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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE
MEDIDOR DE CONDUTIVIDADE TÉRMICA EXPERIMENTAL
por
Stefan Demoliner
Tales Lunelli
Vinícius Bresolin
Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas
Professor Paulo Smith Schneider
Porto Alegre, Dezembro de 2010
RESUMO
Medidor de Condutividade Térmica Experimental
Visando a necessidade do conhecimento das propriedades mecânicas dos materiais, este
trabalho tem por objetivo a construção de um equipamento experimental que visa a medição da
condutividade térmica de uma amostra de alumínio. Um experimento simples que busca uma
medição confiável, de uso recomendado quando não se precisa de grande exatidão, que serve
como base para a comparação de materiais. E, dessa forma, possibilita uma escolha para cada
processo de acordo com as propriedades de cada material. O equipamento consiste na utilização
de dois corpos de prova, unidos por uma placa aquecedora que divide seu fluxo através deles,
utilizando um isolamento térmico que visa deixar o fluxo de calor unidimensional e evitar perdas
pelas laterais. Usam-se termopares para medição de temperatura em dois pontos da amostra, e
uma placa de aquisição de dados para fazer a leitura. Regime permanente foi atingido após duas
horas, e a condutividade medida foi de 176,16 W/mK com um erro de 307,12 W/mK.
PALAVRAS-CHAVES: Condutividade térmica, experimental, regime permanente.
ABSTRACT
Experimental Thermal Conductivity Meter
Facing the needs of having knowledge about the mechanical properties of the materials,
this article has as purpose the construction of an experimental device that aims to measure the
thermal conductivity of an Aluminum sample. A simple experiment that searches a reliable
measurement, of recommended use when there is no need of great accuracy and serves as a basis
for comparison of materials. And thus, allows a choice for each case in accordance with the
properties of each material. The equipment consists on the use of two samples, united by a
heating plate that divides the flow through them, using a thermal insulation which is intended to
turn the heat flow into one-dimensional and prevent adjacent losses. Thermocouples are used to
measure temperature at two points of the sample, and a data acquisition board is used to do the
reading. We achieved steady state after two hours, and the conductivity measured was 176.16 W/
mK with an error of 307,12 W/mK.
KEYWORDS: thermal conductivity, experimental, steady state.
LISTA DE SÍMBOLOS
q” Potência dissipada pela chapa metálica [ W/m2]
Temperatura no ponto 1 C
Temperatura no ponto 2 C
k Condutividade Térmica [W/mK]
Energia de entrada W
Energia de saída W
L Comprimento da chapa m
A Área do corpo de prova m2
P Potência da chapa aquecedora W
U Voltagem da chapa aquecedora V
I Corrente na chapa aquecedora A
R Resistência elétrica Ω
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 7
3. FUNDAMENTAÇÃO 8
4. TÉCNICAS EXPERIMENTAIS 9
4.1 MATERIAS UTILIZADOS 9
4.2 CONSTRUÇÃO 9
5. VALIDAÇÃO DO EXPERIMENTO 11
6. RESULTADOS 11
7. CONCLUSÕES 13
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 13
9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 13
1. INTRODUÇÃO
Sabe-se que a condutividade térmica é uma propriedade muito importante, essencial na
seleção de materiais a serem utilizados na produção de novos equipamentos de diversas áreas, e
atualmente utilizados em simulações computacionais visando à viabilidade de projetos e
pesquisas.
Devido ao fato de a maioria dos materiais possuírem propriedades tabeladas, não se tem
por cultura o investimento em pesquisas nessa área, porém com o avanço de algumas tecnologias
cada vez mais surgem diferentes tipos de materiais e ligas. Portanto é de grande importância a
realização de ensaios normatizados que nos tragam resultados confiáveis e com baixa incerteza.
Este trabalho desenvolve um método experimental que realiza a medição da
condutividade térmica de materiais compactos por meio da condução, com uma temperatura
média de 50°C.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Existem diversos métodos para análise e determinação de coeficientes de condutividade
térmica. Foi feito um estudo afim adaptar um experimento já realizado com sucesso com o nosso
projeto. Artigos e trabalhos nessa área foram analisados, a seguir citam-se alguns e as conclusões
de cada um deles.
