Upload
doankiet
View
223
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Ano IV, número 21 mai / jun 2016
ntu.org.br
ISSN: 2317-1960
Mobilidade urbana nas Olimpíadas
22Com investimento de R$ 24 bilhões somente em
infraestrutura e modernização do transporte público, o Rio de Janeiro se prepara para receber o público
das Olimpíadas e comemora legado no setor
João José Forni
o desAfIo de
melhorAr
serVIços e
eVItAr crIses
8
df lAnçA plAno
de mobIlIdAde
urbAnA com
InVestImento de
r$ 6 bIlhões
28
são José dos
pInhAIs elImInA
dInheIro dos
ônIbus e zerA
AssAltos
32
Editorial
Tirar projetos do papel é o sonho realizado de qualquer pessoa. Imagina quando isso acontece com uma ci-
dade, ou um país. O Rio de Janeiro está muito próximo de sentir esse gostinho de vitória. A cidade teve a oportunidade de receber o maior volume de recursos de sua história para investir em transporte público. E essa nova mobilidade está sendo considerada o maior legado dos Jo-gos Olímpicos no Brasil.
Os investimentos exclusivamente públicos ou em parcerias público-privadas ajudaram a viabilizar 150 km de BRT, a Linha 4 do metrô - en-tre a zona sul e a Barra da Tijuca - e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no centro da cidade. Em 2009, quando o Rio foi anunciado como sede olím-pica, apenas 18% dos cariocas eram transportados por esses meios de alta capacidade. A previsão é de que esse índice suba para 63% a partir do início da operação dos sistemas.
Mais do que aumentar a demanda do transporte público, a capital do Rio de Janeiro está sendo pioneira na construção de uma nova mobili-dade sustentável no Brasil. O carioca não tem mais o carro como a sua principal opção de transporte, pois ele já vivencia na prática que usar do transporte coletivo é mais rápido, barato, seguro e confortável.
O Rio de Janeiro está mudando a sua matriz de deslocamento de forma estruturada, abrangente, eficiente e
Rio olímpico e o legado da mobilidade urbana
ambientalmente favorável. E esse é o maior legado que a cidade pode-ria ter. A construção de uma cidade mais equilibrada passa pela reversão do atual modelo de mobilidade, no qual o uso do automóvel individual tem grande destaque. Trata-se de uma nova cultura que irá beneficiar a todos, e em todas as escalas.
Esse legado será uma grande vitrine para os demais municípios do Brasil. As cidades podem se espelhar nes-sas ações e então elaborar planos di-retores e projetos de mobilidade de acordo com a realidade de cada um.
Décadas atrás, quando Curitiba ino-vou e criou o sistema BRT, o mundo seguiu os seus passos e avançou em mobilidade urbana. Há centenas de sistemas na Europa, Ásia, Estados Unidos e inclusive América Latina inspirados no modelo paranaense. Alguns com projetos elaborados pelo próprio criador, o urbanista e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner. O Brasil continental, contudo, deixou passar a oportunidade e só agora, mais de 30 anos depois, se mobiliza para estancar os prejuízos causados pelos anos de descaso e falta de in-vestimentos no transporte público.
Que o exemplo do Rio de Janeiro seja desta vez fonte de inspiração para as cidades brasileiras. O mo-mento é propício para elaborar pla-nos de mobilidade urbana eficientes e lutar para que eles saiam do papel. Uma nova mobilidade pode nascer no país.
Biênio 2015-2017Conselho Diretor
Membros titulares e suplentes
Região CentRo-oeste
Edmundo de Carvalho Pinheiro (GO) titular
Ricardo Caixeta Ribeiro (MT) suplente
Região noRDeste
Dimas Humberto Silva Barreira (CE) titular
Mário Jatahy de Albuquerque Júnior (CE) suplente
Luiz Fernando Bandeira de Mello (PE) titular
Paulo Fernando Chaves Júnior (PE) suplente
Região suDeste
Roberto José Carvalho (MG) titular
Rubens Lessa Carvalho (MG) suplente
Eurico Divon Galhardi (RJ) titular - presidente do Conselho Diretor
Narciso Gonçalves dos Santos (RJ) suplente
Lélis Marcos Teixeira (RJ) titular
Francisco José Gavinho Geraldo (RJ) suplente
João Antonio Setti Braga (SP) titular - vice-presidente do Conselho Diretor
Mauro Artur Herszkowicz (SP) suplente
Júlio Luiz Marques (SP) titular
Paulo Eduardo Zampol Pavani (SP) suplente
Região sul
Ilso Pedro Menta (RS) titular
Enio Roberto Dias dos Reis (RS) suplente
Conselho FiscalMembros titulares e suplentes
Dante José Gulin (PR)
titular
Paulo Fernandes Gomes (PA)
titular
Ana Carolina Dias Medeiros de Souza (MA)
titular
Fernando Manuel Mendes Nogueira (SP)
suplente
4 REvISTA NTU URBANo
DiRetoRia exeCutiva
otávio vieira da Cunha Filho
Presidente
Marcos Bicalho dos santos
Diretor Administrativo e Institucional
andré Dantas
Diretor Técnico
SAUS Q. 1, Bloco J, Ed. CNT 9º andar, Ala A
Brasília (DF) CEP 70070-944
Tel.: (61) 2103-9293
Fax: (61) 2103-9260
E-mail: [email protected]
Site: www.ntu.org.br
Editora responsável
Bárbara Renault (DF 7048 JP)
Editora assistente
Hellen tôrres (DF 9553 JP)
Colaborou nesta edição
Bárbara xavier
evelin Campos
Flávio neponucena
saturnino Junior
socorro Ramalho
Diagramação
Duo Design
Esta revista está disponível no site
www.ntu.org.br
siga a ntu nas ReDes soCiais
www.twitter.com/ntunoticias
www.facebook.com/ntubrasil
www.flickr.com/ntubrasil
www.youtube.com/transporteurbanontu
ExpEdiEntEsUMÁrio
8
12
16
13
20
32
28
34
31
36
38
6 OPiniÃO Da nTu DIMAS BARREIRA
Vale-transporte: quem paga a conta das fraudes
EnTREViSTa JOÃO JOSÉ FORNI
Confira a entrevista com o especialista em comunicação estratégica e gerenciamento de crises
PaRaDa OBRiGaTÓRiaNotinhas para você se agendar, se informar e se atualizar
DiÁLOGO TÉCniCO ANDRÉ DANTAS
O investimento em transporte público não pode parar
nTu Em aÇÃO A constante busca pela melhoria do setor de transporte coletivo urbano
CaPaMobilidade Urbana nas Olimpíadas
mOBiLiDaDE uRBanaDF lança plano de mobilidade urbana com investimento de R$ 6 bilhões
POnTO DE ÔniBuS ADAMO BAZANI
Transporte público é mais vantajoso que Uber e táxi
BOaS PRÁTiCaSSão José dos Pinhais elimina dinheiro dos ônibus e zera assaltos
CuLTuRaSão Paulo promove o 1º Festival Brasileiro de Filmes Sobre Mobilidade e Segurança Viária
PELO munDOConheça as novidades e soluções de mobilidade adotadas mundo afora
EmBaRQuE nESSa iDEia LUIS ANTONIO LINDAU
Reestruturando o transporte coletivo através do BRT
#nTuRECOmEnDaDicas de livros, sites, aplicativos e vídeos sobre o transporte
37
REvISTA NTU URBANo 5
VALETransporte
Vale-transporte: quem paga a conta das fraudes
fomento e financiamento. Ao esti-mular o uso do transporte coletivo, o benefício garante um enorme apoio às metrópoles para vencer o desafio de desobstruir suas vias e diminuir a emissão de poluentes.
Tem ainda papel importantíssimo na manutenção de preços módicos das passagens para o cidadão, pois a fase inicial para se determinar o valor da tarifa é, justamente, calcular seu custo e dividir por quem paga esta tarifa, encontrando o custo unitário. Ou seja, aumentar a quantidade de gente pagando pelo transporte traz maior eficiência para essa equação, ajudando a baixar o custo por pes-soa pagante.
Uma estratégia prioritária para a sustentabilidade do nosso planeta é justamente essa: compartilhar nos-sos recursos de maneira consciente. A contrapartida à obrigação legal de os empregadores concederem este benefício é o trabalhador usu-fruir corretamente. Todo cidadão que compreende bem essa equação deve ajudar a combater as fraudes ao sistema de transporte, pois fica
evidente que esta prática gera preju-ízos a toda a coletividade.
Não existe almoço grátis! Devemos defender o uso exclusivamente legal do transporte coletivo e seus benefí-cios, pois a cidade colhe esses frutos como um todo, melhorando a quali-dade de vida de todos os cidadãos.
Em 1985, a Lei Federal 7.418, conhecida como Lei do Va-le-Transporte, assegurou ao trabalhador o direito ao
ressarcimento das despesas de des-locamento ao trabalho em serviços de transporte coletivo urbano ou assemelhados. Além disso, deter-minou às empresas operadoras de transporte coletivo comercializar o bilhete para este fim.
Com a aprovação do texto, também foram definidas algumas regras, destacando-se a determinação de que o trabalhador que optar pelo benefício deve contribuir com 6% do seu salário básico e que o valor seja calculado pela “tarifa integral do deslocamento do trabalhador, sem descontos, mesmo que previstos na legislação local”.
O trabalhador é o beneficiário dire-to desta lei. Contudo, ela vai muito além. O transporte coletivo é indutor do desenvolvimento urbano susten-tável, é vital para o funcionamento
das grandes cidades e passou a ter no VT um dos seus principais mecanismos de
opinião da ntU
DiMas BaRReiRa*
*DiMas BaRReiRa é empresário,
presidente do Sindicato das
Empresas de Transporte de
Passageiros do Estado do Ceará
(Sindiônibus) e conselheiro da NTU.
6 REvISTA NTU URBANo
PARECRISE
SIGAOPORTUNIDADE
EntrEvista
João JosÉ FoRni
O desafio de melhorar serviços e evitar crises
ESPECIALISTA EM GESTÃO DE CRISES RECONHECE QUE É DIFíCIL MANTER QUALIDADE DE SERVIçOS DIANTE DO ARROCHO ECONôMICO.
ELE ALERTA QUE, PARA O SETOR DE TRANSPORTE PúBLICO POR ôNIBUS VENCER ESSE DESAFIO, É VITAL MELHORAR A IMAGEM
8 REvISTA NTU URBANo
EntrEvista
Seja qual for o perfil da ins-tituição pública ou privada e o porte diferenciado de empresas dos mais diver-
sos setores, todas correm o risco de ter a reputação abalada por uma crise. “As crises de reputação que afetam as empresas ocorrem, na maior parte, porque a prevenção e o risco não foram bem avaliados”, ensina João José Forni, jornalista, consultor de Comunicação com foco em comunicação estratégica e gerenciamento de crises.
