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MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICA SIMULAÇÃO DE PROCESSOS QUÍMICOS Apontamentos Teóricos sobre Modelação e Simulação Helder Teixeira Gomes ESTiG-IPB 2009/2010

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MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICA

SIMULAÇÃO DE PROCESSOS QUÍMICOS

Apontamentos Teóricos sobre Modelação e Simulação

Helder Teixeira Gomes

ESTiG-IPB

2009/2010

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Nota Introdutória

Estes Apontamentos Teóricos foram elaborados com base no livro “Chemical

Engineering Dynamics, An Introduction to Modelling and Computer Simulation”

(Ingham, Dunn, Heinzle e Prenosil). A sua distribuição tem como objectivo principal

fornecer aos alunos da unidade curricular de Simulação de Processos Químicos do curso

de Mestrado em Engenharia Química da ESTiG-IPB um elemento para o

acompanhamento mais eficiente das aulas teóricas, não devendo de forma alguma,

constituir o principal elemento do seu estudo.

De forma a melhorar futuras versões dos Apontamentos Teóricos, agradeço aos alunos

que me comuniquem possíveis gralhas que possam encontrar, e incentivo igualmente a

colaboração com sugestões que levem a uma melhoria do funcionamento da unidade

curricular.

Desejo um bom trabalho a todos que consultem estes Apontamentos Teóricos.

O docente da unidade curricular de Simulação de Processos Químicos,

Helder Gomes

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Capítulo 1 – Introdução à Simulação de Processos Químicos

Genericamente, um processo químico converte matérias primas iniciais em produtos

finais, através de uma série de operações unitárias, reactores e unidades de separação. O

comportamento dinâmico e em estado estacionário de cada uma dessas operações ou de

todo o processo pode ser modelado matematicamente, se forem assumidas hipóteses que

as caracterizem realisticamente. Um processo químico bem descrito por um modelo

pode ser alvo de simulação, procurando-se estudar o seu comportamento por

implementação do modelo desenvolvido em software apropriado.

1.1. Modelação e simulação

Em Engenharia Química, o uso de modelos físicos e matemáticos é uma prática antiga.

No entanto, ao contrário dos modelos tradicionais em estado estacionário, o uso de

modelos dinâmicos é bem mais recente. Tal deve-se ao desenvolvimento de softwares

comerciais de simulação dinâmica capazes de lidar com problemas de validação e de

integração de processos. Na realidade, os modelos dinâmicos estão a tornar-se cada vez

mais importantes na Indústria Química, uma vez que permitem a descrição de estados

transientes (previsão do comportamento do processo em situações de arranque e de

paragem), acautelar questões de segurança e de operação normal (estudando a resposta

dos sistemas a perturbações várias) e proceder à optimização das condições operatórias,

quer na fase operacional, quer ainda na fase de projecto. Por todas estas razões, a

simulação dinâmica é importante em vários tipos de processos, desde processos

contínuos, passando por processos batch e semi-batch, e em processo cíclicos. Notar

que um processo contínuo em estado estacionário é um processo dinâmico no qual as

velocidades de variação se tornaram nulas. A simulação dinâmica ajuda-nos a perceber

que os processos reais contínuos raramente atingem o estado estacionário.

1.2. Aspecto gerais da modelação

Um passo essencial no desenvolvimento de qualquer modelo reside na formulação das

equações de balanço de material, de energia e de quantidade de movimento apropriadas.

A estas deverão ser adicionadas as equações cinéticas que descrevem as velocidades de

reacção química, de transferência de calor e de massa, e equações que permitam

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incorporar no modelo alterações das propriedades do sistema, equilíbrios de fases, entre

outras. A combinação destas equações fornece a base para a descrição quantitativa do

processo e resulta num modelo matemático. Este deve ser o mais simples possível, mas

capaz de representar realisticamente o processo. A Figura 1 mostra as etapas

intervenientes em qualquer procedimento de desenvolvimento e validação de modelos.

Figura 1 – Desenvolvimento e validação de modelos

Primeiro é necessário definir o problema adequadamente, produzindo um modelo físico

a partir do conhecimento do processo e de dados experimentais disponíveis. De seguida,

formular a teoria disponível em termos matemáticos. Após o desenvolvimento do

modelo matemático, resolver as equações e comparar as previsões dadas pelo modelo

Processo Dados

Experimentais

Modelo Físico

Modelo Matemático

Solução:

Simulação

Computacional

Comparar

modelo vs.

Experimental

Projecto, Optimização, Controlo

Rever ideias, equações e parâmetros

KO

OK!

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com os dados experimentais. Se não forem concordantes, é necessário rever ideias,

equações e parâmetros, de forma a desenvolver um melhor modelo. Se forem

concordantes, é possível avançar para projecto, optimização ou controlo do processo,

com o modelo desenvolvido. Seja qual for o resultado do processo iterativo anterior, o

modelo final tem sempre as seguintes características:

• Constitui apenas uma aproximação do processo real;

• Foi desenvolvido a partir de modelos mais simples;

• O seu grau de aproximação ao processo real é fortemente dependente da

compreensão do funcionamento do processo;

• Deve ser realista e robusto.

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Capítulo 2 – Formulação de Modelos Dinâmicos

2.1. Equações de balanço de material

Balanço total em estado estacionário

Para um processo em estado estacionário, a lei de conservação da massa permite realizar

um balanço total ao sistema:

Balanço total em estado transiente

Na maioria das situações reais, as condições de um processo variam com o tempo, pelo

que, na equação de balanço de massa, é necessário considerar o termo de acumulação:

Balanço a um componente em estado transiente (sem reacção)

A maioria dos processos químicos contém mais que uma espécie química. Neste caso é

possível realizar um balanço transiente a cada espécie química. Considerando a ausência

de reacção:

Balanço a um componente em estado transiente (com reacção)

Quando ocorre reacção, o balanço transiente a cada espécie química envolvida na

transformação química tem de incluir o termo de velocidade de reacção:

Fluxo mássico que

sai do sistema

Fluxo mássico que

sai do sistema

Fluxo mássico que

entra no sistema =

Acumulação de

massa no sistema

Fluxo mássico que

entra no sistema = -

Fluxo mássico do

componente i que

sai do sistema

Acumulação de

massa do componente i

no sistema

Fluxo mássico do

componente i que

entra no sistema

= -

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Embora o princípio de um balanço de material seja muito simples, a aplicação a alguns

processos pode tornar-se difícil, se não seguirmos o procedimento adequado.

