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161 Martino - O diálogo entre fatores políticos e epistemológicos na formacao do campo... (pp.161-178) O DIÁLOGO ENTRE FATORES POLÍTICOS E EPISTEMOLÓGICOS NA FORMACAO DO CAMPO DA COMUNICACAO NO BRASIL* Policy and Epistemologial Aspects of the Foundations of Communication Research in Brazil Luís Mauro Sá Martino Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Brasil, 2004. Professor no PPG em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero – São Paulo, Brasil. [email protected] Faculdade Cásper Líbero – Avenida Paulista, 900, 5 o Andar. 01310-940 Sao Paulo – SP Brasil * Uma versão preliminar deste texto foi apresentada no GT Epistemologia da Comunicação do I Congresso Mundial Ibero-Americano de Comunicação – Confibercom. O autor agradece as críticas e os comentários dos participantes do GT, que resultaram em substanciais alterações no texto.

MARTINO Dialogo Entre Fatores Politicos e Epistemologicos No Campo Da Comunicacao

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Artigo sobre epistemologia da comunicação

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  • 161Martino - O dilogo entre fatores polticos e epistemolgicos na formacao do campo... (pp.161-178)

    O DILOGO ENTRE FATORES POLTICOS E EPISTEMOLGICOS NA FORMACAO DO CAMPO

    DA COMUNICACAO NO BRASIL*Policy and Epistemologial Aspects of the Foundations of

    Communication Research in Brazil

    Lus Mauro S MartinoDoutor em Cincias Sociais pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo Brasil, 2004. Professor no PPG em Comunicao da Faculdade Csper Lbero So Paulo, Brasil.

    [email protected] Csper Lbero Avenida Paulista, 900, 5o Andar. 01310-940 Sao Paulo SP Brasil

    * Uma verso preliminar deste texto foi apresentada no GT Epistemologia da Comunicao do I Congresso Mundial Ibero-Americano de Comunicao Confibercom. O autor agradece as crticas e os comentrios dos participantes do GT, que resultaram em substanciais alteraes no texto.

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    RESUMO

    Este artigo delineia, com base em pesquisa bibliogrfica, as relaes entre as condies poltico-acadmicas e os fundamentos epistemolgicos da rea de Comunicao no Brasil. Busca-se traar um paralelo entre esses dois elementos, observando os fatores polticos e as demandas do mercado da Comunicao presentes no momento do estabelecimento da rea como espao de investigao epistemolgica. No se procura reduzir o epistemolgico ao poltico, mas sublinhar a ressonncia de alguns aspectos poltico-acadmicos na constituio epistemolgica da rea, destacando uma aparente assimetria entre a consolidao institucional e a disperso terico-metodolgica do campo. O texto prope uma reflexo no sentido de indicar que o debate epistemolgico atual pode ser uma trilha de consolidao poltico-epistemolgica da rea.

    Palavras-Chave: Comunicao. Epistemologia. Poltica. Teorias da Comunicao.

    ABSTRACT

    This paper outlines the relationship between academic policy and the epistemological foundations of Communication studies, drawing on bibliographical research. The text creates a studies between these elements, and aims to hightlight the political and professional demand for Communication Studies when it was first established as an research area. This is not claiming that policy has determined the scientific. The goal is to highlight the resonance of political matters on communication Studies, particularly the gap between its institutional and epistemological aspects: Communication is a well-established academic degree, but it still lacks some epistemological foundations. The paper also argues that the current epistemological debate on Communication may put both aspects apace.

    Keywords: Communication, Epistemology, Policy. Communication Theory.

    RESUMEN

    Este artculo describe, con base en una revisin bibliogrfica, las relaciones entre las condiciones poltico - acadmicas y los fundamentos epistemolgicos del rea de la comunicacin en Brasil.