Primeiramente busou-se uma norma que se adaptasse melhor aos equipamentos
disponíveis, encontramos “Thermal performance, buildings, thermal conductivity, guarded hot
plate”, que esta baseada na ISO/DP 8302:1991, ASMT C-177 e na BS 874:1986, esse método
apresentava equipamentos bem similares aos disponíveis, porém é utilizado para materiais de
construção civil, tendo corpos de provas grandes e com isolamentos muito bem feitos, pelo fato
de os materiais analisados possuíam baixa condutividade térmica, ao contrário do corpo de prova
deste trabalho que apresenta pequenas dimensões e alta condutividade térmica.
Um ensaio utilizando a ASMT E 1225 aproximou-se mais dos equipamentos disponíveis,
e apresentou grandes resultados, tendo 7% de erro, podendo abranger temperaturas de 30°C a
1200°C, temperaturas que se encaixam nas nossas exigências que é analisar a condutividade a
50°C.
Segundo Kil Jin Park; Ana Paula Ito; Juliana Tófano de Campos Leite [1], 2002,
apresentam dois métodos para determinar a condutividade térmica de grãos analisados,
equipamentos de coluna aberta que consiste em um cubo de Teflon com um furo cilíndrico no
centro, no interior do qual foi acondicionada a amostra. O cubo de Teflon com a amostra são
colocados no interior de uma caixa acrílica provida de sistema de controle de temperatura. O
outro equipamento é o de coluna fechada, o qual consiste em um cubo de Teflon com um furo
cilíndrico no centro, no interior do qual foi acondicionada a amostra. Esses dois ensaios são
recomendados quando suas amostras são de pequenas dimensões ou quando necessita analisar
vários componentes juntos.
Outro método analisado foi estudado por Stephan Hennings Och; Cesar Augusto
Oleinik Luzia; Enzo Maique Bodean [2] usa um método que apresenta dois corpos de
provas de dimensões e materiais bem similares ao nosso, e também utiliza uma potência
elétrica para gerar diferenças de temperaturas ao longo dos corpos de provas. Nas
extremidades é usado um fluxo de água de 8l/s para retirar o calor da peça. A temperatura
base para a medição foi de 300K, 27°C, e o erro de medição comparado com a literatura foi
em torno de 6%.
Além de métodos experimentais, encontram-se com facilidade equipamentos que
medem diretamente a condutividade térmica do material, equipamentos esses que utilizam
os métodos citados a cima como parâmetro para suas medições.
Analisando esses métodos buscou-se adaptar o artigo que busca a determinação da
condutividade do aço inox e do cobre para nossa realidade [2]. Como sua medição foi em
torno de 27°C e apresentou erros pequenos, acreditamos que seria um bom parâmetro a ser
seguido. Algumas alterações foram feitas, analisamos dois corpos de prova do mesmo material e
ao invés de um fluxo de água, o ar foi o dissipador da potência no lado oposto.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Partindo da Primeira Lei da Termodinâmica
(1)
onde
é a taxa de variação de energia com o tempo,
a energia que entra no sistema e a
energia que sai do sistema. A partir desse equacionamento pode-se analisar a passagem de fluxo
de calor ao longo de um sistema. Como está sendo consideranda uma abordagem
unidimensional, e em regime estacionário a equação (1) pode ser reescrita dessa maneira.
(2)
A partir da equação de Fourier para transferência de calor por condução
(3)
onde é a potência dissipada pela chapa aquecedora, em W/m2, k a condutividade térmica do
material, em W/mK, o diferencial de temperatura entre diferentes pontos, em K ou °C, é a
variação de distancia entre os pontos aferidos.
Integrando a equação (3), em x entre 0 e L, e em entre e obtém-se
(4)
Como tem-se interesse na determinação da condutividade térmica do material, isola-se k
na equação (5), obtendo
(5)
onde é a temperatura mais longe da placa aquecedora, portanto será menor que , e
temperatura mais próxima a placa aquecedora, isso nos garante um fluxo de calor positivo e um
coeficiente de condutividade térmica positivo também.
4. TÉCNICAS EXPERIMENTAIS
A realização do experimento teve como grande importância a utilização dos laboratórios
da UFRGS, especificamente o LETA, laboratório de estudos térmicos e aerodinâmicos,
laboratório que faz parte do GESTE, grupo de estudos térmicos e energéticos. Foi
disponibilizado todo o material necessário para construção de nossa bancada do experimento.
