Manual Trabalhos Em Altura

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo Civil

CAPTULO VIIITRABALHOS EM ALTURA

Susana Carvalho Marques

VIII-1

Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo Civil

NDICE1. Objectivos especficos......................................................................................................................................... 3 2. Introduo........................................................................................................................................................... 3 3. Utilizao de proteces colectivas .................................................................................................................. 3 3.1. Guarda-corpos ............................................................................................................................................. 6 3.1.1. Montagem dos montantes................................................................................................................... 8 3.1.2. Medidas de proteco perifrica com guarda-corpos ....................................................................... 9 3.2. Redes de segurana ................................................................................................................................... 13 3.2.1. Introduo ........................................................................................................................................... 13 3.2.2. Redes horizontais (Tipo S).................................................................................................................. 15 3.2.3. Redes verticais tipo forca (Tipo V) ..................................................................................................... 16 3.2.4. Redes horizontal fixada a consola (Tipo T) ....................................................................................... 19 3.2.5. Redes verticais (Tipo U)...................................................................................................................... 21 3.2.6. Outros tipos de redes ......................................................................................................................... 22 3.2.7. Requisitos na aquisio e utilizao de redes ................................................................................... 22 3.3. Equipamentos a utilizar em trabalhos na cobertura ............................................................................... 24 3.3.1. Redes.................................................................................................................................................... 24 3.3.2. Plataformas de trabalho .....................................................................................................................26 3.3.3. Linha de vida .......................................................................................................................................26 3.3.4. Guarda-corpos e rodap ..................................................................................................................... 27 3.4. Plataformas de Trabalho acopladas a painis de cofragem ................................................................... 27 4. Equipamentos de proteco individual ...........................................................................................................28 5. Estruturas de apoio aos trabalhos em altura ..................................................................................................28 5.1. Andaimes ....................................................................................................................................................28 5.1.1. Principais causas de acidentes com andaimes .................................................................................. 30 5.1.2. Disposies gerais ............................................................................................................................... 31 5.1.3. Andaimes metlicos e mistos ............................................................................................................ 38 5.1.4. Andaimes mveis ............................................................................................................................... 39 5.1.5. Trabalhos na proximidade de condutores elctricos nus em tenso...............................................43 5.2. Plataformas de trabalho ............................................................................................................................45 5.2.1. Plataformas fixas .................................................................................................................................45 5.2.2. Plataformas mveis elevatrias .........................................................................................................45 5.2.3. Plataformas suspensas ...................................................................................................................... 49 5.3. Escadas ....................................................................................................................................................... 51 5.3.1. Escadas construdas em obra ............................................................................................................. 52 5.3.2. Escadas portteis ................................................................................................................................54 5.4. Pranchadas................................................................................................................................................ 58 4.5. Passadios ................................................................................................................................................. 59 Regulamentao aplicvel .................................................................................................................................. 59 Bibliografia ........................................................................................................................................................... 60

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1. OBJECTIVOS ESPECFICOS Identificar as medidas de proteco colectiva em trabalhos em altura. Identificar os riscos e propor medidas preventivas nos trabalhos em altura. Identificar os EPI para os trabalhos em altura.

2. INTRODUONo sector da construo civil e obras pblicas, as quedas em altura so o tipo de acidente em que se verifica o maior nmero de casos mortais. Esta situao deve-se ao facto de grande parte dos intervenientes no processo construtivo ignorarem ou menosprezarem as regras de segurana a implementar para evitar riscos de queda em altura.

3. UTILIZAO DE PROTECES COLECTIVASAs quedas em altura so a causa de mais de metade das mortes que ocorrem na construo civil em Portugal. As principais causas das quedas so a falta ou ineficincia das proteces colectivas em aberturas de paredes e pisos, nos acessos e andaimes assim como no permetro de rampas e desnveis tais como bordos de taludes e placas, escadas, etc. As razes mais apontadas so:

Falta de proteco Proteco parcial Ineficcia da proteco

- Devido inexistncia de equipamento de proteco no estaleiro. - Devido quantidade insuficiente, no foi possvel proteger todos os

locais com risco de queda;- Os trabalhadores retiraram uma parte da proteco que no foi reposta. - Devida escolha incorrecta do equipamento ou tipo de proteces; - Devida m montagem das proteces; - Devida ao mau estado das proteces. Principais causas das quedas em altura

Em muitos casos, as proteces so retiradas pelo pessoal para permitir ou facilitar a execuo de determinadas tarefas e, por desleixe e ignorncia, no as voltam a repor, deixando uma rea desprotegida e de grande risco. Estes comportamentos devem ser combatidos com formao e sensibilizao e o encarregado deve estar constantemente atento falta destas proteces, mandando corrigir, de imediato, qualquer falha que detecte dada a provvel gravidade das consequncias que resultam da falta destas proteces. A escolha de equipamentos e mtodos de trabalhos , em muitos casos, delegada nos subempreiteiros que utilizam em obra os seus prprios equipamentos (escadas, andaimes e at proteces colectivas) e que por vezes so incompatveis com as operaes a desenvolver ou com os equipamentos de outros subempreiteiros que efectuam operaes adjacentes. muito importante para a preveno de acidentes que os equipamentos sejam compatveis e seleccionados de acordo com as necessidades das operaes que se vo desenvolver. Todos os subcontratados devem ser informados previamente, tendo em conta o Susana Carvalho Marques

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo Civil planeamento da obra, dos tipos e quantidades dos equipamentos de proteco colectiva, andaimes, escadas, plataformas de trabalho, etc. que vo necessitar.

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Noutros casos, as proteces existiam mas, quando foram solicitadas, a sua eficcia no correspondeu ao que era esperado. Isto deve-se a deficincias de montagem ou mau estado dos equipamentos de proteco. As razes da m montagem so usualmente, montantes mal apertados (no caso de montantes com fixao por garra) ou bainhas demasiado largas (no caso de montantes introduzidas em bainhas) ou insuficiente cobertura em esquinas, ngulos, redondos, etc. ou outros pontos difceis de cobrir devido s dimenses e geometria dos elementos horizontais. Para garantir a sua eficcia, estas proteces tm de cobrir a totalidade da rea a proteger, sem deixar espaos por onde seja possvel passar um corpo. Estes equipamentos s devem ser montados sob orientao de uma chefia que conhea bem os requisitos de montagem destes equipamentos. Os equipamentos devem ser mantidos em boas condies e deve existir sempre stock de proteces disponvel para substituir, de imediato, os que se danifiquem ou deteriorem. O sistema de proteco colectiva a empregar deve ser escolhido antes do incio da obra. A proteco colectiva eleita deve reunir um conjunto de caractersticas tais como: Deve ser forte e segura; Deve evitar a queda do trabalhador, em vez de limitar a mesma; A proteco no deve causar sensao de vertigem ao trabalhador; Deve ser contnua, protegendo os ngulos das fachadas e no deixando espaos por cobrir; Deve proteger o trabalhador em qualquer fase do trabalho; A proteco no deve prejudicar o trabalho, como por exemplo a elevao de uma carga com recurso a grua; Deve ser fcil de adaptar aos diferentes tipos de estruturas existentes, podendo assim ser utilizada em diferentes obras; A sua correcta instalao deve ser verificada por pessoa competente; Deve ser fcil de transportar entre obras. Os dispositivos destinados a impedir as quedas devem ser instalados nos locais onde este risco esteja presente, nomeadamente: Os planos de trabalho devem ter os bordos que do para o vazio protegidas por dispositivos capazes de impedir a queda de pessoas e materiais; Nos planos de trabalho, todas as aberturas devem estar protegidas; Todos os vos, aberturas em fachadas e caixas de elevador devem estar protegidos; As caixas de escadas devem possuir proteces que impeam a queda de pessoas; Os andaimes, plataformas de trabalho e locais de recepo de materiais devem dispor de proteces.

