Upload
elson-da-penha-fernandes
View
2.349
Download
39
Embed Size (px)
Citation preview
1
CO
RP
O D
E B
OM
BE
IR
OS D
A P
MP
R
MA
NU
AL D
E P
RE
VE
NÇ
ÃO
E
C
OM
BA
TE
A
IN
CÊ
ND
IO
S FLO
RE
ST
AIS
CORPO DE BOMBEIROS DA PMPR
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS
O Corpo de Bombeiros da PMPR
autoriza a reprodução total ou
parcial, desde que citada a fonte.
3ª Edição
Revisada e Ampliada
Curitiba, PR, abril de 2010
Comandante do Corpo de Bombeiros da PMPR
Cel. QOBM Geraldo Domaneschi
Chefe do Estado do Corpo de Bombeiros da PMPR
Cel. QOBM Hercules William Donadello
Chefe da 3ª Seção do Estado Maior/CCB
Ten-Cel. QOBM Carlos Ferreira Nascimento
Chefe do Centro de Ensino e Instrução do CB
Cap. QOBM Gerson Gross
Equipe de Elaboração
Major QOBM Edemilson de Barros
Major QOBM Paulo Henrique de Souza
Major QOBM Fernando Raimundo Schunig
Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
Revisão Ortográfica
Naemi Rosana Habermann Avila
Organização
Major QOBM Edemilson de Barros
Aos nossos grandes mestres!
Cel. BMRR Rene Raul Wengeroth Silva
Ten-Cel. BMRR João Carlos Pinkner
In Memorian
PREFÁCIO
Este Manual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais é uma
atualização dos antigos alfarrábios que foram elaborados para suprir a
necessidade surgida logo após os incêndios florestais no Paraná em 1963, sendo
uma obra direcionada a todos os bombeiros que já atuaram em fogo de
vegetação.
Os primeiros mementos na área de incêndio florestal foram de autoria do
falecido Coronel QOBM Renê Raul Wengeroth Silva, que foi um estudioso de
assuntos de bombeiro de um modo geral, sempre buscando com isso a melhoria
da instrução e principalmente a padronização de condutas operacionais.
Destaco também nesta área de incêndios florestais a importante
colaboração do falecido Tenente Coronel João Carlos Pinkner, pioneiro juntamente
com outros Oficiais do Corpo de Bombeiros do Paraná pela implantação e
divulgação dos Cursos de Combate a Incêndio Florestal no Estado do Paraná e
para outras corporações da Federação.
A evolução nesta área técnica possibilitou a ida de Oficiais Bombeiros
Militares para os Estados Unidos da América, tanto que em 1993 fomos eu e o
Major Barros representar o Estado do Paraná num intercâmbio com o “US Forest
Service” / Department of Agriculture do Governo Americano, de onde trouxemos
conhecimentos para a aplicação na doutrina de combate a incêndios florestais no
Estado.
Na sequência foram ministrados vários cursos nesta área aos integrantes da
nossa Corporação e das Coirmãs, sempre trazendo novos conhecimentos e
consequentemente o aperfeiçoamento profissional digno de ser estendido a
diversos segmentos ligados ao setor florestal.
Em síntese, este trabalho é um compêndio de literatura, de conhecimentos
práticos e o mais importante, de muita paixão pela prevenção e combate a
incêndios florestais.
Congratulo-me com o Major Barros, um exemplo de bombeiro na
Corporação, pela sua iniciativa e dedicação esperando que este manual, bem
elaborado e organizado, sirva a todos, sendo uma forma de colaboração na
preservação do meio ambiente para as futuras gerações.
Marcos Antonio Jahnke, Maj. QOBM, Corpo de Bombeiros do Paraná
Pintura “Queimada” – óleo sobre tela de Alfredo Andersen (1860/1935)
Retrata um incêndio florestal no Estado do Paraná
Fonte: Acervo do Palácio Iguaçu – Sede do Governo do Estado do Paraná
INTRODUÇÃO
No ano de 1963 o Estado do Paraná foi assolado por um dos maiores
incêndios florestais que se tem notícia. Chamou-se naquela época tal evento de
“Paraná em Flagelo”. Foram queimados aproximadamente 2.000.000 ha entre
plantações, florestas e campos, tendo ainda o trágico saldo de 73 mortes, cerca
de 4.000 residências queimadas, desabrigando 5.700 famílias.
Por ser um assunto novo na época, as ações de combate foram
extremamente dificultadas, tendo em vista a escassez de pessoal especializado e
recursos necessários.
A partir deste fato, vislumbrou-se a necessidade de organizar, no Estado do
Paraná, uma estrutura para o combate a incêndios florestais, com homens
treinados, material e equipamento especializado.
Foram desenvolvidos estudos viabilizando a implantação de um Curso que
contemplasse o assunto em questão e o Corpo de Bombeiros da PMPR formava
então, no ano de 1967, a primeira turma no Curso de Prevenção e Combate a
Incêndios Florestais.
A formação e doutrina foi baseada no sistema do United States Forest
Service, graças ao empenho e dedicação do então Tenente Renê Raul Wengenroth
Silva, que com a ajuda do Sargento Richard Pedro Bahr e de Celso Schoeniger
traduziram manuais norte americanos, adaptando-os e elaborando assim o
Manual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, que possibilitou ao Corpo
de Bombeiros do Estado do Paraná assumir a vanguarda de tal atividade,
formando combatentes em diversos Estados da União, bem como participando de
diversas operações em outros Estados, como na Força Tarefa que integrou as
equipes na ajuda ao combate a incêndios florestais no Estado de Roraima em
1998.
Atualmente o Corpo de Bombeiros do Paraná já formou na atividade de
prevenção e combate a incêndios florestais mais de 1000 combatentes e
prevencionistas oriundos de vários Estados do Brasil, contribuindo desta forma,
para a manutenção de nossas matas, florestas e na preservação do meio
ambiente.
