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Este trabalho é resultado de pesquisa e da experiência cotidiana do autor em empresas envolvidas em processos de industrialização na parceria de terceiros. A parceria surgiu por necessidade de mercado, que, por exigir cada vez mais qualidade a custo menor, forçou as empresas – indústrias do ramo automotivo, neste caso específico – a se tornarem mais competitivas e a participarem de forma ativa no dinamismo dos negócios conseqüentes da globalização. Essas empresas foram forçadas a definir com precisão em quais atividades se concentrar e a terceirizar aquelas que, geridas adequadamente, podem apresentar melhor performance e eficiência na obtenção do produto final (veículo montado) se realizadas por Fornecedores Industrializadores devidamente qualificados. [Este arquivo não contém o trabalho completo]
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
Modelo de Gestão de Estoques em Poder de Terceiros em Montadora de Veículos
Carlos Neri Brandão
Rio de Janeiro 2003
Carlos Neri Brandão
Modelo de Gestão de Estoques em Poder de Terceiros em Montadora de Veículos
Dissertação apresentada ao Exame de Qualificação ao Mestrado em Contabilidade – Gestão de Negócios da Universidade Federal do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Contabilidade. Orientador: Professor Doutor Samuel Cogan
Rio de Janeiro 2003
Dedicatória
Dedico esta obra a minha amada esposa Cintia, meus filhos Rafael e Nathália e
minha mãe Dona Rosa. Aos meus alunos da PUC/Minas Contagem, meus professores,
minha gerente na Gesco, Srta. Mara Rosana, grande colaboradora, e a todos que me
incentivaram.
Agradecimentos
Agradeço a oportunidade de realização deste curso à UFRJ e à PUC/Minas,
principalmente ao Professor Paulo Sérgio, pioneiro e bravo lutador que não mediu esforços
para a conquista deste curso inédito na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, e
sua equipe. Especialmente, agradeço a minha amada esposa Cintia, pela compreensão dos
dias e noites em que estive ausente por estar dedicado a esta nova etapa de estudos da
minha vida, e a Deus, em quem confio e a quem rendo graças.
Pensamentos
“O que conta não é o negócio que você consegue,
mas sim o negócio que você consegue manter”
Bruce Crowell.
“Eu sou o caminho a verdade e a vida,
ninguém vem ao Pai senão por mim.”
Jesus Cristo
BRANDÃO, Carlos Néri. Gestão de Estoques em Poder de Terceiros em Montadora de Veículos, Rio de janeiro 2003. FACC – Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Contabilidade para gestão de negócios).
Resumo Este trabalho é resultado de pesquisa e da experiência cotidiana do autor em
empresas envolvidas em processos de industrialização na parceria de terceiros. A parceria surgiu por necessidade de mercado, que, por exigir cada vez mais qualidade a custo menor, forçou as empresas – indústrias do ramo automotivo, neste caso específico – a se tornarem mais competitivas e a participarem de forma ativa no dinamismo dos negócios conseqüentes da globalização. Essas empresas foram forçadas a definir com precisão em quais atividades se concentrar e a terceirizar aquelas que, geridas adequadamente, podem apresentar melhor performance e eficiência na obtenção do produto final (veículo montado) se realizadas por Fornecedores Industrializadores devidamente qualificados.
No ramo automotivo, o estudo dos processos que envolvem a industrialização por terceiros evidencia a necessidade de gestão das movimentações de estoques de matérias-primas e/ou componentes consumidos. Essa necessidade se reflete em diversos aspectos da produção, buscados e retratados pelo autor nesta pesquisa.
Uma das principais necessidades percebidas nos processos diários de industrialização das empresas automotivas, em especial da Montadora e de seus Fornecedores Industrializadores localizados na região metropolitana de Belo Horizonte, é o registro detalhado das operações de industrialização, principalmente nas movimentações dos estoques das matérias-primas e componentes envolvidos nos processos. A gestão dessas atividades será retratada em seu respectivo registro contábil, destacado nesta pesquisa.
Os fluxos das documentações que envolvem as remessas de matérias-primas e/ou componentes entre as empresas do ramo são expostos detalhadamente, com o objetivo de demonstrar a necessidade do registro e do caminho correto dos documentos que suportam idoneamente os processos. Além disso, garantem a segurança financeira do negócio e reduzem o risco de contingências fiscais, freqüentes nas operações de remessa do material envolvido nos processos de industrialização.
