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Narração: Pronto! No que nasceu capaz da mais atroz perversidade, misturado numa mistura miserável de dona Frida de Januária, mais Sêo Rafik, estrangeiro bruto do povo das Arábia, que já presta só pra não prestar - o arrebento arrebentou feio que só! Dos que dá ponto e basta. Aragaço de Urucum, mininim da cara ruim, que encara gente; do branco do olho amarelão, que duma banda a bola surgiu vermelha como o fogo intenso do inferno, no que a outra, veio de um cinismo já pra mais esverdeado... Do familiá, não se ouviu um choro, sendo isso foi o que de mais temi, se bem, que se tratando de caso de temeridade, aquilo da miséria poder mexer pescoço que nem pombo, foi pra mim de igual desassossego. Levaram e o amaram sendo em medidas divididas. Foi que Sêo Rafik, de logo tomou certas desconfianças da criatura que por eles batizada por nome figurão: Nestor de Santana e Mustafá. Que o povo, longe dos olhinhos apaixonados de dona Frida, cunhou o dito por Nhô Tinhoso, o filho feio da família dos Santanases. Mas como eram os pais comerciantes de posse das bandas do norte das Gerais, por perto, o tinham somente como Nhôzim. Ah... Que o menino crescia em tamanho e em qualidade de maldade, tantas, que nem cabe de alembrar. Até, caso que um sujeito desses letrado da capital, que se pôs a escrever sobre a vida de Nhô tinhoso, diz que só em matéria de maldade, causo de infância, tá dando pra mais de dois book. De certo, pra mode ter vocês validade no que nessa hora digo, faço eu menção de um fato acontecido numa aula de professora Lia, sujeitona séria, dada à matemática e a severidade da palmatória. A professora pediu que o capiroto se aproximasse do quadro, que necessário era tirar as prova dos nove. Fez silêncio. Fato era que o menino não sabia. Sendo então que a professora pediu que ele estendesse mão, pra moda correção ser regalada. Ah...que me alembro como se fosse o sol de hoje... Nhôzim disse que a resposta não sabia, mas que certo era a quantidade ser menor da resposta solicitada, que o assomo de chumbo de azeitona que a professora levaria, caso desse nele o corretivo. O diabo é sujeito ardiloso, diferente em muito dos que alguns descreem nele, no pensar o sujo ser besta tola. O cão dá aos seus também o talento do engano, pra mode apoderar e fazer-se rei do mundo. E sendo eu, varão missionário da igreja jejuítica dos quarenta dias caminhados com Cristo e atentados pelo cão, conto do tempo passado e dos acontecimentos acontecidos na parte da estória já crescida, sendo confirmado testemunho do que vi a diabança aprontar dentro da venda herdada por Nhôzim, que serve tudo pra salvação dos crentes e pra malefício da maldade. AtoI

Marcelo Dias Costa - A Novela Do Cão

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Texto teatral completo.

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  • Narrao:

    Pronto! No que nasceu capaz da mais atroz perversidade, misturado numamistura miservel de dona Frida de Januria, mais So Rafik, estrangeiro brutodo povo das Arbia, que j presta s pra no prestar - o arrebento arrebentoufeio que s! Dos que d ponto e basta. Aragao de Urucum, mininim da cararuim, que encara gente; do branco do olho amarelo, que duma banda a bolasurgiu vermelha como o fogo intenso do inferno, no que a outra, veio de umcinismo j pra mais esverdeado... Do famili, no se ouviu um choro, sendoisso foi o que de mais temi, se bem, que se tratando de caso de temeridade,aquilo da misria poder mexer pescoo que nem pombo, foi pra mim de igualdesassossego. Levaram e o amaram sendo em medidas divididas. Foi que SoRafik, de logo tomou certas desconfianas da criatura que por eles batizada pornome figuro: Nestor de Santana e Mustaf. Que o povo, longe dos olhinhosapaixonados de dona Frida, cunhou o dito por Nh Tinhoso, o filho feio dafamlia dos Santanases. Mas como eram os pais comerciantes de posse dasbandas do norte das Gerais, por perto, o tinham somente como Nhzim.

    Ah... Que o menino crescia em tamanho e em qualidade de maldade,tantas, que nem cabe de alembrar. At, caso que um sujeito desses letrado dacapital, que se ps a escrever sobre a vida de Nh tinhoso, diz que s emmatria de maldade, causo de infncia, t dando pra mais de dois book. Decerto, pra mode ter vocs validade no que nessa hora digo, fao eu meno deum fato acontecido numa aula de professora Lia, sujeitona sria, dada matemtica e a severidade da palmatria. A professora pediu que o capiroto seaproximasse do quadro, que necessrio era tirar as prova dos nove. Fezsilncio. Fato era que o menino no sabia. Sendo ento que a professora pediuque ele estendesse mo, pra moda correo ser regalada. Ah...que mealembro como se fosse o sol de hoje... Nhzim disse que a resposta no sabia,mas que certo era a quantidade ser menor da resposta solicitada, que oassomo de chumbo de azeitona que a professora levaria, caso desse nele ocorretivo.

    O diabo sujeito ardiloso, diferente em muito dos que alguns descreemnele, no pensar o sujo ser besta tola. O co d aos seus tambm o talento doengano, pra mode apoderar e fazer-se rei do mundo. E sendo eu, varomissionrio da igreja jejutica dos quarenta dias caminhados com Cristo eatentados pelo co, conto do tempo passado e dos acontecimentosacontecidos na parte da estria j crescida, sendo confirmado testemunho doque vi a diabana aprontar dentro da venda herdada por Nhzim, que servetudo pra salvao dos crentes e pra malefcio da maldade.

    AtoI

  • Cenrio: Venda costumeira como so as das terras da divisa do frangocom a pimenta. As sacas de alimento que pesadas a granel, arrastavam-sepelo cho prximo aos tonis de gua quente, quando que ruim, arde dente.Tranas de queijo se dispunham do teto a meio cho junto as lingias.Garrafas, sentenciadas s doses, dormiam dependuradas nas paredes, feitobicho da noite.

    Silcio Barroso : Eia, quede Nestor, que vim saber saudoso a quantas andaesse meu sobrinho, homem agora ele. Sabido sou int, que agora toma regadode negcio por herdana.

    E nada aparecia de ter gente vivente no cochicho do silncio, que srompido por zunim de sonolncia.

    Nestor: Quem que tira sono meu? Se for compra por paga, que agendetempo com Serafim, que esse, por hora volta, mas se fiado, prepara pra prestarconta com a pelada.

    Narrador: No que se ouvi armao de rifle fuiquenumvolto de gatilhoamericano.

    Silcio barroso: C besta, Nestor, que sangue seu que te chama!

    Nestor: ...viva, viva, Tilcio, que seja somente o sinh sujeito vivo pra tercomigo intimidade. Corao bate que nem sente. Entre c, tempo tem que note vem por essas bandas.

    Silcio barroso: T que no me guento dos regao de viagem. Araua, daqui, perto longe, ademais, vim foi preocupado. No tive tendo boas notcias desseseu andado, por isso que vim s pressa, que no cabia mais tardar conselho.

    Nestor: Converseiro desse povo, meu tio. Tem muita gente que desgosta deupor fanfarrice de menino.

    Silcio barroso: Que conversa ento essa de ter dado fim a paga na cartilha,tendo feito dela lista interinha de finado?

  • Nestor: Devedor sumrio tive que dar conta somente duns seis, j o resto, povoreto, me pagaram na boa f. que meu pai foi homem largado em assunto degenerosidade, sendo o povo, porco dado a comer na mo, que j no quer selamear. por esse motivo que meu negcio anda em decaimento.

    Silcio barroso: Digo que pelo seu jeito, Nestor, que por demais foroso.Galinha com medo, bota ovo choco. Intenta estratgia sua, sabido emesperteza. Busca sem tino de bala o cativar da freguesia.

    Nestor: Sinh tem grada razo nessa sua fala, meu tio.

    Silcio barroso: Ento toca esse trem noutro prumo.

    Nestor: Assim farei, Tilcio. Respeito tenho pela cincia do muito viver, essa queo sinh traz de lata cheia.

    Silcio barroso: E v se prossegue pelo caminho sem muita curva, pelo que oreto desde menino no sabe andar.

    Nestor: Eita, que vem vindo Serafim mais o forro de barriga. Se junta maisns, Tilcio?

    Silcio barroso: Junto no, que j vou indo. Ainda tenho andana.

    Deixo pra tardinha dar sustendo no corpo.

    Nestor: Volta ento no mais calmado. Boa viagem o sinh faa. beno.

    Silcio barroso: Deus te bene.

    Serafim: Seo Tilcio, alegria ver o sinh.

    Silcio barroso: Caso eu ando de gracejo pra te trazer alegria, infeliz? Tometenncia, nigrim!

    E sai.

  • Serafim: T aqui, meu chefe, o armoo.

    Nestor: Bota mesa e pega o de rabiscar pra tomar nota no planejamento queainda hoje devemos de planejar.

    Serafim: E que assunto esse seria, patro?