CURITIBA, PR, ABRIL DE 2010
SUMARIO
1 TEORIA BÁSICA FLORESTAL.............................................................. 16
1.1 FOGO.................................................................................................. 16
1.1.1 Combustível........................................................................................ 16
1.1.1.1 Classificação dos combustíveis............................................ 16
1.1.2 Comburente........................................................................................ 17
1.1.3 Calor................................................................................................... 17
1.1.3.1 Unidades de calor................................................................ 17
1.1.3.2 Calor de combustão............................................................. 17
1.1.3.3 Absorção de calor................................................................ 17
1.1.3.4 Métodos de transmissão de calor......................................... 18
1.1.4 Temperatura....................................................................................... 20
1.1.4.1 Ponto de fulgor.................................................................... 20
1.1.4.2 Ponto de combustão............................................................ 20
1.1.4.3 Ponto de ignição.................................................................. 20
1.1.5 Tetraedro do fogo............................................................................... 20
1.2 ESTUDO GERAL DA COMBUSTÃO......................................................... 21
1.2.1 Fases da combustão........................................................................... 21
1.2.1.1 Pré-aquecimento.................................................................. 22
1.2.1.2 Destilação ou Consumo dos Gases....................................... 22
1.2.1.3 Incandescência ou Consumo de Carvão................................ 22
1.2.2 Classificação das combustões............................................................. 22
1.2.2.1 Vivas................................................................................... 22
1.2.2.2 Lentas.................................................................................. 22
1.2.2.3 Espontâneas......................................................................... 22
1.2.3 Elementos resultantes da combustão.................................................. 25
1.2.3.1 Fumaça................................................................................ 25
1.2.3.2 Chama................................................................................. 26
1.2.3.3 Gases.................................................................................. 26
1.3 INCÊNDIO........................................................................................... 27
1.3.1 Causas de incêndios........................................................................... 27
1.3.1.1 Quanto à origem.................................................................. 27
1.3.1.2 Causas primárias de incêndios............................................. 28
1.3.1.3 Causas secundárias de incêndios......................................... 28
1.3.2 Classificação dos incêndios................................................................ 28
1.3.2.1 Quanto às proporções.......................................................... 28
1.3.2.2 Quanto à propagação........................................................... 28
1.3.2.3 Quanto aos locais................................................................. 28
1.3.3 Processos de extinção........................................................................ 30
1.3.3.1 Retirada do material combustível......................................... 30
1.3.3.2 Resfriamento....................................................................... 30
1.3.3.3 Abafamento......................................................................... 30
1.3.4 Agentes Extintores............................................................................. 30
1.3.4.1 Água.................................................................................... 30
1.3.4.2 Retardantes químicos........................................................... 31
1.3.4.3 Terra do solo....................................................................... 32
2 FATORES DE PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS....................... 34
2.1 FATORES DO MEIO AMBIENTE.............................................................. 34
2.1.1 Combustíveis...................................................................................... 34
2.1.1.1 Umidade do combustível...................................................... 35
2.1.1.2 Arranjo vertical do combustível............................................ 36
2.1.1.3 Carga do combustível........................................................... 37
2.1.1.4 Compactação do combustível............................................... 37
2.1.1.5 Tamanho e forma do combustível........................................ 37
2.1.1.6 Continuidade do combustível............................................... 38
2.1.1.7 Propriedades químicas do combustível................................. 38
2.1.2 Fatores Climáticos.............................................................................. 38
2.1.2.1 Velocidade e direção do vento.............................................. 38
2.1.2.2 Umidade relativa do ar......................................................... 39
2.1.2.3 Precipitação......................................................................... 40
2.1.2.4 Temperatura........................................................................ 41
2.1.2.5 Estabilidade Atmosférica...................................................... 41
2.1.3 Topografia.......................................................................................... 42
2.1.3.1 Inclinação............................................................................. 42
2.1.3.2 Exposição............................................................................ 43
2.1.3.3 Elevação............................................................................... 43
2.2 PARTES DE UM INCÊNDIO FLORESTAL.................................................. 43
2.3 PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS........................................... 44
2.3.1 Propagação pelo vento....................................................................... 44
2.3.2 Propagação pela ação das correntes de convecção............................. 44
3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS
FLORESTAIS.......................................................................................
47
3.1 BOMBAS.............................................................................................. 47
3.2 FERRAMENTAS E APARELHOS............................................................... 48
3.2.1 Facão com bainha............................................................................... 48
3.2.2 Foice................................................................................................... 48
3.2.3 Machado lenhador (Pulaski)................................................................. 48
3.2.4 Enxada................................................................................................ 49
3.2.5 Rastelo................................................................................................ 49
3.2.6 Mcleod................................................................................................ 49
3.2.7 Pás e cortadeiras................................................................................. 49
3.2.8 Queimador para incêndio controlado.................................................. 49
3.2.9 Motosserra.......................................................................................... 50
3.2.10 Roçadeira............................................................................................ 50
3.2.11 Abafador............................................................................................. 51
3.2.12 Mangueiras e esguichos...................................................................... 51
3.2.13 Bomba Costal e Mochila Costal............................................................ 51
3.2.14 Manutenção das ferramentas.............................................................. 52
3.3 MATERIAL DE ILUMINAÇÃO................................................................. 53
3.3.1 Lanterna de mão................................................................................. 53
3.3.2 Lanterna de cabeça............................................................................. 54
3.3.3 Gerador de energia............................................................................. 54
3.3.4 Extensões e lâmpadas......................................................................... 55
3.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIADUAL (EPI)................................. 55
3.4.1 Capacete............................................................................................. 55
3.4.2 Protetor auricular................................................................................ 56
3.4.3 Protetor de vista.................................................................................. 56
3.4.4 Lenço em algodão............................................................................... 56
3.4.5 Balaclava............................................................................................. 56
3.4.6 Luva de vaqueta.................................................................................. 57
3.4.7 Bota.................................................................................................... 57
3.4.8 Polainas em couro............................................................................... 57
3.4.9 Roupa resistente a chama................................................................... 57
3.5 VEÍCULOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS.............................. 58
3.5.1 Veículos pesados................................................................................ 59
3.6 COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS COM AERONAVES........................ 59
3.6.1 Emprego de aviões.............................................................................. 60
3.6.2 Emprego de helicópteros.................................................................... 61
3.6.2.1 Segurança nas operações com helicópteros.......................... 63
3.7 MATERIAIS ESPECIAIS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS............. 66
3.7.1 Kit “pick-up” para incêndios florestais.................................................. 66
3.7.2 Extintor de explosão........................................................................... 67
4. ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL ............................................................. 69
4.1 GUARNIÇÕES DE INCÊNDIOS FLORESTAIS............................................. 69
4.1.1 Guarnição de Combate a Incêndio Florestal (GCIF)............................... 69
4.1.2 Guarnição de Queima (GQ).................................................................. 69
4.1.3 Guarnição de Tombamento (GT).......................................................... 70
4.2 SOCORRO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS................................................. 70
4.3 PRONTIDÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS.............................................. 70
4.3.1 Prontidão Reduzida............................................................................. 70
4.3.2 Prontidão Padrão................................................................................. 70
4.3.3 Prontidão Ampliada............................................................................. 70
5. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS....... 74
5.1 DETECÇÃO.......................................................................................... 74
5.2 COMUNICAÇÃO................................................................................... 75
5.3 MOBILIZAÇÃO..................................................................................... 75
5.4 CHEGADA AO LOCAL........................................................................... 75
5.5 ESTUDO DA SITUAÇÃO........................................................................ 75
5.6 COMBATE AO INCÊNDIO...................................................................... 77
5.6.1 Ataque Direto..................................................................................... 77
5.6.2 Ataque Indireto................................................................................... 78
5.6.2.1 Aceiro Progressivo............................................................... 78
5.6.2.2 Aceiro por Setor................................................................... 79
5.6.2.3 Princípios de Construção de Aceiros..................................... 79
5.6.3 Técnicas de Queimadas....................................................................... 80
5.7 RESCALDO.......................................................................................... 80
5.8 COMBATE INICIAL................................................................................ 80
5.8.1 Características do Combate Inicial....................................................... 81
5.8.2 Informações iniciais............................................................................ 81
5.8.3 Localizando o incêndio....................................................................... 81
5.8.4 Análise de comportamento do fogo.................................................... 81
5.8.5 Procedimentos no deslocamento......................................................... 81
5.8.6 Chegada na área do incêndio.............................................................. 81
5.8.7 Avaliações do Combate Inicial............................................................. 83
5.8.8 Informações iniciais a serem repassadas............................................. 84
5.9 COMBATE A GRANDES INCÊNDIOS....................................................... 84
5.9.1 O Sistema de Comando de Incidentes................................................. 87
5.9.1.1 Princípios do SCI.................................................................. 87
5.9.1.2 Estrutura e funções do SCI................................................... 87
5.9.1.3 Instalações do SCI................................................................ 87
5.9.1.4 Gerenciamento de recursos.................................................. 87
5.9.1.5 Situação do Incidente........................................................... 88
5.9.1.6 Comunicações no Incidente.................................................. 88
5.9.2 Características de um grande incêndio florestal.................................. 89
5.9.2.1 Transição entre o combate inicial e o combate a um grande
incêndio florestal.................................................................