A organização e a definição dos setores envolvidos nos processos são pontos referenciais do trabalho. Os departamentos que participam desses processos, tanto da Montadora quanto dos Fornecedores Industrializadores, devem estar sempre alinhados, pois estabelecem decisões que afetam diretamente o resultado das operações.
Um sistema integrado torna-se, além de facilitador no controle das atividades, instrumento indispensável na disponibilização de informações, em tempo hábil, para a contabilidade financeira e para a contabilidade de custos.
Os resultados colhidos pela pesquisa suplantam as expectativas iniciais, havendo a aceitação e valorização das informações adquiridas pelos usuários na validação do sistema obtido dimensões muito além das esperadas.
BRANDÃO, Carlos Neri. Inventory management in hands of third parties at an automotive assembler, Rio de Janeiro, 2003. Tutor: Samuel Cogan, FACC – Faculty of Administration and Accouting Sciences, University of Rio de Janeiro. Dissertation (Master in Accouting for Business Management).
Abstract
The present work is a result of its author's research and experience concerning the day-by-day of the companies involved in the industrialization processes in partnership with third parties. The partnership has arisen because of the market need that, as more and more quality at low cost has been demanded, the companies, in this case, the automotive industry, became more competitive and took an active part in the business dynamism originated from the globalization. Such companies have been forced to outline well which companies should be focused and outsource them which, with the right management, better obtain the best performance and efficiency towards their end product (assembled car), which, in this case, is vehicle assembly.
In the automotive industry the study of the processes which comprise the industrialization concerning third parties enhance the need for the management of the inventory movings of raw materials and/or consumed components. Such need influences several actions, which the author has searched and described at the present research.
One of the main needs found in the daily industrialization processes of automotive industries, in special the Assembler and its Industrializers Suppliers located in Belo Horizonte's Metropolitan Region, is the detailed record of the operations of industrialization, mainly those ones concerned with inventory movings of raw materials and the components involved in the processes. The management of such processes will be described in the accounting records of those operations, which have been significantly focused in the present research.
The flow of documentation which involves the remittance of raw materials or components among the companies, have been particularly stated, aiming at showing the need of the record and the right path of the documents which support the processes competently. Besides that, they ensure the business financial security and reduce the risk of fiscal contigencies, which are frequent in operations of material remittance pertaining to the industrialization processes.
The organization and definition of the setors involved in the process is another reference of the work. The departments which take part in those processes both the Assemblers and the Industrializers Suppliers, must be aligned, because they are the establishers of decisions that directly affect the results of the operation.
The integrated system becames, besides being the facilitator of the activities control, an essential instrument for the availability of the information in time both to the Financial and Cost Accountings.
The collected results from the work surpass the inicial expectations, in which the acceptance and validation of the information acquired by the users in the systemvalidation, has reached dimensions far beyond of what was first expected.
Sumário
Dedicatória .......................................................................................................................... II
Agradecimentos ................................................................................................................ III
Pensamentos .......................................................................................................................IV
Resumo ............................................................................................................................ V
Abstract ...........................................................................................................................VI
1 Introdução .......................................................................................................... 1
1.1 Exposição do tema ....................................................................................................................... 6 1.2 Problemas, justificativa e objetivos ............................................................................................. 9 1.2.1 O problema .................................................................................................................................. 9 1.2.2 Justificativa ................................................................................................................................ 10 1.2.3 Objetivos.................................................................................................................................... 11 1.3 Procedimentos metodológicos ................................................................................................... 12 1.3.1 Unidade de observação .............................................................................................................. 14 1.3.2 Técnicas de coleta e tratamento dos dados................................................................................. 14 2 Referencial teórico........................................................................................... 16
2.1 Os caminhos para a fundamentação do trabalho ...................................................................... 16 2.2 A influência do momento econômico na existência das atividades de industrialização com
terceiros................................................................................................................................... 16 2.3 Contabilidade, ferramenta necessária na Gestão de Estoques em Poder de Terceiros............. 17 2.4 O papel da logística nos processos de industrialização por terceiros....................................... 20 2.5 Programação e planejamento da produção............................................................................... 22 2.6 Aspectos conceituais na gestão de estoques .............................................................................. 25 2.6.1 A valorização dos estoques como ferramenta de gestão ............................................................ 30 2.6.2 A questão dos ganhos ou perdas de estocagem realizada ou não realizada................................ 34 2.6.3 A importância do método de controle na Gestão de Estoques em Poder de Terceiros – Um