    El texto presenta un paralelo entre estos elementos, considerando los factores polticos y las demandas del mercado de la comunicacin existentes al momento de crear un espacio epistemolgico para la investigacin en este campo. El trabajo no pretende reducir lo epistemolgico a lo poltico, pero si subraya la importancia de los aspectos poltico-acadmicos en la

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    configuracin epistemolgica del rea, poniendo de manifiesto la aparente asimetra entre la consolidacin institucional y la dispersin terica-metodolgica del campo. El texto propone, entonces, una reflexin para que el debate epistemolgico actual sea una oportunidad de consolidar este campo de estudio en el mbito poltico.

    Palabras clave: Comunicacin. Epistemologa. Poltica. Teoras de la Comunicacin.

    Recibido: 20 de diciembre de 2012Aprobado: 28 de febrero de 2013

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    INTRODUCAO

    As polticas de institucionalizao dos saberes nem sempre esto visveis nos debates epistemolgicos. No entanto, a constituio dos saberes legtimos, na sociedade, est ligada s prticas institucionais de legitimao desses saberes. Como rea de investigao, a epistemologia no se desvincula das condies de sua prtica.

    Este texto delineia algumas das relaes entre as polticas institucionais de formao e problemas epistemolgicos no campo da Comunicao. Procura-se desenhar um paralelo, uma espcie de ressonncia, entre as condies poltico-acadmicas de consolidao institucional da Comunicao e suas caractersticas terico-epistemolgicas.

    O argumento abrange trs momentos. Examinam-se alguns dos fatores polticos e acadmicos presentes durante a institucionalizao do campo da Comunicao no Brasil e sua consolidao. Em seguida, sugere-se que esse processo no aconteceu no mesmo ritmo da discusso sobre os fundamentos epistemolgicos da rea, formada em um primeiro momento por necessidades imediatas. Finalmente, argumenta-se que o debate contemporneo sobre Comunicao vem oferecendo uma contrapartida epistemolgica a essa consolidao universitria.

    Busca-se, aqui, compartilhar perguntas a respeito de uma aparente convergncia de fatores do que propriamente encontrar respostas. Ao se remontar a um momento na genealogia da rea de Comunicao, procura-se explorar apenas uma das linhas possveis no emaranhado de fios histricos e factuais presentes no momento em que a Comunicao se consolida como espao profissional e rea de pesquisa no Brasil.

    Ao se restringir a problemtica ao caso brasileiro, no se est deixando de lado que a ausncia de consenso na epistemologia da Comunicao a respeito de seu objeto, mtodo e teorias parece ser uma questo presente tambm em outros pases, nos quais as condies poltico-acadmicas foram diversas (Villanueva, 2010). Ao se procurar as especificidades do caso brasileiro, deve-se sublinhar, logo de incio, que no se trata de estabelecer uma relao causal, mas observar como o epistemolgico e o poltico correram paralelos, com ressonncias e influncias mtuas. Os problemas epistemolgicos esbarram, de tempos em tempos, nas polticas institucionais e mesmo governamentais que, de algum modo, influenciam uma rea do saber (Bourdieu, 1983; Foucault, 2001).

    As definies epistemolgicas podem ser vistas de outro aspecto quando questionadas a partir das polticas institucionais de legitimao de um saber nos momentos em que se pergunta, por exemplo, a respeito da aderncia de um tema, um profissional ou um projeto rea, ou quando se atribui peso s

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    publicaes acadmicas de um Programa de Ps-Graduao (Santaella, 2003). A disciplinarizao, para Sholle (1995, p. 130) funciona como um aparato que auxilia a formar comunidades que produzem conhecimento e geram capital cultural. Ela justifica a existncia dos acadmicos da rea.

    Levando em conta a advertncia de Ferreira (2003), no se trata de reduzir o acadmico ao poltico e encontrar a chave para problemas epistemolgicos no social. O que se busca sublinhar o paralelo entre alguns elementos de carter poltico-ideolgico e a constituio do epistemolgico. Se isso poderia ser um exerccio de sociologia da cincia, embora no reivindique essa denominao, na tentativa de compreender o epistemolgico, sem a tentativa de reduo.

