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MetacognioPsicologia, Cincia e Filosofia da Mente, Filosofia Moral.quarta-feira, 18 de maro de 2009
O Suicdio segundo mile DurkheimO suicdio um tema por natureza intrigante, hoje sabemos que o Japo e os EUA so pases cujas populaes mais sofrem com a incidncia deste fenmeno. No caso do Japo as taxas de suicdio crescem 10% ao ano e historicamente ele sempre esteve relacionado purgao do nome de um indivduo ou de sua famlia estando associado vergonha e a honradez em uma sociedade muito rgida em relao aos seus valores morais. J nos EUA, ele j a oitava causa de morte depois de problemas cardacos, cncer, acidentes, pneumonia, diabetes e cirrose e pode estar associado tambm alm de predisposies psicolgicas individuais, em ambos os pases, a presses sociais que valorizam a competio e que veem na conquista de bens materiais e tecnolgicos individuais o prottipo do individuo bem sucedido. Raymond Aron em seu livro As etapas do pensamento sociolgico aborda em uma parte dedicada a mile Durkheim as causas sociais do suicdio sob essa perspectiva terica. Durkheim classifica o suicdio em trs tipos. O primeiro tipo o egosta e ocorre em pessoas cujo seus desejos no encontram limites porque no esto integradas a sociedade e preocupadas essencialmente consigo prprias. O segundo tipo o altrusta que ocorre por imperativos sociais interiorizados que faz com que o individuo cometa o suicdio sem pensar em seu instinto de vida por uma regra ou demanda social. O ltimo tipo anmico que tem maior incidncia em momentos da historia social em que h um excesso de atividade humana de crise ou grande progresso econmico e servir para pensarmos nas taxas de suicdio atuais. Podemos salientar que Estados Unidos e Japo, esto vivenciando um momento de forte crise econmica e que a quantidade de suicdios nesses pases hoje provavelmente est tambm relacionada ao desemprego e a recesso econmica. Segundo Dukheim, citado por Aron, a crise econmica pode elevar as taxas de suicdio, portanto no de se espantar se houver maior crescimento do nmero de suicdios nestes pases, mesmo considerando as polticas pblicas preventivas. Por outro lado, os dois pases mencionados no pargrafo anterior, possuem as mais altas taxas de suicdio esto tambm no topo do ranking das maiores economias mundiais, Estados Unidos seguido do Japo. Isso nos leva a pensar a respeito da presso social exercida nesses pases sobre seus compatriotas para se manterem nesse posto as custas de uma exagerada atividade humana e rivalidades acirradas. Conforme Aron enfatiza em seu livro a obra de Durkheim Da diviso do trabalho social em que a crise da sociedade moderna, definida pela desintegrao social (ARON, 2000, p.304), ou seja, pela falncia das foras disciplinadoras sociais sobre os indivduos. Em relao a essas foras disciplinadoras Raymond Aron retrata o estudo que Durkheim realizou sobre o suicdio anmico observando que ele tambm aumenta paralelamente ao nmero de divrcios. Segundo o autor o homem esta mais susceptvel a comet-lo, porque encontra no casamento a disciplina que precisa para viver em equilbrio, com o divorcio se perde na indisciplina por gozar de liberdade sem medida. A mulher ao contrrio por ser oprimida no casamento atravs do divorcio se beneficia da liberdade que no tinha. Deste modo, Durkheim no desconsidera os fatores psicolgicos que tornam certos indivduos susceptveis a cometerem suicdio, mas, considera os fatores sociais determinantes neste fenmeno. E esses fatores sociais sero determinantes devido individualidade humana
Quem sou eu
Metacognio Graduanda do curso de Psicologia do Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (FUNEDI/INESP/UEMG). Meus interesses so: Psicologia Cognitiva, Psicoterapia Cognitiva, Psicologia Evolutiva, Neuropsicologia, Histria da Psicologia, Filosofia da Cincia e Filosofia da mente. Visualizar meu perfil completo
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na sociedade moderna, que faz de ns seres do desejo, insaciveis e necessitando, portanto de disciplina atravs da integrao social. Ora, o que ento poderia integrar o individuo a coletividade? Analisando a obra de Durkheim, Aron constata que so as organizaes profissionais porque correspondem ao carter da sociedade moderna, por serem uma fora superior ao individuo disciplinando-o e ao mesmo tempo beneficiando-o de prestigio e autoridade. Alm disso, Raymond Aron esclarece um verdadeiro panorama de discusses sobre as estatsticas utilizas por Durkheim em sua pesquisa, sobre as relaes desenvolvidas por ele para estabelecer sua teoria e relao entre os fatores psicolgicos e sociolgicos envolvidos no suicdio. E salienta a interpretao positiva da obra durkaiemiana sobre o suicdio que consiste em uma fonte indispensvel para entendermos este fenmeno na atualidade. Referencias ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociolgico. So Paulo: Martins Fontes. Veja o ranking das maiores economias do mundo. Disponvel em: http://www.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u106421.shtml O suicdio o maior produto de exportao do Japo? Disponvel em: Data do acesso: 11 jul. 2008. "Um dia ao pescar na beira de um rio um homem pega um peixe. A partir de um gesto de afeto do pescador, os dois desenvolvem uma linda amizade que admirada por todos na cidade. Do poema de Mrio Quintana." Siga o link e veja o curta e descubra como ele se relaciona com esta postagem.