Forni vai mais longe. Para ele, as em-presas não podem perder de vista que prestam um serviço essencial à população e a imagem que têm é
vulnerável. E ensina que para melho-rar essa reputação junto à sociedade o caminho é evitar crises, fazendo o dever de casa: manter a equipe de tra-balho satisfeita; não economizar em itens que vão ao encontro do conforto e bem-estar da população; respeitar o passageiro, obedecendo a horários e escalas; e cumprir a legislação.
O especialista em crises corporati-vas, que ajudou instituições como Infraero e Banco do Brasil a superar crises de imagem, fez uma palestra sobre “Gestão de riscos, crises e comunicação” a convite da NTU, no mês passado, durante reunião do Colégio de Comunicação e Marke-ting, em Goiânia. Na ocasião, Forni
REvISTA NTU URBANo 9
EntrEvista
recorreu ao vasto conhecimento e experiência sobre o tema para tecer análises acerca da sobrevivência de segmentos com imagem vulnerável à crise. Em entrevista à NTU Urbano, ele faz uma avaliação dos riscos que podem abalar a imagem do setor de transporte público.
O SETOR DE TRanSPORTE PúBLiCO POR ÔniBuS jÁ TEm a REPuTaÇÃO aBaLaDa PELa PERCEPÇÃO DE QuE O SERViÇO DEixa a DESEjaR. QuE imPORTânCia a COmuniCaÇÃO TEm PaRa REVERTER ESSE PROCESSO?A Comunicação é instrumento estra-tégico para ter uma boa imagem que, com o tempo, se transforma numa forte reputação. Se o negócio do transporte urbano já tem uma ima-gem negativa, por tradição, confor-me demonstram as pesquisas, o tra-balho se torna mais desafiador e com alto risco de piorar essa imagem se a empresa não tiver uma Comunicação ágil e proativa. Os empregados pre-cisam saber das crises e ameaças da empresa de maneira transparente, para que não sejam surpreendidos quando a crise chegar. Quanto ao público externo, da mesma forma é preciso uma Comunicação honesta e transparente, principalmente nos momentos de crise. A Comunicação oxigena os canais de relacionamen-
to dos empresários, empregados e clientes. É preciso quebrar a cultura do “low profile”, que por muitos anos perdurou entre empresários, inapro-priada para os tempos que vivemos de Comunicação rápida, ampla e democrática.
COm RELaÇÃO àS EmPRESaS DE TRanSPORTES uRBanOS, na Sua aVaLiaÇÃO, QuaL É O maiOR DESafiO PaRa SE EViTaR CRiSES QuE amEaÇam a REPuTaÇÃO?O grande desafio é manter serviço de qualidade e com segurança nesse ce-nário bastante negativo, inclusive do ponto de vista econômico. Sabemos que no momento, entre tantas crises que o país enfrenta, as empresas de transporte urbano vêm sistematica-mente perdendo passageiros. Contri-buem para isso a crise econômica e o desemprego, que retiram passagei-ros da malha urbana. Com caixa afe-tado, as empresas tenderiam a eco-nomizar em outros itens, o que seria um estopim para crises. O desafio, portanto, passa a ser fazer o melhor com mais economia, evitando o risco
de crises que poderiam dar mais pre-juízo do que uma boa manutenção e um bom atendimento. Foco nas pes-soas, na qualidade do atendimento e na segurança é o maior desafio.
HÁ SETORES, COmO O DE TRanSPORTE uRBanO, QuE naTuRaLmEnTE SÃO maiS VuLnERÁVEiS a CRiSES. QuaL a Sua RECOmEnDaÇÃO PaRa SEGmEnTOS COm ESSa PaRTiCuLaRiDaDE?Sim, as crises de reputação que afe-tam as empresas ocorrem, em sua maior parte, porque a prevenção e o risco não foram bem avaliados. Exis-tem empresas que fazem manuten-ção correta, utilizam equipamentos novos, tomam cuidado ao lidar com as pessoas. Elas estão certamente mi-nimizando o risco de ter uma ameaça séria à reputação. Empresas sérias, que não querem se envolver em cri-ses, levam seu negócio a sério, não im-portam as crises que tenham com os governos, que sabemos são relações extremamente conflituosas e sempre têm um alto nível de contencioso.
“ENquaNto o podEr públIco Não dEr uma rESpoSta SatISfatórIa para a quEStão do prEço da tarIfa, mE parEcE quE a tENdêNcIa é ESSES movImENtoS coNtINuarEm atuaNtES.”
10 REvISTA NTU URBANo
EntrEvista
O SEnHOR afiRma QuE 80% DaS CRiSES Vêm DE DEnTRO DaS ORGanizaÇõES. nESSE CaSO, O QuE DEVE SER fEiTO PaRa QuE aS inSTiTuiÇõES SE manTEnHam imunES àS amEaÇaS?Primeiro, ter muito cuidado com as decisões que são tomadas na dire-toria. Muitas dessas decisões irão redundar em crises graves meses ou anos depois. Analisar as consequên-cias do ato de gestão. Depois, ter ab-soluto controle da empresa. Quem não controla, não administra. E esse é o caminho mais curto para a crise. Vale para uma padaria, vale para uma empresa de transporte, mais ainda. Monitoramento. As empresas devem saber o que pode causar uma crise. Quem não monitora, não previ-ne. Fique bem claro, que 95% das cri-ses não chegam de surpresa, isso já é um consenso entre os especialistas no assunto. As crises dão sinais na empresa de que vão acontecer.
um mODELO EfiCiEnTE DE “COmPLianCE” faz a DifEREnÇa anTES, DuRanTE Ou nO PÓS-CRiSE DE uma EmPRESa?Há dois fatores hoje que fazem uma grande diferença entre as empresas preparadas e as que não se prepa-ram: governança e “compliance”. Se a empresa tem problemas no “board” da organização, uma gover-nança claudicante e pouco compro-metida com a boa gestão, não existe prevenção de crise que solucione. O problema está na alma da empresa. O outro componente é um eficiente sistema de “compliance”. O “com-pliance” ajuda para evitar a crise e não durante a crise e nem no pós-crise. A função de um bom serviço de compliance é monitorar se a em-presa cumpre todas as regras da boa
governança para que não tenha pro-blemas financeiros, jurídicos e legais.
DaDOS DO SETOR aLERTam PaRa um QuaDRO PREOCuPanTE DE PERDa DE PaSSaGEiROS. ESSE É um DOS faTORES QuE TEm LEVaDO muiTaS EmPRESaS a fECHaREm aS PORTaS. COm RECuRSOS finanCEiROS ESCaSSOS E COm a CRiSE inSTaLaDa, QuaL É O mELHOR CaminHO a SEGuiR?Numa situação de perda de mercado, com reflexo direto no caixa das em-presas, e não podendo aumentar tari-fa, sem reduzir a oferta de ônibus, só restaria um caminho para as empresas sobreviverem: corte de despesas. Nesse particular, as empresas têm que tomar muito cuidado, porque cortar despesas não significa economizar naqueles pontos a que me referi ante-riormente: a segurança e a oferta de serviços ao usuário. Outra saída que imagino seria a tentativa de negocia-ção com os governos. Mas as empre-sas precisam ser muito transparentes – e não vejo por que não ir para a mídia falar a verdade – para contar à popu-lação como são feitas as licitações e como a empresa é refém de um siste-ma que exige contrapartidas, sem a devida liberdade do mercado. É muito fácil para os governos colocarem a culpa nas empresas de transporte.
na Sua aVaLiaÇÃO, DE uSuÁRiO DO SiSTEma DE TRanSPORTE PúBLiCO, E COmO ESPECiaLiSTa Em CRiSE, O QuE muDaRia DE imEDiaTO, COm fOCO nO SERViÇO PRESTaDO, PaRa REVERTER a imaGEm nEGaTiVa DaS EmPRESaS?Não tenho dúvidas de que o aten-dimento é o foco principal: cumpri-mento dos horários e linhas (pontu-alidade); estado geral dos veículos,
com conforto e cortesia; e frota em bom estado. Ampla divulgação do número de passageiros transporta-dos, marcando a queda que houve e que se reflete no faturamento das empresas, apesar do investimento fei-to. Sempre que uma empresa estiver na iminência de uma crise, por essa causa, deve ir para a mídia e exercer o direito de informar com toda a clareza as dificuldades que terá. Divulgação de estatísticas de segurança, estado da frota, etc. para o usuário saber que aquele serviço, apesar de público, não é prestado pelo governo, mas por uma empresa que tem ambições co-merciais e que muitas vezes é vítima de um sistema engessado e que a leva para a crise em pouco tempo.
João JosÉ FoRni é consultor de
comunicação estratégica e gerencia-
mento de crises. É especialista em cri-
ses corporativas e professor de Comu-
nicação das Organizações, em cursos
de Pós-Graduação. Presta consultoria
a empresas públicas e privadas e re-
centemente lançou o livro “Gestão de
Crises e Comunicação - O que Gesto-
res e Profissionais de Comunicação
Precisam Saber para Enfrentar Crises
Corporativas”.
REvISTA NTU URBANo 11
parada obrigatória
RESiDênCia nO LaBORaTÓRiO DE mOBiLiDaDE uRBana
A prefeitura de São Paulo lançou o primeiro programa de residência para
startup de mobilidade urbana. Serão selecionadas 10 empresas de inova-
ção ou microempreendedores individuais que ficarão sediadas por três
meses no Espaço Coworking do MobiLab.
Os vencedores terão acesso a programa de mentoria personalizado, a
dados de mobilidade, apoio técnico e entrada livre em eventos. Para as
startups que finalizarem o programa de forma satisfatória, será emiti-
do um certificado de participação no programa. Não será concedido
bolsa ou qualquer outro desembolso financeiro às startups residentes.
Mais informações: http://mobilab.prefeitura.sp.gov.br/residencia/
inDúSTRia DE ÔniBuS Em CRiSE
A produção de chassis de ônibus acumula queda de 38,5% entre
janeiro e maio deste ano em comparação ao mesmo período no ano
passado. Os dados foram divulgados pela Anfavea. A maior queda
é no segmento de ônibus urbanos, com baixa de 41,1% na produção.
A indústria brasileira produziu de janeiro a maio 7.415 ônibus
urbanos e rodoviários. O número é 38,5% menor que os 12.066
ônibus no mesmo período do ano passado.
O desempenho negativo é atribuído à queda da demanda dos
passageiros nas principais cidades e incertezas do cenário político
-econômico nacional.
aS CiDaDES maiS inTELiGEnTES DO BRaSiL
São Paulo, a maior metrópole brasileira, é a cidade mais inte-
ligente do Brasil. É o que aponta o levantamento divulgado
pela Urban Systems, por meio de uma metodologia própria.
