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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO:
GEOLOGIA MARINHA, COSTEIRA E SEDIMENTAR
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
MAPEAMENTO ESTRUTURAL E ESTRATIGRÁFICO
UTILIZANDO SÍSMICA RASA DE ALTA RESOLUÇÃO NO
TRECHO DA FUTURA PONTE SALVADOR-ITAPARICA NA
BAÍA DE TODOS SANTOS (BAHIA – BRASIL)
ISAAC DE OLIVEIRA SANTOS
SALVADOR
2018
MAPEAMENTO ESTRUTURAL E ESTRATIGRÁFICO
UTILIZANDO SÍSMICA RASA DE ALTA RESOLUÇÃO NO
TRECHO DA FUTURA PONTE SALVADOR-ITAPARICA NA
BAÍA DE TODOS SANTOS (BAHIA – BRASIL)
Isaac de Oliveira Santos
Orientador: Prof. Dr. José Maria Landim Dominguez
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em
Geologia do Instituto de Geociências da
Universidade Federal da Bahia como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre em
Geologia, Área de Concentração: Geologia
Marinha, Costeira e Sedimentar.
SALVADOR
2018
(FICHA CATALOGRÁFICA)
ISAAC DE OLIVEIRA SANTOS
MAPEAMENTO ESTRATIGRÁFICO UTILIZANDO SÍSMICA
RASA DE ALTA RESOLUÇÃO NO TRECHO DA FUTURA
PONTE SALVADOR-ITAPARICA NA BAÍA DE TODOS SANTOS
(BAHIA – BRASIL)
Dissertação apresentada ao Programa de
Pesquisa e Pós-Graduação em Geologia da
Universidade Federal da Bahia, como
requisito para a obtenção do Grau de
Mestre em Geologia na área de
concentração em Geologia Marinha,
Costeira e Sedimentar, em 27/07/2018.
Salvador – BA
2018
Aos meus Saudosos pai e irmãos, Francisco e
Arão (in memorian) e às Mulheres da minha vida,
minha mãe Marília e a minha bebê Sofia com
muito amor.
“Pois a vitória de um homem, às vezes se esconde
num gesto forte que só ele pode ver ...” (O Rappa)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me dar forças para prosseguir a cada dia, em meio a todas adversidades.
A minha família por todo apoio e carinho, em especial a minha mãe e minhas irmãs.
A minha esposa por todo amor, carinho, cuidado e por toda ajuda nos momentos difíceis.
A minha princesa Sofia, por todo amor e por ser o principal motivo de eu realizar esta pesquisa.
Ao Professor Landim por todo apoio, compreensão e paciência. Por disponibilizar recursos que
facilitaram o desenvolvimento desta pesquisa e por todo conhecimento transmitido.
Aos meus colegas do LEC por todo apoio e companheirismo.
Ao Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geologia da UFBA e a todos os seus membros, pela
experiência adquirida.
Ao Laboratório de Estudos Costeiros pela oportunidade, à Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pelas bolsas concedidas de mestrado.
Aos membros da banca examinadora pela avaliação deste trabalho.
Muitíssimo obrigado a todos!
RESUMO
As sequências sedimentares do Quaternário têm sido amplamente estudadas pela sísmica marinha de
reflexão rasa, a qual se baseia na análise de propagação das ondas sísmicas produzidas de forma artificial,
com o intuito de imagear feições geológicas de subsuperfı́cie. Os dados sísmicos em associação com furos
de sondagens SPT podem produzir importantes resultados sobre a litologia, coesão, profundidade,
espessura e continuidade lateral das camadas, o que será de grande utilidade para o planejamento e
execução de obras de engenharia em regiões submersas, como pontes. Este trabalho realizou o
mapeamento estratigráfico para identificar o topo do substrato rochoso e a espessura da cobertura
sedimentar recente na região da baía de Todos os Santos (BTS) onde será construída a futura ponte que
ligará a cidade de Salvador à ilha de Itaparica. Os dados disponíveis para o mapeamento são linhas
sísmicas de alta resolução obtidas através das fontes Boomer e Sparker, e furos de sondagens SPT. As
linhas sísmicas foram processadas utilizando um fluxo de processamento adaptado para linhas sísmicas de
alta resolução, o mesmo é composto por rotinas do programa Seismic Unix. As seções sísmicas foram
interpretadas utilizando o software Meridata MDPS. Dessa forma, o embasamento rochoso da região
representado pelas rochas sedimentares da bacia do Recôncavo foi mapeado. Além disso, a espessura da
cobertura sedimentar quaternária foi determinada. Quatro unidades estratigráficas foram identificadas. A
unidade mais basal são as rochas sedimentares cretácicas da bacia do Recôncavo. Das três unidades
quaternárias, as duas inferiores foram depositadas antes do último máximo glacial. A unidade mais
superior, depositada depois que a baía foi completamente inundada, teve como fonte de sedimentos, muito
provavelmente a ilha de Itaparica e a península de Salvador. Esta sedimentação esteve restrita
principalmente às regiões marginais aos principais canais existentes na BTS, favorecida pelas menores
velocidades de correntes nestas áreas. Uma boa concordância foi observada entre as unidades sísmicas e
as sondagens SPT.
Palavras-chave: BTS; cobertura sedimentar recente; embasamento; Quaternário; sísmica rasa de alta
resolução.
ABSTRACT
The sedimentary sequences of the Quaternary have been extensively studied by the high resolution
shallow marine seismic. This method is based on the analysis of seismic wave propagation
produced in an artificial way, with the purpose of imaging subsurface geological features. Seismic
data association with SPT drill holes can produce important results about the lithology, cohesion,
depth, thickness and lateral continuity of the layers, been of great use for the planning and execution
of engineering works in submerged regions, such as bridges. This work carried out the stratigraphic
mapping to identify the top of the rocky substrate and the thickness of the recent sedimentary cover
in the Todos os Santos Bay (TSB), where the future bridge will be constructed to link Salvador city
with Itaparica island. The available data for the mapping are high resolution seismic lines obtained
through the Boomer and Sparker sources and SPT drill holes. The seismic lines were processed
using a processing stream adapted for high resolution seismic, and is composed by routines of
Seismic Unix program. The seismic sections were interpreted using Meridata MDPS software. In
this way the rocky basement of the region represented by the sedimentary rocks of the Recôncavo
basin was mapped. In addition, the thickness of quaternary sedimentary cover was determined. Four
stratigraphic units were identified. The most basal unit is the Cretaceous sedimentary rocks of the
Recôncavo basin. Of the three quaternary units, the lower two were deposited before the last glacial
maximum. The most superior unit, deposited after the bay was completely flooded, had as sediment
source most likely the Itaparica island and the peninsula of Salvador. This sedimentation was
restricted mainly to the marginal regions and main channels existing in the BTS, favored by the
lower currents velocities in these areas. A good agreement was obtained between the seismic units
and the SPT surveys.
Keywords: TSB; recent sedimentary cover; basement; Quaternary; shallow high-resolution seismic.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................. 9
INTRODUÇÃO GERAL .............................................................................................................. 9
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................... 16
ARTIGO ....................................................................................................................................... 16
CONFIRMAÇÃO DE SUBMISSÃO DO ARTIGO ................................................................. 16
O ARTIGO: MAPEAMENTO ESTRATIGRÁFICO UTILIZANDO SÍSMICA RASA DE
ALTA RESOLUÇÃO NO TRECHO DA FUTURA PONTE SALVADOR-ITAPARICA NA
BAÍA DE TODOS SANTOS (BAHIA – BRASIL) .................................................................. 17
Resumo ....................................................................................................................................... 17
Abstract ...................................................................................................................................... 18
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 19
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................... 21
Contexto Geológico .............................................................................................................................................. 21 Fisiografia ............................................................................................................................................................. 22 Condições hidrodinâmicas .................................................................................................................................... 22
MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................................... 23
Dados .................................................................................................................................................................... 24 Processamento sísmico ......................................................................................................................................... 25
RESULTADOS .......................................................................................................................... 27
Processamento ...................................................................................................................................................... 27 Sismofácies e unidades sísmicas .......................................................................................................................... 28 Correlação sísmica x sondagens SPT ................................................................................................................... 32 Distribuição espacial das unidades mapeadas ...................................................................................................... 34
DISCUSSÕES ............................................................................................................................ 35
Reconstrução Sismoestratigráfica......................................................................................................................... 36 Controle temporal para a deposição das unidades Quaternária ............................................................................ 37 Aplicações na Engenharia .................................................................................................................................... 38
CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 42
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 44
CAPÍTULO 3 ............................................................................................................................... 48
CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 48
ANEXO A ..................................................................................................................................... 49
REGRAS DE FORMATAÇÃO DA REVISTA.............................................................................50
9
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO GERAL
Mapas estruturais e estratigráficos são importantes não apenas para a exploração de
petróleo e mineral, mas também para o desenvolvimento de projetos de engenharia, como
construção de barragens, túneis, portos e pontes (Bjerrum, 1967; Fang, 1991; Costa, 2012; DNIT,
2013; DNIT, 2014). Na engenharia, este mapeamento é realizado para as regiões mais
superficiais (de dezenas a poucas centenas de metros), utilizando via de regra métodos diretos
convencionais (amostragem, sondagem e testemunhagem). Entretanto, estes métodos diretos
além de amostrar apenas uma pequena região do terreno investigado, podem impactar os
ecossistemas presentes na região investigada.