89
5.9.2.2 Assunção do comando......................................................... 90
6. PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS................................ 99
6.1 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS....................................... 99
6.2 PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS..................................... 99
6.2.1 Remoção e controle de riscos e causas de incêndios florestais
ocasionados pelo homem...................................................................
99
6.2.1.1 Classificação do risco florestal............................................. 99
6.2.1.2 Origem do incêndio florestal................................................ 99
6.2.1.3 Riscos e causas.................................................................... 100
6.2.2 Prevenção da propagação do fogo....................................................... 101
6.2.2.1 Construção de aceiros de segurança.................................... 102
6.2.2.2 Cortinas de segurança.......................................................... 103
6.2.2.3 Construção de açudes.......................................................... 103
6.2.3 Técnicas de queimadas....................................................................... 103
6.2.3.1 Queima contra o vento......................................................... 103
6.2.3.2 Queima a favor do vento...................................................... 104
6.2.3.3 Queima de flancos............................................................... 104
6.2.3.4 Queima em manchas............................................................ 104
6.2.3.5 Queima central..................................................................... 104
6.2.3.6 Queima em V (Chevron)....................................................... 105
6.2.4 Detecção e aviso de incêndio.............................................................. 105
6.2.5 Plano de proteção florestal.................................................................. 105
6.2.5.1 Objetivos de um plano de proteção florestal........................ 105
6.2.6 Vigilância florestal.............................................................................. 106
6.3 ASPECTOS LEGAIS................................................................................ 109
6.3.1 Código Florestal.................................................................................. 110
6.3.2 Decreto Lei 97.637............................................................................. 111
6.3.3 Decreto Lei 6.515............................................................................... 112
6.3.4 Decreto Estadual 4.223....................................................................... 115
6.3.5 Decreto Estadual 6.416....................................................................... 116
7. METEOROLOGIA APLICADA A INCÊNDIOS FLORESTAIS.................... 118
7.1 CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS........................................................... 118
7.1.1 Temperatura....................................................................................... 118
7.1.2 Umidade............................................................................................. 119
7.1.2.1 Pressão de vapor.................................................................. 119
7.1.2.2 Umidade absoluta................................................................ 119
7.1.2.3 Razão da mistura................................................................. 119
7.1.2.4 Umidade relativa.................................................................. 119
7.1.2.5 Medidas de umidade............................................................ 120
7.1.2.6 Umidade dos combustíveis................................................... 120
7.1.3 Vento.................................................................................................. 121
7.1.3.1 Tipos e características de ventos.......................................... 121
7.1.4 Nuvens............................................................................................... 122
7.1.5 Precipitação........................................................................................ 123
7.1.5.1 Medidas de precipitação....................................................... 124
7.1.6 Pressão Atmosférica............................................................................ 124
7.1.7 Estabilidade Atmosférica..................................................................... 125
7.1.7.1 Levantamento orográfico...................................................... 126
7.2 CÁLCULO DE RISCO DE INCÊNDIO....................................................... 126
7.2.1 Cálculo do índice de perigo empregando fórmulas.............................. 127
7.2.1.1 Fórmula de Angstron............................................................ 127
7.2.1.2 Fórmula de Monte Alegre..................................................... 127
7.2.1.3 Fórmula de Monte Alegra alterada........................................ 128
7.3 ÍNDICES DE DESCONFORTO HUMANO.................................................. 129
8. PERÍCIA APLICADA A INCÊNDIOS FLORESTAIS.................................. 132
8.1 DETERMINAÇÃO DA ORIGEM DO INCÊNDIO......................................... 132
8.2 PRINCÍPIOS DA PROPAGAÇÃO DO FOGO.............................................. 132
8.2.1 Vento.................................................................................................. 132
8.2.2 Declividade......................................................................................... 132
8.2.3 Combustíveis...................................................................................... 133
8.2.4 Barreiras............................................................................................. 133
8.3 INDICADORES DA DIREÇÃO DO FOGO................................................. 133
8.3.1 Indicadores nos talos das gramíneas................................................... 133
8.3.2 Indicadores de combustíveis protetores.............................................. 133
8.3.3 Indicadores de queima em forma de cava............................................ 134
8.3.4 Padrão de carbonização...................................................................... 134
8.3.4.1 Forma de “jacaré”................................................................. 135
8.3.4.2 “Congelamento” dos galhos das árvores............................... 135
8.3.4.3 Manchas.............................................................................. 135
8.3.4.4 Fuligem................................................................................ 135
8.4 DETERMINAÇÃO DA CAUSA DO INCÊNDIO........................................... 136
8.4.1 Categoria das causas de incêndio........................................................ 137
8.4.2 Eliminação das causas......................................................................... 137
8.5 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO.............................................................. 138
8.6 INDICADORES DE FONTE DE IGNIÇÃO.................................................. 138
8.6.1 Relâmpagos........................................................................................ 138
8.6.2 Dispositivos incendiários.................................................................... 139
8.6.3 Incêndios causados pela ação humana em fontes de ignição óbvias.... 139
8.6.4 Incêndios causados pela ação humana e cujas fontes de ignição não
são óbvias...........................................................................................
