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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA CECOP 3 MARINÊZ LUZ DA SILVA NASCIMENTO ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NAS TURMAS MULTISSERIADAS DA ESCOLA MUNICIPAL DO CAMPO NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

MARINÊZ LUZ DA SILVA NASCIMENTO

ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NAS TURMAS

MULTISSERIADAS DA ESCOLA MUNICIPAL DO CAMPO NOSSA

SENHORA DA CONCEIÇÃO

Salvador

2015

2

MARINÊZ LUZ DA SILVA NASCIMENTO

ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NAS TURMAS

MULTISSERIADAS DA ESCOLA MUNICIPAL DO CAMPO NOSSA

SENHORA DA CONCEIÇÃO

Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional

Escola de Gestores da Educação Básica Pública,

Faculdade de Educação, Universidade Federal da

Bahia, como requisito para a obtenção do grau de

Especialista em Coordenação Pedagógica.

Orientadora: Profa Ma. Rafaela Melo Magalhães

Salvador

2015

3

MARINÊZ LUZ DA SILVA NASCIMENTO

ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NAS TURMAS

MULTISSERIADAS DA ESCOLA MUNICIPAL DO CAMPO NOSSA

SENHORA DA CONCEIÇÃO

Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de

Especialista em Coordenação Pedagógica, pelo Programa Nacional Escola de

Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.

Aprovado em ____________

Banca Examinadora

Primeiro Avaliador.____________________________________________________

Segundo Avaliador. ___________________________________________________

Terceiro Avaliador. ____________________________________________________

4

Dedico este trabalho em especial a Deus e a

todos os meus familiares que de forma direta e

indiretamente contribuíram e me deram forças

para eu continuar firme nos trabalhos e

estudos.

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, que desde o início estava comigo, pela força suprema para superar os

obstáculos.

Ao meu esposo e filho pela compreensão e pelo apoio incondicional.

Aos mestres que repartiram os seus conhecimentos, ensinando-me a arte de

construir um hoje comprometido com o amanhã.

6

“No rancho de pau a pique, na casa da

professora ou do fazendeiro, distante 2 a 5 km

da residência, o fato é que há quase um

século, uns conjuntos de crianças, com

diferentes idades, se encontram com uma

professora para o ofício de ensinar e aprender.”

Miguel González Arroyo

7

NASCIMENTO, Marinêz Luz da Silva. ATUAÇÃO DO COORDENADOR

PEDAGÓGICO NAS TURMAS MULTISSERIADAS DA ESCOLA MUNICIPAL DO

CAMPO NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO-2015. Projeto Vivencial

(Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação,

Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a importância da atuação do Coordenador Pedagógico, nas turmas multisseriadas, da Escola Municipal do Campo Nossa Senhora da Conceição. As particularidades da educação no campo, bem como, a ação pedagógica dos professores frente a turmas multisseriadas são o alicerce desse estudo ao compreender a atuação do Coordenador Pedagógico como essencial, junto ao docente, visto que os mesmos enfrentam dificuldades no fazer profissional. Para tanto, foi realizada inicialmente uma revisão acerca do tema, a observação e aplicação de questionários junto aos professores da escola Nossa Senhora da Conceição. Houve a necessidade de desenvolver uma Proposta de Intervenção com ações que visam estimular e sanar as dificuldades enfrentadas no contexto escolar. A metodologia aplicada foi à pesquisa-ação, por ser uma metodologia que envolve a participação de todos os segmentos da escola. Verifica-se ainda a importância do professor como mediador para ajudar os alunos a terem uma formação eficaz e também, a participação ativa da equipe escolar no empenho para obter resultados significativos.

Palavras-chave: Educação do Campo. Turma Multisseriada. Coordenador

Pedagógico.

8

ABSTRACT

9

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Dificuldades encontradas no exercício da prática pedagógica ...............38

Gráfico 2 Quais são as funções atribuídas ao Coordenador Pedagógico

de sua escola?.......................................................................

41

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Ações e o Cronograma da Proposta de Intervenção..................

45

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACS

CECOP

CP

DIREC

Atividades Complementares

Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica

Coordenador Pedagógico

Diretoria Regional de Educação

FTC

INP

Faculdade de Tecnologia e Ciências

Instituto Nacional de Pesquisa

LDB

LDBN

MEC

PME

PNE

SECADI

TICS

TV

UESB

Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Ministério da Educação

Plano Municipal e Educação

Plano Nacional de Educação

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão

Tecnologias de Comunicação e Informação

Aparelho de televisão

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

UFBA Universidade Federal da Bahia

12

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................. 13

1

2

CAPÍTULO I- MEMORIAL.........................................................................

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA............................................

16

22

2.1 A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO BRASIL................................................... 22

2.2

2.3

2.4

3

3.1

3.2

I –

II –

3.3

3.4

A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MUNICIPIO DE

CORDEIROS...........................................................................................

MARCOS LEGAIS E POLITICAS PÚBLICAS PARA AS ESCOLAS

MULTISSERIADAS DO CAMPO...............................................................

O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO......................................

CAPÍTULO III - PROPOSTA DE INTERVENÇÃO....................................

CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR........................................

METODOLOGIA DE TRABALHO..............................................................

APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA...................................

PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA................................................

APRESENTAÇÕES DAS AÇÕES DA PROPOSTA DE

INTERVENÇÃO.........................................................................................

RESULTADOS ESPERADOS...................................................................

23

27

29

31

31

33

34

36

43

46

CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................

ANEXOS....................................................................................................

47

49

52

13

INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata da importância da atuação do Coordenador

Pedagógico, nas turmas multisseriadas da Escola Municipal do Campo Nossa

Senhora da Conceição, no ensino fundamental de nove anos iniciais. E é subsidiada

pelas contribuições de diversos teóricos: Arroyo (2007), Azevedo (2007), Frigotto

(2011), Lira (1981) e o Plano Municipal de Educação de Cordeiros (2015),

Buscamos analisar esses desafios e possibilidades que envolvem as classes

multisseriadas da educação do campo, como também, a atuação do Coordenador

Pedagógico junto aos docentes para melhoria da prática pedagógica.

De acordo com a problemática da educação do campo, as turmas multisseriadas

não são algo novo Conforme, Silva (2001) :

A questão da educação das escolas multisseriadas nas áreas rurais nas últimas duas décadas vem gerando um foco de debate, sendo discutida de modo significativo por um conjunto de organizações envolvendo estudantes e professores e instituições governamentais e não governamentais. O objetivo tem sido construir uma escola básica universal, pública de qualidade que atinja as populações urbanas e do campo. Com bases nestas questões, o que se percebe é que a educação do campo em escolas multisseriadas, considerando o histórico abandono, é responsabilizada como uma das grandes promotoras de falta de qualidade de educação do campo. (HAGE 2001 apud SILVA 2012. p. 16/17)

É possível pontuar a partir do que é vivenciado na prática do dia a dia na

Escola Multisseriada Nossa Senhora da Conceição, do município de Cordeiros-

Bahia e do que se vem discutindo que as turmas multisseriadas necessitam de

políticas públicas que favoreçam ao aluno e ao professor melhorias que refletirá na

qualidade no processo de ensino e aprendizagem.

Ainda sobre essa questão, Silva (2001)

Afirma que a escola multisseriada é difícil não só para as crianças que necessitam estudar nesses estabelecimentos, mas também para os professores já que a maior parte destas escolas funciona em espaços inadequados, isolados, sem área de lazer, sem acompanhamento pedagógico, distante da residência do professor, além do fato de que o material pedagógico é precário e descontextualizado. Nesse cenário de fatores, são poucas as

14

crianças que conseguem aprender a ler, escrever e permanecer na escola e no campo. (HAGE 2001 apud SILVA 2012. p. 17)

Diante da realidade e dificuldades enfrentadas pelos professores que trabalham em

turmas multisseriadas, a ajuda do Coordenador Pedagógico - CP através da

orientação e acompanhamento será essencial. Contudo, é necessário mudar a

visão distorcida de que o CP é um fiscal do professor, pelo contrário, o mesmo

poderá atuar juntamente com o professor contribuindo na transformação dessa

realidade em uma educação de qualidade entre educadores e educandos.

Porém, muitas vezes a relação entre coordenadores e docentes apresentam

conflitos que acabam prejudicando o processo ensino aprendizagem. É necessário

que haja espaços de adesão, revisão de concepções, realização de novas práticas

pedagógicas e mudanças de atitudes de todos os envolvidos no processo educativo.

Partindo da premissa de que a atuação do Coordenador Pedagógico pode

influenciar na prática docente surge à necessidade de propor uma Intervenção para

trabalhar essas demandas.

Neste sentido, o método adotado será a pesquisa-ação, por se tratar de uma

investigação que envolve a prática presente na ação de cada sujeito em sua

interação com o ambiente em que atua e os procedimentos metodológicos a

observação, análise documental e a entrevista, através da aplicação de

questionários, aos docentes das turmas multisseriadas da Escola Municipal do

campo Nossa Senhora da Conceição.

Assim, o objetivo geral elencando é Conhecer a realidade e as

dificuldades vivenciadas pelo coordenador pedagógico perante o acompanhamento

e orientação da prática pedagógica do docente das turmas multisseriadas da Escola

Municipal do campo Nossa Senhora da Conceição. E como objetivos específicos:

Identificar os pontos negativos na relação coordenação pedagógica x docentes de

turmas multisseriadas; Aprimorar a relação entre coordenação e docentes, para a

melhoria do processo ensino aprendizagem e por fim, compreender pela visão dos

professores de turmas multisseriadas, qual a contribuição do Coordenador

Pedagógico para sua prática docente.

Por conseguinte, o trabalho está organizado em três capítulos: no primeiro

enfoco o meu memorial, onde descrevo minha trajetória na educação básica,

acadêmica e minha trajetória profissional dando ênfase na minha atuação enquanto

15

Coordenadora Pedagógica da Rede Municipal. Já no segundo capítulo tem o

objetivo de apresentar as referências e os teóricos estudados e que contribuíram

para o melhor entendimento da pesquisa, o terceiro capítulo que apresenta a

proposta de intervenção com algumas ações já colocadas em prática, mas também

com a proposta de novas ações para melhorar a participação de todos envolvidos na

intervenção e comprometidos com a qualidade de ensino. Por fim serão

apresentadas as considerações finais, como síntese do que foi discutido e

alcançando com esse estudo.

