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Memorial Erico Verissimo Erico Verissimo

Memorial Erico Verissimo

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Memorial Erico Verissimo

2013Multimeio Editora

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Governo do Estado do Rio Grande do SulTarso Genro – GovernadorBeto Grill – Vice-GovernadorLuiz Antonio de Assis Brasil – Secretário da CulturaCaleb de Oliveira – Secretário de Infraestrutura e Logística

Grupo CEEESérgio Souza Dias – Diretor-PresidenteRubem Cima – Diretor de DistribuiçãoCarlos Ronaldo Vieira Fernandes – Diretor de GeraçãoGilberto Silva da Silveira – Diretor de TransmissãoHalikan Daniel Dias – Diretor AdministrativoGerson Carrion de Oliveira – Diretor FinanceiroLuiz Antonio Tirello – Diretor de Planejamentoe Projetos Especiais

MEMORIAL ERICO VERISSIMO

Iniciativa e Coordenação GeralCentro Cultural CEEE Erico Verissimo

Equipe Centro Cultural CEEE Erico VerissimoRegina Leitão UngarettiSabrina LindemannGustavo Oliveira ZandonaiVeronica Fernandez Mattos da SilvaFrancisco PimentelLina Ester Barbosa Ribeiro SaliniMariana Froner BiccaMarlene Iankoski da SilvaRozely Conceição da SilvaCarlos Alberto Godolphim Santarem

Planejamento, Comunicação e Produção CulturalBACKSTAGE

Equipe BackstageAndré Hartmann UbertiDaniela MacielGilberto MeloLuiza Torelly FilippiLuana Collatto

CuradoriaWaldemar Torres

Coordenação de ConteúdoMarcia Ivana de Lima e Silva

Coordenação de ProduçãoAna Helena Rilho

Arquitetura - Cenografia – Concepção – Coordenação TécnicaCRIAFORMA

Consultoria ArquiteturaViviane Villas Boas Maglia

ExpografiaVinício Giacomelli

Conservação de AcervoOficina de Restauro Livro&Arte

Sistema Acervo online Openbit

Multimídia e SomMarcelo Monegal e Start

FotosLeonid StreliaevALEVAcervo Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

Digitalização de AcervoClleber Passus

Assessoria de Imprensa Coordenadoria de Comunicação do Grupo CEEENeiva Mello

Ficha Técnica

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AgradecimentosAdriano Araújo da Silva, Alice Urbim, Beto Rodrigues, Cláudio Soares dos Santos, Cristina Volz Pereira, Familia Verissimo, Fernando Ochoa, Flávio Loureiro Chaves, Jaísa Olsefer, Maria da Glória Bordini, Maria Hortência Lima, Nayr Tesser, RBS TV, TV COM, Waldir da Silveira

CATáLOGO MEMORIAL ERICO VERISSIMO

OrganizaçãoAna Helena Diniz Soares Rilho, Marcia Ivana de Lima e Silva, Regina Leitão Ungaretti

Capa* e Projeto GráficoAndré Hartmann Uberti | Backstage

* Ilustração da Capa - Autorretrato de Erico Verissimo

Patrocínio

Porto Alegre, setembro de 2013.

Apoio Financiamento

Memorial Erico Verissimo / Organização de Ana Helena Diniz Soares Rilho, Marcia Ivana de Lima e Silva e Regina Leitão Ungaretti – Porto Alegre : Backstage, 2014.84 p. : il. col.

Catálogo.ISBN 978-85-67453-01-9

1. Museus 2. Exposições permanentes 3. Literatura Brasileira 4. Biografia 5. Escritores – Rio Grande do Sul 6. Veríssimo, Erico (1905-1975) I. Rilho, Ana Helena Diniz Soares. II. Lima e Silva, Marcia Ivana de. III. Ungaretti, Regina Leitão.

CDU 069.02:929(816.5)

M533

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Bibliotecário Responsável: Rodrigo Costa Barboza, CRB-10/1694

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Iniciando nova década do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, o Grupo CEEE tem a honra de concretizar o ideal de criação deste espaço. Abrigar acervos do escritor que empresta seu nome ao local é dar um passo importante para a difusão de nosso patrimônio intelectual. É presentear as novas gerações com a possibilidade de conhecer

de perto a vida e a obra de um dos homens mais importantes do Rio Grande, que soube de forma brilhante retratar em seus livros valores humanos e momentos significativos da nossa história.

Reconhecer um dos maiores escritores brasileiros, preservar sua memória e disponibilizar a todos os públicos acesso aos documentos tão bem colecionados por Mario de Almeida Lima e Flávio Loureiro Chaves é contribuir para o desenvolvimento sustentável do Estado. Além de gerar, transmitir e distribuir energia, o Grupo CEEE mais uma vez reafirma seu compromisso com a cultura enquanto responsabilidade social.

O Centro Cultural CEEE Erico Verissimo abre suas portas, nesta primavera de 2013, como a Casa de Erico Verissimo, na cidade escolhida pelo escritor para viver, trabalhar e construir sua identidade intelectual. É com orgulho que o Grupo CEEE, em parceria com a Gerdau, apresenta o MEMORIAL ERICO VERISSIMO, tornando este espaço referência para a literatura brasileira.

Sérgio Souza DiasPresidente do Grupo CEEE

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A criação de um Memorial para o escritor Erico Verissimo, pelo Grupo CEEE e pelo Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, é uma iniciativa das mais relevantes para a sociedade brasileira e para a literatura mundial. A Gerdau atendeu de imediato o convite para contribuir com essa importante realização.

Registramos os nossos cumprimentos aos idealizadores desse trabalho e a todos os demais envolvidos, em especial pela oportunidade de aquisição dos preciosos acervos de Erico Verissimo, em posse de Mario de Almeida Lima e de Flávio Loureiro Chaves. Nosso entendimento é de que o Memorial será uma referência para o Brasil e para o registro permanente de uma das mais importantes obras da literatura.

Erico Verissimo já dizia: “Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente”. Disseminar o seu legado por meio deste Memorial, abrigado pelo Centro Cultural que leva o seu nome, é uma dessas certezas. Nossa empresa, que também nasceu no Rio Grande do Sul há mais de um século, homenageia Erico Verissimo, seu filho Luis Fernando Verissimo e Família.

Os acervos encontraram o seu melhor abrigo. Todos terão no Memorial Erico Verissimo um espaço inspirador para novos conhecimentos sobre a vida e a obra deste importante escritor.

Jorge Gerdau JohannpeterPresidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau

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Sumário

Memorial Erico Verissimo

Parecer do Conselho Estadual de Cultura do RS

Os Caminhos Cruzados de Erico Verissimo

Cronologia

Acervo Erico Verissimo

Fantoches

O Senhor Embaixador

Incidente em Antares

O Tempo e o Vento

Noite

Solo de Clarineta

Infanto-Juvenil

Espaços Expositivos

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O que faz com que um escritor vire memória? Sua obra? Suas ideias? Sua figura humana? Os relacionamentos que estabeleceu em vida? Seus amigos? A crítica (des)favorável? Qual a importância de preservar a memória de Erico Verissimo?

Memória é mais que história, é cultura, é um dos elementos que nos garantem humanidade. Erico Verissimo merece um memorial porque muito mais que as obras que escreveu, possibilitou o diálogo autor-leitor que construiu o universo de signos e representações com o qual seus leitores se identificam. Teve imaginação e gentileza para registrar a história de seu povo; valorizou a coragem de homens e mulheres que com seu trabalho e sua cultura povoaram um território agreste; destacou a universalidade gaúcha, honrando nossas origens humildes, mas livres; deu voz a mulheres da estirpe de Ana Terra, Bibiana e Maria Valéria, mas também soube cantar a doçura de Olívia, capaz de com-preender placidamente o homem amado, ou de nos encantar com a ingenuidade e a dor de Clarissa ao descobrir que o mundo real não é o imaginado. Soube utilizar a palavra como instrumento de paz e liberdade, posicionando-se poli-ticamente sem erguer bandeiras gastas, nem ser panfletário; deixou que suas personagens o conduzissem pela mão e o levassem até seu público estabelecendo diálogo de confiança e crítica tanto no que foi escrito, quanto no que é lido.

Como se permitir esquecer ou (o que é pior) não conhecer a obra deste homem que está na lembrança dos que com ele conviveram, nas linhas que desenhou, nos textos que escreveu?

Pensamos cultura como o conjunto de conhecimentos construídos por gerações que expressa sentido de pertenci-mento, marcado pelas formas de viver e compreender o mundo, por suas representações e valores. Deste modo, es-tamos falando também em identidade. O sentido de identidade reside na compreensão da memória como fenômeno histórico, coletivo e social. Memória não é apenas passado, mas sentimento de continuidade e de percepção de si mesmo e, sobretudo, do coletivo do qual se é parte.

Com esta condição, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo cumpre sua missão original de preservar a memória do escritor, criando o Memorial Erico Verissimo. Sua vida e sua obra tornaram-se herança com a qual nos identificamos e estabelecemos, em via de mão dupla, relação de pertencimento: em alguns momentos somos parte de sua obra e experiência, em outros elas nos pertencem como patrimônio. De fato, enquanto coletividade, a memória nos permite tomar consciência do presente e, ain-da, projetar perspectivas futuras a partir de elos individuais e coletivos que dão sentido a acontecimentos e experiências atuais.Criar este espaço é atender ao anseio social de guardar e difundir a memória do Contador de Histórias que nos deixou, como legado, histórias. Histórias que ele mesmo criou, histórias de outros autores, histórias que ele traduziu, histórias que ele vivenciou em suas andanças pelo mundo, histórias que são sua própria história e também nossa.

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O conteúdo de seus livros revela não só o imaginário de enredos e personagens, mas a sua forma particular de ver a vida, seu prazer em vivê-la, sua dignidade literária.

Os acervos de Mario de Almeida Lima e Flávio Loureiro Chaves, amigos do escritor, deram origem ao Memorial Erico Verissimo. Idealizado pelo Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, foi concretizado pela Backstage por meio de projeto apresentado ao Pró-cultura RS, aprovado por unanimidade pelo Conselho Estadual de Cultura. A parceria e o financiamento do Grupo CEEE e da Gerdau tornaram possível sua realização que se caracteriza pela aquisição, zelo e guarda, exposição e acessibilidade a originais de livros, anotações, desenhos, projetos, primeiras edições, fotografias, fortuna crítica, entre outros.

Com o Memorial, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo torna-se referência em formação, preservação e difusão do acervo bibliográfico e documental da vida e da obra do escritor. Para isso, oferece dois ambientes situados no terceiro e sexto andares, ambos para visitação pública. O terceiro andar apresenta exposição de caráter didático e interativo para um primeiro encontro ou reencontro com Erico. No sexto andar, na Biblioteca O Continente, são exibidos os documentos originais, as primeiras edições e toda a obra do autor num espaço confortável propício aos que querem dedicar algum tempo a uma leitura mais atenta ou ao trabalho de pesquisa, consulta a livros e documentos. O acervo ainda recebeu tratamento digital para que possa ser acessado virtualmente.

Em 1966, em entrevista a Revista Realidade, Erico declarou que não lhe agradava a ideia de um escritor ser tratado como assunto e não como pessoa. Horrorizava-lhe a possibilidade de ser transformado em medalhão, ser estátua, nome de praça ou rua, afirmou não ter apreço por títulos ou condecorações, mas que lhe entristecia a solidão e o anonimato. “O que desejo, isso sim, são leitores, e amigos, amigos e mais amigos[…].”

O Memorial Erico Verissimo é uma homenagem a este querido contador de histórias interessado nas pessoas e nos problemas humanos que, a partir de sua experiência e legado nos proporciona, mesmo após mais de 30 anos de ausência, atualidade no seu olhar sobre a vida e sobre o homem.

