119
MAESTRIA EN CIENCIA DE LA EDUCACIÓN MELHORIA DO ENSINO DE DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE ANÁPOLIS, GOIÁS, E NAS UNIVERSIDADES FORMADORAS DE PROFESSORES DIANTE DAS DIFICULDADES QUE ENFRENTAM NA ATUALIDADE FLAVIA REGINA LEITE Asunción Py 2013

Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

  • Upload
    vandien

  • View
    216

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

MAESTRIA EN CIENCIA DE LA EDUCACIÓN

MELHORIA DO ENSINO DE DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS

MUNICIPAIS DE ANÁPOLIS, GOIÁS, E NAS UNIVERSIDADES

FORMADORAS DE PROFESSORES DIANTE DAS DIFICULDADES QUE

ENFRENTAM NA ATUALIDADE

FLAVIA REGINA LEITE

Asunción – Py

2013

Page 2: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

FLAVIA REGINA LEITE

MELHORIA DO ENSINO DE DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS

ESCOLAS MUNICIPAIS DE ANÁPOLIS, GOIÁS, E NAS

UNIVERSIDADES FORMADORAS DE PROFESSORES DIANTE DAS

DIFICULDADES QUE ENFRENTAM NA ATUALIDADE

Dissertação apresentada à Faculdade Educacion Universidade Americana para obtenção de título de Mestre em ciências da Educação.

Orientador: Prof. Dr. Diosnel Centurion

Asunción – Py

2013

Page 3: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

L533 LEITE, Flávia Regina

Melhoria do ensino de dança na educação física nas

escolas municipais de Anápolis, Goiás, e nas

universidades formadoras de professores diante das

dificuldades que enfrentam na atualidade / Flávia Regina

Leite, 2012.

nº de folhas: 106

Disertación de Maestría en Ciencias de la Educación. Universidad Americana - Asunción - Paraguay.

1. Educação. 2. Processo de ensino. 3. Educação Física. 4. Dança.

CDU

377

Page 4: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

MELHORIA DO ENSINO DE DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS

ESCOLAS MUNICIPAIS DE ANÁPOLIS, GOIÁS, E NAS

UNIVERSIDADES FORMADORAS DE PROFESSORES DIANTE DAS

DIFICULDADES QUE ENFRENTAM NA ATUALIDADE

por

FLAVIA REGINA LEITE

Asunción, de de

Aprovado com o grau: _______

Banca Examinadora:

_________________________________________

Prof. Dr. Nome do Presidente da Banca

________________________________________ Professor (a) Dr (a). Nome do 2º componente da banca

_______________________________________ Professor (a) Dr (a). Nome do 3º componente da banca

Page 5: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a DEUS, a quem devo tudo o que sou. Ao meu orientador, Professor Dr. Diosnel Centurion, pela paciência, pelas sugestões, por ter acreditado na realização desta pesquisa e confiado em meus ideais. À Universidade Americana e ao Instituto IDEIA. Aos professores, colegas e todos os integrantes do curso de ME 1.1/11 de Ciência da Educação, que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão desse trabalho. Aos colaboradores da prefeitura municipal da cidade de Anápolis, Goiás, pela oportunidade de realização da pesquisa e pela colaboração na coleta de informações. À minha família, pelo eterno orgulho de nossa caminhada, pelo apoio, compreensão, ajuda e, em especial, por todo carinho ao longo deste percurso. Ao meu namorado pela paciência pelo carinho, compreensão e pela grande ajuda. Aos profissionais e amigos da Educação Física pela cumplicidade, ajuda e amizade por querer sempre estar desenvolvendo grandes projetos para melhoria das aulas na rede municipal de ensino. Aos amantes das artes em especial a Dança, que foi por essa grande paixão que me fez acreditar na possibilidade de realização deste projeto. Sobretudo, muito obrigada, Mateus Miranda, pela quase coautoria desta pesquisa.

Page 6: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

RESUMO

Com este trabalho, pretendeu-se determinar o que deve ser melhorado no ensino de dança, na Educação Física, nas escolas municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades que preparam os professores, diante das dificuldades que enfrentam na atualidade. Foi realizada uma pesquisa descritiva de abordagem mista, entrevistando-se professores de Educação Física e alunos para se conhecer o interesse em ensinar e aprender dança e no que essa modalidade de atividade pode auxiliar no desenvolvimento do aluno no ensino fundamental. Verificou-se que a dança é uma ferramenta educativa que ajuda no desenvolvimento dos movimentos corporais, oferecendo autonomia e concentração aos educandos, tornando o processo ensino-aprendizagem mais prazeroso e criativo, melhorando as relações sociais e havendo, por parte dos alunos, grande interesse. Com relação aos professores, eles ressaltaram as dificuldades enfrentadas, uma vez que durante o curso de graduação a dança é pouco explorada, havendo necessidade de buscar formação complementar. Concluiu-se que esta análise indica a insuficiência na formação dos profissionais da área de dança afetando a modalidade dentro da educação física escolar. No entanto, o presente estudo pode servir como diagnóstico para ações das escolas da rede municipal da cidade. Palavras-chave: Dança; Educação Física; Escola; Ensino Aprendizagem. .

Page 7: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

RESUMEN

El objetivo general del presente estudio fue “Determinar que aspectos mejorar en la enseñanza de la danza y la educación física en las escuelas de Anápolis, Goiás y las dificultades que enfrentan las universidades formadoras de profesores. Para ello, se siguió el diseño no experimental, tipo descriptivo y enfoque mixto, entrevistando a profesores y estudiantes de Educación Física para conocer su interés por el baile en el proceso de enseñanza aprendizaje, asimismo, destacando que este tipo de actividad puede ayudar en el desarrollo del estudiante en la escuela primaria. Los resultados mostraron que la danza es una herramienta educativa que ayuda en el desarrollo de los movimientos del cuerpo, ofreciendo a los estudiantes autonomía y concentración, haciendo que el proceso de aprendizaje sea más divertido y creativo, mejorando las relaciones sociales, despertando en los alumnos un gran interés. Los profesores, por su parte, acentuaron las dificultades que enfrentan en la enseñanza, ya que la danza es poco explorada durante el curso de pregrado, por lo que es necesario buscar formación adicional. En conclusión, este estudio indicó una falla en la formación de profesionales de la danza, el cual afecta a la enseñanza de la educación física. Sin embargo, este estudio puede servir como un diagnóstico de las acciones de las escuelas municipales de la ciudad. Palabras clave: Danza; Educación física; Escuela; Enseñanza Aprendizaje.

Page 8: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

LISTA DE GRÀFICOS

PÁG.

Gráfico 1 - Sexo dos professores de Educação Física pesquisados ........................ 61

Gráfico 2 - Idade dos professores ............................................................................ 62

Gráfico 3 - Sexo dos alunos ..................................................................................... 62

Gráfico 4 - Faixa etária dos alunos ........................................................................... 63

Gráfico 5 - Ano que frequenta .................................................................................. 64

Gráfico 6 - Tempo em anos que trabalha com Educação Física .............................. 64

Gráfico 7 - Modalidades trabalhadas nas aulas de Educação Física ....................... 65

Gráfico 8 - Frequência das aulas de Educação Física na escola ............................. 66

Gráfico 9 - Modalidades praticadas nas aulas de Educação Física na escola ......... 66

Gráfico 10 - Gosto pela dança .................................................................................. 67

Gráfico 11 - Tipo de dança que conhece ................................................................. 68

Gráfico 12 - Dança na Educação Física ................................................................... 69

Gráfico 13 - Dança para o corpo e para a mente ..................................................... 70

Gráfico 14 - Benefício da dança ............................................................................... 71

Gráfico 15 - Quem pode dançar ............................................................................... 72

Gráfico 16 - Conhecer culturas através da dança .................................................... 73

Gráfico 17 - Apresentação de dança na escola ........................................................ 74

Gráfico 18 - Matéria de Dança ................................................................................. 74

Gráfico 19 - Frequência de aulas de dança no ano .................................................. 76

Gráfico 20 - Gêneros/Modalidades de dança trabalhados ....................................... 76

Gráfico 21 - Dificuldades para ensinar dança na escola .......................................... 78

Gráfico 22 - Tipos de Conflitos ................................................................................. 79

Gráfico 23 - Arte reconhecida como disciplina ......................................................... 81

Page 9: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

LISTA DE QUADROS

PÁG.

Quadro 1 - Porque trabalhar a Dança nas aulas de Educação Física ...................... 75

Quadro 2 - Qual a motivação para trabalhar tais modalidades? ............................... 77

Quadro 3 - Limitações com relação à Dança na formação de Educação Física ...... 79

Quadro 4 - A formação acadêmica possibilita trabalhar de forma teórica e prática

nas escolas de maneira crítica, fundamentada e significativa? ................................. 80

Quadro 5 - O que representa a obrigatoriedade do ensino da Arte nas escolas? .... 81

Quadro 6 - Nos PCNs a arte faz parte do currículo e a dança foi formalizada como

linguagem artística. Pode explicar se você acredita que a dança nas suas várias

qualidades e diversas formas pode ajudar na educação das crianças do ensino

fundamental? ............................................................................................................. 82

Quadro 7 - Qual sua opinião se a dança fizesse parte da Educação Física escolar

no ensino fundamental? ............................................................................................ 83

Quadro 8 - Inclusão da realidade escolar do aluno aos conteúdos de dança

trabalhados na escola ............................................................................................... 83

Quadro 9 - Relação Dança-Ensino-Sociedade? ....................................................... 84

Quadro 10 - As danças populares resgatam a identidade cultural de um país? Por

quê? .......................................................................................................................... 85

Quadro 11 - Dança fazendo parte do currículo escolar no ensino fundamental ....... 86

Page 10: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

LISTA DE SIGLAS

LDB Lei de Diretrizes e Base

MEC Ministério da Educação e Cultura

PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais

s.d. Sem Data

Page 11: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

SUMÁRIO

PÁG.

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

CAPÍTULO I – O PROBLEMA .................................................................................. 14

1.1 Situação-Problema .......................................................................................... 14

1.2 Objetivos .......................................................................................................... 14

1.3 Justificativa ...................................................................................................... 15

1.4 Questões de Estudo ........................................................................................ 15

1.5 Hipótese ........................................................................................................... 18

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA ........................................................... 19

2.1 A Dança ........................................................................................................... 19

2.1.1 A dança na história .................................................................................... 20

2.1.2 A dança no Brasil ...................................................................................... 20

2.1.3 Características .......................................................................................... 21

2.2 A Importância da Educação Física .................................................................. 26

2.3 A Dança na Escola .......................................................................................... 31

2.3.1 Dançando na Escola ................................................................................. 37

2.4 O Papel do Professor....................................................................................... 39

2.4.1 Os Parâmetros Curriculares e o Professor ................................................ 39

2.5 Rudolph Laban ................................................................................................ 45

2.5.1 Separação entre arte e educação ............................................................. 46

2.5.2 Propostas educacionais ou método Laban? ............................................. 48

2.5.3 Teorias e Práticas desenvolvidas por discípulos de Laban ....................... 49

2.5.4 A Dança Educativa .................................................................................... 52

2.6 A Dança: Repensando o Ensinar e o Aprender ............................................... 53

2.7 A Dança nos Documentos ............................................................................... 54

CAPITULO III - METODOLOGIA .............................................................................. 57

3.1 Delimitação do estudo ..................................................................................... 57

3.2 Modelo, Tipo e abordagem da pesquisa .......................................................... 57

3.3 População e amostra ....................................................................................... 58

3.4 Instrumentos .................................................................................................... 59

3.5 Coleta de dados ............................................................................................... 60

Page 12: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

CAPITULO IV - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 61

4.1 Análise descritiva dos dados ........................................................................... 61

4.1.1 Características gerais dos professores e alunos ....................................... 61

4.1.2 Conhecimento da área de estudo ............................................................. 64

4.1.3 Interesse pela Dança ................................................................................ 67

4.2 Análise inferencial dos dados .......................................................................... 86

CAPITULO V – CONCLUSÕES E ECOMENDAÇÕES ............................................ 93

5.1 Conclusões ...................................................................................................... 93

5.2 Recomendações ............................................................................................ 100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 101

APÊNDICES ........................................................................................................... 106

APÊNDICE A – Questionário Professores ........................................................... 107

APÊNDICE B – Questionário Alunos ................................................................... 112

ANEXOS ................................................................................................................. 116

ANEXO A –Termo de Consentimento Livre Esclarecido ..................................... 117

Page 13: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

12

INTRODUÇÃO

A criança, ao entrar na escola, traz um conhecimento amplo a respeito de

seu corpo, mas nem sempre despertado. A criança nasce, desenvolve-se e

cresce, vivenciando experiências através do próprio corpo, que é o meio para

explorar e conhecer o espaço em que vive, interagindo com as pessoas que a

cercam. Em todas as fases de seu desenvolvimento, observa-se a importância do

corpo para expressar emoções. Não é possível ouvir uma música sem que seu

corpo a traduza em movimentos. Antes de o homem falar, ele dançou. Através do

movimento ele se comunicou com os seus e com a natureza. A dança ligada à

música foi a primeira manifestação humana, pois já na pré-história era uma forma

de comunicação, religião, divertimento e conhecimento. Assim, a dança não

poderia ser uma forma de educação?

Entre os professores pesquisados, percebeu-se, em sua maioria, que

acreditam ser importante a introdução da dança como uma forma de educação,

por proporcionar a socialização entre alunos e professores; favorecer a

interdisciplinaridade; despertar o interesse dos alunos pelas aulas, entre outras

razões.

Este trabalho está subdividido em cinco capítulos, para facilitar o

desenvolvimento do tema.

No primeiro capítulo deste trabalho, descreveu-se o problema encontrado

com relação ao ensino da dança no ensino fundamental nas escolas da cidade de

Anápolis, Goiás; e o porquê da importância deste estudo e as hipóteses

levantadas sobre como a dança pode ajudar no desenvolvimento do processo

ensino-aprendizagem.

No segundo capítulo, através de pesquisa bibliográfica, procurou-se fazer

um breve histórico da dança, sua origem, seus estilos e características. Analisou-

se, também como ela pode ajudar no desenvolvimento motor do educando, no

desenvolvimento das aulas de educação física e demais disciplinas. Além disso,

como a dança pode ajudar a superar preconceitos e aceitar o diferente.

No terceiro capítulo, através da metodologia utilizada, será mostrada a

delimitação do estudo, o tipo de pesquisa, a população e amostra, além dos

instrumentos utilizados para a pesquisa e a coleta de dados.

Page 14: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

13

No quarto capítulo será apresentada a análise dos resultados obtidos na

pesquisa, com apresentação de gráficos e tabelas, a interpretação desses

resultados alicerçados na revisão bibliográfica e dos próprios resultados.

No quinto capítulo serão apresentadas as conclusões e recomendações, a

partir do tema desenvolvido, em resposta aos objetivos propostos, se confirmando

ou não a hipótese de a dança ser uma forma de educação.

Page 15: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

14

CAPÍTULO I – O PROBLEMA

1.1 Situação-Problema

É no ensino fundamental que se desperta e desenvolve de forma mais

concreta a linguagem, a criatividade na criança. Seu lado crítico também deve ser

despertado, para que venha a se tornar um indivíduo bem inserido em sua

comunidade, sabendo defender seu ponto de vista fazer valer sua opinião. E, para

isso, os educadores vêm buscando formas mais atrativas e dinâmicas para o

desenvolvimento da linguagem, da expressão e do raciocínio.

Sabe-se que a dança é uma maneira das mais divertidas para ensinar, na

prática, o potencial do corpo humano. Enquanto se movimentam, os alunos

aprendem sobre a noção de espaço, sobre o desenvolvimento físico, a se

sociabilizar, pois cada um precisa respeitar o espaço do outro, além da linguagem

corporal como outra forma de expressar seus sentimentos, rompendo, muitas

vezes, com a timidez.

Diante disso, quais os aspectos que devem melhorar no ensino de dança, na

Educação Física, nas escolas municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades

que preparam os professores, diante das dificuldades que enfrentam na

atualidade?

Diante desses questionamentos, e pela pouca bibliografia encontrada sobre o

tema decidiu-se por esta pesquisa, para se buscar subsídios entre alunos e

professores, para saber como utilizar o ensino da dança nas aulas de Educação

Física das escolas municipais de Anápolis, Goiás.

Para a pesquisa foram entrevistados professores de Educação Física e alunos

para se conhecer o interesse em ensinar e aprender dança e o quanto essa

modalidade de atividade auxilia na sociabilização entre alunos e professores e na

interdisciplinaridade.

1.2 Objetivos

Determinar os aspectos que devem melhorar no ensino de dança na

Educação Física nas escolas municipais de Anápolis, Goiás, e das Universidades

que preparam os professores, diante das dificuldades que enfrentam na

atualidade.

Page 16: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

15

Os objetivos específicos são:

1) Identificar os limites existentes no processo de ensino da dança na

Educação Física das escolas municipais da cidade de Anápolis – GO.

2) Verificar o nível e preparação dos professores que lecionam aulas

de dança.

3) Verificar os métodos e técnicas de ensino, utilizados pelos

professores.

4) Descrever a infraestrutura onde se desenvolvem as aulas e práticas

de dança.

5) Identificar a relação entre dança-ensino-sociedade.

1.3 Justificativa

Por que inserir a dança como matéria curricular? Como trabalhar a dança

dentro de um contexto escolar? Basta ter dança escolar na escola? Como

transformar o aluno do ensino fundamental através da dança em um indivíduo

criador e pensante de posse de uma linguagem transformadora?

Dançar é uma das maneiras mais divertidas e adequadas para ensinar a

expressão corporal. Quando movimentam o corpo, as crianças aprendem a se

socializar com o grupo, quebrando a timidez. A criança toma consciência do corpo

e tem relação com o espaço.

Este estudo é relevante, pois desde que a dança passou a ser obrigatória,

de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), busca-se entender

o porquê da dificuldade de se colocar essa determinação em prática. Se a

resistência era por parte dos alunos, dos professores ou das escolas.

Assim, com esta pesquisa pode-se ter um maior esclarecimento do que

ocorre no dia-a-dia e quais a dificuldades que deverão ser superadas, para que tal

determinação, efetivamente, faça parte da grade escolar.

1.4 Questões de Estudo

A dança enquanto um processo educacional, não é apenas aquisição de

habilidades, mas pode contribuir para o aprimoramento do movimento, no

desenvolvimento das potencialidades humanas e sua relação com o mundo.

Page 17: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

16

O uso da dança como prática pedagógica favorece a criatividade, o

processo de construção de conhecimento. Sabe-se que a dança é um conteúdo

da cultura corporal de movimento, um conteúdo da Educação Física. Mas, por

meio da literatura e de pesquisas realizadas, observou-se que na formação dos

professores de Educação Física este conteúdo tem apresentado dificuldades,

prejudicando seu futuro ensino nas escolas.

A dança enquanto conteúdo escolar está presente na legislação brasileira,

nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), inseridas na área tanto de

Educação Física quanto de Artes, mas não como uma disciplina à parte, no caso

de aula apenas de dança, ministrada por um profissional, cuja formação se dê na

Licenciatura de Dança. E, no que está determinado nos Parâmetros Curriculares

Nacionais, sendo a dança um conteúdo da Educação Física, é necessário que

essa formação seja garantida aos profissionais, para que se estabeleça a

presença e a qualidade da dança como conteúdo escolar. Além da Dança ser

estudada em sua própria graduação, "ela é compartilhada pela Educação Física e

por outras áreas do conhecimento" (EHRENBERG, 2003: 46), ou seja, ela pode

ser estudada em outras graduações, como é o caso das Artes Cênicas, Educação

Física e Artes Plásticas. O que significa que além dos graduados especificamente

em Dança, os licenciados em Educação Física, Artes Cênicas e Artes Plásticas

também são capacitados para ministrar aulas de dança no ambiente escolar.

“Mestres experientes sabem que a pratica da Educação Física nas escolas

completa e equilibra o processo educativo, o que nem sempre sabem é que, entre

todas as formas de exercício, para esse resultado as mais completas se

apresentam pela dança” (GIFONI, 1973: 13).

A aplicação da dança pelo professor devera ser feita através de suas

experiências criativas ou pela redescoberta da expressão estética do movimento,

pelas possibilidades de comunicação não verbal com seus semelhantes através

da dança, o que possibilitará tornar a dança disponível para o máximo possível de

pessoas, sem o caráter elitista fazendo que cada um possa dançar dentro dos

limites de sua capacidade (NANNI, 1995,133).

O professor, fundamentado nos princípios da dança criativa, proporciona

ao aluno atividades que podem estimular, motivar, desenvolver e comunicar

ideias e movimentos; fazendo uma interação entre as crianças e o ambiente.

Page 18: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

17

Estas atividades estimulam a capacidade de solucionar problemas de maneira

criativa; desenvolvem a memória; o raciocínio; a socialização; autoconfiança e

autoestima; fazendo com que o indivíduo tenha uma melhor relação com ele

próprio e com os outros.

Os conhecimentos obtidos dentro desta sala de aula são levados para a

vida, pois o indivíduo é resultado de sua genética, do meio em que vive e das

atividades que executa (GALLAHUE e OZMUN). João Francisco Duarte Jr. (1988)

também argumenta que "através da arte o homem encontra sentidos que não

podem se dar de outra maneira senão por ela própria" (p. 16), ou seja, o

sentimento e a emoção contidos nas artes permitem-nos encontrar significados

naquilo que vivemos sem intermediação da linguagem falada ou das experiências

refletidas. Para o autor, a arte não diz, ela mostra e, por isto, sua importância no

mundo de hoje: ela nos permite exprimir aquilo que sentimos e queremos.

A linguagem corporal humana é uma forma de expressão que abarca

múltiplos planos. É comunicação espontânea e instintiva, mas ao mesmo tempo

calculada. A linguagem corporal acompanha a toda expressão verbal (HALL,

1991).

A linguagem do corpo pode ser independente da linguagem das palavras

quando atua conscientemente com gestos mímicos na vida cotidiana ou no

âmbito artístico; também pode exercer a função de ação intencionada ou

movimentos que fazem abstração do gesto mímico, como na dança.

Na vida diária às vezes se utilizam os gestos mímicos esquemáticos,

técnicos, codificados ou simbólicos. A linguagem corporal é material noticiário real

e fictício, ao mesmo tempo. Por uma parte, é fisicamente concreto, mas também,

pode desprender-se do corpo.

Os elementos fundamentais da linguagem corporal: espaço, tempo,

energia, comunicação, efetuam-se num momento determinado e não são

recuperáveis com um gasto energético no espaço.

Quando se penetra no espaço do outro, sem seu devido consentimento, o

outro se vê forçado a soltar seus braços na dança ou a jogar-se para trás para

evitar contatos corporais e processos de sincronia como unidade. Também se

produzem efeitos na orientação dos corpos, pois uma coisa é um corpo frente a

outro corpo (face to face) e outra coisa é quando o corpo gira para outro lado e só

Page 19: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

18

ocasionalmente se conecta com o outro, voltando sua cabeça a sua posição

original. Quando existe rejeição corporal no baile, a mudança do corpo de sua

postura se faz evidente, isto é atua como um mecanismo sutil de interromper uma

relação espacial e afetuosa que não se quer dar.

Quando se compartilham culturalmente pontos de vista, costuma-se

produzir algumas mesmas posturas inconscientes na dança. No entanto, nas

danças coletivas de massa ou grupais em que não há coordenação ou ensaio de

movimentos, existem muitas pessoas com grande variedade de posturas, mas, o

curioso é que rapidamente sucede um fenômeno em massa de reacomodação

postural. Se um grupo de pessoas se sincroniza com o ritmo e a melodia, seja

qual for, os outros membros desse grupo também imitarão as posturas. Estes

comportamentos coletivos demonstram a necessidade que têm os organismos de

colaborar de forma simbiótica em qualquer tipo de atividade tal como fazem os

peixes e as aves quando se juntam para seu processo de deslocamento, isto é,

fazem-no como uma unidade sincronizada para poder sobreviver (RIBEIRO,

1997).