16

CAPÍTULO I - MEMORIAL

CONSTRUÇÃO DE ALGUMAS MEMORIAS VIVENCIADAS

Este Memorial de formação aborda pontos relevantes da trajetória da vida

acadêmica, profissional e expectativas de Marinêz Luz da Silva Nascimento,

objetivando descrever recordações da infância, desde o primeiro contato com as

experiências pessoais e profissionais adquiridas, passando pelo ingresso no Curso

de Especialização em Coordenação Pedagógica (CECOP), sendo esse

acontecimento o ápice da realização do sonho de chegar à formação acadêmica.

Reflete ainda o processo de construção do conhecimento durante o período de

formação e aprendizagem, bem como as transformações e redimensionamentos em

minhas práticas pedagógicas, diante de uma nova compreensão das teorias e

concepções do coordenador pedagógico.

Sou filha primogênita, venho de uma família humilde. Vivi realmente minha

infância, pude aflorar a imaginação, descobrir o mundo dos contos de fada, ter

contato com a natureza, brincar correr, gritar, chorar, compartilhar, aprender novos

conhecimentos, ter muitos amigos, ir à escola e principalmente receber as

orientações dos meus pais.

Fui sempre muito peralta, era muito curiosa, brincávamos até o anoitecer,

porém, sempre com as orientações dos adultos. Aprontava muito em casa,

principalmente com meus irmãos que, sendo mais novos, eram mais inocentes,

meus pais não podiam descuidar de mim que eu já aprontava com eles.

Entrar na escola foi algo tão marcante que ainda lembro-me das primeiras

aulas, das primeiras professoras, da escola e tudo mais que dela fazia parte.

Quando fiz sete anos, meus pais me matricularam na Escola Grupo Escolar

Joaquim Gonçalves onde estudei até a 4ª série.

Estudar matemática assustava um pouco, pois havia o dia de tomar a

tabuada, para o qual os alunos tinham que decorar a mesma. Cometer um erro, no

momento em que a professora perguntava individualmente era fatal. Dedicar-se aos

estudos, naquele momento, representava, em primeiro lugar a chance de ficar com

vergonha de não saber, depois a busca da valorização atribuída pelo professor aos

alunos que tivessem os melhores desempenhos.

17

A passagem para o ginásio foi muito interessante, porque convivia de 1ª a 4ª

séries com apenas uma professora por série, já o ginásio permitiu o contato com

vários professores, fazendo com que eu sentisse uma grande diferença em relação

à aprendizagem. Comecei a ter dificuldades em algumas disciplinas, tudo dependia

muito da maneira e metodologia de cada professor.

Até a 8ª serie, os valores tradicionais estavam presentes, os professores

tinham uma postura autoritária, as aulas praticamente não se diferenciavam quanto

à estrutura de apresentação de conteúdo e aplicação de exercícios, os conceitos e

formulas deveriam ser repetidas e memorizadas, o intenso controle disciplinar era

constante tanto dentro quanto fora da sala de aula.

Nesse colégio dei continuidade aos estudos onde passei boa parte da minha

vida da 5ª série ao Magistério.

Durante a minha vida escolar não tive contato e utilização das Tecnologias de

Comunicação e Informação – TICs era de difícil acesso naquele momento usava

apenas a mídia impressa com os livros didáticos fornecidos pela escola. Em casa

tinha contato com Tv e rádio.

Ao ingressar na Educação Superior, encontrei muitos desafios, pois a

Faculdade era à distância e as avaliações eram feitas no ambiente virtual.

No ano de 2004, o município de Cordeiros com demais cidades fizeram um

convênio com a Faculdade de Tecnologia e Ciências e estava realizando inscrições

para o curso Normal Superior. Infelizmente, não tive oportunidade de fazer a

inscrição.

No ano de 2008, surgiu novas turmas do curso de Pedagogia e finalmente fiz

a inscrição e consegui ser aprovada. O curso durou 4 anos, enfrentei muitos

obstáculos mais sempre com a certeza de vencer. O curso de Pedagogia tem como

objetivo formar profissionais para atuar na educação infantil e nos anos iniciais do

ensino fundamental.

Diante do novo mundo acadêmico, surpreendi-me com a metodologia adotada

pelos professores, a qual não se restringe apenas ao ensino e à formação, mas

também envolve propostas de participação em todo processo. Todos os docentes

apresentavam uma ótima relação com os discentes, tendo em vista a interação

constante em todas as aulas ministradas favorecendo assim, a construção de novos

saberes. Com a finalidade de atingir os melhores resultados na aprendizagem dos

18

alunos foram utilizadas diversas estratégias, entre elas: seminários dirigidos,

palestras, oficinas, aulas de campo entre outras.

No ano 2012, cheguei ao final de mais uma etapa concluída. Ao concluir o

curso de Pedagogia na forma de licenciatura plena, com habilitação para o ensino

da educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental na Faculdade de

Tecnologia e Ciências FTC. Posso afirmar, que aprendi que o educador deve ser

constantemente um pesquisador buscando sempre soluções. Faz-se necessário que

o educador se auto-avalie para buscar embasamentos teóricos essenciais à

reconstrução de sua prática pedagógica.

Tenho certeza de que as lutas travadas, o cansaço, o desânimo e a

ansiedade observadas nessa trajetória acadêmica não foram em vão. Hoje, me

considero uma mulher vitoriosa. Mas é importante ressaltar que, embora tenha

alcançado essa conquista, tenho consciência de que é preciso prosseguir em busca

de novos conhecimentos, a fim de aprimorar minha atuação na profissão que

escolhi, visto que esta fonte inesgotável chamada conhecimento, está sempre à

disposição para saciarmos a nossa sede.

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexão crítica sobre as práticas de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir nas pessoas dar estatuto ao saber da experiência. (NÓVOA,1992,p.38)

Em 2010, participei como cursista do Programa de Capacitação para

Gestores Escolares-Progestão, realizado em Cordeiros Bahia, no período de 2010 a

2011, com duração de 300 horas. Dando continuidade, tive a oportunidade de fazer

uma especialização em educação, com a complementação do curso do Progestão

com mais três meses pela Faculdade Internacional do Delta, me tornando Pós-

graduada em Gestão Escolar. No ano de 2002, tive o privilégio de participar de

vários cursos de formação continuada entre eles o Capacitar de Língua Portuguesa

e Matemática pelo grupo Pitágoras. De 2007 a agosto de 2008 fiz o Pró-Letramento

:Alfabetização e linguagem pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Em 2013,

como coordenadora participei do Programa Formar em Rede com a carga de 80

horas do módulo “Cultura Escrita” pelo Instituto Avisa Lá.

Através dos cursos e da minha participação tive um grande aperfeiçoamento

significante, onde desenvolvi com mais segurança a prática dentro e fora do

19

contexto escolar. Entretanto a formação continuada é de grande importância, pois

garante ao profissional uma formação adequada para subsidiar aos envolvidos no

processo de ensino aprendizagem. A contribuição dos mesmos na minha atuação

como Coordenadora Pedagógica teve muita influência principalmente na orientação

dos professores durante o planejamento e quando solicitado, buscando assim uma

melhoria na prática pedagógica de todos os envolvidos no processo de ensino

aprendizagem.

No ano de 2013 como Coordenadora Pedagógica tive a oportunidade de

desenvolver um projeto de Inclusão Digital na Escola Grupo Escolar Lindolfo

Cordeiro Landi. Pois a mesma possuía um laboratório de informática com 14

computadores.

O objetivo do projeto era fazer com que os alunos tivessem acesso a sala de

informática aprendesse a manusear o computador a digitar textos e também

desenvolver atividades dos assuntos que estudavam na sala de aula. Os

participantes do projeto eram todos os alunos da escola e contava com a ajuda de

uma monitora que tem formação em Informática.

Os alunos utilizam o laboratório uma vez por semana, era trabalhado os

demais projetos e os conteúdos da unidade de acordo com o plano de curso da

escola. As atividades desenvolvidas sempre eram planejadas e tinham objetivos

definidos. Esse projeto está contemplado no Projeto Político Pedagógico da escola

como uma ação a ser desenvolvida.

Um obstáculo encontrado para execução do projeto foi grande quantidade de

alunos e o laboratório não comportar todos de uma só vez. Para resolver este

problema tivemos que dividir a turma em dois momentos. Outra dificuldade foi não

ter acesso à Internet. Não sendo possível explorar atividades que dependia da

mesma.

Obtivemos muitos resultados positivos. As TICs, oportunizam ao aluno, não

apenas ao acesso do conhecimento humano, mas principalmente a produção e

difusão com sua própria criação. Portanto, é imprescindível que os atores do

processo educacional incorporem à inclusão das modernas tecnologias de

informações e comunicação e, que o professor seja o importante mediador da

relação\máquina.

Acerca deste Projeto, apesar dos alunos terem algumas dificuldades no

manuseio do computador, eles mostravam satisfeitos e entusiasmados quando

20

tinham aula no laboratório. Os alunos concebiam o computador como meio através

do qual podem adquirir informações de maneira rápida e prática, onde, ao mesmo

tempo, se divertiam. Isto porque, logo que terminavam suas tarefas ou aguardavam

novas instruções para realização das atividades, se distraem buscando programas

de desenho como Paint e jogos.

Sabe-se que a realidade no sistema de ensino é bem mais complexa do que

se pensa. Para um professor efetuar alterações na proposta de ensino precisa-se de

“jogo de cintura” e muita paciência, mudanças sempre acarretam resistência na

comunidade escolar. Todavia, a inserção de tecnologia como prática pedagógica

depende muitas vezes da insistência do professor, da sua vontade de modificar a

forma de intenção do aluno com o conteúdo.

