Maria da Graça Costa Val - Redação e Textualidade - 3º Edição - Ano 2006.pdf

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    TEXTO E LINGUAGEM TEXTO E LINGUAGEM TEXTO E LINGUAGEM TEXTO E LINGUAGEM TEXTO E LINGUAGEM

    W30Vn0Nll 3 01X31 W39VnONH 3 01X31 W30VD0NI1 3 01X31 W30Vn0N!l 3 01X31 W39VnONIl 3 01X31

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    TEXTO E LINGUAGEMColeo dirigida p or Maquira Osak abe,

    Maria Laura Mayrink-Sabinson c

    Raquel Salck Fiad

    A coleo destina-se

    principalmente a professores

    do ensino mdio, na rea de

    lngua e literatura. As obras

    pretendem contribuir para a

    atuao na sala de aula, trazendo

    resultados de pesquisas e

    propondo mtodos muitas vezes

    inovadores, sempre com slido

    embasamento terico.

    CAPA

    Projeto grfico Alexondre Martins Fontes

    Ilustrao Rex Design

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    REDAO E TEXTUALIDADE

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    REDAO E TEXTUALIDADE*

    Maria da Graa Costa Vai

    martinsMartins Fontes

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    SUMRIO

    A p re se n ta o ................................................................ VII

    PRIMEIRA PARTEPRESSUPOSTOS

    CAPITULO J

    Texto e textualidade ................................................ 3

    CAPITULO 2

    Como aval iar a textual idade? .............................. 17

    SEGUNDA PARTE

    RELATO DE UMA AN LISE

    CAPITULO 3

    As condies de produo ..................................... 43

    CAPITULO 4

    A coernc ia, a coeso e a in formativid ade:

    breve es tudo quantitativo ................................ 53

    CAPITULO 5

    A coerncia, a coeso e a informatividade:anlise qualitativa ................................................ 59

    CAPITULO 6

    Uma viso global do c o r p u s .................................. 111

    Concluso ..................................................................... 121

    Noias .............................................................................. 129B ib lio g ra f ia ................................................................... 131

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    *

    Copyright O 1991. Ijvm n a M anm \ Fkmtt% FAttofa lida ..

    SoM/wfe /*i/ n /jpresente edio.

    1T ed io /v y/

    3! edio 2006

    2! tiragem 2009

    iVrpa n^*) do original

    M u ricto Buhhtza r Leal

    Reviw s g r fic as

    EdunnioAngelo Batista

    Maur i m t tUilthnzar Leal

    Produo grfica

    GrrnIJo Abe s

    l>ados Internacionais ck ( aUfci&v* na Pubbcao (C IP

    iC fm ra Brasdna do 1j\ru . SP. Bral)

    Co m i Vai. Mana da Gi as,aKedan e textualiiladc / M ana d a (Jraa Cm ta Vai. - 3* ed SAn

    Paulo M ania s Fontes. 2006 . - (Tcxio c linguagem

    ISBN 85-336-2*40-2

    I Portugus - R edao 2 . Ked ajo flaleratunO 1 Titulo. II Sre

    06 8407 __________________________________________ CDI>-X0 H

    ndices pu ra catalogo sistemtico:

    I RedaAo Liicratu ra S0 K

    2 . Texto : ProduJko : Rctom a 808

    Todos os direitos desta edio para a lingua iwrtuguesa resenados IJvraria Martins Fontes Editora lida.

    Rua Ctmxelheiro Ramalho. 330 01325 OPO S o Paulo SP RrasilTel

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    APRESENTAO

    A lingstica textual, desenvolvida so bre tud ona Eu ro pa a pa rt ir do final da dcad a de 60, temse dedicado a es tud ar a na tu rez a do texto e os fator es envolvidos em sua pr od u o e recepo. Essa teor ia , na medida em que busca esc larecer oqu e e co m o se produz u m texto, merece ser conhecida e cons id erada p o r quem se in teressa pelo t rabalho com a expresso escri ta na escola .

    Este l ivro pro cu ra cond en sar algumas das noes mais relevan tes da te oria e relacion-las comos r esulta do s de um a anlise de cem redaes elab o rad as po r candidatos ao cu rso de Letras daUFMG no vestibular de 1983, na tentativa de estabelecer um diagns tico e levan tar a lgumas s u gestes pa ra o ensino esco lar de red a o1.

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    PRIMEIRA PARTE

    PRESSUPOSTOS

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    CAPITULO I

    T E X T O E T E X T U A L ID A D E

    1. O q u e t e x t o

    Para se com preen der melhor o fenmeno daproduo de textos escritos, im porta entenderpreviamente o que caracteriza o texto, escrito ouoral, un idade lingstica comunic ativa bsica, jque o que as pessoas tm para dizer umas s

    ou tra s no so palavras nem frases isoladas, sotextos.Pode-se de finir texto ou d iscur so como ocor

    rncia lingstica falada ou escrita, de qualq uerextenso, dotada de unidade sociocomunicativa,semntica e formal.

    Antes de mais nada, um texto c uma uni

    dade de linguagem em uso2, cumprindo umafuno identificvel num dado jogo de atuao

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    a) o pragmtico, que tem a ver com seu f un cionamento enquanto atuao informacio-nal e comunicativa;

    b)o semntico-conceitual, de que dependesua coerncia;

    c) o lormal, que diz respei to sua coeso.

    2. O que textualidade

    Chama-se textualidadeao conjunto de ca rac tersticas que fazem com que um texto seja umtexto, e no apenas uma seqncia de frases.Beaugrande e Dressler (1983) apontam sete fatores responsveis pela textualidade de urn discu rso qualquer: a coerncia e a coeso, que se relacionam com o material conceituai e lingsticodo texto, e a intencionalidade , a aceitabilidade,a situacionalida.de,a informatividadee a intertex-malidade,que tm a ver com os fatores pragmticos envolvidos no processo sociocomunicativo.

    2.1. Coerncia e coeso

    A coerncia resulta da configurao que assumem os conceitos e relaes subjacentes superfcie textual. considerada o fator fundamental da textualidade, porque c responsvel pelosentido do texto. Envolve no so aspectos lgicose semnticos, mas tambm cognitivos, na medida em que depende do partilharde conhecimentos entre os interlocutores.

    Um discu rso aceito como coerente quando

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    apresenta uma conf igurao conceituai com patvel com o conhecimento dc mundo do reccbe-dor. Essa questo fundam ental. 0 texto no sig

    nifica exclusivamente por si mesmo. Seu sentido con strudo no s pelo pro du tor como tam bm pelo reccbedor, que precisa de ter os conhecimentos nec essrios sua interpreta o. O produtor do discurso no ignora essa par t ic ipaodo in ter lo cu tor e co nt a com ela. fcil verificarque grande parte dos conhecimentos necessrios com pre enso dos textos Ao vem explcita, masfica depen dente da capa cidad e de pressup osioe inferncia do recebedor.

    Assim, a coer ncia do texto deriva de sua lgica interna, resu ltan te dos signif icados que suarede de conceitos e relaes pe em jogo, mastamb m da compat ibi lidade entre essa rede conceituai o mundo textual e o conhecimentode mundo dc quem processa o discurso.

    A coeso a ma nifesta o lingstica da coerncia; advm da man eira como os conceitos e relaes subjacentes so expressos na superfcietextual. Responsvel pela unid ade form al do texto, constri -se a t ravs de mecanismos gramat icais c lexicais.

    En tre os pr imeiros es to os prono m es ana-fricos, os artigos, a elipse, a concordncia, a correlao entre os tem pos verbais, as conjunes,por exemplo. Todos esses recursos expressam relaes no s en tre os elem entos no inte rior deum a frase, mas tamb m entre frases e seqnciasdc frases dentro de um texto.

    J a coeso lexical se faz pela re itera o, pela su bs titu io e pela associao. A re ite ra o se

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    d pela simples rep etio de um item lxico e tam bm por processos como a nominalizao (ex.: a retomada, atravs de um substantivo cognato, daidia expressa por um verbo, com o em adiar/adiamento ou promover/promoo). A subs tituio in

    clui a sinonmia, a antonmia, a hiponmia (quandoo termo subs t i tu do representa um a par te ou umelemento e o sub st i tuid or repre senta o todo ou aclasse ex.: carroa/veculo), e a hiperonmia(quando o term o subs ti tudo rep resen ta o todo oua classe e o sub sti tuidor u m a parte ou um elemento ex.: objeto/caneta). Finalmente, a associao

    o processo que per m ite relacion ar itens do vocabulrio pertinentes a um mesmo esquema cognitivo (por exemplo, se falam os aniversrio,podemosem seguida mencion ar bolo, velinha, presentes,eesses termo s sero interpre tado s com o alusivos aomesmo evento).

    A coe rncia e a coeso tm cm com um a ca

    racter s t ica de promover a inter-relao semntica entre os elementos do discurso, respondendo pelo que se pode chamar de conectividadetextual8. A coerncia diz respeito ao nexo ent reos conceitos c a coeso, expresso desse nexono plano l ingst ico. importante registrar queo nexo indispensvel para que uma seqncia

    de frases possa ser reconhecida como texto. Entretanto, esse nexo nem sem pre precisa es tar explcito na superfc ie do texto por um mecanismode coeso gramatical . Vejamos um exemplo:

    (1 )0 Ped ro vai b us ca r as bebidas. A Sandra temque fica r com os meninos. A Tereza ar ru m a

    a casa. Hoje eu vou pre cisar da aju da de todo mundo.

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    Unia a la como (1) per fe ita men te aceitvel,tem coerncia, Iaz sentido. E ntr eta nto no ap re senta m arc ado res sintticos especficos que denotem sua coeso. 0 nexo ent re as frases se cons

    tri no no nvel gramat ical, mas no nvel semn-tico-cognitivo.