Este espaço tem o objetivo de ser um ponto de encontro para os leitores e amigos de Erico Verissimo; para que seu solo de clarineta componha com outros instrumentos e vozes muitas sinfonias.

Regina Leitão UngarettiCentro Cultural CEEE Erico Verissimo

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19Memorial Erico Verissimo

Parecer do ConselhoEstadual de Cultura do RS

[...]

É oportuno destacar, quando analisamos a viabilidade deste projeto, o quanto um Memorial da natureza do que está sendo idealizado, se existisse, por exemplo, para destacar a vida e obra de Simões Lopes Neto, teria auxiliado e motivado Erico em sua tarefa gigantesca de pesquisador da nossa História, das nossas lendas, dos nossos costumes.

Mas não só na obra, como na vida, é necessário recordar a fidelidade do escritor gaúcho com o Rio Grande do Sul, especialmente com Porto Alegre. Numa época de comunicações restritas, em que o Rio de Janeiro atraía os candidatos a escritores como mariposas em busca da luz, Erico Verissimo lançou âncora em sua própria terra e daqui iluminou milhões de leitores do Brasil e do mundo. A casa de Erico e Mafalda, no alto Petrópolis, comprada com as economias dos primeiros direitos autorais, continua sendo a casa de Luis Fernando Verissimo, da sua nora Lúcia e de seus netos, mantendo a tradição da família de viajar pelo mundo, mas, como transportada por um bumerangue afetivo, sempre voltar para junto de nós, sempre retornar à querência.

[...]

Vivemos, ao analisar este projeto, um momento semelhante em relação à aquisição, reabilitação, e exposição públi-ca na capital do Rio Grande do Sul deste acervo de Erico Verissimo, que já poderia, por seu imenso valor, estar exposto em outras terras que não a sua terra natal. Destino já acontecido, infelizmente, com outro acervo maravilhoso do autor.

O Projeto Cultural “Memorial Erico Verissimo” foi apresentado à Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul e ao Conselho Estadual de Cultura, para captação de recursos através da Lei de Incentivo Estadual, a LIC – Pró-Cultura. A aprovação por ambos os órgãos e o acolhimento, por unanimidade pelo

Conselho Estadual de Cultura, demonstra a relevância e o reconhecimento da construção do Memorial e da preserva-ção dos documentos de Erico Verissimo. A importância do trabalho do Conselho Estadual de Cultura, para viabilizar o Memorial Erico Verissimo, pode ser vista através do parecer reproduzido parcialmente a seguir:

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Talvez este acervo, há tantos anos depositado nas coleções particulares de Flávio Loureiro Chaves e de Mario de Almeida Lima e seus descendentes (fiéis depositários pela integridade do material que nos é exposto) fique conosco e nem seja necessário o “bumerangue afetivo” para voltar, o que muito desejamos para o que partiu.

Para tanto, além do mérito cultural deste projeto, somam-se para sua aceitação integral a formatação adequada e culta, a capacitação de seus proponentes e, principalmente, a vocação do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo em transformar-se, em plena Rua da Praia, não apenas em um centro de cultura, mas, principalmente, em um verdadeiro Memorial do nosso mais famoso escritor.

[...]Porto Alegre, 20 de junho de 2012

Alcy CheuicheConselheiro Relator

Informe: Sessão das 10 horas do dia 20 de junho de 2012.

Presentes: 23 Conselheiros.

Acompanharam o Relator os Conselheiros: Graziela de Castro Saraiva, Ana Méri Zavadil Machado, Isaac Newton Castiel Menda, Adriana Donato dos Reis, Paula Simon Ribeiro, Adriano José Eli, Franklin Cunha, Gilberto Herschdorfer, Hamilton Braga, Nelson Coelho de Castro, Beatriz Pilla Barcellos, Nicéa Irigaray Brasil, Roque Jacoby, Loma Berenice Gomes Pereira, José Mariano Bersch, Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo, Manoelito Carlos Savaris, Neidmar Roger Charao Alves, Susana Frohlich, Gisele Pereira Meyer e Walter Galvani da Silveira.Declaram-se impedido: Maturino Salvador Santos da Luz.

Adendo ao Parecer após a Avaliação Coletiva realizada no dia 28/06/2012.

O Conselho Estadual de Cultura do RS comunica que:Após análise, este projeto foi considerado prioritário, para captar recursos do Sistema Estadual de Incentivos às Atividades Culturais de acordo com a Lei 10.846, de 19 de agosto de 1996.

Porto Alegre, 28 de junho de 2012

Walter Galvani da Silveira Conselheiro Presidente do CEC/RS

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Os Caminhos Cruzadosde Erico Verissimo

O CENTRO CULTURAL CEEE ERICO VERISSIMO cumpre missão privilegiada ao abrigar definitivamente em seu patrimônio os manuscritos, originais, primeiras edições, cartas e grande parte da fortuna crítica do autor de O Tempo e o Vento e Solo de Clarineta. Este precioso legado está constituído principalmente pelos acervos

de Mario de Almeida Lima e Flávio Loureiro Chaves. Sem que soubéssemos um do outro nos respectivos itinerários intelectuais, Mario e eu cruzamos algumas décadas guardando, coligindo, pesquisando, enfim preservando os materiais de Erico Verissimo. Duas cousas tínhamos em comum: a generosa amizade que ele nos proporcionou, legítimo prêmio da existência; e a certeza de que esta convivência nos aproximava de um grande escritor dentre os maiores do nosso tempo.

A entidade que ora passa a se responsabilizar pela conservação dos acervos assumiu ao mesmo tempo a tarefa de promover a publicização dos mesmos. Quer dizer: está ao alcance dos pesquisadores, estudiosos e do público em geral o acesso a documentos e fontes bibliográficas que muitas vezes permanecem encarcerados e sacralizados na condição de bens acessíveis apenas aos iniciados. Tenho certeza de que o próprio Erico saudaria com alegria e até entusiasmo este aspecto amplamente humanista e humanizador, garantido pelo Centro CEEE Erico Verissimo e por todos aqueles que estiveram de alguma maneira envolvidos no empreendimento.

Permito-me oferecer alguns exemplos (sem qualquer ordem prioritária) da riqueza deste material que se abre ao conhecimento público. A folha em que o romancista traçou de próprio punho a planta da cidade de Antares e o mapa onde desenhou a geografia imaginária em que transcorre a ação de O Senhor Embaixador. A carta enviada dos Estados Unidos expressando sua revolta contra a ditadura militar que atormentou o Brasil ulterior a 1964 e aquela outra missiva (datada de Paris, 1971) incluindo uma caricatura de Roland Barthes a quem acabara de ser apresentado na Sorbonne. A edição primeira do livro inaugural, Fantoches (1932), cujas margens foram inteiramente cobertas de anotações e caricaturas na releitura feita quarenta anos depois, em 1972; e, ao lado do primeiro, os originais do último livro, aliás inconcluso, as memórias de Solo de Clarineta. Enfim, o inventário das preciosidades ainda poderia ser muito e muito ampliado em concorrência ao Umberto Eco de A Vertigem das Listas. O que aí fica já propõe ao leitor aventureiro (ou venturoso) uma viagem ao labirinto da escrita, os caminhos cruzados de um exímio narrador.Quando se comemorou o centenário de Erico Verissimo, em 17 de dezembro de 2005, O Tempo e o Vento já contava cinqüenta anos da primeira edição em 1949. Neste meio século uma quantidade impressionante de artigos, ensaios e teses universitárias deu ao escritor uma fortuna crítica que pode ser equiparada apenas aos acervos de Machado de

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Assis, Mario de Andrade e Guimarães Rosa. O último levantamento subia a cerca de mil e trezentos títulos, a maioria dos quais está disponibilizada a partir de agora no Centro Cultural CEEE. Isto ilumina o lugar distintivo ocupado por Erico Verissimo na moderna literatura brasileira, aliás assegurado no testemunho de personalidades tão diferenciadas intelectualmente quanto Antonio Candido e Fábio Lucas, Lygia Fagundes Teles e Jorge Amado. Tudo serve também para confirmar que só o tempo, aprimorando as avaliações, confere legitimidade aos grandes textos, tornando-os canônicos.

No caso de Erico Verissimo, os últimos anos proporcionaram efetivamente um refinamento da crítica à sua obra que, até a década de 1970, era provincianamente laudatória ou maliciosamente depreciativa, resguardadas as raras exceções. Tornou-se possível ver com clareza os vários caminhos que se abriram num conjunto de mais de quarenta livros. A novela urbana (releia-se O Resto é Silêncio ou Olhai os Lírios do Campo) transformou o cenário de Porto Alegre em verdadeiro território da ficção. O romance histórico cristalizou-se numa obra canônica da modernidade: O Tempo e o Vento. As narrativas infantis, seja O Urso com Música na Barriga ou Aventuras do avião vermelho, vem sendo relidas, assim como os livros de viagem continuam a ser traduzidos em vários idiomas. Enfim, os romances mais acentuadamente políticos, como O Prisioneiro, desenham uma alegoria do mundo invadido pelas tiranias totalitárias.

Existe entretanto uma unidade, fazendo a solda dessas múltiplas perspectivas que atribuem uma diversidade verdadeiramente impressionante ao legado intelectual de Erico Verissimo. Em primeiro lugar é preciso ver que ele possuía um projeto pelo qual se orientava. Num prefácio a Caminhos Cruzados afirmou tratar-se do “corte trans-versal duma sociedade”. Sua literatura estabeleceu um compromisso com a História no período que vai de 1930 até 1975, ano da morte do escritor. Isso explica a crítica social predominante nos primeiros romances. Explica sobretudo a abrangência de O Tempo e o Vento, onde o narrador observa os primórdios da sociedade brasileira no extremo meridional do país, representando-a na família Terra/Cambará e na cidade de Santa Fé, para finalmente refluir no século 20, quando o legado dos fundadores degrada-se já em vilania e corrupção. É o que se lê nos últimos volumes de O Arquipélago como espelho da nossa formação política e, mais tarde, na fábula macabra do Incidente em Antares, quando os mortos voltam à cidade para julgar os vivos, aqueles que estão moralmente mortos. Aqui a literatura é pois uma literatura realista. E esta não se esgota na simples representação da realidade que lhe deu origem. Sua missão precípua é subvertê-la nas imagens da ficção.

As personagens de Erico Verissimo por vezes expressam forças destrutivas, caso dos guerreiros como o Capitão Rodrigo e o velho Licurgo Cambará sempre engolfados nos combates que fazem do Continente uma fronteira de sangue. Entretanto, no outro extremo, estão as mulheres - Ana Terra, Bibiana, Maria Valéria (ou Fernanda e Olívia, se voltarmos aos romances iniciais). Nelas reside uma força vertical, traduzida como resistência, perseverança, coragem moral. Entre os dois pólos o narrador não vacila ao transformar a História num embate entre as forças decisivas da existência: “elas eram o chão firme que os heróis pisavam”. O Tempo e o Vento não pode ser uma epopéia; é, pelo contrário, a visão humanista de Erico Verissimo. Na tensa dialética entre a História e a Literatura, as personagens imaginárias assinalam o triunfo da ficção. De Clarissa à última página de O Arquipélago, esta concepção não admitiu fissuras.

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23Memorial Erico Verissimo

Erico Verissimo ofereceu, assim, o modelo do romance histórico à literatura brasileira moderna, cumprindo um projeto que, embora não se restrinja a O Tempo e o Vento, vai encontrar aí sua expressão paradigmática.