Entretanto o Coordenador Pedagógico em sua atuação busca propostas

pertinentes e ao mesmo tempo acompanhamento e orientação, para que essa

realidade possa melhorar a cada dia e que o Coordenador Pedagógico junto ao

docente desenvolvam práticas visando às inovações. Portanto o Coordenador

Pedagógico deve atentar quanto a promoção da aprendizagem buscando intervir e

traçar propostas para sanar dificuldades existente no contexto escola ,melhorando

assim a possibilidade de uma educação de qualidade.

No ano de 2012 fui convidada pela secretaria de educação para trabalhar na

função de coordenadora pedagógica, na escola onde eu atuava como docente

durante oito anos no Grupo Escolar Lindolfo Cordeiro Landi.

A princípio tive muito receio em aceitar, mas concordei com mais um desafio.

Encontrei muitas dificuldades, pois os professores que eu coordenava eram meus

colegas de trabalho anteriormente. No início houve resistência, mas aos poucos

consegui mostrar a importância do coordenador pedagógico no contexto escolar.

No ano de 2013, no mês de julho, o município de Cordeiros realizou um

concurso onde disponibilizou quatro vagas para coordenador pedagógico, e eu

prestei o mesmo e fui aprovada ocupando a quarta vaga do concurso.

Em 2014, o secretário de educação, fez um convite para eu coordenar o

grupo de professores da Educação do Campo onde continuo atuando até o

momento.

Os estudos apontam que o coordenador é peça fundamental no espaço

escolar, uma vez que ele é responsável pela formação continuada dos professores,

procurando atualizar o corpo docente, buscando refletir constantemente sobre o

21

currículo, atualizando as práticas pedagógicas dos professores estando sempre

atento às mudanças existentes no campo educacional. Para Libâneo (2004, p. 31,

230), o coordenador, como gestor pedagógico da escola, deve estimular a

participação dos professores não só a frequentarem as reuniões, mas a participarem

ativamente das atividades de formação continuada. Os professores devem sentir-se

protagonistas do seu processo de formação continuada sob a liderança do

coordenador, sendo esta atividade, inerente ao desempenho da função.

Assim, a busca pela melhoria da qualidade de ensino nas Escolas Municipais

do Campo é notória, pois os educadores estão sempre preocupados em formar

alunos verdadeiramente conscientes do seu papel na sociedade. A coordenação por

sua vez, procura trabalhar em parceria com a direção, com o intuito de garantir que

as metas de ensino sejam alcançadas.

22

CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A Educação do Campo no Brasil

A pesquisa realizada para construção deste trabalho está fundamentada nas

discussões da educação do campo no Brasil, a partir da década de 1980. Porém é

importante enfatizar que a mesma teve avanços significativos desde a sua origem,

principalmente a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN),

lei nº 9394/96, trazendo progressos e proporcionando conquistas voltadas às

políticas educacionais para o campo. Neste sentido este trabalho tem como objeto

de pesquisa a Atuação do Coordenador Pedagógico nas turmas multisseriadas da

escola municipal do campo Nossa Senhora da Conceição.

De acordo com o documento do Ministério da Educação, a escola no campo

brasileiro surge tardiamente e não institucionalizada pelo Estado. Até as primeiras

décadas do século XX, era destinada a uma minoria privilegiada, embora o Brasil

fosse um país de origem e predominância eminentemente agrária (Ministério da

Educação, 2004, p.7).

As discussões sob o foco de transformação das condições estruturais e

pedagógicas das escolas do campo são vistas como temáticas em ascendência nas

últimas décadas, no Brasil. Há um regresso desta problemática, mais intensa, a

partir dos anos 2000, com a reorganização das políticas agrárias e as deliberações

das Diretrizes Operacionais para a Educação no Campo, decorrentes das lutas por

uma educação de qualidade empenhada pelos Movimentos Sociais do campo.

A partir do momento que passaram a ofertar a educação escolar, ela esteve

em cerne no modelo da Educação Rural “adequada aos modelos políticos de

desenvolvimento econômico efetivados no campo, cujas bases se fundamentavam

nos interesses das classes dominantes” (AZEVEDO, 2007, p. 145).

Partindo do pressuposto acima, a instituição escolar tem preocupado em

atender as imposições e exigências políticas e econômicas e não atinge às

exigências sociais e humanas dos indivíduos que delas participam em especial os

trabalhadores.

Logo, as classes multisseriadas cumprem um importante papel político e

pedagógico para as comunidades, na medida em que, elas são atendidas, mesmo

23

diante de suas precariedades, da maioria dos indivíduos do campo quanto a sua

iniciação escolar. Sem estas escolas, os altos índices de analfabetismo que

constantemente notamos na história da educação brasileira seriam ainda mais

assustadores. Nesse sentido Moura e Santos ressaltam:

Apesar das condições precárias, do escasso material, da formação que poderíamos considerar insuficientes de seus professores, em muitas delas acontece um trabalho de qualidade, com aprendizagem significativa por parte dos alunos. Um conjunto de fatores, tais como o compromisso com a comunidade, uma cultura compartilhada e a consciência política de alguns professores (aliada à busca de formação), parece desempenhar um papel importante nas escolas, como pudemos constatar em nossa pesquisa de campo (SILVA, CAMARGO e PAIM, 2008 apud MOURA e SANTOS p. 78).

É possível observar que o sistema educacional brasileira, passa por

mudanças, no que se refere a educação como elemento fundamental para o sujeito

do campo ou da cidade. Com base nesse contexto, começou-se a pensar e discutir

um outro perfil de escola do campo, não uma educação para os indivíduos do campo

e sim uma educação com os integrantes do campo.

Reitera Molina (2004), que a educação do campo como novo paradigma, está

sendo construída por diversos grupos sociais e universidades, rompem com o

paradigma rural cuja referência é a do produtivismo, ou seja, o campo como lugar da

produção de mercadorias e não como espaço de vida, o lugar da dialetização da

cultura, do saber e da formação de identidades.

Todas essas reflexões iniciais apresentadas acima indicam a importância de

um olhar mais direcionado para essa especificidade da educação no Brasil,

sobretudo, na tentativa de compreender como os professores têm desenvolvidos

suas praticas pedagógicas diante de uma realidade tão impar.

2.2 A Educação do Campo no Município de Cordeiros

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases que estabelece no seu art. 28, que na

oferta da educação básica para a população rural, os sistemas de ensino devem

promover as adaptações necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vida

rural e de cada região. Embora a educação no campo não se constitua no Plano

Nacional de Educação, como uma modalidade de ensino específico, os estudos

24

recentes desenvolvidos e a elaboração de diretrizes curriculares operacionais

específicas para essa demanda, por parte do Conselho Nacional de Educação,

fazem requerer uma atenção especial para o alunado que estuda nas áreas rurais

dos municípios. Nesse sentido é necessário analisar as condições básicas de

funcionamento das escolas, assim como, as condições da oferta da Educação

Infantil e do Ensino Fundamental para aqueles que vivem nestas localidades (PME,

2011, p. 100).

As escolas municipais do Campo de Cordeiros foram criadas através de Leis

Municipais, sendo que a Escola Municipal Nelci Novais foi a primeira escola do

Campo a ser construído no município, no mandato do primeiro prefeito de Cordeiros

o Sr. Joaquim José Gonçalves que atuou no período de 1963 – 1967 e a última foi a

Escola Municipal Professora Noêmia Lourenço da Silva, construída no mandato do

ex-prefeito Djalma Gusmão da Silva no ano de 2006.

No município de Cordeiros a maior parte desta educação é feita através de

turmas multisseriadas (turmas com alunos de várias série/ano e também faixa etária

de idade diferente na mesma sala e tendo apenas uma professora para atender a

todos) na zona rural, das séries iniciais de Ensino Fundamental. As séries finais de

Ensino Fundamental II são atendidas em dois Colégios, um situado no Povoado de

Alvorada e o outro na sede.

Existe no município um total de doze turmas multisseriadas, todas elas

encontram-se no campo. Os professores trabalham com no mínimo dois anos/séries,

isso por não ter crianças suficientes em cada região para se formar turmas de um

único ano/série.

A educação diferenciada em Cordeiros é feita somente através da educação

na zona rural. Existem seis escolas que atendem os alunos do pré ao 5º ano que

são: Escola Municipal Jacinto Braz, situada na Fazenda Sobradinho com doze

alunos do pré ao 3º ano, um professor e uma agente educacional. Escola Municipal

Nossa Senhora da Conceição na Fazenda Água Branca com quarenta e nove

alunos do pré ao 5º ano, três professores e duas agentes educacionais. Escola

Municipal Padre Anchieta situada na Fazenda Tapera de Clóvis com atendimento a

27 alunos do pré ao 4º ano, dois professores e dois agentes educacionais. A Escola

Municipal Santa Rita de Cássia encontra-se na Fazenda Araçás I, são atendidas

duas turmas no turno matutino com vinte e seis alunos do pré ao 5º ano, dois

professores e duas agentes educacionais. A Escola Municipal Professora Noêmia

25

Lourenço da Silva situada na Fazenda Mandacarú com atendimento as duas turmas

no período matutino com trinta e dois alunos do pré ao 5º ano, com três professores

e três agentes educacionais e a Escola Municipal Duque de Caxias situada na

Fazenda Araçás II, com atendimento alunos do pré ao 5º ano, tem trinta e seis

educandos, três professores e três agentes educacionais. As escolas contam com

os três supervisores escolares e cada um fica responsável de acompanhar quatro

turmas para dar o suporte necessário.

Esses alunos estão inseridos em turmas de ensino regular, não se

constituindo de nenhum projeto educativo voltado ao manejo da terra ou mesmo dos

animais. Segundo Frigotto:

Na educação e pedagogia do campo, parte-se da particularidade e singularidade dadas pela realidade de homens e mulheres que produzem suas vidas no campo. Todavia, não se postula o localismo e nem o particularismo, mediante os quais se nega o acesso e a construção do conhecimento e de uma universalidade histórica e rica, porque é a síntese do diálogo e da construção de todos os espaços onde os seres humanos produzem sua vida. Educação e conhecimento apontam para uma sociedade sem classes, fundada na superação da dominação e da alienação econômica, cultural, política e intelectual. (FRIGOTTO, 2011, p. 36).