    O que, a princpio, poderia constituir um uso simplificado de uma anlise do campo acadmico da Comunicao seria a tentao de ver, na dinmica de foras que constitui a rea, a chave para todos os problemas epistemolgicos dizer, por exemplo, que a eleio de mtodos ou objetos de estudo deve-se apenas a efeitos de campo e nada mais (Bourdieu, 1983; Lopes, 2003).

    O exame do assunto comporta vrias dimenses que se entrecruzam: as relaes entre ensino de Jornalismo e a posterior transformao em ensino de Comunicao; entre pesquisa acadmica e formao tcnica; entre definies epistemolgicas e demandas poltico-econmicas, e assim por diante. O esforo, aqui, ser o de tentar desembaraar alguns desses fios. No h pretenso de ineditismo uma vez que o tema tem lugar nas reflexes epistemolgicas sobre Comunicao.

    Em primeiro lugar, situaremos o espao das questes polticas no atual debate epistemolgico. Em seguida, ser feito um exame das condies polticas presentes na formao do Campo da Comunicao. Por ltimo, procura-se observar como essas condies se ligam a algumas condies epistemolgicas da rea.

    O espao da dimenso poltica no debate epistemolgico

    Em sua anlise do campo da Comunicao, Barbosa (2004, p. 35) recorda que ...todo campo de saber tambm um campo de poder e menciona a ...delimitao do campo da comunicao por questes no inerentes e prprias s relaes tericas e metodolgicas da rea. Ou, nas palavras de Lopes (2003, p. 279), ...conflitos epistemolgicos so sempre, inseparavelmente, conflitos polticos.

    No que diz respeito ligao dos domnios poltico e acadmico, Fuentes Navarro (1994), retomado por Montardo (2010), indica que a noo de campo acadmico envolve, alm das instituies de ensino superior, ...questes tericas, investigativas, pontos a respeito da formao universitria e concernentes profisso. No mesmo sentido, Korman Dib, Aguiar e Barreto (2010) estudam detalhadamente as relaes entre formao profissional e demandas de mercado,

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    e recordam, citando Meditsch (1999) a dimenso poltica dessas definies a partir da atuao do Ciespal na Amrica Latina nos anos 1960.

    Efendy Maldonado (2002, p. 4) aponta que a fraqueza terica/epistemolgica da Comunicao tem, em suas origens, o fato de que o ...campo miditico construiu-se intensamente vinculado ao poder poltico hegemnico em todas as partes do mundo. Na Amrica Latina, especialmente, ...sua instaurao, organizao e desenvolvimento esteve vinculada aos projetos autoritrios, populistas e coronelistas com apoio do complexo militar/industrial estadunidense.

    Destaca-se, desse modo, um contraste entre o alto grau de institucionalizao das pesquisas em Comunicao no Brasil e a ausncia de consenso a respeito de algumas das premissas epistemolgicas fundamentais da rea, conforme apontado por Lima (2001).

    De um lado, so cerca de quarenta programas de ps-graduao strictu senso no pas, a maior parte deles com boas avaliaes da parte dos rgos responsveis. Alm disso, sociedades cientficas e centros de pesquisa promovem o desenvolvimento de estudos sobre as mais diversas temticas, divulgando sua produo em peridicos, seminrios, encontros e congressos de variados tamanhos.

    De outro, possvel notar a ausncia de consenso sobre questes fundamentais de suas premissas epistemolgicas. O exame da bibliografia sobre teorias da Comunicao, bem como os estados da arte e os debates nos principais congressos internacionais da rea indicam essa falta de consenso (Bryant & Thompson, 1998; Bryant & Miron, 2004; Martino, 2008, 2009).