Nesse contexto, a sísmica de reflexão rasa de alta resolução, também chamada
“perfilagem” sísmica contínua, é um método geofísico que pode auxiliar no mapeamento
geológico de regiões subaquosas (marinhas, fluviais e lacustres), com a vantagem de não ser
invasivo e possibilitar uma amostragem contínua das propriedades sísmicas do solo e subsolo.
Este método tem sido utilizado não só para auxiliar na elaboração de projetos de barragens,
pontes e portos, como também no monitoramento destas estruturas (Shtivelman, 2003;
McClymont, 2017). O método permite determinar, com boa precisão, a espessura de depósitos
sedimentares recentes não-consolidados, assim como mapear a profundidade do topo do
embasamento rochoso, sobre o qual os sedimentos não consolidados estão assentados. A boa
eficiência, o baixo custo operacional e a rápida aquisição dos dados proporcionados por esse
método, permite que quilômetros de linhas sísmicas sejam adquiridas em um único dia (Souza,
2006). Além disso, essa técnica possibilita a produção de seções que permitem uma visualização
das feições geológicas do sub-fundo marinho, sendo também um método ambientalmente não
impactante.
A sísmica de reflexão rasa de alta resolução utiliza fontes que exibem um amplo gama de
frequências. O Chirp opera em mais altas frequências (2 - 40 kHz) e é utilizado para a obtenção
de registros de alta resolução em sedimentos finos. As fontes Boomer e Sparker operam em mais
10
baixas frequências (0,3 – 8 kHz e 0,1 - 5 kHz, respectivamente) e permitem uma maior
penetração, embora ocorra uma perda de resolução (Souza, 2014; Mosher & Simpkin, 1999).
Historicamente a sísmica convencional tem acumulado sucessos na prospecção de
hidrocarbonetos e, consequentemente foram realizados elevados investimentos nas áreas de
aquisição e processamento, resultando em importantes avanços técnicos. O mesmo, porém, não
se aplica à sísmica rasa monocanal, devido às limitações do método, questões econômicas e/ou
pela simples falta de integração técnica entre os diversos profissionais envolvidos. Dessa forma,
há uma redução na qualidade e precisão dos dados e seu processamento comprometendo a
qualidade dos resultados apresentados. Schneider (1971) já alertava para os benefícios oferecidos
por algumas técnicas de processamento, bem como para o fato de não estarem sendo aplicadas
nos levantamentos de sísmica rasa. Na maioria dos casos, o processamento é realizado com
aplicativos proprietários, que possuem apenas rotinas básicas de processamento. Assim, diversos
são os trabalhos realizados sem a aplicação de técnicas mais avançadas de processamento
(Henriet et al., 1978; Lee et al., 2004). De outro lado, trabalhos como os de Barclay (1993),
Duchesne et al. (2007), Siyou et al. (2009), Marino et al. (2013) e Moab et al., (2011) trataram do
processamento de linhas sísmicas de alta resolução utilizando os recursos disponíveis para a
indústria do petróleo.
Está prevista a construção da ponte sobre a baía de Todos os Santos, que ligará a
cidade de Salvador a ilha de Itaparica (EIA, 2015), sendo um projeto antigo e desejado por
grande parte da comunidade baiana. O governo do estado da Bahia, através da Secretaria de
Planejamento (SEPLAN) e do Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia (DERBA) têm
coordenado esse projeto e contratado empresas de consultoria para avaliar a viabilidade e os
impactos ambientais para construção desse empreendimento de grande porte. É o caso, por
exemplo, da empresa Geofort que foi contratada para realizar sondagens SPT ao longo do
provável trajeto da ponte para auxiliar o mapeamento geológico na área onde serão instaladas as
fundações. A mesma empresa realizou 11 furos de sondagens que revelaram de maneira pontual
as profundidades do topo da rocha sã e a espessura dos depósitos de sedimentos inconsolidados
(Geofort, 2014). O Laboratório de Estudos Costeiros (LEC) da UFBA realizou levantamentos
sísmicos de alta resolução ao longo do posicionamento desses furos e nas adjacências, com o
intuito de ter uma visão regional da disposição dos estratos que compõem o fundo e sub-fundo na
região, para dessa forma, produzir um mapeamento estratigráfico mais preciso. A elaboração de
11
um projeto para a construção da ponte oferece uma oportunidade para a utilização de métodos de
sísmica rasa de alta resolução para mapear a geometria do substrato rochoso e da variação da
espessura da cobertura sedimentar recente ao longo do traçado da futura ponte. Embora algumas
centenas de quilômetros de linhas sísmicas tenham sido anteriormente coletadas para a BTS, as
frequências utilizadas (2 à 16 kHz – fonte CHIRP) não permitiram penetração adequada no sub-
fundo devido à predominância de sedimentos arenosos na porção da baía onde a futura ponte será
construída (Campos & Dominguez, 2011).
Este trabalho teve como objetivo principal o mapeamento estratigráfico do sub-fundo da
BTS no trecho previsto para a construção da futura ponte e de suas vizinhanças imediatas. Para
tal, foram utilizadas fontes sísmicas dos tipos Boomer e Sparker, ambas atuando na faixa de
frequências entre 0,3 e 1,5 kHz, que permitem uma penetração maior no sub-fundo quando
comparada à fonte CHIRP. Além disso, um objetivo secundário do trabalho foi desenvolver um
fluxograma de processamento sísmico com o intuito de atenuar/remover artefatos indesejados,
produzindo dados de melhor qualidade e, portanto, melhorando a confiabilidade das
interpretações realizadas.
Localização da área de estudo
A BTS está localizada na região nordeste do Brasil, estado da Bahia (Figura 1), mais
precisamente na porção sul da bacia do Recôncavo. É considerada a segunda maior baía do
Brasil, com um formato aproximadamente romboédrico, com profundidade média de cerca de 6
metros e, máxima de 70 metros no vale do rio Paraguaçu (Cirano & Lessa, 2007).
Assim como esta bacia, a BTS é limitada à leste pela falha/alto de Salvador e a sul pela
falha da Barra (limite entre a bacia do Recôncavo e a bacia de Camamu), e está encravada nas
rochas sedimentares que preenchem a bacia do Recôncavo (Dominguez e Bittencourt, 2009)
como pode ser observado na figura 2.
A área de interesse deste estudo é o trecho entre a cidade de Salvador e a ilha de Itaparica
sobre o canal de Salvador (trecho da futura ponte) e suas vizinhanças como pode ser visto na
figura 1.
12
Figura 1: Localização da área de estudo, compreendendo a região da BTS e o traçado da futura ponte.
Figura 2: Geologia da Bacia Sedimentar do Recôncavo e da baía de Todos os Santos (Dominguez e Bittencourt 2009), o polígono tracejado em vermelho indica a área de estudo.
13
Objetivos gerais e específicos
O foco principal desta pesquisa será o mapeamento estratigráfico em subsuperfície
utilizando seções sísmicas de alta resolução no trecho da futura ponte, que ligará a cidade de
Salvador à ilha de Itaparica.
Os objetivos específicos são:
Identificar o topo do embasamento sedimentar e a espessura das camadas de sedimentos
inconsolidados.
Mapear feições estratigráficas, permitindo assim a construção de uma tabela com os
padrões de terminações de reflexão encontrados na área.
Desenvolvimento de um fluxograma de processamento sísmico com o intuito de
atenuar/remover artefatos indesejados, o que produzirá dados de melhor qualidade,
permitindo assim interpretações sísmicas mais fidedignas.
Esta dissertação está subdividida em três capítulos:
Capítulo 1 – Introdução geral com a contextualização do trabalho e os aspectos que motivaram o
desenvolvimento do presente estudo, localização da área de estudo e objetivos
Capítulo 2 – são apresentados os resultados sob a forma de um artigo científico intitulado
“Mapeamento estratigráfico utilizando sísmica de alta resolução no trecho da futura ponte
Salvador-Itaparica na baía de Todos os Santos (Bahia – Brasil)”, em que são apresentados como
resultados principais, um mapa do topo do embasamento rochoso e mapas de isopácas com a
distribuição da espessura da cobertura sedimentar recente na baía de Todos os Santos.
Capítulo 3 – são apresentadas as principais conclusões do trabalho.
14
Referências
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Solomon islands and Vanatu.
Bjerrum, L., (1967). Engineering Geology of Norwegian Normally-Consolidated Marine Clays as
Related to Settlements of Buildings. Géotechnique 17, 83–118.
Campos, R. H. S. & Dominguez, J. M. (2011). Shallow gas accumulations in the sediments of
Todos os Santos Bay (Bahia, Brazil): origin and distribution. In: 12th International
Congress of the Brazilian Geophysical Society, Rio de Janeiro.
Cirano, M., Lessa, G.C., (2007). Oceanographic characteristics of Baía de Todos os Santos,
Brazil. Rev. Bras. Geofis. 25, 363–387.
Costa, W. D. (2012). Geologia de Barragens. São Paulo: Oficina de Textos.
Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte - DNIT. (2013). Projeto executivo de
engenharia para a construção de uma segunda ponte sobre o Rio Guaíba e acessos. Porto
Alegre.
Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte - DNIT. (2014). Projeto executivo de
engenharia para recuperação, reforço e reabilitação da ponte rodoviária “Felipe Guerra”
sobre o Rio Assu/RN. Natal.
Dominguez, J. M., & Bittencourt, A. C. (2009). Geologia. Em V. Hatje, & J. B. Andrade, Baía de
Todos os Santos – Aspectos oceanográficos (pp. 25-66). Salvador: EDUFBA.
Duchesne, M.J.; Bellefleur, G. (2007). Processing of single-channel high-resolution seismic 2D
Seismic data collected in the St. Lawrence Estuary. Geological Survey of Canada, p. 11.
Estudo de Impacto Ambiental – EIA – e Relatório de Impacto Ambiental – RIMA – para a
implantação do Sistema de Travessia Salvador / Itaparica sobre a Baía de Todos os
Santos, do Tipo Ponte Rodoviária e Duplicação da Rodovia BA 001, Trecho Itaparica a
Ponte do Funil, e demais estruturas, (2013). Disponível em: http://avaliacaodeimpacto.
org.br/wp-content/uploads/2014/11/Sess%C3%A3o-4-Pedro-Bettencourt.pdf.
Geofort. (2014). Relatório de entrega de Produtos - Ponte Salvador Itaparica. Salvador.
Henriet, J. P., Bastin, A., & Rouck, J. (1978). Integration of continuous seismic profiling in
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Fang, H.Y., (1991). Foundation Engineering Handbook.
Lee, H.Y., Park, K.P., Koo, N.H., Yoo, D.G., Kang, D.H., Kim, Y.G., Hwang, K.D., Kim, J.C.,
(2004). High-resolution shallow marine seismic surveys off Busan and Pohang, Korea, using
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15
Marino, I.K., Cetale Santos, M.A., Silva, C.G., (2013). Processing of high-resolution, shallow
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594.
Mcclymont, A., Bauman, P., Johnson, E., Pankratow, L., (2017). Geophysical Applications to
Construction Engineering Projects. April 2016 1–14.
Moab, P. G., Vital, H., Macedo, J.W. de P., (2011). Fluxo de processamento aplicado a dados de
sísmica de alta resolução em ambiente de plataforma continental. Exemplo: Macau-RN.
Rev. Bras. Geofis. 29, 173–186.
Mosher, D. C., & Simpkim, P. (1999). Status and trends of marine high-resolution seismic
reflection profiling: data acquisition. Canada: Geoscience Canada.
Schneider, William A. (1971). Developments in seismic data processing and analysis (1968-
1970). Geophysics, Society of Exploration Geophysicists, v. 36, n. 6, p. 1043–1073.
Shtivelman, V., (2003). Application of shallow seismic methods to engineering, environmental
and groundwater investigations. Boll. di Geofis. Teor. ed Appl. 44, 209–222.
Siyou, T., Guo, L., Liu, H., Yin, Y., Zhang, J., Wang, S. (2009). Interpretation of marine high-
resolution shallow seismic profile. IFCSTA 2009 Proc. - 2009 Int. Forum Comput. Sci.
Appl. 3, 195–198.
Souza, L. A. P., (2006). Revisão crítica da aplicabilidade dos métodos geofísicos na investigação
de áreas submersas rasas. São Paulo, Brasil.
Souza, L.A.P., (2014). Sísmica multifrequencial: A melhor solução para a investigação de
ambientes submersos rasos. Comun. Geol. 101, 701–705.
16
CAPÍTULO 2
ARTIGO
CONFIRMAÇÃO DE SUBMISSÃO DO ARTIGO
17
O ARTIGO: MAPEAMENTO ESTRATIGRÁFICO UTILIZANDO SÍSMICA RASA DE
ALTA RESOLUÇÃO NO TRECHO DA FUTURA PONTE SALVADOR-ITAPARICA NA
BAÍA DE TODOS SANTOS (BAHIA – BRASIL)
Santos, I.O., Domingues, J.M.L.
Resumo
As sequências sedimentares do Quaternário têm sido estudadas pela sísmica marinha de reflexão rasa, a
qual se baseia na propagação das ondas sísmicas, com o intuito de imagear feições geológicas de
subsuperfı́cie. Os dados sísmicos em associação com furos de sondagens SPT podem produzir
informações sobre a litologia, coesão, profundidade, espessura e continuidade lateral das camadas, tendo
assim grande utilidade no planejamento e execução de obras de engenharia em regiões submersas, como
pontes. Este trabalho realizou o mapeamento estratigráfico para identificar o topo do substrato rochoso e a
espessura da cobertura sedimentar recente na baía de Todos os Santos onde será construída ponte que
ligará Salvador à ilha de Itaparica. Os dados disponíveis para o mapeamento são linhas sísmicas de alta
resolução obtidas pelas fontes Boomer e Sparker, e sondagens SPT. As linhas sísmicas foram processadas
utilizando um fluxo de processamento adaptado no programa Seismic Unix. As seções sísmicas foram
interpretadas utilizando o software Meridata MDPS. Dessa forma, o embasamento rochoso foi mapeado e
a espessura da cobertura sedimentar quaternária foi determinada. Quatro unidades estratigráficas foram
identificadas, a mais basal são as rochas sedimentares da bacia do Recôncavo. Das três unidades
quaternárias, as duas inferiores foram depositadas antes do último máximo glacial e mais superior foi
depositada após a completa inundação da baía, teve como fonte de sedimentos, provavelmente, a ilha de
Itaparica e a península de Salvador. Esta sedimentação esteve restrita principalmente às regiões marginais
aos principais canais existentes, favorecida pelas menores velocidades de correntes nestas áreas.
Palavras-chave: BTS; Cobertura sedimentar recente; Embasamento sedimentar; Quaternário; Sísmica rasa
de alta resolução.
18
Abstract
The sedimentary sequences of the Quaternary have been studied by the high resolution shallow
marine seismic. This method is based on the seismic wave propagation, with the purpose of imaging
subsurface geological features. Seismic data association with SPT drill holes can produce information
about the lithology, depth, thickness and lateral continuity of the layers, been of great use for the planning
and execution of engineering works in submerged regions, such as bridges. This work carried out the
stratigraphic mapping to identify the top of the rocky substrate and the thickness of the recent sedimentary
cover in the Todos os Santos Bay, where the bridge will be constructed to link Salvador with Itaparica
island. The available data for the mapping are high resolution seismic lines obtained by Boomer and
Sparker sources and SPT drill holes. The seismic lines were processed using a processing stream adapted
in the Seismic Unix. The seismic sections were interpreted using Meridata MDPS. In this way the
sedimentary basement was mapped and the thickness of quaternary cover was determined. Four
stratigraphic units were identified the most basal is sedimentary rocks of the Recôncavo basin. Of the
three quaternary units, the lower two were deposited before the last glacial maximum. The most superior
unit, deposited after the bay was completely flooded, had as sediment source most likely the Itaparica
island and the peninsula of Salvador. This sedimentation was restricted mainly to the marginal regions and
main channels existing, favored by the lower currents velocities in these areas.
Keywords: TSB; Recent sedimentary cover; Sedimentary basement; Quaternary; Shallow high-resolution seismic.
19
INTRODUÇÃO
Mapas estruturais e estratigráficos são importantes não apenas para a exploração
de petróleo e mineral, mas também para o desenvolvimento de projetos de engenharia, como
construção de barragens, túneis, portos e pontes (Fang, 1991; Costa, 2012; DNIT, 2013; DNIT,
2014). Na engenharia, este mapeamento é realizado para as regiões mais superficiais (de dezenas
a poucas centenas de metros), utilizando via de regra métodos diretos convencionais
(amostragem, sondagem e testemunhagem). Entretanto, estes métodos diretos além de amostrar
apenas uma pequena região do terreno investigado, podem impactar os ecossistemas presentes na
região investigada.
Nesse contexto, a sísmica de reflexão rasa de alta resolução, também chamada
“perfilagem” sísmica contínua, é um método geofísico que pode auxiliar no mapeamento
geológico de regiões subaquosas (marinhas, fluviais e lacustres), com a vantagem de não ser
invasivo e possibilitar uma amostragem contínua das propriedades sísmicas do solo e subsolo.
Este método tem sido utilizado não só para auxiliar na elaboração de projetos de barragens,
pontes e portos, como também no monitoramento destas estruturas (Shtivelman, 2003;
McClymont, 2017). O método permite determinar, com boa precisão, a espessura de depósitos
sedimentares recentes não-consolidados, assim como mapear a profundidade do topo do
embasamento rochoso, sobre o qual os sedimentos não consolidados estão assentados. A boa
eficiência, o baixo custo operacional e a rápida aquisição dos dados proporcionados por esse
método, permite que quilômetros de linhas sísmicas sejam adquiridas em um único dia (Souza,
2014). Além disso, essa técnica possibilita a produção de seções que permitem uma visualização
das feições geológicas do sub-fundo marinho, sendo também um método ambientalmente não
impactante.
