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MARIA IRENE DOS SANTOS
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DE LER/DORT DOS TRABALHADORES DE AQUIDAUANA - MS
AQUIDAUANA - MS
2011
3
MARIA IRENE DOS SANTOS
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DE LER/DORT DOS TRABALHADORES DE AQUIDAUANA - MS
AQUIDAUANA - MS
2011
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, como
requisito para conclusão do curso de Pós
Graduação à nível de especialização em
Atenção Básica em Saúde da Família.
Orientador: Prof. Edílson José Zafalon.
4
PÁGINA DE APROVAÇÃO
5
DEDICATÓRIA
Aos meus queridos familiares
Aos meus queridos amigos
Ao meu Tutor: Edílson José Zafalon
Dedico.
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus, por me guiar em todos os momentos de minha vida.
Agradeço aos meus pais, por todos os valores ensinados, pelos esforços para a
minha formação profissional, pelo exemplo de determinação, paciência e
simplicidade, pelo apoio e incentivo nas dificuldades. Muito obrigada por sempre
acreditarem em minha capacidade.
Ao Prof. Edílson José Zafalon pela orientação e pelo auxilio, dedicação, credibilidade
e confiança em minha possibilidade de realizar esse trabalho e acima de tudo pela
sua atenção, paciência e valiosa ajuda em todos os momentos.
Aos amigos, que dividiram momentos bons e ruins percorridos nesta trajetória.
Enfim, a todos aqueles que tornaram possível a conclusão deste trabalho.
7
EPÍGRAFE
“Há homens que lutam um dia, e são bons”;“Há outros que lutam por um ano, e são melhores”;
“Há outros ainda que lutam por muitos anos, e são muito bons”;“Há, porém, os que lutam por toda vida: estes são os imprescindíveis”.
Bertold Brecht
8
RESUMO
Com o avanço tecnológico e as crescentes expansões econômicas mundiais,
as relações envolvendo o trabalho e a saúde passou a exigir muito mais esforço do
trabalhador. Com as constantes mudanças, os trabalhadores tiveram de se adequar
há uma jornada de trabalho mais exaustiva, ocasionando uma interferência negativa
no ritmo biológico de cada trabalhador. De um modo geral os trabalhadores têm tido
que se adaptar ao novo paradigma produtivo e tecnológico, cujas palavras de ordem
são: produtividade, competitividade e lucratividade. Essas exigências estão longe de
serem atendidas pela maioria dos trabalhadores, os quais ao não responderem a
essas exigências tornam-se desempregados ou são inseridos em novas formas
precárias de trabalho.
Assim, o número de doenças relacionadas ao excesso de trabalho, tem
contribuído para o surgimento de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) / Distúrbio
Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) tem crescido anualmente em
vários países pelo mundo, inclusive no Brasil. A ameaça e a pressão exigida pelo
empregador, têm levado os trabalhadores a suportar um ambiente de trabalho com
condições inadequadas e jornada de trabalho exaustiva. Justificando as condições
relatadas, contínuas pesquisas vêm sendo desenvolvidas para buscar quais são os
melhores métodos de detecção, diagnóstico e prevenção das LER/DORT.
As crescentes patologias relacionadas ao excesso de trabalho orientaram
para a elaboração deste trabalho. Com a finalidade de investigar a incidência de
LER/DORT, no município de Aquidauana (MS), esta pesquisa foi realizada através
do atendimento regional no Centro de Especialidade Médicas.
Palavras-chave: Lesão por Esforço Repetitivo; Trabalho; Patologias.
9
ABSTRACT
With technological advancement and increasing global economic expansion, a
relation involving work and health has required much more effort of the worker. With
the constant changes, workers have had to adjust working hours for a more
thorough, resulting in a negative interference in the biological rhythm of each worker.
In general workers have had to adapt to the new productive paradigm and
technology, whose watchwords are: productivity, competitiveness and profitability.
These requirements are hardly met by most workers who do not respond to these
demands become unemployed or are inserted in to new forms of precarious work.
Thus, the number of illnesses related to overwork, has contributed to the
emergence of repetitive strain injury (RSI)/ Work-related musculoskeletal disorders
(MSDs) has been increasing annually in various countries around the world, including
Brazil. The threat ant the pressure required by the employer, have lea workers to
support a work environment with inadequate conditions and working hours
exhaustive. Justifying the conditions reported, continuous research has been
developed to check what are the best methods of detection, diagnosis and
prevention of RSI/MSDs.
Growing conditions related to overwork, guided to this work. In order to
investigate the incidence of RSI/MSDs, in the city of Aquidauana (MS), this research
was conducted through regional service at the Center for Medical Specialties.
Keywords: Repetitive Strain Injury; Work; Pathologies.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: L.E.R nas diversas regiões do corpo humano...................................... 10
Figura 2: Posicionamento correto do profissional diante digitação...................... 17
Figura 3: Modelo ideal para ambiente profissional............................................... 18
Figura 4: Modelo correto de posicionamento corporal......................................... 19
Figura 5: Forma correta de digitar........................................................................ 20
Figura 6: Exercícios para prevenção de LER/DORT........................................... 23
11
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Trabalhadores atendidos pelo CEM.................................................... 27
Gráfico 2: Trabalhadores envolvidos em 4 setores de serviços........................... 28
Gráfico 3: Trabalhadores avaliados entre os anos de 2009/2010....................... 29
12
LISTA DE SIGLAS
CAT: Comunicação Interna de Prevenção de Acidentes
CEM: Centro de Especialidade Médicas
CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CVS: Síndrome de Visão de Computador
DORT: Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho
LER: Lesão por Esforço Repetitivo
13
RESUMO.............................................................................................................. VIII – INTRODUÇÃO................................................................................................ 3II – REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 52.1 Lesão por Esforço Repetitivo..................................................................... 52.2 Histórico do fenômeno LER no mundo e no Brasil.................................. 62.3 Estágios da LER/DORT................................................................................ 72.4 Sintomatologia............................................................................................. 9III – DOENÇAS OCUPACIONAIS CAUSADAS POR LER/DORT...................... 83.1 Fatores que favorecem o aparecimento da LER/DORT............................ 113.2 Doenças Ocupacionais e a informática..................................................... 123.3 Doenças Ocupacionais x Trabalhadores do Frigorífico........................... 13IV – ERGONOMIA............................................................................................... 164.1 Medidas necessárias para prevenção da LER/DORT............................... 204.2 Exercícios de prevenção............................................................................. 22V – OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 25VI – RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 26VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 30VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 31ANEXO................................................................................................................ 34
14
I - INTRODUÇÃO
As doenças profissionais são decorrentes da exposição a agentes físicos,
químicos e biológicos que podem agredir de algum modo o organismo humano.