As escolas citadas acima que oferecem este tipo de educação são

acompanhadas pela Secretaria de Educação, com acompanhamento do diretor,

supervisor, coordenador pedagógico e secretária. Até o ano de 2009, funcionava o

Programa Escola Ativa, mas devido problemas ocorridos no decorrer do ano letivo,

tais como a falta de capacitação do coordenador, ausência de respostas aos

questionamentos do município, este não aderiu ao programa para o ano de 2010. No

entanto, em 2011, o município tornou a aderir ao Programa, na expectativa e que,

dessa vez, não ocorram os mesmos problemas e entendendo que se trata de um

ótimo programa de educação no campo.

Mas, segundo Lira (1981, p. 45) é importante que ao adotar essa escola nova

seja feita toda uma preparação tanto administrativa como pedagógica para que o

ideal dessa escola tipicamente rural não seja perdido nos primeiros dias de aula. É

necessário que se tenha em mente que os alunos que participarão do Programa já

vivem com várias dificuldades, especialmente as relacionadas à distância e

informação.

26

Na implantação da escola ativa as secretarias de estados ou dos municípios devem equipar as escolas na zona rural e principalmente deve desenvolver um programa de formação continuada para que os professores possam entender e desempenhar com eficácia todo o trabalho que é bastante peculiar (LIRA, 1981, p. 55)

As modalidades de áreas remanescentes de quilombola e de comunidades

indígenas não existem no município de Cordeiros. Constata-se a presença de um

assentamento do Movimento dos Sem Terra, porém ainda não tem escola nesta

localidade, os alunos são atendidos na sede no ensino regular. Existe dificuldade de

oferecer escola na localidade do Assentamento Maria Zilda por não ter pessoas

dentro do próprio Movimento capacitadas para exercer a docência priorizando as

práticas pedagógicas que incluam as discussões e objetivos voltados à realidade do

grupo.

O número de profissionais nas áreas da zona rural é suficiente, até mesmo

porque não existe muita demanda de estudantes no município. Aos professores que

trabalham na zona rural são oferecidos, além do deslocamento, A/C e remuneração

de graduação. Infelizmente, apesar de essas escolas estarem situadas na zona

rural, não existe um projeto de educação que seja específico para este meio, tais

como disciplinas voltadas para o manejo da terra através do cultivo ou também

voltada para o conhecimento e criação de animais. Sendo assim, essas escolas

estão inseridas no ensino regular sem que haja currículo ou metodologia

diferenciada.

O currículo das escolas do campo deve levar em consideração alguns importantes aspectos que emergem da análise crítica da realidade, que emergem nos inventários sobre o meio onde a escola esta inserida, das forças sociais que tencionam o modo de produção da vida no campo. Além do meio educativo geral, das formas de trabalho sociais, das formas educativas e instrucionais, das lutas sociais, das formas de participação e gestão, dos conteúdos, valores e atitudes, são levadas em conta as bases das ciências e das artes e o s métodos específicos no processo de decisão sobre o plano de estudos a serem adotados na escola. (UFBA, 2010, p. 186-187).

Os professores procuram adaptar os conteúdos de forma a contemplar os

interesses locais dos alunos. O acompanhamento pedagógico nessas escolas é feito

de forma ainda incipiente, pois apenas um coordenador é responsável por

acompanhar todas as escolas do campo.

27

Os alunos que realmente necessitam trabalhar nas lavouras geralmente

fazem isso durante o dia e estudam à noite. Na elaboração do calendário escolar,

tem-se a preocupação quanto ao período das chuvas que acontece geralmente

entre os meses de novembro e março, por causa do transporte dos alunos para não

acontecer imprevistos nas estradas.

Os professores que ainda não tem o nível superior são encaminhados ao

Programa da Plataforma Freire, que oferece a estes a formação adequada. Mesmo

assim, não existe nenhuma formação específica para os profissionais que trabalham

com a educação do campo.

2.3 Marcos Legais e Políticas Públicas para as Escolas Multisseriadas do Campo

Diante da discussão que se refere às escolas e classes multlisseriadas,

existem marcos legais e políticas públicas voltadas que favorece e desfavorece essa

modalidade de Ensino.

A LDB, em seu artigo 23, dispõe que:

A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. (BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996).

No contexto do artigo propõe diversas formas de organização das turmas

escolares, incluindo a forma multisseriadas, bem como o artigo 28 dessa lei, que

direciona às adaptações necessárias, conforme citado a seguir:

I – Conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II – Organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;

28

III – adequação à natureza do trabalho na zona rural (BRASIL – Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996).

Contudo, o desfavorecimento a permanência do sistema multisseriado de

ensino nas escolas do campo está o PNE/2001, estabelecido entre as Diretrizes do

Ensino Fundamental, instituindo que:

A escola rural requer um tratamento diferenciado, pois a oferta de ensino fundamental precisa chegar a todos os recantos do País e a ampliação da oferta de quatro séries regulares em substituição às classes isoladas unidocentes é a meta a ser perseguida, consideradas as peculiaridades regionais e sazonalidades (BRASIL. MEC/CNE. Plano Nacional de Educação, 2001, p. 49).

A intensificação da ideia de diminuição e uma futura extinção das escolas

isoladas e classes multisseriadas, no item: Objetivos e Metas desse mesmo

documento, temos entre as propostas:

[...] 15) Transformar progressivamente as escolas unidocentes em escolas de mais um professor, levando em consideração as realidades e as necessidades pedagógicas e de aprendizagem dos alunos. 16) Associar as classes isoladas unidocentes remanescentes a escolas de, pelo menos, quatro séries completas. (BRASIL. MEC/CNE. Plano Nacional de Educação, 2001, p. 51).

As propostas citadas acima buscam está diante de uma realidade futura, pois

o município de Cordeiros foi contemplado com duas escolas padrões, onde estão

sendo construídas na Comunidade de Água Branca e a outra na Comunidade

Araçás I, as mesmas estarão atendendo todas as especificidades associadas à

nucleação da escola no âmbito das turmas multisseriadas.

As diretrizes operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo,

Parecer CNE/CEB36/2001, com ressalva à discussão acima sobre o que propõe o

PNE, não fazem menções ao sistema multisseriado de ensino. Já no documento

publicado pelo Ministério da Educação (MEC), referências para uma Política

Nacional de Educação do Campo, elabora pelo Grupo Permanente de Trabalho de

Educação do Campo no ano 2003, levando em consideração o Censo Escolar 2002,

citam como majoritária a porcentagem da organização multisseriada nas escolas do

Campo que oferecem o Ensino Fundamental de 1º ao 5º ano, em sua grande

maioria, pertencentes à rede municipal.

29

De acordo com o documento denominado de Caderno Temático de Educação

do Campo, criado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão (SECADI) e publicado pelo MEC em 2007, ressalta que as

escolas multisseriadas são compreendidas como um desafio às políticas públicas do

Estado e a gestão dessas desde o seu surgimento, por praticamente cerca um

século. Dados do Inep, de menos uma década, identificam:

[...] o problema das turmas multisseriadas está na ausência de uma capacitação específica dos professores envolvidos, na falta de material pedagógico adequado e principalmente, a ausência de infraestrutura básica - material e de recursos humanos – que favoreça a atividade docente e garanta a efetividade do processo de ensino-aprendizagem. Investindo nestes aspectos, as turmas multisseriadas poderiam se transformar numa boa alternativa par o meio rural, atendendo aos anseios, da população em dispor de uma escola próxima do local de moradia dos alunos, sem prejuízo da qualidade de ensino ofertado, especificamente no caso das séries iniciais de ensino fundamental. (BRASIL. MEC/INEP, 2006, p. 19)

Nesse contexto que apresenta uma abordagem reflexiva feita pelo Instituto de

Pesquisa do Ministério da Educação indica que as turmas multisseriadas merece um

olhar criterioso, visando às inúmeras escolas multisseriadas em todo estado precário

existente no campo e muitas vezes não são feitas ações em prol de suas melhorias

para o bem comum de toda a população do campo.

No âmbito da educação do campo, especialmente as escolas multisseriadas,

são tímidas se tratando das políticas públicas que permeiam efetivas ações nesse

contexto. Todavia, a busca da permanência e conscientização de que as escolas e

turmas multisseriadas tem a competência de resultar em uma educação básica de

qualidade crescente e consequentemente das ações desenvolvidas nesse contexto.

2.4 O Papel do Coordenador Pedagógico

O Coordenador Pedagógico exerce um importante papel no planejamento

escolar, no contexto da gestão democrática é imprescindível à participação e

atuação do mesmo, uma vez que ele é o agente transformador e articulador

formando elos entre direção, professores, alunos e pais. O Coordenador Pedagógico

estabelece relações interpessoais no âmbito escolar ao empenhar as diversas

atividades que caracterizam a sua função.

30

Para que ocorram essas articulações o momento adequado é durante as

reuniões para Atividades Complementares - ACS, no tempo e espaço onde precisam

ser planejadas coletivamente com os sujeitos envolvidos no processo de ensino

aprendizagem as devidas ações educativas. Afinal, o Coordenador Pedagógico

como articulador e ao mesmo tempo, mediador de forma interativa neste trabalho,

possibilitando momentos de estudos, reflexões e ações que possam resultar na

melhoria da prática como replanejamento, reorientar o trabalho pedagógico de cada

um dos docentes visando a mudança da prática pedagógica.

Conforme Pires ( 2004,p.182)

A função primeira do Coordenador Pedagógica é planejar e acompanhar a execução de todo os processos didático-pedagógicos da instituição, tarefa de importância primordial e de inesgotável responsabilidade e que encerra todas as possibilidades como também os limites de atuação desse profissional se voltar às ações que justificam e configuram a sua especificidade, maior será o seu espaço de atuação. Em contrapartida, o distanciamento dessas atribuições seja por qual for o motivo, irá aumentar a discordância e desconhecimento quanto às suas funções e ao papel na instituição escolar.

