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MAQUETES DAS CIDADES-ESTADOS DA GRÉCIA ANTIGA
MARA CRISTINA GONÇALVES DA SILVA*
Resumo
A escolha do tema Cidades-estados da Grécia Antiga está relacionada a vários aspectos: faz
parte do currículo do primeiro ano do Ensino Médio; a Grécia Antiga é uma temática recorrente
nos vestibulares e até no Enem; os livros didáticos normalmente apresentam o capítulo sobre
Grécia Antiga de forma estanque sem demonstrar o dinamismo desta civilização.
Os estudantes são divididos em grupos e escolhem cidades-estados diferentes para a pesquisa
que se compõem das seguintes partes: pesquisa escrita nos critérios da ABNT, apresentação
visual e oral via slides, a apresentação da maquete e a produção de um "folder" com um resumo
das principais informações e imagens da pesquisa realizada. Um dos principais incentivos a
uma pesquisa feita com compromisso e dedicação é que as melhores maquetes participaram da
Feira Cultural e Cientifica da escola e são registradas no blog: https://hemetec.wordpress.com/,
assim como também são registradas as melhores redações sobre os diferentes momentos no
desenvolvimento do projeto.
E também foi o caminho que escolhemos para debater conhecimento e democracia contra os
argumentos da escola sem partido ou escola livre que questionam o conhecimento e atividades
de estudo.
Conforme avançamos nos aspectos do tema no livro didático também trabalhamos com o
documentário: "Siracusa - Cidade Antiga" que foi dirigido por Silvio Luiz Cordeiro.
E os alunos foram orientados a fazer resumo capítulo a capítulo ou fichamento bibliográfico de
um livro paradidático: (VAN ACKER, 1994). Outra atividade desenvolvida foi a apresentação
de um roteiro de análise de objetos elaborado pelo Serviço Educativo do MAE/USP com o
objetivo de na visita monitorada ao MAE/USP cada grupo escolher um objeto da exposição:
"Pólis - Viver na cidade Grega Antiga".
_______________________________________-
2
Professora de História da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar e mestranda do Programa de Pós-Graduação
em Educação: História, Política, Sociedade da PUC – SP.
No ano de 2016 tivemos uma novidade que foi a visita de uma equipe do MAE/USP a nossa
escola, essa visita está presente no documentário "Pólis: Viver na Cidade Grega Antiga" com a
direção de Cleberson Moura e André Cury. O documentário pode ser visto no link:
https://www.youtube.com/watch?v=DcyeHC2jIPI.
Todas essas atividades também são ferramentas para o debate sobre a democracia na Grécia
Antiga e na atualidade, debate cada vez mais necessário pela difusão de valores autoritários que
negam a importância do debate histórico.
Introdução
Neste texto problematizamos e relatamos o ensino de Grécia Antiga no Ensino Médio. Leciono
a aproximadamente dezenove anos na Educação Básica o componente curricular de História e
há dez anos no Ensino Médio na Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar em Franco da Rocha,
região metropolitana de São Paulo.
A escolha do tema Cidades-estados da Grécia Antiga está relacionada a vários aspectos: faz
parte do currículo do primeiro ano do Ensino Médio; a Grécia Antiga é uma temática recorrente
nos vestibulares e até no Enem; os livros didáticos normalmente apresentam o capítulo sobre
Grécia Antiga de forma estanque sem demonstrar o dinamismo desta civilização. E desenvolver
as seguintes competências: organizar informações e conhecimentos disponíveis de forma a
argumentar consistentemente; selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e
informações, trabalhando-os contextualizadamente para enfrentar situações-problema e para
construir e aplicar conceitos das diferentes áreas do conhecimento de modo a investigar e
compreender a realidade. Para concretizar que a aprendizagem sobre a Grécia Antiga seja
significativa escolhemos o tema sobre as Cidades-Estados da Grécia Antiga através da execução
de maquetes destas cidades em grupos de estudantes do primeiro ano do Ensino Médio.
No ano de 2016 realizamos esse projeto em sala de aula um pouco diferente do que fazíamos
desde 2008 na mesma escola.
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O motivo foi uma crítica feita em 2015 por um estudante do terceiro ano do Ensino Médio, com
características ligadas aos argumentos da escola sem partido, como: só apresentar uma versão
dos fatos históricos, normalmente a interpretação ligada ao pensamento marxista, como na
Revolução Francesa sem aprofundar sobre a nobreza ou a Revolução Russa sem explicar sobre
o exército branco. Associando a pouca dedicação de explicações sobre as classes sociais
derrotadas nessas revoluções com uma postura autoritária da professora por "impor" uma
interpretação especifica, ligada ao pensamento com critérios de interpretação marxista.