Esse contexto permite imaginar a freqüência e a gravidade que devem estar
relacionadas às doenças profissionais. Todo trabalhador que sofrer uma intoxicação,
afecção ou infecção causada por qualquer um dos agentes mencionados
anteriormente foi acometido por uma doença profissional (Sobrinho, 1995).
O conjunto de doenças que promovem lesões nos músculos, tendões e
nervos superiores e que têm relação com as exigências das tarefas, dos ambientes
físicos e da organização do trabalho, é chamado de Lesão por Esforço Repetitivo
(LER). Estas lesões são inflamações provocadas por atividades de trabalho que
exigem movimentos manuais repetitivos durante certo período de tempo. Os
profissionais mais atingidos têm sido os datilógrafos, digitadores, telefonistas e
trabalhadores de linha de montagem.
Atualmente, há diversas doenças geradas por esforços repetitivos, dentre as
quais podemos destacar: tenossinovite, tendinite, síndrome do túnel de carpo. Todas
estas doenças estão diretamente relacionadas à forma pela qual, o profissional
executa a sua atividade. Por exemplo, um projeto inadequado do microcomputador,
aliado às más condições do mobiliário em que o aparelho está inserido, pode
provocar ou não desconforto ao trabalhador. O formato do teclado, um apoio para os
pulsos do digitador ou um suporte para manter os pés firmes no chão, são
fundamentais paro o conforto do operador (Sell, 1995).
A causalidade como ocorrem os acidentes, geralmente, são resultantes de
interações inadequadas existentes entre o homem, o trabalho a ser realizado e o
ambiente onde o trabalhador estará desenvolvendo sua atividade profissional (IIDA,
1992).
Quando da ocorrência de um acidente do trabalho de grande monta, ouve-se,
freqüentemente, a expressão "o acidente foi causado por erro humano". Wisner
(1991) afirma que este pensamento está equivocado. A ocorrência dos acidentes
15
está ligada a várias causas, dificilmente a uma única, por isso, utiliza-se,
habitualmente, o método da árvore de causas para avaliar a ocorrência de acidentes
do trabalho. As causas dos acidentes, freqüentemente, têm três componentes:
organizacional, tecnológico e humano. Neste sentido, seria falso acreditar que
somente o operador comete os erros.
Assim, para evitar o desligamento do profissional de suas atividades,
empregador e trabalhador devem estar cientes de quais são os deveres e suas
obrigações. Empregadores que exigem jornadas de trabalho exaustivas de seus
profissionais, certamente contribuirão para aumentar as incidências de LER/DORT
em suas empresas. Trabalhadores que não respeitam sua capacidade biológica e
seu ritmo de trabalho, certamente irão contribuir para o surgimento de lesões.
16
II – REVISÃO DE LITERATURA
2.1 LESÃO POR ESFORÇO REPETITIVO
As LER/DORT, por definição, abrangem quadros clínicos do sistema músculo-
esquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de
trabalho (KUORINKA e FORCIER, 1995). Caracterizam-se pela ocorrência de vários
sintomas concomitantes ou não, de aparecimento insidioso, geralmente nos
membros superiores, tais como dor, parestesia, sensação de peso e fadiga.
São doenças músculo tendinosas dos membros superiores, ombro e pescoço,
causados pela sobrecarga de um grupo muscular restrito, devido a atividade
excessiva repetitiva ou pela postura incorreta dos membros, e que resultam em dor,
fadiga e baixo rendimento profissional (ANTONALIA, 2008).
A definição presente na ordem de serviço 606 de 05/08/98 do Instituto
Nacional de Seguro Social - INSS (1998) conceitua LER/DORT como uma
“síndrome clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não de alterações
objetivas e que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou
membros superiores em decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos
e nervos periféricos”. É um grupo distinto de patologias, muitas delas bem definidas
e algumas outras com diagnóstico mais subjetivo ou misto.
Para a caracterização de um quadro clínico como LER/DORT é necessário
definir o nexo por meio de: anamnese ocupacional, exame clínico, relatórios do
médico responsável pela assistência ao paciente, do coordenador
do PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional e, eventualmente,
vistoria no posto de trabalho.
Uma boa anamnese ocupacional deve incluir informações sobre:
a) Ambiente e trabalho: percepção do segurado quanto à temperatura, ruído,
poeira, iluminação deficiente;
b) Posturas: a permanência do trabalhador enquanto realiza a jornada laboral;
17
c) Mobiliário: qualidade e manutenção, freqüência de reposição, adaptação dos
postos de trabalho à introdução de novos processos, desvios posturais impostos
pelo mobiliário.
2.2 HISTÓRICO DO FENÔMENO LER NO MUNDO E NO BRASIL
Os primeiros casos de LER foram constatados no ano de 1753, verificado
pelo médico Bernardo Romazine, em profissionais que realizavam atividades
exaustivas e em tarefas que exigiam esforços repetitivos (NEILL, 2003).
Com o advento da Revolução Industrial, o modo de vida dos trabalhadores
mudou novas tecnologias surgiram e os trabalhadores tiveram que mudar a maneira
como realizavam as atividades profissionais. Após a Revolução Industrial, muitas
indústrias foram criadas, trazendo consigo os primeiros registros de LER, como
foram apresentadas na literatura médica mundial (NEILL, 2003).
Antonalia (2008) relata que na década de 70, ocorreu na Austrália os
primeiros registros naquele País, no qual foram acometidos trabalhadores de uma
linha de montagem, sua incidência só aumentou e as autoridades de saúde
passavam a desvendar os mistérios desta doença, até então desconhecida.
Desde o seu descobrimento, a denominação LER recebeu inúmeras siglas,
dentre elas destacam-se: “Cumulative Trauma Disorders” (CTD) no qual abrangia
distúrbios do sistema esquelético de ocorrência em trabalhadores expostos a
traumas de ordem cumulativa. Na década de 90, o termo Work Related Músculo
Skeletal (WMSDs) foi mundialmente aceito, sendo descrita como Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
No Brasil, o termo LER – Lesão por Esforços Repetitivos - foi descrito pelo
médico Mendes, no ano de 1986, durante o I Encontro Estadual de Saúde de
Profissionais de Processamento de Dados, no Rio Grande do Sul (MONTEIRO;
BERTAGNI, 2009).