    Por ou tro lado, um a seqc ncia de frases interligadas por m arca dores lingsticos de coesoque no corresp ond esse m a relaes efetivas estabelecidas na estrutura lgico-semntico-cognitiva subjacente no seria um texto. pos

    svel for jar artificialmente' um exemplo para ilustrar (normalmente, a competncia textual intuitiva impede que as pessoas produzam seqnciasdesse tipo):

    (2) No rdio toca um rock. O rock um ritmo moderno. O corao tambm tem rit

    mo. Ele um msculo oco composto deduas aurculas e dois ventrculos.

    Em (2), a presena dc recursos coesivos in-terfrasais (a recorrncia de item lexical assinalada por art igo definido, o art iculador tambm e o pronome anafrico ele) no suficien

    te par a gar an tir textualidade seqncia, j queela no funciona como um todo significativo coerente.

    Entretanto, inegvel a utilidade dos mecanismos dc coeso como fatores da eficincia dodiscurso. Alem de to r n a r a superfcie textual estvel e econmica, na medida em que fornecem

    possibilidades variadas de se promover a continuida de e a progresso do texto, tamb m p erm i

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    tem a expl icitao de relaes que, implcitas, poderiam s er de difcil interpreta o, sob retu do naescrita.

    Nas seqncias (3) e (4) abaixo, por exemplo,

    o nexo facilmente recobrvel pelo leitor, emborano manifesto na superfcie:

    (3) A mquina parou. Est faltando energiaeltrica.

    (4)Choveu. O cho est molhado.

    O mesm o no acontece, porem, com as frasesde (5a) a (51). Nesses casos, se a re lao pretend ida no vier expressa, o recebedor poder a trib uirao enunciado sentido diferente do que o autor queria, sobretudo se, no se tratando de produooral, no fo r possvel depr eender as intenes doprodutor atravs da entonao. Veja-se:

    (5a) Paulo saiu. Joo chegou.(5b) Paulo saiu assim que Joo chegou.(5c) Paulo saiu, mas Joo chegou.(5d) Paulo saiu, porque Joo chegou.(5e) Paulo saiu, apesar de Joo ter chegado.(5f )Sc Paulo saiu, Joo deve ter chegado.

    Casos similares a (3) e (4) foram estudadospor Isenberg (1968), que os interpretou como possibilidades de "textualizao" entr e frases assin-dlicas. O primeiro exemplifica a textualizaopor "conexo causai" (a mquina parou porqueest faltando energia cltrica) e o segundo, por"interp retao diagnostica" (pode-se verificar quechoveu pelo fato de o cho estar molhado).

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    Ao contrrio, os exemplos (5b-f), inspiradosem Garcia (1977: 18-20, 262-264), no podem dispensar a conjuno, porque o nexo conceituai e n tre as informaes , digamos, mais f rouxo e, po rtanto, de pro cessame nto no imediato. H diferentes possibilidades de ar ticula o e, por isso, a o p o por uma delas precisa ser explcita.

    Alm disso, os recu rsos coesivos, qua nd o pre sentes, devem obedecer a padres prvios, casocontrrio seu em prego ser percebido como "in frao textual9, tornando irregular" a seqncia em que ocorrem. Alguns dos princpios queorientam o emprego desses recursos sero lembrados mais adiante.

    Resumindo o qu e foi dito, o fundamental pa raa textualidade a relao coeren te entre as idias.A explicitao dessa relao atravs de recursoscoesivos til, m as nem sem pre obrigatr ia. E ntretanto, um a vez presen tes, esses recursos devemser usados de aco rdo com reg ras especficas, sob

    pena de reduzir a aceitabilidade do texto.

    2.2. Os fatores pragmticos da textualidade

    En tre os cinco fatores pragm ticos estudadospor Beaugrande e Dressler (1983), os dois pr im eiros se referem aos protag onistas do ato de co m unicao: a intenc iona l idade e a aceitabilidade.

    A intencionalidade concerne ao empenho doprodutor em constru ir um discurso coerente, coeso e capaz de sa tisfa ze r os objetivos que tem em

    mente n uma determ inada situao comunicativa.A meta pode ser informar, ou impressionar, ou

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    al ar m ar , ou convencer, ou pedir, ou ofender, ctc.,e ela que vai orientar a confeco do texto.

    Em outras palavras, a intcncionalidade dizrespeito ao valor ilocutrio do discurso, elemen

    to da maior importncia no jogo de atuao comunicativa.

    O ou tro lado da moeda c a aceitabilidade,queconcern e expectativa do rec ebe dor dc que o conjunto de ocorrncias com que se defronta seja umtexto coerente, coeso, til c relevante, capaz delev-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar

    com o.s objetivos do produtor.Grice (1975, 1978)10 es tabe lece mximas con-

    versacionais, que seriam estratgia s norm alm ente adotadas pelos produtore s pa ra alcan ar a aceitabilidade do recebedor. Tais estratgias se referem necessidade de cooperao (no sentido deo pr od ut or re spon der aos interesses dc seu inter

    locutor) c qualidade (autenticidade), quantidade (informatividade), pertin ncia e relevncia dasinformaes, bem como m an eira como essas informaes so apresen tada s (preciso, clareza, ordenao, conciso, ctc).

    Mas possvel que, deliberadamente, o produ tor queira apr esen tar um texto que desrespei

    te alguma(s) dessas mximas. Tal inteno, reconhecida pelo recebedor, ganh ar f un o significativa c resultar em efeito de sentido importanteno jogo interativo. o que-Grice chama de im-plicatura conversacional: o r ecebedor prefere supor que a infrao aos princpios conversacionaisseja intencional e tenh a algum a significao do que

    simp lesm ente aceita r que seu inte rlocu tor possaproduzir um discurso impertinente e sem sentido.

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    Charollcs (1978:38) af irma que, em geral, o rc-ccbedor d um "crdito de coercncia" ao produtor: supe que seu discurso seja coerente e se em

    penha em captar essa coerncia, recobrindo lacunas. fazendo dedues, enfim, colocando a servio da compreenso do texto todo conhecimentode que dispe.

    Assim, a comunicao se efetiva quando se estabelece um con tra to de cooperao en tre os interlocutores, de tal modo que as eventuais falhas

    do produtor so percebidas como significativas (asvezes, o sentido do texto st na sua aparen te falta de sentido cf. a piada), ou so cobertas pelatolerncia do recebedor. A margem de tolernciae tanto maior qu an to mais conhecido o assuntoe mais informal a situao. O pr od utor sabe daexistncia dessa tolerabil idade e conta com ela,assim como conta a capacidade de pressuposio

    e inferncia do recebedor. Essa cumplicidade"do recebedor para com o texto que possibilitaque a produo no seja tarefa excessivamente difcil e tensa e, assim, viabiliza o jogo comunicativo.

    O terceiro fator de textualidade, segundoBeaugrandc e Dresslcr (1983), a situacionalida-de, que diz respeito aos elementos responsveis

    pela pertinncia e relevncia do texto quanto aocontexto em que ocorre. E a adequao do textoa situao sociocomunicativa.

    O contexto pode, realmente, del in ir o sentido do discurso e, normalmente, orienta tanto aproduo quanto a recepo. Em determinadascircunstncias, um texto menos coeso e aparentemente menos claro pode funcionar melhor, ser

    mais adequado do que outro de configurao maiscompleta. Se n e m de exemplo as inscries lac-

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    nicas das p lacas de t rnsi to , mais apro pr iad as s i tuao espec f ica cm que so usa das do que umlongo texto explicat ivo ou pe rsu asiv o que os motor is tas sequer t ivessem tempo de ler .

    A co njun o dos trs fa tor es j mencionados

    resul ta n um a srie de conseqn cias pa ra a prtica comunicativa.

    Em pr im ei ro lugar , imp or tante para o produ tor saber com que conhecimentos do recebedorclc pode contar c que, por tanto, no precisa exp lic i ta r no seu discurso. Esses conhecim entos podem advir do contexto imediato ou podem pree-

    xist i r ao ato comunicativo. Assim, um a inform ao apa rentem ente absurd a com o o exemplo a seguir, ex tra do de Elias (1981: 45), f ar s en tido para quem sou be r que Maria sofre de problem as gstr icos de fundo nervoso e que passa mal sem preque come tensa , preocupada com o horr io :

    (6) Maria teve uma indigesto embora o relgio est ivesse est ragado.

    Da vem a no o de coerncia pragmtica,ouseja, a nec essid ade d e o texto ser reco nhe cido pelo recebedoi com o um em preg o norm al da l inguagem num de te rminado con tex to .

    Out ra conseqnc ia da con jugao dessest rs f atores de textual idade a existncia dos diversos t ipos de d iscurso . A pra xe aca ba po r es tabe lecer que, num a dada c i rcu n s tn c ia , tendo-scem mente determinada in teno i locucional ,deve-se co m po r o tex to dessa ou daq uela m aneira. Assim, h convenes que regem o fun cion a

    m ento da l inguagem na intera o social e que determinam, especi f icamente , qual o t ipo par t icu

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    l a r de d i scurso ade quad o a cada a to com unica t ivo. Essa questo da maior importncia paraquem tra ba lha com o ensino de redao, pois vemdai o lato de que a textualidade de cada t ipo dediscurso envolve elementos di ferentes . O que cqual idade num texto argumentai ivo formal poder se r defe ito num poema, ou nu m a es tr ia desuspense , ou numa conversa de botequim, porexemplo.