Foi um debate duro na sala de aula, ainda mais porque estava pedindo ajuda, se haveria algum
aluno (a) que poderia me ajudar a digitalizar um livro paradidático sobre a Revolução Russa
(REIS Fº, 1989), a proposta não se concretizou e a leitura do livro paradidático também não se
concretizou, demonstrando que esse (s) aluno (s) usam esses argumentos para não estudar.
E algumas semanas depois um membro da gestão reproduziu as mesmas afirmações e
questionamentos, o diálogo foi intenso, pois o mesmo cobrou que apresentasse as versões
cobradas pelo estudante que havia comunicado esse membro da gestão. Disse-lhe que não
estudaria francês ou russo para ler os documentos da extrema direita de cada um desses países
e a derrota dessas classes sociais em 1789 – 1799 (na França) e em 1917 (na Rússia) abriram
um novo período de realizações inovadoras para a humanidade e isso é mais importante de ser
estudado do que o mofo das aristocracias desses países.
Decidi que em 2016 deveria superar essa discussão sobre os conhecimentos com um
aprofundamento sobre democracia (s).
Em 2017 estive afastada por motivos de saúde, mas nesse ano os argumentos desses alunos são
que o conteúdo não se relacionam a política, então como não posso me aborrecer por orientação
médica, propus como atividade extra uma redação sobre os episódios do programa Roda Viva
do canal de televisão TV Cultura a partir de 07 de maio de 2018 com os pré-candidatos à
presidência da República e estou aplicando minha programação de leituras de paradidáticos.
E na Grécoa Antiga, na primeira aula sobre Grécia Antiga registramos na lousa os
conhecimentos prévios que os estudantes possuem sobre o tema de forma ampla, normalmente
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são citados: as Olimpíadas, o nascimento da Filosofia, História, Democracia, Cidadania,
Arquitetura e Escultura.
O debate sobre democracia é fundamental para responder aos argumentos daqueles que são
contrários que os estudantes compreendam outras experiências históricas de convívio político.
Aprofundamos a comparação entre democracia representativa e democracia direta.
O levantamento do conhecimento prévio não é apenas para dar voz aos estudantes em aula e
constatar o quanto o Ensino Fundamental II os preparou, mas concordamos com Tauhyl (2012),
"Trabalhar essas "heranças" é uma forma de ligar as situações do presente ao estudo do passado.
Mais do que detectar os pontos de conexão da nossa realidade com o mundo antigo, entender o
porquê dessa permanência é uma grande possibilidade de exercitar o pensamento crítico do
aluno".
A partir disso estabelecemos a linha do tempo da Grécia Antiga, da influência minoica e
micênica, períodos pré-homérico, homérico, arcaico, clássico e helenístico. E as cidades-
estados de Atenas e Esparta como modelos. Esse conteúdo do livro didático é comparado com
a linha do tempo da obra: "Siracusa - Leituras de uma Cidade Antiga" do LABECA -
Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga do Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade de São Paulo. A disponibilização aos estudantes de duas linhas do tempo sobre o
mesmo período histórico tem por objetivo propiciar a possibilidade de comparação entre a linha
do tempo fornecida pelo livro didático: curta, resumida; e a linha do tempo elaborada pelo
LABECA que é baseada em objetos encontrados em escavações arqueológicas e essa linha do
tempo possui mais características, fruto dessas descobertas, esses objetos formam parte da
cultura material do período estudado.
Os estudantes são divididos em grupos e escolhem cidades-estados diferentes para a pesquisa
que se compõem das seguintes partes: pesquisa escrita nos critérios da ABNT, apresentação
visual e oral via slides, a apresentação da maquete e a produção de um "folder" com um resumo
das principais informações e imagens da pesquisa realizada. Um dos principais incentivos a
uma pesquisa feita com compromisso e dedicação é que as melhores maquetes participaram da
Feira Cultural e Científica da escola e são registradas no blog: https://hemetec.wordpress.com/,
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assim como também são registradas as melhores redações sobre os diferentes momentos do
projeto.
Como expectativa geral de aprendizagem temos que os estudantes construam maquetes que
representem cidades-estados da Grécia Antiga no dinamismo de sua civilização através da
interdisciplinaridade necessária para a pesquisa e construção das maquetes, através de
conhecimentos sobre a geografia, arquitetura, mitologia/literatura grega, teatro, proporções
matemáticas, religiosidade, funcionamento político e a organização das cidades-estados e a
historicidade dessas localidades através de características econômicas, culturais e políticas.