A sísmica de reflexão rasa de alta resolução utiliza fontes que exibem uma ampla gama de
frequências. O Chirp opera em mais altas frequências (2 - 40 kHz) e é utilizado para a obtenção
de registros de alta resolução em sedimentos finos. As fontes Boomer e Sparker operam em mais
baixas frequências (0,3 – 8 kHz e 0,1 - 5 kHz, respectivamente) e permitem uma maior
penetração do sinal, embora ocorra uma perda de resolução (Souza, 2014; Mosher & Simpkin,
1999).
20
Historicamente a sísmica convencional tem acumulado sucessos na prospecção de
hidrocarbonetos e, consequentemente, foram realizados elevados investimentos nas áreas de
aquisição e processamento, resultando em importantes avanços técnicos. O mesmo, porém, não
se aplica à sísmica rasa mono canal, devido às limitações do método, questões econômicas e/ou
pela simples falta de integração técnica entre os diversos profissionais envolvidos. Dessa forma,
há uma redução na qualidade e precisão dos dados e seu processamento, comprometendo a
qualidade dos resultados obtidos. Schneider (1971) chamou a atenção para os benefícios
oferecidos por algumas técnicas de processamento, bem como para o fato de não estarem sendo
aplicadas nos levantamentos de sísmica rasa. Na maioria dos casos, o processamento é realizado
com aplicativos proprietários, que possuem apenas rotinas básicas de processamento. Nesse
sentido, são numerosos os trabalhos realizados sem a aplicação de técnicas mais avançadas de
processamento (Henriet et al., 1978; Berryhill, 1986; Lee et al., 2004). De outro lado, trabalhos
como os de Barclay (1993), Duchesne et al. (2007), Siyou et al. (2009), Moab et al. (2011) e
Marino et al. (2013), trataram do processamento de linhas sísmicas de alta resolução utilizando os
recursos disponíveis para a indústria do petróleo.
Para a baía de Todos os Santos (Bahia) está prevista a construção de uma ponte
interligando a cidade de Salvador e a ilha de Itaparica (EIA, 2015) (Figura 1). A elaboração de
um projeto para a construção da ponte oferece uma oportunidade para a utilização de métodos de
sísmica rasa de alta resolução para mapear a geometria do substrato rochoso e da variação da
espessura da cobertura sedimentar recente ao longo do traçado da futura ponte. Embora algumas
centenas de quilômetros de linhas sísmicas tenham sido anteriormente coletadas para a BTS, as
frequências utilizadas (2 à 16 kHz – fonte CHIRP) não permitiram penetração adequada no sub-
fundo devido a predominância de sedimentos arenosos na porção da baía onde a futura ponte será
construída (Campos & Dominguez, 2011).
Este trabalho teve como objetivo principal o mapeamento estratigráfico do sub-fundo da
BTS no trecho previsto para a construção da futura ponte e de suas vizinhanças imediatas. Para
tal foram utilizadas fontes sísmicas dos tipos Boomer e Sparker, ambas atuando na faixa de
frequências entre 0,3 e 1,5 kHz que permitem uma penetração maior no sub-fundo quando
comparada à fonte CHIRP. Além disso, um objetivo secundário do trabalho foi desenvolver um
fluxograma de processamento sísmico com o intuito de atenuar/remover artefatos indesejados,
produzindo dados de melhor qualidade e, portanto, melhorando a confiabilidade das
interpretações realizadas.
21
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Contexto Geológico
A área de estudo está situada próxima à entrada da BTS, a qual foi esculpida nas rochas
sedimentares da bacia do Recôncavo (Figura 1). O substrato do fundo da BTS é, portanto,
constituído por rochas sedimentares de idade Juro-Cretácea (Milhomem et al., 2003; Magnavita
et al., 2005) as quais afloram ao longo da linha de costa da ilha de Itaparica. A península de
Salvador é constituída por rochas cristalinas pré-cambrianas. O limite entre estes dois tipos de
litologia se dá pela falha de Salvador, com rejeito em torno de 6 km (Milhomem et al., 2003).
Figura 1: Mapa de localização, batimetria da área de estudo e o traçado da futura ponte.
Assim, o trecho onde será implantada a ponte está situado sobre rochas Juro-Cretáceas.
Na ilha de Itaparica afloram depósitos associados a fluxos gravitacionais subaquosos constituídos
por camadas arenosas lenticulares de arenito fino e médio com acamamento plano-paralelo, que
integram o membro Caruaçu da formação Maracangalha (grupo Ilhas) de idade Eocretácea 140
Ma (Medeiros e Ponte, 1981; Caixeta et al., 1994; Dominguez & Bittencourt, 2009; Magnavita et
al., 2005; Milhomem et al., 2003). Estas litologias representam o substrato rochoso sobre o qual a
ponte será assentada. Na borda leste da área de estudo, afloram na localidade de Mont Serrat
rochas da formação Salvador, constituídas por conglomerados e arenitos (Caixeta et al., 1994;
22
Milhomem et al., 2003), depositados próximo à falha de borda da bacia (falha de Salvador) nessa
região. Sobre as rochas da bacia do Recôncavo se depositou a cobertura sedimentar quaternária
(Dominguez & Bittencourt, 2009), com depósitos de areias quartzosas, recobrindo o fundo
marinho na área de estudo.
Fisiografia
A baía possui um formato aproximadamente romboédrico, com uma profundidade média
de cerca de 6 metros e máxima de 70 metros no vale do rio Paraguaçu (Cirano & Lessa, 2007).
Na entrada da BTS predominam sedimentos arenosos enquanto na metade norte sedimentos
lamosos (Dominguez & Bittencourt, 2009). Alguns autores sugeriram que a fisiografia da BTS é
fortemente influenciada por movimentos tectônicos recentes (neotectônica) (Martin et al. 1986),
entretanto estudos mais recentes como o de Dominguez & Bittencourt (2009) atribuem a sua
formação às variações eustáticas do nível do mar combinadas com a erosão diferencial entre as
rochas do embasamento (mais resistentes) e as rochas sedimentares na região. As variações
eustáticas do nível do mar Cenozóicas estão diretamente relacionadas às mudanças climáticas que
controlaram a dinâmica dos lençóis de gelo, em especial a expansão e formação permanente do
lençol de gelo da Antártica (EAIS – East Antartic Ice Sheet) (Zachos et al., 2001) e o
desenvolvimento dos lençóis de gelo do Hemisfério Norte. Essas mudanças no nível eustático
provocaram repetidos eventos de exposição e inundação na BTS, o que pode ter contribuído para
a sua fisiografia atual (Dominguez & Bittencourt, 2009).
Condições hidrodinâmicas
As correntes de maré têm papel fundamental na distribuição de sedimentos na BTS em
períodos de nível de mar alto, pois são as variações de velocidades destas correntes aliadas à
geometria do relevo que determinam os sítios de deposição. A fisiografia da BTS altera o
comportamento da onda de maré, provocando sua amplificação e distorção à medida que a
mesma adentra os trechos mais estreitos, sinuosos e/ou rasos (Lessa et al., 2009). Cirano & Lessa
(2007) produziram mapas que mostram o campo de atuação (magnitude e direção) das correntes
de maré na BTS (Lessa et al., 2009). O fluxo é unidirecional na coluna d’água e as velocidades
medidas variam entre 0,6 m/s e 1,0 m/s a partir de Salvador até a porção norte da baía. A ação
dos ventos altera o fluxo nos metros iniciais da coluna de água. Os mapas produzidos por esses
autores mostram que na região do canal de Salvador, entrada da BTS, na maré vazante, ocorrem
23
as maiores intensidades de correntes (1,0 m/s). Estas maiores velocidades resultam na formação
de dunas hidráulicas no fundo marinho do canal de Salvador (Dominguez & Bittencourt 2009).
MATERIAL E MÉTODOS
A sistemática de trabalho foi dividida em seis etapas, onde os principais processos
executados e os produtos obtidos estão representados de forma resumida na figura 2.
Figura 2: Fluxograma de trabalho mostrando os principais processos executados e os produtos obtidos.
24
Dados
Os dados utilizados neste trabalho são 63 linhas sísmicas rasas de alta resolução
totalizando 180 quilômetros de levantamento (Figura 3). Estas linhas foram adquiridas nos
períodos de dezembro de 2014 a fevereiro de 2015 e em março de 2016, utilizando fontes
Boomer e Sparker operando na mesma frequência (0,3 - 1,5 kHz). As linhas adquiridas foram
gravadas no formato do software proprietário de aquisição Meridata, sendo depois exportadas
para o formato SEGY. Este é um formato padrão estabelecido pela Sociedade de Geofísicos de
Exploração (do inglês SEG), que pode ser utilizado nos principais programas de processamento
sísmico.
Foram ainda utilizados neste trabalho, resultados de sondagens SPT (Standard
Penetration Test) cedidos pelo Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia (DERBA) e
dados batimétricos produzidos pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil.
Figura 3: Carta náutica mostrando o trajeto da futura ponte, o posicionamento das linhas sísmicas e
das sondagens SPT.