Elaborado com objetivo de mapear as cidades com maior
potencial de desenvolvimento do Brasil, através de dados
que retratam a inteligência, conexão e sustentabilidade,
o ranking foi composto por 73 indicadores divididos em 11
setores. As cidades melhores rankeadas se destacam por
oferecer soluções e um lugar agradável de viver.
Entre os setores avaliados estão: Mobilidade; Urbanismo;
Tecnologia e Inovação; Empreendedorismo; Governança;
Educação; Energia; Meio Ambiente; Saúde; Segurança e
Economia. A cidade de São Paulo lidera em dois de 11 seto-
res: Mobilidade e Tecnologia e Inovação.
Ra
nk
inG
10
+
sm
Ar
t c
ItIe
s
São Paulo Vitória
Florianópolis
Barueri
Recife
Campinas
Rio de Janeiro
1º 6º
7º
8º
9º
10º
2º
3º
4º
5º
Curitiba
Brasília
Belo Horizonte
12 REvISTA NTU URBANo
O investimento em transporte público não pode parar
diÁlogo téCniCo
A mais recente publica-ção da NTU[1] revela o momento paradoxal do transporte público ur-
bano no Brasil. Essa publicação identificou 485 projetos em 79 mu-nicípios, que congregam 35,2% da população brasileira. São necessá-rios R$ 30 bilhões em investimentos públicos e privados para que esses projetos se tornem realidade nos próximos anos.
Esses 485 projetos têm o poten-cial de transformar e encaminhar a mobilidade urbana. Estima-se que eles contribuiriam para: aumento de 2% ao ano dos passageiros trans-portados; transferência superior a 10% das viagens do transporte individual; redução de 32% do tem-po de viagem; aumento de 78% na velocidade média nos corredores; e aumento significativo da confiabi-lidade das viagens. Nos projetos de sistemas BRT, haveria a redução da emissão de poluentes em 40%, do consumo de combustível em 30% e de até 93% no número de acidentes fatais[2] [3] [4] [5] [6]. Com base em um estudo da Associação Americana de Transporte Público [7], estima-se alguns benefícios indiretos no Bra-sil. Seriam: 250 mil empregos por ano; o aumento do PIB da ordem de R$ 29,9 bilhões; e a arrecadação de R$ 14,9 bilhões em impostos e tributos.
Todavia, observa-se uma crise his-tórica em termos de redução da
demanda, de aumento dos custos dos insumos e da queda de produti-vidade representada pelo aumento dos tempos de viagens. Desde 2015, a altíssima taxa de motorização individual, aliada à desaceleração econômica, contribuiu para que ocorresse, em 9 das principais ca-pitais brasileiras, uma redução da ordem de 9% na demanda de passa-geiros transportados. Em relação ao índice de passageiros por quilôme-tro equivalente (IPKe), principal in-dicador de produtividade do setor, a diminuição foi de 9,6%. Ademais, foi registrado o aumento de 10,7% no custo do óleo diesel, que repre-senta 23% do custo total do setor. Em relação à mão de obra, que re-presenta 41% dos custos, o aumento foi de 6,8% nos últimos 12 meses. Assim, houve a necessidade do re-ajuste das tarifas praticadas em 71 sistemas. O aumento das tarifas e a ausência de subsídios perpetuam o ciclo vicioso da mobilidade urbana.
O risco do retrocesso e do agra-vamento da crise atual é preocu-pante. A descontinuidade e/ou o cancelamento dos projetos seria uma decisão equivocada. Todos os esforços iniciados em 2007 com o
PAC não seriam corretamente po-tencializados, porque são parte do processo de criação de sistemas integrados que deve ser concluído o mais rápido possível. Ter-se-ia in-tervenções isoladas, descontínuas e subaproveitadas sob o ponto de vista de maximizar o investimento realizado. Seria desperdiçada uma ótima oportunidade para retomar o crescimento.
Recorrentemente, a questão crítica é a viabilização de fontes de recur-sos para garantir a perenidade dos investimentos, pois, apenas essa condição permitirá o rompimento com o ciclo vicioso do transporte público, caracterizado pela falta de priorização, a baixa qualidade do serviço, a redução da demanda e o aumento das tarifas. A continuidade dos investimentos é imprescindível para a efetivação da principal dire-triz da Política Nacional de Mobili-dade Urbana (Lei 12.587/2012), prio-rizar o transporte público em detri-mento do individual. Além de que garantiria à população um serviço de qualidade, um direito social, con-forme definido pela PEC 90/2011. O investimento em transporte público não pode parar!
andré Dantas, PhD, Diretor Técnico da NTU
Referências:(1) Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos – NTU (2015) Prioridade ao Transporte Público por ônibus: Panorama dos Projetos e Investimentos; 90p.; Brasília, Brasil. (2) The Institute for Transportation and Development Policy - ITDP (2008) Manual de BRT; Brasília. Brasil. (3) Federal Transit Agency - FTA (2006) Applicability of Bogotá’s TransMilenio BRT System to the United States; Final
Report, Washington, EUA. (4) Lindau, L. A.; Hidalgo, D.; FACCHINI, D. (2010) Bus Rapid Transit in Curitiba, Brazil; Transportation Research
Record: Journal of the Transportation Research Record/ No.2193; pp. 17-27; EUA. (5) Transit Cooperative Research Program - TCRP (2003)
Bus Rapid Transit – Volume 1: Case Studies in Bus Rapid Transit; Transit Cooperative Research Program Report 90; Transport Research
Board of the National Academies; EUA. (6) Levinson, H., Zimmerman, S., Clinger, J., Gast, J. (2003). Bus Rapid Transit – Synthesis of Case Studies; TRR 1841 – paper n° 03-4079. (7) American Public Transport Association - APTA. (2009b) Economic Impact of Public Transporta-tion Investment; White Paper; Washington, EUA.
REvISTA NTU URBANo 13
TRANSPORTE DE PASSAGEIROShardware • software • outsourcing • serviços
SOLUÇÕES PARA
EQUIPAMENTOS
Exp. Appraisal #240972018-05-22
WWW.PERTO.COM.BR
sempre ao seu lado.
Milhares de passageiros recarregam o seu bilhete de transporte todos os dias nos terminais de pagamento da Perto em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A facilidade de pagar em dinheiro ou cartão levou a solução para metrôs, trens, ônibus e barcas. É simples, rápido e seguro.
SOFTWARE E OUTSOURCINGA Perto oferece o serviço de gerenciamento e manutenção de todos os processos, com um Centro de Operações de Rede (NOC) 24x7 garantindo a disponibilidade dos equipamentos. Além disso, a Perto desenvolveu o software de gestão da venda de créditos, já consolidado em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. A solução pode ser facilmente customizada para sua empresa de acordo com o seu sistema de bilhetagem e as suas regras de negócio. A equipe de desenvolvimento da Perto conta com mais de 50 profissionais especialistas e altamente treinados. (51) 3489-8826
TCC
COMPRA DE CRÉDITOS COM CÉDULAS,
MOEDAS E CARTÕES
TvC
TCC + DISPENSA DE CARTÕES
TPC
TVC + TROCO EM CÉDULAS E MOEDAS
TPC 2000
TPC + DISPENSA ATÉ 4 TIPOS DE CARTÕES +
ARMAZENAMENTO SACOLA
PERTOKIOSK TAS - TERmInAL dE AUTOATEndImEnTO
dg-830
TRANSPORTE DE PASSAGEIROShardware • software • outsourcing • serviços
SOLUÇÕES PARA
EQUIPAMENTOS
Exp. Appraisal #240972018-05-22
WWW.PERTO.COM.BR
sempre ao seu lado.
Milhares de passageiros recarregam o seu bilhete de transporte todos os dias nos terminais de pagamento da Perto em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A facilidade de pagar em dinheiro ou cartão levou a solução para metrôs, trens, ônibus e barcas. É simples, rápido e seguro.
SOFTWARE E OUTSOURCINGA Perto oferece o serviço de gerenciamento e manutenção de todos os processos, com um Centro de Operações de Rede (NOC) 24x7 garantindo a disponibilidade dos equipamentos. Além disso, a Perto desenvolveu o software de gestão da venda de créditos, já consolidado em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. A solução pode ser facilmente customizada para sua empresa de acordo com o seu sistema de bilhetagem e as suas regras de negócio. A equipe de desenvolvimento da Perto conta com mais de 50 profissionais especialistas e altamente treinados. (51) 3489-8826
TCC
COMPRA DE CRÉDITOS COM CÉDULAS,
MOEDAS E CARTÕES
TvC
TCC + DISPENSA DE CARTÕES
TPC
TVC + TROCO EM CÉDULAS E MOEDAS
TPC 2000
TPC + DISPENSA ATÉ 4 TIPOS DE CARTÕES +
ARMAZENAMENTO SACOLA
PERTOKIOSK TAS - TERmInAL dE AUTOATEndImEnTO
dg-830
ntU EM ação
Na busca constante do apri-moramento e da sinergia entre as empresas do se-tor de transporte coletivo
urbano, durante os meses de abril e maio de 2016, a NTU promoveu novos encontros dos Colégios de Advogados e de Gestão de Pessoas (realizados em conjunto), Técnico de Comunicação e Marketing. Entre os temas debatidos, estão exame toxicológico, legislação trabalhista, gestão de crises nas empresas, me-todologia de cálculo tarifário e ou-tros. Além de empresários, técnicos
e funcionários, as reuniões contaram com a participação de especialistas para o enriquecimento do debate.
ExamES TOxiCOLÓGiCOS E LEGiSLaÇÃO TRaBaLHiSTa
A realização do exame toxicológico, estabelecido pela Lei nº 13.103/2015, é um tema atual e tem levantado várias dúvidas por parte de em-pregadores, funcionários e, até mesmo, para quem deve executá-la. Detalhes e informações sobre esse assunto e sobre os programas de
controle de álcool e drogas foram apresentados durante o segundo encontro dos Colégios de Advoga-dos e Gestão de Pessoas da NTU, nos dias 28 e 29 de abril, em Brasília.
As dúvidas em relação à eficácia e segurança dos exames toxicológicos foram discutidas pelo diretor de Co-municação e do Departamento de Medicina de Tráfego da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), Dirceu Rodrigues Alves Júnior. Segundo Dirceu, a melhor ma-neira da realização do exame é pela
A constante busca pela melhoria do setor de
transporte coletivo urbano COM ENCONTROS PERIóDICOS PROMOVIDOS PELOS COLÉGIOS DA NTU, GESTORES DE EMPRESAS DE ôNIBUS URBANOS BRASILEIRAS
PARTICIPAM DE DISCUSSõES DE TEMAS IMPORTANTES PARA O SETOR E BUSCAM MELHORAR OS NEGóCIOS PARA APRIMORAR O SERVIçO
16 REvISTA NTU URBANo
ntU EM ação
urina, já que desta forma não há cons-trangimento para o motorista. Além disso, o Brasil é o único país que esta-beleceu que a investigação também deve ser feita com amostra de cabelo ou de unha.