As aprendizagens especificas se relacionam em os estudantes conseguirem com suas pesquisas
e maquetes observarem as diferenças de planejamento e funcionamento das cidades-estados da
Grécia Antiga com as nossas cidades atualmente, se a organização das cidades-estados se
aproximam mais de um funcionamento democrático ou aristocrático.
Desenvolvimento
O trabalho pedagógico sobre a Grécia Antiga segue o encadeamento do livro didático
intercalado com o material pedagógico do LABECA e as orientações para pesquisa sobre a
cidade-estado escolhida pelo grupo, em cada sala não há cidade-estado repetida e a leitura do
livro paradidático.
Um exemplo é a pesquisa feita sobre Mileto em 2016 pelo Gabriel, Gustavo, João Pedro, Lucas
Eduardo e Wendell; eles constataram que a cidade-estado de Mileto produzia uma lã de
qualidade e possuía um grande comércio com dois portos com grande destaque para o
funcionamento democrático com três ágoras, as praças de debate político. Além de outras
edificações culturais e esportivas, nessa pesquisa eles utilizaram fotografias dos sítios
arqueológicos, de planta baixa e demonstraram o dinamismo desta cidade-estado. Uma
fotografia da maquete de Mileto de das outras em exposição na Feira Cultural em 2016, como
Siracusa, Micenas, Atenas e Olímpia entre outras neste link:
https://hemetec.wordpress.com/2016/12/07/sala-da-feira-cultural- maquetes-sobre-a-grecia-
antiga/.
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Para uma observação mais detalhada da maquete de Mileto e ouvir uma explanação da mesma
acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=gTfxgIkMjB4. É o audiovisual MILETO que
participou do V Festival de Audiovisual da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar em 2016.
Conforme avançamos nos aspectos do tema no livro didático também trabalhamos com o
documentário: "Siracusa - Cidade Antiga" que foi dirigido por Silvio Luiz Cordeiro. O
documentário pode ser visto neste link: https://vimeo.com/37848909.
O uso do documentário segundo Cordeiro pode ser "tanto como instrumento de registro
documental, mas principalmente enquanto processo de estudo e exercício crítico, a produção
de narrativas audiovisuais, em vídeo, procura estimular o debate de jovens estudantes sobre o
modo de vida dito urbano na história".
E após a exibição do documentário "Siracusa - Cidade Antiga" em sala de aula cada estudante
recebe um tema para aprofundar a pesquisa baseado nos temas para discussão para a exploração
do vídeo elaborado pela LABECA. A pesquisa individual para entregar no formato de redação.
Um tema é o texto da Larissa Vieira: "Monumentalidade e representação do poder", a estudante
destaca as muralhas como monumento de expressão do poder da cidade-estado:
"Uma das representações do poder que podem ser notadas no documentário
da cidade é o mar. Um fator tão simples e ao mesmo tempo tão importante
para Siracusa se tornou um aliado não só econômico quanto militar, pois ao
mesmo tempo em que pescadores e outros comerciantes conseguiam seu
sustento através dele, os navegadores não precisavam adentrar no território da
ilha para atingir a água. Também ligado ao mar, outro exemplo de
monumentalidade (característica, atributo do que é ou se mostra monumental)
e representação do poder são as embarcações. Os navios eram assimilados
com a pólis, seus flancos representavam a muralha da cidade, seu piloto o
governante, o marinheiro era visto como o combatente e os cidadãos como
exilados.
As muralhas presentes na ilha não representam apenas o trabalho do povo e a
presença militar, representam também o poder e a monumentalidade da
cidade. Elas eram monumentos, ou seja, além de muitas outras definições,
eram notáveis pela grandeza ou pela sua magnificência. (...).
O documentário "Siracusa Cidade Antiga" buscou fugir do lugar comum das
frequentes abordagens sobre a história da cidade e seguir os relatos dos
próprios moradores. (...)."
https://hemetec.wordpress.com/2018/06/04/monumentalidade-e-
representacao-do-poder/
7
Um outro tema foi "Pólis e o conceito de cidadania", de Júlia Pelegrino Pimentel, que irá
destacar a diferença entre a ásty (área urbana) e khóra (área rural) como expressão do poder de
cada pólis.
