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MATERIAIS, UTENSÍLIOS E PRODUTOS UTILIZADOS PELO
SERVIÇO DE HIGIENE: O RACIONAL TEÓRICO, CONTROVÉRSIAS E A
PRÁTICA
Isa Rodrigues Silveira
Considerações sobre a HIGIENE
HOSPITAR...
Considerações sobre a HIGIENE
HOSPITAR...
• O papel do ambiente na transmissão de patógenos.
• A FRICÇÃO é chave para a limpeza, pois remove detritos e microrganismos.
• Definição dos processos de trabalho: Materiais e produtos utilizados nas práticas tradicionais.
• Microbiota endógena do paciente (40-60%)
• Transmissão cruzada de microrganismos via
profissionais de saúde (20 a 40%)
• Contaminação do ambiente (20%)
Weintein RA. Am J Med 1991
Fatores que contribuem para as IRAS
Fatores que contribuem para as IRAS
Ayliffe GAJ, Collins, Lowburry, BMJ 1966
• Limpeza com água e sabão reduziu 80%
da carga microbiana.
• Desinfecção a base fenol reduziu 94% da
carga microbiana.
• 1-2 horas depois da desinfecção do piso a
contagem bacteriana atingiu o mesmo
nível pré-tratamento.
Pisos: Limpeza vs Desinfecção? Pisos: Limpeza vs Desinfecção?
Ayliffe GAJ, Collins, Lowburry et. al., BMJ 1966
Ayliffe GAJ, Collins, Lowburry et. al., BMJ 1966
Considerações: Estes resultados não impedem o uso de água e sabão para a limpeza de pisos, mas apontam cuidados básicos que se deve ter, como: troca frequente da solução e dos panos de limpeza.
Impacto nas taxas de IH vs Limpeza vs
Desinfecção de pisos
Impacto nas taxas de IH vs Limpeza vs
Desinfecção de pisos
Não houve nenhuma diferença nas
taxas das infecções hospitalares
quando pisos foram limpos com
detergente vs quaternário de
amônio.
Rutala WA, Weber D, J Hosp Infect 2001.
Impacto nas taxas de IH vs Limpeza vs Desinfecção de pisos
Impacto nas taxas de IH vs Limpeza vs Desinfecção de pisos
Revisão sistemática
• 236 artigos : (-) meta-análise, revisão sistemática e estudo randomizado controlado.
4 estudos de coorte • Resultados: nenhum mostrou taxas de IH mais
baixas com a rotina de desinfecção comparadas com uso detergente, principalmente de pisos.
• Conclusão: necessidade de estudos bem desenhados para investigar o papel da desinfecção de superfícies, dada à natureza complexa e multifatorial das IRAS.
Dettenkofer, Wenzler, Amthor, et al., Am J Infect Control 2004.
E Outras Superfícies e Situações? E Outras Superfícies e Situações?
• A limpeza e desinfecção das superfícies
próximas ao paciente (zona do paciente)
são tão importantes quanto à higiene das
mãos.
• Limpeza e desinfecção estão indicados
para superfícies altamente tocadas e
próximas ao paciente e contaminadas
com matéria orgânica (ex.: sangue, urina,
vômitos, fezes e secreções). Dancer ST, Lancet Infect Dis 2008.
Sehulster, Chinn, Arduino, CDC 2003 Rutala WA, Weber D. et al., CDC 2008 PIDAC 2009.
C
Carling et al, JHI 2010,
PIDAC, 2009
Superfícies frequentemente tocadas COM AS MÃOS! Superfícies frequentemente tocadas COM AS MÃOS!
Patógenos Persistência
Acinetobacter spp 3 dias - 5 meses
Clostridium difficile
(esporos)
5 meses
Enterococcus spp 5 dias – 46 meses
Pseudomonas
aeruginosa
6 horas-16 meses (piso seco: 5
semanas)
Staphylococcus aureus 7 dias – 12 meses
Coronavírus da SARS 72-96 horas
Norovírus 8 horas- 14 dias
Rotavírus 6-60 dias
Patógenos importantes para contaminação ambiental
Fonte: Adaptado de Hota B. Clin Inf Dis 2004;39:1182-9 e Kramer, SchwebwI, Kampf
. BMC Infect Dis 2006;6:130.
SUPERFÍCIES CONTAMINADAS AUMENTAM
A TRANSMISSÃO CRUZADA!