    Para alm dessa crtica, o estabelecimento de algum consenso em torno de certas questes epistemolgicas como o objeto, os mtodos e as teorias parece necessrio para estipular o que est dentro e fora da rea. Uma primeira consequncia institucional se faz visvel: diante de um projeto de pesquisa, seja de iniciao cientfica, mestrado ou doutorado, como decidir se a proposta pertence ou no Comunicao? (Santaella, 2003). H casos evidentes, mas a indefinio aumenta quando se est nas fronteiras entre Comunicao e outras reas e a investigao talvez deva partir de um breve exame da forma como o campo se formou.

    A dimenso poltico-econmica na constituio da rea

    Uma das origens dessas condies pode ser delineada quando se observa, em linhas gerais, a institucionalizao acadmica da Comunicao no Brasil. A constituio do campo da comunicao, no sentido atribudo por Braga (2001), pode ter dado menos destaque formao terica, ressalta Mattos (2007, p. 51)

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    ...por ter sido impulsionado por demandas pragmticas de formao de mo de obra para atuar no emergente mercado das indstrias culturais no Brasil.

    Se o reconhecimento de uma rea do saber advm, entre outros fatores, da conquista de espaos junto aos pares, h lugares precisos a serem ocupados que garantem ao ocupante o reconhecimento e a valorao responsveis por garantir sua existncia a legitimidade acadmica da rea.

    No caso da Comunicao, essa institucionalizao esteve diretamente ligada a fatores polticos da poca em que aconteceu. O primeiro curso de Jornalismo, da Csper Lbero, foi criado em 1947, atrelado Faculdade de Filosofia de So Bento, que futuramente seria vinculada PUC/SP. cedo, no entanto, talvez, para se falar de uma rea acadmica da Comunicao, tendo em vista que o curso de Jornalismo parecia manter um carter sobretudo tcnico na formao de profissionais, atendendo a uma demanda imediata.

    Os cursos universitrios propriamente de Comunicao, chamados Comunicao Social, so implantados em 1969, agregando-se, sob essa rubrica, os cursos de Jornalismo, Publicidade & Propaganda, Relaes Pblicas, Editorao e Cinema a rea considerada estratgica pelo governo do perodo (Romancini, 2006, p. 92). A legitimidade institucional da rea da Comunicao, nesse aspecto, parece ter sido pensada menos partindo da definio de fronteiras do saber do que com base em necessidades estratgicas de um regime poltico sintomtico que o decreto-lei regulamentando os cursos de Jornalismo tenha sido fixado pelo Estado Novo, em 1943, e sua transformao em Comunicao Social acontea em 1969 (Romancini, 2006, p. 91; Afonso, 2006, p. 35). A presena do Estado, na poca, revela-se, ainda que indiretamente, no que Ferreira (2007, p. 42) chama ...inscrio da burocracia estatal nos atos de instituio do campo cultural.

    No se deixa de levar em conta, aqui, as demandas profissionais bastante srias pelo ensino de jornalismo na busca de qualidade e reconhecimento profissional (Melo, 1974). No entanto, no parece ter existido fora poltica para levar isso adiante. A institucionalizao da rea poderia ser vista como um fator que colocou em pauta uma problemtica epistemolgica para definir uma rea criada a partir das demandas institucionais e de mercado.

    Falando sobre a origem das pesquisas nos Estados Unidos, da qual em grande parte derivam as brasileiras, Vencio Lima (2001, p. 35) ressalta sua origem instrumental, seja profissionalizante, para atender aos interesses do jornalista e da imprensa, seja ideolgico-poltica ou comercial, subordinada aos interesses do Estado e dos anunciantes. O autor indica, em outro texto (Lima, 1991, p. 160), ...uma relao inversa entre a expanso institucional da rea e o desenvolvimento terico. Para o autor, ...a comunicao passou a ser entendida e definida em termos das profisses e do espao institucional que ocupa nas universidades e no de forma terico-conceitual.

