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CORPO DE BOMBEIROS DA PMPR MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

Manual PCIF

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CORPO DE BOMBEIROS DA PMPR

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

O Corpo de Bombeiros da PMPR

autoriza a reprodução total ou

parcial, desde que citada a fonte.

3ª Edição

Revisada e Ampliada

Curitiba, PR, abril de 2010

Comandante do Corpo de Bombeiros da PMPR

Cel. QOBM Geraldo Domaneschi

Chefe do Estado do Corpo de Bombeiros da PMPR

Cel. QOBM Hercules William Donadello

Chefe da 3ª Seção do Estado Maior/CCB

Ten-Cel. QOBM Carlos Ferreira Nascimento

Chefe do Centro de Ensino e Instrução do CB

Cap. QOBM Gerson Gross

Equipe de Elaboração

Major QOBM Edemilson de Barros

Major QOBM Paulo Henrique de Souza

Major QOBM Fernando Raimundo Schunig

Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

Revisão Ortográfica

Naemi Rosana Habermann Avila

Organização

Major QOBM Edemilson de Barros

[email protected]

Aos nossos grandes mestres!

Cel. BMRR Rene Raul Wengeroth Silva

Ten-Cel. BMRR João Carlos Pinkner

In Memorian

PREFÁCIO

Este Manual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais é uma

atualização dos antigos alfarrábios que foram elaborados para suprir a

necessidade surgida logo após os incêndios florestais no Paraná em 1963, sendo

uma obra direcionada a todos os bombeiros que já atuaram em fogo de

vegetação.

Os primeiros mementos na área de incêndio florestal foram de autoria do

falecido Coronel QOBM Renê Raul Wengeroth Silva, que foi um estudioso de

assuntos de bombeiro de um modo geral, sempre buscando com isso a melhoria

da instrução e principalmente a padronização de condutas operacionais.

Destaco também nesta área de incêndios florestais a importante

colaboração do falecido Tenente Coronel João Carlos Pinkner, pioneiro juntamente

com outros Oficiais do Corpo de Bombeiros do Paraná pela implantação e

divulgação dos Cursos de Combate a Incêndio Florestal no Estado do Paraná e

para outras corporações da Federação.

A evolução nesta área técnica possibilitou a ida de Oficiais Bombeiros

Militares para os Estados Unidos da América, tanto que em 1993 fomos eu e o

Major Barros representar o Estado do Paraná num intercâmbio com o “US Forest

Service” / Department of Agriculture do Governo Americano, de onde trouxemos

conhecimentos para a aplicação na doutrina de combate a incêndios florestais no

Estado.

Na sequência foram ministrados vários cursos nesta área aos integrantes da

nossa Corporação e das Coirmãs, sempre trazendo novos conhecimentos e

consequentemente o aperfeiçoamento profissional digno de ser estendido a

diversos segmentos ligados ao setor florestal.

Em síntese, este trabalho é um compêndio de literatura, de conhecimentos

práticos e o mais importante, de muita paixão pela prevenção e combate a

incêndios florestais.

Congratulo-me com o Major Barros, um exemplo de bombeiro na

Corporação, pela sua iniciativa e dedicação esperando que este manual, bem

elaborado e organizado, sirva a todos, sendo uma forma de colaboração na

preservação do meio ambiente para as futuras gerações.

Marcos Antonio Jahnke, Maj. QOBM, Corpo de Bombeiros do Paraná

Pintura “Queimada” – óleo sobre tela de Alfredo Andersen (1860/1935)

Retrata um incêndio florestal no Estado do Paraná

Fonte: Acervo do Palácio Iguaçu – Sede do Governo do Estado do Paraná

INTRODUÇÃO

No ano de 1963 o Estado do Paraná foi assolado por um dos maiores

incêndios florestais que se tem notícia. Chamou-se naquela época tal evento de

“Paraná em Flagelo”. Foram queimados aproximadamente 2.000.000 ha entre

plantações, florestas e campos, tendo ainda o trágico saldo de 73 mortes, cerca

de 4.000 residências queimadas, desabrigando 5.700 famílias.

Por ser um assunto novo na época, as ações de combate foram

extremamente dificultadas, tendo em vista a escassez de pessoal especializado e

recursos necessários.

A partir deste fato, vislumbrou-se a necessidade de organizar, no Estado do

Paraná, uma estrutura para o combate a incêndios florestais, com homens

treinados, material e equipamento especializado.

Foram desenvolvidos estudos viabilizando a implantação de um Curso que

contemplasse o assunto em questão e o Corpo de Bombeiros da PMPR formava

então, no ano de 1967, a primeira turma no Curso de Prevenção e Combate a

Incêndios Florestais.

A formação e doutrina foi baseada no sistema do United States Forest

Service, graças ao empenho e dedicação do então Tenente Renê Raul Wengenroth

Silva, que com a ajuda do Sargento Richard Pedro Bahr e de Celso Schoeniger

traduziram manuais norte americanos, adaptando-os e elaborando assim o

Manual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, que possibilitou ao Corpo

de Bombeiros do Estado do Paraná assumir a vanguarda de tal atividade,

formando combatentes em diversos Estados da União, bem como participando de

diversas operações em outros Estados, como na Força Tarefa que integrou as

equipes na ajuda ao combate a incêndios florestais no Estado de Roraima em

1998.

Atualmente o Corpo de Bombeiros do Paraná já formou na atividade de

prevenção e combate a incêndios florestais mais de 1000 combatentes e

prevencionistas oriundos de vários Estados do Brasil, contribuindo desta forma,

para a manutenção de nossas matas, florestas e na preservação do meio

ambiente.

CURITIBA, PR, ABRIL DE 2010

SUMARIO

1 TEORIA BÁSICA FLORESTAL.............................................................. 16

1.1 FOGO.................................................................................................. 16

1.1.1 Combustível........................................................................................ 16

1.1.1.1 Classificação dos combustíveis............................................ 16

1.1.2 Comburente........................................................................................ 17

1.1.3 Calor................................................................................................... 17

1.1.3.1 Unidades de calor................................................................ 17

1.1.3.2 Calor de combustão............................................................. 17

1.1.3.3 Absorção de calor................................................................ 17

1.1.3.4 Métodos de transmissão de calor......................................... 18

1.1.4 Temperatura....................................................................................... 20

1.1.4.1 Ponto de fulgor.................................................................... 20

1.1.4.2 Ponto de combustão............................................................ 20

1.1.4.3 Ponto de ignição.................................................................. 20

1.1.5 Tetraedro do fogo............................................................................... 20

1.2 ESTUDO GERAL DA COMBUSTÃO......................................................... 21

1.2.1 Fases da combustão........................................................................... 21

1.2.1.1 Pré-aquecimento.................................................................. 22

1.2.1.2 Destilação ou Consumo dos Gases....................................... 22

1.2.1.3 Incandescência ou Consumo de Carvão................................ 22

1.2.2 Classificação das combustões............................................................. 22

1.2.2.1 Vivas................................................................................... 22

1.2.2.2 Lentas.................................................................................. 22

1.2.2.3 Espontâneas......................................................................... 22

1.2.3 Elementos resultantes da combustão.................................................. 25

1.2.3.1 Fumaça................................................................................ 25

1.2.3.2 Chama................................................................................. 26

1.2.3.3 Gases.................................................................................. 26

1.3 INCÊNDIO........................................................................................... 27

1.3.1 Causas de incêndios........................................................................... 27

1.3.1.1 Quanto à origem.................................................................. 27

1.3.1.2 Causas primárias de incêndios............................................. 28

1.3.1.3 Causas secundárias de incêndios......................................... 28

1.3.2 Classificação dos incêndios................................................................ 28

1.3.2.1 Quanto às proporções.......................................................... 28

1.3.2.2 Quanto à propagação........................................................... 28

1.3.2.3 Quanto aos locais................................................................. 28

1.3.3 Processos de extinção........................................................................ 30

1.3.3.1 Retirada do material combustível......................................... 30

1.3.3.2 Resfriamento....................................................................... 30

1.3.3.3 Abafamento......................................................................... 30

1.3.4 Agentes Extintores............................................................................. 30

1.3.4.1 Água.................................................................................... 30

1.3.4.2 Retardantes químicos........................................................... 31

1.3.4.3 Terra do solo....................................................................... 32

2 FATORES DE PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS....................... 34

2.1 FATORES DO MEIO AMBIENTE.............................................................. 34

2.1.1 Combustíveis...................................................................................... 34

2.1.1.1 Umidade do combustível...................................................... 35

2.1.1.2 Arranjo vertical do combustível............................................ 36

2.1.1.3 Carga do combustível........................................................... 37

2.1.1.4 Compactação do combustível............................................... 37

2.1.1.5 Tamanho e forma do combustível........................................ 37

2.1.1.6 Continuidade do combustível............................................... 38

2.1.1.7 Propriedades químicas do combustível................................. 38

2.1.2 Fatores Climáticos.............................................................................. 38

2.1.2.1 Velocidade e direção do vento.............................................. 38

2.1.2.2 Umidade relativa do ar......................................................... 39

2.1.2.3 Precipitação......................................................................... 40

2.1.2.4 Temperatura........................................................................ 41

2.1.2.5 Estabilidade Atmosférica...................................................... 41

2.1.3 Topografia.......................................................................................... 42

2.1.3.1 Inclinação............................................................................. 42

2.1.3.2 Exposição............................................................................ 43

2.1.3.3 Elevação............................................................................... 43

2.2 PARTES DE UM INCÊNDIO FLORESTAL.................................................. 43

2.3 PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS........................................... 44

2.3.1 Propagação pelo vento....................................................................... 44

2.3.2 Propagação pela ação das correntes de convecção............................. 44

3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS

FLORESTAIS.......................................................................................

47

3.1 BOMBAS.............................................................................................. 47

3.2 FERRAMENTAS E APARELHOS............................................................... 48

3.2.1 Facão com bainha............................................................................... 48

3.2.2 Foice................................................................................................... 48

3.2.3 Machado lenhador (Pulaski)................................................................. 48

3.2.4 Enxada................................................................................................ 49

3.2.5 Rastelo................................................................................................ 49

3.2.6 Mcleod................................................................................................ 49

3.2.7 Pás e cortadeiras................................................................................. 49

3.2.8 Queimador para incêndio controlado.................................................. 49

3.2.9 Motosserra.......................................................................................... 50

3.2.10 Roçadeira............................................................................................ 50

3.2.11 Abafador............................................................................................. 51

3.2.12 Mangueiras e esguichos...................................................................... 51

3.2.13 Bomba Costal e Mochila Costal............................................................ 51

3.2.14 Manutenção das ferramentas.............................................................. 52

3.3 MATERIAL DE ILUMINAÇÃO................................................................. 53

3.3.1 Lanterna de mão................................................................................. 53

3.3.2 Lanterna de cabeça............................................................................. 54

3.3.3 Gerador de energia............................................................................. 54

3.3.4 Extensões e lâmpadas......................................................................... 55

3.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIADUAL (EPI)................................. 55

3.4.1 Capacete............................................................................................. 55

3.4.2 Protetor auricular................................................................................ 56

3.4.3 Protetor de vista.................................................................................. 56

3.4.4 Lenço em algodão............................................................................... 56

3.4.5 Balaclava............................................................................................. 56

3.4.6 Luva de vaqueta.................................................................................. 57

3.4.7 Bota.................................................................................................... 57

3.4.8 Polainas em couro............................................................................... 57

3.4.9 Roupa resistente a chama................................................................... 57

3.5 VEÍCULOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS.............................. 58

3.5.1 Veículos pesados................................................................................ 59

3.6 COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS COM AERONAVES........................ 59

3.6.1 Emprego de aviões.............................................................................. 60

3.6.2 Emprego de helicópteros.................................................................... 61

3.6.2.1 Segurança nas operações com helicópteros.......................... 63

3.7 MATERIAIS ESPECIAIS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS............. 66

3.7.1 Kit “pick-up” para incêndios florestais.................................................. 66

3.7.2 Extintor de explosão........................................................................... 67

4. ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL ............................................................. 69

4.1 GUARNIÇÕES DE INCÊNDIOS FLORESTAIS............................................. 69

4.1.1 Guarnição de Combate a Incêndio Florestal (GCIF)............................... 69

4.1.2 Guarnição de Queima (GQ).................................................................. 69

4.1.3 Guarnição de Tombamento (GT).......................................................... 70

4.2 SOCORRO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS................................................. 70

4.3 PRONTIDÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS.............................................. 70

4.3.1 Prontidão Reduzida............................................................................. 70

4.3.2 Prontidão Padrão................................................................................. 70

4.3.3 Prontidão Ampliada............................................................................. 70

5. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS....... 74

5.1 DETECÇÃO.......................................................................................... 74

5.2 COMUNICAÇÃO................................................................................... 75

5.3 MOBILIZAÇÃO..................................................................................... 75

5.4 CHEGADA AO LOCAL........................................................................... 75

5.5 ESTUDO DA SITUAÇÃO........................................................................ 75

5.6 COMBATE AO INCÊNDIO...................................................................... 77

5.6.1 Ataque Direto..................................................................................... 77

5.6.2 Ataque Indireto................................................................................... 78

5.6.2.1 Aceiro Progressivo............................................................... 78

5.6.2.2 Aceiro por Setor................................................................... 79

5.6.2.3 Princípios de Construção de Aceiros..................................... 79

5.6.3 Técnicas de Queimadas....................................................................... 80

5.7 RESCALDO.......................................................................................... 80

5.8 COMBATE INICIAL................................................................................ 80

5.8.1 Características do Combate Inicial....................................................... 81

5.8.2 Informações iniciais............................................................................ 81

5.8.3 Localizando o incêndio....................................................................... 81

5.8.4 Análise de comportamento do fogo.................................................... 81

5.8.5 Procedimentos no deslocamento......................................................... 81

5.8.6 Chegada na área do incêndio.............................................................. 81

5.8.7 Avaliações do Combate Inicial............................................................. 83

5.8.8 Informações iniciais a serem repassadas............................................. 84

5.9 COMBATE A GRANDES INCÊNDIOS....................................................... 84

5.9.1 O Sistema de Comando de Incidentes................................................. 87

5.9.1.1 Princípios do SCI.................................................................. 87

5.9.1.2 Estrutura e funções do SCI................................................... 87

5.9.1.3 Instalações do SCI................................................................ 87

5.9.1.4 Gerenciamento de recursos.................................................. 87

5.9.1.5 Situação do Incidente........................................................... 88

5.9.1.6 Comunicações no Incidente.................................................. 88

5.9.2 Características de um grande incêndio florestal.................................. 89

5.9.2.1 Transição entre o combate inicial e o combate a um grande

incêndio florestal.................................................................

89

5.9.2.2 Assunção do comando......................................................... 90

6. PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS................................ 99

6.1 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS....................................... 99

6.2 PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS..................................... 99

6.2.1 Remoção e controle de riscos e causas de incêndios florestais

ocasionados pelo homem...................................................................

99

6.2.1.1 Classificação do risco florestal............................................. 99

6.2.1.2 Origem do incêndio florestal................................................ 99

6.2.1.3 Riscos e causas.................................................................... 100

6.2.2 Prevenção da propagação do fogo....................................................... 101

6.2.2.1 Construção de aceiros de segurança.................................... 102

6.2.2.2 Cortinas de segurança.......................................................... 103

6.2.2.3 Construção de açudes.......................................................... 103

6.2.3 Técnicas de queimadas....................................................................... 103

6.2.3.1 Queima contra o vento......................................................... 103

6.2.3.2 Queima a favor do vento...................................................... 104

6.2.3.3 Queima de flancos............................................................... 104

6.2.3.4 Queima em manchas............................................................ 104

6.2.3.5 Queima central..................................................................... 104

6.2.3.6 Queima em V (Chevron)....................................................... 105

6.2.4 Detecção e aviso de incêndio.............................................................. 105

6.2.5 Plano de proteção florestal.................................................................. 105

6.2.5.1 Objetivos de um plano de proteção florestal........................ 105

6.2.6 Vigilância florestal.............................................................................. 106

6.3 ASPECTOS LEGAIS................................................................................ 109

6.3.1 Código Florestal.................................................................................. 110

6.3.2 Decreto Lei 97.637............................................................................. 111

6.3.3 Decreto Lei 6.515............................................................................... 112

6.3.4 Decreto Estadual 4.223....................................................................... 115

6.3.5 Decreto Estadual 6.416....................................................................... 116

7. METEOROLOGIA APLICADA A INCÊNDIOS FLORESTAIS.................... 118

7.1 CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS........................................................... 118

7.1.1 Temperatura....................................................................................... 118

7.1.2 Umidade............................................................................................. 119

7.1.2.1 Pressão de vapor.................................................................. 119

7.1.2.2 Umidade absoluta................................................................ 119

7.1.2.3 Razão da mistura................................................................. 119

7.1.2.4 Umidade relativa.................................................................. 119

7.1.2.5 Medidas de umidade............................................................ 120

7.1.2.6 Umidade dos combustíveis................................................... 120

7.1.3 Vento.................................................................................................. 121

7.1.3.1 Tipos e características de ventos.......................................... 121

7.1.4 Nuvens............................................................................................... 122

7.1.5 Precipitação........................................................................................ 123

7.1.5.1 Medidas de precipitação....................................................... 124

7.1.6 Pressão Atmosférica............................................................................ 124

7.1.7 Estabilidade Atmosférica..................................................................... 125

7.1.7.1 Levantamento orográfico...................................................... 126

7.2 CÁLCULO DE RISCO DE INCÊNDIO....................................................... 126

7.2.1 Cálculo do índice de perigo empregando fórmulas.............................. 127

7.2.1.1 Fórmula de Angstron............................................................ 127

7.2.1.2 Fórmula de Monte Alegre..................................................... 127

7.2.1.3 Fórmula de Monte Alegra alterada........................................ 128

7.3 ÍNDICES DE DESCONFORTO HUMANO.................................................. 129

8. PERÍCIA APLICADA A INCÊNDIOS FLORESTAIS.................................. 132

8.1 DETERMINAÇÃO DA ORIGEM DO INCÊNDIO......................................... 132

8.2 PRINCÍPIOS DA PROPAGAÇÃO DO FOGO.............................................. 132

8.2.1 Vento.................................................................................................. 132

8.2.2 Declividade......................................................................................... 132

8.2.3 Combustíveis...................................................................................... 133

8.2.4 Barreiras............................................................................................. 133

8.3 INDICADORES DA DIREÇÃO DO FOGO................................................. 133

8.3.1 Indicadores nos talos das gramíneas................................................... 133

8.3.2 Indicadores de combustíveis protetores.............................................. 133

8.3.3 Indicadores de queima em forma de cava............................................ 134

8.3.4 Padrão de carbonização...................................................................... 134

8.3.4.1 Forma de “jacaré”................................................................. 135

8.3.4.2 “Congelamento” dos galhos das árvores............................... 135

8.3.4.3 Manchas.............................................................................. 135

8.3.4.4 Fuligem................................................................................ 135

8.4 DETERMINAÇÃO DA CAUSA DO INCÊNDIO........................................... 136

8.4.1 Categoria das causas de incêndio........................................................ 137

8.4.2 Eliminação das causas......................................................................... 137

8.5 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO.............................................................. 138

8.6 INDICADORES DE FONTE DE IGNIÇÃO.................................................. 138

8.6.1 Relâmpagos........................................................................................ 138

8.6.2 Dispositivos incendiários.................................................................... 139

8.6.3 Incêndios causados pela ação humana em fontes de ignição óbvias.... 139

8.6.4 Incêndios causados pela ação humana e cujas fontes de ignição não

são óbvias...........................................................................................

139

8.7 MATERIAIS PARA PERÍCIA..................................................................... 142

8.7.1 Objetos demarcadores........................................................................ 142

8.7.2 Régua................................................................................................. 143

8.7.3 Ímã..................................................................................................... 143

8.7.4 Câmera............................................................................................... 143

8.7.5 Materiais escritos................................................................................ 143

8.7.6 Trena de aço....................................................................................... 143

8.7.7 Bússola............................................................................................... 143

8.7.8 GPS..................................................................................................... 143

8.8 AÇÕES NECESSÁRIAS........................................................................... 143

8.8.1 A caminho do incêndio....................................................................... 143

8.8.2 Chegando ao local do incêndio........................................................... 144

9. TÉCNICAS DE ORIENTAÇÃO E NAVEGAÇÃO...................................... 148

9.1 MAPAS................................................................................................ 148

9.1.1 Mapas topográficos............................................................................. 148

9.1.2 Sistema UTM....................................................................................... 148

9.1.3 Escala................................................................................................. 148

9.1.4 Como ler uma carta topográfica.......................................................... 149

9.1.5 Curvas de nível................................................................................... 150

9.2 BÚSSOLA............................................................................................. 150

9.2.1 Declinação magnética......................................................................... 150

9.2.2 Componentes de uma bússola............................................................ 151

9.2.3 Azimute.............................................................................................. 152

9.2.3.1 Azimutes sobre o mapa........................................................ 152

9.2.3.2 Azimutes no campo............................................................. 154

9.3 GPS..................................................................................................... 154

9.3.1 “Waypoints”......................................................................................... 155

9.3.2 Função “GO TO”.................................................................................. 155

9.3.3 Função “MOB”..................................................................................... 155

9.3.4 Considerações importantes................................................................. 156

9.3.5 Empregando rotas no GPS................................................................... 156

9.3.6 Uso do GPS em um incêndio florestal.................................................. 156

9.3.6.1 Empregando uma carta topográfica...................................... 156

9.3.6.2 Empregando uma aeronave.................................................. 157

9.4 PERCURSO DE CAMINHADAS................................................................ 157

10. SOCORROS DE URGÊNCIA NOS INCÊNDIOS FLORESTAIS.................. 160

10.1 ATENDIMENTO INICIAL À VÍTIMA DE TRAUMA...................................... 160

10.1.1 Controle da cena................................................................................. 160

10.1.1.1 Segurança do local............................................................... 160

10.1.1.2 Mecanismo de trauma.......................................................... 160

10.1.1.3 Abordagem da vítima........................................................... 160

10.2 RESSUSCITAÇÃO CÁRDIO-PULMONAR.................................................. 161

10.2.1 RCP em adultos................................................................................... 162

10.2.1.1 Abertura de vias aéreas........................................................ 162

10.2.1.2 Ventilação............................................................................ 162

10.2.1.3 Compressão torácica............................................................ 162

10.3 FERIMENTOS....................................................................................... 164

10.3.1 Atendimento a vítimas de ferimentos..................................................

10.4 FRATURAS E LUXAÇÕES...................................................................... 165

10.4.1 Classificação das fraturas................................................................... 165

10.4.2 Sinais e Sintomas................................................................................ 166

10.4.3 Atendimento a vítimas de fraturas...................................................... 166

10.4.4 Luxações............................................................................................ 166

10.4.4.1 Sinais e sintomas................................................................. 166

10.4.4.2 Cuidados de emergência...................................................... 166

10.5 QUEIMADURAS.................................................................................... 166

10.5.1 Anatomia da pele................................................................................ 166

10.5.1.1 Epiderme............................................................................. 167

10.5.1.2 Derme.................................................................................. 167

10.5.1.3 Tecido subcutâneo............................................................... 167

10.5.2 Classificação das queimaduras............................................................ 167

10.5.2.1 Quanto às causas................................................................. 167

10.5.2.2 Quanto à profundidade........................................................ 167

10.5.2.3 Quanto à extensão............................................................... 167

10.5.2.4 Quanto à localização............................................................ 167

10.5.2.5 Quanto à gravidade.............................................................. 168

10.5.3 Atendimento ao queimado.................................................................. 168

10.6 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS........................................... 168

10.6.1 Ofídios................................................................................................ 169

10.6.1.1 Gênero Bothropos................................................................ 170

10.6.1.2 Gênero Crotalus................................................................... 170

10.6.1.3 Gênero Micrurus.................................................................. 171

10.6.2 Aranhas.............................................................................................. 172

10.6.2.1 Aranha Marron..................................................................... 172

10.6.2.2 Aranha Armadeira................................................................ 172

10.6.3 Escorpiões.......................................................................................... 172

10.6.4 Insetos................................................................................................ 173

FATORES DE CONVERSÃO.............................................................................. 175

EVOLUÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO ESTADO DO PARANÁ............. 177

FLUXOGRAMA DE DESPACHO E ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA DE

INCÊNDIO FLORESTAL....................................................................................

178

REFERÊNCIAS..................................................................................................

179

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

15

01

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

TEORIA BÁSICA FLORESTAL

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

16

1. TEORIA BÁSICA FLORESTAL

1.1 FOGO

É o desenvolvimento de luz e

calor produzidos simultaneamente pela

combustão de certos corpos.

Para fins de aplicações práticas,

foi idealizada uma representação para o

fogo, sendo ele o resultante de um

elemento geométrico de três lados

(Triângulo do Fogo), que se obteria

quando se reunissem três elementos

componentes que são o combustível, o

comburente (oxigênio) e calor, cada um

com uma denominação especial.

]

FIGURA 1 – Triângulo do fogo

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

Em qualquer incêndio florestal é

necessário haver combustível para

queimar, oxigênio para manter as

chamas e calor para iniciar e manter o

processo de queima. Se retirarmos

qualquer um destes elementos, ou

mesmo reduzi-los a certos níveis, o

processo da combustão é inviável.

1.1.1 Combustível

Os combustíveis em sua maioria

são compostos orgânicos, verificando-se

em sua molécula normalmente átomos

de carbono e de hidrogênio. É o

elemento que serve de campo de

propagação do FOGO.

1.1.1.1 Classificação dos combustíveis

Os combustíveis são assim

classificados:

a. Quanto ao estado físico:

Sólidos: estes combustíveis para

entrarem em combustão, tem que

passar do estado sólido para o gasoso.

São os comumente encontrados no

ambiente florestal. Ex: grama, arbustos,

árvores.

Gasosos: São diversos gases inflamáveis.

O perigo destes gases reside

principalmente na possibilidade de

vazamento dos mesmos, podendo

formar com o ar atmosférico, misturas

explosivas que facilmente atingem uma

fonte de ignição. Ex: gás liquefeito de

petróleo (GLP).

Líquidos: Raramente encontrados nos

incêndios florestais, exceto quando

atingem depósitos de estocagem destes

produtos. Ex: Álcool, gasolina etc.

b. Quanto à volatilidade

Voláteis: Na temperatura ambiente

desprendem vapores capazes de

inflamar;

Não Voláteis: Necessitam de

aquecimento para inflamar.

c. Quanto à propagação do fogo

Leves: Compõem-se de grupo de folhas

secas, folhas mortas, arbustos, vegetais

oleosos (cedro). São combustíveis de

fácil propagação e muitas vezes servem

de base para combustão em

combustíveis pesados;

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

17

Pesados: São combustíveis de

propagação lenta. Por exemplo: grandes

troncos, árvores de grande porte.

1.1.2 Comburente

É o gás que serve para produzir e

manter a combustão por meio da sua

combinação com os gases provenientes

do aquecimento dos combustíveis. O

comburente mais abundante é o

Oxigênio (O2) que é encontrado a 21%

na atmosfera. Experiências mostraram

que se reduzirmos a porcentagem de

oxigênio abaixo de 15% não teremos o

processo da combustão.

1.1.3 Calor

É uma forma de energia. Nos

incêndios florestais, normalmente a

“energia para ignição” é o calor que será

originado das maneiras mais diversas,

tais como: brasas, pontas de cigarros,

queima de lixo, resíduos de

escapamento de veículos, etc. A

temperatura de ignição dos

combustíveis florestais está entre 260 a

400 ºC.

1.1.3.1 Unidades de calor

a. Quilo-caloria (Kcal)

É a quantidade de calor que deve

ser fornecida a um quilograma de água

para elevar a sua temperatura de um

grau Celsius.

b. Caloria (cal)

É a quantidade de calor que deve

ser fornecida a um grama de água para

elevar a sua temperatura de um grau

Celsius.

c. BTU (British Thermal Unit)

É a quantidade de calor que

precisa ser fornecida a uma libra de

água para elevar sua temperatura de um

grau Fahrenheit.

1.1.3.2 Calor de combustão

Definimos calor de combustão

como sendo a quantidade de calor

liberada por unidade de massa ou por

unidade de volume, quando se queima

completamente uma substância. Os

calores de combustão dos combustíveis

sólidos e líquidos são normalmente

expressos em Kcal ou BTU/libra.

O calor de combustão de algumas

substâncias é apresentado na tabela a

seguir:

SUBSTÂNCIA CALOR DE COMBUSTÃO

Madeira 4500 kcal/kg

Gás de carvão 5400 Kcal/m3

Gás Natural 9000 a 22500 Kcal/m3

Carvão 7000 a 9500 Kcal/m3

Álcool Etílico 7000 Kcal/kg

Óleo Combustível 10.000 kcal/kg

1.1.3.3 Absorção de calor

A água é capaz de realizar este

fenômeno. Sabemos que a água, para

elevar sua temperatura de um grau,

precisa de uma unidade de calor

chamada “caloria”. Quando a

temperatura da água atingir 100ºC, sua

massa absorveu certo número de

calorias. Suponhamos que um litro de

água a 10ºC de temperatura, para atingir

100ºC de temperatura, precisará de 90

Kcal. Para um litro de água atingir, do

ponto de ebulição ao ponto de vapor,

sua massa absorve mais 540 Kcal.

Portanto, o litro de água utilizado para

extinguir o fogo absorverá, do estado

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

18

líquido ao estado de vapor, 540+90=630

calorias.

Conclui-se que, para absorver

todo o calor contido num quilograma de

um corpo qualquer em combustão,

serão precisos tantos quilogramas de

água quantos o número 630 couber no

número de calorias desprendidas por tal

corpo.

Exercício de fixação 1:

Óleo combustível – 10.000

Kcal/Kg. Quanto de água será necessário

para absorver o calor de óleo

combustível?

10.000 = 15,8 l

630

O resultado refere-se a

quantidade para absorção de um litro de

óleo combustível.

Exercício de fixação 2:

Incêndio em reflorestamento de

pinus, com 100 toneladas de madeira.

Total: 100.000 kg de madeira

Calor de Combustão: 4500 cal/kg

100.000 * 4500= 450.000.000 cal

450.000.000 cal = 715.000 litros

630

Portanto seriam necessários perto de

715.000 litros de água para a extinção

de tal incêndio admitindo-se que toda a

água se vaporize.

1.1.3.4 Métodos de transmissão de calor

Uma fonte de calor

suficientemente forte é uma das

condições necessárias para a ocorrência

e a continuidade da combustão para os

combustíveis próximos, a fim de que o

incêndio possa avançar ou se propagar.

Essa transferência de calor pode ocorrer

por condução, radiação e convecção.

a. Condução

É a transferência de calor por

contato direto com a fonte aquecida de

calor. Quando uma substância é

aquecida ela absorve calor e sua

atividade molecular interna aumenta. O

aumento da atividade molecular é

acompanhado de um aumento de

temperatura. A capacidade de conduzir

calor varia bastante entre diferentes

substâncias. Os materiais combustíveis

florestais são maus condutores de calor,

daí a pequena importância da condução

na propagação dos incêndios florestais.

b. Radiação

É a transferência do calor pelo

espaço, por meio de ondas ou raios, em

todas as direções, à velocidade da luz.

Radiação é o único meio de transferência

de calor que não requer uma substância

intermediária entre a fonte de calor e a

substância receptora, podendo

processar-se inclusive no vácuo, como

por exemplo o aquecimento da terra

pelo sol.

FIGURA 2 – Ação da radiação.

Autor: Sd. QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

19

c. Convecção

É a transferência de calor por

meio do movimento circular ascendente

de massas de ar aquecidas. O ar

aquecido diminui sua densidade,

tornando-se mais leve e tendendo a

subir. Segundo o princípio da convecção,

o fogo pode criar condições de

turbulência aspirando oxigênio pelos

lados e lançando para cima o ar

aquecido. Esse processo é responsável

pelo barulho que se ouve em grandes

incêndios que se movimentam

rapidamente.

FIGURA 3 – Ação da convecção.

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

Todos os três métodos de

transferência de calor – condução,

radiação e convecção - geralmente estão

atuando simultaneamente em um

incêndio florestal. No entanto o grau de

importância de cada método varia de

acordo com a situação. No início de um

incêndio, o calor de uma fagulha pode

ser transferido para o combustível por

qualquer um dos métodos, ou por uma

combinação dos mesmos. Ocorrida a

ignição, o calor de qualquer um dos

combustíveis deve ser transferido para o

interior das peças individuais de

combustível (pedaços de madeira) por

condução para que a combustão

continue. Para que o fogo se propague,

o calor deve ser transferido para o

combustível que ainda não queimou e

essa transferência é feita principalmente

por radiação ou convecção. Se não

existe vento e o terreno é plano, a

coluna de convecção é praticamente

vertical. Nesse caso a transferência de

calor para o combustível à frente do

fogo é insignificante e a radiação torna-

se o mais importante método de

transmissão do calor que sustenta a

combustão. A presença de vento e uma

topografia acidentada favorecem o

movimento convectivo e então a

convecção passa a ser o processo

dominante na propagação,

principalmente dos grandes incêndios.

d. Deslocamento de corpos inflamados

O combustível florestal ao

queimar pode lançar à frente da linha de

fogo, fagulhas ou material florestal em

brasa. Tal fenômeno ocorre

principalmente em função da ação do

vento. Regiões de extensas florestas,

reflorestamentos e campos são mais

suscetíveis a tais fenômenos.

FIGURA 4 – Deslocamento de corpos.

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

20

Devemos considerar ainda que o

incêndio florestal quando assume

proporções maiores cria condições

próprias, principalmente correntes de ar

em função da convecção. Ex: fagulhas,

quedas de árvores e animais se

deslocando pela floresta com o pelo em

chamas.

e. Correntes ou descargas elétricas

Ocorrem principalmente devido a

incidência de raios. Já foram registrados

casos no Estado do Paraná de incêndios

florestais que tiveram origem em função

de descargas atmosféricas. Outro ponto

que se deve considerar são as torres de

alta tensão, pois pode haver

rompimento de cabos energizados que

ao cair na vegetação podem dar início

aos incêndios.

1.1.4 Temperatura

A idéia sobre a temperatura tem

sua origem na sensação que nos diz que

um corpo está frio ou quente. Todos os

corpos combustíveis para entrarem em

combustão, necessitam atingir

determinadas temperaturas:

1.1.4.1 Ponto de fulgor

É a temperatura mínima na qual

os corpos combustíveis começam a

desprender vapores que se incendeiam

em contato com uma fonte externa de

calor, entretanto a combustão não se

mantém, devido a insuficiência na

quantidade de vapores emanados dos

combustíveis.

1.1.4.2 Ponto de combustão

É a temperatura mínima na qual

os gases desprendidos dos corpos

combustíveis, ao entrar em contato com

a fonte externa de calor, entram em

combustão e continuam a queimar.

1.1.4.3 Ponto de ignição

É a temperatura mínima na qual

os gases desprendidos dos corpos

combustíveis entram em combustão,

apenas pelo contato com oxigênio do ar,

independente de qualquer fonte de calor

externa.

1.1.5 Tetraedro do Fogo

O fenômeno químico da

Combustão é uma reação que se

processa em cadeia, que após a partida

inicial, é mantida pelo calor produzido

durante o processamento da reação.

Assim, na combustão do Carbono para

formação do CO2, temos a seguinte

reação.

C + 02

CO2

+ 92,2 Kcal/Mol

A cadeia de reações formada

durante a combustão propicia a

formação de produtos intermediários

instáveis, principalmente radicais livres

prontos para combinar-se com outros

elementos, dando origem a novos

radicais ou finalmente a corpos estáveis.

Portanto, na área de combustão sempre

teremos a presença de radicais livres.

A estes radicais livres cabe a

responsabilidade da transferência de

energia necessária à transformação da

energia química em calorífica,

decompondo as moléculas ainda

intactas e desta maneira provocando a

propagação do fogo em uma cadeia de

reação.

Exemplificaremos abaixo, a

combustão do Hidrogênio no ar:

2H2

+O2

+En. 4H(Rad)+2O(Rad)

Duas moléculas de Hidrogênio,

reagem com uma molécula de oxigênio

ativadas por uma fonte de energia

térmica e produz quatro moléculas

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

21

radicais ativos de H e dois radicais ativos

de O. Cada radical de H combina-se com

uma molécula de O produzindo um

radical ativo de hidroxila (OH), mais um

radical ativo de O:

H(Rad)+O2 OH(Rad)+O(Rad)

Cada radical ativo de O reage com

uma molécula de H produzindo outro

radical ativo de hidroxila mais um

radical ativo de hidrogênio.

O(Rad)+H2 OH(Rad)+H(Rad)

Cada radical ativo de hidroxila

reage com uma molécula de H

produzindo o produto final estável

(água) e mais um radical ativo de

hidrogênio.

OH (Rad) + H2 H2O + H

FIGURA 5 – Tetraedro do fogo.

FONTE: Manual de combate a incêndios – Corpo de

Bombeiros da PMPR/CEI.

Assim sucessivamente se forma a

cadeia de combustão produzindo sua

própria energia de ativação (calor)

enquanto houver suprimento de

combustível (hidrogênio).

Como consequência do acima

exposto, aparece mais um elemento

essencial do fogo: a REAÇÃO EM

CADEIA.

A figura 5, representa o estudo

da combustão como um quadrado (ou

tetraedro), tendo em sua base o

combustível, em suas laterais o

Comburente (Oxigênio) e o Calor (Fonte

de Ignição) e na aresta superior a Reação

em cadeia.

1.2 ESTUDO GERAL DA COMBUSTÃO

A combustão é uma reação

química muito frequente na natureza. É

um processo que se realiza sob

temperatura elevada (temperatura de

ignição), entre o comburente (oxigênio

do ar) e os átomos, principalmente de

carbono e hidrogênio de certas

substâncias que pelo fato de se

prestarem bem a esse processo, são

chamados de combustíveis.

Pelo exposto, resumiremos

dizendo que a combustão é uma

combinação acompanhada de calor e

frequentemente de luz.

Assim sendo, o fenômeno

combustão pode ser por exemplo: o fato

de o carvão arder no ar ambiente, ou o

tungstênio arder em atmosfera de cloro,

porém as combustões mais frequentes e

mais antigas conhecidas, são as

oxidações, ou seja, a reação do

combustível quando aquecido à

temperatura de ignição com o oxigênio.

1.2.1 Fases da Combustão

Quando um combustível é

submetido à ação do calor, ocorre um

aumento de temperatura que é

decorrente do movimento de aceleração

das moléculas do material. Com o

acréscimo da quantidade de calor,

algumas dessas moléculas se

desprendem e formam vapor ou gás, e

se a quantidade de calor for suficiente, o

vapor poderá se transformar em

chamas, iniciando-se o processo da

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

22

combustão. No ambiente florestal

observamos três fases distintas:

1.2.1.1 Pré-aquecimento

Nesta fase, o material combustível

é secado, aquecido e parcialmente

destilado, porém não existem chamas. O

calor elimina o vapor d’água e continua

aquecendo o combustível até a

temperatura de ignição,

aproximadamente entre 260 e 400ºC

para a maioria do material florestal.

1.2.1.2 Destilação ou Combustão dos

Gases

Os gases destilados do

combustível se acendem e se queimam,

produzindo chamas e altas

temperaturas, que podem atingir

1250ºC ou um pouco mais. Nesse

estágio do processo de combustão os

gases estão queimando, mas o

combustível propriamente dito ainda

não está incandescente. Olhando-se

atentamente um pedaço de madeira que

está queimando, por exemplo um

fósforo aceso, observa-se que as chamas

não estão ligadas diretamente à

superfície da madeira, mas separadas

dela por uma fina camada de vapor ou

gás. Isto ocorre porque combustíveis

sólidos não queimam diretamente,

necessitando primeiro serem

decompostos ou pirolisados pela ação

do calor, em vários gases – uns

inflamáveis e outros não.

1.2.1.3 Incandescência ou Consumo do

Carvão

Nesta fase o combustível (carvão)

é consumido, restando apenas cinzas. O

calor gerado é intenso, mas

praticamente não existem chamas nem

fumaça. A quantidade de calor liberada

nesta fase depende do tipo de

combustível mas de um modo geral

pode-se dizer que 30 a 40% do calor de

combustão da madeira está no seu

conteúdo de carbono. Embora haja certa

superposição entre elas, as três fases da

combustão podem ser perfeitamente

observadas em um incêndio florestal. A

primeira é a zona na qual folhas e

gramíneas se enrolam e se crestam, a

medida que são pré-aquecidas, pelo

calor das chamas que se aproximam. Em

seguida vem a zona de combustão dos

gases, onde se destacam as chamas.

Após a passagem das chamas

vem a terceira e menos distinta das

zonas, a do consumo de carvão.

1.2.2 Classificação das Combustões

1.2.2.1 Vivas

São as que se processam com

certa rapidez, produzindo calor e

desenvolvimento de luz ou

incandescência.

1.2.2.2 Lentas

Também chamadas “Eremacause”,

são combustões em que o

desenvolvimento de calor é pequeno e

não se faz notar; por exemplo:

combustão no interior do organismo dos

seres organizados.

1.2.2.3 Espontâneas

Chama-se combustão espontânea

o fato de alguns corpos terem como

propriedade característica, a

possibilidade de se combinarem com o

oxigênio do ar ou de outro portador

(agentes oxidantes) com que estejam em

contato, ocasionando uma reação

exotérmica, isto é, com desprendimento

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

23

de calor, o que favorece sua combustão,

sem o concurso de uma fonte externa de

calor, centelha ou outra causa de

incêndio.

A combustão espontânea, inicia-

se normalmente por uma lenta reação

química (oxidação) que gera algum calor

e este processo vai se acelerando até

tomar lugar uma rápida oxidação. Com

exceção de alguns corpos sujeitos a uma

rápida oxidação, o processo de

combustão espontânea é lento e a

ignição pode ocorrer após dias ou

mesmo semanas, durante os quais a

temperatura se elevou lentamente. Pode

ocorrer sem efeitos perigosos, desde

que o calor gerado vá se dissipando à

medida que for sendo produzido e desse

modo não chega a atingir o ponto de

ignição do corpo em que ocorrer.

As condições abaixo favorecem

um aquecimento perigoso de muitas

substâncias, principalmente as sujeitas à

combustão espontânea.

a. Presença da umidade

Em certos casos, este fator,

dentro de determinados limites, pode

favorecer o aquecimento, como por

exemplo o carvão de lenha.

O carvão de lenha também é

sujeito à combustão espontânea. O

fabricado com lenha pesada e em

retortas é mais sujeito do que aquele

feito com madeira leve e em fornos. A

combustão espontânea ocorre mais

facilmente no carvão recente do que no

velho, o material mais triturado oferece

maior perigo.

Este tipo de combustão também

pode ocorrer em produtos vegetais

sujeitos a fermentação por bactérias ou

enzimas. Nesta hipótese o aquecimento

dar-se-á em dois ou mais estágios: o

primeiro até 70 ou 80 ºC, provocado

pela fermentação ou outra ação

microbiana, pois, acima desta

temperatura cessam todas as atividades

vitais dos microorganismos e enzimas.

O aumento de temperatura no segundo

estágio é atribuído a uma oxidação

química que faculta ao corpo alcançar

seu ponto de ignição.

A madeira quando sujeita a uma

prolongada ação de temperatura não

muito alta, pode queimar

espontaneamente, devido a formação de

carbono poroso ou carvão na superfície

exposta da mesma.

b. Pirólise

A pirólise é definida como sendo

a decomposição química de uma

substância, pela ação do calor. Ela

avança em três estágios, como segue:

Certos gases, inclusive o vapor

d’água, lentamente são liberados da

decomposição da madeira (usada

como exemplo). O componente

combustível destes gases aumenta

durante os primeiros estágios da

pirólise. Primeiro, a superfície da

madeira é atacada. Com aumento da

temperatura a reação se move mais

a fundo na madeira.

A evolução gasosa continua e, se

disponível a mínima energia de

ignição, os gases entram em ignição,

quando o limite de inflamabilidade

mais baixo é atingido. Na

temperatura em que a ignição

ocorre, o processo químico geral se

altera de endotérmico para

exotérmico e a reação se torna auto

sustentadora.

Nesta temperatura de ignição, os

gases liberados são, em primeiro

lugar, muito ricos em CO2

e vapor

d’água para sustentar a chama por

muito tempo. Entretanto, o calor da

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

24

chama inicia uma reação pirolítica

secundária em série e ocorre a

combustão em fulgor total (chama)

na fase de destilação gasosa dos

vapores.

A evolução do gás pode ser

rápida, o suficiente para “limpar” a

superfície da madeira e excluir o ar,

evitando-se assim, o retardamento da

penetração de calor, consequentemente

se retardado a efetivação da temperatura

de ignição nas partes mais profundas da

madeira. A medida que a temperatura

aumenta, a superfície chamuscada

começa a fulgurar e o ar envolvente

suporta a combustão.

Quando se inicia a pirólise,

devemos considerar se um equilíbrio

negativo de calor é gerado ou não pela

reação. Se o calor liberado é

concentrado e é suficiente para manter o

andamento da reação de oxidação, e se

mais calor está sendo gerado do que

aquele que se perde pela condução,

convecção e radiação, ocorre um

equilíbrio de calor positivo. Se, no

entanto, todo ou a maioria do calor

gerado é perdido (como sucede com um

palito de fósforo em vento forte), ocorre

um equilíbrio de calor negativo e o fogo

apaga-se.