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3.1. Guarda-corposGuarda-corpos so proteces colectivas utilizadas em estaleiro de obra com o objectivo de impedir a queda em altura de pessoas e de materiais. Estes equipamentos so utilizados na periferia das lajes, coberturas, plataformas de trabalho, andaimes, aberturas em lajes, escadas e outros acessos. So constitudos por diversos elementos montados no local que, no seu conjunto, devem garantir a estabilidade e resistncia necessria e ter dimenses que assegurem o seu objectivo (impedir a queda de pessoas). Segundo o artigo 40 do Decreto 41 821, de 11 de Agosto de 1958, os guarda-corpos, com seco transversal de 0,30 m2, pelos menos, sero postos altura mnima de 1 m acima do pavimento, no podendo, o vo abaixo deles ultrapassar a medida de o,85 m. A altura do guarda-cabeas nunca ser inferior a 0,14 m. Esta imposio legal, embora em vigor, encontra-se desadequada como medida preventiva eficaz pois, a abertura de 85 cm permite facilmente a passagem de um corpo adulto de boa constituio, em caso, por exemplo, de queda pe escorregamento. Assim, prtica aconselhada a colocao de uma barreira intermdia a uma altura de 45 a 50 cm. Esta barreira intermdia normalmente exigida pelas entidades oficiais (ACT Autoridade para as Condies do Trabalho). Os guarda-corpos so compostos por elementos horizontais (guardas), verticais (montantes) e suportes de fixao ao elemento construtivo. A constituio destes elementos deve ser executada de modo a que resistam ao peso de um trabalhador e no serem confundidas com barras ou bandas de sinalizao. Os elementos horizontais devem ser colocados a 0,50 e 1,0 m acima do plano de trabalho, solidamente fixados aos montantes, em encaixes apropriados ao tipo, geometria e seco do montante. Podem ser constitudos por diferentes tipos de materiais, nomeadamente por tubos, barras ou perfis metlicos ou por pranchas de madeira. As pranchas de madeira devem estar em bom estado, desempenadas e isentas de ns e pregos. Quanto largura dos vos dos elementos horizontais, aconselhado: Perfis metlicos com seco 26 34 cm Vo mximo de 2,20 m; Pranchas de madeira com seces de 34 140 mm ou 40 100 mm Vo mximo de 1,50 m. Outro elemento integrante no guarda-corpos o rodap ou guarda-cabeas, constitudo por um elemento horizontal geralmente uma tbua de madeira com 0,15 m de altura solidamente colocada nos montantes, com a funo de prevenir a queda de materiais ou ferramentas a partir do plano de trabalho.

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo CivilColocao correcta dos guarda-corpos

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3.1.1. Montagem dos montantesOs montantes podem ser fixados de vrias formas: A mais comum com suporte tipo pina ou garra que fixa o montante por aperto ao bordo da laje. A garra, normalmente, permite uma abertura mxima de 0,60 m. Para lajes com maior espessura, necessrio usar montantes de outro tipo que so introduzidos em bainhas colocadas na laje durante a betonagem. Para que este tipo de guarda-corpos no perca a sua eficcia preventiva, necessrio que o montante entre bem justo na bainha e esta tem de estar isenta de sujidades, de forma que o montante entre, no mnimo, 10 cm. A bainha no deve ser colocada a menos de 30 cm do bordo da placa. Depois de instalados os montantes no devem oscilar. O espaamento entre montantes , usualmente, de 2 metros.

Montante de guarda-corpos fixado em bainha

Montante de guarda-corpos com fixao por garra

Exemplos de utilizao de guarda-corpos

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3.1.2. Medidas de proteco perifrica com guarda-corpos Todos os vos e aberturas na fachada devem estar limitados por guarda-corpos e rodaps. A utilizao

de tbuas em diagonal e de escoras na horizontal no recomendvel, dada a sua deficiente proteco.

Utilizao de guarda-corpos em vos para o exterior. As aberturas em pavimentos ou plataformas de trabalho devem dispor de guarda-corpos e rodap,

salvo se estiverem instalados outros dispositivos de proteco com eficcia e resistncia pelo menos equivalentes s daqueles equipamentos, ou se estiverem obturadas com uma tampa de proteco temporria ou um estrado provisrio convenientemente fixado.

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Proteces possveis na abertura de pavimentos

Exemplo de proteco com plataforma de madeira e com rede

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo Civil Uma soluo interessante e eficaz a colocao de abobadilhas nas lajes, com as aberturas vista, para posteriormente serem quebradas, a fim de dar passagem s tubagens; temos, deste modo, mais um exemplo de segurana integrada.

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Abobadilhas utilizadas para colmatar uma abertura no pavimento A zona da caixa de elevador de um edifcio em construo extremamente perigosa, enquanto no

so colocadas as portas, pois apresenta aberturas mal iluminadas. Infelizmente, tem-se verificado um elevado nmero de mortes devido a quedas na caixa de elevador. A colocao de guarda-corpos a soluo indispensvel. Recomenda-se a sua pintura para mais facilmente serem localizados quando indevidamente retirados.

Utilizao de guarda-corpos como proteco numa caixa de elevador. A caixa de escadas geralmente uma zona pouco iluminada, com aberturas extremamente perigosas

(as chamadas bombas de escada). Deve-se, pois, dispor de iluminao eficaz e de guarda-corpos com rodap.

Utilizao de guarda-corpos como proteco numa caixa de escadas.

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As verificaes apresentadas no mbito da utilizao de guarda-corpos so de carcter geral, pelo que cada caso concreto obrigar anlise dos condicionalismos existentes no local:

Lista de verificaoVerificaesLocalizao de guarda-corpos: Vos de sacada; Escadas Localizao de guarda-corpos: Plataformas de trabalho; Passadios Localizao de guarda-corpos: Andaimes; Bailus Localizao de guarda-corpos: Bordos no protegidos; Coberturas Localizao de guarda-corpos: Aberturas no protegidas; Caixas de elevador Montagem segura: - montantes fixos; - guardas a 0,45 m e 1,00 m; - guarda-cabeas com 0,15 m. Estado de conservao dos materiais. Condies de armazenamento dos materiais. NA No aplicvel; C Conforme; NC - No Conforme

NA

C

NC

Aces correctivas

3.2. Redes de segurana3.2.1. IntroduoA utilizao de redes de segurana insere-se nas medidas de proteco colectiva, para trabalhos de construo, sendo usadas para impedir ou limitar a queda em altura, quer de pessoas, quer de materiais. As redes de segurana so, portanto, um instrumento fundamental no combate aos acidentes provocados por quedas em altura. As redes de segurana utilizadas na construo civil so, em geral, constitudas por cordas de fibras sintticas de poliamida, polietileno ou polipropileno, ligadas por ns, formando um conjunto elstico de malhas quadradas, suportadas por corda perimetral, capazes de absorver uma certa quantidade de energia. A absoro de energia nas redes, com origem na queda de pessoas ou materiais, feita por alongamento das fibras da trana e pelo aperto dos ns. Embora a princpio se possa pensar que todas as redes de segurana disponveis no mercado so iguais e que todas so vlidas para todas as situaes, a realidade mais complexa; as redes e as cordas associadas so produtos fabricados com caractersticas especficas para atender as diferentes necessidades que a norma europeia EN 1263-1 estabelece. Assim, trata-se de produtos que se devem fabricar cumprindo os requisitos da referida norma e a melhor forma de os controlar solicitando os respectivos certificados e comprovar a sua correcta etiquetagem.

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Classificao das redesA norma EN 1263-1 divide os sistemas de redes de segurana segundo a sua utilizao em:

Sistema V Rede de segurana com corda de rebordo fixada a suporte do tipo forca

Sistema S Rede de segurana com corda de rebordo, para cobrir espaos horizontais ou planos inclinados.

Sistema T Rede de segurana fixada a consolas para utilizao horizontal

Sistema U Rede de segurana fixada estrutura de suporte para utilizao vertical

EtiquetagemAs redes de segurana devem ser fornecidas com uma etiqueta com a seguinte informao: Designao do fabricante; Sistema de rede de segurana; Classe da rede; Energia mnima de rotura; Tamanho e forma da malha; Dimenses da rede; Classe de resistncia; Ano e ms de fabrico. Susana Carvalho Marques VIII-14

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A marcao deve ser permanente.

Exemplo de etiqueta e de selo que deve acompanhar a rede

Regras gerais de montagem das redes A montagem das redes deve ser realizada conforme o indicado no Manual de Instrues fornecido pelo fabricante; A montagem das redes uma operao perigosa; deve ser realizada por pessoas devidamente formadas que conheam bem os sistemas de ancoragem; devem adoptar precaues especiais, com a utilizao obrigatria de arneses anti-queda; Aps a sua montagem deve-se comprovar que as redes, as cordas perimetrais, etc. no tm roturas, ou desfiados; Devem ser colocadas em todo o permetro do piso, incluindo as esquinas; Deve ser dada especial ateno s unies entre redes, visto que so pontos perigosos onde a eficcia de reteno pode ficar seriamente comprometida se as unies no forem realizadas adequadamente; As redes de segurana devem ser instaladas os mais prximo possvel por debaixo do nvel do plano de trabalho; O desnvel mximo permitido para a queda de pessoas de 6 metros pois, para alturas superiores, a eficcia da proteco no garantida.