2.2. Como formular um balanço de material

O procedimento descrito no seguimento compreende 5 passos (de A a E) que permitem

formular os balanços de material necessários ao modelo.

A. Escolher a região de balanço de forma a que as variáveis de processo sejam

constantes ou variem pouco em toda a região escolhida

Por exemplo, num reactor perfeitamente agitado (RPA), as concentrações e densidade

do conteúdo do tanque são uniformes em todo o reactor e têm os mesmos valores que na

corrente de saída. A região de balanço pode por isso ser definida como a fronteira do

próprio reactor (Figura 2).

Figura 2 - Região de balanço num reactor perfeitamente agitado

Fluxo mássico do

componente i que

sai do sistema

Acumulação de

massa do componente i

no sistema

Fluxo mássico do

componente i que

entra no sistema

= -

Velocidade de produção de

massa do componente i

por reacção química

+

+

CA CA0

V, CA, ρ

Região de balanço

Massa total = ρ.V

Massa de A = CA.V

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Num RPA, as concentrações não variam com a posição no reactor, mas apenas com o

tempo. No caso de um reactor pistão (RP), as concentrações das espécies químicas além

de variarem com o tempo, variam também ao longo do reactor (a variação das

concentrações com a posição do reactor observa-se mesmo quando em estado

estacionário). Assim, para formular um balanço de massa a um RP, deverá considerar-se

uma região de balanço infinitesimal onde as concentrações possam ser consideradas

aproximadamente constantes (Figura 3).

Figura 3 – Região de balanço num reactor pistão

Alternativamente, o reactor pistão pode ser aproximado a uma cascata infinita de

reactores perfeitamente agitados de volume infinitesimal (Figura 4).

B. Identificar as correntes de transporte que atravessam as fronteiras do sistema

Uma vez definida a região de balanço, o próximo passo consiste na identificação de

todas as correntes de entrada e de saída de massa do sistema, considerando não só

transferência de massa por convecção (caudais mássicos), mas também fluxos de massa

por difusão e interfacial (Figura 5).

Região de balanço

CA0

CA1

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CA1

CA0

C

Z

∞ RPA’s de volume infinitesimal

Figura 4 – Equivalência de um reactor pistão a uma cascata infinita de reactores

perfeitamente agitados. Em cada elemento de volume, as concentrações das espécies

químicas são consideradas constantes (a cheio: perfil real da concentração de A num

RP; a tracejado: perfil aproximado da concentração de A, obtido com um modelo de

equivalência do RP a uma cascata de N reactores perfeitamente agitados)

… CA0 CA1

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Figura 5 - Identificação de correntes de entrada e de saída de massa num sistema

C. Escrever o balanço de material por palavras

Este é um passo importante, uma vez que ajuda a garantir que a equação matemática

resultante tem um significado físico associado:

A escrita do balanço de material por palavras pode ser abreviada da seguinte maneira:

Acumulação = Entrada – Saída + Reacção

D. Escrever o balanço na forma matemática

Os vários termos da equação de balanço material são escritos na sua forma matemática:

Fluxo mássico do

componente i que

sai do sistema

Acumulação de

massa do componente i

no sistema

Fluxo mássico do

componente i que

entra no sistema

= -

Velocidade de produção de

massa do componente i

por reacção química

+

+

Sistema

fluxo de entrada por convecção

fluxo de saída por convecção

fluxo de entrada por difusão

fluxo de saída por difusão

transferência de massa interfacial (entrada)

transferência de massa interfacial (saída)

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1. Acumulação de massa

Este termo é dado pela taxa de variação de massa do sistema ou de um componente do

sistema com o tempo:

Se a concentração mássica do componente i (Ci) for a variável medida, importa escrever

o termo de acumulação em função de Ci:

dt

)d(VC

dt

dm ii = (1)

No caso de o sistema envolver gases perfeitos, a lei dos gases ideais pode ser usada para

relacionar a concentração molar (Cmi) com a pressão parcial de um componente i:

RT

Py

RT

p

V

nCRTnVp iii

miii ===⇒= (2)

O termo de acumulação de massa pode assim ser escrito em função da fracção molar do

componente i:

dt

RT

PVyd

Mdt

)d(VCM

dt

dnM

dt

dm

i

imi

ii

ii

=== (3)

Notar que a acumulação de massa de um componente i, dt

dmi , pode sempre ser

calculada a partir da acumulação molar do componente i, dt

dn i , multiplicando esta pela

massa molar do componente i, como exemplificado na equação (3).

Acumulação de

massa do componente i

no sistema

= dt

dm i

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2. Fluxo mássico por convecção

O caudal mássico total de uma corrente é calculado pelo produto do caudal volúmico

com a massa volúmica dessa corrente:

Fρdt

dmm ==•

(4)

O caudal mássico de um componente i numa corrente é calculado pelo produto do

caudal volúmico com a concentração mássica desse componente i:

ii

i FCdt

dmm ==•

(5)

Notar também que o fluxo mássico por convecção de um componente i pode ser

calculado a partir do fluxo molar por convecção do componente i, multiplicando este

pela massa molar do componente i.

3. Fluxo por difusão

Considere o fluxo por difusão através de um elemento de volume de espessura ∆Z

(Figura 6).

Figura 6 – Elemento de volume no qual ocorre transferência de massa por difusão

Ci0

Ci1

A

ji

∆∆∆∆z

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A contribuição da difusão em situações da Engenharia Química é usualmente expressa

pela Lei de Fick para a difusão molecular:

dz

dCDj i

ii −= (6)

onde Di representa o coeficiente de difusão do componente i. Este coeficiente é

numericamente igual à difusividade molecular do componente i no sistema, se o mesmo

estiver em condições de difusão molecular. Para sistemas mais complexos, como

difusão em meios porosos, o coeficiente é representado por uma difusividade efectiva,

cujo valor deve ser determinado experimentalmente.

O cálculo do fluxo por difusão do componente i requer o conhecimento da área de

transferência de massa (A):

Adz

dCDAj i

ii −= (7)

O fluxo mássico por difusão de um componente i pode também ser calculado a partir do

fluxo molar por difusão do componente i, multiplicando este pela massa molar do

componente i.

4. Transporte interfacial

O transporte de massa interfacial ocorre entre duas fases, através da interface que as

separa, sempre que não exista equilíbrio. A Figura 7 representa a transferência de massa

interfacial da fase G para a fase L, podendo as fases ser líquidas, gasosas ou sólidas.