"Quando os gregos começaram a fundar a pólis fora da Grécia, no século VII
a. C., eles aproveitaram as rotas comerciais já conhecidas. Na Sicília, que era
um entroncamento importante no mar Mediterrâneo, eles aproveitaram os
locais que eram habitados pelos nativos da região e fundaram cidade novas
onde uma delas era Siracusa, que depois se tornou a maior cidade grega fora
da Grécia.
As pólis, uma forma inovadora e autônoma de organização social não
submetida a um poder centralizado, eram divididas em duas áreas: a ásty, mais
adensada, "urbana" e menor, que abrangia seu núcleo fundador, onde os
cidadãos, habitantes livres do sexo masculino ali nascidos, exerciam a
atividade política; e a khóra, setor rural, de maior extensão, dedicado à pratica
da agricultura, pecuária, e extração de madeiras. As fronteiras de uma pólis
eram definidas pelos limites de sua khóra.
O papel da khóra, área disputada pelas pólis nas guerras em razão de sua
importância estratégica como fonte de alimentos e expressão de poder
político, é o eixo central que articula as pesquisas da equipe do Labeca nos
últimos quatro anos. Os arqueólogos do MAE realizaram viagens de campo a
sítios gregos na Europa mediterrânica. Boa parte dos trabalhos feitos desde o
século XIX priorizam a área "urbana" das antigas cidades gregas como se ela
representasse toda a pólis.
(...). De acordo com as circunstancias, alianças eram feitas para combater
outras cidades gregas ou enfrentar inimigos externos, como os persas, fenícios
ou cartagineses. Siracusa chegou a ser a segunda maior pólis grega no século
V a. C. e derrotou Atenas em guerras".
https://hemetec.wordpress.com/2018/06/30/polis-e-o-conceito-de-cidadania/
E os alunos foram orientados a fazer resumo capítulo a capítulo ou fichamento bibliográfico de
um livro paradidático (VAN ACKER, 1994). Temos a iniciativa de usar literatura paradidática
para complementar o tema retratado no capítulo do livro didático e também exercitar a leitura,
o fichamento bibliográfico e/ou o resumo, o debate sobre a obra lida, as informações mais
detalhadas sobre o período histórico que se está estudando. Como por exemplo o fichamento
bibliográfico realizado pela Ana Paula (trechos):
Nº
página
Citação Opinião pessoal
17 “Em toda cidade-Estado grega havia
espações comuns a todos os grupos
sociais e outros reservados aos grupos
que eram, de alguma forma,
diferenciados. ”
Podemos observar, claramente, que havia
uma grande desigualdade social, que era
facilmente identificada em todos os locais.
Aqueles considerados nobres, faziam
questão de mostrar seu “nível social”, e
8
queriam deixar claro, os lugares que cada
uma devia ir, e onde eram, de certa forma,
aceitos.
17 “Todas as pessoas frequentavam o
mercado e o teatro. Já a assembleia
era reservada apenas aos que eram
cidadãos – ou seja, homens livres
descendentes de pessoas nascidas na
cidade (...). ”
Esse trecho reforça ainda mais o anterior,
onde podemos notar, que nem todos da
população eram considerados cidadãos, e o
Estado limitava os cargos que podiam ou
não seguir. Era claramente visível a
diferença de “inferiores” e “superiores”, ou
seja, uma imensa desigualdade social.
(...)
54-55 “(...). As tragédias se diferenciavam
das comédias e das sátiras não só pelo
sentido do texto, mas pelas máscaras e
roupas específicas usadas pelos atores,
bem como pela linguagem utilizada
(...). ”
O teatro surgiu na Grécia, e a tragédia,
comédia e sátira, eram práticas teatrais, nas
quais, eram transmitidos, valores morais,
problemas da sociedade, etc. Ambas tinham
funções educativas, porém, elas se
diferenciavam no contexto abordado,
linguagem, etc., visto que, a comédia
permitia o uso, até mesmo, de palavras de
baixo calão.
(...)
64 “A consciência da cidadania se
traduzia na obediência às leis,
consideradas pelos tribunais a garantia
da democracia, e em nome delas os
atos do governo não podiam ser
desobedecidos (...). ”
Na verdade, eles queriam cidadãos que não
fossem contrários às leis, nem contestassem
sobre as mesmas. Dessa forma, manteriam o
poder, sem qualquer intervenção da
sociedade, garantindo maior período de
comando.