3.2.2. Redes horizontais (Tipo S)So utilizadas para proteger trabalhos que decorram em coberturas de naves industriais ou comerciais ou outras operaes em que seja necessrio proteger uma rea extensa, usualmente no interior das edificaes. Tm vulgarmente 8 m de largura (mnimo de 5 metros de lado e 35 m2 de superfcie) e so fixadas aos pilares (ou outros elementos estruturais) pela corda perimetral, fixada a suportes prprios, espaados entre si de 1 m. A ligao entre a corda perimetral e o suporte efectuada por mosquetes. Susana Carvalho Marques VIII-15

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Elementos que constituem a rede do tipo S

Rede horizontal

A rede horizontal deve ser colocada o mais prximo possvel do plano de trabalho a proteger e o mais horizontal possvel, sendo, no entanto, permitido um mximo de 6,0 m de altura de queda com o plano de trabalho a proteger. necessrio ajustar a rede aos permetros, evitando-se espaos abertos. Para tal, recomenda-se que a ancoragem seja realizada a cada 1 metro para evitar esses espaos (embora a norma permita que seja de 2,5 m).

Afastamento dos pontos de ancoragem da rede

3.2.3. Redes verticais tipo forca (Tipo V)Pensado fundamentalmente para ser utilizado na fase de estrutura, o sistema V no evita a queda mas atenua claramente os seus efeitos e hoje um elemento imprescindvel na implantao de proteces colectivas nas obras de edificao. o tipo de rede mais adequado para proteger os trabalhos na laje de cobertura. Este sistema, ao no impedir a queda, deve ser acompanhado de dispositivos de proteco colectiva que o evitem: guarda-corpos e linhas de vida. Susana Carvalho Marques

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Rede tipo forca

O sistema para ser completamente eficaz deve atender a trs condies: 1 | A queda deve ser amparada pela rede. Para tal a sua montagem deve obedecer s seguintes regras: A rede deve ser colocada de modo que o seu bordo superior exceda, no mnimo em 1,0 m, a altura do plano de trabalho e o bordo inferior deve dispor de espao livre que permita o alongamento da rede devido ao impacto; A rede tem de ficar saliente em torno da rea que pretende proteger, com uma largura que funo da velocidade inicial e da altura da queda, tal como mostra o grfico seguinte.

Parbola representativa da trajectria de queda de um corpo

2 | A queda sobre a rede no pode provocar danos fsicos. Para tal, essencial controlar os seguintes factores: Que o conjunto da rede e dos suportes que a sustentam consigam suportar e absorver a energia do impacto; Que os materiais que vo caindo sobre a rede vo sendo retirados;

Que a rede (por baixo) no esteja demasiado prxima de obstculos, de forma a no permitir o embate do corpo em qualquer objecto quando sofrer a deformao devida ao impacto do corpo. Susana Carvalho Marques

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A figura seguinte ilustra os vrios elementos que constituem o sistema V. 5,0 mCorda de amarrao

Rede de segurana Amarrao da corda ncora Corda perimetral ncora para a rede ncora para suporte da forca Elementos que constituem o Sistema V

Forca

Montagem da rede tipo V A montagem deve ser realizada por pessoal experiente, garantindo que no so deixados desprotegidos bordos da laje durante o processo de montagem; A distncia entre os suportes (forcas) no deve exceder os 5,0 m; Manter sempre a regra de colocar o bordo superior da rede a exceder, no mnimo 1,0 m, o plano de trabalho. No bordo inferior deve ser deixada uma bolsa de 30 cm; A unio das redes com recurso s corda de unio no deve deixar espaos maiores que 10 cm; A distncia entre as ancoras para fixao da rede no bordo da laje no deve exceder os 50 cm, devendo ser maior que 10 cm a distncia destes aos bordos da laje.

Disposio das ncoras de fixao da rede e do suporte

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3.2.4. Redes horizontal fixada a consola (Tipo T)Tambm designadas de redes de bandeja, so as de utilizao mais comum e flexvel, montadas em suportes metlicos instalados no bordo da laje com recurso a um suporte de garra com uma abertura mxima de 80 cm. So utilizadas em operaes de cofragem, betonagem e descofragem e na montagem de estruturas metlicas e de cobertura. As redes so montadas nos bordos das lajes e a articulao do suporte permite adoptar trs posies de montagem:

Pormenor das diversas posies do suporte

Posio A, com uma ligeira inclinao relativamente posio vertical. Tem por objectivo principal limitar a queda de materiais, cujo risco superior nas operaes de cofragem/descofragem; Posio B, com uma inclinao de 40 a 45 relativamente horizontal. Nesta posio, a rede sobressai 2,5 m da estrutura. Tem por objectivo principal limitar a queda de pessoas, cujo risco superior nas operaes de cofragem/descofragem; Posio C, com uma pequena inclinao de 10 a 15 relativamente horizontal. Nesta posio, a rede sobressai 3 m da estrutura. Tem por objectivo principal limitar as consequncias da queda de pessoas; tendo em considerao a parbola de queda anteriormente apresentada, nesta posio a rede protege 2 pisos (altura de queda de 6 metros).

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo CivilRede horizontal fixa a a consola (tipo T)

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Para assegurar a eficcia deste tipo de rede importante que a rede seja montada, de acordo com as instrues do fabricante, em todo o permetro da 1 laje da construo, quando se iniciarem os trabalhos ao nvel da 2 laje. A rede na primeira laje protege os trabalhos na 2 e 3 lajes, sendo aconselhvel que a rede seja montada na 3 laje quando se iniciarem os trabalhos na 4 laje e assim sucessivamente.

3.2.5. Redes verticais (Tipo U)So redes de caractersticas idnticas s redes horizontais (tipo S) mas, montadas em posio vertical. So indicadas para proteger aberturas em paredes, especialmente em planos inclinados, onde os outros tipos de rede so menos eficazes. Para assegurar a sua eficcia, devem ficar bem esticadas e cobrindo totalmente a abertura. Tal como nas redes horizontais, so fixadas aos pilares (ou outros elementos estruturais) pela corda perimetral, fixada a suportes prprios, espaados entre si de 1,0 m. A ligao entre a corda perimetral e o suporte efectuada por mosquetes.

Redes vertical a proteger escadas e aberturas em paredes

Utilizao simultnea de redes verticais tipo forca (tipo V) e de redes verticais do tipo U

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3.2.6. Outros tipos de redesExistem outros tipos de redes cuja utilizao menos usual, devido talvez menor flexibilidade da sua utilizao ou por a proteco que proporcionam poder ser assegurada por outro tipo de equipamentos (guarda-corpos, por exemplo). o caso das redes tipo tnis que so montadas na vertical, no piso que se pretende proteger, em montantes semelhantes aos dos guarda-corpos e impedem a queda em altura. As redes devem ter malha quadrada de 0,10 m de lado e 1 m a 1,2 m de largura. Para garantir uma resistncia igual aos guarda-corpos rgidos deve ser colocada uma corda no seu contorno. Os montantes devem estar espaados de 1,0 m para alturas de rede de 1,0 m e de 2,0 m para alturas de rede de 1,2 m. Devem em qualquer dos casos ter trs elementos de fixao da rede em altura, geralmente de varo de ao de 6 mm.

Rede tipo tnis

3.2.7. Requisitos na aquisio e utilizao de redesAs redes devem estar devidamente certificadas de acordo com os requisitos das normas: EN 1263 1, Safety nets. Part 1: Safety requirements, test methods EN 1263 2 Safety nets. Part 2: Safety requirements for the positioning limits Devido ao ambiente e condies em que so utilizadas (agresses ambientais e projeces de materiais) devem ser constantemente vigiadas, devendo haver um responsvel designado para essa tarefa. As agresses ambientais so devidas a temperatura (calor e frio) e principalmente aos raios ultravioleta que degradam as fibras provocando a perda das suas caractersticas mecnicas (perda de cerca de 50 % da resistncia de rotura traco no primeiro ano de uso, das fibras de poliamida). O envelhecimento devido aos raios UV , normalmente, acompanhado de perda da cor.