139
8.7 MATERIAIS PARA PERÍCIA..................................................................... 142
8.7.1 Objetos demarcadores........................................................................ 142
8.7.2 Régua................................................................................................. 143
8.7.3 Ímã..................................................................................................... 143
8.7.4 Câmera............................................................................................... 143
8.7.5 Materiais escritos................................................................................ 143
8.7.6 Trena de aço....................................................................................... 143
8.7.7 Bússola............................................................................................... 143
8.7.8 GPS..................................................................................................... 143
8.8 AÇÕES NECESSÁRIAS........................................................................... 143
8.8.1 A caminho do incêndio....................................................................... 143
8.8.2 Chegando ao local do incêndio........................................................... 144
9. TÉCNICAS DE ORIENTAÇÃO E NAVEGAÇÃO...................................... 148
9.1 MAPAS................................................................................................ 148
9.1.1 Mapas topográficos............................................................................. 148
9.1.2 Sistema UTM....................................................................................... 148
9.1.3 Escala................................................................................................. 148
9.1.4 Como ler uma carta topográfica.......................................................... 149
9.1.5 Curvas de nível................................................................................... 150
9.2 BÚSSOLA............................................................................................. 150
9.2.1 Declinação magnética......................................................................... 150
9.2.2 Componentes de uma bússola............................................................ 151
9.2.3 Azimute.............................................................................................. 152
9.2.3.1 Azimutes sobre o mapa........................................................ 152
9.2.3.2 Azimutes no campo............................................................. 154
9.3 GPS..................................................................................................... 154
9.3.1 “Waypoints”......................................................................................... 155
9.3.2 Função “GO TO”.................................................................................. 155
9.3.3 Função “MOB”..................................................................................... 155
9.3.4 Considerações importantes................................................................. 156
9.3.5 Empregando rotas no GPS................................................................... 156
9.3.6 Uso do GPS em um incêndio florestal.................................................. 156
9.3.6.1 Empregando uma carta topográfica...................................... 156
9.3.6.2 Empregando uma aeronave.................................................. 157
9.4 PERCURSO DE CAMINHADAS................................................................ 157
10. SOCORROS DE URGÊNCIA NOS INCÊNDIOS FLORESTAIS.................. 160
10.1 ATENDIMENTO INICIAL À VÍTIMA DE TRAUMA...................................... 160
10.1.1 Controle da cena................................................................................. 160
10.1.1.1 Segurança do local............................................................... 160
10.1.1.2 Mecanismo de trauma.......................................................... 160
10.1.1.3 Abordagem da vítima........................................................... 160
10.2 RESSUSCITAÇÃO CÁRDIO-PULMONAR.................................................. 161
10.2.1 RCP em adultos................................................................................... 162
10.2.1.1 Abertura de vias aéreas........................................................ 162
10.2.1.2 Ventilação............................................................................ 162
10.2.1.3 Compressão torácica............................................................ 162
10.3 FERIMENTOS....................................................................................... 164
10.3.1 Atendimento a vítimas de ferimentos..................................................
10.4 FRATURAS E LUXAÇÕES...................................................................... 165
10.4.1 Classificação das fraturas................................................................... 165
10.4.2 Sinais e Sintomas................................................................................ 166
10.4.3 Atendimento a vítimas de fraturas...................................................... 166
10.4.4 Luxações............................................................................................ 166
10.4.4.1 Sinais e sintomas................................................................. 166
10.4.4.2 Cuidados de emergência...................................................... 166
10.5 QUEIMADURAS.................................................................................... 166
10.5.1 Anatomia da pele................................................................................ 166
10.5.1.1 Epiderme............................................................................. 167
10.5.1.2 Derme.................................................................................. 167
10.5.1.3 Tecido subcutâneo............................................................... 167
10.5.2 Classificação das queimaduras............................................................ 167
10.5.2.1 Quanto às causas................................................................. 167
10.5.2.2 Quanto à profundidade........................................................ 167
10.5.2.3 Quanto à extensão............................................................... 167
10.5.2.4 Quanto à localização............................................................ 167
10.5.2.5 Quanto à gravidade.............................................................. 168
10.5.3 Atendimento ao queimado.................................................................. 168
10.6 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS........................................... 168
10.6.1 Ofídios................................................................................................ 169
10.6.1.1 Gênero Bothropos................................................................ 170
10.6.1.2 Gênero Crotalus................................................................... 170
10.6.1.3 Gênero Micrurus.................................................................. 171
10.6.2 Aranhas.............................................................................................. 172
10.6.2.1 Aranha Marron..................................................................... 172
10.6.2.2 Aranha Armadeira................................................................ 172
10.6.3 Escorpiões.......................................................................................... 172
10.6.4 Insetos................................................................................................ 173
FATORES DE CONVERSÃO.............................................................................. 175
EVOLUÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO ESTADO DO PARANÁ............. 177
FLUXOGRAMA DE DESPACHO E ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA DE
INCÊNDIO FLORESTAL....................................................................................
178
REFERÊNCIAS..................................................................................................
179
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
15
01
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
TEORIA BÁSICA FLORESTAL
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
16
1. TEORIA BÁSICA FLORESTAL
1.1 FOGO
É o desenvolvimento de luz e
calor produzidos simultaneamente pela
combustão de certos corpos.
Para fins de aplicações práticas,
foi idealizada uma representação para o
fogo, sendo ele o resultante de um
elemento geométrico de três lados
(Triângulo do Fogo), que se obteria
quando se reunissem três elementos
componentes que são o combustível, o
comburente (oxigênio) e calor, cada um
com uma denominação especial.
]
FIGURA 1 – Triângulo do fogo
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
Em qualquer incêndio florestal é
necessário haver combustível para
queimar, oxigênio para manter as
chamas e calor para iniciar e manter o
processo de queima. Se retirarmos
qualquer um destes elementos, ou
mesmo reduzi-los a certos níveis, o
processo da combustão é inviável.
1.1.1 Combustível
Os combustíveis em sua maioria
são compostos orgânicos, verificando-se
em sua molécula normalmente átomos
de carbono e de hidrogênio. É o
elemento que serve de campo de
propagação do FOGO.
1.1.1.1 Classificação dos combustíveis
Os combustíveis são assim
classificados:
a. Quanto ao estado físico:
Sólidos: estes combustíveis para
entrarem em combustão, tem que
passar do estado sólido para o gasoso.
São os comumente encontrados no
ambiente florestal. Ex: grama, arbustos,
árvores.
Gasosos: São diversos gases inflamáveis.
O perigo destes gases reside
principalmente na possibilidade de
vazamento dos mesmos, podendo
formar com o ar atmosférico, misturas
explosivas que facilmente atingem uma
fonte de ignição. Ex: gás liquefeito de
petróleo (GLP).
Líquidos: Raramente encontrados nos
incêndios florestais, exceto quando
atingem depósitos de estocagem destes
produtos. Ex: Álcool, gasolina etc.
b. Quanto à volatilidade
Voláteis: Na temperatura ambiente
desprendem vapores capazes de
inflamar;
Não Voláteis: Necessitam de
aquecimento para inflamar.
c. Quanto à propagação do fogo
Leves: Compõem-se de grupo de folhas
secas, folhas mortas, arbustos, vegetais
oleosos (cedro). São combustíveis de
fácil propagação e muitas vezes servem
de base para combustão em
combustíveis pesados;
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
17
Pesados: São combustíveis de
propagação lenta. Por exemplo: grandes
troncos, árvores de grande porte.
1.1.2 Comburente
É o gás que serve para produzir e
manter a combustão por meio da sua
combinação com os gases provenientes
do aquecimento dos combustíveis. O
comburente mais abundante é o
Oxigênio (O2) que é encontrado a 21%
na atmosfera. Experiências mostraram
que se reduzirmos a porcentagem de
oxigênio abaixo de 15% não teremos o
processo da combustão.