exemplo de Kanban ................................................................................................................. 35 2.6.4 A importância dos inventários físicos na Gestão dos Estoques em Poder de Terceiros............. 38 2.7 Aspectos fiscais nas operações de remessas para industrialização e retorno dos produtos
acabados.................................................................................................................................. 40 2.8 Conclusão .................................................................................................................................. 42 3 Objeto de estudo modelo atual ....................................................................... 43
3.1 Pesquisa de campo..................................................................................................................... 43 3.1.1 Comentários sobre o sistema utilizado pela Montadora............................................................. 43 3.1.2 Comentários sobre o sistema utilizado pelo Fornecedor Industrializador.................................. 44 3.2 Análise das entrevistas feitas nas empresas............................................................................... 44 3.2.1 Análises dos principais pontos das entrevista feita no Fornecedor Industrializador .................. 44 3.2.2 Análise das entrevistas realizadas na Montadora ....................................................................... 47 3.3 Gestão de materiais em poder de terceiros como objeto de estudo ........................................... 48 3.3.1 Fluxo logístico de materiais envolvidos na industrialização por terceiros ................................. 49 3.3.2 Problemas verificados na metodologia atual.............................................................................. 53 3.4 Conclusão .................................................................................................................................. 57 4 Modelo proposto de Gestão de Estoques em Poder de Terceiros................ 58
4.1 Desenvolvimento do modelo proposto – a importância da documentação nos processos de industrialização por terceiros ................................................................................................. 59
4.1.1 Fluxo da documentação proposta da Montadora para o Industrializador................................... 60 4.1.2 Fluxo proposto da documentação do Fornecedor Industrializador para a Montadora ............... 61 4.2 Desenvolvimento do modelo proposto – sistema integrado ....................................................... 67 4.2.1 Premissas do sistema.................................................................................................................. 69 4.2.2 Especificação do sistema ........................................................................................................... 69 4.2.3 Lógica do sistema ...................................................................................................................... 71 4.2.4 Funcionamento do sistema de controle de estoques em poder de terceiros na Montadora ........ 71 4.2.5 Funcionamento do sistema de controle de estoques de terceiros no Fornecedor Industrializador
................................................................................................................................................. 74 4.2.6 Comparação entre os dois modelos............................................................................................ 76 4.3 Conclusão .................................................................................................................................. 77 5 Conclusão ......................................................................................................... 79
6 Considerações finais ........................................................................................ 82
7 Referências bibliográficas............................................................................... 84
Anexo 1: Exemplo de planilhas de conciliação de estoques de terceiros em poder do
Fornecedor ......................................................................................................... 2
Anexo 2: Questionários 1, 2 e 3 .......................................................................................... 5
Anexo 3: Exemplo de sistema de gestão de estoques da montadora em poder de
terceiros ............................................................................................................ 21
Lista de figuras, quadro e tabelas
Figura 1: Ficha de estoques – Martins (1996:206). ............................................................................. 31
Figura 2 – Cartão de Produção (CP) – Modelo de cartão Kanban – MARTINS (2001:308)............. 37
Figura 3 – Cartão de Movimentação – Modelo de cartão Kanban – MARTINS (2001:308)............. 37
Figura 4 – Fluxo dos cartões de produção e cartões de movimentações – MARTINS (2001:309). ... 37
Figura 5 – Fluxo atual – envio e retorno matéria-prima direto com a Montadora para o Fornecedor Industrializador........................................................................................................ 51
Figura 6 – Fluxo atual do envio direto do Fornecedor de matéria-prima ao Fornecedor Industrializador. ........................................................................................................................... 52
Figura 7 – Modelo para decidir que tipo de componente terceirizar. ............................................... 59
Figura 8 – Tela de abertura do sistema na montadora....................................................................... 22
Figura 9 – Movimentação para fechamento arquivo movimento da montadora. No rodapé. ........ 22
Figura 10 – Inter face – busca no Banco de Dados. ............................................................................ 23
Figura 11 – Criticas informais do Banco de Dados............................................................................. 24
Figura 12 – Controle de movimentos de estoque no fornecedor........................................................ 24
Figura 13 – Confronto com arquivo fornecedor. ................................................................................ 26
Quadro 1– Manual de Planejamento e Controle da Produção – Prof. Dalvio Ferrari Tubino, Dr UFSC.
