ossos dos antigos prisioneiros são usados
como instrumentos de percussão pelos
camelôs-assaltantes.
No Festival da Primavera das Estepes
Fitzulas, adolescentes fazem a tradicional
serenata para a mula manca.
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CULTURA
MÚSICA FOLCLÓRICAA Molvânia possui uma tradição musical que remonta à Idade Média, quando
pastores levavam consigo uma kvkadra (corneta simples de latão para es-
pantar lobos). Infelizmente, o instrumento exercia um efeito semelhante so-
bre o público e, durante o século XVI, foi transformado no agora denominado
zjardrill (tipo de gaita de foles de couro de cabra que se toca infl ando os foles
com o cotovelo esquerdo, enquanto se assopra em um tubo e se aperta um
teclado com os pés). Devido à complexidade técnica, o zjardrill só produz três
notas. Ao som delas, pratica-se a tradicional dança mzazeruk, na qual um trio
de jovens garotas faz um ziguezague, enquanto um círculo de homens tenta
abatê-las com um bastão cravejado de pregos enferrujados.
MÚSICA CLÁSSICAO grande compositor clássico Tzozar Czevkel (1772-1821) é reconhecido
como um dos compositores mais prolífi cos da Europa Oriental. Nascido em
Gyrorik, poucos anos após Beethoven, esse maestro teve algo em comum
com seu contemporâneo alemão: ambos eram surdos. Seu Concerto para Tuba e Triângulo em Mi Bemol Menor é uma das obras mais singulares da
história sinfônica da Molvânia, embora ninguém saiba tocá-lo.
10 MOLVÂNIA – CULTURA
O trio Lokomyj assusta cliente de pub molvão com sua original fusão de polca, axé e heavy metal
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MÚSICA CORALNão deixe de ouvir um con-
certo do Coro de Petizes Mol-
vãos. Apesar da recente publi-
cidade negativa em torno das
atividades extracurriculares
do diretor do coro, os jovens
sabiás continuam deleitando
as platéias. Uma dica: seja
rápido, já que um projeto de
lei anticastração tramita na
Câmara de Lutenblag.
ARTES PLÁSTICASA Molvânia ostenta muitas
obras de arte notáveis, a
maioria roubada da Itália no
século XVII. O mais famoso
artista da Molvânia é o enig-
mático Jzacol Rebljeten, o
estrábico (1583-1611). Em que
pese seu minucioso conheci-
mento de anatomia, prove-
niente de horas dedicadas
à dissecação de cadáveres,
ele só pintou paisagens e naturezas-mortas. Nelas, chama a atenção a forma
como distorce a proporção dos objetos. Alguns estudiosos acreditam ter sido
uma tentativa prematura de abandonar o naturalismo. Outros, mais numero-
sos e qualifi cados, afi rmam que ele simplesmente não sabia desenhar.
TEATRONão pergunte a um molvão sobre o teatro deles. A palavra “teatro” é considera-
da ofensiva (o seu sentido literal é “que os dentes de sua genitora apodreçam”).
Até hoje não se tem notícia de nenhuma peça escrita ou encenada na Molvânia.
Spatzal!
Duas moças, um
rapaz e um traves-
ti compõem a ban-
da pop de maior
sucesso da Molvâ-
nia. É deles o rock
mais famoso do
país, o cativante “Vlarsh ei Czolom Pzrum”
(“Sacode e Balança a Clava”).
No Museu de Razputjn estão as duas obras conhecidas
de Brenand Krajberg, o melhor (e único) escultor molvão
MOLVÂNIA – CULTURA 11
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GASTRONOMIAOs molvãos adoram comer fora — de prefen-
rência, na Moldávia ou na Albânia —, mas quem
sai para jantar dentro das fronteiras desse país
singular desfrutará de uma verdadeira experi-
ência culinário-hospitalar.
Somente na Molvânia é possível saborear
pratos tradicionais como horsfl ab (orelha de por-
co marinada em suco de repolho) acompanhados
de um copo de zeerstum, um licor cujo gosto um
leitor descreveu como “uma mistura de vodka e querosene de avião”.
A maioria dos molvãos tem um fraco por doces — tanto é que eles têm os den-
tes todos estragados. O doce típico é o strabestrnf, um strudell de alho e nabo.
Como o café não cresce bem nas terras molvãs, a população local com-
plementa as refeições com extrato de chicória adocicado com chuchu.
Dica ao viajanteVisitar os cafés de Zvadovar é uma ótima maneira de absorver a atmosfera local, mas lembre que se sentar numa mesa externa pode custar caro: o as-salto é certo. O ideal é juntar-se à população local de pé, dentro do bar, mas com cuidado: você pagará uma taxa extra se seu cotovelo entrar em contato com qualquer parte da superfície do balcão repleto de larvas.