Nas danças, com surpreendente frequência, as pessoas envolvidas nestes

processos lúdicos imitam suas atitudes corporais como o movimento das mãos e

do corpo. Os corpos desta forma se movem sincronicamente ao compasso do

discurso da música e ao compasso do discurso gestual e rítmico do outro.

A complexidade deste tipo de atos corporais atravessados por uma série

de comportamentos comunicativos e lúdicos faz-nos pensar a necessidade de

sistematizar uma série de códigos comportamentais não só desde os atos de

comunicação do corpo, senão desde uma série de relações existentes entre as

mensagens das mesmas canções e a cultura do movimento do corpo.

1.5 Hipótese

Ho: “Não há melhoria do ensino de dança na educação física nas escolas

municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades formadoras de professores

diante das dificuldades que enfrentam na atualidade”.

Page 20: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

19

Hi: “Há melhoria do ensino de dança na educação física nas escolas

municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades formadoras de professores

diante das dificuldades que enfrentam na atualidade”.

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A Dança

A Dança é forma de expressão artística, tendo objeto de culto aos deuses

ou como simples entretenimento. Dança é a arte de movimentar expressivamente

o corpo seguindo movimentos ritmados, em geral ao som de música. É

considerada a mais completa das artes, pois envolve elementos artísticos como a

música, o teatro, a pintura e a escultura, sendo capaz de exprimir tanto as mais

simples quanto as mais fortes emoções.

O significado da dança vai além da expressão artística, podendo ser vista

como um meio para adquirir conhecimentos, como opção de lazer, fonte de

prazer, desenvolvimento da criatividade e importante forma de comunicação.

A dança teve forte influência nas sociedades ao longo dos tempos. Como

via de socialização e disseminação de cultura, proporcionou ao mundo o

conhecimento sobre a diversidade cultural dos diferentes povos em todo mundo,

especialmente através das danças folclóricas.

Nas escolas, a dança faz parte da área de Educação Física. Como

disciplina acadêmica, a dança integra diferentes cursos universitários ligados às

Artes e Humanidades.

Também é uma modalidade amplamente praticada em academias e clubes

para manutenção da saúde física e mental.

É uma manifestação cultural intrínseca ao homem, uma linguagem da qual

o individuo se utiliza para expressar e comunicar seus sentimentos, emoções e

valores, refletindo as relações sociais e culturais.

Scarpato (1999) diz que a dança e a música são as primeiras

manifestações humanas, sendo que na pré-história são consideradas como forma

de comunicação, de religião, de entretenimento e de conhecimento.

Page 21: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

20

Para Jorosky (s.d.) antes de o homem falar, ele dançou. Foi por meio dos

movimentos que o homem se comunicava com o grupo, com a natureza e até

mesmo com o sobrenatural.

2.1.1 A dança na história

Vicente (1986) narra que, na Antiguidade, a dança acontecia de duas

formas, sagrada e hierática, participando das cerimônias religiosas e outra

profana, dedicada aos divertimentos públicos e particulares. Na Bíblia, há relatos

que a dança era muito usada entre os hebreus e que Davi dançou diante da arca.

Silva et al. (2010) afirma que entre os egípcios também a dança era muito

utilizada. Mas foi entre os gregos que atingiu a sua mais alta magnificência, pois

fazia parte de todas as cerimônias solenes, religiosas ou civis, também de todos

os regozijos, de todos os jogos públicos, tomando todas as formas e prestando-se

a todos os assuntos.

Dos gregos, como continuam a explicar Silva et al. (2010), a dança passou

para os romanos, porém entre eles, perdeu o seu encanto e sua poesia. Sem

nenhum caráter particular, os romanos a mesclavam com a pantomima. E, com a

invasão dos bárbaros, a dança desapareceu só ressurgindo na Renascença.

Reapareceu, primeiro na Itália e em seguida na França sob formas

diversas. Datam desse período as danças chamadas Minueto, Gavota, Quadrilha

ou Contradança, Polca, Valsa e outras. Entre as antigas danças espanholas

figuram o Turdion, a Gibidana, a Pavana, a Sarabanda, a Chorona, a Seguilha, o

Fandango e o Bolero.

No início do século XX, conforme Silva et al. (2010), as danças antigas

foram suplantadas por danças de caráter internacional como o Bosto, o

Charleston, o Tango, o Samba o Foxtrote.

2.1.2 A dança no Brasil

A dança, no Brasil, originou-se dos mais variados lugares, recebendo

muitas influências de outros países, segundo Silva et al. (2010). Somado as

danças, encontram-se uma mistura de ritmos e som, que fazem as pessoas

criarem cada vez mais passos e modos diferentes para dançar.

Page 22: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

21

“As danças no Brasil são diversas em cada região, sendo as mais

conhecidas, o Samba, o Maxixe, o Xaxado, o Baião, o Frevo e a Gafieira”

(BRASIL, 2003, p. 24).

Muitos são os derivados dessas danças, conforme Verderi (1998), que

recebem influências principalmente africanas, mouriscas, europeias e indígenas.

E ainda inclui espaço para as danças folclóricas e tradicionais que vão de acordo

com cada região e localidade no Brasil como Forró, Axé entre outras. No Brasil,

também há danças mais modernas como o Funk, e de influências estrangeiras

como Rock, Pop, Pop Rock e Heavy Metal. “São muitas porque uma simples

variação de ritmo pode mudar o título do estilo” (VERDERI, 1998, p. 12).

De acordo com Silva et al. (2010), pela evolução que a dança teve ao longo

dos tempos, pode-se usufruir de seus movimentos, de sua magia, de sua

expressão e plasticidade para aprimorar esses movimentos com os alunos. A

Dança aplicada ao conteúdo escolar não pretende formar bailarinos, mas

proporcionar ao aluno um contato mais efetivo e intimista com a possibilidade de

se expressar criativamente através do movimento.

2.1.3 Características

A dança é um meio de expressão natural e espontâneo em que o corpo,

integrado com o ritmo e a música, ocupa a dimensão espaço – tempo. E veremos

que ela não é para ser entendida e sim sentida:

[...] a expressão corporal é tomada como linguagem, conhecimento universal, um patrimônio cultural humano que deve ser transmitido aos alunos e por eles assimilado a fim de que possam compreender a realidade dentro de uma visão de totalidade, como algo dinâmico carente de transformações (COLETIVO DE AUTORES, 2004).

De acordo com Steinhilber (2000, p. 8) “[...] criança que participa de aulas

de dança [...] se adapta melhor aos colegas e encontra mais facilidade no

processo de alfabetização”.

Ferreira (2005, p. 59), quando fala da importância da dança na escola,

afirma que:

A aprendizagem dos movimentos complexos da dança e de outros esportes faz com que cresçam mais conexões entre neurônios, aprimorando a memória; assim ficamos mais aptos a processar informações e aprender.

Page 23: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

22

A criança precisa de experiências que permitam o desenvolvimento de sua

criatividade, atividades que beneficiem a sensação de alegria para que ela possa

retratar e canalizar o seu humor, seu temperamento, através da liberdade de

movimento, explorando-o e permitindo que suas fantasias aflorem em seus

movimentos, numa corporeidade plena e consciente.

É através do corpo, conforme explicam Silva et al. (2010), especificamente

do corpo em movimento, que agimos no mundo, nos comunicando, trabalhando,

aprendendo e sentindo o que nos rodeia. O movimento corporal possibilita ao

indivíduo que ele sinta o mundo e, com isso, que ele também seja sentido.

De acordo com Jorosky (s.d.), existe muito preconceito contra o

movimento, pois embora conscientes de que é através do corpo que o indivíduo

se expressa, quando chegam aos bancos escolares os movimentos corporais

ficam restritos a momentos apenas nas aulas de educação física e ao horário do

recreio. Para o professor desenvolver conteúdos, os alunos devem permanecer

sentados em suas carteiras em silêncio, prestar atenção e sempre olhar para

frente. Tal atitude pode resultar numa aprendizagem empobrecida, pois é preciso

ver o aluno como um ser total e único que quer aprender de forma dinâmica,

prazerosa e envolvente.

Strazzacappa (2001, p. 23) afirma que “observa-se, porém, um preconceito

em relação a isso, um preconceito em relação ao movimento, no qual adultos são

reprimidos e consequentemente as crianças também”.

Segundo Strazzacappa (2001), mesmo as pessoas tendo consciência de

que é através do movimento que elas se expressam, este fica limitado apenas ao

horário do recreio e às aulas de Educação Física, tendo a criança pouca liberdade

de movimentação.

A postura acadêmica do professor não está garantindo maior mobilidade ao

aluno. Assim, é preciso trabalhar o aluno como uma pessoa completa, com sua

afetividade, suas percepções, sua expressão, seus sentidos, sua crítica e sua

criatividade (FUX, 1983).

O trabalho da dança educacional, de acordo com Fernandes (2009),

quando focado em deixar fluir do educando suas emoções, seus anseios e

Page 24: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

23

desejos através dos movimentos, permitirá que ele se revele e desperte para o

mundo, numa relação consigo e com os outros, de forma consciente.

Ao fazer referência ao movimento consciente, Oliveira (2001, p. 96)

ressalta ser:

[...] importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os gestos. Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a 'sensação de si mesmos', proporcionada pelo nosso sentido sinestésico [...] normalmente desprezado. Caso contrário, estaremos diante da 'deseducação física.

Com a dança, a criança se desenvolve quanto ao seu domínio corporal,

amplia e aprimora suas possibilidades de movimentação, descobre novos

espaços, novas formas, supera suas limitações e condições para afrontar novos

desafios.

A dança na escola, associada ou não à Educação Física, terá um papel

fundamental enquanto atividade pedagógica e levará o aluno a perceber a relação

concreta sujeito-mundo. As atividades desenvolvidas irão estimular na criança sua

capacidade de solucionar problemas de maneira criativa; desenvolver a memória;

o raciocínio; a autoconfiança e a autoestima; melhorando sua relação com ela e

com os outros e ampliando o seu repertório de movimentos.

A Dança-Educação pode ser um referencial para as questões que

circundam a educação de nossos tempos, apresentando novos olhares para o ser

humano, mostrando o quanto ele pode criar, expressar, aprender, socializar e

cooperar, se educado também pela dança.

A dança no ensino escolar é um tema ainda pouco divulgado, mas vem

ganhando espaço em pesquisas de autores como Isabel Marques (2002), Márcia

Strazzacappa (2001) entre outros, que procuram evidenciar como se dá a prática

da dança na educação formal. O que se percebe é que a dança ainda é pouco

compreendida em suas potencialidades educativas pelos sujeitos da escola, como

professores e alunos.

A dança, muitas vezes, é vista superficialmente dentro dos espaços

escolares, deixando a ideia de que a dança na escola é boa somente “para

relaxar”, para “soltar emoções”, “expressar-se espontaneamente” (MARQUES,

2002). Dessa forma, seu espaço tem sido apresentações em datas

comemorativas, ocasiões festivas, shows de talentos, onde é oferecido às

Page 25: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

24

crianças um tempo do período escolar, comumente Educação Física, para o

ensaio de uma coreografia relacionada a determinada cultura ou tema da festa.

Na realidade, a dança favorece o aprofundamento ou ampliação do

contexto cultural e histórico dos alunos, quando traz para dentro da escola

tradições de diferentes povos ou momentos históricos dos países.

Mesmo sendo importante para a formação dos educandos, a dança tem

sido desconsiderada em seu caráter educativo quando praticada fora de um

contexto, sem que sejam conferidos significados ao seu aprendizado. Nesse

sentido, o que se omite é a potencialidade que está inscrita na forma de se

trabalhar elementos da linguagem, permitindo a ampliação do conhecimento do

corpo em movimento e da construção sociocultural e histórica da sociedade.

Marques (2002) fala da presença da dança nos Parâmetros Curriculares

Nacionais, apontando como momento ‘tão esperado’ por significar o

reconhecimento da dança pela educação como conteúdo estruturante das áreas

de conhecimento de Arte e Educação Física. As Diretrizes Curriculares Nacionais

(1998) também contemplam o ensino da dança e oferece subsídios teóricos aos

professores.

A dança, a partir desses documentos, é entendida como “manifestação

artística e da cultura corporal”, como “movimento expressivo”, como “forma de

conhecimento” e “percepção de liberdade e vida”, ou ainda usando, mais

especificamente, as palavras dos Parâmetros de Arte, a dança é:

[...] forma de conhecimento que envolve a intuição, a emoção, a imaginação, a capacidade de comunicação [...] o uso da memória, da interpretação, da análise, da síntese e da avaliação crítica (BRASIL, 1998, p.73,74).

Verderi (1998) afirma que muitas coisas mudaram no ensino nos últimos

anos, mas a educação rítmica nas aulas de Educação Física continua não tendo

relevância. A atividade musical, o contato com o som, o ritmo, o movimento, o

incentivo às artes, unidos aos jogos recreativos, faz parte do desenvolvimento da

formação do ser humano.

Conforme exposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais, existem danças

que estão desaparecendo, pois não há quem as dance, quem conheça suas

origens e significados. Conhecê-las por meios das pessoas mais velhas da

Page 26: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

25

comunidade, valorizá-las e revitalizá-las é algo possível de ser feito dentro da

comunidade do educando, ou na qual a escola está inserida.

Resgatar as manifestações culturais da coletividade, principalmente pelas

pessoas mais velhas, é de fundamental importância. Pesquisas sobre danças e

brincadeiras cantadas de regiões distantes, com característica diferente das

danças e brincadeiras locais, podem tornar o trabalho mais completo. Dança é

muito mais do que sua própria palavra inspira para muitos. “Ela deve ser

descoberta, vivenciada, pensada e sentida” (VERDERI, 1998, p. 30).

Silva et al. (2010) explicam que a identificação da estrutura corporal e a

formação de uma imagem corporal são as principais características da dança,

uma vez que ela possui valores e finalidades fundamentalmente educativas.

Através de uma ação pedagógica na qual se inclui o desenvolvimento do

organismo enquanto complexidade biofísico-social, assegurando um bem-estar

físico e mental, procurando suprir as eventuais deficiências que o educando

possa apresentar em sua constituição ou no decorrer do seu desenvolvimento,

pode-se dar condições para originar processos corporais mais complexos no que

se referem os fatos, conceitos, procedimentos, valores e atitudes.

São surpreendentes os movimentos observados quando as crianças são

deixadas a vontade, com seus corpos livres para o som, para o espaço e para o

tempo. São corpos vivos, cheios de anseios, de energia e, sobretudo de

esperança.

A criança precisa de experiências que possibilitem o desenvolvimento de

sua criatividade e interpretação, atividades que beneficiem a sensação de alegria,

e que ela possa retratar e canalizar o seu humor e temperamento através da

liberdade de movimento, da livre expressão e do desenvolvimento de outras

dimensões contidas no nosso inconsciente (VERDERI, 1998).

Segundo Silveira (2009), apenas quando os educadores reconhecem e

respeitam o fato de que as crianças são indivíduos com uma ampla bagagem de

características e vivências e que, tornar-se fisicamente educado, envolve

complexas influências mútuas dos domínios cognitivo, afetivo e psicomotor, a

Educação Física na área da dança assumirá o seu lugar nas escolas.

Enquanto as crianças se envolvem na alegre e animada tarefa de

aprenderem a movimentar-se mais efetiva e eficientemente, elas estão

Page 27: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

26

desenvolvendo uma variedade de destrezas motoras fundamentais e melhorando

seus níveis de aptidão física, aprendendo a movimentar-se com alegria, eficiência

e controle.

O desenvolvimento da criança acontece a partir da exploração do meio que

a rodeia, onde ela vivencia experiências através do próprio corpo e assim,

interativamente o desenvolvimento da motricidade influencia e é influenciada pelo

desenvolvimento neurológico, bem como quanto maior a estimulação da

experiência motora, maior a inter-relação entre motivações pessoais e o mundo

(BERTAZZO, 2004).

O corpo como sujeito no mundo é criativo e se humaniza a partir de sua

existência (VERDERI, 1998). A riqueza da linguagem corporal apresenta um

universo a ser explorado, vivenciado, conhecido, com prazer e alegria. Criança é

quase sinônimo de movimento, e movimentando-se ela se descobre e descobre o

outro, descobre o mundo a sua volta e as suas inúmeras linguagens (BERTONI,

1992).

A dança na escola deve ter um papel fundamental enquanto atividade

pedagógica e despertar no educando uma relação concreta, reforçando sua

autoestima, autoimagem, autoconfiança e autoconceito.

Para Bertoni (1992), a expressão corporal é caracterizada como uma das

linguagens fundamentais a serem trabalhadas na infância. A riqueza de

possibilidades da linguagem corporal revela um universo a ser explorado,

vivenciado, conhecido, com prazer e alegria. E movimentando-se ela se descobre

e descobre o outro, descobre o mundo a sua volta e as suas inúmeras

linguagens.

2.2 A Importância da Educação Física

Bittencourt (2003) declara que estudos sobre as disciplinas escolares vêm

procurando compreender como se constituem os saberes escolares em diferentes

momentos históricos, através de fontes que permitam reconhecer a dinâmica

desse processo.

Em um movimento de conhecer o processo de escolarização da educação

física alguns autores identificam que os exercícios físicos, as ginásticas, foram

Page 28: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

27

marcantes, porém também identificam a presença da dança inserida nessa área,

como no estudo de Vago (2002) e Soares (1998).

A dança, segundo Brasileiro (2008), o conhecimento presente no processo

de escolarização brasileiro está associado à inserção dos exercícios físicos, das

ginásticas e, com a implementação da tríade educação moral, intelectual e física,

veremos a entrada da dança nesse conjunto de conhecimentos necessários à

educação das crianças e jovens brasileiros.

Brasileiro (2008) continua sua explicação ao afirmar que:

[...] não é uma entrada marcante, algo que consta como necessário e obrigatório, mas dá as primeiras pistas de existência, de associação a outros conhecimentos, ou seja, de entrada pelas brechas do processo de enraizamento escolar de outro conhecimento, qual seja a ginástica, que ora se denomina educação física.

Dessa forma, a educação física e a dança acompanharam os processos

iniciais de escolarização do nosso país, especialmente nos espaços de

exercitação, descanso, controle e festividades escolares. E, a partir do início do

século XX é possível identificar alusões à sua presença enquanto conteúdo de

ensino nas escolas.

Para Chaves (2002) a dança foi incluída nos conteúdos dos exercícios

físicos pela sua compreensão como prática corporal, na busca de um corpo

eficiente, frente ao processo de modernização da sociedade, porém para compor

os conteúdos ligados ao ensino das mulheres, por entender que eram gestos

feminilizantes, gestos suaves, belos, não viris, uma vez que para os homens

estavam previstos os exercícios militares, que eram ritmados através da

contagem.

O trabalho com dança dentro dos conteúdos de Educação Física que é

caracterizada em seu bloco de conteúdos com Atividades Rítmicas e Expressivas

e em Artes, sendo que esta se divide em quatro grandes áreas que são: artes

visuais, dança, teatro e música, como explica Jorosky (s.d.).

A ginástica, estudada com base na anatomia e na fisiologia, ganha,

conforme explica Soares (1998), estudos sobre o aperfeiçoamento dos gestos, na

busca de um gesto harmônico e econômico.

Dessa forma, segundo Brasileiro, caberia às exercitações, para a melhoria

da postura e a eficiência de seus gestos, a dança feita pelos militares, danças de

Page 29: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

28

organização de combates ou as danças reconhecidas na sociedade, as danças

oriundas dos salões da nobreza, sendo desconsideradas todas as danças de rua,

as que chegavam aos palcos públicos, que buscavam o riso, o inoportuno, o

desgaste do movimento, que abusavam do uso dos gestos, as saltitantes, nas

quais se desperdiçavam energia. Assim, limitava-se à exercitação, à ginástica,

como algo controlado, observado em sua organização gestual.

Com o tempo, a compreensão de ginástica é ampliada, cabendo a ela

jogos, danças, corridas, saltos, esgrima, equitação, canto, evoluções militares,

exercícios físicos. Dessa forma, nas escolas entra a dança através da ginástica e

dos exercícios físicos que buscavam a harmonia dos movimentos para homens e

mulheres.

Percebeu-se que através dos exercícios físicos e da dança era possível

formar hábitos, garantir atitudes corretas e corteses em busca de qualidades

morais. Os exercícios físicos compõem a tão esperada educação moral, física e

intelectual e a dança é chamada à auxiliar nesse processo. Já a música, o canto,

as marchas, as danças, buscam dar ao corpo dos alunos uma ordem, um lugar de

postura e atitudes corretas, em busca de um homem civilizado, cortês, educado

que representasse este país em processo de crescimento.

De acordo com Brasileiro (2008), o jogo, o canto e a dança na escola

aparecem como elementos da educação dos gestos, da conduta, sempre

presentes na exposição pública da mesma. A escola, através das festas

escolares, mostra-se para a comunidade, entra num espaço de exaltar-se, de

manifestar seu diálogo com a mesma, de demonstrar que vive a cultura de seu

povo.

Brasileiro (2008) explica que as festas escolares:

[...] vão ser atreladas às datas comemorativas, desde as datas cívicas até as mais populares. Eram espaços de educar os modos das crianças e de expor sua conduta. Era de responsabilidade das escolas promover festas nas datas de maior representação nacional ou local, bem como no encerramento do ano.

Tais eventos representavam para a escola um momento máximo, onde a

mesma recebia representações de governo, apresentava seus alunos e

professores, bem como suas condições a toda a comunidade. Cabiam nas festas

os cantos, especialmente os hinos. As saudações cívicas, as manifestações

Page 30: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

29

patrióticas, as condutas de moral e civismo eram emblemáticas nas mesmas.

Apresentação de evoluções militares, pelos meninos, com seus respectivos

fardamentos e armamentos; de marchas com uma condução ordenada de todos

os executantes; de hino nacional ou estadual em grande coro de vozes infantis,

que ao longo do ano ensaiaram todos os dias sob o comando da professora;

sequências de exercícios para meninas e meninos com suas roupas brancas e

higienizadas; e as danças ou bailados. Estas eram atividades presentes nas

festas escolares.

Brasileiro (2008) afirma que as festas cívicas, nas décadas de 1930 e

1940, com a participação intensiva de trabalhadores, sindicatos, escolas, jovens e

crianças e a população em geral, lotavam os estádios de futebol, as praças e as

escolas e contavam com uma programação rica em discursos, apresentações

artísticas e esportivas, declamações, desfiles laudatórios e outros. Com ênfase

especial nas escolas, essas festas invadiram o cenário escolar, estando

presentes tanto nos espaços físicos das escolas, como os pátios, salas de aulas,

quanto no material didático, como as cartilhas, manuais, cartazes, etc.

Brasileiro (2008) continua, ao relatar que:

Vivemos as décadas seguintes com esse tipo de referência festiva escolar marcadamente presente em todas as escolas brasileiras. Diminuíram as referências ao Dia do Trabalho, mas a Semana da Pátria, especialmente, era a maior festa de mobilização social, com as escolas indo às ruas em marchas e evoluções junto a representações civis e militares. Até hoje presente nas cidades brasileiras, mas com crescente diminuição da participação das escolas.

Conforme Brasileiro (2008) é evidente a presença da dança nas escolas,

especialmente nos espaços festivos. Apesar de caracterizada, nos documentos

curriculares, como um conteúdo da arte e da educação física, sendo

conhecimento a ser ensinado no espaço de formação de crianças e adolescentes,

a mesma aparece e desaparece em programas escolares. As festas escolares

acontecem em inúmeras datas, sejam festas carnavalescas, festas juninas, festas

folclóricas, festas natalinas, festas das mães, dos pais, de formatura, de abertura

de jogos escolares etc. Entre falas, hinos, dramatizações, entrega de presentes,

lembranças, aparecem as danças. Dançam crianças da educação infantil,

crianças e jovens do ensino fundamental, do ensino médio. A dança presente nas

festas é quase sempre a mesma ausente dos componentes curriculares.