O fichamento bibliográfico completo está no link: https://hemetec.wordpress.com/2017/08/23/grecia-a-
vida-cotidiana-na-cidade-estado/
Nestes trechos selecionados destacamos como a leitura e as escolhas que a Ana Paula realizou
da obra onde ela observa as diferenças sociais e como essas diferenças interferiam no exercício
da cidadania, a importância da legislação para o exercício e manutenção do poder e a
permanência das reflexões dos filósofos da Grécia Antiga. E compreende a importância do
registro histórico para o conhecimento de outros povos e outros períodos históricos.
Já a estudante Fabiana realizou um resumo da mesma obra paradidática, destaco alguns trechos
de seu resumo:
No Período Arcaico é perceptível a mudança de genos para pólis. As pólis são
chamadas também de cidades-Estados e são basicamente regiões sob o
domínio de um chefe, independentes uma das outras (governo próprio). O
poder dos reis começou a entrar em declínio e se tornou comum a consulta às
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assembleias (eclésias), compostas por senhores de famílias influentes. A
monarquia foi substituída pela aristocracia (camada da sociedade com maior
poder aquisitivo) hereditária. Os gregos passaram a expandir os territórios,
formando as colônias (apoikia). Essas colônias eram politicamente e
economicamente independentes, mas unidas pelo laço sentimental e religioso
com a metrópole (cidade-mãe). Os motivos da colonização podem ser tanto
comercias quanto demográficos, algo que é um tanto incerto para os
historiadores. (...) Espaços comuns na pólis Apesar da descentralização dos
territórios da Hélade ocorria um forte fator cultural, composto na esfera
linguística e religiosa, que permitia alguns aspectos comportamentais
parecidos em todas as regiões. Em toda cidade-Estado haviam espaços
comuns e espaços dedicados a membros especiais da sociedade. O mercado e
o teatro, por exemplo, eram frequentados por todas as pessoas. As assembleias
eram ocupadas apenas para aqueles considerados cidadãos e os tribunais, aos
cidadãos eleitos. Os estádios, locais reservados para os esportes, eram
frequentados por cidadãos homens com mais de doze anos. Esses locais
estavam localizados na parte baixa das cidades, conhecida como ágora. Na
parte mais alta da cidade, na acrópole, estavam localizados os templos".
Destacamos os trechos acima pois eles expressam o entendimento da Fabiana sobre uma parte
da linha do tempo da história da Grécia Antiga e sua periodização, em particular, sobre o
período denominado de Arcaico, importante porque é o período a partir do século VIII a.C. com
o fim dos genos e da propriedade coletiva para o surgimento da pólis e da propriedade privada
nessas comunidades, e vão desenvolver regras para o viver junto com valorização da vida em
comum com espaços dedicados ao debate para se viver coletivamente. E nos outros trechos
discute o papel histórico de outros espaços como o mercado, o teatro e os templos, edificações
do espaço urbano. O resumo completo pode ser lido no link:
https://hemetec.wordpress.com/2017/08/23/grecia-a-vida-cotidiana-na-cidade-estado-2/.
Outra atividade desenvolvida foi a apresentação de um roteiro de análise de objetos elaborado
pelo Serviço Educativo do MAE/USP com o objetivo de na visita monitorada ao MAE/USP
cada grupo escolher um objeto da exposição "Pólis - Viver na cidade Grega Antiga". O roteiro
de análise de observação de objeto é uma ferramenta que ajuda a educar o olhar e a reflexão
sobre os diferentes aspectos que compõem quaisquer objetos. Os objetos são os instrumentos
do nosso dia a dia, desde um recipiente para acondicionar líquidos e/ou alimentos, até diferentes
tecidos e/ou couros para cobrir a nossa pele, enfim, são necessários para atingir e satisfazer as
necessidades cotidianas dos seres humanos e criar esses objetos depende das relações que os
homens e as mulheres estabelecem entre cada um deles, e também desses grupos humanos com
10
o meio ambiente onde vivem. Esses objetos representam a realidade cultural desses grupos
humanos. O objeto tem a característica de poder ser lido como um documento histórico, como
fonte histórica. E como toda e qualquer fonte histórica pode e deve ser questionado a partir de
sua própria materialidade como o seu formato, a matéria-prima, as dimensões, a técnica de
confecção do objeto, as funções de uso, o manuseio, o valor econômico para diferentes grupos
sociais como para quem o faz e para quem o utiliza.