Ao mesmo tempo, uma condição

conhecida como “Feedback”

(alimentação de retorno) pode existir.

Feedback é o uso de algum calor gerado

para preparar a queima de porções

vizinhas do material inflamável,

causando a pirólise daquele material. Se

o processo de alimentação neste sentido

for inadequado, o fogo extingue-se.

Somando-se ao calor gerado

durante o processo da pirólise a

concentração do agente oxidante, outro

fato que determina se a ignição se faz

notar, e a combustão pode ou não

ocorrer. Para a maioria dos materiais,

parece haver um mínimo de

concentração de agentes oxidantes sob

os quais a combustão não ocorrerá.

Exceções: os combustíveis sólidos

(nitratos de celulose) que contém

oxigênio em suas moléculas

constituintes. O oxigênio nas moléculas

pode ser liberado pelo calor, embora o

suprimento de ar seja mínimo ou

inexistente.

Não é necessário haver presença

de ar para que ocorra uma reação de

pirólise. Exemplo disso é o mínimo de ar

presente nas fornalhas de cozimento,

em que a madeira é reduzida à carvão

vegetal e coque. Outro exemplo é o

tolueno aquecido em um recipiente

ventilado que é exposto ao fogo.

Em resumo, a ciência de proteção

contra o fogo fundamenta-se nos

seguintes princípios:

Um agente oxidante, um material

combustível e uma fonte energética

são essenciais à combustão.

O material combustível deve ser

aquecido à sua temperatura de ignição

antes de queimar.

A combustão continuará até que:

O material combustível se extinga ou

seja removido.

A concentração de agentes oxidantes

seja reduzida abaixo da concentração

necessária a alimentar a combustão.

O material combustível seja resfriado

abaixo de sua temperatura de ignição.

Haja inibição de chamas,

quimicamente.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

25

1.2.3 Elementos Resultantes da

Combustão

1.2.3.1. Fumaça

São partículas do material

combustível em suspensão, inflamados

ou não (resíduos da combustão)

juntamente com outras substâncias que

poderão ser: poeiras, cinzas, gases, etc.

A cor da fumaça, ou seja, sua

maior ou menor transparência, serve de

orientação prática na identificação do

material combustível que está

queimando.

FIGURA 6 – Fumaça resultante de I.F.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.

a. Identificação da Fumaça

A capacidade de identificar rápida

e apropriamente a fumaça, poderá

auxiliar o comandante da operação de

combate a incêndio a decidir que atitude

tomar. Poderemos tratar com três tipos

de fumaça: Legitima, Falsa e Ilegítima.

Fumaça Legítima: Tem autoriza-

ção legal ou permissão e estão sob

controle. Elas vêm de fontes tais como

locomotivas, serrarias, ranchos, queima

de detritos, operações ou acampa-

mentos, e devem ser frequentemente

registradas no mapa do incidente. Tais

tipos de fumaça tem um padrão definido

quanto à hora do dia em que aparecem,

volume e cor da fumaça e duração do

tempo em que permanecem visíveis.

Fumaça Falsa: Se faz passar por

fumaça sob certas condições de luz ou

de tempo atmosférico, tais como

despenhadeiros, rochedos distantes,

clareiras de mato ou arbustos, pequenas

áreas de mata seca, poeira de carros,

elementos vivos e colunas de nevoeiro

ou nuvens. As fumaças falsas devem ser

assinaladas no mapa do incidente.

Quando em dúvida quanto a uma

possível fumaça falsa, assinale-a como

um “INCÊNDIO”.

Fumaça Ilegítima: Quaisquer

fumaças não autorizadas por Lei ou

Permissão, ou quaisquer fogos sem

controle. Assinale todas as fumaças

ilegítimas como sendo “INCÊNDIO”.

b. Descrição da Fumaça

A sua descrição de volume, tipo e

cor da fumaça, será uma indicação da

grandeza, intensidade do fogo e do

material em combustão.

TIPO DESCRIÇÃO

Fino Fumaça em pequena extensão.

Pesada Fumaça em maior

intensidade.

Crescente Grande volume de fumaça

erguendo-se verticalmente,

podendo espalhar ou ter um

efeito de agitação no alto.

Vaga Fumaça que é seguida por

correntes de ar e dá um

grande efeito de

propagação.

Espalhada Fumaça distendida sobre

grandes áreas.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

26

A cor da fumaça indica o tipo de

material em combustão:

COR TIPO DO MATERIAL

Branca Grama, ervas.

Cinza

Avermelhada

Arbustos leves.

Negra Arbustos pesados,

carvalho, toras resinosas.

Amarela Geralmente pinho e

ervas.

FIGURA 7 – Fumaça branca.

FONTE: Acervo de André Vilas Boas.

1.2.3.2 Chama

É a parte visível da combustão. A

cor da chama muitas vezes poderá

indicar o material em combustão.

FIGURA 8 – Chama resultante de I.F.

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

No combate aos incêndios

florestais as equipes de ataque direto e

ataque indireto utilizam a base das

chamas como uma referência de ataque

ao fogo.

1.2.3.3 Gases

Os gases produzidos pela reação

do combustível com comburente,

dependem do corpo combustível.

a. Gás Carbônico (CO2

)

Por ocasião da combustão o

carbono do combustível combina-se com

oxigênio do ar na proporção de dois

átomos de oxigênio para um de

carbono, dando como resultado o gás

carbônico, que é produto da combustão

completa.

b. Monóxido de Carbono (CO)

Em determinadas circunstâncias,

principalmente em ambientes

confinados, quando a combustão se

realiza em lugares com pouca

ventilação, a quantidade de oxigênio

disponível, embora suficiente para

alimentar combustão, não é para

fornecer dois átomos para cada de

carbono. A combustão se realiza com

união apenas de um átomo de oxigênio

para um de carbono, formando o

monóxido de carbono que é um gás

característico das combustões

incompletas.

Neste caso, por não estarem

satisfeitas todas as valências do

carbono, este é instável e ávido por

oxigênio. Dada esta última

particularidade, apresenta dois riscos

que são particularmente de

periculosidade extrema. É explosivo e

altamente tóxico. Se for respirado,

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

27

mesmo em baixas concentrações, vai

retirar o oxigênio contido no sangue,

levando o indivíduo à morte. Quando

misturado com ar atmosférico em

determinadas proporções (12,5%), forma

uma mistura explosiva. É comum a

confusão que se faz entre o CO e o CO2

.

O CO2

não é tóxico, nem

explosivo. É um gás inerte, por isso não

alimenta combustão e é mesmo

utilizado como agente extintor. Um

ambiente rico em CO é altamente tóxico.

1.3 INCÊNDIO

Após o estudo da combustão

passaremos a estudar o incêndio.

Inicialmente, isso parecerá uma

redundância, pois quem fala em

incêndio, geralmente fala de fogo. Em

princípio, isso é verdade, porém uma

verdade que não resiste ao argumento

de que o fogo foi primeiro elemento

que o homem lançou mão para dar início

a sua evolução como ser humano

inteligente, mas também é verdade ter

sido ele um dos primeiros elementos a

causar a destruição daquilo que ele

produzia. Assim sendo, podemos definir

incêndio como toda e qualquer

destruição ocasionada pelo fogo, de

bens materiais, móveis e imóveis, além

de danos físicos ou morais aos seres

humanos.

Toda e qualquer destruição pelo fogo,

que se processa fora do desejo e do

controle do humano, com prejuízos

consideráveis e não previstos, tem a

denominação de incêndio.

Consideramos incêndios aqueles

eventos que causem prejuízos e que

fujam do controle humano. Por exemplo

queima de combustíveis em uma usina

termo-elétrica não pode ser considerada

como incêndio, em contrapartida o fogo

que destrói um reflorestamento,

causando prejuízos morais e materiais é

considerado como incêndio. Desta

forma, chegamos a uma definição de

incêndio.

INCÊNDIO É TODA E QUALQUER

DESTRUIÇÃO OCASIONADA PELO

FOGO, QUE PROVOQUE DANOS

MORAIS E MATERIAIS DE MONTA.

INCÊNDIO FLORESTAL É O TERMO

USADO PARA DEFINIR UM FOGO

INCONTROLADO QUE SE PROPAGA

LIVREMENTE E CONSOME DIVERSOS

TIPOS DE MATERIAL COMBUSTÍVEL

EXISTENTES EM UMA FLORESTA.

Apesar de não ser muito

apropriado o termo incêndio florestal é

muitas vezes generalizado para definir

incêndios em outros tipos de vegetação

tais como: capoeiras, campos e

pradarias.

1.3.1 Causas de incêndios

Causa de incêndio é o conjunto

de ações materiais, humanas e naturais

que possam produzir ou transmitir o

fogo, causando o incêndio. As causas de

incêndios tem a seguinte classificação:

1.3.1.1 Quanto à origem

a. Natural

Independe da vontade ou ação do

homem. Ex.: descargas atmosféricas

(raios).

b. Dolosa

Caracteriza-se pela intenção e

consumação do fato, constituindo o

crime. Enquadram-se nesta classificação

os incêndios causados por incendiários.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

28

c. Culposa

Ocorrem por imprudência,

imperícia ou negligência. Ex.: Incêndio

decorrente de uma queimada de lavoura

ou queimada controlada.

d. Acidental

É o fator que produz uma causa

independente da vontade humana, sem

haver culpa ou dolo.

1.3.1.2 Causas primárias de incêndios

a. Natureza Física

Originados por um fenômeno

físico. Ex.: atrito, irradiação, convecção e

condução do calor.

b. Natureza Química

Originados por fenômeno

químico. Ex.: reações químicas que

liberem calor.

c. Natureza Biológica

Originados por fenômenos

biológicos. São normalmente reações

onde intervém a ação de seres vivos

inferiores, geralmente bactérias. Ex.:

fermentação.

1.3.1.3 Causas secundárias de incêndios

Caracterizam-se por corpos

incendiados que poderão produzir novos

incêndios.

1.3.2. Classificação dos Incêndios

1.3.2.1 Quanto às proporções

No Estado do Paraná os incêndios

seguem a classificação preconizada pela

1ª Edição do Manual de Combate a

Incêndios Florestais, sendo:

Princípios de Incêndios;

Pequenos Incêndios;

Médios Incêndios;

Grandes Incêndios;

Incêndios Extraordinários.

O professor Ronaldo Viana

Soares, em sua obra Proteção Florestal –

2ª. Ed. 1971A, estabeleceu uma divisão

em classes de incêndio, conforme a área

atingida em hectares (ha):

CLASSE A: < 1ha

CLASSE B: 1-10 ha

CLASSE C: 10-100 ha

CLASSE D: 100-1000 ha

CLASSE E: > 1000 ha

1.3.2.2 Quanto à propagação

Incêndio com fogo rasteiro;

Incêndio com fogo de copa;

Incêndio com fogo total.

1.3.2.3 Quanto aos locais

Terrenos particulares;

Plantações;

Reservas Florestais;

Bosques;

Campos.

A classificação mais adequada

para definir os tipos de incêndios se

baseia no grau de envolvimento de cada

estrato do combustível florestal – desde

o solo mineral até o topo das árvores -

no processo da combustão.

Neste caso os incêndios são

classificados em subterrâneos,

superficiais e de copa.

a. Incêndios subterrâneos

Os incêndios subterrâneos

propagam-se pelas camadas de húmus

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

29

ou turfa existentes sobre o solo mineral

e abaixo do piso da floresta. Esses

combustíveis são de textura fina,

relativamente compactados e isolados

da atmosfera.

Os incêndios subterrâneos

ocorrem geralmente em florestas que

apresentam grande acumulação de

húmus e em áreas alagadiças, tais como

brejos ou pântanos, que quando secas

formam espessas camadas de turfa

abaixo da superfície.

FIGURA 9 – Incêndio subterrâneo.

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

Normalmente os incêndios

subterrâneos são precedidos por

incêndios superficiais. Devido ao pouco

oxigênio disponível na zona de

combustão, nos incêndios subterrâneos

o fogo se propaga lentamente, sem

chamas e com pouca fumaça.

A intensidade do calor e o poder

de destruição destes incêndios são

bastante altos.

b. Incêndios Superficiais

Os incêndios superficiais

propagam-se na superfície do piso da

floresta, queimando os restos vegetais

não decompostos, tais como folhas e

galhos caídos, gramíneas, arbustos,

enfim, todo material combustível até

cerca de 1,80 metros de altura. Esses

materiais, principalmente durante

períodos de seca, são bastante

inflamáveis e por isto os incêndios

superficiais apresentam propagação

relativamente rápida, abundância de

chamas e muito calor. Entretanto

quando comparados com outros tipos,

os incêndios superficiais não são muito

difíceis de combater, a não ser em

condições extremamente favoráveis à

propagação dos mesmos.

FIGURA 10 – Incêndio de superfície

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

c. Incêndios de copa

Os incêndios de copa

caracterizam-se pela propagação do

fogo pelas copas das árvores,

independentemente do fogo superficial.

Geralmente considera-se incêndio de

copa aquele que ocorre em combustíveis

acima de 1,80 metros de altura. Com

exceção de casos excepcionais, como

alguns incêndios causados por raios,

todos os incêndios de copa originam-se

de incêndios superficiais. Este é o mais

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

30

espetacular dos tipos de incêndios

florestais. Propaga-se rapidamente,

liberando grande quantidade de calor e

tornando o combate extremamente

difícil.

FIGURA 11 – Incêndio de copa

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

1.3.3 Processos de Extinção

Quando estudamos o fogo,

concluímos que a combustão ocorrerá

sempre, quando em proporções

convenientes, reunindo-se combustível,

comburente e energia para ignição. A

recíproca é verdadeira. Sempre que

eliminamos um ou mais dos fatores, o

fogo se extinguirá.

1.3.3.1 Retirada do material combustível

Caracteriza-se este processo de

extinção pela retirada do material

combustível impedindo deste modo que

o fogo continue. Este processo, embora

econômico é ideal (não requer qualquer

tipo de agente extintor). Este processo é

muito utilizado no setor florestal por

meio da construção de aceiros,

geralmente aplicado em conjunto com

outros processos.

1.3.3.3 Resfriamento

Este processo consiste na redução

ou eliminação da energia produtora da

reação em cadeia (calor). Baixando a

temperatura, não ocorrerá a evolução e

a continuação do fogo, pois foi baixado

o ponto de ignição do combustível

(absorção do calor).

1.3.3.4 Abafamento

Este processo consiste em

impedir que o comburente, oxigênio

contido no ar atmosférico, permaneça

em contato com o combustível em

porcentagens suficientes para a

combustão. O oxigênio do ar

atmosférico se encontra na proporção

de 21% (vinte e um por cento), no

entanto, o teor mínimo do oxigênio para

existir combustão, gira em torno de 16%

(dezesseis por cento). Este processo é

largamente usado no combate a

incêndios florestais, quer usando terra

ou com abafadores.

1.3.4 Agentes Extintores

São substâncias destinadas à

extinção dos incêndios, onde

normalmente utiliza-se a água, espuma,

pó químico seco ou CO2

.

Nos incêndios florestais são

utilizados os seguintes agentes

extintores:

ÁGUA

AGENTES QUÍMICOS

TERRA DO SOLO

1.3.4.1 Água

A água é o agente extintor mais

usado na extinção dos incêndios devido

a sua alta capacidade de absorver calor.

Quando eficientemente aplicada, a água

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

31

é o meio mais econômico de se

combater um incêndio.

No combate aos incêndios

florestais, o problema é como obter

água em quantidade suficiente e como

usá-la da maneira mais eficiente

possível. Em incêndios superficiais de

baixa ou média intensidade, quando as

condições permitem o trabalho de

bombeamento, a água é o meio mais

rápido e prático para extinguir o fogo.

Em incêndios superficiais de

maior intensidade, distantes de

estradas, a aplicação da água torna-se

cara, somente podendo ser feita com o

auxílio de mangueiras ou combate

aéreo. Porém, mesmo quando existem

limitações e sem seu uso direto nos

grandes incêndios, a água é essencial na

operação de rescaldo.

Como a água é um elemento

muito importante na extinção do fogo,

mas as vezes difícil de conseguir e

transportar, ela deve ser usada com

muito cuidado para se obter a maior

eficiência possível. O calor de

combustão do material florestal é cerca

de 4000 kcal/kg, enquanto o calor

latente de evaporação da água é cerca

de 500 kcal/kg. Por isso a água não

deve ser aplicada diretamente sobre as

chamas, onde o calor é mais intenso,

mas sim na base das chamas, com a

finalidade de resfriar o material

combustível que ainda não está

queimando.

A capacidade de combate a

incêndios florestais com a utilização da

água pode ser melhorada com a

utilização de aditivos que a tornam mais

viscosa e com maiores propriedades de

aderência ao combustível, como

veremos a seguir.

1.3.4.2 Agentes químicos

A água, como agente de extinção

do fogo, pode ser mais eficiente ainda

com a adição de agentes químicos que

são substâncias que reduzem a

inflamabilidade da vegetação.

Segundo POULAIN (1970), os

retardantes químicos melhoram as

propriedades extintoras da água por

torná-la mais viscosa e aderente à

vegetação, por reduzir a evaporação da

água aplicada sobre a vegetação e por

efeitos inibidores diretos sobre a

combustão.

O efeito dos agentes, entretanto,

é independente da umidade, isto é,

mesmo depois de seco o material

combustível tratado com os agentes

químicos continua com sua capacidade

de inflamabilidade reduzida. Uma chuva

porém pode “lavar” o combustível

removendo o retardante químico,

reduzindo ou mesmo eliminando seu

efeito protetor.

Os agentes químicos mais

utilizados são formados a base de

fosfato diamônico, fosfato

monoamônico, sulfato de amônia e

borato de cálcio e sódio.

Além dos agentes que se

adicionam à água, existem também os

retardantes em pó (normalmente

avermelhados) que são utilizados em

alguns países lançados de aeronaves

com grande capacidade para transporte

de carga.

Tal agente em contato com o fogo

gera reações que inibem sua progressão

pela diminuição da taxa de oxigênio,

causando até mesmo a extinção

completa dos incêndios.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

32

1.3.4.3 Terra do Solo

A terra do solo pode também ser

utilizada como agente extintor em

incêndios florestais, sendo lançada na

base das chamas. Desta forma ela age

por abafamento e por resfriamento, pois

contém umidade.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

33

02

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

FATORES DE PROPAGAÇÃO

DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

34

2. FATORES DE PROPAGAÇÃO DE

INCÊNDIOS FLORESTAIS

O comportamento do fogo pode

ser definido pela maneira como o

combustível tem sua ignição, chamas se

desenvolvem e incêndios florestais se

propagam e exibem outros fenômenos.

A supressão de um incêndio

florestal está baseada na perfeita

assimilação dos fatores que influenciam

o comportamento do fogo, pois pode-se

precisar quais os esforços e medidas a

serem tomadas, quais os meios mais

indicados para o eficiente combate de

cada tipo de incêndio, bem como pode-

se prever os riscos que os combatentes

vão encontrar e as formas de saná-los.

2.1 FATORES DO MEIO AMBIENTE

FIGURA 12 – Fatores de influência dos

incêndios florestais.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.

As condições locais, influências e

modificações externas determinam o

comportamento dos incêndios. Os três

componentes fundamentais que alteram

o comportamento do fogo são:

COMBUSTÍVEL

CLIMA

TOPOGRAFIA DO TERRENO

Tais componentes interagindo

entre si na ocorrência de um incêndio,

determinam as características do

comportamento do fogo em um dado

momento.

Observando os sete fatores

listados abaixo dos combustíveis, vemos

que a umidade está em primeiro,

justamente por ser o fator determinante

no combate de um incêndio florestal.

Abaixo do clima vemos a velocidade e

direção do vento como os fatores

críticos à propagação dos incêndios

florestais. Topografia é o mais constante

dos fatores que fazem parte do meio

ambiente do fogo. A inclinação do

terreno é o tópico significativo, pois

pode causar profundos efeitos no

comportamento do fogo.

2.1.1 Combustíveis

Combustível é qualquer material

orgânico vivo ou morto, no solo, abaixo

do solo ou no ar, capaz de entrar em

ignição e queimar. Combustíveis são

encontrados em uma infinita

combinação de tipo, quantidade,

tamanho, forma, posição e arranjo no

ambiente florestal. O combustível é

amplamente encontrado no ambiente

florestal, desde grama esparsa e

material morto à coníferas de grande

densidade e devido a sua composição

complexa possuí alto índice de

inflamabilidade.

Os combustíveis em sua essência

são constituídos pela vegetação

predominante em uma determinada

área. O Estado do Paraná conta com

apenas 2,5% da superfície brasileira,

porém, detém em seu território a grande

maioria das principais unidades

fitogeográficas que ocorrem no país.

Originalmente 83% de sua

superfície eram cobertos por florestas.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

35

Estas florestas pertencem a três tipos

principais, cada um com suas

peculiaridades estruturais e florísticas: a

Floresta Ombrófila Densa (no Litoral e

Serra do Mar), a Floresta Ombrófila

Mista ou Floresta de Araucária (no

leste e sul da Região Planaltina) e a

Floresta Estacional Semi-Decidual (no

oeste e norte do Estado). Estes três tipos

de Florestas são legalmente

reconhecidos, no Brasil, como

componentes do Bioma “Mata Atlântica”.

Segundo Maack (1968), a

vegetação nos 17% restantes da área do

Estado originalmente era composta por

formações não-florestais, entre estas

estão os campos, encontrados nas

regiões de Ponta Grossa e Guarapuava,

os cerrados, encontrados em fragmentos

como na região de Jaguariaiva, a

vegetação pioneira de influência marinha

(restingas), fluviomarinha (mangues) e

flúvio-lacustre (várzeas), e pela

vegetação herbácea do alto das

montanhas (campos de altitude e

vegetação rupestre).

O combustível florestal é

classificado de acordo com a sua

localização em subterrâneo, superficial

e aéreo.

a. Combustível Subterrâneo

Todo material encontrado abaixo

da superfície da terra, como raízes e

pedaços de madeiras enterrados,

comumentemente caracterizados pela

denominação “turfa”.

b. Combustível Superficial

Todo material localizado

imediatamente acima do solo, como

gramas, húmus, turfa, pedaços de

madeiras mortas, pequenos galhos e

pequenos arbustos.

c. Combustível Aéreo

Todo combustível verde ou

morto, localizado no topo das árvores

(copa), como grandes árvores, troncos

mortos, e grandes arbustos.

No ambiente florestal os

combustíveis coexistem e interagem

entre si. Em muitas situações os

combustíveis superficiais servem como

fonte de propagação para que incêndios

atinjam a copa dos combustíveis aéreos,

como na figura 13.

FIGURA 13 – Combustíveis superficiais

servindo como “escada” de propagação.

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

2.1.1.1. Umidade do combustível

Equivale a porcentagem de água

contida no combustível em relação a seu

peso seco. O combustível florestal é

encontrado com facilidade em todas as

regiões, variando de vegetações

rasteiras e esparsas até grandes

florestas e reflorestamentos. Se

analisarmos o potencial desse meio

ambiente queimar, imediatamente

incluiremos a umidade do material

combustível e carga do material como

pontos extremos. Dados nos tem

mostrado que quando a umidade do

material combustível chega acima de

25%, a ignição é extremamente

dificultada.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

36

FIGURA 14 – Combustíveis com teor de

umidade elevado (DIFÍCIL PROPAGAÇÃO)

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.

Em uma floresta em que o

material combustível esteja seco por

conta de um período de estiagem, o

fogo tem uma tendência a se propagar

de uma forma mais rápida. Com efeito

florestas onde os combustíveis possuem

elevado umidade devido ao orvalho e

por estarem verdes tendem a apresentar

dificuldade na queima.

Períodos de inverno com

estiagem, aliados a dias frios onde

ocorrem a formação de geadas, comuns

no Sul do Brasil, tornam a vegetação

extremamente seca, chegando algumas

vezes ao ponto de arder em grandes

incêndios com rápida propagação.

QUANDO O TEOR DE UMIDADE NO

COMBUSTÍVEL É GRANDE A IGNIÇÃO É

DIFICULTADA E AS CHAMAS SÃO

POBRES, ENTRETANTO SE O TEOR DE

UMIDADE É BAIXO, A IGNIÇÃO OCORRE

COM FACILIDADE, COM PROPAGAÇÃO

E QUEIMA RÁPIDA.

Isto se explica porque para se

vaporizar a água existente na umidade

do combustível é necessário uma grande

quantidade de energia, o que vai gerar

uma diminuição na energia calorífica

para a queima daquele combustível.

FIGURA 15 – Combustível seco (RÁPIDA

PROPAGAÇÃO)

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

2.1.1.2 Arranjo vertical do combustível

Definimos arranjo vertical do

combustível como uma relação entre o

tamanho relativo do combustível e sua

continuidade vertical. Para melhor

compreendermos o arranjo vertical do

combustível imaginemos um ambiente

florestal com combustíveis de superfície,

como grama, combustíveis baixos como

pequenos arbustos e árvores de

pequeno porte, combustíveis de média

altura como árvores em formação e

combustíveis de copa caracterizados por

árvores formadas (maduras) com altura

superior a 30 metros. Tais combustíveis

coexistem entre si no ambiente florestal

e os de menor tamanho agem como se

fossem uma escada para que o fogo

atinja a copa das árvores de maior porte.

Portanto, independente da altura

máxima do combustível existente em

um determinado local, do número de

espécies de combustível envolvidas,

todas tem relacionamento com o arranjo

vertical. Em reflorestamentos é prática

comum a desrama das espécies à

medida que vão crescendo com a

finalidade de causar uma quebra no

arranjo vertical, bem como evitar que

folhas ou acículas em queda se

depositem nos galhos mais próximos ao

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

37

solo e também funcionem como escada

para a propagação dos incêndios.

FIGURA 16 – Arranjo vertical do combustível

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

2.1.1.3 Carga do combustível

No ambiente florestal a carga do

material combustível é dada como o

peso do material seco dividido pela área

em que o mesmo se encontra, se

totalmente consumido pelo fogo.

Usualmente é expressa em toneladas

por acre (t/a). A carga do material

combustível varia de acordo com o tipo

de vegetação, como nos exemplos

abaixo:

COMBUSTÍVEL CARGA

Gramíneas 1 a 5 t/a

Arbustos 20 a 40 t/a

Árvores de grande porte 100 – 600 t/a

É importante observar que a carga

do material combustível envolve

diferentes tipos de classes de

combustíveis, o arranjo do combustível

no terreno e uma particular distribuição

sobre uma área específica.

2.1.1.4 Compactação do combustível

A compactação do material com-

bustível é definida como o espaço

existente entre as partículas do material.

Imaginemos um fardo com grama onde

em uma primeira situação temos o

mesmo espalhado em uma superfície

plana e em uma segunda situação o

mesmo estaria compactado em um

recipiente amarrado. No primeiro caso

haveria maior área de contato e mais

circulação de ar entre as partículas,

requerendo menos calor e tempo para a

ignição do fogo. Já no segundo caso

devido à compactação torna-se

necessário mais calor e maior tempo

para a ignição.

FIGURA 17 – Compactação do material

combustível

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

2.1.1.5 Tamanho e forma do

combustível

O tamanho e a forma do material

combustível afetam a razão área de

superfície – volume dos combustíveis.

Os combustíveis leves tem uma

razão área de superfície – volume mais

importante do ponto de vista florestal

que os pesados. Imaginemos um cubo

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

38

compacto com um metro de lado por um

metro de profundidade, que totalizaria,

portanto, 1 m³ e uma área de superfície

de 6 m². Se dividirmos o cubo em 16

peças teremos o mesmo volume de

combustível (1 m³), entretanto teremos

uma área de superfície de 18 m². Qual a

importância deste fato no

comportamento do fogo?

Sabemos que combustíveis de

menor tamanho tem ignição e mantém o

fogo mais facilmente que combustíveis

pesados. Portanto, se requer menos

calor para a ignição em partículas

menores de combustível.

2.1.1.6 Continuidade do combustível

A continuidade do material

combustível refere-se à distribuição

horizontal do combustível em uma

determinada área. Afeta diretamente na

propagação, pois em locais onde há

combustível de forma contínua, sem

barreiras naturais ou criadas, haverá um

“caminho” para o fogo percorrer, seja

nos combustíveis superficiais ou aéreos.

Ao contrário, uma

descontinuidade do material

combustível acarretará em uma barreira

para a propagação do fogo.

FIGURA 18 – Combustível em continuidade

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

FIGURA 19 – Descontinuidade do Combustível

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

2.1.1.7 Propriedades químicas do

combustível

Referem-se à presença de

substâncias voláteis no material

combustível florestal, como óleos,

resinas, ceras, breu, que podem alterar a

taxa de propagação do fogo. Devido as

suas características em povoamentos de

coníferas o fogo se propaga mais

intensamente que em um povoamento

de eucalyptus.

2.1.2 Fatores climáticos

Os fatores meteorológicos que

atuam diretamente no combustível

florestal, facilitando ou dificultando a

propagação dos incêndios, serão vistos

separadamente.

2.1.2.1 Velocidade e direção do Vento

O vento é o mais variável e o mais

crítico fator que altera o comportamento

do fogo, sendo também o mais

imprevisível deles. O vento é resultado

da diferença de temperatura causada

por gradientes de pressão entre

diferentes áreas, resultantes dos

processos de aquecimento e

resfriamento. O vento afeta a

intensidade, direção e propagação do

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

39

fogo, pré aquecendo combustíveis por

radiação e convecção, fornece

suprimento de oxigênio necessário à

propagação, favorece uma troca rápida

de umidade entre o ar e os

combustíveis, o que os tornarão mais

secos, carrega partículas de combustível

(fagulhas) e lança-as a frente da linha de

fogo, em áreas ainda não queimadas.

Nos incêndios de copa o vento torna

possível o transporte de calor e das

chamas entre a copa das árvores.

FIGURA 20 – A ação do vento determina a

intensidade e a propagação dos incêndios

florestais.

FONTE: sobreventos.com

O incêndio florestal, devido às

suas características próprias, causa

correntes locais que interagem ao efeito

das correntes de ar, atuando na

propagação do fogo. Pelo princípio das

correntes de convecção o ar que está

sobre as chamas (aquecido) tende a

subir, alimentando a combustão com

entrada de ar renovado. O mesmo

processo ocorre quando o sol aquece o

solo, fazendo com que o ar que está

próximo ao mesmo se levante, o que

nos permite observar que durante o dia

a tendência das correntes de vento é

subir os vales e declives, ocorrendo

processo inverso a noite devido à

inversão das correntes.

FIGURA 21 – Comportamento do vento

conforme o período.

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

2.1.2.2 Umidade relativa do ar

Quando discutimos umidade na

atmosfera é importante conhecermos

dois pontos de referência para qualificar

a umidade em qualquer tempo e lugar,

que são o ponto de orvalho e a

umidade relativa do ar.

A umidade relativa do ar destaca-

se no estudo do comportamento do

fogo, principalmente em nossa região

onde existe, nos períodos críticos à

eclosão dos incêndios florestais, uma

tendência a dias com umidade relativa

do ar extremamente baixa. Fato

semelhante ocorre na região central de

nosso país que também é violentamente

assolada pelos incêndios florestais,

principalmente no cerrado. A umidade

do material combustível varia de acordo

com a umidade relativa do ar, no caso

da inexistência de precipitações. Os

combustíveis absorvem água de uma

atmosfera úmida e a liberam em dias

quentes, entretanto tal fenômeno está

também intimamente ligado ao

tamanho, compactação e arranjo do

material. À medida que a umidade

relativa do ar decresce a velocidade de

propagação do fogo aumenta,

tornando-se o combate extremamente

difícil. Outro ponto de destaque que

merece a atenção de quem comandará

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

40

as ações de combate aos incêndios

florestais é o desgaste dos combatentes

devido à baixa umidade, que poderá

causar desidratações e outras

complicações, portanto a rehidratação é

fator que deve ser colocado em primeiro

plano para um combate eficaz e sem

perda de pessoal.

No período noturno, devido a

existência de uma maior umidade no ar,

podemos ter a formação do orvalho, que

resulta da condensação do vapor de

água sobre superfícies arrefecidas.

Normalmente ocorre em noites claras,

em que o calor do solo é perdido por

radiação, e consiste na formação de

gotas de água nas superfícies frias

(folhas, ervas, pedras).

Assim, se a temperatura da

vegetação baixar, então o excesso de

vapor de água existente na atmosfera

condensa-se e deposita-se na vegetação,

formando o orvalho. Neste caso, a

tendência do incêndio é de arder mais

lentamente, devido a umidade absorvida

pelos combustíveis, fato este que

favorece o combate à noite, porque em

certos casos, o combate durante o dia

torna-se extremamente dificultado pelas

condições climáticas.

Entretanto devemos sempre

empregar todos os esforços para se

combater os incêndios durante o dia,

pois o risco de acidentes é menor, bem

como no caso de grandes incêndios é

necessário se prever o descanso de

pessoal empregado. Quando não for

possível tal combate, esforços maiores

devem ser dispensados à noite, desde

que o terreno ofereça condições para tal

prática.

A tabela a seguir mostra a relação

entre a umidade relativa do ar e a

velocidade de propagação do fogo.

UMIDADE RELATIVA

DO AR (%)

FATOR DE

PROPAGAÇÃO

45 – 41 1,0

40 – 31 1,4

30 – 26 2,0

25 – 16 2,8

< 16 3,2

2.1.2.3 Precipitação

A ocorrência de chuvas é o

principal fator na extinção de um

incêndio florestal. Sua influência direta

na propagação do fogo é evidente.

Entretanto precisamos compreender de

que forma ela age, principalmente no

combustível florestal.

FIGURA 22 – Ação da chuva na floresta

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

Longos períodos de estiagem

afetam o potencial de propagação do

incêndio, principalmente pela secagem

do combustível, o que aumentará a

probabilidade de ignição e facilitará a

propagação.

Com a ocorrência de precipitação

o potencial de propagação pode ser

reduzido a zero, mas devemos

considerar que condições críticas de

inflamabilidade não são revertidas

facilmente, pois combustíveis secos

devido a longos períodos de estiagem

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

41

são umedecidos superficialmente com a

ocorrência de precipitação, mas na

continuidade de tempo seco eles voltam

as mesmas condições que se

apresentavam, tornando-se novamente

inflamáveis.

2.1.2.4 Temperatura

A temperatura do ar atua em

conjunto com praticamente todos os

demais fatores de propagação dos

incêndios florestais. Normalmente ela é

medida em um termômetro e mensurada

em graus Celsius (º C) ou Fahrenheit (º

F).

Para conversão de Celsius para

Fahrenheit aplicar a fórmula a seguir:

C/5 = (F –32)/9

O combustível florestal depende

da temperatura do ar em volta dele para

entrar em ignição. Experiências

mostraram que a temperatura de ignição

do combustível varia de 260º a 400º C,

variando de acordo com o tipo do

combustível e com as condições

atmosféricas. O tempo necessário para o

início da combustão depende do teor de

umidade do combustível, ou seja, da

quantidade de calor necessária para

vaporizar a água antes que a ignição

possa iniciar. A temperatura máxima

que o combustível pode atingir se

considerando apenas a radiação solar é

em torno de 75º C, o que não é

suficiente para provocar a ignição.

Entretanto o aquecimento solar

principalmente nos dias com pouca

incidência de nuvens pode favorecer tal

fenômeno, pois quanto maior for a

temperatura do combustível, menor será

a diferença entre sua temperatura inicial

e temperatura de ignição.

Devemos lembrar que é muito

difícil medir a temperatura de um

combustível durante um incêndio,

portanto alguns pontos precisam

sempre ser reavivados por quem for

combater ou planejar o combate a um

incêndio florestal:

Os combustíveis finos tem

aquecimento facilitado pela

temperatura do ar e radiação;

Durante a parte mais quente do dia,

os combustíveis voltados para as

encostas norte e oeste apresentam

temperaturas mais altas que os

combustíveis das faces sul e leste;

Combustíveis maiores respondem

mais lentamente aos efeitos das

mudanças de temperatura do ar e

da radiação solar;

Combustíveis maiores apresentam

menor temperatura que os finos

durante o dia, ocorrendo o inverso

à noite;

Dos combustíveis expostos à

radiação solar os superficiais

apresentam maior temperatura que

os aéreos.

2.1.2.5 Estabilidade atmosférica

O ar na atmosfera pode estar

estável, neutro ou instável, dependendo

da temperatura em que se encontra. A

estabilidade atmosférica refere-se a tais

movimentos, que dependendo das

condições locais alteram o

comportamento do fogo.

Na atmosfera encontramos o ar

em movimento constante, variando de

acordo com a temperatura, umidade,

pressão e outras propriedades. Na

ocorrência de um incêndio em uma

floresta, a atmosfera próxima das

chamas se tornará extremamente

aquecida, o que produzirá grande

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

42

instabilidade em níveis acima, criando

movimentos verticais das correntes de ar

que poderão incrementar a atividade do

fogo. Tal fenômeno ocorre também em

dias muito quentes, quando o ar

aquecido por radiação solar gera

correntes verticais de instabilidade.

FIGURA 23 – Instabilidade atmosférica

resultante de incêndio florestal.

FONTE: USDA – Forest Service.

2.1.3 Topografia (relevo)

A topografia do terreno afeta o

meio ambiente do incêndio por alterar

os processos normais de transmissão de

calor e influenciar nas modificações do

clima local, influenciando no tipo de

vegetação e combustível. Pode-se dizer

que resulta em micro climas com

condições de umidade localizadas e

específicas.

Para melhor entendermos os

fatores topográficos nos incêndios em

florestas passamos a abordá-los a

seguir:

2.1.3.1 Inclinação

Os incêndios tendem a se

propagar mais rapidamente em

montanhas e vales acima (aclives) e mais

lentamente nos declives. A medida que a

inclinação aumenta a propagação do

fogo também aumenta, causando mais

destruição.

FIGURA 24 – Propagação do incêndio

conforme a inclinação.

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

Nos aclives a inclinação favorece a

aproximação da chama com o

combustível, o que gera uma exposição

maior às ondas de calor transmitidas por

radiação e convecção aquecendo e

secando rapidamente o material

combustível, causando uma propagação

mais intensa do fogo. Ocorre ainda uma

interação de fenômenos, pois a corrente

de ar gerada pelo fogo encaminha-se

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

43

por convecção aclive acima gerando um

abastecimento de novo suprimento de ar

que favorecerá a combustão. Nos aclives

o combustível incendiado pode rolar

morro abaixo, dando início a novos

focos de fogo em áreas intactas e

expondo os combatentes ao risco de

ficarem confinados entre duas frentes de

incêndio.

2.1.3.2 Exposição

A exposição refere-se a incidência

direta dos raios solares no terreno.

Abaixo do Equador os raios solares

incidem com maior intensidade nas

faces voltadas para o norte, sendo estas

as mais aquecidas. Em seguida temos as

faces oeste, leste e sul, nesta ordem,

como as mais aquecidas.

FIGURA 25 – Exposição aos raios solares na

floresta.

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

Devido a tal incidência, as faces

que mais recebem radiação vão

apresentar umidade de combustível mais

baixa, menor umidade relativa do ar,

maior temperatura, ocasionando assim a

secagem do material combustível,

aumentando o potencial de incidência e

propagação de incêndios florestais.

2.1.3.3 Elevação

A elevação está diretamente

relacionada com a estabilidade

atmosférica. Quanto maior a altitude,

mais rarefeito é o ar e mais baixas são

as temperaturas, o que influencia na

propagação do fogo. Topos de

montanhas e fundos de vales

apresentam diferentes condições de

queima devido às correntes de vento e

às condições de temperatura e umidade

em cada um deles. O potencial de

propagação é maior no fundo de um

vale durante o dia, sendo que à noite o

processo se inverte.

2.2 PARTES DE UM INCÊNDIO FLORESTAL

Se visualizarmos de cima, um

incêndio florestal começa de um ponto

que vai crescendo – trata-se de um foco

de incêndio.

O incêndio começa por um ponto

e vai se alastrando, desenvolvendo-se

inicialmente num pequeno círculo. A

energia do centro se junta com a energia

dos novos combustíveis que começam a

queimar. Passado pouco tempo observa-

se que, no centro, já não há chamas,

porém a quantidade de calor começa a

ser suficiente para que haja auto-

propagação.

Temos então três tipos de zonas

de chamas evoluindo:

A favor do vento ou encosta acima

(frente do incêndio);

Contra o vento ou encosta abaixo

(retaguarda);

Entre estas zonas (flancos).

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

44

Às diferentes partes de um

incêndio florestal são dados nomes, que

todos os combatentes devem conhecer:

Frente principal ou cabeça – zona

onde o incêndio se propaga com

maior intensidade;

Retaguarda ou cauda – zona

oposta à frente, onde o incêndio

assume menor intensidade, ainda

que possa também progredir nessa

direção;

Flanco – parte lateral situada entre

a frente e a retaguarda. São

divididos entre direito e esquerdo;

Dedo – saliência num flanco,

correspondente ao local onde o

incêndio se propaga com maior

velocidade;

Ilha – área situada no interior do

perímetro do incêndio que não foi

atingida pelo mesmo, isto é, não foi

queimada;

Foco secundário – ponto exterior,

separado do perímetro do incêndio

principal, onde se verifica a ignição

de um novo foco de incêndio;

Bolsa – zona compreendida entre o

flanco e o dedo.

FIGURA 26 – Partes de um incêndio florestal.

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

2.3 PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS

FLORESTAIS

Como já abordado, os principais

fatores que influenciam na propagação

dos incêndios florestais são o vento e as

correntes de convecção.

2.3.1 Propagação pelo vento

Os incêndios propagados pelo

vento tem como características uma

coluna de fumaça direcionada para a

direção do vento, o que favorece ao

combatente identificar a cabeça,

retaguarda e flancos.

Podemos ainda observar nesses

tipos de incêndios:

Propagam-se de forma elíptica;

A intensidade e o sentido de

propagação estão diretamente

relacionados com a velocidade e

direção do vento;

Ocorrem, frequentemente, focos

secundários na frente do incêndio;

A retaguarda e os flancos podem

ser dominados, com relativa

facilidade;

É possível prever para onde o

incêndio vai propagar.

FIGURA 27 – Propagação em função do

vento.

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

45

FIGURA 28 – Comportamento de incêndio

florestal em função do vento.

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

2.3.2 Propagação pela ação das

correntes de convecção

Nos incêndios propagados pela

ação das correntes de convecção

observam-se colunas de fumaça

ascendentes. Muita atenção neste tipo

de incêndio, pois, nestas situações, não

é possível determinar onde ficam a

cabeça, os flancos e a retaguarda.

Podemos ainda observar nesses

tipos de incêndios:

A velocidade e direção de

propagação são atípicas;

Pode haver fogo encosta abaixo e

sem a ajuda do vento;

Não há, normalmente, projeção de

materiais e partículas

incandescentes a grande distância;

Pode haver queda de partículas

incandescentes na área de

influência da coluna de fumaça,

mas a sua direção é aleatória;

O incêndio propaga-se de uma

forma intensa;

A dificuldade em dominar o

incêndio é muito grande;

Não é possível prever para onde o

incêndio se vai propagar.

FIGURA 29 – Ação das correntes de

convecção em um incêndio florestal.

FONTE: Combate a incêndios florestais – Escola

Nacional de Bombeiros – Portugal.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

46

03

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

DE COMBATE A INCÊNDIOS

FLORESTAIS

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

47

3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

DE COMBATE A INCÊNDIOS

FLORESTAIS

Nas ações de combate a incêndios

florestais as ferramentas e aparelhos

ocupam papel de destaque, pois os

trabalhos desenvolvidos, na maioria das

vezes, nas áreas de incêndios, são

inacessíveis ao transporte moto-

mecanizado terrestre, restando assim o

transporte do material portátil pelo

próprio homem ou por aeronaves.

O emprego de equipamentos

pesados, tais como veículos de combate

a incêndio, tratores e aeronaves

facilitam muito o trabalho dos socorros

e guarnições de combate, pois executam

rapidamente o trabalho de diversos

homens.

O material deverá estar sempre

reservado e disponível para o pronto

emprego. Os materiais de corte (enxada,

machado, pás, foices, facões, etc.)

devem ser destinados exclusivamente

para tal finalidade devendo ser

marcados, acondicionados em locais

previamente determinados e ter

manutenção periódica.

A classificação dos materiais e

equipamentos obedece, no Corpo de

Bombeiros do Estado do Paraná, os

seguintes critérios:

BOMBAS

ESCADAS

EXTINTORES

FERRAMENTAS E APARELHOS

MATERIAL DE ABASTECIMENTO

MATERIAL DE COMUNICAÇÃO

MATERIAL DE ESTABELECIMENTO

MATERIAL DE ILUMINAÇÃO

MATERIAL DE PROTEÇÃO

INDIVIDUAL (EPI)

MATERIAL ESPECIAL

VEÍCULOS

Tendo em vista o campo de

Combate a Incêndios Florestais ser

específico e possuir materiais

característicos passaremos a estudá-los

abaixo:

3.1 BOMBAS

São equipamentos hidráulicos

destinados a deslocar líquidos para a

extinção de incêndios. As bombas

poderão fazer parte de uma viatura de

combate a incêndios ou ser

independentes. Sabemos que a água é o

agente mais eficaz para o combate a

incêndios, portanto sempre que for

possível ela deverá ser levada ao local

do incêndio. Caso seja viável se

aproximar de um incêndio florestal com

uma viatura de combate a incêndios tipo

Auto Bomba Tanque (ABT) teremos uma

certa capacidade de água e uma bomba

para lançar o agente extintor.