1.1.3 Calor
É uma forma de energia. Nos
incêndios florestais, normalmente a
“energia para ignição” é o calor que será
originado das maneiras mais diversas,
tais como: brasas, pontas de cigarros,
queima de lixo, resíduos de
escapamento de veículos, etc. A
temperatura de ignição dos
combustíveis florestais está entre 260 a
400 ºC.
1.1.3.1 Unidades de calor
a. Quilo-caloria (Kcal)
É a quantidade de calor que deve
ser fornecida a um quilograma de água
para elevar a sua temperatura de um
grau Celsius.
b. Caloria (cal)
É a quantidade de calor que deve
ser fornecida a um grama de água para
elevar a sua temperatura de um grau
Celsius.
c. BTU (British Thermal Unit)
É a quantidade de calor que
precisa ser fornecida a uma libra de
água para elevar sua temperatura de um
grau Fahrenheit.
1.1.3.2 Calor de combustão
Definimos calor de combustão
como sendo a quantidade de calor
liberada por unidade de massa ou por
unidade de volume, quando se queima
completamente uma substância. Os
calores de combustão dos combustíveis
sólidos e líquidos são normalmente
expressos em Kcal ou BTU/libra.
O calor de combustão de algumas
substâncias é apresentado na tabela a
seguir:
SUBSTÂNCIA CALOR DE COMBUSTÃO
Madeira 4500 kcal/kg
Gás de carvão 5400 Kcal/m3
Gás Natural 9000 a 22500 Kcal/m3
Carvão 7000 a 9500 Kcal/m3
Álcool Etílico 7000 Kcal/kg
Óleo Combustível 10.000 kcal/kg
1.1.3.3 Absorção de calor
A água é capaz de realizar este
fenômeno. Sabemos que a água, para
elevar sua temperatura de um grau,
precisa de uma unidade de calor
chamada “caloria”. Quando a
temperatura da água atingir 100ºC, sua
massa absorveu certo número de
calorias. Suponhamos que um litro de
água a 10ºC de temperatura, para atingir
100ºC de temperatura, precisará de 90
Kcal. Para um litro de água atingir, do
ponto de ebulição ao ponto de vapor,
sua massa absorve mais 540 Kcal.
Portanto, o litro de água utilizado para
extinguir o fogo absorverá, do estado
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
18
líquido ao estado de vapor, 540+90=630
calorias.
Conclui-se que, para absorver
todo o calor contido num quilograma de
um corpo qualquer em combustão,
serão precisos tantos quilogramas de
água quantos o número 630 couber no
número de calorias desprendidas por tal
corpo.
Exercício de fixação 1:
Óleo combustível – 10.000
Kcal/Kg. Quanto de água será necessário
para absorver o calor de óleo
combustível?
10.000 = 15,8 l
630
O resultado refere-se a
quantidade para absorção de um litro de
óleo combustível.
Exercício de fixação 2:
Incêndio em reflorestamento de
pinus, com 100 toneladas de madeira.
Total: 100.000 kg de madeira
Calor de Combustão: 4500 cal/kg
100.000 * 4500= 450.000.000 cal
450.000.000 cal = 715.000 litros
630
Portanto seriam necessários perto de
715.000 litros de água para a extinção
de tal incêndio admitindo-se que toda a
água se vaporize.
1.1.3.4 Métodos de transmissão de calor
Uma fonte de calor
suficientemente forte é uma das
condições necessárias para a ocorrência
e a continuidade da combustão para os
combustíveis próximos, a fim de que o
incêndio possa avançar ou se propagar.
Essa transferência de calor pode ocorrer
por condução, radiação e convecção.
a. Condução
É a transferência de calor por
contato direto com a fonte aquecida de
calor. Quando uma substância é
aquecida ela absorve calor e sua
atividade molecular interna aumenta. O
aumento da atividade molecular é
acompanhado de um aumento de
temperatura. A capacidade de conduzir
calor varia bastante entre diferentes
substâncias. Os materiais combustíveis
florestais são maus condutores de calor,
daí a pequena importância da condução
na propagação dos incêndios florestais.
b. Radiação
É a transferência do calor pelo
espaço, por meio de ondas ou raios, em
todas as direções, à velocidade da luz.
Radiação é o único meio de transferência
de calor que não requer uma substância
intermediária entre a fonte de calor e a
substância receptora, podendo
processar-se inclusive no vácuo, como
por exemplo o aquecimento da terra
pelo sol.
FIGURA 2 – Ação da radiação.
Autor: Sd. QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
19
c. Convecção
É a transferência de calor por
meio do movimento circular ascendente
de massas de ar aquecidas. O ar
aquecido diminui sua densidade,
tornando-se mais leve e tendendo a
subir. Segundo o princípio da convecção,
o fogo pode criar condições de
turbulência aspirando oxigênio pelos
lados e lançando para cima o ar
aquecido. Esse processo é responsável
pelo barulho que se ouve em grandes
incêndios que se movimentam
rapidamente.
FIGURA 3 – Ação da convecção.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
Todos os três métodos de
transferência de calor – condução,
radiação e convecção - geralmente estão
atuando simultaneamente em um
incêndio florestal. No entanto o grau de
importância de cada método varia de
acordo com a situação. No início de um
incêndio, o calor de uma fagulha pode
ser transferido para o combustível por
qualquer um dos métodos, ou por uma
combinação dos mesmos. Ocorrida a
ignição, o calor de qualquer um dos
combustíveis deve ser transferido para o
interior das peças individuais de
combustível (pedaços de madeira) por
condução para que a combustão
continue. Para que o fogo se propague,
o calor deve ser transferido para o
combustível que ainda não queimou e
essa transferência é feita principalmente
por radiação ou convecção. Se não
existe vento e o terreno é plano, a
coluna de convecção é praticamente
vertical. Nesse caso a transferência de
calor para o combustível à frente do
fogo é insignificante e a radiação torna-
se o mais importante método de
transmissão do calor que sustenta a
combustão. A presença de vento e uma
topografia acidentada favorecem o
movimento convectivo e então a
convecção passa a ser o processo
dominante na propagação,
principalmente dos grandes incêndios.
d. Deslocamento de corpos inflamados
O combustível florestal ao
queimar pode lançar à frente da linha de
fogo, fagulhas ou material florestal em
brasa. Tal fenômeno ocorre
principalmente em função da ação do
vento. Regiões de extensas florestas,
reflorestamentos e campos são mais
suscetíveis a tais fenômenos.
FIGURA 4 – Deslocamento de corpos.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
20
Devemos considerar ainda que o
incêndio florestal quando assume
proporções maiores cria condições
próprias, principalmente correntes de ar
em função da convecção. Ex: fagulhas,
quedas de árvores e animais se
deslocando pela floresta com o pelo em
chamas.
e. Correntes ou descargas elétricas
Ocorrem principalmente devido a
incidência de raios. Já foram registrados
casos no Estado do Paraná de incêndios
florestais que tiveram origem em função
de descargas atmosféricas. Outro ponto
que se deve considerar são as torres de
alta tensão, pois pode haver
rompimento de cabos energizados que
ao cair na vegetação podem dar início
aos incêndios.