Para ele, a forma que está sendo re-alizada acarreta vários problemas sociais e econômicos, como a possi-bilidade de demissão do funcionário com resultado positivo. "Diante de um resultado positivo, pode ser solicitado uma contraprova, em um novo labora-tório", explica.
COnfLiTOS
São vários os conflitos existentes na legislação, entre a Portaria Nº 116 e a Resolução Nº 583. A primeira, do Ministério do Trabalho e Previdên-cia Social, define que o empregado está apto ao trabalho mesmo com o exame positivo. Já a Resolução diz que o motorista está inapto, o que é um “contrassenso”, segundo Dirceu Rodrigues. “Quem é que vai se responsabilizar? O médico do trabalho? Temos um problema ético. Um problema jurídico. Ou seja, um problema seríssimo para ser discuti-do”, alerta o diretor.
Já o advogado Cleto Gomes ques-tiona como uma empresa, em um processo seletivo, irá pagar o exa-me ao candidato sem que se tenha um contrato firmado. “Essa obri-gação, em uma análise prévia, é totalmente absurda. Ninguém está sujeito a fazer ou a não fazer nada
em virtude de Lei, mas, para você obrigar uma determinada pessoa a assumir uma obrigação através de um contrato, esse contrato tem que ser celebrado. O que, nesse caso, não ocorreu”, defende.
Segundo Cleto, a Lei está transferin-do para o empregador as obrigações que são próprias do profissional para exercer a profissão. Ele critica que muitas leis são sancionadas no Bra-sil, e muitas vezes sem que haja uma discussão por quem entende. “Já é uma dificuldade enorme contratar bons profissionais, principalmente agora com uma exigência dessa magnitude”, diz.
PREVEnÇÃO DO uSO DE DROGaS
A prevenção no ambiente de traba-lho é importante para a eliminação ou diminuição do uso de álcool e drogas por motoristas de ônibus das empresas de transporte co-letivo. De acordo com Fernando Moreira, consultor da Federação
das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), o álcool é o maior problema dentro da empresa de transporte.
Dentro dos fatores de prevenção está o Programa de Controle de Ál-cool e Drogas (PRAD), indicado pelo consultor. A implantação desse pro-grama deve ser gradual, e entre as suas etapas estão: normas escritas sobre o local de trabalho sem dro-gas; treinamento dos supervisores; informação a empregado; assistên-cia no tratamento; testes de drogas.
“Eu tenho orientado a empresa a fa-zer o seguinte: antes de contratar faz a apresentação da empresa ao can-didato. Mostra o anexo [das normas] da Portaria 116, fala que a empresa tem um programa sério de controle de álcool e droga. E que para ser contratado é preciso fazer todos os testes. Explica, mostra antes, faz uma entrevista de conhecimento”, sugere Fernando.
PARTICIPANTES DO 2° ENCONTRO DO COLÉGIO DE
COMUNICAçÃO E MARKETING, EM GOIâNIA (GO).
REvISTA NTU URBANo 17
ntU EM ação
REDE DE infORmaÇõES ESTRaTÉGiCaS
O banco de dados da NTU passa por um processo de modernização, que visa a melhoria do acesso às informações disponibilizadas para a consulta de todas as empresas as-sociadas e entidades filiadas. Nesse sentido, os integrantes do Colégio Técnico da NTU têm trabalhado na reformulação da Rede de Informa-ções Estratégicas (RIE).
Segundo André Dantas, diretor técnico da NTU, a RIE compreende dados sobre a demanda, oferta; insumos, custos, receitas e tarifas e tecnologias diversas sobre o setor. “O novo formato da RIE será mais enxuto, atualizado com a nova re-alidade operacional e tecnológica do setor e permitirá mais agilidade e confiabilidade na atuação da NTU”, explica Dantas.
Esse novo projeto para a Rede de In-formações Estratégicas e o banco de dados foram apresentados durante o encontro do Colégio Técnico que ocorreu em Fortaleza (CE), nos dias 5 e 6 de maio de 2016. O evento foi promovido em parceria com o Sin-dicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).
Para o presidente do Sindiônibus e coordenador do Colégio Técnico, Dimas Barreira, o transporte coletivo passa por um momento de mudança e por um cenário mais desafiador como nunca. Ele pontua como al-guns dos desafios enfrentados a desregulamentação e concorrência desleal; a tendência de novos mo-delos operacionais e contratuais; os tempos de discussões políticas paradoxais sobre requalificação do transporte e redução do seu custo; e a necessidade de recursos extratari-fários para viabilização da atividade e garantia da saúde das cidades.
“É nesse contexto volátil e de alta complexidade que se torna ainda mais importante o que o encontro do Colégio Técnico procurou pro-ver. A consolidação da nossa RIE, buscando a riqueza necessária, sem excessos que a torne difícil ou demo-rada demais para disponibilização, mas que contenha o que realmente tem relevância e que possa seguir evoluindo conosco, e o compartilha-mento, com bom grau de detalha-mento, das experiências notáveis do setor Brasil afora”, defende Barreira.
Na ocasião também foram discuti-das a metodologia de cálculo tarifá-rio e as experiências de operações consorciadas em Fortaleza (CE),
Manaus (AM) e Salvador (BA). Na ocasião, os participantes também fizeram uma visita técnica ao siste-ma de transporte coletivo da cidade, ao Centro de Controle Operacional (CCO) e às Gerências de Operações e de Planejamento do Sindiônibus.
GESTÃO DE CRiSES ORGanizaCiOnaiS
Sem dúvida a gestão de crise nas or-ganizações é algo que deve ser estu-dado e trabalhado para se evitar pro-blemas mais complexos. Nem todos os conflitos tornam-se crise, mas isso não quer dizer que as empresas po-dem negligenciá-los. É o que afirma João José Forni, especialista no as-sunto e o consultor de comunicação com foco em comunicação estraté-gica e gerenciamento de crises. Forni ainda ressalta: 95% das crises podem ser evitadas. Além disso, é possível prever que algo dará errado ou não com o monitoramento. “É preciso ter absoluto controle da empresa. Quem não controla, não administra. E esse é o caminho mais curto para a crise. As empresas devem saber o que pode causar uma crise. Quem não monito-ra, não previne”, argumenta Forni.
Em uma visão mais ampla do geren-ciamento de crises, Forni pôde con-tribuir para que os participantes do Colégio de Comunicação e Marketing, realizado nos dias 12 e 13 de maio, em Goiânia (GO), pudessem ter mais co-nhecimento sobre a necessidade de ações preventivas de situações que levam a crises. Outro ponto abordado nesse encontro, e que complementa a gestão de crises nas empresas, foi o relacionamento com a imprensa. Nes-se segundo debate, a NTU em parceria com a FSB Comunicações apresenta-ram pontos importantes das deman-das dos jornalistas sobre o setor.
PARTICIPANTES DO 2º ENCONTRO DO COLÉGIO TÉCNICO FAZEM
VISITA AO SISTEMA DE TRANSPORTE DE FORTALEZA (CE).
18 REvISTA NTU URBANo
ntU EM ação
“O Encontro do Colégio de Advogados foi realmente produtivo. Um tema atual, e os palestrantes deram um panorama bem completo do problema e das possíveis soluções. A participação dos advogados e empresários presentes também foi muito significativa e todos puderam expor suas dúvidas e posições. Foi um dos melhores Colégios de Ad-vogados de que participei”. Antonio Sampaio Amaral Filho, advogado do SPUrbanuss.
“Gostei bastante do último encontro do Colégio de Comunicação e Marketing da NTU, com destaque para a palestra do João José Forni, sobre gestão de crise, e a visita técnica ao CCO de Goiânia. Ao voltar para Curitiba, reuni meus colegas de trabalho e comparti-lhei com eles tudo o que vi durante o evento, a fim de que a gente possa de alguma forma aplicar na nossa cidade o que está dando certo em outros municípios e melhorar a vida do nosso cliente, o usuário de ônibus.” Renan Carreira, assessor de imprensa do Setransp (PR).
“A discussão promoveu novas reflexões na empresa, inclusive fomentando um novo de-bate entre as empresas de transporte em Goiânia (GO). O que mais me chamou atenção foi a falta de conhecimento técnico pelo poder público para implementação do exame toxicológico, dificultando às empresas o cumprimento da lei. A iniciativa é louvável e tem o poder de integrar empresas e profissionais em busca de melhorias para o servi-ço.” Maiara Schwengber, coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas da Empresa HP Transportes Coletivos.
“Participar do Colégio Técnico da NTU é uma experiência muito positiva, pois consolida a formação da rede networking em âmbito nacional e permite a reflexão de temas técnicos atualizados e relevantes no setor de transporte, com foco no segmento empresarial. O en-contro de Fortaleza foi de grande valia e aplicabilidade nos trabalhos que desenvolvo. A ex-periência da visita técnica ao Sindiônibus e ao sistema de transporte da cidade consolidou os temas discutidos.” Célia Macieira, assessora técnica do SetraBH (MG).
Em uma sondagem informal com os principais veículos de comunicação, que acompanham a agenda do setor – como setoristas da Rádio Itatiaia (MG), os jornais Valor Econômico, Fo-lha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo –, a NTU levou ao conheci-mento dos profissionais de comuni-cação do setor as percepções da im-
prensa nacional. Nessa abordagem, constatou-se que a qualidade dos serviços e questões sobre tarifa estão no foco de interesse dos jornalistas.
O evento que contou com a parceria do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET) também proporcionou
aos presentes uma visita técnica ao Centro de Controle Operacional (CCO) do sistema de transporte coletivo ur-bano da cidade de Goiânia e a troca de experiências das ações em marketing das empresas Urbi Mobilidade Urba-na, que opera no Distrito Federal, e do Consórcio RMTC, que abrange as em-presas do município de Goiânia.
OPINIÕES
REvISTA NTU URBANo 19
Capa
20 REvISTA NTU URBANo
Capa
Já foi iniciada a contagem re-gressiva e os olhos do mundo se voltarão ao Brasil. De 5 a 21 de agosto, o país receberá as
Olimpíadas, maior evento esportivo da humanidade. Ao todo, serão 19 dias de competições, com mais de 10 mil atletas distribuídos em 42 moda-lidades esportivas. Será um momen-to histórico não apenas para o país, mas também para a América do Sul, que recebe sua primeira edição dos Jogos Olímpicos na história.