18
A etiologia dos DORT é ocasionada de diversas formas, e estas maneiras
estão diretamente ligadas às condições de tarefa de trabalho, aos fatores individuais
e organizacionais de cada indivíduo diante da execução de suas atividades
profissionais. A repetitividade das tarefas realizadas pelo trabalhador é fator
importante para desencadear os distúrbios osteomusculares, principalmente, quando
este está associado a postura inadequada, de um trabalho muscular estático e/ou
com aplicação de força excessiva. Quanto aos fatores organizacionais podemos
citar a mão-de-obra desqualificada, ritmo excessivo de trabalho e horas-extras. No
campo individual, os trabalhadores, geralmente, ignoram os sinais e limites que o
organismo impõe o que acarretam no possível desenvolvimento de alguma patologia
relacionada a LER/DORT (MONTEIRO; BERTAGNI, 2009).
2.3 ESTÁGIOS DA LER/DORT
1º Estágio: a dor aparece durante os movimentos, mas não é possível
definir qual a região do corpo que dói, por se tratar de uma dor leve, melhora com
repouso e relaxamento do corpo. Não interferem no rendimento de trabalho do
indivíduo.
2º Estágio: a dor passa a ser persistente, mas o quadro clínico ainda é
considerado leve, se for diagnosticado e as condições de trabalho forem alteradas,
anda é possível reverter à situação. A dor é tolerável, porém, há uma queda de
produtividade nos períodos em que a dor for mais acentuada.
3º Estágio: a doença se torna crônica e o quadro irreversível, os
sintomas e as dores tornam-se mais freqüentes, causando perturbações durante o
sono, em razão das dores, e as inflamações se tornam um processo degenerativo,
podendo afetar nervos e os vasos sanguíneos de maneira prejudicial. Neste estágio,
as dores passam a ser sentidos em pontos bem localizados, limitando o
desempenho profissional e pessoal do trabalhador.
4°Estágio: os processos infecciosos podem provocar deformidades nos
membros afetados. O trabalhador perde a força e o controle dos movimentos,
19
anulando a capacidade de trabalho e a invalidez se caracteriza pela impossibilidade
de realizar qualquer atividade.
2.4 SINTOMATOLOGIA
Os autores Monteiro; Bertagni (2009) descrevem os principais sintomas
desencadeados por Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, dentre
os quais citam: dor, fadiga, perda de força, dormência, edemas das extremidades,
sensação de peso, extremidades frias, redução ou perdas de sensibilidade,
hipersensibilidade e automassageamento constante.
Em função da localização da dor, esses sintomas podem desencadear
diversas doenças ocupacionais, como as que serão descritas a seguir:
Tenossinovite, Síndrome de De Quervain, Bursite, Contratura de Dupuytoren,
Síndrome do Túnel do Carpo, Epicondilite, Cisto Sinovial, Síndrome do Canal de
Guyon, Síndrome do Pronador redondo, Síndrome do Desfiladeiro Cervitorácico,
Miologia Tensional, Tendinite da Cabeça Longa do Bíceps, Dedo em Gatilho,
Síndrome do Impacto ou do Arco Doloroso (MONTEIRO; BERTAGNI, 2009).
O mesmo autor destaca ainda que os sintomas mais comuns das DORTs
sejam: dor nos tendões, dos pulsos, no ombro, coluna cervical e escápula, na região
lombar e em alguns casos mais graves, edema nos locais afetados, perda de
sensibilidade e formigamentos dos dedos das mãos. Sendo que estes sintomas
podem ser agravados com estresse emocional.
A dor é o sintoma apresentado na maioria dos pacientes que apresentam
LER/DORT. Inicialmente, a dor é difusa, caracterizada apenas por cansaço, ardor,
sensação de peso ou inchaço de algum membro, aparecendo após o término da
jornada de trabalho, com o decorrer do tempo, as dores tendem a evoluir e
localizando-se ao redor das articulações, como punho, cotovelo, ombro, tendendo a
persistir mesmo após o término do trabalho (ANTONALIA, 2008).
20
III - DOENÇAS OCUPACIONAIS CAUSADAS POR LER/DORT:
Antonalia (2008) caracteriza e explica as principais síndromes presentes nos
portadores de LER/DORT:
Síndrome do Túnel do Carpo: caracteriza-se pela compressão do nervo
mediano ao nível do punho; acomete trabalhadores que digitam ou trabalham na
montagem industrial ao empacotar algo.
Síndrome do Canal de Guyon: caracterizada pela compressão do nervo
ulnar próximo ao Canal de Guyon, no bordo ulnar do punho. Pouco freqüente,
acometendo apenas trabalhadores que desenvolve atividades como carimbadores,
escrivães e aramistas.
Síndrome do Pronador Redondo: caracterizado pela compressão do
nervo abaixo do cotovelo, entre os fascículos musculares do músculo pronador
redondo. Observado em trabalhadores que carregam muito peso.
Síndrome do Canal Cubital: é observada a compressão do nervo ulnar
ao nível do túnel cubital; localizado no cotovelo. Observado em trabalhadores que
operam britadeiras.
Síndrome Epicondilite: processo inflamatório que ocorre nos tendões
dos músculos do antebraço. Observado em pintores.
Síndrome do Desfiladeiro Torácico: caracterizado pela compressão do
feixe vásculo-nervosonum estreito, triangulo formado pelos músculos escaleno
anterior e médio e a primeira costela. Ocorrem em trabalhadores que mantém o
antebraço elevado.
Tendinite de De Quervain: é uma inflamação da bainha comum dos
tendões do abdutor longo extensor curto do polegar ao nível do sulco ósseo do
processo estilóide do rádio. Presente nas pessoas que trabalham acionando botões
com o uso dos dedos polegares.
21
Dedo em Gatilho: inflamação dos tendões na região dos dedos.
Presente em trabalhadores que manipulam instrumentos como alicates, tesouras,
etc.
Na figura 1, observaremos os locais do corpo onde aparecem os
maiores casos com LER/DORT e suas respectivas porcentagens.
Figura1: L.E.R nas diversas regiões do corpo humano. Fonte: www.ggmmsb.wordpress.com; 2010.
