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yrv, í3 I I {o{.'-',G I T/LEMOzuA Atl as, C. oleeçãa*_D ocumento/monumento, Foss il, Memória, Ruína/r.ìt^G- Todo .o animal é, a panir de um determinado grau d.e organiza- ção, portador d.e rnuitas memórias.A Eemoria da especie,, que todos CIs seres vivos possuem; esã) graças à effi d,esdobrada do ;;;t.i -]arur'b genéticoem que está inscrita, garanre que a forma inicial r.1" rÇtiãã r?y;,r,,7, e, por consequência, se reprodutza, a rnenosque uma.ïnutação, origem i)'e..,;.,,:2 de algo de novo e imprevisto, venha pernrrbar este processo. A memó-. ,.;_, ,ria representada pelo sistema de defesaimunologica@ f *T lembrança de como o organismo é ameaçado por vários agenres bnvq atl 'patogénicos, iembrança que permite reagir de maneira adequad.aa *Y@ novos assaltos de inimigos já conhecidos. A memória individ.uai, ,ri^^*^@ entidade, velocidade e acúmen progridem @volvi- mento e da complexidade do sistema nervoso; esra memória permite ' l{rutar_ certos comportamentos aprendidos quando se apresenta uma sttuaçao a que estes comporcamentos estão associados. Este último tipo de memória adquire no homem dimensões e possibilidades novas pelo facto de ele procurar objectos e (iomunicar com os seus seme- lhantes e com o mundo não apenas ati'avés dos órgãos dos senddos mas também através da linguagem. I rata-se. tanto Í rrata-se, tanto-nos animais como no homem, de estadosdo sistema nervoso provocadogpelo contacto com seres.obffi tos, que _subsistem ainéa quando o ele{nento que os originou desapa- receu _hL um período -de tempo rnais ou menos longo. A narureza destes estados é desconhecida; segundo algumas s e qesconnecloa; segundo algumas hlpoteses, conslstem ões da esü'utura molecular de células nervosas ou de uma rolecular dg células,nervosas ou de uma hipo' nery modificaçõesda estnrtura rr P0MIAN/ Kr lgÍof' Memória' In:^ Enciçloprádia Einaudí. usboa: Imprensa Nacional, casa da Moeda, 2000. v.42 (siste*iti.ã), p. s07_516. Jq loslo+ t t. I i em içgl"t destas células. Seja como for, porque os caracteres categona qartlqgtqr d.esras células. adquiridos ao longo da ontogénese não podem ser rransmitidos por hereditariedade, o conteúdo de uma memória individual desaparece, tratando-se de um animal, com o indivíduo .rue é seu portador. Para o homem, as coisas-acontecem de ouüo Dq.'.. ,, porque gs vestígiosdo Fassado podem ser uansmitidos sob a forma'd.e criaçõesexteriores ao_ pno mo. ca de uma existênciaautónoma em relacão a esteúltimo.Eocaso dos que passam {e narrador em narrador

MEMÓRIA - POMIAN, Krzystof

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Page 1: MEMÓRIA - POMIAN, Krzystof

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T/LEMOzuA

Atl as, C. oleeçãa*_D ocumento/monumento, Foss il,Memória, Ruína/r.ìt^G-

Todo .o animal é, a panir de um determinado grau d.e organiza-ção, portador d.e rnuitas memórias. A Eemoria da especie,, que todosCIs seres vivos possuem; esã) graças à effi d,esdobrada do ;;;t.i -]arur'bgenético em que está inscrita, garanre que a forma inicial r.1" rÇtiãã r?y;,r,,7,:;,e, por consequência, se reprodutza, a rnenos que uma.ïnutação, origem i)'e..,;.,,:2+,de algo de novo e imprevisto, venha pernrrbar este processo. A memó-. ,.;_,,ria representada pelo sistema de defesa imunologica@ f

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lembrança de como o organismo é ameaçado por vários agenres bnvq atl'patogénicos, iembrança que permite reagir de maneira adequad.a a *Y@

novos assaltos de inimigos já conhecidos. A memória individ.uai, ,ri^^*^@entidade, velocidade e acúmen progridem @volvi-mento e da complexidade do sistema nervoso; esra memória permite

' l{rutar_ certos comportamentos aprendidos quando se apresenta umasttuaçao a que estes comporcamentos estão associados. Este últimotipo de memória adquire no homem dimensões e possibilidades novaspelo facto de ele procurar objectos e (iomunicar com os seus seme-lhantes e com o mundo não apenas ati'avés dos órgãos dos senddosmas também através da linguagem.