25
Processamento sísmico
O processamento sísmico é um conjunto de técnicas empregadas, visando realçar eventos
de interesse (interfaces entre camadas) e minimizar a ocorrência de eventos indesejados
(Claerbout, 1985; Yilmaz, 2001, 2015), em outras palavras, aumentar a razão sinal/ruído e
melhorar a continuidade lateral das reflexões.
O tratamento dos dados foi feito utilizando o aplicativo de processamento livre Seismic
Unix (SU) (Cohen & Stockwell, 2002; Forel, Benz & Pennington, 2005; Stockwell, 2008). O SU
é executado no sistema Linux, sendo composto por um conjunto de sub-rotinas desenvolvidas
pelo Center for Wave Phenomena (CWP) da Colorado School of Mines. As linhas sísmicas
disponíveis em SEGY, foram convertidas para o formato interno do SU e submetidas a um
fluxograma de processamento sísmico, tendo como base os fluxos já consagrados na indústria do
petróleo (Yilmaz, 2015; Dondurur, 2018) (Figura 4). Suas principais etapas são descritas abaixo.
Os dados originalmente adquiridos apresentavam uma série de ruídos associados às
condições ambientais, a limitações do equipamento e inerentes ao próprio processo de aquisição,
os quais comprometiam a qualidade das interpretações.
A primeira etapa foi a realização da edição dos traços, durante a qual alguns traços
ruidosos foram eliminados.
A segunda etapa foi a aplicação da função Mute, que zera as amplitudes de uma área
específica do dado sísmico (Dondurur, 2018). Como as informações de interesse num dado
sísmico de reflexão são as reflexões primárias, eventos como onda direta e amplitudes
anomalamente negativas na coluna d’agua foram silenciados nesta etapa.
A terceira etapa foi a realização da análise espectral com objetivo de determinar o
espectro de amplitude útil do dado e fornecer os parâmetros para o filtro Passa-banda.
A quarta etapa foi a aplicação do filtro Passa-banda para limitar a faixa de frequências ao
espectro útil do dado sísmico, atenuando assim conteúdos de frequências indesejados, como
ruídos de alta e baixa frequências associadas ao barulho do motor da embarcação e ruídos
ambientais (ruídos aleatórios).
26
A quinta etapa consistiu na aplicação de um filtro de mediana para eliminar as amplitudes
anômalas presentes no dado.
Figura 4: Fluxograma de processamentos com as principais etapas executadas.
Estas cinco etapas consistiram do processamento básico dos dados que assim ficaram
prontos para aplicação de técnicas mais avançadas.
A sexta etapa foi a execução da deconvolução Spiking/Branqueadora para comprimir o
pulso. Este é um método estatístico que tem por objetivo retirar o efeito da assinatura da fonte,
aumentando a resolução temporal do dado (Kearey et al., 2009). No entanto, como não se
conhecia a assinatura original do pulso, a mesma foi estimada a partir do próprio dado sísmico.
27
O conhecimento desta assinatura possibilitaria a reprodução da função refletividade com mais
precisão. Apesar dessa limitação, a deconvolução do pulso se mostrou eficiente, produzindo
resultados satisfatórios, pois o topo e a base de camadas delgadas puderam ser identificadas.
A sétima etapa foi a aplicação da deconvolução preditiva, também uma técnica estatística,
que tem como objetivo a atenuação das múltiplas do fundo do mar (Robinson, 1957; Porsani et
al., 2007), ruído coerente mais indesejado na sísmica rasa. Quando o fundo marinho é composto
por fácies arenosas e/ou a lâmina d’agua é muito rasa, esses ruídos aparecem em número elevado
e com altos valores de amplitude com energia semelhante à reflexão primária, dificultando a
visualização de eventos de interesse. Para amenizar esses efeitos, a deconvolução preditiva que é
um método que explora o critério de periodicidade (Yilmaz, 2001), foi aplicada e, também
produziu bons resultados.
Por fim, um controle de ganho automático (do inglês AGC) foi aplicado para realçar os
refletores atenuados devido ao decaimento da amplitude do sinal (Duchesne e Bellefleur, 2007).
A aplicação do conjunto de processos acima citados, permitiu visualizar os eventos de
interesse (refletores) com maior nitidez, resultando em um detalhamento das feições geológicas
(topo rochoso e espessura da camada de sedimentos inconsolidados) com maior qualidade. Após
este processamento as seções sísmicas ficaram prontas para serem interpretadas.
RESULTADOS
Processamento
A aplicação do fluxograma de processamento descrito acima resultou em um grande
aumento de qualidade como exemplificado na figura 5, a qual mostra a seção sísmica antes e
depois do processamento. Nota-se que os ruídos foram atenuados e os eventos de interesse
(refletores primários) foram realçados. Dessa forma, a interpretação estrutural e estratigráfica dos
mesmos pode ser feita com maior precisão e confiabilidade.
28
Figura 5: Seção sísmica antes e após o processamento, aplicação do mute na coluna d'agua, eliminação dos
ruídos aleatórios e atenuação da múltipla do fundo do mar.
Sismofácies e unidades sísmicas
Foram identificadas onze sismofácies principais, de acordo com características dos
refletores como: geometria, amplitude e continuidade do sinal (Tabela 1). Estas sismofácies
foram então, agrupadas em quatro unidades sísmicas, delimitadas por superfícies estratais
indicativas de descontinuidades na sedimentação, principalmente discordâncias. As unidades
sísmicas individualizadas nas seções sísmicas foram correlacionadas aos dados das sondagens
SPT, o que ajudou a melhor caracterizar estas unidades.
29
Tabela 1: Principais fácies sísmicas identificadas e seus padrões de terminações estratais.
Unidade Sísmica 01 – a Us01, a mais basal, é representada pelas rochas sedimentares da
bacia do Recôncavo. Esta unidade aflora na linha de costa da ilha de Itaparica e na localidade de
Monte Serrat. As principais sismofácies presentes nesta unidade são: a Fs01, caracterizada por
refletores exibindo altas amplitude e continuidade (nos trechos mais próximos à ilha de
Itaparica); a Fs02, que exibe refletores subparalelos com baixas amplitudes e continuidade (na
30
região central da área de estudo); e a Fs03, que exibe terminações plano-paralelas bem marcadas
(próximo a Mont Serrat) conforme observado nas figuras 6, 7, 8 e 9. O topo dessa unidade é
bastante irregular e cortado por paleo-vales incisos cujas larguras variam entre 20 e 550 metros,
estando os seus talvegues situados em profundidades que variam de 50 a 70 metros, abaixo do
nível do mar atual. Na borda oeste da área de estudo, o acamamento interno desta unidade é de
caráter plano paralelo e mergulha para leste com ângulos em torno de 3º e 4º, aproximadamente.
Na região central estes refletores são de difícil visualização. Na borda leste, volta a predominar o
acamamento paralelo que, desta vez, mergulha para oeste com ângulos em torno de 4º e 5º,
aproximadamente. As sondagens SPT indicam que essa unidade é constituída no topo por argilito
(cor cinza claro), com variações de argilito, siltito e arenito fino (cinza escuro), com índice de
resistência à penetração dinâmica (NSPT) em torno de 46.
Figura 6: Seção sísmica A1, subparalela ao trajeto da ponte, mostrando a geometria do substrato rochoso e
as diferentes unidades estratigráficas mapeadas. (A) e (B) seção não-interpretada e interpretada
respectivamente. O pequeno mapa na porção direita inferior da figura mostra a localização da seção sísmica.
Unidade Sísmica 02 – a Us02 ocorre nas porções mais inferiores dos paleo-vales incisos,
esculpidos no topo da Us01, formando corpos isolados com baixa continuidade lateral (figuras 6,
7 e 8). Esta unidade é encontrada em profundidades variáveis entre 33 e 66 metros. É constituída
exclusivamente pela sismofácies Fs04, que apresenta refletores de alta amplitude e baixa
continuidade. Nas sondagens SPT, é constituída por uma areia vermelha bastante compactada
(NSPT=25). Parece existir um controle estrutural na distribuição desta unidade, visto que ela
31
ocorre apenas à norte de um alinhamento claramente visível na batimetria atual da baía (Figura
12A).
Unidade Sísmica 03 – a Us03 repousa diretamente sobre as Us01 e Us02, preenchendo
irregularidades existentes no topo da Us01. Internamente, seus refletores são plano paralelos, com
alta amplitude. Sua continuidade lateral é reduzida. Além disto, o topo da mesma apresenta um
aspecto irregular com numerosos vales estreitos e pouco profundos (profundidades dos talvegues
variando entre 30 e 55 metros e largura em torno de 20 metros). A profundidade máxima, onde
essa unidade foi depositada é de 75 metros abaixo do nível do mar atual. É constituída pelas
fácies sísmicas, Fs05 e Fs06. Nas sondagens SPT, esta unidade é constituída por sedimentos
arenosos de coloração amarela, branca e cinza claro, variando de pouco a medianamente
compacta (NSPT entre 8 e 17).