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Aces a desenvolverDe modo a que as redes conservem as suas caractersticas, essencial que sejam observadas as seguintes medidas: Evitar todas as agresses fsicas (cortes e rasges das malhas); Proteger as redes de projeces de matrias incandescentes (trabalhos de soldadura, decapagem, cigarros, etc.); Limpar periodicamente a rede para retirar materiais retidos na malha; Armazenar as redes e demais elementos em locais secos e protegidos da luz, em embalagens opacas e resistentes; Utilizao apenas no perodo de vida til. Uma rede s deve ser utilizada como proteco contra queda em altura se observar os seguintes requisitos: No apresentar sinais de deteriorao; No apresentar ruptura de malhas; No apresentar ruptura de cordo; Apresentar marcao com: Nome do fabricante; Ano e ms de fabrico; Classe de resistncia; Dimenses da rede.

Apresentar um manual de instrues que fornea a seguinte informao: Montagem, uso e desmontagem; Armazenamento, cuidados e inspeco; Datas de avaliao das cordas de teste; Perodo de validade; Alguns avisos de perigo (ex temperaturas extremas, influncias qumicas) Foras de ancoragem necessrias; Peso mximo de queda; Dimenso mnima de recolha dos corpos em queda; Segurana da ligao da rede; Distncia mnima abaixo da rede; Armazenamento; Inspeco; Substituio.

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Ainda, como medidas gerais, recomenda-se o seguinte: Os trabalhadores que as colocam devem usar arns anti-queda; Coloc-las o mais prximo possvel do plano de trabalho (a altura de queda livre de pessoas deve ser a menor possvel, no deve ultrapassar os 6 m); Fechar todos os buracos atando os mdulos entre si; Devem prever-se zonas de ancoragem de forma que resistam aos esforos transmitidos em consequncia de uma queda. Se a ancoragem se faz em partes da construo recentemente betonadas, verificar se o beto atingiu a resistncia suficiente; Todas as peas metlicas de amarrao e ancoragem que estejam em contacto com as redes devem ser sujeitos a tratamentos anti-oxidantes. Desloc-las acompanhando os trabalhos (antecipando-os). As verificaes apresentadas no mbito da utilizao de redes de segurana so de carcter geral, pelo que cada caso concreto obrigar anlise dos condicionalismos existentes no local:

Lista de verificaoVerificaesMontagem da rede conforme Manual de Instrues Est disponvel Manual de Instrues em portugus? Rede tem marcao CE? Rede est protegida contra a projeco de matrias incandescentes? Rede sem materiais retidos. Rede no apresenta sinais de deteriorao. Peas de amarrao e ancoragem com tratamento antioxidante. Condies de armazenamento Local seco e protegido UV. NA No aplicvel; C Conforme; NC - No Conforme

NA

C

NC

Aces correctivas

3.3. Equipamentos a utilizar em trabalhos na coberturaApesar dos avanos tecnolgicos verificados nos materiais de cobertura, torna-se necessrio utilizar sempre dispositivos de proteco adequados, dos quais se destacam as redes, as plataformas de trabalho e os guarda-corpos e rodaps.

3.3.1. Redes

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo Civil Tal como j referido na seco anterior relativa s redes de segurana, as redes horizontais do Tipo S so normalmente utilizadas para limitar possveis quedas nos trabalhos em coberturas de grandes dimenses (instalaes industriais, grandes superfcies, etc.).

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Colocam-se horizontalmente, de modo a abranger toda a superfcie da cobertura a instalar, permanecendo operacionais nessa posio durante a execuo dos respectivos trabalhos. Devem ser colocadas com a ajuda de um elevador ou por trabalhadores devidamente protegidos com um arns de segurana.

3.3.2. Plataformas de trabalhoNunca se deve andar directamente sobre as coberturas, mas utilizar escadas de telhador, tbuas de rojo ou passadeiras previstas para esse efeito; evita-se, deste modo, a rotura de materiais como fibrocimento, vidro e matrias plsticas.

3.3.3. Linha de vidaNos trabalhos em coberturas, a utilizao de uma linha de vida uma soluo contra quedas em altura. Esta pode ser constituda por um cabo de ao, fixo nas extremidades, onde se prende o mosqueto do cabo de amarrao pertencente ao arns de segurana utilizado pelo trabalhador.

Linhas de vida instaladas na parte superior das vigas pertencentes estrutura da cobertura.

Como alternativa ao ao, as linhas de vida tambm podem ser materializadas por uma ou mais fitas de fibra (nylon).

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Exemplo de uma linha de vida de nylon.

3.3.4. Guarda-corpos e rodapA utilizao de guarda-corpos e rodap na periferia das coberturas outra das formas de prevenir as quedas em altura.

3.4. Plataformas de Trabalho acopladas a painis de cofragemOs painis de cofragem de elementos verticais com plataformas acopladas so um bom exemplo de segurana integrada. As plataformas de trabalho devem dispor de um sistema de proteco colectiva contra quedas em altura e o pavimento deve ser horizontal, antiderrapante e resistente s cargas a que est sujeito. O acesso plataforma de trabalho deve ser garantido por meio de escadas ou rampas.

Painis de cofragem com plataformas de trabalho acopladas

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4. EQUIPAMENTOS DE PROTECO INDIVIDUALNos trabalhos em altura, quando no possvel o emprego de proteces colectivas, devem-se utilizar equipamentos de proteco individual. Os trabalhadores sujeitos ao risco de queda livre devem usar um arns de segurana com cabo de amarrao e dispositivos de fixao, de modo a limitar uma possvel queda. Nas situaes em que os trabalhadores possam ficar suspensos, o arns de segurana, ligado a um cabo de amarrao e dispositivo anti-queda, ser a soluo mais indicada. Paralelamente, recomenda-se o uso do capacete com fixao ao pescoo (francalete), assim como o equipamento de proteco adequado ao tipo de trabalho a executar.

Exemplos de capacetes com francalete.

5. ESTRUTURAS DE APOIO AOS TRABALHOS EM ALTURANa execuo das diferentes obras, os trabalhos em altura podero ser apoiados pela existncia de andaimes, plataformas, escadas, pranchadas, passadios, etc.

5.1. AndaimesAs estruturas de andaime devem merecer por parte dos responsveis das empreitadas uma maior ateno, uma vez que esto ligados reduo/ eliminao do risco mais preocupante existente num edifcio em construo: a Queda em Altura. Os andaimes, pela utilidade e complexidade que tm, pelas dimenses que por vezes atingem e pela quantidade de tarefas, materiais e trabalhadores que suportam, carecem de especial ateno desde o momento da sua montagem, passando pela sua utilizao at mesmo sua desmobilizao. Os andaimes so construes provisrias auxiliares, munidas de plataformas horizontais elevadas, suportadas por estruturas de seco reduzida e que se destinam a apoiar a execuo de trabalhos de construo, manuteno, reparao ou demolio de estruturas.

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Exemplo de utilizao de andaimes.

Elementos constituintes de andaime metlico de ps

Estas construes provisrias, utilizadas desde h muitos anos tm tido ultimamente uma grande evoluo tcnica passando-se dos tradicionais andaimes de madeira para os andaimes metlicos devido aos melhores rendimentos e nveis de segurana. Estes ltimos so constitudos por tubos metlicos de diferentes seces transversais e acessrios de juno adequados, ou ainda por elementos pr-fabricados que formam estruturas de tipo prtico com possibilidade de regulao mltipla. S se devem utilizar peas de andaimes adequadas e de boa qualidade, pelo que o sistema de andaime deve ter marcao CE e possuir Declarao de Conformidade. Susana Carvalho Marques VIII-29

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A Norma EN 12810-1:2003, Faade scaffolds made of prefabricated components. Part 1: Products specifications, refere quais os principais aspectos a ter em considerao aquando da montagem, utilizao e desmontagem desses mesmos andaimes e tambm as regras relativas ao clculo da sua resistncia e estabilidade. A classificao do andaime define os requisitos de construo do mesmo e, portanto, as respectivas capacidades de utilizao: Classe 1: Andaimes destinados a operaes de manuteno utilizando ferramentas e equipamentos

leves (por ex., aces de inspeco). Classe 2 e 3: Os andaimes agrupados nestas classes destinam-se a trabalhos que no envolvam

outros materiais para alm dos estritamente necessrios, de imediato, realizao da tarefa a executar (por ex., pintura ou limpeza de pedra. Classe 4 e 5: Incluem-se nestas classes os andaimes destinados a operaes como as de fixao de

componentes (por ex., operaes de revestimento). Classe 6: Andaimes destinados execuo de grandes obras ou de grandes trabalhos de

construo (por ex., trabalhos de alvenaria pesada ou armazenamento de materiais).