SUPERFÍCIES CONTAMINADAS AUMENTAM
A TRANSMISSÃO CRUZADA!
Desinfecção de superfícies fixas na presença
de matéria orgânica: será que precisa?
Desinfecção de superfícies fixas na presença
de matéria orgânica: será que precisa?
• Não há evidências que HIV, vírus da hepatite B
e C foram transmitidos a partir de superfícies
como bancadas, paredes e pisos.
• Remoção mecânica seguida de desinfecção
de superfície com derramamento de sangue
e/ou de outras matérias orgânicas líquidas ou
sólidas.
• Prática consensual entre as instituições
normativas: OSHA, CDC, ANVISA... Sehulster, Chinn, Arduino et al., 2003
Agência Occupational Safety and Health Administration , 2012; CDC - 2003, 2007 e 2008), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA , 2010).
Há introdução de um diferencial na contaminação natural nestas superfícies?Considerar particularidades de determinadas áreas do hospital?
Há introdução de um diferencial na contaminação natural nestas superfícies? Considerar particularidades de determinadas áreas do hospital?
Na vigência de Matéria Orgânica: evidências e considerações
• Desconhecimento quanto ao efeito cumulativo dos derramamentos
no quantitativo deste inócuo nos mesmos locais.
• Risco de aerolização de patógenos a partir de vômitos (Norovírus)
(MacCanell et al, 2011) e secreções pulmonares (M. tuberculosis) (CDC,
2007).
• Falta de controle efetivo do contato indireto das superfícies por
parte dos pacientes e visitantes (ex.: Pediatria e PS).
• Minimizar exposição de profissionais do S. Higiene na eventual
ocorrência de um acidente com perfurocortante (Rutala, Weber et al.,
2008).
• Atender as recomendações dos guias clínicos e instituições
normativas.
Planejando a higiene ambiental
Planejando a higiene ambiental
Áreas não assistênciais e administrativas: - Limpeza (detergente)
Áreas assistênciais: - Limpeza (detergente)
- Desinfecção (ex:hipoclorito, biguanida/quaternário
de amônio e álcool a 70%)
superfícies fixas: isolamentos, situações de
surto, banheiros e presença de matéria orgânica.
superfícies móveis: altamente tocadas.
Monitoramento dos processos
observação direta com check list / Teste de ATP
O QUE UTILIZAMOS ?
O QUE UTILIZAMOS ?
MOPS
• esfregões de algodão
• Placas e panos de
microfibra
RODOS, BALDES e
PANOS DE ALGODÃO
Artigos e Mobílias
• Panos de algodão (flanelas)
• Panos de microfibra
• Panos sintéticos
Pisos e paredes
o que é microfibra? o que é microfibra?
Tecido composto de fibras de poliéster e/ou poliamida (nylon), construído com fibras de aproximadamente 1/16 de espessura de um fio de cabelo humano.
Características... • densidade do material lhe permite
conter seis vezes o seu peso em água, tornando-o mais absorvente que as fibras de algodão.
• carregadas positivamente e
atraem poeira mais facilmente, pois possuem carga negativa (combinação de atração estática), a partir das porosidades das superfícies e dos materiais.
Diab-Elschahawi, Assadian, Blacky et al. AJIC 2010; Rutala WA, Gergen MF, Weber D, AJIC 2007.
Figuras do Google Imagem
PIDAC 2009. Best practices for environmental cleaning for prevention and control of infections in all health care settings
SISTEMA MOP SISTEMA MOP
Mop Seco
Mop Úmido Mop Molhado
Na Limpeza
O MOP microfibra demonstrou redução microbiana
(média) superior (94% ufc/área) em relação ao MOP
algodão (68% ufc/ área).
Na Desinfecção
• O MOP microfibra não melhorou a redução microbiana
(95%/ufc) comparado com detergente (94% ufc/área).
• O MOP algodão demonstrou redução significativa
(95%/ufc) em relação ao detergente (68%/ufc).
• Pré-procedimentos: 102-137 UFC/área
• Pós-procedimentos: 4-35 UFC/área. Rutala, Gergen, Weber, Am J Infect Control 2007
DETERGENTE vs DESINFECÇÃO (QUATERNÁRIO DE AMÔNIO) E MOP MICROFIBRA vs MOP ALGODÃO DETERGENTE vs DESINFECÇÃO (QUATERNÁRIO DE AMÔNIO) E MOP MICROFIBRA vs MOP ALGODÃO
Panos de Limpeza Panos de Limpeza
• Panos de algodão reuso
• Microfibra reuso
• Sintéticos Descartáveis
Figuras do Google Imagem
A microfibra é melhor que os outros panos usados no
Hospital?
