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MINISTÉRIO DA DEFESAEXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIAINSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CARTOGRÁFICA
1º Ten QMB LEONARDO ASSUMPÇÃO MOREIRA
AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DE IMAGENS ORBITAIS PARA APOIO NO PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES MILITARES DE NÍVEL TÁTICO EM ÁREAS URBANAS
Rio de Janeiro2007
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
1º Ten QMB LEONARDO ASSUMPÇÃO MOREIRA
AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DE IMAGENS ORBITAIS PARA APOIO NO PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES MILITARES DE NÍVEL TÁTICO
EM ÁREAS URBANAS
Monografia de Projeto de Fim de Curso apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia cartográfica do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção de título de Engenheiro Cartógrafo.
Orientador: Prof. Oscar Ricardo Vergara – D.E.
Rio de Janeiro
2007
2
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
1º Ten QMB LEONARDO ASSUMPÇÃO MOREIRA
AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DE IMAGENS ORBITAIS PARA APOIO NO PLANEJAMENTO DE OPERAÇÕES MILITARES DE NÍVEL TÁTICO
EM ÁREAS URBANAS
Projeto de Fim de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia
Cartográfica do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção de
título de Engenheiro Cartógrafo.
Orientador: Prof. Oscar Ricardo Vergara – D.E.
Aprovada em ___ de ___________ de 2007 pela seguinte Banca Examinadora:
Prof. Oscar Ricardo Vergara – D. E.
Maj QEM Cláudio Gelelete Teixeira – M. C.
Cap QEM Ermírio de Siqueira Coutinho – M. C.
Cap QEM Marcos de Meneses Rocha – M. C.
Rio de Janeiro
2007
3
Ao meu Deus
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por mais esta experiência de vida.
Agradeço aos meus pais, Leonel e Maria Ester, minha irmã, Lívia, minha avó,
Consuelo, e minha namorada, Viviane, pelo total apoio e compreensão.
Agradeço ao Exército Brasileiro, instituição à qual faço parte desde os 16
(dezesseis) anos, que foi e é responsável pela minha formação civil e moral, e que tem
me dado inúmeras oportunidades de crescimento e aprimoramento profissional.
Agradeço ao meu orientador, Dr. Oscar Ricardo Vergara, pelas idéias sempre
precisas, que contribuíram para o enriquecimento deste projeto de fim de curso, e pela
atenção e disponibilidade dispensada ao longo de todo o período da graduação.
Agradeço à 5ª Divisão de Levantamento pelas imagens e meios cedidos para a
realização deste projeto, assim como toda atenção cedida por seu Chefe e seu corpo
técnico.
Agradeço ao Maj Pimentel e ao Maj Mariano, da Escola de Comando e Estado-
maior do Exército, pela contribuição com atenção e conhecimento a mim dispensados.
Agradeço aos amigos Maj Marcelo Monteiro e 1º Ten Alex da Penha pela
paciência, amizade, companheirismo, camaradagem, lealdade e tantos outros valores
que tiveram para comigo; valores esses que não se encontram com facilidade nos dias
de hoje.
Agradeço aos professores e amigos Cel Andrade e Cel Vasconcellos, que tanto
contribuíram para a minha formação como engenheiro cartógrafo.
Agradeço ao Cap Felipe Costa e ao 1º Ten Cassius pela amizade e preocupação,
e também pelas sugestões e contribuições feitas ao trabalho.
Agradeço à Moema, amiga de todas as horas.
Agradeço a todos que de algum modo colaboraram na realização deste trabalho.
5
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................... 10
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ 13
RESUMO .................................................................................................................. 15
ABSTRACT ............................................................................................................... 16
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 171.1. POSICIONAMENTO DO TRABALHO................................................................ 171.2. OBJETIVO .......................................................................................................... 181.3. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DO ESTUDO ................................................. 181.4. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO.............................................................. 19
2. AS OPERAÇÕES MILITARES E O ESTUDO DO TERRENO ............................. 212.1. AS FORÇAS ARMADAS E SUAS MISSÕES ..................................................... 222.2. FORÇA TERRESTRE ........................................................................................ 222.3. NÍVEIS DA GUERRA .......................................................................................... 232.4. FATORES DA DECISÃO .................................................................................... 242.5. OPERAÇÕES MILITARES ................................................................................. 252.6. ANÁLISE DO TERRENO E DAS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS .............. 262.7. ESTUDO DO TERRENO ................................................................................... 262.8. AS ESCALAS DAS CARTAS TOPOGRÁFICAS E OS NÍVEIS DA GUERRA.... 302.9. PLANO DE OPERAÇÕES REFERENTE AO PROJETO ................................... 30
3. FOTOINTERPRETAÇÃO ....................................................................................... 323.1. DEFINIÇÃO ......................................................................................................... 323.2. HISTÓRICO ......................................................................................................... 32 3.3. NÍVEIS DE FOTOINTERPRETAÇÂO ................................................................. 33
6
3.4. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS.......................................... 343.4.1. MÉTODO COMPARATIVO ............................................................................. 363.4.1.1. CHAVES DE INTERPRETAÇÃO ................................................................. 363.4.2. MÉTODO SISTEMÁTICO ................................................................................ 383.4.2.1. ETAPAS DE FOTOINTERPRETAÇÃO ........................................................ 383.5. ESTÁGIOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO .......................................................... 403.5.1. DETECÇÃO ..................................................................................................... 403.5.2. RECONHECIMENTO E IDENTIFICAÇÃO ...................................................... 413.5.3. ANÁLISE OU DELINEAÇÃO .......................................................................... 413.5.4. DEDUÇÃO ....................................................................................................... 413.5.5. CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................ 423.5.6. IDEALIZAÇÂO ................................................................................................. 423.6. ELEMENTOS BÁSICOS DE RECONHECIMENTO ........................................... 433.6.1. TONALIDADE .................................................................................................. 433.6.2. COR ................................................................................................................. 443.6.3. FORMA ........................................................................................................... 463.6.4. TAMANHO ....................................................................................................... 473.6.5. TEXTURA ........................................................................................................ 483.6.6. SOMBRA ......................................................................................................... 493.6.7.PADRÃO .......................................................................................................... 50.
4. SENSORIAMENTO REMOTO ............................................................................. 514.1. DEFINIÇÃO ....................................................................................................... 514.2. HISTÓRICO ....................................................................................................... 514.3. SENSORES ...................................................................................................... 544.3.1. SISTEMAS SENSORES ORBITAIS .............................................................. 544.3.1.1. LANDSAT 7.................................................................................................. 544.3.1.2. SPOT ........................................................................................................... 574.3.1.3. CBERS 2 ..................................................................................................... 594.3.1.4. IKONOS II ................................................................................................... 604.4. RESOLUÇÃO ................................................................................................... 62
7
4.4.1. RESOLUÇÃO ESPACIAL ............................................................................. 624.4.2. RESOLUÇÃO ESPECTRAL ........................................................................ 624.4.3. RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA ................................................................... 634.4.4.RESOLUÇÃO TEMPORAL ............................................................................. 64
5. METODOLOGIA .................................................................................................... 655.1. MATERIAIS UTILIZADOS .................................................................................. 655.2. COLETA DE DADOS ......................................................................................... 665.3. DEFINIÇÃO DAS FEIÇÕES DE INTERESSE ................................................... 665.4. PROCESSAMENTO DAS IMAGENS ................................................................ 685.4.1. SIMULAÇÃO DE IMAGENS ........................................................................... 685.4.2. COMPOSIÇÕES COLORIDAS DAS BANDAS .............................................. 695.4.3. REALCE DE CONTRASTE ............................................................................ 715.4.4. REALCE DE BORDAS ................................................................................... 735.5. FOTOINTERPRETAÇÃO .................................................................................. 745.5.1. CHAVES DE INTERPRETAÇÃO.................................................................... 745.5.2. COMPOSIÇÕES SIMULTÂNEAS .................................................................. 755.5.3. VETORIZAÇÃO .............................................................................................. 775.6. AVALIAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO......................................................... 78
6. RESULTADOS ................................................................................................. 796.1. IMAGEM DE 30 METROS DE RESOLUÇÃO ESPACIAL ............................... 796.2. IMAGEM DE 20 METROS DE RESOLUÇÃO ESPACIAL ................................ 806.3. SIMULAÇÃO DE IMAGEM DE 20METROS DE RESOLUÇÃO ESPACIAL ..... 816.4. SIMULAÇÃO DA IMAGEM DE 10 METROS DE RESOLUÇÃO ESPACIAL ..... 816.5. IMAGEM DE 1 METRO DE RESOLUÇÃO ESPACIAL ....................................... 826.6. BASE CARTOGRÁFICA 1:10.000 .................................................................... 826.7. PORCENTAGEM DE FEIÇÕES ENCONTRADAS NAS
FOTOINTERPRETAÇÕES ......................................................................................... 83
8
7. CONCLUSÕES .................................................................................................. 857.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 87
ANEXO A ................................................................................................................ 89
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 1.1 Localização da área de estudo do projeto (recorte da carta Vila Militar – escala
1:50.000 – DSG).......................................................................................................... 19
FIG. 2.1 Forma como se relacionam os níveis de guerra
(adaptado de MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1997) .................................................... 23
FIG. 2.2 Ilustração de como é feito o estudo do Terreno e das condições
meteorológicas (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1999)................................................... 27
FIG. 2.3 Calco das vias de acesso de uma determinada força, extraído
do manual IP 30 – 1 (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1999) .......................................... 28
FIG. 2.4 Calco do solo (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1999)....................................... 29
FIG.3.1 Imagem SPOT-HRV de Brasília/DF, mostrando a diferença da
zona urbana e da zona rural (Fonte: INTERSAT, 2003). ............................................ 34
FIG. 3.2 Exemplo de chave de interpretação de zona rural e urbana de um estudo
realizado no Rio Santana, Ilhéus e Bahia (FIDELMAN et alii, 2001)
(Fonte: Revista de estudos ambientais, Blumenau, v.3, n.1, 86-94, jan/abr 2001)....... 37
FIG. 3.3 Mosaico de fotografias aéreas mostrando diferentes zonas homólogas.
a) Comercial e Industrial; b) Residencial unifamiliar média a alta renda;
c) favela; d) residencial unifamiliar baixa a média renda (SOARES FILHO, 2000)...... 39
FIG. 3.4 Escala de tonalidade entre o preto e o branco (SOARES FILHO, 2000)........ 43
FIG. 3.5 Encontro das águas do Rio Negro e Rio Solimões, em Manaus,
10
onde se pode observar a influência dos diferentes sedimentos contidos
nas águas de cada um dos rios, influenciando na tonalidade. (Fonte: GO Brasil)......... 44
FIG. 3.6 Imagem LANDSAT TM com combinação de duas bandas
no infravermelho mostrando uma maior diferenciação entre solo e água.
A vegetação é apresentada em diversas intensidades de cores do verde e
do rosa, que variam em função do tipo e das condições da vegetação.