22
3.1 FATORES QUE FAVORECEM O APARECIMENTO DA LER/DORT
O Professor Jairo Brasil (2009) descreve quais são os quatro principais
fatores que básicos que podem contribuir para o aparecimento de lesões, sendo
comprovado que a conjugação de dois ou mais fatores aceleram os quadros
clínicos. São estes:
1- Força;
2- Repetitividade;
3- Postura Incorreta;
4- Compressão Mecânica.
Além disso, outros fatores também podem contribuir quando associados aos quatro
fatores básicos mencionados anteriormente. Assim, podemos descrever outras
situações vivenciadas pelos trabalhadores no momento da execução de seus
trabalhos, citam-se:
Horas Extras e Dobras de Turno:
A exposição ocupacional aos fatores críticos citados anteriormente é
acentuada quanto maior for o tempo de exposição a tais fatores. Trabalhadores que
realizam jornadas de trabalho exaustivas têm maior capacidade de desencadear
lesões provocadas pela realização de atividades repetitivas.
Vibração:
Ferramentas de trabalho que exigem maior esforço físico do trabalhador para
operá-las como ferramentas pneumáticas. A vibração produzida pelo uso destes
equipamentos acentua os outros fatores, principalmente, se considerarmos que tal
característica implica em maior força aplicada pelo trabalhador para operar o
equipamento. Outro problema observado, é que área que recebe muitos impulsos, o
fluxo sangüíneo na região onde recebe vibração praticamente expulsa o sangue dos
capilares por ela atingidos.
23
Frio:
Ambientes com baixa temperatura aceleram o aparecimento das lesões em
função da Vasoconstrição Periférica (o sangue se desloca da superfície do corpo,
em direção dos órgãos centrais, como o coração). Por sofrerem pouca irrigação
sanguínea, os tecidos e músculos da periferia tendem a um estado de dor e tensão,
pressionando bainhas e tendões e estrangulando a passagem destes entre ossos.
Tensão Provocada por Fatores Organizacionais:
Pode a empresa pressionar psicologicamente seus funcionários, aumentando
o ritmo de trabalho, eliminando pausas de repouso, diminuindo o número de
funcionários numa seção, etc. Tais fatores contribuem para o aparecimento de dor
no corpo das pessoas, por insatisfação, resultando na eliminação e liberação de
substâncias analgésicas naturais, encontradas no líquido encefálico. A falta de
tempo para relaxamento dos músculos e tecidos mais solicitados na execução de
um trabalho, acelera o processo de lesionamento dos tecidos.
SEXO FEMININO:
Há uma predisposição natural em que as mulheres desenvolvem com maior
facilidade as lesões. Ritmos de trabalho acentuado durante a realização de trabalhos
domésticos e profissionais, conferem uma menor resistência nos músculos,
ligamentos e tendões. Possibilitando o desencadeamento de alguma lesão
provocada por esforço repetitivo.
3.2 Doenças Ocupacionais e a Informática
“O uso excessivo e mal orientado do computador pode provocar problemas
relacionados à visão, mente, músculos, articulações e postura. E, ainda, lesão por
esforço repetitivo (LER), irritação nos olhos etc.” (A Tribuna, 05/04/2010). São mais
comuns a CVS (Síndrome de Visão de Computador) que causa problemas como
irritações, vermelhidão, coceira, olhos secos ou lacrimejamento, fadiga, sensibilidade
24
à luz, sensação de peso nas pálpebras ou da fronte, dificuldade em conseguir foco,
segundo Ubirajara Moulin, a frente do computador, pisca-se 1/3 menos do que o
necessário durante o desenvolvimento de um trabalho; e para Cristiane Rocha as
tendinites, bursites e epicondilites, que conforme explica são mais freqüentes e
comprometem membros superiores e as cervicobranquialgias que causam dor nas
cervicais, irradiando para o membro superior.
Para evitar possíveis problemas faz-se necessário tomar em consideração as
seguintes políticas ao uso do computador:
1- À distância padrão entre os olhos e o monitor é de 50 cm, variando
quando o usuário usa óculos ou tem problemas de visão.
2- O monitor deve estar um pouco abaixo dos olhos, recomenda-se a
inclinação de 45°.
3- Como menos se pisca a frente do monitor, aconselha-se um exercício
simples: tirar os olhos da tela a cada hora e fixar a visão ao longe, piscando forte 20
vezes, para aumentar a lubrificação, a quem previra o uso de colírios, que também é
aconselhado, porém sob consulta do oftalmologista.
4- Deve-se observar desde o pé até a cervical, onde as articulações do
calcanhar, joelho, quadril e cotovelos devem estar cada um em ângulo de 90°.
5- A cadeira deve ter encosto para as costas.
6- A cada 50 ou 60 minutos, o usuário precisa parar por 5 minutos para
esticar as pernas e fazer alguns alongamentos dos braços, pescoço e tronco.
3.3 Doenças ocupacionais x trabalhadores do frigorífico
A busca cega do aumento de produtividade tem sido traduzida em aumento
da jornada de trabalho, com horas extras excessivas transformadas em rotina,
ritmos exageradamente intenso, pressão e controle sobre o trabalhador são
extremamente rigorosos (CAÑETE, 1996). Aspectos relacionados a ergonomia e a
própria atividade que exigem do trabalhador empenho de força e repetição de
movimentos (DEFANI & XAVIER,2006).
25
As empresas estão se dando conta de que não adianta mais tratar as
pessoas depois do problema, pois existem várias conseqüências de ordem
financeira e questões de âmbito pessoal. E que as empresas devem estar cientes de
que as máquinas e o ambiente de trabalho é que devem ser adaptados às pessoas
(CAÑETE, 1996). Uma das causas desta verdadeira epidemia de doenças
osteomusculares é a falta de conscientização das empresas no sentido de realmente
cumprirem as micropausas para a ginástica laboral (GODOY, 2005). Portanto, a
ergonomia associada a ginástica laboral contribui para melhorar a qualidade de vida
do trabalhador, o que comprovadamente gera ganho em produtividade.