............................................................................................................................................................... 23
Tabela 1 – Planilha de conciliação – Fornecedor industrializador – itens para industrialização
Toyota. ............................................................................................................................................. 2
Tabela 2 – Planilha de conciliação – Fornecedor Industrializador – itens da Honda Automóveis –
quantidade física. ............................................................................................................................ 2
Tabela 3 – Planilha de conciliação – Fornecedor Industrializador – itens Honda Automóveis –
itens recebidos. ................................................................................................................................ 3
Tabela 4 – Planilha de conciliação – Fornecedor Industrializador – Itens Honda Automóveis –
faturados.......................................................................................................................................... 3
Tabela 5 – Planilha de conciliação – Fornecedor Industrializador – itens Honda Automóveis –
retorno de não industrializado....................................................................................................... 3
Tabela 6 – Planilha de conciliação – Fornecedor Industrializador – resumo das movimentações de
materiais em conta trabalho Nissan 01.01.03 A 31.01.03. ........................................................... 3
Tabela 7 – Planilha de conciliação – Fornecedor Industrialização – inventário de itens
triangulados..................................................................................................................................... 4
Lista de Reduções
Abreviaturas
Dr.⇨ Doutor
Ex. ⇨ Exemplo
F. ⇨Folhas
S/A ⇨Sociedade Anônima
MP ⇨Matéria Prima
Siglas
BIMF ⇨ Base Informativa de Materiais e Fornecedores
NPRC ⇨ Nuova Programazione de Rifornimento e Concerne
UFRJ ⇨ Universidade Federal do Rio de Janeiro
MRP ⇨ Material Requirements Planning
1
1 Introdução
As economias mundial e brasileira são o cenário vivo dos efeitos da globalização,
que dita as regras de enquadramentos às empresas sujeitas à velocidade e à agilidade das
transformações nos processos produtivos. Segundo AKADER (1997:11), esta trajetória tem
sido marcada por maior competitividade entre mercados interno e externo, principalmente
no ramo automobilístico.
Neste novo cenário mundial é necessário às empresas o conhecimento de todos os
custos que contraem, para avaliação e planejamento da organização que pretenda
sobressair-se no mercado em que disputa.
Para GOMES (1999:21), a necessidade de controle de gestão tem o seguinte enfoque:
O interesse sobre controle de gestão tem aumentado bastante nos últimos anos, em decorrência principalmente das rápidas mudanças ocorridas no contexto social e organizacional, a partir de 1973, com a crise mundial do petróleo. Grande parte das empresas passou a desenvolver-se em um contexto social e organizacional caracterizado por grande instabilidade, muito complexo e bastante hostil que passou a exigir um constante aperfeiçoamento dos sistemas de controle com vistas a enfrentar uma concorrência acirrada, decorrente da globalização da economia.
Como o preço da mercadoria na economia é estabelecido pelo mercado, a margem
de contribuição de produto ou lucro é dada pela seguinte fórmula L P C= − (L=lucro,
P=preço, C=custo), ou seja, quanto menor for o custo, maior será o lucro.
COGAN (1999:31) faz a seguinte consideração acerca de margem de contribuição e
preço de venda:
O conceito de margem de contribuição pode também se mostrar útil quando se tratar de simulações concernentes ao estabelecimento da quantidade produtiva e do preço de venda com a finalidade de se buscar a maior lucratividade empresarial para determinada situação.
A organização, sensibilizada pela importância dos custos no processo e resultado
final, sabe que todos os esforços para a redução dos custos são necessários para melhorar o
desempenho diante do paradoxo menor custo versus melhor qualidade versus maior
produtividade, presente nas empresas hoje.
2
Na busca pelo aumento da produtividade e dos lucros, várias áreas da organização
foram estudadas e melhoradas pela utilização de literatura especializada, estudos
científicos e aplicações práticas.
Na divulgação da importância do lucro, HENDRIKSEN E VAN BREDA 1999:208) são
enfáticos:
O conceito operacional de lucro concentra-se na mensuração da eficiência da empresa. O termo eficiência diz respeito à utilização eficaz dos recursos da empresa na realização de suas atividades e na geração de lucros. No sentido econômico mais amplo, diz respeito à combinação apropriada dos fatores de produção – recursos naturais, mão-de-obra, capital e administração. A avaliação é necessariamente subjetiva, mas, como ponto de partida, as comparações podem ser feitas com os resultados de períodos anteriores e com lucros de outras empresas ou setores.