Figura 7 – Transferência de massa interfacial da fase G para a fase L

Considerando a fase G perfeitamente agitada, o balanço de massa ao componente i

resulta em:

Fase G Fase L

CiG Ci

L

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Por sua vez, a velocidade de transferência de massa (Q) é dada pelo produto entre um

coeficiente de transferência de massa (k), a área interfacial (A) e a força motriz para a

concentração (∆C):

Q = kA∆C (8)

Notar que ∆C representa a diferença entre a concentração actual numa das fases e a

correspondente concentração em equilíbrio com a concentração na outra fase, e não uma

simples diferença entre as concentrações actuais de ambas as fases. No exemplo dado,

∆C = CiG – Ci

G*, e não ∆C = Ci

G – Ci

L, onde Ci

G* representa a concentração do

componente i na fase G em equilíbrio com a concentração actual do componente i na

fase L.

A velocidade de transferência de massa interfacial de um componente i pode também

ser calculada a partir da velocidade de transferência molar interfacial do componente i,

multiplicando esta pela massa molar do componente i.

5. Velocidade de produção por reacção química

O termo de produção permite quantificar a produção (ou consumo) de massa devido a

uma reacção química:

Ou, matematicamente:

Ri = riV (9)

Acumulação do

componente i na fase G

Velocidade de transferência de

massa interfacial do componente i

da fase G para a fase L

= –

Volume

do sistema

Velocidade de produção de

massa do componente i por

reacção química

Velocidade de reacção

(por volume) = X

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A velocidade de produção de massa de um componente i por reacção química pode

também ser calculada a partir da velocidade de produção molar do componente i por

reacção química, multiplicando esta pela massa molar do componente i.

E. Introduzir outras equações para que o nº de equações do modelo seja igual ao

nº de variáveis dependentes

Para um modelo ficar completamente formulado, é frequente serem necessárias outras

equações envolvendo as variáveis dependentes, sem as quais não seria possível realizar

cálculos com o modelo. Por exemplo, a estequiometria da reacção, a velocidade da

reacção em função da concentração e da temperatura, equações de estado, correlações

de propriedades físicas, relações de equilíbrio (ex. Lei de Henry, …), entre outras.

2.2. Equações de balanço de energia

Os balanços de energia são necessários sempre que haja variações significativas da

temperatura, causadas por reacção ou controlo de temperatura (arrefecimento ou

aquecimento). Por exemplo, quando se pretende modelar um reactor químico não

isotérmico, é pertinente desenvolver o modelo a partir de balanços simultâneos de

massa e de energia. Devido à variação de temperatura no reactor, a velocidade da

reacção química é afectada, uma vez que esta é fortemente dependente da temperatura:

-ri = f1(T).f2(Ci) (10)

A dependência da velocidade de reacção com a temperatura, na maioria das situações, é

caracterizada pela Lei de Arrhenius:

f1(T) = k = RT

E

0ek−

(11)

Determinando experimentalmente k em função de T, por representação gráfica de ln(k)

em função de 1/T, obtém-se do declive e da ordenada na origem a energia de activação

(E) e o factor pré-exponencial (k0), respectivamente (Figura 8).

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ln(k0)

declive = -E/Rln(k

)

1/T

Figura 8 – Determinação da energia de activação e do factor pré-exponencial de uma

reacção química, por aplicação da lei de Arrhenius

Comparando com a formulação de um balanço de massa, a formulação de um balanço

de energia é consideravelmente mais complexa, devido aos muitos processos

susceptíveis de provocar variações na temperatura de um sistema químico. De uma

forma simplificada, um balanço de energia pode ser escrito da seguinte forma:

Considerando nulo o termo trabalho efectuado pelo sistema e o calor específico

constante (o que é razoável considerar se ∆T for inferior a 100ºC), para o sistema

genérico apresentado na Figura 9, a equação de balanço de energia simplificada

escreve-se como:

Fluxo de energia que

sai do sistema

Acumulação de

energia no sistema

Fluxo de energia

que entra no sistema = -

Fluxo de energia

fornecido ao sistema

por reacção química

+

+

Fluxo de energia

fornecido ao sistema

por transferência de calor

Trabalho efectuado pelo sistema

+ -

-

( ) ( )T

1

R

Eklnkln 0 −=

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T)UA(TVr∆T)(TρFcdt

dTρVc aEpp −++−= H (12)

Figura 9 – Sistema genérico para a formulação de um balanço de energia

Por convenção, ∆H é negativo se a reacção for exotérmica e positivo se a reacção for

endotérmica.

Considerar como exemplo o aquecimento de um tanque agitado com uma serpentina

contendo vapor de água à temperatura constante TS (Figura 10).

Figura 10 – Tanque agitado com serpentina de aquecimento

Considerando operação a volume constante, uma vez que não existe calor de reacção

associado e desprezando o trabalho efectuado pelo agitador, a equação de balanço de

energia toma a seguinte forma:

T)UA(TT)(TρFcdt

dTρVc SEpp −+−= (13)

F, T F, TE

V, CA, ρ

TS

TS

Ta

TE T

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Resolvendo a equação diferencial anterior, obtém-se a solução qualitativa apresentada

na Figura 11.

UA

UA

TE

TS

T

t

Figura 11 – Historial da temperatura obtido do balanço de energia ao tanque agitado

descrito na Figura 10

Notar que quanto maior for o valor de UA, maior é a temperatura do fluído no interior

do tanque. Tal pode ser confirmado calculando as temperaturas em estado estacionário

considerando dois valores de UA distintos: (i) UA = 125 J/Kmin e (ii) UA = 12.5

J/Kmin. Para os restantes parâmetros, considerar os seguintes valores: V = 1 L, ρ = 1

kg/L, cP = 4187 J/kgK, F = 0.01 L/min, TE = 25ºC e TS = 100ºC.

Em estado estacionário, dT/dt = 0, pelo que, resolvendo a equação de balanço de

energia em ordem a T, obtém-se:

UAρFc

UATTρFcT

P

SEP

+

+= (14)

Resolvendo para as duas situações, verifica-se que:

T = 81.2 ºC e (ii) T = 42.2 ºC, confirmando a observação qualitativa efectuada

anteriormente.