Nos restaurantes molvãos, pedir talheres é considerado ofensa à etiqueta local
O leite do porco, animal símbolo
do país, é muito usado para drinks
12 MOLVÂNIA – GASTRONOMIA
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Quem busca uma refeição ligeira observará que lojas da Burger King e do
McDonald’s foram abertas recentemente no país, mesmo com a resistência da
Associação Protetora de Serpentes Venenosas. Uma legislação local estabelece
que todos os produtos dessas redes devem conter 12% de repolho e perdigo-
tos, com exceção dos milk-shakes (nesses tolera-se uma taxa de 10%). Comer
fora na Molvânia sai barato, mas cuidado com as taxas de serviço de 20%. Em
algumas cidades, garçons com bigodes espessos esperam gorjeta extra.
A bebida local...
Uma das bebidas típicas da Molvânia é o
turpz, vinho branco condimentado com
resina de ostra. Quem o experimenta não
consegue mais deixar de bebê-lo, talvez
devido às suas elevadas taxas de nicotina.
Sommelier faz degustação de safra especial de
turpz envasado em galão plástico de diesel
$ Restaurantes AcessíveisComo se pode notar pelos xingamentos vindos da cozinha, o
Kisjipja é gerenciado por um casal. No verão, os fregueses co-
mem na varanda, sentados sobre ensebadas toalhas de piqueni-
que. Graças ao numeroso contigente de mosquitos, o restaurante
criou pratos temperados com repelentes e inseticida.
O Bistroj Dzar é um café próximo da estação de trem. A comida é
barata, mas insossa. Não culpe os garçons, eles andam armados.
$$$ Restaurante InacessívelO restaurante da Nenja Olgja [tia Olga] é escolha certeira para
quem deseja conhecer a culinária regional. Construído como uma
velha tavernja, o Olga é decorado com réstias de alho e ratos em-
balsamados. Os pratos são rústicos: experimente fígado de ganso
com banha de porco e fígado de porco com banha de ganso.
*Ul Hoxha
(11 6499
*129 Av
Busjbusj
(15 4729
*13 Sv Maj 1
(19 3470
MOLVÂNIA – GASTRONOMIA 13
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ESPORTESO esporte típico da Molvânia é o Zumba-Zumba, espécie de pólo disputado so-
bre um burro. Esses animais são especialmente criados para o esporte. Os de
orelhas mais compridas são os preferidos pelos atletas. Quase todas as tardes
de sábado, os parques e quadras locais ecoam ao som dos espectadores gri-
tando “bzoukal! bzoukal!” (literalmente, “corte sua garganta”) enquanto seus
heróis disputam o jogo. Ganha o time que mais degolar burros (e adversários).
Zlid, o maior campeão vivo de Zumba-Zumba da Molvânia, no seu valioso corcel, Klodd
O Estádio de Lutenblag (o Lutenstaad) foi construído, em 1985, na expecta-
tiva de que a Molvânia viesse a abrigar a Copa do Mundo de 1994. Infelizmente,
o sonho não se concretizou, e grande parte do campo encontra-se em mau
estado de conservação. Projetado para receber 80 000 torcedores, é agora uti-
lizado para palestras sobre apicultura e para enforcamentos públicos.
OLIMPÍADASA Molvânia orgulha-se do longo histórico de participações nos Jogos Olímpi-
cos. Entre os heróis nacionais está o atleta de arremesso de martelo Yugor
Yugerz, campeão do Meeting de Bratislava de 1983. Ele ainda pode ser visto
na praça de Urtz, exercitando-se com crianças, anões ou barris de feno.
Durante a era comunista, a Molvânia bateu o recorde de fuga de atletas, com
destaque para os Jogos de Montreal de 1976, quando a equipe inteira tentou
desertar, adentrando o estádio sob uma bandeira branca.
14 MOLVÂNIA – ESPORTES
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RELIGIÃOOs molvãos são profundamente religiosos. Quase todos freqüentam alguma
igreja (ou são donos de uma). A religião predominante é a ortodoxa báltica,
semelhante ao catolicismo (exceto que os católicos abandonaram o conceito
de que a Terra é plana). A religião remonta a milhares de anos atrás, e seus
seguidores contam com orgulho que um dos dois ladrões crucifi cados com
Cristo – o mau – era, na verdade, da Molvânia.
Caso seja convidado a uma igreja molvã, lembre-se de usar trajes ade-
quados: as mulheres devem usar chapéu e minissaia, e os homens devem abo-
toar pelo menos um dos botões da camisa, de preferência o do colarinho.
Na Semana Santa, do Domingo de Ramos até a Páscoa, as famílias molvãs
não comem carne, e a partir da Sexta-Feira Santa os casais costumam se abs-
ter de violência doméstica e as crianças não podem amputar gatos.
São Fiódor – Padroeiro da Molvânia
São Fiódor nasceu, em 1507, numa
família de molvãos abastados. Com
apenas quatro anos, surpreendeu
os anciães da igreja ao beber um
tonel inteiro do vinho da comunhão.
Da mãe, Fiódor herdou a devoção
a Deus. Do pai, herdou a gota. Aos
dez anos, surpreendeu todos com seus intensos períodos de meditação.
Durante alguns surtos, costumava jejuar até três horas seguidas, dedi-
cando sua privação ao Senhor e à Camara de Vereadores.