I rata-se. tanto Írrata-se, tanto-nos animais como no homem, de estados do sistemanervoso provocadog pelo contacto com seres. obffitos, que _subsistem ainéa quando o ele{nento que os originou desapa-receu _hL um período

-de tempo rnais ou menos longo. A narurezadestes estados é desconhecida; segundo algumass e qesconnecloa; segundo algumas hlpoteses, conslstem

ões da esü'utura molecular de células nervosas ou de umarolecular dg células,nervosas ou de umahipo'nerymodificações da estnrtura rr

P0MIAN/ Kr lgÍof' Memória' In:^ Enciçloprádia Einaudí. usboa: ImprensaNacional, casa da Moeda, 2000. v.42 (siste*iti.ã), p. s07_516. Jq loslo+

t

t.I

i

em

içgl"t destas células. Seja como for, porque os caracterescategona qartlqgtqr d.esras células.adquiridos ao longo da ontogénese não podem ser rransmitidos porhereditariedade, o conteúdo de uma memória individual desaparece,tratando-se de um animal, com o indivíduo .rue é seu portador. Parao homem, as coisas-acontecem de ouüo Dq.'.. ,, porque gs vestígios doFassado podem ser uansmitidos sob a forma'd.e criações exteriores ao_

pno mo. ca de uma existência autónoma em relacão aesteúl t imo.Eocaso dos que passam {e narrador em narrador

Page 2: MEMÓRIA - POMIAN, Krzystof

MEMOzuA

conservando a sua identi4a4e, à excepção de algumas poucas vanan-

rcs, e e tambem o caso dos SIIIe!, @!9:, guadlos, escllllulAl,erc. E estes vários tipo s

o oassado que os homens conseryam. *.T-'*Yr RúLírlui xsdo oassado que os homens conseryaff . w&su!&r4ãLwt| D

ffie rermo q.,.r.*õd.rignarMfragmçnto de ur4 1-f.g.glp1objç,crg,.inaqlffiç**çs.ço..rrio u5na imagem, objectr@ ( üf^Íews

ffi,ç,,.,seç,,uansmitido de individuo para indivíduo, dç geração parat '-l('tívt.üa,Ft+ü'c"lcà*

Wpgã,p* ImaKns e relíquias apresentam-se ambas sob a forma de ( d.,- e'ta (Ãv

coisas. e ambas se encontram nas colec!âneas. nas colec \Tn r,.dna-recisament.

" .orr.t"çãò obiectiva cla meruória especificamente huma-

'tr*o<tryl''íEJegiL

na que é a memória colectiva e transseracional.A capacidade para conseryar sinais e vestígios do que pertence em

si a um passado já rernoto não é uma característica exclusiva dos seresvivos. Em determinadas circunstâncias, qualquer corpo se revela capaz

de consewar as marcas dos seres que se encgnlgnas proximidades

ou de acolher e proteger os seus restos. Ot hfott.irf descobertos nas

enranhas da Terra e gu€, desde tempos antiquíssimos, são reunidos

nâs colecções, constituern precisamente ess.as rnarcas e esses restos)imagens e relíquias dos seres vivos desaparecidos, das bactérias até aos

hominídeos. Atribui-se, no entanto, à Terra uma memoria apenas em

sentido metafórico, querendo dizer que conserva os vestígios do Seupassado. Efectivamente, a memoria é também a capacidadê, -e.9!a-slmexclusiva dos seres vivos - ou de criaçõeq do homelq c_o{rcg_b,idas-,propositadamente para esse fim-, de reconstruir uma situação mais

ou menos análoga à já verificada no momento em que o ser, ou o

objecto, agora presente sob a forma de residuo, possuía ainda toda a

sua complerude originária. No caso de um animal, é a capacidadepara imitar um comportamento associado a uma siruação que já expe-

rimentou e na qual volta . a encontrar-se.