    O interesse do recebedor pelo texto vai depender do g rau de in formal iv idade de que o ul t i

    mo porta dor . Esse mais um fator de textual idade a po nta do por Be aug ran de e Dress lcr (1983)e diz respe ito me dida na qual as ocor rn cia s deum texto so esperadas ou no, conhecidas ouno, no plano conceituai e no formal. Oc orre queum discurso menos previsvel mais informat ivo, porque a sua recepo, embora mais t raba

    lhosa, resul ta mais interessante, m ais envolvente. E nt re tanto , se o texto sc m o st ra r in te i ram en te inusi tado, ten de r a ser rejei tado pelo rece bedor, que no conseguir process-lo. Assim, oideal o texto se manter num nvel mediano deinformatividade, no qual se al tern am ocorrnciasde proce ssam ento imediato, que falam do conhe

    cido, com ocorrncias de process am ento m ais tr abalhoso, que trazem a novidade.Para mim, o texto com bom ndice de infor-

    mat iv idade p rec i sa a inda a t e nd er a ou t ro requ isito: a suficincia de dados. Isso significa que otexto tem que apresentar todas as informaesnecessr ias para que se ja compreendido com o

    sent ido que o pr od uto r p retende. No possvelnem desejvel que o discurso explici te todas as

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    informaes necessrias ao seu processamento,mas c preciso que ele deixe inequvocos todos osdados necessrios sua compreenso aos quais

    o recebedor no conseguir chegar sozinho.Bcaugrande e Drcssler (1983) lalam ainda de

    um outro componente de textualidade: a intertcx-tua!idade, que concerne aos fatores que fazem autilizao dc um texto dependente do conhecimento de outro(s) texto(s). De fato, "um discurso novem ao mundo numa inocente solitude, mas

    contri-se atravs de um j-dito em relao ao qualele toma posio 11. Inmero s textos s fazemsentido quando entendidos em relao a outrostextos, que funcionam como seu contexto. Isso verdade tan to para a fala coloquial, em que se retomam conversas anteriores, quanto para os pronunciamentos polticos ou o noticirio dos jornais,

    que requerem o conhec imento de discursos e notcias j divulgadas, que so tomados como ponto de partida ou so respondidos.

    H aqui uma ques to interessante que no mencionada pelos auto res. que o mais freqente interlocutor de todos os textos, invocado e res

    pondido consciente ou inconscientemente, o discurso annimo do senso comum, da voz geral co rrente. Assim, ava liar a intertextualidade, em sen-tido lato, pode significar anal isa r a presena dessa fala subliminar , de todos e de ningum, nos textos es tu dados12. Por ou tro lado, como esse discurso de conhecimento geral, pode-se tambmconsider-lo como informao previsvel e avaliarsua presena como elemento que faz baixar o grau

    de informatividade. Foi essa a minha opo naanlise de redaes que apresento adiante.

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    Relac ionando os conceitos dc texto e tex tualidade, poder-se-ia dizer, cm princpio, que a unidade textual se constri, no aspecto sociocomu-

    nicativo,atravs dos fatores pragm ticos (inten-cionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informativ idade e intertextualidade); no aspecto semntico,atravs da coerncia; e, no aspecto formal, atravs da coeso.

    possvel, no entanto, repensar esse arranjo, se se considerar que a informatividade e a in-tertextualidade dizem respeito, tambm, matria conce ituai do discurs , na medida em que lidam com conhecimentos partilhados pelos interlocutores. Ao mesm o tempo que contribuem para a eficincia pragmtica do texto, conferindo-lhe interesse e relevncia, esses dois fato res tam

    bm se colocam como constitutivos da unidadelgico-semntico-cognitiva do discurso, ao lado

    da coerncia . Assim, poder-se-ia situ-los a cavaleiro, parte no p lano sociocomunicativo, pa rte no

    plano semntico-conceitual. Foi dessa maneiraque os considerei neste trabalho.

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    CAPTULO 2

    COMO AVALIAR A TEXTUALIDADE?

    1. Questes preliminares

    Um dos pontos-chave da lingstica textual a discusso sobre o que faz de um texto um texto, isto , em que consiste a essncia de um texto, que propriedade distingue textos de no-

    textos. A essa discusso grande nmero de es tu dos recentes responde apontando a coerncia como fator fundamental da textualidade e, em funo dessa resposta, tenta esclarecer o que e deque feita a coerncia de um texto. A conceitua-o terica, que busca estabelecer em que nvelse situa e com que elementos lida a coerncia, semostra, muitas vezes, fruto da anlise emprica,empenhada em descobrir que caractersticasusualmente apresentam os textos coerentes. Es

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    sas cara cterstic as so chamadas por alguns dccondies ou requisitos de coerncia, porque, seum texto coerente tem qualidades especficas que

    o distinguem dos incoerentes, pode-se afirmarque, para ser coerente, um texto precisa apresentar tais qualidades. Assim, a observao emprica possibilita a descrio, que, por sua vez, permite a formulao de critrios para a anlisetextual.

    Neste trabalho, tomo como ponto de parti

    da a descrio fornecida por estudiosos da questo e utilizo como instriimcnto critrios de avaliao que considerei adequados ao modelo terico adotado. Para ava liar a coerncia e a coesodas redaes do corpus, tomei como base as chamadas "me ta-regras formuladas po r Charollcs(1978) e, para os demais fatores de textualidade,orientei-me pelo que propem Beaugrandc eDressler (1983).

    Antes de apresentar e discutir os critrios deavaliao adotados, preciso deixar claros algunspontos.

    Primeiro quero regis trar que a inteno aquino , de maneira alguma, prescritiva. No se estaqui fornecendo mais uma receita, ou uma nova

    lista de macetes, qual as redaes escolares devam se conformar para obter boas notas e se aproximar do modelo que garante aprovao no vesti

    bular. 0 que se pretende , a partir de um quadrode caractersticas identificadas em textos que "funcionam', constru ir um quadro adequado para balizar a avaliao do funcionamento de outros textos.

    Em segundo lugar, quero delimitar a aplicabilidade dos critrios a serem adotados. Confor-

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    me acertadamente observa Widdowson (1981: 56),a aceitabilidade de um texto se prende sua identificao como um emprego normal da lngua".Ora, em situaes diferentes, so diferentes as expectativas quanto ao que seja normal" e aceitvel. Assim, os critrios aplicveis ao corpusdesta pesquisa podem no ser adeq uados pa ra o julgamento da textualidade de discursos de outrotipo c construdos com outros objetivos. 0$ textos por mim analisados, por exigncia da natu

    reza e do prog ram a do concurso vestibular, se revestem de peculia ridades que no sc podem deixar de levar cm conta: so textos escritos, formais, de funo referencial dominan te, com postos de introduo, desenvolvimento e concluso,atravs dos qua is os candidatos buscam demonstrar sua habilidade de expor idias c argumen

    tar em torno de determinado problema. Os requisitos a que esse tipo especfico de texto deve responder para angariar aceitabilidade so certamente impraticveis para uma conversa descontrada. um poema ou um romance, por exemplo.

    Resta ainda um a observao a fazer, quanto organizao dada ao grupo de fatores levadosem conta no julgamento das redaes. Como todas elas loram produzidas sob as mesmas condies (o vestibular) e no me era possvel ter acessoa cada produtor individualmente, examinei embloco a interferncia dos fatores pragmticos emsua textualidade. Quero dizer: a intencional ida-de, a aceitabilidade e a situacionalidade no foram analisadas cm cada redao particular; foi

    feita uma anlise desses trs f atores para o conjunto das redaes. Por outro lado, ampliei o con-

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    ccito de informatividade, dc modo a incluir nelea suficincia de dadosc a intertextualidade(j queos textos requer idos pa ra a inte rpretao do textoX" constituem informaes prvias necessriasao texto "X"). Assim, entendendo a informatividade, bem como a coerncia e a coeso como fatores centra dos no texto, concernentes a elementos con stit uti vos do texto, avaliei a p res en a e ofuncionam ento desses trs componen tes da textualidade em cada redao do corpus.

    f2. Critrios para a anlise da coerncia

    e da coeso

    Entendida a coernciacom o a configuraoconceituai subja cen te e responsvel pelo sentidodo texto, e a coeso como su a exp ress o no pla

    no lingstico, preciso esmiuar essas noes,para perceber de que so feitos esses fatores ecomo se apr ese ntam ou deixam de se ap rese ntarem pro dues lingsticas reais tais como as redaes dos alunos na escola.

    interessante a proposta do lingista francs Charolles (1978), po rque pa rte e xa tam ente da

    anlise de redaes de es tud an tes da escola elem en tar e do ensino mdio. N essa tentativa de explicitar o s is tem a implcito de regras referentes composio e interpretao de textos, queconstitui a competncia textual presente em todo falante, o au to r se vale tamb m das intervenes feitas pelos professores, de modo a perce

    ber o fenmeno em seus dois m om entos fundamentais a produo e a recepo.

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    Para Charolles (1978), um texto coerente ecoeso satisfaz a qu at ro requisitos: a repetio, aprogresso, a no-contradio e a relao. Vou

    cham-los, aqui, dc continuidade, progresso, no-con tradio e articulao.

    2.1. A continuidade

    A con tinu idad e diz resp eito nec essria re

    tomada de elementos no decorrer do discurso.Tem a ver com sua un idade , pois um dos fatoresqu e fazem com que se perceba um texto como umtodo nico c a permanncia, em seu desenvolvimento, dc elemen tos constan tes. Uma seqnciaque trate a cada passo de um assunto diferentecertamente no ser aceita como texto.

    Quanto coerncia, esse requisito se manifesta pela re tom ada de conceitos, de idias. Quanto coeso, pelo emprego de recursos lingsticos especficos, tais como a repe tio de palavras,o uso de artigos definidos ou pro nom es dem onstrativos para de term inar entidad es j mencionadas, o uso de pronomes anafricos e de outros termos vicrios (como os pr-verbos s e r e fazer e ospr-advrbios l, ali, ento, etc.), a elipse de termos facilmente recobrveis, entre outros mecanismos.