As áreas urbanas e o solo exposto são apresentados em tons
rosados. A água, dependendo da quantidade de sedimentos em suspensão,
aparece em preto (Fonte: COSTA, 2002 - Fotografia do Projeto EducaSere)............... 45
FIG. 3.7 Imagem de Satélite dos pivôs centrais de irrigação de
plantações na região oeste da Bahia, na cidade de Machadinho d'Oeste,
Rondônia (Fonte: EMBRAPA,2002).............................................................................. 46
FIG 3.8 Formas reticulares das ruas e avenidas de Brasília – DF
(Fonte: ENGESAT- IKONOS PSM de 2001)................................................................. 47
FIG. 3.9 Imagem de Brasília, onde se pode verificar a presença
de texturas lisas e rugosas na imagem (Imagem da cidade de
Brasília, 2001 - Fonte: ENGESAT IKONOS PSM, 2001).............................................. 48
FIG. 3.10 Imagem indicando o sombreamento de centro urbano,
caracterizado pela aglomeração de edifícios (Fonte: SOARES FILHO, 2000)............... 49
FIG. 3.11 Padrão Dendrítico (RICCI E PETRI, 1965).................................................... 50
FIG. 4.1 Comparação da resolução radiométrica de uma imagem
com 1 bit (a esquerda) e a mesma imagem com uma resolução
radiométrica de 5 bits (Fonte: CRÓSTA, 1993). ........................................................... 63
11
FIG. 5.1 Foto da janela “Available Bands List” do ENVI. ............................................ 70
FIG. 5.2 Foto do menu “Enhance” do ENVI................................................................. 72
FIG. 5.3 Foto da janela “Zoom” sem realce de contraste.............................................. 72
FIG. 5.4 Foto da janela “Zoom” com o realce de contraste “Linear 2%”....................... 73
FIG. 5.5 Foto da janela “Zoom” com o realce de contraste
“Linear 2%” e com o realce de bordas “Sharpen [10]”................................................ 74
FIG. 5.6 Foto da janela “Link Displays” do ENVI......................................................... 76
FIG. 5.7 Foto da área de trabalho após a utilização do “Link Displays”....................... 77
12
LISTA DE TABELAS
TAB 4.1. Tabela com o Instrumento Sensor do LANDSAT 7
com suas Bandas e Resoluções (FONTE: EMBRAPA, 2003)......................................... 55
TAB 4.2. Características do Sensor LANDSAT 7 (FONTE: EMBRAPA, 2003)................ 56
TAB. 4.3 Tabela dos sensores SPOT 4 e 5, com sua respectivas
bandas e resoluções (Fonte: EMBRAPA, 2003).............................................................. 57
TAB. 4.4. Características do Sensor SPOT 4 e SPOT 5(Fonte: EMBRAPA, 2003)........ 58
TAB. 4.5. Tabela do Sensor IKONOS II com suas respectivas
bandas e resoluções (EMBRAPA, 2003)......................................................................... 60
TAB.4.6. Características do Sensor IKONOS II (EMBRAPA, 2003)............................... 61
TAB 6.1 Quantitativo das feições extraídas do sensor ETM+......................................... 79
TAB 6.2 Quantitativo das feições extraídas do sensor CCD............................................ 80
TAB 6.3 Quantitativo das feições extraídas do sensor IKONOS II com os pixels
degradados para a resolução espacial de 20 metros...................................................... 81
TAB 6.4 Quantitativo das feições extraídas do sensor IKONOS II com os pixels
degradados para a resolução espacial de 10 metros..................................................... 81
TAB 6.5 Quantitativo das feições extraídas do sensor IKONOS II................................. 82
TAB. 6.6 Quantitativo das feições utilizadas na avaliação............................................. 82
13
TAB. 6.7 Percentagem das feições encontradas nas fotointerpretações
realizadas, frente à base cartográfica da região............................................................ 83
14
RESUMO
O presente trabalho visa avaliar a capacidade de imagens orbitais de diferentes
resoluções para apoiar o planejamento de operações militares de nível tático em áreas
urbanas. Com isso objetiva-se aumentar a qualidade e a quantidade das informações
que se pode extrair das imagens utilizadas, contribuindo para a otimização dos
processos de tomada de decisão pelos comandantes em exercício. Numa etapa
inicial, foram pesquisados os seguintes tópicos: operações realizadas pela Força
Terrestre Brasileira; aspectos gerais do terreno que devem ser detectados a cada
operação militar em cada nível de decisão. Pode-se afirmar que para as feições
utilizadas nesse projeto (aeroportos, hipermercados, fábricas, pontes e shopping centers
e centros de exposição), não se detectou grandes diferenças de detecção variando as
composições coloridas com cores reais ou em falsa cor, pois essas feições são de
materiais semelhantes. Existem feições em que a sua geometria é muito importante para
sua detecção, devendo-se observar a qualidade geométrica da imagem. A resolução
espacial também é muito importante, pois quanto maior a resolução, melhores são os
resultados. A experiência do fotointérprete é um fator crucial para uma boa
fotointerpretação visual. Tal afirmação pôde ser comprovada, não só a partir do estudo
da teoria sobre o assunto, como também através da prática, durante todo o projeto.
15
ABSTRACT
The present work aims to evaluate the capacity of orbital images of different
sensors to support military operations planning of tactical level. At that point an increase
of quality and information amount that one can extract from the used images is highly
useful for optimizing decision processes by commanders in exercise. In an initial stage
the following topics had been searched: operations carried through the Brazilian
Terrestrial Force and general aspects of the land that must be detected to each military
operation in each level of decision. It can be affirmed that for the features used in this
project (airports, hypermarkets, factories, bridges, malls and expositions centers) the
differentiation of the compositions colored with real colors or in false color it is not needed.
Therefore these features are of similar materials. For classes that geometry is important,
the geometric quality of the image does become very important. The space resolution
also is quite important, hence the bigger the resolution, the better the results are. The
fotointerpreter’s experience is a crucial factor for any visual fotointerpretation to have a
good quality. Such affirmation has been proved, based on the study of the theory of the
subject as well as through the practical one, during the entire project.
16
1. INTRODUÇÃO
1.1. POSICIONAMENTO DO TRABALHO
O Exército Brasileiro, assim como os demais segmentos componentes das
Forças Armadas Brasileiras, tem como necessidade o constante treinamento de suas
tropas e de seus comandantes, durante os tempos de paz, para que estejam preparados
para os momentos de guerra, onde serão efetivamente empregados. Essa preparação
deve ser feita também em relação aos meios, instrumentos e equipamentos que serão
utilizados nas operações.
A impossibilidade de se possuir cartas topográficas atualizadas para o
planejamento das operações militares em todos os possíveis locais de conflito do
Exército Brasileiro faz com que se procure alternativas para a solução desse problema.
Uma dessas possíveis alternativas é a utilização de imagens de sensores orbitais para
se obter informações do terreno onde se realizam as operações. As imagens obtidas
através de sensores orbitais mostram-se de extrema utilidade, devido a sua capacidade
de mostrar o terreno e suas feições, com diferentes graus de detalhamento, de acordo
com as resoluções das imagens utilizadas.
O terreno e suas características, assim como a missão, o inimigo e os meios, é
um importante fator de decisão utilizado pelos comandantes das tropas empregadas,
sendo importante utilizar técnicas adequadas para que se possa extrair informações
fidedignas, pois informações corretas são fator fundamental para garantir o sucesso de
uma operação militar, podendo impedir que uma batalha seja perdida.
O presente trabalho avalia a contribuição de imagens orbitais de diferentes
17
resoluções espaciais como instrumentos de tomada de decisão nas diversas manobras e
operações realizadas durante a guerra.
1.2. OBJETIVO
- Avaliar a capacidade de imagens orbitais de diferentes resoluções para apoiar o
planejamento de operações militares de nível tático em áreas urbanas.
1.3. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DO ESTUDO
A escolha do local de estudo foi feita levando em consideração os aspectos de
interesse em função do objetivo proposto:
- área urbana com setores de diferentes características de urbanização;
- área urbana com grande quantidade de feições de interesse;
- facilidade de acesso.
A região escolhida que atende a esses aspectos citados anteriormente, foi a
região da Barra da Tijuca, Recreio e Jacarepaguá, 03 (três) bairros vizinhos da zona
oeste da cidade do Rio de Janeiro. Todos os aspectos citados são importantes no caso
da realização de um estudo completo de uma operação militar em áreas urbanas (FIG.
1.1).
18
FIG. 1.1 Localização da área de estudo do projeto (recorte da carta Vila Militar – escala
1:50.000 – DSG).
1.4. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
No capítulo 1 são apresentados a contextualização do problema, o objetivo do
projeto e a caracterização do local de estudo. No capítulo 2, são definidos os aspectos
relativos às operações militares e ao estudo do terreno, bem como ainda os alvos de
interesse nas operações militares. No capítulo 3, são ainda abordados os assuntos
referentes a fotointerpretação, seus métodos, chaves de interpretação, elementos
básicos de reconhecimento, dentre outros. No capítulo 4, são estudados definições
abordadas de sensoriamento remoto, sistemas sensores orbitais e os tipos de resolução.
No capítulo 5 é construída uma metodologia para uma correta e otimizada utilização de
19
diferentes imagens de satélite durante o planejamento das operações militares. Essas
imagens de satélite são, com o devido processamento, fontes de informações do teatro
de operações; identificando alvos de interesse e feições cartográficas relevantes para a
tomada de decisão por parte dos comandantes das operações e manobras militares.
Após o processamento digital, essas imagens são utilizadas como instrumento de
fornecimento de informações do Teatro de Operações. Finalmente, são apresentados no
capítulo 6 os resultados obtidos, e no capítulo 7 a análise dos resultados e a conclusão
do projeto.
20
2. AS OPERAÇÕES MILITARES E O ESTUDO DO TERRENO
Quando se fala de projeto de engenharia pressupõe-se que haja uma interação
entre o engenheiro, que está desenvolvendo o projeto, e o cliente, que é o principal
interessado e que é também quem vai usufruir mais intensamente dos benefícios que
vierem do mesmo. Para a solução do problema apresentado neste projeto de fim de
curso, que é a utilização com eficiência de imagens de satélites no planejamento de
operações militares, é necessária a integração entre os conhecimentos de sensoriamento
remoto e de doutrina militar. Foram buscadas fontes de informação, no que se refere à
Estratégia Militar, entre os especialistas dessa disciplina meramente militar. A leitura
sobre o assunto não é amplamente difundida, quer na internet, quer em bibliotecas
públicas ou particulares, pelo simples motivo do tema ser reservado para a manutenção
da soberania brasileira como nação e Estado independente.
Foram identificados como possíveis clientes os futuros comandantes de OM
(Organizações Militares) e hoje alunos da ECEME (Escola de Comando e Estado-Maior
do Exército), localizada na Praça General Tibúrcio, em frente ao IME. O contato com
oficiais superiores e professores dessa escola forneceu os conhecimentos necessários
sobre estratégia militar para o desenvolvimento desse projeto.
Na Divisão de Doutrina da ECEME foi onde se conseguiu permissão para utilizar a
biblioteca desta escola, local onde foi encontrada a primeira bibliografia que abordava o
tema Operações Militares e Estudo do Terreno. Tal bibliografia não é ampla e nem
difundida (por motivos já apresentados anteriormente), sendo necessário, para
esclarecimento de alguns assuntos, a realização de reuniões tanto com os instrutores
como com oficiais superiores da ECEME.
21
2.1. AS FORÇAS ARMADAS E SUAS MISSÕES
As Forças Armadas são o principal componente da Expressão Militar do Poder
Nacional, que é composta pelo Poder Naval, pelo Poder Militar Terrestre e pelo Poder
Militar Aeroespacial. As Forças Armadas têm por missão assegurar a conquista e a
manutenção dos objetivos nacionais permanentes, missão essa definida na Constituição
Federal e em outros diplomas legais. Para que sua missão seja cumprida a contento, as
Forças Armadas devem ter a capacidade de operar, de forma eficiente, em todo o
espectro de conflitos previsíveis, utilizando de forma adequada os seus meios, para que
se alcancem os objetivos fixados (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1997).
É importante ainda salientar que a guerra moderna, dotada de alta tecnologia e
atuais doutrinas, tem exigido muita rapidez em relação ao inicio das ações de guerra,
assim como também tem mostrado uma tendência a possuir curta duração. Isso faz com
que as forças procurem sempre estar prontas para os seus empregos dentro dos mais
curtos prazos. Não existe a possibilidade, diante da atual conjuntura, de se preparar uma
força, seja em relação ao seu adestramento ou em relação à aquisição de materiais,
depois do início dos conflitos.
2.2. FORÇA TERRESTRE
A Força Terrestre é formada por todos “os elementos do Exército Brasileiro
organizados, equipados e adestrados para o combate continuado próprio das operações
em ambiente terrestre, no Teatro de Operações”. Quanto a sua forma de operação, a
Força Terrestre pode ser empregada de forma conjunta, aliada, ou em qualquer de suas
possíveis combinações. A sua missão é vencer o combate terrestre (MINISTÉRIO DO
EXÉRCITO, 1997).
22
2.3. NÍVEIS DA GUERRA
Do ponto de vista militar, os conflitos podem ser divididos em três níveis, conforme
ilustrado na FIG.2.1 (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1997):
-Nível estratégico;
-Nível estratégico-operacional;
-Nível tático.
FIG. 2.1 Forma como se relacionam os níveis de guerra (adaptado de MINISTÉRIO DO
EXÉRCITO, 1997).
O nível estratégico é o nível onde os meios militares são preparados e aplicados,
para que se alcancem os objetivos fixados pela política nacional. Ocorre no âmbito
nacional, na esfera das Forças Armadas (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1997). Podem
ser citadas decisões desse nível da guerra, por exemplo, a escolha das localidades onde
são instalados os quartéis dentro do território nacional.