Unidade Sísmica 04 - a Us04 é a unidade mais superior da área de estudo e preenche os
paleo-vales existentes tanto no topo da Us01, quanto no topo da Us03. Ocorre, desde a
profundidade de 87 metros abaixo do nível atual até o fundo marinho atual. É a unidade mais
complexa, pois possui o maior número de sismofácies, sendo também a mais espessa. Constituem
esta unidade as sismofácies Fs07, Fs08, Fs09, Fs10 e Fs11, todas apresentando refletores de alta
amplitude e continuidade do sinal. A sismofácies Fs07 ocorre na porção mais basal desta unidade
preenchendo os vales presentes no topo da unidade US03. A sismofácies Fs08 com refletores
com alta amplitude e continuidade, bem como uma geometria em clinoforma (figura 6, 7 e 9),
está sobreposta à sismofácies Fs07. Já a sismofácies Fs09, sobreposta à Fs08, possui refletores
com alta amplitude e continuidade, possui configurações de reflexões divergentes (figura 7). A
sismofácies Fs10 está sotoposta sismofácies Fs09 e, assim como esta tem padrão de terminações
de reflexão em onlap (figura 7) com média amplitude. A sismofácies Fs11 representa o topo da
unidade sísmica Us04, e possui um padrão de terminações sigmoidal, estando seus refletores
exibindo média amplitude do sinal. A geometria progradacional das camadas sugere que parte
destes sedimentos podem ter se originado a partir da erosão do topo dos interflúvios adjacentes
aos vales onde estão depositados. Além de geometrias progradacionais (sismofácies Fs08),
ocorrem também geometrias em “drape” (sismofácies Fs07) e de preenchimento de canais (Fs09,
Fs10 e Fs11) como pode ser visto na figura 7. A unidade Us04 apresenta uma grande
continuidade lateral, soterrando quase que completamente o paleo-relevo existente nas regiões
laterais ao canal de Salvador. Nas sondagens SPT, esta unidade é constituída por areia siltosa de
cor claro/escura, mais abundante no topo da unidade, além de areia siltosa com matéria orgânica
32
e areia argilosa de coloração cinza claro, com consistência variando de fofa a pouco compacta
(NSPT entre 4 e 8).
Figura 7: Seção sísmica F1 (A) e (B) seção não-interpretada e interpretada respectivamente. O pequeno mapa
na porção direita inferior da figura mostra a localização da seção sísmica.
Correlação sísmica x sondagens SPT
Nas figuras 8 e 9 estão apresentadas as correlações entre a sísmica e as sondagens SPT,
nas quais se observa uma boa correlação entre os dois métodos. Isto é, a maioria das
profundidades do fundo marinho e do topo do embasamento sedimentar coincidem em ambos os
dados.
Vale ressaltar que a correlação entre a sísmica e as sondagens só foi realizada após a
completa interpretação das seções sísmicas, isso foi feito para evitar que as interpretações fossem
viciadas. Dessa maneira, a interpretação sísmica foi efetuada de forma independente sem a
preocupação de estar casando com as informações apresentadas pelas sondagens.
Também, foi possível observar que apenas o furo de sondagem SP-04 conseguiu
identificar todas as unidades sedimentares conforme observado na figura 9 e com maior
detalhamento na figura 10.
33
Ainda foi possível notar que algumas sondagens não têm uma boa correlação com a
sísmica, observe que têm discrepâncias entres as informações fornecidas pela sísmica e os furos
de sondagens SP-10E (figura 8), SP-13E e SP-17E (figuras 9). Isso se deve ao fato,
principalmente, das limitações inerente ao processo de execução das sondagens (problemas com
desmoronamento e lavagem das amostras acarretam em baixa precisão do método em maiores
profundidades) e pelo fato das linhas sísmicas terem sido adquiridas muito distante (centenas de
metros) do local da sondagem.
Figura 8: Seção sísmica H1 ao longo das sondagens SPT, (A) e (B) seção não-interpretada e interpretada
respectivamente. Na seção interpretada encontram-se plotadas as sondagens SPT realizadas neste trecho
abrangido pela linha. O pequeno mapa na porção inferior da figura mostra a localização da seção sísmica.
Figura 9: Seção sísmica H2 ao longo das sondagens (setor leste), (A) e (B) seção não-interpretada e
interpretada respectivamente. Em B encontram-se plotadas as sondagens SPT realizadas neste trecho
abrangido pela linha. O pequeno mapa na porção direita inferior da figura mostra a localização da seção
sísmica.
34
Figura 10: Trecho da seção sísmica H2, mostrando a única sondagem SPT que conseguiu encontrar todas as
unidades sísmicas mapeadas. O pequeno mapa na porção direita inferior da figura mostra a localização da
seção sísmica.
Distribuição espacial das unidades mapeadas
Mapas de isópacas foram confeccionados para todas unidades assim como um mapa do
topo do embasamento rochoso (ver figura 11A). O mapa de topo mostra a presença de um paleo-
canal orientado norte-sul (situado na posição atual do canal de Salvador), que parece meandrar no
sentido da entrada da BTS e, depois, se direciona para sudeste. A profundidade máxima deste
paleo-canal é em torno de 75 metros abaixo do nível do mar atual, sendo que, dessa forma, a
profundidade do topo do embasamento varia desde a base desse paleo-canal até as porções mais
elevadas situadas em aproximadamente 10 metros. Os mapas de isópacas de cada uma das
unidades sísmicas não consolidadas estão apresentados nas figuras 12A, 12B e 13C. O mapa de
isópacas total da cobertura quaternária está apresentado na figura 11B.
35
Figura 11: Mapa da profundidade, abaixo do nível do mar, do topo do embasamento rochoso (A) e o mapa de
isópacas total da cobertura sedimentar quaternária, as espessuras dos depósitos variam entre 3,6 e 50
metros (B).
Figura 12: Mapas de isópacas da unidade sísmica individualizadas, unidade 1 (A), unidade 2 (B) e unidade 4
(C) mostrado as suas ocorrências ao longo da área de estudo.
DISCUSSÕES
O processamento sísmico produziu resultados satisfatórios e as seções sísmicas foram
interpretadas com mais confiabilidade. No entanto, o fluxo de processamento aplicado ainda pode
ser melhorado, otimizando a forma de obtenção da assinatura da fonte. Dessa forma, as técnicas a
A B
U4
U2 U3
A B
C
36
serem aplicadas posteriormente, como por exemplo a deconvolução preditiva, poderia fornecer
um resultado mais eficaz. Outro fator ainda a ser levado em consideração é a tentativa de
aplicação da migração sísmica, visando melhor posicionar os refletores sísmicos.
Os resultados obtidos mostram que o topo do embasamento rochoso apresenta uma
geometria extremamente irregular, com desníveis entre 10 e 75 metros, além de declividades
entre 2º e 65º graus, sendo que essas declividades podem estar associadas a antigos sistemas de
falhas (figuras 6, 7, 8 e 9). A área de estudo exibe uma grande complexidade em relação ao
substrato rochoso e as unidades sedimentares sobrepostas ao mesmo. Foi possível identificar pelo
menos três unidades sedimentares associadas a diferentes episódios de preenchimento da Baía e,
que, devido à sua história evolutiva poderiam apresentar propriedades geotécnicas variáveis.
Então, é importante reconstruir como ocorreu essa deposição para tentar entender se respostas
geotécnicas diferentes poderiam ou não ser esperadas.
Reconstrução Sismoestratigráfica
O mapeamento realizado utilizando as seções sísmicas permitiu reconstruir a geometria
do substrato rochoso ao longo do trajeto da futura ponte (figuras 6, 7, 8 e 9). Este paleo-relevo
apresentava desníveis entre 10 e 75 metros abaixo do nível do mar atual com encostas exibindo
declividades acentuadas. O paleo-relevo desenvolveu-se como consequência da prolongada
exposição subaérea (observar superfície de discordância na figura 10) a que a região esteve
submetida, devido ao abaixamento do nível do mar eustático durante o Cenozoico (Dominguez &
Bittencourt, 2009; Zachos et al., 2001; Milhomem et al., 2003).
A unidade sísmica 2, provavelmente, depositou-se em um período de mar baixo, visto que
ocorre apenas localizada no fundo dos vales incisos, apresenta uma coloração avermelhada nas
sondagens SPT, indicativa de exposição subaérea e, portanto, com sua deposição associada a
cursos fluviais que corriam no fundo destes vales.
Uma primeira inundação da BTS resultou na deposição da unidade sísmica 3. Esta
unidade também ocorre preenchendo depressões e paleo-canais no embasamento rochoso e,
portanto, apresenta baixa continuidade lateral. Após sua deposição a Us03 teve seu topo
parcialmente erodido (figura 10). Duas hipóteses podem ser levantadas para explicar esta erosão.
Se ela for de caráter subaéreo, isto implica que a Us03 foi depositada antes do último máximo
37
glacial. A cor amarelada destes sedimentos poderia indicar uma exposição subaérea desta
unidade, o que pode ter provocado a sua compactação devido à perda de fluidos. Uma segunda
alternativa é considerar que esta superfície erosiva é uma superfície de ravinamento por maré.
Dessa forma a unidade Us03 poderia ter sido depositada durante a última subida do nível do mar
eustático.
A unidade sísmica 4 recobre grande parte dos vales, soterrando o paleo-relevo da BTS,
pelo menos nas áreas marginais aos canais principais. Esta deposição provavelmente só ocorreu
após a completa inundação da BTS. Durante a acumulação desta unidade as fontes de sedimento
foram as margens da BTS, como evidenciado pelas geometrias clinoformais nesta unidade.