    Nestor: Temo que d jeito na mazela que virou essa falta de plimplimregistrador. Sei que a falta da preferncia desse povo, poderia resolver norepente, no balao, mas Tilcio no faz gosto, veio int ter conversa rpida pradividir esse seu intento.

    Serafim: Com todo respeito, meu patro, desde quando vontade alm tambm sua?

    Nestor: Desde que no tive uma primeira, da respeito. Sendo sugestionadaantes da minha, cabe no vazio da cabea, isso, quando essa no t sendo feitado diabo oficina.

    Serafim (risos): A conheo, que s no maarico do zebu.

    Nestor: E pois no ?

    Serafim: Que , meu patro, que ...

    Nestor: Ento vmo comer de pronto, que t no anseio da maquinao de darjeito de resgatar a freguesia.

    Serafim: S Tonim medroso teve mais cedo, pra mode pregunt sobrediligncia da festana do arrai. Veio com conversa extraviada, modo dele mes.Diz que dispois da ida de Seo Rafik, que Deus o tenha, o povo anda com maisreceio ainda da brabeza desse meu patro, ficando sem saber como que vaide ser.

  • Nestor: Bestagem de frouxido desse povo. Nessa terra causo estranhezaantes mesmo deu pegar em faca. E por demais, quem que devia de terdesconfiana nera outro seno eu?

    Serafim: por demais!

    Nestor: Pois ento. Cresci ouvindo desse povo que tivesse o homem sidobarro, eu seria bosta.

    Serafim: Judiao demais.

    Nestor: Guardo mgoa no. E pra firmar mantena de tradio, ponho, feitomeu pai, a festana defronte a venda.

    Serafim: A que s alegria que dou aviso ao povo.

    Nestor: Me dei agora, com essa tal festa, no alembrado de menina Dalina, filhamoa de So Joel. Foi que certa vez apaixonei, dessas tal vassaladora. SeoJoel, compadre de meu pai, andava de zi em mim, isso por causa dos gracejomeu.

    Serafim: Conheci Seo Joel demais! vi que foi besta.

    Nestor: Pois foi na festa de Santo Antnio que armei jeito de declarar afetomais Dalina. Soube que Evaldo, filho de dona Chica, tinha ficado naincumbncia da barraca de tiro de rolha, dessas com pleito de derrubar pelcia.E tive conhecimento que o prazer na vida de Dalina era tal quermesse.

    Serafim: Coisa boa o surgimento do amor. Conta, patro Nhzim, como foique essa belezura teve incio.

    Nestor: que tomo raiva de conversa ter precisana de comeo, meio e fim.Se comeo pelo fim e termino pelo meio, que importncia tem nenhuma ocomeo pra consolidar o rumo da prosa.

  • Serafim: Ah... que eu gosto dos comeo. Aquilo quando proseiam que ...erauma vez..., chega que me d trem de sentimento.

    Nestor: Pois pra mim o converc seria de mais fcil entender sem quehouvesse o muito falar.

    Serafim: Com o respeito que te tenho, meu patro, digo que nessa sua prosano vejo muito juzo no.

    Nestor: que a ti exemplifico, serpente caninana, que se pego eu a faca, e notalo dou cabo dessa sua lngua, entenderia num risco que dio o sentimentoque tenho quando sou interrompido e dado a muita explicao.

    Serafim: ta glria, que entendi foi tudo, amm ns todos! No vejo maisnecessidade de comeo no. Me dou por satisfeitssimo esse seu ponto deincio, pra que volte o sinh o causo do novo contar.

    Nestor: Dando seguimento no causo, foi que dei jeito de introduzi na tal barracade Evaldo. Com ajuda de Juliana, minha irm, dei jeito com artifcio demaquiagem no parecer leozinho de estimao, pra misturar no meio daspelcia.

    Serafim: Deve que foi a facilidade desse seu cabelo vermelho avermelhado separecer com juba de gato da selva.

    Nestor: Deixo passar o desrespeito, porque foi o que foi. Numa engenhosidadeastuta de Evaldo, fiquei do pescoo pra baixo no corisco, tampado por madeira.s vista, s se via a careta do leo.

    Serafim: ia que misria de cabeona boa tinha esse tal sujeito Evaldo!

    Nestor: Pois , tava que s.

    Serafim: E como foi guent a tiro de rolha nas fua? Aquilo deve de doer feitoferroada de marimbondo vingador. E o povo, reconheceu o sinh?

  • Nestor: A que t. Digo que aquilo foi mes que os feitio do povo de Nanuque.Quando que um fi duma gua apontava fogo pro rumo certeiro da carona doleo, eu encarava o sujeito, modo que via o espanto refletir, feito ver o co nomeio do redemoinho. Teve int sujeito metido a galanteador que vi negar darpra presente o leozinho, mesmo que quando solicitado pela companheira. Opavor era tanto, que no deixou que ningum me reconhecesse.

    Serafim: que faz gosto ouvir essa histria. E Dalina?

    Nestor: A pouco queria era o comeo, agora te namora com o final da estria,infeliz! que tomo mais raiva ainda quando que me apressam...

    Serafim: Tome por mal intento no, Nhzim, que tenho por demais prazernessa sua estria.

    Nestor: Ento v se tome modo pra que possa continuar. Chegou Dalina quemeu corao se encheu de nervosismo alvoroado pela confisso do amor e atarefa de me declarar. Ela bizoiava demais, cada bichinho tinha pra ela seuencanto. No teve deciso. Chegou foi do lado de Dalina sujeito alto, cabraafeioado e do converc mole. S dispois que fiquei sabendo que o umzinhoera primo dela. Sujeito carioca e sem convivncia de irmandade.

    Serafim: Isso coisa do co, aparecer sujeito assim... vilo do amor e do bemquerer.

    Nestor: Mas foi que eu gostei do duelo convencionado pela treva. Dalina pediupra que ele escolhesse o presente. Ah...que foi de um pronto! O homemrisonho, feito gato carniceiro, que int houve de dizer ser audacioso capaz dedisputar presa com leo, mirou rifle pra mim na tupelncia. Ameacei comdantes, mas o encanto devia de servir somente pra gente dessa terra. No quefoi que foi. Trs tuc tuc traioeiro a queima roupa foi o suficiente pra acabarcom meu disfarce e a empreitada de amor.

    Serafim: Chega que imagino a trapalhada...

    Nestor: Ainda com a o couro da cara num vermelho conservado pelas bala, saique sai, no que tudo foi pro ar. Evaldo gritava: " Nh tinhoso, que algum dsocorro pro primo". Que nada. Voei foi de gog. Na emboleira de pano e

  • tentativa de sopapo dado errado, cai. No que levantei, o frouxo deu perna queno pude.

    Serafim: Mas isso nunca que poder dizer que homem!

    Nestor: Dalina foi que me desconversou com consolo de carinho, que somentenoutro dia fui o buscar o abusado, mas j tinha era voltado pra terra dele, umquinto dos inferno beirando tal cidade de Matias Barbosa.

    Serafim: que deu sorte o trapo de homem...

    Nestor: s vez, int mal facejo carece de se alembrar, caso que com o tempovira lembrana boa.

    Serafim: Isso feito de passagem prazerosa. Tava nesse contar, patro, tendoideia aqui. Penso que essa cunha, com todo respeito, de Nh tinhoso, pelacalamidade do temor sugestionado, se bem utilizado no matuto de nossamaquinao, daria int em coisa vantajosa.

    Nestor: Penso que traria a freguesia sem arma. Mas como que devamos deproceder?

    Serafim: Sei inda no, mas acho que devemos de pensar na fundao dessacunha maleficente, pra mode saber como devemos de proceder.

    Nestor: Confirmo ser esse o caminho. Agora bora deixar pra matutar na paia dokilo.

    Serafim: Fao gosto.

    AtoII

  • Mistcas misturas cantam:

    Demnios: Nestor, Nhzim, quer saber, motivo se ser sombrao! Foi pai quemedroso na guerra sarv sua vida e deu filho pro co. Foi pai, que indo praglria, do moo, menino, fan sarvao.

    Nestor: Eia, que inda hoje depeno anjo zombeteiro.

    Zs! Que foi faca no vento.

    Demnio: homem besta. Nh tinhoso acha mes que vale faca com que no desse mundo? Se sustente, ruindade, e gasta tempo nisso no, que nsviemos foi em paz, misso reveladora quatro mil setescentos e oitenta e dois.

    Nestor: Que conversa desarranjada essa? Caso eu tenho parte emmolecagem sua?

    Demnio: Ih...que tem demais. Quis saber o motivo da cunha? Por ordem dasuperior superioridade bestial, viemos revelar-te, o que foi feito em cantoria, ocaso de vossa senhoria ser propriedade pacturia adquirida sem revogao.

    Nestor: E l tem jeito de agente ser do outro sem inda ter nascido? Toleima! Etal da livre escolha que devemos de fazer?

    Demnio: Ah...sim, mas se tratando de Deus ver sair coisa ruim e pegar rumoque vem pro mundo, aceita maldio consentida pelos pais. Caso que polpatempo em julgamento final, sabendo que a misria no devia de dar em nada.