23
O nível estratégico-operacional é o nível onde são preparadas, deslocadas e
empregadas as Forças do Teatro de Operações, visando alcançar na guerra os objetivos
fixados na estratégia militar. Dentro da doutrina utilizada pelo Exército Brasileiro, têm-se
as ações de nível estratégico-operacional divididas em (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO,
1997):
-Deslocamento estratégico, que tem como objetivo conduzir as forças para a área
de concentração, onde serão empregadas;
-Concentração estratégica, que tem como objetivo reunir os meios operacionais
nas áreas de onde posteriormente partirão para a realização de operações de nível
operacional;
-Manobra estratégico-operacional, que tem como objetivo “colocar as forças,
equipamentos ou fogos em situação de vantagem em relação ao inimigo, criando as
condições favoráveis à realização da batalha”, (a batalha já é uma operação de nível
tático).
O nível tático é o nível em que são realizadas as batalhas. “A batalha consiste
numa série de combates relacionados e próximos no tempo e no espaço” (MINISTÉRIO
DO EXÉRCITO, 1997).
2.4. FATORES DA DECISÃO
O estudo da situação de combate, feito pelos comandantes, deve ser feito para
todos os níveis de guerra, e é dividido em partes para o maior detalhamento de cada
tópico. Essas partes, chamadas fatores da decisão, são as seguintes (MINISTÉRIO DO
EXÉRCITO, 1997):
-Missão: é prescrita pelo escalão superior, e contém aspectos que guiarão as
ações do escalão considerado, dentro da manobra que estiver sendo realizada.
24
-Inimigo: deve ser estudado em relação à situação apresentada, devendo ser
detectadas suas peculiaridades, suas fraquezas, seus pontos fortes, e outros fatores que
podem influir, favorável ou desfavoravelmente, no cumprimento da missão.
-Terreno e condições meteorológicas: o estudo desse fator deve ser realizado
tanto nos períodos de paz como nos períodos de guerra. Deve ser analisado em função
das condições de observação, dos campos de tiro, das cobertas e abrigos, dos
obstáculos, dos acidentes capitais, das vias de acesso e das condições meteorológicas
locais.
-Meios: o seu estudo é muito importante, pois o cumprimento da missão está
diretamente ligado a eles. Esses meios a serem analisados podem ser materiais ou
morais, “que vão desde o emprego de armas e instrumentos da mais avançada
tecnologia e de tropas suficientemente adestradas, até a propaganda”.
-Tempo: utilizado de forma correta pode, por exemplo, permitir que as tropas de
um determinado comandante causem surpresa aos inimigos, enquanto que utilizado de
forma incorreta pode causar o não cumprimento de uma determinada missão.
2.5. OPERAÇÕES MILITARES
As operações militares básicas se dividem em ofensivas e defensivas. As
operações ofensivas são batalhas continuas, que “podem se prolongar por semanas,
mantendo o inimigo sob pressão contínua e deixando-lhe poucas opções” (MINISTÉRIO
DO EXÉRCITO, 1997). Já as operações defensivas são geralmente impostas pelo
inimigo, sendo, porém, encaradas como situações transitórias. Nas operações defensivas
deve-se utilizar “todos os meios e processos disponíveis para impedir, resistir ou destruir
um ataque inimigo” (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1997).
25
2.6. ANÁLISE DO TERRENO E DAS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS
A Análise do terreno e o estudo das condições meteorológicas é importante, pois
através dele verifica-se quais os efeitos que estes podem causar sobre as operações
militares.
A análise é dividida em (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1999):
- Aspectos gerais do terreno;
- Aspectos militares do terreno;
- Condições meteorológicas.
Para a realização da análise do terreno e condições meteorológicas deve-se
possuir uma base de dados da região a ser estudada.
2.7. ESTUDO DO TERRENO
O estudo do terreno, de acordo com a doutrina militar, deve ser realizado em 06
etapas (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1999), conforme é possível ver na FIG. 2.2 abaixo:
26
FIG. 2.2 Ilustração de como é feito o estudo do terreno e das condições meteorológicas
(MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1999).
A etapa 1 é a identificação dos aspectos a conhecer, onde são levantadas as
cartas topográficas da região a ser estudada, e outros documentos existentes, como
estudos técnicos do terreno, cartas geodésicas, fotografias aéreas recentes,
reconhecimento do terreno e imagens de satélite.
A etapa 2 é a elaboração dos calcos dos aspectos gerais do terreno, onde se
considera o terreno dividido em 3 tipos basicamente quanto à possibilidade de
movimento: terreno impeditivo, restritivo ou adequado.
Nessa etapa ainda é feita uma análise dos aspectos gerais do terreno, onde são
analisados os aspectos de interesse da operação como densidade da vegetação de
acordo com a estação do ano, características do terreno que limitam a mobilidade, obras
de arte novas e alterações do terreno (rodovias novas, desaparecimento de bosques),
entre outras. A etapa 2 consiste, ainda, na elaboração dos calcos dos efeitos das
condições meteorológicas.
27
A etapa 3 é a integração do terreno com as condições meteorológicas. Um
exemplo esclarecedor dessa etapa é o conhecimento de que uma determinada via de
acesso tem o terreno do tipo arenoso, que combinado com chuva se torna impeditivo à
passagem de tropas mecanizadas, enquanto que com tempo bom não haveria nenhuma
restrição.
A etapa 4 é a identificação dos corredores de mobilidade das vias de acesso, ou
seja, a localização de uma faixa do terreno, relativamente aberta, para que um
determinado elemento de manobra possa se deslocar. A FIG. 2.3 mostra um calco de
vias de acesso.
FIG. 2.3 Calco das vias de acesso de uma determinada força, extraído do manual
IP 30 – 1 (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1999).
A etapa 5 é onde é feita a análise do terreno (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1997),
avaliando-se:
28
-Observação e campos de tiro;
-Cobertas e abrigos;
-Obstáculos naturais;
-Acidentes capitais;
-Adequação do Espaço de Manobra;
-Facilidade de movimento;
-Outros aspectos complementares;
-Comparação das vias de acesso.
A etapa 6 é a responsável pelo estudo dos efeitos do terreno sobre as operações
militares, tanto para a força amiga como para a força inimiga (MINISTÉRIO DO
EXÉRCITO, 1997). A FIG. 2.4 é um exemplo de calco feito de uma operação militar.
FIG. 2.4 Calco do solo (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1999).
29
2.8. AS ESCALAS DAS CARTAS TOPOGRÁFICAS E OS NÍVEIS DA GUERRA
O estudo e o planejamento da guerra podem ser divididos em níveis, chamados
níveis da guerra, conforme já apresentado: nível estratégico, nível estratégico-
operacional e nível tático.
Não foram encontradas na bibliografia consultada quais as escalas que são
utilizadas pelos comandantes e estrategistas para cada um dos níveis da guerra. Foi
levantado em reuniões feitas na ECEME que a prática mostra que (PIMENTEL, 2007):
- nos planejamentos de nível estratégico são utilizadas cartas de 1:5.000.000,
1:1.000.000 e 1:500.000;
- nos planejamentos de nível estratégico-operacional são utilizadas cartas de
1:250.000 e 1:100.000.
- nos planejamentos de nível tático são utilizadas cartas topográficas de 1:50.000,
1:25.000, ou maiores.
2.9. PLANO DE OPERAÇÕES REFERENTE AO PROJETO
Como o estudo feito nesse projeto está inserido no contexto das operações
militares foi elaborado um plano de operações fictício nos moldes dos utilizados nas:
escolas de formação de oficiais, como a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN);
na escola de aperfeiçoamento de oficiais (ESAO); e nas escolas de comando, como a
Escola de Comando e Estado-maior do Exército (ECEME).
30
Esse plano visa orientar aos comandantes das frações inseridas na operação qual
a função de cada uma (suas missões), as situações geral e particular e a evolução
histórica que levou a desencadear a operação.
O nome dado à operação fictícia utilizada nesse projeto é “Operação PROFIC”,
tendo o seu respectivo plano de operações o nome de “Plano de Operações PROFIC”. A
determinação das áreas dos países fictícios da operação foi feita utilizando-se um calco
sobre as cartas 1:50.000 Santa Cruz e Vila Militar.
A operação a ser estudada neste projeto é uma operação de proteção de área
urbana feita por um batalhão de infantaria, devido a um conflito entre dois países
vizinhos. A área a ser defendida é a referente ao local de estudo escolhido para este
projeto. O plano de operações encontra-se em sua íntegra no Anexo A deste trabalho.
Essa operação foi inspirada na ocupação de Paris pelos alemães durante a 2ª Guerra
Mundial.
31
3. FOTOINTERPRETAÇÃO
3.1. DEFINIÇÃO
As fotografias aéreas e os produtos resultantes do sensoriamento remoto, obtidos
a partir de sensores aerotransportados e orbitais, retratam uma porção da superfície da
Terra e são muito utilizados para o mapeamento de espaços urbanos e rurais voltados
para diversos fins, já que possuem resoluções espaciais variadas.
A fotointerpretação é definida como “(...) o ato de examinar imagens fotográficas
com o objetivo de identificar objetos e o seu significado” (MANUAL DE
INTERPRETAÇÃO FOTOGRÁFICA DA SOCIEDADE AMERICANA DE
FOTOGRAMETRIA, 1960). Segundo Garcia e Marchetti (1982), a Interpretação de
Imagens ou fotointerpretação “é a arte de examinar as imagens dos objetos nas
fotografias e de deduzir a sua significação”. Já Moreira apud Dainelli (2001), diz que a
fotointerpretação “refere-se ao conjunto de todos os processos envolvendo a análise
visual de imagens fotográficas”.
3.2. HISTÓRICO
O texto a seguir é um resumo contendo as datas e acontecimentos históricos
relacionados ao desenvolvimento da fotointerpretação (ANDERSON, 1982).
1860 - Aconteciam as primeiras fotografias de balões nos Estados Unidos.
32
Guerra Civil dos EUA (1861 - 1865) – Utilização de fotografias aéreas para fins
bélicos, onde o exército do Norte fotografou o do Sul.
Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) - Primeiras fotos tiradas de aviões. O
exército Norte-americano tirava cerca de 10.000 fotos/dia.
Décadas de 20 e 30 - Elaboração e publicação de trabalhos na Europa e América
do Norte, aplicados à fotointerpretação, geologia, engenharia civil, geografia, ecologia,
arqueologia e a engenharia florestal. Além da produção de mapas topográficos.
Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) – Ênfase na Fotointerpretação.
Atualmente, a fotointerpretação é amplamente utilizada por vários ramos da
ciência, devido principalmente a grande quantidade de imagens produzidas pelos
satélites orbitais e sensores aerotransportados operantes.
3.3. NÍVEIS DE FOTOINTERPRETAÇÃO
A fotointerpretação é dividida em níveis, que são: básico, técnico, profissional e
especializado. Numa análise superficial de fotografia aérea, pode-se diferenciar
nitidamente a zona urbana da zona rural. Sendo a primeira representada por linhas
distribuídas em forma de malhas e já a zona rural caracteriza-se por diferentes tipos de
culturas, onde as áreas apresentam texturas e tonalidades diferenciadas (FIG. 3.3). Tal
nível de procedimento fotointerpretativo é classificado como básico, já que se utiliza
apenas o conhecimento trivial do observador (ANDERSON, 1982).
No nível técnico, exploram-se ao máximo as informações obtidas nas fotografias,
manipulando-as, porém o intérprete não possui conhecimento especializado em
nenhuma disciplina. Já o nível profissional, utiliza-se do nível técnico para aplicação em
33
campos específicos de atividade, como por exemplo, Agronomia, Engenharia florestal e
Geografia. O nível especializado de interpretação fotográfica compreende ao
pesquisador que utiliza das bases teóricas de fotointerpretação e sensoriamento remoto,
para buscar inovações nesse campo de trabalho, através de pesquisas.
FIG.3.1 Imagem SPOT-HRV de Brasília/DF, mostrando a diferença da zona urbana e da
zona rural (Fonte: INTERSAT, 2003).