' lrer os seres, os objectos ou os acontecimentos vistos ou_ ob__servados no _ I

passa49:I A ememóriar é, em suma, o que permite a um ser vivo remontart4

I no tempo, Iebgtonar-se, semprg mantendo-se no presente. com o pas-t sado: conforyle os casos, exclus

,4

espécie, coqr. o dos outros indivíduos. No entanto) esta subida notempop.*" ' 'u i torestr i t ivas.És.*p ' . indi-^Vl)( f rKDAwrecta; com efeito, entre o presente e o passado interpõern-se sinais , /

o "

vestígios rnediante os quais -e só deste modo- se pode compreen-/ N^_"^ r,.der o passado; ffata-se de recordações, imagens, relíquias. E s.*pr./ ïV\gp40gt*irnperfeita, pgr-que o pasl{l-o tão po4e, em circunstânçia alguqla, qçI {Rat)Çg1nnfNrns'nplesmente restituido na integra, e toda a reconstmÇão é sempre. : ' i.L rc44a peta sto verifica-se por maioria de tazã'o $FqgffiSì .(.Lil^i

rdações pessoais' @das .lr ï -."ï[^,ffiçry,,la1 @t,@{Fe.$em-es:;qqgterffi:.:.xllffiL-.gp@ç:.gârte de' D(cbÍIf ' .?_

Sürc;n F**a#,

508

\ItíIIIti

7"4"^W€'a

üraPspú

nxnÁnne

4

\é igualmente a capacidade para repetir os comportamentos aprendidos,

lmas também de ressuscitar as impressões ou os sentimentos já vividost -' ou de os deièièvèi õialmente; é além disso a capacidade para descre-

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509 MEMOzuA

fantasia. E, por maioria de razão, é assim quando a reconsrrução d.oÌ , . -^^ ' -" , - ' " t

. r " ' , r^rsrv laq uv raz4\J) L dòòl l l l qual Ì ( - l ( ) a feCOnStfUçãO dO

' lUhoy* j tpassado se funda em vestígios, imagens ou reiíquias que são os supor-

1".,,.,,|, '2-^!^n,r'sïT:i: ' tacolectivaoutranSgeracional.Í.-ff i ì '*-:tr&,Ë_' t ' tv i i i /píL 'vt" q- - : . t t " ' ìa Sublda no tempo prat icada peia memória e no entanto a unica

' ' i ' a que temos acesso. Em part icular, todos os nossos conheci . ' ,ênÌ^cí . l . { /1 , ; fLAt loJt ^^^:^^ ;^-^, :

- ï "" ' ; ï 'Hqrqwqral t

L\ . ,Lr \ r r . uò r IUSsOS COOfÌeCl.rrurrLUb

/v,h t t t; ;: Ì'; * r{ í ã:i' . s;. 5;:ïi",.,,t#ïil,0:'";.'ï JJ" : : : J "ü:ï :;, ffiy'{,u nvnLyrr{,r*, tgdos .os coJrhecimentos. em suma, -ua{z".t ve* g& ti", to oo.4g* t.t ob,i€l- *trr"r

^or ifóiiãirl

-à a .d"."**r"

monumentos. de todos os *:*jrn_boq, pqr- assim dizer, recorda_colectivif tuou, 4t l,ua*, ç rr:,L

Ii

üwv'à4'irv\a;4lnt) {ryul e

r I l .

f*-rtv YlÁr ,l.el7wí\"t(-

III

,

f- IJm acontecimento: urn ser ou um objecto ìóixatii nu-m inãivia-O IJ:"..com

ele tenha entrado em contacto uma marca tantCI m"is p.o_ /\- tunda quanro mais o aconrecimenrg, q tçr" qtr q g_bjecto gra ilsojito, {i " ' "* 'e9*d-q- ' . -çgp-agtosoEff i , ïãã*,emboraiesistentes.

' esbatem-se. Por isso se inventaragl vários sistemas para conservar as_^-_, ,1^_:- r ._ _*:_=_*=_*:J:-- .==:*_rLLvi\ravvç-òJ r-{r4-lì,l9ilH9II}9J}-!Ç-,Et9s$lYÇlr

-8e n1Qêp_A pgQçf tJal}qmili-lasqos outroq, garantindo-lhes assim uma duração perene. Na úaii.",

recorda o mais lon ente

prática,ível. de r transmiti

gsta arte da memória é uma arte da linguagem: ensina . .o.rr.*-ar as

r^:Ts*vlW'Ü ËAL

diferente da individual. Mais precisamente, a memória colectiva era | , ".,"'.'-çgttltttuida por um,a sucgssão de..mçmÉqiqs iBdiylduqis. cada üma delqqituídarec-ebendo -as-rgcordaç9es_ das outras e conservando-as como suas. rttri*,

ffi

ç4_dq indjv!çlgo idqqtificavl-se, íèrri aisso se a"r conra! com os seus^sv^rs4^rvq y q ov, oçl l l t r lòòl j òç (*_*---__- , . .s91