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    Como exemplo dessa assimetria na relao institucional-epistemolgica, Peruzzo (2002, p. 12), menciona que o aumento no nmero de cursos de Comunicao levou, entre outras coisas, ...criao de cursos nem sempre adequadamente estruturados: nfase em matrias tericas, s vezes ministradas por docentes sem a devida conexo com a rea da Comunicao. Mas mesmo a consolidao institucional no ficou isenta de problemas de ordem poltica vinculados a questes epistemolgicas. Como recorda Dcio Pignatari (1967), ao se referir formao do curso da Universidade de Braslia, mesmo a nomenclatura Comunicao Social aparece como uma tentativa de estipular um marco terico nacional em oposio norte-americana mass communication ou francesa communications. A institucionalizao no pareceu dedicar muito espao s definies sobre um corpo terico-metodolgico ou o objeto de investigao. Ao optar por denominar a carreira Comunicao Social, abria-se um leque de pesquisas bastante variado.

    Nesse sentido, ao retomar brevemente um ponto na genealogia do campo, possvel notar que a indefinio a respeito do estudo dos fenmenos comunicacionais parece datar da prpria origem do campo. Uma vez institucionalizados na forma de cursos universitrios, torna-se necessria a definio de uma formao terica a respeito do assunto Comunicao. No entanto, o exame de alguns livros de Teoria da Comunicao publicados entre 1967 e 1986 sugere que no havia praticamente nenhum consenso a respeito do alcance e dos limites do estudo da Comunicao (Martino, 2010). Dessa maneira, a demanda universitria parece ter se deparado com um problema prtico, o emaranhado de problemticas terico-epistemolgicas com as quais o campo nascente precisava lidar para dar conta de sua institucionalizao.

    Em linhas gerais, os cursos de Comunicao derivam dos cursos de Jornalismo. Essa passagem no ocorre de maneira abrupta, mas partindo de uma necessidade de consolidao e legitimidade profissional e encontra sua realizao na regulamentao da Comunicao Social em 1969. Nesse panorama, um dos resultados um certo descompasso entre a institucionalizao da Comunicao e a definio dos saberes a serem abarcados denro de suas fronteiras (Peruzzo, 2003). Assim, em um balano sobre os cursos de Comunicao publicado na Revista de Cultura Vozes, de 1972, possvel encontrar o comentrio de um professor:

    Disciplinas com ttulos pomposos e obscuros como Fundamentos Cientficos da Comunicao, Fundamentos Antropolgicos e Psicolgicos da Comunicao, Comunicao Semntica, permitiam aos seus docentes total liberdade no assunto a ser lecionado Pois, de fato, ningum at hoje conseguiu dar contornos definidos s muitas reas e teorias que agrupamos com o nome de teoria da comunicao. Eu me pergunto inclusive se possvel alguma definio a (Doria, 1972, p.599).

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    E, talvez mais representativo dos problemas da poca, a meno ao depoimento verbal de um aluno, citado na mesma edio, alegando que o diploma de Comunicao seria ...um diploma de nada, porque uma Escola de Comunicao uma escola de nada, uma escola onde se leciona de tudo, tudo e nada (Doria, 1972, p. 599). Como afirma L. C. Martino, a entrada dos estudos de comunicao no ambiente intelectual ...no se deveu consistncia de sua fundamentao terica, mas a uma forte demanda social (Martino, L. C. 2001, p. 51; Cf. tambm Romancini, 2006, p. 91).

    Assim, parece se delinear a ligao entre o que se apresenta como uma institucionalizao ocorrida em paralelo com uma certa disperso dos pressupostos da rea. Isso leva pergunta, seguindo a trilha proposta neste texto, a respeito de quais seriam os elementos ao redor dos quais se agruparam saberes na constituio da rea de Comunicao. Se, institucionalmente, havia uma rea, quais opes terico-metodolgicas e epistemolgicas orientavam sua formao?