3.4. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DAS IMAGENS
A análise de alguns fatores têm sido primordial para o sucesso da interpretação de
imagens. Como tais pode-se citar, a nitidez de objetos presentes em uma imagem, a qual
é bastante subjetiva, pois está relacionada com a interpretação do profissional que está
34
visualizando as feições vistas de topo. Além desse, existem alguns outros aspectos que
influem diretamente na visibilidade, tais como: características próprias das fotografias,
como o tipo, escala e qualidade destas; características do objeto, dentre outros.
Alguns objetos são de fácil identificação numa imagem, como estradas, casas,
água e etc. Outros necessitam de conhecimentos mais específicos, como a vegetação,
por exemplo, que necessita de suas características próprias para sua fotointerpretação
correta, tais como: suas características morfológicas, ou até mesmo aspectos
quantitativos. Nos processos de fotointerpretação muitas vezes ficam dúvidas, e faz-se
necessário a avaliação de investigações de campo (controle do terreno, verificação do
campo, amostras do campo e etc.) e laboratoriais (química, física, botânica e
petrográfica).
Vale ainda ressaltar que para uma interpretação fidedigna de, por exemplo, um
mapa topográfico ou até mesmo um mapa temático, faz-se necessário a elaboração
correta de legendas, uma vez que essas são fundamentais para o entendimento do
intérprete. Nesse caso, devem-se levar alguns fatores em consideração, tais como: a
finalidade do mapa em questão; a escala do mesmo; a capacidade profissional do
topógrafo e do operador; o tempo disponível para elaboração, dentre outros.
Antes de se estabelecer o método de interpretação da imagem de satélite, é
necessário realizar uma análise do material colateral, ou seja, todos os dados específicos
de uma determinada área de interesse, que contribuem para prosperar os resultados da
fotointerpretação. Posteriormente, realiza-se uma fotointerpretação preliminar e uma
reinterpretação, a fim de excluir dúvidas pertinentes. Estabelece-se um método para
interpretar a imagem que seja compatível com conhecimento de todos os intérpretes da
equipe, para garantir a padronização dos resultados. Desta forma, pode-se adotar dois
métodos de fotointerpretação: o método comparativo e o método sistemático.
35
3.4.1. MÉTODO COMPARATIVO
Nesse método ocorre interpretação das imagens de satélite pelo sistema de
chaves de interpretação, baseado nos níveis de cores das imagens estudadas.
3.4.1.1. CHAVES DE INTERPRETAÇÃO
A chave de interpretação apóia-se na descrição de elementos de fotointerpretação
que caracterizam um determinado alvo da superfície da terra de forma precisa e objetiva.
Com isso, visa obter o mesmo resultado com diferentes intérpretes.
A chave baseia-se em um estudo comparativo, que pode ser classificada como
seletiva ou eliminatória. Na seletiva, ocorre individualização na interpretação de alvos de
ocupação que interessam ao fotointérprete. Além disso, utiliza-se grande número de
imagens com suporte de texto. Já a chave eliminatória é ajustada para que a
interpretação seja realizada passo a passo, restando apenas o objeto de interesse
(ANDERSON, 1982).
A chave pode ser composta de:
• Um conjunto de imagens, objetos ou fotografias: pode-se observar o exemplo da
FIG. 3.4, que mostra a chave seletiva de interpretação utilizada em um estudo em
Rio Santana, Ilhéus e Bahia;
36
FIG. 3.2 Exemplo de chave de interpretação de zona rural e urbana de um estudo
realizado no Rio Santana, Ilhéus e Bahia (FIDELMAN et alii, 2001) (Fonte: Revista de
estudos ambientais, Blumenau, v.3, n.1, 86-94, jan/abr 2001).
• Um gráfico ou uma palavra que indique o início do reconhecimento de um objeto
ou feições.
Exemplo de chave seletiva para uso do solo urbano, para fotos de escala 1: 25.000
(SOARES FILHO, 2000):
• Classe residencial multifamiliar: Presença de edifícios e apartamentos;
• Classe residencial unifamiliar: Ocorrência de ruas e terrenos arborizados,
edificações menores;
• Área de uso Institucional: Igrejas, escolas, universidades, etc. Presença de pátios
de estacionamento e tamanho de construções;
• Áreas Comerciais: Edifícios antigos, alta verticalidade das construções;
• Áreas Industriais: Amplos edifícios, galpões, presença de chaminés, grandes
construções ao longo da via de acesso, grandes pátios de estacionamento;
37
• Áreas desocupadas: Periferia solo nu ou cobertura vegetal.
3.4.2. MÉTODO SISTEMÁTICO
Esse método utiliza uma seqüência lógica em etapas de fotointerpretação.
3.4.2.1. ETAPAS DE FOTOINTERPRETAÇÃO
O processo de interpretação de fotografias aéreas e imagens de satélites,
realizado com dados aerotransportados e orbitais, pode ser dividido em dois momentos:
a observação e a interpretação. Acredita-se que esse último ainda possa ser dividido em
três etapas de interpretação de método sistemático (ANDERSON, 1982):
• a fotoleitura, que apenas analisa de forma superficial a fotografia aérea, sem
compromisso com a fidedignidade da identificação dos alvos;
• a fotoanálise, onde se estuda e ordena as partes da fotografia, formulando uma
legenda de interpretação, ou seja, agrupando regiões similares como zonas
homólogas (FIG 3.5). Essas por sua vez “(...) delimitam áreas sobre a imagem
fotográfica, constituídas pela repetição dos elementos de textura que possuem
propriedades semelhantes e mesma estrutura” (SOARES FILHO, 2000).
• a fotointerpretação propriamente dita, cujo fotointérprete analisa e explica cada
objeto contido nas fotografias, utilizando-se de sua capacidade lógica e dedutiva
profissional, em técnicas que muitas vezes são extremamente simples.
38
FIG 3.3 Mosaico de fotografias aéreas mostrando diferentes zonas homólogas. a)
Comercial e Industrial; b) Residencial unifamiliar média a alta renda; c) favela; d)
residencial unifamiliar baixa a média renda (SOARES FILHO, 2000).
A fotointerpretação é muitas vezes usada pelos profissionais de forma empírica,
no entanto o emprego de técnicas de interpretação é fundamental para máximo
aproveitamento das imagens fotográficas.
39
3.5. ESTÁGIOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO
Segundo Anderson (1982), a fotointerpretação depende dos seguintes fatores:
• da pessoa que executa a fotointerpretação;
• do propósito para qual ela faz a fotointerpretação;
• dos tipos de fotografias disponíveis;
• dos tipos de instrumentos usados;
• da escala e outros requisitos do mapa;
• do conhecimento disponível através da bibliografia ou qualquer outro
levantamento por sensoriamento remoto dentro do projeto.
Para o citado autor são usados os seguintes estágios na fotointerpretação:
• Detecção;
• Reconhecimento e Identificação;
• Análise ou Delineação;
• Dedução;
• Classificação;
• Idealização.
3.5.1. DETECÇÃO
Está diretamente relacionada com a visibilidade do objeto a ser interpretado e sua
conseqüente seleção, de acordo com o objetivo do projeto. Também depende do tipo de
objeto, tipo de disciplina, tipo de escala, qualidade da fotografia e conhecimento do
intérprete.
40
3.5.2. RECONHECIMENTO E IDENTIFICAÇÃO
Estão relacionados com os objetos facilmente visíveis na fotografia, como um rio,
por exemplo, e desta forma são conhecidos como foto-leitura. A foto-identificação é
definida como sendo “a classificação de um objeto ou elemento diretamente visível, por
meio de conhecimento específico ou local com ou sem o uso de chaves ou outros meios
de informações” (ANDERSON, 1982).
No entanto, a identificação se difere do reconhecimento, quando analisamos as
informações disponíveis ao fotointérprete e seu conhecimento.
3.5.3. ANÁLISE OU DELINEAÇÃO
“Análise é o processo de delineação de grupos de objetos ou elementos que têm
uma individualidade identificável pela fotointerpretação” (ANDERSON, 1982). Nesta fase,
ocorre a indicação do processo integral da fotointerpretação e distinção das categorias,
ou seja, sua separação.
3.5.4. DEDUÇÃO
É um processo complexo, que se fundamenta na convergência de evidências que
são derivadas de objetos visíveis ou de elementos que fornecem informação. A dedução
pode ser útil para separar os grupos de objetos, relacionada ao processo de análise,
como pode também estar ligada à classificação, enfim pode ser aplicada em diversos
41
patamares. Importante ressaltar que a dedução deve ser feita por um intérprete treinado
e com cautela, a fim de minimizar os erros cometidos por negligência e impulsão.
3.5.5. CLASSIFICAÇÃO
A classificação está relacionada diretamente com o objeto ou elementos, que
podem estar representados por superfícies ou até mesmo por linhas. Ela se baseia no
princípio da comparação de superfícies a curta ou longa distância, descrevendo a
superfície delineada pela análise, a sua organização e codificação para se expressar o
sistema (ANDERSON, 1982).
A codificação é uma parte fundamental na classificação, onde pode se usar
sistemas padronizados de codificação ou mesmo métodos mais flexíveis.
A classificação na fotointerpretação é realizada em bases hipotéticas pelo
intérprete treinado, visualizadas pelas características exaltadas do objeto na imagem
fotografada. No entanto, faz-se necessário uma pré-classificação antes de fechar
qualquer diagnóstico.
3.5.6. IDEALIZAÇÂO
A idealização nada mais é que o processo de traçar uma linha no trabalho
cartográfico seja de maneira representativa ideal ou padronizada para representar a foto-
imagem.
42
3.6. ELEMENTOS BÁSICOS DE RECONHECIMENTO
“As imagens, qualquer que seja seu processo de formação, representam o registro
de energia proveniente dos objetos da superfície. Essas imagens podem ser de
diferentes resoluções e escalas, mas independente disso, se caracterizam por
apresentarem alguns elementos básicos que permitem a extração de informações do
terreno” (GARCIA, 1982).
Ao analisar os elementos de interpretação, como: tonalidade, cor, forma, padrão,
densidade, declividade, textura, tamanho, sombra, posição e adjacências, o profissional
chega a definições de relevo, características da vegetação, tipo de solo, geologia e etc.
Tais elementos são analisados junto ou isoladamente na foto-imagem, para que o
intérprete possa identificar corretamente o objeto no terreno.
3.6.1. TONALIDADE
A tonalidade é usada para identificar uma graduação do nível de cinza,
observadas entre o preto e o branco (FIG. 3.6).
FIG.3.4 Escala de tonalidade entre o preto e o branco (SOARES FILHO, 2000).
Uma foto ou numa imagem de satélite resulta do registro de energia
eletromagnética refletida ou emitida pelo alvo, ou seja, pelo objeto da superfície da Terra
43
em diferentes intervalos de comprimento de onda. As diferenças da quantidade de
energia refletida pelos alvos são associadas aos tons de cinza. Assim, se um objeto
reflete pouca energia, o nível de cinza será mais escuro.
Alguns fatores influenciam na tonalidade de uma imagem, como por exemplo, a
luz solar, presença de água ou neve, estação do ano, os sedimentos contidos nas águas
e etc. Esse último pode ser exemplificado ao analisarmos uma fotografia do encontro das
águas do Rio Negro e Rio Solimões no Amazonas, onde o segundo aparece com
tonalidades mais claras quando comparadas ao Rio negro (FIG. 3.7).
FIG 3.5 Encontro das águas do Rio Negro e Rio Solimões, em Manaus, onde se pode
observar a influência dos diferentes sedimentos contidos nas águas de cada um dos rios,
influenciando na tonalidade. (Fonte: GO Brasil).
3.6.2. COR
“A cor é muito empregada no lugar da tonalidade, porque os olhos humanos estão
mais habituados a enxergar objetos colorido do que em tons de cinza”. (Moreira, 2001).
44
Ela é formada pela combinação de duas ou mais bandas espectrais por associação de
cores primárias: verde, vermelho e azul, as quais podem ser transformadas para o
espaço chamado de IMS, ou seja, Intensiadade, que é o brilho e tonalidade; Matiz, que
são as cores, como magenta, amarelo e etc.; Saturação, que quantifica a condição da
cor de se aproximar de seus componentes puros (eixo pertencente às cores primárias).
A cor é importante para se diferenciar, por exemplo, tipos de vegetação ou
ocupação do solo em uma fotografia (FIG. 3.8).