A expectativa do Ministério do Tu-rismo é que o fluxo de turistas no Rio de Janeiro, cidade-sede oficial do megaevento, gire em torno de 300 mil a 500 mil durante as disputas, e que haja circulação de 1 milhão de visitantes ao longo do ano olímpico. Além da cidade carioca, que concen-trará a maior parte dos jogos em 32 arenas, haverá partidas de futebol
nos estádios de Brasília, Belo Hori-zonte, Manaus, Salvador e São Paulo.
Mas, além da alegria e do clima de empolgação proporcionados pelo espírito esportivo em si, os Jogos Olímpicos representam desenvol-vimento para o povo que os recebe. No caso do Brasil, o crescimento está concentrado no Rio de Janeiro. Com um investimento na ordem de R$ 37,6 bilhões, que inclui constru-ção e manutenção de equipamentos esportivos, a competição deixará um legado importante de mobilidade urbana, com R$ 24 bilhões aplicados no setor.
“Todas as obras fazem ou farão parte de um legado que ficará para a po-pulação do Rio de Janeiro”, afirma o presidente do Conselho Diretor da NTU, Eurico Divon Galhardi, re-ferindo-se aos projetos entregues e
Mobilidade urbana nas Olimpíadas
COM INVESTIMENTO DE R$ 24 BILHõES SOMENTE EM INFRAESTRUTURA E MODERNIZAçÃO DO TRANSPORTE PúBLICO EM SEUS DIVERSOS
MODAIS, RIO DE JANEIRO SE PREPARA PARA RECEBER O PúBLICO DAS OLIMPíADAS E COMEMORA LEGADO NO SETOR
REvISTA NTU URBANo 21
em fase de conclusão. “Mas isso não significa que todas foram pensadas para as Olimpíadas. Temos obras que faziam parte do plano urbanístico básico da cidade da década de 60. Com a possibilidade da competição, os planos saíram da gaveta e, juntos, formaram um excelente plano de mobilidade, modernizado. Não fosse o evento, não haveria esses investi-mentos”, argumenta.
DO PaPEL PaRa aS RuaS
Divididos entre o poder público - R$ 14,2 bilhões do município, R$ 9,7 bi-lhões do estado e R$ 111 milhões do governo federal -, os investimentos em mobilidade e transporte público
contam também com recursos pri-vados para os projetos. Do total, 57% são recursos de Parceria Público-Pri-vada (PPP) e 43% dos governos.
Entre os principais projetos estão os BRT TransOeste (com 56km de extensão e 150 mil passageiros por dia), Transcarioca (com 39km de extensão interligando 27 bairros e capacidade para 340 mil passagei-ros por dia), TransOlímpica (com 26km de extensão e 87 mil passa-geiros) e TransBrasil (com 31km de extensão e integração entre vias metropolitanas e terminais da Transcarioca e Transolímpica, be-neficiando 500 mil passageiros por dia). “Os corredores exclusivos são
uma forma de baratear um trans-porte em larga escala. Enquanto um automóvel e uma bicicleta car-regam poucas pessoas, o BRT pos-sibilita a locomoção de milhares de cidadãos”, defende Galhardi.
Os investimentos não ficaram res-tritos ao sistema do BRT (Bus Rapid Transit). O plano de mobilidade para as Olimpíadas incluiu, ainda, outros modais importantes, como o me-trô e o VLT. A Linha 4 do Metrô, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, está em fase de testes. Com 16km de extensão e capacidade para trans-portar 300 mil passageiros, a obra terá alguns terminais concluídos so-mente após os jogos, a exemplo da
Capa
22 REvISTA NTU URBANo
Capa
Estação Gávea, que tem conclusão prevista para o final de 2017.
Inaugurado no último dia 5 de junho, o VLT carioca terá, até o início de julho, oito das 19 estações em opera-ção, segundo estimativas do gover-no. O trajeto completo da linha vai da Rodoviária Novo Rio até o Aeroporto Santos Dumond e surge como uma opção prática e ágil de transporte com bilhete único. Em dias de jogos, de 5 a 21 de agosto, o VLT funciona-rá das 6h à 0h, entre a Parada dos Navios e o Aeroporto. Além disso, também foram feitos investimentos na construção de vias expressas, te-leférico, ferrovias e elevados.
O professor da Universidade de Brasília David Duarte Lima, mestre em Saúde Pública e doutor em Segu-rança de Trânsito, elogia a evolução proporcionada pelas Olimpíadas, mas exalta a necessidade de pensar em longo prazo. “Eventos como esse representam um caminho para melhorar nossa infraestrutura e es-tabelecer parâmetros de primeiro mundo. No entanto, temos uma dí-vida histórica com a população no setor de mobilidade urbana, que não acompanhou as mudanças no país e deixa muito a desejar. É necessário que o país invista sempre e indepen-dentemente de grandes eventos, pensando adiante”, sustenta Duarte.
Para o especialista, a tendência é aumentar a demanda por transporte público e também a vinda de gran-
des eventos para o país. “Por essa razão, é fundamental que, apesar da crise econômica e dos megaeventos esportivos e culturais, os investi-mentos continuem. Tanto para a manutenção dos equipamentos que já existem e acabaram de ser entre-gues, quanto para a ampliação, que deve ser feita de forma sustentável e priorizando o atendimento à popula-ção, que só cresce”, pontua.
RiO DE CaRa nOVa
Com a aplicação de mais de 60% de investimentos dos Jogos Olimpícos em infraestrutura de transporte e mobilidade urbana, o Rio de Janeiro ganhou cara nova. Apesar de ainda estar repleta de canteiros de obras, a cidade já colhe os frutos das melho-rias. “Se formos comparar o Rio de Janeiro ao corpo humano, podemos dizer que temos um bom sistema ar-terial, com possibilidades nas princi-pais vias. Isso vai obrigar o governo a dar atenção ao sistema venoso, que são os corredores secundários. Não há, no Brasil, cidade que tenha tido um plano integrado de tanta quali-dade quanto o Rio. E aí entra outro legado, pois agora temos um mode-lo que pode ser aplicado em outras cidades do país, em especial as de maior porte”, destaca o presidente do Conselho Diretor da NTU.
Segundo o secretário executivo de Coordenação do Governo do município do Rio de Janeiro, Rafael Picciani, a compreensão e paciência
Capa
da população foram essenciais para a execução dos projetos. “Entregar obras de impacto, como os túneis, BRT e a nova Região Portuária, é um sentimento de orgulho. O carioca tem sido tolerante em aguardar es-sas obras e entender que a cidade demandava uma rede nova de trans-portes porque passou décadas sem esse investimento. Mas esse esforço está chegando ao fim e valerá a pena”, comemora.
Na avaliação do presidente do Con-selho Diretor da NTU, por mais que as melhorias em mobilidade urbana no Rio sejam um passo importante e um exemplo para os demais esta-dos, ainda há muito que ser feito. As mudanças na economia, nos hábitos da população e a expectativa de vida cada vez maior exigem soluções ino-vadoras, adaptadas ao cenário atual e em constante movimento. “As pes-soas vivem mais, têm mais acesso a carros. O orçamento e a visão não são mais os mesmos. Os problemas estão mais complexos. Então, as Olimpíadas trouxeram excelentes re-sultados para o Rio, mas dizer que o evento resolve os problemas de uma cidade, ou de um país, é um exagero. Os jogos são apenas um fruto de uma árvore frondosa. Ainda temos muitas conquistas pela frente”, finali-za Eurico Galhardi.
OuTRaS SEDES
Para espalhar ainda mais o espírito olímpico entre os brasileiros e utili-
REvISTA NTU URBANo 23
zar algumas arenas construídas ou reformadas para a Copa do Mundo de 2014, outras cinco capitais fo-ram escolhidas para receber par-tidas de futebol em seus estádios. De 3 a 21 de agosto, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Salvador e São Paulo abrirão as portas do Estádio Mané Garrincha, Estádio Mineirão, Arena Amazônia, Arena Fonte Nova e Arena Corinthians, respectiva-mente, a 46 partidas de futebol. As outras 12 que completam o cam-peonato de um dos esportes mais amados do país serão realizadas no Rio, no Maracanã e no Estádio Olímpico (Engenhão).
Capa
Apesar de receber jogos de futebol, essas cidades não realizaram grandes investimentos em mobilidade urbana como o Rio de Janeiro. Por recebe-rem um número reduzido de disputas (máximo de 10), essas capitais utiliza-rão as mesmas estruturas do Mundial de 2014. A Secretaria de Estado de Mobilidade do Distrito Federal ainda está definindo os esquemas de trânsi-to e segurança para os jogos.
De acordo com a Empresa de Trans-portes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), as operações relativas a trânsito e transporte também estão sendo fechadas na capital mineira,
mas o público pode ficar tranquilo quanto à oferta de transporte.
“Foram feitos diversos investimentos em obras para melhoria da mobili-dade urbana para a Copa do Mundo de 2014, entre elas BRT, corredores exclusivos, reformulação de terminais e implantação de estações de trans-ferência. Estamos prontos e acompa-nhando semanalmente a compra de ingressos para os jogos no Mineirão, a fim de adequarmos os planos de mo-bilidade, caso necessário”, detalha o superintendente de Operações da Diretoria de Ação Regional da BH-TRANS, Fernando Pessoa.
24 REvISTA NTU URBANo
Entre os dias 1º e 28 de agosto, a cidade do Rio de Janeiro terá 260km de faixas prio-ritárias para o acesso de es-
pectadores, atletas, veículos oficiais e profissionais de segurança e aten-dimento de emergências. O esquema foi anunciado pelo prefeito Eduardo Paes e tem como objetivo garantir a mobilidade durante os Jogos Olím-picos. A multa será de R$ 1.500 para aqueles que desrespeitarem a regra.
Para facilitar a locomoção, foram es-tabelecidos três feriados olímpicos - um a mais do que o previsto. Serão eles: 5 de agosto, data da cerimônia de abertura; 18 de agosto, dia da disputa de triatlo, com interdição de ruas da Zona Sul; e 22 de agosto, devido ao retorno dos turistas (a expectativa é de que 100 mil pessoas embarquem no Aeroporto Interna-cional Tom Jobim).
Mudanças também estão previstas no transporte público. As quatro zo-
nas de competição - Barra da Tijuca, Maracanã, Deodoro e Copacabana - terão seus próprios planos de mo-bilidade, definidos conforme a de-manda e a capacidade de transporte até as arenas onde serão realizadas as disputas.
Entretanto, uma regra já foi defini-da: em dias e horários de jogos que movimentarem mais pessoas do que o metrô, o trem ou o BRT tive-rem capacidade de atender, apenas passageiros com o cartão de transpor-te olímpico pode-rão utilizar as li-nhas e estações
que dão acesso aos locais da com-petição.