Diante desse contexto, o Coordenador Pedagógico deve estar aberto ao

diálogo, ser reflexivo e crítico construtivo, buscando também estar aberto às

inovações e atento aos aspectos das relações interpessoais, exercendo a liderança

junto aos seus pares, garantindo espaço para a habilidade e o cumprimento das

diretrizes gerais da educação básica e das atribuições estabelecidas pelo Regimento

Interno da escola. Portanto, o Coordenador Pedagógico das escolas do campo

multisseriadas, precisa está atento as particularidade existente em cada região do

município, levando em consideração as diferentes cultura.

31

CAPÍTULO III - PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

VALORIZANDO OS SABERES E VIVENCIANDO A PRÁTICA

Esta Proposta de Intervenção esta situada no eixo temático: A relação entre

aprendizagem escolar e trabalho pedagógico, do Curso de Especialização em

Coordenação Pedagógica – Cecop 3, no Polo de Vitória da Conquista, ofertado pela

Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação, através do Programa

Nacional Escola de Gestores da Educação Básica e, visa proporcionar aos docentes

da Escola Municipal do Campo Nossa Senhora da Conceição conhecer, discutir a

atuação do coordenador pedagógico nas turmas multisseriadas da escola do campo.

Possibilitando a interação entre docentes e coordenação pedagógica.

Para isso, não se pode perder de vista a importância da formação aos

envolvidos no processo ensino aprendizagem, para que os mesmos obtenham uma

prática pedagógica mais eficaz.

3.1 Caracterização da Unidade Escolar

A Comunidade Fazenda Água Branca está localizada a quinze quilômetros da

cidade de Cordeiros, limita-se ao norte com a Comunidade Quatis ao sul, com a

Comunidade Arrenegada ao leste, com a Comunidade Riacho da Lapa e ao oeste

com a Comunidade Peri Peri, e é composta por trinta famílias, as quais sobrevivem

de atividades agrícolas (cana de açúcar, feijão e milho), da criação de animais, de

recursos do Programa Bolsa Família, da fabricação de tijolos e da aposentadoria.

Segundo o Senhor Joaquim José Veríssimo, morador mais antigo, relata que

esta escola começou a funcionar durante o mandato do Prefeito Roberto Cordeiro de

Oliveira, segundo prefeito de Cordeiros que teve o seu mandato no período de 1967

a 1971. Como não havia espaço físico para a escola ele disponibilizou a sala de sua

casa para a realização da aulas. Segundo ele, esta escola era denominada Nossa

Senhora Auxiliadora, nome dado pelo primeiro professor “Osvaldo”.

No mandato do prefeito Juvêncio José Salomão Sobrinho (1973 a 1977), ele

doou uma parte do seu terreno, onde foi construída uma pequena sala de tijolo

32

adobo, onde passou a funcionar as aulas. Por motivos políticos, o professor Osvaldo

foi substituído por Isabel Pereira da Silva, sua ex-aluna. A professora Isabel afirma

ter substituído o nome da escola pelo nome “Nossa Senhora da Conceição” porque

naquela época tinha mais de uma escola com o mesmo nome. No mandato do

prefeito, Lindolfo Ribeiro da Silva (1977 a 1983), a sala foi demolida e construíram

uma sala e um banheiro, desta vez de tijolos.

Segundo a professora Isabel, ainda neste mandato todos os professores

leigos foram substituídos por professores formados em nível médio – magistério, e

os leigos passaram a ser agente de serviços educacionais das escolas. Até este

período os professores, além das aulas que ministravam ainda eram responsáveis

pela limpeza do prédio escolar. Nessa época cada aluno era responsável por sua

merenda, pois não havia lanche nas escolas. Somente no mandato do Senhor Eli

Alves Figueiredo (1989 a 1993), começou a ser distribuída a merenda escolar, mas

como não havia cozinha nas escolas, a merenda era preparada na casa da

merendeira.

Ainda de acordo com o Senhor Joaquim, no mandato do prefeito Djalma

Gusmão da Silva (2001 a 2004) foi construída

nessa comunidade mais uma sala de aula, uma cozinha e um depósito, onde se

guardavam os materiais. Em 2012, no mandato do prefeito Edvar Ribeiro da Silva

(2011 a 2012) foi feita uma reforma na escola, quando então mais um banheiro foi

construído e o antigo depósito foi dividido em duas salas – uma para informática,

contendo dez computadores, duas impressoras, uma televisão, um aparelho de

DVD, um mimeógrafo e um freezer, a outra para funcionar como uma pequena

dispensa, onde ficam armazenadas os produtos de limpeza e alguns materiais

escolares. O piso de cimento foi substituído por cerâmica e a escola foi toda pintada

e forrada, tornando-se um ambiente mais agradável para trabalhar e estudar.

Atualmente este estabelecimento de ensino funciona nos turnos matutino e

vespertino, somando um total de quarenta e nove alunos do 1º ao 5º ano do Ensino

Fundamental, estes alunos são preponderantemente moradores do meio Rural. Boa

parte dos alunos atendidos pela escola depende do transporte escolar, por causa da

distância até a localidade onde moram.

O perfil socioeconômico dos alunos desta escola é bem diversificado, mas a

maior parte dos mesmos encontra-se situada na renda mínima, depende do

Programa Bolsa Família e ajuda na aquisição de materiais escolares subsidiados.

33

A Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição conta com três

Professores:, dois Supervisores, um Diretor: e uma Coordenadora Pedagógica:

Marinêz Luz da Silva Nascimento. Dos três professores, um possui formação até o

momento apenas em nível médio – o magistério. Os outros dois estão cursando

Pedagogia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Esses

professores ingressaram na carreira através de concurso público e já trabalham

nesta escola há cerca de dois anos.

3.2 Metodologia de Trabalho

Com o tema: “A Relação entre Aprendizagem Escolar e Trabalho

Pedagógico”, diante de leituras, aprofundamentos, reflexões e observações no cerne

da temática identifica-se a necessidade da atuação do Coordenador Pedagógico nas

turmas multisseriadas da Escola Municipal do Campo Nossa Senhora da Conceição.

A presente intervenção se justifica por ser a Escola Municipal do Campo

Nossa Senhora da Conceição uma instituição que atende o Ensino Fundamental

anos iniciais e oferece Educação do Campo em Classes Multisseriadas.

Este trabalho será conduzido pela pesquisa qualitativa e referendado por

ocorrer de forma coletiva entre o pesquisador e os sujeitos. As investigações

ocorrem no mesmo contexto em que estão envolvidos os sujeito. Assim, Michaliszyn

e Tomasini (2005) afirmam: “A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela intenção

entre os pesquisadores e o grupo social pesquisado, ocorrendo entre eles um certo

envolvimento de modo cooperativo ou participativo e supõe desenvolvimento de

ações planejadas de cárter” (p. 32). Nesse sentido, optamos por uma pesquisa de

natureza qualitativa em relação ao tema por se tratar de uma investigação que

envolve a prática presente na ação de cada sujeito em sua interação com o

ambiente em que atua.

Para colocar em prática os procedimentos de construção da proposta de

intervenção, primeiro foi realizada uma conversa com a equipe escolar, o diretor e

professores para explicar a importância da pesquisa e solicitar a participação de

todos e colaboração no sentido de responder as questões contidas neste

instrumento de pesquisa, o qual têm por finalidade investigar quais são as

dificuldades enfrentadas pela Coordenação Pedagógica ao atuar nas turmas

multisseriadas da Escola Municipal do Campo Nossa Senhora da Conceição.

34

As possíveis hipóteses que podem ser as responsáveis por o Coordenador

não ter uma atuação efetiva na escola, provavelmente, são o fato do Coordenador

não atuar diretamente na escola e sim na Secretaria de Educação. Não conseguir

visitar a escolar periodicamente por falta de transporte. A distância da escola ao

lócus de trabalho onde fico. Neste contexto o Coordenador Pedagógico deverá

aproveitar as reuniões realizadas no horário complementar docente, definidos como

os tempos que os professores têm disponíveis para os seus estudos, para executar

formações que favoreça a promoção de várias experiências articuladas com o

cotidiano escolar. Portanto, o objetivo Geral é criar um ambiente propicio para

desenvolver atividades relevantes que mostre a importância da formação continuada

para o docente. E como objetivos específicos elencamos: Organizar momentos de

troca e interação para o fortalecimento de seus saberes construídos na prática

escolar; produzir momentos para confecção de jogos pedagógicos e material

didático com o objetivo de tornar as aulas mais atrativas e prazerosas.

I - Aplicação do Instrumento de Pesquisa

Para a efetivação desta proposta utilizaremos alguns instrumentos que

contribuirá na concretização desta intervenção tais como: a observação, o

questionário e análise dos dados da realidade vivenciada pelos docentes. Visto que

esses instrumentos estão interligados e isso nos oportunizou maior compreensão e

amplitude do objeto de estudo. Após a observação direta nas Atividades

Complementares (ACs) semanais com os professores da Escola Municipal do

Campo Nossa Senhora da Conceição e a coleta de dados realizada pro meio de

questionário com os mesmos, procuraremos conhecer a realidade pedagógica

vivenciada por estes professores em uma turma multisseriada.

No momento da atividade complementar (AC) coletiva houve discussão

acerca do questionário apresentado em que os professores, apontaram algumas

dificuldades encontradas no dia a dia, onde relatou a falta da equipe escolar atuar na

própria escola para subsidiar os práticos desenvolvidos nesse contexto, enfatizando

a importância do coordenador pedagógico junto ao corpo docente dando o suporte e

intervindos quando necessário e solicitado pelos mesmos.

A pesquisa-ação é uma metodologia muito usada em projetos de pesquisa

educacional, de forma coletiva que favorece discussões e o efetivo uso dos

35

conhecimentos pedagógicos e o aprimoramento da prática. Segundo David Tripp

(2005, p. 443 – 466): Pesquisa–ação é toda tentativa continuada, sistemática e

empiricamente fundamentada de aprimorar a prática.

Partindo do diagnóstico, conclui-se então que todos envolvidos no processo ensino

aprendizagem precisam estar atentos buscando oferecer uma educação qualitativa e

valorizando novos saberes.

Os instrumentos usados para coletar dados com a pretensão de obtermos de

forma concreta e precisa os resultados foram: o questionário aberto e ao mesmo

tempo contendo perguntas fechadas, os procedimentos adotados são caminhos que

permeia e dão visibilidade e acesso do objeto de estudo a ser pesquisado.