    Seriam, portanto, as fronteiras da rea de Comunicao criadas apenas com base em critrios poltico-acadmicos, elementos exgenos s preocupaes propriamente epistemolgicas da rea? Ou haveria, por outro lado, fatores especficos de um estudo propriamente comunicacional que justifique sua separao de outras reas do saber? Finalmente, se a Comunicao uma rea transversal entre outros saberes, pode se perguntar qual rea do saber no transversal, recorrendo a saberes de outras reas sob a prevalncia ou polaridade de um recorte nesse caso, qual seria a especificidade do recorte prprio da Comunicao? o que ser observado no prximo item.

    A DISPERSO EPISTEMOLGICA NA REA E SUA CONSTITUIO

    consolidao acadmica da rea de comunicao parece corresponder um alto grau de disperso no que diz respeito a autores, objetos, mtodos e teorias adotados pelos pesquisadores. Nota-se uma dificuldade mesmo em datar o incio dos estudos da rea uma vez que a concepo de um momento fundador liga-se ao que se entende por Comunicao. A citao de um trecho de Streeter longa, mas sintetiza algumas crticas sobre a rea:

    A comunicao de massa, costuma-se dizer, meramente um campo aplicado, invariavelmente ligado aos interesses e necessidades de uma indstria (pouco respeitada, inclusive). Falta, comunicao, fundamentos acadmicos; no h um equivalente ao que na sociologia seriam Marx, Weber e Durkheim. Seu assunto trivial, diz respeito a elementos comuns e sem importncia falta-lhe um Shakespeare. Na sua verso mais caricatural, a acusao diz que a graduao em comunicao o lugar onde alunos de poucas habilidades intelectuais vo apresentar como operar cmeras e falar em uma FM (Streeter, 1995, p. 13).

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    Quando se pensa nas origens antigas (Hohfeldt, 2001; Melo, 2009), faria sentido datar o incio dos estudos com Arte retrica de Aristteles, autor do modelo Emissor Mensagem Receptor ou com a teoria dos signos de A doutrina crist, de Agostinho. Outra opo, pensando nas origens recentes (Ferreira, G., 2001), datar os estudos de Comunicao a partir do surgimento das mdias eletrnicas, j no sculo XX. O roteiro, nesse caso, aquele trabalhado de maneira cronolgica em vrios livros de Teorias da Comunicao brasileiros (Martino, 2008).

    Vale perguntar, no entanto, at que ponto se est falando, neste caso tambm, de teorias da Comunicao ou do uso de teorias pela Comunicao.

    O exame da origem acadmica dos autores usados na Comunicao indica que eles no estavam interessados em estudar especificamente comunicao, mas vinham de outras reas e se dedicaram, por vezes brevemente, ao estudo dos meios de comunicao (Streeter, 1995, p. 191).

    Assim, para ficar apenas com os exemplos mais citados em livros de Teoria da Comunicao, valeria lembrar que algumas das teorias da comunicao mais citadas so provenientes de autores ligados pesquisa Poltica (Laswell, Lazarsfeld, McCombs), Sociologia (Merton, Lazarsfeld), Filosofia (Adorno & Horkheimer), Psicologia (Mead, Lewin) e Literatura (Benjamin, Barthes, Williams).

    Em uma longa citao que enumera pontos principais, diz Sholle

    A maior parte das pessoas trabalhando com fenmenos da comunicao de massa nos anos 1920 no teria imaginado uma disciplina separada chamada de comunicao de massa. Eles estavam trabalhando em disciplinas estabelecidas, usando tcnicas e teorias das Cincias Sociais, aplicando-as mdia e aos fenmenos sociais. Mesmo quando o campo da comunicao de massa se consolida nos anos 1940, sua interdisciplinaridade ainda predominante na prtica no tinha uma coerncia rreal; seu objeto, os meios de comunicao, so simultaneamente um texto, um efeito, uma prtica, uma emisso, uma estrutura, etc.; suas metodologias so emprestadas das cincias sociais em geral; suas teoriaas, como se apresentam, so a verso retrabalhada de teorias sociais e psicolgicas, ou de modelos circulares centrados sobre outros modelos pouco desenvolvidos de informao e comunicao (Sholle, 1995, p. 133).