? . *-e -!"q*igtntt-e-p*qn"otó rr*"

China antigos, às colecções nos templos ou nos oalácios

Reç:,gvìq$. memoria colectiva e üansgeracionalx, começa a assumir as carac-/.

terísticas particulares com " "pà*.iffi-";

da ccqlggçf,o+: conjunto de'.objectos naturais ou arcificiais afastados d.os circuitos de utilização,colocados sob uma protecção especial e expostos. A partir desse mo-

iT.".ro, Lnqqqlg:1ê-lolectiva colq:egle=aa-qu_irir ,=g,p_o.è-r_{fergntes dosícérebros dos i"ai"ídüõ: É-ìüGéã=tr.ôã.iãco que as corecções se- : . . - - - ' - - " '

tnsram não apenas nas relâções entre o aquém e o além mas aindanas que unem os mortos aos vivos, o passado ao presente. por outraspalavras, é preciso que sejam expostas não apenas ao olhar dos deusese dos demónios mas também dos homens. É, pois, a passagem dascoleções enterradas em sepulturas, por exemplo as do Egipto ou da

' porquanto

dotada de meios de transmissão que..a torrÌam comple.'- nente diferen-te da memória do indivíduo. Porque, a parrir do mom'ehro em que as

--)cglecções são exposta dqç homens, cada obiecto nelas contido

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MEMOzuA 510

pode ser comparâdo com outros similares e todos podem ser confron-

tados com os objectos adoptados na vida de todos os dias. 9gg.1<.r.

1'"{f i*'!-Iaoos cotn os ou)cuLU5 i4LrupLdLr\_rò r Ì4 v lL la LrL Lvuvo vo urqr. vurÕç - lI

então a possibil idade de perceber a diferenÇa entre os objectos provg- f{

)

Á,/llv'v/W.' -Enüt))6'}

eslabelecer uma reLação com o passado de que provêm. lgra obter esta Iqualificação, os obiectos devem sair do circuitg. das acrividades utilitári-

)as, se é qúé alguma vez nele estiverarn inseridos, ,ou para passarem a.

4, ou para serem degradados, para se loma- i

rem restos; neste caso . são promovidos a obiectos de colecção apos uq '"

munho do seu tempo enquanto concretização de uma recordação.e qué se atribua a várias categorias de

objectos a qualificação de documentos ou monumentos) ou seja, a qua-

lificação de vestígios, imagens ou relíquias através das quais'é possível

eslabelecer uma reLação com o passado de que provêm. 9ara obter esta

ualificação, os objectos devem sair do circuito das acrividades utilitári-

as, se é qúé alguma vez nele estiveraÍn inseridos, ou

período de @Q!3 fazendo parre de uma co-

ffi so entram nas relações entre o aquém e o além,como por exemplo acontece quando apreciados numa perspectiva pura-

mente estética, em relação a cânones transcendentes do belo, eles nãgsão alqda documentos ou rla.olrnggllgg S.-O quanao se cqmeça::;;.-'.:--- _ .. =*

'igr .""_çF e g9m os obiectos do mesmo tipo fabriqados no presen_!ç'

o tempo âdquire espessura pouco a pouco e, ao mesmo tempo, Ior-

mam-se, através de uma mesma serie de operações, a +memóriar colec-

tiva e O +dOCumentO/mOnumento+ que se tonfa Seu Supqrte.

lsto é válido quando se fala não apenas de objectos obtidos arti-

ficiafunenté mas ramUénn,aaq".t.t q". t.os c*,fuseiqç. Desde épocas muito remotas os fósseis chamaram a aten-

çãõì*T"mens. Mas, &;S*qtg muitíssimo tempo, eram considçradqs

mhmrsdo como c dg_lggg:3g, FTam inseri-dos em colecções e admi o que constituía também uma rnaneira

e o além. Havia que mudar de atitude

, Pelo contrário) como monu-

mentos aravés dos quais pode ser revelado o passado da Terra- Tam-

bém neste caso, comparando os fósseis enüe eles e com os vestígios

deixados pelos animais e as plantas hoje vivas, foi possível estabelecer

pouco.a pouco a sua sucessão e medir os int@por,or. pest. *odo a *.*ó{iu ie ?um passado anterior ao aparecimento da ie hurnana, e ao mesmo

bém. de categoria tomando-se, de uma

curiosidade que eram! os suportes da memória, monumentos: vest_:i919!-curiosidade que eram, os scuriosidade que eram, os suportes da memona, monumen-tos: vesugros-t .