    O emprego desses mecanismos de coesoobedece a re gra s especficas, com o j disse. Porexemplo, os pron omes anaf ricos devem concorda r em gnero e nm ero com o term o que sub s

    tituem. Assim, uma seq n cia com o a que se segue con ter um a infrao textual, se oc or rer em

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    discu rso escr i to formal , cm cuja recepo a expec tat iva de respeito ao d ia leto padro :

    (7) O m en or abandonado p reo cup a a populao das g randes c idades porque a m arg ina l idade acaba os levando ao crime.

    O utra exigncia cabvel qua nto a esse t ipo ded i scurso que s podem rec ob rar po r p ronomeelementos expre ssos na superf cie textual . 0 a luno a ut o r da f rase abaixo infr ingiu essa exignciaao p refe r i r a expresso Areao h u m a n a a reao do homem , porque sua opo acabou deixando sem an tecede nte expresso o pron om e quevem em seguida:

    (8) Pode-se def inir con he cim ento co m o a r ea o humana ao meio que o cerca .

    Um caso m ui to f reqen te de desvio de coeso", no d iz er de El ias (1981: 59-60), a qu ele emque o emp rego do p ronome anafr i co c r i a am bigidade, porq ue h mais de um term o que podelhe servir de antecedente. A seqncia abaixoexemplif ica o problema:

    (9)Ana es tava con versando com Teresae Rosa chegou. A ela con tou que es t namorando Joo.

    Assim, ava l iar a con t inuida de de um texto cverificar, no plano conceituai , se h elementos

    que percorrem todo o seu desenvolvimento,confcrindo-lhe unidade; e, no p lano lingstico,

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    se esses elementos so retomados convenientemente pelos recursos adequados. No cabe aquilazer o levantamento e a descrio de todas asregras que governam o emprego desses recursos,

    mas posso af irm ar que elas fazem parte da gramt ica in tui tiva de todo falante, que capaz noso de empreg-los natura lmente como de reconhecer as eventua is fa lhas no seu uso (tendo em vista, claro, as contingncias pragmticas da atuao comunicativa).

    Na anlise das redaes do corpus,conside

    rei a continuidaderequisito da coernciae observei se os recursos lingsticos que servem expresso desse requisito foram empregados de modo a favorecer a coeso textual.

    2.2. A progresso

    Para Charolles (1978), a progresso, contrapartida da repetio ou continuidade, a segunda condio de coerncia e coeso. O texto deveretomar seus elementos conceituais e formais,mas no pode se limitar a essa repetio. preciso que apresente novas informaes a propsito dos elementos retomados. So esses acrsci

    mos semnt icos que fazem o sentido do texto progredir e que, afinal, o justificam.

    No plano da coerncia, pcrcebe-se a progresso pela soma de idias novas s que j vinhamsendo tratadas No plano da coeso, a lngua dispe de mecanismos especiais para manifestar asrelaes ent re o dadoe o novo13. Por exemplo, o

    dado, que costuma coincidir com o tpico, em

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    geral c retomado anaforicamente e aparece no inicio de frases ou mesmo pargrafos ou seqnciasde frases. J a informao nova com freqncia

    se expressa pelo comentrio e figura no final dasfrases. A progresso pode se fazer pelo acrscimo de novos comentrios a um mesmo tpico, ou

    pela transformao dos comentrios em novos tpicos. A mudana dc tpico deve se apresentarinequvoca para o recebedor, sob pena de causardificuldades de compreenso, visto que a tendncia mais comum interpreta r as anforas de uma

    passagem como referentes ao tpico dessa passagem. O texto que no deixa claro, a cada passo, de que est tratando pode levar o recebedora um processamento indevido que, na melhor dashipteses, precisar ser refeito. H. no portugus,construes, palavras e locues que servem para dest aca r de ma neira especial o tpico de uma

    passagem, colocando-o em posio de foco: quanto a, a respeito de, no que se refere a; ser Sn que X, que, at, mesmo, o prprio, etc.

    A progresso foi considerada como condio de coerncia na anlise das redaes. Paralelamente, foi observado se essa condio foi

    bem expressa, atravs dos recursos disponveis

    no portugus, de maneira a dar ao texto maiscoeso.

    2.3. A no-contradio

    O terceiro requisito proposto por Charollcs(1978) o da no-contradio, que deve ser

    observado tanto no mbito interno quanto no

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    m bito da s relaes do texto com o mund o a quese refere.

    Para s e r interna me nte coerente, o texto pre cisa, cm primeiro lugar, respeitar princpios l

    gicos elementares. No pode, por exemplo, afirmar A e o contrrio dc A. Suas ocorrncias nopodem se contradizer, tm que se r compatveisentre si, no s no que trazem explcito como tambm no que delas se pode concluir por pressuposio ou inferncia.

    Por ou tro lado, para ser coerente, o texto no

    pode contradizer o mundo a que se refere. O m undo textual tem que scr compatvel com o mun doque o texto repre senta . Assim, um discurs o referente ao m un do real no pode deixar de considera r algumas pressuposies bsicas que integrama maneira comum de pensar esse mundo c quesubjazem comunicao textual: as causas tmefeitos; os objetos tm identidade, peso e massa;dois corpos no podem ocupar, ao mesmo tempo, o mesmo lugar no espao, etc.

    A exignc ia de no -contradi o se aplica nos ao plano conceituai (da coerncia), mas tambm ao plano da expresso (da coeso). Por exemplo, a travs do emprego dos tempos e aspectosverbais, o texto insta ura um sistem a prp rio desitua o dos fatos a que alude, to ma ndo po r referncia o mom ento da comun icao ou um momento determinado pelo texto mesmo. A modalidade o u tro elemento do sistem a de funcioname nto discursivo. Trata-se da at i tu de do pro du tor tanto em relao ao con ted o proposicionalc ao valor de verdade dc seu enunciado quanto

    em re lao ao prprio recebedor. Essa atitude se

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    manifesta lingisticamcnte pelo emp rego dos modos verbais e de itens especficos, como os verbos modais, alguns advrbios (talvez, certamente) cos cham ados verbos i locutrios (achar, aceitar, considerar, admitir, exigir, deplorar, declarar,negar,etc.). As cont radi es relat ivas a esses doiselem entos do que Charolles (1978: 23) cha ma regime en unciat ivo",a menos que intencionais e visando a efeitos esti l st icos, podem ca usa r em ba rao ou estranheza ao reccbedor.

    A con figurao do m un do textual pode se ex

    p ressa r lingisticamente a travs do emprego deverbos, expresses e construes criadores demundo ,no dizer de Charolle s (1978: 28): sonhar,imaginar, pensar, acreditar, gostar(no cond icional, gostaria que\, no caso de, na lupotese de; se

    ja..., (az. de conta que, era um a vez.etc. A no serque objetivando efeitos intencionais especficos,

    o emprego contraditrio desses rec urso s tambmpode aca rre ta r d is t rbios in te rpre tao do discurso, na medida em que co ntra ria as expectat ivas do reccbedor.

    Um problema concernente exigncia dano -co ntrad i o, ao qual Charol les (1978) no fazreferncia, consiste no que eu chamei de constra-

    dio Icxico-semntica. Tra ta-se de inade qua omu ito 1requen te nas re daes esc olares e que dizrespeito ao uso do vocabulrio: mui tas vezes o sig-nificante em preg ado no condiz com o significado pretendido ou cabvel no texto. Tal contradio resulta do desconhecimento, por parle dousurio, do vocbulo a que re corre u. Um exem

    plo elucidativo o de um vestibulando que reclamava, em sua redao, con tra "o desvelodas auto-

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    i idades pelo menor abandonado". Casos desse tipo situam-se, a meu ver, na regio limtrofe cn-t re a coeso e a coerncia, porque, em bora sc manifestem no nvel da expresso, conce rnem vei-culao de conceitos e tm implicaes sobre aestrutura lgico-semntica do texto.

    Nas redaes do corpus,a no-contradio interna e externa foi tomada como condio dc coerncia. Quanto coeso, foi verificado se os recursos lingsticos empregados se rviram ao bomfuncionamento discursivo, tornando o todo tex

    tual livre de contradio.

    2.4. A articulao

    O qua rto e ltimo requisito de coerncia proposto por Charollcs (1978) a relao,que eu cha

    mo aqui de articulao.O autor, considerando vago o termo relao, p rocura del imi t- lo ,rebatizando-o dc congrunciae estabelecendo quedois latos sero congruentes quan do um for umacausa, condio ou conseqncia pertinente dooutro.

    Neste trabalho, o termo articulao no cobrir apenas essas trs relaes. Com ele estareime referindo maneira como os fatos e conceitos apresentados no texto se encadeiam , como seorganizam, que papis exercem uns com relaoaos outros, que valores ass um em uns em relaoaos outros. Avaliar a articulaodas idias de umtexto, para mim, significa verificar se elas tma ver umas com as outras e que tipo especfico

    de relao sc estabelece entre elas (alm das rc-

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    laes de continuidade, progresso e no-contradio, j cobertas pelas outras condiesde coerncia). So dois aspectos a serem verificados: a presena e apertinncia das relaes entre os fatos e conceitos aprese ntad os. O texto po

    de ap re se nt ar fatos c conceitos rclacionveis semestabelecer l igaes entre eles , ou pode estabelecer relaes no pert inentes entre os fatos econcei tos que d en ota (porque no so rclacionveis, ou porque se relacionam de outro modo).