Os abatedouros e frigoríficos de carnes são ambientes propícios a agravos
diferentes a saúde do trabalhador (PROTEÇÃO, 1995), este fato ocorre em
detrimento de uma realidade observada dentro destes ambientes, onde na maioria
das vezes as atividades são realizadas com equipamentos de proteção individual
(EPI) para buscar uma forma de proteção contra os riscos advindos das tarefas
realizadas. Obviamente que tarefas onde há uma necessidade de utilização de EPI
há riscos físicos a saúde dos funcionários. Contudo, hoje as empresas buscam um
tipo de proteção para outro mal que atinge ao setor de frigoríficos e abatedouros, as
lesões por esforços repetitivos (LER).
As lesões por esforços repetitivos são provenientes de diversos fatores
influenciadores que podem acometer as mais distintas classes sociais. Os diversos
sintomas, são verificados é no setor de frigoríficos e abatedouros que a propensão
ao surgimento da LER aumenta, são muitos os lesionados que quase de forma
invisível apresentam queixas nas regiões dos tendões, braços, antebraços e mãos,
sendo que na maioria dos casos estes trabalhadores já apresentam seqüelas
psicológicas destas lesões.
As L.E.R. ocorrem como, Oliveira (1998), “resultado do uso abusivo dos
músculos e tendões, por rápidos movimentos repetitivos e de força, em ações
estáticas e posturas inadequadas”. Portanto a L.E.R. pode acometer as pessoas que
realizam movimentos repetitivos, independente da classe de trabalho, sendo esta
caracterizada pelos agentes força e repetição.
26
As tendinites e tenossinovites são na experiência da NUSAT/INSS-MG, “as
formas mais incidentes na população de risco, notadamente nas situações em que
grande repetitividade se associa a exigência de força”, e são hoje responsável por
60% das doenças ocupacionais, conforme dados do INSS e afirmações do professor
Hudson Couto (1994), apud (CAÑETE, 1996).
Porém a L.E.R não é considerada como uma doença e sim uma lesão que as
vezes adquirem características de uma doença e não costumam ser graves, onde
quase sempre é curável e diminui com tratamento, sendo que apenas alguns casos
não evoluem bem (COUTO, 1998).
27
IV - ERGONOMIA
A ergonomia é a ciência que estuda dentre as suas possibilidades, a
adaptação do posto de trabalho em relação ao trabalhador, reduz de maneira
eficiente os problemas relacionados com a saúde e a segurança do trabalhador,
permitindo que execute com eficiência e, sensação de conforto e segurança o seu
trabalho, fazendo com que aumente a sua produtividade e diminuindo os riscos de
acidentes no trabalho. O ambiente de trabalho é uma fonte de estudo da ergonomia
onde muitas variáveis se fazem presentes, desde a disposição espacial até o
conforto ambiental, onde vários problemas são encontrados (ANTONALIA, 2008).
Autores como Monteiro e Bertagni (2009) destacam que o principal objetivo
da ergonomia é dar condições de trabalho onde haja maior conforto e bem-estar do
trabalhador no exercício de sua função. As melhorias ergonômicas estão
relacionadas a vários aspectos do trabalho, sendo elas: cadeiras, mesas e
bancadas; planejamento e localização dos móveis diante o trabalhador, quantidade,
qualidade e localização das luminárias; indicações sobre melhorias na organização
da atividade profissional.
Os Distúrbios Osteomusculares são uma conseqüência de vários fatores de
trabalho, que atuando de modo a corrigir posturas, movimentos e sua freqüência,
fazendo com que a ergonomia seja utilizada para prevenção destes distúrbios
(ANTONALIA, 2008). Para a prevenção da LER/DORT alguns cuidados devem ser
levados em consideração por parte do trabalhador, evitando com que este seja
acometido por doenças ocupacionais.
Pesquisas realizadas por Wiczick (2008) comprovaram que pouco se investe
em melhoria dos postos de trabalho no Brasil, o que se considera uma falha grave,
pois se devem analisar todas as possibilidades de geração de tensão, fadiga
precoce e aparecimento de LER/DORT – Lesão por Esforço Repetitivo/Doença
Osteomuscular Relacionado ao Trabalho.
28
As figuras 2 e 3 demonstram qual é a maneira correta do profissional
trabalhar sem que haja o surgimento das doenças ocupacionais, demonstrando
também como a empresa pode contribuir para deixar o seu funcionário de maneira
mais confortável em relação ao ambiente de trabalho.
Posicionamento Correto Posicionamento Errado
Figura 2: Posicionamento correto do profissional diante digitação.Fonte: Clique Saúde.
Quando não for possível adequar os móveis mediante a garantir o conforto do
funcionário, é possível realizar algumas mudanças no ambiente de trabalho, tais
como:
Altura do monitor: colocar livros ou algo semelhante embaixo do
monitor;
Posicionamento do monitor: deixá-lo sempre em frente do operador,
jamais colocá-lo lateralmente;
Mouse: permitir a movimentação do mesmo para ambos os lados
(direito e esquerdo), principalmente se o usuário já possuir algum desconforto ao
movimentá-lo;
Teclado: as mãos devem estar repousadas sobre o teclado, por isso,
este não deve ser posicionado muito elevado;
29
Altura da mesa: recomenda-se melhorar a altura e a condição da
cadeira;
Cadeira: se estiver muito elevada, faça uma adaptação com um apoio
para os pés.
Figura 3: Modelo ideal para ambiente profissional.Fonte: www.moveisparaescritoriosp.com.br
A figura 4 demonstra qual é a maneira correta do funcionário trabalhar em relação
àquelas atividades realizadas diante do computador, com este posicionamento
correto, o trabalho tende a render mais, além de contribuir para a demonstração do
risco de ocorrer às doenças ocupacionais.
30
Figura 4: Modelo correto de posicionamento corporalFonte: UNESP, 2009.
Definitivamente, os fatores ergonômicos deverão ser controlados para a
manutenção da saúde dos empregados, através do controle dos riscos que o
ambiente de trabalho oferece, já que este é de competência da decisão gerencial
nas organizações.
O controle e a postura ergonômica em manufatura reduzem sensivelmente os
problemas sociais relacionados com a saúde do trabalhador, fazendo com que ele
experimente sensação de conforto e segurança, se torne mais eficiente, se relacione
melhor com suas tarefas e com seu ambiente de trabalho, aumentando sua
produtividade e diminuindo o risco de acidentes e a fadiga (PONTES, 2005).
A figura 5 demonstrará como o funcionário deve efetuar a digitação de suas
atividades, sem que haja o aparecimento de possíveis lesões no punho.
31
Figura 5: Forma correta de digitarFonte: UNESP, 2009.