Page 31: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

30

Marques (1999), Brasileiro (2001, 2003, 2007), Fiamoncini (2003) indicam

que a dança vem acontecendo na escola na forma de apresentações em datas

comemorativas, quando alguém, geralmente professora de educação física, traz

uma porção de passos aleatórios para que as crianças repitam até decorarem a

sequência.

Como explica Brasileiro (2008), aprender passos não é do que se está

falando, e sim repeti-los de forma a mecanizá-los e conseguir apresentá-los

dentro de uma métrica estabelecida. A preocupação central encontra-se no que

os professores e "os pais querem ver nos filhos, prevalecendo o olhar do adulto e

dificultando qualquer experimentação mais espontânea" (Fiamoncini, 2003, p.21).

Brasileiro (2001, p.78) ao analisar os argumentos para a não presença da

dança como conteúdo da educação física identificou que apesar dos professores

apresentarem os seus limites para com o trato com esse conhecimento em suas

aulas, reconhecem que quando da realização de eventos na escola eles

trabalham com a dança, o que nos permite afirmar que "apesar da Dança estar

presente no espaço escolar ela é apenas um elemento decorativo sem reflexão

como conhecimento para a formação dos alunos".

Silva (2010) afirma que o estudo do corpo em movimento deve ser

trabalhado de forma a atingir a consciência, o domínio corporal através do

movimento expresso na ginástica, dança e jogos historicamente colocados. As

aulas de educação física têm como objeto de ensino as manifestações corporais e

suas potencialidades formativas que podem produzir um espaço pedagógico

repleto de significados, ao ter como conteúdo estruturante as manifestações

estético-corporais na dança e no teatro.

Conforme Sampaio (1998, p. 10) a Educação Física tem por objetivo

pesquisar:

[...] o movimento humano, estando voltado para a educação do e pelo movimento, abrangendo conhecimentos teóricos e práticos de atividades físicas, possuindo a tarefa de formar e de informar o educando, despertando sua consciência para a necessidade do corpo a fim de conquistar uma qualidade de vida melhor resgatando os três níveis de conhecimento: sócio afetivo, cognitivo e motor [...].

Dessa forma tem-se que buscar o desenvolvimento do aluno, seja na sala

de aula, na quadra ou em qualquer outro lugar, aliados a flexibilidade quanto à

Page 32: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

31

atuação do professor ao operacional, determinada pela Educação Física Escolar.

É fundamental que a Dança, na escola, se realize através de um professor

incentivador das experiências, que oriente os alunos para uma descoberta

pessoal de suas habilidades.

A Educação Física, tem como objeto de conhecimento as manifestações

que compõem a cultura corporal de movimento, ou seja, trabalha com as formas

de representação e compreensão do mundo expressas por meio do corpo.

2.3 A Dança na Escola

A dança, na escola, busca o desenvolvimento das capacidades motoras

das crianças e adolescentes e de suas capacidades imaginativas e criativas, uma

vez que o corpo expressa suas emoções podendo ser compartilhadas com outras

pessoas, como explica Fernandes (2009).

Soares et al. (1998) afirma que a dança está ligada às capacidades

criativas e motoras do indivíduo e composta pelas relações estabelecidas entre o

dançarino, seu instrumento (corpo) e a sociedade, através de um processo que se

desenvolve conscientemente a partir de elementos existentes ou descobertos.

Alguns estudiosos afirmam que, para ocorrer a aprendizagem, é preciso

que o aluno esteja sempre sentado e quieto, dessa forma privilegiar a mente e

relegar o corpo leva a uma aprendizagem empobrecida. Scarpato (2001) afirma

ser necessário ver o indivíduo como um ser total e único, com desejo de aprender

de forma dinâmica, prazerosa e envolvente.

Fernandes (2009) explica que o aluno imóvel nem sempre está envolvido

com o que ocorre na sala de aula. Pode estar internamente inquieto, querendo se

movimentar, tornando-se essencial desenvolver a corporeidade em todas as

aulas, não apenas nas áreas afins.

Freinet (1991, p.42) afirma que:

[...] infeliz educação a que pretende, pela explicação teórica, fazer crer aos indivíduos que podem ter acesso ao conhecimento pelo conhecimento e não pela experiência. Produziriam apenas doentes do corpo e do espírito, falsos intelectuais inadaptados, homens incompletos e impotentes.

De acordo com Fernandes (2009), o uso da dança na sala de aula não visa

apenas proporcionar a vivência do corpo e diminuir tensões decorrentes de

Page 33: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

32

esforços intelectuais excessivos. Favorecendo a criatividade, pode trazer muitas

contribuições ao processo de aprendizagem, se integrada com outras disciplinas.

O trabalho com o corpo gera a consciência corporal. O aluno questiona-se e

começa a compreender o que se passa com e ao seu redor, torna-se mais

espontâneo, expressando seus desejos de modo mais natural.

Segundo Delors (2000) o aprendizado da dança deve integrar o

conhecimento intelectual e criatividade do aluno, desenvolvendo os pilares da

educação:

Aprender a conhecer;

Aprender a fazer;

Aprender a viver juntos;

Aprender a ser.

A escola, espaço de formação de crianças e jovens, tem, ao longo da

história da humanidade, levado conhecimentos para garantir uma formação ampla

aos cidadãos, de forma sistematizada. Assim, de acordo com Brasileiro (2008) a

escola sempre foi reconhecida como um espaço do ler, escrever e contar, um

espaço da palavra escrita e oral, bem como dos números.

Com o tempo, esse conceito de escola vai se modificando mostrando

outros saberes, também importantes à formação humana, que são os

conhecimentos geográficos, físicos, artísticos, biológicos, filosóficos, corporais e

etc.

Esse novo ambiente de ensino foi pensado como um espaço de civilização,

onde a formação intelectual, física e moral vai ser pressuposto fundamental à sua

constituição, como explica Brasileiro (2008). Novo mobiliário e material

pedagógico foram necessários para atender de forma mais organizada e

higienizada.

Jorosky (s.d.) afirma que a “dança é uma das maiores catalisadoras da

manifestação da expressão humana do movimento”. Na área educacional, ela é

pedagógica e ensina tanto quanto os esportes, os jogos e as brincadeiras,

podendo ser usada para estimular o aluno a realizar críticas sociais, questionar

valores preestabelecidos, padrões repetitivos e modismos que podem influenciar

as pessoas a terem uma concepção errônea a respeito da dança.

Page 34: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

33

Existem, de acordo com Jorosky (s.d.), “trabalhos com dança que servem

ao propósito de trabalhar a coordenação motora e ter experiências concretas nas

outras áreas de conhecimento”.

O movimentar do corpo alivia o stress diário e a tensão escolar, quando

uma atividade prazerosa, porém o corpo não deve ser tratado como instrumento,

mas sim uma forma de comunicação. Pois não adianta ensaiar exaustivamente

uma coreografia se a atividade for apenas mecânica e alienante (BRASIL, 2001).

A dança na escola tem papel essencial nas atividades lúdicas e

pedagógicas, despertando no aluno uma relação concreta do sujeito com o

mundo. A dança no ambiente escolar não deve priorizar a realização de

movimentos corretos e perfeitos como técnicas impostas, mas incentivar a

improvisação e a busca do movimento livre.

De acordo com Jorosky (s.d.), à medida que o aluno torna-se consciente do

movimento,

[...] ele cria passos de sua própria dança, as expressões e as significações de seus movimentos. Assim, ele cria sua própria linguagem e aprende a organizá-la ao entrar em contato com os outros. Dominando o próprio movimento e sendo capaz de se expressar por meio dele.

Machado et al. (2006) afirmam que quando o ser humano questiona o seu

meio para satisfazer suas necessidades básicas, ele está modificando a si

mesmo. Quando o homem modifica o ambiente através de seus próprios

comportamentos, essas mudanças possibilitarão o seu saber fazer no futuro.

Para desenvolver uma educação pelo corpo inteiro, a proposta da dança

como um recurso pedagógico do processo de aprendizagem decorre da

compreensão da necessidade de desenvolver a dimensão psicomotora e sócio

construtivista, numa relação lógica entre o corpo e a mente.

A mudança educacional pede um novo olhar sobre os modelos a serem

trabalhados com dança em sala de aula. O ensino desenvolvido a partir de

projetos didáticos permite um trabalho onde o professor pode inserir nas suas

atividades pedagógicas a interdisciplinaridade e a transversalidade.

A transversalidade é fundamental nesse processo para se estabelecer

conexões entre as diversas formas de conhecimento, evitando a fragmentação do

saber e trabalhar adequadamente eixos temáticos como a sexualidade, gênero,

Page 35: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

34

identidade, autoestima entre muitos outros na disciplina Educação Física por

serem temas de interesse dos alunos.

Dessa forma, é importante que o trabalho com temas transversais não seja

adicionado aos conteúdos específicos dessa área de conhecimento, mas amplie

sua prática e reflexões de modo a abranger os aspectos sociais, afetivos, culturais

e políticos da dança em sociedade.

Para Machado et al. (2006) a dança é uma forma de interação e expressão

tanto individual quanto coletiva, onde:

[...] o aluno exercita atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. A dança é também uma fonte de comunicação e de criação informada nas culturas. Como atividade lúdica a dança permite a experimentação e a criação, no exercício da espontaneidade.

Contribui também para o desenvolvimento da criança no que se refere à

consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos que são

fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social (BRASIL,

1997 p.58).

É importante que a escola recuse modelos que compreendem a dança

somente como uma atividade a ser apresentada nas datas festivas, abandone a

ideia de que a dança é desprovida de conteúdos e mensagens culturais, e ser

capaz de,

[...] desempenhar papel importante na educação dos corpos e do processo interpretativo e criativo [em] dança, pois dará aos alunos subsídios para melhor compreender, desvelar, desconstruir, revelar e, se for o caso, transformar as relações que se estabelecem entre corpo, dança e sociedade (BRASIL, 1998, p.70).

Assim, o professor, nesse processo, passa a ser responsável pela

mediação entre os saberes sistematizados do ensino escolar e os saberes

adquiridos pelo aluno no dia a dia. O professor precisa considerar o contexto

social e cultural, partindo das escolhas de ritmos e estilos, bem como dos

conhecimentos que esses alunos já possuem. Para isso, o professor deverá

buscar orientações didáticas envolvidas com a realidade sociocultural brasileira e

com valores éticos e morais para construção de uma cidadania plena e

satisfatória.

Page 36: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

35

Silva (2010) afirma ser necessário se trabalhar a história, contextualizando

as danças para que os alunos compreendam e entendam o significado de cada

tipo de dança, como surgiu, qual o sentido que ela tinha em determinada época e

sociedade, e que danças existem hoje na cultura jovem e quais foram os

contextos.

Assim, como explica Marques (1997).

[...] o conhecimento da história da dança, portanto, também fornece parâmetros para que a criação dos alunos em sala de aula não seja etnocêntrica, racista e/ou sexista. [...] o aluno poderá perceber a multiplicidade de concepções de corpo, tempo e espaço dos diversos movimentos artísticos, trabalhando-as e articulando-as as suas criações.

Dessa forma, trabalhar as diferentes manifestações de danças no decorrer

dos anos sugere, conforme os Parâmetros Curriculares (1998) em:

[...] primeiramente vencer as barreiras impostas pela sociedade [de forma que] ultrapassada, discutida e problematizada a necessidade de códigos externos, pode-se trabalhar com outros processos criativos em dança (PCNs, 1998, p.73).

Portanto o professor, em suas aulas, deve trabalhar os movimentos aliados

aos conceitos e contextualizá-los tomando por base as experiências cotidianas de

seus alunos.

Silva et al. (2010) afirmam que ao estudar a vida de diferentes povos,

desde as civilizações mais antigas até as atuais, comumente se encontra o jogo,

o desporto e a dança, como forma de manifestações culturais e de educação das

crianças analisando-a especificamente.

Nanni (1995) explica que a dança entre os diversos povos representam seu

estado de espírito, emoções, formas de expressar e se comunicar através de

gestos e movimentos, acompanhado ou não de música, de canto, ou de ritmos

peculiares.

Através da dança, de acordo com Silva et al. (2010), o aluno readquire a

confiança no ser humano que é, pleno e capaz devolver a capacidade de se

movimentar criativamente, pois a dança é uma das expressões que suscita o

sentido de ser. Sentido que implica não só na compreensão psicológica da

vivência corporal, mas, também, numa experiência física que se torna ponto de

referência para o qual se pode retornar espontaneamente, a qualquer momento

Page 37: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

36

que se deseje fazê-lo. Isto permitirá que o aluno se torne mais receptivo às

solicitações exteriores, seja para acolhê-las ou para delas se defender.

De acordo com Cunha (1992), quando se vivencia práticas corporais como

fenômeno cultural, é possível contribuir para formar homens capazes de serem

sujeitos na construção de uma sociedade, uma vez que a prática dos esportes,

dos jogos e das danças é, também, uma forma de se apropriar do mundo e não

apenas fugir dele.

Assim, uma vez que a escola sempre reflete os conflitos e contradições

presentes na sociedade, permitindo que sejam compreendidos os interesses

dominantes que articulam a organização, a administração e a definição de meios

e fins na estrutura escolar, pode possibilitar que sejam situados os compromissos

políticos pedagógicos do dia-a-dia.

A dança trata do resgate da própria personalidade, do contato com o lado

mais humano através da expressão artística, pois o indivíduo se expressa e se

torna capaz, uma vez que a arte lhe devolve toda a sua potencialidade de viver e

de se realizar plenamente.

A dança na educação permite criar no educando uma consciência crítica

exigente e ativa em relação ao ambiente que a cerca e estabelecer parâmetros de

qualidade de vida do seu cotidiano. Através do domínio do seu corpo e de seus

movimentos, como explicam Silva et al. (2010), o educando poderá entender

melhor o sistema de objetos naturais e artificiais, o conjunto de estímulos

sensoriais, perceber as formas e cores, os cheiros, os sabores, as formas de

ruídos e movimentos.

Segundo Trindade (s.d.) a dança, como área de conhecimento, permite

uma leitura e uma releitura diferenciada de nós mesmos, dos outros e do mundo.

Por meio do corpo que dança são estabelecidas relações com os sons e imagens,

as palavras e as narrativas que nos circundam e podemos dialogar com elas.

Assim, a dança cumpre um importante papel na educação do indivíduo/cidadão

crítico e transformador.

As crianças que conhecem, saboreiam e aprendem as possibilidades do

corpo em movimento poderão sem dúvida estabelecer uma forma pessoal e

diferenciada de estar no mundo (TRINDADE, s.d.). As sensações, o prazer, o

desprazer, os gostos e desgostos também estão no corpo e, conhecê-los e

Page 38: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

37

reconhecê-los, saber fazer escolhas, comunicar-se com os outros, fazem parte da

educação do corpo, pois o corpo é fonte de autoconhecimento.

Seria muito ingênuo pensar que o papel da dança no ensino fundamental

hoje somente sob o ponto de vista do indivíduo, uma vez que ele se constitui

como sujeito a partir das relações sociais que estabelece com o mundo, no plano

cultural, político e social estabelecendo relações diretas com o ser, construindo

seu corpo, seus hábitos, atitudes e significados.

As relações que se estabelece entre as pessoas são carregadas de

valores, princípios, atitudes e afetos que, incorporadas ao longo da vida,

constituem a forma de ser e estar no mundo.

Do mesmo modo, de acordo com Trindade (s.d.), as atividades corporais

que são experimentadas na infância vão construindo esse corpo fazendo com que

os indivíduos se relacionem com a vida de formas diferentes.

2.3.1 Dançando na Escola

Silveira (2009) salienta que, muitas vezes, quando se trabalha com dança

na escola, percebe-se a diferença de pensamentos e atos entre professores e

direção da escola acerca da maneira como era conduzida a aula de dança para

crianças no ensino infantil e fundamental.

O corpo pode realizar ações como rotar, dobrar-se, esticar-se, saltar e

girar. Se combinarmos estas atividades físicas com uma dinâmica diferente, os

seres humanos podem criar um número indeterminado de movimentos e é aí

onde é importante a cultura, já que é o corpo o elemento que permite distinguir os

diferentes tipos de danças.

Sempre o corpo atingirá um maior nível nos movimentos desta arte, para o

que são necessários longos períodos de treinamento especializado. Por exemplo,

no ballet, o bailarino se exercita para rotar ou girar para fora as pernas à altura

dos quadris, fazendo possível o movimento conhecido como arabesque. Na Índia,

alguns bailarinos o fazem inclusive com os olhos e sobrancelhas de seu rosto. O

vestuário também aumenta as possibilidades físicas: sapatilhas de pontas, zancos

e arneses para voar, são alguns dos elementos que se usam para dançar, e que

ademais outorgam um atrativo visual ao espetáculo aumentado pelo mero prazer

da estética.

Page 39: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

38

A linguagem corporal humana é uma forma de expressão que abarca

múltiplos planos. É comunicação espontânea e instintiva, mas ao mesmo tempo

calculada. A linguagem corporal é um paralinguagem e acompanha a toda

expressão verbal. (HALL, 1991)

Muitas vezes não se ressalta a preocupação com a criança em si, nem qual

a melhor maneira de abordar a dança e como desenvolver a criança de maneira

global.

Para o pesquisador da dança, fica sempre a perspectiva de acertar, pois

está lidando com corpos em desenvolvimento, com o movimento de criação da

dança, atitude da criança frente às nuances estéticas e políticas que envolvem a

formação de um futuro intérprete-criador, desenvolvendo as relações sociais,

psicológicas e culturais na vida e na organização da criança e as influências em

seu pensamento.

Para isso, o professor deve criar condições para que se estabeleçam

relações com as pessoas e com o mundo. As atividades com as crianças devem

ser naturais envolvendo o andar, correr, saltar, saltitar, equilibrar, rodopiar, quicar,

rolar, trepar, pendurar, puxar, empurrar, deslizar, rastejar, galopar e lançar.

Desenvolver noções de tamanho, forma, agrupamento e distribuição e atividades

que estejam voltadas para uma sequência pedagógica que se inicia do simples

para o complexo, do concreto para o abstrato, do espontâneo para o específico,

das atividades de menor duração para as de longa duração e de um ritmo lento,

progredindo para um mais alegre. As aulas devem evoluir ricas em variações de

estímulos tanto na parte musical, como na parte corporal (SILVEIRA, 2009).

Um dos preconceitos mais fortes em relação à dança na sociedade

brasileira está relacionado ao gênero. Dançar, em uma sociedade machista, é

sinônimo de “coisa de mulher”, “efeminação”, “homossexualismo”.

As danças que a sociedade e os alunos se permitem ou não experimentar,

por exemplo, o rebolado, pode ser uma afronta e um motivo de vergonha para os

rapazes que associam esse movimento à feminilidade. Muitos ainda consideram

dança coisa de mulher.

Existe, também, um preconceito vinculado à própria arte, que é em muitos

casos sinônimo de excentricidade, de loucura. Uma dança que não seja o balé, o

flamenco, uma dança popular, ainda está relacionada à libertinagem, à

Page 40: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

39

irracionalidade. Existe, ainda, a ideia de que, através da expressão corporal,

segredos, traumas, perversões da vida seriam obrigatória e incondicionalmente

desnudos. Assim, a ideia errada de que trabalhar com o corpo artisticamente

significa abrir os porões do inconsciente sem a menor possibilidade de domínio da

consciência, ainda prevalece nas mentes de muitos pais e educadores.

2.4 O Papel do Professor

De acordo com Brasileiro (2008) é o professor de Educação Física que

vem assumindo a função de ensinar dança no interior da ginástica. É a dança que

acompanha ritmicamente os exercícios físicos e ginásticos, que acompanha as

marchas nos desfiles cívicos, nos festivais escolares, até as dancinhas presentes

nas festas escolares de hoje.

Como afirma Marques (1999, p.107)

[...] o professor, desamparado, e muitas vezes altamente despreparado, exige dos alunos que reproduzam, copiem e sigam aquilo que arduamente criou ao assumir suas funções impostas de diretor coreógrafo.

2.4.1 Os Parâmetros Curriculares e o Professor

Na segunda metade do século XX assistimos a grandes avanços tanto no

campo socioeconômico e político quanto no setor educacional. Pode-se verificar a

adoção de medidas governamentais, visando à adequação dos sistemas

educacionais ao processo de globalização dos mercados.

As novas tecnologias de comunicação associada a um crescente número

de informações contribuíram imensamente para que tais medidas ocorressem.

Dentre estas, destaca-se a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais para

as quatro séries iniciais do ensino fundamental.

O Ministério da Educação e do Desporto (MEC), numa tentativa de instituir

um currículo padronizado para todo o país, apresentou a discussão pública dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), começando com as quatro primeiras

séries do ensino fundamental.

O Ministério de Educação e do Desporto (MEC), criou o Projeto Estratégico

Integrador, denominado Profissionalização do Magistério, que procura otimizar as

Page 41: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

40

articulações e interfases políticas e operacionais em todas as ações relacionadas

com a formação de professores de Educação Básica.

Este Projeto procura identificar, articular, coordenar e desenvolver ações

para reformular a formação inicial e continuada dos professores desde a

Educação Infantil até o Ensino Médio.

O Projeto se inscreve nas políticas do MEC, orientadas a melhorar a

qualidade da educação. Serve de apoio à implementação dos Parâmetros

Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, para o Ensino Médio e é

coerente com o Sistema de Avaliação da Educação Básica, SAEB, o Exame

Nacional de Cursos de Ensino Médio, ENEM e o Exame Nacional de Cursos de

Graduação.

O movimento de profissionalização dos docentes, orientado pela busca de

concorrência profissional, implica mudanças nas práticas de formação de

professores que incluem a reorganização das instituições formadoras, a

metodologia, a definição curricular e a própria formação dos formadores de

professores considerando:

- A criação de sistemas de formação nos quais se articulam a

formação inicial e continuada dos formadores.

- O avanço das investigações relacionadas ao desenvolvimento

pessoal do professor.

- A transformação das formas de pensar, sentir e atuar das novas

gerações em função da evolução das sociedades.

- O incremento acelerado e as rápidas mudanças no conhecimento

científico, na cultura, nas artes e nas tecnologias da comunicação.

A Secretaria de Educação Fundamental do MEC elaborou o Documento

“Lineamentos para a Formação de Professores (Referenciais para Formação de

Professores)” que recolhe os principais problemas e assinala políticas e

estratégias no campo. O documento é o resultado de uma ampla discussão

realizada em 1998 sobre uma primeira versão apresentada para o debate de

diferentes setores em dezembro de 1997.

No Brasil, as discussões do âmbito nacional sobre currículos é um

fenômeno recente. Os programas nacionais obrigatórios em vigor, nas primeiras

décadas do século XX foram substituídos por propostas, de caráter não

Page 42: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

41

obrigatório, elaborados pelas secretarias estaduais e municipais de educação, ao

longo das décadas de 70 e 80.

Essa descentralização, justificada pelo gigantismo e pela diversidade

característica do sistema nacional brasileiro, tinha aspectos positivos, em termos

de flexibilização curricular que possibilitava atender às demandas regionais.

Ainda, ao deixar esta atribuição aos estados e municípios, o reflexo das

desigualdades regionais nos currículos se torna evidente: regiões mais

desenvolvidas econômica e socialmente, com mais acesso à produção de

conhecimentos científicos, reuniam melhores condições para elaborar projetos

curriculares contemporâneos, incluindo os avanços das investigações tanto de

áreas de conhecimentos específicos, como de áreas didático-pedagógicos.

Em contrapartida, nos demais, continuavam reproduzindo listas de

conteúdos sem melhor reflexão sobre a relevância dos mesmos e sem discutir

questões referentes a sua abordagem.

Uma investigação realizada em 1996, que procurava identificar o que se

ensinava nas diferentes regiões brasileiras a partir da análise de documentos

curriculares oficiais, evidenciou que a profunda segmentação social em nosso

país, que sempre funcionou como um impedimento para que a população pobre

fizesse valer seu direito à educação, era também um obstáculo para que esta

população tivesse acesso a um ensino atualizado e de qualidade.