    Essas relaes, como vimos, no precisamser nec essariam ente explicitadas por mecanismos

    lingsticos formais. Podem pe rfeita m ente se estabelecer apenas no plano lgico-scmntico-conceitual (o da coerncia). En tret an to, h re cursos especficos pa ra sua exp ress o form al, no plano da coeso. E ntr e eles podem-sc m en cio na r osmecanismos de juno ( t radicionalmente cham ados de conjuno), os ar tic ula do res lgicos do dis

    curso (expresses como por exem plo, dessa forma, por outro lado, etc.) e os recursos lingsticos que p erm item estabelecer relaes temporaisentre os elementos do texto (a ordem linear deapresentao desses elementos, as conjunestemp orais , a lguns advrbios e express es de valor adverbial , os num erais o rdin ais e alguns ad

    jetivos, com o anterior, posterior, subseqente).Na anlise das redaes foram avaliadas a

    presena e a pertinncia da articulao como condio de coernciae foi obs erv ado se, qu an do necessrios, os mecanism os l ingsticos que explicitam as relaes en tre os elem ento s te xtu ais cs-tavam presentes e foram ade qua dam ente em pre

    gados, contr ibuindo para a coeso do discurso.

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    2.5. Pa ra e nc e r r a r

    Aceita a proposta de Charolles (1978) coma ressalva feita quan to sua no-uni versai idade

    , avaliar a coerncia de um texto denotativo, escrito e formal, ser verificar se, no planolgico-scmntico-cognitivo, ele tem continuidadee progresso, no se contradiz nem contradiz omundo a que se refere e apre sen ta os fatos e conceitos a que alude relacionados de acordo comas relaes geralmente reconhecidas entre elesno m undo refer ido no texto. Avaliar a coeso se

    r verificar se os mecanismos lingsticos utilizados no texto servem manifestao da continuidade, da progresso, da no-contrad io e daarticulao.

    Dado o grande nmero de marcadores lingsticos de coeso e dada a trem enda complexidade que envolveria a tare fa de formular res tri

    es pertinentes e exaustivas com relao ao emprego de cada um, meu julgamento das redaes,sobretudo neste particular, vai se basear na intuio e no bom senso. Ser considerada infrao textual a ocorrncia que acarretar embaraos leitura, tendo em mente as expecta tivas resultantes do tipo de texto analisado.

    A esse propsito , bom lem brar o papel determinante dos fatores pragmticos na comunicao efetiva. 0 contexto e a imagem do inte rlocutor podem autorizar lacunas na configuraotextual no possveis noutras circunstncias. relevante o fato de o pr od uto r con tar com os conhec imentos prvios do recebedor e com sua ca-pacidade de pressuposio e inferncia.

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    Da advem uma conseqncia importante para o trabalho com redao na escola. So freqentes, por exemplo, os casos de aparente incoerncia resultante da no-explicitao de fatos ou de

    relaes entre fatos do mundo representado notexto. Se o professor consegue reconhecer essemundo e refazer os cios ausentes, percebe o sentido do texto e pode aponta r ao aluno o problemae a forma de san-lo. Esse tipo dc interveno, deve ficar claro, no obedece a imperativos cognitivos, uma vez que o sentido do texto foi captado,

    mas obedece ao que Charolles (1978: 37) chama de"razes lc deonlologia discursiva superior. Emoutras palavras, o que funcionaria na comunicao real c vetado na redao escolar em virtudeda preocupao do professor de ensinar a redigir.

    Charolles (1978: 37) tem essa pr eocupao como legtima e a justifica pelo fato de o professor

    considerar que nem todo leitor ser capaz de realizar a mesma operao por ele efetuada pa ra recuperar o sentido do texto e julgar-se, ento, na obrigao de apon tar o problema ao aluno, por entender que todo discurso, se no for imediatamentecoerente e coeso, deve, pelo menos, ter o sentidofacilmente recobrvel por qualquer recebedor. Para mim, tal atitude se r pe rtinente sc explicitada

    pelo professor e se levar em conta, tambm, o tipotextual e as intenes do aluno p rodu tor do texto.

    3. Critrios para a anlise da informatividade

    A informatividade entendida pelos estudio

    sos como a capac idade do texto dc acrescenta r ao

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    conhecimento do recebedor informaes novase inesperadas. Neste trabalho, esse termo c entendido como a capacidad e que tem um texto deefetivamente informar seu recebedor. No c to

    mado apenas como sinnimo de originalidade,mas ganha outra acepo.

    Por um lado, no que tange necessidade deimprevisibilidade,o conceito foi amp liad o e passou a ab ran ge r o aspecto mais geral do fator in-lertextualidade, na medida em que se tomou como informao conhecida e previsvel a voz do

    senso comum, da ideologia dominante, presentenas redaes estudadas. Por ou tro lado, o term opassou a recobrir a exigncia do que se chamousuficincia de dados,na medid a em que se considerou que, pa ra se r informativo, o texto, alm dese mostrar relativamente imprevisvel, precisaap re se nta r todos os elementos necessrios suacompreenso, explcitos ou inferveis das informaes explcitas.

    Para avaliar a imprevisibilidade, Beaugran-de e Dressler (1978: 140-141) prop em um a escala de trs ordens, aplicvel (e efetivamente aplicada) pelo falante comum. Na prim eira ordem osautores enquadram as ocorrncias de elevadaprevisibilidade e, conseqentemente, baixa infor

    matividade, como os clichs e esteretipos, as frases feitas, as afirmaes sobre o bvio. Os textosque no ultrapa ssam esse patam ar, ainda que dotados de coerncia e coeso, r esu ltam pragmati-camente ineficientes, porque desprovidos de interesse. Na segun da ordem ficam as ocorrnciasem que o original c o previsvel se equi libram, an

    gariando boa aceitabilidade, porq uan to apresen

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    tam novidade sem prov ocar estra nh e/a. So dcterceira ordem as ocorrncias que, aparen teme nte pelo menos, no figuram no leque de alternativas possveis c que, por isso mesmo, desorientam, ainda que temporariamente, o reccbedor.Postulam os auto res que, na comun icao efetiva, o pr ocess am en to dos textos se faz atravs doalamento p ara a segunda ordem das ocorrnciasde baixa informatividade c do rebaixamento, tambm para essa ordem mediana, daquelas que provocam estranheza, de modo a at rib ui r sentido tanto a umas quanto a outras. Assim, no todo tex

    tual, o bvio ganh ar razo de ser c o inusitadose explicar, passando a ter, um e outro, rendimento eficaz den tro do texto. O discu rso em queesse processamento, cm uma ou outra direo,no for possvel, tender a s er rejeitado: no pr imeiro caso, porq ue sc mo stra r pouco informativo e desinteressante; no segundo caso, porque

    se mostrar difcil de ser entendido, impenetrvel.

    De ou tra parte, avaliar a suficincia dc dados examinar sc o texto fornece ao reccbedor os elementos indispensveis a uma interpretao quecorresponda s intenes do produtor, sem semostrar, po r isso, redund ante ou rebarbativo. Os

    dados cuja explicitao nec essri a so aquelesque no podem ser tomados como dc domnioprvio do recebedor nem podem ser deduzidosa partir dos conhecimentos que o texto ativa.

    Assim, avaliar a informatividade significa,para mim, m ed ir o sucesso do texto em levar conhecimento ao recebedor, configurando-se comoato de com unica o efetivo. Esse sucesso depen-

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    de, em parte, da capac idade do disc urso de acresce nt ar alguma coisa experincia do recebedor,1 1 0 plano conceituai ou no plano da expresso (im-

    previsibilidade). De ou tra parte, r esu lta do equilbrio en tre o que o texto oferece e o que confia

    par ticipa o de quem o interpre ta (suficinciade dados).

    Um texto informativo pode no ser de processam ento imediato e dem an da r algum esforode interpretao. Em contrapartida, um textoque se mo stra ap to a engaj ar o receb edor, a conquistar a adeso dele, viabilizando, assim, o es

    tabelecimento dc uma relao comunica tiva verdadeira.

    Um texto com baixo pode r inform ativo, queno fornccc os elementos indispensveis a umainterpretao livre dc ambigidades, ou que selimita a repetir coisas que nada somam experincia do recebedor , tem corno efeito desorient-

    lo ou irrit-lo, ou simple smente no al ca n ar suaateno. Tende a ser rejeitado. Mesmo que nochegue a ser tomado como no-texto, avaliadocomo p rodu o de m qualidade, com a qual novale a pena pe rder tempo. Em suma , mesmo para textos coerentes e coesos, um baixo poder informativo tem como co rre lata uma baixa eficin

    cia pragmtica.

    4. A subjetividade da avaliao

    Segundo Hallidaye Hasan(1978: 25), "textureis really a more-or-less affa ir" A mim parece que

    a natu rez a do texto melhor com preend ida se se

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    abre mo do rigor c da exatido tecnicista e sed espao para a intuio e o bom senso.

    Os cri t rios adotados neste trab alho p ar a ojulgamento das redaes so, inegavelmente, flui

    dos c subjetivos. No vejo como fugir disso. A coerncia, a coeso e a informativ idade est o em estreita dependncia dos conhecimentos part i lhados pelos interlocu tores. O que faz sen tido p araum rece bedor pode parecer absurdo para outro;o nexo entre os elementos textuais pode ser facilmente perce bido por um, atravs das relaeslgico-semntico-cognitivas implcitas, e permanecer irrecobrvel para outro, sc no for expressolingist icamente; o que c batido para um pode ser absoluta novidade para outro.

    Em outras palavras, o que estou dizendo que a textualidade de uma pr odu o l ingsticaqualquer depende, em grande parte , do recebedor(seus conhecimentos prvios, sua capa cida

    de dc pres sup osi o e inferncia, su a ad eso aodiscurso) e do contexto (o que texto num a s itu ao pode no o se r em out ra , e vice-versa). Como,ento, fixar crit rio s rgidos e objetivos p a ra dem ar ca r os limites da textual idade: daqui par a l,texto; daqui p a ra c, no-texto? (!) T en ta r faz-loseria ignorar ou falsear as relaes que de fato

    se estabelecem no processo de interao comunicativa.