    Os principais paradigmas e modelos tericos usados na comunicao foram desenvolvidos de fora, a partir de interesses que convergiram momentaneamente para a Comunicao (Sholle, 1995; Varo, 2008). Os aportes ao assunto Comunicao, em sua variedade de recortes e possibilidades, transitaram ao longo do sculo XX e parecem seguir um caminho semelhante neste sculo XXI entre diversas formas de institucionalizao, seja pensado como um setor estratgico, se possvel denominar assim o incio da pesquisa atrelada poltica nos Estados Unidos, seja pensada como fator de compreenso das formas

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    de hegemonia e contra-hegemonia na Amrica Latina. O vnculo ao espao universitrio parece no ter sido contestado; pode-se perguntar, no entanto, a quais setores desse espao foi estabelecida essa ligao.

    Ao lado dos autores, o exame das temticas da rea oferece alguma evidncia emprica para essa colocao. Os estados da arte publicados sobre as pesquisas em Comunicao, tanto no Brasil quanto no exterior, apontam para essa desarticulao epistemolgica o grau de consenso que permitiria definir fronteiras da rea por suas qualidades especficas de diferenciao baixo (Craig, 1999; Bryant & Thompson, 1998; Herkmann, 2008; Peruzzo, 2002; Martino, 2008, 2009). Faz sentido, alis, que autores de reas diferentes tenham suas prprias concepes e vises sobre a Comunicao (Sholle, 1995, p. 133).

    possvel notar que cada teoria parece incidir sobre um aspecto dos fenmenos de Comunicao, aumentando ainda mais a disperso do foco terico e dificultando, de algum modo, o dilogo no s entre a Comunicao e outras reas do saber, mas o que se poderia chamar dilogo intradisciplinar entre as vrias propostas terico-epistemolgicas presentes na rea. Os diversos modelos e paradigmas adotados simultaneamente na Comunicao no parecem manter dilogo na incompatibilidade entre as definies de objeto propostas pelas diversas teorias usadas. Craig refere-se a esse fenmeno ao dizer que

    No h um canon terico geral ao qual eles todos se referem. No h objetivos comuns que os una nem um debate que os divida. Em sua maior parte, simplesmente ignoram-se uns aos outros (Craig, 1999, p. 119).

    Ao mesmo tempo, a questo do objeto especfico liga-se s premissas epistemolgicas da rea, que, com o risco inerente toda esquematizao, poderia ser pensado em termos de algumas proposies e questionamentos:

    a) Qualquer objeto pode ser estudado como Comunicao uma vez que tudo o que humano est carregado de significados. Nesse caso, no entanto, o estudo dos fenmenos comunicacionais no estaria diludo entre outras reas do saber?

    b) Nem tudo pode ser tomado como Comunicao. H limites para o que pode ou no ser estudado na rea. O problema, aqui, constitui-se na hora de estipular quais so os limites e os critrios que sero usados para delimitar o campo. Como seria feita essa definio?

    c) A Comunicao tem um modo de olhar para os objetos; no tem um mtodo especfico, mas constitui-se como um olhar, uma abordagem dos objetos a partir de um ponto de vista particular. Neste caso, como delimitar a especificidade desse olhar, sua constituio e limites?

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    Dessa maneira, consolidao institucional da rea de Comunicao parece corresponder uma disperso epistemolgica no que diz respeito a itens fundamentais para a constituio de uma rea. Como, pergunta Sholle (1995, p. 133), apesar de sua histria interdisciplinar, a Comunicao se tornou uma disciplina? A razo, para o autor, est na observao da histria do campo como um campo prtico com conexes com a indstria e a profissionalizao.