Ate agOra não Se nomeou ainda a escrita, embora tenha uma

importância capital para o que nos interessa. Efecdvamente' ela serve

deiae as origens não apenas para comunicar com os deuses por' meio

da adivinheção ou das inscrições que lhes são dedicadas mas também

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çãcdif,umvirt

para traní .itir mensa-r\ . /--mais tardeì

s-homens quer como supomosr viverãoresentâ uma verdadeirainvenção da escrita

vlra de formação da memori :. a partir de

.21

lp

Page 5: MEMÓRIA - POMIAN, Krzystof

MEMORTA 512

É8.lthlÌ

!rl-r

ii . .

Entre os vários tipos de documentos escritos devemos citar esse

docurnento muito panicular que são as cartas geográficas e as çolec-ou seja, os atlas.. Fruto cie numerosas via-

f f ieSdeexploração,demedições,deumaquant idadede estudos destinados a elaborar métodos para projectar numa Super-

ficie plana um sector da superfïcie do glogo tenestre com os seus

vários acidenres, o ratlas+ regista e transmite uma historia plu{4imen-

sional e muito complexa. Conta à sua maneira um passado, o passado

que rerrntna com a realização do atias. Descreve também terras, mui-

tas vezes muito distantes e de dificil acesso. Através do atlas é, pois,

representado também o lado invisível do tempo e do espaço. O ca-

rácter peculiar e o excepcional interesse dos mapas e dos atlas para

uma investigação sobre a memória colectiva devem-se precisamente ao

facto de os documentos deste tipo porem em evidência a dimensão

espâcial das coisas representadas, dimensão que outros documentos

tendem a descurar ou pelo menos a não tornar tão explícita. E isto,

se bem que a memória colectiva e transgeracional, exactêmente corno

a memória individual, coloquê sempre as suas recordações num espaço

determinado e que essa localização seia tão importante como a loca-

lização temporal, sobretudo quando Se trata de proceder a uma re-

construção do passado.

' -Fr r

ciais senão quando chega a esta lgçlnstruç4gr-ê 1-

. tes do l. do esta ch u ate nos em

estado de ruína; mas o conceito de jnfÍqa/res!êq[o.G_õrrelativas deve Ser tomado numa acepção muito ampla. De

qualquer vestígio, seia uma imagem ou uma relíquiar^

*g.4o em que é sempre e necessariamente @çry*Wueeste carácter de parcialidade depende, na grande maioria dos. casos, decJrçunstânciãSconcomitantes,dependedoacaso.@. ì

ue mostra urn a do resenta. um únicoo critérios que as mais das vezes não'pqnto de vista escolhido_ segundo critérios que as mais das vezes nã

são os nossos,-_v- i

os nossosr - l

ramente obscuros. De resto, ainda que um Ser, um acontecimento ou

um oUieètó sejam representados por muitas imagens, essencialmente

nada muda, porque perrnanecem sempre numerosgs aspectos que Se

,revelam iremediavelmente destruídos.'Quanto às relíquias, fragmentos

|ou pedaços de seres vivos ou i3g po. defini-'ção parciais. Porque é uma imagem, ou relíquia, ou ambas as coisas

ao mesmo tempo, todo o +documento/monumento. é necessariamenteparcial. É ,r*t ruína, corno de resto toda a recordação. E, sJ tn[eres-

Sa. é porque permite conservar uma relação cqlq-o pgssado e tambÉln

PqQç te remontar no tempo e enleqllal_a da completudeida.i'Permite

prado deì= modo, o terrno 'reevocação' indica evidentemente

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U,operações rnuito díspares. Reevocava-se o passado caindo em êxtase

Page 6: MEMÓRIA - POMIAN, Krzystof

Àtl?r

/ /Ãb^â/4, /z- ]wtzvu,$a' ?^

Núwi^. (u.aLíwt ,.far@

0b pa/rrÀ/t

MEMORiA

agora, oe uma d,u ração seguinte já não se tr?nsmirem apen

5i l

as tradicões or" i r : .po. rm ludo, . , po. oaue, Ìão

podem .falar senão l.tambem textos, eros)eeasuaacumula_€.ao ao lonÊo .do rempo que permite mrrclpr rnrì icntrnenre Tìïaface ao passado.