    Por isso neste trabalh o no foi ad ot ad a qua lquer tabela objetiva para medir a textualidadedas redaes do corpus.O julgam ento, aind a quebalizado pelos critrios j definidos, passou pela subjetividade de minh a perce p o com o leito

    ra. No h com o evitar. No vejo com o ca lcu lar

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    objet ivamente a dim enso da gravidade de um atalha relativa, por exemplo, condio de nocontra dio com o mundo real. Faz-lo cor resp onderia a prete nd er a existncia dc verdades inques

    t ionveis das quais se pudesse m edir nu m ericamente o afastamento; s ignif icar ia admit i r umanica poss ibilidad e de leitu ra do real; seria ignorar a part icipao do recebed or na construo dosentido do texto; seria despre za r todos os elem entos p ragm ticos que interfer em decisivamente natextualidade.

    A necessidade de preesta bele cer parm etro spara o r ien ta r a avaliao tcnica de um texto pode ser ate nd ida atrav s da definio de cri triosqualitativos (e no quantitativos) que busquemcaptar e s is temat izar as condies naturais deaceitabil idade dos discursos.

    Assim, acredi to que um julgame nto que p retenda respeitar a natureza do objeto avaliado e

    perceb-lo na sua to ta lidade pode se pe rgun ta ro seguinte; da da a situao com unicativa, as caracte rst icas e as disposies dos interlocutorese o t ipo textual efetivo, essa produo lingstica se mos tra aceitvel?Tem cont inuidade? Apresenta p rogres so? Mostra-se no -contraditria ebem ar t icu lada? Faz uso adequado dos recursoscoesivos que servem expresso dessas qu al idades? suficienteme nte clara e explci ta na ap re sentao das informaes? Comporta um mnimo de novidade que possibili te reconhec-la como m anifestao personal izada e capaz dc at r ai ra ateno dc um recebedor mdio?

    As respos tas a essas pe rg un tas no so redu-tveis exatid o de valore s qua ntitativo s. Antes,

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    passam inapelavelmente pela intuio e o bomsenso, aplicados com natural idade pelo falantecom um na com unicao cotidiana. So questesque tm a ve r com a competncia textual,que determ ina a capa cidade da s pessoas dc produ zir e

    interpretar textos.A pre ocupa o dc julgar com objetividade as

    redaes escolares tem res ul tado cm esquem asde correo e atr ibuio de notas atravs dosquais se t i ram pontos por desrespeito s regrasdo dialeto padro ou por desobedincia s convenes relativas ao uso da escrita, como a orto

    grafia c a pontuao. Quer dizer: o julgamentoacaba privilegiando os aspec tos mais superficiaisdo texto escri to, que nada tm a ver com su a essncia, isto , sua textualidade, mas que so osnicos suscetveis dc men su rao objetiva. A mimparece que o e nsino de redao s teria a ganharse se procura sse res peita r na cscola o que acon

    tece na vida. A interao comunicativa cie verdade um processo esse ncialm ente intersubjet ivo:so pessoas que prod uze m /interp retam textos, eentram nesse jogo com toda a sua individualidade.

    5. A necessidade de uma avaliao global

    Um texto um a un idad e dc sentido, na qualos elementos significam uns em relao aos outros e em relao ao todo. O significado de cadaum isolado pode no coinc idir com o sentido queass um e cm relao ao conjunto, ou pode no scr

    relevante para esse sentido global. Decorre que

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    as ocorr ncia s dc um texto no devem ser an alisadas per si,m as o texto deve ser percebido c interpretado integralmente, cada elemento sendoava liado em funo do todo. Por isso, os critrioscie julgamento aqui definidos conduzem a um exame global do texto.

    No plano da coerncia, no h como avaliarfragmentos: a continuidade, a progresso, a no-contra dio e a articula o s podem ser perc ebidas quando se analisa a redao por inteiro,examinando-se as relaes do texto com seu te

    ma e as relaes das partes entre si e com o todo. O no-cumprimento de uma dessas condiesnuma determinada passagem vai comprometertodo o conjunto. A ordem, aqui, macrocs-trutural .

    O plano da coeso, linear, microestrutural,oferece possibilidade cie percepo individuali

    zada das ocorrncias: um pronome anafrico empregado de maneira ambgua, uma conjuno queestabelece relaes incabveis, etc. Entre tanto , oque importa considerar o efeito dessas ocorrncias no conjunto, ava liar se os recursos lingsticos utilizados servem ou no conexo dasidias, sc o texto como um todo se mos tra coesoou desconexo.

    No interessa, tambm, julgar a informatividade de cada seqncia, examinando, comoquer a teoria fsica da informao, a probabilidade de ocorrncia dos seus integrantes. O queconta verificar se, em sua realizao global, otexto equilibrou satisfatoriamente o explcito eo implcito, o previsvel e o inesperado, de modo

    a se constituir num todo informativo c atraen te.

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    Alm da inconvenincia de um a an lise fragme ntria de cada componente textual considerado, h a Improc edncia de um exame dos trs como fatores absolutam ente estanques. O que se de

    preende da conceituao estabelecida e dos cr itrios esboa dos que eles so faces imbricadasde mesmo corpo. O que afeta um deles, em geral, tem implicao sobre os ou tro s tambm. Suaseparao s se obtm artificialmente, para a tender necessidade dc anlise (dividir par a dominar").

    Vejamos: a coeso a manifestao lingstica da coerncia e, assim, a ela est inquestionavelmente associada; a informativ idade se aplicatanto sobre uma quanto sobre a outra e, mais queisso, localizada no terreno cognitivo, gua rda pontos de interseo com a coerncia. H problema sde difcil delimitao que se espraiam por mais

    de uma rea. Por exemplo: at que ponto um a lacuna na configurao conceituai do texto problema de informatividade (insuficincia de dados)ou de coerncia (falta de articulao )? Ou. ainda,em que medida a ruptura com modelos cognitivos usuais repre senta ganho par a a informatividade (imprevisibilidade) ou per da pa ra a coer n

    cia (contradio entre o mund o textual e o m undo real)? Problemas semelhantes podem ser apontados tambm no que respeita coeso: qual olimite entre um ar ran jo sinttico inusitado, quefavorece a originalidade, e um a infrao, que pre

    judica a coeso textual?Em razo do que foi apresentado, o que me

    preocupou na anlise das redaes foi identificar com a maior nitidez possvel os problemas

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    existentes, com a finalidade de tentar comprccn-der as reais dificuldades que eles representam.Assim, foi mais importante para mim perccbcrtodas as ramificaes e implicaes de um mes

    mo problema do que buscar, artificialmente,isol-lo do conjunto em que figura para identific-lo c comput-lo como ocorrncia individual. O objetivo foi perceber cada texto como um todo c chegar a um julgamento mais legtimo, mais prximo do que se passa dc fato no proccsso comu nicativo. Um julgamento que no se funda em pa

    rmetros rgidos, mas na realidade que o textoprope; porem, um julgamento com inevitvelmargem dc subjetividade.

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    SEGUNDA PARTE

    RELATO DE UMA ANALISE

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    CAPITULO 3

    AS CONDIES DE PRODUO

    Antes de passar anlise da coerncia, coe

    so e informatividade das redaes es tudadas , preciso deter a ateno sobre as condies de produo desses d iscursos, o que significa avalia r opapel dos fatores pragmticos (situacionalidade,intencional idade e aceitabilidade) sobre a textualidade desses textos especficos.

    I. As contingncias histrico-polticas

    As redaes que compem o corpus foramproduzidas no vestibular/UFMG realizado em janeiro de 1983.

    Nessa poca o Brasil vivia o incio do processo de redemocratizao. No mbito federal, ea-

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    minhava p ara o f im o l t imo governo de um a fase de 21 anos de autoritarismo. No mbito estadual , tomava m posse os gov erna dore s eleitos direta m ente em nov em bro de 1982, dep ois de lon

    go per odo cm qu e esses cargos eram preenchidos p or escolha pessoal e exclusiva do prim eiromandatrio do pas. A anist ia pol t ica fora conquistada, j se prenunciava a Nova Repblica ea cam pan ha pelas eleies diretas para presidente comeava a ganhar as ruas.

    Economicamente, no entanto, o Brasi l en

    frentava um a crise cujos reflexos mais dolorososer am a recesso e o desemprego. Essas di ficuldades no eram exclusivamente nacionais. Afetavam, naqu ele mo men to, at os Es tado s Unidosc os pases ricos da Europa. Aqui, a situao scmostrava particularm ente grave c, em funo disso, cara cteriz ava -se com nitidez um proc esso de

    ac irram en to da violncia, sobre tudo nos centrosurbanos. A populao via-se, ento, duplamenteameaa da, pelo desem prego e pela insegurana.

    Todos esses componen tes do con tex tohistrico-poltico-social so importantes porqueintegram o conjunto de conhecimentos e vivncias part i lha dos pelos pro du tore s dos textos, os

    candidatos ao vestibular, e pelos seus recebedo-res compulsrios, os exam inadores. Esses dadosassumem part icular relevncia quando se sabeque o tema proposto para a redao foi violncia social, assunto d i re tamente dependente dessas contingncias histricas. No seria possvelum a aval iao consistente da c oerncia externa

    e da informatividade das reda es sem levar emconta esse quadro polt ico-cconmico-social.

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    2 . O con tex to imed ia to : o ves t ibu la r

    As redaes analisadas fizeram parte da prova de Lngua Portug uesa e L ite ra tu ra Brasileira,

    aplicada na segunda etap a do vestibular, de carter classificatrio. Todas as provas dessa eta

    pa foram compostas de questes abertas; as questes de mltipla escolha se limitaram primeira etapa, eliminatria.

    fundamental o fato de se tratar de provade vestibular, situao fortemente impregnada de

    ca rg a ideolgica, que lhe at rib ui o papel mgicodc porta dc felicidade: ultrapassar esse umbralsignifica ob ter garan tia abs oluta de sucesso profissional e financeiro. O exa me ganhou a dimenso de um rito de passagem, at rav s do qual o jo vem adolescente atinge a categoria de adulto responsvel, socialmente integrado e bem-sucedido.