Visto que as diferenças tecnológicas, as barreiras geográficas e as alfandegárias são
praticamente as mesmas entre as empresas que disputam o mercado, os custos variáveis
entre elas pouco diferem para a composição do preço final.
Logo, a parcela dos custos/despesas indiretas relativa a produção, movimentação,
armazenagem, estoques e da falta de matéria-prima e a parcela dos custos fixos tornaram-
se fatores determinantes para a criação de valor; quanto melhor gerenciados, melhores
resultados proporcionarão para a empresa.
Em relação à distribuição correta dos custos indiretos, MARTINS (1996:53)
afirma:“São custos indiretos com relação aos produtos, custos que realmente não oferecem
condições de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de
maneira estimada e muitas vezes arbitrária”.
COGAN (1999:19) faz a seguinte conclusão sobre as despesas indiretas no custeio
tradicional:
Assim, se uma despesa se aplica diretamente num produto é conhecida como direta (como por exemplo o material direto que compõe o produto e o gasto de mão-de-obra necessária para executar o referido produto). Em contraposição, as demais despesas são conhecidas como indiretas e se classificam em variáveis, se alterarem diretamente com o volume produzido.
A gestão ideal dos estoques é elemento essencial para a administração de hoje e do
futuro. Para CORREA (1999:45), nos anos 80, por exemplo, muitas empresas tiveram sérios
problemas estratégicos por acreditarem que deveriam, a todo custo, baixar a zero seus
3
estoques, seduzidos pela errônea interpretação das mensagens subliminarmente
transmitidas pela superioridade incontestável dos sistemas de gestão japoneses daquela
época.
A essência da gestão de estoques ideal relaciona-se com a otimização das estruturas
administrativas assistentes entre o processo de produção e a necessidade de compras do
material. Lead Time (tempo entre a programação e o recebimento de materiais) muito
grande, estoques elevados, segurança da qualidade do material, variação da programação
da produção (PDP) e qualidade no produto final, partindo dos reflexos da exigência cada
vez maior do consumidor, são variáveis que devem garantir a produção e otimizar a
composição dos custos no gerenciamento da Supply Chain (cadeia de suprimentos).
Entre os pontos relevantes deste estudo está a escassez de literatura específica sobre
o assunto, bem como a ansiedade do mercado automobilístico para utilizar em larga escala
serviços de terceiros, com o menor custo possível.
Conforme LENDNER (2000:3), recente pesquisa realizada em indústrias dos Estados
Unidos revela que, em média, o valor gasto na compra de materiais corresponde a 55% dos
custos totais de produção (WATTS et al., 1995; MONCECZKA et al., 1998; LUDNER,
LOURENSO, 2000).
Nesta linha de entendimento deve-se considerar o maior poder de compra (volume)
da Montadora, propiciando ganho na cadeia de formação de preços finais dos serviços,
posteriormente repassados para os produtos finais.
A gestão de estoques compreende a necessidade inerente à formação e à alocação
dos custos dos produtos nas linhas ou mesmo nos departamentos. Destaca-se a organização
estrutural, desde as primeiras decisões para contratação de Fornecedor terceirizado até a
eficiência promovida pela logística.
BALLOU (1993:17), quanto à importância da logística como função essencial nas
empresas, comenta:
A logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação e armazenamento que visam facilitar o fluxo dos produtos. A logística é assunto vital (…) de movimentação de materiais, pois clarifica as compensações de custos freqüentemente encontrados no planejamento e operações de sistemas logísticos. A logística é um dos fatores importantes de competitividade.
84
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1
Anexos
Apresentam-se, a seguir, exemplos práticos de sistema de planilhas e questionários da
Montadora e do Fornecedor Industrializador.
2
Anexo 1: Exemplo de planilhas de conciliação de estoques de terceiros em poder do Fornecedor
Tabela 1 – Planilha de conciliação – Fornecedor industrializador – itens para industrialização Toyota.