    Nestor: Ento deve de ser tambm por isso que tem filho que mata os pai.Deve que o esprito fica sabendo antes das arte da traio, e manda os pai nozunindo do bem bem pra logo fazer companhia pra Judas traidor. Ento foi quepai me roubou foi duas vezes, no que tambm me levou o gosto de dar pra elefinal em brasa. Escuta, anjo descabido, uma pregunta te fao. E tem jeito deinda assim moda gente achar sarvao?

    Demnio: Acho difcil, at por que ...sei l, voc aprontou bastante.

  • Nestor: Nunca em minha vida roguei sarvamento, int pruqu, penso que obom bom, e o que ruim, nasce desvalido de bondade. Mas fao agoragosto, pensando no dito, de ir junto da morada de meu pai.

    Demnio: Podia fazer isso no, mas Nh h muito tem minha simpatia, modoque dou instruo curta de encontrar salvao; Tem dois caminhos: porbondade, oobvio, ou por negao de recebimento da alma pelo inferno,quando essa prestou bom servio a treva. Pronto, falei!

    Nestor: Deve que t em conta, com o arrojo de homem que j desfaleci...

    Demnio: Eu que no sei? Mas pra isso vale de nada no. A ruindade deveantes ser prometida ao p de bode em encruzilhada pestanejada o cho comsangue de galinha preta. E o principal, o ato proclamado deve de ser deengano, desnudado de sanguinolncia; Mas esse tipo j no t tendo maisvalia, sendo que anda sendo exercida pelo homem em gratuidade. Foi queperdeu graa aos olhos do trevoso.

    Nestor: Que descabimento de exigncia. No meu ver, ruindade ruindade e,pronto! Sem muito variar de qualidade sortida.

    Demnio: Simples sei que no , pelo tanto que h necessidade de disciplina,mas consigo dar jeito de intermediar seu pleito, se duma vez cometer enganoastuto que faa confessar o povo dessa terra pecado que traz vergonhasilenciosa, guardada no ba da alma... Que seja revelado timtimportimtim atodos que tem ouvidos. Tenho certo que desse modo, sua alma tem rejeito nosconfins da terra.

    Nestor: Se fosse doutro jeito, falava int que seria mais fcil ser dado abondade. Mas se o que , me ponho pronto nessa empreitada, mesmo sendoinda mistrio o saber como devo de agir.

    Demnio: Tudo por hora explicado, dou jeito de tratar de outro ofcio que hora de Nhzim despertar do seu cochilo cochilim, que Serafim te chama afoito.

    CANTORIA: Agora Nhzim t sabendo, motivo de ser sombrao, tem pressade ajeitar todo engano pra m desse povo arranjar confisso.

  • Serafim desperta e busca acordar Nhzim.

    Serafim: Levanta, homem, que isso s pode ser sono da morte. Cremdeuspai,que veio sobre ns foi o peso interim do cansao de tropeiro. E esse cheiro?Parece bufa de enxofre em vendaval!

    Nestor: Tenha medo besta no, ningrim, que tive foi sonho de revelao. Seiagora int dar resposta ao que queria. O pruqu deu ser tinhoso, foi coisa demeu maldito pai, que vendeu eu pro estrumado. Agora tenho que dar jeito dopovo todo confessar pecado aos quatro canto.

    Serafim: Ento foi tive foi tambm revelao, foste eu profeta Ezequiel: Sonheicom o povo todo confessando pecados mil pro sinh, que no era o sinh, masoutro que anda incorporado dando conselho revelia. Mas a carona, era essasua que no me engano.

    Nestor: Isso l jeito de descrevana minha? No dou jeito nesse seuconversar pruqu ando agora no jejum de violncia. Mas guardo o desrespeito,sabido sou que tempo chega que acaba esse meu sacrifcio.

    Serafim: Perdoa eu, patro, que falto sou de jeito com as palavra.

    Nestor: Pelo momento t perdoado.

    Nestor (afoito): O Nigrim disse que em sonho eu andava dando conselho aopovo... que modo havemos de dar jeito nesse cercado? falta de ganho prasobrevivncia, jeito de tramar engano que seja ele sem violncia...

    Serafim: Seguindo sonho meu, tive idia boa. Acho que devemos dar jeito demontar barraca adivinhadora, sujeita a revelao estabelecida por forasocultas que apoderaram de Nh tinhoso. O povo h de dar crdito pelo muitoque te teme. E o mi, cobramos um arrecadado pra mantena da entidade naterra. Paulada damos numa s tacada!.

    Nestor: que faz gosto de ver esse nigrim pensador. Alm da freguesiaconsigo os confessado pra seguir rumo da morada de meu pai. Viva SantoAntnio, viva toda festana, que achmo foi jeito de conseguir libertao.

  • Narrao: Serafim deu aviso, e logo foi que veio gente pra mode arranjararrumao pra festana. Subiu foi cheiro de comida boa: milho verde, canjica,parte inteira de carne assada e mais e mais. O povo pulava que s, embaladopelo ronco de sanfona mestra. J no escondido, Nh tinhoso levantou a talbarraca adivinhadora, sendo a grande promessa de atrao da festividade.

    O que suceder daqui pra frente vem de modo encurtado, sem muitodetalhamento dos detalhes, isso, pra caber comportado na linha breve docontar.

    AtoIII

    Serafim (declamando): Vamo chegando, minha gente, que Nh tinhoso traz pazaos que andam em pecado oculto. Confessa agora no escondido, pra que omilagre venha mostra. No coisa de cardequ, nem de perto macumbaria, coisa que vem de pacto livramento de bruxaria. Se at puta nesse mundo,andou que andou foi tendo salva, que pecado esse o seu pra ter medo depedrada?

    Camilo Enxadeiro: E como que isso, Serafim? Nhzim toma raiva doconfessado, no? Digo isso, que t que no me agento de convalena porno ter quem d conselho. Diz que padre Deodato, depois dos vinhoconsumido, manga do confessado mais o povo das confiana dele.

    Serafim: Fique por demais tranqilo, enxadeiro Camilo, que quem se dispepor detrs dessa barraca, n Nhzim no, fora oculta denominada Dindor.Esse no faz julgamento nenhum, somente aconselha o que anda emdesespero pra achar rumo de felicidade.

    Camilo Enxadeiro: Ih... que disso que ando na necessidade. Pois que vou.

    Serafim: Escuta, pra tenha clamada paz, todo esforo seu preciso. Deve dehaver sinceridade no confessado e testemunho declarado ao povo quando queliberto do julgo do pecado. E claro, uma paguinha justa pelo feito a Dindor.Ah... que quando o sujeito t encorajado no fazer tudo isso, que s saborearalegria pelo resto do viver.

  • Camilo Enxadeiro: o que no vejo a hora! E pra que no me custe mais doque tenho, dou incio a estria do meu pecado sem mais me delongar.

    Serafim: Faz bem, que pronto o ouvido atento de Dindor.

    Camilo Enxadeiro: Sua licena, Dindor, que sou sujeito Camilo, nascido emPedra Azul, e migrado de menino pra essa terra. Me apresento afoito pelobuscar demasiado alento que d sossego pra alma desassossegada.Esperana minha , Dindor, de confisso me levar pro rio manso de paz.

    Nestor: Deixe de bajulao, que fico enojado. Frua com o fato pra que tomeeu conhecimento logo.

    Camilo Enxadeiro: Dindor, que todo povo dessa terra anda no faltado dorespeito para comigo, dado o apego que tenho a um bichinho bode de minhapropriedade, que tem nome de Andr Calixto.

    Nestor: E isso tem o qu demais?

    Camilo Enxadeiro: Foi que na precisana da vida, na falta de sustento que veioda pouca chuva pra roado, minha esposa pediu que eu desse fim ao bode, praque fizesse de Andr nossa mantena.

    Nestor: E matou?

    Camilo Enxadeiro: Recusei. Caso que ela, desgostosa com esse meu agir, deuvolta pra morar mais os pai. E desde ento o povo caoa deu. No dizer quetroquei Marialva, minha esposa, por Andr, meu bode.

    Nestor: E ela ainda no deu retorno? esse o motivo da aflio de Camilo?

    Camilo Enxadeiro: Somente isso, n no. Foi que mesmo dispois das coisasvoltar o calmado dos recurso de dinheiro, Marialva qu porque qu que eu dfim em Andr. Diz que somente assim volta pra casa.

  • Nestor: Dou por veredicto que faa de Andr finado e volte assim com Marialvasua esposa. Dispois que ela andar esquecida das conversa de bode, c d jeitode arrumar outro pra sua estima.

    Camilo Enxadeiro: Mas a que t as amarra desse meu corao. Ordenarisso, Dindor, foi feito pedir que Abrao matasse Isaque.

    Nestor: Que conversa besta essa, Camilo? Que tem as coisa de bblia comesse seu Andr Calixto?!

    Camilo Enxadeiro: que esse pedido sendo feito pra mim, de dar cabo emAndr, mes que a proposta de sofrimento de Abrao.

    Nestor: Entendo int esse apego seu ao bode, int pruqu, tem bicho quealcana mais a estima da gente, que gente. Agora, descabido ter AndrCalixto como que quase um filho. Acho que por demais foroso...