O secretário executivo de Coordena-ção do Governo do município do Rio de Janeiro garante que a cidade está preparada para atender às deman-das dos jogos, sem que a população local seja prejudicada.
“O Rio de Janeiro está preparado em todos os aspectos e na mobilidade não é diferente. A cidade passou por um longo período de obras impac-tantes. O objetivo das Olimpíadas era transformar a cidade. Queríamos que os Jogos servissem para o Rio e isso está sendo alcançado. O mais importante é o legado que fica para a população e a oportunidade de uti-lizar os novos equipamentos durante o evento e ao final dele”, afirma Rafa-el Picciani.
260km DE faixaS prIorItárIAs Aos Jogos olímpIcos
muLTa DE R$ 1.500 pArA quem desrespeItAr
ESquEMA dE trâNSItO E trANSPOrtE VAI PrIOrIzAr PúblIcO dOS jOgOS
cerimôNia De aberTUra
DisPUTa De TriaTlo Na ZoNa sUl
fim De fesTa - ex-PecTaTiva De 100 mil Pessoas No aero-PorTo iNTerNacio-Nal Tom Jobim.
fERiaDOS OLímPiCOS
“barra da tIjuca, maracaNã, dEodoro E copacabaNa - tErão SEuS próprIoS plaNoS dE mobIlIdadE, dEfINIdoS coNformE a dEmaNda E a capacIdadE dE traNSportE até aS arENaS oNdE SErão rEalIzadaS aS dISputaS.”
Capa
REvISTA NTU URBANo 25
MobilidadE Urbana
dF lança plano de mobilidade urbana com investimento
de r$ 6 bilhões CAPITAL DO PAíS PRETENDE IMPLEMENTAR 80 AçõES NOS PRóxIMOS QUATRO ANOS. PACOTE
INCLUI BILHETE úNICO, MUDANçA EM LINHAS DE ôNIBUS E ExPANSÃO DO SISTEMA BRT
Aos 56 anos de existência, Brasília recebeu em maio deste ano o seu primeiro programa estruturante
de mobilidade urbana. Serão 80 ações a serem implementadas nos próximos quatro anos com o objeti-vo de promover e integrar as ações e políticas de transporte de forma sustentável.
Batizado de “Circula Brasília”, o pro-grama nasceu com o desafio de au-mentar a participação do transporte coletivo e não motorizado na capital. Segundo o secretário adjunto de Mobilidade do DF, Fábio Damasce-no, Brasília tem umas das maiores taxas de motorização do país.
“Temos 1,77 pessoa por automóvel no Distrito Federal. Sâo 55 automó-veis para cada 100 habitantes e, para levar essa quantidade de habitantes, precisamos apenas de um ônibus. Brasília tem a menor taxa de uso de coletivos do país. Por isso, precisa-mos investir em transporte coletivo de qualidade. O transporte público tem que ser atrativo, precisa gerar conforto para a população”, defende Damasceno. O DF conta com uma frota de 1,64 milhão de veículos, que cresceu 99,64% em 10 anos. No mes-mo período, a população aumentou 24,93%, segundo o IBGE.
O projeto está baseado em três pila-res: requalificar o transporte coletivo
atual, realizar novos investimentos em infraestrutura e implantar o conceito mobilidade ativa. Entre os principais conceitos que norteiam as ações, estão a priorização ao trans-porte coletivo, integração modal, implantação de tecnologia de mo-bilidade e melhoria da qualidade de vida e ambiental.
muDanÇa DE PaRaDiGmaS
Brasília é conhecida por ser uma cidade de vias largas, longas distân-cias e feitas para carros. O “Circula Brasília” quer mudar esse cenário e alterar a matriz de mobilidade da cidade. As ações de infraestrutura irão redesenhar a cidade e o princi-
28 REvISTA NTU URBANo
MobilidadE Urbana
pal investimento será nos sistemas de ônibus. Serão 155 km de BRT e 30 km de faixas exclusivas nos próximos quatro anos.
Brasília possui hoje apenas uma linha de BRT, chamada de BRT Sul. Serão criadas outras 7 linhas que cortarão a cidade em todos os sentidos. Haverá ainda investimentos para a expansão do metrô nas zonas norte e oeste da cidade e implantação do sistema de VLT que ligará o centro da capital de norte a sul.
Para o secretário de Mobilidade, Marcos Dantas, o plano vai mudar o paradigma da mobilidade urbana do DF. “Não se trata de mais um plano diretor, mas sim de ações concretas.
Estamos estabelecendo um marco nessa cidade. É um grande desafio”, ressalta Dantas.
Além das obras estruturantes, outro destaque do plano de mobilidade refere-se à implantação do ITS (Sis-tema Inteligente de Transporte). Es-tão previstas a implantação do CCO (Centro de Controle Operacional), do rastreamento em tempo real dos ônibus, de sistema de informações aos usuários, o sistema de video-monitoramento e wi-fi e de semáfo-ro inteligente.
inVESTimEnTOS
Dos R$ 6 bilhões previstos nas obras, R$ 254 milhões (4,2%) devem sair
do caixa do GDF. Os demais recur-sos devem vir de captação direta do GDF (R$ 135 milhões), de financia-mentos (R$ 1,6 bilhão) e de repasses do governo federal (R$ 1,5 bilhão). O GDF também espera captar R$ 2,57 bilhões por meio de Parcerias Públi-co-Privadas (PPP).
De acordo com o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, parte do valor já está disponível e algumas obras terão início ainda neste ano. “Temos em torno de R$ 1,6 bilhão, fruto de financiamentos já autorizados, o res-tante tem parte aprovada, mas sa-bemos que não teremos liberações imediatas e buscamos parcerias pú-blico-privadas para levar melhorias para a população”, afirma.
REvISTA NTU URBANo 29
inForME pUbliCitÁrio
Com o objetivo de redu-zir custos e aumentar a eficiência do serviço de transportes coletivos, o
novo software desenvolvido pela Geocontrol é sinônimo de inovação. Dotado de visão computacional, o sistema Pontual permite analisar as imagens das câmeras e detec-tar algumas irregularidades como avanço de semáforo vermelho, risco de colisão e ultrapassagem em faixa contínua. Além disso, o serviço, inte-grado à bilhetagem eletrônica, dis-ponibiliza pesquisas de embarque e desembarque que colaboram signi-
tecnologia contra criseSISTEMA PONTUAL CHEGA AO MERCADO PARA REVOLUCIONAR
A GESTÃO DOS TRANSPORTES URBANOS
ficativamente para o planejamento da operação.
O software coleta informações que geram relatórios periódicos e da-dos que reúnem a localização dos veículos, o agendamento de viagens e a identificação dos ônibus, são disponibilizados em tempo real. Por meio do monitoramento o sistema ainda aponta os desvios de itinerários, atraso de viagens por APP para fiscais, comboios, e outras inconformidades.
As tabelas de programação de via-gens mais eficientes podem diminuir
entre 5% e 10% a frota programada proporcionando significativa redução de custos. A nova visão tecnológica beneficia também os passageiros que podem consultar a previsão do horá-rio dos ônibus, itinerário e outras op-ções de linhas através do site e celular.
Todo o sistema exige pouca interven-ção humana, algumas funcionalida-des trabalham completamente autô-nomas utilizando modernos algorit-mos de inteligência artificial, possibili-tando que um operador de Centro de Controle Operacional (CCO) monitore sozinho até 200 ônibus.
ponto dE ônibUs
Além de contribuir para a redução dos congestio-namentos e do nível de poluição, andar de trans-
porte público é sinônimo de poupar dinheiro mesmo com as novas alter-nativas de mobilidade.
A consultoria Jato Dynamics, a pedi-do da Revista Exame, comparou ce-nários diferentes de deslocamento ida e volta em São Paulo com as se-guintes opções: ônibus-metrô, car-ro, táxi comum, Uber Black, Uberx, Uber Pool (com viagem comparti-lhada entre passageiros), Cabify e
carro alugado pelo Pegcar (que intermedeia a relação
entre o dono do carro e quem aluga).
Como base, foram usados os custos de um Chevrolet Onix 1.0, hoje o carro mais vendido do país segundo a Fenabrave, e as tarifas das outras formas de transportes. Sobre o carro, foram considerados a depre-ciação do veículo, os juros do finan-ciamento, a gasolina, o seguro, a manutenção e os impostos. O custo médio do carro por quilômetro é de 88 centavos. É a segunda forma de deslocamento mais barata.
O transporte público em todos os cenários apresentados mostra van-tagens do ponto de vista financeiro. Inclusive, quanto maior a distância de deslocamento, maior também será a vantagem de usar ônibus e metrô, cujas tarifas não se alteram.
Apesar de o deslocamento por transporte público parecer mais de-morado, quanto maior a distância, mais vantajoso ele pode se tornar na relação custo-benefício. Presos nos congestionamentos, os carros, tanto de aplicativos como particu-lares, não conseguem estabelecer grande diferença de tempo de via-gem em relação ao transporte cole-tivo. Logo, o uso do automóvel não se justifica.
As simulações levaram em conta trajetos em São Paulo nos horários de pico da manhã e da tarde. Foram feitas várias simulações. Confira duas delas:
adamo Bazani, jornalista da rádio cbN, especializado em transportes
transporte público é mais vantajoso que uber e táxi
10km
20km
Deslocamento de 20 quilôMetRos
tipo de transporte Preço em R$ (ida e volta, por dia)
carro financiado 36,00carro quitado 26,40
ônibus ou metrô 7,60Táxi comum 91,50Uber black 96,00
Uberx 76,34Uber Pool 57,26
cabify 66,00carro alugado
pelo Pegcar 121,60
Deslocamento de 10 quilôMetRos
tipo de transporte Preço em R$ (ida e volta, por dia)
carro financiado 24,00carro quitado 17,60
ônibus ou metrô 7,60Táxi comum 64,00Uber black 66,00
Uberx 53,84Uber Pool 40,48
cabify 56,00carro alugado
pelo Pegcar 117,70
REvISTA NTU URBANo 31
boas prÁtiCas
São josé dos Pinhais elimina dinheiro dos
ônibus e zera assaltos MUDANçA NA FORMA DE PAGAMENTO DA TARIFA TROUxE UMA SÉRIE DE BENEFíCIOS AO
MUNICíPIO. ALÉM DA SEGURANçA, A PASSAGEM REDUZIU DE R$ 3,50 PARA R$ 2,85.
São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR), é a mais nova cidade brasileira a retirar
100% da circulação de dinheiro de dentro dos ônibus. A mudança na forma de pagamento foi planejada por dois anos e objetiva principal-mente aumentar a segurança dos passageiros e funcionários, reduzir custos e aumentar o desempenho operacional do sistema.