Devemos recordar, ainda uma vez, o ano de 1949 em que surgiu o primeiro volume dessa obra cujas duas mil páginas só se completariam em 1962. Pode-se tomar essas datas como parâmetros de um quadro mais amplo. A ficção lati-no-americana atingia um momento áureo, levando o crítico Otto Maria Carpeaux a declarar que nela residia então “a consciência do mundo”. Ainda em 1949, o escritor cubano Alejo Carpentier publica O reino deste mundo, resgatando os mitos do Caribe. Um pouco antes surgira O Senhor Presidente de Miguel Angel Astúrias. Sucedem-se: no México, O planalto em chamas (1953) de Juan Rulfo e A morte de Artemio Cruz (1962) de Carlos Fuentes; no Peru, A casa verde (1966) de Vargas Llosa; na Colômbia, Cem anos de solidão de Gabriel García Márquez. Em 1960, o paraguaio Augusto Roa Bastos apresentara Filho de homem. A lista pode ser ampliada, mas bastam estas menções para concluir que, em qualquer dos casos, o cruzamento entre a crônica histórica e a representação imaginária constitui um foco decisivo da literatura contemporânea. Erico Verissimo e sua obra estão inseridos nesta nobre linhagem na qual os grandes romancistas buscaram a decifração da História, a história do homem.

O acervo do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo que ora se abre ao público é uma base sólida para ampliar a investigação desta obra literária desafiadora na multiplicidade dos seus caminhos e decisiva na aquisição da identidade cultural brasileira no cenário da universalidade.

Flávio Loureiro Chaves

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Acima:Cartão de Erico Verissimo

para Flávio Loureiro Chaves

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25Memorial Erico Verissimo

no mundo

1905Auge da Belle Époque na Europa, principalmente na França, período de cultura cosmopolita que vai até a eclosão da Primeira Guerra Mundial.

1906Acordo do café em Taubaté, SP.

1907Conferência de Haya com participação de Ruy Barbosa.

1910 Campanha civilista e Revolta da Chibata.

1912Declínio da borracha no Norte.

1914Início da Primeira Guerra Mundial.

na vida de Erico

1905Erico Verissimo nasce em Cruz Alta em 17 de dezembro. Filho de Abegahy Lopes Verissimo e Sebastião Verissimo. Completa a família seu irmão Enio e irmã adotiva, Maria.

1920Estuda, em regime de internato, no Colégio Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre.

1922Seus pais separam-se em dezembro. A mãe e os irmãos vão morar na casa da avó materna. Para ajudar no orçamento doméstico, Erico torna-se balconista no armazém do tio Americano Lopes. Os tempos difíceis não o separam dos livros: lê, faz traduções de trechos de escritores ingleses e franceses e começa a escrever, escondido, seus primeiros textos. Vai trabalhar no Banco Nacional do Comércio.

Cronologia

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na vida de Ericono mundo

1915Assassinato de Pinheiro Machado; Guerra do Contestado.

1917Revolução Russa; greves em massa no Brasil.

1918Fim da Primeira Guerra Mundial.

1922Semana de Arte Moderna em São Paulo; fundação do PCB; levante do Forte de Copacabana; início do Tenentismo.

1924Levante Tenentista em São Paulo (5 de julho).

1925Início da Coluna Prestes.

1929 Crise de 1929 ou Grande Depressão inicia nos EUA, mas atinge países europeus e latino-ame-ricanos; formação da Aliança Liberal.

1924Mãe e filhos mudam-se para Porto Alegre. Infelizmente a mudança não dá certo e a família retorna a Cruz Alta.

1925Erico volta a trabalhar no Banco do Comércio, como chefe da Carteira de Descontos. Toma gosto pela música clássica erudita, que passa a ouvir na casa de seus tios Catarino e Maria Augusta. Seus primos, Adriana e Rafael, filhos do casal, seriam os primeiros a ler seus escritos.

1926Percebendo que a vida de bancário não o sa-tisfaz, mesmo sem muita certeza de sucesso, aceita a proposta de Lotário Muller, amigo de seu pai, de tornar-se sócio da Pharmacia Central, em Cruz Alta.

1927 Além dos afazeres de dono de botica, dá aulas particulares de literatura e inglês. Começa a namorar sua vizinha, Mafalda Halfen Volpe, de 15 anos.

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27Memorial Erico Verissimo

na vida de Ericono mundo

1930Revolução de 30 e ascensão de Getúlio Vargas; Estado Novo.

1932Revolução Constitucionalista em São Paulo.

1933Ascensão de António de Oliveira Salazar em Por-tugal, dando início a um regime autoritário de direita, conhecido como salazarismo.

1934Primeira Constituição social do Brasil.

1935Intentona Comunista.

1936Início da Guerra Civil Espanhola.

1937Golpe do Estado Novo.

1939Fim da Guerra Civil Espanhola; início da Segunda Guerra Mundial.

1929O mensário “Cruz Alta em Revista” publica Chico: um conto de Natal. O conto Ladrão de gado é publicado na “Revista do Globo”, em Por-to Alegre. Erico remete a De Souza Júnior, dire-tor do suplemento literário do Correio do Povo, o conto A lâmpada mágica, que, publicado, dá ao autor notoriedade no meio literário local.

1930Com a falência da farmácia, Erico muda-se para Porto Alegre disposto a viver de seus escritos. Passa a conviver com escritores já renomados, como Mario Quintana, Augusto Meyer, Guilher-mino Cesar e outros. No final do ano é contrata-do para ocupar o cargo de secretário de redação da Revista do Globo.

1931Casa-se, em Cruz Alta, com Mafalda Halfen Volpe.

1931A Seção Editora da Livraria do Globo lança a primeira tradução de Erico, O sineiro, de Edgar Wallace. No mesmo ano, traduz desse escritor O círculo vermelho e A porta das sete chaves.

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28

na vida de Erico

1932É promovido a Diretor da Revista do Globo, ocasião em que é convidado por Henrique Berta-so, gerente do departamento editorial da Livraria do Globo, a atuar naquela seção, indicando livros para tradução e publicação.

1932Estréia de Erico com Fantoches, uma coletânea de histórias em sua maior parte na forma de peças de teatro. Foram vendidos 400 exempla-res dos 1.500 publicados. A sobra, um incêndio queimou.

1933Clarissa é lançado com tiragem de 7.000 exem-plares. Traduz Contraponto, de Aldous Huxley, que só seria editado em 1935.

1935Nasce sua filha Clarissa. Realiza sua primeira viagem ao Rio de Janeiro (RJ), onde faz contato com Jorge Amado, Murilo Mendes, Augusto Fre-derico Schmidt, Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego e outros mais. Seu pai falece. É eleito presidente da Associação Rio-Granden-se de Imprensa.

1935Publica a continuação da história de Clarissa em Música ao Longe, Prêmio Machado de Assis, da Cia. Editora Nacional. Lança Caminhos Cruzados. O autor admite a associação desse romance a Contraponto, de Aldous Huxley, o que faz com que seja mal recebido pela direita e atice a curiosidade e a vigilância do Departa-mento de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul, que chegou a chamá-lo a depor, sob a acusação de comunismo. Recebe o Prêmio Fundação Graça Aranha por este romance.

1936Nasce seu filho Luis Fernando.

1936As principais personagens de Música ao Longe e de Contraponto reaparecem em Um Lugar ao Sol. Lança a revista A novela, que oferecia textos canô-nicos ao lado de outros, de puro entretenimento.

1938Publica Olhai os Lírios do Campo, um de seus maiores sucessos editoriais e de tradução.

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29Memorial Erico Verissimo

no mundo

1942Brasil na Segunda Guerra Mundial.

1945Fim da Segunda Guerra Mundial; início da Guerra Fria; cai Getúlio Vargas.

1946Nova Constituição; Gaspar Dutra presidente.

1949Fim da Guerra Civil Chinesa, fundação da República Popular da China, dando início à ditadura comunista.

1950Recrudesce a Guerra Fria, devido à Guerra da Coréia; Getúlio Vargas é eleito e volta ao Palácio do Catete.

1952Anúncio pela Comissão de Energia Atômica dos EUA de que a Bomba H está pronta para ser usada.

1953Criação da PETROBRÁS.

na vida de Erico

1935 a 1939Erico publica histórias para crianças e jovens, coincidindo com a infância de seus filhos.

LITERATURA INFANTO-JUVENIL

A Vida de Joana D’Arc – 1935As Aventuras do Avião Vermelho – 1936Os Três Porquinhos Pobres – 1936Rosa Maria no Castelo Encantado – 1936Meu ABC – 1936As Aventuras de Tibicuera – 1937O Urso com Música na Barriga – 1938A Vida do Elefante Basílio – 1939Outra Vez os Três Porquinhos – 1939Viagem à Aurora do Mundo – 1939Aventuras no Mundo da Higiene – 1939

1936Cria o programa de auditório para crianças, Clube dos três porquinhos, na Rádio Farrou-pilha, a pedido de Arnaldo Balvé. Dessa idéia surge a Coleção Nanquinote, com os livros Os Três Porquinhos Pobres, Rosa Maria no Castelo Encantado e Meu ABC. O DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo, exige que o autor submeta previamente àquele ór-gão as histórias apresentadas no programa de rádio por ele criado. Resistindo à censura prévia, encerra o programa em 1937. Outra reação ao

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na vida de Erico

nacionalismo ufanista da ditadura Vargas se faz sentir na versão paradidática da história do Brasil em As Aventuras de Tibicuera.

1939Erico passa a dedicar a maior parte de seu tempo ao departamento editorial da Globo. Em companhia dos amigos Henrique Bertaso e Maurício Rosenblatt, é responsável pelo suces-so estrondoso de coleções como Nobel e Biblio-teca dos Séculos, nas quais eram encontradas traduções de textos de Virginia Woolf, Thomas Mann, Balzac e Proust.

1940A publicação de Saga proporciona a Erico a pri-meira noite de autógrafos na Livraria Saraiva em São Paulo. Traduz Ratos e homens, de John Steinbeck; Adeus Mr. Chips e Não estamos sós, de James Hilton; Felicidade e O meu primeiro baile, de Katherine Mansfield.

1941Publica Gato Preto em Campo de Neve, a partir da experiência norte-americana.

1941Erico passa três meses nos Estados Unidos, a convite do Departamento de Estado americano, proferindo conferências. As impressões des-

sa temporada estão em seu livro Gato Preto em Campo de Neve. Ele e seu irmão Enio são teste-munhas de um suicídio quando conversavam na praça da Alfândega, em Porto Alegre: uma mulher se atira do alto de um edifício. Esse acontecimento é aproveitado em seu livro O Resto é Silêncio.

1942A censura no Estado Novo continuava atenta. A Globo cria a Editora Meridiano, uma subsidiária secreta para lançar obras que pudessem desa-gradar o governo.

1942Erico lança a coletânea de contos As Mãos de meu Filho, pela editora Meridiano.

1943Temendo que a ditadura Vargas viesse a causar-lhe danos e à sua família, Erico aceita o convite para lecionar Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia, feito pelo Departamento de Estado americano. Muda-se para Berkley com toda a família.

1943É editado O Resto é Silêncio, romance em que Erico parte da tragédia presenciada com o irmão para criar a história de Tônio Santiago.

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31Memorial Erico Verissimo

no mundo

1954Suicídio de Getúlio Vargas; Café Filho torna-se presidente.

1955Eleição de Juscelino Kubitschek de Oliveira; Pacto de Varsóvia, unificando as nações do bloco oriental; União Soviética confirma ter também a Bomba H.

1956Assume JK sob o signo do desenvolvimento e do Plano de Metas “50 anos em 5”.

1959Fulgêncio Batista é deposto em Cuba, dando início à ditadura comunista totalitária, liderada por Fidel Castro.

1960Fundação de Brasília, transferindo-se a Capital brasileira do Rio de Janeiro.