1.1.4 Temperatura
A idéia sobre a temperatura tem
sua origem na sensação que nos diz que
um corpo está frio ou quente. Todos os
corpos combustíveis para entrarem em
combustão, necessitam atingir
determinadas temperaturas:
1.1.4.1 Ponto de fulgor
É a temperatura mínima na qual
os corpos combustíveis começam a
desprender vapores que se incendeiam
em contato com uma fonte externa de
calor, entretanto a combustão não se
mantém, devido a insuficiência na
quantidade de vapores emanados dos
combustíveis.
1.1.4.2 Ponto de combustão
É a temperatura mínima na qual
os gases desprendidos dos corpos
combustíveis, ao entrar em contato com
a fonte externa de calor, entram em
combustão e continuam a queimar.
1.1.4.3 Ponto de ignição
É a temperatura mínima na qual
os gases desprendidos dos corpos
combustíveis entram em combustão,
apenas pelo contato com oxigênio do ar,
independente de qualquer fonte de calor
externa.
1.1.5 Tetraedro do Fogo
O fenômeno químico da
Combustão é uma reação que se
processa em cadeia, que após a partida
inicial, é mantida pelo calor produzido
durante o processamento da reação.
Assim, na combustão do Carbono para
formação do CO2, temos a seguinte
reação.
C + 02
CO2
+ 92,2 Kcal/Mol
A cadeia de reações formada
durante a combustão propicia a
formação de produtos intermediários
instáveis, principalmente radicais livres
prontos para combinar-se com outros
elementos, dando origem a novos
radicais ou finalmente a corpos estáveis.
Portanto, na área de combustão sempre
teremos a presença de radicais livres.
A estes radicais livres cabe a
responsabilidade da transferência de
energia necessária à transformação da
energia química em calorífica,
decompondo as moléculas ainda
intactas e desta maneira provocando a
propagação do fogo em uma cadeia de
reação.
Exemplificaremos abaixo, a
combustão do Hidrogênio no ar:
2H2
+O2
+En. 4H(Rad)+2O(Rad)
Duas moléculas de Hidrogênio,
reagem com uma molécula de oxigênio
ativadas por uma fonte de energia
térmica e produz quatro moléculas
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
21
radicais ativos de H e dois radicais ativos
de O. Cada radical de H combina-se com
uma molécula de O produzindo um
radical ativo de hidroxila (OH), mais um
radical ativo de O:
H(Rad)+O2 OH(Rad)+O(Rad)
Cada radical ativo de O reage com
uma molécula de H produzindo outro
radical ativo de hidroxila mais um
radical ativo de hidrogênio.
O(Rad)+H2 OH(Rad)+H(Rad)
Cada radical ativo de hidroxila
reage com uma molécula de H
produzindo o produto final estável
(água) e mais um radical ativo de
hidrogênio.
OH (Rad) + H2 H2O + H
FIGURA 5 – Tetraedro do fogo.
FONTE: Manual de combate a incêndios – Corpo de
Bombeiros da PMPR/CEI.
Assim sucessivamente se forma a
cadeia de combustão produzindo sua
própria energia de ativação (calor)
enquanto houver suprimento de
combustível (hidrogênio).
Como consequência do acima
exposto, aparece mais um elemento
essencial do fogo: a REAÇÃO EM
CADEIA.
A figura 5, representa o estudo
da combustão como um quadrado (ou
tetraedro), tendo em sua base o
combustível, em suas laterais o
Comburente (Oxigênio) e o Calor (Fonte
de Ignição) e na aresta superior a Reação
em cadeia.
1.2 ESTUDO GERAL DA COMBUSTÃO
A combustão é uma reação
química muito frequente na natureza. É
um processo que se realiza sob
temperatura elevada (temperatura de
ignição), entre o comburente (oxigênio
do ar) e os átomos, principalmente de
carbono e hidrogênio de certas
substâncias que pelo fato de se
prestarem bem a esse processo, são
chamados de combustíveis.
Pelo exposto, resumiremos
dizendo que a combustão é uma
combinação acompanhada de calor e
frequentemente de luz.
Assim sendo, o fenômeno
combustão pode ser por exemplo: o fato
de o carvão arder no ar ambiente, ou o
tungstênio arder em atmosfera de cloro,
porém as combustões mais frequentes e
mais antigas conhecidas, são as
oxidações, ou seja, a reação do
combustível quando aquecido à
temperatura de ignição com o oxigênio.
1.2.1 Fases da Combustão
Quando um combustível é
submetido à ação do calor, ocorre um
aumento de temperatura que é
decorrente do movimento de aceleração
das moléculas do material. Com o
acréscimo da quantidade de calor,
algumas dessas moléculas se
desprendem e formam vapor ou gás, e
se a quantidade de calor for suficiente, o
vapor poderá se transformar em
chamas, iniciando-se o processo da
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
22
combustão. No ambiente florestal
observamos três fases distintas:
1.2.1.1 Pré-aquecimento
Nesta fase, o material combustível
é secado, aquecido e parcialmente
destilado, porém não existem chamas. O
calor elimina o vapor d’água e continua
aquecendo o combustível até a
temperatura de ignição,
aproximadamente entre 260 e 400ºC
para a maioria do material florestal.
1.2.1.2 Destilação ou Combustão dos
Gases
Os gases destilados do
combustível se acendem e se queimam,
produzindo chamas e altas
temperaturas, que podem atingir
1250ºC ou um pouco mais. Nesse
estágio do processo de combustão os
gases estão queimando, mas o
combustível propriamente dito ainda
não está incandescente. Olhando-se
atentamente um pedaço de madeira que
está queimando, por exemplo um
fósforo aceso, observa-se que as chamas
não estão ligadas diretamente à
superfície da madeira, mas separadas
dela por uma fina camada de vapor ou
gás. Isto ocorre porque combustíveis
sólidos não queimam diretamente,
necessitando primeiro serem
decompostos ou pirolisados pela ação
do calor, em vários gases – uns
inflamáveis e outros não.
1.2.1.3 Incandescência ou Consumo do
Carvão
Nesta fase o combustível (carvão)
é consumido, restando apenas cinzas. O
calor gerado é intenso, mas
praticamente não existem chamas nem
fumaça. A quantidade de calor liberada
nesta fase depende do tipo de
combustível mas de um modo geral
pode-se dizer que 30 a 40% do calor de
combustão da madeira está no seu
conteúdo de carbono. Embora haja certa
superposição entre elas, as três fases da
combustão podem ser perfeitamente
observadas em um incêndio florestal. A
primeira é a zona na qual folhas e
gramíneas se enrolam e se crestam, a
medida que são pré-aquecidas, pelo
calor das chamas que se aproximam. Em
seguida vem a zona de combustão dos
gases, onde se destacam as chamas.
Após a passagem das chamas
vem a terceira e menos distinta das
zonas, a do consumo de carvão.
1.2.2 Classificação das Combustões
1.2.2.1 Vivas
São as que se processam com
certa rapidez, produzindo calor e
desenvolvimento de luz ou
incandescência.