    Camilo Enxadeiro: O que digo, Dindor, que Andr Calixto filho meu desangue, que veio antes deu me enamorar mais Marialva.

    Nestor (levanta com faca): Que misria que foi que disse?!

    Camilo Enxadeiro (em pranto de clemncia que se pe ajoelhadoacompanhado por msica triste):

    No tempo inda de sorteiro, no roado solitrio dessa terra, fartava gente praum tudo. Tiquim de moa tinha na idade de deitar. No que seguindo conversade primo Adelvo, cacei modo de dar alvio no fogo natural que d na gentehomem, mais cabra Salcia, me essa de meu filho Andr.

    Nestor: E a imundcie sua deu Andr? Vi de tudo e cometi de tudo tratandotambm de tradio desse serto gerais, sendo int que seu descarregamentoalivioso na cabra consigo no matuto da cabea entender. desse seucruzamento dar criatura com cara de gente e corpo de bode que no tenho luzde ideia.

    Camilo Enxadeiro: Foi que foi isso. Andr calixto lembra demais pai. Os olhim...s vendo, triste que triste; o resto puxou foi de me, que Deus a tenha.

  • Nestor: jejum que nem bem comeou e j se vai!

    Camilo Enxadeiro: Por isso que digo, com todo respeito, que filho meu no soucapaz de matar. Deixo ele l no campeiro de minha propriedade pro povo noreconhecer trao meu em Andr e resolver fazer dele caso famoso. Marialva foinica que busquei mostrar Andr, no que viu, de pronto acusou lambanaminha mais cabra Salcia, de quem tomou dio ciumado.

    Nestor: Perdoado esteja, mas na morte! E se ainda mais um pouco faz gostode viver, saia da minha presena, que NH tinhoso t que no se agenta devontade de desgraar quem comeu cabra e fez de bode gente., que quer voltar no lampejo!

    Camilo Enxadeiro (saindo): Vou que vou, Dindor, e digo que no confessaralcancei paz. Agora darei notcia ao povo de toda essa minha lambana praque eu tenha paz inteira.

    Nestor (cinismo): Tem necessidade no. Fique no silncio. Somente esse seucontar alcanou meu corao. Vai cuidar de Andr, e v se inda hoje bota eleno seu testamentrio.

    Camilo Enxadeiro: Assim farei que j me vou. Agradeo pelos conselho e doupaga a Serafim. Serafim, tome a paga que devo ao santo Dindor, que Deus otenha, e que de preferncia no corpo de Nh tinhoso.

    Serafim: pode deixar que entendi seu agradecido. Faz gosto ver essa caranova do sinh, que aprece int do mais tranqilo.

    Camilo Enxadeiro (declamando):

    Gente dessa terra, tenha crena que NH tinhoso virou foi santo. Ta que dconselho do sabido. Sou nova carne, em novo osso, de pecado terarrependido. Salve, salve, Dindor, que dou glria!

    Serafim: Nhzim, que no agento, que conversa foi essa que fez So Camilosair pulando que cabrito fosse?

  • Nestor: Deve de ser que tambm fi de cabra!

    Serafim: Blasfema no, Nhzim, capaz de Deus se irar de ns.

    Nestor: nigrim, que agora conto. Esse tal Camilo a pouco confessou que tembode chamado Andr Calixto, e que filho dele mais uma cabra chamadaSalcia. Saiu que saiu com folga de Deus ter perdoado o pecado cometido.Como que no sou pai desse troo, dou jeito de apressar pra juzo a ida dessesujeito dado a porcaria.

    Serafim: Perdo penso que deve mesmo de faltar pra coisa maligna dessas...Merece, sim, esse seu veredicto. Mas o sinh deixa passar esse jejum desangue pra mode tudo andar no certo.

    Nestor: J pensei foi no tudo. Por isso, fao gosto que Serafim d cabo noenxadeiro, pois foi que no fez promessa nenhuma quele demnio. Foitambm por isso que no permiti que o sujeito desse confessado ao povo, quede certo era matado por muita mo raivosa. Traria medo ao resto do povo queinda necessita confessar. Agora vai atrs dele rpido na andana, que inda dtempo de tocaiar esse sujo.

    Serafim: Vou que vou, mas j com pressa de voltar. O safado serviu ao menospra fazer discurso glorioso, que tem gente procurando Dindor. Vou mandarentrar de cada vez que j me vou. Int, Nhzim.

    Nestor: Int. E diga a Camilo antes de defuntar, que Andr Calixto no ficarrfo. Enquanto eu viver, ter criao minha, e se for dado intelignciahumana, fao regra que mando ao bode ensinar as letra. Agora vai, mas antesmanda entrar o prximo.

    Serafim: prazer ver a senhora, Dinda benzedeira.

    Dinda benzedeira (mal humorada): Certo, certo urubu viver contente na pragapegada! E nesse tempo que v sorriso largo, n, nigrim gorento!

  • Serafim: Tenha eu por mau no, dona Dinda, que tenho gosto sincero de ver asenhora, santa que benzeu eu inda quando menino.

    Dinda benzedeira: E vejo que no alcancei foi graa. Deixe de conversa quetempo curto tenho pra ter conversa mais Nh tinhoso, que agora diz que Dindor.

    Serafim: E Dindor sem tirar nem pr. Agora me vou, com sua beno elicena.

    Dinda benzedeira: E vai, vai pro diabo que te carregue, nigrim mexeriqueiro! que fiz foi bestagem benz umbigo desse um, certo era ter benzido a lngua.Sou Maria Catagema e procuro Dindor.

    Nestor: Sou esse que procura. E tenho muito respeito pela madrinha dessemeu encorpado, por isso, ltima pessoa que pensaria ter necessidade deconfessar pecado era a senhora.

    Dinda benzedeira: Eu por muito tempo andei tambm por esse pensar. Tive foivida regrada em bom facejo de reza, caridade e benzoria. Mas agora vejo,nessa minha idade curtida, que pecado meu no achou perdo.

    Nestor: Por bondade que vi senhora cometer, te dou ento por absolvida. E vai,que meu intento no mexer com gente de sua qualidade.

    Dinda benzedeira: Que entidade ento oc, que diz a qualidade doconfessado, sem nem mesmo antes ouvir a confisso do pecado que traz naconvalena? Se disser que me conhece, digo que t ouvindo meu filhadoNestorzim dizer o bem que tem de mim.

    Nestor: ouo nada no. Penso que no deve de haver mcula sombrosa quecapaz seja de escurecer alma to honrosa quando de Dinda.

    Dinda (desconsolada): Que tem. E agora deu pra perseguir foi todo o resto dafamlia por pecado meu. Na ida de meu companheiro Aberto, os filho anda numtrava guerra de diviso de terra, e no fundo, sei que o desentendimento frutode maldio. Joo, amava Maria, que aman Tereza, que amava Guinaldo, que

  • amava Perptua, que amava Timbu e que amava Jos. Hoje a foice tine, a balacome e irmo se encontra na tocaia.

    Nestor: E Mundico, o que foi de criao?

    Dinda: Nem chamando Raimundo j no deu mais soluo. Os outrosinvestiram sobre ele logo de comeo, isso, pra no ter voto em partilha.

    Nestor: T usando aqui, no alembrado de Nestor, que antes a famlia era daharmoniosa. Herdana que traz a vida no ganhado, de comeo traz boa coisano.

    Dinda benzedeira: Mas o guerrear do meu povo digo que no tem origem emambio, coisa de diferena de sangue no corrido da veia.

    Nestor: Hoje t tendo desprazer em revelao de sangue. Bota ento amazela pra fora, pra v se firmo o corpo e aguento.

    Dinda benzedeira: Foi que logo vi de primeiro, inda casada de menina maiscompanheiro Aberto, que um de ns tinha deficincia nos gro. Nada quenascia bacuri, mesmo tendo fogo que no faltava. Resolvi ento fazer testesem intento de sem vergonhice. Coloquei pra trabalhar mais eu, Berenice,menina corpada e das faceira que era. Certo era que mesmo sendo Abertohomem srio, no resistiria a desejo da carne. E foi que foi. Que Berenice deujeito de seduzir com consentimento meu.

    Nestor: T certo que nasceu garrote de menino bastardo.

    Dinda benzedeira: Deu nada alm de dor de cabea, pela paixo surgida emBerenice por Aberto, que tive que foi dar jeito pela conversa ameaada.

    Nestor: T pensando aqui, que queira Deus que o punhado de filho que teve,foi tudo fruto de milagre, isso, pra que essa conversa assim tenha final emglria.

  • Dinda (lamentando): Amei demais Aberto pra largar besta porque era homemde gro seco. E desrespeitoso demais pra dividir esse meu saber mais ele. Foique atinei outra providncia, lambana eficientemente pecaminosa.

    Nestor: que comeo sentir o calor do inferno!

    Dinda benzedeira: Andou por essas terras tendo surto de tuberculose, quesujeito que morria por idade avanada, alcanava no muito vinte cinco anos.Era coisa de ir pra cama e ajeitar velrio. O povo chamava o mdico pra tentarsalvar o corpo e eu pra bendizer a alma.