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Capítulo 3 – Simulação de Processos Descritos por Equações às Derivadas Parciais

3.1. Modelação e Simulação de Reactores Tubulares

Reactor Tubular de Fluxo Pistão

Para desenvolver um modelo para um reactor tubular de fluxo pistão, uma vez que as

concentrações das espécies químicas variam com a posição no reactor, é necessário

considerar uma região de balanço de volume infinitesimal ∆V para formular as

equações de balanço (Figura 12).

Figura 12 – Região de balanço considerada para a formulação de balanços num reactor

tubular de fluxo pistão

Partindo da equação geral de balanço de material ao elemento de volume ∆V vem que:

Acumulação = Entrada – Saída + Reacção

Substituindo os termos pelas expressões estudadas no capítulo anterior, obtém-se:

( )[ ] ( )r

∆V

FC∆

dt

dCVrFC∆FCFC

dt

dC∆V +−=⇔∆++−= (15)

Por sua vez, ∆V = AC∆z, donde resulta que:

( )r

∆z

FC∆

A

1

dt

dC

C

+−= (16)

F, CE

F, CS

FC

FC + ∆(FC)

AC

∆V

∆z

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Considerando ∆V infinitesimal, ∆z tende para zero, transformando a equação anterior

numa equação diferencial às derivadas parciais:

( )r

z

FC

A

1

t

C

C

+∂

∂−=

∂ (17)

Considerando constante o caudal F no reactor:

rz

C

A

F

t

C

C

+∂

∂−=

∂ (18)

Como F/AC corresponde à velocidade superficial do fluido (u), vem que:

rz

Cu

t

C+

∂−=

∂ (19)

No estado estacionário 0t

C=

∂, podendo calcular-se o tempo de passagem no reactor

(τ) por:

∫==⇔=CS

CEr

dCτ

u

L

u

r

dz

dC (20)

A equação de balanço de material ao reagente presente no reactor pistão pode também

ser escrita em termos da fracção de conversão, X:

X)(1CCC

CCX E

E

E −=⇔−

= (21)

Assim, como dC = -CEdX, substituindo na equação (18), o balanço de material em

termos de X fica da seguinte forma:

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E

EEC

r

z

Xu

t

Xr

z

XuC

t

XC −

∂−=

∂⇔+

∂=

∂− (22)

No estado estacionário 0t

X=

∂, pelo que vem:

∫−==XS

0E r

dXτ

uC

L

EC (23)

A resolução da equação (19) permite obter a solução analítica (historial e perfil de

concentrações) que descreve um reactor tubular com fluxo pistão. Para efeitos de

simulação dinâmica do sistema através de ferramentas computacionais, é contudo

conveniente adoptar uma estratégia de modelação adequada.

Simulação Dinâmica de um Reactor Tubular com Fluxo Pistão

Apresenta-se de seguida a estratégia de modelação de um reactor tubular com fluxo

pistão, considerando duas abordagens distintas.

A. Um reactor tubular de fluxo pistão é equivalente a uma cascata de N RPAs

quando N ���� ∞∞∞∞

O procedimento consiste em transformar a equação diferencial às derivadas parciais que

descreve o comportamento do reactor tubular num conjunto de equações diferenciais

ordinárias, dividindo o reactor em N elementos de volume (Figura 13), onde em cada se

considera comportamento de RPA (com a concentração de saída de cada elemento de

volume igual à concentração no elemento de volume).

Realizando um balanço de material ao elemento de volume i, obtém-se:

ii1ii

ii1ii r)C(C

∆V

F

dt

dC∆Vr)CF(C

dt

dC∆V +−=⇔+−= −− (24)

com N

V∆V =

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A equação (24) é válida para todos os elementos de volume, excepto o primeiro, i = 2,

…, N.

Para o primeiro elemento de volume (i = 1):

111 r)C(C

∆V

F

dt

dC+−= E (25)

Por outro lado, a concentração de saída do reactor determina-se a partir de CN, CS = CN.

Figura 13 – Na estratégia de modelação que considera o reactor tubular de fluxo pistão

equivalente a N RPAs em série, a concentração de saída de cada elemento de volume é

igual à concentração no interior do mesmo

B. Segundo Franks (1967)

Na estratégia de modelação segundo Franks (1967), o reactor tubular de fluxo pistão é,

tal como no procedimento anterior, dividido em N elementos de volume, as

concentrações no interior de cada elemento são uniformes, mas, as concentrações nas

… F, CE

F, CS

1 2 3 N - 1 N

. . . . . . i-1 i i+1

. . . . . . Ci-1

Ci Ci+1

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22

fronteiras de cada elemento são aproximadas através do valor médio das concentrações

nos dois elementos de volume adjacentes (Figura 14).

Realizando o balanço de material a cada elemento de volume i, obtém-se:

i1i1ii

i1iii1ii r

2

CC

∆V

F

dt

dC∆Vr

2

CC

2

CCF

dt

dC∆V +

−=⇔+

+−

+= +−+− (26)

A equação (26) é válida para todos os elementos excepto o primeiro e o último, i = 2,

…, N - 1.

Figura 14 - Na estratégia de modelação segundo Franks (1967), a concentração de saída

de cada elemento de volume é aproximada à média das concentrações nos elementos de

volume adjacentes

… F, CE

F, CS

1 2 3 N - 1 N

. . . . . . i-1 i i+1

. . . . . . Ci-1 Ci Ci+1

2

CC i1i +−

2

CC 1ii ++

Page 24: MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICAhtgomes/SPQ/ApontamentosTeoricos-SPQ... · Embora o princípio de um balanço de material seja muito simples, a aplicação a alguns processos pode

23

Para o primeiro elemento de volume (i = 1), a sua concentração de entrada é igual à

concentração de entrada no reactor tubular (Figura 15).