4.1 Medidas necessárias para prevenção da LER – DORT
No Brasil não é diferente, há um “descaso” tanto das empresas por não
tomarem como prática usual as medidas preventivas, quanto dos trabalhadores que
não recebem informações adequadas dos procedimentos corretos a serem
realizados no desenvolvimento de suas atividades diárias e dos médicos que, na
dúvida, não emitem a CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho, o que dificulta
o controle e a prevenção das L.E.R./D.O.R.T (CIZESKI e BENHOSSI, 2004).
Como já fora mencionado, o L.E.R. quando atinge a saúde do trabalhador e
está em um grau muito avançado, seu tratamento torna-se mais difícil podendo até
mesmo não ter cura. Portanto a melhor forma de evitar a L.E.R. é a prevenção
(IMAI, s/d).
Segundo Imai (s/d) é necessário que seja realizado um trabalho disciplinar
com os trabalhadores e com os empregadores, para uma prevenção mais eficaz.
Somente as melhorias nos postos de trabalho não são suficientes para deter o
aparecimento da L.E.R. Assim podemos entender que é muito importante à
conscientização dos empregadores na prevenção da L.E.R., proporcionando ao seu
empregado condições saudáveis e harmoniosas no meio ambiente de trabalho, pois
corre o risco de perder um grande funcionário em razão do seu descuido e é
necessário também que os trabalhadores saibam que há um limite tanto físico como
32
emocional, ou seja, não devem extrapolar em suas atividades, fazendo mais do que
sua saúde permite.
1. Identifique tarefas, ferramentas ou situações que causam dor ou desconforto
e converse sobre elas com os profissionais da Comissão de Saúde Ocupacional e
com sua chefia.
2. Faça revezamento nas tarefas.
3. Procure aprender outras tarefas que exijam outros tipos de movimento.
4. Faça pausas obrigatórias de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados,
evitando ultrapassar 6 horas de trabalho diário de digitação.
5. Auxilie na identificação das posições incorretas e forçadas no trabalho. Ao
mesmo tempo, procure dar sugestões sobre o que fazer.
6. Informe claramente à sua chefia quando o tempo determinado para realizar
uma tarefa for reduzido.
7. Diante dos sintomas de dor ou formigamento nos membros superiores, procure
um médico.
8. Procure conhecer os recursos de conforto do seu posto de trabalho.
9. Procure adotar as posturas corretas.
10. Levante-se de tempos em tempos, ande um pouco, espreguice-se, faça
movimentos contrários àqueles da tarefa.
Segundo DELIBERATO (2002), a prevenção é a melhor forma de combater
os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. A prescrição de exercícios
físicos, visando aumentar a força muscular, é uma tentativa de reforçar regiões
específicas. Os reforços musculares, associados a um trabalho ergonômico,
diminuem a possibilidade de os trabalhadores apresentarem LER/DORT (MENDES
& LEITE, 2004).
33
4.2 Exercícios de prevenção
Dimenstein e Ribeiro descrevem uma série de exercícios que podem ser
utilizados pelo profissional para a prevenção e auxiliam no tratamento da LER –
DORT dentre os quais citam-se:
Abra as mãos e encoste as palmas em "posição de rezar". Com os dedos
juntos flexione os punhos e comprima uma mão contra a outra. (frente do peito).
Aperte dedo contra dedo, alongando-os um por um (polegar contra polegar,
indicador contra indicador e assim por diante). Pode ser feito com todos os dedos ao
mesmo tempo.
Cruze o dedo com dedo (gancho) e puxe alternando-os. Ex. polegar com
médio, anular com mínimo. A variedade fica por conta de cada um.
Feche bem as mãos como se estivesse segurando algo com força. Em
seguida estique bem os dedos.
Abra os dedos afastando-os o máximo possível. Feche os dedos apertando-
os com a mão esticada.
Faça "ondas" com a mão e os dedos. Como se a mão estivesse serpenteando
no ar.
Balance as mãos.
Gire os punhos em círculo, com as mãos soltas, no sentido horário e anti-
horário.
34
Figura 6. Exercícios para prevenção de LER/DORT.Fonte: Cipa- ergonomia.
Esta seqüência de exercícios deve ser realizada a cada cinqüenta minutos de
trabalho corrido, devendo realizar uma seqüência de dez minutos de atividade
conforme descrita na figura 6 (CIPA – Comissão Interna de Prevenção de
acidentes).
Algumas recomendações para prevenir as doenças profissionais e do trabalho
serão listadas, a seguir (RIBEIRO et al, 1984 ; DIMENSTEIN,1993).
Aspectos Físicos
- Enclausuramento e automação dos processos e máquinas;
- Exaustão;
- Ventilação do ambiente de trabalho;
- Alterações de processos;
- Utilização dos equipamentos de proteção individuais e coletivos;
- Móveis adequados às características físicas dos trabalhadores;
- Limpeza regular dos aparelhos de ar-condicionado
35
- Quando da concepção da instalação, aproveitar da melhor forma possível à
ventilação natural.
Aspectos Organizacionais
- rotatividade das tarefas;
- pausas;
- redução da carga horária;
- evitar premiações por produtividade que traga prejuízo à saúde do
trabalhador;
- maior participação dos trabalhadores nas decisões;
- flexibilidade dos horários;
- técnicas de relaxamento.
- conhecimento do perigo;
- manter sob controle os exames médicos dos trabalhadores que
desenvolvem atividades com grande perigo;
V - OBJETIVO GERAL
36
Apresentar a incidência de LER/DORT nos trabalhadores atendidos pelo
Centro de Especialidades Médicas – CEM, no município de Aquidauana/MS, durante
os anos de 2009 a 2010;
Analisar de forma coletiva e individual de cada posto de trabalho de forma
geral com o intuito de verificar se o mobiliário e o ambiente dos postos de trabalho
estão corretamente adaptados às tarefas executadas. Planejar e desenvolver
também ações preventivas e Análise Ergonômica do Trabalho referente à
readequação de postos de trabalho, bem como verificar e identificar os sinais e
sintomas de doenças osteomusculares relacionada ao trabalho e lesões de esforços
repetitivos – LER/DORT.
VI - RESULTADOS E DISCUSSÃO
37
Estudo de casos de LER/DORT atendidos na rede publica municipal de Aquidauana – MS.