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5 comentrios:Osame Kinouchi disse... FIz uma primeira resposta no meu ultimo post. Coincidencia que ambos citamos Mario Quintana, independentemente. Lu, acho que a presso social e a depresso economica pode ser um fator estressante, mas a mediao para o suicidio se d pela depresso psiquica e predisposio gentica a baixo limiar de resitncia ao stress: 25% dos bipolares no tratados acaba se suicidando... 22 de maro de 2009 07:52 Ercy Soar disse...
oi Luciana, este conceito de "anomia" (de onde vem "anmico") importante na obra de Durkheim, e se refere desestruturao social. Segundo ele era uma espcie de "doena social". Cabe discutir se existe tal coisa, ou se se trata de uma abstrao a partir de um modelo ideal de uma sociedade saudvel (sem crise?). Ser o Japo uma sociedade mais desorganizada do que o Brasil? Ou o excesso de estruturao tambm seria uma forma de anomia (ao contrrio do que sugere D)? De qq maneira, como disse Osame, no d pra pensar o suicdio (salvo o de motivaes ideolgicas, como os homens bombas da jihad) sem levar em conta a interao entre os fatores sociais e os internos, psicolgicos e genticos. 22 de maro de 2009 13:31 Ercy Soar disse...
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off topic: usei o vdeo da judith beck numa aula sobre psicoterapia pra turma de psiquiatria. foi muito til. valeu a publicao dele aqui. bj 22 de maro de 2009 13:35 Serpsico disse...
Pensamentos
Concordo com o Ercy quando ele menciona que o suicdio est relacionado aos fatores internos e externos, psicolgicos, genticos e sociais. Penso que no possvel encontrar uma nica causa que levou algum a cometer suicdio, assim como os transtornos mentais como o Bipolar no podem ser simplesmente explicados e determinados por fatores puramente genticos. Por esse motivo o texto se chama "O suicdio segundo Durkein" e por esse motivo tb gostaria de ressaltar duas palavras que escrevi na frase: a quantidade de suicdios nesses pases hoje PROVAVELMENTE est TAMBM relacionada ao desemprego e a recesso econmica. 24 de maro de 2009 21:02 Felipe Epaminondas disse...
Meu blog est sem notificaes de respostas ainda, ento vim avisar que te respondi no http://scienceblogs.com.br/psicologico/2009/03/um_psicologo_precisa_le r_mente.php ! ;) 26 de maro de 2009 23:37 Postar um comentrio
"No entendo. Isso to vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender sempre limitado. Mas no entender pode no ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando no entendo. No entender, do modo como falo, um dom. No entender, mas no como um simples de esprito. O bom ser inteligente e no entender. uma beno estranha, como ter loucura sem ser doida. um desinteresse manso, uma doura de burrice. S que de vez em quando vem a inquietao: quero entender um pouco. No demais: mas pelo menos entender que no entendo. " Clarice Lispector Penso que s h um caminho para a cincia ou para a filosofia: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixonar-se por ele; casar e viver feliz com ele at que a morte vos separe a no ser que encontrem um outro problema ainda mais fascinante, ou, evidentemente, a no ser que obtenham uma soluo. Mas, mesmo que obtenham uma soluo, podero ento descobrir, para vosso deleite, a existncia de toda uma famlia de problemas-filhos, encantadores ainda que talvez difceis, para cujo bemestar podero trabalhar, com um sentido, at ao fim dos vossos dias. Karl Popper
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