1961Jânio Quadros é eleito presidente, mas renuncia com 7 meses de mandato; Campanha da Legali-dade; Emenda Parlamentarista para possibilitar a posse de João Goulart, vice-presidente; cons-

na vida de Erico

1944O Mills College, de Oakland, Califórnia, onde dava aulas de Literatura e História do Brasil, confere a Erico o título de doutor Honoris Causa.

1945Erico faz conferências em diversos estados americanos. Retorna ao Brasil.

1945É publicado nos Estados Unidos da América Brazilian Literature an Outline, baseado em palestras e cursos ministrados durante a estada de Erico na Califórnia. No Brasil, sai em 1995, com o título Breve História da Literatura Brasileira.

1946Erico escreve A Volta do Gato Preto, mais reflexões sobre sua passagem pelos EUA.

1947Inicia a escritura de O tempo e o vento. Previsto para ter um só volume, acabou ultrapassando as 2.200 páginas, sob a forma de trilogia, con-sumindo 15 anos de trabalho. É feita a primeira adaptação para o cinema de uma obra de auto-ria de Erico: Mirad los lírios del campo, produ-ção argentina, dirigida por Ernesto Arancibia.

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na vida de Erico

1947Traduz Mas não se mata cavalo, de Horace McCoy.

1948Dedica-se a ordenar as anotações que vinha guardando há tempos e dar forma ao romance O Continente.

1949Erico coordena a comitiva que recebe o escritor franco-argelino Albert Camus, em sua passagem por Porto Alegre.

1949Erico lança O Continente, primeira parte da trilogia O tempo e o vento, muito bem recebido pela crítica.

1951Erico lança O Retrato, segunda parte da trilogia O tempo e o vento.

1953Erico assume, a convite do governo brasileiro, em Washington, EUA, a direção do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana, na Secretaria da Organização dos Estados America-nos, substituindo Alceu Amoroso Lima.

1954É agraciado com o prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Visita diversos países da América Latina, proferindo palestras e confe-rências, face às funções assumidas junto à OEA.

1954Publica Noite, novela que não agrada o público, que esperava a conclusão da trilogia.

1956A família Verissimo volta ao Brasil. Sua filha Clarissa casa-se com David Jaffe e vai morar nos Estados Unidos. Dessa união nasceram seus netos Michael, Paul e Eddie.

1956É lançada a coletânea Gente e Bichos, reunindo seus textos para crianças.

1957Sai México, impressões de sua viagem a este país.

1958Começa a escrever O Arquipélago, terceiro livro da trilogia O tempo e o vento.

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33Memorial Erico Verissimo

no mundo na vida de Erico

1959Acompanhado de sua mulher e do filho Luis Fernando, Erico faz sua primeira viagem à Eu-ropa. Expõe sua defesa à democracia em pales-tras proferidas em Portugal e entra em choque com a ditadura salazarista. Passa uma tempo-rada na casa de sua filha, em Washington, EUA.

1959É publicado O Ataque, que reúne três contos: Sonata, Esquilos de outono e A ponte, além de um capítulo inédito de O Arquipélago.

1961Erico sofre o primeiro infarto do miocárdio. Após dois meses de repouso absoluto, volta aos Estados Unidos com sua esposa.

1961Sai o primeiro tomo de O Arquipélago, última parte da trilogia O tempo e o vento.

1962O casal Verissimo visita França, Itália e Grécia.

1962O último tomo de O Arquipélago é publicado, concluindo o projeto de O tempo e o vento. O volume é considerado uma obra-prima.

trução do Muro de Berlim, na Alemanha; o russo Iuri Gagárin é o primeiro homem no espaço.

1962Transformação do Acre em estado do Brasil.

1963Assassinato de John Fitzgerald Kennedy, presi-dente dos EUA, em Dallas, Texas.

1964Golpe militar e queda de João Goulart; general Castelo Branco na presidência do Brasil e início da Era dos Atos Institucionais.

1965Primeiras forças de combate, enviadas pelos EUA ao Vietnam do Sul.

1967Nova Constituição e ascensão do general Costa e Silva.

1968AI5, Co ngresso Nacional fechado e início do ar-bítrio político; assassinato de Martin Luther King, em Memphis, nos EUA; Maio de 68 na França.

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na vida de Erico

1963Morre sua mãe, D.Bega.

1964Seu filho Luis Fernando casa-se com Lúcia Helena Massa, no Rio de Janeiro, cidade para a qual ele se mudara em 1962. Dessa união nasceram Fernanda, Mariana e Pedro. Erico insurge-se contra o golpe militar e dirige manifesto a seus leitores em defesa das instituições democráti-cas. Recebe o título de Cidadão de Porto Alegre, conferido pela Câmara de Vereadores.

1965O casal volta aos Estados Unidos para temporada com a filha e os netos.

1965Aproveitando sua experiência no mundo diplomático, Erico escreve O Senhor Embaixador, que ganha o Prêmio Jabuti, categoria Romance, da Câmara Brasileira de Livros.

1966A convite do governo de Israel, Erico visita aquele país. Vai aos Estados Unidos, mais uma vez, visitar seus familiares.

1966A Editora José Aguilar, do Rio de Janeiro, publica, em cinco volumes, o conjunto de sua ficção completa, do qual faz parte uma peque-na autobiografia do autor, sob o título O Escritor diante do Espelho.

1967Estréia na TV Excelsior O tempo e o vento, sob a direção de Dionísio Azevedo, com adaptação de Teixeira Filho.

1967A partir da temática da intervenção norte- americana nos países asiáticos, Erico publica O Prisioneiro.

1968Erico é agraciado com o prêmio Intelectual do ano, Troféu Juca Pato, em concurso promovido pela Folha de São Paulo e pela União Brasileira de Escritores.

1969A casa onde Erico nasceu, em Cruz Alta, é trans-formada em Museu Casa de Erico Verissimo.

1969Encantado com a visita à Israel, Erico lança Israel em Abril.

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35Memorial Erico Verissimo

no mundo na vida de Erico

1969General Emilio Médici na presidência; o norte-americano Neil Armstrong é o primeiro homem a pisar na Lua.

1970Década marcada pelos movimentos de inde-pendência dos países africanos; Brasil vive “Milagre Econômico”.

1973Início da crise do petróleo no mundo; golpe mi-litar no Chile depõe Salvador Allende, entra Au-gusto Pinochet; fim da Guerra do Vietnam, com derrota dos EUA.

1974Revolução dos Cravos, fim do regime totalitário salazarista; sai general Médici e entra general Ernesto Geisel na presidência do Brasil; renúncia de Richard Nixon da presidência dos EUA, em função do escândalo de Watergate.

1975O diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog, detido oito dias antes, é assassinado por enforcamento na sede do DOI-CODI, em São Paulo; Tentativa de golpe de estado em Portu-gal por parte da esquerda política; Timor-Leste declara a independência.

1971Erico publica Incidente em Antares, sem subme-ter os originais à censura prévia.

1972Escreve Um Certo Henrique Bertaso, biografia sobre o fundador da Editora Globo.

1972Comemorando os 40 anos de lançamento de seu primeiro livro, relança Fantoches, no qual Erico acrescenta notas e desenhos.

1973Amplia sua autobiografia, publicada em 1966 pela editora Nova Aguilar, fazendo surgir suas memórias, sob o título de Solo de Clarineta.

1975Erico morre subitamente no dia 28 de novembro, deixando inacabada a segunda parte do segundo volume de suas memórias, além de esboços de um romance que se chamaria A hora do sétimo anjo.

É lançado Solo de Clarineta 2, segundo volume de Memórias, edição póstuma, organizada por Flávio Loureiro Chaves (Póstuma - 1976).

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Acervo Erico Verissimo

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Acervo Erico Verissimo

Acervo de Flávio Loureiro Chaves

1) Fantoches (1932-1972)Trata-se do primeiro livro de EV publicado em 1932. Voltou a ser publicado apenas em 1972 numa edição comemo-rativa aos 40 anos de carreira do escritor. Para esta última edição EV anotou e desenhou em marginália de próprio punho as 212 páginas impressas em 1932. Foi utilizado um exemplar da primeira edição cujas folhas, enquadradas uma a uma em moldura cartonada, constituíram o campo da marginália. Estas 212 páginas manuscritas constituem o original autenticado e autografado por Erico Verissimo com a dedicatória a Flávio Loureiro Chaves.

2) Solo de Clarineta II (1976)São 94 páginas originais, datilografadas ou manuscritas e todas anotadas por EV. Constituem a segunda parte das memórias do escritor cuja transcrição e organização foi feita por Flávio Loureiro Chaves pois trata-se de edição póstuma ocorrida após o falecimento do autor em 1975. Desenhos autógrafos (característica de Erico, que autogra-fava desenhando uma caricatura sua) na marginália.

3) Inéditos de Solo de Clarineta II (1976)Ainda no estágio inicial da redação, 12 páginas originais não foram acolhidas pelo organizador no volume impresso das memórias. São portanto inéditas e seguramente as últimas que EV escreveu nos dias antecedentes ao seu faleci-mento. Desenhos autógrafos na marginália.

4) Frente e verso de página pertencente à primeira redação de Incidente em Antares (1971)Anotada e desenhada de próprio punho por EV. É um texto inédito que não chegou a ser incluído na edição definitiva.

5) Original manuscrito de depoimento sobre Getúlio Vargas (Agosto de 1974)

6) Plano geral de Solo de Clarineta, discriminando os textos que não chegaram a ser redigidos.É o projeto das memórias. Página datilografada com anotações manuscritas e desenhos de EV.

A descrição do acervo obedece à organização original dos colecionadores.

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7) Rascunho (uma página) contendo o esboço inicial de uma definição política. Inédito de 1966

8) Desenho original de EV, autógrafo: mapa da ilha imaginária de El Sacramento, cenário do romance O Senhor EmbaixadorTraçado em 1964, este mapa orientou o escritor durante todo o processo de redação do livro (editado em 1965).

9) Desenho original de EV, autógrafo: planta da cidade imaginária de Antares, cenário de Incidente em Antares (1971)Assinala o momento da concepção deste romance, pois no verso encontra-se em manuscrito do autor o pri-meiro elenco das personagens e a cronologia da narrativa. Documento autógrafo com dedicatória a Flávio Loureiro Chaves.

10) Texto autógrafo de EV: apresentação do ensaio de Flávio Loureiro Chaves, Ficção Latino-Americana, 1972

11) CorrespondênciaLote de 6 cartas e 1 postal enviados por EV a Flávio Loureiro Chaves durante viagem à França e USA em 1972. Destacam-se a carta que relata a gênese do romance Incidente em Antares e outra na qual está desenhada a caricatura de Roland Barthes que EV traçou após ter conhecido o filósofo em Paris.

12) Folha autógrafa com recomendações sobre o aproveitamento de alguns textos após seu falecimento

13) LP, disco fonográfico: Fragmentos de O Tempo e o Vento. Década de 1960Trata-se da única gravação da voz de Erico Verissimo fazendo a leitura dos seus próprios textos. É o único exemplar remanescente desta gravação. Capa original.

14) Exemplar do livro O Contador de Histórias (1972), coletânea de ensaios sobre EVDedicatória manuscrita a Flávio Loureiro Chaves ilustrada com desenhos autógrafos.

15) Primeiras ediçõesLote de 40 livros abrangendo todas as primeiras edições da obra de EV, a saber: romances, narrativas infantis e infanto-juvenis, livros de viagem, autobiografia, biografia, memórias e ensaios. Alguns destes exemplares estão autografados pelo escritor. Incluem-se na categoria de livros raros: Aventuras no mundo da higiene (1939) e a edição norte-americana de Brazilian literature: an outline (1945). Integra este lote a única edição da “ficção completa” em papel bíblia, 5 volumes, também considerada peça rara. Foi produzida pela ed. José Aguilar em 1966 e, logo esgotada, não houve republicação por restrição da Editora Globo aos direitos autorais.