Entretanto, é comum na prática do

combate, nos depararmos com locais

inacessíveis, e caso haja próximo uma

fonte de água poderemos lançar mão de

bombas portáteis, que serão muito

úteis. Atualmente existem bombas

portáteis que necessitam estabelecer

uma coluna de água para se iniciar o

bombeamento e também bombas auto-

escorvantes onde basta funcioná-las

para que se inicie o bombeamento. As

bombas auto escorvantes são as mais

indicadas, pois tem o manuseio

facilitado, existindo inclusive bombas

flutuantes, que realizam o

bombeamento em finas lâminas de água

(mínimo de 10 cm).

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

48

As bombas possuem acessórios

para seu manuseio como mangotes para

sucção, mangueiras e esguichos.

Devemos lembrar da previsão de

combustível sobressalente se

utilizarmos bombas no combate aos

incêndios florestais.

FIGURA 30 – Bombas de combate a

incêndios florestais. 1 Bomba Mosquito. 2

Bomba flutuante (Floto-Pump). 3 Bomba

Mark 3.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2 FERRAMENTAS E APARELHOS

As ferramentas e aparelhos são

empregados no ataque direto e no

ataque indireto aos incêndios florestais,

devendo seu uso ser exclusivo para tal

atividade. As ferramentas devem ser

utilizadas de forma correta, observando-

se condições de segurança, tanto no

transporte, quando no trabalho de

campo.

Quando se anda em linha

devemos manter um mínimo de 1,5

(uma vez e meia) a distância do cabo da

ferramenta entre os componentes da

guarnição; e na construção de aceiros

esta distância deve ser pelo menos de

dois a quatro metros.

O manuseio correto das

ferramentas poupa o combatente de

esforços desnecessários, como por

exemplo, elevá-las demais não fará com

que o serviço tenha melhor qualidade,

somente desgastará o combatente.

3.2.1 Facão com bainha

Utilizado normalmente pelo

Chefe da Guarnição de Combate a

Incêndio Florestal, é empregado para se

marcar a linha de aceiro a ser seguida,

no corte de vegetação baixa e pequenos

arbustos. Durante o seu manuseio o

operador deve estar atento quanto a

acidentes que podem ocorrer.

Após utilizar a ferramenta a

mesma deve ser afiada, observando-se

um sentido único para o fio, bem como

o fio deve ser protegido por fita que o

isole (fita crepe ou similar).

3.2.2 Foice

Possui emprego similar ao do

facão, porém com capacidade de corte

de arbustos de maior porte a árvores de

pequeno diâmetro. Pode ser empregada

após a confecção do aceiro para se roçar

a vegetação em ambos os lados a fim de

diminuir a carga do material combustível

a ser queimado.

O uso da foice na linha de aceiro

requer muita atenção por parte de seu

operador, a fim de se evitar acidentes.

3.2.3 Machado lenhador (Pulaski)

É empregado quando o abate de

árvores é necessário e o uso da foice é

ineficiente.

1

2

3

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

49

Pode ser utilizado também para

raspar solos rígidos na linha de aceiro,

empregando o lado oposto ao de corte.

FIGURA 31 – Ferramentas de combate a

incêndios florestais. 1 Foice. 2 Pulaski. 3

Facão.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.4 Enxada

A enxada é ferramenta

fundamental para corte e remoção na

confecção de um aceiro. A vegetação

próxima ao solo deve ser retirada com o

emprego da enxada.

3.2.5 Rastelo (ancinho)

É empregado para a remoção do

material que foi cortado. Lembrar que

tal material deve ser depositado, no lado

oposto ao sentido de progressão da

frente de fogo.

3.2.6 “McLeod”

Ferramenta combinada com dupla

finalidade (enxada e rastelo) que pode

ser empregada para corte e raspagem

do combustível florestal e do solo.

3.2.7 Pás e cortadeiras

Tem emprego importante na

execução de aceiros, podendo ser

utilizadas para retirar material cortado,

no lançamento de terra na base das

chamas ou para cobrir troncos e árvores

incendiadas que estão no solo.

FIGURA 32 – Ferramentas de combate a

incêndios florestais. 1 Enxada. 2A e 2B

Rastelo. 3 McLeod. 4 Pá.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.8 Queimador para incêndio

controlado

Aparelho conhecido pela

denominação “pinga-fogo”, é utilizado

para as práticas de fogo contra-fogo e

queimada controlada. Confeccionado em

metal com capacidade para 5 litros de

combustível, que deverá ser uma

mistura de óleo diesel e gasolina ou

querosene na seguinte proporção:

Óleo Diesel/Gasolina: 4/1 litros

Óleo Diesel/Querosene: 3,5/1,5 litros.

Jamais deverá ser utilizada uma

proporção maior que a recomendada de

gasolina em sua mistura, pois poderá

ocorrer risco para o operador.

1

2

3

1

2a

A

2b

A

4

3

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

50

O aparelho possui dois sistemas

de regulagem, um para combustível e

outro para ar, e só funciona com ambas

abertas. É possível dosar a quantidade

de combustível a ser lançado na

vegetação, bem como a abertura para

entrada de ar.

Virando o aparelho com as

regulagens devidamente calibradas, o

combustível é lançado sobre uma

superfície espargidora, que é acesa pelo

operador. Ao caminhar com o aparelho

virado na vegetação gotas de

combustível incendiado são lançadas

iniciando focos de incêndio.

O queimador deverá ser operado

por pessoa que tenha conhecimento das

técnicas e dos tipos de queimadas, pois

seus efeitos podem gerar transtornos e

destruições com a criação de novos

focos de incêndio sem controle.

FIGURA 33 – Queimador para incêndio

controlado (pinga-fogo).

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.9 Motosserra

Utilizada na confecção de aceiros

onde se necessite abater árvores de

grande porte ou para cortar árvores já

incendiadas que estejam em brasa. A

operação com motosserra merece

cuidado especial do operador para

evitar acidentes pessoais, bem como

acidentes com as guarnições que

estejam trabalhando na área. Sinais

sonoros que indiquem queda de árvore

devem ser do conhecimento de todas as

equipes que estejam empenhadas no

combate. O operador de motosserra

deverá estar equipado com todos os

equipamentos de proteção individual

(EPI) que o caso requer.

Guarnições deverão prever

combustível extra para as motosserras

quando executarem tal atividade.

FIGURA 34 – Motosserra

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.10 Roçadeira

Importante aliada na confecção de

aceiros com maior velocidade, a

roçadeira pode ser utilizada em

vegetação baixa, devendo o operador

estar atento a tocos e pedras. Como na

motosserra, é fundamental o uso de EPI

e a previsão de combustível extra.

FIGURA 35 – Roçadeira.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

51

3.2.11 Abafador

Tem grande utilização no ataque

direto aos Incêndios Florestais. O

abafador age basicamente pelo princípio

do abafamento, ao batê-lo contra o fogo.

Existem dois tipos de abafadores,

sendo que o primeiro consiste em um

retângulo de borracha flexível com

aproximadamente 40 cm de

comprimento, 30 cm de largura e 0,6 cm

de espessura, presos a uma armação de

ferro em formato de T, e fixado a um

cabo de madeira com 2 m de

comprimento mínimo. Uma outra

solução para confecção de abafadores

consiste em cortar pedaços de

mangueira de combate a incêndios, com

40 cm de comprimento, e fixá-las na

mesma estrutura acima descrita. Neste

tipo de abafador devemos lembrar que

não se deve abrir a mangueira, pois o

aquecimento tende a enrolar seu

material, o que prejudica o combate.

Em situações de emergência ou

onde não existam abafadores, pode-se

abrir mão de arbustos para tal

atividade.

FIGURA 36 – Abafador

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.12 Mangueiras e esguichos

São utilizados nos combates a

incêndios florestais, quando é possível a

utilização de água para o combate, seja

disponível por meio de viaturas de

combate a incêndio ou moto bombas.

As viaturas destinadas a tal

atividade deverão ser providas de

grande quantidade de mangueiras, pois

muitas vezes há necessidade de se

penetrar em longos trechos de

vegetação, ou mesmo caminhar morro

acima, necessitando assim a utilização

de vários lances até que se atinja a área

queimada.

FIGURA 37 – 1 Mangueira. 2 Esguichos. 3

Derivantes. 4. Válvulas.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.13 Bomba Costal e Mochila Costal

Equipamento de grande

versatilidade utilizado no combate ao

incêndio florestal no ataque direto ao

fogo. A bomba costal possui uma

capacidade de transporte de 20 litros de

água sendo carregada como uma

mochila nas costas do combatente.

Possui um sistema manual de

pressurização e um esguicho com

requinte ajustável que permite regular a

qualidade do jato. Devemos lembrar que

1

2

4 3

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

52

ao lançarmos água em um combate a

incêndio florestal deveremos fazê-lo na

base das chamas.

A mochila costal possui as

mesmas características operacionais da

bomba costal, porém confeccionada em

PVC maleável que se molda

perfeitamente as costas do combatente,

lhe garantido mais conforto no

transporte e no combate.

No seu manuseio o combatente

florestal deverá estar atento a galhos,

tocos, cercas de arame e outros objetos

que possam vir a danificá-la.

FIGURA 38 – Bomba e mochila costal.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.2.14 Manutenção das ferramentas

O trabalho de combate a

incêndios florestais eficiente será

possível com ferramentas em boas

condições de uso. Todos os

combatentes são responsáveis pela

manutenção das melhores condições de

uso de todo o equipamento que se

encontra dentro de suas atribuições.

Após o uso elas devem ser

inspecionadas, ter a manutenção

realizada e serem acondicionadas

prontas para um próximo emprego.

a. Cabo das Ferramentas

Cuidado especial deve ser dado

ao cabo das ferramentas. Eles devem ser

inspecionados a procura de rachaduras,

deverão estar bem firmes e serem

colocados nas ferramentas com a

utilização de cunhas em madeira para

dar aperto.

b. Fio de Ferramentas

Ao afiarmos ferramentas devemos

ter o cuidado de não superaquecê-las. A

lima deve obedecer sempre ao sentido

de corte das mesmas e o fio é feito em

um único sentido. Após afiadas as

ferramentas é importante proteger o seu

fio com a colocação de uma fita

aderente (crepe) no mesmo, pois assim

garantiremos também proteção contra

ferrugem.

O responsável pela afiação deverá

estar portando luvas.

c. Transporte de Ferramentas

O transporte das ferramentas é

fator importante dentro de um combate

a incêndios florestais. Jamais podemos

transportar ferramentas e combatentes

juntos, devendo portanto haver um local

específico para as mesmas,

preferencialmente, em compartimentos

exclusivos. No transporte em linha por

combatentes o fio de corte sempre

deverá estar voltado para o solo, e por

questões de padronização e segurança

todas as ferramentas devem ser

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

53

transportadas do mesmo lado. A

distância entre homens será de no

mínimo 1,5 vez o tamanho do cabo da

ferramenta do companheiro da frente

em estrada e pelo menos 2 a 4 metros

no campo.

FIGURA 39 – Transporte de ferramentas por

uma guarnição de combate a incêndios

florestais (GCIF).

FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning

As ferramentas destinadas ao

incêndio florestal devem ter um fim

específico para tal, não devendo ser

empregadas em outras atividades que

não seja a confecção de linhas de

aceiros ou em missões de combate aos

incêndios florestais.

Em campo, quando houver

possibilidade, deve ser construído um

local específico para o

acondicionamento adequado das

ferramentas e equipamentos. Tal local

recebe a denominação de almoxarifado

de ferramentas e deve ter um

encarregado que irá oferecer suporte

logístico de manutenção e reparos.

As ferramentas devem ser

acondicionadas conforme o trabalho que

cada uma realiza (corte, remoção,

raspagem) objetivando facilitar a

organização do almoxarifado e evitar

que ocorram acidentes.

FIGURA 40 – Organização do almoxarifado

de campo.

FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning

3.3 MATERIAL DE ILUMINAÇÃO

São os materiais empregados nos

incêndios florestais nas missões

noturnas, para garantir segurança

pessoal, bem como propiciar condições

de trabalho. São empregados nos

acampamentos para iluminação e

desenvolvimento de todas as atividades

de apoio, onde se necessite energia

elétrica e iluminação.

3.3.1 Lanterna de mão

São essenciais para garantir

segurança ao combatente de incêndios

florestais. Deve-se optar por uma

lanterna de boa qualidade, com

interruptores protegidos, que não

apresentem o risco de ligar a lanterna

acidentalmente. O foco ajustável é uma

excelente característica disponível em

algumas lanternas. O refletor gira,

permitindo um foco mais concentrado

para iluminar mais a distância. Uma

lanterna sempre deverá possuir focos

sobressalentes, bem como baterias para

reposição. Para uma lanterna de mão

deverá ser previsto dois focos

sobressalentes e dois jogos de bateria,

de preferência alcalina.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

54

Atualmente existem lanternas

dotadas de baterias recarregáveis que

também podem ser empregadas pelas

guarnições de combate a incêndio

florestal, desde que seja possível a carga

das mesmas em campo, com a utilização

de geradores de energia ou viaturas que

permitam tal operação.

FIGURA 41 – Lanternas de mão.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.3.2 Lanterna de Cabeça (Headlamps)

Tem a mesma finalidade da

lanterna de mão, porém é de

fundamental importância nas atividades

de combate a incêndios florestais nos

horários noturnos, bem como nos

deslocamentos a noite, por ter um

sistema de tiras elásticas, a mesma se

adapta à cabeça do combatente,

deixando suas mãos livres para

trabalhos na linha de aceiro, dando

também mais confiança e segurança nos

deslocamentos. É importante o emprego

de modelos onde seja possível que a

lanterna seja presa ao capacete do

combatente florestal.

A existência da lanterna de

cabeça não desobriga o uso da lanterna

de mão, pois todo combatente deve

possuir duas lanternas para sua maior

segurança.

FIGURA 42 – Lanternas de cabeça.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.3.3 Gerador de Energia

Nos acampamentos organizados

para atividades de combate a incêndios

florestais, os geradores de energia são

peças de fundamental importância, pois

garantem a comodidade e o conforto

mínimo para o descanso das equipes

empenhadas no combate, bem como o

funcionamento da base e de toda a

estrutura necessária para o controle do

incidente. Os geradores devem ser

previstos de acordo com o número de

homens empregados na ação de

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

55

combate ao incêndio florestal. Deve-se

prever também a quais equipamentos

eles fornecerão energia, tais como

carregadores de rádios de comunicação,

material de informática e iluminação,

entre outros.

FIGURA 42 – Geradores de energia.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

Em qualquer acampamento é

imprescindível a utilização de dois

geradores, o que torna possível um

revezamento, evitando desgastes

excessivos, que poderão gerar panes

elétricas. É importante lembrar que em

muitos incêndios florestais os geradores

poderão funcionar por 24 horas

ininterruptamente, pois fornecerão

energia para estações fixas de rádio. O

gerador de energia sempre deverá

possuir sobressalentes suas peças

básicas para funcionamento, como velas

e cordeletes de partida. Deve-se prever

também o combustível para seu

funcionamento. O controle e

abastecimento do gerador deve ser feito

somente por uma única pessoa, de

preferência o encarregado do

almoxarifado do acampamento.

3.3.4 Extensões e Lâmpadas

Extensões deverão ser previstas

para todo o acampamento. Deve-se

sempre procurar fornecer energia a

todas as barracas onde os combatentes

irão descansar. O local destinado às

refeições deve ser bem iluminado.

Lâmpadas também devem ser previstas

admitindo-se um número elevado de

queimas, devido às oscilações

apresentadas pelo gerador.

3.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO

INDIVIDUAL (EPI)

Todo o combatente de incêndio

florestal deverá utilizar EPI, mesmo que

esteja empenhado no ataque indireto,

pois há o risco de acidentes que podem

gerar transtorno ao combatente e à

operação de combate.

3.4.1 Capacete

Garante ao combatente proteção

mecânica contra queda de galhos e

pequenos arbustos, além de protegê-lo

de eventuais acidentes com ferramentas

e equipamentos. Preferencialmente

deve-se optar por capacete que seja leve

e cômodo ao combatente, e possua

jugular ajustável, bem como encaixe

para lanterna.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

56

FIGURA 44 – Capacete

FONTE: MSA/Gallet

3.4.2 Protetor Auricular

Para proteção quando se utiliza

equipamentos como motosserras,

motogeradores e outros com elevada

taxa de emissão de ruídos.

3.4.3 Protetor de vista

Para proteção das vistas contra

galhos, pedaços de madeira e outros

riscos, além de proteção contra a

fumaça liberada nos incêndios. Deve ser

transparente, garantir um fechamento

total das vistas, inclusive lateral,

devendo ainda ser provido de meios que

evitem sua perda em caso de queda

(cordeletes).

FIGURA 45 – Óculos de proteção.

FONTE: sossul.com.br

3.4.4 Lenço em Algodão

Garante ao combatente de

incêndios florestais uma proteção facial

contra a fumaça, pois funciona como um

filtro contra a fuligem eliminada junto

com a fumaça. Garante também ao

combatente maior conforto, quando

preso junto ao capacete (envolvendo a

cabeça), pois é uma forma de dar maior

firmeza ao capacete, bem como um

filtro para o suor eliminado. Recomenda-

se a utilização de um lenço em algodão

com as dimensões de 55 cm por 50 cm.

FIGURA 46 – Lenço em algodão.

FONTE: sossul.com.br

3.4.5 Balaclava

Confeccionada em tecido anti-

chamas oferece proteção ao combatente

florestal, principalmente na região da

face e pescoço. Deve ser utilizada em

conjunto com o capacete.

FIGURA 47 – Balaclava.

FONTE: igbionline.com.br

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

57

3.4.6 Luva de vaqueta

Para proteção das mãos nas

atividades de Ataque Direto ou Indireto.

Importante utilizar uma luva que possua

sistema de fecho no punho.

FIGURA 48 – Luva de Couro com reforço.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

3.4.7 Bota

O calçado para o combate a um

incêndio florestal merece destaque, pois

deve dar garantias ao seu usuário de

resistência e conforto. Existem no

mercado vários tipos de calçados que

oferecem tais condições, entretanto não

devemos deixar de lembrar que a bota

deverá ser robusta o suficiente para

suportar os arranhões de rochas e

outros obstáculos comuns ao ambiente

florestal, além de possuir solado que

permita o caminhamento por curtos

períodos em áreas com brasa.

FIGURA 49 – Bota reforçada.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR

O material de sua constituição

deve ser preferencialmente o couro, pois

resiste mais à caloria dos incêndios e de

pequenas fagulhas em brasa que

venham a entrar em contato como

calçado.

3.4.8 Polainas em couro

Para a proteção das pernas do

combatente contra fagulhas e cortes em

pontas de madeira. Conforme a

constituição da polaina ela poderá

oferecer proteção contra picadas de

ofídios.

3.4.9 Roupa resistente a chama

Em uma atividade de combate a

incêndios florestais, devemos utilizar

roupas adequadas, que resistam a ação

das chamas e ofereçam proteção em

caso de contato próximo com as

mesmas.

Existem atualmente roupas

confeccionadas em tecidos anti-chamas

e ignifugantes que resistem a chamas

devido a sua constituição química.

Capas de combate a incêndios

garantem proteção ao combatente,

porém limitam seus movimentos. Caso

não seja possível a utilização de tecidos

anti chamas, devemos lembrar que

tecidos em algodão são os mais

recomendados, devendo-se evitar a

utilização de tecidos sintéticos, até

mesmo nas roupas íntimas, camisetas e

meias.

Vale lembrar que mesmo que o

combatente esteja utilizando uma roupa

adequada e todos os EPI recomendados,

todos os preceitos de segurança devem

ser observados, principalmente das

guarnições de ataque direto ao fogo,

que devem evitar contato direto com o

mesmo por um longo período. Jamais o

combatente deve se colocar em uma

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

58

condição que permaneça em exposição

direta às chamas sem rota de fuga

previamente estabelecida.

FIGURA 50 – EPI para combate a incêndios

florestais.

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

3.5 VEÍCULOS DE COMBATE A

INCÊNDIOS FLORESTAIS

Veículos que transportam água

são fundamentais para apoio nas

operações de combate aos incêndios em

florestas. Para esta finalidade algumas

diferenças entre os veículos para

atividades de combate a incêndios

urbanos são necessárias, devido

principalmente ao local por onde tais

veículos vão trafegar.

Devemos considerar que grande

quantidade de transporte de água é

normalmente incompatível com a

realidade de um incêndio florestal, pois

as viaturas vão transitar em áreas de

difícil acesso, necessitando ser

relativamente leves e curtas para facilitar

as manobras. Para um eficaz combate

não se necessita de muita vazão de

água, pois a mesma deve ser lançada na

base das chamas de forma neblinada.

Portanto a melhor opção para um

veículo de combate a incêndio florestal

tipo Auto Bomba Tanque, é a

configuração para uma capacidade

transportável de 2.500 a 3.000 litros de

água, devendo ainda tal veículo ser

provido de um sistema de suspensão

reforçado e de mecanismo de tração

auxiliar. Seu sistema de bomba deve ser

independente para que permita ao

veículo transitar em estradas lançando

água ou espuma na vegetação próxima.

FIGURA 51 – Veículo para combate a

incêndios florestais.

FONTE: www.hvba.pt

Os equipamentos e ferramentas

disponibilizados para tal veículo devem

ser acondicionados de forma a ficarem

presos e travados, para que não sofram

avarias ao se trafegar por trechos de

estradas não pavimentadas, bem como

devem possuir compartimentos

específicos para cada tipo de material. A

fim de se evitar acidentes devemos

evitar o transporte de ferramentas,

materiais, equipamentos e pessoal.

Veículos 4 x 4 são essenciais para

tal atividade, pois possibilitam acesso a

trechos onde veículos normais (sem

sistema 4 x 4) não conseguem passar.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

59

FIGURA 52 – Veículo 4 x 4 (transporte de

GCIF e equipamentos com segurança).

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

3.5.1 Veículos pesados

Tratores são meios eficientes para

o combate aos incêndios florestais,

principalmente na confecção de aceiros.

Onde for possível o acesso de um

trator, ele fará o trabalho de várias

guarnições.

Quando possível, deve-se adotar

os tratores com esteiras para execução

da linha de aceiro, mas pode-se também

empregar tratores com rodas desde que

as condições de terreno assim

permitam. Existem limitações de

terreno, mas de um modo geral

podemos empregar tratores com

lâminas obedecendo aos seguintes

critérios:

DECLIVES: Em inclinações de até 70%;

ACLIVES: Em inclinações de até 60% ;

LADEIRAS: Máximo de 45%.

Antes da utilização dos tratores

deve-se fazer uma avaliação do terreno,

pois o mesmo pode ser alagadiço o que

causará transtornos à operação.

Devemos observar também o tipo de

vegetação e a presença de rochas que

venham a retardar ou impedir o serviço.

FIGURA 53 – Trator de esteira (empregado

na confecção de aceiros).

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

A utilização de tratores deve

prever pessoal especializado, sendo o

tratorista e o localizador, que o orientará

sobre o caminho correto a ser seguido

na construção da linha de aceiro. Prever

ainda combustível sobressalente.

As motoniveladoras são

importante no alargamento dos aceiros,

pois desenvolvem maior velocidade e

são mais facilmente encontradas, sendo

possíveis requisitá-las junto à prefeituras

e fazendas.

A ninguém será permitido viajar

sobre o trator além do operador ou

mecânico.

3.6 COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

COM AERONAVES

O emprego de aeronaves

caracateriza-se como uma das formas

mais eficientes para o efetivo combate a

um incêndio florestal, sejam de asa fixa

(aviões) ou asa móvel (helicópteros),

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

60

pois ambos facilitam as operações de

apoio e combate propriamente ditas.

3.6.1 Emprego de aviões

Os aviões são eficazes no

transporte de tropa, transporte de

grande capacidade de carga e material

de combate.

Além disso são empregados no

ataque direto às chamas, lançando

agentes retardantes em áreas ainda não

atingidas pelo fogo, ou água sobre os

incêndios.

No Estado do Paraná tem sido utilizado

com sucesso o emprego de aviões

agrícolas, tipo Ipanema, com capacidade

para transporte de 600 litros de água,

que permite um lançamento na

vegetação que está queimando dividido

em duas cargas de aproximadamente

300 litros de água cada, ou uma única

com a capacidade total de transporte.

FIGURA 54 – Aeronave Ipanema executando

lançamento de água.

FONTE: fca.unesp.br

Internacionalmente se empregam

aviões maiores, com maior capacidade

de transporte de carga. Nos Estados

Unidos os aviões Hércules C 130

transportam e lançam retardante em pó.

No Canadá são empregado os modelos

CL, sendo atualmente o CL 415

empregado para lançamento de 6137

litros de água. Tais aviões abastecem em

movimento sobre represas e outras

fontes de captação de água,

necessitando de 12 segundos para o

abastecimento completo, além de um

trecho que compreenda 1190 metros

para manobras de descida e decolagem.

O percurso percorrido no

abastecimento é de aproximadamente

380 metros.

FIGURA 55 – Aeronave C-130 executando

lançamento de retardante em pó.

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

FIGURA 56 – Aeronave CL 415 executando

lançamento de água.

FONTE: USDA – Forest Service

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

61

O emprego de aviões requer

pessoal especializado, como piloto e

equipe de apoio de terra.

PRINCIPAIS VANTAGENS (AVIÕES)

Rápida mobilização;

Grande capacidade de transporte

de pessoal e material;

Localização de focos de incêndio

facilitada;

Evita desgaste desnecessário de

equipes de terra.

NECESSIDADES (EMPREGO)

Pessoal especializado;

Pista para pouso;

Previsão de meios para

reabastecimento (caminhão ou

cisterna com moto-bomba);

Reabastecimento de combustível;

Custo elevado;

Operação limitada à condições de

visibilidade.

3.6.2 Emprego de Helicópteros

Os helicópteros tem realizado

com sucesso inúmeras operações de

combate a incêndios florestais, pois

comparativamente com os aviões

apresentam vantagens em mobilidade e

deslocamentos devido as suas

características únicas.

Eles podem ser também

empregados no transporte e lançamento

de tropa, materiais e equipamentos,

além de possuírem equipamentos

específicos para o combate.

O “Bambi Bucket” é um cesto em

lona preso ao helicóptero para o

transporte e lançamento de água ao

comando do piloto (comando elétrico).

Podem ser empregados também

tanques fixos ao helicóptero que são

destinados ao lançamento de água.

Existem no mercado equipamentos com

capacidade de 420 litros até 3000 litros

de água.

FIGURA 57 – Bambi bucket.

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

FIGURA 58 – Sikorski 64

FONTE: USDA – Forest Service

Inúmeros modelos de

helicópteros são empregados para o

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

62

combate aos incêndios florestais, sendo

que os de maior potência devem ser

priorizados para tal fim, pois a medida

que se aumenta a potência pode-se

transportar e, consequentemente, lançar

mais água em um incêndio, como no

caso do helicóptero Sikorski S 64, que

transporta 9000 litros de água em

compartimento fixo.

Outros modelos são

tradicionalmente empregados nas ações

de combate a incêndios florestais como

os Bell (212, 412, etc.) e os modelos

Eurocopter (Esquilo).

FIGURA 59 – Bell 412 em operação.

FONTE: flickr.net

VANTAGENS (HELICÓPTEROS)

Rápida mobilização;

Agilidade no transporte e

lançamento de pessoal e material;

Localização de focos de incêndios

facilitada;

Evita desgaste desnecessário de

equipes de terra;

Não necessita de pista para pouso;

Abastecimento do “ Bambi Bucket “

pode ser feito em pontos com

pequenas capacidades de água e

pouca lâmina;

Permite rápida evacuação de

feridos;

Vistoria grandes áreas em curto

espaço de tempo;

Fornece ao Comandante do

Incidente uma visão ampla da área

e a realidade da situação;

Apoio ao pessoal de terra quanto a

melhores caminhos e itinerários.

FIGURA 60 – lançamento de água por

helicóptero.

FONTE: Combate a incêndios florestais – Escola

Nacional de Bombeiros – Portugal.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

63

NECESSIDADES (HELICÓPTEROS)

Pessoal especializado;

Heliponto;

Reabastecimento de combustível;

Uso limitado à luz do dia;

Operação com custo elevado;

Operação limitada a condições de

visibilidade.

3.6.2.1 Segurança nas operações com

helicópteros

As operações que envolvam

helicópteros devem ser realizadas

observando-se todos os preceitos de

segurança, pois a aeronave exige uma

criteriosa rotina de segurança que deve

ser seguida para evitar que acidentes

ocorram.

As recomendações abaixo são

válidas para o emprego em qualquer

tipo de helicóptero e garantem ao

combatente e a guarnição da aeronave a

segurança mínima, por isso devem ser

sempre observadas.

Fatores de segurança a serem

observados pelas equipes de terra:

a. Mantenha-se afastado no mínimo a

20m do helicóptero quando ele estiver

próximo ao solo. Procure ficar agachado

para maior proteção.

b. Aproximar-se somente pela frente do

helicóptero, para que o piloto tenha sua

visualização. Jamais se aproxime do

rotor de cauda.

c. Em terrenos inclinados, aproxime-se

sempre pelo nível mais baixo.

d. Não olhe para o helicóptero quando

ele está prestes a levantar vôo. Use

proteção para vistas, pois objetos

podem ser lançados devido ao

deslocamento de ar ocasionado pelo

movimento do rotor.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

64

e. Ao aproximar-se do helicóptero com

equipamentos e ferramentas, mantê-los

próximo ao solo e segurá-los

firmemente.

f. Somente pessoal qualificado deve

colocar cargas e pessoas no helicóptero.

Seguir as orientações do Comandante da

Aeronave.

g. Procure sempre indicar a direção do

vento ao piloto.

h. Mantenha entulhos, material cortado

nos incêndios florestais e qualquer tipo

de objeto no mínimo a 30 metros da

área de manobra dos helicópteros.

i. Não descarregue, nem lance nenhum

material ou equipamento do helicóptero

enquanto o mesmo não estiver

estabilizado no solo.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

65

j. Em caso de acidente com a aeronave,

após a retirada dos tripulantes e

guarnição mantenha distância e procure

isolar a área.

Fatores de segurança a serem

observados em vôo:

a. Mantenha distância dos controles,

voando como tripulante.

b. Mantenha equipamentos,

ferramentas, mapas e papéis

devidamente seguros em vôo.

c. Informe ao piloto dos riscos que

podem afetar o helicóptero durante o

vôo.

d. Use Sempre Cinto de Segurança (SEAT

BELT).

Nota: todas as ilustrações utilizadas são

de origem do Helicopter Safet Sumary –

USDA Forest Service. Tradução do autor.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

66

POSIÇÃO DE EMERGÊNCIA (EM VÔO)

Mantenha o cinto de segurança;

Pernas elevadas (sentado);

Braços envolvendo as pernas;

Mãos entrelaçadas;

Cabeça entre os joelhos.

SINAIS VISUAIS DE EMERGÊNCIA

Necessário a presença de médico,

ferido em estado grave

Necessário suprimentos médicos,

primeiros socorros =

Incapaz para prosseguir X

Necessário água e comida F

Necessário armas e munição V

Necessário material de orientação e

navegação

Necessário equipamento de

comunicação e iluminação

Indicar qual direção devo seguir K

Estou seguindo nesta direção

Necessário combustível L

Tudo bem LL

Não N

Sim Y

Não entendido JL

Necessário mecânico W

Necessário socorro urgente SOS

3.7 MATERIAIS ESPECIAIS DE COMBATE A

INCÊNDIOS FLORESTAIS

Os materiais especiais são

aqueles que apóiam as ações de

combate, não se enquadrando nas

classificações já estudadas.

3.7.1 Kit “pick-up” para incêndios

florestais

É constituído de um kit contendo

conjunto de moto bomba, mangueiras,

esguicho e tanque com capacidade de

armazenamento de 400 litros de água. O

kit pode ser facilmente instalado na

caçamba de uma “pick-up”, podendo ser

empregado em locais de difícil acesso

aos veículos pesados de combate a

incêndios florestais. É possível também

acoplar ao kit um sistema gerador de

espuma (retardante químico),

potencializando desta forma o emprego

do equipamento.

FIGURA 61 – Kit “pick-up” para incêndios

florestais.

FONTE: sossul.com.br

Outros modelos de kit podem ser

instalados em veículos tipo pick-up,

inclusive com tanque fixo. Em ambos os

casos é importante que o veículo possua

tração 4x4, pára-choque com ângulo de

ataque adequado e guincho elétrico. Os

pneus devem ser compatíveis com o

terreno tanto “on road” quanto “off

road”.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

67

FIGURA 62 – Viatura preparada para

combate a incêndios florestais, com tanque

fixo para 700 litros de água e kit de

ferramentas (Corpo de Bombeiros de

Londrina/PR).

FONTE: 3º GB – Londrina-PR

3.7.2 Extintor de explosão

Trata-se de um equipamento

especial de combate a incêndios

florestais.

Sua constituição apresenta

retardante químico (fosfato de amônia,

água e explosivo), o qual age

triplamente, quebrando o triângulo do

fogo, por meio dos efeitos abaixo

descritos:

A explosão gerada cria uma bolha

desprovida de oxigênio;

O retardante químico reduz a

temperatura juntamente com a

água, aumentando a umidade e

zona de proteção;

O efeito expansivo da detonação

gera dispersão do material em

volta.

O extintor de explosão pode ser

empregado tanto na prevenção, pois

pode ser colocado no terreno em locais

onde não há fogo, quanto no ataque

direto disponibilizado nos locais onde

há a incidência de fogo.

FIGURA 63 – Extintor de explosão.

FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning

Por se tratar de um equipamento

que pode oferecer risco ao seu usuário,

recomenda-se que somente seja operado

por pessoal que tenha treinamento

especializado sobre seu correto

emprego, e que as distâncias de

segurança abaixo sejam observadas,

pois foram verificadas com base nos

resultados de testes efetuados em

laboratórios:

30 metros: mínima para evitar

danos físicos (extintores de 5 kg);

90 metros: distância mínima, a fim

de evitar prejuízos para os ouvidos

causados pela explosão de nível

sonoro (5 kg).

Devido à sua composição, a

poluição gerada após explosão está

limitada aos resíduos sólidos do casco

do extintor (plástico) que se

despedaçam no momento da explosão.

O equipamento pode ser

transportado em veículos, embarcações

e aeronaves devendo ter cuidado com o

perfeito acondicionamento do mesmo.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

68

04

ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

69

4. ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL

O Serviço de Combate a Incêndio

Florestal para dar atendimento à missão

que lhe cabe, é tecnicamente organizado

em:

Guarnições de Incêndios Florestais;

Socorro de Incêndios Florestais;

Prontidão de Incêndios Florestais.

O modelo organizacional que será

apresentado serve como referência para

a composição das equipes que irão dar

combate aos incêndios florestais.

Com a adoção da ferramenta

Sistema de Comando de Incidentes (SCI),

devemos lembrar que alguns princípios

devem ser observados quando

designarmos efetivo para ações de

combate a incêndios florestais, entre

eles o alcance de controle.

4.1 GUARNIÇÕES DE INCÊNDIOS

FLORESTAIS

São as unidades básicas

operacionais de combate a incêndios

florestais. Elas são divididas em:

Guarnição de Combate a Incêndios

Florestais;

Guarnição de Queima;

Guarnição de Tombamento.

4.1.1 Guarnição de Combate a Incêndios

Florestais (GCIF)

Menor fração destinada ao

combate aos incêndios florestais, que

pode atuar tanto de forma direta quanto

indireta (confecção da linha de aceiro).

No estado do Paraná, o Corpo de

Bombeiros emprega GCIF composta por

1 chefe e 5 auxiliares, porém tal número

pode ser expandido, recomendando-se

que não se perca o alcance de controle.

FIGURA 64 – GCIF atuando em construção

de linha de aceiro.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.

4.1.2. Guarnição de Queima (GQ)

Composta por um chefe e dois

auxiliares, a guarnição de queima é

responsável pela realização de contra

fogo, fogo de eliminação e aplicação das

várias técnicas de queima.

A queima para manutenção ou

eliminação devem ser estreitamente

ligadas entre si e coordenadas. A

queima deve ser feita observando-se

todos os preceitos de segurança, bem

como os fatores climáticos, de modo a

evitar que novos focos de fogo sem

controle sejam criados.

O principal equipamento para

queima é o queimador para incêndios

controlados ou “pinga fogo”. Podem ser

empregados também tochas e outros

meios disponíveis.

Para a manutenção serão

empregados com freqüência: bombas e

mochilas costais, bombas de combate a

incêndio, pás e machados-picaretas ou

“pulaskis”.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

70

FIGURA 65 – GQ atuando em construção de

linha de aceiro com fogo de eliminação.

FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning

4.1.3 Guarnição de Tombamento (GT)

A guarnição de Tombamento é

composta por dois bombeiros,

trabalhando com motosserras sob a

direção de um chefe, que deverá atuar

como vigia da segurança do trabalho.

FIGURA 66 – Guarnição de tombamento

trabalhando com motosserra.

FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning

Todos os componentes da

guarnição deverão portar EPI e deve-se

atentar para peso da ponta das arvores,

direção do vento, proximidade de outras

árvores, proximidade de outras

guarnições ou pessoas, galhos soltos ou

secos, direção da inclinação da árvore,

inclinação do terreno, espécies de árvore

e disposição da mata.

Deve-se prever uma via de fuga

antes de ser tombada a árvore.

4.2 SOCORRO DE INCÊNDIOS

FLORESTAIS

É o conjunto de guarnições sob o

comando de um chefe de socorro e tem

por finalidade dar atendimento a todas

as solicitações de incêndios florestais.

4.3 PRONTIDÃO DE INCÊNDIOS

FLORESTAIS

É o conjunto de homens e

equipamentos alojados em centros de

socorros, com a finalidade de dar

atendimento aos pedidos de socorro

dentro de uma determinada área de

segurança. Uma prontidão de incêndios

florestais é formada de um ou mais

socorros. O comandante das ações de

combate a incêndios florestais recebe a

designação de comandante do incidente

(CI).

As prontidões de incêndios

florestais são classificadas em:

Reduzida;

Padrão;

Ampliada.

4.3.1 Prontidão Reduzida

É composta por um chefe de

socorro, uma guarnição de bomba, um

condutor de viatura leve, um condutor

de viatura pesada e uma guarnição de

combate a incêndios florestais (GCIF),

totalizando um mínimo de 11

combatentes.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

71

4.3.2 Prontidão Padrão

A prontidão padrão de combate a

incêndios florestais é apresentada no

esquema abaixo:

FIGURA 67 – Prontidão padrão de incêndios

florestais.

FONTE: Produzido pelo autor (EB).

01 Chefe do Socorro;

01 Adjunto do Socorro;

01 Condutor ABT;

04 Condutores de Pick-up 4 x 4;

19 combatentes florestais.

TOTAL: 26 COMPONENTES

O Chefe do Socorro assumirá a

função do Comandante do Incidente até

que seja feita a transferência de

comando.

4.3.3. Prontidão Ampliada

A prontidão ampliada será

estabelecida em situações de incêndios

florestais que ultrapassem a capacidade

rotineira de resposta da prontidão

padrão.

A administração de um evento

desta natureza tem por base a

ferramenta do Sistema de Comando de

Incidentes.

A prontidão ampliada será

comandado por um diretor de incêndio

florestal que receberá a designação de

Comandante do Incidente (CI).

Por se tratar de um evento de

grandes proporções o CI terá ao seu

dispor uma estrutura completa de apoio

operacional e administrativo,

estabelecendo, conforme a necessidade,

o “Staff de Comando”, compreendendo:

Oficial de Segurança;

Oficial de Informações Públicas;

Oficial de Ligação.

Poderá ser estabelecido ainda, o

“Staff Geral” do incidente, constituído

de:

Seção de Planejamento;

Seção de Operações;

Seção de Logística;

Seção de Administração e

Finanças.

Cada uma das Seções do Staff

Geral deverá verificar da necessidade de

estabelecer suas unidades, conforme a

situação requeira ou o Comandante do

Incidente solicite.

As guarnições operacionais serão

constituídas na Seção de Operações,

com capacidade de se expandir e retrair.

A figura 68 apresenta um modelo

de organograma a ser estabelecido para

uma prontidão ampliada de combate a

incêndios florestais.

O número de combatentes

designados para uma prontidão

ampliada varia de acordo com a situação

e magnitude do incêndio florestal que se

está combatendo.

Tendo em vista que um dos

princípios do SCI trata da terminologia

comum na designação de funções,

foram feitas algumas adaptações

necessárias, porém sem comprometer

os conceitos já vistos.

Chefe do

Socorro

GB GQ GCIF GCIF GCIF

Adjunto

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

72

.

AUTOR: Major QOBM Edemilson de Barros

FIGURA 68 – Organograma de uma prontidão ampliada de combate a incêndios florestais

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

73

5

TÉCNICAS E TÁTICAS DE

COMBATE

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

74

5. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE

A INCÊNDIOS FLORESTAIS

O combatente florestal deve ter

em mente que a prevenção é a primeira

linha de defesa contra os incêndios

florestais. Se a ocorrência de incêndios

em áreas florestadas ou reflorestadas

pudesse ser totalmente prevenida, todos

os danos produzidos pelo fogo

poderiam ser evitados. Um incêndio

prevenido não precisa ser combatido e

não causa nenhum dano. Entretanto,

mesmo se adotando as melhores

técnicas de prevenção, incêndios

ocorrerão, necessitando de uma rápida e

decidida ação de combate.

A operação de combate envolve

NOVE etapas distintas:

DETECÇÃO;

COMUNICAÇÃO;

MOBILIZAÇÃO;

CHEGADA AO LOCAL;

ESTUDO DA SITUAÇÃO;

COMBATE AO INCÊNDIO;

RESCALDO;

DESMOBILIZAÇÃO;

REGRESSO DAS GUARNIÇÕES.

5.1 DETECÇÃO

Tempo decorrido entre a ignição

ou início do fogo e o tempo que ele é

visto por alguém.

Quanto menor o fogo mais fácil o

seu combate. Por isto, a capacidade de

detectar ou descobrir rapidamente os

focos de incêndio é um dos principais

objetivos dos serviços de prevenção e

combate aos incêndios florestais.

As reflorestadoras e alguns

parques localizados em áreas de risco

de incêndios florestais possuem

sistemas de detecção que facilitam o

trabalho das equipes de combate. O

sistema normalmente é composto por

dispositivos que permitem descobrir e

comunicar à pessoa responsável pelo

combate, todos os incêndios que

ocorrerem na área antes que o fogo se

torne muito intenso, de modo a

viabilizar o combate o mais rápido

possível, bem como localizar o fogo com

precisão suficiente para permitir às

equipes de combate chegarem ao local

pela rota mais curta, no menor intervalo

de tempo possível.

As torres de vigilância

constituem-se no mais prático e eficiente

meio de detecção, localização e

informação de incêndios florestais.

FIGURA 69 – Torre de vigilância

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

O serviço executado pelo Corpo

de Bombeiros não contempla tal

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

75

atividade e a detecção dos incêndios

florestais, via de regra, é informada às

centrais de operações por meio de

contatos telefônicos, via sistema de

comunicação VHF com órgãos

ambientais ou por meio de informações

de aeronaves que sobrevoam áreas

atingidas por incêndios florestais.

5.2 COMUNICAÇÃO

Tempo compreendido entre a

detecção do fogo e o recebimento da

informação pela Central de Operações

do Corpo de Bombeiros.

Um sistema de comunicação

eficiente definirá o sucesso no combate

a um incêndio florestal. Além das linhas

de emergência (193/199), é importante

que a central seja provida de um sistema

de comunicação que permita o acesso

ao maior número possível de

frequências dos órgãos de apoio, tais

como batalhões ambientais, órgãos

ambientais municipais, estaduais,

federais, e concessionárias de serviços

em estradas. O sistema VHF tem

se destacado nas missões executadas,

entretanto o mesmo se tornará mais

eficiente com a instalação de repetidoras

em pontos elevados. Deve-se sempre

prever a comunicação entre todas as

equipes de combate e a Central de

Operações ou o Posto de Comando do

Incidente.

5.3 MOBILIZAÇÃO

Tempo decorrido entre o

recebimento da informação da

existência do fogo e o deslocamento das

guarnições para o combate.

Após a detecção, comunicação e

localização do incêndio é necessário que

a equipe responsável pelo combate seja

rapidamente mobilizada para se dirigir

ao local do fogo.

Portanto, nos períodos críticos à

eclosão dos incêndios florestais, é

importante que sejam mantidas

guarnições em prontidão para uma

eventual e rápida resposta.

O treinamento das equipes de

combate, principalmente a de primeira

resposta, é fundamental para se

conseguir um rápido controle do

incêndio. Neste treinamento o

responsável pela ação inicial deve definir

claramente as atribuições e

responsabilidades de todo o efetivo

empregado.

O tempo de viagem ou de

locomoção é talvez o ponto mais crítico

entre as várias fases que precedem o

combate propriamente dito. Se o

incêndio é muito distante e as vias de

acesso são precárias, o tempo

consumido no deslocamento da equipe

poderá permitir um grande aumento do

perímetro do fogo, dificultando seu

combate. Por este motivo é importante

uma manutenção de estradas e aceiros

nas áreas de risco.

Quando possível é interessante a

descentralização das equipes de

combate, de modo que se possa sempre

mobilizar a equipe mais próxima do

local do incêndio.

