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A “objetividade” do conhecimento na ciência social e na ciência política,
de Max Weber
Metodologia das Ciências Sociais
Ciência Política – Unirio
Março 2014
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O texto A “objetividade” do conhecimento na ciência social e na ciência política (no
original, em alemão, Die „Objektivität“ sozialwissenschaftlicher und sozialpolitischer
Erkenntnis), de Max Weber, trata da abordagem feita por uma revista científica e as
tendências que ela pode vir a seguir.
Para o autor, a escolha de a publicação Arquivo para a ciência social e político social
(Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik) ser “exclusivamente científica” entra
em conflito com “os fatos da vida social, a formação do juízo sobre seus problemas
práticos e, com isso, a crítica da práxis sócio-política, inclusive a da legislação”. Ele
argumenta que o autor pode tomar juízos de valor como algo legítimo e, assim,
precipitar-se ao relacioná-los, mesmo que de forma subjetiva, a projetos práticos.
A partir daí, Weber passa a questionar se as questões estão, de fato, no campo de
reflexões científicas ou não. Uma pessoa, no entanto, sempre terá os juízos de valor –
que não têm como serem retirados para a realização de uma pesquisa científica. Isso
ocorre porque, segundo o texto, a escolha de determinado “meio” resulta,
consequentemente, em um “fim” pretendido.
Sendo assim, a decisão feita pelo homem por “meio” e “fim”, tarefa de caráter
pessoal, interferirá diretamente na pesquisa científica. Da mesma forma, toda ação e
não-ação resultará num posicionamento a favor ou contra determinados valores. Por
isso, Weber aponta a transparência de ideias como ponto primordial em qualquer
ciência da vida cultural. Para ele, é preciso não só saber os ideais e os fins
pretendidos, mas como avaliá-los criticamente por meio da crítica dialética. Trata-se
de uma avaliação lógico-formal do material fundamentada nos juízos de valor e nos
ideais e, ainda, de um exame de ideais. E assim, consegue-se tomar consciência dos
critérios últimos.
Apesar de a ciência empírica não ensinar o que se deve fazer, ela precisa mostrar o
que ela quer fazer. Os juízos de valor e os critérios últimos tendem a serem percebidos
como “objetivamente válidos”, enquanto eles são pessoais e variam de acordo com a
perspectiva do homem.
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Sem dúvida, é verdade que exatamente aqueles elementos mais íntimos da
“personalidade”, ou seja, os últimos e supremos juízos de valor, que determinam a
nossa ação e conferem sentido e significado à nossa vida, são percebidos por nós
como sendo objetivamente válidos. (WEBER, Max, Metodologia das Ciências Sociais,
Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, p. 111, 1992)
Weber, porém, se posiciona contra a determinação de um dominar comum prático
para solucionar problemas. Ele lembra que cada problema tem as suas
especificidades. A revista de ciências sociais exclusivamente científica deve, portanto,
ter como objetivo a verdade, cujo reconhecimento seja feito independentemente dos
ideais do leitor. Todos devem saber o “meio” usado para obter o “fim”, assim como
os juízos de valor.
Em seguida, o autor aborda a imparcialidade científica no momento do julgamento,
sucedido por seleções feitas pelos colaboradores da revista. Também relacionada aos
ideais está a objetividade, que o sociólogo considera ser importante ser analisada.
Weber acrescenta, ainda, que os eventos estão economicamente condicionados, já que
eles trazem embutido interpretações, significados culturais etc.
O sociólogo alemão pondera que não há análise científica exclusivamente
“objetivada” do quotidiano cultural ou dos fatores sociais. Em suma, a isenção não é
possível, tendo em vista que, mesmo subjetivamente, juízos de valor e ideias se
manifestam e interferem na pesquisa científica. O estudioso deve se concentrar, logo,
em compreender a conjuntura, à qual é necessário entender as relações que podem ter
levado àquela situação.
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