*' i-cansnyr:Írg*-t f No mundo da tradição oral, que não conhece a escrita, dá-se

, t' 0rnl , .p$r*t*r, rL lnecessanamente uma identificação enfte aquele que narra uma historia

. ,1t f r f i r | ,v i r l ' , ,y ,oY}n!^d.opassa99' .oautor.dessahistór ia.'1 t"r ' . i | . , i l " , i t , t l t l t * ] . . ,^ . i ** : . , . ' . . :Y. ' -o".Y1Ll 'EbòdI l ' IULuna.ryaprenderahis-

:,"-;-::. , ,1'"ì""i^ ^'- l 'ód",s"btt tttl 'a.gì{1r, . , ; " lW:

' : o ,- ^-.L' ---,.

,.. rJ"- i"ns o.T1'*''*

4o jornaq:se impercepdveis,-"sslúii, I o que retira a este intervalo de tempo toda a espessu;a e leva a

I identificar os seus terÍnos como se o período qu-e eles deiimitam fosse- |

privado de realidade. A idade da narrariva, se é que dela se tem

I consciência, âparece então como urna realidade sem rempo: uma apro-

I ximação do aiem mais do que uma referência cronologica.

I çã9"*4ff-ç9jx"L Durante um longuíssimo #"dõ-ãã ,.-pó ãicolhiam-se; I materiais ffiicularmente resistentes ao desgaste para servirem de su-' I P--9-*9**q-o-q -qsçlttgq.. Por isso, ao Tongo ãos anos, estei-ãõffiïõst 'l acumulam-S€ no significado mais literal d.o termo; enchem as colecções: I especializadas na conservação, ou seja, bibliotecas e arquivos. Deste

I modo pieenchem de conteúdo o intervalo de tempo ao longo do qual

| ::o produzidos e concretizam a sua duração, rornam-na visível.i r I Tomam-na até mensurável se dverem a mínima data ou outra indica-r .l tão cronológica, mesmo sumária 'e dificil de interpretar. Mas ainda

I g:ão a"t"aorr o. .a." l

ì 'l , exactamente como oS omonumentos., de que são afins, e podem

I a-- - r - - - - -_

) '[ constatar-se as suas variações em funcão do temDo mal se orocede a: | .o*p"t"çõ.s *"i Além.disso, é necessário organizar esras' . l^|aa*-^-^^i^^^---^- :^r-rrõ-<

' it ïdìsl$trYf iíÌtd3-tr f

r\o rnunoo oa traolçao oral) que não conhece a escrita, dá_se, t' 0rnl , .;,$r*ü* 4L lnecessanamente uma identificação enfte aquele que narra uma historia

. ,1t f r f i r | iv i r ' ' ' , i ' . "J] ]1|" : ï j " : : "o"eoautordessahistór ia.' . lrou-,*.., rJ' *ï-*' I '"d",S"btt ttt i tl*-"?-Jff"ï;

)s para.tudg,. a.st'b-st u.,i*içr@

, ;;;_ Ãe;*, /3ttt.

inevitável pelo facto de urna cadeia contínua de intermediários-':r*:-l ' -

^'" / l tgar o autor ao último intérprete da sua obra, e.esra conrinuidade não,y*

lf *:

I permite perceber quão longo é o intervalo de rempo que os separa: as

- L nwd4v,t" d" \ úqr"çõ.s rgrinç?qel q" ttiqq+ gã ry4q1 qlgu?llg lç

,?rra'.,r"rr+{$fu ,%u \ não diroô. õffiIasïom uma

"t1:"at 1/t"",,: F, ï . ' , ' ! f ' * - r loqueseparaopresentedoDaSsa-

s I comparações, o que não é simples. Ter um grande "ffi. I tos escritos ainda não basta para esse Íim, ernbora seja uma condição

I ...1 "ecess,ária. Ao. contrário da tradição oral, na qual a relação enrre o

3. I passado e o irresente ê, imediata, porque o segundo é apenas um) .'l nrolongamento do primeiro, o que no limite permite a sua idenrifica-r | Ção' ssibilidade de percebe. as

diferenças enffe passado ef, -_l qlrerenças eq!!e passaÕo e presente, supostos àal

I rirru"l*.rt. .rã" réri" *rir o.r *.rro, ro.rg" d. irrr..*.diá.ios' t

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Page 7: MEMÓRIA - POMIAN, Krzystof