5.4 CHEGADA AO LOCAL

Tempo compreendido entre a saída

do pessoal de combate e a chegada da

primeira equipe ao incêndio. A primeira

equipe de resposta deverá manter a

Central de Operações informada de sua

chegada ao local, bem como da situação

inicialmente constatada no local.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

76

5.5 ESTUDO DA SITUAÇÃO

O combatente de maior posto ou

grau hierárquico, com capacidade de

resposta e decisão deverá assumir o

comando local do incidente, sendo

responsável para avaliar o

comportamento do fogo e planejar a

estratégia de combate.

Para tanto ele deverá lançar mão da

TARJETA DE CAMPO, que é um

instrumento de auxílio ao primeiro

respondedor que chega ao local do

incêndio florestal.

Guia de trabalho para o período inicial

no Sistema de Comando de Incidentes

Oito passos a seguir se você é o

primeiro a chegar à cena com

capacidade operacional:

1. Informar à base de sua chegada à zona

de impacto.

2. Assumir e estabelecer o Posto de

Comando.

3. Avaliar a situação.

4. Definir um perímetro de segurança.

5. Estabelecer seus objetivos.

6. Determinar as estratégias.

7. Determinar a necessidade de recursos e

possíveis instalações.

8. Preparar as informações para transferir

o comando.

Ao estabelecer o Posto de Comando,

assegure-se que este tenha:

Segurança e visibilidade

Facilidades de acesso e circulação

Disponibilidade de comunicações

Lugar distante da cena, do ruído e

da confusão.

Capacidade de expansão física.

Aspectos a considerar ao avaliar a

situação:

1. Qual é a natureza do incidente?

2. O que ocorreu?

3. Quais ameaças estão presentes?

4. Qual o tamanho da área afetada?

5. Como poderia evoluir?

6. Como seria possível isolar a área?

7. Quais seriam os lugares mais

adequados para PC, E e ACV?

8. Quais são as rotas de acesso e de saída

mais seguras para permitir o fluxo de

pessoal e do equipamento?

9. Quais são as capacidades presentes e

futuras, em termos de recursos e

organização?

Ao estabelecer um perímetro de

segurança devem ser considerados os

seguintes aspectos:

Tipo do Incidente .

Tamanho da área afetada.

Topografia.

Localização do incidente em

relação à via de acesso e áreas

disponíveis ao redor.

Áreas sujeitas a

desmoronamentos, explosões

potenciais, queda de escombros,

acidentes com cabos elétricos.

Condições atmosféricas.

Possível entrada e saída de

veículos.

Coordenar a função de isolamento

perimetral com o organismo de

segurança correspondente.

Solicitar ao organismo de

segurança correspondente a

retirada de todas as pessoas que

se encontrem na zona de impacto,

exceto o pessoal de resposta

autorizado.

Ao transferir o comando considere os

seguintes aspectos:

Estado do incidente.

Situação atual de segurança.

Objetivos e prioridades.

Organização atual.

Designação de recursos.

Recursos solicitados e a caminho.

Instalações estabelecidas.

Plano de comunicações.

Provável evolução.

Um dos erros mais frequentes no

combate é a precipitação na tomada das

primeiras decisões. Isto pode, às vezes,

dificultar ou retardar a ação de combate,

quando por exemplo se constroem

aceiros em locais inadequados ou se

criam novas frentes de fogo por meio de

contra-fogos mal colocados.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

77

Por este motivo, o responsável pela

ação de combate deve estudar

detalhadamente a situação antes de

tomar qualquer decisão.

O estudo da situação compreende,

por exemplo, o dimensionamento do

fogo (tamanho, extensão da frente,

velocidade de propagação e

intensidade), condições climáticas, tipo

de vegetação, rede de aceiros, estradas,

locais para captação de água e

possibilidade do emprego de aeronaves.

5.6 COMBATE AO INCÊNDIO

Tempo decorrido na operação de

combate ou eliminação definitiva do

incêndio, incluindo o rescaldo.

Não existem condições para

ocorrência ou propagação de um

incêndio na ausência de qualquer um

dos elementos do triângulo do fogo, isto

é, calor, oxigênio e combustível.

Portanto o princípio básico do

combate aos incêndios é remover um ou

mais desses elementos, da maneira mais

rápida e eficiente possível.

O combustível pode ser removido

por meio de um aceiro. O oxigênio pode

ser reduzido temporariamente por meio

de abafamento ou aplicação de água. E o

calor pode ser reduzido empregando

resfriamento com água ou terra.

Para se controlar um incêndio

florestal, com uma ou mais equipes de

combate, existem duas estratégias que

podem ser empregadas: ATAQUE

DIRETO E ATAQUE INDIRETO.

5.6.1 Ataque Direto

Neste método o fogo é diretamente

atacado com abafadores ou por meio da

aplicação de água ou terra.

O ataque direto somente pode ser

feito em incêndios de baixa intensidade,

que permitam aproximação suficiente do

pessoal de combate. Deve-se iniciar o

ataque pelos flancos do fogo até chegar

à cabeça.

Há casos onde já existe um

aumento na caloria e o ataque direto é

feito com uma linha de homens, sendo

que cada um bate no fogo com

abafadores e sai para que o próximo

realize o mesmo serviço. Desta forma, a

exposição dos combatentes ao fogo se

reduz.

FIGURA 70 – Ataque direto por meio de

abafadores.

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

Sempre que possível deve-se

utilizar a água no ataque direto, seja

com viaturas ou bombas/mochilas

costais, pois há uma redução

significativa na caloria gerada pelo

incêndio que possibilita uma maior

aproximação do combatente à frente de

fogo. O emprego desta técnica permite

que homens realizem o trabalho com

bombas costais e abafadores, com

excelentes resultados na ação de

controle das chamas.

Ao optar por tal estratégia

devemos prever uma rota de fuga

segura, bem como um ponto onde a

guarnição se reúna na necessidade de se

evacuar a área em uma situação de

emergência.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

78

FIGURA 71 – Ataque direto bombas costais

(no caso a linha férrea serve como rota de

fuga).

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros.

5.6.2 Ataque Indireto

Este método é utilizado quando a

intensidade do fogo é alta e não há

possibilidade de se aproximar do

mesmo. Neste caso, deve-se abrir um

aceiro largo na frente do fogo para que

o mesmo cesse ao encontrar o aceiro.

Pode-se também abrir o aceiro e

usar contra-fogo para ampliá-lo ainda

mais.

FIGURA 72 – Construção de linha de aceiro.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros.

O trabalho de construção de

aceiros deve ser feito a uma distância

segura da frente de fogo a fim de

viabilizar a conclusão do serviço antes

da chegada do fogo.

O contra-fogo é uma técnica

eficiente, entretanto deve ser utilizada

somente por pessoal experiente, mesmo

assim tomando todas as medidas de

segurança necessárias. Também no

método indireto é necessário fazer o

rescaldo, ou seja, apagar por meio do

ataque direto todos os vestígios de fogo

dentro da área queimada.

Para a construção da linha de

aceiro pode-se empregar tratores, que

facilitam sobremaneira o trabalho das

guarnições, além de proporcionar um

ganho substancial na progressão da

equipe.

Usualmente se utiliza na confecção

de linhas de aceiro uma distância de

pelo menos uma vez e meia o tamanho

da vegetação predominante, entretanto

fatores do clima, principalmente a ação

do vento, pode gerar situações onde a

frente de fogo ultrapasse o aceiro

confeccionado.

Caso se utilize homens para tal

evento existem duas maneiras de se

realizar o aceiro:

5.6.2.1 Aceiro Progressivo

Técnica na qual a guarnição de

combate a incêndios florestais tem um

passo constante, ou seja, após o chefe

da equipe definir o comprimento,

traçado e forma de construção da linha

de aceiro, ele adentra à vegetação

iniciando a marcação, sendo que logo

em seguida iniciam-se os trabalhos das

ferramentas de corte e raspagem, que

vão caminhando e limpando a área.

Ao final todos se encontram no

ponto preestabelecido pelo chefe da

equipe, estando concluído o trabalho.

Quando o aceiro progressivo é

executado de forma rápida e com uma

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

79

pequena largura, com o objetivo de

diminuir a carga do combsutível, para

que se possa realizar um contra fogo,

ele é conhecido como “golpe único” ou

“método paralelo”.

FIGURA 73 – Construção de linha de aceiro –

técnica aceiro progressivo.

FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros.

5.6.2.2 Aceiro por Setor

Nesta técnica, o chefe da

guarnição necessita posicionar cada

integrante da mesma em determinado

ponto, estando os mesmos

equidistantes. Ao comando de iniciar o

trabalho cada um dos integrantes é

responsável por um determinado setor,

que deverá estar limpo no término do

mesmo.

Se compararmos as duas técnicas

acima descritas observamos haver

diferenças significativas entre ambas,

pois no aceiro progressivo se emprega

diferentes ferramentas, contrariamente

ao aceiro por setor, onde se necessita

que cada integrante possua ferramenta

semelhante para executar o serviço.

A experiência tem mostrado que

o aceiro progressivo é executado de

forma mais rápida, porém a qualidade

do serviço normalmente é melhor no

aceiro por setor.

A utilização de uma ou outra

técnica dependerá das condições que se

apresentarem, como tamanho da frente

de fogo, distância da mesma à linha de

aceiro e velocidade de propagação.

Devemos lembrar também que

em muitas ocasiões basta raspar uma

pequena área (quebra da continuidade

do material combustível) e roçar a

vegetação próxima (quebra do arranjo

vertical e diminuição da carga do

material combustível – bordadura).

5.6.2.3 Princípios de Construção de

Aceiros

Execute o aceiro após considerar

os quinze tópicos apresentados no

quadro a seguir:

1. Execute a linha de aceiro a uma

distância que possibilite o término da

mesma antes da chegada da frente de

fogo;

2. Calcule o tempo de forma que a

guarnição não execute apenas a linha

de aceiro, mas também outros

trabalhos necessários;

3. Fazer uma linha de aceiro curta e

estreita é a forma mais rápida e

prática;

4. Procure utilizar rotas fáceis, que

não sacrifiquem a guarnição.

5. Elimine a possibilidade de riscos

vindos da área queimada. Procure

isolar pontos considerados críticos

como arbustos secos, combustível

morto, etc.;

6. Evite pontos quentes na linha de

aceiro, como ângulos retos, que

propiciam um encontro de fogo

gerando intensa caloria;

7. Procure utilizar barreiras naturais e

barreiras construídas pelo homem;

8. Use maquinário quando possível

para a construção do aceiro;

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

80

9. Faça a previsão para socorro de

feridos a qualquer momento;

10. Considere o meio ambiente

predominante;

11. Percorra a linha de aceiro várias

vezes para certificar-se do serviço;

12. Oriente que na área raspada o

solo mineral deve ser exposto;

13. Avise a guarnição para ficar atenta

quanto aos riscos de acidentes com

répteis, rochas e troncos que podem

rolar;

14. Fique atento para a utilização dos

EPIs necessários;

15. Após concluído o serviço coloque

combatentes estrategicamente

posicionados, portando bombas

costais, que atuarão em caso do fogo

ultrapassar a linha de aceiro.

5.6.3 Técnicas de Queimadas

Em muitas situações o emprego

do fogo pode ser uma medida eficiente

no controle dos incêndios florestais; são

as chamadas “queimas controladas”.

Quando for realizar este tipo de

combate, devem ser observados os

fatores ambientais, tais como velocidade

e direção do vento, umidade relativa do

ar e condições atmosféricas. Em

hipótese alguma novos incêndios

florestais devem ser gerados devido ao

emprego das técnicas de queima.

A queima pode ser realizada com

a finalidade de se aumentar um aceiro,

também chamada de fogo de

eliminação, bem como pode ser

empregada por meio da técnica fogo

contra fogo, onde é feito um fogo à

frente da cabeça do incêndio de modo

que este “caminhe” de encontro ao fogo

principal, consumindo o combustível

florestal, porém com menor velocidade

de propagação devido ao fato de estar

progredindo contra a direção do vento.

A queima pode ser empregada na

prevenção de incêndios, com a aplicação

das técnicas que serão abordadas no

capítulo 6.

5.7 RESCALDO

O rescaldo é a operação que deve

ser tomada após o fogo extinto, para

evitar que ele se reative e volte a se

propagar.

O rescaldo inclui as seguintes

tarefas:

1. Descobrir e eliminar possíveis

“incêndios de pontos”, causados por

fagulhas lançadas na frente do fogo;

2. Ampliar o aceiro ou faixa limpa em

torno da área queimada, para melhor

isolamento da mesma;

3. Derrubar e enterrar árvores ou

arbustos que ainda estejam

queimando ou em incandescência,

para evitar que lancem fagulhas;

4. Eliminar, utilizando água ou terra,

todos os resíduos de fogo dentro da

área queimada (encobrir troncos com

terra);

5. Manter patrulhamento, com número

suficiente de pessoas até que não haja

mais perigo de reativação do fogo.

Voltar no dia seguinte para nova

verificação;

6. Confinar toda a área queimada

executando a raspagem no limite de

separação do combustível queimado

(linha de controle).

5.8 COMBATE INICIAL

O combate inicial consiste na

primeira adoção de medidas visando o

controle de um incêndio florestal. Os

recursos de pessoal e materiais

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

81

necessários ao ataque inicial dependem

do risco do incêndio, tipo de

combustível, bens a proteger e outros

valores. Normalmente se caracteriza por

envolver poucos recursos em pequenos

incêndios.

A grande maioria dos incêndios

atendidos pelo Corpo de Bombeiros são

controlados por meio do ataque inicial.

5.8.1 Características do combate inicial

Utiliza poucos recursos para seu

controle (1 GCIF);

Normalmente abrange princípios de

incêndios, pequenos e médios

incêndios;

Normalmente limita-se a um

período único de combate, mas que

pode evoluir;

Não requer um Plano de Operações

de Combate (Plano de Ação do

Incidente);

O combate inicial é comandado

pelo combatente mais experiente

que responde pela função de

Comandante do Incidente.

5.8.2 Informações Iniciais

Procure considerar as

informações preliminares, conforme

abaixo descrito:

Nome do informante;

Localização do incêndio;

Melhor acesso;

Proprietário da área;

Tamanho aproximado;

Como o fogo está propagando;

Causa inicial;

Bens a proteger.

5.8.3 Localizando o incêndio

Use mapas, cartas da região e

mídia eletrônica disponível (Ex.: Google

Earth) para:

Determinar e marcar a posição, por

meio de coordenadas;

Determinar a melhor rota de

acesso;

Verificar riscos e facilidades no

local do incidente;

Analisar a melhor forma de

combater e controlar o incêndio.

5.8.4 Análise do comportamento do

fogo

Verifique as principais questões a

respeito do comportamento do fogo,

considerando fatores que venham a

afetá-lo. Considere o índice de perigo

para o local em questão.

5.8.5 Procedimentos no deslocamento

O deslocamento deve ser seguro.

Todos os combatentes devem utilizar o

cinto de segurança. Os materiais e

equipamentos devem estar separados

dos componentes da guarnição e a

viatura deverá ser estacionada em local

seguro.

Em grandes incidentes, deverá

deslocar para a Área de Espera e

aguardar ordens.

Mentalize as informações colhidas

previamente e aquelas que sejam

informadas pela Central de Operações

durante o trajeto:

Tipo de combustível predominante;

Acessos;

Barreiras à propagação do fogo;

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

82

Proprietário;

Históricos de outros incêndios na

área;

Recursos disponíveis;

Forças reservas disponíveis.

Considerações importantes sobre

o comportamento do fogo:

Combustível;

Topografia;

Clima;

Como este incêndio se comportará

comparado com áreas similares?

O risco de incêndio cresce ou

decresce?

Considere os indicadores do

clima:

Cheque o vento. É forte ou fraco?

Sopra para a mesma direção

sempre?

Existem correntes de vento ou

turbilhonamentos que indiquem

mudanças severas no comporta-

mento do fogo?

São desfavoráveis as mudanças

climáticas iminentes?

Após visualizar a coluna de

fumaça:

Cheque o volume, tamanho, cor,

direção, densidade e formato;

Verifique a expectativa do

comportamento do fogo pela

observação da coluna de fumaça.

Ao se aproximar do fogo:

Procure por pessoas na área, anote

placas de veículos ou outras

informações que possam identificar

as prováveis causas;

Use cautela na aproximação;

Determine rotas de escape;

Procure por rotas de acessos

alternativas;

Procure por evidências de como o

fogo foi iniciado e preserve-as.

5.8.6 Chegada na área do incêndio:

Procure adotar os passos previstos

na Tarjeta de Campo;

Tenha em mente que o incêndio

deve ser combatido rapidamente,

entretanto jamais esquecer da

segurança e proteção de toda a

equipe, materiais e equipamentos.

Jamais se aproximar pela frente da

linha de fogo;

Viaturas devem ser estacionadas

em locais seguros, acessíveis, com

janelas fechadas e chaves na

ignição prontas para uma saída

rápida (estabeleça uma Área de

Espera);

Se a situação permitir faça o

reconhecimento da área, porém

sempre prevendo rota de fuga.

MENTALIZE OS SEGUINTES PASSOS

1º Passo

Formule um plano de combate

inicial logo após o reconhecimento. Ele

deve ser rápido e baseado no tamanho

do incêndio a ser combatido. A intenção

é de iniciar o trabalho logo que possível.

Para tanto, considere:

Localização da Rota de Fuga;

Riscos especiais, como tocos em

brasa e pontos quentes;

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

83

Bons pontos de fuga, como

estradas, áreas queimadas, etc.;

Onde atacar o fogo (flancos);

Como atacar o fogo (direta,

indiretamente ou queimada);

Possibilidade do uso de água por

meio de viaturas ou bombas;

Possibilidade de apoio aéreo;

Tipo de aceiro necessário;

Existência de barreiras que podem

ser usadas;

Quando novos recursos de apoio

chegarão;

Como a topografia afetará o

comportamento do fogo;

Localização e preservação do ponto

de origem do incêndio.

2º Passo

Converse com a guarnição antes

de iniciar o trabalho. Repasse

claramente as ordens, pois as ações

definidas no estágio inicial indicarão o

sucesso ou não do combate inicial.

Inicie o combate pelos flancos,

para atingir a cabeça, a fim de extinguir

o fogo rapidamente ou diminuir sua

propagação. Exceções ocorrerão:

Fogo caminha em direção a uma

barreira natural que impedirá sua

propagação;

Existem bens a ser protegidos em

outros locais fora do perímetro do

fogo;

Vários fogos esparsos em

combustíveis fora do perímetro do

foco principal, mas que podem

resultar em um aumento na

propagação;

Fogo está subindo morro, próximo

ao horário de inversão térmica.

3º Passo

Após adotadas as medidas de

supressão e iniciadas as ações de

controle, continue avaliando o incêndio,

reúna informações e procure determinar

a sua causa.

5.8.7 Avaliações do Combate Inicial

Caminhe em torno do fogo, ou

procure um ponto elevado onde seja

possível visualizá-lo amplamente. Se

pequeno, a avaliação é feita

rapidamente, enquanto se caminha pelo

seu perímetro. Em casos maiores, ou

ocorrendo rápida propagação, procure

um bom ponto de visualização, ou até

mesmo uma aeronave pode ser

necessária. Utilize observadores se

necessário. Considere o seguinte:

Segurança – procure por áreas de

risco e avalie as rotas de escape;

Ponto de origem e causa;

Tamanho do fogo;

Perímetro do fogo;

Bens a frente da linha de fogo;

Clima;

Comportamento do fogo – Qual a

expectativa;

Intensidade do Fogo;

Tipo de combustível;

Topografia;

Hora do dia.

Avaliação Plano de Combate

Inicial:

O combate inicial está dando

resultados. Se não, por quê?

São necessários recursos

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

84

adicionais?

Em quanto tempo será finalizada a

linha de aceiro?

Haverá mudanças climáticas, no

combustível e na topografia que

causarão impactos significativos no

comportamento do fogo?

A propagação e intensidade são

maiores que a esperada. Reporte

imediatamente ao superior.

Bens a proteger.

Se o plano do combate inicial

estiver funcionando, continue. Caso não,

mude o plano e implemente as

mudanças. Informe a Central de

Operações caso a complexidade do

incêndio exceder a capacidade

operacional de combate.

Solicite apoio sempre que julgar

necessário.

5.8.8 Informações iniciais a serem

reportadas

Assim que possível, as

informações abaixo listadas devem ser

reportadas à Central de Operações.

Qualquer alteração a respeito da

evolução do incêndio deve ser

constantemente informada.

Localização exata;

Acessos;

Tipo de terreno;

Tamanho do fogo;

Causa (se possível);

Bens a proteger;

Hora estimada do controle;

Clima;

Recursos utilizados;

Recursos necessários;

Comportamento do fogo.

5.9 COMBATE A GRANDES INCÊNDIOS

Quando não for possível o

controle pelo combate inicial, onde é

necessária a presença de recursos que

devem ser organizados pelo Diretor de

Operações Florestais, deverão ser

adotadas medidas de instalação do

Sistema de Comando de Incidentes.

5.9.1 O Sistema de Comando de

Incidentes

O conceito de Sistema de

Comando de Incidentes foi desenvolvido

há mais de 30 anos, após um incêndio

florestal que devastou a Califórnia.

Durante treze dias, no ano de 1970,

dezesseis vidas foram perdidas, mais de

setecentas edificações, de todas as

naturezas, foram destruídas e mais de

meio milhão de acres de vegetação

foram queimados. O custo total

estimado com as perdas durante os

incêndios foram de US$ 18 milhões por

dia. E, embora todas as agências e

instituições que responderam aos

incêndios tenham dado o melhor de si, a

falta de comunicações integradas e

coordenação entre elas levaram à perda

de efetividade das ações desenvolvidas.

Como resultado disso, o

Congresso americano determinou ao

Serviço Florestal dos Estados Unidos da

América que desenvolvesse um sistema

que daria “um grande salto na

capacidade das agências de proteção de

incêndios florestais do sul da Califórnia

de efetivamente coordenar ações

integradas e alocar recursos para

combate a situações dinâmicas de

múltiplos incêndios”.

O Departamento de Proteção

Florestal e de Incêndios da Califórnia,

Secretaria de Serviços de Emergência, os

Corpos de Bombeiros dos Condados de

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

85

Los Angeles, Santa Bárbara e Ventura e o

Corpo de Bombeiros da cidade de Los

Angeles se juntaram ao Serviço Florestal

dos EUA para desenvolver o sistema.

Este sistema, inicialmente, ficou

conhecido como FIRESCOPE (FIrefighting

RESources of California Organized for

Potential Emergencies). Em 1973, a

primeira equipe técnica do FIRESCOPE foi

estabelecida para conduzir as pesquisas

e o desenvolvimento do projeto. Os dois

principais componentes que resultaram

deste trabalho foram o Incident

Command System (Sistema de Comando

de Incidentes) e o Multi-Agency

Coordination System (Sistema de

Coordenação de Múltiplas Agências).

Após analisar os resultados

desastrosos da atuação integrada e

improvisada de diversos órgãos e

jurisdições naquele episódio, o

FIRESCOPE concluiu que o problema

maior não estava na quantidade nem na

qualidade dos recursos envolvidos, o

problema estava na dificuldade em

coordenar as ações de diferentes órgãos

e jurisdições de maneira articulada e

eficiente.

O FIRESCOPE identificou inúmeros

problemas comuns às respostas a

sinistros envolvendo múltiplos órgãos e

jurisdições, tais como:

Falta de uma estrutura de comando

clara, definida e adaptável às

situações;

Dificuldade em estabelecer

prioridades e objetivos comuns;

Falta de uma terminologia comum

entre os órgãos envolvidos;

Falta de integração e padronização

das comunicações;

Falta de planos e ordens

consolidadas.

Os esforços para resolver essas

dificuldades resultaram no

desenvolvimento do modelo original do

SCI para gerenciamento de incidentes.

Entretanto, o que foi originalmente

desenvolvido para combate a incêndios

florestais, evoluiu para um sistema

aplicável a qualquer tipo de emergência

e, muito do sucesso do SCI, é resultado

da aplicação direta de uma estrutura

organizacional comum e princípios de

gerenciamento padronizados.

Durante meados dos anos 1970,

as agências que integravam o FIRESCOPE

concordaram formalmente em adotar os

procedimentos e terminologia comuns

desenvolvidos para o SCI, conduzindo

experiências práticas do uso da

ferramenta. Em 1980, o SCI já havia sido

utilizado com sucesso na maioria dos

grandes incêndios florestais e urbanos

daquela época. Foi formalmente adotado

pelo Corpo de Bombeiros de Los

Angeles, pelo Departamento de Proteção

Florestal e de Incêndios da Califórnia e

pela Secretaria de Serviços de

Emergência, além de ter sido endossado

pela Diretoria de Serviços de Incêndio

daquele estado americano.

Em 1981 o Sistema de Comando

de Incidentes é alterado e melhorado

para atender aos padrões nacionais de

atendimento às emergências e

desastres, e, em 1982, toda a

documentação do Sistema de Comando

de Incidentes é revisada de acordo com

a terminologia e organização do NIIMS

(National Interagency Incident

Management System), que é o Sistema

Nacional de Gerenciamento

Interinstitucional de Incidentes. Este

sistema é utilizado para integrar os

níveis federal, estadual e municipal na

resposta aos desastres nos EUA.

Em virtude do sucesso relatado

pelos órgãos de emergência americanos

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

86

que utilizavam o Sistema de Comando

de Incidentes no gerenciamento de

emergências, o presidente americano,

George W. Bush expediu no dia 28 de

fevereiro de 2003, a Diretiva Presidencial

de nº. 5 (HSPD 5) - Homeland Security

Presidential Directive nº 5. Por meio

desta Diretiva foi criado o Sistema

Nacional de Gerenciamento de

Emergências (NIMS – National Incident

Management System), sendo que o

Sistema de Comando de Incidentes (ICS

– Incident Command System) foi

estabelecido como sendo a ferramenta

de gerenciamento de emergências

oficialmente a ser utilizada em território

norte-americano, independentemente da

causa, magnitude ou complexidade do

evento.

Nos Estados Unidos o Sistema de

Comando de Incidentes foi testado e

validado em resposta a vários tipos de

incidentes e situações emergenciais ou

não, tais como: resposta a desastres

naturais, emergências com produtos

perigosos, acidentes com múltiplas

vítimas, eventos planejados

(celebrações, paradas militares,

concertos, etc.), operações policiais

envolvendo outros órgãos, catástrofes,

incêndios, missões de busca e

salvamento, programa de vacinação em

massa.

A correta utilização do Sistema de

Comando de Incidentes vai permitir que

sejam atingidos três objetivos principais

durante o atendimento de um incidente:

A segurança dos respondedores do

incidente, bem como de todas as

pessoas envolvidas ou atingidas

pelo evento;

O cumprimento dos objetivos

táticos definidos para o

desenvolvimento das ações

relacionadas ao incidente;

O uso eficiente dos recursos

disponibilizados.

A flexibilidade inerente à

ferramenta faz com que ela possa

expandir ou contrair para atingir as

diferentes necessidades impostas pelo

evento que se está atendendo. Esta

flexibilidade torna o método de

gerenciamento efetivo para qualquer

situação, complexa ou simples, tanto do

ponto de vista do custo operacional,

quanto do ponto de vista da eficiência

da abordagem gerencial.

Sendo utilizado de maneira

correta e respeitando-se os princípios

adotados para a ferramenta, o SCI deve

atingir as finalidades e os benefícios

para os quais o sistema foi

desenvolvido, que seriam:

Atender as necessidades dos

incidentes, independente do seu

tipo ou magnitude;

Permitir que o pessoal empregado

no evento, proveniente de uma

variada gama de agências,

organizações e instituições,

possam ser integrados rapidamente

e com eficiência a uma estrutura de

gerenciamento padronizada;

Prover suporte administrativo e

logístico ao pessoal da área

operacional;

Ser efetivo, do ponto de vista do

custo e do emprego dos recursos,

evitando-se a sobreposição de

esforços.

Neste capítulo, não se pretende

esgotar o assunto relativo ao Sistema de

Comando de Incidentes, apenas

proporcionar ao leitor conhecimentos

básicos que possibilitem sua integração

à ferramenta.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

87

Desta forma recomenda-se que

seja consultado o manual do Curso do

Sistema de Comando de Incidentes,

elaborado pela Secretaria Nacional de

Segurança Pública em 2008.

5.9.1.1 Princípios do SCI

O SCI é uma ferramenta de

gerenciamento. Sendo assim, ele possui

uma série de princípios que, colocados

em prática, torna-o uma ferramenta

adequada para coordenar a atuação

integrada de múltiplos órgãos em

situações diversas. Por isso, é

importante destacar que o SCI é muito

mais do que apenas um organograma

demonstrando as funções de cada um.

O SCI se baseia em nove

princípios, que devem ser seguidos para

o efetivo funcionamento da ferramenta:

Terminologia Comum;

Alcance de Controle;

Organização Modular;

Comunicações Integradas;

Plano de Ação do Incidente;

Cadeia de Comando;

Comando Unificado;

Instalações Padronizadas;

Gerenciamento Integral dos

Recursos.

5.9.1.2 Estrutura e Funções do SCI

O Sistema de Comando de

Incidentes está baseado em oito

funções, sendo uma delas o Comando

do Incidente e as demais estão divididas

em dois Staffs:

Comandante do Incidente;

Staff Geral:

Planejamento;

Operações;

Logística;

Administração e Finanças;

Staff do Comando:

Segurança;

Informações Públicas;

Ligação.

5.9.1.3 Instalações do SCI

Instalações são espaços físicos ou

estruturas fixas ou móveis, designadas

pelo Comandante do Incidente (CI) para

cumprir uma função específica no SCI.

As instalações do SCI incluem:

Posto de Comando (PC);

Área de Espera (E);

Área de Concentração de Vítimas

(ACV);

Base (B);

Acampamento (A);

Helibase (H);

Heliponto (H1).

5.9.1.4 Gerenciamento de Recursos

Recursos são definidos como

pessoal, equipes, equipamentos,

suprimentos e instalações disponíveis ou

potencialmente disponíveis para serem

utilizadas no apoio ao gerenciamento do

incidente ou nas atividades operacionais

de resposta.

A capacidade de gerenciar

recursos em um incidente é um fator

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

88

decisivo para a eficiência da resposta.

Desta forma, pelo princípio do

Gerenciamento Integral dos Recursos é

possível a categorização, solicitação,

despacho, controle e otimização do

emprego dos recursos.

Para a categorização é empregada

uma terminologia específica, bem como

o emprego dos recursos se dá pela

utilização de formulários de registro e

consulta que são descritos no manual da

SENASP já comentado.

5.9.1.5 Situação do Incidente

Durante o gerenciamento de um

incidente, uma das ações primordiais

para o controle efetivo das operações é

a criação e a implementação de quadros

situacionais que possam disseminar,

sucintamente, todas as informações

relevantes a respeito do evento,

informações essas que serão utilizadas

pelos operadores do SCI.

FIGURA 74 – Apresentação da Situação do

Incidente por meio de “Flip Chart”.

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

Essas informações são

apresentadas por meio de quadros,

mapas, organogramas, etc. e são de

responsabilidade do Líder da Unidade de

Situação, o qual responde diretamente

ao Chefe da Seção de Planejamento.

Informações essenciais para os

quadros situacionais:

Histórico do incidente;

Objetivos;

Organograma;

Recursos;

Mapas da área do incidente.

5.9.1.6. Comunicações no incidente

A capacidade de se comunicar

entre os elementos do SCI é

absolutamente fundamental na resposta

a um incidente ou evento onde o

sistema esteja implementado. Isso nem

sempre é fácil, pois de um modo geral a

comunicação entre os órgãos que

respondem a emergências é dificultada

pela incompatibilidade entre

equipamentos e freqüências.

Por isso, é absolutamente

necessário que o SCI desenvolva um

Plano de Comunicações prevendo “quem

conversará com quem e como”. Para

garantir a integração, pode ser

necessário distribuir, trocar ou

programar equipamentos.

De acordo com a necessidade, o

Plano de Comunicações pode prever o

estabelecimento de diferentes redes de

comunicação:

Rede de Comando;

Rede Tática;

Rede Administrativa;

Rede Terra-Ar;

Rede Ar-Ar;

Rede de Suporte Médico;

Rede Estratégica.

Regras para uma comunicação

eficiente:

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

89

Empregue o equipamento na

freqüência que for determinada

pelo Comandante do Incidente.

Ao receber um equipamento de

comunicação procure testá-lo e

certificar-se da freqüência de

operação, bem como da

disponibilidade da carga da bateria,

caso equipamento portátil.

Procure falar a uma distância

aproximada de 10 cm do microfone

do equipamento.

Pense primeiro na mensagem a ser

transmitida e somente depois

acione o botão de transmissão.

Fale devagar e de modo claro, a fim

de ter certeza que o receptor

compreendeu a mensagem

transmitida.

Nunca pressione o botão de

transmissão enquanto estiver

recebendo ou quando a rede estiver

ocupada.

Proteja o microfone se houver

ventos em grande intensidade.

Evite conversas desnecessárias.

Priorize as mensagens e

principalmente as emergências.

Ao notar qualquer anomalia com o

equipamento, não tente desmontá-

lo, mas sim chame um técnico para

que o faça.

Não dê partida em viaturas com o

rádio transmissor ligado.

5.9.2 Características de um grande

Incêndio Florestal

O combatente inicial de um

incêndio florestal, ao verificar que as

ações iniciais não foram suficientes para

o controle do fogo, deverá ter em mente

as questões a seguir, as quais sugerem

estar tratando de um incêndio florestal

de grandes proporções:

A extensão do incêndio ultrapassa

45000 m2

(45 hectares).

Necessita de várias guarnições para

controle;

São necessários equipes de

Planejamento, Operações,

Logística e Administração e

Finanças;

Necessita de Operações Aéreas;

Necessita de elaboração de Plano

de Operações (Plano de Ação do

Incidente) para seu controle;

Necessita de montagem de

estruturas (Posto de Comando,

Área de Espera, Base,

Acampamento).

5.9.2.1 Transição entre o combate inicial

e o combate a um grande incêndio

florestal

Ao ser reportado pelo

Comandante do combate inicial que o

incêndio não está sendo suprimido pela

sua equipe torna-se necessário o

emprego de forças extras adicionais.

Deverão ser mobilizadas o mais rápido

possível novas equipes que se

deslocarão ao local do incêndio.

O responsável pelo ataque inicial

deverá providenciar a transferência de

comando:

Estabelecimento de um Posto de

Comando, onde receba as forças

extras, e repasse as informações.

Normalmente a própria viatura

indicará tal local.

Documentos e meios necessários a

organização das ações de combate

(formulários padronizados do SCI);

Situação do incêndio;

Progresso atingido pela equipe de

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

90

combate;

Recursos adicionais necessários;

Condições climáticas, especial-

mente mudanças severas;

5.9.2.2 Assunção do comando

Após a chegada, o Comandante

do Incidente (Diretor de Operações

Florestais) assumirá as funções de

coordenação, onde deverá adotar os

seguintes critérios:

Assumir o comando e estabelecer o

PC, obtendo informações sobre o

ataque inicial, bem como sobre o

desenvolvimento do incêndio;

Zelar pela segurança do pessoal e

da segurança pública;

Avaliar as prioridades do incidente;

Determinar os objetivos

operacionais;

Desenvolver e executar o Plano de

Ação do Incidente (PAI);

Desenvolver uma estrutura

organizacional apropriada;

Manter o alcançe de controle;

Administrar os recursos;

Manter a coordenação geral das

atividades;

Coordenar as ações das instituições

que se incorporarem ao Sistema;

Autorizar a divulgação das

informações pelos meios de

comunicação pública;

Manter um quadro de situação que

mostre o estado e aplicação dos

recursos. Neste caso verificar os

mapas da região, plotando os

locais de risco e posicionamento da

frente de fogo;

Encarregar-se da documentação e

controle de gastos e apresentar o

Relatório Final.

Conforme a necessidade o

Comandante do Incidente deverá

estabelecer sua equipe de apoio, sendo

o “Staff Geral” e “Staff de Comando”.

a. Staff Geral

O Staff Geral divide-se em quatro

seções que tem a responsabilidade de

uma área funcional específica no

incidente (Planejamento, Operações,

Logística, Administração/Finanças).

As Seções são funções

subordinadas diretamente ao CI; estão

sob a responsabilidade de um Chefe e

contém unidades específicas.

FIGURA 75 – Seções do “Staff Geral”.

FONTE: Manual SCI/SENASP - Adaptado pelo autor.

a.1 Seção de Planejamento

As funções dessa Seção incluem

recolher, avaliar, difundir e usar a

informação acerca do desenvolvimento

do incidente e manter um controle dos

recursos. Sob sua direção estão os

Líderes das Unidades de Recursos, de

Situação, de Documentação,

Desmobilização e Unidades Técnicas.

O Chefe da Seção de

Planejamento reporta-se ao CI,

determina a estrutura organizacional

interna da Seção e coordena as

atividades.

As responsabilidades do Chefe da

Seção de Planejamento, são:

Obter informações do CI sobre o

evento;

Ativar as unidades da Seção de

Comandante

do Incidente

Seção de Operações

Seção de Planejamento

Seção de Logística

Seção de Administração

e Finanças

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

91

Planejamento;

Estabelecer as necessidades e

agendas de informação para todo o

Sistema de Comando do Incidente

(SCI);

Notificar a unidade de recursos

acerca de todas as unidades da

Seção de Planejamento que tenham

sido ativadas, incluindo os nomes e

locais onde está todo o pessoal

designado;

Identificar a necessidade de uso de

recursos especializados;

Compilar e distribuir informações

resumidas acerca do estado do

incidente;

Recursos empregados disponíveis;

Recursos necessários;

Disponibilidade de reconhecimen-

to aéreo com fotos.

Disponibilidade de água para

combate;

Previsão climática disponível.

a.1.1 Unidade de Recursos

Responsável por todas as

atividades de registro e de manter um

registro do estado de todos os recursos,

inclusive pessoal e equipamentos

designados para o incidente.

a.1.2 Unidade de Situação

Compila e processa as

informações sobre a posição atual,

prepara apresentações e resumos sobre

a situação, desenvolve mapas e

projeções.

a.1.3 Unidade de Documentação

Prepara o Plano de Ação do

Incidente, mantém toda a documentação

relacionada com o incidente e provê as

cópias necessárias.

a.1.4 Unidade de Desmobilização

Em emergências complexas ou de

grande magnitude, ajuda a efetuar a

desmobilização do pessoal de maneira

ordenada, segura e rentável, quando

deixa de haver necessidade de seu uso

no incidente.

a.2 Seção de Operações

A Seção de Operações é a

responsável pela execução das ações de

resposta. O Chefe da Seção de

Operações reporta-se ao CI, determina a

estrutura organizacional interna da

Seção, dirige e coordena todas as

operações cuidando da segurança do

pessoal da Seção, assiste o CI no

desenvolvimento dos objetivos da

resposta ao incidente e executa o Plano

de Ação do Incidente (PAI).

Responsabilidades do chefe da

seção:

Obter informações do CI sobre o

evento;

Obter um rápido relatório do CI;

Desenvolver a parte operacional do

Plano de Ação do Incidente (PAI) em

conjunto com a seção de

planejamento;

Apresentar um rápido relato e dar

destino ao pessoal de operações de

acordo com o PAI;

Supervisionar as operações;

Determinar as necessidades e

solicitar recursos adicionais;

Compor as equipes de resposta

designadas para a Seção de

Operações;

Manter informado o CI acerca de

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

92

atividades especiais da operação.

Definição da área de espera;

Definição da estratégia de ataque;

Definição das táticas;

Avaliação e uso de aeronaves;

Definição da operação das

guarnições de terra;

Avaliação e uso de tratores;

Operações com Viaturas ABT;

Localização de base de helicóptero;

Localização de aeroportos;

Condições da fumaça gerada

(efeitos na operação aérea, trafego

de veículos e observação da

floresta/vegetação).

a.3 Seção de Logística

A Seção de Logística é a

responsável por prover instalações,

serviços e materiais, incluindo o pessoal

que operará os equipamentos

solicitados para atender o incidente. As

funções da Seção são de apoio exclusivo

aos que respondem ao incidente. Ela

supervisiona o Coordenador do Setor de

Serviços e o Coordenador do Setor de

Apoio; bem como suas respectivas

unidades, conforme veremos na

sequência.

O Chefe da Seção se reporta

diretamente ao Comandante do

Incidente, determina a estrutura

organizacional interna da Seção e

coordena as atividades.

Responsabilidades:

Planejar a organização da Seção de

Logística;

Notificar à unidade de recursos

acerca das unidades da seção de

Logística que sejam ativadas,

incluindo nome e localização do

pessoal designado;

Identificar os serviços e

necessidades de apoio para as

operações planejadas e esperadas;

Coordenar e processar as

solicitações de recursos adicionais;

Assegurar o bem-estar geral e

segurança do pessoal da Seção de

Logística.

Montagem de acampamento /

acantonamento (barracas ou

instalações que possam ser

utilizadas) ;

Montagem do Posto de Comando;

Acessos e rotas;

Equipamentos de Comunicação ;

Plano de Comunicações;

Enfermaria;

Conhecimento dos principais riscos

(animais, desidratação, etc.);

Alimentação;

Instalações Sanitárias;

Cozinha e Refeitório;

Transporte de pessoal;

Combustíveis;

Almoxarifado de Ferramentas;

a.3.1 Unidade de Comunicações

Desenvolve o Plano de

Comunicações, distribui e mantém todos

os tipos de equipamentos de

comunicações e se encarrega do Centro

de Comunicações do Incidente.

a.3.2 Unidade Médica

Desenvolve o Plano Médico e

provê primeiros socorros e atenção

médica intensiva ao pessoal designado

para a emergência.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

93

a.3.3 Unidade de Alimentação

É responsável por determinar e

satisfazer as necessidades de

alimentação e hidratação em todas as

instalações do incidente e por todos os

recursos ativos dentro da Seção de

Operações.

a.3.4 Unidade de Materiais

Relaciona o pessoal,

equipamentos e materiais. Além disto,

armazena, mantém e controla a

distribuição dos materiais, assim como

ajusta e realiza manutenção dos

equipamentos.

a.3.5 Unidade de Instalações

Instala e mantém qualquer

instalação requerida para o incidente.

a.3.6 Unidade de Apoio Terrestre

Oferece transporte e se encarrega

da manutenção dos veículos designados

para o incidente.

a.4 Seção de Administração e Finanças

É responsável por justificar,

controlar e registrar todos os gastos e

por manter em dia a documentação

requerida para processos indenizatórios.

A Seção de Administração e

Finanças é especialmente importante

quando o incidente apresenta um porte

que poderia resultar na Decretação de

Situação de Emergência ou Estado de

Calamidade Pública. Esta Seção dirige os

Líderes das Unidades de Tempos, de

Provedoria e de Custos.

O Chefe da Seção se reporta ao

CI, determina a estrutura organizacional

interna da Seção e coordena as

atividades.

Responsabilidades:

Obter breve informação do CI;

Fazer acompanhamento dos

recursos financeiros

disponibilizados e empregados

durante o incidente;

Realizar compras, locação,

contratação e pagamento de

materiais e serviços;

Controlar e registrar os custos da

operação.

a.4.1 Unidade de Tempo

Deve registrar o período de

emprego do pessoal designado para o

incidente.

a.4.2 Unidade de Provedoria

Gerencia o trâmite dos

documentos administrativos

relacionados com o aluguel de

equipamentos e os contratos de

materiais e outros insumos. É

responsável pelo relatório das horas de

uso dos equipamentos.

a.4.3 Unidade de Custos

Responsável por colher toda a

informação sobre custos e apresentar

orçamentos e recomendações que

permitam economia de gastos.

Oferece transporte e se encarrega

da manutenção dos veículos designados

para o incidente.

b. Staff do Comando

O Staff de Comando é composto

por três funções de assessoria ao

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

94

Comandante do Incidente. Estas

funções, dependendo da complexidade

e tamanho do evento, podem ser

desempenhadas pelo próprio CI ou este

poderá delegá-las a outros. O título dado

a estas funções é de Oficial.

O organograma abaixo apresenta

a cadeia de comando entre o CI e seu

Staff.

FIGURA 76 – Funções do “Staff do

Comando”.

FONTE: Manual SCI/SENASP - Adaptado pelo autor.

b.1. Oficial de Segurança

Tem a função de vigilância e

avaliação de situações perigosas e

inseguras, assim como o

desenvolvimento de medidas para a

segurança do pessoal.

Responsabilidades:

Obter um breve relato do

Comandante do Incidente;

Identificar situações perigosas

associadas com o incidente;

Identificar situações potencial-

mente inseguras durante as

operações táticas;

Fazer uso de sua autoridade para

deter ou prevenir ações perigosas;

Investigar/pesquisar os acidentes

que ocorram nas áreas do

incidente.

b.2 Oficial de Informações Pública

Será o responsável pelo contato

com os meios de comunicação ou outras

organizações que busquem informação

direta sobre o incidente. Ainda que

todos os órgãos que estejam

respondendo ao incidente possam

designar membros de seu pessoal como

oficiais de Informação Pública, durante o

evento haverá somente um “Porta-Voz”.

Os demais atuarão como

auxiliares. Toda a informação deverá ser

aprovada pelo CI.