Figura 15 – Para o primeiro elemento de volume, a concentração de entrada é igual e CE

Realizando o balanço de material ao primeiro elemento de volume, obtém-se:

1211

1211

2

2

2r

CCC

V

F

dt

dCVr

CCCF

dt

dCV E

E +−−

∆=⇔∆+

+−=∆ (27)

Para o último elemento de volume (i = N), Franks (1967) propôs a extrapolação linear

de CS a partir de CN-1 e CN (Figura 16). Tendo em atenção que, na Figura 16, o declive 1

é igual ao declive 2, obtém-se CS em função de CN e de CN-1:

⇔−=−+

⇔−

=−

+

SNNN1NSN

NN1N

CC2

2CCC

2

∆z

CC

2

∆z

C2

CC

2

C3CCCC2C2C 1NN

SN1NNS−

−=⇔+−=⇔ (28)

Realizando o balanço de material ao elemento de volume N, vem que:

⇔+−

=⇔+

−−

+= −−−

NN1NN

N1NNN1NN r

2

2C2C

∆V

F

dt

dC∆Vr

2

C3C

2

CCF

dt

dC∆V

C1 C2 . . . CE

EC2

21 CC +

Page 25: MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICAhtgomes/SPQ/ApontamentosTeoricos-SPQ... · Embora o princípio de um balanço de material seja muito simples, a aplicação a alguns processos pode

24

( ) NN1NN rCC

∆V

F

dt

dC+−=⇔ − (29)

∆∆∆∆z/2∆∆∆∆z/2∆∆∆∆z/2

declive 2

declive 1

2

+ CN

CN-1

CS= ?

CN

CN-1

Figura 16 – Para o último elemento de volume, a concentração de saída é determinada

por extrapolação das concentrações nos penúltimo e último elementos

Reactor Tubular com Dispersão Axial

Vimos atrás que um reactor tubular de fluxo pistão é descrito pela seguinte equação

diferencial às derivadas parciais:

rz

Cu

t

C+

∂−=

∂ (30)

Quando ocorre dispersão axial significativa, a hipótese de fluxo pistão não pode ser

considerada, podendo a difusão ser analisada usando a Lei de Fick. Considerando

CN-1 CN . . . CS = ?

2

CC N1N +−SC

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25

apenas transferência de massa por difusão axial, o perfil e o historial da concentração

num reactor tubular seriam caracterizados por:

2

2

z

CD

t

C

∂=

∂ (31)

onde D representa o coeficiente de dispersão axial (m2/s) e z a coordenada axial do

reactor. A equação que descreve um reactor tubular com dispersão axial é assim obtida

da equação (30), introduzindo o termo relativo à dispersão axial (equação (31)):

rz

Cu

t

C2

2

+∂

∂+

∂−=

z

CD (32)

A resolução da equação (32) permite obter a solução analítica (historial e perfil de

concentrações) que descreve um reactor tubular com dispersão axial. Para efeitos de

simulação dinâmica do sistema através de ferramentas computacionais, é contudo

conveniente adoptar uma estratégia de modelação adequada.

Simulação Dinâmica de um Reactor Tubular com Dispersão Axial

Apresenta-se de seguida a estratégia de modelação de um reactor tubular com dispersão

axial, considerando apenas a abordagem proposta por Franks (1967):

1. Divisão do reactor em N elementos de volume

2. A concentração no interior de cada elemento de volume é uniforme

3. As concentrações nas fronteiras de cada elemento de volume são aproximadas

ao valor médio das concentrações nos dois elementos de volume adjacentes

(Figura 17).

Page 27: MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICAhtgomes/SPQ/ApontamentosTeoricos-SPQ... · Embora o princípio de um balanço de material seja muito simples, a aplicação a alguns processos pode

26

Figura 17 - Na estratégia de modelação segundo Franks (1967), a concentração de saída

de cada elemento de volume é aproximada à média das concentrações nos elementos de

volume adjacentes

4. Os gradientes de concentração à entrada e à saída de cada elemento de volume

são calculados pelas seguintes expressões:

∆z

CC

dz

dC i1i

E

−=

− ; ∆z

CC

dz

dC 1ii

S

+−=

(33)

Os fluxos difusionais à entrada e à saída de cada elemento de volume obtém-se

multiplicando os respectivos gradientes de concentração pela área de secção recta do

reactor e pelo coeficiente de dispersão axial. Realizando o balanço de material a cada

elemento de volume i, obtém-se:

∆Vrzz

CD

2

CC

2

CCF

dt

dC∆V i

11-i1iii1ii +

−−

−+

+−

+= ++− iii

c

CCCA (34)

Como ∆V = Ac∆z, simplificando a expressão anterior obtém-se:

i1ii1i2

1i1ii r)C2C(C∆z

D

2

CC

∆V

F

dt

dC++−+

−= +−

+− (35)

2

CCC:Entrada i1iE

i

+= −

2

CCC:Saída 1iiS

i++

=

. . . . . . Ci-1

Ci Ci+1

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27

A equação anterior é válida para todos os elementos de volume excepto o primeiro e o

último, i = 2, …, N - 1.

Notar que se D � ∞, o reactor terá comportamento perfeitamente agitado. Se D � 0, o

reactor terá comportamento de fluxo pistão. Para caracterizar a extensão da dispersão

num reactor tubular, é comum utilizar o nº de Peclet, definido como a razão entre o

fluxo de massa convectivo e o fluxo de massa difusional:

DA

FV

DA

FL

D

uL

dispersão

convecçãoPe

2

cc

==== (36)

Se Pe � 0, o reactor terá comportamento perfeitamente agitado. Se Pe � ∞, o reactor

terá comportamento de fluxo pistão.

A equação de balanço de material válida para o primeiro elemento de volume (i = 1),

obtém-se, considerando difusão apenas a partir da fronteira do 1º com o 2º elemento

(Figura 18).

Figura 18 – Para o primeiro elemento de volume, só existe termo de difusão à saída

Realizando o balanço de material ao primeiro elemento de volume, obtém-se:

⇔+

−−+

+−= ∆Vr

∆z

CC0DA

2

CCCF

dt

dC∆V 1

21c

21E

1

( ) 1212

21E1 rCC∆z

D

2

CC2C

∆V

F

dt

dC+−−

−−=⇔ (37)

C1 C2 . . . CE

2

21 CC +

DIFUSÃO ∆z

CC

dz

dC 21 −=

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28

A equação de balanço de material válida para o último elemento de volume (i = N),

obtém-se, considerando difusão apenas até à fronteira entre o penúltimo e o último

elemento (Figura 19).

Figura 19 – Para o último elemento de volume, só existe termo de difusão à entrada

Realizando o balanço de material ao elemento de volume N, vem que:

⇔+

−+

−−

+= −−− ∆Vr0

∆z

CCDA

2

C3C

2

CCF

dt

dC∆V N

N1Nc

1NNN1NN

( ) ( ) NN1N2N1NN rCC

∆z

DCC

∆V

F

dt

dC+−+−=⇔ −− (38)

Balanço de Energia num Reactor Tubular

Para desenvolver um modelo para um reactor tubular cuja variação de temperatura não

seja desprezável, é necessário considerar também a equação de balanço de energia

apropriada. Tal como na formulação das equações de balanço de material, para aplicar a

equação de balanço de energia é necessário considerar uma região de balanço de

volume infinitesimal ∆V (Figura 20).