    Nestor: No t entendendo o rumo dessa prosa. No que t afoito pelomilagre dos nascimento.

    Dinda benzedeira: Chego nessa parte em que o co teve da minha almadana. Foi que dei jeito de arrumar homem pra embuchar, na convalena damorte de hora marcada. O moribundo na esperana de ter mais tempo nessavida, solicitava artifcio de curandagem pra mode ter vivncia.

    Nestor: O diabo hoje vai a forra comigo!

    Dinda benzedeira: Alm das aves e marias, eu sugestionava que o moribundodeitasse mais eu. Falava que era o nico jeito, em segredo, de passar o fluxode alma pura ao acamado.

    Nestor: que eu venho tentando seguir rumo de um caminho bom, e vem apelada com umas conversa dessa?!

    Dinda benzedeira: Peo que deixe o julgamento pro final, seja ele qualquer quefor. Foi que dava jeito de fazer o acamado fazer jura de silncio pra ter cura, ouao menos conseguir ele bom recebimento da alma por donde ele devia de dar.

    Nestor: T vendo que dava mesmo a cura, e pelo que me parece, jeitoprazeroso achou foi pra obteno de graa.

  • Dinda benzedeira: Se somente desse jeito fosse, o pecado int seria menor. Oprimeiro morreu antes do nascimento do filho. E foi mesmo assim com o restodos outros seis, sempre tendo pai morrido moo e de sangue diferente.

    Nestor (perturbado): perturbao, capeta, Satans, encorpada em pombasanta, ao menos contou pra meu padrinho essa estria toda antes dele morrer?

    Dinda benzedeira: No meu pensar, isso no importava mais no. Abertohomem de admirao em inocncia, no merecia ficar sabendo de nada no.Mas o pecado que tenho maior...

    Nestor: Tem mais, capeta, tem? Abre logo essa bocona e pe pra fora!

    Dinda benzedeira: O pior foi o vcio que me acometeu no gosto que adquirir emdar a difamada penitncia tudo que era homem moribundo que tava no leito.Por muito tempo achei modo de ter no matuto minha indecncia, comobenfeitoria queles que j se iam. Agora parece que o pecado veio tomar paga.

    Nestor: Me fao agora livre de jejum, puramente pra te dar paga justa pelasbenfeitorias que andou fazendo. Acerta o corpo que te vai chumbo!

    Serafim (entra correndo): Faz isso no, Nhzim, meu chefe, que nosso feito grande. Vejo que chego em hora acertada pro c no botar o nosso tudo aperder.

    Nestor: minino, deixa eu quieto. Que essa a hora que eu me delicio!

    Serafim: faz isso no, que dou jeito de amarrar esse co pro c dar finaldispois. O confessado dela o sinh j tem, pois quando que acabar esse tudo,pratica o seu bem entender. Agora temos que dar andado na fila que talargada daqui a porta da casa de Nevraldo.

    Nestor (bufando): Ento d jeito de amarrar esse co, e tira ela logo das minhavista, que pedir demais eu no dar jeito agora nesse diabo.

    Serafim: Que fao!

  • Nestor: Serafim...serafim...T achando que o combinado daquele demnio tdemais do que podemos de cumprir... Nunca que pensei que esse povo fossetodo assim... T achando int que tenho modo de haver sarvao, emcomparamento com as imundcies contada, t na leveza do esprito.

    Serafim: No ouvi o causo contado por dona Dinda Benzedeira, mas vejo quepela reao de Nhzim, deve de ser lambana fedida.

    Nestor: Desgracena s. E no que deu do pai do bode?

    Serafim: Me traz desgosto o detalhamento do causo, caso que uma parte t meencafifando, modo que tenho que pronunciar, pra v o sinh se tenho razonessa minha fala e me tirar de pensar ser doido.

    Nestor: Pois que diga, serafim.

    Serafim: Como no recomendado, segui Camilo at a Estncia de suapropriedade, no que o sujo me viu no gatilhamento da carabina cuspideira,correu rumo do bode e gritou: Andreeeee.

    Nestor: que perdi foi o prazeroso...

    Serafim: Antes que eu desse fim no sujeito, o bode veio como se tudopassasse em momento de lentido, olhou pra dentro dos zi de Camilo, e promeu espanto e doidura, que Deus tire a luz que agora enxergo, disse numclaro: a beennnno. Logo dispois Camilo caiu morto.

    Nestor: Depois dos trem cabeludo que ando por ouvir, acredito demais nessasua fala. E por isso que digo que deve dar fim nessa cobra trepadeira queacabou de amarrar.

    Serafim: vim pensando nisso tambm, Nhzim. Penso que podemos trapacearo demnio desse jeito no, pruqu mesmo sendo eu quem executa o dito, amaldio no se apaga, somente se transfere. No que uma hora dessas acordoruim feito o qu, e nego do cabelo avermelhado.

  • Nestor: Pois devia de se sentir no lisonjeio na parecena comigo. Mas vejoque tem razo nessa sua fala. O que penso agora, que devemos de darseqenciado nos confessado desse povo. E dispois havemos de dar jeito aferro quente nos que contar calamidade que seja grande que no se cabeperdoar quando houver o desjejum proclamado pelo demnio.

    Serafim (alvoroado): isso, Nhzim. E prepare Dindor, que vamos naenxurrada de pecado, e os que for de sujeira muita, dispois havemos de ver noque vai dar.

    Narrador: S vendo no diabo que deu a quermesse. Foi que revelou o lugar prapior que Sodoma e Gamorra, que quando que esmiuada, saia era trem dosmedonho, capaz de fazer vampiro fugir de l e pegar rumo pra Pedra Azul. E otal do pacto firmado? Mostrou ser incumbncia diablica de confissoarquitetada pra ceifamento das almas arrependidas. E o povo saia que saiaconfessando tudo quanto existe de desvio de conduta maliciosa: traio dematrimnio, ao monte. Vantagem de engano do pouco estudado em cima domuito analfabeto, e outros tantos variar de maior e menor atrevimento. Chegouque deu pra Nh tinhoso desconfiar que o demnio invertido devia de saberque a muita verdade traria discusso e bala. Sendo que ele e Serafim derampra filtrar o que era molecagem, ousadia, pecado, pecado escandaloso eabominao crist, tudo medido pelo consenso que chegavam em matria deagravo aos bons costumes segundo eles. No que foi juntando foi gente prajunto dos que acometeram embrulho vergonhoso tal qual desmerecedor deremisso. E j os por menores, fizeram sentena deles mesmo no solavanco,ponta p e palavro.

    AtoIV

    Nestor: Serafim, Serafim, que agora t no entender o juzo esperto do trevoso.Somente foi agente levantar essa barraca, pra que essa cidade virasse essefogaru. Parece int que o co, nesse nosso negcio firmado, passou foi a molisa de esperteza.

    Serafim (cansado): T tendo certeza disso. Tive tendo notcias de um dessesamarrado, que se contado l fora, pra mais de vinte perdeu a vida por dar coma lngua nos dentes em pecado confessado.

  • Nestor: Ento a conversa essa? O dito deve de ter muito gosto de me terqueimando no eterno, modo que anda trocando somente eu por esse povotodo.

    Serafim: Pro co, deve de valer muito esse meu patro. Modo que ele ttrocando mo cheia de alma por uma s.

    Nestor: Mas tem um trem que no bate no prumo, modo que andando o povoconfessando esses pecado de corao, certo que Deus perdoa e dlivramento das almas. Sendo que diminui o povo que h de tomar fogo noburaco escuro.

    Serafim (risos): que o inferno tem nome. Mas penso agora que o diabo por demais sabido. No andar que andam as coisas, ele t multiplicando pramais o povo dele.

    Nestor: explica essa conversa, mi, nigrim.

    Serafim: que se era um s pecador, exemplo de So Jos da laje, no que apouco abriu a boca pra confessar pecado, vi os fi do homem tudo darem ascostas pra ele. Digo que a renegao ao pai fez muito mais pecadores do queera s um trapo de gente.

    Nestor: T dizendo ento, que passo que um se arrepende, muitos outrospecam por fazer juzo adiantado dele!

    Serafim: isso que digo, Nhzim, meu patro. O satanazo deve de t desorriso largo, modo que anda satisfeito de ver, uma s alma tramar confusotamanha, que seja capaz de levar muita gente pra pecado grande.

    Nestor: T vendo que ando comprando conduo cara, feito ouro... Tenho dnenhuma desse povo, mas ouvindo esse seu conversar, acho que o trabalho t por feito ,e ando fazendo hora a mais.

  • Serafim: Nessa cidade nem me lembro de um s rosto que j em idade depecado no fizemos confessar.

    Nestor: Se muito, meia dzia desses esconjuntados pode ser que tenhapassado. Mas vou dar jeito de reencontrar o tal demnio trapaceiro pra modeacertar minha paga, e os que faltaram, ficam na conta dos muitos quemultipliquei.

    Serafim: Acho justo esse seu falar, e vejo que deve de dar por trabalhoconcludo. E confirmando a ida do sinh rumo a morada de seu pai, damos jeitonesse monte de troo que formou aqui sem merecimento de convvio comgente.

