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Anotações do Aluno
Aula Nº 3 – Método das Partidas Dobradas
Objetivos da aula:
O objetivo desta aula é mostrar como a Contabilidade, por meio de suas
técnicas, consegue registrar todos os fatos administrativos e manter o
equilíbrio do Patrimônio.
Ao final desta aula, você estará apto a compreender as rotinas de
“fechamento dos números”, os lançamentos finais e a integridade das
demonstrações financeiras.
1. Introdução
Vimos, nas aulas anteriores, que o Balanço Patrimonial representa o
equilíbrio do patrimônio, pois, em seu lado esquerdo, estão representadas
as aplicações de recursos (bens e direitos) e, em seu lado direito, todas as
origens dos recursos aplicados.
Entretanto, para que a Contabilidade produza uma demonstração com
essas características, é necessário que, em cada operação, o raciocínio seja
o mesmo, ou seja, cada operação que a empresa faz, movimenta recursos,
aplicando em algum item do patrimônio e esse recurso tem uma origem
específica.
Por exemplo, quando os sócios integralizam o capital social em dinheiro, é
feita uma aplicação no Caixa da empresa e a origem foi o capital social (dos
sócios).
Ou quando a empresa compra mercadorias a prazo, há uma aplicação de
recursos no estoque de mercadorias e uma origem de capital de terceiros
(fornecedores). Ou ainda, quando a empresa recebe uma dívida de clientes,
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novamente há uma aplicação de recursos em seu Caixa e a origem desses
recursos é de seus clientes.
Veja que, em cada operação, são registradas as suas duas faces, onde foi
aplicado o recurso e de onde veio. Mesmo quando se trata de contas de
resultado, no pagamento de uma despesa, a empresa está aplicando em
recursos consumidos e esses recursos têm uma origem interna (Caixa,
Bancos) ou externa (Governo, Funcionários etc.).
2. Débitos e Créditos
Para que esse mecanismo se tornasse operacional, no século XIV foi
inventado o método das partidas dobradas e tendo sua aplicação cada
vez mais aperfeiçoada às necessidades das operações das empresas. Esse
método consiste em fazer débitos e créditos no mesmo valor para cada
operação. A cada débito deve corresponder um ou mais créditos no mesmo
valor do débito e vice versa ou, para cada crédito, deve corresponder um
ou mais débitos no mesmo valor do crédito.
E para que esse mecanismo se tornasse funcional, as seguintes regras foram
criadas, a partir da natureza das contas de Ativo Passivo e Resultado:
DÉBITOS
• AUMENTAM AS CONTAS DO ATIVO
• DIMIMUEM AS CONTAS DO PASSIVO
• DIMINUEM AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
CRÉDITOS
• DIMINUEM AS CONTAS DO ATIVO
• AUMENTAM AS CONTAS DO PASSIVO
• AUMENTAM AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Ou, podemos, ainda, enunciar a mesma regra de outra forma, segundo os
elementos do Patrimônio:
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ATIVO
• OS DÉBITOS AUMENTAM O VALOR DE SUAS CONTAS
• OS CRÉDITOS DIMINUEM O VALOR DE SUAS CONTAS
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
• OS DÉBITOS DIMINUEM O VALOR DE SUAS CONTAS
• OS CRÉDITOS DIMINUEM O VALOR DE SUAS CONTAS
3. Exemplos
Usando essa regra, toda operação que implicar aumento de contas do
ativo, esta conta deverá ser debitada. Por exemplo, a integralização do
capital social em dinheiro no valor de R$ 100.000; a conta Caixa deverá
ser debitada em R$ 100.000 e a conta capital deverá ser creditada em R$
100.000, pois houve um aumento do Ativo e um aumento no Patrimônio
Líquido no mesmo valor.
A compra de mercadorias à vista implicará um aumento no estoque de
mercadorias (Ativo) e diminuição dinheiro em Caixa (Ativo), portanto,
deverá ser debitada a conta “Mercadorias” (aumento do Ativo) e creditada
a conta “Caixa“ (diminuição de Ativo). Se a compra fosse a prazo,
deveríamos debitar a conta “Mercadorias” (aumento do Ativo) e creditar a
conta “Fornecedores” (aumento do Passivo).
Para facilitar o entendimento dessa regra, vamos construir pequenos
gráficos, como fizemos com o Balanço Patrimonial, usando os pratos de
uma balança no Ativo e no Passivo e balanças menores para as contas. No
caso da integralização do Capital Social em dinheiro no valor de R$ 50.000,
teríamos:
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O lado esquerdo das balanças menores chama-se débito e o lado direito
chama-se crédito, portanto debitamos a conta “Caixa” e creditamos a conta
“Capital”, fazendo com que a balança maior ficasse em equilíbrio.
Vejamos um segundo exemplo: a empresa comprou mercadorias a prazo
no valor de R$ 10.000.
4. Fluxo de Recursos
Debitamos a conta “Mercadorias” (aplicação de recursos) e creditamos a
conta “Fornecedores” (origem dos recursos necessários para a compra), e
a “balança maior” manteve-se em equilíbrio novamente.