5.1.1. Principais causas de acidentes com andaimesAs principais causas de acidentes de trabalho em andaimes so os que a seguir se descrevem: Desmoronamento: Nmero insuficiente de travessas e de diagonais de contraventamento; Ausncia, insuficincia ou ineficcia das amarraes construo; Abatimento das bases de apoio; Sobrecargas excessivas; Materiais em mau estado; Choque provocado por veculos.

Rotura da plataforma:

Sobrecarga exagerada; Insuficincia da sua resistncia ou dos seus suportes; Ausncia de travessa de apoio intermdia; Materiais em mau estado. Perda de equilbrio dos trabalhadores: No utilizao de um equipamento individual de proteco contra quedas, durante a montagem e desmontagem; Ausncia ou m utilizao dos meios de acesso; Ausncia ou ineficcia dos guarda-corpos; Plataforma de largura insuficiente ou espao livre excessivo entre a plataforma e a construo.

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Queda de materiais:

Queda de um elemento estrutural do andaime durante a montagem ou desmontagem; Desmoronamento do andaime; Rotura de uma plataforma; Ausncia de rodap.

Contacto com linhas areas (dos corpos ou por intermdio de um objecto):

Desrespeito pelas distncias mnimas de segurana; Ausncia de proteces.

5.1.2. Disposies gerais obrigatrio o emprego de andaimes nas obras de construo civil em que os operrios tenham de trabalhar a mais de 4 metros do solo. Os andaimes devem ser metlicos ou mistos. Em conformidade com o art. 4 do Decreto-Lei n 50/2005 de 25 de Fevereiro, a montagem, desmontagem ou reconverso do andaime s pode ser efectuada sob a direco de uma pessoa competente com formao especfica adequada sobre os riscos dessas operaes, nomeadamente sobre: 1 | A interpretao do plano de montagem, desmontagem e reconverso do andaime; 2 | A segurana durante a montagem, desmontagem ou reconverso do andaime; 3 | As medidas de preveno dos riscos de queda de pessoas ou objectos; 4 | As medidas que garantem a segurana do andaime em caso de alterao das condies meteorolgicas; 5 | As condies de carga admissvel; 6 | Qualquer outro risco que a montagem, desmontagem ou reconverso possa comportar.

Sinalizao e proteco do andaime A zona de implantao dos andaimes deve ser protegida com meios de balizagem ou com uma

vedao e sinalizada com o aviso de perigo queda de objectos, tendo em vista isolar o local dos trabalhos. Sempre que os andaimes sejam montados em locais de passagem de pees, devem ser criados

corredores de passagem devidamente iluminados e sinalizados. Os andaimes montados junto da passagem de veculos ou em locais de manobras de mquinas, que

possam a vir a pr em causa a estabilidade e integridade do andaime, devem ser sinalizados tanto durante o dia como de noite; para alm desta sinalizao, no dispensvel, podem ser ainda colocados obstculos de pedra, beto ou mesmo uma estrutura metlica.

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Andaime (ocupao do passeio e via)

Montagem do andaime Se a complexidade do andaime o exigir, deve ser elaborado um plano que defina os procedimentos

gerais da sua montagem, utilizao e desmontagem, completado, se necessrio, com instrues precisas sobre pormenores especficos do andaime. A pessoa competente que dirija a montagem, desmontagem ou reconverso do andaime e os

trabalhadores que executem as respectivas operaes devem dispor do plano previsto, bem como das instrues que eventualmente o acompanhem. Os elementos de apoio do andaime devem ser colocados de modo a evitar os riscos resultantes de

deslizamento, atravs da fixao superfcie de apoio de um dispositivo antiderrapante ou outro meio eficaz que garanta a estabilidade do mesmo.

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo CivilApoio do andaime

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Na elevao das peas constituintes dos andaimes devero ser usados meios mecnicos, tais como,

gruas e aparelhos de guindar. Na montagem dos andaimes no se deve iniciar o tramo superior sem estarem terminados os nveis

inferiores com todos os elementos de estabilidade. Os elementos de unio (abraadeira, junta de empalme e cavilha de encaixe) devem encontrar-se

devidamente apertados/justapostos, promovendo a melhor fixao entre as restantes peas do andaime. Todos os elementos constituintes de um andaime que denotem alguma deficincia devem ser

substitudos de imediato. Os andaimes de construo devem ser fixados edificao, ou a outra estrutura fixa existente, tendo

em vista a necessidade de contraventamento da estrutura. Nos andaimes devem instalar-se redes de proteco, para evitar que a projeco de detritos ou queda

de materiais possa atingir outros trabalhadores ou pessoas que passem nas imediaes.

Plataformas de trabalho As dimenses, forma e disposio das plataformas do andaime devem ser adequadas ao trabalho a

executar e s cargas a suportar, bem como permitir que os trabalhadores circulem e trabalhem em segurana. As plataformas do andaime devem ser presas aos respectivos apoios de modo que no se desloquem

em condies normais de utilizao. Entre os elementos das plataformas e os dispositivos de proteco colectiva contra quedas em altura

no pode existir qualquer zona desprotegida susceptvel de causar perigo.

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo CivilPlataforma de um andaime.

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No caso de utilizao de tbuas de p, estas sero no mnimo 4 nos andaimes de construo e 2 nos

andaimes de conservao, devendo ter um trespasse de 35 cm para cada lado dos seus apoios extremos (travessas de apoio do andaime). A espessura das tbuas de p constituintes das plataformas de trabalho deve ser no mnimo de 4 cm. A distncia que separa a plataforma de trabalho no andaime do paramento vertical da edificao no

dever ser superior a 20 centmetros.

As partes do andaime que no estejam prontas a ser utilizadas, nomeadamente durante a montagem,

desmontagem ou reconverso do andaime, devem ser assinaladas, nos termos da legislao aplicvel, e convenientemente delimitadas, de modo a impedir o acesso zona de perigo. O acesso entre plataformas de trabalho, nos andaimes, deve ser feito por escadas montadas em

estruturas independentes, que permitam uma transposio fcil dos vos a vencer.

Acesso entre pisos por escadas com alapo.

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Devem instalar-se guarda-corpos (compostos por duas barras, uma 0,45 metros e a outra 1 metro

acima da plataforma) para impedir a queda de pessoas, e guarda-cabeas ou rodaps (uma tbua com 0,15 metros de altura) para evitar a queda de materiais e ferramentas.

Guarda-corpo em andaime

Exemplo de guarda corpos e rodap num andaime.

Utilizao Nas plataformas de trabalho, s permitido o armazenamento do material de utilizao imediata para

evitar sobrecargas e roturas da plataforma.

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No permitida a utilizao dos andaimes durante os temporais que comprometam a sua estabilidade

ou a segurana dos operrios.

5.1.3. Andaimes metlicos e mistosActualmente, verifica-se o uso de andaimes metlicos, constitudos por elementos pr-fabricados (com plataformas pr-fabricadas de alumnio ou ao galvanizado), ou mistos, construdos com tubos metlicos e acessrios de juno (com plataformas ou tbuas de p feitas de madeira). No que toca aos elementos que os constituem e sua instalao, estes tipos de andaimes devem satisfazer condies de segurana no inferiores s disposies gerais.

Andaime metlico.

Andaime misto

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5.1.4. Andaimes mveisPelo facto de serem de fcil montagem, facilita-se bastante quando se trabalha com andaimes mveis.

Andaimes mveis.

Sinalizao e proteco do andaime A zona onde est estacionado o andaime deve ser protegida com meios de balizagem ou sinalizada

com o aviso de perigo queda de objectos, tendo em vista isolar o local dos trabalhos. Em locais de passagem, sempre que haja o risco de queda de materiais, deve ser colocada uma Rede se

Segurana.