Responsabilidades:

Obter um breve relato do

Comandante do Incidente;

Estabelecer um centro único de

informações, sempre que possível;

Tomar as providências para

proporcionar espaço de trabalho,

materiais, telefone e pessoal;

Preparar um resumo inicial de

informações depois de chegar ao

incidente;

Respeitar as limitações para a

emissão de informação que

imponha o CI;

Obter a aprovação do CI para a

emissão de informação;

Emitir notícias aos meios de

imprensa e enviá-las ao Posto de

Comando e outras instâncias

relevantes;

Responder às solicitações especiais

de informação.

b.3 Oficial de Ligação

É o responsável pela integração

das instituições que estejam trabalhando

no incidente ou que possam ser

convocadas. Isto inclui organismos de

primeira resposta, saúde, obras públicas

ou outras organizações.

Comandante do Incidente

Segurança

Informações Públicas

Ligação

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

95

Responsabilidades:

Obter um breve relato do

Comandante do Incidente;

Proporcionar um ponto de contato

para os representantes de todas as

instituições;

Identificar os representantes de

cada uma das instituições,

incluindo sua localização e linhas

de comunicação;

Responder às solicitações do

pessoal do incidente para

estabelecer contatos com outras

organizações;

Observar as operações do incidente

para identificar problemas atuais

ou potenciais entre as diversas

organizações.

Os passos acima se referem ao

combate a um incêndio florestal que

pode durar vários dias. Devemos lembra

que é de fundamental importância

garantir o mínimo conforto às equipes

de combate, com instalações de repouso

condizentes, alimentação adequada e

balanceada para o tipo de atividade

desenvolvida e apoio de viaturas,

materiais e equipamentos que se

fizerem necessários.

Jamais se poderá lançar mão de

todas as equipes disponíveis, pois é de

extrema importância a previsão de um

dia de descanso a cada três dias de

trabalho, pois o combate ao incêndio

florestal é uma atividade extenuante.

PONTOS IMPORTANTES A

CONSIDERAR NO COMBATE AOS

INCÊNDIOS FLORESTAIS

PREPARAÇÃO E AÇÃO INICIAL

1. Estar preparado, dispor de

ferramentas e pessoal em quantidade

suficiente, bem distribuídos e prontos

para qualquer eventualidade;

2. Dirigir a(s) equipe(s) ao local do

incêndio, sem demora, a qualquer

hora;

3. Deve-se combater o fogo pelos

pontos que oferecem maior risco de

propagação, observando o ataque

inicial pelos flancos;

4. Deve-se usar no combate número

necessário e indispensável de

pessoas;

5. Deve-se determinar, assim que

possível, a causa provável do

incêndio.

ORGANIZAÇÃO E PLANO DE ATAQUE

1. Deve-se dividir os combatentes em

GCIFs de no máximo 7 pessoas, com

um chefe competente, designando o

setor e o serviço de cada equipe;

2. É Indispensável dimensionar

adequadamente o incêndio, a fim de

se poder planejar, com rapidez e

eficiência, a forma de ataque;

3. Manter-se constantemente

informado sobre o avanço e o

comportamento do fogo;

4. Tomar decisões rápidas e ter um

conceito definitivo de cada ação

planejada.

HORA DE COMBATE

1. Deve-se evitar o combate noturno,

pois se trata de risco elevado, além da

necessidade do descanso a noite;

2. Estar atento e aproveitar as

eventuais diminuições de intensidade

de fogo, causados por mudanças de

vento, aumentos de umidade ou

reduções de temperatura.

3. A prática do combate logo nas

primeiras horas do dia oferece várias

vantagens;

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

96

PONTO E MÉTODO DE ATAQUE

1. Procurar confinar o fogo tão logo

seja possível; em incêndios de

pequenas ou de baixa intensidade, o

ataque deve ser feito diretamente

sobre a frente de fogo; em incêndios

de intensidade alta o combate deve

ser feito pelos flancos e ir avançando

até a cabeça;

2. O responsável deve decidir pela

forma de combate que considere mais

eficiente para a circunstância;

3. Deve-se estar atento para os

incêndios causados por fagulhas

oriundas da frente de fogo.

ECONOMIA NO COMBATE

1. Eliminar o fogo enquanto pequeno

e concentrar um número suficiente de

combatentes para assegurar a

extinção no menor tempo possível;

2. Escolher técnicas que assegurem a

máxima rapidez no combate;

3. Manter vigilância na área até que se

tenha certeza de que não há mais

perigo de reativação do fogo.

ERROS COMUNS NO COMBATE

1. Demora em iniciar o combate;

2. Desatenção no estudo da situação;

3. Falta de planejamento adequado no

Combate;

4. Ferramentas em más condições;

5. Equipes destreinadas;

6. Uso de equipamentos não

recomendados;

7. Não revezar as turmas antes que se

cansem em demasia;

8. Não manter atuação e vigilância

adequada nos flancos;

9. Fazer rescaldo ineficiente.

PONTOS QUE NÃO SE DEVE

ESQUECER

1. No início o fogo se propaga em

círculo, expandindo gradativamente

em todas as direções; depois o ventos

e as condições de combustível

determinam a direção e a intensidade

de propagação.

2. A magnitude de um incêndio

depende da quantidade de material

combustível existente;

3. Uma atmosfera úmida retarda o

fogo, uma atmosfera seca aumenta

sua intensidade;

4. O melhor período para se combater

um incêndio vai do entardecer até a

manhã do dia seguinte, porque o ar

contém mais umidade, a temperatura

é menor e a atmosfera se encontra

calma. SOMENTE CONSIDERAR ESTA

POSSIBILIDADE, SE NÃO HOUVER

RISCO AOS COMBATENTES.

5. Nunca abandonar uma área após

um incêndio, sem se certificar que o

fogo não tem mais condições de se

reativar; deve-se ter certeza que o

incêndio está realmente extinto.

13 SITUAÇÕES DE RISCO PARA OS

COMBATENTES FLORESTAIS

1. Equipes atuando em uma encosta

acima do incêndio.

2. Equipes em encosta com material

rolante incandescente que poderá

originar focos secundários e/ou atingi-

los.

3. Vento começa a soprar, aumenta de

velocidade ou muda de direção.

4. Tempo quente e seco.

5. Equipes se encontram em aceiro ou

divisoras abertos em combustíveis

pesados.

6. Equipes em locais onde a topografia

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

97

ou a vegetação impeçam ou dificultem

o seu deslocamento.

7. Equipes em terreno desconhecido.

8. Desconhecimento dos fatores

locais que influenciam o

comportamento do incêndio.

9. Ataque direto pela cabeça do

incêndio.

10. Quando, no lado oposto da linha

de aceiro, aparecem focos secundários

com maior frequência.

11. Quando não é possível ver o

desenvolvimento do incêndio, nem ter

comunicação entre as equipes.

12. Ordens transmitidas não

assimiladas.

13. Equipes cansadas, com sono e

quando houver o risco de se deixar

adormecer perto do incêndio.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

98

PREVENCÃO CONTRA

INCÊNDIOS FLORESTAIS

6

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

99

6. PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

FLORESTAIS

Não existe mérito em se combater

um incêndio florestal se você não for

capaz de preveni-lo!

A frase acima revela a importância

do significado da palavra prevenção.

Todos os esforços devem ser envidados

no sentido de que o incêndio não

ocorra. Para tanto, são necessários que

se compreendam os conceitos a seguir

expostos.

6. 1 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

FLORESTAIS

Proteção contra incêndios

florestais é o conjunto de ações

preventivas aliadas ao

preparo de pessoal e material de

combate a incêndios florestais.

Na falha da prevenção, ações de

combate serão efetuadas empregando-

se material e pessoal treinado.

Portanto, temos o seguinte

conceito:

A Proteção contra incêndios florestais

é obtida pela prevenção comple-

mentada pelo combate ao incêndio.

6. 2 PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

FLORESTAIS

É o conjunto de medidas tomadas

e ações realizadas, de modo a evitar a

deflagração do incêndio, detectar o

incêndio e avisar a sua posição,

facilitando as ações de combate e

provendo a segurança do pessoal.

A prevenção contra incêndios

florestais envolve os seguintes aspectos:

Remoção e controle de riscos e

causas de incêndios florestais

ocasionados pelo homem.

Prevenção da Propagação do Fogo.

6.2.1 Remoção e controle de riscos e

causas de incêndios florestais

ocasionados pelo homem

A remoção e controle dos riscos de

incêndios florestais está ligado aos

incêndios que são causados pelo

homem. Deverá ser feita a proteção do

material combustível por meio da

educação da população com campanhas

preventivas, aplicação de legislação

específica e adoção de medidas

coercitivas que venham a evitar que o

incêndio ocorra.

6.2.1.1 Classificação do risco florestal

a. Risco Geral

É o risco global a ser protegido.

Para o Corpo de Bombeiros é

representado pelo Estado como um

todo. Para uma empresa particular pode

ser representado por um

reflorestamento.

b. Risco Particular

Representa uma parte do risco

geral e se caracteriza pelo aspecto

individual. Para o Corpo de Bombeiros

uma área reflorestada dentro do Estado

do Paraná é considerada um risco

particular. Por outro lado, quando o

risco é geral, para uma entidade, é uma

porção do terreno reflorestado ou

mesmo de reserva natural, por exemplo

alguns alqueires reflorestados de

eucaliptus dentro de um reflorestamento

maior.

6.2.1.2 Origem do incêndio florestal

Muitos incêndios florestais

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

100

acontecem por descuido humano. Os

incêndios resultam dos atos dos homens

e são causados pelo descuido ou

negligência. Para se realizar um bom

trabalho de prevenção contra incêndios

florestais será preciso que se determine

como iniciam os incêndios e quem os

inicia.

6.2.1.3 Riscos e causas

Os incêndios causados pelo

homem são resultados de uma

combinação de riscos e causas. Um risco

é qualquer material combustível que

possa ocasionar o incêndio. Alguns

riscos são decorrentes da ação do

homem, tais como o acúmulo de lixo.

Outros riscos advêm da própria

natureza, como pequenos arbustos,

acículas e combustível florestal morto.

Alguns riscos são mais ou menos sérios

que outros. Por exemplo, folhas secas

queimam com muito mais rapidez que

folhas verdes. Se há grande quantidade

de combustível em determinada área, o

risco é classificado como alto.

As causas são fenômenos que

causam a eclosão do incêndio. Exemplos

de causas são fósforos e isqueiros na

mão de crianças, cinzas quentes,

fagulhas de chaminés, uma pessoa

fumando em local de risco de incêndios

florestais e que atire pontas de cigarro

na vegetação, caçadores e

acampamentos com fogueiras não

protegidas e em áreas impróprias ou

proibidas, ferrovias cruzando florestas,

queimadas não autorizadas e pessoas

que causam incêndios propositadamente

(incendiários).

Registros mostram que inúmeros

incêndios causados pelo homem são

decorrentes de pessoas residentes na

floresta, ou que trabalham na floresta.

Muitos são causados por

visitantes de lugares remotos.

Causas + Riscos = Possíveis Incêndios

Quando as causas e os riscos são

combinados, o resultado é muitas vezes

um incêndio. A prevenção deve evitar

que ele ocorra, removendo os riscos ou

controlando as causas.

A remoção e controle dos riscos e

causas de incêndios florestais, pode ser

alcançada por:

Educação Preventiva;

Regulamentação do Uso da Floresta;

Ação Legal.

a. Educação Preventiva

É o controle e remoção de riscos

de incêndios florestais persuadindo as

pessoas a adotar um comportamento

compatível à segurança florestal,

objetivando seu próprio bem ou de seus

semelhantes. Ao notarmos práticas

indevidas, tais como abandono de

resíduos combustíveis em matas,

acampamentos, liberação de resíduos de

serrarias, e outros descontroles de

riscos, podemos por meio de ação

educativa formar uma conscientização

no público alvo sobre a importância da

floresta e os danos que os incêndios

ocasionam a mesma.

Para se chegar a tal objetivo deve-

se atingir todas as classes de pessoas

que possam vir a ocasionar tais

incêndios, por meio de uma linguagem

clara e objetiva, mostrando porque o

incêndio deve ser evitado.

Os principais veículos de

comunicação visando a educação da

população são a elaboração de livros,

cartilhas, mensagens em rádio e

televisão, apresentação de filmes,

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

101

painéis e palestras além de se realizar

nas regiões de maior risco, o contato

pessoal explicando os riscos e danos do

incêndio florestal.

Um plano de educação preventiva

requer perseverança e continuidade, de

modo a forçar o homem a agir

preventivamente, por hábito.

O órgão responsável pela

elaboração, planificação e fiscalização

da proteção, deve organizar e por em

prática um programa de educação

preventiva, dentro do qual serão

abordados os aspectos citados

anteriormente.

É importante também se difundir

os aspectos legais que implicarão na

deflagração de incêndios florestais

ocasionados por descuido ou

intencionalmente.

b. Regulamentação do Uso da Floresta

A regulamentação está

relacionada com a educação da

população e com a aplicação da

legislação. Isto porque inicialmente é

necessário uma campanha de

esclarecimento no sentido de explicar as

razões das restrições no uso da floresta.

A forma mais drástica de

regulamentação seria fechar a floresta,

ou os setores mais suscetíveis ao

incêndio durante os períodos críticos.

Outras medidas que poderiam ser

adotadas são a proibição ou restrição de

fumar em determinadas áreas em

épocas de grande perigo, determinação

de locais específicos para área de

acampamentos, proibição de pesca em

certas áreas durante a estação de

incêndio e outras medidas de caráter

local ou regional.

Conforme a situação de risco da

floresta e a necessidade em preservá-la,

é possível a decretação de certas áreas

florestais como intangíveis, proibindo-se

desta forma, a passagem de pessoas por

determinados locais, garantindo-se

assim uma prevenção mais efetiva.

c. Ação Legal

Este tipo de ação é obtido de leis

e regulamentos, os quais obrigam o

homem a acatar e agir preventivamente,

evitando incêndios. Essa ação é

complementada pela ação fiscalizadora.

Existem sempre pessoas

negligentes, descuidadas e refratárias a

qualquer legislação, que agem sempre

em seus interesses pessoais. Para estas

pessoas a aplicação rigorosa da

legislação é a medida mais eficiente na

prevenção de incêndios. A aplicação da

legislação nem sempre é fácil, pois deve-

se descobrir a causa do incêndio, em

seguida deve-se estabelecer a identidade

da pessoa responsável pelo fogo.

Finalmente, é necessário provar

legalmente o envolvimento da pessoa ao

incêndio.

6.2.2 Prevenção da propagação do fogo

O risco florestal, mesmo sem

agravantes produzidos pelo homem

(resíduos inúteis), em função das

variáveis fornecidas pela natureza –

fatores de propagação dos incêndios

florestais – se predispõe à eclosão de

incêndios. Desta forma todos os

esforços devem ser direcionados para o

controle absoluto e remoção das

principais causas de incêndio, quer por

meio de ação educativa, quer pela ação

legal.

As causas impossíveis de serem

removidas, deverão ser criteriosamente

controladas. Por exemplo, certas

práticas agrícolas exigem tecnicamente

a queima de vegetação, assim sendo,

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

102

deverá ser procedida dentro de uma

tecnologia apurada, observando a hora,

posicionamento do fogo inicial, aceiros e

outras ações técnicas indispensáveis à

segurança.

Todos os pontos quentes na

floresta devem ser catalogados para

devido controle, tais como: atividades

industriais, operacionalidade com

máquinas em abertura de estradas,

ferrovias e outros.

Mesmo os mais eficientes

programas de prevenção não

conseguem evitar totalmente o início de

incêndios em áreas florestais. Por este

motivo necessita-se estabelecer sistemas

que dificultem a propagação dos

incêndios, principalmente pelo controle

da quantidade, arranjo, continuidade e

inflamabilidade, ou potencial de queima

do material combustível.

A redução do risco de propagação

dos incêndios em áreas florestais pode

ser conseguida com a implantação das

seguintes técnicas preventivas:

Construção de aceiros de

segurança;

Cortinas de segurança;

Construção de açudes.

6.2.2.1 Construção de aceiros de

segurança

Aceiros são técnicas de prevenção

que visam quebrar a continuidade do

combustível. São trechos livres de

vegetação, podendo ser criados pelo

homem ou naturais, distribuídos na

floresta ou reflorestamento, de acordo

com as necessidades preventivas.

Os aceiros de proteção podem

variar de 10 a 50 metros em função do

risco a proteger. Eles normalmente

constam de uma parte roçada e outra

parte raspada. Por exemplo em um

aceiro de 20 metros pelo menos 6

metros deverão ser raspados por

tratores.

Os aceiros não servem apenas

para impedir temporariamente a

propagação do incêndio, mas também

facilitar o acesso e permitir a

demarcação do terreno.

Os aceiros, quando seguem um

sistema rígido de divisão topográfica

(seções, subseções) recebem o nome de

divisoras, por outro lado, as faixas

limpas do combustível (roçado) são os

contornos.

FIGURA 77 – Separação de aceiros

AUTOR: Major QOBM Edemilson de Barros

Geralmente, um talhão é separado

do outro por divisoras (faixas

transitáveis raspadas). No planejamento

de reflorestamentos, sempre devem

constar as divisoras, devidamente

marcadas, e sem plantio.

Normalmente, as divisoras de um

talhão medem 20 m de largura e os

contornos 10 metros.

Nas práticas preventivas, a

redução do combustível próximo ao

aceiro é chamada de bordadura.

A redução de material

combustível em uma floresta pode ser

feita por métodos químicos, mecânicos

ou por queima controlada.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

103

6.2.2.2 Cortinas de segurança

As cortinas de segurança são

técnicas que basicamente, alteram a

inflamabilidade do material combustível.

FIGURA 78 – Cortina de segurança

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

O plantio de espécies menos

inflamáveis, como o Eucaliptus, pode

servir como proteção a espécies com

níveis de inflamabilidade superior, tais

como as coníferas resinosas.

6.2.2.3 Construção de açudes

A construção de pequenos

açudes, formados por simples barragens

de terra ao longo de pequenos cursos de

água trazem vários benefícios, como

locais para captação de água, inclusive

para aeronaves (helicópteros),e no

aumento da umidade relativa do ar local.

6.2.3 Técnicas de queimada

As queimadas são meios

econômicos e eficientes de redução do

material combustível florestal, sendo

empregadas com sucesso como uma

técnica de combate. Entretanto se trata

de uma forma arriscada que pode ser

feita no interior da floresta desde que a

espécie seja resistente ao fogo.

A redução do material

combustível resistente ao fogo pode ser

feita também na periferia da floresta,

formando aceiros temporários que

impedem ou dificultam a penetração na

floresta dos incêndios vindos de fora. A

queima de vegetação seca às margens

de estradas em locais suscetíveis à

ocorrência de incêndios, é também um

meio eficiente de redução do material

combustível.

Para que se possa realizar uma

queima com segurança, o primeiro fator

que devemos considerar é a direção do

vento, pois a fumaça resultante deve ser

afastada de áreas sensíveis como

estradas, residências e aeroportos.

6.2.3.1 Queima contra o vento

Neste caso o fogo progride em

sentido contrário ao que o vento está se

propagando.

FIGURA 79 – Queima contra o vento

FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008

É importante que a velocidade do

vento esteja entre 6,5 e 16 km/h, para

dissipação da fumaça e do calor. A

propagação do fogo tem baixa taxa de

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

104

velocidade, entre 0,0055 e 0,00166 m/s.

(SOARES, BATISTA e NUNES - 2008).

6.2.3.2 Queima a favor o vento

Devem ser feitas uma ou mais

linhas de fogo, de forma que nenhuma

desenvolva grande intensidade.

É importante combinar queima a

favor e contra o vento, devendo estar

atento ao ponto de encontro das frentes

de fogo. (SOARES, BATISTA e NUNES -

2008)

FIGURA 80 – Queima a favor do vento

FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008

6.2.3.3 Queima de flancos

Esta técnica consiste em se

realizar linhas de fogo que sejam

paralelas à direção do vento, formando

um ângulo reto com o mesmo.

Esta é uma boa forma de segurar

o fogo lateralmente em conjunto com

outras técnicas.

Útil para pequenas áreas, ou em

grandes áreas em períodos de tempo

curto. (SOARES, BATISTA e NUNES -

2008).

FIGURA 81 – Queima de flancos

FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008

6.2.3.4 Queima em manchas

Esta técnica consiste de uma série

de pequenos pontos ou círculos de fogo,

que queimam em todas as direções,

porém se encontram antes de se

tornarem maiores.

A distância entre eles deve estar

entre 40m a 60m. (SOARES, BATISTA e

NUNES - 2008).

FIGURA 82 – Queima em manchas

FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008

6.2.3.5 Queima central

Vários pontos devem ser acesos

no centro da área a ser queimada, com o

aumento da propagação e liberação de

calor por meio de uma coluna de

convecção.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

105

Em áreas maiores que 4ha deve

ser formado um anel de fogo em volta

do fogo central, que tende a se deslocar

por meio de convecção ao encontro do

ponto central. (SOARES, BATISTA e

NUNES - 2008).

FIGURA 83 – Queima central

FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008

6.2.3.6 Queima em V (Chevron)

Empregada em áreas

montanhosas. Neste caso se acendem

linhas de fogo simultaneamente,

partindo de um único ponto no ápice da

montanha, e fazendo progredir para a

parte de baixo.

FIGURA 84 – Queima em V

FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008

6.2.4 Detecção e aviso de incêndio

Se fizermos uma comparação

entre o incêndio urbano e o incêndio

florestal, nota-se uma diferença entre os

dois tipos de incêndio.

No incêndio urbano o Corpo de

Bombeiros é rapidamente avisado,

podendo atuar no combate ao princípio

do incêndio, tornando o trabalho mais

fácil.

No incêndio florestal, devido ao

isolamento da floresta, normalmente

quando ocorre o aviso, já existem

grandes extensões de fogo e uma larga

área já foi devastada. E as proporções já

podem ter atingido a necessidade de um

dispositivo de reação muito grande.

Concluindo, podemos afirmar que

a floresta, principalmente na época

propícia à eclosão de incêndios

florestais, precisa ser OBSERVADA, e em

casos de incêndios, os mesmos devem

ser prontamente detectados, mostrando

aos combatentes do fogo a sua posição

exata e, se possível, um quadro da

situação para que ocorra um pronto

atendimento antes que o incêndio

florestal fuja de controle. Portanto,

ações eficientes de combate a incêndios

florestais deixarão de existir se não

ocorrer um apoio da prevenção contra

incêndios florestais, por meio de um

sistema de observação e detecção de

incêndios.

6.2.5 Plano de proteção florestal

A elaboração de um plano de

proteção florestal é uma das primeiras

ações necessárias para o

desenvolvimento eficitente de ações de

prevenção e combate. O plano de

proteção florestal deve envolver todos

os segmentos da sociedade organizada,

em especial dos órgãos que integram o

Sistema de Defesa Civil. Para que se

atinja tal propósito é fundamental o

envolvimento de órgãos governamen-

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

106

tais, que detêm o poder da tomada de

decisão, e das entidades não

governamentais com capacidade de

apoio e integração. Tão importante

quanto a elaboração do um plano, a

colocação em prática do mesmo

culminará com o seu sucesso e

aperfeiçoamento.

Para tanto, deverão ser

desenvolvidas várias etapas que

contemplem a elaboração de normas e

adoção de medidas de prevenção

(PREVENÇÃO E PREPARAÇÃO), bem como

as ações efetivas que devem ser

desencadeadas por todos os órgãos

participantes do sistema (RESPOSTA E

RECONSTRUÇÃO/RECUPERAÇÃO).

Para maior eficiência da

prevenção dos incêndios florestais,

planos regionais ou locais, especificando

as técnicas mais adequadas e viáveis,

podem ser estabelecidos. Para se

elaborar um plano de prevenção de

incêndios são necessárias algumas

informações e estatísticas sobre

ocorrências anteriores de fogo a

aspectos gerais da área. Estas

informações, basicamente, são:

a. Regiões de ocorrências

Os incêndios não se distribuem

uniformemente nas áreas florestais.

Existem locais onde a ocorrência de

incêndios é mais freqüente, como por

exemplo em vilas ou acampamentos,

margens de rodovias, margens de

estradas de ferro, proximidades de áreas

agrícolas e margens de rios e lagos. Por

outro lado existem locais que raramente

ocorrem incêndios.

A elaboração de um mapa de

risco, por meio da marcação dos pontos

onde ocorreram os incêndios, possibilita

visualização das áreas de maior

incidência de incêndios e ajuda na

adoção de medidas preventivas especiais

para as áreas de maior risco.

b. Causas dos incêndios

Para se fazer um trabalho objetivo

de prevenção de incêndios em uma área

é necessário conhecer as principais

causas ou grupos de causas desses

incêndios. Pode-se citar: raios, queimas

para limpeza, operações florestais,

fogos campestres, fumantes,

incendiários, estradas de ferro e

diversos.

As causas variam de região para

região, principalmente em países de

grande extensão territorial.

c. Duração do período de ocorrência

Os incêndios, devido

principalmente às condições climáticas,

não ocorrem com a mesma freqüência

durante todos os meses da ano. A

variação do número de ocorrências de

incêndio, de região para região, ao

longo dos meses, deve-se às

diversidades climáticas ou às diferenças

nos níveis de atividades agrícolas e

florestais.

d. Zonas prioritárias

Nenhum planejamento deve ser

feito sem definir claramente as áreas

que devem ser protegidas. Apesar de

toda a floresta precisar de proteção,

existem sempre áreas que devem

receber tratamento prioritário e por isto

mesmo marcadas com destaque no

mapa da região. A elaboração desses

mapas, de preferência com o uso de

cores diferentes indicando os diversos

tipos de vegetação, permite prever em

que áreas o fogo oferece maior risco de

propagação.

6.2.5.1 Objetivos de um plano de

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

107

proteção florestal

a. Integração

A integração é a base sólida para

o desenvolvimento de ações preventivas.

Ele deve acontecer no momento

preventivo e preparatório visando um

contato prévio entre as agências

envolvidas no plano de proteção, que

tende a resultar em uma harmonização –

base para um trabalho com eficiência e

eficácia no momento de resposta em um

desastre. Neste contexto, deve-se

estabelecer uma estrutura de parceria

interinstitucional para prevenção e

combate, envolvendo órgãos públicos,

iniciativa privada, mídia e segmentos

organizados da sociedade.

b. Monitoramento

Um serviço de monitoramento e

acompanhamento da situação da

vegetação, seja por meio de observação

direta da floresta em áreas particulares,

ou via satélite, deve ser implementado

nos períodos críticos para a deflagração

dos incêndios florestais. Sendo assim é

possível o processo de informações de

uma forma rápida culminando com a

rápida localização de um incêndio e a

adoção de medidas de respostas rápidas

e eficientes. Além disto, o

monitoramento nos possibilita a

determinação dos índices de perigo de

um incêndio em uma determinada

região, e a manutenção de uma banco

de dados com as informações coletadas.

c. Reuniões períodicas

Visando a integração, bem como

o monitoramento correspondente, faz-se

necessário a adoção de um calendário

de reuniões nos períodos críticos. Tais

reuniões deverão abordar minimamente

os seguintes tópicos:

Abertura;

Análise dos incêndios florestais

ocorridos no período;

Avaliações práticas das ações de

resposta;

Atividades preventivas (planejamento

adotado);

Exposição das atividades realizadas

por cada órgão que participa do

plano;

Encerramento dos trabalhos.

Todas as reuniões deverão ser

registradas em atas que serão

devidamente arquivadas.

d. Plano de Chamada

Um plano de chamada deverá ser

elaborado, associado ao protocolo de

ações preventivas e de resposta de cada

organismo integrante, que deverá

constar de uma ficha específica. Desta

forma, as atualizações no plano serão

constantemente executadas com a

substituição da ficha de controle.

e. Análise dos incêndios florestais

A análise dos incêndios visa o

aprimoramento dos procedimentos

adotados, da legislação e da

performance individual ou do grupo

envolvido no episódio. É imprescindível

analisar como todos os componentes

(policiais, bombeiros, empresas

privadas, agentes públicos, técnicos das

mais diversas áreas, etc.) das agências

envolvidas se relacionam, analisar as

desconformidades, detectar pontos

fracos para, a partir deles estabelecer

metas para a almejada evolução

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

108

acontecer de maneira gradativa. Assim,

estudos de caso devem ser objeto das

reuniões periódicas.

As constatações sobre pontos

críticos devem servir de subsídio para

planejamentos coletivos.

f. Ações preventivas

As ações preventivas sempre

serão contempladas nos planos de

prevenção florestal. Gestões devem ser

feitas objetivando a divulgação de

campanhas preventivas, recuperativas e

educacionais.

As campanhas essencialmente

priorizarão a conscientização, a

divulgação e a educação ambiental. É de

fundamental importância a adoção de

material de apoio, por meio de “folder”,

cartazes, folhetos, manuais, multimídia

e adesivos.

A campanha preventiva deve ser

colocada em prática anualmente no

período crítico, por meio dos veículos de

comunicação social, ações diretas nas

comunidades localizadas próximas a

área de risco e por meio de todas as

instituições que se integram ao plano de

proteção florestal.

g. Cooperação

Cada instituição deve contribuir

com todos os seus esforços possíveis

com o objetivo de reduzir os incêndios

florestais, bem como atuar de forma

eficiente e eficaz nas ações de resposta.

h. Qualificação integrada

A qualificação é uma das

facilitadoras para o sucesso da execução

do que foi planejado. Cada agente

envolvido no atendimento a um incêndio

florestal possui sua formação específica

dentro da sua área (ambiental,

emergencial, policial, trânsito, etc.),

porém, necessita-se convergir os

objetivos de cada instituição – que

justificam sua existência – à preparação

técnica durante a formação de cada

profissional envolvido e qual o seu nível

de contato nos momentos da

normalidade (prevenção e preparação) e

de anormalidade (resposta e

reconstrução), em relação aos incêndios

florestais.

Uma análise rápida logo se traduz

em constatação: não existe um

nivelamento entre os agentes

responsáveis. Essa dedução não provém

de um caráter empírico e irrestrito a

uma ou outra instituição, mas genérico a

ponto de ser necessário o

desenvolvimento de um calendário de

cursos de capacitação que objetivem a

qualificação integrada, proporcionando

desde o treinamento à possibilidade das

pessoas que potencialmente poderão

interagir num local de sinistro se

conhecerem, o que acarreta perguntas

simples com respostas nem tão simples

assim:

Qual o papel de cada órgão num

atendimento integrado de combate a

incêndio florestal?

Quem vai organizar o pessoal

disponível?

Onde estão os recursos materiais?

A quem caberá a logística?

Quem aplicará a multa?

Quais informações o Ministério

Público precisa para apurar as

responsabilidades?

Quem e como acionará o Ministério

Público?

Como preencher as ocorrências para

alimentar um banco de dados? E

como é esse formulário?

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

109

Essas são apenas algumas

perguntas que costumam surgir durante

um incidente, e respondê-las com

correção e velocidade requer um

preparo prévio que passa pela

integração entre os órgãos, além da

capacitação de seus agentes.

i. Aquisição e distribuição de materiais e

equipamentos

Atender a incêndios florestais

expõe recursos humanos e custa caro,

sem contar, é claro, o dano ambiental.

Caberá a alguém o pagamento dessa

conta. Nesse aspecto, o sistema

apresenta-se vulnerável e depende de

um ajuste entre seus partícipes para que

o panorama deixe de ser desfavorável

nesses momentos. O agente humano

corre risco, a população lindeira correrá,

por conseguinte, riscos semelhantes,

assim como a natureza fica

comprometida pela precariedade com

que se atende tais incêndios.

Não adianta plano elaborado,

comitês e metas estabelecidas, se não

houver recursos treinados, equipados e

com segurança debelando chamas.

Para tanto o plano deve indicar a

forma de aquisição de equipamentos,

sua distribuição na área a ser protegida,

bem como a forma de emprego dos

recuros.

j. Fluxo de informações

A comunicação incide diretamente

na probabilidade de obtermos êxito num

atendimento. Além de funcionar em

caráter intra-institucional precisa fluir

inter-institucionalmente, não apenas no

momento da emergência, mas nas fases

preventiva e preparatória.

O acionamento das estruturas

emergenciais dos diversos órgãos

participantes do plano de prevenção

deve ser contemplado. A definição de

equipes de plantão 24 horas, de

telefones que atendam no momento em

que a resposta faz a diferença para uma

orientação técnica adequada, diminuição

do tempo resposta para se chegar até o

local do atendimento e capacitação para

integrar o SICOE/SCI. O Ministério

Público tem interesse em realizar a

apuração de responsabilidades, porém,

eventualmente esbarra na simples falta

de dados que deixaram de ser coletados

porque os relatórios dos órgãos que

participaram daquele atendimento não

previam a necessidade de se obter tal

informação. Enfim, esses apontamentos

constituem-se numa série de detalhes

imprescindíveis e que implicam,

diretamente, no êxito ou fracasso de

uma operação.

6.2.6 Vigilância florestal

É a observação e marcação dos

incêndios florestais.

A vigilância preventiva é feita por

patrulhas onde é difundida a educação

preventiva e a orientação do controle de

riscos e controle de remoção de causas.

Pode ser considerada:

Móvel: Patrulhamento Aéreo e

Terrestre

Fixa: Empregando Torres de

Observação.

a. Vigilância móvel

A vigilância móvel é utilizada em

vários países desenvolvidos e vem sendo

implementada no Brasil, por se tratar de

um sistema comprovadamente eficaz na

detecção e localização de incêndios

florestais.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

110

O meio utilizado é também

empregado nas ações de combate.

Aviões e helicópteros, providos do

equipamento GPS, marcam em

coordenadas os focos do incêndio,

possibilitando que sejam lançadas

equipes de terra para o combate,

devidamente orientadas sobre o

localização exata do incêndio.

A mobilidade do sistema de

vigilância móvel é um ponto positivo,

pois com aviões e helicópteros se

percorrem extensas áreas em curto

espaço de tempo, além do que é

possível um acompanhamento da

progressão do fogo para aviso das

equipes de mudanças de direção ou

outros fenômenos.

Nos reflorestamentos particulares

os patrulhamentos terrestres,

empregando veículos para trabalho em

terrenos acidentados têm sido

eficientes, pois atingem grandes áreas

sem desgastar pessoal.

b. Vigilância fixa

Quando o setor preventivo, por

algum motivo falha, ou quando a origem

é uma causa natural e esta atinge o risco

(floresta), temos a deflagração do

incêndio que deve ser imediatamente

observado, localizado e transmitido para

o Centro de Socorro com o objetivo de

dar combate às chamas.

Na vigilância fixa se empregam

torres de observação. Tal método tem

mostrado sua eficiência em nosso país,

existindo inclusive fabricantes

especializados na montagem de tais

torres.

Nas empresas de reflorestamento

de grande porte, que dependem

diretamente de suas florestas para a

fabricação de matéria prima, é o sistema

mais utilizado, principalmente nos

períodos críticos à eclosão de incêndios

florestais e onde as áreas se limitam

com plantações e pastagens.

FIGURA 85 – Torre de observação em

reflorestamento

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

6. 3 ASPECTOS LEGAIS

Existe uma farta, porém recente,

legislação relacionada ao uso do fogo no

Brasil e em diversos Estados. A

legislação em vigor define as condições

de utilização do fogo, suas restrições,

responsabilidades por danos causados

ao meio ambiente e a terceiros, medidas

de prevenção e combate e penalidades

pelo seu uso incorreto.

6.3.1 Código Florestal

O Código Florestal – Lei Federal

n.º 4771, de 15 de setembro de 1965,

possui vários artigos relacionados à

questão dos incêndios florestais, sendo

destaque os seguintes:

Art. 11 – “O emprego de produtos

florestais ou hulha como combustível

obriga o uso de dispositivos que

impeçam a difusão de fagulhas

susceptíveis de provocar incêndios nas

florestas e demais formas de vegetação

marginal”.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

111

Art. 25 – “Em caso de incêndio

rural, que não se possa extinguir com os

recursos ordinários, compete não só ao

funcionário florestal como a qualquer

outra autoridade pública requisitar os

meios materiais e convocar os homens

em condições de prestar auxílio”.

Art. 26 – “Constituem

contravenções penais, puníveis com três

meses a um ano de prisão simples ou

multa de um a cem vezes o Maior Valor

de Referência, ou ambas as penas

cumulativamente:

Fazer fogo, por qualquer modo, em

florestas e demais formas de vegetação,

sem tomar as precauções adequadas.

Fabricar, vender, transportar ou soltar

balões que possam provocar incêndios

nas florestas e demais formas de

vegetação.

Art. 27 – “É proibido o uso do fogo nas

florestas e demais formas de vegetação.

Parágrafo único – Se peculiaridades

locais ou regionais justificarem o

emprego do fogo em práticas

agropastoris ou florestais, a permissão

será estabelecida em ato do Poder

Público, circunscrevendo as áreas e

estabelecendo as normas de precaução.

Art. 28 – “Além das contravenções

estabelecidas, substituem os

dispositivos previstos no Código Penal

(Art. 250) e nas demais leis, com as

penalidades neles cominadas.

6.3.2 Decreto Lei 97.635

O Decreto Lei n.º 97.635, de 10

de abril de 1989, regulamentou o artigo

27 do Código Florestal e criou o

PREVFOGO – Sistema Nacional de

Prevenção e Combate aos Incêndios

Florestais, que possui os seguintes

artigos:

Art. 1º. – Incêndio Florestal é fogo

sem controle em qualquer forma de

vegetação.

1º - É proibido o uso do fogo sem

controle nas florestas e demais formas

de vegetação, bem assim qualquer ato

ou omissão que possa ocasionar

incêndio florestal.

2º - Quando peculiaridades locais

ou regionais justificarem o emprego do

fogo, na forma de queima controlada,

em práticas agropastoris ou florestais,

poderá ser permitido, circunscrevendo

as áreas estabelecidas e observando as

normas de precaução.

3º - Compete ao Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis

estabelecer as condições de uso do

fogo, sob a forma de queima controlada.

Art. 2º - A prevenção de incêndios

florestais será promovida através do

Sistema Nacional de Prevenção e

Combate aos Incêndios Florestais –

PREVFOGO.

Parágrafo único – A coordenação

do PREVFOGO ficará a cargo do Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.

Art. 3º - O Combate a incêndio

florestal será exercido por:

Corpo de Bombeiros;

Grupo de voluntários organizados pela

comunidade ou brigadas.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

112

Art. 4º - No caso de incêndio

florestal, que não possa ser extinto com

os recursos ordinários, cabe à

autoridade pública requisitar os meios

materiais necessários, qualquer que seja

seu proprietário, para extinção do

incêndio.

Art. 5º - Será segurado contra

danos direta ou indiretamente

provocados por incêndio florestal aquele

que prestar serviço nesta atividade,

compreendendo-se neste seguro os

eventos de doenças, invalidez e morte,

bem como pensão ao cônjuge,

companheiro e dependentes.

Art. 6º - Os trabalhos de combate

a incêndio florestal são considerados de

relevante interesse público.

6.3.3 Decreto Lei 6.515

O Decreto Lei 6.515, de 22 de

julho de 2008, Institui, no âmbito dos

Ministérios do Meio Ambiente e da

Justiça, os Programas de Segurança

Ambiental denominados Guarda

Ambiental Nacional e Corpo de Guarda-

Parques, onde se destaca:

Art. 1º Fica instituído, no âmbito dos

Ministérios do Meio Ambiente e da

Justiça, os Programas de Segurança

Ambiental denominados Guarda

Ambiental Nacional e Corpo de Guarda-

Parques, com o objetivo de desenvolver

ações de cooperação federativa na área

ambiental.

§ 1º Para a execução dos Programas de

que trata o caput, a União, por meio dos

Ministérios do Meio Ambiente e da

Justiça, celebrará convênios com os

Estados e o Distrito Federal, inclusive

com a previsão de repasse de recursos.

§ 2º Os Programas serão destinados,

prioritariamente, para as atividades de

prevenção e defesa contra crimes e

infrações ambientais, bem como para a

preservação do meio ambiente, da fauna

e da flora, conforme previsto neste

Decreto e no ato formal específico de

adesão dos entes federativos

interessados.

Art. 2º Os Programas de Segurança

Ambiental previstos neste Decreto serão

orientados pelos seguintes princípios e

diretrizes:

I - cooperação ambiental;

II - solidariedade federativa;

III - planejamento e fiscalização do uso

dos recursos ambientais;

IV - proteção de áreas ameaçadas de

degradação e de espaços territoriais a

serem protegidos e seus componentes;

V - prevenção contra crimes e infrações

ambientais;

VI - emprego de técnicas adequadas à

preservação ambiental; e

VII - qualificação especial para gestão de

conflitos.

Art. 3º As ações do Programa Guarda

Ambiental Nacional serão executadas

por integrantes das unidades

especializadas em policiamento

ambiental dos entes federativos

conveniados, cuja atuação será dirigida

à proteção e ao apoio de atividades

desenvolvidas por servidores do

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

dos Recursos Naturais Renováveis -

IBAMA ou do Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade -

Instituto Chico Mendes, conforme regras

específicas a serem estabelecidas nos

convênios de que trata o art. 1º.

Parágrafo único. O contingente

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

113

mobilizável da Guarda Ambiental

Nacional será composto por servidores

que tenham recebido treinamento

especial para atuação conjunta com

integrantes das polícias federais e dos

órgãos de segurança pública e de

preservação do meio ambiente dos

Estados e do Distrito Federal.

Art. 4º Caberá conjuntamente aos

Ministros de Estado do Meio Ambiente e

da Justiça determinar o emprego da

Guarda Ambiental Nacional, bem como

coordenar seu planejamento, preparo e

mobilização, compreendendo, inclusive,

a definição da estrutura de comando dos

seus integrantes.

§ 1º O ato que determinar o emprego da

Guarda Ambiental Nacional conterá:

I - delimitação da área de atuação e

limitação do prazo nos quais suas

atividades serão desempenhadas;

II - indicação das medidas de proteção

ambiental a serem implementadas; e

III - as diretrizes que nortearão o

desenvolvimento das operações.

§ 2º O emprego da Guarda Ambiental

Nacional será episódico e planejado,

segundo as condições estabelecidas

neste Decreto e nos respectivos

convênios.

§ 3º Antes de cada operação da Guarda

Ambiental Nacional, o Ministro de

Estado do Meio Ambiente deverá

informar os Governadores dos Estados

onde serão realizadas as operações.

§ 4º Por autorização do Ministro de

Estado da Justiça, a Força Nacional de

Segurança Pública poderá oferecer

instalações, recursos de inteligência,

transporte, logística, treinamento e sua

tropa especializada de pronto emprego,

de modo a contribuir com as atividades

da Guarda Ambiental Nacional.

Art. 5º O Programa Corpo de Guarda-

Parques será formado por integrantes do

Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar,

e seus Batalhões Florestais e Ambientais,

cuja atuação será dirigida à proteção

ambiental das unidades de conservação

federais situadas no território do

respectivo ente federativo.

§ 1º Caberá ao Corpo de Guarda-

Parques:

I - prevenir, fiscalizar e combater

incêndios florestais e queimadas no

interior das unidades de conservação e

em seu entorno imediato;

II - garantir a segurança dos visitantes e

funcionários das unidades de

conservação;

III - empreender ações de busca e

salvamento no interior das unidades de

conservação;

IV - promover atividades de

interpretação natural, cultural e histórica

relacionadas com as unidades de

conservação;

V - promover ações de caráter sócio-

ambiental voltadas para as comunidades

residentes na unidade de conservação e

no seu entorno;

VI - prestar apoio operacional e de

segurança aos servidores competentes

para exercer o poder de polícia

ambiental nas unidades de conservação

federais; e

VII - zelar pelo patrimônio físico das

unidades de conservação.

§ 2º O Corpo de Guarda-Parques

disponível em cada unidade de

conservação contribuirá para o

funcionamento, em parceria com os

servidores da área ambiental, de postos

florestais de proteção ambiental nessas

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

114

unidades.

Art. 6º Os servidores mobilizados para

atuar de forma integrada nos Programas

de Segurança Ambiental mencionados

neste Decreto ficarão sob coordenação

dos Ministérios do Meio Ambiente e da

Justiça enquanto durar sua mobilização,

mas continuam a integrar o quadro

funcional de seus respectivos órgãos.

Art. 7º O Ministério do Meio Ambiente,

consultados os entes federativos que

aderirem aos Programas de Segurança

Ambiental, elaborará proposta para a

provisão de assistência médica e seguro

de vida e de acidentes dos servidores

mobilizados, quando vitimados em

atuação efetiva em operações dos

Programas.

Art. 8º Ao Ministério do Meio Ambiente

caberá a coordenação geral dos

Programas de que trata este Decreto,

bem como:

I - realizar consultas a outros órgãos da

administração pública federal, quando

necessário, sobre aspectos pertinentes

às atividades dos Programas de

Segurança Ambiental;

II - solicitar apoio da administração dos

Estados e do Distrito Federal às

atividades dos Programas de Segurança

Ambiental, respeitando- se a

organização federativa;

III - providenciar a aquisição de bens e

equipamentos necessários às atividades

dos Programas de Segurança Ambiental

e coordenar ações de apoio material e

reaparelhamento destinadas aos órgãos

ambientais dos Estados e do Distrito

Federal;

IV - estabelecer as diretrizes e os

critérios de seleção e treinamento dos

servidores integrantes dos Programas de

Segurança Ambiental;

V - coordenar o planejamento

orçamentário geral e realizar a gestão

financeira relativos à execução das

atividades dos Programas de que trata

este Decreto;

VI - estabelecer a interlocução com os

Estados e o Distrito Federal, bem assim

com seus órgãos ambientais e demais

órgãos do Governo Federal, para a

disponibilização de recursos humanos,

materiais e financeiros necessários ao

funcionamento dos Programas de

Segurança Ambiental; e

VII - definir, de acordo com a legislação

aplicável, os sinais exteriores de

identificação e o uniforme dos

servidores mobilizados para atuar nas

operações dos Programas de Segurança

Ambiental.