Não se esqueça: o lado esquerdo das balanças menores chama-se débito
e o lado direito chama-se crédito. Assim, sempre que há um aumento em
qualquer conta do Ativo, fazemos um débito e quando há uma diminuição
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em qualquer conta do Ativo fazemos um crédito. E, no Passivo e Patrimônio
Líquido, ocorre o Contrário: quando aumentamos qualquer obrigação,
fazemos um crédito e, quando diminuímos qualquer obrigação, fazemos
um débito.
4. Contas de Resultado
E as contas de Resultado? Quando serão debitadas ou creditadas? Como
ficará o equilíbrio do Patrimônio com a movimentação dessas contas?
Neste mesmo exemplo, suponhamos, agora, que a empresa pagou R$
1.500 de salários do mês em curso. O Patrimônio ficaria assim:
Veja que a despesa que afetará o Patrimônio Líquido negativamente
é registrada à parte, como conta de resultado. No final do mês, todas
as contas de resultado consolidadas se transformarão em uma conta
Patrimonial, lucro ou prejuízo do exercício.
Ainda neste exemplo, suponha, agora, que a empresa prestou serviços no
mês no valor de R$ 10.000, recebendo 50% no próprio mês e os outros
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50% serão recebidos no mês seguinte:
Agora, temos duas contas de resultado: uma pendendo para o lado
esquerdo (despesa) e outra pendendo para o lado direito (receita). Se
fôssemos fechar o balanço após essas operações, o resultado seria um
lucro de R$ 8.500 (R$ 10.000 menos R$ 1.500). Esse resultado equilibraria
novamente o balanço patrimonial com a seguinte composição do ativo:
R$ 53.500 (saldo em caixa) + R$ 5.000 (saldo em Contas a Receber) + R$
10.000 (saldo de Mercadorias) = R$ 68.500.
O Passivo seria composto de: R$ 10.000 (dívida com Fornecedores) + R$
50.000 (Capital Social) + R$ 8.500 (Lucro do mês) = R$ 68.500.
5. Razonetes
Talvez esta ilustração com as balanças (contas) e a balança maior (balanço
patrimonial) ajude-o a entender o mecanismo de débito e crédito, mas,
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se você consultar outros livros, encontrará uma ilustração um pouco
diferente, as balanças são substituídas por “razonetes”, mas o conceito é
o mesmo: o lado esquerdo de qualquer “razonete” chama-se débito e o
lado direito chama-se crédito:
Vamos, agora, registrar em “razonetes” algumas operações de uma
empresa:
1) Walter e Francisco resolveram abrir uma empresa para compra e venda
de calçados, sob a denominação de WF Calçados Ltda. Cada um dos sócios
entrou para a sociedade com R$ 10.000 em dinheiro. Para contabilizar esse
fato, vamos utilizar o método das partidas dobradas nos razonetes:
Fizemos um débito na conta “Caixa” (aplicação de recursos) e um crédito
na conta “Capital Social” (origem dos recursos) no valor de R$ 20.000.
2) Os sócios resolveram comprar um estoque de calçados de R$ 3.000
pagando à vista.
Fizemos um débito na conta “Mercadorias” (aplicação de recursos) e um
crédito na conta “Caixa” (origem dos recursos) no valor de R$ 3.000.
3) A WF Calçados Ltda. comprou Móveis (prateleiras) para a loja no valor
de R$ 1.500, pagando à vista:
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Fizemos um débito na conta “Móveis e Utensílios” (em que os recursos
foram aplicados) e um crédito na conta “Caixa” (origem dos recursos
utilizados para a compra)
4) A WF Calçados Ltda. comprou um prédio para instalar sua primeira loja
por R$ 10.000, pagando R$ 5.000 e assinando uma nota promissória de R$
5.000 com vencimento para 3 meses.
Fizemos um débito na conta “Imóveis” (aplicação dos recursos) no valor de
R$ 10.000, um crédito na conta “Caixa” (origem dinheiro pago na aquisição)
no valor de R$ 5.000 e um crédito na conta “Notas Promissórias a Pagar”
(origem dos recursos – de terceiros), no valor de R$ 5.000.
Após as quatro operações, o Balanço Patrimonial da WF Calçados Ltda.
ficaria assim:
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ATIVO PASSIVOCaixa $ 10.500Mercadorias $ 3.000Móveis e Utensílios $ 1.500Imóveis $ 10.000Total do Ativo $ 25.000
N.P. a Pagar $ 5.000PATRIMÔNIO LÍQUIDOCapital Social $ 20.000Total do Passivo $ 25.000
Os recursos da empresa originam-se de:
• Capital de Terceiros
N.P. a Pagar $ ....................................5.000
• Capital Próprio
Capital Social .............................. $ 20.000
Total ............................................... $ 25.000
As aplicações desses recursos foram feitas nos itens do Ativo, conforme
acima.
Síntese
Nesta aula, tivemos contato com a técnica contábil que permite o equilíbrio
do patrimônio, fazendo com que cada operação seja registrada de acordo
com o método das partidas dobradas.
Na próxima aula, estudaremos os grupos de contas patrimoniais, assim
você entenderá melhor como é apresentado o Balanço Patrimonial e como
deve ser interpretado.
Referências
IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade Introdutória. 7.ed. São Paulo:
Atlas, 1998