FIG. 3.6 Imagem LANDSAT TM com combinação de duas bandas no infravermelho
mostrando uma maior diferenciação entre solo e água. A vegetação é apresentada em
diversas intensidades de cores do verde e do rosa, que variam em função do tipo e das
condições da vegetação. As áreas urbanas e o solo exposto são apresentados em tons
rosados. A água, dependendo da quantidade de sedimentos em suspensão, aparece em
preto (Fonte: COSTA, 2002 - Fotografia do Projeto EducaSere).
45
3.6.3. FORMA
Este elemento refere-se à forma geral como o objeto se apresenta, podendo ser
um indício importante para a sua identificação. No entanto, deve ser avaliado em
conjunto com outras características, já que na natureza podemos encontrar vários
objetos com a mesma forma. Como exemplo de formas, vistas numa fotografia aérea
pode-se citar: formas naturais como extremidades de áreas de florestas apresentam-se
geralmente irregulares; áreas agrícolas apresentam formas regulares e bem definidas,
pois as culturas são plantadas em linhas; áreas irrigadas apresentam-se circulares
devido a irrigação por aspersão (FIG.3.9); os rios e córregos apresentam delineação
sinuosas; as cidades já apresentam delineação reticular, devido aos cruzamentos de
suas ruas e avenidas (FIG. 3.10).
FIG. 3.7 Imagem de Satélite dos pivôs centrais de irrigação de plantações na região
oeste da Bahia, na cidade de Machadinho d'Oeste, Rondônia (Fonte: EMBRAPA,2002).
46
FIG 3.8 Formas reticulares das ruas e avenidas de Brasília - DF (Fonte: ENGESAT-
IKONOS PSM de 2001).
3.6.4. TAMANHO
É importante ser avaliado o tamanho de um objeto, em relação aos demais
existentes numa mesma imagem, comparativamente. Por exemplo, o tamanho de
prédios comparados com casas, carros e etc, em uma cidade. Quando realizarmos esse
tipo de análise em imagens diferentes, faz-se necessário a utilização de imagens com
escalas iguais, para termos uma base padrão de comparação.
47
3.6.5. TEXTURA
Deve-se inicialmente definir o termo elemento textural, como sendo “a menor
superfície contínua e homogênea distinguível numa imagem fotográfica, passível de
repetição” (MOREIRA, 2001), o que implica nas formas e dimensão deste elemento. “A
textura é criada pela repetição tonal de grupos de objetos muito pequenos para serem
percebidos individualmente” (GARCIA, 1982).
A textura oferece a impressão visual de rugosidade ou lisura de determinada
porção da imagem, o que depende da característica do alvo, escala ou da resolução
espacial (FIG 3.11). A textura pode ser classificada de acordo com sua granulação (fina,
média ou grosseira), densidade e característica homogêneas ou heterogêneas.
FIG 3.9 Imagem de Brasília, onde se pode verificar a presença de texturas lisas e
rugosas (vegetação) na imagem (Imagem da cidade de Brasília, 2001 - Fonte: ENGESAT
IKONOS PSM, 2001).
48
3.6.6. SOMBRA
A sombra é importante para o processo de fotointerpretação, pois mostra indícios
da altura do objeto, facilitando a sua identificação. No entanto, alguns fatores devem ser
considerados para realizar essa análise, tais como: a data e o horário em que a fotografia
foi tirada, a latitude da área fotografada, a luz solar, dentre outros (FIG.3.12).
FIG.3.10 Imagem indicando o sombreamento de centro urbano, caracterizado pela
aglomeração de edifícios (Fonte: SOARES FILHO, 2000).
49
3.6.7. PADRÃO
É o arranjo repetitivo de objetos visíveis em uma imagem, o qual revela o tipo de
relevo, vegetação, solo etc.
FIG. 3.11 Exemplo de padrão Dendrítico (RICCI E PETRI, 1965).
50
4. SENSORIAMENTO REMOTO
4.1. DEFINIÇÃO
O sensoriamento remoto é definido por Lillesand & Kiefer (1987) como “(...) a
ciência e arte de receber informações sobre um objeto, uma área ou fenômeno pela
análise dos dados obtidos de uma maneira tal que não haja contato direto com este
objeto, esta área ou este fenômeno“.
4.2. HISTÓRICO
A história do sensoriamento remoto é um assunto bastante discutido. Alguns
autores relacionam sua origem com o desenvolvimento dos sensores fotográficos. O
Manual of Remote Sensing (ASP- American Society of Photogrammentry, 1975) divide a
história do Sensoriamento Remoto em dois períodos principais: o de 1860 a 1960, no
qual era baseado em fotografias aéreas e o período de 1960 aos dias atuais,
caracterizado pela multiplicidade de sensores, enfatizando os sistemas de orbitais.
O texto a seguir mostra os principais eventos relacionados ao desenvolvimento do
Sensoriamento remoto (MORAES NOVO, 1992):
1822 - Desenvolvimento sobre a teoria da luz. Decomposição da luz branca por
Isaac Newton; Herschel: radiação infravermelha; Niepce: Primeira imagem fotográfica
utilizando câmera primitiva.
1858 - Primeira fotografia aérea tirada de um balão em Paris e EUA.
51
1903 - Desenvolvimento de mecanismo de exposição automática e produção de
câmeras aéreas leves com negativo de 38 mm, possibilitando a tomada de fotografias
aéreas por pombos.
1909 - Desenvolvimento de aviões para tomadas de fotografias aéreas.
1931 - Conhecimento sobre o comportamento espectral de objetos na superfície
da Terra, desenvolvimento de filmes infravermelhos, nos Estados Unidos.
1947 - Aperfeiçoamento e intensificação de pesquisa sobre comportamento
espectral, na URSS.
1961 - Aperfeiçoamentos de foguetes após a Segunda Guerra Mundial, primeira
fotografia orbital MA-R Mercury (NASA), reconhecida utilidade para recursos naturais,
aprovado programa GEMINI (aquisição de fotos da superfície terrestre, levantamentos
repetitivos).
1972 - Julho: Primeiro satélite de recursos naturais colocados em órbita: Landsat 1
( na época o ERST-1 Earth Resource Technology Satellite) pela NASA.
1975 - Lançamento do Landsat 2.
1978 - Lançamento do Landsat 3.
1982 - Lançamento do Landsat 4.
1983 - Desenvolvimento de detectores mais sensíveis e equipamentos ópticos
mais precisos, desenvolvimento da mecânica orbital, de microprocessadores e soluções
para armazenagem e transmissão de dados a longa distância.
52
Apartir da década de 80 se intensificaram os lançamentos de satélites com
sensores imageadores.
1984 - Lançamento do Landsat 5.
1986 - Lançamento do SPOT 1.
1988 - Lançamento dos satélites NOAA 11 e IRS 1A.
1990- Lançamento do SPOT 2.
1991 - Lançamento dos satélites ERS -1, NOAA 12 e IRS 1B.
1992 - Lançamento do JERS 1.
1993 - Lançamento do SPOT 3; Lançamento e perda do Landsat 6.
1994 - Lançamento dos satélites IRS - P2 e RESURS-1.
1995 - Lançamento dos satélites IRS 1C e RADARSAT.
1996 - Lançamento do IRS-P3.
1998 - Lançamento do SPOT 4.
1999 - Lançamento do CBERS 1 (Satélite sino-brasileiro) , IKONOS II e Landsat 7
(abril).
2002 – Lançamento, em maio, do satélite SPOT 5.
2003 - Lançamento na China do satélite CBERS 2.
53
2007 – Lançamento do satélite CBERS 2b.
4.3. SENSORES
Sensores são equipamentos que focalizam e registram a radiação eletromagnética de
um objeto. Os sensores de modelo operante podem ser classificados de acordo com a
fonte de energia como (MORAES NOVO, 1992):
• Sensores passivos: detectam radiação solar refletida ou emitida pelos objetos da
superfície. Dependem de uma fonte de radiação externa para operar. Um exemplo
de sensor passivo são os sistemas fotográficos.
• Sensores ativos: produzem sua própria radiação, a qual incide sobre um alvo,
captando em seguida o seu reflexo. Um exemplo de sensor ativo é o radar.
4.3.1. SISTEMAS SENSORES ORBITAIS
A seguir serão expostas as características próprias dos sensores, e suas
respectivas aplicações.
4.3.1.1. LANDSAT 7
O LANDSAT 7 foi lançado em abril de 1999, possuindo o sensor ETM+ (Enhanced
Thematic Mapper Plus) (TAB 4.1). Este instrumento foi capaz de ampliar as
possibilidades de uso do sistema LANDSAT, porque manteve a resolução espectral das
bandas multiespectrais dos anteriores satélites da série Landsat (07 bandas) e conseguiu
54
ampliar a resolução espacial da banda 6 (Infravermelho Termal) para 60 metros, além de
inserir a banda pancromática e, com isto permitir a geração, em laboratório, de
composições coloridas com 15 metros de resolução. A tabela TAB. 4.2 apresenta as
características do sensor TM+ do LANSAT 7:
TAB 4.1. Tabela com o Instrumento Sensor do LANDSAT 7 com suas bandas e
resoluções (FONTE: EMBRAPA, 2003).
Sensor BandasResolução
Espectral
Resolução
Espacial
Resolução
Temporal
Faixa
Imageada
TM+
1 0,45 - 0,52 µm2 0,50 - 0,60 µm3 0,63 - 0,69 µm4 0,76 - 0,90 µm5 1,55 - 1,75 µm
30 m
6 10,4 - 12,5 µm 60 m7 2,08 - 2,35 µm 30 m8 0,50 - 0,90 µm 15 m
16 dias 185 Km
55
TAB 4.2. Características do Sensor LANDSAT 7 (FONTE: EMBRAPA, 2003).
Suas principais aplicações são (EMBRAPA, 2003):
• Acompanhamento do uso agrícola das terras;
• Apoio ao monitoramento de áreas de preservação;
• Atividades energético-mineradoras;
• Cartografia e atualização de mapas;
• Desmatamentos;
• Detecção de invasões em áreas indígenas;
• Dinâmica de urbanização;
• Estimativas de fitomassa;
• Monitoramento da cobertura vegetal;
• Queimadas Secas e inundações;
• Sedimentos em suspensão nos rios e estuários.
56
4.3.1.2. SPOT
Os sensores SPOT não foram utilizados no projeto devido a impossibilidade de se
adquirir suas imagens.
Os satélites da família SPOT operam com sensores ópticos, em bandas do visível,
infravermelho próximo e infravermelho médio (TAB.4.3.). A tabela TAB. 4.4 apresenta as
características dos sensores SPOT 4 e 5.
Sensor BandasResolução
Espectral
Resolução
Espacial
Resolução
Temporal
Faixa
Imageada
HRVIR
Mono espectral 0,61 - 0,68µm
10 m
B1 0,50 - 0,59µmB2 0,61 - 0,68µmB3 0,78 - 0,89µm
MIR 1,58 - 1,75µm
20 m26 dias 60 x 60 Km
HRG
PA E SUPERMOD
E0,48 - 0,71µm
2,5 m
B1 0,50 - 0,59µm
B2 0,61 - 0,68µm
B3 0,78 - 0,89µmSWIR 1,58 - 1,75µm
10 m
26 dias 60 x 60 Km
HRS(gera pares
estereoscópicos)
PA 0,49 - 0,69µm 10 m 26 dias 120 x 600 km
VEGETATION e
VEGETATION-2
B0 0,43 - 0,47µmB2 0,61 - 0,68µmB3 0,78 - 0,89µm
MIR 1,58 - 1,75µm
1 Km 24 horas 2250 Km
57
TAB. 4.3 Tabela das bandas dos sensores a bordo dos satélites SPOT 4 e 5 (Fonte:
EMBRAPA, 2003).
58
TAB. 4.4. Características dos satélites SPOT 4 e SPOT 5 (Fonte: EMBRAPA, 2003).
As suas principais aplicações são (EMBRAPA, 2003):
• Impacto das atividades humanas sobre o meio ambiente;
• Monitoramento de fenômenos naturais;
• Acompanhamento do uso agrícola das terras;
• Apoio ao monitoramento de áreas de preservação;
• Atividades energético-mineradoras;
• Cartografia e atualização de mapas;
• Desmatamentos;
• Dinâmica de urbanização;
• Estimativas de fitomassa;
• Monitoramento da cobertura vegetal;
• Queimadas;
• Secas e inundações;
• Sedimentos em suspensão nos rios e estuários.