Art. 9º Os servidores dos Estados e do

Distrito Federal mobilizados para atuar

nos programas mencionados neste

Decreto serão designados pelos seus

respectivos Governadores.

Parágrafo único. Caso algum servidor

público federal mobilizado venha a

responder a inquérito policial ou a

processo judicial por sua atuação efetiva

em operações dos Programas de

Segurança Ambiental, poderá ser ele

representado judicialmente pela

Advocacia-Geral da União, nos termos do

art. 22 da Lei no 9.028, de 12 de abril

de 1995.

Art. 10. As despesas com a execução

das atividades dos Programas de

Segurança Ambiental e suas respectivas

ações correrão à conta das dotações

orçamentárias consignadas anualmente

nos orçamentos do Ministério do Meio

Ambiente e do Ministério da Justiça.

§ 1º Os Ministérios referidos no caput

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

115

realizarão, no âmbito das suas

respectivas competências, o

planejamento orçamentário relativo à

execução das atividades dos Programas

de que trata este Decreto, observado o

disposto no inciso V do art. 8o.

§ 2º O Ministério do Meio Ambiente

fornecerá os recursos materiais

complementares necessários para

fortalecer a atuação específica na área

ambiental dos órgãos que participarem

dos Programas estabelecidos neste

Decreto.

Art. 11. Este Decreto entra em vigor na

data de sua publicação.

Além destes diplomas legais, as

portarias e resoluções do IBDF – Instituto

Brasileiro de Desenvolvimento Florestal,

atual IBAMA e do CONAMA – Conselho

Nacional do Meio ambiente abaixo

relacionadas tratam da questão dos

incêndios florestais:

A Portaria IBDF n.º 183, de

06/06/84, institui o Dia Nacional de

Prevenção aos incêndios Florestais (1º

de junho de cada ano).

A Portaria IBDF n.º 231, de

08/08/88 trata do emprego de fogo sob

forma de queima controlada.

A portaria Normativa IBDF n.º

292-P, de 12/10/88 institui o

documento “Termo de Responsabilidade

e Permissão para Queima Controlada –

TR”.

A Resolução CONAMA n.º 011, de

14/12/88, estabelece em seu art. 1º que

as Unidades de Conservação, contendo

ecossistemas florestais, mesmo quando

atingidas pelo fogo, devem sempre

continuar a ser mantidas, com vistas a

sua recuperação natural.

No art. 3º, trata da utilização do

fogo como elemento de manejo

ecológico de campos, cerrados e outros

tipos de savana adaptados à ocorrência

de incêndios periódicos, vedando tal

prática em áreas florestais das Unidades

de Conservação, exceto se

expressamente autorizada pelo

CONAMA.

6.3.4 Decreto Estadual 4223

O Decreto Estadual 4223, de 14

de abril de 1998, cria o Plano Estadual

de Prevenção e Combate aos Incêndios

Florestais para o Estado do Paraná, bem

como estabelece critérios para manejo

do fogo por meio de queima controlada,

onde destaca-se:

Art. 1º - Considera-se incêndio florestal,

todo fogo sem controle sobre qualquer

forma de vegetação, provocado pelo

homem intencionalmente ou por

negligência, ou ainda por fonte natural.

Parágrafo único - O incêndio florestal

provocado pelo homem, por ação ou

omissão, é considerado crime e sujeitará

os seus autores às penalidades da Lei.

Art. 2º - Queimadas são práticas

agropastoris ou florestais, onde o fogo é

utilizado de forma controlada, atuando

como fator de manejo da vegetação ou

do solo.

Art. 3º - A emissão de autorização para

os casos em que se justifique o uso de

fogo, sob a forma de queima controlada,

em práticas agropastoris e/ou florestais,

será condicionada à observância dos

princípios e critérios aqui estabelecidos

e nas demais normas vigentes.

Art. 4º - O pedido de autorização para a

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

116

queima controlada deverá ser

protocolado junto ao Instituto Ambiental

do Paraná com antecedência mínima de

15 (quinze) dias da data em que se

pretende fazer uso do fogo.

6.3.5 Decreto Estadual 6416

O Decreto Estadual 6416, de 11

de outubro de 2002 aprovou o

regulamento do Sistema Integrado de

Comando em Emergência – SICOE para o

Estado do Paraná, trazendo em seus

anexos o citado regulamento, onde

destaca-se:

Art. 10. Considera-se, ainda, como

passível de mobilização do SICOE, as

emergências que:

V - tenham comprometimento do meio

ambiente;

VIII - resultem em incêndios florestais

que fujam do controle das autoridades

locais;

Art. 13. O Comandante da Emergência é

o comandante do SICOE e responde por

todas as ações no local do desastre.

Parágrafo único - O Comandante da

Emergência será a maior autoridade

militar do Corpo de Bombeiros na área

do desastre.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

117

7 METEOROLOGIA APLICADA

A INCÊNDIOS FLORESTAIS

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

118

7. METEOROLOGIA APLICADA À

INCÊNDIOS FLORESTAIS

A meteorologia (do grego

meteoros, que significa elevado no ar, e

logos, que significa estudo) é a ciência

que estuda a atmosfera terrestre. Seus

aspectos mais tradicionais e conhecidos

são a previsão do tempo e a

climatologia.

O tempo pode ser definido como

o estado da atmosfera em determinado

instante e lugar. O clima tem sido

frequentemente definido como um

tempo médio, ou seja, um conjunto de

condições normais que dominam uma

região, obtidas das médias das

observações durante um intervalo de

tempo.

Os serviços de combate a

incêndios florestais são afetados pelas

condições do tempo, principalmente as

variáveis meteorológicas como: a

temperatura do ar, a umidade do ar, a

pressão do ar, a velocidade e direção do

vento, tipo e quantidade de precipitação

e o tipo e quantidade de nuvens.

As estações do ano possuem

variações de comportamento em nosso

Estado, no entanto podemos definir

algumas características comuns, como a

seca (em média entre os meses de junho

a setembro) com suas características de

baixa umidade relativa do ar, formação

de nevoeiros, grande variação de

temperatura ao longo do dia e a falta de

chuva; a das águas (em média entre os

meses de novembro e março) com

acumulados de chuva em curto espaço;

desencadeando estiagens e cheias, de

forma que as variáveis com valores

muito acima ou muito abaixo da média

histórica vêm determinar o número e a

gravidade das emergências, motivo pelo

qual será objeto deste estudo.

Por sua vez não podemos ignorar o

efeito das intempéries sobre o homem,

em face de atividade intensa do combate

a incêndios florestais, com elevado

desgaste físico e stress.

7.1 CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS

Os aspectos meteorológicos que

influenciam decisivamente o

comportamento dos incêndios florestais

são: a temperatura e a umidade relativa

do ar e o rumo e velocidade do vento.

Faremos ainda uma abordagem quanto a

pressão do ar e tipo e quantidade de

chuvas e nuvens.

7.1.1 Temperatura

A temperatura é uma grandeza

física, característica de um dado corpo

(sólido, líquido ou gasoso), que é

superior ou inferior consoante esse

corpo absorveu mais ou menos energia.

É necessária a definição de que

calor é a energia cinética total dos

átomos e moléculas que compõem uma

substância e temperatura é uma medida

da energia cinética média das moléculas

ou átomos individuais.

Utilizaremos três escalas: a

Celsius, a Fahrenheit e a Kelvin (ou

absoluta). A escala Fahrenheit é muito

usada em países de língua inglesa,

principalmente Estados Unidos e

Inglaterra. A escala Kelvin também é

usada para fins científicos.

O ponto de fusão do gelo

corresponde a 0º C na escala Celsius,

32º F na escala Fahrenheit e 273 K na

escala Kelvin. O ponto de ebulição da

água corresponde, respectivamente, a

100º C 212º F e 373 K. O ponto zero da

escala Kelvin (zero absoluto)

corresponde, ao menos teoricamente, à

temperatura na qual cessa o movimento

molecular e o objeto não emite radiação

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

119

eletromagnética. Não há temperaturas

abaixo dessa. As relações entre as

diversas escalas é dada por:

C/5 = (F-32)/9

K = C + 273

Quanto maior for a temperatura

ambiente mais seca fica a vegetação e,

por conseguinte, mais aumentam as

condições para a ignição e rápida

propagação de incêndios.

7.1.2 Umidade

A umidade atmosférica exprime a

quantidade de vapor de água existente

na atmosfera. A capacidade que o ar tem

para adquirir umidade é muito

importante. Quanto mais alta for a

temperatura, maior a quantidade de

vapor de água que se pode manter no ar

sem passar ao estado líquido

(condensar). Ao contrário, quanto mais

frio estiver o ar, menos capacidade terá

em manter o vapor de água sem este se

condensar.

Esta presença de vapor d’água

pode ser descrita quantitativamente de

várias maneiras. Entre elas estão a

pressão de vapor, a umidade absoluta, a

razão de mistura e a umidade relativa.

7.1.2.1 Pressão de vapor

A pressão de vapor é

simplesmente a parte da pressão

atmosférica total devida ao seu

conteúdo de vapor d’água e é

diretamente proporcional à

concentração de vapor no ar. Surge

então o conceito de pressão de vapor de

saturação, sendo a quantidade máxima

de vapor de água a determinada

temperatura, conforme tabela:

Temperatura ºC g/kg

-40 0,1

-30 0,3

-20 0,75

-10 2

0 3,5

5 5

10 7

15 10

20 14

25 20

30 26,5

35 35

40 47

7.1.2.2 Umidade absoluta

A umidade absoluta é definida

como a massa de vapor de água

(usualmente em gramas) por unidade de

volume (usualmente em m³), sendo

calculada por:

UA= mv

V

7.1.2.3 Razão de mistura

A razão de mistura é a massa de

vapor d’água (usualmente em gramas)

por unidade de massa de ar seco

(usualmente Kg):

W= mv

md

7.1.2.4 Umidade relativa

Umidade relativa é a razão entre a

razão de mistura real w e a razão de

mistura de saturação ws:

UR= W x 100%

Ws

A UR indica quão próximo o ar

está da saturação, ao invés de indicar a

real quantidade de vapor d’água no ar.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

120

Como exemplo, vemos que em

25° C, ws = 20 g/kg. Se o ar contém 10

g/k num dia com 25° C, UR = 50%.

Variações da umidade relativa

causadas por variações da temperatura

ocorrem na natureza tipicamente por

variação diurna da temperatura,

movimento horizontal de massa de ar e

movimento vertical de ar.

FIGURA 86 – Variação UR x Temperatura

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

7.1.2.5 Medidas de umidade

A umidade absoluta e razão de

mistura são difíceis de medir

diretamente, mas podem ser obtidas da

umidade relativa, por meio de gráficos

ou tabelas. Para medir umidade relativa

usam-se higrômetros.

Um dos mais simples, o

psicrômetro, consiste de dois

termômetros idênticos, montados lado a

lado, conforme figura a seguir

FIGURA 87 – Psicômetro

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

Um deles é o chamado

termômetro de bulbo úmido, que tem

um pedaço de musselina amarrado em

torno do bulbo. Para usar o psicrômetro,

o tecido é molhado e é exposto a

contínua corrente de ar, ou girando o

instrumento ou forçando uma corrente

de ar por meio dele até atingir uma

temperatura estacionária (saturação).

A temperatura de bulbo úmido

cai, devido ao calor retirado para

evaporar a água. O seu resfriamento é

diretamente proporcional à secura do ar.

Quanto mais seco o ar, maior o

resfriamento. Portanto, quanto maior a

diferença entre as temperaturas de

bulbo úmido e de bulbo seco, menor a

umidade relativa; quanto menor a

diferença, maior a umidade relativa. Se o

ar está saturado, nenhuma evaporação

ocorrerá e os dois termômetros terão

leituras idênticas.

7.1.2.6 Umidade dos combustíveis

A umidade atmosférica também

influencia a umidade dos combustíveis.

Com efeito, durante o dia o ar seco

retira a umidade da vegetação (88), pois

está a uma temperatura mais elevada e

tem maior capacidade de absorver vapor

de água.

FIGURA 88 – Troca de umidade (dia)

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

121

Durante a noite passa-se o

contrário, pois o ar, mais frio, tem maior

teor de vapor de água e são os

combustíveis florestais que absorvem

umidade do ar (89).

FIGURA 89 – Troca de umidade (noite)

Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade

Outra grandeza importante

relacionada à umidade é a temperatura

de ponto de orvalho, que é a

temperatura a que o ar deveria ser

resfriado à pressão constante para ficar

saturado.

O termo ponto de orvalho provém

do fato de que durante a noite objetos

próximos à superfície da Terra

freqüentemente se resfriam abaixo da

temperatura de ponto de orvalho.

O ar em contato com estas

superfícies também se resfria por

condução até tornar-se saturado e o

orvalho começar a formar-se. Assim, se

a temperatura da vegetação baixar,

então o excesso de vapor de água

existente na atmosfera condensa-se e

deposita-se na vegetação, formando o

orvalho.

Quando a temperatura de ponto

de orvalho está abaixo da temperatura

de congelamento, o vapor d’água é

depositado como geada.

Quanto mais alto o ponto de

orvalho, maior a concentração de vapor

d’água.

7.1.3 Vento

O vento é o movimento do ar e

pode ocorrer em qualquer direção. Na

observação do vento considera-se, por

convenção, o rumo de onde sopra o ar,

referido aos pontos da rosa dos ventos:

cardeais, colaterais e intermédios,

consoante o pormenor desejado.

Um bom indicador do rumo do

vento é a movimentação das nuvens,

porque são por ele empurradas. O ar

desloca-se dos locais de maior pressão

atmosférica para aqueles onde ela é

menor. Sabe-se que o ar quente sobe e,

pelo contrário, o ar frio desce.

7.1.3.1 Tipos e características de ventos

A classificação a seguir considera

a velocidade do vento para que se possa

estabelecer uma classificação de força,

apresentando uma designação.

continua

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

122

FIGURA 90 – Tipos e características de

ventos

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

7.1.4 Nuvens

O vapor d’água é um gás invisível,

mas os produtos da condensação e

deposição de vapor d’água são visíveis.

As nuvens são manifestações

visíveis da condensação e deposição de

vapor d’água na atmosfera. Podem ser

definidas como conjuntos visíveis de

minúsculas gotículas de água ou cristais

de gelo, ou uma mistura de ambos.

As nuvens são classificadas com

base em dois critérios: aparência e

altitude.

Com base na aparência,

distinguem-se três tipos: cirrus, cumulus

e stratus. Cirrus são nuvens fibrosas,

altas, brancas e finas. Stratus são

camadas que cobrem grande parte ou

todo o céu. Cumulus são massas

individuais globulares de nuvens, com

aparência de domos salientes. Qualquer

nuvem reflete uma destas formas

básicas ou é combinação delas.

Com base na altitude, as nuvens

mais comuns na troposfera são

agrupadas em quatro famílias: Nuvens

altas, médias, baixas e nuvens com

desenvolvimento vertical. As nuvens das

três primeiras famílias são produzidas

por levantamento brando sobre áreas

extensas. Estas nuvens se espalham

lateralmente e são chamadas

estratiformes.

Nuvens com desenvolvimento

vertical geralmente cobrem pequenas

áreas e são associadas com

levantamento bem mais vigoroso. São

chamadas nuvens cumuliformes.

Nuvens altas normalmente têm

bases acima de 6000 m, nuvens médias

geralmente têm base entre 2000 a 6000

m e nuvens baixas tem base até 2000

m. Estes números não são fixos. Há

variações sazonais e latitudinais. Em

altas latitudes ou durante o inverno em

latitudes médias as nuvens altas são

geralmente encontradas em altitudes

menores.

Devido às baixas temperaturas e

pequenas quantidades de vapor d’água

em altas altitudes, todas as nuvens altas

são finas e formadas de cristais de gelo.

Como há mais vapor d’água disponível

em altitudes mais baixas, as nuvens

médias e baixas são mais densas.

Nuvens em camadas em qualquer

dessas altitudes geralmente indicam que

o ar é estável. Não esperaríamos

normalmente que nuvens crescessem ou

persistissem no ar estável. Todavia, o

desenvolvimento de nuvens desse tipo é

comum quando o ar é forçado a subir,

como ao longo de uma frente ou

próximo ao centro de um ciclone,

quando ventos convergentes provocam a

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

123

subida do ar. Tal subida forçada de ar

estável leva à formação de uma camada

estratificada de nuvens que tem uma

extensão horizontal grande comparada

com sua profundidade.

Nuvens com desenvolvimento

vertical estão relacionadas com ar

instável. Correntes convectivas

associadas ao ar instável podem

produzir nuvens cumulus, cumulus

congestus e cumulonimbus. Como a

convecção é controlada pelo

aquecimento solar, o desenvolvimento

de nuvens cumulus freqüentemente

segue a variação diurna da insolação.

Num dia de bom tempo as nuvens

cumulus começam a formar-se do meio

para o final da manhã, após o sol ter

aquecido o solo. A cobertura de cumulus

no céu é maior à tarde, visto que é

usualmente o período mais quente do

dia.

Se as nuvens cumulus apresentam

algum crescimento vertical, estas

normalmente chamadas cumulus de

"bom-tempo" podem produzir leve

chuva. Ao aproximar-se o pôr-do-sol a

convecção se enfraquece e as nuvens

cumulus começam a dissipar-se (elas

evaporam).

Uma vez formados os cumulus, o

perfil de estabilidade da troposfera

determina o seu crescimento. Se o ar

ambiente é estável mais para cima o

crescimento vertical é inibido. Se é

instável para ar saturado, então o

movimento vertical é aumentado e os

topos das nuvens cumulus sobem. Se o

ar ambiente é instável até grandes

altitudes, a massa da nuvem toma a

aparência de uma couve-flor, enquanto

se transforma em cumulus congestus e

então em cumulonimbus, que produz

tempestades.

FIGURA 91 – Tipos de nuvens

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

7.1.5 Precipitação

Todas as nuvens contem água, no

entanto algumas produzem precipitação

e outras não. Isto ocorre, por dois

motivos, o primeiro por que as gotículas

de nuvem são minúsculas, com diâmetro

médio menor que 20 mm.

Devido ao pequeno tamanho, sua

velocidade de queda é tão pequena, de

modo que, mesmo na ausência de

correntes ascendentes, ela se evapora

poucos metros abaixo da base da

nuvem. Segundo, por que as nuvens

consistem de muitas destas gotículas,

todas competindo pela água disponível,

logo seu crescimento via condensação é

pequeno.

A velocidade de queda de uma

gotícula de nuvem ou cristal de gelo por

meio do ar calmo depende de duas

forças: a força da gravidade (peso) e o

atrito com o ar.

O processo de colisão-

coalescência ocorre em algumas nuvens

quentes, isto é, nuvens com temperatura

acima do ponto de congelamento da

água (0° C).

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

124

FIGURA 92 – O processo de coalisão –

coalescência

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

Essas nuvens são inteiramente

compostas de gotículas de água líquida

e precisam conter gotículas com

diâmetros maiores que 20 mm para que

se forme precipitação. Estas gotículas

maiores se formam quando núcleos de

condensação "gigantes" estão presentes

e quando partículas higroscópicas, como

sal marinho, existem.

Estas partículas higroscópicas

começam a remover vapor d’água do ar

em umidades relativas abaixo de 100% e

podem crescer muito. Como essas

gotículas gigantes caem rapidamente,

elas colidem com as gotículas menores e

mais lentas e coalescem (combinam)

com elas, tornando-se cada vez maiores.

Tornando-se maiores, elas caem mais

rapidamente e aumentam suas chances

de colisão e crescimento.

Após um milhão de colisões, elas

estão suficientemente grandes para cair

até a superfície sem se evaporar.

7.1.5.1 Medidas de precipitação

A forma mais comum de

precipitação, a chuva, é provavelmente a

mais fácil de medir. Entretanto,

dispositivos sofisticados são usados

para medir pequenas quantidades de

chuva mais precisamente, assim como

para reduzir perdas por evaporação.

O pluviômetro padrão (Fig. 88)

tem um diâmetro em torno de 20 cm no

topo. Quando a água é recolhida, um

funil a conduz a uma pequena abertura

num tubo de medida cilíndrico que tem

área de seção reta de somente um

décimo da área do coletor.

Consequentemente, a espessura

da chuva precipitada é aumentada 10

vezes, o que permite medidas com

precisão de até 0,025 cm, enquanto a

abertura estreita minimiza a evaporação.

Quando a quantidade de chuva é menor

que 0,025 cm, é considerada um traço

de precipitação.

FIGURA 93 – Pluviômetro

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

7.1.6 Pressão atmosférica

Entre os vários elementos do

tempo (pressão, temperatura, umidade,

precipitação, ventos, etc.) a pressão é a

menos perceptível fisicamente. Contudo,

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

125

diferenças de pressão de um lugar para

outro são responsáveis pelos ventos e

variações na pressão têm importante

influência na variação do tempo. Como

veremos, a pressão do ar está

intimamente relacionada com os outros

elementos do tempo.

A pressão atmosférica em uma

dada posição é usualmente definida

como o peso por unidade de área da

coluna de ar acima desta posição. No

nível do mar uma coluna padrão de ar

com base de 1 cm² pesa um pouco mais

que 1 kg, isto representa a pressão de

uma atmosfera, ou seja, 1 atm,

correspondente também a 1 BAR.

À medida que a altitude aumenta,

a pressão diminui, pois diminui o peso

da coluna de ar acima. Como o ar é

compressível, diminui também a

densidade com a altura, o que contribui

para diminuir ainda mais o peso da

coluna de ar à medida que a altitude

aumenta. Inversamente, quando a

altitude diminui, aumenta a pressão e a

densidade.

FIGURA 94 – Variação Pressão x Altitude

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

Estima-se que a pressão cai em

torno de 1 mb a cada 8 m de ascensão

vertical.

A variação de pressão causa

mudanças de temperatura e gera a

instabilidade atmosférica, que influi

diretamente nos incêndios florestais e

vice-versa.

Em latitudes médias o tempo é

dominado por um movimento contínuo

de diferentes massas de ar que trazem

junto mudanças na pressão atmosférica

e mudanças no tempo. Em geral, o

tempo torna-se tempestuoso quando a

pressão cai e bom quando pressão sobe.

Uma massa de ar é um volume enorme

de ar que é relativamente uniforme

(horizontalmente) quanto à temperatura

e à concentração de vapor d’água.

7.1.7 Estabilidade atmosférica

Qualquer fator que cause o

aquecimento do ar mais próximo à

superfície em relação ao ar mais para

cima aumenta a instabilidade. O oposto

é verdadeiro, sendo que qualquer fator

que resfrie o ar mais próximo à

superfície torna o ar mais estável.

A estabilidade é aumentada por

resfriamento radiativo da superfície da

Terra após o por do sol e, por

conseqüência, do ar próximo à

superfície; resfriamento de uma massa

de ar por baixo quando ela atravessa

uma superfície fria; e subsidência de

uma coluna de ar.

A instabilidade é aumentada por

intensa radiação solar que aquece o solo

e, por conseqüência, o ar por baixo;

aquecimento de uma massa de ar por

baixo quando ela atravessa uma

superfície quente; movimento

ascendente do ar associado com

convergência geral; levantamento

forçado de ar, tal como o induzido por

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

126

montanhas; e resfriamento radiativo do

topo de nuvens.

7.1.7.1 Levantamento orográfico

Este fenômeno ocorre quando

terreno inclinado, como montanhas, age

como barreira ao fluxo de ar e força o ar

a subir.

Além do levantamento para tornar

o ar instável, as montanhas ainda

removem umidade do ar por outros

meios.

A topografia irregular das

montanhas dá lugar à aquecimento

diferencial e instabilidade de superfície.

Por tudo isso, há geralmente

precipitação mais alta associada com

regiões montanhosas, comparada com a

das regiões baixas vizinhas.

FIGURA 95 – Estabilidade Atmosférica

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

O levantamento por cunha frontal

ocorre quando ar frio atua como uma

cunha sobre a qual o ar mais quente e

menos denso sobe. Este fenômeno é

comum no sul do Brasil e é responsável

por grande parte da precipitação. As

figuras 96 e 97 ilustram o levantamento

de ar estável e instável.

O levantamento forçado é

importante para produzir nuvens. A

estabilidade do ar, contudo, determina

em grande parte o tipo de nuvens

formadas e a quantidade de

precipitação.

FIGURA 96 – Levantamento frontal (ar

estável).

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

FIGURA 97 – Levantamento frontal (ar

instável)

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

7.2 CÁLCULO DE RISCO DE INCÊNDIO

O cálculo do risco de incêndio

mede a probabilidade de início de

incêndios, da intensidade de queima e

marcha de propagação dos incêndios já

iniciados.

O comportamento do fogo

esperado para classe típicas de incêndio

pode ser classificado em:

a. Baixo ou Nulo

Os incêndios não irrompem

prontamente da maioria das causas

acidentais, embora muitos fogos

provenientes de raios tenham início em

algumas áreas durante os períodos de

baixo risco. Os incêndios que irrompem

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

127

desenvolvem-se lentamente, e há pouca

tendência para surgirem.

Freqüentemente ardem com

obscuridade, mas desenvolvem-se em

ramificações.

b. Pequeno ou Baixo

Podem surgir de causas

acidentais, mas o número de princípios

é geralmente baixo. Marcha de

propagação moderada, concentrações

pesadas de combustíveis arderão com

grande caloria podendo haver

ramificações. O controle dos incêndios

durante períodos de risco geralmente

não apresenta problemas.

c. Médio ou Moderado

Os incêndios terão início com

bastante facilidade, arderão com caloria

elevada, propagando-se rapidamente,

ramificando-se prontamente. O controle

dos incêndios durante o período de risco

médio pode tornar-se difícil se não

combatidos de imediato.

d. Alto ou Elevado

Os incêndios irrompem

facilmente, terão propagação rápida e

em alta marcha de propagação, com

considerada ramificação. O ataque

direto pela frente do incêndio é

raramente possível após este arder por

alguns minutos.

e. Extremo

Os incêndios irrompem facilmente

de todas as causas podendo iniciar por

meios de causas comuns e inesperadas,

ardem e propagam-se rápida e

intensamente. O ataque raramente é

possível. As frentes que avançam são

geralmente incontroláveis enquanto

prevalecerem períodos de extremo risco

e o trabalho mais eficiente se resumirá

aos flancos.

7.2.1 Cálculo do índice de perigo

empregando fórmulas

7.2.1.1 Fórmula de ANGSTRON

B= 0,05 x H x 0,1 x (T-27)

B= índice de Angstron

H= umidade relativa do ar em %

T= temperatura do ar em º C.

RISCO BAIXO: B ≥ 3,0

RISCO MODERADO: 2,5 < B < 3,0

RISCO ELEVADO: B ≤ 2,5

7.2.1.2 Fórmula de Monte Alegre (FMA)

Desenvolvida com os dados da

região central do Estado do Paraná, é um

índice acumulativo, e tem como única

variável a umidade relativa do ar,

medida às 13 horas.

n

FMA= (100/H)

i = 1

FMA= Fórmula de Monte Alegre

H= Umidade relativa do ar em %.

a. Restrições da FMA

Chuva do dia

(mm)

Modificação do Cálculo

≤ 2,4 Nenhuma

2,5 a 4,9

Abater 30% na FMA

calculada na véspera e

somar (100/H) do dia.

5,0 a 9,9

Abater 60% na FMA

calculada na véspera e

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

128

somar (100/H) do dia.

10,0 a 12,9

Abater 80% na FMA

calculada na véspera e

somar (100/H) do dia.

12,9

Interromper o cálculo

(FMA=0) e recomeçar a

somatória no dia

seguinte.

b. Escala de perigo da FMA

Valor FMA Grau de Perigo

≤ 1,0 Nulo

1,1 a 3,0 Pequeno

3,1 a 8,0 Médio

8,1 a 20,0 Alto

20,0 Extremo

7.2.1.3 Fórmula de Monte Alegre

alterada (FMA+

)

n

FMA+

= (100/Hi

)ve 0,04

i=1

H= Umidade relativa do ar em

porcentagem, medida às 13:00h;

n= número de dias sem chuva maior ou

igual a 13 mm;

v= velocidade do vento em m/s, medida

às 13:00h;

e= base dos logaritmos naturais

(2,718282).

a. Restrições da FMA+

Chuva do dia

(mm)

Modificação do Cálculo

≤ 2,4 Nenhuma

2,5 a 4,9

Abater 30% na FMA

calculada na véspera e

somar (100/H) do dia.

5,0 a 9,9

Abater 60% na FMA

calculada na véspera e

somar (100/H) do dia.

10,0 a 12,9

Abater 80% na FMA

calculada na véspera e

somar (100/H) do dia.

12,9

Interromper o cálculo

(FMA=0) e recomeçar a

somatória no dia

seguinte.

b. Escala de perigo da FMA+

Valor FMA Grau de Perigo

≤ 3,0 Nulo

3,1 a 8,0 Pequeno

8,1 a 14,0 Médio

14,0 a 24,0 Alto

24,0 Extremo

De posse dos dados é possível o

desenvolvimento de programas

preventivos alertando a população sobre

o risco dos incêndios florestais.

Atualmente são mantidas placas em

pontos estratégicos das rodovias com

informações sobre o risco, como abaixo

ilustrado.

FIGURA 98 – Placa indicativa do risco de

perigo.

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

129

7.3. ÍNDICES DE DESCONFORTO HUMANO

A sensação de temperatura que o

corpo humano sente é freqüentemente

afetada por vários fatores. O corpo

humano é uma máquina térmica que

constantemente libera energia e

qualquer fator que interfira na taxa de

perda de calor do corpo afeta sua

sensação de temperatura. Além da

temperatura do ar, outros fatores

significativos que controlam o conforto

térmico do corpo humano são: umidade

relativa, vento e radiação solar.

O índice de temperatura-umidade

(ITU) é um avaliador do conforto

humano para o verão, baseado em

condições de temperatura e umidade.

ITU = T - 0.55 (1 - UR )( T - 14 )

onde T é a temperatura dada em graus

Celsius e UR é a umidade relativa dada

em fração decimal.

Como a evaporação é um

processo de resfriamento, a evaporação

do suor é uma maneira natural de

regular a temperatura do corpo. Quando

o ar está muito úmido, contudo, a perda

de calor por evaporação é reduzida. Por

isso, um dia quente e úmido parecerá

mais quente e desconfortável que um

dia quente e seco.

Valores de ITU acima de 25

indicam que a maior parte das pessoas

se sentirá desconfortável, enquanto

valores entre 15 e 20 são aceitos pela

maioria como confortáveis. Na tabela

abaixo são mostrados os ITU calculados

com temperaturas em graus Fahrenheit

e Celsius.

Temperatura Umidade Relativa (%)

o

F o

C 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

70 21,1 64 64 65 66 66 67 68 68 69 70

75 23,9 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75

80 26,7 69 70 71 72 73 75 76 77 78 80

85 29,4 71 73 74 76 77 79 80 82 83 85

90 32,2 74 75 77 79 81 82 84 86 88 90

95 35,0 76 78 80 82 84 86 88 90 92 95

100 37,8 79 81 83 86 88 90 93 95 97 100

105 40,6 82 84 87 89 92 95 97 100 102 105

Legenda

Sensação de frio

Nenhum desconforto

Pequeno desconforto

Desconforto considerável

Grande desconforto

Máximo desconforto

FIGURA 99 – Índice de temperatura-umidade

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

No inverno, o desconforto

humano com o frio é aumentado pelo

vento, que afeta a sensação de

temperatura. O vento não apenas

aumenta o resfriamento por evaporação,

devido ao aumento da taxa de

evaporação, mas também aumenta a

taxa de perda de calor sensível (efeito

combinado de condução e convecção)

devido à constante troca do ar aquecido

junto ao corpo por ar frio.

Por exemplo, quando a

temperatura é -8ºC e a velocidade do

vento é 30Km/h, a sensação de

temperatura seria aproximadamente -

25ºC. A temperatura equivalente

"windchill" ou índice "windchill" ilustra

os efeitos do vento.

Examinando a tabela a seguir (Fig.

100), nota-se que o efeito de

resfriamento do vento aumenta quando

a velocidade do vento aumenta e a

temperatura diminui. Portanto, o índice

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

130

"windchill" é mais importante no

inverno.

No exemplo acima não se deve

imaginar que a temperatura da pele

realmente desça a -25ºC. Por meio da

transferência de calor sensível a

temperatura da pele não poderia descer

abaixo de -8ºC, que é a temperatura do

ar nesse exemplo. O que se pode

concluir é que as partes expostas do

corpo perdem calor a uma taxa

equivalente a condições induzidas por

ventos calmos com -25ºC. Deve-se

lembrar que, além do vento, outros

fatores podem influir no conforto

humano no inverno, como umidade e

aquecimento ou resfriamento radiativo.

Velocidade do Vento ( km/h )

6 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

TEM

PER

AT

UR

A R

EA

L (ºc)

20 20 18 16 14 13 13 12 12 12 12 12

16 16 14 11 9 7 7 6 6 5 5 5

12 12 9 5 3 1 0 0 -1 -1 -1 -1

8 8 5 0 -3 -5 -6 -7 -7 -8 -8 -8

4 4 0 -5 -8 -11 -12 -13 -14 -14 -14 -14

0 0 -4 -10 -14 -17 -18 -19 -20 -21 -21 -21

-4 -4 -8 -15 -20 -23 -25 -26 -27 -27 -27 -27

-8 -8 -13 -21 -25 -29 -31 -32 -33 -34 -34 -34

-12 -12 -17 -26 -31 -35 -37 -39 -40 -40 -40 -40

-16 -16 -22 -31 -37 -41 -43 -45 -46 -47 -47 -47

-20 -20 -26 -36 -43 -47 -49 -51 -52 -53 -53 -53

FIGURA 100 – Temperatura equivalente

"windchill"

FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

131

8 PERÍCIA APLICADA A

INCÊNDIOS FLORESTAIS

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

132

8. PERÍCIA APLICADA À INCÊNDIOS

FLORESTAIS

O serviço de perícia se trata de

uma atividade fundamental para a

elucidação das causas de um incêndio

florestal. A perícia é uma ação que

ocorre paralelamente ao combate às

chamas, cabendo ao perito designado

seguir um protocolo que o leve a

identificar a causa do incêndio.

8.1 DETERMINAÇÃO DA ORIGEM DO

INCÊNDIO.

A descoberta imediata do

incêndio e a demarcação correta do

mesmo darão uma vantagem na

determinação de sua causa.

Em incêndios de grandes

proporções teremos muitos quilômetros

quadrados para determinar o ponto

exato da origem do incêndio.

Conhecimento sobre o

comportamento do fogo é uma

necessidade para a determinação do

ponto de origem. Os incêndios começam

pequenos. Eles existem em condições

latentes, movem-se lentamente,

alastram-se, terminam e deixam marcas.

O comportamento deles é

controlado pelas condições climáticas,

combustíveis e topografia. A medida que

o fogo espalha-se por uma determinada

área, os carvões deixados terão padrões

característicos que indicarão a direção

que o fogo estava indo. Os diversos

padrões de carvões, quando colocados

juntos, levarão à origem do incêndio.

Utilizando os princípios de

propagação do fogo e os indicadores da

direção do fogo contidos neste capítulo,

poderemos reduzir vários hectares a um

ponto de origem exato. Somente após

determinar aquele ponto a pesquisa

poderá continuar a fim de encontrar

vestígios da causa do fogo.

8.2 PRINCÍPIOS DE PROPAGAÇÃO DO

FOGO.

O fogo sempre queima para fora

do seu ponto de origem e se todas as

condições forem iguais, ele queimará em

círculo ou num padrão oval. Próximo à

área do início do incêndio o fogo

geralmente é pequeno, queima devagar

e deixa grande quantidade de material

não queimado no solo.

Depois que o fogo atinge um

determinado tamanho, ele não se

manterá inaIterado e com igual

intensidade. Devido a velocidade do

vento, declividade do terreno,

quantidade de combustível e barreiras, o

fogo queimará devagar ou aumentará e

queimará com maior ou menor

intensidade. Essas mudanças geralmente

são visíveis no solo e ajudarão na

descoberta da origem do incêndio.

8.2.1 Vento

O vento provavelmente possui o

maior efeito sobre todos os elementos

de propagação do fogo e de sua

intensidade. O fogo que queima a favor

do vento tem maior velocidade do que

um fogo contra o vento. Poderemos

observar a diferença nos tipos de carvão

e na quantidade de combustível

consumida. Após o fogo atingir

determinado tamanho ele começará a

criar o seu próprio vento e queimará

mais rápido do que no início. O fogo

normalmente jogará faísca criando

novos focos na direção que o vento está

soprando. Se um novo foco for

detectado em direção contrária,

devemos checá-Io.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

133

8.2.2 Declividade

Declividade é o próximo mais

importante fator que influencia a taxa de

propagação do fogo. O fogo queimará

mais rapidamente morro acima do que

morro abaixo, devido ao pre-

aquecimento dos combustíveis

existentes em lugares altos. Um

incêndio morro abaixo mover-se-á mais

lentamente.

8.2.3 Combustíveis

Os combustíveis são também uma

peça importante. O fogo queimará mais

depressa e completamente, quando os

combustíveis forem secos. Com alta

umidade ou orvalho os combustíveis

queimarão mais devagar e deixarão mais

material não queimado.

8.2.4 Barreiras

Barreiras tais como toras ou

rochas podem diminuir a intensidade do

fogo ou até mesmo extinguí-Io. Quase

todas as barreiras irão, pelo menos,

diminuir a intensidade do fogo à medida

que ele as ultrapasse. As barreiras

geralmente causam turbilhões de

ventos, que podem mudar a direção do

fogo pelo menos em distâncias

pequenas.

Não devemos confundir efeito de

uma mudança temporária de uma

barreira da direção do vento com a real

direção de onde o vento veio.

8.3 INDICADORES DA DIREÇÃO DO

FOGO

A maioria dos indicadores abaixo

estarão aparentes tanto nos

combustíveis pesados, quanto nos leves.

8.3.1 Indicadores nos talos de

gramíneas

A medida que o fogo se aproxima

de um talo de gramínea ele aquece e

começa a carbonizar de um lado

primeiro. Esse lado é reduzido em

tamanho e força. O efeito é quase o

mesmo que um corte baixo em uma

árvore. Consequentemente o talo da

gramínea tombará para o lado mais

fraco. A medida que o fogo avança em

um determinado padrão de vegetação,

os talos caídos indicarão a direção de

onde o fogo veio. Entretanto, como

acontece com todos os indicadores,

poderemos obter a direção correta a

partir de diferentes fontes, pois

determinados fatores tais como vento ou

o tempo podem afetar a direção para

onde os talos dobram.

FIGURA 101 – Gramínea indicando a origem

de um incêndio florestal

FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das

Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

8.3.2 Indicadores de combustíveis

protetores

Um incêndio de queima vagarosa

em baixa temperatura queimará

somente a vegetação no lado em que ela

estiver virada para o fogo. Geralmente

os combustíveis que são protegidos não

mostram qualquer sinal de terem

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

134

queimado. Devido a esse fato, uma

enorme área que queime vagarosamente

apresentará uma coloração mais clara

devido às cinzas, uma combustão mais

completa quando avistada longe e uma

coloração mais escura quando

observada próxima a sua origem.

FIGURA 102 – Gramínea indicando a origem

de um incêndio florestal pela coloração

FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das

Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

8.3.3 Indicadores de queima em forma

de cava

Cavas normalmente ocorrem na

direção do vento, tanto no tronco de

árvore quanto nos gramíneos. Este é o

lado exposto ao vento mais forte e

portanto, espera-se que queime

profundamente, enquanto o outro lado

permanece mais frio e protegido pelos

restos do lado queimado. Esse efeito

ocorre até mesmo em gramíneas e pode

ser examinado de perto friccionando-se

as costas do punho. Esse movimento,

quando feito na direção em que o fogo

veio, dará uma sensação de algo

aveludado, ao passo que quando feito

no sentido contrário a sensação será de

algo áspero. Você deverá fazer esse

movimento em todas as direções até

encontrar a direção que proporcione a

sensação mais aveludada e a mais

áspera.

FIGURA 103 – Queima em forma de cava.

FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das

Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

8.3.4 Padrão de carbonização

Um incêndio queimando morro

acima ou com o vento a favor, cria um

tipo de carbonização padrão. O carvão

inclinará num ângulo maior do que o

declive do solo. Isso é um padrão

normal nas árvores e permanecerá por

muitos anos após o incêndio. Isso é

causado por um vácuo no lado de trás

da árvore que atrairá as chamas em uma

contra-corrente naquele lado. As chamas

são, portanto, puxadas para cima da

árvore por um movimento de calor.

FIGURA 104 – Padrão de carbonização com

fogo morro acima

FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das

Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

135

Um fogo retrocedendo morro

abaixo ou contra o vento criará um tipo

padrão de carbonização paralelo ao

solo.

FIGURA 105 – Padrão de carbonização com

fogo morro abaixo ou contra o vento

FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das

Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

Devemos considerar ainda:

Quanto mais fraco for o vento

maior será o padrão de queima

vertical;

Em ventos fortes esse padrão fica

quase que paralelo ao solo .

Inicialmente um incêndio que se

movimenta vagarosamente

desenvolvendo calor e velocidade.

No local da origem do incêndio a

temperatura é relativamente baixa

à medida que a superficie dos

combustíveis queima, ficando as

copas das árvores mais ou menos

intactas.

Distante da origem do incêndio a

temperatura aumenta e mais copas

são queimadas;

Todas as copas podem ser

queimadas a medida que o

incêndio se intensifica.

8.3.4.1 Forma de “jacaré”

É uma forma de carbonização e

normalmente é encontrada em objetos

tais como cercas de estacas, quadros,

estruturas, placas de sinalização, etc.

Pode ser grande ou pequena,

assim como lustrosa ou opaca. A

expressão "escalas largas e lustrosas"

significa que a queima resultou de um

fogo quente e rápido, enquanto que a

expressão "escalas pequenas e opacas"

significa que a queima resultou de um

fogo lento e não muito quente. A

profundidade da carbonização é um

bom indicador da trajetória do fogo.

FIGURA 106 – Carbonização em forma de

“jacaré”

FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das

Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

8.3.4.2 “Congelamento” dos galhos das

árvores

Quando as folhas e pequenos

galhos recebem muito calor, tendem a

ficar macios e facilmente se curvam na

direção da corrente do vento. Quando o

incêndio é debelado e eles se resfriam,

geralmente ficam apontados na mesma

direção. Novamente, é necessário testar

diversos indicadores para certificar-se da

direção do fogo.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

136

FIGURA 107 – Congelamento dos galhos

FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das

Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

8.3.4.3 Manchas

Rochas, latas de alumínio e outros

objetos não inflamáveis que estejam

expostos ao fogo ficarão manchados

pelos combustíveis vaporizáveis e

minúsculas partículas carregadas pelo

fogo.

FIGURA 108 – Manchas em rocha

FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das

Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

A parte manchada do objeto

normalmente indica o caminho

percorrido pelo fogo. Os objetos tais

como latas de cerveja, pedaços de

fragmentos de metal, torrões de terra

suja e vegetação que não foi atingida

pelo fogo apresentarão manchas de

queima.

8.3.4.4 Fuligem

A fuligem será depositada no lado

das cercas na direção de origem do

incêndio e pode ser notada pela fricção

das mãos na superfície das cercas

Quando realizarmos uma análise em

uma cerca de arame o local a ser

considerado deve ser a parte mais baixa

da cerca, pois eles mostrarão mais

evidência de fuligem do que na parte

mais alta.

FIGURA 109 – Fuligem em cerca de arame

FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das

Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.

Devemos lembrar que a medida que

nos aproximarmos do ponto de

origem do incêndio, o tamanho do

indicador diminuí.

8.4 DETERMINAÇÃO DA CAUSA DO

INCÊNDIO

Uma vez tendo trabalhado sobre

os indicadores de direção para chegar à

origem do incêndio, a causa da ignição

pode estar aparente. Se o incêndio foi

acidental, a causa da ignição pode estar

ainda no local. Mas, se o incêndio foi

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

137

intencional, a fonte de ignição poderá

ter sido removida ou destruída pelo

fogo.

Em qualquer dessas hipóteses,

deve-se vasculhar a área do foco inicial,

visando encontrar a fonte de ignição que

identifique a causa do incêndio. Essa

procura deverá ser contínua até termos

certeza que a fonte de ignição foi

removida ou destruída.

