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www.obrasonline.com.br MARQUISES Projetos adequados e manutenção periódica são fundamentais para prevenir desabamentos Publicação mensal da construção civil . ano 4 . nº 39 .Maio 2007

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Marquises Projetos adequados e manutenção periódica

são fundamentais para prevenir desabamentos

Publicação mensal da construção civil . ano 4 . nº 39 .Maio 2007

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12Maio de 2007 Revista Obras on Line

des é elevada devido à poluição, esse processo ocorre rapidamente, a uma taxa média de 1 mm ao ano.

O concreto armado, quando atacado pela frente de carbonatação, muda seu pH, originalmente alcalino, que protege as armaduras contra a cor-rosão. À medida que a frente de car-bonatação avança dentro da estrutu-ra de concreto armado, ela atinge as armaduras, causando sua corrosão. Com a oxidação dos vergalhões, o aço tende a voltar ao seu estado ori-ginal (óxido de ferro), ocupando um volume maior que o original do aço. Desse modo, há uma grande pressão de expansão interna não suportada pelo concreto convencional. O re-sultado é o aparecimento de fissuras e trincas, e por elas mais umidade penetra no concreto, incrementando a velocidade da corrosão. Por “efeito cascata”, aparecem os desplacamentos de pedaços de concreto, com perdas de seção de concreto e aço, e conse-qüente redução da capacidade origi-nal da estrutura de concreto armado em receber os esforços de projeto, que culminarão com seu desabamento.

Para evitar o colapso das estruturas, é necessário que se faça a manutenção periódica das construções e a recupe-ração das áreas afetadas. Em resumo, as obras de recuperação das áreas afe-tadas consistem na retirada de todo o concreto fraco, solto ou trincado, na eliminação da corrosão das armadu-ras, com o uso de lixas de aço ou jato de areia, substituindo as barras mais danificadas, com perda de seção de aço seguida de recomposição do con-

Marqui sesComo prevenir desabamentos

Acidentes fatais devido ao desa-bamento de marquises, como o que ocorreu em fevereiro

último no Hotel Canadá, no Rio de Janeiro, e ano passado na Universida-de Estadual de Londrina, no Paraná, são mais comuns que pensamos, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Nas últimas edições da Revista Obras On Line, falamos sobre as Inspeções Prediais, que, certamente, num futu-ro próximo, contribuirão de maneira decisiva para redução dessas tragédias. Enquanto isso não ocorre, dissertare-mos a seguir acerca das prováveis ori-gens desses problemas nas marquises e como atuar em sua prevenção.

Manutenção

Ao contrário do que prega o senso comum, toda estrutura de concreto armado, como as marquises, tem uma vida útil determinada, ou seja, um pe-ríodo de tempo pelo qual ela é capaz de desempenhar as funções para a qual foi projetada. É sabido que, ao longo dos anos, a estrutura de concreto, ex-posta ao sol, chuva, ventos e poluição, acaba envelhecendo e perdendo parte de suas características.

Nas grandes cidades, o principal pro-blema que afeta essas estruturas é a chamada “carbonatação”. Esse fenô-meno ocorre quando o gás carbônico (CO

2) da atmosfera penetra no con-

creto através de porosidades e fissuras, entra em contato com a umidade e reage com o cimento, causando eflo-rescências, que são aquelas manchas esbranquiçadas. Como a concentra-ção desse gás no ar das grandes cida-

Capa

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13 Maio de 2007 Revista Obras on Line

Marqui sesComo prevenir desabamentos

creto retirado com grout, microconcretos ou argamassas poliméricas, dependendo de cada caso. O ideal é contratar um cal-culista para execução do projeto de recu-peração da estrutura.

Prevenção

Apesar de projetos e execução de marquises serem relativamente simples, alguns cuida-dos importantes deverão ser tomados. Cita-mos alguns que merecem especial cuidado:

• A norma brasileira de projetos de estruturas de concreto (NBR 6118) determina a classe de concretos e va-lores mínimos de cobrimento das ar-maduras, cujos valores dependem da agressividade do meio ambiente e do elemento estrutural, no caso lajes e/ou vigas em balanço. Seguir rigorosamen-te essas indicações implica evitar pro-blemas de fissuração, desplacamentos e corrosão das barras de aço.

• Na execução das obras, principalmente durante a concretagem, é comum ver funcionários pisoteando os vergalhões de aço já posicionados, promovendo o rebaixamento da armadura negativa. Armadura negativa mal posicionada é caminho certeiro para o aparecimento de fissuras na marquise, cujas conseqüências já foram abordadas neste artigo. Desse modo, há que se tomar muito cuidado para um correto posicionamento das armaduras, seguindo o projeto, especialmente durante a montagem dos vergalhões e na etapa da concretagem.

• Após a etapa da concretagem, todo mun-do fala, mas poucos fazem uma cura efi-ciente do concreto. A cura úmida, pelo

maior tempo possível (até um mês, se for possível, e não apenas nas primeiras horas, como é habitualmente observa-do), é a grande responsável pela redu-ção da fissuração por retração (plástica, autógena, hidráulica e térmica), pois evita perdas da água do concreto, tan-to nas fases plástica e gel quanto na fase endurecida. Perda de água = apareci-mento de fissuras de retração.

• A norma brasileira de seleção e proje-to de impermeabilização (NBR 9575) determina cuidados que devem ser se-guidos, como a escolha dos materiais impermeáveis (e sua aplicação), e, prin-cipalmente, detalhes de projeto como o caimento mínimo e o correto dimen-sionamento dos coletores de água plu-vial, que evitarão futuras infiltrações e o empoçamento das águas de chuva.

• Observar ainda a máxima da qualidade: adequação ao uso. Ou seja, se a marquise foi calculada para não ter cargas perma-nentes ou sobrecargas, significa que não poderemos utilizá-la como depósito de materiais, para afixar nenhuma placa ou outdoor, para funcionar como varanda para pessoas, e, especialmente durante a construção, que não seja utilizada como circulação de funcionários nem como base de andaimes. Exceções para rápidas e esporádicas manutenções.

Finalmente, para concluir o texto deste mês, é altamente recomendável a realização de vistorias ou inspeções rotineiras e perió-dicas na estrutura para verificar a existência de trincas e/ou fissuras e outras anomalias, e ainda a verificação do correto funciona-mento dos sistemas de impermeabilização de drenagem. Dessa forma, reparos neces-

Para evitar infiltrações, é preciso dimensionar corretamente os coletores de água de chuva

Eng. Clémenceau Chiabi Saliba JúniorCoordenador de cursos de pós-graduação

do IEC/PUC MinasDiretor do Instituto Mineiro de Avaliações

e Perícias de Engenharia (Ibape-MG)Conselheiro do Crea-MG e da SME

E-mail: [email protected]

sários podem ser feitos a tempo e a hora, evitando conseqüências mais graves.

Espero que tenham gostado. Se necessita-rem mais informações sobre o tema, con-tate-nos por e-mail.