1.2.2.2 Lentas
Também chamadas “Eremacause”,
são combustões em que o
desenvolvimento de calor é pequeno e
não se faz notar; por exemplo:
combustão no interior do organismo dos
seres organizados.
1.2.2.3 Espontâneas
Chama-se combustão espontânea
o fato de alguns corpos terem como
propriedade característica, a
possibilidade de se combinarem com o
oxigênio do ar ou de outro portador
(agentes oxidantes) com que estejam em
contato, ocasionando uma reação
exotérmica, isto é, com desprendimento
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
23
de calor, o que favorece sua combustão,
sem o concurso de uma fonte externa de
calor, centelha ou outra causa de
incêndio.
A combustão espontânea, inicia-
se normalmente por uma lenta reação
química (oxidação) que gera algum calor
e este processo vai se acelerando até
tomar lugar uma rápida oxidação. Com
exceção de alguns corpos sujeitos a uma
rápida oxidação, o processo de
combustão espontânea é lento e a
ignição pode ocorrer após dias ou
mesmo semanas, durante os quais a
temperatura se elevou lentamente. Pode
ocorrer sem efeitos perigosos, desde
que o calor gerado vá se dissipando à
medida que for sendo produzido e desse
modo não chega a atingir o ponto de
ignição do corpo em que ocorrer.
As condições abaixo favorecem
um aquecimento perigoso de muitas
substâncias, principalmente as sujeitas à
combustão espontânea.
a. Presença da umidade
Em certos casos, este fator,
dentro de determinados limites, pode
favorecer o aquecimento, como por
exemplo o carvão de lenha.
O carvão de lenha também é
sujeito à combustão espontânea. O
fabricado com lenha pesada e em
retortas é mais sujeito do que aquele
feito com madeira leve e em fornos. A
combustão espontânea ocorre mais
facilmente no carvão recente do que no
velho, o material mais triturado oferece
maior perigo.
Este tipo de combustão também
pode ocorrer em produtos vegetais
sujeitos a fermentação por bactérias ou
enzimas. Nesta hipótese o aquecimento
dar-se-á em dois ou mais estágios: o
primeiro até 70 ou 80 ºC, provocado
pela fermentação ou outra ação
microbiana, pois, acima desta
temperatura cessam todas as atividades
vitais dos microorganismos e enzimas.
O aumento de temperatura no segundo
estágio é atribuído a uma oxidação
química que faculta ao corpo alcançar
seu ponto de ignição.
A madeira quando sujeita a uma
prolongada ação de temperatura não
muito alta, pode queimar
espontaneamente, devido a formação de
carbono poroso ou carvão na superfície
exposta da mesma.
b. Pirólise
A pirólise é definida como sendo
a decomposição química de uma
substância, pela ação do calor. Ela
avança em três estágios, como segue:
Certos gases, inclusive o vapor
d’água, lentamente são liberados da
decomposição da madeira (usada
como exemplo). O componente
combustível destes gases aumenta
durante os primeiros estágios da
pirólise. Primeiro, a superfície da
madeira é atacada. Com aumento da
temperatura a reação se move mais
a fundo na madeira.
A evolução gasosa continua e, se
disponível a mínima energia de
ignição, os gases entram em ignição,
quando o limite de inflamabilidade
mais baixo é atingido. Na
temperatura em que a ignição
ocorre, o processo químico geral se
altera de endotérmico para
exotérmico e a reação se torna auto
sustentadora.
Nesta temperatura de ignição, os
gases liberados são, em primeiro
lugar, muito ricos em CO2
e vapor
d’água para sustentar a chama por
muito tempo. Entretanto, o calor da
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
24
chama inicia uma reação pirolítica
secundária em série e ocorre a
combustão em fulgor total (chama)
na fase de destilação gasosa dos
vapores.
A evolução do gás pode ser
rápida, o suficiente para “limpar” a
superfície da madeira e excluir o ar,
evitando-se assim, o retardamento da
penetração de calor, consequentemente
se retardado a efetivação da temperatura
de ignição nas partes mais profundas da
madeira. A medida que a temperatura
aumenta, a superfície chamuscada
começa a fulgurar e o ar envolvente
suporta a combustão.
Quando se inicia a pirólise,
devemos considerar se um equilíbrio
negativo de calor é gerado ou não pela
reação. Se o calor liberado é
concentrado e é suficiente para manter o
andamento da reação de oxidação, e se
mais calor está sendo gerado do que
aquele que se perde pela condução,
convecção e radiação, ocorre um
equilíbrio de calor positivo. Se, no
entanto, todo ou a maioria do calor
gerado é perdido (como sucede com um
palito de fósforo em vento forte), ocorre
um equilíbrio de calor negativo e o fogo
apaga-se.
Ao mesmo tempo, uma condição
conhecida como “Feedback”
(alimentação de retorno) pode existir.
Feedback é o uso de algum calor gerado
para preparar a queima de porções
vizinhas do material inflamável,
causando a pirólise daquele material. Se
o processo de alimentação neste sentido
for inadequado, o fogo extingue-se.
Somando-se ao calor gerado
durante o processo da pirólise a
concentração do agente oxidante, outro
fato que determina se a ignição se faz
notar, e a combustão pode ou não
ocorrer. Para a maioria dos materiais,
parece haver um mínimo de
concentração de agentes oxidantes sob
os quais a combustão não ocorrerá.
Exceções: os combustíveis sólidos
(nitratos de celulose) que contém
oxigênio em suas moléculas
constituintes. O oxigênio nas moléculas
pode ser liberado pelo calor, embora o
suprimento de ar seja mínimo ou
inexistente.
Não é necessário haver presença
de ar para que ocorra uma reação de
pirólise. Exemplo disso é o mínimo de ar
presente nas fornalhas de cozimento,
em que a madeira é reduzida à carvão
vegetal e coque. Outro exemplo é o
tolueno aquecido em um recipiente
ventilado que é exposto ao fogo.
Em resumo, a ciência de proteção
contra o fogo fundamenta-se nos
seguintes princípios:
Um agente oxidante, um material
combustível e uma fonte energética
são essenciais à combustão.
O material combustível deve ser
aquecido à sua temperatura de ignição
antes de queimar.
A combustão continuará até que:
O material combustível se extinga ou
seja removido.
A concentração de agentes oxidantes
seja reduzida abaixo da concentração
necessária a alimentar a combustão.
O material combustível seja resfriado
abaixo de sua temperatura de ignição.
Haja inibição de chamas,
quimicamente.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
25
1.2.3 Elementos Resultantes da
Combustão
1.2.3.1. Fumaça
São partículas do material
combustível em suspensão, inflamados
ou não (resíduos da combustão)
juntamente com outras substâncias que
poderão ser: poeiras, cinzas, gases, etc.
A cor da fumaça, ou seja, sua
maior ou menor transparência, serve de
orientação prática na identificação do
material combustível que está
queimando.