16) Traduções (I)Lote de 18 livros, todos incluídos na categoria de livros raros, abrangendo as traduções de escritores estrangeiros realizadas por EV entre 1931 e 1956.

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17) Traduções (II)Trata-se de dois exemplares raros: a primeira tradução de Olhai os lírios do campo para o alemão e a primeira de O Senhor Embaixador para o russo.

18) Revista A Novela (1936)Coleção completa (incluída como peça rara) da revista A Novela, dirigida por Erico Verissimo e publicada de 1936 a 1938. São 27 volumes, todos encadernados e conservando a capa original.

19) Fortuna CríticaO acervo da fortuna crítica de EV abrange aproximadamente 1.200 títulos de artigos, ensaios, crônicas e notícias sobre o escritor e/ou sua obra, aparecidos na imprensa nacional e estrangeira entre 1932 e 2005. O conjunto desses textos encontra-se arquivado e classificado em pastas. A listagem discriminando cada um dos títulos pode ser con-sultada na seguinte fonte: CHAVES, Flávio Loureiro. Erico Verissimo: o escritor e seu tempo. Porto Alegre, Editora da Universidade (UFRGS), 2001. pp. 199 a 252.

20) Mapa impresso em policromia, desenhado por Ernst ZeunerEste documento deveria acompanhar, como anexo destacável, a edição de Viagem à aurora do mundo (1939) constituindo hoje peça rara.

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Acervo Mario de Almeida Lima

1) Original – Nº 1 do Retrato – 5 Volumes“1ª versão do romance. Mais de 1000 páginas de texto datilografado (encadernados em cinco volumes de grande formato – tamanho ofício) com milhares de emendas manuscritas de Erico Verissimo. Centenas de linhas riscadas, mas legíveis (suprimidas, simplesmente, ou reescritas pelo autor). Cortes de frases, troca ou supressão de pala-vras, páginas inteiras inutilizadas, também legíveis, tudo num trabalho de revisão meticulosa e reelaboração que mostra o rigor técnico e artesanal com que o grande romancista trabalhava o seu texto. Frequentemente, nestes originais ou no verso das páginas, fazia anotações para pesquisas, ou para uma melhor verificação de fatos histó-ricos ou de situações que ainda desejava considerar com mais vagar. O próprio Erico se autocensurava sobre o de-senvolvimento de certas passagens de seu trabalho, que entendia que devia melhorar. Muitas dessas autocríticas eram redigidas à pressa, às vezes em inglês, idioma em que se expressava com naturalidade quando sob pressão do processo criador.

Os originais de O Retrato, dão uma ideia exata do trabalho de revisão estilística a que se dedicava Erico, sempre obcecado em cortar demasias ou excessos na busca de mais clareza e simplicidade. Sempre fugindo da ênfase, a que tinha horror.

Os originais de O Retrato, contrastados com o texto final publicado, valem de fato, como roteiro de uma pós- graduação, podendo constituir o programa de uma oficina de literatura que se ....na Fundação que abrigará, num futuro próximo, o acervo de Erico Verissimo, para ali ficar ao alcance dos estudiosos e pesquisadores.” Por Mario de Almeida Lima.

2) Original – Nº 1 da Noite – 1 Volume – 134 Páginas

3) Original – “Sinopse para Cinema” para “O Resto é Silêncio” – 6 PáginasSinopse inédita e totalmente desconhecida. Planejada por Erico para transformar o romance em versão cinemato-gráfica para o romance “O Resto é Silêncio” – 6 páginas 5 datilografadas, 1 folha manuscrita e desenhos e croquis de Erico Verissimo.

4) Caderno Escolar – “O Espelho Mágico” – 60 Folhas ManuscritasCaderno Escolar da Livraria do Globo, com ideias manuscritas e lindo desenho do autor, em que mistura a história de João Benévolo e o Professor Raimundo: dos livros “Caminhos Cruzados” e “As Aventuras de Tibiquera”. Segundo Mario de Almeida Lima, esta pesquisa do autor são a 2ª tentativa de romance depois de “Clarissa”. Na capa, escurecida e bastante envelhecida, a assinatura de Erico Verissimo.

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5) Bloco de Notas – 36 Folhas ManuscritasPesquisa com o planejamento de pesquisa, esboços e ideias de Erico para escrever o livro “Noite” com a maioria dos trechos em inglês, pequena parte em português, totalmente manuscrito, com desenhos e a assinatura de Erico Verissimo na capa.

6) Original - Conto “A Ponte” – Fantoches e Outros Contos - 140 PáginasConto “A Ponte”, original da 1ª edição do livro Fantoches e Outros Contos, publicado em 1932. Composto de 140 folhas – sendo 113 totalmente manuscritas e 27 datilografadas com emendas e correções manuscritas. O conto publica-do na edição da Editora Globo tem 69 páginas. O original do autor tem 140 folhas (está incompleto), apenas faltam os capítulos I e II (que no livro Fantoches, correspondem a 6 folhas).

7) Original - “Stardust on The Amazon” – 15 FolhasStories for a screen play by Erico Verissimo. São 17 folhas datilografadas em inglês.

8) Original - “Breve Crônica de uma Editora de Província” – 13 folhasOriginal da Crônica sobre a Editora Globo, encomenda por Mario de Almeida Lima, quando diretor da Sucursal do Estadão em Porto Alegre, para o suplemento literário do jornal “O Estado de São Paulo”. A crônica tem 13 folhas datilografadas com inúmeras correções manuscritas emendadas e assinadas por Erico Verissimo.

9) Original – “Crônica sobre Porto Alegre” - 1 PáginaUma lauda sobre o porquê de morar em Porto Alegre, datilografada com rasuras e assinada por Erico Verissimo.

10) Original de impressão - “No Bôjo da Onda” - 12 Folhas cadaDois originais da impressão do discurso pronunciado por Erico como paraninfo para turma de diplomados do curso colegial do Colégio Estadual Júlio de Castilhos em dezembro de 1962, publicado pela Livraria do Globo.

11) Original - “A Ponte” São 4 páginas datilografadas – Longo trecho em inglês. Não identificado onde foi publicado, provavelmente no livro O Ataque.

12) Original – Crônica em homenagem “Cruz Alta” – 3 FolhasComemorando os 150 anos de sua cidade natal. Parte do texto: “Cruz Alta me tem acompanhado nas viagens que tenho feito por este mundo velho sem porteira. Uma noite em Veneza, na Piazza San Marco, diante da basílica, olhei para lia cheia e em vez de pensar no meu amigo Vivaldi ou nos Dodges, lembrei-me de Cruz Alta, sua praças onde a banda de música do 8º Regimento de Infantaria dava as suas retratas, andei de mãos com uma namorada...”, assinada por Erico.

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43Memorial Erico Verissimo

13) Original – Crônica do livro Galeria Fosca - 2 FolhasErico escreve 2 páginas sobre seu tio Raimundo – trecho original de crônica publicada junto a outras obras no livro Galeria Fosca, editado pela Globo;

14) Original – Lenço Vermelho, Lenço Colorado, Lenço Encarnado – 1 PáginaEscrita por Erico, totalmente em inglês, à maquina e com trecho manuscrito a lápis

15) Original – Texto de Erico sobre Maupassant e Clarice Lispector – 1 PáginaReflexões do autor, sobre os dois escritores, assinada.

16) Original “Prefácio para ser composto em grifo, sem título” - 1 FolhaO próprio Erico intitulou: ”Prefácio para ser composto em grifo, sem título”. Uma folha datilografada com emendas manuscritas e assinada por Erico. Consta do planejamento de 4 novelas: A 1ª descrita no comentário de Erico a seguir, O Ataque (fragmento do Arquipélago), Esquilos de Outono (conto americano) e Sonata (uma fantasia poética em torno do tempo). Ataque é um fragmento de O Arquipélago, terceiro volume da trilogia O Tempo e o Vento, que só aparecerá em 1960. Trata-se de um episódio violento da Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul: o assalto dum destacamento revolucionário à cidade (imaginária) de Santa Fé.

17) Originais de Folhas avulsas São 23 páginas de folhas não identificadas de que livros pertencem. Posteriormente serão submetidas a uma douto-ra de letras, especialista em Erico, para definição e incorporação no acervo.

18) Pesquisa 1 e planejamento geral para escrever “ O Tempo e o Vento”Notas, Esboços, Desenhos, Descrição de Cenas, Descrição de Personagens, datilografadas com inúmeros manuscri-tos a lápis, a caneta, em inglês e português: a estória, o enredo, a tempo, o ponto de vista, a personagem, problemas do novelista, política, citação de autores estrangeiros, etc., em 19 folhas.

19) Pesquisa 2 e planejamento para “O Tempo e o Vento” Research for Ana Terra, Um Certo Capitão Rodrigues, Ordem dos Acontecimentos, Fazendas Antigas, Governo e Comandâncias do RS, Capitania de São Pedro, Fauna, Reino Vegetal, Flores Silvestres, Plantas Medicinais, Árvores Frutíferas, Madeiras de Construção, Ornitologia, Quadrúpedes, Anfíbios, Répteis, Caça, Peixes, Insectos, Primeiros Colonizadores, Rafael Pinto Bandeira, etc. folhas a máquina com muitas emendas manuscritas. São 9 folhas dati-lografadas com muitas emendas manuscritas.

20) Cópia Xerox do Original – “Comédia Provinciana - Fandango” – 55 Folhas ManuscritasNotas de Pesquisa com o planejamento para a construção do romance “O Tempo e o Vento”, encadernado em couro com anotações totalmente manuscritas, desenhos e trechos em inglês. Na contracapa desenho de Erico para a capa

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do livro: Este seria um dos possíveis títulos para o livro. Mario de Almeida Lima recebeu do autor o original e, anos mais tarde, deu de presente para seu amigo, o bibliófilo José Mindlin. Mindlin em gratidão, fez uma cópia Xerox, mandou encadernar em couro e deu para Mario, em retribuição.

21) O Arquipélago – Pesquisa para ArquipélagoAssim intitulado por Erico, com perguntas históricas e políticas a Mario Lima. 1 folha manuscrita e assinada.

22) Originais de O Continente – “Ana Terra”. Parte dos capítulos 18, 19, 20 e 21Ataque dos castelhanos à família de Ana Terra e mudança para o novo povoado. São 10 folhas datilografadas com muitas emendas manuscritas e desenho.

23) Originais de O Continente – “Maria Valéria” Capítulo 62 sobre Maria Valéria, omitido do livro, totalmente manuscrito em caneta vermelha, azul e lápis, assinado por Erico. São 6 páginas.

24) Originais de O Continente – “A Teiniaguá” Carl Winter lembrando de Trude. São 2 folhas, uma manuscrita com desenho e outra datilografada com emendas manuscritas.

25) Originais de O Continente – “A Teiniaguá”Parte do capítulo VI, sobre Bibiana e o noivado de Bolívar. São 2 folhas datilografadas com emendas manuscritas.

26) Originais de O Continente – “A Guerra” Parte do capítulo IV, sobre Fandango. São 5 páginas, 1 manuscrita com desenho e 4 datilografadas com emendas manuscritas e rabiscadas.

27) Originais de O Continente – “A Guerra” Parte do capítulo II – Florêncio visita o cemitério. Uma folha com emendas manuscritas.

28) Originais de O Continente – “A Fonte”Parte do 1º capítulo, sobre a chegada de Pedro, etc. São 5 folhas datilografadas com manuscritos e rabiscadas.