Fotografia 1 - Elmo, coleção do MAE/USP. http://www.nptbr.mae.usp.br/acervo/arqueologia-classica-e-medio-
oriental/nggallery/slideshow
Quanto às características físicas: Qual é a cor? É um preto meio esverdeado
(bronze oxidado). Tem cheiro? Qual? Não tem cheiro. Tem som? Qual? Não
tem som. Quais são suas dimensões? Podemos ver que o elmo tem um
tamanho relativamente pequeno para a cabeça de um homem adulto.
Presumiu-se que era usado por crianças a partir da idade que conseguiam
segurar uma arma. Do que é feito? De bronze. É um material natural ou
manufaturado? Manufaturado. É um objeto completo? Foi alterado? Sim, mas
agora ele encontra-se um pouco desgastado na parte de trás. Quanto à
construção: Como é feito? O bronze foi aquecido e moldado com marteladas
em um molde padrão e depois foi acabado com seu polimento. É feito à mão
ou à máquina? À mão. Foi feito em molde ou em peças? Molde. Se forem
várias peças como elas foram fixadas? É apenas uma peça que faz parte de
uma armadura ao todo. Quanto à função/utilização: Para que foi feito? Para
proteger a cabeça dos guerreiros durante a guerras. Como o objeto tem sido
usado? Ele manteve sua função mas agora é apenas usado para exposição e
estudos. Seu uso se modificou? Sim, ele deixou de proteger a cabeça de
guerreiros e agora é um objeto de estudos históricos (...). Quanto a sociedade
que o produziu: Quem o produziu? Provavelmente um artesão que produzia
armaduras para os guerreiros gregos. Quem o utilizou? Os hoplitas, ou
chamado de "cidadão guerreiro". (...)".
https://hemetec.wordpress.com/2018/06/30/roteiro-de-analise-de-objeto/
11
Os estudantes Gabriel Marcondes, Gabrielle Mendes, Hector Renato, João Pedro Luan Xavier
e Pedro Lizardo escolheram o elmo como objeto e observaram que quem o usava era o cidadão
da pólis.
Uma atividade muito importante é a visita ao Museu de Arqueologia e Etnologia da USP pois
além de ser uma experiência fora do ambiente escolar, para muitos um passeio, uma outra forma
de socialização afetiva, emocional e cognitiva para os estudantes também proporciona o acesso
a um bem cultural que normalmente não faz parte do cotidiano desses estudantes até o momento
da visita.
Os museus são lugares de memórias, portanto, oficialmente responsáveis pela guarda de objetos
de diferentes tipos que podem contar como viviam diferentes sociedades em diferentes tempos
e espaços. Permitindo que os estudantes tenham contato com "os outros" povos, pessoas,
histórias, sociedades, ampliando o universo da diversidade cultural para si e entre eles. No
museu é possível essa comunicação com a materialidade da realidade cultural desses povos pois
até a organização dos objetos dentro da exposição possuem uma intencionalidade comunicativa.
Como espaços dedicados a preservação da memória o encontro das novas gerações com o
patrimônio cultural de outras humanidades permite o desenvolvimento de diferentes leituras
sobre o mundo em diferentes momentos e qualificar o seu pertencimento ao hoje, permeado
pelas permanências e transformações em relação ao ontem.
Nossas visitas ao MAE/USP refletiram os esforços de estudo e pesquisa e provavelmente por
isso tivemos no ano de 2016 a novidade que foi a visita de uma equipe do MAE/USP a nossa
escola na semana posterior a Feira Cultural e eles já haviam conversado com alguns estudantes
na visita ao MAE e na visita a Etec conversaram com outros estudantes, mas todos os alunos e
todas as alunas do 1º A e B que dialogaram com essa equipe que nos visitou está presente no
documentário "Pólis: Viver na Cidade Grega Antiga", com a direção de Cleberson Moura e
André Cury. O documentário pode ser visto no link:
https://www.youtube.com/watch?v=DcyeHC2jIPI.
12
Neste documentário é possível observar na fala um pouco tímida, mas convicta da Júlia R.
Souza sobre o fato das mulheres não participarem da política na Grécia Antiga e ainda hoje
também participarem pouco.
Avaliação
O primeiro ano A em 2016 foi uma sala com mais dificuldades em desenvolver todas as
atividades propostas em função de um grupo de aproximadamente quinze estudantes muito
reticentes a desenvolverem as leituras e lições de casa, essa foi a principal dificuldade com essa
turma; o primeiro ano B foi uma sala excelente, até os estudantes que assumiam que a leitura
lhes era uma atividade enfadonha esforçaram-se para lerem o máximo dentro de suas limitações
e aceitavam dialogar sobre isso.