De uma forma geral, a sedimentação predominou nas regiões marginais e nos interflúvios
em comparação aos canais principais, visto que com a invasão do mar, as correntes de marés são
mais intensas no interior destes canais (Lessa et al., 2009), o que dificultou a acumulação de
sedimentos. Nas regiões marginais (borda da BTS) a presença de áreas emersas como a ilha de
Itaparica e a península de Salvador, favoreceu um maior suprimento de sedimentos (observar o
padrão progradacional na figura 6 à oeste e à leste, nas figuras 7 e 8 à oeste, e na figura 9 à leste),
em associação com menor intensidade das correntes.
Controle temporal para a deposição das unidades Quaternária
Devido à inexistência de datações radiométricas foi feita uma tentativa de atribuir limites
cronológicos às unidades identificadas, utilizando como parâmetro a posição que as mesmas
ocupam em relação ao nível do mar atual, bem como relacionando estas posições com o que se
conhece do comportamento do nível do mar eustático desde o último máximo glacial (Figura 13).
A unidade sísmica Us02, a mais antiga dentre as unidades quaternárias, poderia ter sido
depositada durante o penúltimo interglacial (MIS5), ou até mesmo antes desse período, já que
está depositada abaixo das unidades 3 e 4 e apresenta alto grau de oxidação, o que não foi
observado nas unidades sobrepostas.
A unidade sísmica Us03, considerando-se seus limites inferior e superior, e pressupondo
um caráter marinho para a mesma, poderia ter sido depositada durante a descida do nível do mar
após o MIS5, ou durante a subida do nível do mar após o último máximo glacial (MIS2). Se a
erosão que afeta o seu topo for de caráter subaérea, a sua deposição poderia ter ocorrido entre os
38
estágios isotópicos 5a e 5d. Se a erosão tiver sua origem como uma superfície de ravinamento por
marés sua deposição poderia ter ocorrido após o Younger Dryas (12,7 ka), porém não antes.
Figura 13: Curva global de variações do nível do mar, dando ênfase aos últimos 150.000 anos adaptada de
(Hanebuth et al., 2003).
A unidade sísmica Us04, em função dos seus limites inferior e superior, e a ausência de
feições erosivas observáveis, pode ter tido sua deposição iniciada a qualquer instante após18 ka
AP, porém é muito provável que esta deposição só tenha ocorrido de modo significativo a partir
da estabilização do nível eustático a cerca de 8 ka.
Aplicações na Engenharia
De modo geral, observa-se uma boa correlação entre as sondagens SPT e as unidades
sísmicas encontradas (Figuras 8 e 9). Porém devido à sua grande variabilidade, os furos SPT não
conseguem traduzir de uma maneira precisa a variação da paleo-topografia do embasamento
rochoso. Do mesmo modo, devido ao grande espaçamento entre estes furos, as variações de
espessura da cobertura sedimentar não são bem documentadas. As figuras 14, 15, 16 e 17
mostram mapas da profundidade e da espessura de sedimentos, produzidos a partir dos dados das
sondagens SPT e das sessões sísmicas. As figuras 18 e 19 mostram a variação espacial das
diferenças de valores obtidos para estes parâmetros.
39
Figura 14: Mapa do topo do embasamento gerado a partir da interpolação das sondagens SPT.
Figura 15: Mapa do topo do embasamento gerado a partir dos resultados das interpretações sísmicas.
Nota-se que os mapas gerados utilizando as linhas sísmicas representam as superfícies
estratigráficas e depósitos sedimentares de maneira mais detalhada quando comparados aos
gerados através das sondagens SPT. Este aspecto já era esperado pois o método sísmico fornece
uma amostragem continua do sub-fundo, enquanto as sondagens apresentam informações
esparsas.
40
Figura 16: Mapa de isópacas da cobertura sedimentar não consolidada gerado a partir da
interpolação das sondagens SPT.
Figura 17: Mapa de isópacas da cobertura sedimentar não consolidada gerado partir dos resultados
das interpretações sísmicas.
De outro lado, os mapas gerados utilizando o método sísmico podem contribuir de
maneira significativa para a escolha e melhor posicionamento dos furos de sondagens em projetos
futuros, pois fornecem informações precisas da profundidade do topo do embasamento
sedimentar e da espessura da coluna de sedimentos. Ainda se deve levar em conta, que um
levantamento de sísmicas rasa é rápido de se realizar e muito mais barato (milhares à dezenas de
41
milhares de reais a depender da área a ser levantada) em comparação a um estudo de sondagem
em região submersa (centenas de milhares a milhões de reais). Portanto, um levantamento prévio
de sísmica rasa pode ajudar a escolher melhor a quantidade de sondagens, evitando assim gastos
desnecessários.
Figura 18: Diferenças na profundidade do topo do embasamento determinada pelas sondagens e linhas
sísmicas.
Figura 19: Diferenças na espessura da cobertura Quaternária determinada pelas sondagens SPT e linhas
sísmicas.
Os resultados das subtrações dos mapas (profundidade do topo e espessura) mostram que
os trechos onde os valores obtidos pelos dois métodos coincidem (cores brancas – valores iguais
a zero) correspondem essencialmente aos locais e vizinhanças imediatas dos furos. Tons de azul
42
(valores negativos) mostram as regiões onde os dados de sondagem produziram valores
subestimados, enquanto tons quentes (valores positivos) mostram as regiões onde os valores
obtidos pelas sondagens foram superestimados.
Apesar destas diferenças, os dados das sondagens foram muito importantes para a
interpretação da natureza litológica das unidades sedimentares e suas propriedades geotécnicas,
havendo, portanto, uma boa complementariedade dos dois métodosTambém, o conhecimento da
sequência de eventos deposicionais mostrado pela interpretação sísmica, pode ser utilizado como
preditor das características geotécnicas das mesmas. Por exemplo, devido ao fato da unidade
Us02 ter sido exposta subaereamente por um longo período (cor avermelhada), com consequente
perda de fluidos, além da sobrecarga das unidades sobrepostas, espera-se que a mesma tenha um
alto grau de compacidade, o que pode ser confirmado nas sondagens (NSPT=25, compacta). A
unidade Us03, cujo topo apresenta feições erosivas que podem ter sido produzidas por exposição
subaérea, pode igualmente ter provocado perda de fluidos, acarretando um nível de compactação
moderada, como pôde ser observado nas sondagens (NSPT variando entre 11 e 17, medianamente
compacta).
Por fim, a unidade Us04, por ter sido depositada mais recentemente, é esperada apresentar
uma menor compacidade quando comparada as outras unidades. Sua resistência à penetração
varia entre 04 (no topo) e 12 (na base). De forma geral, o limite entre as unidades ocorre de
maneira gradual, isso fica bem evidenciado nas variações dos índices de resistência das unidades
sedimentares, não se observando uma quebra brusca no limite entre as litologias.
CONCLUSÕES
Este estudo permitiu o mapeamento do topo do embasamento rochoso e da espessura da
cobertura sedimentar quaternária utilizando interpretações de seções sísmicas de alta resolução,
bem como a sua integração a dados de sondagens SPT. Foi possível observar que a geometria do
substrato rochoso é bastante irregular, pois o mesmo é cortado por diversos paleo-vales incisos.
Alguns destes vales, ainda não preenchidos, coincidem com os canais principais na entrada da
baía de Todos os Santos. Os resultados mostram que de modo geral a sedimentação ocorreu
principalmente nas regiões marginais a estes vales, a partir de fontes sedimentares oriundas da
ilha de Itaparica e da península de Salvador. Esta deposição pode também ter sido favorecida pela
menor intensidade das correntes de maré nestas áreas. Quatro unidades sísmicas foram
identificadas, a mais inferior correspondendo ao embasamento rochoso constituído pelas rochas
43
sedimentares da bacia do Recôncavo. Das três unidades quaternárias identificadas as duas mais
inferiores podem ter sido depositadas antes do último máximo glacial, em períodos de nível de
mar inferiores ao atual. A unidade Us04 mais superior é a única a ter sido depositada após a
inundação completa da BTS, principalmente a partir de 8ka.
A comparação entre os mapas do topo do embasamento rochoso e da espessura total de
sedimentos gerados a partir dos dados de sondagem e da sísmica rasa mostraram que o método
sísmico, como esperado, fornece informações mais detalhadas do ponto de vista regional,
enquanto as sondagens foram importantes para calibrar e convalidar as interpretações sísmicas.
De qualquer maneira, os dois métodos apresentaram localmente uma excelente concordância e
complementariedade.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi realizado no âmbito do inctAmbTropic – Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia em Ambientes Marinhos Tropicais, CNPq/FAPESB Processos: 565054/2010-4,
8936/2011 e 465634/2014-1. Suporte financeiro foi também fornecido pelo projeto FAPESB no
014/2014 (PET0036/2014). Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES) pelo auxílio financeiro na forma de bolsa de pesquisa.
44
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Aberration in Global Climate 65 Ma to Present. Science (80). 292, 686–693.