Foi por força da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996,

que se estabeleceu a competência da União, em colaboração com os Estados,

Distrito Federal e municípios, de definir diretrizes para sortear os currículos, para

assegurar uma formação básica comum. Este dispositivo legal conduziu à

elaboração de Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais.

Como construir referências nacionais de modo de confrontar antigos

problemas da educação brasileira e ao mesmo tempo, confrontar novos desafios

colocados pela conjuntura mundial e pelas novas características da sociedade,

como a urbanização crescente? Como compatibilizar tarefas como as de indicar

pontos em comum do processo educativo em todas as regiões mas, ao mesmo

tempo, respeitar as diversidades regionais, culturais e políticas existentes – no

quadro de desigualdades da realidade brasileira?

Page 43: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

42

Como comparar problemas referentes à possibilidade de acesso aos

centros de produção de conhecimento, tanto de áreas curriculares como da área

pedagógica, e que refletem na formação dos professores as ideias curriculares

que se utilizarão em prática?

Pode-se afirmar que a cultura geral de uma população depende, em parte,

da cultura que a escola torna possível, bem como dos condicionamentos positivos

e negativos que se separam dela. A realidade cultural de um país, sobretudo para

os mais desfavorecidos, cuja principal oportunidade cultural é a escolarização

obrigatória, tem muito a ver com a significação dos conteúdos e do uso dos

currículos escolares.

A discussão sobre o currículo permite um conhecimento mais profundo

sobre a realidade escolar: o fracasso escolar, a desmotivação dos alunos, as

relações entre alunos e professores, entre outros aspectos. São preocupações de

conteúdo psicopedagógicos e social que têm simultaneidade com o currículo que

se propõe aos estudantes. O currículo é um dos instrumentos mais potentes,

estrategicamente falando, para analisar como a prática docente se sustenta e se

expressa de uma forma peculiar, dentro de um contexto escolar.

Para compreender a centralização curricular proporcionada pelos PCNs em

sua verdadeira dimensão é importante sublinhar que não foi possível o

estabelecimento de currículos neutros, senão que o mesmo sempre é uma

elaboração histórica e socialmente construída. Portanto, subjacente ao currículo,

há um modelo de sociedade que oferece atenção a determinados interesses

socioculturais. Nesse plano adquiriu uma dimensão importante à participação que

constituiu a condição para o desenvolvimento dos projetos históricos sociais

regionais.

Nessa perspectiva a Centralização Curricular se orientou basicamente ao

protagonismo dos atores sociais, à construção de espaços que possam assegurar

a participação de grupos e pessoas, à assunção de identidade enquanto a

liberdade que se ganharia para decidir o currículo regional e que permite a

indivíduos e grupos conjugar os valores e conteúdos envolvidos em seus próprios

projetos de vida. A centralização curricular se encontraria mais vinculada com os

direitos pessoais e a ética da democracia que com uma mera racionalização dos

meios para maximizar resultados.

Page 44: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

43

Nesta mesma ordem de ideias, o desafio se encontraria em abrir espaços a

uma reflexão em torno de conceitos onde o reconhecimento da diversidade e da

heterogeneidade facilitaria a identidade das pessoas como entes providos de

individualidade por sua relação com a realidade local e regional e/ou sua função

social.

Os objetivos da centralização curricular proporcionada pelos PCNS

significam, portanto, sustentar consensos básicos às intencionalidades gerais e

abrangentes, o deslocamento do poder para determinar objetivos e conteúdos

educativos para os órgãos intermediários e de base da vida da comunidade, ao

tempo de contribuir a imprimir no Currículo de cada centro educativo o selo dos

traços e motivações culturais de seus respectivos meios. Porém, a partir das

diretrizes centralizadoras que permitem que toda a estrutura de um país

continental como o Brasil se mantenha, ademais permite convergir mais

facilmente às vontades ao redor dos valores centrais do que por ser parte da

tradição comum, devem permear todos os planos e programas a serem aplicados.

Aqui nos encontramos frente à autonomia escolar com suas variantes:

autonomia pedagógica e autonomia administrativa. Em segundo lugar, a

descentralização do poder da tomada de decisões sobre a estrutura e conteúdos

dos planos e programas de estudo devesse atingir até cada uma das escolas que

compõem em sistema. Os efeitos seriam:

Em primeiro lugar se geraria um autêntico sentido de compromisso das

escolas e suas respectivas comunidades externas com um grande projeto

nacional, participativo e consensual de desenvolvimento.

Em segundo lugar, se mobilizariam ao máximo as forças operativas e os

recursos de apoio ao ensino.

Em terceiro lugar, cada centro educativo estaria numa situação mais sólida

para calibrar necessidades, expectativas e possibilidades de seu meio, o qual

redundaria num maior atendimento à dinâmica e sentido das mudanças culturais.

Finalmente, se ganharia maior agilidade para atuar e se reduziriam os

efeitos negativos da burocracia estatal. A tudo isso, é importante agregar a

consciência da identidade institucional e o exercício da autonomia escolar.

Em seguida, se realizaria o desenho e aplicação de uma qualidade do

ensino que, comparativamente com a produzida pelo Desenho Curricular Básico

Page 45: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

44

e/ou Estrutura Curricular Básica nacional única, seja socialmente relevante,

culturalmente pertinente e pessoalmente mais significativa. Nessa perspectiva

foram e são muito importantes as reflexões sobre a construção do currículo

comum porque dali nasce a noção do currículo básico que hoje dentro das

intencionalidades curriculares tem acolhida nas mudanças educacionais que

experimentam os países de América Latina e, em destaque, o Brasil.

Os Parâmetros Curriculares apontam estratégias de ensino frente às

dificuldades que os professores podem encontrar diante do trabalho com

determinados tipos de danças.

Para a área de Artes, o ensino deverá desenvolver no educando um senso

crítico da história, cultura e valores, possibilitando o processo de humanização,

sendo capaz de criar, refletir e produzir ao expressar-se em diversas linguagens

artísticas, ou seja, a plástica, a dança, a música e o teatro.

Os elementos básicos que envolvem o ensino da dança são: movimento,

espaço, dinâmica, ritmos, relacionamento e manifestações artísticas.

Para os professores, as maiores dificuldades encontradas em trabalhar a

dança é a própria limitação de sua formação. Entretanto, não usam este fato para

não desenvolver a atividade, fazendo-os buscar parâmetros que orientem sua

prática educativa tendo o cuidado de não ultrapassar seus limites acadêmicos.

A proposta curricular tem por objetivo formar um aluno capaz de construir

conhecimento e refletir sobre suas ações e sua função na sociedade, dando

novos significados às relações que estabelece em sua comunidade.

A escola reconhece a importância da formação cultural e estética de seus

alunos e entende que pode favorecer o senso crítico do aluno sobre a história, a

cultura e os valores da sociedade.

As perspectivas apresentadas mostram os elementos do pensamento

oficial da escola em seu currículo, que tem por base a realidade sociocultural da

comunidade escolar, os documentos oficiais relacionados ao papel dos

professores de Educação Física e Arte, revelando amplamente como o ensino de

dança se efetivas nesta escola.

A relação com os sujeitos do universo escolar, os documentos oficiais e a

teoria utilizada possibilita o reconhecimento dos elementos do pensamento de

professores e alunos, sobre a prática da dança no espaço escolar.

Page 46: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

45

A escola deve criar parâmetros para uma sistematização e assimilação

crítica, consciente e transformadora dos conteúdos específicos da dança, uma

vez que nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), 1996, ficou estabelecido

que a dança é algo obrigatório no currículo escolar.

O ensino da dança, valorizado e proposto nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs) de 1996, que são as bases norteadoras da educação por todo

o Brasil, tem como fundamento os pressupostos de Laban.

2.5 Rudolph Laban

Para Rudolf Laban, (1978) o movimento humano é sempre constituído dos

mesmos elementos: o corpo, o espaço, a força e o tempo. O corpo é o

instrumento da dança, compreende as partes internas e externas, os movimentos

e os passos. O espaço é um local dentro do qual o movimento se apresenta como

um fluxo contínuo. A força é a mudança, é como o movimento pode ser alterado.

O tempo é a duração cronológica de uma ação ou evento e está relacionado ao

ritmo.

Rudolf Laban, como mais tarde ficou mundialmente conhecido, começou

seu trabalho de pesquisa e criação na Europa, no início do século XX. Seu

carisma, senso de humor, dedicação e entusiasmo, aliados à sua intuição, avidez

intelectual e observação, fizeram dele não somente um grande ‘mestre’ da dança,

mas uma pessoa muito querida e admirada por seus contemporâneos

(MARQUES, s.d).

Porém, o trabalho e as contribuições de Rudolf Laban para as áreas de

arte e ensino ainda são abstrações de ideias inacabadas, de conceitos mal

definidos. Método e técnica, dança e educação contrapõem-se e confundem-se;

os caminhos percorridos pelos princípios e ideias de Laban no Brasil desde a

década de 1940 precisam ser analisados e contextualizados.

Os estudos e as propostas de Laban trazem marcas de uma época, de um

modo de pensar e de agir próprios da modernidade europeia. Para a ‘pós-

modernidade’, é necessário que seja revisto para compreendê-lo em seu contexto

sócio-político-cultural, e ser inserido no contexto artístico e educacional brasileiro.

O estudo aprofundado e minucioso sobre o movimento humano explorado

por Laban oferece importantes contribuições para as áreas de Dança, Teatro,

Page 47: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

46

Psicologia, Antropologia, Sociologia, Saúde, entre outras, até hoje. Suas

contribuições para a área de Educação foram as mais reconhecidas e difundidas

mundialmente.

Laban foi um professor intuitivo, dedicado e observador, um artista

preocupado com as questões de sua época, com a expressividade do ser

humano, com a espiritualidade da arte, dedicando-se ao estudo da arte do

movimento sem finalidades explicitamente educacionais ou escolares.

No Brasil, Laban, o artista, também chega às prateleiras antes do

educador. Em 1978, mesma data em que Lisa Ullmann, discípula de Laban por

mais de vinte anos, veio ao Brasil, o livro Domínio do Movimento, publicado pela

primeira vez em 1950, é traduzido e publicado em português. Somente em 1990,

com 42 anos de atraso em relação à Inglaterra, o público brasileiro pôde conhecer

o educador Laban, com a publicação de Dança educativa moderna (MARQUES,

s.d.).

A divulgação e desenvolvimento dos trabalhos e das ideias de Laban no

Brasil ocorreram principalmente pelo corpo-a-corpo, pelos contatos e buscas

individuais de artistas e educadores.

2.5.1 Separação entre arte e educação

O trabalho educacional de Rudolf Laban começa a ser sistematizado em

livro em 1926, sendo suspenso pelo governo Nacional Socialista da Alemanha em

1930. Nessa época, várias escolas baseadas nos princípios de Laban já existiam

em toda a Europa. Laban visitava suas escolas no máximo uma vez por mês,

confiando a seus ex-alunos a continuidade de seu trabalho. Em 1936, as

propostas de Laban contra os treinamentos ginásticos e a padronização de

corpos em prol da expressão individual do ser humano são consideradas

adversas às do regime nazista, resultando no fechamento de suas escolas e na

partida de Laban para a Inglaterra (MARQUES, s.d.).

Somente em 1948, de acordo com Marques (s.d.), dez anos antes de sua

morte, já na Inglaterra, Laban escreve Dança educativa moderna, sistematizando

melhor suas ideias e conhecimentos para pais e professores, onde deixa clara

sua devoção e crença na educação através da arte da dança associada à

liberdade de comunicação e expressão, como fonte e caminho para a vida.

Page 48: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

47

Em meados de 1940, Maria Duschenes chega ao Brasil após breve estada

na Inglaterra, onde tomou contato com os princípios de Laban (de 1937 a 1939),

difundindo-o essencialmente nos meios educacionais que frequentava. Assim,

mesmo tendo sido utilizado na produção de espetáculos na década de 1970 e na

educação de alguns profissionais de dança, Laban acaba entrando no Brasil

através de Maria Duschenes, pela porta da Educação, criando alianças profundas

com o ensino-aprendizado e com os processos escolares e terapêuticos (NAVAS;

DIAS, 1992), talvez por isso, ainda hoje Laban está ligado à Educação,

principalmente, educação para crianças (MARQUES, s.d.).

Porém, o próprio Laban em Dança educativa moderna, estabelece a

dicotomia entre a Arte e a Educação, reforçadas por Lisa Ullmann. No posfácio de

1963, os dois afirmam com intensidade que a função da dança na escola não é

formar artistas, mas pessoas livres e capazes de expressar em atitudes criativas e

conscientes o fluxo natural do movimento humano (ULLMANN, 1990, p. 108-10).

Laban e seus seguidores enfatizavam o processo nas questões para o

ensino de dança nas escolas. Acreditavam que o papel da educação era ensinar

pessoas, ajudando o ser humano através da dança a encontrar uma relação

corporal com a totalidade da existência (ULLMANN, 1990, p. 107).

O discurso de Laban, combinado com o dos pensadores de sua época, não

o permitia perceber a estreita e indispensável relação entre a arte profissional e a

arte trabalhada com leigos, principalmente em se tratando de crianças. A

separação entre a arte e a educação era perfeitamente admissível e até mesmo

louvável, pois o mundo da dança apresentava-se até então altamente codificado,

pronto, inabalável, indo contra seus ideais de criação e transformação do ser

humano por meio da dança. Para Laban, assim como para muitos educadores da

época, processo criativo e apreciação e produção eram reciprocamente

excludentes (MARQUES, 1997).

Não é apenas Laban que acreditava na dissociação entre o mundo da

produção artística profissional e o mundo da educação escolarizada. Grande

parte do professorado, da classe artística e do público brasileiro ainda hoje

defende essas ideias. As experiências inocentes em dança que ainda hoje

ocorrem em nossas escolas, como jogos com panos, cores, nariz de palhaço,

“dance e seja feliz”, estão provavelmente alicerçadas nos argumentos arcaicos de

Page 49: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

48

Laban sobre a educação, na falta de uma visão mais crítica em relação à dança e

à educação nos dias de hoje (MARQUES, s.d.).

Para Laban, a articulação de conteúdos específicos atua como elemento

gerador do processo criativo, concluindo que a compreensão corporal e intelectual

da linguagem da dança é elemento crucial no processo de educação, quer do

indivíduo, quer do profissional de dança.

Educar-se em dança, de acordo com Marques (1999), implica conhecer e

apropriar-se corporalmente de suas estruturas formativas e não somente

reproduzir seus estilos, códigos, passos, princípios anatômicos e cinesiológicos.

O conhecimento da linguagem da dança possibilita um entendimento da dança

que compreende a performance, a criação, a apreciação e suas relações com a

sociedade.

Para se introduzir as propostas de Laban para o contexto educacional

atual, é importante que se entenda seus princípios filosóficos e educacionais,

contextualizados em sua época, para assumirem a relevância como linguagem e

conteúdos educacionais (MARQUES, s.d.).

2.5.2 Propostas educacionais ou método Laban?

Método é um caminho, um caminho pelo qual se chega a um resultado,

esperado ou não, previsto ou não; é um meio, um atalho, uma forma estabelecida

de caminhar, de direcionar uma ação, de olhar adiante rumo a um objetivo

palpável (MARQUES, s.d.).

Pode-se falar de métodos de ensino, de métodos de observação, métodos

de análise e interpretação, mas, definitivamente, não podemos falar de método

Laban, que inclusive, era avesso aos métodos e aos caminhos pré-estabelecidos,

pois procurava estimular cada pessoa de uma forma diferente, incentivando o

movimento, a descoberta pessoal, o desenvolvimento da personalidade de cada

um.

Laban não ensina como observar o movimento humano, aponta o que deve

e pode ser observado para compreensão da dança, dos movimentos de trabalho,

da personalidade dos indivíduos (MARQUES, s.d.). O desejo de Laban era que as

pessoas continuassem investigando e experimentando de forma fluida,

Page 50: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

49

descobrindo formas pessoais de dançar, de ensinar, de observar e de pesquisar o

fluxo do movimento humano e, assim, permitindo o fluxo da vida.

Mesmo assim, Laban acaba discutindo em seu livro para pais e

educadores algumas posturas metodológicas, consideradas por ela como

benéficas ao desenvolvimento integral da criança, em suas múltiplas

possibilidades de criação, sem especificar métodos de ensino. Laban aconselha

pais e professores sobre atitudes adequadas ao desenvolvimento e cultivo da

sensibilidade, da percepção, dos impulsos internos e da expressão individual de

cada um, sugerindo que sejam atentos, que observem, aprendam junto com os

alunos e que, principalmente, não julguem ou interfiram na criação individual de

cada um (MARQUES, s.d.).

Laban oferece aos pais e professores os temas de movimento, como

ferramenta de trabalho, que ele chama de coreologia, oferecendo os elementos

da linguagem para que cada um crie sua aula, seu programa, seu currículo, sua

dança, sua vida, enfim.

Para Laban, de acordo com Marques (s.d.), conhecer o uso de energia, de

peso, das possibilidades do fluxo do movimento no espaço, era como adquirir

uma habilidade que abre portas e diferencia as pessoas, pois permite a expressão

e a comunicação pessoal e intransferível de cada um.

Dessa forma, os estudos de Laban permitem a observação, análise e

percepção corporal e intelectual dos elementos de movimento nos diferentes

estilos de dança e, consequentemente, dos aspectos sócio-políticos e culturais

dessa dança. Assim, ao estudar, vivenciar e compreender a linguagem da dança

compreende-se também suas mensagens subliminares, pois a linguagem tem

significação. Portanto, não se fará apenas uma aula de dança, mas se tem a

possibilidade de possuir uma maior consciência de como essas técnicas

constroem os corpos e sugerindo que tipo de cidadania.

2.5.3 Teorias e Práticas desenvolvidas por discípulos de Laban

A proposta de Laban permite ao aluno expor-se através de seus próprios

movimentos. Não ensina apenas a forma ou a técnica, mas educa conforme o

vocabulário de movimento de cada um, contribuindo para o desenvolvimento

emocional, físico e social do participante (FERNANDES, 2009).

Page 51: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

50

Fernandes (2001) em seu artigo chama a atenção para algumas categorias

referentes à teoria e práticas corporais desenvolvidas por discípulos de Laban. O

autor fala que a forma dos movimentos, refere-se à expressividade, onde

qualidade dinâmica expressa a atitude interna do indivíduo com relação a quatro

fatores, apontados de acordo com seu desenvolvimento na infância: fluxo,

espaço, peso e tempo.

A categoria Expressividade refere-se às qualidades dinâmicas do

movimento presente tanto na dança, como na música, pintura, escultura, objetos

do cotidiano. Esses fatores estão sempre presentes no movimento como

quantidades. Qualquer movimento sempre envolve certa quantidade de tensão e

peso; demora algum tempo e viaja ou ocupa uma quantidade de espaço

(FERNANDES, 2001). Ao movimentar-se, continua o autor, o corpo concentra-se

em mudar a qualidade de qualquer um desses fatores, você observa esta

mudança como o surgimento das qualidades expressivas. Dessa forma, a

mudança no fluxo de tensão pode ser livre ou contida; a qualidade de peso pode

tornar-se leve ou forte; a qualidade de tempo pode tornar-se desacelerada ou

acelerada e a qualidade de foco espacial ou atenção, indireta ou direta.

A categoria Forma, isto é, com quem nos movemos, refere-se a mudanças

no volume do corpo em movimento, em relação a si mesmo ou a outros corpos.

Criando formas sempre em movimento, tal relação pode ser classificada em:

Forma Fluida, Forma Direcional e Forma Tridimensional. Estas Formas são

vivenciadas pelo bebê, que passa gradativamente de uma para a outra, sendo a

forma anterior um suporte para a seguinte. As três Formas estão presentes na

vida adulta, podendo as preferências de movimento impedir a expressão de uma

delas, o que pode ser trabalhado. Esta Forma desenvolve-se quando a criança

passa a interessar-se por seu meio e a esticar o volume de seu corpo em direção

a objetos ou pessoas e seu corpo começa a se relacionar com seu meio

ambiente, buscando ou puxando em movimento linear reto ou curvilíneo

(FERNANDES, 2001).

A categoria Espaço, onde nos movemos, é uma arquitetura do espaço do

movimento humano, envolvendo o alcance do movimento, o padrão axial, as

formas cristalinas, o percurso espacial, a tensão espacial, escalas de Espaço,

entre outros (FERNANDES, 2001).

Page 52: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

51

Todos os quatro fatores têm seu desenvolvimento na infância, pelas

experiências cotidianas de percepção e relacionamento com a família, com seu

espaço e com o mundo, consistindo no desenvolvimento das qualidades

expressivas na criança e presentes na vida adulta.

De acordo com Fux (1983) dançar faz fluir sensações de alegria originárias

de forma lúdica de movimentar-se livremente. Segundo a autora, a dança na

infância produz efeitos terapêuticos, pois “ao dançar o corpo entra em atividade,

favorecendo a comunicação de pensamentos e emoções”.

Para Schinca (1991), o desenvolvimento da psicomotricidade e expressão

corporal, associados ao ensino da dança, são favorecidos através da tomada de

consciência e controle corporal e da aquisição da percepção do tempo e do

espaço.

Silveira (2009), em sua pesquisa, afirma que algumas escolas já estão

procurando incorporar a dança na grade curricular, um exemplo disso são as

danças educativas, desenvolvidas em uma escola particular de São Paulo. Ela

está inserida na Grade Curricular da Educação Infantil, fundamentada nas ideias

de Rudolf Laban, procurando desenvolver a sociabilidade de poder criar,

expressar, aprender, socializar e cooperar, se educando também pela dança.

Segundo observa Sayão (2002) nem todas as escolas priorizam o

desenvolvimento do educando, estando preocupadas apenas em aumentar a

quantidade de alunos. A crítica à escola para a educação infantil, feita por vários

autores, que no caso da pré-escola no Brasil, a ideia de educação física e de

outras disciplinas surge muito mais no setor privado do que no público, com a

propagação de escolinhas infantis, principalmente entre as décadas de 70 e 80,

[...] as quais se utilizaram elementos como o balé, jazz, inglês, artes marciais e, mais recentemente da informática como estratégia de marketing para atrair os pais que podiam pagar por isso (SAYÃO, 2002).

Entendendo-se a dança como uma manifestação da cultura corporal, ligada

à educação institucionalizada, se compreenderá que aquilo que a escola

necessita para trabalhar com a dança está associado aos conhecimentos para

toda a prática pedagógica. Na perspectiva da atuação profissional condizente com

a escola, as vivências de movimentos rítmicos, as explorações e interpretações

da música através da dança, a contextualização dos tipos de danças trabalhadas

Page 53: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

52

e a interação dos alunos através da dança pode e deve fazer parte das aulas

trabalhadas no ambiente escolar (SILVA, 2005).

2.5.4 A Dança Educativa

Dança educativa: terminologia utilizada por Laban em seu livro Dança

Educativa Moderna (1990). Essa terminologia indica que o movimento seja

utilizado como um instrumento de expressão, sendo importante para que o aluno

conheça as várias articulações do corpo e seu uso na criação de padrões

espaciais e rítmicos, mas principalmente perceba o estado de espírito e a atitude

interna produzida pelas ações corporais (JOROSKY, s.d.).

Essa proposta é uma importante ferramenta para o autoconhecimento, mas

educar, atualmente, é confundido com fazer a criança controlar-se fazê-la parar,

movimentar-se bem pouco.

Não se pode esquecer que ao se restringir os movimentos à educação

restringe-se também a inteligência, os sentimentos e a construção do

conhecimento.

Para Laban, o corpo expressa a relação do indivíduo com o seu meio. O

corpo é o veículo e conteúdo do aluno das relações que estabelece, tendo acesso

ao conhecimento pela experiência.

Assim, o trabalho da dança educativa busca o desenvolvimento

harmonioso da criança por meio da relação corpo-mente, considerando também

os aspectos afetivos e sociais.

Com a experiência corporal no processo educacional, o aluno estabelece

relações entre os significados simbólicos criados por ele e o aprendido no

processo educacional, e a partir dessas relações desenvolve seu repertório

expressivo e aprimora suas habilidades motoras.