    De outro lado, h necessidade de qualquer acordo a respeito das premissas epistemolgicas que orientam a rea? Se h uma crise de identidade nos estudos de Comunicao e em sua definio como rea do saber humano, no h algo semelhante em outras reas, ao menos nas Cincias Humanas? Estariam outras reas plenamente estabelecidas, com objetos, metodologias e temticas definidas? Ou, nas margens do conhecimento, as sobreposies no criam constantes instabilidades, definidas na prtica? Desse ponto de vista, a ausncia atual, mas tambm a busca, de critrios consensuais para definir o que pertence ou no Comunicao garante no apenas a dinmica da rea, mas constitui-se sua diferena especfica na incorporao de temticas, autores e saberes apropriados como da Comunicao.

    possvel compartilhar, nesse ponto, a opinio de Lopes (2001) sobre a consolidao e o desenvolvimento da rea. Ou, como indica Craig:

    Embora teoria da comunicao no seja ainda um campo coerente, creio que pode e deve se tornar um. Um campo vai emergir na medida em que ns, tericos da comunicao, nos envolvermos como objetivos, questes e controvrsias sociais que perpassam vrias tradies disciplinares, especialidades, metodologias e escolas de pensamento que atualmente nos dividem (Craig, 1999:119).

    CONSIDERAES FINAIS

    A pesquisa em Comunicao parece ter estado ligada, em suas origens, s demandas do mercado por profissionais qualificados e busca por informaes a respeito dos potenciais efeitos dos meios de comunicao na populao, com especial ateno aos seus efeitos na poltica. O primeiro fator levou formao de cursos universitrios de Jornalismo e, posteriormente, de Comunicao Social, ora tendendo para uma grade humanstica, ora dedicando-se tcnica (Melo, 1974; Lima, 2001; Afonso, 2006). Do segundo resultou o que se entende, no sentido moderno, por pesquisa sobre Comunicao (Lopes, 2003).

    preciso, no entanto, compreender essas afirmaes dentro da pluralidade de perspectivas que forma a rea de Comunicao e compreender como essa mesma pluralidade se torna, na pesquisa, um objeto de anlise a respeito das condies de formao e institucionalizao da rea.

    A constituio da rea de Comunicao foi um processo multifatorial, no qual

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    elementos polticos, econmicos e epistemolgicos estiveram em dilogo um dilogo por vezes assimtrico, mas que no parece ter implicado em momento algum o desaparecimento de um desses termos. Sublinhar esses paralelos entre o poltico e o epistemolgico no indica uma possibilidade de reduo da existncia da rea de Comunicao exclusivamente a fatores exgenos s suas buscas epistemolgicas, nem que sua institucionalizao acadmica seria devida apenas ao uso poltico de um discurso formado sobre bases epistemolgicas. A presena desses fatores no permite a reduo a eles.

    O argumento vai no sentido de propor que no o consenso, mas justamente a existncia do debate, que sustenta esse argumento. A indefinio de fronteiras epistemolgicas pode eventualmente gerar dificuldades prticas no cotidiano do trabalho acadmico, mas o esforo constante, em vrias instncias, no sentido de encontrar caminhos e definies parece indicar ao menos uma agenda de temas em discusso a preocupao com as trilhas percorridas sugerem, para o futuro, uma reduo no descompasso apontado neste texto.

    As relaes entre poltica e epistemologia nem sempre so visveis. No caso da Comunicao, como se sugeriu nos itens anteriores, a formao da rea aconteceu e se desenvolve em uma situao peculiar na qual dois elementos, o acadmico-institucional e o epistemolgico no parecem seguir no mesmo ritmo. No entanto, possvel pensar a perspectiva de abertura do campo espao no qual as polticas, em escala macro e micro, bem como os problemas epistemolgicos, convergem em buscas avanando, a cada vez, nas possibilidades de dilogo.

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