CN-1 CN

2

CC N1N +−

DIFUSÃO

. . .

∆z

CC

dz

dC N1-N −=

2

C3CC 1NN

S−−

=

(Extrapolação proposta

por Franks (1967))

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29

Figura 20 - Região de balanço considerada para a formulação de balanços de energia

num reactor tubular de fluxo pistão

Partindo da equação geral de balanço de energia ao elemento de volume ∆V vem que:

Acumulação = Entrada – Saída + Reacção + Transferência

Substituindo os termos pelas expressões estudadas no capítulo anterior, vem que:

( )jtpp TTU∆-∆Hr∆∆TρFcdt

dTρ∆Vc −+−= AV ⇔

( )j

t

pp

TT∆V

∆A

ρc

U-r

ρc

∆H

∆V

∆TF

dt

dT−+−=⇔ (39)

Por sua vez,

∆V = Ac∆z = ∆zd4

π 2 e ∆At = πd∆z (40)

donde vem que d

4

∆V

∆A t = (41)

Considerando ∆V infinitesimal, ∆z tende para zero, logo:

F, TE

F, TS

T

T+ ∆Τ

AC

∆V

∆z

Q Tj

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30

dz

dT

A

1

∆z

∆T

A

1Lim

∆V

∆TLim

cc0∆z0∆V

==→→

(42)

e ( )j

ppC

TTdρ

4U-r

ρc

∆H

z

T

A

F

t

T−+

∂−=

c (43)

Sendo F/Ac a velocidade superficial do fluído (u), no estado estacionário, 0t

T=

∂, vem

que:

( )j

pp

TTduρ

4U-r

∆H

dz

dT−=

cc (44)

A resolução da equação (43) permite obter a solução analítica (historial e perfil de

temperaturas) que descreve um reactor tubular não isotérmico. Para efeitos de simulação

dinâmica do sistema através de ferramentas computacionais, é contudo conveniente

adoptar uma estratégia de modelação adequada.

Simulação Dinâmica de um Reactor Tubular

Apresenta-se de seguida a estratégia para incorporação da equação de balanço de

energia no modelo de simulação dinâmica de um reactor tubular não isotérmico,

considerando as duas abordagens utilizadas anteriormente para a incorporação das

equações de balanço de material.

A. Reactor tubular equivalente a uma cascata de N RPAs

O procedimento consiste em transformar a equação diferencial às derivadas parciais que

descreve o comportamento do reactor tubular num conjunto de equações diferenciais

ordinárias, dividindo o reactor em N elementos de volume (Figura 21), onde em cada se

considera comportamento de RPA (com a temperatura de saída de cada elemento de

volume igual à temperatura no elemento de volume).

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31

Figura 21 - Na estratégia de modelação que considera o reactor tubular de fluxo pistão

equivalente a N RPAs em série, a temperatura de saída de cada elemento de volume é

igual à temperatura no interior do mesmo

Realizando um balanço de energia ao elemento de volume i, obtém-se:

∆V∆Hr)Tρ(TFcdt

dT∆Vρc ii1ip

ip +−= − - U∆Ati(Ti – Tj) (45)

como d

4

∆zd4

π

πd∆z

∆V

∆A

2

ti == (46)

vem, substituindo em (45):

( ) )T(Tρdc

4Ur

ρc

∆HTT

∆V

F

dt

dTji

P

i

P

i1ii −−+−= − (47)

… F, TE

F, TS

1 2 3 N - 1 N

. . . . . . i-1 i i+1

. . . . . . Ti-1

Ti Ti+1

Tj

Qi-1 Qi Qi+1

. . .

. . .

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32

A equação (47) é válida para todos os elementos de volume, excepto o primeiro, i = 2,

…, N.

Para o primeiro elemento de volume (i = 1):

( )j1

p

1

p

1E1 TT

ρdc

4Ur

ρc

∆H)T(T

∆V

F

dt

dT−−+−= (48)

Por outro lado, a temperatura de saída do reactor determina-se a partir de TN, TS = TN.

B. Segundo Franks (1967)

No procedimento de modelação segundo Franks (1967), o reactor tubular é, tal como no

procedimento anterior, dividido em N elementos de volume e as temperaturas no

interior de cada elemento são uniformes, mas, as temperaturas nas fronteiras de cada

elemento são aproximadas através do valor médio das temperaturas nos dois elementos

de volume adjacentes (Figura 22).

Realizando o balanço de energia a cada elemento de volume i, obtém-se:

∆V∆Hr2

TT

2

TTρFc

dt

dTρ∆Vc i

1iii1ip

ip +

+−

+= +− - U∆Ati(Ti – Tj) ⇔

( )ji

p

i

p

1i1ii TTρdc

4Ur

ρc

∆H

2

TT

∆V

F

dt

dT−−+

−=⇔ +− (49)

A equação (49) é válida para todos os elementos de volume, excepto o primeiro e o

último, i = 2, …, N - 1. Para o primeiro elemento de volume (i = 1), a sua temperatura

de entrada é igual à temperatura de entrada no reactor tubular (Figura 23).

Page 34: MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICAhtgomes/SPQ/ApontamentosTeoricos-SPQ... · Embora o princípio de um balanço de material seja muito simples, a aplicação a alguns processos pode

33

Figura 22 - Na estratégia de modelação segundo Franks (1967), a temperatura de saída

de cada elemento de volume é aproximada à média das temperaturas nos elementos de

volume adjacentes

Figura 23 - Para o primeiro elemento de volume, a temperatura de entrada é igual e TE

Realizando o balanço de energia ao primeiro elemento de volume, obtém-se:

… F, TE

F, TS

1 2 3 N - 1 N

. . . . . . i-1 i i+1

. . . . . . Ti-1 Ti Ti+1

T1 T2 . . . TE

2

i1i TT +−

2

TT 1ii ++

ET2

21 TT +

Tj

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34

( ) ⇔−−+

+−= j1t11

21Ep

1p TTU∆∆V∆Hr

2

TTTρFc

dt

dTρ∆Vc A

( )j1

p

1

p

21E1 TTρdc

4Ur

ρc

∆H

2

TT2T

∆V

F

dt

dT−−+

−−=⇔ (50)

Para o último elemento de volume (i = N), à semelhança do proposto para a

concentração de saída Cs, Franks (1967) propôs a extrapolação linear de TS a partir de

TN-1 e TN (Figura 24).