Os itens avaliados foram para o 1º A: fichamento bibliográfico da obra do livro paradidático:
(VAN ACKER, 1994). Redação sobre o documentário: "Siracusa: Cidade Antiga", de Silvio
Luiz Cordeiro. Roteiro de análise de observação de objetos (visita ao MAE/USP). Maquete de
uma cidade-estado da Grécia Antiga envolvendo: pesquisa escrita, apresentação oral,
apresentação visual, folder, e a maquete. Avaliação sobre Grécia Antiga.
Nas escolas técnicas estaduais dirigidas pelo Centro Paula Souza possui como critérios de
avaliação os conceitos: MB = Muito Bom; B = Bom; R = Regular e I = Insatisfatório.
Os resultados alcançados foram:
Fichamento VAN ACKER SIRACUSA ROTEIRO OBJETO
MB B R I MB B R I MB B R I
1º A 10 12 8 - 13 13 02 01 18 15 - -
1º B 12 07 07 02 10 09 07 01 07 24 - -
Apresentação oral e
visual
Maquete Pesquisa escrita e
folder
Avaliação
MB B R I MB B R I MB B R I MB B R I
1º A 28 08 02 03 33 05 - 03 16 08 14 03 02 15 12 10
1º B 24 08 09 - 24 08 09 - 32 08 - 01 30 05 - -
Tabelas elaboradas por Mara Cristina Gonçalves da Silva em maio de 2018.
Com esses dados é possível observar que iniciamos parte das atividades extras com o livro
paradidático com uma grande resistência, um quarto da turma não fez o fichamento, com a
13
redação sobre o documentário um a mais deixou de fazer porque os temas foram
individualizados, alguns exemplos, os subtemas ligados ao tema: "Espaço e Sociedade", segue
o número da chamada do estudante e o correspondente tema.
Espaço e sociedade:
Nº Temas para redação sobre analise do documentário de Siracusa
01 A cidade, seu ambiente e a subsistência.
02 Entender e quantificar o espaço: geografia, geologia.
03 O mar e a pesca: viver em uma ilha ontem e ontem.
04 Espaço e sobrevivência: mobilidades humanas; migrações ontem e hoje.
05 Conflitos étnicos e religiosos: diásporas ontem e hoje.
Nenhum desses estudantes fizeram a redação correspondente ao seu número da chamada, a
única estudante que tem justificativa foi a estudante número 01 pois houve um falecimento na
família. E conforme vamos insistindo nas atividades a quantidade de participantes vai
aumentando e o desempenho dos que participaram desde o início também vai melhorando, os
últimos a se envolverem nas atividades possuem os conceitos mais baixos (Regular e
Insatisfatório).
Esses resultados demonstram as dificuldades e as principais dificuldades são relacionadas a
leitura, os prazos precisaram ser ampliados e foram ampliados para demonstrar minha
flexibilidade e interesse que as leituras e pesquisas fossem realizadas adequadamente. Uma
outra dificuldade com o 1º A foi para auto sustentar a viagem de visita ao MAE/USP, uma sala
com muitos pais ou responsáveis desempregados e/ou a resistência em aprofundar as pesquisas;
a quantidade de estudantes que pagaram sua passagem do ônibus fretado não foi suficiente para
o custo, os valores que sobejaram no 1º B e uma contribuição minha viabilizaram a visita ao
MAE/USP e os alunos e as alunas que não puderam e/ou não quiseram contribuir não foram
expostos nem para a gestão escolar e pedagógica. Essa sala, o 1º A foi a mais agitada na visita
monitorada, a que mais conversava durante a explicação dos monitores, a que mais precisou de
ampliação de prazos para as leituras e apresentação das maquetes, mas no final houve bastante
14
capricho da maioria nas maquetes e na maioria das apresentações orais e visuais. As maquetes
do 1º A que participaram da exposição na Feira Cultural e Cientifica da escola foram: Delfos,
Olímpia, Micenas, Tessalônica e Creta. A maquete de Atenas foi conceito I em todos os
aspectos e inclusive é parte do grupo que participou da visita ao MAE e não fez o relatório de
análise de observação de objeto; e Poseidonia a apresentação oral e visual foi excelente, mas o
grupo de estudantes que organizaram a exposição na sala de Grécia Antiga Feira Cultural da
escola não gostaram da aparência da maquete e não permitiram que ela participasse da
exposição. Como não se organiza um trabalho desses sozinha aceitei a opinião da maioria.