4.1 MATERIAIS UTILIZADOS
Duas amostras de alumínio com seção quadrada com dimensões de 31,75 mm de lado e
100mm de comprimento
Uma placa aquecedora com potência de 25 W, seção quadrada com dimensão de 30mm
de lado.
Termopares tipo J
Isolamento, Lã de Rocha, k = 0,038W/mK
Resistor de 800 Ω
Pasta térmica
Cano PVC
Placa de aquisição de dados, HP 34 970ª
Multímetro digital ET- 1100
4.2 CONSTRUÇÃO
Definiu-se que seriam utilizadas as duas amostras de alumínio, que seriam unidas com a
chapa aquecedora entre elas, assim a chapa dissiparia metade de sua potência para cada amostra.
Seria utilizado um bom isolamento a fim de manter um fluxo unidimensional, para poder utilizar
as equações (2) e (6) para determinação do coeficiente de condutividade térmica.
Inicialmente furou-se nossos corpos de prova em duas posições pré-estabelecidas, esses
furos serviram para os termopares serem adaptados. Os mesmos farão a medição de temperatura.
Juntaram-se os corpos de prova com a chapa aquecedora por meio de cantoneiras e o auxilio de
fita isolante, usamos pasta térmica entre eles para evitar acúmulo de ar e evitar perdas de
potência para o meio.
Inseriram-se os termopares nos furos já feitos e foi inserido ao redor do experimento com
lã de rocha, a fim de fazer um bom isolamento térmico e garantir que o fluxo se comporte de
forma unidimensional. A lã de rocha possui baixo coeficiente de condutividade térmica,
0,038W/mK. Após o isolamento inseriu-se todo o experimento dentro de um cano PVC, para o
isolamento ficar mais compacto e evitar que partes do experimento se desloquem dos seus
respectivos lugares.
Utilizou-se uma resistência de 800 Ω para reduzir a potência da chapa aquecedora para 5
W, para poder manter a temperatura média na amostra em torno de 50°C.
Na Figura 1, pode-se visualizar um esquema simplificado do experimento.
Figura 1- Esquema simplificado da montagem e comportamento do fluxo de calor
Na Figura 2 pode-se observar a disposição dos elementos, desde os termopares, o resistor,
o corpo de prova e o isolamento.
Figura 2- Experimento e seus componentes
Na Figura 3 observa-se melhor como foi utilizado o isolamento em torno da amostra a
fim de não perder calor pelas laterais, tornando o fluxo unidimensional.
Figura 3- Detalhamento do posicionamento do isolante
Os termopares responsáveis pela medição foram conectados a uma placa de aquisição de
dados, onde é feita a medida de temperatura nos pontos desejados. Juntando estes dados, com o
fluxo gerado pela placa e a distância entre as medições espera-se encontrar a condutividade
térmica do material ensaiado.
5. VALIDAÇÃO
Seguindo as condições iniciais especificadas para a construção do equipamento experimental,
fluxo unidimensional, sem perdas laterais, divisão do fluxo em duas partes iguais, ter-se-á uma
variação de temperaturas ao longo da peça. A partir dessa variação tem-se condições de calcular
a condutividade térmica, se essas condições falharem terá erros maiores do que esperado.
Principais fontes de incerteza quanto aos medidores é o termopar, devido a seu erro
comparado a variação de temperatura. Já incertezas quanto ao experimento deve-se salientar o
isolamento e a placa aquecedora que apresenta imperfeições em um de seus lados. Condições
externas como temperatura, umidade podem ocasionar erros de medição.
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A potência nominal do aquecedor é de 25 W em uma voltagem de 127 V. Estimativas
feitas antes da construção do experimento levaram à conclusão que, para manter as peças na
temperatura média de 50°C, a potência do aquecedor deve ser, aproximadamente, 5 W.
Utilizando as seguintes equações
(6)
(7)
onde P é a potência (W), V é a tensão elétrica (V), i é a corrente elétrica (A) e R é a resistência
elétrica (Ω), foi possível calcular o valor da resistência a ser instalada em série com o aquecedor
para que sua potência ficasse na faixa de 5 W. Seu valor aproximado é 800 Ω.