29) Originais de O Continente – “A Fonte”Trecho sobre Carl Winter – omitido do livro – 1 folha com correções manuscritas e trecho omitido, sinalizado por Erico.

30) Originais de O Continente – “A Fonte” Parte dos capítulos V, VI e IX sobre Ana Terra, Padre Alonzo, Pedro e Sepé Tiarajú. São 5 folhas datilografadas com emendas manuscritas.

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31) Originais de O Continente – “Um Certo Capitão Rodrigo”Parte do capítulo X, briga do Capitão Rodrigo com Bento. 1 folha datilografada com emendas manuscritas e desenho no verso.

32) Originais de O Continente –“Um Certo Capitão Rodrigo”Casamento do Capitão Rodrigo – 1 Folha datilografada com emendas manuscritas.

33) Originais de O Continente – “O Sobrado I” 1 folha datilografada com emenda colada por Erico e manuscritos emendados;

34) Originais de O Continente – “O Sobrado II”São 3 folhas datilografadas com emendas manuscritas.

35) Originais de O Continente – “O Sobrado III”Morre a filha de Licurgo – 1 Folha datilografada com emendas manuscritas.

36) Originais de O Retrato – “A Sombra do Anjo”Rodrigo e Flora, falência do sogro, etc. São 19 fls datilografadas com vários manuscritos, desenhos, emendas.

37) Originais de O Retrato – “A Sombra do Anjo”Capítulo sobre a morte de Toni Weber. São 60 folhas datilografadas, desenhadas, com emendas rasuradas;

38) Originais de O Retrato – “Chantecler” Draft para Chantecler, parte dos capítulos XVII, XVIII, XX e XXI. Namoro de Rodrigo com Flora, pintura do retrato. São 30 folhas datilografadas com rasuras manuscritas.

39) Originais – O Retrato – “Chantecler”Rodrigo no trem. 1 folha datilografada com rasuras manuscritas.

40) Originais – O Retrato1 Folha sobre Rodrigo, já casado, etc. Anverso da folha, manuscrita. Erico queria refazer esta página.

41) Originais de O Retrato – “Chantecler”Parte do capitulo VI – Rodrigo tentando conquistar Flora – 3 folhas com rasuras manuscritas.

42) O Arquipélago – “Ataque a Santa Fé”Bloco em tamanho ofício totalmente manuscrito com emendas corrigidas– Draft dos capítulos XXII, XXIII e XXIV. São 27 folhas, assinada e datada e por Erico em agosto de 1958.

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43) O Arquipélago – “Lenço Encarnado”Bloco em tamanho ofício totalmente manuscrito. Parte do capítulo XXXIV – Maria Valéria e acolhida por Neco Rosa – grande parte omitida do livro. São 7 folhas, assinada por Erico em Setembro de 1958.

44) O Arquipélago – “Lenço Encarnado”Bloco em tamanho ofício totalmente manuscrito com emendas corrigidas, Capítulo XXXVI e parte do capitulo XXXVII – Notícia da morte de Licurgo, a espera pela paz, etc. São 15 folhas.

45) O Arquipélago – “Lenço Encarnado”Versão original do capítulo XXV, datilografada, com emendas e desenhos coloridos, assinada por Erico. 1 folha.

46) Originais da tradução de Erico do livro “O Homem Feliz”W. Somerset Maughan – 4 Folhas datilografadas com rasuras manuscritas.

47) Desenhos do gramofone, e dama com vestuário da época, comentários manuscritos para “O Tempo e o Vento” - 1 Página

48) Croquis desenhados por Erico para a capa do O Tempo e o Vento, com título imaginado anteriormente: “A Jornada”.

49) Bilhete datilografado - Torres – RS - 25/fevereiro/1951Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima (c/trechos extraídos).

Síntese do conteúdo: Agradecimento ao amigo Lima por uma carta enviada e outros assuntos.

50) Carta (localização – possivelmente Torres) - 26/janeiro/1958Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima.Síntese do conteúdo: Comenta como está “mulato”, sobre seu trabalho no livro Arquipélago (diz que este será o de-finitivo nome do terceiro volume) e de seu extenuante horário, ficando às vezes até 7 horas trabalhando neste livro.

51) Carta de Erico a seus amigos, em que o escritor conta a verdade sobre sua visita a Portugal, Barcelona – 27/março/1959 - Erico Verissimo para Mario de Almeida LimaCarta original de Erico, datilografada com tinta azul em papel pautado, com rabiscos e correções feitas à mão e outra carta datilografada copiando a original.

Nesta correspondência Erico explica que sua viagem a Portugal não foi “financiada” pelo governo daquele país, e que lá está por sua própria conta, contrariando depoimento dado pela agência U.P.I., datada de 12 de março, de que membros da oposição estariam tirando vantagens políticas através do escritor brasileiro.

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Sua visita não teve caráter oficial, pois ele não aceitaria nada de governos totalitários. Que esteve em contato com es-critores de oposição; fez conferências em diversas cidades portuguesas, deixando bem claro seu descontentamento com qualquer regime que ...”roube ao povo sua liberdade e dignidade”.

Diz que quem procurou explorar sua visita foram os governistas, e que conseguiu escapar de uma homenagem que fariam a sua pessoa. Diz que os salazaristas estão contrariados com embaixador brasileiro, o escritor Alvaro Lins. Acha que é importante colocar-se numa posição, pois num momento como este o silencio ou a reticência seria um crime. Assinado: Erico Verissimo.

52) Carta-postal – Alexandria, VA, EUA – 16/novembro/1965Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima.Síntese do conteúdo: Primeira carta enviada de Alexandria (Virginia) a Mario Lima.

Comenta que terminou a fase de conferências que o levaram a diversas regiões dos EUA, onde numa dessas, jantou com Wilson Martins –“com quem falei muito mal de ti” - e assim não pode deixar de enviar-lhe essas “mal traçadas linhas “. Diz da alegria de estar em Alexandria com filhos e netos. Comenta da beleza da natureza daquela região da Virginia, mas que seu lado humano é hediondo (pessoas racistas, sem gosto para vestir, tendência a serem gordas – “bundas enormes” ), enfim desinteressantemente neutros..

Esta trabalhando em uns prefácios e numa autobiografia que Aguilar quer publicar na coleção de suas novelas e romances, sob o título de “FICÇÃO COMPLETA”. Diz que tem caminhado e lido muito – “devorou” Herzog, do Bellow, o qual comenta que é um trabalho bem feito, sério, mas obsessivo, cheio de “self-pity” (auto compaixão). Leu dois bons Simenons, e um de L. Auchincloss “The Rector of Justin”, o qual recomenda muito. Leu também o “duríssimo, volumosíssimo” The Act of Creation, de Arthur Koestler.

Passa a comentar sobre as conferencias as quais participou organizadas pelo Guide World Lecture Bureau. Confiden-cia que precisa provar a si mesmo sua “..capacidade de enfrentar e dominar um auditório universitário, sem nenhum papel a sua frente para ler”; e de que gostaria de ficar sozinho num hotel, pois desde que teve um enfarto, nunca mais viajou sem a Mafalda...

Regozija-se que foi um sucesso, e que recebeu três propostas de universidades para lecionar literatura portuguesa e técnicas de novela. Visita universidades e se encanta pela cidade de Tucson no Arizona. Em Chicago ficou três dias sem falar com ninguém, que visitou museus, galerias e ouviu concertos maravilhosos.

Nova York foi a última etapa da viagem, onde passou cinco dias na Universidade de Cornell, cuja campus considerou um dos mais belos dos EUA, e onde o fizeram trabalhar “como um mouro”. Num só dia falou por 6 horas em espanhol sobre o sentido político do romance brasileiro; em inglês sobre história do Brasil de Pedro Álvares Cabral a Castelo

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Branco e assim por diante... Fala que está cansado, e louco para que Mafalda vá a seu encontro em NY, pois esta es-tava em Washington. Em NY diz faz sua melhor conferência, cujos assuntos eram três: “Aspects of Brazilian Humor”, “Brazil Today “ e The Art of Fiction”.

Enfim, fala de assuntos diversos, divertidos e leves, como o blackout que ocorreu e que deixou NY totalmente às escuras, “típica coisa que não poderia ocorrer num país como os EUA, que não possuía nem lampiões nem velas...” assim dava vivas ao Brasil, enquanto subiam a pé ao nono andar do hotel! Uma típica carta de amigo para amigo.

53) Cópia de Carta-Postal (Original doada a Luis Fernando Cirne Lima pela família de Mario Lima) – Alexandria, VA, EUA – 8/Julho/1966Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima.Síntese do conteúdo: Fala sobre uma carta sua que remeteu a Rui Cirne Lima, enviando-lhe seu “voto simbólico” para governador do Rio Grande do Sul (“nosso pobre Rio Grande”). Fala que após receber telefonema de Leônidas Xausa, decide enviar um telegrama. Assim, quando Mario receber “essas mal traçadas”, o telegrama já deverá estar nas mãos de Rui Cirne Lima (“nosso candidato”). Fala que sua saúde está ótima, melhor que nunca..viagem fez-lhe bem. Envia calorosos abraços incluindo ao amigo Paulo Brossard.

54) Cartão – McLean – VA, USA – 08/agosto/1968Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima. Com trechos extraídos.Síntese do conteúdo: Comenta diversos assuntos referente a sua ida a Europa, que foi instrutiva e onde adquiriu di-versos livros, entre eles, Roland Barths, que lhe parece o melhor crítico francês da atualidade. Diz que está com dois projetos de livros. Pergunta sobre a família de Mario, sobre a Livraria Lima, e “de política nem pergunto...”.

55) Envelope manuscrito, rabiscado com desenho contendo cartão pessoal, manuscrito – Porto Alegre – 21/fevereiro/69Síntese do conteúdo: Além de um envelope onde Erico faz um desenho a caneta de uma figura que parece dançar, escreve jocoso: “parece o Mario Lima”.

Dentro um cartão timbrado com seu nome avisa que segue a “entrevista”. Manda abraços.

56) Cartão Postal – Paris - 31/maio/1972Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima. Síntese do conteúdo: Comentários de sua nova vida em Paris. Assuntos corriqueiros: reunião à noite em seu apartamento com diversas personalidades incluindo Lygia Fagundes Telles, Justino Martins entre outros. Comentá-rio sobre brilhante entrevista extraída do jornal “Estadão” com Altmann-Barbie e publicado pelo France Soir. Diz que participou em seminário, de Roland Barthes, que gostou muito. Demonstra carinho e intimidade p/com remetente enviando abraços à esposa Noemy e toda “tribo” (filhos).

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49Memorial Erico Verissimo

57) Carta aérea datilografada (correções manuscritas) – McLean, VA, USA – 23/junho/1972Erico Verissimo para Mario de Almeida Lima .Síntese do conteúdo: Comenta sobre seus últimos dois meses em Paris, sua arquitetura, habitantes amáveis (ao con-trário do que habitualmente se ouve), sua sofisticação e cultura, embora o clima tenha estado terrível.

58) Envelope pardo tamanho grande, manuscrito - sem dataErico Verissimo para Mario Almeida Lima. Síntese do conteúdo: Despedida de Erico, de partida para os Estado Unidos, passando pelo Rio de Janeiro para ver netos. O envelope, onde Erico escreve suas despedidas ao amigo Mario, contem mostras de “crônicas e caricaturas”, de seu pai, Luis Fernando. Escreve no envelope seu endereço nos Estados Unidos, na cidade de McLean, Virginia. Deixa abraço para Mario e “toda sua tribo”.

59) Folha datilografada (correções feitas à mão) – sem localidade – sem dataComentário sobre conto de Hemingway, onde menciona a profunda sensação de fatalidade do autor e que suas palavras e frases possuem grande significado.