A realização desta pesquisa no município de Aquidauana teve como
finalidade mapear o parque produtivo e conhecer o perfil Epidemiológico de doenças
relacionadas com o trabalho que acometem e estrutura física e osteomusculares dos
trabalhadores abrangidos pelos setores mencionados posteriormente.
O público alvo da Pesquisa foi representado pelos trabalhadores atendidos na
Rede Publica Municipal de Saúde do município de Aquidauana – MS. Inicialmente
pela unidade básica de saúde, referenciado para Serviço de Vigilância em Saúde do
Trabalhador, especificamente dos Setores de Produção de Carne (trabalhadores de
Frigoríficos) Setor Serviço Publico (trabalhadores da Prefeitura Municipal de
Aquidauana) Setor Siderúrgico (metalúrgicos) e Setor de Prestação de Serviços
(trabalhadores autônomos).
Os atendimentos aos trabalhadores foram realizados durante os anos de
2009 e 2010. No total, trezentos e cinqüenta e um trabalhadores procuraram
atendimento médico no Centro de Especialidades Médicas deste município, dos
quais, centro e trinta e um foram atendidos no decorrer do ano de 2009 e, duzentos
e vinte e um, no ano de 2010. Sendo que, no referido período, cinqüenta e dois
trabalhadores apresentavam algum sintoma característico de LER/DORT (Gráfico 1).
38
De uma forma mais descriminada, os trabalhadores foram separados de
acordo com a atividade exercida por cada trabalhador que procurou assistência
médica. O gráfico a seguir, representa quatro diferentes setores de serviços
envolvidos nesta pesquisa, sendo estes: serviço, público, siderurgia, frigorífico e
setor de serviços. Sendo este grupo, representado por 64 trabalhadores (Gráfico 2).
39
ESTUDO DE LER & DORT MUNICIPIO DE AQUIDAUANA
53%
3%3,5%
39%
SERVIÇO PUBLICO SIDERURGIA FRIGORIFICO SETOR DE SERVIÇOS
25
2
34
3
Gráfico 2. Trabalhadores envolvidos em 4 setores de serviços
Como pudemos observar no gráfico, o grupo mais afetado foi dos
trabalhadores do setor de serviço publico, com 34 casos diagnosticados,
representado 53% dos casos. Seguido do setor de serviços, com 25 casos,
representados por 39% dos casos, seguidos dos trabalhadores do frigorífico e
siderurgia, com 3 e 2 casos, respectivamente.
Foram avaliados 351 trabalhadores atendidos no Serviço de Saúde dos
Trabalhadores, durante o período de 2009 e 2010, desse total 52 (13%) de
trabalhares, apresentaram algum tipo de Patologia Osteomuscular ou Lesões por
esforço físico repetitivo relacionado ao trabalho (Gráfico 3).
40
De modo a garantir tratamento aos trabalhadores atendidos pelo CEM,
algumas medidas preventivas foram adotadas, onde podemos citar: apoio de serviço
de Fisioterapia, avaliação ergonômica dos postos de trabalho e emitidos relatório
para adequação de mobiliários e correção postural, adoção de pausas intra
jornadas, implantação de atividades de relaxamento/alongamento de musculatura e
tendões, e elaborado material informativo para distribuição e orientação desses
trabalhadores, quanto a necessidade de adotar medidas e praticas saudáveis,
visando minimizar os impactos causados pela atividade laborativa e redução de
danos a integridade física dos trabalhadores, além de encaminhar, acompanhar e
tratamento dos trabalhadores lesionados, readaptação funcional e redução da carga
de esforço físico de acordo com cada caso apresentado.
O maior problema foi encontrado no próprio Centro de Especialidades
Médicas, pois este não oferece condições adequadas à atividade de digitação dos
recepcionistas, em virtude do mau posicionamento dos monitores dos computadores
que ficam à direita do digitador, sobre bancada fixa, provocando uma rotação de
tronco para direita com os membros superiores voltados para esquerda para usar o
teclado.
41
VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Hoje podemos perceber que existem muitos casos de L.E.R. em vários ramos
de atividades profissionais, e que essa doença esta crescendo cada vez mais em
nosso país e no mundo. Portanto, os trabalhadores e empregadores devem se
conscientizar das medidas de prevenção necessárias para que diminua o numero de
trabalhadores portadores dessa doença.
A verificação de incidência de casos de LER/DORT atendidos pelo Centro de
Especialidades Médicas (CEM), permitiu aferir que os trabalhadores que mais se
queixam de sintomas osteomusculares e dor relacionado ao trabalho, tiverem maior
ocorrência no grupo de trabalhadores de serviços públicos e, o menor, foi verificado
pelos trabalhadores da siderurgia.
Este estudo, portanto, serve como ponto de partida para profissionais da
saúde deste município, para desenvolverem projetos que contribuam para o bem-
estar do trabalhador, a fim de reduzir o número de casos de LER/DORT no
município de Aquidauana.
O acompanhamento dos profissionais da saúde ao implantarem ginástica
laboral nos postos de trabalho dos grupos pesquisados, efetuando palestras,
seminários, distribuição de materiais educativos, conseqüentemente, diminuiriam
significativamente a incidência de LER/DORT nos trabalhadores deste município.
42
VIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Empresa, INSS, Sindicatos, DRT, Convênios de assistência médica. 2.ed. São
Paulo: LTr, 2008.
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<http://profjairobrasil.blogspot.com/2009/04/ler-dort-lesoes-por-esforcos.html.>
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um caminho. Porto Alegre: Artes e Oficio Editora 1996.
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LER/DORT: lesões por esforços repetitivos, distúrbios osteomusculares relacionados
ao trabalho. Belo Horizonte: ERGO Editora, 1998.
CIZESKI, Cirlene Alexandre e BENHOSSI, Alessandra. L.E.R./D.O.R.T: aspectos
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DEFANI, Junior Clacindo; XAVIER, Antonio Augusto. Manutenção do programa de
ginástica laboral: estudo de caso em um abatedouro e frigorífico de carnes. Out.
2006.
Disponível em: <www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR500338_8476.pdf>.
Acesso em: 06/08/2011.
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43
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1992.
IMAI, Cláudia. As Lesões por Esforços Repetitivos e o Setor Bancário.
Disponível em: http://66.102.1.104/scholar?
hl=ptBR&lr=&q=cache:l1_l5S8NYfoJ:www.ead.fea.usp.br/semead/3
semead/pdf/RH/Art067.PDF. Consultado em: 04/06/2011.