    Nestor: Um trem ainda me encafifa. Como que encontro o tal demniodescabido pra firmar trato acabado?

    Serafim: Tem necessidade de preocupao no. Lembro ouvir de menino,tempo que essa velha Dinda no meu conceber ainda prestava, que bastavajogar trs dente de alho no meio de redemoinho que o co mostrava a carona.

    Nestor: Deve de ser que essa depravada andou foi toda vida de converc maiso co.

    Serafim: Proveita essa momento de silncio com a festana acabada pra fazero tal do contato temperado.

    Nestor: o que eu vou fazer agora!

    Nestor pega o alho e lana no meio do redemoinho que num tamboril detrovoada o demnio apareceu.

    Demnio: Esse trem de redemoinho chega que me d gastura. Mas vejo quechego em boa hora... Nestor andou que andou fazendo foi bom trabalho.

    Serafim: Deu jeito numa s tacada, fazer confessar o povo, pecado escondido.

  • Demnio: Deixe-me ver...trs mais oito, onze...nove esfora...faltaramquatro...Clara freira, Afrnio doido e Luzia, no da terra. Opa...em meusalfarrbios aparece ainda um s nome. Chegou cedo de volta pro lugar dondenunca devia de ter sado. Traz muita desiluso na alma, e vejo que tem umpassado que traz desgosto e sofrimento...

    Serafim: T achando que Nhzim arranjou foi cigana de asa ao invs dedemnio. Esse invertido t querendo desconversar o trato.

    Demnio: Ignoraaante! Tenho sexo no, nigrim e, admirador sou de Nestor, praque venha eu de enganao!

    Nestor: Ento que conversa essa de inda t no faltado pessoa pra confessar?

    Serafim: E os tantos outros que Nhzim fez pecar, conta nada no?

    Demnio: Se fosse mesmo por mim, Nestor j estava era ao lado do Pai, e claro, tambm do papai. Mas como foi muito bem explicado em nosso ltimoencontro, s necessria a confisso de todos dessa terra que se encontramaptos a exercer a remisso de pecado. Quanto aos que muito multiplicou,sero tidos como pagamento de multa por Serafim ter dado fim a CamiloEnxadeiro fogo.

    Serafim: Mas valia ento esse tal Camilo esse tanto de alma?

    Demnio: Se preferir tenho gosto de dar tudo por encerrado, e esperar Serafimna boca da fornalha que no se apaga!

    Serafim: D jeito de tirar eu dessa, Nhzim, que esse demnio anda no gorodescarado. E vira pra l, anjo invertido, que assim que esse um tudo der fim,dou jeito de ir pra seminrio, sem risco algum dum dia eu mais oc encontrar.

    Nestor: Fique tranqilo, serafim, que alma como a sua j tem lugar guardadono cu. Quanto a oc, como que devo de proceder com esse resto de ruindadeque ficou aqui amarrada?

  • Demnio: Que deixe continuar-te fazendo companhia, que logo chegar tempoem que ter que fazer escolhas pra que seu futuro seja um outro.

    Serafim: Aposto que agora a hora desse capeta sumir na fumaa.

    O Demnio some na fumaa.

    Nestor: Como que sabia disso, Serafim, caso t de enlace mais a treva?

    Serafim: Com todo respeito, Nhzim, int parece que no nasceu e criou-senessa terra! Toda estria de sombrao que ouvi nessa minha vida, tinha essatal fumaa no final. Acho que pra deixar a gente no nervosismo medroso.

    Nestor: Que me d faltume de pacincia com essa bestagem toda.

    Serafim: E mais agora como que devemos de saber quem essa alma quefica no vagado sem confessar? Se homem, se mulher, se velho ou novo,preto ou branco...fica roendo o matuto!

    Nestor: Penso que o caminho deve de ser procurar quem foi a misria que deuvolta pra essa terra indo hoje sem fazer seu confessado.

    Serafim: Fao gosto que assim seja, Nhzim. T vendo que resolvemos umproblema, no que arrumamos foi um outro. Ganhamos dinheiro tanto com oconfessionrio, que tanto foi que nunca vimos, mas fato que com adebandada do povo, no tem comrcio nem pra gastar uma lasca de moeda.

    Nestor: dinheiro parece que no vai ter valia nessas terra. Temos que dar jeitode sobrevivncia nossa no roado. Enquanto no se resolvemos nada, praagora pe essa cambada pra trabalhar perto de nossas vista.

    Serafim: Fao isso. Vo cambada, que o tempo curto e a chuva magra.Dispois do jeito de voltar quando chamado, pois logo acabamos de vez comesse tudo.

  • Nestor: Serafim, quando pedi que tirasse desse um ltimo, do confessadomargoso, quantas pessoas ainda andavam pela cidade, no que foi que essebandido te respondeu?

    Serafim: Disse ter ficado umas vinte boca com fome contanto j com ascrianas. Digo int, que deve aparecer esse povo logo pra junto de ns, no quesomos os que ainda to dando atendimento freguesia.

    Ouve-se vozes ao fundo.

    Serafim: que t do advinho. No que tem mesmo gente chegando?

    Nestor: E como que devemos de proceder, no arranjado do encorporamentoou na natureza minha do conhecido?

    Serafim: Acho que custa nada montar o ltimo confessado, jeito mes dasprocedncia anterior...

    Nestor: Ento que vou no meu posicionamento, no que oc d jeito no restoque suceder de pronto.

    Uma senhora j em idade, aproxima-se acompanhada de um jovem moa, quepelo trajar, gente finssima da cidade.

    D. Lurdinha: tarde, nigrim Serafim.

    Serafim: tarde, Dona Lurdinha. Com o qu pode esse humildeestabelecimento dar de atendimento a vossa senhoria, inda mais na companhiade to lustrosa dama?

    Dona Lurdinha: Caso andou tragando bebida forte, Serafim, foi? Esse seutratar ta muito do diferenciado para comigo, no que desconfio int serdesrespeito em galanteio.

  • Serafim: Se tratei antes diferente, foi fruto meu de ignorncia. Dispois dosacontecido nessa terra, fao esse meu atendimento ser agora regra. E se teapareceu que tomei foi por liberdade, peo desculpa, que tenho agora a vidacomo coisa breve, sendo que devemos de tratar muito bem o prximo.

    D. Lurdinha: Isso sim tomo como verdade verdadeira. O povo dessa terraandou foi endoidando, fazendo pensar que qualquer hora pode embora nossacerteza. Por isso digo que enquanto foi mantida a convivncia tem que ser nacortesia.

    Serafim: Fao minha as sbias palavras.

    Moa: Ento ser por que no coloca as tuas palavras em prtica ecumprimenta toda a gente dessa terra?

    Serafim: Desculpa os meus poucos modo, e fao voto que essa terra tragadiferente sorte ao estrangeiro que nela chega. Que a seus filhos trouxe foi faltade prosperidade! No que sobrou foi convalescncia.

    Moa: Agradeo a sua muita sinceridade, mas dessa terra j conheo o muito.

    Serafim: Ento foi a senhora que retornou hoje cedo no muito amargurada?

    D. Lurdinha: Que conversa desarranjada essa?

    Serafim: A senhora mais uma vez perdoa eu, que no tenho muito jeito com opalavrear.

    Moa: No se desculpe, Serafim, acho que meus olhos declaram o meu muitosofrer.

    Serafim: que o anjo endiabrado tinha era razo na fala guardada demaldade.

    Moa: Anjo?

  • D. Lurdinha: Sei bem o anjo, deve que foi o anjo da loucura, o mesmo quelevou o juzo deste, e do resto do povo dessa terra dando conselho revelia.

    Moa: Que conversa de anjo essa, Serafim?

    Serafim: Conversa besta minha. Dona Lucinha tem razo, deve que t medando falta de juzo.

    D. Lurdinha: Dalina, deixa esse menino quieto e vmo ver logo o que comprar.Apesar de que, ao invs de fazer compra da mantena, devamos seguir como comboio que foge da cidade.

    Serafim: Vossa graciosidade atende pelo nome que ouvi, de Dalina?

    Dalina: Sim, este foi o nome que meu pai me batizou.

    Serafim: E esse tal pai, atendia pelo nome de So Joel?

    Dalina: Conheceu ento meu saudoso Pai?

    Serafim: Se saudoso no digo, mas conheci um que mesmo dispois de mortorevelou ser trapaceiro por esconder verdade. Mas como que pde isso?

    D. Lurdinha: Pde o qu, Serafim?

    Serafim: Ouvi conversa a vida toda que Dalina andou foi da muito morta!

    Dalina: Morta?

    Serafim: Das que tem direito a choro e vela.

  • Dalina: Tia, que foi que aconteceu pra dar nessa conversa!

    D. Lurdinha: Foi coisa de seu pai. Meu irmo encomendou fofoca pra JudithLinguo disseminar veneno da sua morte pra todos que aqui moravam.

    Dalina: Mas pra qu pai faria isso?

    Serafim: Mas pra qu aquela misria faria isso?

    Dalina e Dona Lucinha: o respeito...

    D. Lurdinha: Foi pra se ver livre do amor que Nh tinhoso tinha mais oc(sussurrando).

    Dalina: Claro que me lembro do carinho que Nestor tinha por mim, mas eracoisa de menino, nada to srio a ponto de meu pai mentir pra toda cidade.