    Em fu no desse mito, o concurso se realizasob grande tenso c , em geral, muito com petitivo. Em 1983, na UFMG, fo ra m selecionados pa ra a segunda etapa, pa ra todos os cursos, dois pretendentes para cada vaga. Numa situao comoessa, o can dida to tem conscincia de que seu desemp enho c decisivo e realiza um gran de esfo ro dc auto-superao. No ba sta fazer boas provas, preciso fazer pro vas m elh ores que as dosconcorrentes, pois a segunda etapa classifi-catria.

    Outra conseqncia do mi to em que se tran sformou o vestibu lar a ncuro tizan te prep ara oa que se submetem os candidatos. A realidadeatual que p ratica me nte to do o ensino, desde o

    1? grau, se orien ta pela filosofia ad mitida c pelo

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    modelo de provas adotado no vestibular. No 2?grau a situao se agrava e o ltimo ano imediatamente a nte rio r ao exame , de modo geral, dedicado a ele de maneira intensa e exclusiva. H,ento, nos colgios e nos cursinhos preparatrios,a preocupao de, alm de dotar os alunos dos conhecimentos e habilidades necessrios a quem sedestina a um curso universitrio, fornecer-lhes ostruquesc macetesconsiderados indispensveis aum bom xito nas provas.

    No caso em loco, a preparao especfica seorienta por parmetros previamente delimitados.

    Sabe-se que, alm da redao, o candidato dever responder a questes discursivas nas quais oseu desempenho lingstico, em termos de "correo gramatical", tambm estar em julgamento. Isso significa que, normalmente, os competidores se submetem a um intenso treinamento para obter o domnio da lngua padro na modalidade escrita. O prprio programa do concurso vestibular estabelece os critr ios de avaliao e, quanto redao, estipula que tipo de texto os candidatos devero elaborar:

    O que sc espera em termos de reda-o so habilidades de exposio deidias e de argumentao em tomo dc determinado problema. O tema ser, pois,

    de tal natureza que conduza o candidato a demonstrar tais habilidades.Revela desempenho satisTatrio do

    candidato em expresso escrita um texto com as seguintes caractersticas:

    organizao adequada cm tornode uma idia central;

    estruturao das idias de tal maneira que se identifique uma introduo. um desenvolvimento c

    uma concluso;

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    diviso adequada das idias cmpargrafos, c, em cada pargrafo,diviso adequada das idias cmperodos;

    ordenao lgica e coerente dasidias, com uso apropriado das

    partculas de transio e palavrade referncia;

    expresso das idias com clarezae conciso, sem pormenores excessivos, redundncias, palavrase expresses desnecessrias;

    uso de vocabulrio exato, precisoe adequado;

    uso conveniente dos processos decoordenao e da subordinaode idias;

    adequao da modalidade de lngua usada ao tratamento escolhido para o tema;

    uso adequado ecorreto dos sinaisde pontuao;

    uso correto das estruturas da lngua escrita (morfologia e sintaxe);

    correo ortogrfica.

    (MEC/UFMG. Normas gerais. Programas das provas de Lngua Portuguesa e Literatura Brasileira l ? e 2? etapas).Guia dc. inscrio do vestibular 1983,p. 7)

    Quanto relao entre intencional idade e si-tuacionalidade, o que se pode supor que o fortedesejo de se r aprovado e a competitividade do concurso levaro o vestibulando a se empenh ar pa ra

    produzir um texto de acordo c o n as exignciasdo programa.

    3. Os produtores dos textos

    A p art ir de um Quest ion rio de Informaes

    Scio-econmicas elaborado pelo MEC e aplicado

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    a todos os inscritos no vest ibula r UFMG/1983, foipossvel delinear o perfil da amostra de cem candidatos ao curso de Letras cujas redaes analisei. Seus integrantes, em sua maioria indivduos

    com idade en tr e 17 e 22 anos, t raba lhavam e contribuam para a renda f amiliar na ocasio do concurso. A maior parte deles provm de famlias emque o pai e a me tm nvel mdio de escolaridade, o pai profissional dc nvel mdio c a me dona-de-casa. No 2? grau, a maioria deles estudouem escola particular , du rant e o dia, fazendo cu rso regular (c no supletivo ou madureza), e nofreqentou cursinho.

    Foi possvel tambm confrontar esse perfilcom o do universo dos concorrentes UFMG nasegunda eta pa do vestib ula r (6.914 candidatos) econs tatar que os dois grupos apresentavam caractersticas scio-econmicas equivalentes, exceo de dois fatores: a parti cipao na renda fami

    liar e a freqnc ia a cursinho.A maioria dos ves-tibulandos UFMG/1983 (segunda etapa) no trabalhava na poca do exame e freqen tou algum curso pr-vestibular.

    As circunstncias especficas do vest ibular colocavam cm situao equivalente os produtoresdos textos ana lisados (bem como todo o conjuntode candidatos que chegaram a fazer a redao).

    Todos eles j haviam concludo o 2? grau e, no vestibular, j haviam sido aprova dos nas provas daetapa eliminatria, ou seja, j haviam passado poruma dupla seleo.

    A particularid ade de os integrantes da am ostra serem concorrentes ao cu rso de Letras suscita a hiptese de que eles tenham em co mum o pen

    dor e o gosto pelo trato com a linguagem, carac

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    ter stic a que os distinguiria dos demais candidatos. Tal hiptese no encon trou respaldo num indicador quantitativo levantado: as notas das redaes.

    A questo de redao valeu 12 (doze) pontos,sendo a nota mdia, portanto, 6 (seis). Nos doisgrupos, a mdia aritm tica das notas ficou em torno de 6 (seis) e a moda, tam bm para os dois g ru pos, foi 6 (seis).

    Os pontos aqui levantados para a caracterizao da am os tra se ro retom ados na concluso,porque eles que do a medida da sua represen-

    tatividade c, por conseguinte, do alcance das possveis generalizaes a serem postuladas.

    4. Implicaes do contexto pragmtico

    Como j disse, as circunstnc ias histricas do

    momento de produo das redaes tm particu lar imp ort ncia no caso em exame, em razo doassunto proposto como tema, diretam ente vinculado realidade circundan te. Tal fato determ inouque, afinal, o material cognitivo com que os ves-tibulandos trabalha ram em seus textos fosse fundam enta lme nte o mesmo, o que no ocorre ria se

    a proposta dc reda o ensejasse a criao de umtexto com base cm vivncias pessoais.Outros elementos condicionantcs decorrem

    do fato de os textos integrarem um a prova de vestibular. A situao comunicativa absolutamente artificial. O produtor do texto no dono doseu assunto, nem da forma do seu discurso. V-se na contingncia de di sco rre r sobre o tema quelhe for imposto, nos moldes preestabelec idos pelo

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    programa do concurso. O recebedor ignorado,porem compulsrio. No se trata de um a pessoaa quem o produtor queira dizer alguma coisa, mas,pelo contrrio, trata-se de um desconhecido que,

    caneta vermelha em punho, poder barrar-lhe aen tra da na universidade. A relao que se estabelece entre os interlocutores, em razo dos lugares que ocupam, uma relao de poder, em queo produtor se submete ao que ele imagina sei avontade do recebedor. Esse jogo de representaesmentais, no entan to, sc processa de fo rm a distor

    cida, porque os protagonistas de lato no se conhecem e se baseiam cm suposies estereotipadas sobre a figura do ou tro. Mais um artificialis-mo result a do prp rio objetivo do pretenso ato decomunicao . A inteno no dizer algu ma coisa, mas demon stra r que se tem o domnio de umamodalidade do cdigo c. com isso, angar ia r aprovao no concurso. Nesse caso, s vezes, pode ser

    mais conveniente se esconder do que se mostra r,dizer no o que realmente se teria a dizer, mas apenas o dizvel, o considerado adequado par a a circunstncia. Assim, os objetivos do produtor, associados quilo que ele imagina se r a expectativado recebedor, vo exigir um severo direcionamento da situao no sentido da conquista da meta

    planejada. Noutros termos, intencional idade, aceitabilidade e situacionalidade vo se con jug ar para exigir a auto-superao do candid ato com vistas produo de um texto o mais prx imo possvel do padro considerado desejvel.

    As contingncias apon tadas au toriza m algumas expectativas. O curso a que sc destinam oscandidatos, sua prvia seleo e supos ta cu idadosa preparao, a importncia social c a competi-

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    lividade do cu rso conduzem hiptese dc que tire em mos um elenco de produes lingsticascom alto pa dro de textualidade. Por outro lado,fator es co rrela tos levam a esp era r baixo grau dc

    informatividade nas redaes: todas elas integram a mesma prova, tratam do mesmo tema,proposto no mesmo momento. Foram elaboradaspor pessoas sujeitas s mesmas condies histricas e culturais, pertencentes, em sua maioria,a mesma classe social e mesma faixa etria, su postamente com a mesma habilitao e aptido,

    que provavelmente se subm eter am a uma prep arao de tendncia despe rsona li/ante e que pre sumivelmente procu raram cu m pr ir as exignciasdo programa.

    Os fatores que sugerem a segunda hiptesepesaram mais que aqueles que do origem primeira. De incio, um indicador disso foi a distri

    buio de freqncia das notas de redao, querevelou uma concentrao em torno de 6 (seis),tanto para a am ostra analisada quanto para o universo dos ves tibulandos UFMG/1983 (segunda etapa). A anlise qualitativa das redaes vai confirmar essa suposio.

