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MOBILIZAÇÃO DE SOLO POR UM ESCARIFICADOR EM UM LATOSSOLO VERMELHO Wagner Pires da Silva 1 , Mateus Potrich Bellé 2 , Tiago Rodrigo Francetto 3 , Dauto Pivetta Carpes 4 , Fernando Pissetti Rossato 5 e Cristian Josué Franck 6 Orientador: Airton dos Santos Alonço 7 1 Aluno do Curso Técnico Subsequente em Mecânica – CTISM/UFSM. e-mail: [email protected] 2 Engenheiro Agrônomo, Doutorando PPGEA-UFSM. 3 Engenheiro Agrícola, Mestrando PPGEA-UFSM. 4 Engenheiro Agrônomo, Mestrando PPGEA-UFSM. 5 Acadêmico de Agronomia, UFSM. 6 Engenheiro Agrícola, Mestrando PPGEA-UFSM 7 Engenheiro Agrícola, Profº Dr. DER/CCR-UFSM. 1. INTRODUÇÃO O escarificador é um equipamento utilizado para o preparo do solo, cuja função é desagregar as camadas compactadas do solo e, além disso, Canãvate (2003) afirma que este proporciona uma maior velocidade de deslocamento em relação ao arado convencional. De acordo com Machado et al. (2005) este implemento mobiliza o solo sem revolvê-lo mantendo uma maior quantidade de palha na superfície, reduzindo o risco de erosão. Essa elevação da velocidade de deslocamento, segundo Cañavate (2003), é devido ao fato de que o escarificador consome menos força de tração (FT), demandando de 40 a 50 % menos FT para uma mesma largura de trabalho e 30 a 40 % menos FT para um mesmo volume de solo mobilizado em relação a um arado e, em comparação a este implemento, para um trator de mesma potência, pode duplicar a capacidade de trabalho. Spoor e Godwin (1977) afirmam que a mobilização do solo é dependente da profundidade de trabalho do implemento, das características físicas do solo, da densidade, umidade, do comprimento e da largura da haste. A profundidade de trabalho do implemento, pode ser considerado como um fator de classificação de uma operação de escarificação. Segundo Machado et al. (2005), a operação de 0,05 a 0,15m de profundidade é denominada escarificação superficial e de 0,15 a 0,30m, escarificação profunda.

Mobilização de solo por um escarificador em um latossolo vermelho

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O objetivo desse trabalho foi avaliar o desempenho de um escarificador em trêsvelocidades de deslocamento: 2,93; 5,87 e 8,84 km/h e a influência causada nasvariáveis de solo, área de elevação, área mobilizada e empolamento do solo.

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Page 1: Mobilização de solo por um escarificador em um latossolo vermelho

MOBILIZAÇÃO DE SOLO POR UM ESCARIFICADOR EM UM LATO SSOLO

VERMELHO

Wagner Pires da Silva1, Mateus Potrich Bellé2, Tiago Rodrigo Francetto3,

Dauto Pivetta Carpes4, Fernando Pissetti Rossato5 e Cristian Josué Franck6

Orientador: Airton dos Santos Alonço7

1 Aluno do Curso Técnico Subsequente em Mecânica – CTISM/UFSM. e-mail: [email protected] 2 Engenheiro Agrônomo, Doutorando PPGEA-UFSM. 3 Engenheiro Agrícola, Mestrando PPGEA-UFSM. 4 Engenheiro Agrônomo, Mestrando PPGEA-UFSM. 5 Acadêmico de Agronomia, UFSM. 6 Engenheiro Agrícola, Mestrando PPGEA-UFSM 7 Engenheiro Agrícola, Profº Dr. DER/CCR-UFSM.

1. INTRODUÇÃO

O escarificador é um equipamento utilizado para o preparo do solo, cuja função

é desagregar as camadas compactadas do solo e, além disso, Canãvate (2003) afirma

que este proporciona uma maior velocidade de deslocamento em relação ao arado

convencional. De acordo com Machado et al. (2005) este implemento mobiliza o solo

sem revolvê-lo mantendo uma maior quantidade de palha na superfície, reduzindo o

risco de erosão. Essa elevação da velocidade de deslocamento, segundo Cañavate

(2003), é devido ao fato de que o escarificador consome menos força de tração (FT),

demandando de 40 a 50 % menos FT para uma mesma largura de trabalho e 30 a 40 %

menos FT para um mesmo volume de solo mobilizado em relação a um arado e, em

comparação a este implemento, para um trator de mesma potência, pode duplicar a

capacidade de trabalho.