Montagem/desmontagem do andaime Durante os trabalhos de montagem e desmontagem de andaimes, os montadores e demais

trabalhadores devem usar os necessrios equipamentos de proteco individual, nomeadamente para trabalhos em altura. As rodas montadas nos andaimes de ps mveis devero obrigatoriamente estar equipadas com um

sistema de travo que impea o deslocamento do andaime. Para aumentar a segurana e facilitar o deslocamento do andaime, o dimetro das rodas no deve ser

inferior a 150 mm, para andaimes de altura at 6 m, e 200 mm para alturas superiores. Na base, ao nvel das rodas, devem ser montadas barras estabilizadoras em diagonal, para tornar o

conjunto indeformvel e mais estvel. As plataformas de trabalho devero ter a largura mxima que a estrutura do andaime permitir, nunca

inferior a 60 cm, para torn-las mais seguras e operacionais.

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Os andaimes apoiados sobre rodas devem respeitar sempre a condio de estabilidade e segurana h/l

3,5, em que as dimenses h e l so, respectivamente, a altura da plataforma de trabalho ao solo e a menor dimenso da base de sustentao (l > 1 m). Podem no entanto utilizar-se andaimes mais altos, desde que sejam colocados estabilizadores na base

do andaime, sendo ento o valor de l a menor dimenso da distncia entre as sapatas dos estabilizadores medida em planta. A utilizao de escoras ligadas por elementos rgidos base do andaime permite aumentar a altura da estrutura.

Estabilizao do andaime mvel Se o andaime for amarrado a uma superfcie fixa ao longo da altura, aquela relao pode ir at h/l 7. As plataformas de trabalho montadas sobre os andaimes mveis devem estar protegidas, em todo o

permetro, com guarda-corpos simples, colocado a cerca de 1 metro de altura, guarda intermdia e rodap, com cerca de 15 cm. Nos andaimes de ps mveis pr-fabricados, no permitida a substituio da plataforma de trabalho

prpria por outra de tipo diferente nem por pranchas. O acesso s plataformas deve ser realizado pelo interior do andaime atravs de uma abertura e

escadas.

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Utilizao Os andaimes apoiados mveis, sempre que no se encontrem em movimentao devem ser travados,

atravs da aco de estabilizadores ajustveis e/ou o accionamento do travo nas rodas giratrias.

Os materiais necessrios execuo dos trabalhos devem ser distribudos sobre a plataformas,

evitando sobrecargas que originem desequilbrios e/ou deslocamentos acidentais da estrutura do andaime. No deve ser permitida a execuo de emulses/massas directamente sobre as plataformas de

trabalho, evitando-se superfcies escorregadias, que possam originar quedas. No final de cada jornada de trabalho todos os materiais devem ser retirados, efectuando-se a limpeza

necessria das plataformas de trabalho. No deve ser permitida a utilizao de andaimes sobre cavaletes nas plataformas de trabalho de

andaimes mveis. proibido transportar pessoas e/ou materiais sobre os andaimes durante o deslocamento da estrutura.

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Deve ser proibido arremessar materiais a partir das plataformas de trabalho. As cargas e materiais

devem ser iados e descidos com o auxlio de roldanas devidamente fixadas a uma estrutura rgida.

5.1.5. Trabalhos na proximidade de condutores elctricos nus em tenso Sempre que exista necessidade da montagem de andaimes junto de condutores ou peas nuas em

tenso devem ser respeitadas as distncias de aproximao, que para o caso de trabalhadores comuns (no electricistas) so: TENSO At 60 kV U >60 kV DISTNCIA 3m 5m

Distncias de aproximao Quando esta distncia no possa ser cumprida os condutores ou peas nuas em tenso devem ser

convenientemente afastados ou protegidos com protectores ou anteparos, operaes a realizar por pessoal especializado. Sempre que se efectuem trabalhos com andaimes na proximidade de condutores ou peas nuas em

tenso, estas devem ser sinalizadas de forma a torn-las mais visveis para evitar a aproximao dos trabalhadores ou de objectos que estes possam manusear. Nas instalaes em servio obrigatria a utilizao de andaimes isolantes.

Aces a desenvolverComo medidas de preveno e com o intuito de eliminar os acidentes de trabalho, associados aos andaimes, devem ser respeitados os procedimentos de segurana nas fases de preparao da montagem, recepo de materiais, montagem, antes da utilizao e montagem que a seguir se apresentam: Preparao da montagem: Verificar o terreno no sentido de assegurar a capacidade de carga; Proceder a fundaes ou compactao de acordo com as cargas previsveis e a natureza do terreno; Se necessrio, desviar guas pluviais; Proteger a base dos prumos e a zona envolvente.

Recepo de materiais: Preparar zona de recepo do andaime; Organizar a descarga e armazenamento provisrios; Verificar o estado das pranchas metlicas ou de madeira.

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Montagem: Elaborar plano de montagem; Manter a verticalidade do andaime; Montar o andaime de acordo com o projecto; Utilizar proteco colectiva e individual; Ligar a massa metlica terra.

Verificaes antes da utilizao: Se possui bases estveis; Se d acesso ao local onde se vai desenvolver o trabalho; Se o andaime serve para a tarefa a executar; Se os montantes esto devidamente aprumados e contraventados; Se a escada de acesso cumpre as condies necessrias para ser utilizada; Se esto os trs nveis de guarda-corpos; Se as pranchas oferecem suficiente segurana.

Utilizao: No saltar entre plataformas; No subir nem manter-se de p sobre as diagonais longitudinais ou sobre o guarda corpos; No trabalhar em cima do andaime durante uma tempestade ou debaixo de ventos fortes; No instalar escadas nem dispositivos improvisados em cima do andaime; No sobrecarregar os quadros nem as plataformas do andaime; Manter a distncia conveniente a eventuais condutores elctricos; No alterar a estrutura do andaime.

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5.2. Plataformas de trabalhoAs plataformas de trabalho so locais onde existe o risco de queda em altura.

5.2.1. Plataformas fixasAlgumas das regras que se aplicam na utilizao dos andaimes so comuns s plataformas de trabalho. Assim, torna-se necessrio incluir guarda-corpos e rodaps e as tbuas de p devero estar em bom estado de conservao e bem acasaladas.

Plataforma de trabalho fixa na construo de um viaduto.

Actualmente, frequente a fixao, em painis de cofragem, de plataformas pr-fabricadas que j incorporaram suportes apropriados, como j foi ilustrado anteriormente.

5.2.2. Plataformas mveis elevatriasAntes de escolher uma plataforma mvel elevatria, devem colocar-se as seguintes questes: Qual a altura de elevao necessria? Qual a diferena de altura entre o local de execuo do trabalho e a superfcie de sustentao do aparelho? Quais so as caractersticas da superfcie de sustentao (natureza, estado, inclinao e prumo, obstculos, resistncia, etc.)? Quantos trabalhadores so necessrios a bordo? Qual o peso e a dimenso das peas e equipamento que sero elevados ou colocados a bordo?

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo Civil H instalaes elctricas - linhas elctricas, estaes de transformao ou distribuio, emissores de rdio ou de televiso ou outro equipamento elctrico na plataforma ou no mbito de movimentao da mesma quando em funcionamento?

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primordial respeitar as condies de utilizao definidas pelo fabricante e as exigncias essenciais de sade e segurana no trabalho que constituem um imperativo para garantir a segurana dos equipamentos de trabalho, em particular: Os limites definidos para garantir a estabilidade do equipamento de trabalho; A velocidade mxima do vento. As plataformas elevatrias so normalmente constitudas por: 1. Um Bastidor mvel, que a base da plataforma elevatria mvel de pessoas. Pode ser accionado por arraste ou autopropulso. O bastidor mvel tem um comando auxiliar, que pode ou no estar equipado com estabilizadores; 2. Uma Estrutura Extensvel, unida ao bastidor, que permite a elevao da plataforma de trabalho at posio desejada. A dita estrutura extensvel pode ser do tipo tesoura ou de brao telescpico simples ou articulado; 3. Uma plataforma de trabalho (cesto), composta por uma base cercada por um guarda-corpos. Para o correcto funcionamento da plataforma elevatria necessrio que o operador tenha noo dos alcanes e alturas do equipamento que est a operar. Estas informaes esto descritas no manual de funcionamento da mquina.