    D. Lurdinha: Diz isso pruqu no teve aqui dispois da sua ida pra estudar nacapital. Nhzim andou pelo dia e pela noite uivando de tristeza de perdaamorosa.

    Serafim: Deve de ter sido foi coisa da muito sria. Int estalta sua tem formadano topo do morro do Penedo.

    Dalina: No posso acreditar nesse absurdo!

    D. Lurdinha: Pois acredite! Mas essa tal estalta s veio a ser feita por Nhzimdispois que seu pai vendo que Nestor pegou rumo que ia trazer oc de volta dacidade. Da seu pai te matou.

    Serafim: E matou foi de qu?

    D. Lurdinha: Tal de malrsia. Doena ruuuuim, que nem caixo aberto odefunto pode ter.

  • Dalina: Como pde pai ter feito tamanha maldade como esse menino?

    D. Lurdinha: E o Satans l tem idade! Tem remorso disso no, que seu pai fezfoi muito bem pro c afastar daquele que nem dente crescido tinha, e jdisputava sangue com morcego.

    Serafim: Dona Lucinha, tenha misericrdia, que So Nestor melhorou foi pordemais.

    D. Lurdinha: Melhorou...melhorou demais, que agora s da cabo dos que deveno fiado.

    Dalina: Explica isso, Serafim!

    Serafim: Dona Lucinha se refere ao causo que meu patro deu fim aos quedevia no fiado, assim que herdou a venda do pai. Sendo que So Rufio, muitodo sabido nos negcio de numerologia de dinheiro, disse que o cometido porNhzim tem int nome: Choque de gesto.

    D. Lurdinha: T vendo, Dalina, aquele nunca foi flor que se cheire...

    Dalina: Pode ser que tanto sofrimento de menino, tenha construdo umapersonalidade violenta.

    Serafim (lisonjeado): Violentssima!

    D. Lurdinha: O povo da cidade quanto mais estuda mais parece que menosaprende. Por acaso j viu cobra dispois que nasce virar cisne? Pois ento...

    Dalina: Minha tia, penso que seria pelo menos justo contar toda a estria aohomem que se tornou Nestor, e pedir perdo pelo gesto desesperado deproteo de meu pai, que tanto causou engano. E quero fazer isso agora!

    Serafim: Sinto no ser agora possvel.

  • Dalina: Mas por qual motivo no posso v-lo agora, serafim?

    Serafim: que ele no se encontra mais entre ns.

    Dalina: A pouco no disse que ainda trabalha pra Nestor? Ento como quepode ser isso?

    Dona Lucinha: Serafim quer dizer que Nestor agora responde por nome deentidade. Como que mesmo o nome, Serafim?

    Serafim: Dindor

    Dalina: No estou entendendo mais nada.

    Serafim: que So Nestor, desde o comeo da hora da festa passada,recebeu uma entidade denominada Dindor, que teima permanecer mais ele.

    Dona Lucinha: E foi essa tal misria que endoidou todo o povo, fazendo cadaqual confessar pecado escondido na alma. Por isso que restaram somente ascrianas e meia dzia de adultos, assim como eu, que o pecado de topequeno que vergonhoso.

    Dalina: Quero ver Nestor, Dindor, quem que possa eu pedir perdo. Pensoagora vir disso a tristeza que carrego tanto anos sem saber o porqu. E mesmosendo ele agora essa terrvel criatura, admirvel foi em me dedicar tanto afeto.

    Serafim: E digo que pelo falar dele inda hoje, que conserva no peito amornascido de criana. Agora quanto a Dindor, penso que pode desgostar dessaminha permisso intrometida.

    Dalina: Ele gostando ou no, vai me ouvir. E que no se atreva nem um dosdois me impedir.

    E saiu de supeto, encorajada pela necessidade de perdoamento que trazia naalma.

  • Serafim: T achando que esse trem vai dar em coisa boa no. Vamos, DonaLucinha, acompanhar o caso de perto, na espreita do corredor, da pra se ter osdois vista.

    Dona Lucinha: Vmo no passo, que no me perdoo se um risco acontecer aessa menina. Prometia a meu compadre que dia que ela voltasse, se voltassepra esse canto, eu de perto acompanharia.

    Serafim: To Vmo no apressado.

    Ouve-se palmas que sustem chegada de visita.

    Dindor: Se apresente logo quem se anuncia, que s com esprito que tenhomodo de conversa sem ver.

    Dalina: Sua licena, So Nestor, digo... Bimbor.

    Dindor: Seja assim o nome da sua ...

    Enquanto colocou os olhos nos olhos da criatura que se apresentou, Nhzimde pronto reconheceu.

    Cano moderna de amor...

    Dindor: Cr em Deus Pai que agora que t mesmo no estreitamento comque no mais desse mundo. meu Deus que t vendo Dalina! No que indamais bonita e agora moa feita! S pode ser coisa daquele anjo diablico quefez isso pra eu me fraquecer.

    Dalina: Calma, calma, Nestor, que sou eu mesma, Dalina. Voltei hoje cedo pracidade.

  • Dindor: Diabo astuto, veio agora dessa forma por saber que me molecia. Eveio foi audacioso na forma mais sagrada que poderia eu imaginar, na deDalina crescida.

    Dindor: Sou eu mesma, Nestor, crescida nesse corpo de sofrimento. Eu nopoderia mesmo sem saber a estria por completo, ter deixado que mentissem,e muito menos que mantivessem essa mentira por anos.

    Nestor: Caso conversa noutra lngua, sereia da treva! Mesmo no feitio detanta beleza, que no me alembro de ter visto outra igual, mantenho meu juzoconservado em desconfiana. Sei o que quer me confundir em conversa semp nem rumo de cabea.

    Dalina: Sei que pensa que morri, e que foi at no meu enterro, mas o quehouve eu te conto, que foi tudo trama de meu pai.

    Nestor: Como pode ter sido coisa tramada, se eu mesmo que carreguei o pesocaixo e da tristeza?

    Dalina: Mas assim foi.

    Nestor: Suma das vista minha, sombrao! Serafim, Serafim! Vem aqui v setem razo nisso que vejo?!

    Serafim: T aqui j, Nhzim, e dou prova que Dalina.

    Nestor: No pode ter essa conversa cabimento. Foi eu que chorei sozinho amorte desse esprito que agora me perturba.

    Dalina: Nestor, como antes te disse, pai que simulou enterro mais ajuda DonaJudith Linguo. O intento dele era ter voc longe de mim, isso, por achar vocinapropriado pra filha estudada.

    Serafim: Foi isso certssimo que passou pela doente cabea de So Joel,

  • Nestor cai ajoelhado em pranto.

    Nestor: Dalina graa eu dou por oc ta viva diante dos meus olhos. Nuncapor um dia me esqueci doc, nem mesmo nunca por um fi de minuto eu ameioutra seno a menina doce da minha infncia que foi bruta.

    Dalina: Te peo perdo, Nestor, por meu pai ter te feito sofrer tanto. E por mim,por no ter reconhecido to grande amor. Quisera eu ter sido realmentemerecedora dessa sua toda dedicao.

    Nestor: E sempre ser.

    Serafim: Disso sou testemunha, So Nhzim nunca falou de outro nome quedesse a ele calmeza de corao como o nome de senhorinha Dalina.

    Nestor: Nunca tive motivo pra perdoar oc, int pruqu, penso que estavamorta. Quanto ao velho So Joel, seu, pai, toma agora como inimigo maior, quefez eu int desistir de pro rumo da morada celeste de meu pai.

    Dalina: V se agora esquece isso tudo, no se martirize mais. Perdoa meu paique ele fez tudo por amor exagerado a minha pessoa.

    Serafim: Senhorita Dalina tem razo, patro, modo que penso que o sinh devede perdoar So Joel pra alcanar sarvao prometida pelo demnio.

    Dalina:Sei j de toda essa estria da promessa do demnio, Nestor, e acho quetanto fez foi sacrifcio pela salvao, pra terminar agora em vingana!

    Nestor: Serafim, traga tudo quanto maldito que ta l no roado, que agoraarrumo passagem do meu jeito.

    Serafim: Fao isso, Nhzim, mas antes peo moderao.

    Vmo entrar, cambada de esconjuntado, que Dindor quer d julgamento noapressado da hora.

  • Nestor: que fao gosto de ver toda essa gente reunida, mais gosto indatenho em declarar que Nh Tinhoso t de volta do adormecido. Agora me faolivre de jejum que a ltima confisso j tive. No quero mais ter lugar no cu,fogo nesse povo pra ir junto de So Joel!

    Dalina e serafim correm pra frente do povo, no tentar impedir fogo consumidorda espingarda.

    Serafim: Faz isso no, meu patro, que desse jeito bota tudo a perder.

    Dalina: Nestor, pelo amor que ainda pode restar no seu corao, no faa isso,fez muita coisa boa pra de novo dar esse passo pra trs.

    Nestor: Passo pra trs resolvi foi dar quando tentei mudar de jeito. Nasci foiprometido ao p de bode. T no errado nesse nadar contra o rio deperversidade maliciosa.