Conforme Gressler (1989) o questionário é um instrumento constituído com

uma série de questões organizadas com a finalidade de levantar dados relacionados

ao problema. O Pesquisador formula o questionário aberto sem a intervenção dos

participantes. A aplicação do questionário aberto tem a intenção de traçar o perfil

dos participantes da pesquisa para obter informações da prática pedagógica dos

professores e a atuação do Coordenador Pedagógico na escola.

A aplicação do questionário contendo dez perguntas, sendo seis abertas e

quatro fechadas direcionadas aos docentes, com o objetivo de coletar informações

sobre as dificuldades encontradas nas turmas multisseriadas e a atuação do

coordenador pedagógico e a atuação em sala de aula, especificamente qual a visão

que eles têm a respeito do coordenador frente aos desafios que enfrentam, e quais

ações a escola propõe ou deveria promover para sanar e ou resolver tal problema.

Dessas perguntas, três merecem destaque: 6. Há diferença entre o ensino do campo

com as escolas urbanas? Quais? 8. Que ações o Coordenador Pedagógico poderá

desenvolver para melhorar a prática do docente? 10. Quais as funções que não

devem ser atribuídas ao coordenador pedagógico?

A devida análise dos dados foi realizada organizando em tópicos as principais

questões apontadas no questionário de entrevistas. Após as questões levantadas,

uma reflexão é feita à luz da base teórica utilizada na pesquisa para melhor

compreensão, o que as falas dos sujeitos pesquisados divulgam.

36

II - Perfil dos Sujeitos da Pesquisa

O questionário foi aplicado com cinco docentes envolvidos no processo de

ensino aprendizagem da escola em foco, onde trabalham como educadores do

Ensino Fundamental dos anos iniciais.

Dos envolvidos na pesquisa, 1/5 são do sexo feminino e 4/5 do sexo

masculino. No roteiro da pesquisa foram direcionadas as seguintes perguntas: Há

quanto tempo você é professor (a) desta escola? E obtivemos as seguintes

respostas: 1/5 respondeu ter um ano, 2/5 responderam três anos, um respondeu

cinco e o outro sete anos. A segunda pergunta feita aos participantes foi: Quanto

tempo de experiência você tem como professor (a)? Os participantes responderam:

1/5 professor respondeu dezessete anos, 2/5 professores responderam dezenove

anos, 1/5 professor respondeu vinte e quatro anos e dez meses, 1/5 professor

respondeu trinta e sete anos.

A experiência é um caminho norteador para prática do educador, tornando-o

seguro nas relações de vivência do cotidiano que nasce o conhecer e o fazer

diferente de suas práticas pedagógicas. Segundo Pimenta (26, p. 135) “a

experiência docente é espaço gerador e produtor de conhecimento, mas isso não é

possível sem uma sistematização que passa por uma postura crítica do educador

sobre as próprias experiências”.

NÍVEL DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

Conforme as análises do material coletados dos cinco professores quanto ao

nível de formação, 1/5 apresenta nível Superior completo em Normal Superior, 3/5

professores ainda estão cursando o quarto semestre de Licenciatura em Pedagogia

e 1/5 professores possui apenas o Magistério.

Cresce intensamente a busca por formação superior. Os dados mostram que

os professores reconhecem a importância da formação continuada para ampliar

suas práticas pedagógicas. Porém, ainda é pequeno a parcela de professores com

especialização dos entrevistados apenas 1/5 possui especialização.

Nesse sentido, a formação do docente é uma ferramenta a mais adquirida

pelo professor em uma nova abordagem para melhor transmitir conhecimento. De

acordo Neto (2004): “É direito do professor e dever do estado proporcionar

37

condições de formação continuada completa, apropriada e eficaz para enfrentar os

grandes desafios de uma sociedade em constantes e profundas transformações” (p.

38).

DIFERENÇA ENTRE O ENSINO DO CAMPO COM AS ESCOLAS URBANAS

Os professores revelam as dificuldades em suas práticas pedagógicas e

respondem à pergunta: Há diferença entre o ensino do Campo com as escolas

urbanas? Quais?

Dos participantes um respondeu que não, sendo que nove responderam sim,

dentre as respostas o professor A disse que no campo há salas multisseriadas e nas

escolas urbanas é série única; o professor B respondeu que os alunos do campo

tem uma cultura diferente e o professor deve observar tudo isso e trabalhar

conteúdos voltados para sua realidade; o professor C respondeu da seguinte forma:

os alunos do campo tem um costume diferente, comporta mais, o professor tem mais

tempo para aprendizagem. O professor D disse que o ensino e a forma de ensinar é

o mesmo, o que é diferente é a metodologia que cada professor usa, devido uma

turma ser multisseriada e a outra não e o professor e por fim O professor E

respondeu que no campo são trabalhadas atividades relacionadas à vida no campo,

algo próximo à realidade das crianças e as turmas são multisseriadas.

Conforme as respostas dos docentes, notamos que os mesmos revelam um

parecer de dificuldades em executar suas práticas pedagógicas com turmas

multisseriadas e as especificidades existentes em cada uma. Chama a atenção na

fala do professor A, onde relata a falta do gestor por perto, pois a gestão escolar não

trabalha no lócus devido a mesma ser lotada na Secretária e Educação. Esse é um

ponto que precisa ser fortalecido, a atuação da equipe escolar frente às dificuldades

e demandas existentes na escola.

Nesse sentido, comparadas ao modelo de ensino seriado, contextualizamos

as escolas multisseriadas com as classes unidocentes ou multisseriadas pela:

[...] junção de alunos de diferentes níveis de aprendizagem (normalmente agrupadas em “série”) em uma mesma classe, geralmente submetida à responsabilidade de um único professor, (e que essa) tem sido uma realidade muito comum dos espaços rurais brasileiros, notadamente nas regiões Norte e Nordeste. (SANTOS; MOURA, 2010, p. 35)

38

É importante reconhecermos que os desafios são grandes e que é

imprescindível buscar outras políticas voltadas para a formação do professor,

promovendo trocas de experiências que geram mudanças mais significativas no

currículo e na construção da prática docente.

DIFICULDADES ENFRENTADAS NO EXERCÍCIO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Conforme as autoras Rodrigues e Aragão (2010), por meio de um relato de

experiência, retratam o trabalho de um professor em uma turma multisseriada como

um desafio redundante ou duplicado, pois acreditam que em meia a tantas

dificuldades que enfrentam, o trabalho do professor nessa modalidade de

organização escolar pode fazê-lo desistir ou continuar a exercer esse trabalho,

considerando como um desafio que pode ser produtivo.

Gráfico nº 01.

Fonte: Professores das escolas do campo, dados coletados em dezembro 2015

Conforme os dados coletados na pesquisa os professores apontaram

algumas dificuldades enfrentadas no contexto escolar no exercício da prática

pedagógica. Tais como: 2/5 professores marcaram a opção Infraestrutura; 3/5

professores opinaram por Indisciplina; 1/5 professores apontaram o Acesso à

39

escola; 2/5 professores opinaram pela Distância entre as escolas e 1/5 respondeu

outros como falta de compromisso dos pais ou responsáveis.

Na obtenção de respostas através da pesquisa aplicada como os professores,

podemos perceber os relatos das dificuldades que os docentes enfrentam para

desenvolver suas práticas pedagógicas e atender todas as demandas dos alunos,

buscando a aprendizagem de todos, contextualizando às péssimas estruturas físicas

das escolas, tendo que conviver com a indisciplina no ambiente escolar, a falta de

compromisso dos pais que vem causando um impacto entre a relação pais e escola,

como também a falta de políticas públicas que torna prioridade a organização,

estrutura para melhor o funcionamento neste contexto escolar.

QUE AÇÕES O COORDENADOR PEDAGÓGICO PODERÁ DESENVOLVER PARA

MELHORAR A PRÁTICA DO DOCENTE

Diante deste contexto, o trabalho pedagógico deve ser orientado, para que a

escola juntamente como os profissionais envolvidos no processo educacional

realizem um trabalho de qualidade.

O Coordenador Pedagógico tem um importante papel no enfoque de

acompanhar e orientar todas as atividades relacionadas ao processo ensino

aprendizagem. Nesse sentido, é imprescindível sua participação na orientação dos

trabalhos desenvolvidos pelos docentes, para que possa exercer uma prática

adequada às necessidades dos envolvidos nesse processo.

No questionário aplicado, a oitava pergunta é a seguinte: Que ações o

Coordenador Pedagógico poderá desenvolver para melhorar a prática do docente?

E os professores responderam da seguinte forma: O professor A disse que muitas

ações de acordo a escola; o professor B colocou: auxiliar em muitas atividades; O

professor C disse: que auxiliar mais o professor, com os alunos na sala; o professor

D respondeu: acompanhar os professores nas aulas complementares dando suporte

e auxiliando os mesmos em leitura e produções e o professor E colocou: auxiliar na

preparação de atividades para alunos com diferentes níveis de aprendizagem,

propor oficinas para confecção de material didático.

De fato que o Coordenador Pedagógico é um importante ator no cenário

educacional deve desenvolver um trabalho pedagógico que contemple todas as

ações propostas pelos docentes no que diz respeito às práticas pedagógicas.

40

Segundo Zabala (1998, p.13):

Um dos objetivos de qualquer profissional consiste em cada vez ser mais competente em seu ofício. Geralmente se consegue esta melhoria profissional mediante o conhecimento e a experiência: o conhecimento das variáveis que intervém na prática e a experiência para dominá-las.

No entanto, o Coordenador Pedagógico, deve atuar junto aos professores, de

modo a planejar e desenvolver suas ações com vistas à apropriação de

conhecimentos e de reflexão da prática educativa, num interagir constante,

avaliando o processo de ensino, com competência e compromisso ético, sendo que

o saber pedagógico é o saber que o professor constrói no cotidiano de seu trabalho

e que fundamenta sua ação docente, ou seja, é o saber que possibilita ao professor

interagir com seus alunos, na sala de aula, no contexto da escola onde atua.

(PIMENTA, 1999, p. 43).