Plataforma elevatria

Sempre que a plataforma mvel elevatria seja utilizada num posto fixo, deve ser escorada e devem utilizar-se placas de apoio intermdias para os estabilizadores (em funo da solidez do solo). importante reconhecer o percurso antes de qualquer deslocao de equipamento, em especial para avaliar a inclinao e as superfcies irregulares: a inclinao deve ser compatvel com o desenho da plataforma. O trabalhador que opere uma plataforma mvel elevatria telescpica deve estar sempre fixado a uma linha de segurana (EPI), de maneira a evitar a queda.

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Plataformas elevatrias

Utilizao das plataformasAps a avaliao dos riscos, tambm h que: Montar e utilizar a plataforma mvel elevatria em segurana, de acordo com as instrues do fabricante, E certificar-se de que no existe o risco de comprimir ou cisalhar estruturas na zona de alcance da plataforma; Escorar a plataforma mvel elevatria, caso seja utilizada num posto fixo; Nesses casos (e se a resistncia do solo assim o exigir), usar placas de apoio intermdias para os estabilizadores; Efectuar um reconhecimento do percurso antes de deslocar a plataforma mvel elevatria (para detectar obstculos, irregularidades, etc.); Em caso de trfego rodovirio, garantir a segurana do espao por baixo da plataforma de trabalho, inclusive por meio de sinais apropriados, se houver risco de coliso com veculos; Respeitar rigorosamente as recomendaes do manual de instrues quanto estabilidade da plataforma mvel elevatria e velocidade mxima do vento; Respeitar a distncia de segurana dos cabos de electricidade areos e outras instalaes elctricas, para evitar o risco de electrocusso; Organizar o trabalho de modo a que, em caso de acidente ou emergncia, um segundo trabalhador possa sempre utilizar os comandos de emergncia.

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5.2.3. Plataformas suspensasDo ponto de vista tcnico as plataformas suspensas so construes auxiliares suspensas por cabos que se deslocam verticalmente nas fachadas mediante um mecanismo de elevao e descida accionado manualmente.

Plataforma mvel (bailu).

Utilizam-se para a realizao de numerosos trabalhos em altura: acabamento de fachadas de edifcios, rebocos, pinturas, etc., assim como para reparaes diversas em trabalhos de reabilitao de edifcios. Se, aps uma avaliao dos riscos, a nica possibilidade for recorrer a uma plataforma suspensa, h que ter em mente que estes equipamentos, pelo facto de estarem suspensos, podem revelar-se perigosos. Assim, h que escolher uma plataforma suspensa que esteja acompanhada de uma declarao de conformidade (ou um certificado, se for alugada). Alm disso, se o acesso dos trabalhadores pela base da estrutura o permitir, deve ser dada preferncia a plataformas que se desloquem ao longo de cabos.

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Os elementos principais que constituem estes tipo de andaime so: Plataforma - Estrutura formada por uma base de chapa galvanizada anti-deslizante sobre a qual se

situam a carga e as pessoas Pescante - Elemento situado no telhado do edifcio, onde engancha o cabo que suporta a plataforma. Aparelho de elevao - aparelho ancorado plataforma leva o mecanismo que o fixa e desloca atravs

do cabo. Leva outro mecanismo acoplado, que actua sobre o segundo cabo que faz as funes de cabo de segurana. Cabo - Elemento auxiliar que ancora no pescante, serve para deslocar a plataforma em sentido vertical.

Existe um segundo cabo que faz as funes de cabo de segurana. Verificaes antes de utilizar um andaime Suspenso motorizado Antes de utilizar uma plataforma suspensa motorizada, certifique-se de que existe: Um dispositivo anti-queda automtico (ligado ao cabo-guia independentemente do elemento suspenso); Um dispositivo de travagem na descida (caso a plataforma suspensa fique presa); Um dispositivo limitador da tenso do cabo (se a plataforma estiver engatada estrutura durante a elevao); Limitadores de fim do curso (em cima ou em baixo); Um dispositivo que permite a deslocao vertical da plataforma suspensa e que pra o movimento automaticamente se a diferena de nvel for excessiva. Verificar que: A instalao elctrica est correcta e foram tomadas medidas contra o risco de electrocusso; Os dispositivos de controlo esto correctamente instalados. Certifique-se igualmente de que cada guincho pode ser controlado: Simultaneamente; Por comandos que param imediatamente o movimento, se no estiver ningum a control-los; Por comandos que podem ser bloqueados na posio de travado e que dispem de um sistema de travagem de emergncia. Utilizao Apenas deve ser usado por trabalhadores devidamente formados; Na fase da montagem, garantir a estabilidade das plataformas suspensas e o cumprimento das instrues de utilizao; Devem ser instaladas guardas volta das plataformas ou cestos, para evitar quedas; Devem ser usados dois cabos para cada ponto de amarrao: um cabo portante e um cabo-guia; Susana Carvalho Marques

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A elevao deve ser sincronizada, mantendo a plataforma de trabalho na horizontal e os cabos na vertical; Deve existir um sistema que pare automaticamente a elevao em caso de inclinao; Deve ser usado um equipamento de proteco individual (EPI) contra as quedas de altura; As funes e o estado das plataformas suspensas devem ser inspeccionados antes do incio dos trabalhos.

5.3. EscadasA escada um equipamento de trabalho muito utilizado no trabalho em altura. Todavia: Durante a utilizao, a largura da rea de trabalho fica bastante limitada; O tempo utilizado na deslocao e montagem das escadas frequentemente subestimado durante a fase de planeamento do trabalho; A posio de trabalho numa escada frequentemente desconfortvel (aspectos ergonmicos includos: necessidade de o trabalhador se alongar lateralmente, trabalhar acima da altura dos ombros e permanecer demasiado tempo em degraus estreitos), o que pode provocar incapacidades msculo-esquelticas. Por todos estes motivos, na fase de planeamento do trabalho e avaliao dos riscos, deve-se ponderar se no ser mais seguro e mais eficaz usar um outro tipo de equipamento de trabalho, por exemplo um andaime mvel, um andaime fixo ou um elevador. As escadas so utilizadas: Como meio de acesso que permite a passagem por pontos com diferenas de altura; Como locais de trabalho para os trabalhos de curta durao. A utilizao de escadas, aps a avaliao dos riscos, deve estar limitada s situaes em que no se justifica usar os sistemas que oferecem maior segurana, pelos seguintes motivos: O risco mnimo; O perodo de utilizao reduzido; A entidade patronal no pode alterar as condies tcnicas do local.

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo Civil 1. Pega; 2. Articulao; 3. Plataforma; 4. Sistema de segurana anti-abertura; 5. Degrau; 6. Degrau (escada de mo); 7. Degrau; 8. Montante. Para saber se possvel utilizar uma escada, h que colocar primeiro as seguintes perguntas: Existe um mtodo ou equipamento de trabalho mais seguro? As escadas esto em perfeitas condies? As escadas esto apoiadas numa superfcie slida ou em materiais frgeis ou instveis? As escadas sero amarradas para evitar que deslizem lateralmente ou para o exterior? As escadas sobem a uma altura suficiente acima do piso? Caso contrrio, esto disponveis outros dispositivos? As escadas sero posicionadas de modo a que os trabalhadores no precisem de se alongar demasiado? Os tipos de escada mais frequentemente usados so os escadotes e as escadas extensveis. O tipo de escada deve ser escolhido aps uma avaliao dos riscos, tendo em conta factores como, por exemplo: A altura e as circunstncias em que o trabalho ser realizado; A carga de utilizao prevista; As restries ergonmicas durante a utilizao; A presena de cabos elctricos ou instalaes susceptveis de apresentar riscos de electrocusso devido a contacto ou induo de um campo electromagntico (cargas estticas). igualmente necessrio ter em conta as vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de escada.

5.3.1. Escadas construdas em obraUm tipo de escadas muito utilizado nos estaleiros so as de madeira, de configurao clssica, que devem respeitar os seguintes valores limite: Largura mnima da escada: 1,00 m, com excepo de escadas de uso espordico e restringido a trabalhadores especificamente autorizados, caso em que a largura poder reduzir-se a 0,55 m; Largura mnima dos cobertores dos degraus: 0,15 m; Desnvel mximo entre degraus sucessivos, correspondente altura do espelho: 0,25 m; Desnvel mximo a vencer por um tramo de escada, entre dois patamares: 3,70 m; Susana Carvalho Marques

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Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo Civil Comprimento mnimo dos patamares intermdios: metade da largura da escada, com o limite inferior de 1,00 m; Altura mnima livre do espao de passagem sobre a escada: 2,20 m. As escadas inclinadas devem ser dotadas, do(s) lado(s) do vazio, de guarda-corpos ou outros dispositivos de proteco, de eficcia pelo menos equivalente.