8.4.1 Categoria das causas de incêndio

O resultado final da causa

determinante do incêndio será a

localização da causa do incêndio em

uma das nove categorias gerais

acordadas abaixo em conformidade com

as agências e organizações de

prevenção aos incêndios. São elas:

a. Relâmpago: Auto-explicativa.

b. Fogueira de acampamento: Um

incêndio florestal resultante de um

foco iniciado por cozimento,

aquecimento ou produzido por luz ou

calor moderado. (Excluir as operações

nas ferrovias).

c. Fumantes: Incêndios causados

pelos fumantes por meio de fósforos,

isqueiros, tabaco ou outro material de

fumo. (Excluir as crianças que brincam

de fazer fogo e as operações em

ferrovias).

d. Queima para limpeza: A

propagação de um incêndio

proveniente da limpeza do solo,

galhos cortados, entulhos, pastagens,

toras, campinas, estradas de terra,

serviços de corte de madeira ou

outras queimas prescritas. (Exclua as

operações em ferrovias).

e. Incendiário: Um incêndio causado

propositalmente por alguém para

queimar ou exterminar a vegetação ou

propriedade que não pertença a ele e

sem o consentimento do proprietário

ou procurador. (Exclua os incêndios

causados por negligência quando da

queima para limpeza).

f. Uso de Equipamentos: Incêndios

causados por equipamentos

mecânicos além daquelas operações

de ferrovias.

g. Estrada de Ferro: Incêndios

causados por todas as operações das

estradas de ferro, incluindo

queimadas em estradas/atalhos de

terra e pontas de cigarro jogadas

pelos empregados.

h. Crianças: Incêndios causados por

crianças menores de 12 anos de

idade.

i. Diversos: Incêndios que não podem

ser corretamente classificados em

neunhuma das causas anteriores.

8.4.2 Eliminação das causas

Como mencionado anteriormente,

uma vez definida a área de origem do

incêndio a causa dele pode estar

aparente. Mesmo que a fonte de ignição

não esteja aparente, devemos estar

aptos a eliminar o que não o causou. Por

exemplo, se não tiver ocorrido nenhum

relâmpago, então poderemos eliminar

essa hipótese.

Pelo mesmo motivo, se não

houver nenhuma estação de estrada de

ferro a alguns quilômetros do local do

incêndio, poderemos eliminar as

operações em ferrovias como causa e se

o fogo estiver no meio de uma área

totalmente inalterada e inacessível, você

poderá também descartar o uso de

equipamentos.

Com o emprego desse processo

de eliminação, poderemos nos

concentrar melhor na busca da fonte de

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

138

ignição, utilizando os indicadores

listados anteriormente.

8.5 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO

Existem tantas maneiras de

pesquisar a área de origem do incêndio

quanto de dividir a área em

seguimentos. Se a área total for pequena

poderá ser pesquisada de uma só vez.

Entretanto, é melhor dividí-Ia em vários

seguimentos e compartimentos,

conforme as figuras 110 e 111.

FIGURA 110 – Divisão de área para perícia

FONTE: USDA Forest Service.

Devemos lembrar que

geralmente não existe uma segunda

chance. Portanto, é aconselhável

pesquisar cada área duas ou três vezes

e, se possível, ter uma segunda pessoa

pesquisando-a pelo menos uma vez

antes que se passe para uma outra área.

Quando pesquisando cada

seguimento da área de origem do

incêndio, devemos nos concentrar na

menor porção possível de área de cada

vez. Isto pode ser feito movendo o

ponto de visão a partir de uma régua

colocada ao longo da parte mais estreita

de cada seguimento e movendo-a

levemente somente após cada área ser

examinada cuidadosamente. Toda a área

de origem do incêndio deve ser coberta

dessa maneira.

FIGURA 111 – Pesquisa detalhada de área

FONTE: USDA Forest Service

Um imã forte (pelo menos 50

libras de atração/força) deve ser movido

sob a área a fim de coletar partículas

finas magnéticas, tais como fragmentos

de metais de sapatos ou partículas de

escapamentos de veículos que possam

ter causado o incêndio.

8.6 INDICADORES DE FONTE DE IGNIÇÃO

A seguir veremos as descrições de

indicadores que identificarão a causa do

incêndio. Uma vez determinado o foco

do incêndio poderemos classificar as

causas de acordo com o abordado no

ítem 8.4.

8.6.1 Relâmpagos

Incêndios causados por

relâmpagos geralmente são fáceis de ser

determinados devido às evidência fisicas

lançadas na área de origem. Isto inclui

marcas de raios em árvores, postes,

fendas/rachaduras nas toras, árvores,

raízes e solo perturbado, etc.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

139

Outro indicador é o conhecimento

de que a área de origem do incêndio

localiza-se em área de recente

tempestade com raios. Distância e

improbabilidade da atividade humana

também são considerados indicadores.

8.6.2 Dispositivos incendiários.

Incêndios premeditados

normalmente envolvem o uso de

dispositivos tais como fósforos,

cigarros, velas, cordas, arame, fita/tiras

de borracha, podendo aparecer em

diversas formas e combinações. Um

cigarro, em combinação com fósforos,

geralmente é um dispositivo incendiário.

Quando um cigarro for encontrado na

área de origem do incêndio, observe se

há no local resquícios de fita, barbante

ou ligas de borracha. Todas essas

combinações indicam muito mais um

fogo incendiário do que um incêndio

natural.

Quando um isqueiro for utilizado,

ele normalmente será recolocado no

bolso do seu usuário, daí não restará

nenhuma evidência. Essa falta de

evidência também é um indicador.

Quando os fósforos são

utilizados, um ou mais palitos podem

ser encontrados na área de origem do

incêndio. Por outro lado, a pessoa que

provocou o incêndio pode desfazer-se

dos fósforos em outro local após mantê-

Ios em seu poder temporariamente.

Se nenhum dispositivo for

encontrado, o investigador pode

localizar o ponto de ignição e

determinar a altura acima do nível do

solo onde o dispositivo foi utilizado. A

altura do material restante e uma área

de combustão mais completa indicará o

ponto de aplicação do dispositivo.

8.6.3 Incêndios causados peIa ação

humana e onde as prováveis fontes de

ignição do incêndio são óbvias.

Abaixo estão listadas algumas

fontes de ignição que podem ser

rapidamente identificadas:

Edifícios queimando;

Depósitos de lixo queimando;

Veículos queimando;

Fogueiras de acampamento;

Acidentes de avião;

Queima de lixo;

Práticas de manejo do solo:

Queima em campo;

Queima para limpeza de

terreno;

Queimada prescrita;

Queimada na borda das

estradas.

Sinais de fogo (pessoa perdida);

Queima para espantar abelhas

com fumaça ou brincando de

fazer sinais de fumaça.

8.6.4 Incêndios causados peJa ação

humana e cujas prováveis fontes de

ignição não são óbvias

A seguir encontram-se algumas

fontes de ignição que não são

rapidamente identificadas.

Dinamite

Essa expressão está associada a

construção, limpeza de área, construção

de estradas ou remoção de tocos.

Geralmente existe uma atividade

humana associada e uma forte evidência

do uso de dinamite no terreno.

A ignição do fogo pode ocorrer

logo após a explosão de material

detonado na área vizinha.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

140

Uso de equipamentos.

(1) Fragmentos de metal:

Fragmentos, tais como pedaços ou

lascas de metal, podem causar incêndio

e geralmente estão associados às

construções de ferrovias. Isto

normalmente ocorre com trens, quando

transitando em declives ou quando

freiam ao aproximarem-se de curvas,

pátios de manobras, desvios, pequenas

comunidades ou entroncamentos.

Geralmente o fragmento é

suficientemente grande para ser visto a

olho nu e pode rolar ladeira abaixo até a

próxima elevação do terreno.

(2) Colapsos: Falha mecânica ou queda

de energia podem resultar em pedaços

quebrados de metal quente, dispersos

como por um ventilador. Numa estrada

pavimentada o ponto de impacto pode

ser demarcado por ranhuras ou pedaços

arrancados. A disposição dos

fragmentos de metal indicarão a direção

da trajetória do veículo e a velocidade

aproximada dele. Falhas de freios

ocorrem mais frequentemente em

longos declives. Deslizamentos de

embreagem e fragmentação ocorrem

durante as subidas.

(3) Corte, Solda e Amolamento: Numa

proporção menor, os trabalhos de solda

e corte, amolamento em esmeril e

alisamento de rodas são fontes de

ignição. Quando partículas quentes

caem sobre madeira seca e podre ou

sobre feno fino e prensado, geralmente

ocorre um incêndio de combustão lenta.

O vento e o aquecimento provocados

pelo calor do sol aumentarão as

possibilidades de ignição a partir dessas

fontes.

(4) Descarga/Escapamento: Descargas

ou partículas de carbono desprendidas

num sistema de exaustão devem ser

fortes o suficiente para manter a

temperatura necessária para incendiar

os combustíveis. Motores de grande

porte e de baixa compressão, tais como

caminhões, locomotivas ou tratores são

mais susceptíveis à emissão de

partículas maiores de carbono do que os

motores de pequeno porte e de alta

compressão como os dos automóveis.

(5) Atrito: Nas operações de transporte

de lenha o atrito entre cabos de aço e

lenhas, árvores ou tocos de madeiras

são possíveis fontes de ignição. O atrito

entre duas superficies de metal ou entre

duas superficies de metal e uma pedra

pode produzir faíscas. Os indicadores

são desgastes no ponto de contato e/ou

partículas metálicas na área de origem.

Aqui, mais uma vez, o imã poderá

detectar pequenas partículas.

(6) Canos com várias ligações e

amortecedores: Durante uma operação

de veículo, as temperaturas dentro de

um motor de combustão interna são tão

altas que podem chegar a 1.000 graus.

Depois de um período de operação todo

o sistema de exaustão está muito

aquecido. Combustíveis tais como

gramíneas e arbustos, podem entrar em

contato com um cano de descarga.

Pedaços de vegetação leve podem ficar

presas no sistema de exaustão. Com o

funcionamento do veículo os materiais

de combustão podem cair e acender a

superficie dos combustíveis. Essa fonte

de ignição do fogo pode ser identificada,

determinando-se a que hora um veículo

estacionou ou passou pela área. Marcas

de pneus com resquícios de capim

queimado entre as marcas, indica que

um veículo estacionou ali.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

141

(7) Pneus e Óleo lubrificante. Um veículo

com vazamento de óleo, borracha

derretida ou graxa deixará uma trilha

visível. Gotas congeladas de combustível

não inflamável serão encontradas fora

da área do incêndio ao longo da rota do

trajeto percorrido pelo veículo. O início

da ignição pode ocorrer tanto ao nível

como acima do solo, dependendo da

altura e da densidade do combustível.

Cercas elétricas

Incêndios podem ser causados

por cercas elétricas. O fogo pode ocorrer

em qualquer parte da cerca que esteja

em contato com a vegetação. Um

indicador é um toco queimado em

determinada altura da cerca.

Fogos de artifício

Os chamados "seguros" fogos de

artifício apresentam um perigo

relativamente pequeno para o seu

usuário mas continuam a apresentar um

alto potencial de fonte de ignição.

Tochas e labaredas

Essas fontes químicas de ignição

possuem uma junta de metal ou papel

que funciona como uma alça ou suporte.

A menos que o usuário o jogue no lixo

após o seu uso, esse resto de dispositivo

permanecerá após o consumo do

foguete. Um pó cinza característico é

deixado nos locais onde são utilizados

dispositivos químicos para iniciar a

ignição.

Lentes de vidro e Metal refletivo

A probabilidade de ignição

advinda desses materiais é

extremamente remota. Todos os

elementos tais como condições

climáticas, combustíveis secos,

exposição do vidro ou metal ao sol,

precisam estar presentes para iniciar um

incêndio.

Linhas elétricas

Linhas de transmissão e

distribuição de alta tensão ou os

suportes que as acompanham, podem

dar início a incêndios por si próprias.

Quando objetos enraizados caem ou são

arrancados num único movimento pode

ocorrer ignição. Pode ocorrer incêndio

em um poste de luz quando o isolador

dele estiver com defeito ou quando uma

linha estiver sobrecarregada ou a

manutenção de rotina não estiver sendo

cumprida. Os fios podem se encontrar

ou penderem até a vegetação encoberta

ou adjacente, resultando em explosão

ou curto circuito.

Incêndios superficiais podem ser

causados por fios elétricos caídos ou

quebrados/partidos. Objetos externos,

tais como animais ou pássaros

eletrocutados e árvores ou galhos

podem incendiar-se antes de cairem.

Outras possibilidades incluem cruzetas

queimadas, topos de varas, partes de

transformadores e fusíveis queimados.

Pode ocorrer incêndio se um fio elétrico

caído for reenergizado durante um teste

de linha.

Fumaça, cigarros e fósforos

Os combustíveis devem estar

extremamente secos antes de um

cigarro poder iniciar um incêndio. A

umidade relativa geralmente não deve

exceder a 25 % e pelo menos 30 % da

queima do cigarro deve ficar em contato

com um combustível extremamente

fino.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

142

A parte inferior do cigarro que

está diretamente em contato com o solo

não é completamente consumida como

o toco de cigarro que queima

progressivamente.

Esse papel de cigarro não

consumido/queimado e a presença de

mancha de nicotina

indicam/caracterizam um cigarro

descartado. Pontas de cigarros antigas

são prontamente identificadas pelo seu

desgaste e a ausência de queima

progressiva.

Combustão espontânea

As combustões espontâneas

implicam na ignição de algum objeto

sem nenhuma fonte externa de calor. No

caso de compostos tais como óleo,

graxa ou tinta, o processo ocorre por

meio de reação química.

A ação bacteriana inicia o

processo quando substâncias vegetais,

tais como decomposição de feno,

sementes/cereais ou serragem são

envolvidas. Isto é causado pelo calor

gerado num espaço isolado, sem

oxigênio, adequado para uma completa

oxidação.

Um tempo considerável deve ser

gasto antes que o processo químico ou

bacteriano desenvolva calor suficiente

para a combustão.

Os elementos umidade, calor e

falta de ar são criticos neste processo de

combustão. Feno molhado ou montes de

serragem úmida são a mais frequente

fonte de combustão expontânea nos

casos de incêndios florestais.

Material preto carbonizado como

o carvão é produzido e ajuda na

identificação dessa fonte de ignição.

Projéteis Luminosos e munição

incendiária

Projéteis luminosos e munição

incendiária podem causar um incêndio a

centenas de quilômetros de distância do

lugar que a arma de fogo foi detonada,

caso a munição caia sobre material de

fácil combustão.

8.7 MATERIAIS PARA PERÍCIA

Existem algumas ferramentas

básicas e simples que auxiliarão na

investigação da causa de um incêndio.

Esta lista não é de todo completa;

entretanto, para realizar um trabalho

eficiente, deve ser considerada como

uma condição mínima.

FIGURA 112 – Materiais para perícia

FONTE: USDA Forest Service

8.7.1 Objetos demarcadores

Os objetos demarcadores de

qualquer perturbação servirão para

demarcar e resguardar a área de origem

do incêndio.

Tais objetos também ajudarão a

dividir a área de investigação em

seguimentos para uma averiguação mais

detalhada.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

143

8.7.2 Régua

Uma régua auxiliará em pontos de

pouca visibilidade quando no exame da

área de origem do incêndio. Servirá de

fundo para fotos das evidências. Ela

deverá ser opaca por razões

fotográficas.

8.7.3. Ímã

Um imã (envolto num saco

plástico para ajudar a limpeza) auxiliará

a localizar partículas magnéticas tais

como fragmentos de metal existentes

em sapatos, que são muito pequenos

para serem vistos a olho nu. A tração do

ímã deverá ser de, pelo menos, 50

libras.

8.7.4 Câmera

Preferencialmente digital, o

operador deverá atentar para tirar fotos

com qualidade entre 1,2Mp a 3 Mp.

Ela ajudará a confirmar

visualmente qualquer evidência

encontrada na área de origem do

incêndio, podendo a imagem ser

ampliada em computadores, visando

esclarecer possíveis dúvidas.

8.7.5 Materiais escritos

Um fichário, contendo papel

gráfico pautado, lápis e borracha é

necessário tanto para tomar notas como

para fazer esboços da área de origem do

incêndio.

8.7.6. Trena de aço

Uma fita métrica de metal dará as

distâncias exatas na localização das

evidências conforme relatadas nos

marcos permanentes.

8.7.7 Bússola.

Uma bússola deverá ser utilizada

para orientar esboços para todos os 4

pontos cardeais.

8.7.8 GPS

No GPS deverá ser plotado o

ponto de origem do incêndio, bem como

a definição das prováveis rotas de

caminhamento do incêndio. O

equipamento poderá ser empregado

também como ferramenta de cálculo de

área se vários pontos forem plotados.

8.8 AÇÕES NECESSÁRIAS

A investigação quanto à causa do

incêndio deve começar antes de

qualquer ação de combate. AS

ANOTAÇÕES DE CAMPO DEVEM INICIAR

A PARTIR DO MOMENTO EM QUE

RECEBER O CHAMADO.

8.8.1 A caminho do incêndio

As anotações da hora do

recebimento do chamado até a sua

chegada ao local do incêndio devem

incluir o seguinte:

a. Auto-identificação

Coloque seu nome, unidade e

cargo nas anotações.

b. Data e hora

Registre a data e a hora em que

você recebeu o chamado.

c. Pessoa que fez o chamado

Registre todos os dados da

pessoa que fez o chamado. Ela poderá

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

144

ser a única testemunha que o seu

representante da legislação em vigor

tenha para entrevistar. Certifique-se de

pegar o endereço e telefone dele(a) se

possível.

c. Pessoas e/ou veículos

Registre todas as descrições,

localizações e hora em que as pessoas e

veículos foram vistas vindo da direção

do local do incêndio.

d. Portões e/ou trilhas

Registre quaisquer portões que

estejam quebrados, abertos ou

fechados. Se estiver em estrada de terra,

observe cuidadosamente os rastros de

pneus de carros ou pegadas humanas.

Dirija ou caminhe de tal forma que não

destrua essas pistas. Informe aos

bombeiros que estarão com você da

presença dessas marcas e da

necessidade de protegê-Ias.

e. Coluna de fumaça

A caminho do local do incêndio

atente para a coluna de fumaça e a sua

aparência. Faça uma estimativa da

direção e da velocidade do vento, assim

como da dimensão do incêndio. Registre

a hora da sua estimativa no seu caderno

de anotações.

f. Itens esquecidos

Coisas que estão faltando

também são tão importantes quanto as

que você vê. Anote isso também.

g. Itens do tempo

Registre as condições climáticas

tais como temperatura, tipo de nuvens,

chuvas, etc.

8.8.2 Chegando ao local do incêndio

Ao chegar ao local do incêndio

sua responsabilidade é impedir nova

propagação do incêndio. Ao mesmo

tempo você deve estar apto a fazer o

seguinte: FAÇA ANOTAÇÕES DAS SUAS

AÇÕES.

a. Avalie a dimensão do incêndio

Registre suas avaliações e o

tempo que você gastou para fazê-Ias.

Escreva o tamanho, direção e velocidade

da propagação, o tipo de combustível, o

grau de inclinação, a direção e a

velocidade do vento e outras condições

climáticas.

b. Localize e proteja a área de origem do

incêndio

Partindo do princípio de que 90%

de todos os incêndio florestais são

controláveis em menos de 4 hectares,

você provavelmente será capaz de

localizar a área geral do foco do

incêndio tão logo chegue ao local. Caso

isso seja possível, use imediatamente os

objetos demarcadores que levou consigo

para demarcar a área. Você deverá então

avaliar a dimensão do incêndio e outros

fatos mencionados no parágrafo

anterior.

Se possível, coloque um guarda

na área de origem e mantenha sua ação

de combate nessa área de forma

reduzida. Veículo, brigadas de incêndio

móveis, bombeiros florestais e outros

devem estar posicionados ao redor

dessa área. Certifique-se de que os

bombeiros ou observadores não joguem

materiais tais como pontas de cigarros

na área demarcada.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

145

Caso o incêndio seja tão grande

que a área de origem não seja fácil de

encontrar, isole ou restrinja o acesso a

uma grande área, na qual supõe que

provavelmente se encontre o foco do

incêndio. O mais importante nesse

momento é proteger toda a área para

evitar futuros distúrbios.

c. Procure e proteja as evidências

Após proteger a área de origem

do incêndio, olhe ao seu redor e observe

coisas tais como pessoas, veículos,

pegadas, dispositivos que possam iniciar

o fogo, sacos de papel, latas de cerveja

ou quaisquer objetos ou impressões que

possam ter a mais leve possibilidade de

vir a ser uma possível pista.

NÃO DESTRUA ESSES OBJETOS

Utilize os objetos demarcadores

que você levou para demarcar qualquer

coisa que você encontre. Marcas de

pneus de carro na estrada podem ser

protegidas posicionando um veículo

sobre as mesmas. Pegadas humanas ou

marcas de carros nas trilhas deverão ser

protegidas pelo desvio da rota do

trânsito para um dos lados da trilha.

Caso não exista maneira de evitar

a destruição de pistas valiosas, remova-

as cuidadosamente e guarde-as em lugar

seguro.

d. Identifique as testemunhas

Entrevistar as testemunhas no

local do incêndio é uma parte muito

importante na investigação do incêndio

mas, devido às leis estaduais e federal,

as testemunhas devem ser entrevistadas

somente por um representante da

legislação em vigor. Você pode

ajudá-Io registrando as seguintes

informações nas suas anotações de

campo:

Nome e descrição das pessoas

presentes no local do incêndio;

Anote o número das placas e

descrição dos veículos no local do

incêndio;

Anote quaisquer observações

feitas por pessoas no local do

incêndio e que estejam, de

alguma forma, relacionadas com

ele.

As pessoas que você encontrar no

local do incêndio quando de sua

chegada, ou aquelas que aparecem

durante o desenvolver do incêndio,

geralmente prestarão seus depoimentos

voluntariamente e por escrito, mas

relutarão a fazê-lo depois, ou seja,

quando o incêndio passar.

Não hesite em aproveitar-se desta

situação. Esse fato não deve ser

confundido com a entrevista de

testemunha, uma vez que você estará

somente solicitando a essas pessoas que

registrem quaisquer observações ou

outros fatos que elas estejam aptas a

fornecer por declarações feitas a mão.

Os seguintes passos deverão ser

observados quando obtendo declarações

voluntárias:

Peça para a pessoa escrever os

fatos detalhadarnente;

Se possível proporcione à pessoa

algum tipo de privacidade para

que não seja interrompida;

Solicite que a pessoa coloque o

número de seu telefone para

contato, date e assine cada folha

da declaração.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

146

Se essas declarações forem

alguma vez incluídas num processo

judicial, nunca serão tão importantes

quanto seus registros imediatos e

precisos de todas as observações e

conhecimentos relatados pela

testemunha.

Não compartilhe com ninguém

suas opiniões ou o que você tenha

observado no local do incêndio.

Quaisquer informações sobre pessoas

ou evidencias que possam ser os

causadores do incêndio não devem ser

compartilhadas com ninguém, a não ser

com a autoridade competente ou o

Comandante do Incidente, que tem a

responsabilidade de combater o

incêndio. Lembre-se:

“ O SEU TRABALHO É OBTER...E NÃO

DAR INFORMAÇÕES ”.

LISTA DE CHECAGEM

Obter um breve relato do

Comandante do Incidente;

Leve os materiais essenciais para

investigação com você ao local do

incêndio.

Faça anotações objetivas de todas

as suas ações e descobertas,

incluindo:

a) hora em que o incêndio foi

notificado.

b) nome e identificação da pessoa

que notificou o incêndio.

c) observações a caminho do local

do incêndio - pessoas e veículos.

d) condições do tempo -

ensolarado, nublado, etc.

e) nome e identificação de pessoas

e veículos que estejam nas

proximidades da origem do fogo.

Localize e proteja a área de origem

do incêndio.

Pesquise a área de origem do

incêndio com o propósito de

encontrar as evidências físicas das

causas do incêndio.

Proteja as evidências, mas NÃO AS

REMOVA, a menos que seja

necessário, a fim de evitar a sua

destruição.

Faça esboços da área de origem do

incêndio utilizando medidas exatas

da localização referente a todas as

evidências encontradas .

Tire fotografias de todos os

ângulos, incluindo as paisagens de

longa, média e curta distância da

área de origem do incêndio e das

evidências importantes.

Remeta todas as anotações,

informações e evidências físicas

para a autoridade competente.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

147

9 TÉCNICAS DE ORIENTAÇÃO

E NAVEGAÇÃO

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

148

9. TÉCNICAS DE ORIENTAÇÃO E

NAVEGAÇÃO

Nos incêndios florestais a

orientação é um processo imprescindível

para quem for combatê-los, tanto no

aspecto de segurança na entrada e saída

da floresta, quanto na correta

elaboração dos trabalhos de construção

das linhas de aceiro.

Em missão, o combatente

florestal deverá estar apto a operar

mapas, bússolas e o aparelho GPS

(Global Positioning System) para sua

orientação.

Deve-se sempre priorizar as rotas

de fuga em um incêndio na floresta. Para

tanto, em inúmeros casos as mesmas

são elaboradas com o auxílio de

instrumentos de orientação.

9.1 MAPAS (CARTAS TOPOGRÁFICAS)

Um mapa é a representação

gráfica, em geral uma superfície plana

em uma determinada escala, com a

representação dos acidentes físicos e da

superfície do terreno.

Todo o trabalho de combate a

incêndios florestais deve ser feito com

um prévio planejamento sobre um mapa

(carta da região). É importante se ter

conhecimento da data de publicação da

carta, pois estradas, trilhas e outros

aceiros naturais podem ser alterados

com o tempo.

9.1.1 Mapas topográficos

Os cartógrafos dividem a terra em

360 unidades chamadas graus. O globo

terrestre é então dividido em linhas

verticais, os meridianos, e linhas

horizontais, os paralelos. A medida leste

e a medida oeste são chamadas de

Longitude e a medida norte e a medida

sul são chamadas de Latitude. A

longitude é medida em 180 graus leste

ou oeste, começando a partir do

Meridiano de Greenwich na Inglaterra. A

latitude é medida em 90 graus norte ou

sul e começa na linha do Equador.

FIGURA 113 – Latitude e Longitude.

FONTE: cdb.br

Determinada a intersecção das

linhas de latitude e longitude, qualquer

ponto na superfície terrestre pode ser

localizado. Curitiba, por exemplo

localiza-se a 49 graus e 15 segundos de

longitude oeste e 25 graus e trinta

segundos de latitude sul (49º 15’ W 25º

30’ S). Cada grau é dividido em 60

minutos e cada minuto em 60 segundos.

No mapa, uma latitude sul de 50

graus, 47 minutos e 35 segundos

escreve-se: 50º47’35” S.

9.1.2 Sistema UTM

O sistema UTM (Universo

Transverso de Mercator) é hoje um dos

mais eficazes para utilização no

planejamento de combate a incêndios

florestais, pois nele desconsidera-se a

declinação magnética, que deve sempre

ser observada quando trabalhamos com

latitude e longitude.

Baseado em coordenadas

métricas, é definido em 60 zonas UTM,

múltiplas de 6 graus de longitude, na

Projeção Universal Transversal de

Mercator e cujos eixos cartesianos de

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

149

origem são o Equador, para coordenadas

N (norte) e o meridiano central de cada

zona, para coordenadas E (leste),

devendo ainda ser indicada a zona UTM

da projeção.

FIGURA 114 – Sistema UTM.

FONTE: gis.nwcg.gov

Tal sistema é empregado em

cartas militares e baseia-se na divisão de

áreas em quadrículas, que variam de

acordo com a escala que se está

trabalhando. Normalmente em um

incêndio florestal adotaremos o uso de

cartas na escala 1:50.000, que nos

fornece quadrículas divididas de 15’ em

15’ (4cm em 4cm).

9.1.3 Escala

A escala de uma carta topográfica

é a proporção entre uma medida gráfica

na carta e uma medida real. A escala

normalmente vem indicada na carta, na

parte de baixo, por uma fração numérica

ou gráfica. Por exemplo: 1:10.000, onde

um centímetro na carta equivale a

10.000 centímetros, ou seja 100 metros,

ou ainda 10 centímetros são iguais a 1

quilômetro.

A regra básica pode ser

representada da seguinte forma: uma

medida n na carta representa uma

grandeza n x 1.000 maior no terreno; ou

o inverso, onde uma medida n no

terreno é equivalente a uma medida n x

1.000 x menor na carta.

Tendo-se a escala é fácil calcular

as distâncias. Basta apanhar a medida

em centímetros na carta e multiplicar

pelo denominador da escala. Para saber

o inverso, quanto representa uma

medida no terreno numa carta de escala

conhecida, divide-se a medida (estimada

andada) pelo denominador da escala.

Normalmente as cartas

topográficas utilizadas nas atividades de

combate a incêndios florestais são

utilizadas na escala 1: 50.000, onde 1

centímetro na carta vale 500 metros no

terreno.

9.1.4 Como ler uma carta topográfica

Inicialmente devemos estar

atentos a todas as informações

oferecidas pela carta topográfica, tais

como edição, sinais convencionais (vias

de circulação, limites, elementos

planimétricos, elementos altimétricos,

elementos de vegetação e hidrografia).

Tais informações são facilmente colhida

na base inferior de uma carta

topográfica.

A articulação da folha, localização

da folha da unidade de federação e

divisão administrativa, fornece

informações para que o usuário localize

a carta em um contexto mais amplo.

A carta topográfica fornece ainda

informações sobre curvas de níveis,

datum horizontal e vertical, bem como

coordenadas.

A declinação magnética da carta é

fornecida de acordo com o ano de

edição da mesma, sendo necessário a

realização de cálculos para atualização

(o dado de crescimento da declinação é

fornecido).

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

150

9.1.5 Curvas de nível

As cartas topográficas

representam, além das coordenadas de

latitude e longitude, a altitude do

terreno por meio das curvas de nível.

Saber interpretar uma curva de

nível é de fundamental importância para

o combatente florestal, pois ele

conseguirá distinguir o melhor caminho

quando for traçar uma linha de aceiro

em carta. Poderá encontrar pontos onde

possivelmente existam lugares de

abastecimento de água, bem como

poderá definir o melhor local para a

progressão das equipes de combate.

A curva de nível é uma linha

imaginária que une pontos de mesma

altitude um uma carta, representando

as condições do terreno naquele local.

FIGURA 115 – Representação das curvas de

nível

FONTE: ibge.gov.br

Para que seja possível a

representação de um determinado

trecho do terreno são necessárias várias

curvas de nível. As curvas de nível

impressas com maior espessura são

denominadas curvas de nível mestras, e

normalmente indicam a altitude daquele

ponto específico.

Podemos verificar na figura 115

que quanto mais acentuado for o

declive, mais próximas estarão as curvas

de nível na representação planificada.

9.2 BÚSSOLA

A bússola é um instrumento de

orientação e navegação que possuí uma

agulha imantada que a mantém voltada

para uma direção permanente, o Norte

Magnético.

Sua caixa contém uma agulha de

aço imantado, um limbo fixo ou móvel,

graduado no sentido NE SO (nordeste

sudoeste), com leituras de 360º ou

6400”.

Toda bússola apresenta as

mesmas propriedades de

funcionamento, servindo a determinação

de ângulos horizontais (azimutais) e

eventualmente para medir ângulos

verticais, ou orientar cartas.

Nos incêndios florestais a bússola

é importante instrumento de orientação

e na confecção de aceiros.

Normalmente utiliza-se o aparelho

GPS e um helicóptero para marcar os

limites do aceiro, sendo que logo após a

plotagem dos pontos necessário no GPS,

abre-se o aceiro na mata com emprego

da bússola, que deve ser orientada de

acordo com a ângulo BRG do GPS.

9.2.1 Declinação magnética

A agulha da bússola é atraída

para o norte magnético, enquanto a

maioria dos mapas é orientada para um

ponto diferente na Terra, o polo norte

geográfico (norte verdadeiro).

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

151

Esta diferença entre o norte

verdadeiro e norte magnético, medida

em graus, é chamada declinação

magnética.

Um simples ajuste na bússola é

necessário para corrigir a declinação

magnética.

Em áreas a oeste da linha de

declinação zero, a agulha magnética

aponta para algum lugar a leste (para a

direita) do norte verdadeiro, então

dizemos que esta área tem declinação

leste.

Trabalha-se o oposto para áreas a

leste da linha de declinação zero. Aqui a

agulha magnética aponta para algum

lugar a oeste (esquerda) do norte

verdadeiro, assim esta área tem

declinação oeste.

Considerando uma montanha na

Serra do Mar, onde a declinação atual é

17º08'. O rumo verdadeiro é o ângulo

medido entre a linha do norte

verdadeiro e o ângulo de direção de

viagem.

A agulha magnética entretanto, é

atraída para o norte magnético, não o

norte verdadeiro. Então ao invés disso,

meça o ângulo entre a linha do norte

magnético e a linha de direção. este

“rumo magnético” é 17º08' maior que o

rumo verdadeiro. Para conhecer o rumo

verdadeiro devemos subtrair 17º08' do

rumo magnético.

Em áreas de declinação leste,

soma-se a declinação ao rumo

verdadeiro, e em áreas com declinação

oeste, que é nosso caso, subtrai-se a

declinação do rumo magnético para

conhecer o rumo verdadeiro.

Usualmente a declinação vem

expressa nas margens dos mapas.

As vezes torna-se necessário

orientar um mapa para se entender a

relação entre o mesmo e o local onde

nos encontramos.

A figura 113 demonstra a forma

de como se orienta um mapa, conforme

a declinação magnética do mesmo.

FIGURA 116 – Orientando uma mapa

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

Desta forma, colocamos a bússola

sobre o mapa, próximo ao diagrama de

declinação. Girar o mapa e a bússola

juntos até que a agulha que aponta para

o norte magnético esteja alinhada ou

paralela com a direção do norte

magnético no diagrama. O mapa estará

orientado em relação a área.

9.2.2 Componentes de uma bússola:

Agulha magnética com rotação livre.

Uma ponta tem cor diferente da

outra, assim você diferencia

facilmente qual ponta está indicando

o norte;

Caixa ou compartimento circular

estanque e giratório para a agulha.

Este compartimento é preenchido

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

152

com um fluído que reduz as vibrações

da agulha, tornando-a mais acurada;

Mostrador em volta da circunferência

do compartimento da agulha. O

mostrador é graduado no sentido

horário em graus que vão de 0 a

360º;

Seta de orientação e uma conjunto de

linhas ou meridianos paralelos. estes

estão por baixo da agulha imantada;

Linha de índice onde se faz a leitura

do rumo;

Base retangular e transparente para

completar a unidade. Esta base inclui

a linha de direção de viagem (algumas

vezes com uma seta na ponta) para

apontar na direção do objetivo.

Quanto maior esta lâmina de base,

mais fácil de fazer a leitura.

FIGURA 117 – Bússola SUUNTO

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

9.2.3 Azimute

O azimute ou rumo é a direção

tomada de um lugar para outro, medido

em graus de um ângulo em relação a

uma aceitável linha de referência. Esta

referência é a linha que aponta para o

norte verdadeiro.

O mostrador redondo de uma

bússola é dividido como os cartógrafos

dividem a Terra, em 360 graus.

A direção em graus de cada ponto

cardeal, partindo do topo em sentido

horário é: norte, 0º (o mesmo que 360º);

leste, 90º; sul 180º e oeste, 270º.

A bússola é utilizada em duas

tarefas básicas, considerando os

azimutes:

Para “tirar” rumos, ou seja pode-se

dizer que é usada para medir

azimutes. Tirar o rumo significa medir

a direção a partir de um ponto até o

outro, no mapa ou no terreno.

Para plotar azimutes, ou seja, traçar

rumos. Traçar um rumo significa

ajustar um rumo específico na

bússola e então plotá-lo ou segui-lo

na direção que o rumo aponta,

também no mapa ou no terreno

9.2.3.1 Azimutes sobre o mapa

A bússola é usada como um

transferidor para medir e traçar rumos

no mapa. O norte magnético e a

declinação magnética não influenciam

nesses cálculos.

Além disso devemos ignorar a

agulha magnética da bússola. Nunca

devemos usar a agulha magnética para

medir ou traçar azimutes sobre um

mapa.

O único momento em que a

agulha magnética é usada é sempre que

quisermos orientar o mapa com o norte

verdadeiro.

Não há necessidade de orientar o

mapa para traçar ou medir azimutes.

a. Medindo um azimute no mapa

Colocamos a bússola sobre o

mapa com a borda maior da base

Agulha

Mostrador

Linhas

Meridianas

Seta de

Orientação

Ponteiro

Indicador

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

153

correndo diretamente entre dois pontos

de interesse.

FIGURA 118 A e B – Medindo um azimute

sobre um mapa

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

Para medir o rumo de um ponto a

outro, devemos observar que a linha de

direção de viagem esteja apontada na

mesma direção dos pontos anteriores.

Giramos o compartimento

giratório até que as linhas de meridianos

estejam paralelas com a linha norte sul

do mapa. Devemos ter certeza que a

flecha de orientação, que gira junto com

as linhas de meridiano, esteja

apontando para o topo do mapa, para o

norte. Se estiver apontando para baixo a

leitura estará 180º fora. Então lemos o

número indicado na linha de índice. Este

é o azimute de um ponto a outro. Este

azimute encontrado é o azimute de

quadrícula. Para que tenhamos o

azimute magnético deverá ser verificada

a declinação magnética da carta e somar

ao ângulo (azimute) encontrado.

b. Traçando (seguindo) um azimute no

mapa

Devemos partir de um azimute

conhecido, que foi previamente lido em

campo. Imaginemos que no regresso de

um combate a um incêndio florestal a

equipe localizou uma fumaça legítima e

anotou o rumo 120º em um ponto

demarcado no terreno (cume, trilha,

picada, casa, etc.).

Para lançarmos uma nova equipe

de combate do ponto anotado faremos o

seguinte: primeiro ajustaremos o rumo

de 120º na linha de índice da bússola.

Coloque a bússola com a lateral maior

tocando o ponto de referência do rumo.

Gire a bússola inteira (não só o

compartimento da agulha) até que as

linhas meridianas estejam paralelas com

as linhas norte sul do mapa e tenha

certeza que a borda da lâmina de base

ainda esteja tocando a referência. Mais

uma vez certifique-se que a seta de

orientação esteja apontada para o norte.

Siga a linha traçada com a borda da base

seguindo em direção oposta à viagem,

pois o rumo original foi medido em

direção à referência.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

154

Onde a linha cruza a trilha é o

local exato que foi medido o rumo de

120º.

9.2.3.2 Azimute no campo

Neste caso a agulha magnética

fará seu trabalho. Todos os rumos no

campo são baseados onde a agulha

aponta. Para simplificar nestes dois

primeiros exemplos, vamos ignorar os

efeitos da declinação magnética.

a. Para medir um azimute no campo

Segure a bússola na sua frente e

aponte a linha de direção de viagem

para o objeto que você deseja encontrar

o azimute. Gire o compartimento da

bússola até que a ponta da flecha de

orientação esteja alinhada com a ponta

imantada da agulha. Leia o rumo na

linha de índice e pronto.

FIGURA 119 – Medindo um azimute

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

FIGURA 120 – Medindo um azimute (visão

da bússola)

FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros

b. Para traçar (seguir) um azimute no

campo:

Simplesmente reverta o processo

usado para tomar o rumo. Comece

girando o compartimento da agulha até

que você tenha o azimute desejado na

linha de índice, por exemplo 45º. Segure

a bússola nivelada à sua frente e então

gire seu corpo inteiro até que a ponta

imantada da agulha esteja alinhada com

a flecha de orientação. A linha de

direção de viagem está agora apontando

para o oeste adequado.

9.3 GPS

O GPS (Sistema de

Posicionamento Global) é importante

aliado dos bombeiros no combate a um

incêndio florestal, pois nos fornece

dados de latitude, longitude e altitude.

Possibilitar a elaboração de rotas e

calculo de distâncias, entre outras

funções.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

155

Entretanto nunca deve ser

utilizado como único meio de

orientação, pois o mesmo perde

facilmente o sinal ao adentrar em mata

fechada, que é o meio ambiente normal

de ocorrência de incêndios florestais.

O receptor GPS é um equipamento

que nos informa a posição na superfície

da terra em tempo real e nos fornece

outras informações.

FIGURA 121 – GPS Garmim etrex.

FONTE: mdetectors.com

O GPS oferece várias

possibilidades de formatos e datum que

podem ser alterados pelo seu usuário.

Seu princípio de funcionamento é

a comunicação com satélites (24

satélites que estão distribuídos em 6

orbitas, cada uma com 4 satélites). O

GPS se comunica com os satélites,

mostrando em sua tela os disponíveis e

processando as informações dos

mesmos. Atualmente os GPS são

fabricados com 12 canais o que permite

receber o sinal simultâneo de até 12

satélites.

Normalmente empregamos nos

incêndios florestais coordenadas em

graus, minutos, segundos e décimos de

segundos (dddºmm’ss.s”) e UTM/UPS

(coordenadas UTM entre as latitudes

80ºS e 84º e para as superiores

coordenadas UPS).

9.3.1 Waypoints

O GPS permite que marquemos

nossa posição e a arquivemos na

memória do aparelho. Via de regra é

feito por meio da tecla MARK, sendo

possível estabelecer um nome para esse

ponto, um ícone pré-estabelecido e fazer

uma observação curta.

É possível também se criar pontos

no GPS.

9.3.2 Função “GO TO”

Uma das possibilidades do GPS é

propiciar a navegação do ponto atual

(onde se encontra o navegador) para um

ponto marcado. Para tanto ele deve

pressionar a tecla “GO TO” ou “IR PARA”.

Seleciona-se o “waypoint”

desejado em uma lista e aperta-se a

tecla ENTER.

O GPS indicará o destino

(azimute) e a distância do ponto atual ao

ponto selecionado.

Enquanto caminhamos o GPS

fornece dados instantâneos e indica BRG

– “bearing” para o azimute de chegada e

TRK “tracking” para o azimute de

deslocamento daquele momento.

9.3.3 Função MOB – “Man Overboard”

Essa função traduzida “homem ao

mar” quando acionada por meio de dois

toques na função “GO TO” faz com que o

GPS armazene esta posição e ative a

função “GO TO” para essa mesma

posição.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

156

9.3.4 Considerações importantes

Caso o GPS esteja sendo utilizado

sem mapa e sem uma bússola é

importante que seja configurado para a

indicação de azimutes verdadeiros,

recomendando-se utilizar o datum WGS

84.

Caso usemos somente bússola

que não permita trabalhar com azimutes

verdadeiros e GPS, devemos configurá-lo

para azimute magnético. Desta forma os

azimutes indicados pelo GPS estarão em

conformidade com os azimutes da

bússola. Recomenda-se utilizar o datum

WGS 84.

Usando o GPS em conjunto com

carta topográfica configuraremos o

equipamento para azimute de

quadrícula, indicando a posição

UTM/UPS e datum idêntico ao da carta.

9.3.5 Empregando rotas no GPS

O GPS nos permite agrupar vários

“waypoints” de forma a criar uma rota.

O uso de uma rota permite que

diversas posições sejam marcadas e

facilitem o retorno ao ponto de origem

passando por determinados pontos.

No caso de se efetuar um aceiro a

longa distância o mesmo pode ser

traçado se empregando uma rota, de

forma a se evitar pontos quentes.

9.3.6 Uso do GPS em um incêndio

florestal

Já foi comentado da utilização do

GPS em um incêndio florestal.

Passaremos agora a exemplificar, passo

a passo como se procede a marcação de

um ponto ou mais e o deslocamento ou

construção de aceiros passando por tais

pontos. Neste caso consideramos um

GPS modelo Garmim.

9.3.6.1 Empregando uma carta

topográfica e GPS

Dispondo-se de uma carta

topográfica, marcamos na mesma o

ponto por onde o aceiro deve ser

traçado. Lembrar que o aceiro deve

confinar determinada área devendo

terminar em um ponto onde não possa

ocorrer a propagação do fogo.

Traçada a linha de aceiro

marcamos o ponto de início e término

do aceiro, os quais deverão ter suas

coordenadas encontradas na carta.

Exemplo:

Início do Aceiro (P1)

22J 7136118 mE

743704 mN

Término do Aceiro (P2)

22J 7135136 mE

0743664 mN

Apuradas as coordenadas

retangulares dos pontos, passar tais

dados para o GPS:

Com o aparelho já ligado na tela

que fornece os sinais de recepção

de satélites (principal), pressionar

a tecla PAGE até a mensagem

MAIN MENU.

Com o cursor central selecionar

WAYPOINT e pressionar a tecla

ENTER.

Com o cursor central selecionar a

palavra NEW e pressionar ENTER.

Nomear o ponto como for

conveniente e lançar as

coordenadas. Após, pressionar a

tecla ENTER para salvar os

dados.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

157

O primeiro ponto estará marcado.

Proceder da mesma forma para o

segundo ponto.

Obs.: Caso o sistema que o GPS

esteja trabalhando não seja a UTM, o

mesmo deverá ser selecionado:

Partindo da tela de recepção de

sinais, pressionar a tecla PAGE 4

vezes.

Com o cursor central selecionar

as palavras SETUP MENU e

pressionar ENTER

Com o cursor central selecionar

NAVIGATION e pressionar ENTER.

Com o cursor central selecionar a

palavra que estiver abaixo da

mensagem POSITION FORMAT e

pressionar ENTER.

Com o cursor central selecionar

UTM/UPS.

Para retornar a tela principal

pressionar ENTER.

Com os dados já apurados e

coordenadas plotadas no GPS, lançar o

pessoal no ponto de início da construção

da linha de aceiro, que deve coincidir

com o ponto pré-estabelecido na carta.

Partindo-se do ponto inicial com o

GPS na tela principal pressionar a tecla

GOTO, e o mesmo mostrará todos os

pontos já marcados. Selecionar o pontos

de interesse, que no caso é o ponto de

chegada do aceiro e pressionar ENTER.