QUAIS SÃO AS FUNÇÕES ATRIBUÍDAS AO COORDENADOR PEDAGÓGICO

Segundo Luck (2001) diz que o papel do Coordenador Pedagógico resulta na

“somatória de esforços e ações desencadeadas com o sentido de promover a

melhoria do processo ensino aprendizagem” (p. 20). É nessa perspectiva de trabalho

conjunto com as mudanças, que o Coordenador Pedagógico pode contribuir na

reconstrução das práticas pedagógicas com mais preparo, instigando nos docentes

a construção para formação do indivíduo.

Gráfico nº 02

41

6%7%

33%

27%

27%

Quais são as funções atribuídas ao Coordenador Pedagógico da sua escola?

Substituição de professores

Conversa com alunos

Atendimento aos professores

Orientação dos docentes

Sugestão de estratégias deensino

Fonte: Professores das escolas do campo

Conforme os dados da pesquisa, obtivemos os resultados onde os

professores envolvidos no processo tinham a opção de escolher o tópico que

considera a função atribuída ao Coordenador no contexto escolar.

As respostas analisadas no gráfico foram: um professor acha que substituição

de professor é atribuição do Coordenador; um professor marcou a opção de que o

Coordenador conversa com alunos; todos professores opinaram que o Coordenador

deve atendimento aos professores; quatro professores acham que o Coordenador

atua na orientação dos docentes e quatro professores relatam que o

sugere estratégias de ensino.

O trabalho do Coordenador Pedagógico deve está centrado nos avanços,

aprimoramento e no desempenho dos docentes visando uma contribuição ampla de

ações norteadoras e eficazes para o bom andamento no processo educativo.

De acordo com o artigo 7º da Lei nº 7.023, de 23 de janeiro de 1997, é

oportuno colocar em pauta algumas das principais atribuições do Coordenador

Pedagógico:

I. Coordenar o planejamento e a execução das ações pedagógicas em

Unidades Escolares, Secretaria de Educação e/ou DIREC.

II. Articular a elaboração participativa do Projeto Pedagógico da Escola.

III. Coordenar, acompanhar e avaliar o Projeto Pedagógico nas Unidades

Escolares, Secretaria de Educação e/ou DIREC.

42

IV. Acompanhar o processo de implementação das diretrizes da Secretaria

relativas à avaliação da aprendizagem e aos currículos orientando e

intervindo junto aos professores e alunos quando solicitado e/ou

necessário.

V. Avaliar os resultados obtidos na operacionalização das ações

pedagógicas, visando a sua orientação.

VI. Coletar, analisar e divulgar os resultados do desempenho dos alunos,

visando à correção de desvios no Planejamento Pedagógico.

VII. Desenvolver e coordenar sessões de estudos nos horários de Atividade

Complementar – AC, visando a atualização em serviço.

VIII. Coordenar e acompanhar as atividades de AC em Unidades Escolares.

IX. Propor e planejar ações de atualização e aperfeiçoamento de

professores e técnicos, visando a melhoria do desempenho

profissional.

X. Conhecer, estimular e implantar inovações pedagógicas e divulgar as

experiências de sucesso, promovendo o intercâmbio entre Unidades

Escolares. (DIÁRIO OFICIAL, ANO LXXXI, 1997)

Contudo, vale ressaltar que todos os envolvidos no processo educacional, ou

seja, em conjunto de ter claro que apenas a atuação do Coordenador Pedagógico

não alcançará os resultados satisfatórios e esperados. Portanto, toda comunidade

escola deve assumir o seu papel atribuído na Instituição que trabalha.

FUNÇÕES QUE NÃO DEVEM SER ATRIBUÍDAS AO COORDENADOR

PEDAGÓGICO

O Coordenador Pedagógico deve ter condições para desenvolver o seu

trabalho, mas para isso a equipe escolar deve primeiramente conhecer as

atribuições de um Coordenador Pedagógico dentro do contexto escolar e que

funções serão exercidas pelo mesmo.

De acordo com a décima pergunta: Quais as funções que não devem ser

atribuídas ao Coordenador Pedagógico? Conforme a coleta dos dados os

professores responderam o que não são funções do Coordenador Pedagógico: O

professor A não respondeu a questão deixando em branco; o professor B disse que

não deve ser responsabilizar pela parte de documentação; o professor C respondeu

43

responsabilizar pela parte financeira das escolas e observar o professor em sala de

aula; o professor D respondeu substituir professores, assistir aulas semanalmente

fazendo papel de supervisor e o professor e o professor E respondeu substituir os

professores, observar o professor em sala de aula, monitorar as crianças na hora do

recreio.

De acordo com os dados é possível observar que os professores tem

conhecimento e ao mesmo tempo reconhecem o que são atribuições do

Coordenador Pedagógico.

Muitas vezes nas instituições de ensino encontramos coordenadores ainda

como figura de desdobramento em multifunções em seu dia a dia escolar.

Segundo Bartman (1998, p. 1):

O Coordenador não sabe quem é e que função deve cumprir na escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem e seu grupo de professores e quais as suas necessidades. Não tem consciência do seu papel de orientador e diretivo. Sabe elogiar, mas não tem coragem de criticar. Ou só critica, e não instrumentaliza. Ou só cobra, mas não orienta.

O Coordenador Pedagógico deve estar preparado para as mudanças e ao

mesmo tempo, ter consciência de quais as atribuições são pertencentes as sua

identidade dentro do seu contexto escolar e buscando sempre parcerias com todos

os envolvidos no processo educativo para melhor fluir o trabalho pedagógico,

tornando-o satisfatório.

3.3 Apresentações das Ações da Proposta de Intervenção

Diante da análise das entrevistas e revisão da literatura foram criadas ações

para sanar o problema detectado e percebemos a importância da atuação do

Coordenador Pedagógico nas turmas multisseriadas da Escola Municipal do Campo

Nossa Senhora da Conceição, evidencia de modo a buscar traçar uma proposta de

intervenção que venha subsidiar quanto à formação dos docentes, de modo a

acompanhar e orientar para a melhoria da prática docente visando a contribuição do

processo ensino aprendizagem dos discentes.

44

Partindo do diagnóstico buscaremos delinear as ações que serão

desenvolvidas e executadas no decorrer do ano letivo.

Primeiro momento, apresentaremos a proposta de intervenção à gestão

escolar e aos docentes no encontro da Jornada Pedagógica em 2016. No segundo

momento faremos um diagnóstico do docente junto à atuação do Coordenador

Pedagógico para melhorar a prática docente, a partir daí analisaremos os pontos

que serão fortalecidos e garantidos durante o ano, será realizado o diagnóstico na

primeira semana de aula.

No terceiro momento realizaremos a roda de conversa com toda a

comunidade escolar, para elencarmos os desafios e possibilidades que são

pertinentes e necessárias a serem sanados, acontecerá após os resultados dos

diagnósticos.

No quarto momento faremos leitura e aprofundamentos dos textos que

julgarem pertinentes e que condizem com a realidade no contexto escolar, algumas

temáticas já pré-estabelecidas, tais como: atividades diversificadas nas classes

multisseriadas, leitura e escrita nas séries iniciais, rotina nas turmas multisseriads,

vivenciando valores, arte e música e o lúdico nas classes multisseriadas,

acontecerão as oficinas a cada dois meses, na terceira semana do mês nos estudos

previstos pelo calendário (fevereiro, abril, junho, agosto, outubro e dezembro).

No quinto momento realização de oficinas para confecções de materiais

didáticos, de acordo com as temáticas estabelecidas para desenvolver novos

saberes e práticas do docente, partindo dos recursos propostos. Serão intercalados

nos momentos de estudo previsto no cronograma do encontro, a cada dois meses,

na terceira semana do mês (março, maio, julho, setembro e novembro).

E no sexto momento faremos a socialização com um Fórum de discussão

para apresentarmos os trabalhos construídos e faremos exposições onde serão

apreciados por todos os envolvidos no processo de ensino, os resultados

alcançados acontecerá no enceramento do ano letivo na segunda semana do mês

de dezembro de 2016, concluindo o calendário letivo.

45

CRONOGRAMA

Ações e o Cronograma da Proposta de Intervenção

Ações Descrição das ações (como aconteceram)

Previsão das datas de cada ação

Apresentação da proposta de intervenção.

Será a primeira ação a ser contemplada da PI, apresentação da proposta a gestão escolar e aos docentes da Escola Municipal do Campo Nossa Senhora da Conceição.

Jornada Pedagógica 2016

Diagnóstico dos docentes junto a atuação do Coordenador Pedagógico para melhorar a prática docente.

Para iniciarmos os trabalhos pautados no contexto escolar e suas especificidades, aplicaremos um diagnóstico com cada docente, analisando a fala do professor e registrando os pontos que precisarão ser fortalecidos e garantidos durante o ano letivo.

1ª semana de aula

(03/02/2016 à 10/02/2016)

Roda de Conversa

Conversa com todos da comunidade escolar, para elencarmos os desafios e possibilidades que são pertinentes e necessários a serem sanados, conscientizando todos os envolvidos no processo educativo dos resultados dos diagnósticos e das etapas a serem estabelecidas.

Após os resultados dos diagnósticos (10/03/2016)

Leitura e aprofundamento dos textos que julgarem pertinentes e que condizem com a realidade no contexto escolar.

Conforme os diagnósticos realizados, o Coordenador pedagógico junto aos docentes elencarão os materiais que apresentaram as temáticas para discussão.

Algumas temáticas já pré-estabelecidas, tais como: Atividades diversificadas nas classes multisseriadas, Leitura e escrita nas séries iniciais; Rotina nas turmas multisseriadas; Vivenciando

Acontecerão as oficinas a cada dois meses na terceira semana do mês nos estudos previstos pelo calendário (Fevereiro, abril, junho, agosto, outubro, dezembro)

46

valores; Arte e Música; O lúdico nas classes multisseriadas.

Oficinas para confecções de materiais didáticos de acordo com as temáticas estabelecidas para desenvolver novos saberes e práticas do docente, partindo dos recursos propostos.