Conhecida a área da peça por onde entra o calor, pode-se calcular o fluxo, obtendo
5.039,05 W/m², sendo que este se divide entre as duas amostras.
Os furos feitos na peça distam de 43 mm. Os termopares foram inseridos nestes furos e
ligados aos magazines nas outras pontas, para medição de temperatura, com o auxílio do
software HP BenchLink Data Logger, conforme mostra a Figura 4.
Figura 4 - Medição dos termopares
Cerca de 2 horas depois de ligado, o experimento entra em regime permanente, não
alterando significativamente sua temperatura ao longo do tempo. De posse das temperaturas
estáveis pode-se calcular o valor da condutividade térmica, como mostra a Tabela 1 abaixo.
Tabela 1. Cálculo da condutividade térmica
Fluxo (W/m²) Temperatura 1 (°C) Temperatura 2 (°C) Distância (m) k (W/mK)
2519,52 50,571 49,956 0,043 176,16
Como todos os dados medidos envolvem incertezas, pode-se calcular a incerteza no valor
da condutividade, através da equação
n
i
xi
i
k ux
ku
1
2)(
(8)
onde ku é a incerteza da condutividade e xiu é a incerteza da parcela x. Assim,
2
2
22
2
22
2
22
22 )()()()()
2(
TRA
LuV
TRA
LuV
TAR
LuV
TRA
uV
TRA
VLuu TARLV
k
(9)
A incerteza do paquímetro usado para medir as dimensões das amostras possui uma
incerteza de 0,02 mm, portanto Lu =0,02 mm e Au =0,00089 mm². Os termopares tipo J
caracterizam-se por ter uma incerteza de 2°C, portanto Tu =2°C. Segundo o fabricante, a
incerteza do multímetro usado para medir a tensão e a resistência é 1 % do fundo de escala.
Assim, Vu =0,55 V e Ru =6,1 Ω. A Tabela 2 a seguir mostra um resumo das variáveis envolvidas
e suas incertezas.
Tabela 2. Grandezas e suas incertezas
Grandeza Valor Incerteza
V (V) 55 0,55
R (Ω) 80 8
L (m) 0,043 0,00002
A (m²) 0,0001 0,00089
∆T (°C) 0,615 2
k (W/mK) 176,16 307,14
O maior peso na incerteza de medição corresponde ao termopar. Por isso, o melhor a
fazer, a princípio, é investir em uma melhor medição de temperatura para diminuir a incerteza na
obtenção da condutividade térmica.
7. CONCLUSÕES
Após análise dos resultados, conclui-se que os objetivos do trabalho foram alcançados,
construiu-se um experimento simples que conseguiu uma medição intermediária entre o alumínio
puro e o alumínio com ligas, porém com uma incerteza alta, de mais de 100 %. Seguiu-se uma
construção similar a um artigo pesquisado, junto com um experimento já normalizado.
O experimento pode realizar medições ainda mais precisas se fossem melhorados alguns
fatores. Um fluxo de água na parte oposta da amostra traria um resfriamento maior, entraría-se
em regime permanente antes e conseguiria-se uma variação de temperatura maior utilizando
menores fluxos. Um isolamento melhor feito, que permitisse o menor calor perdido para o meio,
medidores calibrados que apresentassem menores incertezas de medição a fim de diminuir a
incerteza agregada que fora o problema de nosso medidor.
Interessante seria realizar um ensaio com uma condutividade conhecida com exatidão,
para testar a veracidade de nossos resultados e a validade das condições iniciais que foram
declaradas, como a divisão do fluxo de calor pelas amostras.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] - Kil Jin Park*; Ana Paula Ito; Juliana Tófano de Campos Leite- Influence of soybean
grain sizing and sample diameter and length on the determination of simultaneous transfer
rates - Ciênc. Tecnol. Aliment. vol.22 no.2 Campinas May/Aug. 2002
[2] Stephan Hennings Och¹; Cesar Augusto Oleinik Luzia²; Enzo Maique Bodean³-
Determinação experimental da condutividade de calor para o aço
inox e para o cobre e da resistência de contato gerada na interface destes materiais -
9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
INCROPERA, et. al., 2007. “Fundamentos de Transferência de calor e de Massa”,
Editora L.T.C., Brasil
MÜLLER, F. G. Heat transfer study in a rig of thermal conductivity measurement based
on ASTM E1225 standard. 2007