A obrigatoriedade do Cartão VEM (Vale Eletrônico Municipal) na ci-dade paranaense teve início em dezembro de 2015. Um dos primei-
ros impactos positivos no sistema foi a redução do preço da tarifa, que passou de R$ 3,50 para R$ 2,85. Isso foi possível porque, sem a necessidade de cobradores, as empresas de transporte coletivo tiveram menos custos para manter seus serviços.
Com o fim do dinheiro nos ônibus, o Consórcio VEM São José estima que, atualmente, cerca de 90 mil usuários estão utilizando o Cartão VEM. “De-vido à diminuição do custo tarifário e a redução desse impacto na tarifa, a grande parte da população aceitou bem a nova forma de pagamento”,
explica a diretora do consórcio, Be-atriz Britto. Além disso, os usuários também ganharam em segurança: o número de assaltos dentro dos cole-tivos foi zerado, não havendo nenhu-ma ocorrência desde dezembro do ano passado.
O diretor de Transportes do mu-nicípio, Tarlis Mattos, aponta que também houve economia com combustíveis, já que os ônibus pas-saram a ficar menos tempo parados para o embarque. Com isso, o tem-po de viagem foi reduzido e, em algumas linhas, essa redução é de até 15 minutos.
Arq
uivo
Co
nsó
rcio
vE
M
32 REvISTA NTU URBANo
boas prÁtiCas
REQuaLifiCaÇÃO DOS COBRaDORES
Um dos temores com a retirada do dinheiro é a eliminação do posto de cobrador. Tarlis Mattos, no entanto, afirma que não houve demissão em massa. Dos cerca de 130 cobradores que trabalhavam no sistema, apenas 20% não aceitaram as propostas de remanejamento e resolveram se des-ligar das empresas.
“Aqueles que se interessaram em permanecer no sistema foram re-qualificados e se tornaram fiscais, motoristas ou assumiram funções administrativas. Outros foram trans-feridos para a Central do Vale Eletrô-nico Municipal ou remanejados para as filiais da região metropolitana de Curitiba, pois lá ainda utilizam cobra-dores no sistema”, esclarece.
PROCESSO DE muDanÇa nO PaGamEnTO
O contrato de operação do sistema de ônibus, licitado em 2012, já pre-via 30% da operação sem cobrador. Nesse modelo, os pagantes em di-nheiro representavam 37% do total de passageiros, contra 18% do cartão cidadão e 45% de vale-transporte.
Então, há cerca de dois anos, o pro-jeto surgiu por meio de negociações com a prefeitura local em busca de estímulos para o crescimento da demanda e alternativas para redu-ção dos custos do serviço. Em 2013, a prefeitura municipal aprovou a diferenciação tarifária para quem usasse o cartão, que ajudou na dis-seminação da cultura do bilhete eletrônico.
Em 2014, os cobradores foram dis-pensados em linhas específicas aos
domingos, dias úteis após às 21h e linhas de baixo IPK (índice de pas-sageiros por quilômetro). No ano seguinte, entrou em vigor a lei muni-cipal determinando que as linhas que operavam apenas com motoristas passariam a aceitar somente o cartão.
Em seguida, funcionários do setor administrativo e cobradores que se-
riam realocados começaram a cadas-trar os usuários dentro do próprio ve-ículo, durante o trajeto do passageiro, entregando nesse momento o cartão pronto para ser usado.
A empresa também investiu em peças gráficas dentro dos coletivos para informar ao público sobre as mudanças na forma de pagamento. Atualmente, toda a frota — 110 veícu-los, que atendem 35 mil usuários por dia em 53 linhas — possui um adesivo no parabrisa, informando que é acei-to somente o cartão VEM no ônibus.
Um ônibus da empresa também vi-rou ponto de cadastro e recarga do cartão. “Portanto, não fizemos para a população um ‘chamamento’ para aquisição do cartão. Fomos onde es-tava o passageiro. Evitamos assim um desgaste maior para a mudança de cultura”, finaliza Beatriz Britto.
Arq
uivo
Co
nsó
rcio
vE
M
REvISTA NTU URBANo 33
CUltUra
A mobilidade urbana e a segurança no trânsito são assuntos amplamente discutidos em diversos
meios de comunicação. Agora, a sé-tima arte também tem se dedicado ao tema e em alguns países, como França, Bélgica e Suíça, por meio de festivais de cinema.
A ideia atraiu a atenção do produtor audiovisual Eduardo Abramovay, que buscou apoio da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), para realizar o primeiro Festival Brasileiro de Filmes Sobre Mobilidade e Segurança Viária – MO-BIFILM 2016. O evento acontece nos dias 12, 13 e 14 de agosto no Centro Cultural São Paulo. No primeiro dia, o festival contará com palestras e debates sobre o tema em destaque. Nos dois dias seguintes ocorrerão as sessões de cinema com filmes nos gêneros Documentário e Ficção, com obras inéditas ou já veiculadas. A entrada é gratuita.
São Paulo promove o 1º Festival brasileiro de Filmes sobre
Mobilidade e Segurança ViáriaALÉM DA MOSTRA DE FILMES, ANTP PROMOVE
DEBATE ENTRE PúBLICO E PALESTRANTES
Segundo Abramovay, a grande mo-tivação do evento é conscientizar a sociedade sobre como as inovações em mobilidade urbana podem re-sultar não só em melhorias no trân-sito, como também impactar posi-tivamente na qualidade de vida da população. O produtor ainda refor-ça a necessidade de o país desen-volver mais projetos para cumprir as metas da Década de Ação Pela Segurança no Trânsito 2011-2020 - plano de ação global da Organiza-ção Mundial de Saúde (OMS), que orienta governos do mundo inteiro a tomarem medidas mais eficazes para prevenir acidentes de trânsito até 2020.
As inscrições se encerram em 15 de julho. Contudo, a quantidade de material recebido em maio surpre-endeu Abramovay. “Recebi vários filmes, com várias temáticas dentro do âmbito de mobilidade urbana e, por isso, o processo de seleção das melhores filmagens será trabalhoso,
porém gratificante pelo bom núme-ro de inscritos”, ressalta o produtor.
O vencedor de cada uma das oito categorias (ver box) será premiado com uma bicicleta e um troféu. O produtor do filme com maior desta-que ganhará um patinete, uma bici-cleta elétrica e um troféu. A duração mínima para qualquer categoria é de 30 segundos. As obras inscritas nas categorias “Vídeo-cidadão” e “Esco-lares” têm o máximo de 10 minutos, e as outras categorias até 52 minutos de duração.
Para o debate sobre mobilidade e segurança, foram convidados o ar-quiteto e urbanista Alberto Epifani, o médico patologista Paulo Saldiva, o arquiteto e professor da Univer-sidade de São Paulo Nabil Bonduki, o secretário de Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, e o engenheiro industrial Pere Navarro Orivella, que também foi gestor de mobilidade de Barcelona de 1999 a 2004.
34 REvISTA NTU URBANo
SERVIÇOS E MANUTENÇÃO
Consultoria - Orientamos desde a manutenção da sanfona e do sistema de articulação e peças de reposição até programas de treinamentos individua- lizados.
Peças de reposição – A experiência técnica e a vivência que temos são incorporadas à entrega de nossos produtos, com garantia de um longo período de vida útil. Manutenção - Nossa manutenção é completa para a articulação do seu ônibus com uma inspeção detalhada, preventiva e corretiva, limpeza, lubrificação e troca de componentes mecânicos, hidráulicos e elétricos.
Inspeções – Já que vários fatores externos influenciam nos intervalos entre manutenções, avaliamos os componen-tes criteriosamente, focando sempre em durabilidade e redução de custos.
Reparos - Oferecemos manutenção e reparos in company para seus componentes HUBNER, assegurando que permaneçam em plena condição de funcionamento.
Treinamento - Sessões de treinamento prático, na sua empresa ou em salas de treinamento na fábrica da Hubner. Consulte nossos programas individuais de treinamento.
Muito além de produtos de
primeira linha.
Nosso pós-venda assegura
por mais tempo a sua
confiança operacional.
HÜBNER Sanfonas Industriais Ltda.Av. Adhemar Pinto Siqueira, 412
Bairro da Grama - Caixa Postal 7612286-325 - Caçapava - SP - Brasil
Tel. +55 12 [email protected]
CUltUra
Apesar de o festival ter dois temas definidos, não há pauta específica sobre a participação dos pales-trantes “Queremos que seja mais um evento de debate do que um seminário tradicional. Contamos
com a presença de ONGs, entidades e grande número de jovens. Que-remos dar a eles a palavra, e que o evento seja uma grande conversa entre eles e os palestrantes”, pontua Abramovay.
mOBifiLm
Festival: 12, 13 e 14 de agosto Centro Cultural São Paulo (entrada gratuita)
inscrição dos filmes até 15 de julho Mais informaçõeswww.mobifilm.com.br
CaTEGORiaS DOS fiLmES
Escolares
UniversitáriosVídeo
CidadãoProdução
independenteAnimação
Publicidade Produção institucional
PREmiaÇÃO
1º lugar por categoriaBicicleta e troféu
Maior destaquePatinete, bicicleta elétrica e troféu
REvISTA NTU URBANo 35
pElo MUndo
CHinESES aPRESEnTam O “ÔniBuS DO fuTuRO”
TEB (Transit Elevated Bus) é o novo projeto da china para solu-
cionar os problemas de engarrafamento do país. A ideia é cons-
truir um ônibus elevado que funcione por meio de um sistema de
trilhos e trafegue acima dos carros.
O modelo foi apresentado em miniatura durante a 19ª Exposição
Internacional de Alta Tecnologia de Pequim e tem capacidade
para transportar 1.200 pessoas. Com a estimativa de um ano
para a construção, o primeiro teste deve ocorrer até o fim do ano
em Qinhuangdao, no norte da China.
auSTRÁLia
LOnDRES
ÔniBuS mOViDOS a EnERGia SOLaR
Austrália é o primeiro país a colocar os ônibus movidos a energia solar em circulação.
Os primeiros ônibus solares estão circulando na cidade de Adelaide e beneficiam a po-
pulação com um serviço de transporte público gratuito e ambientalmente sustentável.
Os veículos possuem teto composto por placas fotovoltaicas que aliadas aos freios
produzem toda a energia necessária para o seu funcionamento. A recarga completa
permite que os ônibus circulem por cerca de 200 quilômetros. Batizado de “Tindo”, o
novo meio de transporte com tarifa zero comporta 40 passageiros sentados e ainda
oferece conexão wi-fi gratuita e ar-condicionado aos usuários.