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5t3 MEMORTA

diante de objectos considerados como tendo pertencido a esse passadopara de novo recitar as cenas que se julgava terem ocorrido no mo-mento original. E reevocava-se sempre o p?lsado durante ag celmó,.ligior". qrl. f"" *t"t

".ò.t..i*..rto,ocorridos há milhares de anos. Nestes dois casos, evidentemente) esra-p ..r.",. . _e_1rng_4!q!S aqqrm

o sendo, nao se tena ido supor possível uma transposiçãou espiritqal_gnge q prilqgirq_e_o_-sezund_o, Neste sentido, seria maisexacto, a propósito de todas as reevocações lirurgicas do passado, falarnão já de subida no tempo, mas, francamente, de abolição do 1empo.De facto, tudo acontece como se o intervalo que nos separa dosacontecimentos de fundo não tivesse realid?4e algj!ryr, _oq_ll:lg_g_e_no_!como se a perdesse no *.9,:!lq1l?nto esta

.é celebrada, o ternpo permanecesse em _suspens_o. Aqui 3_ee'rlorrq.icoleçciva é considerada como sendo-çApgzle transformar, em determi-inadas condiçõeS, rqnoê-reçgrdaçãg, uma imagera ou uma relíquia. numapresença real, de efectuar mais

ção do passado.do que uma reevocação: uma ressurre_i-

Durante muito tempo, também a história se fundou na definiçãoda

'relação entre presente e passado enquanto relação imediata e na

convicção de que, tratando-se de acontecimentos de que não puderaser testemunha ocular, fosse dever do historiador anbtar simplesmenteas relações daqueles que a eles assistiram, assumindo a sua responsa-bilidade e, portanto, identificando-se com os seus autores. Aqui sereencontra a atitude face ao passado que era própria da tradição oral,mas que vigorara durante muitos séculos mesmo no mundo da escrita.A mesma atinrde fundada na assimilação implícita do passado a um.além manifesta-se na atribuição de carácter sagrado aos objectos decolecção, quer' do ponto de vista religioso quer do ponto de vistaestético. O abandono da praxis de uatar os escritos como se perten-cessem à tradição oral e os objectos de colecção como se fossemobjectos de culto levou a güer com o tempo, a história se tivesseuansformado, na teoria e na prática, e se houvesse formado a memó-ria colectiva e transgeracional consciente, que não pode ter relaçõescom o passado senão através de recordações materializadas: documen-tos, monumentos, fósseis, ruínas, etc.

O aparecimento do problema do restauro, da reconstrução do es-

tado fisico originário de um objecto, e mais em particular de umâ

obra de arte, faz parte deste mesmo processo, como dele faz parte o

problema de estabelecer o significado original de um texto ou de

qualquer siguificante, e o problema de Íeconstruir, parrindo dos fos-

seis, a estruülra e o aspecto dos seres vivos de que constituem. âs

relíquias. A princípio o restauro limim-se aos textos e às obras dosAntigos, que se querem assimilar tal como se supõe que fossem na

origem, e isto dá lugar a todo unr--trabalho de comparação:'compa-ram-se as diferentes cópias do mesmo manuscrito e diversas obras. queapresentem semelhanças evidentes; vir-se-á assim a perceber pouco a

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pouco como certos caracteres varlam) e a lorÏnar as senes de textos oude objectos classificados por ordem cronologica. Note-se que se prati-cam os restauros apenas em objectos provenientes de epocas extrema-mente valorizadas, ou por outras palavras, objectos que representamum passâdo que seria born ver reviver. Durante muito tempo conside-raram-se como dignos de serem restaurados apenas os objectos greco-

-romanos, mas bem depressa se deu em restaurar os manuscritos me-dievais, importantes para as controvérsias jurídicas, teológicas ou políticas.

Só no século passado se começou a restaurar a vasta escala osmonumentos medievais. E só nos nossos dias se chegou ao ponto detirar tod.o o género de conclusões da iddia de que se não pode esta-belecer uma relação com o passado senão imediata, e do coroláriodesta idéia; constituído pela constatação da impossibilidade de conside-rar como nulo e não. existente o intervalo que separa todo o presentedo seu passado. Procrrra-se, pois, actualmente restaurar os monumen-to$ respeitando as transformações que sofreram ao longo da sua histó-ria ou, pelo menos, tentando manter os seus vestígios, em vez de'osâpagar simplesmente como dantes se fazia. Também assim se procura

. pôr em evidência as partes restauradas de um objecto para que ressal-tem das que be conservaram no estado original. Insiste-se deste modono carácter imperfeito, lndllgçlg incerto dessa subida no tempo qgq étoda a obra de restauro.