Figura 24 - Para o último elemento, a temperatura de saída é determinada por

extrapolação das temperaturas nos penúltimo e último elementos

Realizando o balanço de energia ao elemento de volume N, vem que:

( ) ⇔−∆∆+

−−

+= −−

jN TTtNN1NNN1N

pN

p AU-H∆Vr2

T3T

2

TTFc

dt

dT∆Vc ρρ

( ) ( )jN

pp

TTdc

U

c

H−−

∆+−=⇔ −

ρρ

4rTT

∆V

F

dt

dTNN1N

N (51)

TN-1 TN . . .

2

TT N1N +−

2

T3TT 1NN

S

−−=

(Extrapolação proposta

por Franks (1967))

ST

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35

3.2. Modelação e Simulação de uma Coluna de Adsorção (Coluna de

Cromatografia)

Para desenvolver um modelo para uma coluna de adsorção, é necessário ter em

consideração a existência de um material adsorvente (sólido) e as interacções do soluto

(adsorbato) com as fases sólida e o fluído que o transporta. O fluído pode ser líquido ou

gás, mas, por uma questão de comodidade, no seguimento vamos considerar o fluído

como um líquido. Seja a coluna de adsorção representada na Figura 25 e um elemento

de volume infinitesimal ∆V (região de balanço).

Figura 25 - Região de balanço considerada para a formulação de balanços numa coluna

de adsorção

Analisando mais em detalhe o elemento de volume ∆V (Figura 26), verificamos que o

soluto presente no fluído que entra no elemento de volume, se distribui pelas fases

líquida e sólida (de volume ∆VL e ∆VS, respectivamente).

Da definição de porosidade, obtém-se relações entre os volumes das fases líquida e

sólida e o volume da coluna:

CL

C

L εVVV

Vε =⇔= (52)

( ) CS

C

S

C

LC

C

L Vε1VV

V

V

VV

V

V1ε1 −=⇔=

−=−=−⇒ (53)

AC

∆V

∆z

partícula de adsorvente

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36

Figura 26 – Detalhe da região de balanço considerada para a formulação de balanços

numa coluna de adsorção

Se a porosidade do leito for uniforme em todo o comprimento da coluna, as relações

anteriores são também válidas para o elemento de volume considerado:

VεVL ∆=∆ (54)

( ) Vε1VS ∆−=∆ (55)

Partindo da equação geral de balanço de material ao líquido do elemento de volume ∆V

vem que:

Acumulação = Entrada – Saída + Transferência de Massa

Assumindo um modelo de equilíbrio entre a fase líquida e a fase sólida (inexistência de

resistência à transferência de massa), o termo de transferência de massa no líquido (do

líquido para o sólido) é negativo e numericamente igual ao termo de acumulação de

massa no sólido:

Transferência de massa = ( )dt

dq∆Vε1−− (56)

A equação geral de balanço de material ao líquido toma então a seguinte forma

matemática:

FC FC + ∆(FC)

∆V

FC FC + ∆(FC) ∆∆∆∆VL

∆∆∆∆VS

∆V = ∆VS + ∆VL

Vc = VS + VL

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37

[ ] ⇔−−+−=dt

dqε)∆V(1∆(FC)FCFC

dt

dCε∆V

( )dt

dq

ε

ε1

∆z

FC∆

εA

1

dt

dC

C

−−−=⇔ (57)

Considerando ∆z � 0 e F constante:

( ) ( )dz

dCF

dz

FCd

∆z

FC∆=→ (58)

Substituindo em (57), e tendo em atenção que i

C

uεA

F= (velocidade intersticial),

obtém-se a equação diferencial às derivadas parciais que descreve o comportamento de

uma coluna de adsorção genérica:

⇔∂

∂−−

∂−=

t

q

ε

ε1

z

C

εA

F

t

C

C

t

q

ε

ε1

z

Cu

t

Ci

∂−−

∂−=

∂⇔ (59)

Para obter a equação para uma coluna de adsorção específica, é necessário conhecer a

isotérmica de adsorção (q em função de C) que descreve o equilíbrio de adsorção entre a

fase líquida e a fase sólida (Figura 27).

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38

isotérmica desfavorável (ex. Freundlich)

isotérmica linear (ex. Henry)isotérmica favorável (ex. Langmuir)

q

C

Figura 27 – Tipos de isotérmicas de adsorção

Uma vez conhecida a isotérmica de adsorção, pode-se determinar t

q

∂ em função de C e

substituir na equação (59):

( )

⇔∂

∂−−

∂−=

∂⇒

∂=

∂⇒=

t

C

C

q

ε

ε1

z

Cu

t

C

t

C

C

q

t

qCfq

i

0z

Cu

t

C

C

q

ε

ε11 i =

∂+

∂−+⇔ (60)

Se a dispersão axial for importante:

2

2

iz

CD

z

Cu

t

C

C

q

ε

ε11

∂=

∂+

∂−+ (61)

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39

A equação anterior pode ser adimensionalizada, definindo os parâmetros X e θ da

seguinte forma:

XLzL

zX C

C

=⇒= (onde Lc representa o comprimento da coluna)

θu

Lτθt

τ

i

C==⇒= (onde τ corresponde ao tempo de passagem hidrodinâmico)

Substituindo em (61) e recordando que Pe (nº de Peclet) = D

Lu Ci vem:

⇔∂

∂=

∂+

∂−+⇔

⇔∂

∂=

∂+

∂−+

2

2

ci

2

2

2

cC

i

C

i

X

C

Lu

D

X

C

θ

C

C

q

ε

ε11

X

C

L

D

X

C

L

u

θ

C

L

u

C

q

ε

ε11

2

2

X

C

Pe

1

X

C

θ

C

C

q

ε

ε11

∂=

∂+

∂−+⇔ (62)

Nos processos analisados anteriormente envolvendo reactores tubulares, o tempo de

passagem (τ) define o tempo médio que demora uma molécula a percorrer o

comprimento do reactor. Em processos de adsorção, para além deste tempo, é

importante definir também o tempo de retenção de uma molécula (tr). Assim, nestes

processos, define-se o tempo de passagem hidrodinâmico (τ), como o tempo de

passagem de uma molécula não adsorvida (tempo hidrodinâmico), não considerando

interacção da molécula com o sólido:

Page 41: MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICAhtgomes/SPQ/ApontamentosTeoricos-SPQ... · Embora o princípio de um balanço de material seja muito simples, a aplicação a alguns processos pode

40

i

C

u

Lτ = (63)

como F

εVτ

εA

Fu C

C

i =⇒= (64)

O tempo de retenção (de uma molécula adsorvida) corresponde à contribuição do tempo

hidrodinâmico com o tempo devido à adsorção no sólido:

( )C

q

F

V

F

V

C

q

F

Vε1

F

εV

C

ε

ε1τ

C

q

ε

ε11τt SLCC

r∂

∂+=

∂−+=

∂−+=

∂−+= (65)

O tempo de retenção depende assim do tipo de isotérmica de adsorção que descreve o

equilíbrio de adsorção entre o fluido e o sólido. Para analisar esta dependência,

comecemos por considerar a isotérmica linear de declive m da Figura 28.

m

isotérmica linear (ex. Henry)

q

C

Figura 28 – Isotérmica de adsorção linear

O tempo de retenção obtém-se por aplicação da equação (65):

mCq =

Page 42: MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICAhtgomes/SPQ/ApontamentosTeoricos-SPQ... · Embora o princípio de um balanço de material seja muito simples, a aplicação a alguns processos pode

41

−+=⇒=

∂⇒= m

ε

ε11τtm

C

qmCq r (66)

Conclui-se que o tempo de retenção de uma molécula num processo de adsorção

descrito por uma isotérmica de adsorção linear é independente da concentração.

Consideremos agora a isotérmica de Langmuir (isotérmica favorável) da Figura 29.

Q - capacidade do adsorvente

Qb

isotérmica favorável (ex. Langmuir)

q

C

Figura 29 – Isotérmica de adsorção de Langmuir

O tempo de retenção obtém-se por aplicação da equação (65):

( ) ( )

+

−+=⇒

+=

∂⇒

+=

2r2bC1

Qb

ε

ε11τt

bC1

Qb

C

q

bC1

QbCq (67)

Neste caso, conclui-se que, num processo de adsorção descrito por uma isotérmica

favorável, o tempo de retenção depende da concentração de adsorbato na fase líquida,

verificando-se que, quanto maior for a concentração, menor é C

q

∂ , diminuindo portanto

o tempo de retenção.

Apresenta-se de seguida uma estratégia de modelação adequada para a simulação

dinâmica de uma coluna de adsorção usando ferramentas computacionais.

bC1

QbCq

+=

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Modelação e Simulação dinâmica de uma coluna de adsorção

A estratégia de modelação/simulação de uma coluna de adsorção é em tudo idêntica à

adoptada para a modelação/simulação de um reactor pistão com dispersão axial. Assim,

considerando a estratégia proposta por Franks (1967):

1. Dividir o reactor em N elementos de volume

2. A concentração no interior de cada elemento de volume é uniforme

3. As concentrações nas fronteiras de cada elemento de volume são aproximadas

ao valor médio das concentrações nos dois elementos de volume adjacentes

(Figura 30).

Figura 30 - Na estratégia de modelação segundo Franks (1967), a concentração de saída

de cada elemento de volume é aproximada à média das concentrações nos elementos de

volume adjacentes

4. Os gradientes de concentração à entrada e à saída de cada elemento de volume

são calculados pelas seguintes expressões:

∆z

CC

dz

dC i1i

E

−=

− ; ∆z

CC

dz

dC 1ii

S

+−=

(68)

2

CCC:Entrada i1iE

i

+= −

2

CCC:Saída 1iiS

i++

=

. . . . . . Ci-1

Ci Ci+1

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Realizando o balanço de material à fase líquida de cada elemento de volume i,

obtém-se:

Acumulação = Entrada – Saída + Transferência de massa por difusão

+ transferência de massa para o sólido (-)

( )dt

dC

dC

dq∆Vε-1

∆z

CC

∆z

CCDεA

2

CC

2

CCF

dt

dCε∆V i

i

i1iii1-ic

1iii1ii −

−−

−+

+−

+= ++−

)C2C(C∆z

D

2

CC

ε∆V

F

dt

dC

dC

dq

ε

ε11 1ii1i2

1i1ii

i

i+−

+− +−+−

=

−+ (69)

A equação anterior é válida para todos os elementos de volume, excepto o primeiro e o

último, i = 2, …, N - 1.

A equação de balanço de material válida para o primeiro elemento de volume (i = 1),

obtém-se, considerando difusão apenas a partir da fronteira do 1º com o 2º elemento

(Figura 31).

Figura 31 - Na estratégia de modelação segundo Franks (1967), considera-se só haver

difusão a partir da fronteira entre o 1º e o 2º elemento de volume

Realizando o balanço de material ao primeiro elemento de volume, obtém-se:

( ) ⇔−+

−−+

+−=

dt

dC

dC

dq∆Vε1

∆z

CC0DεA

2

CCCF

dt

dCε∆V 1

1

121c

21E

1

C1 C2 . . . CE

2

21 CC +

DIFUSÃO ∆z

CC

dz

dC 21 −=

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)C(C∆z

D

2

CC2C

ε∆V

F

dt

dC

dC

dq

ε

ε11 212

21E1

1

1 −−−−

=

−+⇔ (70)

A equação de balanço de material válida para o último elemento de volume (i = N),

obtém-se, considerando difusão apenas até à fronteira entre o penúltimo e o último

elemento (Figura 32).

Figura 32 – Na estratégia de modelação segundo Franks (1967), considera-se haver

difusão apenas até à fronteira entre o penúltimo e o último elemento de volume

Realizando o balanço de material ao elemento de volume N, vem que:

( ) ⇔−−

−+

−−

+= −−−

dt

dC

dC

dq∆Vε10

∆z

CCDεA

2

C3C

2

CCF

dt

dCε∆V N

N

NN1Nc

1NNN1NN

)C(C∆z

D)C(C

ε∆V

F

dt

dC

dC

dq

ε

ε11 N1N2N1N

N

N

N −+−=

−+⇔ −−

(71)

CN-1 CN

2

CC N1N +−

DIFUSÃO

. . .

∆z

CC

dz

dC N1-N −=

2

C3CC 1NN

S−−

=

(Extrapolação proposta

por Franks (1967))