59
4.3.1.3. CBERS 2
O satélite CBERS 2 (China Brasil Earth Resources Satellite) é fruto da cooperação
entre Brasil e China na área espacial. Lançado em 1999, contém câmaras para
observação óptica e um sistema de coleta de dados ambientais. Possui três tipos de
sensores de coleta de dados de sensoriamento remoto: CCD, IR-MSS e WFI.
• Câmera Imageadora de Alta Resolução (CCD), com resolução espacial de 20
metros, cinco bandas espectrais, e campo de visada de 120 km. Destina-se à
observação de fenômenos ou objetos em escala municipal ou regional englobando
aplicações em Vegetação, Agricultura, Meio ambiente, Água, Cartografia,
Geologia e solos, e Educação. Imagens de uma mesma região são obtidas a cada
26 dias.
• Imageador por Varredura de Média Resolução (IRMSS) tem três bandas
espectrais, com 80 metros de resolução espacial, mais uma banda na região do
infravermelho termal com 160 metros. A câmera IRMSS presta-se à análise de
fenômenos que apresentem alterações de temperatura da superfície, à geração de
mosaicos estaduais e à geração de cartas-imagens.
• Imageador de Amplo Campo de Visada (WFI) que pode imagear grandes
extensões territoriais, de mais de 900 km. Suas principais aplicações são
(EMBRAPA, 2003): o controle do desmatamento e queimadas na Amazônia Legal;
o monitoramento de recursos hídricos, áreas agrícolas, crescimento urbano e
ocupação do solo; atuação em grandes projetos nacionais estratégicos, como o
SIVAM, e a ocupação de espaço definitivo em diversos programas ambientais.
60
4.3.1.4. IKONOS II
O satélite IKONOS II foi lançado em 24 de setembro de 1999, sendo o primeiro
satélite comercial de alta resolução com capacidade de imageamento de 1 metro. Seu
sistema sensor capta imagens no modo pancromático e multiespectral (TAB.4.5). Na
tabela 4.6 são apresentadas as características do IKONOS II.
TAB. 4.5. Tabela do Sensor IKONOS II com suas respectivas bandas e
resoluções(EMBRAPA, 2003).
Sensor BandasResolução
Espectral
Resolução
Espacial
Resolução
Temporal
Faixa
Imageada
PANCROMÁTICO PAN 0,45 - 0,90µm 1 m 2,9 dias
MULTIESPECTRAL
AZUL 0,45 - 0,52µm
VERDE 0,52 - 0,60µm
VERMELHO 0,63 - 0,69µm
INFRA VERMELHO PROXIMO
0,76 - 0,90µm
4 m 1,5 dias
13 x 13 km
61
Satélite IKONOS-IILançamento 24/09/1999
Situação Atual AtivoÓrbita Heliossíncrona
Altitude 681 kmInclinação 98,1º
Tempo de Duração da
Órbita98 min
Horário de Passagem 10:30 A.M.Período de Revisita 3 dias
Instrumentos SensoresPANCROMÁTICO E
MULTIESPECTRAL
TAB.4.6. Características do Sensor IKONOS II (EMBRAPA, 2003).
Atualmente, suas principais aplicabilidades são (EMBRAPA, 2003):
• Mapeamentos urbanos e rurais que exijam alta precisão dos dados (cadastro,
redes, planejamento, telecomunicações, saneamento, transportes);
• Mapeamentos básicos e aplicações gerais em Sistemas de Informação
Geográfica;
• Uso da Terra (com ênfase em áreas urbanas);
• Estudo de áreas verdes urbanas;
• Estimativas de colheitas e demarcação de propriedades rurais;
• Laudos periciais em questões ambientais.
62
4.4. RESOLUÇÃO
“É a medida da habilidade que um sistema sensor possui em distinguir entre
respostas que são semelhantes espectralmente ou próximas espacialmente”. (MORAES
NOVO, 1992), ou seja, resolução é a capacidade que um sensor tem de diferenciar
objetos na superfície da Terra. A resolução de um sensor implica em 4 aspectos:
espacial, espectral, radiométrica e temporal.
4.4.1. RESOLUÇÃO ESPACIAL
É a capacidade que o sistema de sensor tem de visualizar um objeto, desta forma
a resolução aumenta à medida que diminui o tamanho do objeto. Mede a menor
separação angular ou linear entre dois objetos (MOREIRA, 2001). Por exemplo, um
sistema sensor cuja resolução é de 30 m (Landsat 7) poderá distinguir 2 objetos
separados por uma distância mínima de 30 m. Logo, quanto maior a resolução espacial
(em metros), maior o poder resolutivo, ou seja, maior seu poder de distinguir entre
objetos muito próximos.
4.4.2. RESOLUÇÃO ESPECTRAL
“É definida pelo número de bandas espectrais de um sistema sensor e pela
amplitude do intervalo de comprimento de onda de cada banda” (FIG.4.1) (CRÓSTA,
1993).
O sistema óptico (prismas e grades de difração) decide em que partes do espectro
o sensor será capaz de receber a radiação refletida ou emitida pela superfície terrestre e
63
o tipo do detector é responsável pela sensibilidade e pelo intervalo espectral de cada
banda.
4.4.3. RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA
“A resolução radiométrica é dada pelo número de valores digitais
representando níveis de cinza, usados para expressar os dados coletados pelo
sensor. Quanto maior o número de valores, maior é a resolução radiométrica.”
(CRÓSTA, 1993).
Por exemplo, a FIG 4.2. mostra duas imagens, a figura A) com 2 níveis de
cinza (1 bit) e a figura B) com 32 níveis de cinza (5 bits). O número de níveis de
cinza é expresso em função do número de dígitos binários (bits) necessários para
armazenar, em forma digital, o valor do nível máximo, expressos em potência de
número 2. Assim, 5 bits significam 2 elevado na potência 5 que é igual a 32 níveis
de cinza. Os sensores dos satélites LANDSAT, CBERS 2, e SPOT têm resolução
radiométrica de 8 bits, o que significa o registro de imagens em 256 níveis de cinza
(CRÓSTA, 1993). As imagens obtidas pelo sensor IKONOS II possuem 11 bits de
resolução radiométrica.
A) B)
FIG. 4.1 Comparação da resolução radiométrica de uma imagem com 1 bit (a
esquerda) e a mesma imagem com uma resolução radiométrica de 5 bits (Fonte:
CRÓSTA, 1993).
64
4.4.4. RESOLUÇÃO TEMPORAL
Corresponde a freqüência de observação, ou seja, o período de tempo entre
as coletas de dados sobre uma mesma área.
65
5. METODOLOGIA
5.1. MATERIAIS UTILIZADOS
Como o trabalho a ser realizado no projeto é a verificação da capacidade de
diferentes imagens de satélite de serem utilizadas no planejamento de operações
militares de nível tático, foram utilizadas cenas da região escolhida para estudo nos
seguintes sensores:
- CCD, do CBERS 2, órbita 151 / ponto 126, passagem de 07-10-2004, bandas 1,
2, 3 e 4 ;
- ETM +, do Landsat 7 órbita 217 / ponto 076, passagem de 06-08-2000, bandas 1,
2, 3, 4 e 5;
- IKONOS II, de março de 2005, bandas 1,2 e 3 (utilizada também em simulações
de imagens com outras resoluções espaciais), cedidas pela 5ª DL;
Além de trabalhar com as imagens descritas acima, foram simuladas imagens
apartir da imagem IKONOS II para ocupar as regiões de resolução espacial próximas das
imagens SPORT 4 e 5.
Como verdade de campo, foi utilizada a base cartográfica de 1999, em escala de
1:10.000 cedida à 5ª DL pelo IPP (Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos,
órgão da cidade do Rio de Janeiro), juntamente com suas ortofotos em escala 1:15.000.
As folhas dessa base utilizadas no projeto foram as seguintes: 285C, 285D, 285E, 285F,
286C, 286E, 309A, 309B, 310A, 310B.
66
Para a realização do processamento das imagens foram utilizados os seguintes
programas computacionais:
- ENVI versão 4.3;
- Microstation SE;
- Integraph Image Analyst.
5.2. COLETA DE DADOS
Já com a área da operação definida, ou seja, as regiões dos bairros da Barra da
Tijuca, Recreio e Jacarepaguá, localizados na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, o
próximo passo foi providenciar as imagens de satélite da região da operação. Procurou-
se, nesse trabalho, abranger um leque grande o suficiente de sensores orbitais de
diferentes resoluções espaciais.
A aquisição da imagem IKONOS II foi possível através da realização de contato
com o comando da 5ª Divisão de Levantamento. A aquisição da imagem CBERS 2 foi
realizada através da página da internet do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia. A imagem Landsat 7 utilizada foi adquirida
através de um projeto previamente realizado no próprio IME.
5.3. DEFINIÇÃO DAS FEIÇÕES DE INTERESSE
A seleção dos grupos de feições a serem fotointerpretadas no presente projeto foi
feita em função da operação militar utilizada no mesmo. Como a missão recebida pelo
67
comandante do Batalhão de Infantaria foi a segurança de uma área urbana, as feições a
serem estudadas, por conseqüência, serão urbanas.
Como há a pretensão de ocupação da área pelo país dominador, as principais
construções devem ser preservadas de ataques da população, de guerrilheiros, e até
mesmo dos comandos do exército inimigo.
Baseado no que foi apresentado anteriormente, as feições relacionadas para
serem fotointerpretadas foram:
- pontes;
- hipermercados;
- shopping centers;
- fábricas;
- aeroportos;
- centros de exposições.
As pontes e os aeroportos são muito importantes, pois permitem a locomoção de
tropas, civis e suprimentos, e que se destruídos ou sabotados, custam tempo, dinheiro e
mão de obra especializada para serem consertados ou reconstruídos. Já os
hipermercados, os shopping centers e as fábricas possuem grandes quantidades de
suprimentos que são importantes tanto para a tropa, quanto para a população civil
presente na região. Os aeroportos são importantes, pois permitem a chegada e saída de
suprimentos da região, além de permitirem a supremacia aérea, que é muito importante
na guerra moderna. As fábricas permitem que sejam fabricados itens bélicos de suma
importância para as tropas. Os centros de exposição permitem que sejam estacionados
tropas e viaturas.
A escolha de 06 (seis) grupos de feições para análise no presente projeto não
demonstra que essas são as únicas feições de interesse para a operação em estudo,
mas sim que existe uma limitação de tempo na execução do trabalho.
68
5.4. PROCESSAMENTO DAS IMAGENS
Para o processamento das imagens utilizadas preferiu-se por técnicas simples e
rápidas, permitindo logo o início da fotointerpretação visual, já que se acredita que
quando se necessitar utilizar uma imagem de satélite no planejamento de uma operação
militar a situação exija uma resposta urgente.
5.4.1. SIMULAÇÃO DE IMAGENS
A simulação de imagens foi um recurso utilizado nesse projeto devido à
impossibilidade na aquisição de imagens dos sensores SPOT 4 e SPOT 5, sensores que
em resolução espacial se localizam entre os sensores de média resolução, como os
ETM+ do Landsat 7 e o CCD do CBERS 2, e os sensores de alta resolução, como o
IKONOS II.
Na simulação de imagens é feita uma reamostragem dos pixels, de forma que se
mude a sua resolução espacial, e simulando assim outra imagem. A técnica utilizada no
projeto foi a do “resize data”, do programa ENVI. O método de reamostragem utilizado foi
o vizinho mais próximo, pois esse método não altera as distorções que ocorrem nas
bordas retas das feições.
No caso específico deste projeto, utilizou-se a cena IKONOS II com a degradação
de sua resolução espacial para 10m e 20m, para simular respectivamente as bandas
multiespectrais obtidas pelos sensores SPOT 4 e SPOT 5.
69
5.4.2. COMPOSIÇÕES COLORIDAS DAS BANDAS
As imagens multi-espectrais são formadas por várias bandas, cada uma dentro de
sua respectiva região do espectro eletromagnético. Essas bandas podem ser utilizadas
tanto sozinhas, onde a imagem é constituída por diferentes tons de cinza, como
combinadas em conjuntos de 03 (três), onde são formadas as composições coloridas.
A utilização de composições coloridas com as bandas das imagens, ao invés da
utilização da imagem em tons de cinza, é mais interessante porque o olho humano
consegue detectar aproximadamente 7 (sete) milhões de cores diferentes, enquanto que
em relação ao cinza são apenas 30 tonalidades diferentes (CROSTA, 1993).