Vimos a pari passa a evolução dos processos seguidos para restabe-lecer o significado de um iexto ou de uma obia de arte, e que são emtudo e para tudo comparáveis aos utilizados para o restauro dos mo-numèntos, com a simples diferença de que se üata neste caso derestabelecer uma interpretação que se perdeu e, portanto se lida, nãocom objectos materiais, mas com a linguagem. Com o passar doteinpo, a convicção de que todo o textô tenha um sentido originário,bern determinado, únicor-que basta descobrir, atenuou-se até ao pontode ter desaparecido quase inteiramente nos nossos dias. Tende-sedoravante a ter em conta todos os múltiplos significados que se' justa-

'puseram a uma obra ao longo da sua existência histórica. Privilegia-se,ponanto, na. mesmg obra o carácler. ?berto, eue p.ermitiu yáriSs leiras, cada uma das quais pode ser parcialmente explicada. Adaptam-seassim as regras da hermenêutica à idéia de uma relação necessariamerÌtemèdiata com .o passado, à exigência de ter em conta o que se fez emtorno de uma obra no intervalo de tempo que nos separa do momen-to em que nasceu.

O suporte material da rmemóriao colectiva e Eansgeracional, cons-tituído pelos documentos, monumeltrtos, obiectos de colecção, livros eatlas, fósseis e ruínas, enriqueceu-se no século passado com uma gran-de quantidade de elementos novos. Foram encontrados graças a umapesquisa sistemática, eü€ os -lescobriu em lugares por vezes insuspeitados,por exemplo-"em gnrtaà, ! devem-se a achados casuais algumas dasmais sensacionais revelações do nosso tempo, as quais lançaram novaluz sobre importantes sectores do passado. Novos elementos foram

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também adquiridos graças ao aperfeiçoamento das técnicas, sobretudo as4" 4^!"çã"r q.r. rransfolmara

qrima nemcoqt i!3s nelLjom ouüa. Terrirelios que, aré há pou

l ,@r.g--ecqaao,yg.do,intqiros engolidos pelo tempo reemergiram à supe4íc_i_e. Mas o facromais extraordinário das úirimas décadas e a prodigiosglllilla_çêa deduração da espécie humana. Q passadg grclq,q-g .qa qç_!qé_rl,e_ ç:o_lectiva é

_do qtç*&l-- a:nlg;lgq-m en re.Por outro lado, este passado está presente em medida nruito.maior,

E está presente emsentido absolutamente literal onde se descobrem vesríqios atá entãnqgterrados, constituindo arqueódromo-s o_g_lq&[:ji! p!oqçgd,qs_g_o_.jare_rior das própnas cidades, onde se restauram edifícios antigos ou se

cob.nos ã.ee, grlam n?uqqqq e ss_grultiplilam. as exposições. E está presenre ram-oem na mectlda em que os restauros, as reconstnrÇões e as rein ,qÇões, cuio número cresõ-õffiãeções. concretizadas nos obieçros, põem de novo em circulaç4o, =ô-:ç_óIrièúàòda me ia, legitimam cgrtas consequências que erão influenciaros nossos comportamenros_hrrulq!. A soci %:::::ry--"-

em que vlvemos, vrra-da__pAla o futuro, rnantém no enranto com o do, as

o eram p4" ãr_qqçi=qd_ q".gl!g. De facto, esras rela-

ções fundam-se, não numa uadição que age de maneira èspontânea,sem que alguém cuide de perpetuá-la, mas num programa explícito deconservação dos suportes materiais da memória colectiva e da suarestauração no seu estado original sempre que possível. por isso a

:nossa rnemória, mais rica do que nunca, é também muito mais vuhJ| Á a -5 a É- E--Èv svg Àlgvvg ges vvÀaI

'içcturas eqonómicaq, poljligrs e milirares. Feiizmente, difunãe-se cada- ' - '%." ' "*J

^ 'b." ' "È

ryência d.-_qrg, entre as nossas obrigaçõejgeraçoes ocupa um de honra o dever

ue mos em inúmeras col . Pode-esperar que, se o não-ìê viï-ieduzido dentro em

pouco ao estado de fóssil e a globalidade do seu património ao estadode ruína, os nossos sucessores enconrrem na sua memória documentose monumentos suficientes para formarem ideias muito claras acerca donosso presente tornado o seu passado. lrc. p.].

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