Spoor e Godwin (1977) afirmam que a mobilização do solo é dependente da

profundidade de trabalho do implemento, das características físicas do solo, da

densidade, umidade, do comprimento e da largura da haste. A profundidade de trabalho

do implemento, pode ser considerado como um fator de classificação de uma operação

de escarificação. Segundo Machado et al. (2005), a operação de 0,05 a 0,15m de

profundidade é denominada escarificação superficial e de 0,15 a 0,30m, escarificação

profunda.

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Embora a operação de escarificação seja uma prática utilizada por alguns

produtores, ainda existem poucas informações que abordam a qualidade da operação

sobre o ponto de vista conservacionista. Sendo assim, este trabalho foi realizado

visando práticas mitigadoras do impacto ambiental, onde o foco é obter uma maior

descompactação do solo e ao mesmo tempo manter uma maior quantidade de palha na

superfície.

2. OBJETIVO

O objetivo desse trabalho foi avaliar o desempenho de um escarificador em três

velocidades de deslocamento: 2,93; 5,87 e 8,84 km/h e a influência causada nas

variáveis de solo, área de elevação, área mobilizada e empolamento do solo.

3. METODOLOGIA

O trabalho foi conduzido na fazenda Santa Helena, localizada no município de

Boa Vista do Incra, Rio Grande do Sul. O histórico de cultivo da propriedade resume-se

à cultura da soja no verão e aveia-branca ou trigo no inverno. A palha presente em

cobertura é oriunda basicamente dos dois cultivos anteriores, soja e aveia-branca. O solo

que compõe a área experimental na propriedade foi classificado como LATOSSOLO

VERMELHO Distrófico Típico. Foram coletadas amostras para análise de densidade,

umidade e textura do solo, sendo que as duas primeiras foram analisadas nas repartições

do LASERG, segundo método pregado pela EMBRAPA (1997), e as amostras de

textura foram encaminhadas para o laboratório de física do solo da UFSM. Além destas,

foi determinado o índice de cone a partir da utilização de um penetrômetro digital,

marca Falker Automação Agrícola¹, modelo PLG 1020. A umidade do solo foi de

16,61% e a densidade do solo encontrada de 0 a 0,15m foi de 1,59 g cm³ e 0,15 a 0,25 m

de 1,66g cm³. A textura do solo apresentou 61,07% de areia, 9,20% de silte e 29,72% de

argila. A resistência à penetração na camada de 0 a 0,10 m foi de 1816 kPa, 0,10 a 0,20

m 2333 kPa e de 0,20 a 0,25 m de 1818 kPa. O escarificador utilizado é representado

por uma única haste e ponteira, tal conjunto denominado elemento descompactador

(ED), a haste tem largura de 0,03m e perfil parabólico, a ponteira é do tipo estreita com

largura de 0,05m e ângulo de ataque de 20º. O ED foi retirado de um escarificador da

marca Jan Implementos Agrícolas S/A¹ pertencente ao Núcleo de Ensaio de Máquinas

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Agrícolas - NEMA/UFSM. Foi utilizado um disco de corte de palha à frente do ED,

com diâmetro de 0,47 m e espessura de 0,005 m.

Para o acoplamento desses mecanismos foi utilizada uma estrutura porta-

ferramentas (EPF), desenvolvida por Gassen (2011). Esta é acoplada na barra de tração

do trator e a sustentação do seu peso se dá pelo apoio na barra de tração e por duas

rodas. Para tracionar a EPF, foi utilizado um trator de rodas 4x2 com tração dianteira

auxiliar, motor com 132,4 kW (180cv) de potência (2200 rpm), marca Massey

Ferguson1, modelo 7180, ano 2012.

As variáveis de solo, área de elevação, área mobilizada e empolamento do solo,

foram aferidas mediante uso de um perfilômetro de hastes e da demarcação do perfil

original, perfil empolado e perfil basal fazendo-se uso de folhas milimetradas A2

acopladas ao perfilômetro. Foram desempenhadas três atividades em um mesmo local,

sendo que a avaliação do perfil original foi anterior à passagem do implemento, o perfil

elevado, após a passagem do implemento e o perfil basal, após a remoção do solo

mobilizado. A avaliação destes perfis foi efetuada através de técnicas de planimetria,

onde as folhas milimetradas foram fotografadas e plotadas no software AutoCAD®. A

área de elevação do solo é a porção compreendida entre o perfil original e o perfil

empolado e a área mobilizada do solo entre o perfil original e o perfil basal. O

empolamento do solo (equação 1) foi obtido através da razão entre a área de elevação

do solo e a área mobilizada:

100.Am

Aeemp = (1)

Onde:

=.emp empolamento (%)

=Ae área de elevação do solo (m²)

=Am área de solo mobilizada (m²)

O delineamento utilizado foi Blocos Casualizados e os dados coletados foram

submetidos ao teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

1 A citação de marcas e modelos comerciais não implica em nenhuma forma de aprovação ou recomendação dos mesmos por parte do autor.