Depois de aberto o programa ENVI, deve-se ativar as bandas da imagem com que
se deseja trabalhar em “Open Image File”, no menu “File” da barra de menus do
programa. A janela “Enter data filenames” será aberta, onde se deverá colocar as bandas
a serem abertas e confirmar apertando o botão “Abrir”. A janela “Available Bands List”
será aberta, e é onde que se decide se a imagem a ser utilizada estará em escalas de
cinza, com apenas uma banda, ou em composição colorida RGB, utilizando uma banda
para cada uma das três cores (FIG. 5.1).
70
FIG. 5.1 Foto da janela “Available Bands List” do ENVI.
A composição a ser utilizada deve ser variada em função do comportamento
espectral dos alvos de interesse, que variam para cada região do espectro
eletromagnético, e o conhecimento dessas características é o que torna possível a
identificação das feições do terreno na imagem.
Quando se associa a banda referente à região do vermelho no espectro
eletromagnético ao campo R, a banda referente à região do verde no espectro
eletromagnético ao campo G, e a banda referente à região do azul no espectro
eletromagnético ao campo B, tem-se a chamada combinação verdadeira cor (nos
sensores TM e ETM+, por exemplo, seria a combinação RGB vermelho – verde - azul).
71
Qualquer outra combinação diferente da apresentada anteriormente é chamada de falsa
cor.
Diferentes combinações de bandas podem ser feitas, de acordo com a informação
(feição) que se quer extrair da área sensoriada.
5.4.3. REALCE DE CONTRASTE
“A técnica de realce de contraste tem por objetivo melhorar a qualidade das
imagens sob critérios subjetivos do olho humano. É normalmente utilizada como uma
etapa de pré-processamento para sistemas de reconhecimento de padrões” (INPE,
1996). A manipulação do contraste não altera os dados da imagem.
A razão entre os níveis de cinza define o contraste, e é representada por um
histograma que fornece informações da quantidade de pixels presentes na imagem que
possuem nível de cinza. Os histogramas podem ser: uni- dimensionais, para uma banda
ou multi- dimensionais, quando representam duas ou mais bandas. Eles fornecem
informções relevantes, como: intensidade média e espalhamento dos níveis de cinza
( contraste da imagem). “Quanto maior o espalhamento ao longo do eixo dos níveis de
cinza, maior o contraste da imagem” (INPE, 1996).
Como processamentos na preparação das imagens a serem interpretadas foram
utilizados os realces de contrastes encontrados no menu “enhance”, sendo eles: o
“Linear 2%”, “Linear”, “Linear 0-255”, “Gaussian”, “Equalization” e “Square root” (FIG.
5.2).
Pode-se observar a diferença da imagem antes (FIG. 5.3) e depois (FIG. 5.4) da
realização do realce de contraste. Nesse exemplo foi utilizado o realce de contraste
“Linear 2%”.
72
FIG. 5.2 Foto do menu “Enhance” do ENVI.
FIG. 5.3 Foto da janela “Zoom” sem realce de contraste.
73
FIG. 5.4 Foto da janela “Zoom” com o realce de contraste “Linear 2%”.
5.4.4. REALCE DE BORDAS
A detecção de bordas é um procedimento importante do processamento de
imagens, já que bordas e contornos representam os limites dos objetos e separação de
regiões não similares em termos de intensidades de pixels. Por isso, apresentam
informações essenciais sobre os objetos de interesse na imagem.
Para realçar as bordas presentes na imagem são aplicados filtros passa-altas que,
como seu nome indica, deixam passar as radiações de alta freqüência, enquanto barram
grande parte das radiações de baixa freqüência.
Os filtros de realce de bordas foram utilizados para realçar as formas geométricas,
facilitando assim a interpretação das feições nas imagens. A técnica realce de bordas
mais utilizada, dentre as disponíveis no ENVI foi o “Sharpen [10]” (FIG. 5.5).
74
FIG. 5.5 Foto da janela “Zoom” com o realce de contraste “Linear 2%” e com o realce de
bordas “Sharpen [10]”.
5.5. FOTOINTERPRETAÇÃO
Depois de aplicados todos esses procedimentos, iniciou-se a fotointerpretação
propriamente dita das composições das imagens, procurando e fazendo uma
classificação visual da representação das feições desejadas.
5.5.1. CHAVES DE INTERPRETAÇÃO
A chave de interpretação baseou-se na descrição de elementos de
fotointerpretação que caracterizavam os alvos selecionados para a análise desse projeto
de forma precisa e objetiva. Foram utilizados os seguintes elementos:
- tonalidade: as feições fábricas, hipermercados e shopping centers têm respostas
espectrais altas devido ao tipo de cobertura utilizado em suas construções, contrastando-
75
se com o asfalto geralmente utilizado nos estacionamentos. Já em relação às pontes,
encontra-se contraste em relação à água, que tem baixa resposta espectral, com a
resposta espectral da superfície da ponte propriamente dita.
-forma: as pontes possuem formas alongadas; as fábricas têm formas
características de quadrados ou retângulos, assim como os hipermercados; os shoppings
centers possuem formas mais variadas; os aeroportos possuem formas características,
com pistas de pouso e hangares.
-tamanho: elemento importante na diferenciação de fábricas e hipermercados, já
que os primeiros, na região estudada, são menores que os segundos. Os shoppings
centers tendem a serem feições de tamanho grande também, assim com os aeroportos.
- adjacências: a ligação com o contexto permite eliminar as feições fábricas dos
bairros da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, devido a esses bairros serem
residenciais e comerciais. Já o bairro Jacarepaguá pode possuir tanto fábricas, como
hipermercados e shoppings centers.
5.5.2. COMPOSIÇÕES SIMULTÂNEAS
Os programas utilizados em fotointerpretação de imagens de satélites (por
exemplo: ENVI, Spring e Image Analyst) possuem uma série de ferramentas já
implementadas que se destinam a facilitar ao usuário o manuseio e a interpretação das
informações fornecidas por essas imagens.
Depois de aberta a imagem, utilizou-se a ferramenta “link display” (FIG. 5.6) para
abrir 02 (duas) composições de bandas ao mesmo tempo, sendo que para os 02 (dois)
sensores uma das composições foi a verdadeira cor (no caso dos sensores TM e ETM+
76
RGB vermelho – verde - azul). A outra composição variava conforme a feição a ser
detectada.
FIG. 5.6 Foto da janela “Link Displays” do ENVI.
Dessa maneira, a tela de trabalho fica formada por 06 (seis) janelas: duas janelas
“image”, duas janelas “zoom” e duas janelas “scroll”. A janela “scroll” é responsável por
mostrar toda a cena imageada. A janela “image” apresenta a cena em sua resolução
plena, e a região que está sendo apresentada fica marcada por um retângulo vermelho
na janela “scroll”. A janela “zoom” aumenta o tamanho de parte da cena 2x, 3x, 4x e até
mais, partindo da resolução plena apresentada na janela “image”. A região que aparece
ampliada na janela “zoom” fica marcada por um retângulo vermelho na janela “image”.
Quando se pressiona o botão esquerdo do mouse sobre qualquer uma dessas
janelas, a imagem da sua similar aparece (só quando estiver ativado o “link display”),
permitindo comparar as respostas espectrais da feição em composições de bandas
diferentes (FIG. 5.7).
77
FIG. 5.7 Foto da área de trabalho após a utilização do “Link Displays”.
5.5.3. VETORIZAÇÃO
A vetorização é uma forma de se converter as feições identificadas nas imagens,
que são arquivos raster, em arquivos vetoriais. A classificação visual feita durante a
interpretação das imagens pode ser vetorizada, para posterior conferência, ou até
mesmo para que se possam comparar os resultados de uma fotointerpretação com outra.
Os vetores feitos durante a fotointerpretação permitem ainda a contagem das feições e
as suas localizações.
No programa ENVI, essa vetorização pode ser feita utilizando-se o “vector layer”,
uma ferramenta que permite que se realize vetorização no próprio programa utilizado
para a fotointerpretação, sem que se tenha que migrar para um programa específico de
vetorização, como por exemplo, o Microstation SE.
78
5.6. AVALIAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO
A comparação foi feita através da utilização da base cartográfica de 1:10.000 do
IPP. Depois de realizadas as fotointerpretações, foi feita uma contagem das feições
existentes na base, de forma que se pudesse avaliar o resultado obtido.
79
6. RESULTADOS
A partir da fotointerpretação visual das imagens anteriormente apresentadas, e
tendo em vista a consecução do objetivo do projeto, foram obtidos os seguintes
resultados, que são apresentados a seguir.
6.1. IMAGEM DE 30 METROS DE RESOLUÇÃO ESPACIAL
A seguir são feitos uma tabela e um relatório do conteúdo informativo extraído das
composições coloridas formadas por diferentes combinações de bandas desta imagem,
seguindo a metodologia proposta no capítulo anterior, obtidos em função da operação
militar proposta e da área estudada.
RGB ShoppingCenters
Pontes Fábricas Aeroportos Hipermercados Centros de convenções
V –Ve –
A
13 15 11 01 * 01
IVP –
IVM-V
15 12 13 01 * 01
IVP-V-
Ve
10 09 06 01 * 01
V-IVP-
IVM
16 11 11 01 * 01
TAB 6.1 Quantitativo das feições extraídas do sensor ETM+ (onde: V= vermelho;
Ve=verde; A=azul; IVP=infravermelho próximo; IVM= infravermelho médio)
80
Das feições da classe hipermercados, existem alguns que poderiam ser
classificados como shopping centers, devido à baixa qualidade da geometria encontrada
na imagem analisada. Esse é o motivo dos asteriscos na coluna dos hipermercados.
As áreas urbanas são muito bem identificáveis na imagem, devido à diferença de
resposta espectral entre a área urbana estudada, o mar, a zona rural e hidrografia.
Existe apenas 01 (um) aeroporto na região estudada, que é o Aeroporto de
Jacarepaguá, que aparece parte na folha 285F e parte na folha 286E, ambas da base
cartográfica do Instituto Pereira Passos. O mesmo foi identificado em todas as
combinações de bandas utilizadas para este sensor.
6.2. IMAGEM DE 20 METROS DE RESOLUÇÃO ESPACIAL
RGB ShoppingCenters
Pontes Fábricas Aeroportos Centros de convenções
Hipermercados
V –Ve –
A
00 10 01 01 01 00
IVP-V-
Ve
00 08 02 01 01 00
TAB 6.2 Quantitativo das feições extraídas do sensor CCD (onde: V= vermelho;
Ve=verde; A=azul; IVP=infravermelho próximo).
Os resultados piores da imagem de 20 metros de resolução, em relação à imagem
de 30 metros de resolução podem ser explicados devido a uma série de fatores, como
por exemplo: ausência de bandas de IV médio do CCD CBERS 2, melhor resolução real
ou efetiva do sensor ETM+, melhor resolução espectral do ETM+, entre outros.
81
Não foi possível identificar hipermercados e shopping centers devido à qualidade
geométrica da imagem, que é muito importante neste tipo de feição.
6.3. SIMULAÇÃO DE IMAGEM DE 20 METROS DE RESOLUÇÃO ESPACIAL
A simulação de imagem de 20 metros de resolução espacial foi feita a partir de
imagem IKONOS II.
RGB ShoppingCenters
Pontes Fábricas Aeroportos Centros de Convenções
Hipermercados
V –Ve –
A
15 25 08 01 01 03
TAB 6.3 Quantitativo das feições extraídas do sensor IKONOS II com os pixels
degradados para a resolução espacial de 20 metros (onde: V= vermelho; Ve=verde;
A=azul).
6.4. SIMULAÇÃO DA IMAGEM DE 10 METROS DE RESOLUÇÃO ESPACIAL
A simulação de imagem de 10 metros de resolução espacial foi feita a partir de
imagem IKONOS II, devido à impossibilidade de aquisição de imagem de resolução
similar já existente.
RGB ShoppingCenters
Pontes Fábricas Aeroportos Centros de Convenções
Hipermercados
V –Ve –
A
20 29 12 01 01 01
TAB 6.4 Quantitativo das feições extraídas do sensor IKONOS II com os pixels
degradados para a resolução espacial de 10 metros (onde: V= vermelho; Ve=verde;
A=azul).
82
6.5. IMAGEM DE 1 METRO DE RESOLUÇÃO ESPACIAL
A imagem utilizada foi a do sensor IKONOS II, e a tabela abaixo traz o conteúdo
extraído da composição colorida utilizada na fotointrepretação.