Amigo dos pobres, Fiódor demonstrava um interesse especial por mulheres
solteiras jovens, sendo visto com freqüência visitando suas casas a qual-
quer hora do dia ou da noite, munido apenas de uma Bíblia, uma garrafa
de vinho tinto sacramental e misteriosas pílulas azuis.
São Fiódor morreu em 1567, sendo suas últimas palavras “copra sanctum”
(“santa merda”). Canonizado pelo Papa Gregório XV, em 1623, Fiódor
fi gurou postumamente num episódio do programa de TV molvão Esta É
Sua Vida, em 1982. Relíquias de suas cuecas encontram-se no altar a
Lenin da Capela de São Fiódor, em Lutenblag.
MOLVÂNIA – RELIGIÃO 15
livretoMolvania16pg.indd 15 9/17/07 8:53:42 PM
O POEMA DA DESPEDIDAEm 1920, o então poeta laureado molvão K. J. Bcekjemek (ao lado) compôs essa singela ode, tradicionalmente re-citada aos visitantes que deixavam a Molvânia ou eram deportados, como aconteceu com o seu autor.
Adeus, ó visitante de nosso aprazível rincão,Enriquecido por tua presença em solo molvão.Assim como tu o fertilizaste com teu estrume,Em troca te demos tifo, tétano e azedume.
Nos despedimos como grandes amigos de porre,Mas da próxima vez te prometo um corre-corre:
Com a foice cega de Stálin te retalharei a garganta,Com o martelo malharei a tua mulher, a sacripanta.
Seguindo os desígnios da natureza e de Deus,
Nossos fi lhos se odiarão como comunistas ateus,Se morderão como o lobo que estraçalha a ovelha,Como o asno molvão que morde a própria orelha.
Mas ergamos agora um brinde de verdadeE desejemos um ao outro muita felicidade,Ainda que eu lance um pútrido mau-olhado
Contra ti, tua sogra, teu primo e teu cunhado.
16 MOLVÂNIA – DESPEDIDA
Tradução IVO KORYTOWSKI Diagramação Ô DE CASA/ISABELA DA SILVEIRA Edição CASSIANO ELEK MACHADO
livretoMolvania16pg.indd 16 9/17/07 8:53:43 PM
CONHEÇA TAMBÉM OUTROS TÍTULOS DA COLEÇÃO:
Neste guia, que usa como epígrafe o baião “Tu me Ensina a Fazer Renda que eu te Ensino a Sonegar”, de Edmar El Cid, listamos insta-lações bancárias de países como as Ilhas Extra-Virgens e Guardalupe. Inclui seção sobre lanchas offshore.
Situados na parte de trás de Mykonos, os estreitos são penetrados por turistas em busca de emoções mus-culosas (além de bronzea-das e sem camisa). Os visitantes se esbaldam com a alegria incontida, calorosa e barata dos syphodinos.
Neste livro, o viajante des-temido encontrará o maior compêndio de bangalôs com vista para testes atômicos deste atol do Pacífi co Sul, célebre por ser a cidade-natal do ator Aloha Haha, o personagem TatuBola da série Ilha da Fantasia 2.
Eis o guia para quem quer colocar as barbas de molho. Encravada entre a antiga república soviética Kalash-nikov e a ditadura persa do Carpetstão, a pequena república é o berço do per-manente para bigodes e da granada a manivela.
O guia conduz o visitante desta jóia ignorada do Su-deste Asiático a uma viagem de bruscos movimentos peristálticos e insolações de terceiro grau. Phaic Tan é uma explosão de suor, calor e massagens com óleo de gengibre amargo.
O antigo Congo Malsão entrou na moda com a difusão de seu irascível ritmo nativo. A Timbala-laika, gênero tocado com tambores feitos com pele de pigmeus, é o maior chamariz desta ditadura dinástica centro-africana.
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Molvânia“Zumdebesouro imã, linda é a terra molvã.”DEJAVÃ
“O guia prova que as inebriantes paisagens da Molvânia são como as do meu querido Maranhão, só que com mais alho e nabo.”JOÃO SARNEY
“Cansei! Vou pegar meu guia e morar em Lutenblag.”JOSÉ DÓRIA JR.
“Conhecer o guia da Molvânia foi um do-in antropofágico no corpo cultural da concepção telúrica do que pode ser, e não é, uma nação soberana e incluída digitalmente. Na periferia de Lutenblag, acompanhei a luta desses homens e mu-lheres tão verdadeiros e únicos, vivi a transformação da potência em ato e do feio naquilo que existe de mais belo, que é essa maravilha de não querer ser aquilo que muito pelo contrário não gostaríamos que um dia não nos trouxesse o devir.” HUMBERTO GIL
“Este atlas foi muito útil em minha viagem para a Albânia.” LUCIANA GINEMEZ
“Obrou bem a piauí ao publicar o guia da Molvânia. O molvão é um ser fascinante, pois flexiona gênero, número, grau e o preço da aguardente de beterraba.” PROFESSOR PASCALE
“A Molvânia é tudo de bom.”JOYCE PASCOVIM
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