De acordo as leituras feitas acima e discussões, serão momentos de construção, voltadas para a prática e melhoria no trabalho realizado na educação do campo, para melhor conduzir o trabalho nas turmas multisseriadas.

Intercalados nos momentos de estudo previsto no cronograma a do encontro a cada dois meses na terceira semana do mês (março, maio, julho, setembro, novembro).

Fórum de discussões para apresentarem os trabalhos construídos e exposições onde serão apreciados por todos os envolvidos no processo educacional, visando a avaliação do Projeto de Intervenção.

Será de forma sistemática onde poderão avaliar as ações que foram desenvolvidas na proposta de Intervenção na Escola do Campo, socializaremos com um fórum de discussões onde a comunidade escolar poderão expor os trabalhos, desafios e possibilidades de avanços durante a execução do projeto.

Acontecerá no encerramento do ano letivo na segunda semana do mês de dezembro de 2016.

3.4 RESULTADOS ESPERADOS

Com a proposta de intervenção vale ressaltar a importância de um bom

planejamento para executar a mesma, espera-se que os resultados sejam positivos

possibilitando a interação do Coordenador Pedagógico junto aos docentes na

mesma perspectiva de contribuir para a melhoria do processo de ensino

aprendizagem da Escola Municipal do Campo Nossa Senhora da Conceição.

Espera-se ainda que as propostas estabelecidas no cronograma sejam

comtempladas no que está previsto para o ano letivo e que as ações atendam as

demandas e que todos envolvidos desempenhem sua função contribuindo para o

alcance dos objetivos.

Com a proposta de intervenção permeia-se que toda comunidade escolar

tenham uma visão melhor sobre a importância de elucidar o trabalho pedagógico

atrelado ao desempenho de cada sujeito para melhorar o ensino aprendizagem.

47

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inicialmente tivemos como objetivo compreender a “Atuação do Coordenador

Pedagógico nas turmas multisseriadas da Escola Municipal do Campo Nossa

Senhora da Conceição” as dificuldades encontradas e avanços dessa função diante

da amplitude que é o seu campo de trabalho. Procurando refletir sobre a relação

entre aprendizagem escolar e trabalho pedagógico é possível reconhecer que o

coordenador pedagógico ocupa na escola um lugar de relevância, sendo o

articulador das ações pedagógicas junto aos professores e toda comunidade

escolar, viabilizando um processo de ensino-aprendizagem de qualidade.

Foram vários os caminhos percorridos, buscando possíveis soluções para o

objeto de, pesquisa. Primeiramente foi feita uma investigação do tema em diferentes

fontes: livros, pesquisas e artigos, a fim de tornar significativa e prazerosa a

realização dessa pesquisa. Observação e entrevistas com os professores da escola

pesquisada, analise dos dados e por fim elaboração das ações a serem executadas

no ano de 2016.

É imprescindível o acompanhamento pedagógico periódico, com o intuito de

orientar e auxiliar os docentes das turmas multisseriadas, visando a contribuição e a

disponibilização de recursos necessários à realidade dos alunos, tornando-os

eficientes no desempenho de sua prática pedagógica e reconhecendo métodos

específicos para tornarem as práticas em sala de aula mais significativas, pois o

papel do professor no processo de aprendizagem e indiscutivelmente decisivo, suas

atitudes, concepções e intervenções que determinaram o sucesso ou o fracasso do

aluno. Não deixando de lado e claro, o envolvimento da equipe pedagógica e

também da família na vida escolar da criança.

Percebe-se que a necessidade dos docentes de turmas multisseriadas das

escolas do campo serem inseridas em formações específicas e continuadas, de

modo que os norteiam buscando assim um aperfeiçoamento em relação a um

conhecimento específico direcionando a sua prática pedagógica e as especificidades

existentes no âmbito escolar

48

A intenção deste trabalho é de contribuir com a discussão acerca da atuação

do Coordenador Pedagógico e a contribuição do mesmo na prática do docente.

O desafio que constatamos no desenvolvimento da pesquisa permitiu um

conhecimento sobre as reais funções do coordenador pedagógico, sobre sua função

na conformação e supervisão dos processos de ensino aprendizagem dos

professores e alunos as turmas multisseriadas da Escola Municipal do Campo Nossa

Senhora da Conceição, compreendendo quais são as prioridades que o coordenador

deve atender no seu cotidiano, detectando também quais os desafios encontrados

na realização do seu trabalho.

Em relação aos resultados ainda não tem como pontuar, uma vez que o

projeto será aplicado no próximo ano. Porém o mesmo vai depender da participação,

interesse e comprometimento sujeitos envolvidos nas ações.

Contudo espera-se que os docentes possam sentir mais seguros diante do

desafio que é trabalhar em turmas multisseriadas; compreender o verdadeiro papel

do coordenador pedagógico, que os professores tenham mais interesse e motivação

na busca de recursos para melhorar sua pratica e que o coordenador consiga dar

maior atenção aos professores e principalmente ter mais tempo para dedicar na

proposta pedagógica e acompanhamento da aprendizagem dos alunos.

Enfim, ao colocar em prática as ações da intervenção encontraram-se

desafios que serão superados pela motivação e entusiasmo na realização das

mesmas entre Coordenação Pedagógica e docentes.

Visando assim, a responsabilidade, por parte dos gestores públicos em

propuserem políticas públicas que estejam especificadas e direcionadas às escolas

multisseriadas do campo e especialmente, à atuação dos docentes que são os

mediadores que vivenciam o ensino do campo com turmas multisseriadas.

Portanto, a formação de um ser humano crítico e reflexivo depende de um

trabalho feito em parceria entre a escola, pais e especialmente o educador. Dessa

forma, certamente os resultados serão positivos e contribuirão numa educação de

qualidade.

49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, Márcio Adriano de. Política de Educação do Campo: concepções processos e desafios. In: NETO, Antonio Cabral et al. Pontos e contrapontos da política educacional: uma leitura contextualizada de iniciativas governamentais. Brasília: Liber Livros, 2007. BARTMAN, Thomas S. Administração: Construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 18 dez. 2015. ______. Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional da Educação e da outras providencias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 de jan. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em 18 dez. 2015. ______. Ministério da Educação. Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo. 2004, p. 7. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.php>. Acesso em: 10 dez. 2015. CORDEIROS. Memorial das escolas do campo. Secretaria Municipal de Educação. Disponível em>(site). Acesso em: 18 dez. 2015 CORDEIROS. Plano Municipal de Educação. Secretaria Municipal de Educação, 2011. CORDEIROS. Projeto Político Pedagógico da Escolas do Campo, 2015. DIÁRIO OFICIAL. ANO LXXXI nº 16.447 e 16.447. Salvador. 15 e 16 e fevereiro de 1997. FRIGOTTO, Gaudêncio. Projeto societário contra-hegemônico e educação do campo: desafios de conteúdo, método e forma. In: Munarin Antônio, Beltrame Sônia, Conte Soraya Franzoni e Peixer Isabel (orgs). Educação do campo: reflexões e perspectivas. Florianópolis: Insular, 2 ed., 2011. Hage, Salomão Mujarrej et al. A Multissérie em pauta: para transgredir o Paradigma Seriado nas Escola do Campo. Florianópolis: Insular, 2011. ______. Salomão Mufarrej. Educação no campo na Amazônia: retratos de realidades das escolas multisseriadas no Pará. Belém: Gutemberg, 2005.

50

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia, Alternativa, 2004. LIRA, Luiz Ignácio de Andrade. Um aspecto regional de antropologia escolar. Escola Normal de Pernambuco. Recife, 1981.

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TRIPP, David. Pesquisa-ação uma introdução metodológica. Tradução de Lólio

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UFBA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. Cadernos didáticos sobre educação no campo. Salvador: Editora, 2010.

51

ZABALA, Antoni. A função social e a concepção sobre os processos de aprendizagem: instrumentos de análise in: A prática educativa - como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

ANEXOS

52

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3

“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.”

Paulo Freire

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES

Solicitamos a sua colaboração no sentido de responder as questões contidas

neste instrumento de pesquisa, o qual tem por finalidade investigar a atuação do

Coordenador Pedagógico nas turmas multisseriadas da Escola Municipal do Campo

Nossa Senhora da Conceição, visando promover reflexões acerca do tema nesta

Instituição de Ensino. Acreditamos assim, que iremos contribuir de forma significativa

a uma nova leitura da atuação do Coordenador Pedagógico para que o mesmo

possa atuar de forma satisfatória na sua real função no ambiente escolar.

Informamos que o preenchimento não requer identificação e que as informações

prestadas serão trabalhadas apenas o propósito de atender aos objetivos da

pesquisa, em caráter confidencial.

PERFIL DO PROFESSOR (A)

Sexo ( ) FEMENINO ( ) MASCULINO

1. Há quanto tempo você é professor (a) desta escola?

I____I____I anos e I____I____I meses

2. Quanto tempo de experiência você tem como professor (a)?

I____I____I anos e I____I____I meses

3. Fez algum curso de graduação? Qual (is)?

____________________________________________________________

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4. Você fez alguma pós-graduação?

( ) Sim ( ) Não

5. Há diferença entre o ensino do Campo com as escolas urbanas? Quais?

________________________________________________________________

________________________________________________________

6. Quais as dificuldades enfrentadas no exercício da prática pedagógica?

( ) Infraestrutura

( ) Indisciplina

( ) Acesso à escola

( ) Distância entre as escolas

( ) Outros:

7. Que ações o Coordenador Pedagógico poderá desenvolver para melhorar a

prática do docente?

________________________________________________________________

________________________________________________________

8. Quais são as funções atribuídas ao Coordenador Pedagógico da sua escola?

( ) Substituição de professores

( ) Conversa com alunos

( ) Atendimento aos professores

( ) Ornamentação dos painéis

( ) Atuam na orientação dos docentes

( ) Sugere estratégias de ensino

( ) Observa o professor em sala de aula

( ) De outra forma? Qual?

________________________________________________________________

________________________________________________________

9. Quais as funções que não devem ser atribuídas ao Coordenador Pedagógico?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

Agradeço a todos que colaboraram.

Aluna: Marinêz Luz da Silva Nascimento

Orientadora: Rafaela Melo Magalhães

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