RGB ShoppingCenters
Pontes Fábricas Aeroportos Centros de Convenções
Hipermercados
V –Ve –A 20 54 23 01 01 09
TAB 6.5 Quantitativo das feições extraídas do sensor IKONOS II (onde: V= vermelho;
Ve=verde; A=azul).
6.6. BASE CARTOGRÁFICA 1:10.000
Utilizando a base cartográfica 1:10.000, do Instituto Municipal de Urbanismo
Pereira Passos, que foi a verdade de campo utilizada nesse projeto, foi levantado o
quantitativo das feições previamente selecionadas para a avaliação dos sensores quanto
ao seu uso no planejamento em operações militares. Esse quantitativo é apresentado na
TAB. 6.6.
Base IPP1:10.000
ShoppingCenters
Pontes Fábricas Aeroportos Hipermercados
TOTAL 19 95 15 01 06
TAB. 6.6 Quantitativo das feições utilizadas na avaliação.
Somente foi encontrada uma feição aeroporto em toda a área estudada, porém
esta feição, na base cartográfica, estava representada parcialmente numa folha e
parcialmente em outra (motivo dos asteriscos na TAB. 6.6).
83
6.7. PORCENTAGEM DE FEIÇÕES ENCONTRADAS NAS FOTOINTERPRETAÇÕES
ShoppingCenters
Pontes Fábricas Aeroportos Centros de convenções
Hipermercados
ETM+
V –Ve –A
68,42% 15,78% 73,33% 100% 100% *
ETM+
IVP-IVM-V
78,94% 12,63% 86,66% 100% 100% *
ETM+
IVP-V-Ve
52,63% 9,47% 40% 100% 100% *
ETM+
V-IVP-IVM
84,21% 11,57% 73,33% 100% 100% *
CCD
V –Ve –A
0% 10,52% 6,66% 100% 100% 0%
CCD
IVP-V-Ve
0% 8,42% 13,33% 100% 100% 0%
IKONOS II
V –Ve –A
20m
78,94% 26,31% 53,33% 100% 100% 50%
IKONOS II
V –Ve –A
10m
100% 30,52% 80% 100% 100% 16,66%
IKONOS II
V –Ve –A
100% 56,84% 100% 100% 100% 100%
TAB. 6.7 Percentagem das feições encontradas nas fotointerpretações realizadas, frente
à base cartográfica da região (onde: V= vermelho; Ve=verde; A=azul; IVP=infravermelho
próximo; IVM= infravermelho médio).
Os asteriscos foram colocados na tabela acima devido à impossibilidade de se
diferenciar os shoppings centers dos hipermercados nas diferentes composições
coloridas formadas com as bandas das imagens.
84
7. CONCLUSÕES
Como uma análise dos resultados obtidos pode-se citar:
Para as feições utilizadas nesse projeto, não foi necessário diferenciar as
composições coloridas com cores reais ou em falsa cor, pois essas feições são de
materiais semelhantes, ou seja, são todas feições urbanas.
A experiência do fotointérprete é um fator crucial para que qualquer
fotointerpretação visual tenha uma boa qualidade. Tal afirmação pôde ser comprovada,
não só a partir do estudo da teoria sobre o assunto, como também através da prática,
durante todo o projeto.
A imagem CBERS 2 apresentou um pior desempenho em relação a imagem
Landsat 7, no que se refere a identificação das feições estudas, mesmo possuindo a
resolução nominal maior do que a segunda, o que aponta, como uma das possíveis
causas, que a resolução efetiva do Landsat 7 é melhor que a do CBERS 2.
O elemento de identificação de feições do CBERS 2 que mais dificultou a
fotointerpretação foi a forma. Cita-se como exemplo os hipermercados e shopping
centers que não foram identificados, pois a forma retangular ou quadrada dos primeiros,
e o formato arquitetônico (irregular) dos segundos não eram passíveis de diferenciação.
A detecção de pontes utilizando as imagens CBERS 2 e Landsat 7 é possível pois
o contraste do cruzamento dos cursos de água com as estradas facilitam a sua
localização. Deve-se observar, como ressalva a afirmação anterior, a tamanho da feição
que se quer detectar em relação à resolução espacial da imagem utilizada, já que a
detecção das pontes, apesar de ter sido satisfatória não foi de 100%.
85
Na região de Jacarepaguá, a identificação de arruamentos e cursos de água fica
prejudicada devido à intensa e desordenada urbanização, diferente dos bairros da Barra
da Tijuca e do Recreio. A detecção de pontes na região de Jacarepaguá ficou portanto
comprometida por esse tipo de urbanização (intensa e desordenada).
7.1. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Como essa linha de pesquisa ainda está no começo é interessante que novos
projetos estudem a detecção de novas feições, inerentes às operações militares (por
exemplo, portos, estradas, tipos de vegetação etc), assim como estudando diferentes
sensores de imageamento por satélites (os sensores SPOT 4 e 5, por exemplo).
86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFFONSO, Adriana. Introdução ao geoprocessamento e ao sensoriamento remoto. Disponível: http://www.agro.unitau.br/sensor_remoto/apodrit.pdf [capturado em 24 Jul 2007]. Taubaté, 2002.
COBRAC 2002 · Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário · UFSC Florianópolis · 6 a 10 de Outubro 2002.
COSTA, Alexandre Marino / UBERTi, Antônio Ayrton Auzani / CANALES, Walter Sant'Ana. Sensoriamento Remoto aplicado à Gestão Ambiental: Uma Ferramenta para a Análise Multidisciplinar.
CRÓSTA, Álvaro Penteado. Processamento Digital de Imagens de Sensoriamento Remoto. Campinas, SP: IG/UNICAMP, 1993.170p.
Enciclopédia Digital Wikipedia - Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fotografia [capturado em 24 Jul 2007].
ENGESAT - Disponível: http://www.engesat.com.br/?system=news&eid=310[capturado em 24 Jul 2007].
ENGESAT - Disponível: http://www.engesat.com.br/pub/fckeditor/Image/amostras_ikonos/BSBPSM1 .jpg [capturado em 24 Jul 2007].
EMBRAPA, 2003 - Disponível: http://www.sat.cnpm.embrapa.br/satelite/landsat.html - [capturado em 24 Jul 2007].
EMBRAPA, 2003 - Disponível: http://www.sat.cnpm.embrapa.br/satelite/envisat.html [capturado em 24 Jul 2007].
EMBRAPA, 2003 - Disponível: http://www.cnpm.embrapa.br/vs/vs1102/oeste.htm [capturado em 24 Jul 2007].
Exemplo Chave de Interpretação solo urbano – Disponível: http://www.cgp.igc.ufmg.br/centrorecursos/apostilas/intimagem.pdf [capturado em 24 Jul 2007].
Exemplo Chave de Interpretação - Disponível: http://pedrofidelman.net/pdf/Fidelman.2001.REA.pdf [capturado em 24 Jul 2007].
Foto da NASA - Disponível: http://dicionario.pro.br/dicionario/index.php?title=Imagem:Mt_Taranaki_Drainage_System.jpg – [capturado em 24 Jul 2007].
87
GONZALEZ,R.C. e WOODS,R.E. Processamento de Imagens Digitais. Editora Edgard Blücher Ltda.1992.São Paulo,Brasil.
INPE, Site. Disponível: http://www.dgi.inpe.br/CDSR/ - [capturado em 24 Jul 2007].
IPP 2001 Disponível: http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/arquivos/1315_esquema%20de%20articulação%20de%20folhas%20da%20cartografia%20municipal.JPG). [capturado em 24 Jul 2007].
MINISTÉRIO DO EXÉRCITO. EXÉRCITO BRASILEIRO. Manual de Campanha C 100-5 - OPERAÇÕES. Exército Brasileiro, 3a SCh/EME. Brasília, DF, Brasil. 3a Edição, 1997. MINISTÉRIO DA DEFESA. EXÉRCITO BRASILEIRO. Instruções Provisórias IP 30-1 - A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA MILITAR - 23 PARTE - A INTELIGÊNCIA NAS OPERAÇÕES MILITARES. Exército Brasileiro, EGGCF. Brasília, DF, Brasil. 1a Edição, 1999.
MOREIRA, Maurício Alves. Fundamentos do Sensoriamento Remoto e Metodologias de Aplicação. Viçosa,2003.307p.
PIMENTEL, Maj. Entrevista pessoal na ECEME. Feita em 07 Mar 2007.
SOARES FILHO, Britaldo Silveira. Curso de Especialização em Geoprocessamento. 2000, Departamento de Cartografia, UFMG.
UNIVERSIDADE DE MARYLAND. Site. Disponível: http://glcf.umiacs.umd.edu/index.shtml - [capturado em 24 Jul 2007].
USP. Aula da Universidade de São Paulo. Disponível:http://www.poli.usp.br/d/ptr2389/Aula01_SR.pdf - [capturado em 24 Jul 2007].
88
ANEXO A
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Em meados do século XIX, ocorreu o processo de independência dos países de
colonização portuguesa na América do Sul. Em que pese o processo de independência
ter sido pacífico, surgiu uma área de litígio entre os países Marrom e Azul.
Mais tarde, por intermédio de arbítrio internacional, foi dado ganho de causa da
referida área para o país Azul. Entre os habitantes da área litigiosa há uma significativa
parcela de descendentes de antigos colonos do país Marrom, que postulam a anexação
da região àquele país.
Atualmente, o país Marrom, contrariado em seus interesses e visando ampliar o
seu espaço territorial, empreendeu uma operação ofensiva com o intuito de conquistar a
antiga área litigiosa.
O país Azul protestou de imediato junto ao Organismo de Segurança Regional
(OSR) e, simultaneamente, realizou uma ação retardadora a fim de ganhar tempo para
cerrar seus meios e passar, no mais curto prazo, a contra-ofensiva, para restabelecer
sua linha de fronteira original.
O país Amarelo é neutro no conflito e possui condições de manter essa
neutralidade, não permitindo a utilização de seu território por nenhum dos contendores.
Os países Marrom e Azul não possuem artefatos nucleares e não têm condições
de obtê-los em curto prazo, portanto a utilização de tais artefatos é remota.
SITUAÇÃO GERAL
O país Azul encontra-se atrasado em relação ao país Marrom, na mobilização de
seus meios. Em vista disso, em D, o Exército de Campanha Marrom realiza uma
ofensiva em direção ao território do país Azul, no intuito de tomar, à força, os territórios
89
da área litigiosa. Para alcançar esse objetivo coloca em execução o Plano de Operações
PROFIC, empregando seu Ex Cmp na realização de uma operação ofensiva.
Com base no Plano de Operações PROFIC, será realizada a Operação BARRA,
que visa manter o controle de alvos e obras de arte importantes dentro da área litigiosa,
para evitar que guerrilheiros e terroristas, ou até mesmo tropas infiltradas do Exército do
país Azul retomem o controle de tais alvos, ou mesmo os destruam.
MISSÕES DO 1º BATALHÃO DE INFANTARIA
A fim de cooperar com o Exército de Campanha do Exército Marrom na
manutenção da ordem da área litigiosa recentemente reconquistada:
- Realizar Postos de Bloqueio e Controle de Estradas nas principais vias da área
litigiosa;
- Fazer a segurança das instalações do aeroporto da área litigiosa;
- Impedir a ação de terroristas e querrilheiros contra as principais obras de arte
da região.
SITUAÇÃO PARTICULAR
O Comandante do 1º Batalhão de Infantaria do Exército do país Marrom, ao
receber a ordem da Operação BARRA do Comandante do Exército de Campanha
Marrom solicitou cartas de 1:50.000 e 1:25.000 da região litigiosa. Como não existiam
essas cartas, devido a proibição internacional de se fazer cartografia de países
estrangeiros, apenas foi disponibilizado para o planejamento da operação imagens de
satélite da região que havia previamente nos arquivos do comando do Exército do país
Marrom.
Para permitir uma melhor interpretação das informações contidas nas imagens de
90
satélites disponibilizadas, foi designado um engenheiro cartógrafo especialista em
Interpretação de Imagens de Satélites para, junto com o comandante do 1º Batalhão de
Infantaria, realizar a detecção dos alvos determinados na missão da Operação Barra, e
também verificar outros alvos importantes que venham a surgir durante o planejamento
da operação.
91