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VIII-53

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Escadas fixas de madeira.

5.3.2. Escadas portteisAs escadas portteis, ou de mo, so um tipo de escada que provoca um elevado ndice de acidentes de trabalho. Facilita-se muito na sua utilizao e o improviso, muitas vezes, fatal. Para este tipo de equipamento existem regras que importa observar com rigor. As escadas portteis devem cumprir uma srie de requisitos legais, comeando por cumprir e possuir etiquetagem Marcao CE.

Escada porttil (de mo).

Devem ter uso restrito para acessos de carcter ocasional e apoio a servios de pequena envergadura e durao. recomendvel o uso de escadas com comprimento at 7,00 m, largura til entre os montantes no inferior a 0,30 m, e degraus com espaamento no superior a 0,30 m.

Localizao da escada A escada deve ser colocada de forma a que a base fique apoiada em pontos solidamente fixos, que

a impeam de deslizar; Em nenhuma circunstncia a escada pode ficar assente sobre materiais soltos, caixotes ou outros

objectos que possam vir a provocar a sua instabilidade ou oscilao. Susana Carvalho Marques VIII-54

Segurana, Higiene e Sade no Trabalho na Construo Civil

Sempre que no seja possvel colocar a base dos montantes sobre um plano horizontal fixo, devem

usar-se estabilizadores ou ps regulveis. Nos casos em que se verifique o risco de afundamento dos ps, devem ser usadas bases de madeira com dimenses de pelo menos 20 x 20 cm. O apoio superior da escada deve ficar estvel, devendo, para tal, verificar-se as seguintes situaes: Os dois montantes da escada ficam assentes em pontos de solidez no duvidosa; A utilizao dum dispositivo de adaptao ao apoio (bero), em "V", "U", etc. O ltimo degrau fica encostado no apoio.

Posicionamento da escada Verificar se no h risco da escada tocar ou aproximar-se perigosamente de condutores ou outras

peas nuas em tenso (tomar em ateno que a distncia de segurana aos condutores ou peas nuas em tenso aumenta com o nvel da tenso). Para uma conveniente utilizao, as escadas devem ser colocadas de forma a garantir a sua

estabilidade, formando um ngulo com a horizontal prximo dos 75, com os montantes apoiados num suporte suficientemente resistente, de dimenses adequadas e imveis, de modo a que os degraus se mantenham na posio horizontal.

ngulo de posio das escadas No caso de colocar uma escada apoiada numa fachada ou estrutura, para subida a um terrao ou

plataforma, aquela deve ficar com cerca de 1 metro acima da referida estrutura.

Posicionamento da escada

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Fixao da escada O deslizamento do apoio inferior das escadas deve ser impedido durante a sua utilizao, quer pela

fixao da parte superior ou inferior dos montantes, pela utilizao de um dispositivo antiderrapante ou ainda por qualquer outro meio de eficcia equivalente. Nota: Para trabalhos de curta durao e sem exigncia de grandes esforos do utilizador, aceita-se

que um trabalhador colocado na base da escada possa servir como agente de imobilizao, impedindo os movimentos laterais desta e travando a base dos montantes com os ps.

Sistemas de fixao por garras

Utilizao da escada Na subida olhar sempre para cima, para evitar bater com a cabea em obstculos que se encontrem

no seu caminho. As mos devem estar livres; s assim garantida a regra dos 3 pontos de apoio: 1 mo + 2 ps, ou 2

mos + 1 p. Os materiais e ferramentas devem ser transportados numa bolsa ou utilizando uma corda de

servio; em nenhuma circunstncia devem ser transportados nas mos. Durante a utilizao da escada no deve permanecer mais do que um trabalhador sobre a mesma,

excepto em circunstncias de salvamento, em que pode subir outro, para o resgatar. A subida, a descida e a execuo de trabalhos sobre escadas devem efectuar-se de frente para as

mesmas e, quando os trabalhos a mais de 3,50 m de altura exijam movimentos ou esforos que faam perigar o trabalhador, este deve usar um arns com um cabo de amarrao a um ponto de ancoragem, a menos que sejam adoptadas medidas de proteco alternativas adequadas. As ferramentas ou equipamentos que esto a ser usadas no devem colocar-se nos degraus; para

tal, utilizar preferencialmente, cordeletas de ligao das ferramentas ao arns e, alternativamente, sacos, bolsas ou abraadeiras com anis.

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Outras precaues Nos trabalhos com escadas duplas, de abrir, o tensor entre os dois ramos deve estar

completamente estendido a fim de evitar qualquer afastamento acidental e consequente instabilidade da escada.

Escada dupla (escadote).

O escadote deve ser instalado em segurana e no se deve subir para o ltimo degrau, excepto se

existir uma passagem de segurana ou um dispositivo de fixao; Nos locais com trfego, garantir a segurana do escadote por meio de barreiras; No devem ser permitidas em estaleiro escadas de mo emendadas, danificadas ou que

apresentem sinais de deteriorao.

As escadas de enganchar com distintos segmentos e as escadas telescpicas devem ser utilizadas

de forma a garantir a imobilizao do conjunto dos segmentos.

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A menos que sejam tomadas medidas de proteco e vigilncia adequadas, no devem ser

utilizadas escadas portteis:

Nas proximidades de portas e quaisquer reas de circulao de pessoas ou veculos; Onde houver riscos de queda de materiais, ferramentas ou quaisquer outros objectos; Nas proximidades de aberturas em pavimentos e vos em paredes; Junto de linhas e equipamentos elctricos desprotegidos.

As escadas portteis no devem ser utilizadas por mais que um trabalhador em simultneo, nunca

se devendo mover uma escada com um trabalhador sobre a mesma.

5.4. PranchadasAs pranchadas devem ser construdas desligadas dos andaimes, devero possuir travessas destinadas a ligar as vigas ou pranches de madeira, de modo a impedir o escorregamento, e tero de satisfazer as seguintes condies: Altura mxima - 9 m; Inclinao mxima - 30 cm por metro; Largura mnima - 60 cm.

Pranchada.

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4.5. PassadiosOs passadios aplicados em vos at 2,50 m devem ser fixados eficazmente nas extremidades e, a partir de 2 m, devero ter guarda-corpos e/ou corrimo. As tbuas de p para vos at 3 m devero ser ligadas entre si por travessas pregadas na parte inferior.

Passadio.

REGULAMENTAO APLICVEL Decreto 41 821, de 11 de Agosto de 1958 - Aprova o regulamento de segurana no trabalho da construo civil. Decreto-Lei n 50/2005, de 25 de Fevereiro - Prescries mnimas de segurana e sade para a utilizao pelos trabalhadores de equipamentos de trabalho. Decreto-Lei n 105/91, de 8 de Maro - Estabelece o regime de colocao no mercado e utilizao de mquinas e material de estaleiro. EN 1263 1, Safety nets. Part 1: Safety requirements, test methods. EN 1263 2 Safety nets. Part 2: Safety requirements for the positioning limits. EN 12810-1 - Faade scaffolds made of prefabricated components. Part 1: Products specifications.

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BIBLIOGRAFIA Centro de Formao Profissional da Indstria da Construo Civil e Obras Pblicas do Norte, Manual do Formando Segurana, Higiene e Segurana do Trabalho da Construo Civil. 2005; Centro de Formao Profissional da Indstria da Construo Civil e Obras Pblicas do Sul (CENFIC), Anlise de Riscos na Construo Civil Guia de Aprendizagem do Formando. Prior Velho Maro de 2008; Abel Pinto, Manual de Segurana, Construo, Conservao e Restauro de Edifcios. Edies Slabo. Lisboa 2005; Ventura Rodrguez, Manual Prctico de Seguridad y Salud en la Construccin. Comunidad de Madrid Outubro de 2009; Jos Ignacio Miangolarra, Seguridad Prctica en la Construccin.Osalan. Instituto Vasco de Seguridad y Salud Laborales. 2009; Comisso Europeia, Direco-Geral do Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades, Guia de boas prticas no vinculativo para aplicao da Directiva 2001/45/CE (Trabalho em altura). Setembro 2006.

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