Além disso, a dança contribui também no processo de elaboração da

imagem corporal da criança e do jovem, gerando conhecimentos sobre anatomia

e sistemas corporais como muscular, ósseo, etc.

Toda a metodologia para esse tipo de trabalho é baseada nos conceitos

elaborados por Rudolf Laban, que acreditava que as diferentes mensagens que

cada ser humano traz dentro de si são as maiores riquezas de uma sociedade,

que depende e vive para e do grupo (JOROSKY, s.d.).

Page 54: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

53

Para Laban (1990), a criança realiza naturalmente movimentos similares

aos da dança, cabendo à escola fazer com que ela tome consciência dos

princípios do movimento. Preservando sua espontaneidade e desenvolvendo a

expressão criativa.

Ainda de acordo com Laban (1990), o trabalho com o corpo leva à

consciência corporal, o aluno questiona-se e começa a compreender o que passa

consigo e ao seu redor, tornando-se mais espontâneo e expressando seus

desejos de forma mais natural. Isso, porém, pode criar dificuldades para a prática

pedagógica autoritária, que ainda acredita que o aluno só aprende quando

sentado em sua carteira.

2.6 A Dança: Repensando o Ensinar e o Aprender

De acordo com Rego (2001), Vygotsky acentua a dimensão sociocultural

do desenvolvimento humano, tendo como pressupostos básicos a ideia de que o

ser humano se constitui enquanto sua relação com o outro e sua comunidade.

Quando o individuo questiona o seu meio para satisfazer suas

necessidades básicas, ele está modificando a si mesmo, possibilitando pensar no

seu futuro (MACHADO et al., 2006). Através da expressividade, o individuo atua

sobre o outro. Esse contato com outro nunca é direto, sendo intermediado pelo

social, tanto em sua dimensão interpessoal quanto cultural.

Assim, para desenvolver uma educação pelo corpo inteiro, a proposta da

dança como recurso pedagógico facilitador do processo de aprendizagem

transcorre pela necessidade de desenvolver a dimensão psicomotora e sócia

construtivista, numa relação lógica entre o corpo e mente.

A mudança educacional ocorrida ao longo dos tempos exige um novo olhar

sobre como se trabalhar a dança em sala de aula. O ensino pautado no

desenvolvimento de projetos didáticos possibilita um trabalho onde o professor

pode inserir nas suas atividades pedagógicas a interdisciplinaridade e a

transversalidade, a partir da identificação das dificuldades encontradas na sua

prática educativa, pois os princípios norteadores do MEC de que a Pluralidade

Cultural, a Ética, a Orientação Sexual, a Educação para a Saúde e o Meio

Ambiente passem a compor explicita e intenciona nossas práticas artístico-

educativas (MACHADO et al., 2006).

Page 55: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

54

Machado et al. (2006) explicam que a transversalidade é fundamental

nesse processo, pois estabelece conexões entre as diversas formas de

conhecimento, evitando a fragmentação do saber, trabalhando eixos temáticos

como sexualidade, gênero, identidade, autoestima entre muitos outros na

disciplina Educação Física, constituindo temas de interesse dos alunos.

É importante que o trabalho com temas transversais não se sobreponha

aos conteúdos específicos dessa área de conhecimento, mas amplie sua prática e

reflexões, abrangendo os aspectos sociais, afetivos, culturais e políticos da dança

em sociedade. Uma das contribuições dos movimentos artísticos da dança para

uma educação voltada para pluralidade cultural está nas diversas concepções de

corpo e gênero (MACHADO et al., 2006).

A dança é uma forma de intercâmbio e expressão tanto individual quanto

coletiva, onde o aluno exercita atenção, a percepção, a colaboração e a

solidariedade. É fonte de comunicação e de criação informada nas culturas.

Como atividade lúdica a dança permite a experimentação e a criação, no

exercício da espontaneidade, contribuindo para o desenvolvimento da criança

com relação à consciência e à construção de sua imagem corporal, aspectos

fundamentais para seu crescimento individual e sua consciência social (BRASIL,

1998 p.58).

2.7 A Dança nos Documentos

Marques (1997 p.20) afirma que tem percebido que no Brasil, nos últimos

anos, existema preocupação dos educadores e legisladores em acrescentar a

dança em seus trabalhos e programas.

A dança deveria fazer parte não apenas das aulas de Educação Física

como das aulas de Artes. De acordo com Barreto (2004, p.56):

[...] a dança não sendo disciplina do currículo escolar, não pode ser ministrada nas escolas por licenciados em dança, como um campo de conhecimento autônomo que tem características, estrutura, conteúdos e metodologias próprios. Ela somente pode ser trabalhada em função de outros campos do conhecimento, assumindo um papel de conteúdo de disciplinas, como a Educação Artística e a Educação Física.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), ao tratar das atividades a

serem desenvolvidas em Educação Física, percebe-se que a dança está inserida

dentro de um bloco de conteúdo chamado Atividades Rítmicas e Expressivas, que

Page 56: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

55

de acordo com Barreto (2004) deve estar relacionada aos conteúdos do corpo,

esporte, lutas e ginásticas.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais estes conteúdos irão

contemplar que:

[...] as manifestações da cultura corporal que tem como características comuns a intenção de expressão e comunicação mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal. Trata-se das danças e brincadeiras cantadas (BRASIL, 1997b, p.51).

Entretanto, quando os PCNs tratam da questão da dança no caderno de

Artes, ela tem suas especificidades, com a definição do que é dança e justificando

sua presença na escola, ao afirmar que:

[...] a arte da dança faz parte das culturas humanas e sempre integrou o trabalho, as religiões e as atividades de lazer. Os povos sempre privilegiaram a dança, sendo esta um bem cultural e uma atividade inerente à natureza do homem (BRASIL, 1997a, p.67).

Assim, o espaço da dança na escola justifica-se na compreensão de sua

importância para o desenvolvimento do movimento, sendo consequência do

conhecimento do seu próprio corpo, fazendo com que suas ações sejam

carregadas de expressão, inteligência, autonomia, responsabilidade e

sensibilidade.

Percebe-se que o entendimento da dança como manifestação da Cultura

Corporal e de expressão e comunicação, para os Parâmetros Curriculares

Nacionais faz parte tanto do eixo de Artes como de Educação Física. Sendo que

primeiro foca a dança na expressão e na comunicação humana, na intenção de

expressão e comunicação através dos gestos. Na Educação Física, o foco

consiste no entendimento da dança como uma expressão da diversidade cultural

de um país, se tornando um maravilhoso recurso para aprendizagem. Assim, é

um conteúdo que pode variar de acordo com o local no qual a escola está inserida

(BRASIL, 1997b, p.53).

Mas, de qualquer maneira, a dança na Educação Física deve incluir

cantigas de roda, brinquedos cantados, danças populares, dança elementar,

dança folclórica e recreação, percebendo-se que estas formas de dança também

Page 57: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

56

estão presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais tanto relacionadas à

disciplina de Educação Física quanto Artes.

Page 58: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

57

CAPITULO III - METODOLOGIA

3.1 Delimitação do estudo

Para coleta de dados deste trabalho, foi realizada uma pesquisa do tipo

descritivo e de abordagem qualitativa e quantitativa. Neste estudo foram

entrevistados docentes com vivência em dança escolar e em educação física

escolar da UniEvangélica e cinco escolas municipais da cidade de Anápolis-Go.

Estas mesmas escolas foram escolhidas pelo critério de uma educação física

escolar mais assídua.

3.2 Modelo, Tipo e abordagem da pesquisa

O presente estudo se enquadra no modelo não experimental, tipo descritivo

e abordagem mista. O modelo não experimental não manipula variáveis.

De acordo com Rodrigues (2007), o método quantitativo, contribui para a

ampliação do conhecimento sobre área escolhida. Deve ser considerado como

uma opção importante a ser adotada, constituindo-se numa base confiável para

outros pesquisadores, pois fornece um grau de generalidade útil ao pesquisador.

Já a abordagem qualitativa pode ser solicitada para um levantamento preliminar-

piloto, como base para a elaboração de um questionário, ou como suporte para

explicar as relações identificadas na pesquisa quantitativa. Pode, ainda, ser

utilizado como único método, dependendo da natureza do problema de pesquisa.

Dantas e Cavalcanti (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa tem caráter

exploratório, estimulando os entrevistados a pensarem livremente sobre algum

tema, objeto ou conceito, expondo aspectos subjetivos espontaneamente. É

utilizada quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de

uma questão, abrindo espaço para a interpretação. É uma pesquisa de caráter

indutiva, na qual o pesquisador desenvolve conceitos, ideias e entendimentos a

partir de padrões encontrados nos dados, ao invés de coletar dados para

comprovar teorias, hipóteses e modelos pré-concebidos.

Com relação à pesquisa quantitativa, Dantas e Cavalcanti (2006) explicam

que é mais adequada para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos

entrevistados, utilizando-se de questionários. Deve ser representativa de um

determinado universo, para que os dados obtidos possam ser generalizados e

Page 59: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

58

projetados para aquele universo. Tem por objetivo mensurar e permitir o teste de

hipóteses, já que os resultados são concretos e menos passíveis de erros de

interpretação. É adequada na possibilidade de medidas quantificáveis de

variáveis e inferências a partir de amostras numéricas, ou buscar padrões

numéricos relacionados a conceitos cotidianos.

Assim, diante do exposto, decidiu-se pela pesquisa quantitativa e

qualitativa para este trabalho, para que se pudesse entender e confirmar o

interesse dos alunos pelo aprendizado da dança e sua importância no

desenvolvimento cognitivo e social dos mesmos no ensino fundamental, bem

como a relação dos professores com a dança.

3.3 População e amostra

A pesquisa foi realizada junto aos alunos, no período de abril 2012 a junho

de 2012 aplicados na parte da manhã e da tarde com duração de quarenta e

cinco dias com um universo de 64 pessoas.

Conforme os cálculos estatísticos propostos por Subeldia (2010), foi

considerada uma população de 64 alunos, com grau de confiabilidade 95%,

probabilidade “q” de 10%, probabilidade “p” de 90% e um erro de 5%, para se

obter um resultado com maior confiabilidade. Assim, a amostra em estudo é

identificada a partir do seguinte cálculo probabilístico:

N = 120

Z = 95% ou 1,96

, pois N = 120

q = 0,1, pois 80 < N <=159 (10%)

p = 1 – q = 0,9

Page 60: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

59

A amostra assumida para a pesquisa foi de 64 alunos.

A pesquisa também foi realizada junto a quatro professores de Educação

Física da UniEvangélica, para conhecer como pensam e veem a importância do

ensino da dança no ensino fundamental.

3.4 Instrumentos

Aplicaram-se questionários para o levantamento de dados, conforme

Apêndice A e B com medidas quantitativas e qualitativas, objetivando-se a

obtenção de índices numéricos correspondentes ao problema em questão, que

foram resumidos e registrados sob a forma de relatórios. Assim, a qualidade das

medidas influiu diretamente nos resultados.

O questionário, numa pesquisa, é um instrumento ou programa de coleta

de dados. Se sua confecção é feita pelo pesquisador, seu preenchimento é

realizado pelo informante.

O questionário é um conjunto de perguntas, que a pessoa lê e responde

sem a presença de um entrevistador. O tipo de questionário foi o estruturado não

disfarçado onde o respondente sabe qual é o objetivo da pesquisa. (MATTAR,

1996)

A técnica para a aplicação do questionário foi a abordagem direta dos

questionários aos entrevistados. Foram enviados 130 questionários para alunos

(Apêndice B), e respondidos 64 que foram considerados para a pesquisa.

Page 61: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

60

Também houve a aplicação de um questionário para quatro professores

(Apêndice A).

Para a elaboração do questionário contou-se com a participação do

orientador da dissertação para se redigir um questionário objetivo e que gerasse o

maior número de informações possível.

Os tipos de questionários aplicados foram de tipo misto que, tal como o

nome indica, são questionários que apresentam questões de diferentes tipos:

resposta aberta e resposta fechada. Questões abertas proporcionam respostas de

maior profundidade, ou seja, dá ao sujeito uma maior liberdade de resposta,

podendo esta ser redigida pelo próprio. Questões fechadas permitem obter

respostas que possibilitam a comparação com outros instrumentos de

recolhimento de dados. Este tipo de questionário facilita o tratamento e análise da

informação, exigindo menos tempo. (MATTAR, 1996)

3.5 Coleta de dados

Doxsey e De Riz (2003) afirmam que pesquisar é procurar conhecer a

realidade através de levantamento de informações significativas e representativas

dessa realidade que, por sua vez, são os dados coletados. Quando esses dados

podem ser observados, contados e medidos diretamente, passam a ser

informações tangíveis. Outras vezes, esses dados não podem ser medidos ou

observados diretamente, devendo ser interpretados e analisados a partir das

informações coletadas para discernir padrões de respostas, tendências e

associações. Assim, se faz necessário utilizar ferramentas que permitam coletar,

organizar e analisar os dados. Na coleta de dados é ainda necessário garantir a

uniformidade de aplicação do instrumento de unidade de análise, para isso o

questionário, ficha de observação ou outro instrumento deve ser organizado de

forma que sua aplicação não altere a natureza dos dados registrados.

Doxsey e De Riz (2003) ainda explicam que uma pesquisa precisa ter bem

claro o problema. E, durante a realização do estudo, o pesquisador procura

respondê-lo através da coleta dados, buscando informações que possam dar

essa resposta.

Page 62: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

61

CAPITULO IV - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados da pesquisa são apresentados em:

Análise descritiva dos dados, onde serão apresentados os

resultados da tabulação dos dados levantados no questionário.

Análise inferencial dos dados, onde se mostrará as inter-relações

existentes entre os dados, e análise dos resultados obtidos e sua comparação

com o embasamento teórico.

4.1 Análise descritiva dos dados

Doxsey e De Riz (2003) explicam que a partir dos dados coletados, se faz

a análise dos mesmos. Na fase de análise, o pesquisador vai verificar, entre os

dados obtidos, informações tais como: Quais as informações que aparecem com

mais frequência? Quais as possíveis razões para serem mais frequentes? Quais

as informações que aparecem com menos frequência? Quais as possíveis razões

para serem menos frequentes?

4.1.1 Características gerais dos professores e alunos

Entre os professores de Educação Física que responderam a pesquisa,

como se pode notar, todos são do sexo feminino.

Gráfico 1 - Sexo dos professores de Educação Física pesquisados

Fonte: Elaboração Própria

Page 63: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

62

O Gráfico1 indica que os professores entrevistados são todos do sexo

feminino, isto é, 100% deles.

Gráfico 2 - Idade dos professores

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 2 indica a faixa etária dos professores, que estão todos

próximos, tendo a média de 26 anos.

Com relação às características gerais dos alunos, entre os que

responderam ao questionário, 69% são do sexo feminino, isto é, 44 alunos, 30%

do sexo masculino, 19 alunos e 2% não responderam, 1 aluno.

Gráfico 3 - Sexo dos alunos

Fonte: Elaboração Própria

Page 64: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

63

O Gráfico 3, assinala que a maioria dos alunos entrevistados são do sexo

feminino.

Como se pode verificar, buscou-se entrevistar alunos de várias faixas

etárias do ensino fundamental, para a opinião e conhecer os interesses sobre o

assunto.

Dentre os entrevistados, 8% tem 10 anos, isto é 5 alunos, com 11 anos,

também 8% dos alunos, com 12 anos, 33% dos alunos, a maioris dos

entrevistados, 20% dos alunos tem 13 anos, isto é 13 deles, 22% dos

entrevistados tem 14 anos, 4 alunos, representando 6%, tem 15 anos e dosi

alunos tem 16 anos, representando 3% do total entrevistado.

Gráfico 4 - Faixa etária dos alunos

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 4 exibe de forma bastante clara a faixa etária dos alunos

entrevistados, como explicado anteriormente, buscando-se representantes de

todas as idades, para conhecer seus interesses com relação à dança.

Dentro do universo dos alunos entrevistados, 4 frequentam o 5º ano,

representando 4%, 9 frequentam o 6º ano, sendo 9%, 17 frequentam o 7º ano,

sendo um percentual de 17%, 18 frequentam o 8º ano, representando 18%, 15

frequentam o 9º ano, sendo 15% do total entrevistado e 1 não respondeu, sendo

1% do total.

Page 65: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

64

Gráfico 5 - Ano que frequenta

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 5 esclarece que a maioria dos alunos que respondeu a entrevista

cursa o 7º, 8º ou 9º ano.

4.1.2 Conhecimento da área de estudo

O Gráfico 6 demonstra a quanto tempo os professores entrevistados atuam

na área, como professores de Educação Física, sendo que a média é de seis

anos e meio. Assim, pode-se ver que são bem recentes e confirma a questão da

faixa etária, demonstrando que são professores jovens.

Gráfico 6 - Tempo em anos que trabalha com Educação Física

Page 66: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

65

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 7 mostra quais as modalidades que são ou não trabalhadas por

cada professor nas aulas de Educação Física. E, a dança tem um destaque

positivo, no gráfico, sendo que 75% dos professores disseram que trabalham a

dança em suas aulas.

Gráfico 7 - Modalidades trabalhadas nas aulas de Educação Física

Fonte: Elaboração Própria

Quando os alunos foram questionados a respeito das aulas de Educação

Física na escola, 77% responderam que tem aulas com frequência, 22% quase

sempre, 2% raramente têm aulas de Educação Física, conforme mostra o Gráfico

8.

Para Cunha (1992, p.11), a dança merece destaque junto à Educação

Física complementando as atividades de "ginástica, lúdicas, esportivas e

recreativas". Também para Claro (1988, p.67) “a dança e a Educação Física se

completam", em que "a Educação Física necessita de estratégias de

conhecimento do corpo e a dança das bases teóricas da Educação Física".

Page 67: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

66

Gráfico 8 - Frequência das aulas de Educação Física na escola

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 9 mostra a prática de modalidades nas aulas de Educação

Física. Apenas 8 alunos responderam que já praticaram dança durante as aulas,

representando 13% do universo pesquisado. Isso de certa forma contradiz o que

os professores responderam, quando 75% afirmam já ter trabalhado a dança nas

aulas de Educação Física.

Faz-se importante ressaltar que apesar dos benefícios comprovados, as

práticas da dança nas aulas de Educação Física ainda se realizam de forma muito

restrita. Isto se dá de acordo com reflexões de Vargas (2003, p.9) devido ao

despreparo na formação dos profissionais.

Gráfico 9 - Modalidades praticadas nas aulas de Educação Física na escola

Page 68: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

67

Fonte: Elaboração Própria

4.1.3 Interesse pela Dança

Quando os alunos foram questionados se gostavam de dançar, qualquer

estilo de dança, 41% respondeu que sempre, isto é, 26 alunos, 16 alunos

responderam que quase sempre gostam de danças, representando 25%, 17

alunos disseram que raramente gostam de dançar, isto é, 27% e 5 alunos,

representando 8% dos entrevistados, responderam que nunca dançam, como

mostrado no Gráfico 10.

Gráfico 10 - Gosto pela dança

Fonte: Elaboração Própria

De acordo com Silva (2010), para cada vivência e etapa da vida do

indivíduo, existe alguma forma de dança e até para aqueles que afirmam não

gostar dela, porém sem perceber, acompanham o som de alguma música

batendo os pés ritmicamente. Todos são capazes de criar um tipo de dança que

lhes permitam falar por meio dos movimentos, pois a dança é linguagem corporal.

Há nas sociedades uma diversidade de ritmos, movimentos, sons,

expressões, que se encaixam nas variadas formas de relações com o meio

sociocultural em que se vive, e que repercute sobre o indivíduo, que atua e

modifica sua realidade. Assim, encontramos danças como a valsa, forró, ballet e

hip-hop, quadrilha de festas juninas, jazz, funk, entre outras (SILVA, 2010).

Page 69: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

68

Gráfico 11 - Tipo de dança que conhece

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 11 exibe o tipo de dança que os alunos entrevistados conhecem,

percebendo-se que o forró é o mais comum entre eles, seguido do balé, hip hop e

funk.

É a partir do movimento, que podemos perceber as primeiras realizações

das crianças e a manifestação do desenvolvimento do sistema perceptivo

sensório-motor (VERDERI, 1998).

Assim, como explica Strazzacappa (2001), mesmo cercados por variadas

manifestações de dança, atualmente as pessoas possuem uma compreensão

restrita do que realmente ela significa, uma vez que, quando são questionadas

sobre o que entendem por dança, as pessoas estabelecem relações com os

ritmos mais difundidos pela mídia ou associado ao pensamento ao passado

Page 70: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

69

quando a dança era compreendida como ballet, principalmente o ballet clássico,

aparecendo nas primeiras posições.

A autora ainda destaca que o ballet é seguido:

[...] de perto pelas danças de rua (também conhecidas por hip hop, break, street dance) e pelas manifestações populares como a capoeira, o funk e o axé. Por vezes, encontramos algumas manifestações ligadas a danças étnicas, como a dança do ventre, o tango e o forró, estes últimos também vistos como danças de salão (STRAZZACAPPA, 2001).

Quando questionados sobre a inclusão da dança, além dos outros esportes

na Educação Física, 84% dos alunos aprovam, isto é, 54, 4 não aprovam,

representando 6% dos alunos, 8% não Têm certeza, sendo 5 alunos 1 não

respondeu, representando 2% dos entrevistados, ficando evidente o interesse dos

alunos pelo ensino de dança nas aulas de Educação Física.

Gráfico 12 - Dança na Educação Física

Fonte: Elaboração Própria

Ao serem questionados se a dança traz benefícios para o corpo e mente,

67% dos alunos concordaram, sendo 43 dos entrevistados, 19 alunos

concordaram plenamente, representando 30% e apenas 2 alunos ficaram incertos

quanto aos benefícios da dança, representando 3% do universo entrevistado,

como ilustra o Gráfico 13.

Page 71: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

70

Gráfico 13 - Dança para o corpo e para a mente

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 14 exibe a opinião dos alunos sobre em que a dança pode ajudar

no dia-a-dia. Em sua maioria afirmou que ela pode beneficiar muito na

autoestima, concentração, socialização, memorização, criatividade, ritmo,

coordenação, disciplina.

Uma arte não só para ser contemplada e admirada a distância, mas para

ser aprendida, compreendida, experimentada e explorada, numa tentativa de

levar o indivíduo a vivenciar o corpo em todas suas dimensões, através da

relação consigo mesmo, com os outros e o mundo. No que diz respeito aos

conteúdos que visem uma educação do/e pelo movimento para compreensão da

dança, Marques (2002, p.31), ressalta que:

[...] os conteúdos específicos da dança são: aspectos e estruturas do aprendizado do movimento (aspectos da coreologia , educação somática e técnica), disciplinas que contextualizem a dança (história,estética,apreciação e crítica, sociologia, antropologia, música, assim como saberes de anatomia, fisiologia e cinesiologia) e possibilidades de vivenciar a dança em si (repertórios, improvisação e composição coreográfica).

Neste sentido Marques (2002, p.32) aborda que, para se fazer escolhas

significativas seria interessante levarmos em consideração o contexto dos alunos,

respeitando suas próprias escolhas, opiniões e criações.

Page 72: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

71

Gráfico 14 - Benefício da dança

Fonte: Elaboração Própria

Strazzacappa (2001) explica que a dança está presente na vida das

pessoas, consistindo em movimento que parte de seu próprio corpo, porém surge

antes de tudo em sua mente, criada ou recriada por representações sobre a vida,

sentimentos e necessidades, sobre a sociedade em que vive. É quando se age no

mundo através de seu corpo, mais especificamente através do movimento. É o

movimento corporal que possibilita às pessoas se comunicarem, trabalharem,

aprenderem, sentirem o mundo e serem sentidos.

O Gráfico 15 ilustra a questão sobre quem pode dançar, onde 100% dos

alunos responderam que todos, meninos e meninas, podem dançar. E, nas

justificativas, afirmam que não há distinção de sexo, idade, condição física, etnia,

sendo necessário apenas ter disposição.