    Serafim: Ento era dessa escolha que o demnio tanto falou?!

    Dalina: Que escolha era essa, serafim?

    Serafim: Se Nhzim der cabo nos esconjuntados, segue rumo pra morar maisSo Joel, se resolve perdoar esse povo, inclusive So Joel, d jeito de morarmais o pai. Me parece int que o bem e o mal so tudo as mesma coisa, noandar junto de mo dada.

    Nestor: Se jeito tivesse, eu caava jeito de visitar era os dois. Mas como t defrente de escolha, fico com So Joel, que conseguiu conservar inda maisraiva.

    Dalina: Serafim, busca jeito ento da presena do demnio. Pode ser que elenos d outra possibilidade.

    Serafim: Se muita a amizade que me tem Nhzim, peo que me d essetempo pra estabelecer contato mais esse co mensageiro.

  • Nestor: Faa isso, que te dou tempo pela amizade que conservo, mas anda noapressado que o dedo t que coa pelo dio enojado desse povo.

    Serafim: Ento que agora vou. Anjo, anjo, l dos quinto, que no vento trazsuspiro no meio do redemoinho, que sua careta aparea que j tem toda suapaga, e v se no demora, que Nh t com pelada!

    Demnio: Esto pensando que assim? Que eu no tenho nada mais pra fazer, que tenho que ficar na incumbncia de atend-los? E o pior, agora vejo quequem me chamou foi o mesmo que me tem por invertido.

    Serafim: Desculpa pea pelo tratamento anterior, e agora muito respeito tenho,por ver razo no que fala. Parece que cheguemos foi no fim disso tudo,momento srio de escolha.

    Dalina: O que gostaramos de saber como podemos evitar a tragdia queest na eminncia de acontecer.

    Demnio: Primeiro, quero esclarecer que meu interesse por Nh Tinhoso, eque nada tenho eu com vocs. No que atendi o chamado foi pela admiraoque conservo a Nestor, menino de perversidades memorveis.

    Dalina: Sendo assim, o que pode fazer para que ele tome acertada deciso.

    Demnio: Como j disse, numa outra passagem minha por aqui, a livre escolha dele, o que posso fazer em agradecimento a seus feitos, conseguir umcurtssimo encontro dele com o pai e So Joel, para que desse modo tenhamais facilidade na escolha.

    Nestor: E nesse tal encontro posso passar fogo nos dois, caso eu no consigaencontrar deciso temperada?

    Serafim: Se me permite, anjo, respondo que j sei que no. Devemos de t em fantasma de espiritualidade, sem poder tocar em nada.

  • Demnio: Apesar de no ter minha simpatia, digo que certssimo est em suaobservao.

    Dalina: E poderei mesmo ver e falar com meu pai?

    Demnio: Voc e serafim podero v-los sem que eles vos enxerguem, nemmesmo os ouam, isso, pra que no atrapalhem na escolha de Nestor. E quepra ttulo de informao, no poder dar fim por agora ao que j est morto.

    Nestor: Ento vamos com isso que j estou na nsia.

    Demnio: Somente antes gostaria de deixar claro que o que consentirei umcurto pronunciamentos dos que j se foram. Que seja sem fala que interrompao que jaz em treva e o outro em paz! (lana feitio).

    Entra cenrio todo branco com duas portas da mesma tonalidade. O demniotoma por discurso a linguagem e comportamento de apresentador deespetculo.

    Demnio: isso a, galera, o que est prestes a acontecer a escolha entreduas vidas, estrias distintas que se entrelaam pelo eixo de uma inimizade emcomum. Que entre So Joel, e que tambm nos d o prazer, So Rafik.

    De um lado o que anda pelo cu aparece de branco em meio a figurascelestiais, no que aparece o outro que s o farrapo, em meio ao fogo doinferno.

    Demnio: Vejam vocs que a vida no encerra com as desigualdades. Poisbem, que fao justia! Os dois tero o mesmo tempo para pleitear perdo, queser e trinta segundos de tempo.

    Dalina faz gesto repetitivo apontando as mos para o pescoo em gesto afoito.

    Demnio: Entendo, jovem Dalina, mas cada um com suas limitaes. E pra queno me tenha de todo ruim, deixo que comece seu pai. E vamos com isso quetenho mais o que fazer. Que comece!

  • So Joel: E...e...eu...quero dizer a ...Nh...Nh...Nhzim, que tudo quanto fizfoi...foi...foi.

    Demnio: Foi embora seu tempo. Infelizmente muitos morrem pela fala, nocaso, a gagueira. So Rafik?

    Rafik: Saudade tenho de meu filha. E deseja muita que a filha perdoa eu, quepai anda muito s. Em lugar que agora moro, procuro, procuro, mas no achosua me.

    Demnio: Tempoooo! Podem voltar pras respectivas moradas eternas.

    Os dois saem e entram nas portas. O anjo estala trs vezes os dedosdesfazendo feitio do silncio.

    Serafim: Que diabo de sensao miservel ser convalente de fala!

    Daliana: Em pior caso t papai, que mesmo no inferno no deu jeito nagagueira patolgica que teve em vida.

    Serafim: gagueira que o co!.

    Nestor: Pelo que me pareceu, o final dela no achou glria.

    Serafim: Tambm pensei ser isso, pra So Rafik t procurando sem acharDona Frida na morada celestial, deve que t noutro lugar.

    Nestor (risos: E no t? Deve de t pela eternidade.

    Demnio: Eis que anuncio que chegou o grande finale dessa presepada toda.Est na hora de Nestor seguir rumo que vem de escolha. Se perdoar asmazelas que so muitas desse povo pouco, chega a So Rafik enganador, e sed paga de merecimento aos esconjuntados, segue quente pra fornalha de SoJoel.

  • Ouve-se armao do rifle fuiquenumvolto.

    Nestor: J t no escolhido. Dou jeito apressado pra junto desse vi gago.

    Coro dos esconjuntados: Perdoa ns, Nh Tinhoso.

    Nestor: Perdoo nada!

    Serafim: Perdoa, meu patro.

    Nestor: Perdo t no tino de bala.

    Dalina: Antes ento que sustente sua palavra, Nestor, deixe que eu lhe faauma pergunta.

    Nestor: Pode seguir, Dalina, como essa sua pregunta.

    Dalina: Ainda guarda um pouco do amor que me tinha no teu corao?

    Nestor: Digo, Dalina, que nunca fui homem de me dar a conversa de amor,muito menos ento de amar por duas vezes. Por isso, o amor que tive guardode menino, que nascida flor no peito foi essa, que no se pode morrer. Indahoje te amo como se fosse sempre o primeiro dia.

    Serafim: coisa linda de palavrear o amor! Chega int que me d regao nopeito de contentamento por paixo alheia.

    Dalina: Se assim, dou-lhe ento outra opo. Se me ama como diz, larga essetroo de vingana contra esse povo todo, contra o meu, e o seu pai.

  • Nestor: Uma coisa flor que nasce, outra coisa coisa plantada feito odio.Tive que perdi oc minha vida toda, hoje j no tenho mais. Virou foi moalinda, estudada nas ciena, que nunca agora quereria eu pra companheiro seu.

    Demnio: Concordo com Nestor . Se no Tivesse So Joel feito obrado talmaquinao, pelo forte amor e juventude de Nestor na poca, era que tinhasido capaz at de acompanh-la nos recurso de formao. Agora hoje, hmuita distncia... E ganha o qu em perdoar?

    Dalina: Distncia essa que no a vejo! Fao voto pra acabar com toda essamaldio, que por vontade tambm minha, em mim nasceu flor. Digo quetambm amo em Nestor o homem que consigo enxergar.

    Esconjuntados: ooooooo?!

    Serafim: Que conversa essa senhorinha Dalina?

    Dalina: isso que afirmo. Amo o homem que Nestor foi, o homem que Nestorainda pode voltar a ser, mas o homem hoje dado a vingana, a nicadistncia que vejo que nos separa.

    Nestor cai de joelhos.

    Demnio: No d ouvidos, Nestor! mesmo desse jeitinho... a conversa vaique vai... a ponto delas jurarem amor eterno. Os olhos, midos em fragilidadeencantadora. E a voz, doce canto da serpente da perdio, no que depois dosujeito dominado, nunca se mais se v a mesma candura.

    Serafim: Nhzim, esse anjo do muito amargurado. O que sei, e tambm oque rogo, para que o sinh d chance ao amor que dom verdadeiro!

    Dalina: E o que dizes, tu, Nestor? Pelo que sei homem de opinio, e por issopenso que tem o que dizer.

    Nestor: Digo que nessa vida de nada tive medo, int pruqu, sendo eu fi doestrumado, nunca passou por meus caminho fora da sombra capaz de atrevercomigo. Mas tendo Dalina dito tudo isso, tenho agora medo morrer de tantafelicidade que me aperta. Dalina, a senhora aceita ser companheira minha?

  • Coro dos esconjuntados: ooooo

    Dalina: Sempre fui em pensamento, e sempre serei por toda vida.

    Dalina corre e beija Nestor.

    Entra msica e festana de final.