Figuras do Google Imagem
• 6 tipos de panos microfibra vs pano de tecido não tecido
(fibra sintética) de uso convencional vs papel toalha.
• 109 UFC/mL de S. aureus (microrganismo marcador) em
uma mesa de inox. TESTE DE ATP (medir a remoção do
material orgânico/carga microbiana) e Cultura (UFC) – medir
redução da carga microbiana.
1. Microfibra: não apresentou eficácia
significativa comparada ao papel toalha ou o
pano convencional.
• Apenas 1 tipo de microfibra teve desempenho
significativo em relação aos outros produtos,
incluindo o papel toalha.
Moore e Griffith (J Hosp Infect 2006) Moore e Griffith (J Hosp Infect 2006)
2. Mensuração com ATP (URL) - Nenhum dos
materiais alcançou uma redução de 2 log (99%).
3. Mensuração (UFC)- Somente DOIS panos de
microfibras alcançaram uma redução de 2 log ou
mais no número de bactérias.
4. O papel toalha foi o mais absorvente.
5. Microfibra transferiu menos detritos e bactérias de
volta para as superfícies durante o procedimento .
Moore e Griffith (J Hosp Infect 2006) Moore e Griffith (J Hosp Infect 2006)
Panos de Microfibra vs de Algodão vs de Alta absorção (Esponja) • suspensão de S. aureus e E. coli (106 UFC). Aguardaram secar por
1 hora em uma superfície cerâmica.
1. Panos novos secos: Não houve diferença significativa na
descontaminação.
2. Panos novos molhados: Microfibras alcançaram melhores
resultados na remoção de S. aureus (redução 3 log10).
3. Após 20 reusos: Panos de algodão foram melhores
comparados com a microfibra na remoção de S. aureus e E.
coli (3 log10).
4. A esponja foi mais eficiente que a microfibra apenas na
remoção de S. aureus.
Diab-Elschahawi, Assadian, Blacky et al.(AJIC 2010) Diab-Elschahawi, Assadian, Blacky et al.(AJIC 2010)
*Remoção detritos/microbiana
superior vs algodão
*Menor transferência de microrganismos (contaminação cruzada)
*Alta absorção
*Reduz consumo: de produtos
químicos, de água e detergente.
*Maior custo-benefício (vida útil
de lavagens 300-1000x)
*Pisos mais secos
*Reduz tempo de trabalho
*Mais ergonômico (mais leve)
*Remoção detritos/microbiana
superior vs algodão
*Menor transferência de microrganismos (contaminação cruzada)
*Alta absorção
*Reduz consumo: de produtos
químicos, de água e detergente.
*Maior custo-benefício (vida útil
de lavagens 300-1000x)
*Pisos mais secos
*Reduz tempo de trabalho
*Mais ergonômico (mais leve)
PIDAC, 2009 Rutala, Gergen, Weber, Am J Infect Control 2007
VANTAGENS VANTAGENS
*Deterioram-se com
temperaturas acima de 93oC
processo de lavagem e de
secagem acima de 60ºC.
*Danificam-se com soluções
de pH alto (ex. Hipoclorito),
amaciantes, óleos e
surfactantes complexos.
*Alto custo inicial
*Deterioram-se com
temperaturas acima de 93oC
processo de lavagem e de
secagem acima de 60ºC.
*Danificam-se com soluções
de pH alto (ex. Hipoclorito),
amaciantes, óleos e
surfactantes complexos.
*Alto custo inicial
DESVANTAGENS DESVANTAGENS
Boas Práticas com materiais e soluções! Boas Práticas com materiais e soluções!
• Seguir recomendações do fabricante para o uso
efetivo dos produtos.
• Preparar soluções diariamente.
• Trocar as soluções frequentemente e de acordo
com os procedimentos.
• Trocar a “cabeça” do mop e os panos de limpeza a
cada uso.
• Não retornar mop ou panos de limpeza sujos para
a solução contida no balde.
• Para reuso é necessário limpeza e secagem dos
materiais (ex.: mops, baldes, rodos, panos).
• Descartar materiais danificados.
CDC. Sehulster, Chinn, Arduino et al., 2003; PIDAC, 2009
OBRIGADA!