    SI

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    C A P I T U L O 4

    A C O E R N C I A . A C O E S O

    E A I N F O R M A T I V I D A D E : B R E V E E S T U D O

    Q U A N T I T A T I V O

    A anlise quanti tativa no constitu i o foco dc

    interesse deste trabalho. Os nmeros que apresento rap idam ente aqui tm a pena s a funo depossibilitar uma viso panormica do que foi apurado no exame do corpus e, assim, marcar um

    ponto de par t ida para a anlise qualitativa.Computando quantas redaes apresen taram

    um a ou mais infraes a cada condio conside

    rada, obtive os resultados constantes da Tabela1 a seguir.

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    TABELA 1

    INFRAES AS CONDIES DC TEXTUALIDADE CONSIDERADAS

    Fatores Condies% de Redacs

    com Infrao

    C ontinuidade 32Progresso 30

    CoernciaNo -con tradi o

    in te rna 33externa 64

    Articulaop resena 56pertinncia 56

    C ontinuidade 60

    CoesoP rogresso 12\ o -c o n trad io 51Articulao 36

    Suficincia de dados 65Informatividade

    Imprevisibilidade 87

    A Tabela 1 m ost ra que a info rm atividad e foio fa tor cm re lao ao qual houve m aio r nm ero

    dc redaes com problemas: 87% delas ferirama condio de imprevisibil idade e 65%, a de suf icincia de dados.

    Em segundo lugar vem a coerncia. Assinalo que os aspectos q ue tm a ver com a orga nizao conceituai intern a do texto, exceo da condio de arti cul a o interna ("presena"), se apre

    sentam falhos num p ercen tual relat ivam ente baixo de redaes (cm torno dc 30%). J as condies de no-contradio extern a c dc pertinncia da articulao estabelecidase m os t ra ram prob lemt icas cm mais da metade dos textos .

    A coes o foi o fator que sc ap re se nt o u deficiente num percentual m en or dc reda es. O em

    prego dc recursos lingsticos que deno tam apro-

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    gresso(a es tru tur a o de frases e pargrafos emfuno das relaes ent re dado e novo e entre t-d c o e comentrio , o uso de mecani smos de criao de foco) sc mostrou inadequado num percen-:ual pouco signif icativo de redaes (12%). Os mecanismos de jun o e os artic uladores do discu rso, que servem inter-relao das idias do texto, foram mal em pregados em 36% das redaes.

    O alto ndice de redaes com problemasquanto condio de no-contradio (51%) seexplica em funo do grande nmero de falhas

    na rea lxico-semntica: em 43% das redaesforam constatadas impropriedades vocabularesque configuravam contradio entre o significan-te em pregado e o significado cabvel. Em 8% foram encontrad os problemas conce rnentes ao usode tempos e modos verbais, que redundam emcontradies no regime enunciativo do texto.

    Os recursos lingsticos que expressam acontinuidade tiveram utilizao inadequada em60% das redaes. Esse percentual, em desa cordo com os 32% de redaes afetadas por problemas de contin uida de no plano da coerncia, exige um esclarec imento. Esse desac ordo significaque, em mu itos casos, a re tom ad a de elementos

    era feita sem problemas no plano conceituai, masse apresentava mal expressada na superfciedo texto. Era possvel perceber com nitidez queelemento estava sendo retomado, a retomadaer a pertinente, mas no havia, por exemplo, concordncia entre o pronome e seu antecedente,ou entre o verbo e o sujeito elptico. Os pronomes

    anafricos e a elipse, alis, foram os mecanismos de expresso da continuidade que apare

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    ceram mal em preg ado s com ma ior f reqncia nocorpus.

    A Tabela 2 a seguir resume e torna de fci lvisual izao o que foi di to nos l t imo s p ar gra fos a pr op s i to do em prego dos recurso s de coe

    so:

    TABELA 2

    1\ FRAES RELATIVAS AO EMPREGO H RECURSOS COESIVOS

    Condies Mecanismos de coeso % de Redaes

    com Problemas

    Continuidade

    Pronomes anafricosElipsesubstituio por zeroconcordncia com sujeito elptico

    Determinao po r artigo deinidoRecorrncia lexicalSu bstituio lexical

    32

    0210060406

    TOTAL 60

    ProgressoRelaes enire dado e novoRelaes entre tpico e comentrioMecanismos de criao dc foco

    020901

    TOTAL 12

    N'o-con trad ioTempos e modos verbaisCompat ibilidade lxico-semntica

    0843

    TOTAL 51

    ArticulaoMecanismos der junoe articuladores 36

    TOTAL 36

    de interes se re ssa l tar que, individualmente, os i tens que se apresentaram problemt icos

    em m aior nm ero de redaes foram: o emprego

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    do vocabulrio (43% dos textos com casos de contrad io lxico-semntica); o uso de mecanismosde juno e articuladores do discurso (36% dostextos com problemas); o uso de pronom es ana-

    (o ricos (32% das redaes com problemas de faltade concordncia, ambigidade, etc.). Os outrositens con stantes da Tabela mo stram ndices pouco ou nada significativos, o mais alto deles atingindo apenas 10%. Esse levantamento importante como diagnstico e sugere u m a nova reade traba lho no cuidad o com o aspe cto formal da

    redao.

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    CAPTULO 5

    A C O E R N C I A . A C O E S O

    E \ I \ TF O R M A T I V I D A D E : A N L I S E Q U A L IT A T IV A

    Neste estudo qualitativo pretendo demonstrar quais foram os problemas constatados nostextos e que in terp retao eles receberam . Paratanto, vou t ra nsc re ver 14 e anal isar algumas redaes em q ue essas dificuldade apa recem bemcaracter izadas e so representativas do que ocor

    reu com freqncia no corpus.A inteno apresentar exemplos carac ter s

    ticos de infrao a cada condio de textualida-dc fixada. Como no foi possvel encontrar textos cu jo nico problema fosse um a falha bem delineada com relao a uni determinado requisito, decidi apresentar a anlise integral da reda

    o escolhida para ilustrar o no-cumprimentode cada condio, destacando as dificuldades eon-

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    cernentes real izao cio requ is ito em 1'oco, masno ignorando as eventuais falh as relativas a outras condies. Posto que o corpus me ofereciamais de um texto com ocorrncia tpica e inte

    ressan te de infra o relativa a ca da condio, oume oferecia textos com manifesta es diferentesdo mesmo problema, julguei pertin ente traz er mostra mais de uma redao, em alguns casos.

    1. Em foco: problemas relativos coernciae coeso

    1.1. Falha na realizao do requisitode continuidade

    REDAO N? 41

    O homem como fruto do meio

    O homem produto do meio socialcm que vive. Somos todos iguais e nonascemos com o destino traado para fazer o bem ou o mau.

    O desemprego, pode se r considera

    do a principal causa de tanta violncia.A falta de condies do indivduo em alimentar a si prprio e sua famlia.

    Portanto coerente dizer, mais emprego, menos criminalidade. Um emprego com salrio, que no mnimo suprisse o que considerado de primeira necessidade, porque os sub-empregos, esses, no resolvem o problema.

    Trabalho no seria a soluo, masteria que ser a primeira providncia aser tomada.

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    Existem vrios outros fatores queinfluenciam no problema como porexemplo, a educao, a falta de carinho,essas crianas simplesmente nascem,como que por acaso, e so jogadas no

    mundo, tomando-se assim pessoas revoltadas c agressivas.A soluo alongo prazo, cuidan

    do das crianas, mostrando a elas a escala de valores que deve ser seguida.

    E isso vai depender de uma conscientizao de todos ns.

    A descontinuidade flagrante nesse texto,

    mas aparece a assoc iada desarticulao. E noso esses os nicos problemas. Vejamos a anlise.

    A es tru tu ra formal da reda o corresponde organ izao do texto disserta tivo e atende, pois,s exigncias do programa: um par grafo introdutrio, qu atr o dc desenvolvimento e dois re servados concluso. De incio, um nmero to

    gran de de pargrafos num texto relativamente pequeno faz sus pe itar de uma ce rta fragmentao.O ttulo e a pr im eir a frase lanam um a idia

    que no ser mais retomada explici tamente nareda o e que s cus ta de algum esforo do rc-ceb edor pode se r relacionad a com os fatos e conceitos expostos. No imediata a compreenso

    de que ap onta r o desemprego (...), a educao e afalta de carinho como responsveis, respectivamente, pela criminalidade e pela revolta e ag res sividade das pessoas corres pon da a de m ons trarque o homem fruto do meio. difcil tam bm , prim eira leitura, des cob rir em que c como a segunda fra se da in troduo pode se ligar prim eira. Na verdade, quem acre dita que o meio determina a personalidade e o com porta mento das pes

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    soas no pode scr fatalista, no pode acreditarem destino. Mas, no caso cm foco, essa relaotem que ser processada pelo leitor, o texto no

    lhe fornece se qu er um a ajuda. E, mesm o depoisdc algumas leituras, continua difcil para mim entender o que tem a ver o fato de sermos todosiguaiscom a idia dc que o hom em produto domeio.

    Reconheo, ento, at aqui, no plano da coerncia interna, falhas relativas condio de continuidade e de articulao. Considero que esses problemas dizem respeito mais coernciaque coeso, na med ida em que no se resolveriam pelo simples acrscim o de um ou ou tro recu rso coesivo. Pa ra san-los seria necess rio explicitar conceitos c relaes, elementos integrantes da m acr oest ru tu ra lgico-semntico-cogniti-va, isto , da coerncia.

    Vm a seguir, na redao, trs pargrafos interligados en tre si, girand o em torno da idia dcque o desemprego causad or da violncia. A ruptura en tre a intro du o c esse trecho chocante

    para o leitor, que, estupefato, se pergunta: quedesemprego? que violncia? o que tem isso a vercom o meio social, a igualdade ent re os h