No país em que vivemos onde a mídia coloca em foco as lindas mulheres

dançando nas TVs como sendo lindo e sensual, a cultura foi sendo criada e

transformando a dança como sendo “coisas de mulher” fazendo com que cada

vez mais alunos do sexo masculino tomem certa distância do conteúdo nas

escolas (MARQUES 1997). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) indicam

que somos um país riquíssimo em manifestações artísticas, e Marques (1997)

Page 73: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

72

também complementa dizendo que os grupos e trios elétricos dançantes tem em

suas formações a grande prevalência de homens, que levam à força, a virilidade,

a identidade cultural e racial do nosso povo.

Gráfico 15 - Quem pode dançar

Fonte: Elaboração Própria

Ao serem questionados sobre o conhecimento cultural e as diversidades do

país e do mundo através da dança, 91% dos alunos, isto é 58, disseram que se

sentiriam mais motivados a estudar e praticar essa modalidade. Nas justificativas

das respostas, nota-se que para os alunos, além de deixar a rotina da sala de

aula mais descontraída, a dança ajudaria na concentração e memorização, na

autoestima, relaxaria e, também, daria um maior conhecimento do país e do

mundo.

Segundo NANNI (1995) a dança contribui para o desenvolvimento das

funções intelectuais como: atenção, memorização, raciocínio, curiosidade,

observação, criatividade, exploração, entendimento qualitativo de situações e

poder de crítica.

Fica bastante evidente no gráfico 16, quando se visualiza que 91% dos

alunos se sentiriam incentivados pelo conhecimento da cultura e das diferenças

entre os estados do país e do mundo, através da dança e, apenas, 9%, isto é, 6

alunos do universo pesquisado, afirmam que não se motivariam a partir disso.

Page 74: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

73

Gráfico 16 - Conhecer culturas através da dança

Fonte: Elaboração Própria

Medina et al. (2008) afirmam que a dança é uma forma de movimento

elaborado, que fornece elementos da cultura dos povos, revelando os hábitos e

costumes de uma determinada sociedade.

Cunha (1992, p.13) também ressalta a importância do processo de

escolarização da dança:

Acreditamos que somente a escola, através do emprego de um trabalho consciente de dança, terá condições de fazer emergir e formar um indivíduo com conhecimento de suas verdadeiras possibilidades corporal expressiva.

Strazzacappa (2001) esclarece que a dança é um patrimônio cultural

imaterial, principalmente quando pensado nas dimensões de um país como o

Brasil, com todas as diversidades de cores, sons e gestualidades, com todas as

misturas, heranças e criações.

O Gráfico 17 mostra que 26 alunos, representando 41% do universo

pesquisado disseram que várias vezes ocorreram apresentação de dança na

escola; 52% disseram que algumas vezes, sendo 33 alunos e 5, não sabem,

representando 8% dos pesquisados. Percebe-se com isso, que as escolas

utilizam da modalidade da dança, em alguns tipos de eventos e, até com certa

frequência.

Page 75: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

74

Assim, fomentar a educação através da dança escolar não se resume em

buscar sua execução em "festinhas comemorativas" (VERDERI 1998, p.33);

tampouco oferecer a ideia de que "dançar se aprende dançando" (MARQUES

2002, p.19). Para esta autora o estudo e a compreensão da dança corporal e

intelectualmente falando, "vão muito além do ato de dançar”.

Gráfico 17 - Apresentação de dança na escola

Fonte: Elaboração Própria

Ao serem questionados sobre a possibilidade de a dança deixar de ser

modalidade da Educação Física de sua escola e passar a ser a matéria “Dança”,

34 alunos acharam ótima ideia, isto é, 53%; 16 alunos, 25%, acharam bom; 6

alunos, 9%, acreditam que é razoável e 8 alunos, 13% acham a ideia ruim, com o

demonstrado no Gráfico 18.

Gráfico 18 - Matéria de Dança

Fonte: Elaboração Própria

Page 76: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

75

No Quadro 1, os professores, ao serem solicitados a explicar o porquê de

se trabalhar a dança nas aulas de Educação Física, destacaram que através

dessa atividade, a criança aprende a lidar com as diferenças, a cooperar, amplia a

cultura corporal, trabalha a coordenação motora, desenvolve o aspecto físico-

motor, congnitivo e afetivo, facilitando o processo de socialização.

Cunha (1992, p.13) também ressalta a importância do processo de

escolarização da dança:

Acreditamos que somente a escola, através do emprego de um trabalho consciente de dança, terá condições de fazer emergir e formar um indivíduo com conhecimento de suas verdadeiras possibilidades corporais-expressivas.

Vargas (2003, p.13) completa que a atividade da dança na escola "[...]

engloba a sensibilização e conscientização dos alunos tanto para suas posturas,

atitudes, gestos e ações cotidianas como para as necessidades de expressar,

comunicar, criar, compartilhar e interatuar na sociedade”.

Quadro 1 - Porque trabalhar a Dança nas aulas de Educação Física?

Professora

01

Porque é uma forma lúdica da criança aprender a lidar com as diferenças, a

dança é um conjunto é cooperação.

Professora

02

A dança faz um trabalho que envolve todo o apoio, com isso , a criança que

a faz, possui uma cultura corporal maior.

Professora

03

Porque além de trabalhar a coordenação motora e desenvolver o físico,

proporciona o desenvolvimento social e o conhecimento a cultura.

Professora

04

Pois, proporciona aos alunos desenvolvimento físico-motor, cognitivo e

afetivo facilitando assim o processo de socialização.

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 19 demonstra a opinião dos professores, quando entrevistados

sobre a frequência das aulas de dança no decorrer do ano letivo, dividiram-se,

como pode ser visto no gráfico 19, sendo que 2, isto é, 50%, afirmam que deve

ser desenvolvida atividade de dança duas vezes no ano e 2, 50%, afirmam que a

frequência deve ser de mais de duas vezes ao ano.

Page 77: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

76

Gráfico 19 - Frequência de aulas de dança no ano

Fonte: Elaboração Própria

Quando questionados quais as modalidades/gêneros de dança que foram

trabalhadas nas aulas de Educação Física, pelas respostas dos professores

pode-se observar que as modalidades mais trabalhadas foram dança criativa,

jazz, expressão corporal e o balé clássico, além da dança escolar.

Conforme mostra o Gráfico 20, jazz e dança criativa foi trabalhado por

100% dos professores, balé clássico, expressão corporal e dança escolar foram

trabalhados por 75% dos professores.

Gráfico 20 - Gêneros/Modalidades de dança trabalhada

Fonte: Elaboração Própria

Page 78: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

77

O professor não deve ensinar o aluno como se deve dançar, mas sim

favorecer a aprendizagem. Não deve demonstrar os movimentos, mas sim criar

condições para que o aluno se movimente. Aqui, a dança não tem regras, não

existe o fazer certo ou errado (FERREIRA, 2005).

Quadro 2 - Qual a motivação para trabalhar tais modalidades?

Fonte: Elaboração Própria

Quando os pesquisadores perguntaram aos professores qual a motivação

que tiveram para trabalhar os gêneros/modalidades de dança citados na questão

anterior, responderam que o interesse dos alunos em conhecer o novo,

vivenciando as possibilidades de movimento corporal, foram razões que os

incentivaram.

O Gráfico 21 demonstra quais as maiores dificuldades enfrentadas pelos

professores no ensino da dança. Os mais citados foram: a falta de planejamento

por parte da escola e a falta de infraestrutura adequada, demonstrando inclusive

que a desmotivação dos alunos e a dificuldade com horários também são

questões que dificultam a inclusão da dança, entre as atividades escolares.

Os professores que aplicam aulas de dança devem se atentar ao deparar-

se com situações em que os pais inibem o comportamento de seus filhos, porque,

estes estão formulando sua base de pensamento. Os professores têm que atuar

como incentivadores da prática da dança e promover experiências conjuntas entre

meninos e meninas.

Strazzacappa (2003) ressalta que é praticamente impossível evitar as

influências advindas da mídia na escola, mas isso pode acontecer na hora do

recreio ou do intervalo, e não como proposta de ensino de dança. Isso nos leva à

Professora

01

O interesse de cada aluno em conhecer o novo.

Professora

02

Por eu dançar desde pequena, tomei gosto, pois todo o corpo se mexe e seu

cognitivo também.

Professora

03

Proporciona aos alunos o conhecimento de cada modalidade e fazê-los

vivenciar as inúmeras possibilidades de lhe dar com o corpo.

Professora

04

Melhor conhecimento nas modalidades citadas acima.

Page 79: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

78

problemática de que devemos rever nossos valores culturais, de forma que

evidenciem políticas de estimulação a aprendizagem e apreciação da dança.

Gráfico 21 - Dificuldades para ensinar dança na escola

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 22 mostra que o maior problema enfrentado pelos professores,

que pode gerar conflitos, é a questão de idade, onde 75% dos professores

afirmam ser questão de conflito, já quanto a gênero e classe social, 50% afirmam

que geram conflitos e 50% afirmam que não geram. Segundo os professores, na

questão de etnia 100% afirmaram que não gera qualquer tipo de conflito.

Page 80: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

79

Gráfico 22 - Tipos de Conflitos

Fonte: Elaboração Própria

Quadro 3 - Limitações com relação à Dança na formação de Educação Física?

Professora

01

Na minha graduação tive a oportunidade de conhecer mais a história da dança,

mas acho que faltou bastante na parte prática, o que realmente é trabalhado

após o término da graduação.

Professora

02

A flexibilidade e o entendimento e preparo do professor que era extremamente

ruim, só passava coreografias nada de teoria.

Professora

03

Acredito que a faculdade não é suficiente para se trabalhar com a dança, é

necessário buscar cursos, livros e informações com atuantes do meio.

Professora

04

Cada pessoa sabe o limite do seu corpo, durante minha formação em alguns

momentos problemas no joelho atrapalharam.

Fonte: Elaboração Própria

De acordo com as respostas dos professores entrevistados apresentadas

no Quadro 3, a base para dança na formação durante a faculdade é falha,

apresentando pouca possibilidade para a prática da dança, sendo necessário

buscar formação complementar extracurricular.

Este é sem dúvida um dos pontos mais críticos para Marques (1999),

quando afirma que: o ensino universitário nessa área não vem sendo capaz de

suprir as demandas do mercado, deixando em aberto as suas responsabilidades.

Page 81: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

80

Tanto o professor de Educação Física como os Pedagogos vêm trabalhando com

a dança sem ter uma contextualização para isto.

Marques (1997) coloca que na maioria das vezes professores de Educação

Física não trabalha a dança pelo simples fato de não terem tido este conteúdo na

sua grade curricular, ainda completa que na maioria das instituições de ensino

superior a dança não está inserida na formação dos alunos de Educação Física e

quando são vista é de forma bem superficial.

Quadro 4 - A formação acadêmica possibilita trabalhar de forma teórica e prática nas

escolas de maneira crítica, fundamentada e significativa?

Professora

01

Não. Como citei a cima falta muito na parte prática, é necessário buscar alguns

conhecimentos fora para se aperfeiçoar.

Professora

02

De forma alguma, a matéria dança na grade curricular passou de forma

superficial, a professora não tinha experiência em dança.

Professora

03

Ainda não, necessito de mais conteúdo teórico e prático.

Professora

04

Não, pois o ensino teórico vai além das matérias oferecidas em sala. É

necessário interesse pessoal para buscar outras fontes.

Fonte: Elaboração Própria

Pelas respostas elencadas no Quadro 4, percebe-se que todos os

professores sentiram e sentem necessidade de buscar uma formação

complementar, para trabalhar a dança de maneira completa e satisfatória com

seus alunos.

É importante ressaltar que para muitos pedagogos, professores de

Educação Física, Artes e outras áreas do conhecimento, se tornar apto para o

ensino de dança é uma questão que vai além da oferta de parâmetros, pois o

trabalho de professores mais ou menos preparados para trabalhar com a dança

implicará sempre numa formação mais ou menos artística e/ou cultural para seus

alunos. O que entendemos é que, os PCNs e as Diretrizes Curriculares Estaduais,

ao incluírem o ensino de dança como componente curricular a ser trabalhado nas

áreas de conhecimento de Artes e Educação Física realiza um movimento de

avanço para mudanças em relação ao senso comum presente na cultura escolar

Page 82: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

81

sobre a dança como elemento educativo, mas insuficiente perante outras

questões como a própria formação dos professores (SILVA 2010).

Gráfico 23 - Arte reconhecida como disciplina

Fonte: Elaboração Própria

O Gráfico 23 demonstra claramente o que apenas 75% dos professores

tem conhecimento da LDB nº 9394/96, na qual o ensino de arte é disciplina

obrigatória na escola.

Na LDB 9.394/96, o Art. 1º, esclarece que:

Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Quadro 5 - O que representa a obrigatoriedade do ensino da Arte nas escolas?

Professora

01

Não respondeu.

Professora

02

Excelente, o ser humano não vive sem arte e sem dança e essa modalidade

inclusa na escola fazem que os alunos cresçam culturalmente.

Professora

03

Foi reconhecido, mas ainda é preciso muitas mudanças para esta efetivação.

Professora

04

É apenas uma lei, pois para que a arte possa ser vista como disciplina

essencial e significativa, várias mudanças precisam acontecer.

Fonte: Elaboração Própria

Page 83: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

82

O Quadro 5, a partir das respostas dadas pelos professores, demonstra

que o ensino da dança é uma conquista importante, mas que são necessárias

muitas mudanças na grade curricular e conscientização por parte dos alunos,

professores e diretores das escolas, para que se torne realidade.

Quadro 6 - Nos PCNs a arte faz parte do currículo e a dança foi formalizada como

linguagem artística. Pode explicar se você acredita que a dança nas suas várias

qualidades e diversas formas pode ajudar na educação das crianças do ensino

fundamental?

Professora 01

Com toda certeza a dança é capaz de motivar, educar, sensibilizar e até mesmo

na formação da personalidade dos alunos.

Professora 02

A dança auxilia no desenvolvimento das habilidades motoras, essa começando

mais cedo o desenvolvimento é maior.

Professora 03

Sim. Porque proporciona o conhecimento de várias culturas, coisa que no seu

meio ele nunca teria visto.

Professora 04

Sim, pois oferecem vivência de socialização de cooperativismo favorecendo no

envolvimento com a diversidade cultural criando respeito com o "diferente".

Fonte: Elaboração Própria

O Quadro 6 mostra que 100% dos professores entrevistados acreditam que

a dança pode ajudar os alunos do ensino fundamental, proporcionando

conhecimento cultural, nas diversidades de estilo, desenvolver habilidades

motoras e, ajudar na socialização.

Marques (2002) afirma que houve um avanço quando a dança foi incluída

nos PCNs, em 1997, ganhando reconhecimento nacional como forma de

conhecimento a ser trabalhado na escola. Para a autora,

Os PCNs são, portanto, uma alternativa para que professores que por ventura desconheçam as especificidades da dança como área de conhecimento possam atuar de modo a ter alguns indicativos para não comprometer em demasia a qualidade do trabalho artístico educativo em sala de aula. Não se trata, obviamente, de querer instrumentalizar, capacitar e até mesmo formar professores de dança a partir desses documentos, mas como o próprio nome já diz, indicar parâmetros (MARQUES, 2002,p.36).

Page 84: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

83

Quadro 7 - Qual sua opinião se a dança fizesse parte da Educação Física escolar no

ensino fundamental?

Professora

01

Seria mais uma opção para as crianças se motivarem nas aulas de Educação

Física, e também uma forma de embelezar as datas comemorativas nas escolas.

Professora

02

Ao início dessas aulas já nas escolas particulares, podemos ver excelentes

resultados em questão de cultura corporal, localização, organização espacial e

desenvolvimento das habilidades motoras.

Professora

03

Acho de extrema importância, porque a dança desenvolve a parte motora o físico

e o cognitivo, e toda criança precisa desenvolver essas capacidades.

Professora

04

Favorece um melhor relacionamento entre os alunos podendo ser utilizada de

forma interdisciplinar, pois não está ligada somente a arte mas também entre

todas as outras disciplinas.

Fonte: Elaboração Própria

Pelas respostas dadas no Quadro 7, percebe-se que 100% dos

professores entrevistados aprovam que a dança faça parte da Educação Física

escolar no ensino fundamental, pois segundo eles, auxilia a criança a desenvolver

suas habilidades, além de facilitar o relacionamento entre alunos/alunos e

alunos/professores, podendo também auxiliar na interdisciplinaridade.

Quadro 8 - Você acha interessante incluir a realidade escolar do aluno aos conteúdos

específicos da dança que são trabalhados na escola?

Professora

01

Não

Professora

02

Sim, a dança pode auxiliar se interdisciplinar na arte, história, geografia, línguas

estrangeiras e nas exatas.

Professora

03

Sim. É possível trabalhar a dança com disciplinas como arte, história e geografia.

Professora

04

Em sala há alunos de diferentes lugares quando o professor sabe utilizar essas

diversidades culturais que incluem a geografia, a história e outros, cada aluno

possui a sua identidade.

Fonte: Elaboração Própria

75% dos professores acham importante incluir a realidade do aluno aos

conteúdos desenvolvidos no conteúdo da dança, aproveitando e valorizando seus

Page 85: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

84

conhecimentos anteriores. Quanto a interdisciplinaridade, é possível correlacionar

a dança com história, geografia, artes, entre outras.

De acordo com Silva (2010), sendo o professor responsável pela mediação

entre os saberes sistematizados do ensino escolar e os saberes adquiridos pelo

aluno em seu cotidiano, este precisa considerar o contexto social e cultural,

partindo das escolhas de ritmos e estilos, além dos conhecimentos que esses

alunos já possuem. Assim, o professor deverá procurar orientações didáticas

comprometidas com a realidade sociocultural brasileira e com valores éticos e

morais para formar cidadãos participativos em sua comunidade. Contudo, a dança

ao ser inserida ao conteúdo escolar não pretende formar bailarinos, antes disso,

consiste em oferecer ao aluno uma relação mais efetiva e intimista com a

possibilidade de aprender e expressar-se criativamente através do movimento.

Nessa perspectiva, o papel da dança na educação é o de contribuir com o

processo ensino-aprendizagem, de forma a auxiliar o aluno na construção do seu

conhecimento. E também, assistir o professor enquanto recurso pedagógico.

VERDERI (2009) declara que:

a dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno desenvolva todos os seus domínios do comportamento humano e, por meio de diversificações e complexidades, o professora contribua para a formação de estruturas corporais mais complexas.

Quadro 9 - Relação Dança-Ensino-Sociedade?

Professora

01

É uma relação totalmente sociável, é preciso, necessário adotar as danças

como grade curricular na Educação Física podendo assim abrir espaço para

comunidade é o ensino a favor do esporte e da igualdade social através do

mesmo.

Professora

02

A dança faz com que todos se incluam na sociedade de uma só forma,

indistintamente. A dança é espelho do desenvolvimento.

Professora

03

A união das três complementa o conhecimento cultural do indivíduo, sendo

este capaz de conviver em todos os meios, da classe baixa a classe média e

alta.

Professora

04

Uma completa a outra, pois através da dança o aluno alcança um aprendizado

favorecendo no seu próprio processo educativo e capaz de se tornar um

cidadão participativo.

Fonte: Elaboração Própria

Page 86: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

85

Conforme as respostas dadas pelos professores, verifica-se que eles

acreditam que DANÇA-ENSINO-SOCIEDADE se complementam, criando-se uma

situação onde as diferenças desaparecem e a criança se sente incluída,

participando da comunidade, e com seu desenvolvimento tornando-se um cidadão

participativo.

Para MARQUES (2005), nos conteúdos trabalhados em sala de aula a

dança tem que estar vinculada com o contexto dos alunos:

o contexto dos alunos é um dos interlocutores para o fazer-pensar a dança, pois garante a relação entre o conhecimento em dança e as relações sócio, político e culturais dos mesmos em sociedade.

Marques (2010) fala dessas transformações da sociedade contemporânea

sobre o ensino de dança, explicando que:

Não se trata de lamentar a globalização da sociedade que está fazendo com que marcas regionais desapareçam, mas de perceber e conviver com essas transformações, identificando para nós mesmos quais valores e atitudes queremos e podemos adotar [...].

Se há uma dificuldade de aceitação pelos alunos sobre determinados tipos

de dança, é justamente pela falta de compreensão sobre elas e articulação com

as danças mais presentes no cotidiano destes alunos. De forma que entendemos

como pertinente esta preocupação de Marques (2010) que ainda diz:

Danças populares brasileiras de vários tempos e lugares também perdem o sentido se não relacionadas aos temas reincidentes nas danças preferidas dos nossos alunos.

Quadro 10 - As danças populares resgatam a identidade cultural de um país? Por quê?

Professora

01

Sim. Porque as raízes de um local devem ser sempre lembradas independente da

forma, e a dança consegue resgatar isso e o interesse dos jovens por este meio

em conhecer a história do seu país.

Professora

02

Sim, se estas passadas por gerações, culturalmente todos conheceram seus

passados e culturas, aprendendo a respeitar a diversidade de um país tão grande

como o nosso.

Professora

03

Sim. Porque é através da cultura que eles apresentam possibilidades em

conhecer um pouco do país ou estado, assim suas tradições e costumes.

Professora

04

Sim. Pois cada lugar possui uma diferente forma de expressão, através da dança

a tradição é repassada de geração a geração fortalecendo o laço cultural de cada

país.

Fonte: Elaboração Própria

Page 87: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

86

100% dos professores concordam que as danças populares ajudam a

resgatar a identidade cultural do país, pois retoma as raízes e a história de um

povo e, quando se tem conhecimento dessa história, se respeita e se aprende a

respeitar o próximo.

Quadro 11 – Qual é a opinião sobre a dança fazendo parte do currículo escolar no

ensino fundamental?

Professora

01

Seria ideal a dança é uma linguagem corporal bem vista e aceita universalmente

e ela consegue ajudar no desenvolvimento cognitivo pessoal formação de caráter

e na cooperação, porque na dança é preciso respeitar o limite do outro.

Professora

02

A dança iria auxiliar as crianças no seu aumento de conhecimento e habilidades,

tanto motora como cognitivas dentro da sala de aula. Um grande passo para

conhecimento do ensino fundamental.

Professora

03

Seria o ideal e acredito que está caminhando para isso. A sociedade já percebe o

quanto a dança pode transformar uma criança.

Professora

04

No ensino fundamental ela poderia ajudar ainda mais na aprendizagem cognitiva

e afetiva, pois quando está ligada as outras disciplinas seus benefícios são

inúmeros.

Fonte: Elaboração Própria

100% dos professores entrevistados afirma ser muito interessante, uma

vez que a dança ajuda no desenvolvimento social e cognitivo da criança,

auxiliando na formação do caráter, no respeito ao próximo, e respeito aos limites

de si mesmo e do outro.

4.2 Análise inferencial dos dados

No Gráfico 1 verifica-se o sexo dos professores de Educação Física, que

foram entrevistados, sendo 100% do sexo feminino. Gráfico 3, verifica-se o sexo

dos alunos entrevistados, onde se constata que 69% são do sexo feminino, 30%

masculino e 2% não responderam.

Quanto à idade dos professores, analisando o Gráfico 2, constata-se que a

média etária é de 26 anos.

Já em relação à idade dos alunos entrevistados, vê-se no Gráfico 4 que 8%

tem 10 anos, 8%, 11 anos, 33%, 12 anos, 20%, 13 anos, 22%, 14 anos, 6%, 15

Page 88: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

87

anos e 3%, 16 anos. Assim, a maioria dos alunos entrevistados tem entre 12 e 14

anos.

Observando o Gráfico 5, verifica-se qual ano do ensino fundamental os

alunos estão frequentando, sendo que do universo pesquisado, 4% estão no 5º

ano, 9% no 6º ano, 17% no 7º ano, 18% no 8º ano, 15% no 9º ano e 1% não

respondeu. Nota-se que a maior parte dos entrevistados cursa entre o 7º e o 9º

anos.

No Gráfico 6, os professores responderam a quanto tempo trabalham com

Educação Física, chegando-se a uma média de 6 anos e meio. Conclui-se que os

professores entrevistados são jovens (de acordo com a média do gráfico 2) e

atuam a pouco tempo na área de Educação Física.