INSS – Ordem de Serviço No. 606 de 5 de Agosto de 1998, que aprova a Norma
Técnica sobre Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. DOU No.
158. Seção 1. p.26-44 19/8/1999.
Lesão por Esforço Repetitivo. Disponível em:
http://www.bauru.unesp.br/curso_cipa/4_doencas_do_trabalho/2_ler.htm Consultado
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MENDES, R. A.; LEITE, N. Ginástica laboral: princípios e aplicações práticas.Barueri: Manole, 2004.
MONTEIRO, A.L. Acidentes de trabalho e doenças ocupacionais: conceitos,
processos de conhecimento e de execução e suas polêmicas / MONTEIRO, A.L.;
BERTAGNI, R. F.de S. 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
NEILL, M. J. O. LER/DORT Lesões por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho: O desafio de vencer. São Paulo:
Madras Editora Ltda., 2003.
OLIVEIRA, C. R. Manual prático de LER. Belo Horizonte: Livraria e Editora Health,
1998.
44
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Universidade Tecnologia Federal do Paraná campus Ponta Grossa. Curso de pós-
graduação em Engenharia de Produção. Ponta Grossa, 2005.
Protocolo de Investigação, Diagnóstico, Tratamento e Prevenção de LER/DORT.
Disponível em: http://www.ergonomianotrabalho.com.br/ler_dort_protocolo.pdf
Consultado em: 04/06/2011.
RIBEIRO, H.P., LACAZ, F.A.C. De que adoecem e morrem os trabalhadores. São Paulo: DIESAT/IMESP, 1984.
SELL, I. Qualidade de vida e condições de trabalho. In: Medicina básica do trabalho, Curitiba: Gênesis, v. IV, pp.158-175, 1995.
SOBRINHO, O. S. Temas de Ciências Sociais: In: Medicina básica do trabalho, Curitiba: Gênesis, v. III, pp.601-602, 1995.
WISNER, A. Arretons d'opposer cause technique et cause humaine. In: Santé et Travail, n.2, pp.29-35, 1991.
WICZICK, R. M. DIAGNÓSTICO DA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS ASSOCIADAS A
LER/DORT EM TRABALHADORES DE CÂMARAS FRIGORÍFICAS DE CURITIBA E
REGIÃO METROPOLITANA [tese] 2008. Disponível em:
http://www.pg.utfpr.edu.br/dirppg/ppgep/dissertacoes/arquivos/81/Dissertacao.pdf.
Consultado em: 06/08/2011.
45
ANEXO
Além do trabalho de coletada de dados para análise do referido trabalho,
também foram ministradas palestras de conscientização dos trabalhadores do
Frigorífico Buriti, localizado no município de Aquidauana – MS.
O Frigorífico Buriti em Parceria com a Gerência Municipal de Saúde e
Saneamento_GESAU, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida no trabalho,
e o bem estar de todos os seus colaboradores, estará realizando nos dias 13 a 18
de Junho de 2011 a 1ª Semana Interna de Prevenção de Acidentes Trabalho –
SIPAT.
As atividades têm como objetivo reduzir os índices de Acidentes e doenças
relacionados ao trabalho, conscientização dos trabalhadores quanto a necessidade
do uso correto de equipamentos de proteção, principalmente a preservação da
integridade física dos trabalhadores.
O Gerente Industrial da Empresa Sr Edson, destacou que a empresa vem se
preocupando com seus funcionários e esta realizando todos os esforços para
proporcionar a todos seus funcionários mais saúde e Segurança no Trabalho,
realizando todos os programas de Prevenção de Riscos e controle de doenças
decorrentes do trabalho, e neste processo de Vigilância em Saúde do Trabalhador e
equipe de Gerência Municipal de Saúde de Aquidauana tem sido parceiros
importantes da empresa na avaliação, Monitoramento e execução do controle dos
fatores de risco à exposição ocupacional, e isso tem possibilitado a geração de
novos postos de trabalho dentro da indústria frigorífica.
A Enfermeira Maria Irene, coordenadora do Programa Saúde do Trabalhador,
destacou a importante relevância da SIPAT, enalteceu a atitude da CIPA do
Frigorífico Buriti na realização do evento, podemos notar que cada vez mais os
empresários de Aquidauana, estão se preocupando e investindo na prevenção de
acidentes de trabalho, essas ações prevencionistas reduzem os indicadores de
afastamento do trabalho, reduz o índice de absenteísmo por afastamento por
doenças, melhora a imagem da empresa, aumenta o grau de satisfação da empresa
46
em zelar pela integridade física de seus funcionários, reduz o indicadores de
trabalhadores lesionados e afastados pela Previdência Social, e principalmente
melhora a qualidade de vida do trabalhador, para quando ele chegar ao final de sua
vida laborativa possa se aposentar com boas condições de saúde.
Os Técnicos de Segurança do Trabalho da empresa Marileide da Cruz e
Hudson, com apoio da Equipe de Vigilância Saúde do Trabalhador, planejaram
varias atividades educativas e de lazer para ministradas durante a semana de
Prevenção.
No primeiro dia, 106 colaboradores da empresa participaram da Atividade
Saúde do Trabalhador/Ginástica Laboral ministrada pela Fisioterapeuta Aline Faria
Vavancos do Programa Saúde do Trabalhador.
PROGRAMAÇÃO:
2ª Feira: 13/06/11 – Abertura - Palestra com a Comissão Intersetorial de Saúde
do Trabalhador – CIST/ Ginástica laboral. (Enfermeira Irene, Fisioterapeuta Aline e
Técnico Daniel)
3ª Feira: 14/06/11 – Palestra Doenças Sexualmente Transmissíveis –DST
(Enfermeiro Julio Klein e equipe CRAES).
4ª Feira: 15/06/11 – Palestra sobre Alcoolismo e Tabagismo (Adriana GESAU)
5ª Feira: 16/06/11 – Integração/Lazer – Sorteio de Prêmios/brindes.
6ª Feira: 17/06/11 – Diálogo de Segurança – DDS / Setor da empresa;
Sábado: 18/06/11 – Instalação da placa de Estatística / CIPA.
As fotos a seguir, representam a palestra ministrada pela enfermeira Maria
Irene, Fisioterapeuta Aline e, pelo técnico Daniel. Aos funcionários do Frigorífico
Buriti, realizada no dia 13 de junho de 2011.
47
48
49
50