48
CAPÍTULO 3
CONCLUSÕES
Este estudo permitiu o mapeamento do topo do embasamento rochoso e da espessura da
cobertura sedimentar quaternária utilizando interpretações de seções sísmicas de alta resolução,
bem como sua integração a dados de sondagens SPT. Foi possível observar que a geometria do
substrato rochoso é bastante irregular, pois o mesmo é cortado por diversos paleo-vales incisos.
Alguns destes vales, ainda não preenchidos coincidem com os canais principais na entrada da
baía de Todos os Santos. Os resultados mostram que de modo geral a sedimentação ocorreu
principalmente nas regiões marginais a estes vales, a partir de fontes sedimentares oriundas da
ilha de Itaparica e da península de Salvador. Esta deposição pode também ter sido favorecida pela
menor intensidade das correntes de maré nestas áreas. Quatro unidades sísmicas foram
identificadas, a mais inferior correspondendo ao embasamento rochoso constituído pelas rochas
sedimentares da bacia do Recôncavo. Das três unidades quaternárias identificadas as duas mais
inferiores podem ter sido depositadas antes do último máximo glacial, em períodos de nível de
mar inferiores ao atual. A unidade Us4 mais superior é a única a ter sido depositada após a
inundação completa da BTS, principalmente a partir de 8ka.
A comparação entre os mapas do topo do embasamento rochoso e da espessura total de
sedimentos gerados a partir dos dados de sondagem e da sísmica rasa mostraram que o método
sísmico, como esperado, fornece informações mais detalhadas do ponto de vista regional,
enquanto as sondagens foram importantes para calibrar e convalidar as interpretações sísmicas.
De qualquer maneira, os dois métodos apresentaram localmente uma excelente concordância e
complementariedade.
49
ANEXO A
REGRAS DE FORMATAÇÃO DA REVISTA
REVISTA: GEOLOGIA USP SÉRIE CIENTÍFICA
Diretrizes para Autores
1. PÁGINA DE ROSTO – deverá conter: três títulos, em português, em inglês e título curto no
idioma principal do manuscrito com no máximo 50 caracteres, contando os espaços; nome
completo e instituição de origem dos autores; endereço completo do autor principal
(logradouro, CEP, cidade, estado, país, caixa postal e telefone para contato), e-mail de todos os
autores; número de palavras; total de figuras e de tabelas.
2. RESUMO E ABSTRACT – em um único parágrafo, devem ser concisos, com no máximo 270
palavras. Textos mais longos devem vir acompanhados de justificativa circunstanciada.
3. PALAVRAS-CHAVE E KEYWORDS – máximo seis, separadas por ponto e vírgula, com a
primeira letra em maiúscula. Ex.: Bacia do Araripe; Quaternário; Fácies; Depósitos magmáticos.
Os descritores em inglês devem acompanhar os termos em português.
4. TEXTO PRINCIPAL – poderá ser redigido em português ou inglês. Elaborar em Word, fonte
Times New Roman, tamanho 12, espaço simples. O tamanho máximo aceito para publicação é
de 25 páginas, incluindo texto, resumo, abstract, tabelas, figuras e referências
bibliográficas. Trabalhos mais longos podem ser aceitos desde que argumentos científicos que os
justifiquem sejam apresentados e aceitos.
a) Na fase de submissão, inserir numeração de páginas, bem como as figuras, tabelas, legendas e
referências. 44
b) Quando o artigo estiver devidamente aprovado para publicação, as figuras, tabelas e legendas
devem ser retiradas do texto. Enviá-las separadamente e numeradas, cada uma num arquivo. As
legendas devem vir em um único arquivo, separadas das figuras e tabelas.
5. TÍTULOS
a) Título do artigo
50
Título principal – Negrito, caixa alta na primeira letra da primeira palavra e caixa baixa nas
demais.
Título em inglês – Itálico, caixa alta na primeira letra da primeira palavra e caixa baixa nas
demais (sem negrito).
Título curto: Caixa alta na primeira letra da primeira palavra e caixa baixa nas demais (sem
negrito/sem itálico).
b) Títulos e subtítulos no interior do artigo
Nível 1 – NEGRITO, CAIXA ALTA.
Nível 2 – Negrito, caixa alta na primeira letra da primeira palavra e caixa baixa nas demais.
Nível 3 – Itálico, caixa alta na primeira letra da primeira palavra e caixa baixa nas demais (sem
negrito).
Nível 4 – Caixa alta na primeira letra da primeira palavra e caixa baixa nas demais (sem negrito).
6. TABELAS E QUADROS – considerar quadro como tabela. Elaborar em Word, no modo
“tabela”, com formato aberto, fonte Arial, tamanho 8. Obedecer as medidas: 8,2 cm (uma coluna)
ou 17 cm (duas colunas), comprimento máximo de 22 cm, incluindo a legenda. Tabelas muito
extensas deverão ser divididas.
a) Na fase de submissão, inserir as tabelas no texto, juntamente com a legenda, com a devida
numeração sequencial.
b) Quando o artigo estiver devidamente aprovado para publicação, as tabelas devem ser retiradas
do texto. Enviá-las separadamente e numeradas, cada uma num arquivo. As legendas devem vir
em um único arquivo, separadas das tabelas. 45
c) Legendas: fonte Times New Roman, tamanho 12. (sem itálico)
7. ILUSTRAÇÕES – mapas, fotos, figuras, gráficos, pranchas, fotomicrografias etc., considerar
como figuras. Utilizar fonte Arial, tamanho 9. Obedecer as medidas: 8,2 cm (uma coluna) ou 17
cm (duas colunas), comprimento máximo de 22 cm, incluindo a legenda.
51
a) Na fase de submissão, inserir as figuras no texto, juntamente com a legenda, com a devida
numeração sequencial.
b) Quando o artigo estiver devidamente aprovado para publicação, as figuras devem ser retiradas
do texto. Enviá-las separadamente e numeradas, cada uma num arquivo. Deverão estar em
formato JPEG, TIFF ou EPS, com resolução mínima de 300 dpi. As legendas devem vir em
um único arquivo, separadas das figuras.
c) Legendas: fonte Times New Roman, tamanho 12. (sem itálico)
8. CITAÇÕES NO TEXTO – exemplos de citação direta / citação indireta:
a) Um autor
Santos (1980) / (Santos, 1980)
b) Dois autores
Norton e Long (1995) / (Norton e Long, 1980)
c) Mais de dois autores
Moorbath et al. (1992) / (Moorbath et al., 1992)
d) Congressos, conferências, seminários etc.
... no Congresso Brasileiro de Geologia (1984) / (Congresso Brasileiro de Geologia, 1984)
e) Vários trabalhos de diferentes autores
Smith (1985), Rose e Turner (1986) e Johnson et al. (1990) / (Smith, 1985; Rose e Turner, 1986;
Johnson et al., 1990) 46
f) Citação de vários trabalhos de um mesmo autor
Smith (1979a, 1979b, 1981) / (Smith, 1979a, 1979b, 1981)
9. REFERÊNCIAS – listar no final do texto, em ordem alfabética de autores e, dentro dessa
sequência, em ordem cronológica. A exatidão das referências bibliográficas é de inteira
responsabilidade dos autores.
EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS:
52
a) Livro com um autor
Middlemost, E. A. K. (1997). Magmas, rocks and planetary development: A Survey of
Magma/Igneous Rock Systems. Harlow: Longman.
b) Livro com dois autores
Anderson, M. P., Woessnr, W. W. (1992). Applied groundwater modeling. Simulation of low and
advecti transport. San Diego: Academic Press.
c) Livro com três ou mais autores
Harland, W. B., Armstrong, R. L., Cox, A. L. V., Craig, L. E., Smith, A., Smith, D. (1989). A
geologic time scale (2nd ed.). Cambridge: Cambridge University Press.
d) Capítulo de livro
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e) Artigo de periódico
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ignimbrite: a compound pyroclastic unit and its relationship with upper miocene caldera
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f) Trabalho apresentado em evento
Danni, J. C. M., Ribeiro, C. C. (1978). Caracterização estratigráfica da sequência vulcano-
sedimentar de Pilar de Goiás e de Guarinos, Goiás. XXX Congresso Brasileiro de Geologia, 2,
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g) Mapa
53
Inda, H. A. W., Barbosa, J. F. (1978). Mapa Geológico do Estado da Bahia. Escala 1:1.000.000.
Salvador: Secretaria de Minas e Energia do Estado da Bahia/ CBPM.
h) Teses e Dissertações
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Ciências Exatas – UNESP.
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Livro
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<http://www.intechopen.com/books/ tectonics-recent-advances>.
Artigo de periódico 48
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Trabalho apresentado em evento
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PALEO 2007 (p. 7). Itabaiana: SBP. Acesso em 18 de dezembro de 2008,
<http://www.phoenix.org.br/ Paleo2007_Boletim.pdf>.
j) Com numeração DOI
Livro
Zavattini, J. A. (2009). As chuvas e as massas de ar no estado de Mato Grosso do Sul: estudo
geográfico com vista à regionalização climática.
DOI: 10.7476/9788579830020.
Artigo de periódico
54
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Diversity of Rhyacian granitoids in the basement of the Neoproterozoic-Early Cambrian Gurupi
Belt, northern Brazil: Geochemistry, U–Pb zircon geochronology, and Nd isotope constraints on
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