No Gráfico 7 pode-se observar o resultado da questão sobre as

modalidades trabalhadas nas aulas de Educação Física pelos professores,

chegando-se ao seguinte resultado: 50% exercita o vôlei, 25% o futebol, 25% o

basquete, 50% o handebol, 50% a queimada, 75% a dança. Porém com relação à

dança, 25% dos professores entrevistados não responderam nem se sim ou não a

exercita em suas aulas.

O Gráfico 8 refere-se à frequência das aulas de Educação Física e 77%

dos alunos disseram que sempre tem aulas, 22% disseram que quase sempre,

2% disseram que raramente tem aulas de Educação Física na escola.

Com relação às modalidades praticadas nas aulas de Educação Física,

88% dos alunos disseram que praticam vôlei e 13% disseram que não; 77%

praticam futebol e 23% não; 45% praticam basquete e 55% disseram que não

praticam; 48% responderam que praticam handebol e 52% não praticam; 73%

disseram que praticam queimada e 27% disseram que não; 13% disseram que

praticam dança e 88% disseram que não praticam dança nas aulas de Educação

Física, como demonstrado no Gráfico 9.

Foi perguntado aos alunos se eles gostam de dançar, qualquer tipo de

música. O Gráfico 10 mostra as respostas, sendo que 41% responderam que

gostam de dançar sempre, 25% disseram que quase sempre, 27% disseram que

raramente e 8% responderam que nunca gostam de dançar. Pode-se notar que,

entre os alunos existe interesse pela dança e, existindo a possibilidade a grande

maioria pratica a dança, qualquer que seja o estilo.

Page 89: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

88

No Gráfico 11, tem-se o resultado da questão feita aos alunos, sobre os

tipos de dança que conheciam. Os mais citados foram forró, 63%, Balé 42%, Hip

Hop 36%, Funk 33%, Axé 19%, Lambada 11%, Valsa e Tango 9%, Samba,

Country, Carimbó 8%. 3% não responderam e 3% disseram não conhecer

nenhum tipo de dança. Pode-se notar que, entre os alunos pesquisados, existe

um conhecimento variado de tipos de dança.

No Gráfico 12 pode-se observar as respostas à questão da inclusão da

dança nas aulas de Educação Física. E, as respostas dos alunos foram 84%

aprovam plenamente a inclusão da dança, 6% não aprovariam, 8% não têm

certeza e 2% não responderam. Diante dessas respostam pode-se verificar, mais

uma vez que os alunos têm grande interesse em praticar a dança nas aulas de

Educação Física, no ensino fundamental.

Diante da afirmação que a dança faz bem para o corpo e para a mente,

demonstrado no Gráfico 13, 67% dos alunos concordam, 30% concordam

plenamente e 3% não têm certeza.

No Gráfico 14 pode-se verificar as respostas dadas às opções

apresentadas aos alunos sobre como a dança pode ajudá-los nos dia-a-dia. 81%

disseram que a dança pode ajudar muito na autoestima, 14% pouco, 2% quase

nada e 3% acham que a dança ajuda nada na autoestima. Sobre concentração,

66% disseram que ajuda muito, 33% pouco, 2% quase nada. Quanto à

socialização, 42% responderam que ajuda muito, 39% responderam pouco, 17%

quase nada e 2% nada. Com relação á memorização, 63% responderam que

ajuda muito, 28% pouco, 8% quase nada e 2% nada. Sobre criatividade, 84%

acham que a dança ajuda muito, 9% pouco, 5% quase nada. 86% dos alunos

responderam que a dança melhora muito o ritmo, 13% pouco, 2% quase nada.

Sobre a coordenação, 72% acham que melhora muito, 23% pouco, 5% quase

nada. Quando perguntados sobre a sensação de alegria que a dança dá, 86%

responderam que muito, 13% pouco, 2% quase nada. Quanto à disciplina, 56%

acham que ajuda muito, 34% pouco, 6% quase nada e 3% nada.

Pelas respostas representadas nos Gráficos 13 e 14, verifica-se que os

alunos tem conhecimento de que a prática da dança pode ajudar o

desenvolvimento do corpo e da mente em vários aspectos.

Page 90: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

89

No Gráfico 15, identifica-se a resposta dos alunos, quando questionados

sobre quem pode dançar, sendo que 100% responderam que todos podem

dançar, sem qualquer tipo de exclusão.

Foi perguntado aos alunos se, conhecer através da dança a cultura e a

diversidade de cada estado do país e do mundo os incentivaria mais a estudar e

por quê. A representação das respostas está no Gráfico 16, onde 91%

responderam que sim e 9% não se sentiriam incentivados a estudar. E, os

motivos mais citados que incentivam os jovens foram que a dança deixa a rotina

da sala de aula mais descontraída, ajuda na concentração e memorização, ajuda

na autoestima, ajuda a relaxar, além de trazer maior conhecimento sobre o

próprio país e sobre o mundo.

O Gráfico 17 mostra que 41% dos alunos já teve alguns tipo de

apresentação de dança na escola várias vezes, 52% algumas vezes e 8% não

sabe.

Perguntou-se aos alunos o que pensavam em ter a matéria Dança, ao

invés de ser apenas uma modalidade na aula de Educação Física. De acordo com

o gráfico 12, têm-se as respostas dadas, que foram 53% acham a ideia ótima,

25% boa, 9% razoável e 13% ruim.

Conforme as respostas dadas pelos alunos, percebe-se que a grande

maioria gostaria de praticar mais a dança na escola e, se fizesse parte do

currículo escolar, seria bastante interessante, pois assim, não seria apenas uma

modalidade dentro das aulas de Educação Física. Verifica-se também, que têm

interesse pela dança, pois através dela eles podem conhecer outras culturas,

outros costumes. Além disso, como citado por eles mesmos, a dança ajuda na

concentração, memorização, socialização, uma vez que todos podem dançar,

sem qualquer tipo de distinção ou preconceito.

Os professores foram questionados sobre o porquê de trabalhar a dança

nas aulas de Educação Física. Segundo suas respostas, através da dança a

criança aprende a lidar com as diferenças, aprende a cooperar, amplia a cultura

corporal, trabalha a coordenação motora, desenvolve o aspecto físico-motor,

cognitivo e afetivo, facilitando o processo de socialização (Quadro 1).

Page 91: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

90

Quando questionados a respeito da frequência das aulas de dança durante

o ano letivo, 50% dos professores responderam que ministram aula de dança

duas vezes no ano e 50% mais de duas vezes (Gráfico 19).

Perguntou-se aos professores quais modalidades de dança eram

trabalhadas nas aulas. E, conforme gráfico 20, nota-se que 100% trabalha o jazz,

75% o balé, 25% trabalham danças folclóricas, 100% trabalham com a dança

criativa, 75% expressão corporal, 25% trabalham a dança de salão, 50%

trabalham quadrilha, 25% trabalham street dance, 75% dos professores trabalham

a dança escolar.

A partir dessas respostas, os professores foram questionados sobre o

motivo de se trabalhar essas modalidades. Conforme Gráfico 15, a motivação dos

professores partiu do interesse dos alunos em conhecer o novo, tendo a

possibilidade de desenvolver e descobrir os movimentos corporais.

No Gráfico 21, foram apontadas pelos professores, as principais

dificuldades encontradas para a prática do ensino de dança nas escolas. As mais

apontadas foram: a falta de planejamento e infraestrutura por parte das escolas. É

necessário que as aulas de dança sejam previstas no cronograma escolar, e para

que elas ocorram é necessário que se tenha na escola um espaço adequado.

No Gráfico 22, os professores apontam os conflitos diagnosticados entre os

alunos, em relação á dança. Verificou-se que 50% se referem à relação de

gêneros, 75% em relação à idade, 50% classe social, 25% corpo e 25% se

referem à deficiências físicas. Verificou-se também que não existem conflitos em

relação à etnia.

Quando questionados sobre os limites encontrados em relação à dança na

formação acadêmica de Educação Física, os professores disseram que a

formação é falha, com pouca possibilidade para a prática da dança, havendo a

necessidade de se buscar uma formação complementar (Quadro 3).

Questionados se a formação acadêmica possibilita trabalhar de forma

teórica e prática nas escolas de maneira crítica, fundamentada e significativa,

conforme Quadro 4, verifica-se que todos os professores tiveram uma formação

em dança na grade curricular de forma bastante superficial e, como respondido na

questão anterior, para trabalhar satisfatoriamente com os alunos, necessitam

buscar aperfeiçoamento complementar.

Page 92: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

91

Com relação ao conhecimento da LDB nº 9394/96, na qual Arte é

reconhecida como disciplina escolar obrigatória, conforme gráfico 23, 75% dos

professores afirmaram ter conhecimento e 25% disseram que não sabiam.

Partindo-se dessa questão relativa à LDB nº 9394/96, perguntou-se aos

professores o que pensavam a respeito dessa obrigatoriedade. 25% dos

professores não responderam e, os 75% que deram sua opinião, conforme

Quadro 5, disseram que acreditam que seja muito importante, porém são

necessárias muitas mudanças tanto na grade curricular quanto nas escolas para

sua efetivação.

No Quadro 6, pode-se conhecer a opinião dos professores sobre como a

dança pode ajudar na educação do ensino fundamental. O que eles mais

destacam foi o desenvolvimento nas habilidades motoras, ampliação da cultura

geral, além de motivar, sensibilizar, vivenciando o cooperativismo e o respeito

pelo outro e pelo diferente.

Quando questionados sobre a dança fazer parte da Educação Física, os

professores aprovaram, afirmando que além de enriquecer as datas

comemorativas da escola, a dança faz parte do desenvolvimento motor, físico e

cognitivo, além de poder ser utilizada de forma interdisciplinar, conforme Quadro

7.

Perguntou-se aos professores se a inclusão da realidade escolar do aluno

aos conteúdos da dança é interessante, e com quais disciplinas seria possível a

interdisciplinaridade (Quadro 8). Conforme pode ser verificado no quadro 8, 25%

dos professores acreditam não ser interessante a inclusão da realidade do aluno.

Os 75% que acreditam ser importante, afirmam que esse fato faz com que todos

conheçam realidades diferentes, culturas e locais distintos, valorizando a

identidade de cada um. Essas atividades podem ser desenvolvidas em disciplinas

como artes, história, geografia, entre outros, ampliando a capacidade de pesquisa

do aluno e sua cultura.

No Quadro 9 tem-se as respostas sobre a relação dança-ensino-sociedade,

onde os professores explicam que a dança é uma modalidade social e sociável,

onde não há distinção de qualquer tipo, que favorece a convivência com os

outros, com o diferente, desenvolvendo no aluno a capacidade de integração,

tornando-o um cidadão participativo.

Page 93: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

92

Ao falar sobre as danças populares, conforme as respostas no Quadro 10,

todos os professores entrevistados disseram que ajudam a resgatar a identidade

cultural do país, pois pelo seu conhecimento, resgata-se também a história da

região e do povo, resgatam-se tradições, formas de expressão, além de

desenvolver o respeito por uma cultura e região diferente da própria.

De acordo com a opinião dos professores, apresentadas no Quadro 11,

sobre a dança fazer parte do currículo escolar com um espaço maior, todos se

mostram de acordo, pois ajudaria no desenvolvimento dos alunos tanto motor,

físico, cognitivo, como social.

Page 94: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

93

CAPITULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusões

Neste trabalho, falou-se de corpo, movimento, expressão, música, ritmo,

dança. A dança na escola é que proporciona às crianças o contato com o novo,

onde é possível se trabalhar a imagem, expressão, sentimentos que podem

contribuir nas necessidades individuais e sociais, a partir das vivências que são

oferecidas.

Os alunos, quando livres para o tempo, para o espaço descobrem que

linguagem corporal é natural e é envolvido por uma grande expressão de

movimentos que contagia a cada gesto, despertando, assim, o interesse para que

experimentem a dança e vivenciem a oportunidade que ela pode proporcionar,

que pode ser única e estar contribuindo para um novo pensar e para novas

formas de agir e de se movimentar.

A dança deve potencializar sua linguagem às mudanças ideológicas, a

consciência, ao conhecimento de outras narrativas, como meio de inclusão na

história e no mundo. Deve ter reconhecida sua importância na educação,

fortalecendo as formas de subjetividade, sobretudo nos campos da formação da

afetividade, contemplando-se os elementos individuais e coletivos.

Através desse trabalho, percebeu-se que uma atitude crítica em relação ao

ensino da dança abrange conteúdos bem mais amplos e complexos do que uma

simples coreografia ou a reprodução de uma dança popular. É questionar pré-

conceitos, pensamentos e ideias, costumes e culturas diferentes.

Através da dança é possível romper fronteiras, mudar paradigmas,

questionar a reprodução de modelos estereotipados, na interdisciplinaridade de

temas como cultura, sociedade e corporeidade. Desenvolvendo-se um

pensamento próprio, com opinião alicerçada em questionamentos, tendo um

entendimento de que não é pelas vias da facilitação, da categorização, da

classificação que se compreende a expressão humana no todo. Através de

questionamentos é que se consegue transpor fronteiras, gerando um

aprofundamento da dança, conhecendo seus princípios, a contextualização

histórica, sobre a sexualidade e a dança para que valores não sejam incutidos,

incorporados, até impostos, inocentemente.

Page 95: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

94

O corpo é um instrumento de manifestação do contexto histórico em que

vive e um reflexo deste. E, na atualidade, com os espaços delimitados ao redor do

corpo, não se consegue criar propostas de movimentos. A dança, enquanto

prática pedagógica associada ao processo criativo pode vir a resgatar a

consciência corporal.

Fazendo uso do corpo, o aluno pode mostrar que além de razão, é também

imaginação, consciência e inconsciência. Pela aprendizagem o educando pode

modificar seu comportamento, resultante de estímulos ou situações. Na medida

em que o aluno absorve uma nova aprendizagem, aumenta seu conhecimento,

modifica sua percepção, muda seu comportamento.

Nesse contexto, a dança é uma forma de comunicação e expressão,

estabelecendo íntima relação com as emoções e sentimentos humanos,

antecedendo como forma de comunicação à própria linguagem falada,

característica escassa ao cidadão contemporâneo.

Foi possível constatar que a dança é num instrumento pedagógico,

importante no cotidiano escolar, pois favorece o equilíbrio entre corpo e mente e

possibilita uma educação pelo corpo inteiro, trazendo uma aprendizagem mais

criativa e participativa entre os alunos do ensino fundamental. Porém, pela

pesquisa pode-se notar que, apesar de os professores concordarem com os

benefícios proporcionados pela prática da dança, devido ao cronograma escolar,

falta de espaço, entre outras questões, podendo-se citar inclusive o pouco

treinamento dado a eles na formação, a dança, muitas vezes, acaba se limitando

às festas escolares e algumas apresentações.

Percebeu-se, durante o desenvolvimento e execução do trabalho, que a

dança na escola não está voltada apenas para ao prazer, uma vez que o esforço

criativo em dar forma estética, artística e psicomotora nos espaços de ensino-

aprendizagem faz com que os alunos a desenvolvam a criatividade e a

percepção, favorecendo a interpretação e a compreensão do mundo atual. A

dança consente, também, com a vivência da dimensão de transcendências, isto é,

quebra de limites levando os alunos a expressarem, imaginarem e construírem

novas formas de viver e existir, mediada pelo professor, desenvolvendo a questão

psicomotora, sócio construtivista, interdisciplinar e transversal, através do

Page 96: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

95

processo de construção do conhecimento tanto na disciplina Educação Física

como em outras áreas do saber.

Pela entrevista feita com os professores foi possível identificar os limites

existentes no processo de ensino da dança na Educação Física das escolas

municipais da cidade de Anápolis, Goiás, entre eles a falta de infraestrutura,

dificuldade com horários disponíveis na grade curricular e falta de material.

Os professores, em sua maioria, afirmaram que o nível e a preparação

para o ensino da dança, apenas dado na graduação é muito fraco, havendo

necessidade de se buscar complementação e especialização.

Através desse trabalho percebeu-se que relação entre dança-ensino-

sociedade é bastante forte, uma vez que a dança é uma modalidade social e

sociável, não havendo distinção de qualquer tipo, favorecendo a convivência com

os outros, com o diferente, desenvolvendo no aluno a capacidade de integração,

levando-o a ser um cidadão participativo.

Esses limites, como apresentados no decorrer deste trabalho, encontrados

no processo de ensino da dança na Educação física das escolas municipais da

cidade de Anápolis-GO, inclui vários fatores, como falta de infraestrutura, falta de

apoios, falta de projetos, planejamentos, além da preparação dos professores em

suas respectivas formações. Nesta análise notou-se que a dança está pouco

presente na Educação Física pois: os alunos da graduação têm pouca vivência

dentro e fora do ambiente escolar; em virtude do preconceito de muitos pais,

professores e alunos com a dança, e; por não se sentirem preparados para lidar

com este conteúdo no ensino escolar.

Conclui-se que isso talvez se deva à hegemonia do esporte na educação

física e a alguns equívocos quando se pensa nos objetivos e conteúdos da dança

na educação física. Além disso, mencionaram se imaginar ensinando apenas o

básico da dança, o que nos faz pensar que realmente não se sentem preparados

para desempenhar tal papel. A prática corporal amplamente divulgada e

incentivada pela mídia; à escassez no trato com as Artes e com a cultura na

escola; e à predominância e valorização do aspecto técnico sobre o artístico, só

para citar alguns. Para solucionar tais questões pode-se pensar em algumas

alternativas.

Page 97: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

96

Uma delas seria o comprometimento do aluno em entender o papel da

dança na Educação Física. Entendendo o sentido, as características e objetivos

da dança na Educação Física escolar, o aluno da graduação se sente mais à

vontade e mais preparado para elaborar seus conteúdos e ensiná-la

posteriormente na escola. Já pensando no papel da universidade, pode se sugerir

um empenho maior por parte desta em promover mais reflexões e discussões dos

alunos acerca do que é dança e de seu papel na Educação Física e na

sociedade. Pode-se pensar também em uma maior articulação do conteúdo

dança com outros conteúdos da cultura corporal de movimento, bem como com

as outras disciplinas (fisiologia, antropologia, aprendizagem motora, etc.).

Esse tripé que relaciona as afinidades multifacetadas de dança-ensino-

sociedade ajuda no diálogo com o mundo, com o conhecimento sobre si mesmo,

com o intuito de sairmos de nossas conchinhas individuais, individualista e

egoísta.

Os professores identificaram quais as dificuldades encontradas para

ministrar as aulas de dança na Educação Física e responderam que o que

dificulta seu trabalho é ministrar sem planejamento por parte da escola, falta de

material e falta de infraestrutura. Em sua maioria fazem aulas na quadra, ficam

expostos aos olhares de todos e muitos sentem vergonha, sendo que suas

práticas depararam-se com o sexismo. Diante de todas as dificuldades, o

professor deve contornar essas questões com métodos e técnicas de ensino

corporais e de educação somática buscando animar os alunos, colocando de lado

o preconceito, inserindo-o e incentivando-o, pois é aí que está o papel do

professor ao resgatar seu aluno e ajudá-lo a se expressar, superando suas

dificuldades. Na dança são determinantes as possibilidades expressivas de cada

aluno, o que exige habilidades corporais que, necessariamente, se obtêm como

treinamento. Em certo sentido, esse é o aspecto mais complexo do ensino da

dança na escola. A decisão de ensinar gestos e movimentos técnicos prejudica a

expressão espontânea ou ainda imprime no aluno um determinado

pensamento/sentido/ intuitivo da dança para favorecer o surgimento da expressão

espontânea, abandonando a formação técnica necessária à expressão certa.

Ratifica-se que o professor não “saber dançar” não deve ser empecilho para seu

ensino. Não estamos propondo domínio da técnica do jazz clássico ou moderno.

Page 98: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

97

A noção do espaço, por exemplo, é mais que o piso que serve de apoio, mas ele

possui volume e densidade. Tem comprimento, largura e altura. É possível ocupar

esse espaço tomando várias direções, desviando, utilizando níveis diferentes.

Portanto, a dança entendida como linguagem artística, tão necessária ao

desenvolvimento do ser humano, parece ser uma atividade que ainda está

nascendo nas escolas e, como tal, necessita de investigação e reflexão constante

para tornar-se efetiva em seu âmbito escolar.

Com este estudo objetivamos compreender o conceito de dança numa

dimensão pedagógica de muita importância, acreditando nos benefícios da dança

para o desenvolvimento do homem consciente e atuante da cultura enquanto

produto coletivo; da educação que se realiza em diferentes práticas sociais; da

própria dança como manifestação cultural inerente ao homem e uma linguagem

que o indivíduo dispõe por expressar e comunicar seus sentimentos emoções e

valores, refletindo as relações sociais e culturais, ficando para nós, a proposta ou

o desafio de integrar a dança neste contexto, com propostas diferenciadas,

buscando atingir bens pessoais, sociais ou educativos.

Nos resultados preliminares desta pesquisa foi evidente a necessidade de

criarmos mecanismos mais eficientes de acessibilidade à dança. Acreditamos que

a continuidade deste estudo permitirá um olhar mais amplo para os paradigmas

metodológicos que fundamentam a aplicação prática do ensino da dança nas

escolas da rede municipal de Anápolis/GO. O mapeamento da realidade poderá

favorecer o desenvolvimento de análises efetivas dos segmentos sociais

comprometidos com o fazer artístico, norteando ações fundamentadas nas

necessidades das instituições pesquisadas, de maneira a contribuir com a

diminuição das lacunas ainda existentes entre os saberes individuais e coletivos e

permitindo a aproximação entre as proposições teóricas da dança na sua prática

no ambiente escolar.

Pelos dados e informações obtidos a partir da pesquisa e entrevistas

realizadas com os professores e alunos, percebeu-se que ambos gostariam que a

determinação do PCN fosse cumprida, havendo aulas de dança nas escolas.

Porém, para que isso venha a ocorrer de maneira satisfatória, é necessário que

as escolas invistam em infraestrutura, material adequado e reciclagem para os

professores. Para a formação dos professores, ainda na graduação, é preciso que

Page 99: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

98

as universidades invistam mais nessa área, aumentando a carga horária,

valorizando a disciplina dança, não só na teoria, mas, principalmente, na prática.

Sem dúvida, a dança é de fundamental importância no contexto da

Educação Física. Nós professores temos que estar cientes disto, que ela pode

nos possibilitar aplicar um conteúdo bem diversificado. Cientes ainda que a escola

não esteja preocupada em formar bailarinos, mas sim possibilitar ao aluno a

conhecer a si próprio podendo proporcionar isto e muito mais e a componente

principal da dança na escola está libertando o professor do conceito de que o

único lugar ideal para se dar uma boa aula seja na quadra.

Estas discussões apontam para o compromisso que se deve ter enquanto

educador, assumindo uma atividade consciente na busca de uma prática

pedagógica coerente com a realidade, em que a dança leva o indivíduo a

desenvolver sua capacidade criativa numa descoberta pessoal de suas

habilidades contribuindo de maneira decisiva para a formação de cidadãos

críticos autônomos e conscientes de seus atos, visando a uma transformação

social. Foi possível constatar que a dança é um instrumento pedagógico

importante no cotidiano escolar, pois favorece o equilíbrio entre corpo e mente e

possibilita uma educação pelo corpo inteiro, trazendo uma aprendizagem mais

criativa e participativa entre os alunos de ensino fundamental.

Porém, pela pesquisa pode-se notar que, apesar de os professores concordarem

com os benefícios proporcionados pela prática da dança, devido ao cronograma

escolar, falta de espaço, entre outras questões, podendo-se citar inclusive o

pouco treinamento dado a eles na formação, a dança, muitas vezes, acaba se

limitando às festas escolares e algumas apresentações.

De acordo com a análise do que foi alcançado nos objetivos específicos e para o

objetivo geral, a resposta para o problema é apontada na hipótese de nulidade da

pesquisa, “ho”, que não há melhoria do ensino de dança na educação física nas

escolas municipais de Anápolis, Goiás, e nas universidades formadoras de

professores diante das dificuldades que enfrentam na atualidade”.