O aparelho entrará

automaticamente em outra tela que nos

mostrará uma estrada virtual ou bússola,

conforme o tipo e modelo, entretanto o

que nos interessará é o ângulo BRG

mostrado na parte superior que dará a

coordenada de chegada ao ponto final

do aceiro.

Possuindo tal ângulo, o mesmo

deverá ser transferido para a bússola e

assim daremos início ao trabalho, agora

com a bússola, sendo que o GPS deverá

ser utilizado para verificar se não está

ocorrendo um desvio na rota.

9.3.6.2 Empregando uma aeronave:

Sobrevoa-se a área com uma

aeronave que possua GPS ou com um

GPS portátil. Marcar o ponto que se

deseja iniciar a construção da linha de

aceiro, com o GPS ligado.

Partindo-se da tela principal

pressionar a tecla MARK, e o

ponto será automaticamente

marcado. Tal ponto deverá ser

nominado, utilizando-se para isso

o cursor central.

Procede-se da mesma forma para

marcar o término do aceiro.

Marcados os pontos, procede-se

como descrito acima para lançar o

pessoal que trabalhará no ataque

indireto.

Os procedimentos descritos acima

são básicos para o operador do GPS,

entretanto é importante que o mesmo

tenha pelo conhecimento de todas as

funções do equipamento, pois caso o

mesmo não esteja em perfeito

funcionamento e calibrado poderão

ocorrer erros que prejudicarão o

trabalho e até mesmo colocarão em

risco a vidas dos combatentes.

O GPS JAMAIS SERÁ UTILIZADO COMO

ÚNICO MEIO DE NAVEGAÇÃO.

9.4 PERCURSOS DE CAMINHADAS

Nos incêndios florestais é comum

aos combatentes percorrerem longas

distâncias a pé, seja por estradas e

terrenos planos ou em locais irregulares.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

158

Para tanto, é importante se

estabelecer um controle do trecho

percorrido, o que normalmente é feito

por meio da contagem de passos

duplos.

Esta técnica é individual e deve

ser aferida para cada combatente.

A técnica de contagem é muito

simples: se iniciar a marcha com o pé

direito contará um passo duplo sempre

que pisar com o pé esquerdo.

A medição do passo deve ser feita

em uma distância demarcada

(normalmente 100 metros) e repetida 10

vezes (cinco idas e cinco voltas).

NORMALMANTE 64 PASSOS DUPLOS

EQUIVALEM A 100 METROS.

Nas longas caminhadas, o chefe

da guarnição designará um integrante

da guarnição de combate a incêndios

florestais para que execute a contagem.

O controle poderá ser feito dando-se nós

em um cordelete.

O emprego desta técnica permite

que se calcule a área de vegetação

afetada por um incêndio florestal

quando as condições do terreno e

extensão do incêndio o permitirem.

Um excelente exercício que

permite o emprego da técnica de passo

duplo e a utilização de bússola consiste

em marcar um quadrado:

Inicialmente marca-se o primeiro

canto (com uma bandeira por

exemplo) e percorre-se 100

metros na direção Norte e marca

o segundo canto;

A seguir percorre-se 100m na

direção Leste e marca-se o

terceiro canto;

A seguir percorre-se 100m na

direção Sul e marca-se o quarto

canto;

Finalmente percorre-se 100m na

direção Oeste e marca-se o quinto

canto.

Todo o caminhamento deverá ser

feito empregando-se o método da

contagem de passos duplos.

Haverá um erro entre a primeira e

a quinta marca, chamado erro de

fechamento.

FIGURA 122 – Exercício de campo –

marcando um quadrado

FONTE: Adaptado pelo autor (EB)

N

E

S

W

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

159

10 SOCORROS DE URGÊNCIA

NOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

160

10. SOCORROS DE URGÊNCIA NOS

INCÊNDIOS FLORESTAIS

Conforme tratado nos capítulos

anteriores os incêndio florestais ocorrem

em locais muitas vezes inóspitos, e de

difícil acesso, o que compromete as

ações de resgate.

Além deste fato, os combatentes

de incêndios florestais estão sujeitos a

situações de quedas que podem gerar

contusões, ferimentos, fraturas e

luxações, acidentes com animais

(ofídios, aracnídeos, lagartas),

queimaduras e desidratação pelo

desgaste excessivo do trabalho de

campo.

Este capítulo objetiva abordar os

principais riscos que o combatente

florestal pode se deparar, bem como

técnicas de atendimento a serem

adotadas.

10.1 ATENDIMENTO INICIAL À VÍTIMA DE

TRAUMA

O objetivo do atendimento inicial

à vítima de trauma é identificar

rapidamente situações que coloquem a

vida em risco e que demandem atenção

imediata pela equipe de socorro. Deve

ser rápido, organizado e eficiente de

forma que permita decisões quanto ao

atendimento e ao transporte adequados,

assegurando à vítima maiores chances

de sobrevida.

10.1.1 Controle da Cena

10.1.1.1 Segurança do local

Antes de iniciar o atendimento

propriamente dito, a equipe de socorro

deve garantir sua própria condição de

segurança, a das vítimas e a dos demais

presentes. De nenhuma forma qualquer

membro da equipe deve se expor a um

risco com chance de se transformar em

vítima, o que levaria a deslocar ou

dividir recursos de salvamento

disponíveis para aquela ocorrência.

Devemos estar atentos para a

propagação do fogo, quedas de objetos

incendiados sobre a equipe,

possibilidade da equipe ser cercada pelo

fogo e outros acidentes inerentes ao

meio ambiente.

10.1.1.2 Mecanismo de trauma

Enquanto se aproxima da cena do

acidente, o socorrista examina o

mecanismo de trauma, observando e

colhendo informações pertinentes,

procurando identificar a possível causa

do acidente.

10.1.1.3. Abordagem da vítima

Visa identificar e manejar

situações de ameaça à vida. A

abordagem primária é realizada sem

mobilizar a vítima de sua posição inicial,

salvo em situações especiais que

possam comprometer a segurança.

Só se justifica mobilizar a vítima

de sua posição inicial na abordagem

primária quando a situação de risco não

puder ser afastada.

A abordagem primária é realizada

em duas fases:

Abordagem primária rápida;

Abordagem primária completa.

a. Abordagem primária rápida

É a avaliação sucinta da

respiração, circulação e nível de

consciência. Deve ser completada em no

máximo 30 segundos. Tem por

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

161

finalidade a rápida identificação de

condições de risco de morte, o início

precoce do suporte básico de vida (SBV)

e o desencadeamento de recursos de

apoio, tais como médico no local e

aeronave para o transporte.

Na abordagem primária rápida

devem ser seguidos os seguintes

passos:

1) Aproximar-se da vítima pelo lado para

o qual a face da mesma está voltada,

garantindo-lhe o controle cervical.

2) Observar se a vítima está consciente e

respirando. Caso não haja resposta,

examinar a respiração. Se ausente a

respiração, iniciar as manobras de

controle de vias aéreas e a ventilação

artificial.

3) Simultaneamente palpar pulso radial

(em vítima inconsciente palpar direto o

pulso carotídeo) e definir se está

presente, muito rápido ou lento. Se

ausente, palpar pulso de artéria carótida

ou femoral (maior calibre) e, caso

confirmado que a vítima está sem pulso,

iniciar manobras de reanimação

cardiopulmonar.

4) Verificar temperatura, umidade e

coloração da pele e enchimento capilar.

5) Observar rapidamente da cabeça aos

pés procurando por hemorragias ou

grandes deformidades.

b. Abordagem primária completa

Na abordagem primária completa

segue-se uma sequência fixa de passos

estabelecida cientificamente. Para

facilitar a memorização, convencionou-

se o “ABCD do trauma” para designar

essa sequência fixa de passos,

utilizando-se as primeiras letras das

palavras (do inglês) que definem cada

um dos passos:

Passo “A” (Airway) – Vias aéreas

com controle cervical;

Passo “B” (Breathing) – Respiração

(existente e qualidade);

Passo “C” (Circulation) – Circulação

com controle de hemorragias;

Passo “D” (Disability) – Estado

neurológico;

Passo “E” (Exposure) – Exposição da

vítima (para abordagem

secundária).

c. Abordagem secundária

Só iniciar a abordagem secundária

depois de completada a abordagem

primária. Examinar todos os segmentos

do corpo, sempre na mesma ordem

(exame segmentar): crânio, face,

pescoço, tórax, abdômen, quadril,

membros inferiores, membros

superiores e dorso.

10.2 RESSUSCITAÇÃO CÁRDIO-

PULMONAR

Ressuscitação cardiopulmonar é o

conjunto de manobras realizadas para

restabelecer a ventilação pulmonar e a

circulação sanguínea, tais como,

respiração artificial e massagem cardíaca

externa. Manobras essas utilizadas nas

vítimas em parada cardiopulmonar.

A ressuscitação cardiopulmonar

requer uma sequência de procedimentos

parecido com o ABCD da avaliação

inicial, com a diferença que o D do RCP

se refere a desfibrilação.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

162

A – Vias Aéreas: manter as vias

aéreas permeáveis para a passagem

do ar;

B – Respiração: ventilar os pulmões

da vítima para garantir um mínimo

de troca de ar;

C – Circulação: comprimir o tórax

de forma a realizar uma pressão

intratorácica que faça o coração

bombear sangue para os órgão

vitais;

D – Desfibrilação: aplicação de um

choque no coração para normalizar

os batimentos cardíacos que

entram em movimentos

descompassados.

10.2.1 RCP em adultos

Tendo em vista que as equipes

que vão atender situações de

emergências nos incêndios florestais

irão atuar, via de regra, com adultos

componentes das guarnições de

combate, este tópico será tratado

exclusivamente para tal situação.

10.2.1.1 Abertura de vias aéreas

Estabelecida que a vítima

apresenta os sinais característicos de

parada cardiopulmonar (inconsciência

sem resposta a estímulos; ausência de

movimentos respiratórios e ausência de

pulso), você deve iniciar os

procedimentos de RCP. Para tanto o

primeiro passo é garantir que a vítima

esteja em decúbito dorsal (costas no

chão), realizando a abertura das vias

aéreas.

10.2.1.2 Ventilação

Após a abertura das VVAA, analise

a respiração da vítima usando o método

do Ver-Ouvir-Sentir. Este exame não

deve demorar mais do que dez

segundos. Se constatar que não há

respiração, ou a respiração é inadequada

(respirações agônicas), ou ainda, você

não tem certeza se a respiração é

adequada; inicie as ventilações

artificiais.

Pince o nariz da vítima usando o

polegar e dedo indicador da mão

que está na testa da vítima;

Respire normalmente e coloque

seus lábios na boca da vítima,

vedando-a completamente,

impedindo vazamento de ar;

Ventile 2 (duas) vezes (cerca de 1

segundo para cada ventilação) a

cada 30 (trinta) compressões

torácicas;

A ventilação deve provocar

elevação visível do tórax;

Observar o tórax subindo e

descendo, ouvir e sentir o fluxo

de ar;

Manter as vias aéreas abertas

para a expiração;

Não demore mais do que 10 (dez)

segundos na aplicação das

ventilações;

Se a ventilação não elevar o tórax

após algumas tentativas, inicie a

compressão torácica;

Havendo pulso, efetue de 10 a 12

ventilações por minuto sem

compressões torácicas;

Evite a hiperventilação, pois isto

pode causar uma distensão

gástrica reduzindo o débito

cardíaco.

10.2.1.3 Compressão torácica

Verificado que a vítima não possui

pulso, o socorrista deve iniciar as

compressões torácicas:

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

163

Certifique-se de que a vítima

esteja em decúbito dorsal sobre

uma superfície rígida;

Ajoelhe-se ao lado do peito da

vítima;

Exponha o peito da vítima e

coloque uma das mãos no centro

do peito na altura da linha

mamilar;

Coloque a outra mão sobre a

primeira e entrelace os dedos

com esta, não aplicando nenhuma

pressão sobre as costelas, o

término do esterno, ou o

abdômem;

Posicione-se verticalmente sobre

a vítima com os braços retos e

seus ombros sobre o peito da

vítima e comprima o tórax de

forma que o peso de seu corpo

auxilie na compressão;

Comprima 30 (trinta) vezes o

peito para cada 02 (duas)

ventilações na vítima adulta,

independente de estar em 1 ou 2

socorristas;

A taxa de compressão deve ser de

100 (cem) compressões por

minuto;

Comprima rápido, comprima forte

e permita o retorno completo do

tórax;

Execute a compressão com uma

profundidade de 4 (quatro) a 5

(cinco) centímetros;

Tempo de compressão e

descompressão devem ser iguais;

Limite as interrupções. A

compressão torácica é o

procedimento mais importante

para garantir uma sobre vida a

vítima;

Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco)

ciclos de RCP reavalie a vítima.

Não demore mais do que dez

segundos nesta avaliação;

A cada 2 (dois) minutos troque,

se possível, o socorrista que

comprime o tórax; estudos

comprovaram que, mesmo sem

referir cansaço, o socorrista perde

eficiência em apenas dois

minutos de compressão.

FIGURA 123 – Posição adequada do

socorrista

FONTE: Manual de APH – CB/PMPR

Em caso de sucesso nas

manobras de ressuscitação, deve seguir

o tratamento para restabelecer os sinais

vitais da vítima às condições normais.

Investigue as causas que levaram à

parada para melhor tratá-la. O primeiro

passo é garantir as VVAA e a ventilação

adequada da vítima, de preferência com

oxigênio e ventilação positiva, pois a

maioria das vítimas que retornam após

RCP precisam de auxílio na respiração.

Em caso de trauma, os

procedimentos para controle de

hemorragias e imobilização da vítima

vêm na sequência. Se o caso for clínico a

vítima deve ser colocada na posição de

recuperação. Evite a hipertermia

(aquecimento) da vítima no ambiente

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

164

pré-hospitalar tratando a febre de

maneira intensiva após a ressuscitação.

A decisão de se interromper a RCP

é de competência exclusiva da área

médica.

10.3 FERIMENTOS

Ferimento é qualquer lesão ou

perturbação produzida em qualquer

tecido por um agente externo, físico ou

químico.

Os agentes capazes de produzir

um ferimento podem ser físicos

(mecânico, elétrico, irradiante e térmico)

e químicos (ácidos ou álcalis).

Os ferimentois fechados são

aqueles onde a pele se mantém íntegra.

Os ferimentos abertos são

aqueles que rompem a integridade da

pele, expondo tecidos internos,

geralmente com sangramento. Também

são denominados feridas.

Os ferimentos abertos são

traumas de alta ou baixa energia,

decorrentes da superfície de contato do

agente vulnerante.

10.3.1 Atendimento a vítimas de

ferimentos

O atendimento pré-hospitalar dos

ferimentos visa três objetivos principais:

Proteger a ferida contra o trauma

secundário;

Conter sangramentos;

Proteger contra infecção.

Na fase pré-hospitalar deve-se

evitar perder tempo em cuidados

excessivos com os ferimentos que não

sangram ativamente e não atingem os

planos profundos, pois retardam o

transporte ao hospital, o que pode

agravar o estado geral dos pacientes

com lesões internas associadas.

No atendimento à vítima com

ferimentos deve-se seguir os seguintes

passos e cuidados:

Controle do ABC é a prioridade

como em qualquer outra vítima

de trauma. Ferimentos com

sangramento importante exigem

controle já no passo C.

Avaliação do ferimento,

informando-se sobre a natureza e

a força do agente causador, de

como ocorreu a lesão e do tempo

transcorrido até o atendimento.

Inspeção da área lesada, que deve

ser cuidadosa. Pode haver

contaminação por presença de

corpo estranho e lesões

associadas. O ferimento deve ser

exposto e, para isto, pode ser

necessário cortar as roupas da

vítima; evite movimentos

desnecessários com a mesma.

Limpeza da superfície do

ferimento para a remoção de

corpos estranhos livres e detritos;

utilizar uma gaze estéril para

remoção mecânica delicada e,

algumas vezes, instilação de soro

fisiológico, sempre com cautela,

sem provocar atrito. Não perder

tempo na tentativa de limpeza

geral da lesão, isto será feito no

hospital. Objetos impalados não

devem ser removidos, mas sim

imobilizados para que

permaneçam fixos durante o

transporte.

Proteção da lesão com gaze

estéril que deve ser fixada no

local com bandagem triangular

ou, se não estiver disponível,

utilizar atadura de crepe.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

165

10.4 FRATURAS E LUXAÇÕES

Fratura é a lesão óssea de origem

traumática, produzida por trauma direto

ou indireto. O conjunto de fragmentos

ósseos produzidos pela fratura e os

tecidos lesados em torno da lesão é

denominado foco de fratura. O osso é o

único tecido do nosso organismo que

cicatriza com o mesmo tecido anterior à

lesão. O processo de cicatrização óssea

denomina-se consolidação.

10.4.1 Classificação das fraturas

a. Quanto ao traço da fratura

Incompleta: ocorre a lesão óssea,

mas não rompe a continuidade óssea;

tipo de ocorrência comum em crianças.

Completa: os fragmentos ósseos

perdem a continuidade, ficando

desviados ou não. O manuseio destas

fraturas deve ser cuidadoso e técnico,

para evitar lesão nos tecidos vizinhos.

b. Quanto à exposição do foco

Fechada: o foco de fratura está

protegido por partes moles e com pele

íntegra.

Aberta ou exposta: o foco de

fratura está em contato com o meio

externo, com o osso exteriorizado ou

não. A pele, nestes casos, está sempre

lesada. O grau de lesão dessas partes

moles permite classificar as fraturas

expostas. A lesão da pele pode ocorrer

pelo trauma, pelos fragmentos ósseos e

pelo manuseio intempestivo da vítima,

tornando uma fratura fechada em

aberta.

Devido à comunicação do foco de

fratura com o meio externo, as fraturas

expostas são sempre contaminadas,

variando apenas o grau de

contaminação.

c. Quanto à presença de lesões

associadas

Simples: a fratura é uma lesão

única, sem evidência de lesão associada.

Complicada: está acompanhada

de lesões associadas. O trauma causador

de fratura exposta é de alta energia e

velocidade, podendo ocorrer lesões

associadas locais, como as musculares,

tendinosas, nervosas, vasculares, bem

como lesões sistêmicas associadas

(trauma abdominal, torácico e craniano).

10.4.2 Sintomas e sinais

Dor;

Aumento de volume;

Deformidade;

Impotência funcional;

Crepitação óssea.

10.4.3 Atendimento à vítimas de

fraturas

Não movimente vítima com fraturas

antes de imobilizá-Ia adequadamente.

Em fraturas expostas, controle o

sangramento e proteja o

ferimento, ocluindo-o com

curativos estéreis e bandagens;

Em fraturas fechadas, execute

manobras de alinhamento e

tração antes da imobilização.

Examine a sensibilidade e os

pulsos periféricos antes e depois

de tracionar e alinhar.

Reveja seu procedimento se esses

parâmetros mostrarem sinais de

piora.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

166

Mantenha a tração e o

alinhamento até que a tala de

imobilização esteja posicionada e

fixa.

Imobilize deformidades situadas

próximas a articulações que não

se corrijam com tração suave na

posição em que se encontram.

Quando imobilizar uma fratura

inclua na tala a articulação

proximal e distal à lesão.

As talas devem ser ajustadas e

não apertadas, de maneira a não

interromper a circulação local.

Transporte a vítima de modo

confortável e seguro; o principal

objetivo do resgate é não agravar

as lesões preexistentes.

O atendimento correto evita o

agravamento das lesões, reduz a dor e o

sangramento.

10.4.4 Luxações

As luxações caraterizam-se pelo

deslocamento de superfícies articulares,

modificando as relações naturais de uma

articulação.

Nas articulações existe uma

congruência articular entre as

superfícies ósseas em contato. Estas são

recobertas por cartilagem articular e

mantidas por uma cápsula articular

reforçada por ligamentos. Os traumas

indiretos, normalmente produzidos por

quedas com apoio nas extremidades,

fazem com que essas superfícies

articulares saiam de sua posição,

produzindo perda da congruência

articular da função da articulação

correspondente. As luxações ocorrem

mais comumente em articulações

móveis (ombro, quadril, dedos da mão).

10.4.4.1 Sinais e sintomas

Dor;

Deformidade;

Impotência funcional;

Palidez;

Edema;

Encurtamento ou alongamento.

10.4.4.2 Cuidados de emergência

A manipulação das luxações cabe

exclusivamente ao médico. Manobras

inadequadas e intempestivas podem

agravar a lesão já existente e produzir

dano adicional aos tecidos vizinhos,

inclusive fraturas.

No atendimento pré-hospitalar, a

imobilização deve ser na posição de

deformidade, buscando oferecer o

máximo de conforto à vítima. Ficar

atento a sinais e sintomas de choque,

informando se ocorrerem.

10.5 QUEIMADURAS

As queimaduras são lesões

frequentes e a quarta causa de morte

por trauma. Mesmo quando não levam a

óbito, as queimaduras severas

produzem grande sofrimento físico e

requerem tratamento que dura meses,

até anos. Sequelas físicas e psicológicas

são comuns. O atendimento definitivo

aos grandes queimados deve ser feito

preferencialmente em centros

especializados.

10.5.1 Anatomia da pele

A pele não é simplesmente um

tecido; vem a ser o maior órgão do

corpo humano, possuindo várias

funções. Compõe-se de duas camadas:

epiderme e derme. Abaixo da pele situa-

se o tecido subcutâneo.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

167

10.5.1.1 Epiderme

Camada mais externa, composta

de várias camadas de células destituídas

de vasos sanguíneos. Sua espessura

varia de acordo com a região do corpo,

sendo mais espessa em áreas sujeitas a

pressão ou atrito, como a planta dos pés

e palma das mãos. Impermeável à água,

funciona como uma barreira protetora

contra o meio ambiente. Esta camada é

constantemente renovada pela

descamação das células mais

superficiais e geração de novas na sua

camada mais profunda.

10.5.1.2 Derme

Camada mais interna, contém os

vasos sanguíneos, os folículos pilosos,

as glândulas sudoríparas, as glândulas

sebáceas e as terminações nervosas

especializadas.

10.5.1.3 Tecido subcutâneo

Camada situada logo abaixo da

derme, uma combinação de tecido

fibroso, elástico e gorduroso. Sua

espessura varia de acordo com a região

do corpo e de indivíduo para indivíduo.

10.5.2 Classificação das queimaduras

10.5.2.1 Quanto às causas

Térmicas: causadas por gases,

líquidos ou sólidos quentes, revelam-se

as queimaduras mais comuns.

Químicas: causadas por ácidos ou

álcalis, podem ser graves; necessitam de

um correto atendimento pré-hospitalar,

pois o manejo inadequado pode agravar

as lesões.

Por eletricidade: geralmente as

lesões internas, no trajeto da corrente

elétrica por meio do organismo, são

extensas, enquanto as lesões das áreas

de entrada e saída da corrente elétrica

na superfície cutânea, pequenas.

Por radiação: causadas por raios

ultravioleta (UV), por raios-X ou por

radiações ionizantes.

10.5.2.2 Quanto à profundidade

Primeiro grau (espessura

superficial): queimaduras que atingem

apenas a epiderme.

Segundo grau (espessura parcial):

queimaduras que atingem a epiderme e

a derme, produzindo dor severa. A pele

se apresenta avermelhada e com bolhas;

as lesões que atingem a derme mais

profunda revelam-se úmidas. São as

queimaduras que mais se beneficiam do

curativo efetuado corretamente.

Terceiro grau (espessura total):

atingem toda a espessura da pele e

chegam ao tecido subcutâneo. As lesões

são secas, de cor esbranquiçada, com

aspecto de couro, ou então pretas, de

aspecto carbonizado. Geralmente não

são dolorosas, porque destroem as

terminações nervosas; as áreas nos

bordos das lesões de terceiro grau

podem apresentar queimaduras menos

profundas, de segundo grau, portanto

bastante dolorosas.

10.5.2.3 Quanto à extensão

A extensão da queimadura, ou a

porcentagem da área da superfície

corporal queimada, é um dado

importante para determinar a gravidade

da lesão e o tratamento a ser instituído,

tanto no local do acidente quanto no

hospital. Utiliza-se para esse cálculo a

"regra dos nove". O resultado obtido é

aproximado, mas suficiente para uso

prático. No adulto, cada membro

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

168

superior corresponde a 9% da superfície

corporal; as partes ventral e dorsal do

tronco correspondem a 18% cada; cada

membro inferior a 18%, a cabeça a 9% e

a área genital a 1 %.

10.5.2.4 Quanto à localização

Queimaduras variam de gravidade

de acordo com a localização. Certas

áreas, como mãos, face, pés e genitais,

são consideradas críticas. Queimaduras

que envolvam as vias aéreas são

também bastante graves.

10.5.2.5. Quanto à gravidade

Sete fatores são usados para

determinar a gravidade da queimadura:

Profundidade;

Extensão (pela regra dos nove);

Envolvimento de áreas críticas

(mãos, pés, face e genitália);

Idade da vítima (crianças e idosos

tem maior risco);

Presença de lesão pulmonar por

inalação;

Presença de lesões associadas

(outros traumatismos);

Doenças preexistentes (Diabetes

mellitus, insuficiência renal etc.).

Queimaduras Críticas:

Primeiro grau maiores que 75% da

superfície corporal;

Segundo grau maiores que 25%

da superfície corporal;

Terceiro grau maiores que 10% da

superfície corporal;

Terceiro grau envolvendo face,

mãos, pés ou genitais;

Queimaduras associadas a

fraturas ou outras lesões de

partes moles. Queimaduras das

vias aéreas ou lesão respiratória

por inalação;

Queimaduras elétricas;

Vítimas idosas ou com doenças

graves preexistentes.

Queimaduras Moderadas

Primeiro grau de 50 a 75% da

superfície corporal;

Segundo grau de 15 a 25% da

superfície corporal;

Terceiro grau de 2 a 10% da

superfície corporal.

Queimaduras Leves

Primeiro grau menores que 50 da

superfície corporal;

Segundo grau menores que 15%

da superfície corporal;

Terceiro grau com menos que 2%

da superfície corporal.

10.5.3 Atendimento ao queimado

O atendimento inicial de

queimados segue a mesma sequência do

atendimento a vítima de outras formas

de trauma. Considerar o grande

queimado como um politraumatizado,

inclusive porque, frequentemente,

existem outras lesões associadas.

A primeira preocupação da equipe

é com a sua própria segurança, que se

aplica a qualquer situação, mas devendo

ser reforçada ao atender vítimas de

queimaduras em ambientes hostis.

Cuidar com as chamas, os gases

tóxicos, a fumaça. Considerar os fatores

ambientais (clima, combustível,

topografia do terreno).

O segundo passo no atendimento

à vítima é a interrupção do processo de

queimadura, na seguinte seqüência:

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

169

Extinguir as chamas sobre a

vítima ou suas roupas;

Remover a vítima do ambiente

hostil;

Remover roupas que não estejam

aderidas a seu corpo;

Promover o resfriamento da lesão

e de fragmentos de roupas ou

substâncias, como asfalto,

aderidos ao corpo do queimado.

Após interromper o processo de

queimadura, proceder ao

atendimento segundo o A-B-C-D-

E.

a. Curativos

Somente realizar os curativos

após completar a abordagem inicial da

vítima pelo A-B-C-D-E.

Funções dos curativos nas

queimaduras:

Diminuir a dor;

Diminuir a contaminação;

Evitar a perda de calor.

Freqüentemente a dor causada

pelas queimaduras é severa e requer

administração de analgésicos

endovenosos para seu alívio. Uma

medida simples para o combate à dor,

entretanto, é um curativo corretamente

realizado. Nas queimaduras de pequena

extensão, podem ser utilizados curativos

úmidos, frios, com soro fisiológico, para

alívio da dor. O uso do soro fisiológico é

recomendado para evitar a

contaminação da ferida; na sua

ausência, usar água limpa. Nas

queimaduras extensas, o uso de

curativos úmidos, frios, pode levar a

hipotermia, porque a pele queimada

perde a capacidade de auxiliar na

regulação da temperatura corporal,

ficando a vítima suscetível à perda de

calor; quando usados, não devem cobrir

mais que 10% da superfície corporal.

Quando a extensão da

queimadura for muito grande, é

preferível envolver ou cobrir a vítima

com lençóis limpos, secos, em vez de

tentar aplicar grandes curativos. Quando

houver hemorragia associada, usar

curativos compressivos habituais. Não

remover roupas firmemente aderidas

nem romper bolhas. Os curativos devem

ser espessos e firmes, mas não

apertados.

10.6 ACIDENTES COM ANIMAIS

PEÇONHENTOS

Animais peçonhentos são aqueles

que possuem glândula de veneno que se

comunicam com dentes ocos, ferrões ou

aguilhões, por onde o veneno passa

ativamente. Ex.: serpentes, aranhas,

escorpiões e arraias.

Animais venenosos são aqueles

que produzem veneno, mas não

possuem um aparelho inoculador

(dentes, ferrões), provocando

envenenamento por contato (lagartas),

por compressão (sapo) ou por ingestão

(peixe baiacu).

10.6.1 Ofídios (serpentes)

Para sabermos se uma serpente é

peçonhenta, observam-se três

características fundamentais:

Presença de fosseta loreal;

Presença de guizo ou chocalho no

final da cauda;

Presença de anéis coloridos

(vermelho, preto, branco ou

amarelo).

A fosseta loreal é um órgão

termossensorial situado entre o olho e a

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

170

narina, que permite à serpente detectar

variações mínimas de temperatura no

ambiente.

FIGURA 124 – Fosseta loreal em detalhe

FONTE: brasilescola.com

No Estado do Paraná existem três

gêneros de importância toxicológica:

Bothrops;

Crotalus; e

Micrurus.

10.6.1.1 Gênero Bothrops

São as serpentes jararaca, urutu,

cruzeira, cotiara, jararacuçu, etc.

Possuem fosseta loreal ou

lacrimal e escamas na extremidade da

cauda; de cor geralmente parda, vivem

em locais úmidos, atingindo na idade

adulta o tamanho de 40 cm a 2 m.

Muito agressivas, são

responsáveis por 70% dos acidentes

ofídicos no estado. Seu veneno tem ação

proteolítica, coagulante e hemorrágicas.

Pode haver manifestações locais

(edema, eritema, dor) de instalação

precoce e caráter evolutivo, com

aparecimento de equimose, bolhas,

sangramento no local da picada e

necrose. Nos acidentes causados por

filhotes, as manifestações locais podem

estar ausentes.

Como manifestações sistêmicas

(gerais) pode-se observar: náuseas,

vômitos, sudorese, hipotermia,

hipotensão arterial, choque,

hemorragias a distância (epistaxes,

sangramento gengival, digestivo,

hematúria) e insuficiência renal aguda.

Medidas gerais:

Lave o local da picada com água e

sabão;

Não faça cortes, perfurações,

torniquetes, nem coloque outros

produtos sobre a lesão;

Mantenha o acidentado calmo e

imóvel;

Ofereça água ou chá à vítima;

Transporte a vítima levando, se

possível, o animal agressor,

mesmo morto, para facilitar o

diagnóstico e a escolha do soro

mais adequado.

FIGURA 125 – Jararaca

FONTE: ra-bugio.org.br

O único tratamento específico é a

administração do soro, o que deve

acontecer com a maior brevidade, via

endovenosa, em dose única.

10.6.1.2 Gênero Crotalus

Refere-se ao grupo das cascavéis.

Sua característica mais importante é a

presença de guizo ou chocalho na ponta

da cauda. Possuem fosseta loreal,

atingem na idade adulta 1,6 m de

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

171

comprimento, vivem em lugares secos,

regiões pedregosas e pastos, não sendo

encontradas nas regiões litorâneas.

Menos agressivas que as

jararacas, não responsáveis por 11 % dos

acidentes ofídicos no estado, que

costumam ser de maior gravidade.

Seu veneno possui ação

neurotóxica, miotóxica (lesão da

musculatura esquelética) e coagulante,

causando manifestações muitas vezes

pouco intensas: edema e parestesias

(formigamentos) discretas, pouca dor.

FIGURA 126 – Cascavel

FONTE: vivaterra.org.br

Manifestações sistêmicas:

cefaléia, náusea, prostração, sonolência,

diplopia (visão dupla), visão turva,

midríase, ptose palpebral ("queda da

pálpebra"), dificuldade para deglutir,

mialgias (dores musculares) e urina

escura.

O tratamento consiste nas

medidas gerais já citadas e na

soroterapia específica precoce com soro

anticrotálico (SAC). Em caso de dúvidas

quanto ao agente agressor, pode ser

utilizado o soro antibotrópico-crotálico

(SABC).

10.6.1.3 Gênero Micrurus

Refere-se ao grupo das corais

verdadeiras.

São serpentes peçonhentas que

não possuem fosseta loreal (isto é uma

exceção) nem um aparelho inoculador

de veneno tão eficiente quanto o de

jararacas e cascavéis. O veneno é

inoculado por meio de dentes pequenos

e fixos.

Padrão de cor: vermelho (ou

alaranjado), branco (ou amarelo) e preto.

Habitam preferencialmente

buracos, tornando os acidentes raros,

mas muito graves, pela característica de

seu veneno de provocar parada

respiratória.

FIGURA 127 – Coral

FONTE: banco.agenciaoglobo.com.br

O veneno deste gênero possui

elevada toxicidade neurotóxica e

miotóxica. Os acidentes com este

gênero de ofídios geralmente não

causam manifestações locais

significativas, porém são graves as

sistêmicas: vômitos, salivação, ptose

palpebral, sonolência, perda de

equilíbrio, fraqueza muscular, midríase,

paralisia que pode evoluir,

comprometendo a musculatura

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

172

respiratória, com apnéia e insuficiência

respiratória aguda. Todos os casos

devem ser considerados graves.

O tratamento, além das medidas

gerais já citadas, inclui o soro

antielapídeo via endovenosa.

10.6.2 Aranhas

10.6.2.1 Aranha marrom (Loxosceles)

Pequena (4 cm), pouco agressiva,

de hábitos noturnos; encontrada em

pilhas de tijolos, telhas e no interior das

residências, atrás de móveis, cortinas e

eventualmente nas roupas.

FIGURA 128 – Aranha Marrom

FONTE: saude.pr.gov.br

A picada ocorre em geral quando

a aranha é comprimida contra o corpo

(ao vestir-se ou ao deitar-se), não

produzindo dor imediata. A evolução é

mais freqüente para a forma "cutânea",

evoluindo para eritema (vermelhidão),

edema duro e dor local (6 a12 h). Entre

24 h e 36 h aparece um ponto de

necrose central (escuro) circundado por

um halo isquêmico (claro) – Lesão em

alvo. Até 72 h, febre, mal-estar e

ulceração local.

Na forma "cutâneo-visceral" (mais

grave), além do quadro acima, entre 12h

e 24h após a picada, surgem febre,

cefaléia, náuseas, vômitos, urina escura

(cor de lavado de carne), anúria e

insuficiência renal aguda.

O tratamento consiste em anti-

sepsia, curativo local, compressas frias;

medidas de suporte e soroterapia

específica.

10.6.2.2 Aranha Armadeira (Phoneutria)

Muito agressiva, encontrada em

bananeiras, folhagens, entre madeiras e

pedras empilhadas e no interior das

residências. Tem coloração marrom

escura com manchas claras e atingem

12 cm de diâmetro.

Nos acidentes com as armadeiras,

predominam as manifestações locais. A

dor é imediata e em geral intensa,

podendo irradiar para a raiz do membro

acometido. Ocorrem edema, eritema,

parestesia e sudorese no local da picada,

onde podem ser encontradas duas

marcas em forma de pontos.

Tratamento suportivo e

sintomático; nos casos mais graves, está

indicada a soroterapia específica.

FIGURA 129 – Aranha Armadeira

FONTE: jornallivre.combr

10.6.3 Escorpiões

Pouco agressivos, os escorpiões

têm hábitos noturnos. Encontram-se em

pilhas de madeira, cercas, sob pedras e

nas residências.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

173

Existem diversas espécies, mas

somente o gênero Tityus tem interesse

médico. Os escorpiões picam com a

cauda, medem de 6 a 8 cm, têm hábitos

noturnos, escondendo­se durante o dia

sob cascas de árvores, pedras, troncos,

dentro de residências, etc.

A vítima apresenta dor local de

intensidade variável (pode chegar a

insuportável), em queimação ou

agulhada e com irradiação; pode ocorrer

sudorese e piloereção no local.

FIGURA 130 – Escorpião Amarelo

FONTE: saude.pr.gov.br

Manifestações sistêmicas:

lacrimejamento, sudorese, tremores,

espasmos musculares, priapismo, pulso

lento e hipotensão. Podem ocorrer

arritmias cardíacas, edema agudo de

pulmão e choque.

O tratamento inclui medidas

gerais e soroterapia específica.

10.6.4 Insetos

As lagartas (Lonomia), também

chamadas de taturanas, são larvas de

mariposas, medem de 6 a 7 cm e

possuem o corpo revestido de espinhos

urticantes que contêm poderosa toxina.

Sua cor é marrom-esverdeada ou

marrom-amarelada, com listras

longitudinais castanho-escuras.

Também conhecidas como

lagartas de fogo e oruga, vivem durante

o dia agrupadas nos troncos de árvores,

onde causam acidentes pelo contato

com seus espinhos.

A vítima pode apresentar dor local

em queimação, seguida de vermelhidão

e edema.

A seguir surgem, cefaléia,

náuseas e vômitos, artralgias. Após 8 a

72 horas, podem surgir manifestações

hemorrágicas, como manchas pelo

corpo, sangramentos gengivais, pelo

nariz, pela urina e por ferimentos

recentes. Os casos mais graves podem

evoluir para insuficiência renal e morte.

O soro específico ainda não está

disponível.

Tratamento suportivo e

sintomático; no local, aplique

compressas frias de solução fisiológica.

FIGURA 131 – Lagarta lonomia

FONTE: Acervo de Christian Marcelo Camargo

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

174

APÊNDICES

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

175

A - FATORES DE CONVERSÃO

COMPRIMENTO

1 polegada = 0,008333 pés / 25,4 milímetros

1 pé = 0,3048 metros / 304,8 milímetros

1 jarda = 3 pés / 36 polegadas / 0,9144 metros

1 milha = 5280 pés / 1,609 quilômetros / 0,8684 milhas náuticas

1 milha náutica = 6080 pés / 2026 jardas / 1,8532 quilômetros

1 metro = 1,094 jardas / 3,281 pés / 39,37 polegadas / 1000 milímetros

ÁREA

1 polegada quadrada = 0,006944 pés quadrados / 645,2 milímetros quadrados

1 acre = 45560 pés quadrados / 4840 jardas quadradas / 4047 metros quadrados

1 hectare (ha)= 1000 metros quadrados

1 alqueire 24200 metros quadrados

TEMPERATURA

C = F – 32 = K – 273

5 9 5

C = temperatura em graus Celsius

F = temperatura em graus Fahrenheit

K = temperatura em Kelvin

PESO

1 libra = 0,4536 quilogramas

1 quilograma = 2,205 libras

Obs.: 1 quilograma refere-se a massa de 1 litro de água a uma temperatura de 4º C

e a uma pressão atmosférica de 760 mm Hg (milímetros de mercúrio).

PRESSÃO

1 Atmosfera = pressão exercida por uma coluna de 760 mm Hg, ao nível do mar,

em uma densidade normal a uma temperatura de 0º C.

1 Atm = 1quilograma força por centímetro quadrado / 1 Bar

1 libra por polegada quadrada (psi) = 0,0680 quilograma força por centímetro

quadrado

1 quilograma força por centímetro quadrado = 14, 7 libra por polegada quadrada

Obs.: 1 Bar é a pressão exercida por uma força de um milhão de dinas em 1

centímetro quadrado de superfície.

FLUIDEZ

1 galão por minuto (gpm) = 0,006308 litros por segundo

CALOR

1 Britsh termal unit (BTU) = 0,2520 quilocaloria / 1055 joules

1 quilocaloria = 3,969 BTU / 4187 joules

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

176

B - EVOLUÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO ESTADO DO PARANÁ

ANO OCORRÊNCIAS FLORESTA

NATIVA

REFLORESTAMENTO ÁREA NÃO

REFLORESTADA

TOTAL Ha TOTAL Ha TOTAL Ha TOTAL Há

1963 2.000.000

1983 227 22.269 8 4.351 157 5.160 62 12.758

1984 2.113 3.570 6 9 90 1.302 115 2.259

1985 262 64.986 7 89 170 41.461 85 23.436

1986 479 21.440 10 57 353 16.725 116 4.658

1987 575 54.284 23 644 340 18.663 212 34.977

1993/94 1.323 27.442 295 7.477 150 1.527 889 18.438

1996 1.047 27.478 312 6.789 16 2.224 719 18.465

1997 912 12.692 85 641 181 944 646 11.107

1998 1.612 5.950 166 842 116 1.262 1.330 3.846

1999 6.610 126.864 477 7.193 235 2.263 5.998 117.408

2000 5.618 8.712 190 823 98 661 5.330 7.228

2001 3.102 1.470 126 111 55 241 2.921 1.117

2002 276 911 6 0,3 8 13 162 79

2003 5.989 48.007 810 835.887 226 983 1.576 972

2004 4.656 9.909 616 2.881 235 3.362 1.485 1.621

2005 5.448 12.947 429 630 90 156 4.929 12.161

2006 9.336 14.471 910 2.823 219 1.634 8.207 10.014

2007 13.107 100.477 2.049 70.365 271 1.553 10.787 28.558

2008 9.637 5.861 4.120 2.757 186 728 5.330 2.195

2009 7.350 6.935 2.834 1.948 116 127 4.400 4.860

FONTE: CORPO DE BOMBEIROS / SISTEMA DE CONTROLE E REGISTRO DE ESTATÍSTICA DE OCORRÊNCIAS (SYSBM )

OBS.: OS DADOS REFEREM-SE AOS ATENDIMENTOS REALIZADOS E REGISTRADOS PELO CORPO DE BOMBEIROS.

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

177

C- FLUXOGRAMA DE DESPACHO E ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA

INCÊNDIO FLORESTAL/AMBIENTAL

REFERÊNCIAS

SOLICITAÇÃO

RADIO OPERADOR OU CHEFE DO SOCORRO COLETAM O MAIOR NÚMERO DE INFORMAÇÕES E:

DESPACHAM A GUARNIÇÃO MAIS PRÓXIMA MANTENDO O SOLICITANTE NA LINHA

AS GUARNIÇÕES DEVERÃO POSSUIR EPI E MATERIAIS PARA ATAQUE DIRETO E INDIRETO

RÁDIO OPERADOR PREENCHE SISCOPWEB

RADIO OPERADOR OU CHEFE DO SOCORRO ACIONAM O OFICIAL SUPERVISOR

RADIO OPERADOR FAZ AO SOLICITANTE AS SEGUINTES PERGUNTAS:

O QUE ESTÁ QUEIMANDO? (Mata Nativa, Reflorestamento, Campo, Bosque, Restinga, Plantação, Mangue)

COMO ESTÁ QUEIMANDO? (Controlado, Sem Controle...)

ONDE ESTÁ QUEIMANDO? (Montanha, Terreno Plano, Via Férrea...)

EXISTE RISCO A VIDA DE PESSOAS? (Quais?)

HÁ RISCO AO MEIO AMBIENTE? (Quais?)

HÁ RISCO A RESIDENCIAS? (Quais?)

HÁ RISCO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO? (Torres de Transmissão, Oleodutos, Mata Atlântica, etc...)

QUAL A VIA DE ACESSO MAIS RÁPIDA

RADIO OPERADOR REPASSA AS INFORMAÇÕES À(S) GCIF EM DESLOCAMENTO E AO SUPERVISOR

RADIO OPERADOR DEVERÁ ACESSAR O SITE:

www.simepar.br

ANOTAR E INFORMAR AO SUPERVISOR:

RISCO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

VENTO

UMIDADE RELATIVA DO AR

ESTADOS DA VEGETAÇÃO

FOCOS DE CALOR

OBS: DADOS DISPONÍVEIS NO CAMPO PREVISÃO

RADIO OPERADOR DEVERÁ ACIONAR:

INSTITUTO AMBIENTAL (IAP)

CEDEC (3350-2575 / 3350-2574)

CIOSP (3304-4861)

SUBCOMANDANTE DA UNIDADE

OBSERVAÇÕES

1. O CONTATO COM O COMANDO DO CB SERÁ

FEITO PELO COMANDO DA UNIDADE.

2. CASO SEJA NECESSÁRIO O EMPREGO DE

AERONAVE O CIOSP DEVE SER COMUNICADO

CHEFE DA GCIF / OFICIAL SUPERVISOR:

SOLICITAR RECURSOS E INSTALAR O SCI SE NECESSÁRIO

COORDENAR OS TRABALHOS E APLICAR A TÉCNICA DE COMBATE ADEQUADA

ESTAR ATENDO AO CLIMA, TOPOGRAFIA E COMBUSTÍVEL FLORESTAL

PREVER ROTA DE FUGA

ESTAR ATENTO ÀS SITUAÇÕES DE RISCO

FINALIZANDO A SITUAÇÃO:

REALIZAR A LINHA DE CONTROLE

AFERIR A ÁREA ATINGIDA FAZENDO USO DO GPS E PROGRAMAS GEOPRO E GOOGLE EARTH

REGRESSAR AO QUARTEL E PREENCHER O RGO

MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR

178

REFERÊNCIAS

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