Conciliação itens para Industrialização ToyotaPeriodo 01/01/03 a 28/02/03
INVENTÁRIO DO MÊS DE: fev/03
Fornecedor: Automotiva CentauroResponsável:Assinatura:Tel.:Fax:e-mail:
PART NUMBER (TDB BLANK)
TIPO DE AÇO
ESPESSURA (mm)
LARGURA (mm)
DemandaESTOQUE
ALMOXARIFADO (BLANK)
ESTOQUE (PEÇA
ACABADA)
ESTOQUE EM PROCESSO
(PEÇA)
PART NUMBER (TDB)
QUANTIDADE POR VEÍCULO
1 YGSB106002 SPC270D 0,60 1105 4839,00 5220,00 1,000 5220,00 64111-12330 1Inventário 31.12.2002 1528 YGSB106002
Total 6367,00 5220,00 1147,00 ok
2 YGSB107003 SPC270D 0,70 600 4520,00 5160,00 0,500 2580,00 64312-12270 15220,00 0,500 2610,00 64313-12250 1
Inventário 31.12.2002 3876 YGSB107003Total 8396,00 5190,00 3206,00 ok
3 YGSB108002 SPC270D 0,80 570 5060,00 5180,00 0,500 2590,00 64211-12080 15220,00 0,500 2610,00 64212-12090 1
Inventário 31.12.2002 1396 YGSB108002Total 6456,00 5200,00 1256,00 ok
4 YGSB108004 SPC440 0,80 1590 16469,00 5280,00 0,500 2640,00 61343-12190 15280,00 0,500 2640,00 61344-12190 1
Inventário 31.12.2002 1746 YGSB108004Total 18215,00 5280,00 12935,00 ok
5 YGSB110003 SPC270D 1,00 775 4644,00 5400,00 0,500 2700,00 64314-12120 15340,00 0,500 2670,00 64315-12110 1
Inventário 31.12.2002 2100 YGSB110003Total 6744,00 5370,00 1374,00 ok
6 YGSB112007 SPC440 1,20 1005 4118,00 5250,00 1,000 5250,00 58123-12080 1Inventário 31.12.2002 2364 YGSB112007
Total 6482,00 5250,00 1232,00 ok
7 YGSB214003 SCGA440-O 1,40 295 4944,00 1,000 0,00 61434-12040 15280,00 1,000 5280,00 61434-12050 1
Inventário 31.12.2002 1945,00 YGSB214003Total 6889,00 5280,00 1609,00 ok
8 YGSB214004 SCGA440-O 1,40 295 6113,00 5250,00 1,000 5250,00 61433-12030 1Inventário 31.12.2002 1817,00 YGSB214004
Total 7930,00 5250,00 2680,00 ok
OBSERVAÇÕES:
1 - Para que possamos fechar o inventário na mesma data, favor enviar este formulário preenchido impreterivelmente até o dia 28/02/2003, informando a posição oficial de estoque de blanks/peças até o final deste dia.
2 - O levantamento referente a quantidade de blanks recebidos e de peças faturadas devem ser feitos desde o início de produção (Maio/2002).
SALDO CONTABIL
DESCRIÇÃO INFORMAÇÃO REFERÊNCIA DA PEÇA ACABADATOTAL DE
BLANKS RECEBIDOS EM CONSIGNAÇÃO
TOTAL DE BLANKS
EMPREGADOS ou
RETORNADOS
ESTOQUE TOTALTOTAL DE PEÇAS
FATURADAS (UTILIZANDO BLANKS TDB)
Tabela 2 – Planilha de conciliação – Fornecedor Industrializador – itens da Honda Automóveis –
quantidade física.
DATA CONTAGEM FÍSICACOD HONDA PEÇA ALMOXARIFADO PROCESSO ACABADO REFUGO TOTAL
00000
DIGITAR A DATA DA CONTAGEM DAS PEÇAS ( FÍSICO)
DIGITAR O CODIGO HONDA
DIGITAR A QTDD DE COMPONENTES ENCONTRADAS NO ALMOXARIFE
DIGITAR A QTDD DE COMPONENTES ENCONTRADAS NO PROCESSO
DIGITAR A QTDD DE COMPONENTES NOS PEÇAS ACABADAS
DIGITAR A QTDD DE COMPONENTES INUTILIZADAS NO PROCESSO/DEFEITOS
GERA O TOTAL DE PEÇAS COMPONENTES NA EMPRESA, NA DATA DO INVENTÁRIO