Do 1º B participaram da exposição na Feira Cultural todas as maquetes apresentadas em sala
de aula: Esparta; Mileto, Tróia, Atenas, Siracusa e o Palácio de Cnossos em Creta. E 15
estudantes desta sala ajudaram e se responsabilizaram pela sala na Feira Cultural com a
colaboração de mais 02 estudantes do 1º A.
Os principais meios para realizar as avaliações foram principalmente os textos e as
apresentações e o comportamento na visita ao MAE/USP. Acredito que as principais
aprendizagens estão relacionadas ao desenvolvimento de pesquisa de forma mais autônoma,
escrever textos mais objetivos e explicativos e apresentação oral das pesquisas. E temos a
avaliação em Grécia Antiga que no 1º B foi um alto desempenho.
Considerações finais
Consideramos que quanto mais envolvimento nas atividades, melhor o desempenho cognitivo,
inclusive em sua expressão formal, a preparação para o vestibular. Os principais desafios
relacionam-se a estimular que as novas gerações desenvolvam hábitos de leitura de forma
regular, com uso de dicionário, adquirirem a pratica de fazer resumos, inclusive como
metodologia de estudo que é útil para qualquer componente curricular e não apenas História.
Outro desafio é através do diálogo a partir das pesquisas é demonstrar aos estudantes que a
democracia deve ser cada vez mais ampliada; muitos acham inviável a democracia direta tal
qual os gregos antigos viveram.
Da experiência das visitas ao MAE/USP e da participação no documentário "Pólis: Viver na
Cidade Grega Antiga" foi doado ao Setor Educativo do Mae/USP as maquetes de Mileto,
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Siracusa, Tessalônica e o Palácio de Cnossos e são exemplos para atividades educativas de
outros professores.
Também consideramos que essa quantidade de atividades aprofundando o estudo da Grécia
Antiga, e a democracia é um estudo significativo, evitando a superficialidade muito comum no
cotidiano escolar no conhecimento histórico, e é uma forma de combater a mediocridade da
ausência de argumentos da escola sem partido.
Referências
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1994. (Coleção História geral em documentos).
BRAICK, Patrícia Ramos e MOTA, Myriam Becho. HISTÓRIA - Das cavernas ao terceiro
milênio. Volume 1 (Das origens da humanidade à expansão marítima europeia), 3ª edição, São
Paulo: Moderna, 2013.
CORDEIRO, Silvio Luiz. A experiência do vídeo em arqueologia e o ensino de história Antiga
a partir do estudo da cidade. Revista de História. São Paulo, (164):2011, p. 434.
FLORENZANO, Mª Beatriz B. – O mundo antigo: economia e sociedade – 7ª Ed. SP:
Brasiliense, 1986.
HIRATA, Elaine e CORDEIRO, Silvio Luiz (Orgs.). Siracusa - Leituras de uma cidade antiga.
São Paulo: Labeca, MAE/USP. 2009.
HIRATA, Elaine. Siracusa - Cidade antiga: explorando o vídeo. Labeca, MAE/USP. s/d.
HIRATA, Elaine Farias Veloso. Pólis: Viver em uma cidade grega antiga. Colaboração de
Bruna Braga Fontes e Paula Talib Assad. São Paulo: Laboratório de Estudos sobre a Cidade
Antiga (Labeca), Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo: FAPESP,
2016.
Roteiro de análise de objetos - Mediterrâneo e Médio Oriente na Antiguidade - Formas de
Humanidades: Pré-História Europeia, Egito e Mesopotâmia. Guia Temático para Professores.
Introdução, MAE/USP - 2004 p. 04.
16
Siracusa - Cidade antiga. Diretor: Silvio Luiz Cordeiro. Coordenação científica: Elaine Hirata.
Produção: Beatriz Florenzano. Formato original: HDV 16:9 (NTSC). 25 min. São Paulo:
Labeca/MAE/USP, 2009.
REIS Fº, Daniel Arão. A revolução russa 1917 – 1921. 4ª e, SP: Brasiliense, 1989.
TAUHYL, Ana Paulo Moreli. Arqueologia e o ensino de História Antiga: novos olhares, novas
possibilidades. Anais do XXI Encontro Estadual de História - ANPUH-SP, Campinas,
setembro, 2012.
http://www.nptbr.mae.usp.br/acervo/arqueologia-classica-e-medio-
oriental/nggallery/slideshow
https://www.youtube.com/watch?v=DcyeHC2jIPI.
https://hemetec.wordpress.com/
https://www.youtube.com/watch?v=gTfxgIkMjB4