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Os dados da ANOVA estão dispostos na tabela 1. Com base nesta tabela, pode-

se observar que o aumento da velocidade de deslocamento não influenciou a variável

área de solo mobilizado, este mesmo resultado foi observado por Gassen (2011) e

Bianchini et al (1999). A área de elevação do solo também não foi afetada pelo aumento

da velocidade de deslocamento, tal constatação indo ao encontro dos resultados

encontrados por Grotta et al. (2004). Já o empolamento do solo diferiu com o aumento

da velocidade de deslocamento, havendo uma tendência de redução desta variável, o

que também foi observado por Alves et al. (2010).

TABELA 1 – Analise estatística das variáveis área mobilizada, área de elevação e

empolamento do solo.

*Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si segundo teste de

Tukey à 5% de probabilidade de erro.

5. CONCLUSÃO

Nas três velocidades avaliadas, o escarificador não alterou significativamente a

área de solo mobilizada e a área de elevação do solo. Porém, houve uma tendência de

redução do empolamento do solo com o aumento da velocidade de deslocamento.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, R. M.; CUNHA, J. P. B.; DELMOND, J. G.; REIS, E. F. dos. Avaliação das

características do sulco de uma semeadora adubadora de plantio direto em

Am

(m²)

Ae

(m²)

Emp.

(%)

VELOCIDADE

2,93 Km/h 0,0852* a 0,0164 a 19,60 a

5,87 Km/h 0,0868 a 0,0077 a 9,22 b

8,84 Km/h 0,0848 a 0,0093 a 11,61 ab

Coeficiente de Variação (%) 19,69 38,54 32,16

Média geral 0,0856 0,0111 13,47

Teste F 0,0153* 4.65 ns 6,30*

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diferentes profundidades e velocidades de trabalho. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 39., 2010, Vitória. Anais... Vitória:

Centro de Convenções de Vitória, 2010. 1 CD-ROM.

BIANCHINI A., et al.. Comportamento operacional de um escarificador de hastes

parabólicas em solo de cerrado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e

Ambiental (Agriambi) , Campina Grande, v. 3, n. 3, p. 395-401, 1999.

EMBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. Centro Nacional de Pesquisa de

Solos. 2ª Ed. Rio de Janeiro, 212 p., 1997.

GASSEN, J. R. F.. Avaliação de ferramenta para escarificação do solo em camadas

de forma simultânea. Tese de doutorado (Doutorado em Engenharia Agrícola –

Mecanização Agrícola) – Programa de pós-graduação em Engenharia Agrícola,

Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2011.

GROTTA, D. C. C.; LOPES, A.; FURLANI, C. E. A.; BRANQUINHO, K. B.; REIS,

G. N. DOS E DA SILVA, R. P.. Subsolador: avaliação do desempenho em função da

velocidade de trabalho e espaçamento entre hastes. Acta Scientiarum. Agronomy,

Maringá, v. 26, nº 1, p. 21-26, 2004.

MACHADO, A. L. T.; et al. Máquinas para preparo do solo, semeadura, adubação

e tratamentos culturais. 2 ed. Pelotas, RS: Ed. Universidade Federal de Pelotas

(UFPEL), 2005. 253p.

MACHADO, A. L. T.; REIS, Â. V. dos; MORAES, M. L. B. de; ALONÇO, A. dos S.

Máquinas para preparo do solo, semeadura, adubação e tratamentos culturais.

Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2005.

ORTIZ-CANÃVATE. Las maquinas agrícolas y su aplicación. 6 ed. Madrid, Mundi-

Prensa, 2003. 528p.

SPOOR, G.; GODWIN, R. J.. An experimental investigation into the deep loosening of

soil by rigid tines. Journal of Agricultural Engineering Research, v. 26, p. 477-497.

1977.

7. AGRADECIMENTOS

À STARA Indústria de Implementos Agrícolas S/A e a CAPES (Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio financeiro.