PEQuim
BiCiCLETaS DE SPinninG Em TROCa DE aSSEnTOS
Uma academia de ginástica de Londres pretende inserir atividade
física no transporte público. A ideia é substituir os assentos de uma
frota de ônibus por bicicletas de spinning. A iniciativa de transformar
alguns coletivos em academias ambulantes é um incentivo à prática de
exercícios físicos, e a falta de tempo não será mais uma desculpa para
os usuários do transporte público da cidade. O trajeto tem quatro pon-
tos de partida, e o local de chegada possui chuveiros disponíveis para
os passageiros. No site oficial do projeto (www. ride2rebel.london) já
existe lista de espera para participar das aulas que devem começar no
início do outono inglês (setembro) e podem custar entre 12 e 15 libras.
Div
ulg
ação
Mo
tto
rs
Rid
e2R
ebel
36 REvISTA NTU URBANo
EMbarqUE nEssa idEia
O BRT eleva o desempe-nho operacional de um corredor de transportes e proporciona importan-
tes ganhos aos usuários e à cidade. Apesar dos grandes desafios na con-cepção, implantação e operação, re-vela-se como alternativa válida nos mais diversos contextos urbanos1. Em Belo Horizonte, por exemplo, o MOVE não só proporcionou ganhos de capacidade, redução nos tempos de viagem e aumento na confiabi-lidade, como captou 12% de seus usuários do automóvel2, percentual semelhante ao alcançado no Trans-Milenio de Bogotá.
O livro “Reestructuring public trans-port through Bus Rapid Transit” (Reestruturando o transporte co-letivo através do Bus Rapid Transit (BRT), em tradução livre para o português)4, lançado apenas em inglês no início deste ano, não tem, como objetivo central, a promoção do BRT, mas procura explorar o potencial do sistema na reestrutura-ção da oferta do transporte coletivo em cidades em desenvolvimento. A publicação, editada por Juan Carlos
luis antonio lindau, PhD, diretor do Wri brasil cidades sustentáveis
reestruturando o transporte coletivo através do brt
Munoz e Laurel Paget-Seekins, do Centro de Excelência do BRT3, con-templa 20 capítulos organizados em três seções.
A primeira seção endereça questões institucionais e a necessidade de capacitar os atores envolvidos no processo de transição do sistema convencional de ônibus para o BRT, como novas regras contratuais e maior participação na definição de tarifas e subsídios. A segunda parte reconhece que as alterações em uma rede de transporte coletivo podem disparar os mais variados conflitos na destinação de mobilidade confe-rida ao espaço viário. Para os usuá-rios, novos serviços significam novas rotas e isso requer a concepção e implantação de um sistema de infor-mações planejado.
Já a terceira seção trata do projeto e da operação. Qualquer que seja a cidade, a concepção de um sistema de transporte coletivo na superfície requer especial atenção à implemen-tação e ao seu contexto de inserção. O BRT precisa ser entendido como um importante agente de transfor-
Referências:(1) Brtdata.org (2) Dados da Pesquisa de Satisfação, EMBARQ
Brasil, 2015. (3) Munoz, J.C., Paget-Seekins, L. (2016) Reestructur-
ing public transport through Bus Rapid Transit. An interational and
interdisciplinary perspective. Bristol: Policy Press. (4) Bus Rapid
Transit. Across Latitudes and cultures. www.brt.cl
mação urbana e de avanços tecno-lógicos no sistema de transportes. A coleta automatizada de dados pode aprimorar o planejamento dos servi-ços, apoiar a eficiência operacional e também proporcionar informação em tempo real para os usuários. A análise dos dados identifica os fatores que permitem aumentar a demanda, a velocidade operacional, a confiabilidade e a segurança viária.
Frederick Salvucci, ex-Secretário de Transportes de Massachusetts, incentiva o investimento de tempo e energia intelectual na leitura do livro a todos que querem fazer do BRT o agente impulsionador de cidades mais sustentáveis. O enfoque aca-dêmico e prático, aliado à aborda-gem interdisciplinar e internacional, conferem ao livro a possibilidade de apoiar tanto pesquisadores quanto técnicos que lidam com a solução de problemas da vida real.
REvISTA NTU URBANo 37
apps sites
publicações
#ntUrECoMEnda
aPPLEmaPS naS OLimPíaDaS
Em clima de olimpíada, aplicativo AppleMaps
agora permite que usuários de iPhone consul-
tem informações sobre o transporte público
do Rio de Janeiro e região metropolitana. Para
utilizar o serviço, basta pesquisar o endereço
de destino e selecionar a opção transporte
público. O Rio de Janeiro é a primeira cidade
brasileira a receber o recurso que visa facilitar
a locomoção de turistas e moradores durante
os Jogos Olímpicos. Com informações sobre li-
nhas de ônibus, trens e metrôs, o aplicativo ain-
da será atualizado sempre que houver algum
desvio de percurso durante os jogos.
CiDaDE Em mOVimEnTO
O Instituto Cidade em Movimento é uma
associação sem fins lucrativos com sede
em Paris e escritórios em xangai, Buenos
Aires e São Paulo. O objetivo da organi-
zação é acompanhar as transformações
urbanas do mundo e colaborar para o
desenvolvimento de uma cultura de mo-
bilidade, por meio do apoio e execução de
trabalhos, pesquisas, projetos e ações que
contribuam para a melhora da mobilidade
urbana em todas as suas formas. Confira:
http://cidadeemmovimento.org/
anuÁRiO CnT
A Confederação Nacional do Transporte (CNT)
lançou em maio o primeiro “Anuário CNT do
Transporte”. A publicação reúne dados sobre
os modais de transporte no Brasil (rodoviário,
ferroviário, aquaviário e aeroviário) e apresenta
estatísticas brasileiras sobre movimentação,
infraestrutura, composição do setor, produ-
ção e frota de veículos.
No site da CNT, estão disponíveis plani-
lhas eletrônicas com mais de 800 ta-
belas que mostram a diversidade da
atuação do setor transportador, sua
evolução nos últimos anos e os desa-
fios a serem superados. Mais informações:
anuariodotransporte.cnt.org.br.
aPP PaRa DEfiCiEnTES fíSiCOS
Ficou mais fácil para os
cadeirantes de São Gon-
çalo, região metropoli-
tana do Rio de Janeiro,
embarcarem nos coletivos da ci-
dade. O aplicativo desenvolvido pela empresa
de ônibus Rio Ita possibilita que o cadeirante
saiba onde estão os ônibus com acessibilidade
e avise ao motorista em qual ponto e horário
estará aguardando. Esse serviço pode ser uti-
lizado em aparelhos com sistema Android ou
IOS e está disponível para download em app.
vc/rioita.
EMBARQUE NO SITE WWW.BRTBRASIL.ORG.BR E ACOMPANHE A EVOLUÇÃO DO TRANSPORTE COLETIVO
E DA MOBILIDADE URBANA DAS CIDADES.
38 REvISTA NTU URBANo
EMBARQUE NO SITE WWW.BRTBRASIL.ORG.BR E ACOMPANHE A EVOLUÇÃO DO TRANSPORTE COLETIVO
E DA MOBILIDADE URBANA DAS CIDADES.
23 E 24 DE AGOSTOROYAL TULIP / BRASÍLIA
APRESENTAÇÃOApós quase 200 anos de história no Brasil, o transporte público enfim se tornou um direito social na Constituição Federal. Em outubro de 2015, foi aprovada a PEC 90/2011 no Congresso Nacional, garantindo à mobilidade urbana destaque no artigo 6º da Carta Magna ao lado de educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados.
Mas, e agora? Como garantir recursos suficientes para esse serviço tal qual é destinado aos outros direitos sociais? A inclusão na Constituição Federal representa um novo caminho na luta por um transporte mais digno com novas possibilidades de desenvolvimento para o setor.
O novo caráter constitucional do transporte público e seus desdobramentos serão o principal tema de debate da 30ª edição do SEMINÁRIO NACIONAL NTU, que será realizado nos dias 23 e 24 de agosto em Brasília.
Além do direito social, as medidas de prioridade ao transporte público implementadas nos últimos cinco anos no Brasil serão expostas por especialistas e gestores públicos do setor, que farão análise dos benefícios e resultados concretos que beneficiam as cidades e a população.
Além das questões políticas e sociais que envolvem o setor de transporte público, a NTU promove a Oficina de Sistemas Inteligentes de Transportes com o objetivo de discutir importantes questões tecnológicas para a excelência do serviço de ônibus.
LOCAL DO EVENTOHotel Royal tulip BRasília alvoRada
Endereço: SHTN Trecho 1, Conjunto 1B, Bloco C , Brasília - DF, 70800-200 Telefone: +55 (61) 3424-7018
INSCRIÇÕES ANTECIPADAS1º de junHo a 15 de agosto de 2016
www.ntu.org.br
Confira as diárias especiais para os participantes e outras sugestões de hospedagem na página do evento!www.ntu.org.br
PROgRAmAÇãO PRELImINAR23/08 (terça-feira)10:00 Abertura
10:30 Painel “Transporte público como direito social. E agora?”O debate contará com a participação de lideranças do setor de transportes, do Congresso Nacional, do governo federal e da sociedade civil em busca de ações para que o transporte público tenha dotações orçamentárias, como a saúde, a educação e outros direitos sociais garantidos na Constituição Federal.
13:00 Almoço
14:30 Painel “Prioridade ao ônibus urbano: análises e soluções”Apresentação de cases e análises das medidas de prioridade ao transporte público implementadas nas cidades brasileiras nos últimos cinco anos.
16:30 Palestra “O Brasil e seu labirinto: do esgotamento estrutural à crise nacional”Carlos Melo, doutor em Ciência Política, professor do Insper e articulista do O Estadão de S. Paulo, vai abordar os aspectos estruturais da crise no país, os desafios do presente e as perspectivas de futuro.
18:00 Encerramento
24/08 (quarta-feira)Oficina de Sistemas Inteligentes de TransportesEspecialistas, operadores e representantes da indústria vão apresentar e discutir importantes questões tecnológicas para a operação dos sistemas de transportes
09:30 Controle de fraudes: uso da biometria
10:30 Tecnologia em prol do transporte público
11:30 gestão de frotas: CAN e Telemetria
13:00 Almoço
14:30 às17:30
Encontros dos Colégios da NTUExecutivos e gestores das empresas e entidades de transporte público reúnem-se para promover a troca de experiências e debater soluções nas diversas áreas de atuação do setor.
ORgANIzAÇãOREALIzAÇãO APOIO EDITORIAL
SAUS Q. 1, Bloco J, Ed. CNT 9º andar, Ala A
Brasília (DF) CEP 70070-944
Tel.: (61) 2103-9293 / Fax: (61) 2103-9260
E-mail: [email protected] / Site: www.ntu.org.br
www.twitter.com/ntunoticias
www.facebook.com/ntubrasil
www.flickr.com/ntubrasil
www.youtube.com/transporteurbanontu
APOIO INSTITUCIONAL