60) Folha datilografada (com rabiscos e correções) – sem data e localidadeEscrito à mão: “Sobre Coelho Neto”.

61) Bilhete parte datilografado parte manuscrito – sem local e dataErico para Mario - Agradece pelos livros enviados, que foram muito úteis. 62) Manuscritos em folhas de bloco pautado amarelo – 4 Páginas – Washington, EUA Erico pede a Mario revisar cuidadosamente (“faça o sacrifício”) as últimas provas de página de seu livro “O Ataque”.

63) Carta datilografada (1 pág.) Porto Alegre, 17/janeiro/1951 – Mario para EricoMario diz ter certa dificuldade em atender os pedidos feitos por Erico (material sobre a república velha), pois existe escassez de informações.

64) Carta datilografada (3 pág.) - 23/fevereiro/1951Reporta ao amigo as informações solicitadas sobre a 1ª Guerra Mundial. Diz que esteve na biblioteca, mas que não houve muito sucesso, pois só conseguiu fragmentos de jornais reportando incidentes sem significância além de dezenas de telegramas sem nada de importante.

65) Carta Datilografada Porto Alegre – 13/março/1959Mario de Almeida Lima para Amenofis (nome fictício) - Relata o descontentamento de Erico Verissimo sobre noticias de que sua ida a Portugal teria sido a convite da Secretaria de Informação do governo de Salazar.

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66) Carta datilografada - 10/fevereiro/1972Avisa Erico de que o jornal “O Estado de São Paulo” (Estadão) solicita-lhe uma entrevista, decorrente do sucesso de seu livro Incidente em Antares, que está entre os 5 mais vendidos do último mês.

67) Carta datilografada – papel timbrado do jornal “O Estado de São Paulo” (5 pgs) - Sem dataMario cobra a entrevista já solicitada, dizendo que o jornal é como um “monstro insaciável, que precisa ser alimentado...”

68) Carta de Mario Lima para Nilson Mignot - 14/11/1974

69) Carta de Carlos Lacerda - Rio de Janeiro – 3/agosto/1973Carlos Lacerda conta que foi convidado (“como você já deve saber..”) a escrever as biografias de Julio e Francisco Mes-quita, do Estadão. Solicita a Mario sua ajuda na forma de coleta de informações bibliográficas para essas biografias.

70) Carta Original de João Neves da Fontoura para Erico Verissimo (sem data)Diz que já pode dar como concluído seu trabalho referente ao 1º volume das Memórias. Fica feliz em saber que Erico já tem matéria para seu 3º volume de trilogia.

71) Cópia de Carta de Erico Verissimo para Dr. Paulo Brossard de Souza PintoPorto Alegre, 5 de Novembro de 1974 - Erico avisa que quer deixar público seu voto para Paulo Brossard como senador da república nas próximas eleições.

72) Fortuna Crítica – Erico nos Jornais “Correio da Manhã, Rio de Janeiro” – Artigo de página Erico Verissimo – 1/2/1958.“O Estadão” – Suplemento Literário – 14/1/1973.“O Estadão” - Suplemento Literário – 11/3/1973.“O Estadão” artigo de página – “Erico Verissimo sepultado, o Rio Grande de Sul de luto. Autor já consagrado no seu tempo” – 30/11/1975.“Folha de São Paulo Ilustrada” – “Erico Verissimo, música ao longe...” Perdemos o melhor homem do país. Além de grande humanista, era uma pessoa de caráter inabalável, mantendo sempre a mesma posição com relação aquilo que pensava” – Jorge de Andrade – 1/12/1975.“Jornal do Brasil” Artigo de página – “ Um Certo Erico Verissimo” – 23/10/2004.Artigos diversos sobre Erico, Entrevistas e Suplementos Literários de Jornais gaúchos: Zero Hora e Correio do Povo, em diferentes períodos de tempo.“Caderno D” Artigo de meia página – “Noite” de Erico Verissimo – 06/08/1955.“Maria Inês” – Texto de Erico Verissimo.

73) Foto Erico Verissimo

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51Memorial Erico Verissimo

74) Renner – Homenagem a Henrique Maia, no Renner – 09/07/1948

75) Capitão Rodrigo – Fotos durante a filmagem do filme: Capitão Rodrigo – 22/06/1970

76) Foto Erico na Editora Globo

77) Casa do Erico – 36 provas de negativosVisita Gilberto Freyre, Paulo Brossard e Mario de Almeida Lima.

78) Foto da Vitrine da Globo Vitrine observada por transeuntes com a carta de Erico endereçada a Paulo Brossard, de 5 de novembro de 1974, afixada no vidro.

79) Foto com dedicatória a Mario Lima

80) Apólice de Seguro de Erico Verissimo

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O livro de contos Fantoches foi publicado em 1932. Segundo o próprio Erico é “desigual e vale apenas como caderno de exercícios de um escritor que busca o seu rumo. É um coquetel em que

entraram os seguintes ingredientes: Anatole France, Henrik Ibsen, Oscar Wilde, Bernard Shaw, Rabindranath Tagore – enfim, todas as influências dominantes de minhas leituras dos dezoito aos vinte e cinco anos.”

Este livro tem uma história editorial interessante. Foram vendidos 400 exemplares dos 1.500 publicados. A sobra, um incêndio queimou, o que significou lucro para a editora e para o autor, porque a seguradora pagou o prejuízo.

Em 1972, nas comemorações de 40 anos de vida literária de Erico Verissimo, Fantoches teve uma edição especial com anotações do autor. O exemplar de trabalho compõe o Memorial.

Fantoches

Acima:Fantoches e Outros Contos

Edição Comemorativa, 1972

Página ao lado:Fantoches

Primeira Edição, 1932

Original do livro Fantoches,edição comemorativa, contendo anotações

de desenhos do autor na margem, 1972

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53Memorial Erico Verissimo

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Em 1965, Erico Verissimo publica O Senhor Embaixador, aproveitando sua experiência como Diretor do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana (Secretaria da OEA), em Washington, EUA.

O romance tem como temática central o problema da dominação políti-ca e econômica dos Estados Unidos sobre os países latino-americanos sub-desenvolvidos, na década de 1960. É dividido em quatro partes: “As credenciais”, apresentação do mundo diplomático de Washington, nos EUA, e as relações políticas e pessoais que se estabelecem neste ambiente; “A festa” narração da solenidade de apresentação do novo em-baixador da República do Sacramento, Gabriel Heliodoro Alvarado, à comunidade diplomática de Washington; “O carrossel”, onde se conhece a rotina do serviço diplomático e da vida dos habitantes de Washington; e “A montanha” mostra a ação das forças revolucionárias ao desem-barcarem em El Sacramento com o propósito de derrubar o presidente Carrera e as conseqüências desta revolução: Gabriel Heliodoro vai para seu país lutar contra os rebeldes ao lado do presidente, e Pablo Ortega y Gasset une-se aos revolucionários.

Erico costumava desenhar durante o processo de escritura de seus textos, ora nos próprios originais, ora em folhas avulsas separadas. Para a criação deste romance, ele desenha um mapa, localizando o país, El Sacramento, na América Central, onde se passa a segunda parte da história.

“Godkin soltou um prolongado suspiro, junto com uma baforada de fumaça. “Ruth, querida Ruth! Se tivesse visto como eu vi, há quase 35 anos, na Sierra de la Calavera, as caras moças e curtidas de vento e sol de Juventino Carrera e Gabriel Heliodoro Alvarado! Quanto entusiasmo e coragem naqueles peitos! Quantas idéias libertárias naquelas cabe-ças! Que brilho de esperança e quantas curiosidades, apetites e pro-messas naqueles dois pares de olhos! Eles queriam libertar seu povo da tirania, estabelecer a justiça social... No entanto, vê, minha querida, o que eles são agora...” (O Senhor Embaixador, p.202-3)

O Senhor Embaixador

Acima:O Senhor EmbaixadorPrimeira Edição, 1965

Página ao lado:Mapa de “El Sacramento”

Traçado original do autor, 1964

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55Memorial Erico Verissimo

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No auge da Ditadura Militar no Brasil, Erico publica, em 1971, Incidente em Antares, libelo a favor da liberdade e da democra-cia. Apesar da censura prévia, que obrigava escritores e artistas

a submeterem seus originais a chefes de polícia para que aprovassem a publicação, Erico, juntamente com Jorge Amado, jamais se submeteu a tal arbitrariedade e assumia perante seus editores total compromisso em relação a sua obra. Para este romance, a editora preparou um cartaz pu-blicitário que dizia: “Num país totalitário, este livro seria proibido”.

No verso do mapa de Antares, aparece a primeira cronologia pensada por Erico para a organização dos fatos. Nela, as personagens Pulquéria, Tristão e Angelito morrem na sexta-feira, dia 14, e têm seu cortejo fúne-bre no sábado, dia 15; Erotildes e Boêmio morrem dia 15 e chegam ao cemitério dia 16; enquanto Demóstenes e Anarco morrem dia 16 e che-gam no mesmo dia ao cemitério. O ladrão agiria dia 16, na madrugada de domingo; dia 17 haveria a marcha dos mortos sobre Antares, os quais retornariam ao cemitério na tardinha da segunda-feira, dia 18.

Não é possível precisar em que momento Erico altera essa cronologia, mas o fato é que, nos esboços, já aparecem as datas que permanece-rão até o livro publicado. Tal alteração tem uma relação direta com a realidade brasileira, pois no dia 13 de dezembro, de 1968, foi assinado o Ato Institucional n.5. A data não é, contudo, o único elemento que o autor modifica. O elenco de personagens, pensado inicialmente, incluía um menino, Angelito, que foi descartado e substituído pelo pia-nista Menandro Olinda.

Incidente em Antares

Acima:Incidente em Antares

Primeira Edição, 1971

Página ao lado:Mapa de Antares

Traçado original do autor, 1971

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57Memorial Erico Verissimo

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O mapa representando a praça de Antares, dese-nhado por Erico Verissimo, é o primeiro material elaborado especificamente para o romance e tem sua origem diretamente ligada à história pensada por Verissimo durante a caminhada com a esposa. Além de ser a concretização visu-al das coordenadas espaciais da segunda parte de Incidente em Antares, o mapa já apresenta alguns indícios da trama, pois, através de ca-minhos pontilhados, Verissimo nos conduz aos deslocamentos das personagens. Saindo da Rua do Cemitério, conseguimos acompanhar a caminhada dos mortos, que voltam a suas casas antes de se dirigirem para o coreto da Praça. As-sim, seguimos os passos de Pulquéria, que vem do cemitério, passa em casa e vai para o coreto; de Angelito, que também obedece ao mesmo sistema; de Anarco, que vai até o local indicado como “Boemio’s” e depois para a praça; e de alguém, não identificado, que vai até a cadeia, ao Bar e, depois, para o coreto. Os pontilhados demonstram que algumas idéias já estavam presentes na concepção inicial do romance e permaneceram até sua versão final editada. Por exemplo, os deslocamentos dos mortos pela ci-dade, voltando a suas casas para “acertarem as contas”, primeiro em âmbito privado e, posterior-mente, em público, denunciando, assim, a podri-dão de todas as relações, desde as familiares até as sociais e as políticas.

Acima:Incidente em Antares

Original do autor, 1971

Página ao lado:Incidente em Antares

Original do autor, 1971

Page 57: Memorial Erico Verissimo

59Memorial Erico Verissimo

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O Continente

O primeiro romance da trilogia, publicado em 1949, narra a formação do Rio Grande do Sul, a partir das Missões Jesuíticas e da chegada dos primeiros imigrantes ao, então, Continente de São Pedro. Ana Terra vem com a família de Sorocaba, SP, e Pedro é um missioneiro. Ana e seu filho, Pedro Terra, juntamente com a família Amaral, serão os responsáveis pela fundação de Santa Fé. Bibiana, filha de Pedro, casa-se com o capitão Rodrigo Cambará, dando início à linhagem Terra Cambará. Ana Terra e Capitão Rodrigo são personagens ícones da literatura brasileira, representativas do povo gaúcho. O Continente já foi adaptado para teatro, cinema e tv e é a obra mais conhecida de Erico Verissimo.