Percebeu-se, durante o desenvolvimento e execução do trabalho, que a dança

na escola não está voltada apenas para ao prazer, uma vez que o esforço criativo

em dar forma estética, artística e psicomotora nos espaços de ensino-

aprendizagem faz com que os alunos desenvolvam a criatividade e a percepção,

Page 100: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

99

favorecendo a interpretação e a compreensão do mundo atual. A dança consente,

também, a vivência da dimensão de transcendências, isto é, quebra de limites

levando os alunos a expressarem, imaginarem e construírem novas formas de

viver e existir, mediada pelo professor, desenvolvendo a questão psicomotora,

sócio-construtivista, interdisciplinar e transversal, através do processo de

construção do conhecimento tanto na disciplina Educação Física como em outras

áreas do saber.

Pela entrevista feita com os professores foi possível identificar os limites

existentes no processo de ensino da dança na Educação Física das escolas

municipais da cidade de Anápolis, Goiás, entre eles a falta de infraestrutura,

dificuldade com horários disponíveis na grade curricular, falta de material. Os

professores, em sua maioria, afirmaram que o nível e preparação para lecionar a

dança, apenas dado na graduação é muito fraco, havendo necessidade de se

buscar complementação e especialização. Através desse trabalho percebeu-se

que relação entre dança-ensino-sociedade é bastante forte, uma vez que a dança

é uma modalidade social e sociável, não havendo distinção de qualquer tipo,

favorecendo a convivência com os outros, com o diferente, desenvolvendo no

aluno a capacidade de integração, levando-o a ser um cidadão participativo.

Esses limites, como apresentados no decorrer deste trabalho, encontrados no

processo de ensino da dança na Educação física das escolas municipais da

cidade de Anápolis-GO, inclui vários fatores, como falta de infraestrutura, falta de

apoios, falta de projetos, planejamentos, além da preparação dos professores em

suas respectivas formações. Nesta análise notou-se que a dança está pouco

presente na Educação Física porque os alunos da graduação têm pouca vivência

dentro e fora do ambiente escolar, porque muitos pais, professores e alunos têm

preconceito com a dança, e porque não se sentem preparados para lidar com

este conteúdo no ensino escolar.

Page 101: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

100

5.2 Recomendações

Este trabalho possibilitou um maior conhecimento da realidade da dança no ensino

fundamental, sob a ótica dos professores e dos alunos, que apresentaram suas opiniões e

expectativas concernentes ao assunto.

Tanto professores como alunos, tem interesse na prática da dança, por ser uma

atividade prazerosa, que socializa alunos e professores, combate diferenças, desenvolve

corpo e mente, desperta interesses culturais e ampliando o conhecimento dos alunos.

É importante que se reflita sobre o assunto, uma vez que para que se faça cumprir a

determinação da LDB nº 9394/96, sobre a dança, serão necessárias mudanças e adaptações

tanto nos espaços físicos das escolas como na grade curricular. Isso, ainda requer muito

estudo e discussão, tanto entre os professores, como direção e coordenação escolar.

A dança é uma ferramenta terapêutica e educativa que ajuda na mudança dos

movimentos corporais, que oferecem autonomia e concentração aos educandos, fazendo

com que o processo ensino-aprendizagem se torne prazeroso e criativo. A análise feita a

partir da pesquisa para este trabalho não está encerrada, uma vez que se percebeu, por parte

dos alunos, em sua maioria, o interesse pela dança.

Diante disso, é interessante ressaltar que a dança motiva o aluno, pois enquanto

instrumento pedagógico beneficia uma aprendizagem expressiva que foge às práticas

rotineiras em sala de aula, amplia seus horizontes, fazendo-o conhecer novas culturas,

povos e cós

tumes. Para isso, é importante que se incentive a interdisciplinaridade, motivando a

participação de todos os professores das diversas disciplinas.

Durante a pesquisa foi possível perceber que algumas questões ao se falar de dança

desafiam a compreensão e se relacionarão entre eles, como a importância que o aluno do

ensino fundamental dá à identidade étnico-social, utilizando a dança e a musicalidade com

estilos relacionados à sua região. Por isso a importância de trazer a realidade do aluno para

as aulas, fazendo com que se identifiquem, conheçam e respeitem uns aos outros.

Percebeu-se, também, que este trabalho pode ser aplicado a outros grupos, outras

fases escolares e fases da vida, como crianças, jovens, adultos e idosos, ganhando

integração nas questões de gênero, idade, etnia.

Acredita-se que para que se alcance um bom nível no ensino de dança na

Educação Física nas escolas municipais de Anápolis e em todo país, as

Page 102: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

101

universidades deverão se adaptar às determinações da LDB nº 9394/96 e

procurar preparar de forma mais aprofundada os professores, para que possam

exercer satisfatoriamente essa atividade.

A partir deste trabalho, é possível ainda, desenvolver outros trabalhos que

tratem especificamente da formação do professor de Educação Física, com

especialização em Dança. Analisar a questão dos alunos, não só no ensino

fundamental, mas também no ensino médio. Outra possibilidade pode ser um

estudo das escolas que já integraram a aula de dança em sua grade curricular,

como conseguiram adaptar espaço e carga horária, entre outras possibilidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, D. Dança... Ensino, sentidos e possibilidades na escola. São Paulo: Autores Associados, 2004. BERTAZZO, J. Espaço e corpo: guia de reeducação do movimento. São Paulo: SESC, 2004. BERTONI, J. G. A dança e a evolução; o ballet e seu conteúdo teórico; programação didática. São Paulo: Tanz do Brasil, 1992. BITTENCOURT, C. M. F. Disciplinas escolares: história e pesquisa. In: OLIVEIRA, M. A. T.; RANZI, S. M. F. (Org.) História das disciplinas escolares no Brasil: contribuições para o debate. Bragança Paulista: EDUSF, 2003. p. 9- 38. BRASIL. Lei n° 9.394. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 26 de dezembro de 1996. Brasília, MEC, 1996. BRASIL, a. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Artística / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF: MEC/ SEF, 1997. BRASIL, b. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, DF: MEC/ SEF, 1997. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: Arte. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.

Page 103: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

102

______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: Educação Física. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. BRASILEIRO, L. T. Onde está o ritmo? Dança, ginástica, jogo, esporte! In: Fórum internacional de ginástica geral, 3., 2005, campinas, sp. Anais... Campinas, SP: SESC, UNICAMP/FEF, 2005a. p. 198-200. ______. Dança e expressões rítmicas: conceitos, conteúdos escolares e formação de professores. In: SOUZA JÚNIOR, M. (Org.) Educação física escolar: teoria e política curricular, saberes escolares e proposta pedagógica. Recife: EDUPE, 2005b. p. 109-124. ______. Diálogos necessários sobre dança e educação física. In: Congresso Espírito-Santense de Educação Física, 7., 2007, Vitória. Anais... p. 18-28. BRASILEIRO, L. T. O ensino da dança na Educação Física: formação e intervenção pedagógica em discussão. Artigo de Revisão. Motriz, Rio Claro, v.14 n.4, p.519-528, out./dez. 2008. Disponível em: www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/.../1912. Acesso em 27/04/2012. CLARO, E. Método dança-educação física: uma reflexão sobre consciência corporal e profissional. São Paulo: E. Claro, 1988. CHAVES, E. A escolarização da dança em Minas Gerais (1925 – 1937). 2002. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, 2002, Belo Horizonte. CUNHA, M. Aprenda dançando, dance aprendendo. Porto Alegre: Record, 1992. DANTAS, M; CAVALCANTE, V. Pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa. Trabalho apresentado no curso de Biblioteconomia, para a disciplina Métodos e Técnicas de Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Artes e Comunicação, Ciência da Informação. Recife, 2006. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/56988122/Pesquisa-qual-quant. Acesso em 21/09/2012. DELORS, J. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. Rio Tinto: Asa, 1996. DOXSEY, J.R.; DE RIZ, J. Metodologia da pesquisa científica. ESAB - Escola Superior Aberta do Brasil, 2002-2003. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/7033418/Metodologia-Da-Pesquisa-Cientifica. Acesso em 21/09/2012.

Page 104: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

103

FERNANDES, F. Memória de menina. Artigo publicado em Caderno Cedes, 22, p. 81-102, abril, 2001. FERNANDES, Marcela de Melo. Dança escolar: sua contribuição no processo ensino-aprendizagem. Trabalho publicado na Revista Digital - Buenos Aires - Ano 14 - Nº 135 - Agosto de 2009. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd135/danca-escolar-no-processo-ensino-aprendizagem.htm. Acesso em 27/04/2012. FERREIRA, Vanja. Dança escolar: um novo ritmo para a Educação Física. Rio de Janeiro: Sprint, 2005. FIAMONCINI, L. Dança na educação: a busca de elementos na arte e na estética. 2003. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, 2003, Florianópolis. FREINET, C. Pedagogia do bom senso. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. FUX. Maria. Dança, Experiência de Vida. 4º ed. São Paulo: Summus, 1983. HALL, Stuart. Identidade Cultura na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP & A Editora, 1999. JOROSKY, Narda Helena. Dança educativa no ambiente escolar a luz da proposta de Rudolf Laban. Artigo de revisão. Revista Hórus – Volume 4, número 1, Sem Data (s.d.). Artigo disponível em: www.faeso.edu.br/horus/cienciasdasaude/5.pdf. Acesso em 27/04/2012. LABAN, R. Domínio do Movimento. São Paulo, Summus, 1978.

______. Dança educativa moderna. São Paulo, Ícone, 1990. MACHADO, Dayane Leitão; NUNES, Elzi Maria de Sousa; SILVA, Maria do Socorro Borges da. Dança: ensino e aprendizagem pelo corpo inteiro. Faculdade do Vale do Itapecuru – FAI/Caxias-MA, 2006. Artigo disponível em: www.ufpi.edu.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/.../GT8_2006_04.PDF. Acesso em 27/04/2012. MARQUES, I. Dançando na escola. In: Revista Motriz, v.3, n.1, jun.1997. Revisado em 2002. MARQUES, I. A. Ensino de dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 1999. MARQUES, I. A. Linguagem da Dança Arte e Ensino. São Paulo: Digitexto, 2010. ______. Revisitando a dança educativa moderna de Rudolf Laban. Artigo sem data (s.d.), disponível em:

Page 105: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

104

www.eca.usp.br/salapreta/PDF02/SP02_038_marques.pdf. Acesso em 27/04/2012. ______. Dançando na escola. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2007. ______. Ensino de dança hoje: textos e contextos. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2007. ______. Educação e cultura: reflexões sobre a dança na cidade. In: XAVIER, J; MEYER, S.; TORRES, V. (orgs). Coleção dança cênica: pesquisas em dança. v.1, Joinville: Letradágua, 2008. MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: edição compacta. São Paulo: Atlas, 1996. NANNI, D. Dança-Educação: pré-escola à universidade. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. OLIVEIRA, V. M. de. O que é educação física. São Paulo: Brasiliense, 2001. REGO, Teresa Cristina. VYGOTSKY: Uma perspectiva histórico-cultural da

educação.12 ed. Petrópolis: VOZES, 2001.

RODRIGUES, W.C. Metodologia Científica. FAETEC/IST. Paracambi, 2007. Disponível em http://professor.ucg.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/3922/material/Willian%20Costa%20Rodrigues_metodologia_cientifica.pdf. Acesso em 21/09/2012. SAMPAIO, M. I. S. Movimento, educação, dança. In: RAMOS, R.C.L. (Org). Danças circulares sagradas. São Paulo: TRIOM/Faculdade Anhembi Morumbi,1998. SAYÃO, D. T. Corpo e movimento: notas para problematizar algumas questões relacionadas à educação infantil e a educação física. Artigo publicado na Revista Brasileira de Ciências do Esp. Campinas: Autores e assoc. V.23 n.2, p.55-67, Janeiro, 2002. SCARPATO, Marta Thiago. Dança Educativa: um fato em escolas de São Paulo. Cadernos Cedes, ano XXI, n. 53, abril/2001. ______. Faculdade de Educação Física/Unicamp, Campinas, 1999. SCHINCA, M. Psicomotricidade, ritmo e expressão corporal: exercícios práticos. Trad. Elaine Cristina Alcalde. São Paulo; Manole Ltda, 1991. SILVA, J. Dança na escola: benefícios e contribuições na fase pré-escolar - (trabalho de licenciatura) UNIFIL (Brasil), 2005.

Page 106: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

105

SILVA, Jéssica Pistori. A dança no contexto da cultura escolar: Olhares de professores e alunos de uma escola pública do ensino fundamental. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina, como requisito para a conclusão do curso. Orientador: Profª. Drª. Magda Madalena. Londrina, 2010. Disponível em: www.uel.br/ceca/pedagogia/.../JESSICA%20PISTORI%20SILVA.pdf. Acesso em 27/04/2012. SILVA, Wilney Fernando; ALVES, Darjane Silva; RIBEIRO, Gersiane Franciere Freitas. Aplicabilidade do conteúdo dança nas escolas da rede estadual de ensino fundamental na cidade de Porteirinha, MG. Artigo publicado em EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd149/aplicabilidade-do-conteudo-danca-nas-escolas.htm. Acesso em 27/04/2012. SOARES, A. et al. Improvisação e dança: conteúdos para a dança na educação física. Florianópolis: Impressa Universitária, 1998. SOARES, C. L. Imagens da educação no corpo: estudo a partir da ginástica francesa no século XIX. Campinas: Autores Associados, 1998.

STRAZZACAPPA, M. A educação e a fábrica de corpos: a dança na escola. Cadernos Cedes, v. 21, n.53, 2001. STRAZZACAPPA, H. O sentido ético estético do corpo na cultura popular. Libdigi. Unicamp.Br, 2001. STEINHIBER, J. Dança para acabar com a discussão. Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, Rio de Janeiro, n. 5, nov/dez. 2000. SUBELDIA, A. Estadística aplicada a La Educación. Asunción: Universidade Americana, 2010. TRINDADE, Patrícia dos Santos. As relações de corpo, gênero e dança no ensino fundamental. Artigo disponível em: www.educacaofisica.com.br/.../as-relacoes-de-corpo-genero-e-danca-.... Acesso em 27/04/2012. ULLMANN, L. Posfácio. In: LABAN, R. Dança educativa moderna. São Paulo, Ícone, 1990. VARGAS, L.A. A dança na escola. Revista Cinergis, Santa Cruz do Sul, v.4, n.1,p.9-13, jan/jun., 2003. VAGO, T. M. Cultura escolar, cultivo de corpos: educação physica e gymnastica como práticas constitutivas dos corpos de crianças no ensino público primário de Belo Horizonte (1906-1920). Bragança Paulista: EDUSF, 2002. VERDERI, Érica Beatriz L. P. Dança na Escola. Rio de Janeiro: Sprint,1998. ______. Dança na escola, 2 ed. Rio de janeiro: Sprint, 2000.

Page 107: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

106

VICENTE, O. Enciclopédia Didática de Informações e Pesquisa Educacional. Rio de Janeiro: Ediouro, 1986.

APÊNDICES

Page 108: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

107

APÊNDICE A – Questionário Professores

QUESTIONÁRIO Nº 1

ATENÇÃO:

- As informações fornecida por você professor(a) desta escola, através deste

questionário, servirão para a avaliação do conteúdo dança dentro das aulas de

Educação Física escolar do Ensino Fundamental nas escolas municipais da cidade

de Anápolis-GO.

- Todos os dados são confidenciais e você não precisa se identificar.

- É importante que responda com máxima exatidão e muita sinceridade a este

questionário.

Page 109: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

108

- Não há respostas erradas! Você deve apenas procurar ser coerente em suas

repostas.

- Se você sentir dificuldades para responder qualquer questão, por favor, peça

auxílio!

1. Qual o seu sexo?

( ) Feminino

( ) Masculino

2. Qual sua idade?

__ __

3. Há quanto tempo trabalha com a Educação Física?

4. Quais modalidades você trabalha nas aulas de Educação Física?

Modalidades Sim Não

Vôlei

Futebol

Basquete

Handebol

Queimada

Dança

5. Pode explicar o porquê de trabalhar a Dança nas suas aulas de Educação

Física?

6. Quantas vezes no decorrer do ano letivo?

Uma vez ( ) Duas vezes ( ) Outro:__________

7. Quais modalidades foram trabalhadas?

MODALIDADES SIM NÃO

JAZZ

BALÉ CLÁSSICO

Page 110: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

109

DANÇAS

FOLCLÓRICAS

DANÇA CRIATIVA

EXPRESSÃO

CORPORAL

DANÇA DE SALÃO

QUADRILHA

STREET DANCE

DANÇA ESCOLAR

8. O que motivou você a trabalhar uma dessas modalidades citadas acima?

9. Quais desses motivos abaixo se aproximam das suas dificuldades ao ensinar a

dança na escola e por quê? (havendo outros motivos os mesmos podem ser

listados).

( ) Dificuldades com horários;

( ) Falta de infraestrutura;

( ) Desmotivação por parte dos alunos;

( ) Despreparo por parte do professor;

( ) Dificuldade de relacionar-se com outras matérias e outros professores;

( ) Falta de material;

( ) Falta de planejamento por parte da escola;

( ) Falta de planejamento por parte do professor.

10. Quais conflitos geralmente são diagnosticados em seus alunos em relação à

dança?

PRECONCEITOS SIM NÃO

RELAÇÕES DE

GÊNEROS

ETNIA

IDADE

CLASSE SOCIAL

CORPO

DEFICIÊNCIA FÍSICA

Page 111: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

110

11. Quais os Limites que você teve no ensino da Dança dentro da sua formação

de Educação Física.

12. Poderia nos explicar se apenas com sua formação seria possível trabalhar de

forma teórica e prática nas escolas de maneira crítica, fundamentada e

significativa?

13. Você sabia que na LDB nº 9394/96, a arte é reconhecida como disciplina

escolar obrigatório?

( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos

14. O que você pensa sobre essa conquista citada acima?

15. Nos PCNs a arte faz parte do currículo e a dança foi formalizada como

linguagem artística. Pode explicar se você acredita que a dança nas suas várias

qualidades e diversas formas pode ajudar na educação das crianças do ensino

fundamental?

Page 112: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

111

16. Qual sua opinião se a dança fizesse parte da Educação Física escolar no ensino

fundamental?

17. Você acha interessante incluir a realidade escolar do aluno aos conteúdos

específicos da dança que são trabalhados na escola? Se sim, cite algumas

matérias possíveis para essa relação interdisciplinar.

18. Como você vê as relações entre DANÇA-ENSINO-SOCIEDADE?

19. Você acredita que as danças populares ajudam a resgatar a identidade cultural

de um país? Por quê?

20. Qual sua opinião em relação à dança ganhar um espaço ainda maior e fizesse

parte do currículo escolar no ensino fundamental?

Page 113: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

112

Obrigado pela sua participação nesta pesquisa!

APÊNDICE B – Questionário Alunos

QUESTIONÁRIO Nº 2

Prezado/a aluno/a:

- As informações fornecidas por você, aluno/a desta escola, através deste

questionário relacionado a uma pesquisa, servirão para a avaliação do conteúdo

“Dança dentro das aulas de Educação Física escolar do Ensino Fundamental nas

escolas municipais da cidade de Anápolis-GO”.

- Todos os dados são confidenciais e você não precisa se identificar. Mas, é

importante que responda com máxima exatidão e muita sinceridade a este

questionário. Não há respostas erradas! Você deve apenas procurar ser coerente em

suas repostas. Se você sentir dificuldades para responder qualquer questão, por

favor, peça auxílio!

Page 114: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

113

21. Qual o seu sexo?

( ) Feminino

( ) Masculino

22. Qual sua idade?

__ __

23. Qual ano que você esta fazendo?

__ Ano

24. Na sua escola tem aulas de Educação Física?

( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( ) Nunca

25. Quais os tipos de modalidade que você já praticou nas aulas de Educação Física de

sua escola? (marque um x na sua resposta).

Modalidades Sim Não

Vôlei

Futebol

Basquete

Handebol

Queimada

Dança

26. Você gosta de dançar (inclui qualquer estilo de dança)?

( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( ) Nunca

27. Qual tipo de dança você tem conhecimento?

Page 115: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

114

28. Se tivesse a modalidade dança, além dos outros esportes na Educação Física da sua

escola, você aprovaria?

( ) Aprovaria plenamente ( ) Não aprovaria ( ) Não tenho certeza

29. Você acha que a dança faz bem para o corpo e para a mente?

( ) Concordo ( ) Concordo Plenamente ( ) Discordo ( ) Não Tenho Certeza

30. A dança pode te ajudar no dia-a-dia como: (MARQUE UM X NA RESPOSTA QUE

VOCÊ CONSIDERA CORRETA)

BENEFÍCIOS MUITO POUCO QUASE

NADA

NADA

AUTOESTIMA

CONCENTRAÇÃO

SOCIALIZAÇÃO

MEMORIZAÇÃO

CRIATIVIDADE

MELHORA

RITMO

MELHORA

COORDENAÇÃO

SENSAÇÃO DE

ALEGRIA

DISCIPLINA

31. Quem você acha que pode dançar?

( ) Meninos ( ) Meninas ( ) Meninos e Meninas

Page 116: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

115

Outros:

32. Conhecer através da dança um pouco da cultura e da diversidade de cada estado do

nosso país e do mundo, te deixaria mais incentivado a estudar?

( ) Sim

( ) Não

Por que?

33. Já teve algum tipo de apresentação de dança em sua escola?

( ) Várias vezes ( ) Algumas vezes ( ) Não sabe

34. Ao invés de ter a dança como modalidade da Educação Física de sua escola e tivesse a

matéria Dança o que você acharia?

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Razoável ( ) Ruim

Obrigado pela sua participação nesta pesquisa!

Page 117: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

116

ANEXOS

Page 118: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

117

ANEXO A –Termo de Consentimento Livre Esclarecido

Título do estudo: Melhoria do ensino de dança na educação física nas escolas municipais

de Anápolis, Goiás, e nas Universidades formadoras de professores diante das

dificuldades que enfrentam na atualidade

Pesquisador responsável: Flávia Regina Leite

Telefone para contato: ( )

Local da coleta de dados:

Prezado(a) Senhor(a):

Você está sendo convidado(a) a responder às perguntas deste questionário de

forma totalmente voluntária. Antes de concordar em participar desta pesquisa e

responder este questionário, é muito importante que você compreenda as informações e

instruções contidas neste documento. O pesquisador deverá responder todas as suas

dúvidas antes que você se decidir a participar. Você tem o direito de desistir de participar

da pesquisa a qualquer momento, sem nenhuma penalidade.

Objetivo do estudo: Determinar os aspectos que devem melhorar no ensino de

dança na Educação Física nas escolas municipais de Anápolis, Goiás, e das

Universidades que preparam os professores, diante das dificuldades que enfrentam na

atualidade.

Procedimentos. Sua participação nesta pesquisa consistirá apenas no

preenchimento deste questionário, respondendo às perguntas formuladas que abordam

sobre o ensino de dança na Educação Física.

Benefícios. Esta pesquisa trará maior conhecimento sobre o tema abordado, sem

[A1] Comentário: Flávia, eu não sei se vc elaborou algum termo de consentimento livre (TCLE). O modelo deve entrar como anexo. Caso não tenha elaborado nenhum, poderá utilizar este.

Page 119: Melhoria do ensino de dança na Educação Física nas escolas

118

benefício direto para você.

Riscos. O preenchimento deste questionário não representará qualquer risco de

ordem física ou psicológica para você.

Sigilo. As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos

pesquisadores responsáveis. Os sujeitos da pesquisa não serão identificados em

nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados em

qualquer forma.

Ciente e de acordo com o que foi anteriormente exposto,eu

_________________________________________________, estou de acordo em

participar desta pesquisa, assinando este consentimento em duas vias, ficando com a

posse de uma delas.

Góias, ____, de _____________ de 20___ __________________________________________________ Assinatura

___________________________ Pesquisador responsável