O Tempo e o Vento

A trilogia O Tempo e O Vento é considerada a obra prima de Erico Verissimo. Composta de O Continente, 1949, O Retrato, 1951, e O Arquipélago, 1961-62, recupera a história do Rio Grande do Sul de 1680 a 1945, através da saga das famílias Terra e Cambará.

Acima:O Continente

Primeira edição, 1949

Página ao lado:O Continente

Original do autor, sem data

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61Memorial Erico Verissimo

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O Retrato

A história de O Retrato, publicado em 1951, se passa em Santa Fé no início do século XX e tem como personagem central o Dr. Rodrigo Terra Cambará. O romance explora a dualidade em diversos sentidos: o lento processo de urbanização de Santa Fé em contraste com a cultura rural; o gosto refinado e cosmopolita do Dr. Rodrigo em oposição à persona-lidade rude de seu pai, Coronel Licurgo, homem do campo de hábitos simples, o que gera conflitos permanentes entre os dois. O próprio Dr. Rodrigo é um homem complexo: por trás de seu refinamento e de sua urbanidade se esconde o típico macho gaúcho, com toda a carga de preconceitos e de atitudes agressivas. É o irmão Toríbio que concilia as duas posições, tentando manter a harmonia entre pai e filho. Pintado pelo espanhol Don Pepe Garcia, o retrato está pendurado na parede da sala do Sobrado, revelando igualmente a complexidade do Dr. Rodrigo, cuja personalidade cambiante não corresponde ao retratado, na opinião do próprio pintor.

Acima:O Retrato

Primeira edição, 1951Capa de Luis Fernando Verissimo

Página ao lado:O Retrato

Original datilografadoe manuscrito

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63Memorial Erico Verissimo

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O Arquipélago

A terceira parte da trilogia é publicada em dois tomos, em 1961 e em 1962, no momento em que o público já nem esperava mais a continu-ação da saga da família Terra Cambará, devido à saúde frágil de Erico, convalescente de um enfarto. O Arquipélago tem a parte inicial de sua ação no Rio de Janeiro, acompanhando a carreira de Deputado Federal do Dr. Rodrigo, e a parte final em Santa Fé, com toda a família reunida para acompanhar os últimos dias do patriarca. Os filhos Floriano, escritor renomado, Jango, casado com Sílvia, responsável por cuidar da fazenda, o Angico, Eduardo, aventureiro e sonhador, e Bibi, casada com Marcos Sandoval, juntamente com a esposa Flora, assistem a despedida do Dr. Rodrigo, que se considera um afortunado por ter tido uma vida intensa. Floriano, ao lado da tia Maria Valéria, passa a morar no Sobrado para escrever a história de sua família, fechando o romance com o parágrafo que o abre em O Continente: “Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé, que de tão quieta e deserta parecia um cemitério abandonado.”

Erico Verissimo costumava datilografar seu texto em espaço 2, para ter a possibilidade de fazer suas anotações. Nesta página do manuscrito de O Retrato, as rasuras indicam três campanhas de escritura: 1. com caneta esferográfica azul; 2. com caneta esferográfica preta; 3. com lápis crayon azul e vermelho. Observe a frase datilografada “Eta primavera bem bra-ba!”. Há, primeiro, a substituição de “primavera bem braba!” por “tempi-nho brabo!”, em caneta azul, e, depois, a substituição de “ETA” por “Ooô”, com caneta preta. Para arrematar, Erico substitui as letras minúsculas por maiúsculas de “Rosa dos Ventos”, em crayon vermelho, e de “Naquela”, em crayon azul, criando uma espécie de moldura para o capítulo, proce-dimento este que repetirá ao longo de todo o manuscrito do romance.

Acompanhar o processo de criação de Erico Verissimo mostra o quan-to o texto literário é fruto de trabalho árduo, que envolve pesquisa, descartes, acréscimos, avanços e recuos, que são detectáveis através das rasuras em seus manuscritos. O romance publicado é apenas a pon-ta do iceberg deste processo, revelado pelos documentos relacionados à criação de O Retrato.

Acima:O Arquipélago 1

Primeira edição, 1961

Página ao lado:O Arquipélago 2

Primeira Edição, 1961

O Arquipélago 3Primeira Edição, 1962

Anotações para pesquisado Livro Arquipélago

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65Memorial Erico Verissimo

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Genealogia da Família Terra Cambará

Maneco

Maneco Terra Henriqueta Terra

Ana Terra Pedro Missioneiro

Pedro Terra

Bibiana TerraJuvenal Terra

Arminda Terra

Jonas Terra

Florêncio Terra

MariaValéria

Page 65: Memorial Erico Verissimo

67Memorial Erico Verissimo

Cap. Rodrigo Cambará

Aguinaldo Silva

Francisco Nuno Rodrigues

José Borges

Maria Rita

Juvenal Alice Terra

ToríbioCambará

Floriano Eduardo Alicinha Bibi Jango

Rodrigo TerraCambaráO Retrato

FloraQuadrosCambará

Ondina Leonor Anita Bolívar Luzia Silva

Licurgo Cambará

Page 66: Memorial Erico Verissimo

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Em 1954, entre a publicação de O Retrato e O Arquipélago, Erico lança a novela Noite, que acompanha a caminhada de um desme-moriado pelo submundo noturno de uma cidade portuária. A obra

não teve uma acolhida muito positiva, porque o público esperava a continuação de O Tempo e o Vento. Mesmo assim, o próprio autor a coloca como uma de suas obras preferidas: “Se eu tivesse de escolher um só livro para ser julgado, indicaria o primeiro volume de O Tempo e o Vento. Se me dessem a oportunidade de incluir outro, acrescentaria Incidente em Antares, O Senhor Embaixador e Noite.”

Noite

Acima:Noite

Edição comemorativa – Ilustração Danúbio Gonçalves

NoitePrimeira edição, 1954

Página ao lado:Original do autor

Page 67: Memorial Erico Verissimo

69Memorial Erico Verissimo

Page 68: Memorial Erico Verissimo

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Acima e Página ao lado:Bloco de Notas

Planejamento e esboços para o livro Noite

Page 69: Memorial Erico Verissimo

71Memorial Erico Verissimo

Page 70: Memorial Erico Verissimo

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Em 1973, Erico Verissimo publica Solo de Clarineta, seu primeiro volume de memórias, a partir de uma breve autobiografia que havia escrito para a editora José Aguilar. O segundo volume sai

postumamente em 1976, organizado por Flávio Loureiro Chaves. O próprio Erico explica a origem das memórias: “Em 1966, a Editora José Aguilar preparava-se para lançar em cinco volumes, em papel de Bíblia, a minha FICÇÃO COMPLETA. Como eu estivesse então nos Estados Unidos, sem outra tarefa importante além da de brincar com meus netos, decidi escrever uma AUTOBIOGRAFIA COMPACTA, para ser publicada com os seis volumes da Aguilar... Dei à autobiografia comprimida o título de O Escritor diante do Espelho.”

“O importante é que um dia despertei para a mais doce das realidades: a de que tinha encontrado o lar perdido. Concluí que a linha melódica de minha vida tinha sido, fino modo, uma busca da casa e do pai perdidos. Ali estava a casa. Os quadros, os móveis, o espaço geral, a gente que a visita, os amigos, os visitantes inesperados. E o pai. Também isso, esse proble-ma estava resolvido. Em O Arquipélago eu tinha feito as pazes no diálogo entre Floriano e Rodrigo Cambará. E agora eu descobria que me havia tor-nado o pai de mim mesmo. Não se trata apenas dum jogo de linguagem. Então dei a busca por terminada. Isso significa que não preciso depender de ninguém para o meu sustento, seja matéria ou espiritual. Gostaria de saber o que meu filho pensa de mim. Tento agir de modo a não transmitir a necessidade de buscar um pai.” (Solo de Clarineta 1)

Solo de Clarineta

Acima à Direita:Solo de ClarinetaPrimeira edição,

1973

Abaixo à Direita:Solo de Clarineta 2

Primeira Edição, 1976

Página ao lado:Solo de Clarineta

Original datilografado e manuscrito com

desenhos do autor

Page 71: Memorial Erico Verissimo

73Memorial Erico Verissimo

Page 72: Memorial Erico Verissimo

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Em 1936 Erico cria o programa de auditório para crianças, Clube dos Três Porquinhos, na Rádio Farroupilha, a pedido de Arnaldo Balvé. Dessa idéia surge a Coleção Nanquinote na editora Globo, a

partir do bonequinho, desenhado a nanquim por ele próprio para o livro Fantoches. O DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo, exige que o autor submeta previamente àquele órgão as histórias apresentadas no programa de rádio por ele criado. Resistindo à censura prévia, encerra o programa em 1937. Outra reação ao nacionalismo ufanista da ditadura Vargas se faz sentir na versão paradidática da história do Brasil em As Aventuras de Tibicuera.

A produção de Erico para crianças concentra-se na década de 1930, coincidindo com a infância de seus filhos, Clarissa e Luis Fernando.

• A Vida de Joana D’Arc – 1935

• As Aventuras do Avião Vermelho – 1936

• Os Três Porquinhos Pobres – 1936

• Rosa Maria no Castelo Encantado – 1936

• Meu ABC – 1936

• As Aventuras de Tibicuera – 1937

• O Urso com Música na Barriga – 1938

• A Vida do Elefante Basílio – 1939

• Outra Vez os Três Porquinhos – 1939

• Viagem à Aurora do Mundo – 1939

• Aventuras no Mundo da Higiene – 1939

Infanto-Juvenil

Acima:Desenhos do autor

para o livro Fantoches

Página ao lado:Primeira edição dos

livros Infanto-juvenil

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Acima:Original do livro Fantoches,

edição comemorativa, contendo anotações de desenhos

do autor na margem, 1972

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Espaços Expositivos

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Espaços Expositivos

A reunião dos acervos documentais de Mario de Almeida Lima e de Flávio Loureiro Chaves e do acervo bibliográfico de Waldemar Torres deu origem ao Memorial Erico Verissimo. Isso foi possível graças ao cuidado e dedicação desses três intelectuais que foram também amigos do escritor gaúcho.

A criação do Memorial deve-se, igualmente, ao empenho da coordenação do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo para que esta ideia se concretizasse na parceria entre o Grupo CEEE e o Grupo Gerdau, que acreditaram na importância do material reunido.

O Memorial Erico Verissimo é composto por originais, correspondências, desenhos, cadernos de notas, fotos, fortuna crítica, primeiras edições da obra do escritor, que comprovam sua constante dedicação à literatura, seja como autor, editor ou tradutor. Seus manuscritos e documentos de processo mostram a importância do trabalho de criação para chegar a ser o grande escritor que conquistou o Rio Grande do Sul, o Brasil e o mundo.

Ao criar o Memorial em seu prédio na Rua da Praia, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo recupera sua vocação literária, já impressa no nome dado em homenagem ao autor de O tempo e o vento. O Centro Cultural assume, assim, a tarefa constante de preservar, difundir e engrandecer a memória de Erico Verissimo que se confunde com a própria memória do povo gaúcho.

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Rua dos Andradas, 1223Centro Histórico • Porto Alegre • RS

Fone: 51 3226.7974 • 3226.5342

www.cccev.com.br

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo

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