FIGURA 6 – Fumaça resultante de I.F.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.
a. Identificação da Fumaça
A capacidade de identificar rápida
e apropriamente a fumaça, poderá
auxiliar o comandante da operação de
combate a incêndio a decidir que atitude
tomar. Poderemos tratar com três tipos
de fumaça: Legitima, Falsa e Ilegítima.
Fumaça Legítima: Tem autoriza-
ção legal ou permissão e estão sob
controle. Elas vêm de fontes tais como
locomotivas, serrarias, ranchos, queima
de detritos, operações ou acampa-
mentos, e devem ser frequentemente
registradas no mapa do incidente. Tais
tipos de fumaça tem um padrão definido
quanto à hora do dia em que aparecem,
volume e cor da fumaça e duração do
tempo em que permanecem visíveis.
Fumaça Falsa: Se faz passar por
fumaça sob certas condições de luz ou
de tempo atmosférico, tais como
despenhadeiros, rochedos distantes,
clareiras de mato ou arbustos, pequenas
áreas de mata seca, poeira de carros,
elementos vivos e colunas de nevoeiro
ou nuvens. As fumaças falsas devem ser
assinaladas no mapa do incidente.
Quando em dúvida quanto a uma
possível fumaça falsa, assinale-a como
um “INCÊNDIO”.
Fumaça Ilegítima: Quaisquer
fumaças não autorizadas por Lei ou
Permissão, ou quaisquer fogos sem
controle. Assinale todas as fumaças
ilegítimas como sendo “INCÊNDIO”.
b. Descrição da Fumaça
A sua descrição de volume, tipo e
cor da fumaça, será uma indicação da
grandeza, intensidade do fogo e do
material em combustão.
TIPO DESCRIÇÃO
Fino Fumaça em pequena extensão.
Pesada Fumaça em maior
intensidade.
Crescente Grande volume de fumaça
erguendo-se verticalmente,
podendo espalhar ou ter um
efeito de agitação no alto.
Vaga Fumaça que é seguida por
correntes de ar e dá um
grande efeito de
propagação.
Espalhada Fumaça distendida sobre
grandes áreas.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
26
A cor da fumaça indica o tipo de
material em combustão:
COR TIPO DO MATERIAL
Branca Grama, ervas.
Cinza
Avermelhada
Arbustos leves.
Negra Arbustos pesados,
carvalho, toras resinosas.
Amarela Geralmente pinho e
ervas.
FIGURA 7 – Fumaça branca.
FONTE: Acervo de André Vilas Boas.
1.2.3.2 Chama
É a parte visível da combustão. A
cor da chama muitas vezes poderá
indicar o material em combustão.
FIGURA 8 – Chama resultante de I.F.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
No combate aos incêndios
florestais as equipes de ataque direto e
ataque indireto utilizam a base das
chamas como uma referência de ataque
ao fogo.
1.2.3.3 Gases
Os gases produzidos pela reação
do combustível com comburente,
dependem do corpo combustível.
a. Gás Carbônico (CO2
)
Por ocasião da combustão o
carbono do combustível combina-se com
oxigênio do ar na proporção de dois
átomos de oxigênio para um de
carbono, dando como resultado o gás
carbônico, que é produto da combustão
completa.
b. Monóxido de Carbono (CO)
Em determinadas circunstâncias,
principalmente em ambientes
confinados, quando a combustão se
realiza em lugares com pouca
ventilação, a quantidade de oxigênio
disponível, embora suficiente para
alimentar combustão, não é para
fornecer dois átomos para cada de
carbono. A combustão se realiza com
união apenas de um átomo de oxigênio
para um de carbono, formando o
monóxido de carbono que é um gás
característico das combustões
incompletas.
Neste caso, por não estarem
satisfeitas todas as valências do
carbono, este é instável e ávido por
oxigênio. Dada esta última
particularidade, apresenta dois riscos
que são particularmente de
periculosidade extrema. É explosivo e
altamente tóxico. Se for respirado,
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
27
mesmo em baixas concentrações, vai
retirar o oxigênio contido no sangue,
levando o indivíduo à morte. Quando
misturado com ar atmosférico em
determinadas proporções (12,5%), forma
uma mistura explosiva. É comum a
confusão que se faz entre o CO e o CO2
.
O CO2
não é tóxico, nem
explosivo. É um gás inerte, por isso não
alimenta combustão e é mesmo
utilizado como agente extintor. Um
ambiente rico em CO é altamente tóxico.
1.3 INCÊNDIO
Após o estudo da combustão
passaremos a estudar o incêndio.
Inicialmente, isso parecerá uma
redundância, pois quem fala em
incêndio, geralmente fala de fogo. Em
princípio, isso é verdade, porém uma
verdade que não resiste ao argumento
de que o fogo foi primeiro elemento
que o homem lançou mão para dar início
a sua evolução como ser humano
inteligente, mas também é verdade ter
sido ele um dos primeiros elementos a
causar a destruição daquilo que ele
produzia. Assim sendo, podemos definir
incêndio como toda e qualquer
destruição ocasionada pelo fogo, de
bens materiais, móveis e imóveis, além
de danos físicos ou morais aos seres
humanos.
Toda e qualquer destruição pelo fogo,
que se processa fora do desejo e do
controle do humano, com prejuízos
consideráveis e não previstos, tem a
denominação de incêndio.
Consideramos incêndios aqueles
eventos que causem prejuízos e que
fujam do controle humano. Por exemplo
queima de combustíveis em uma usina
termo-elétrica não pode ser considerada
como incêndio, em contrapartida o fogo
que destrói um reflorestamento,
causando prejuízos morais e materiais é
considerado como incêndio. Desta
forma, chegamos a uma definição de
incêndio.
INCÊNDIO É TODA E QUALQUER
DESTRUIÇÃO OCASIONADA PELO
FOGO, QUE PROVOQUE DANOS
MORAIS E MATERIAIS DE MONTA.
INCÊNDIO FLORESTAL É O TERMO
USADO PARA DEFINIR UM FOGO
INCONTROLADO QUE SE PROPAGA
LIVREMENTE E CONSOME DIVERSOS
TIPOS DE MATERIAL COMBUSTÍVEL
EXISTENTES EM UMA FLORESTA.
Apesar de não ser muito
apropriado o termo incêndio florestal é
muitas vezes generalizado para definir
incêndios em outros tipos de vegetação
tais como: capoeiras, campos e
pradarias.
1.3.1 Causas de incêndios
Causa de incêndio é o conjunto
de ações materiais, humanas e naturais
que possam produzir ou transmitir o
fogo, causando o incêndio. As causas de
incêndios tem a seguinte classificação:
1.3.1.1 Quanto à origem
a. Natural
Independe da vontade ou ação do
homem. Ex.: descargas atmosféricas
(raios).
b. Dolosa
Caracteriza-se pela intenção e
consumação do fato, constituindo o
crime. Enquadram-se nesta classificação
os incêndios causados por incendiários.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
28
c. Culposa
Ocorrem por imprudência,
imperícia ou negligência. Ex.: Incêndio
decorrente de uma queimada de lavoura
ou queimada controlada.
d. Acidental
É o fator que produz uma causa
independente da vontade humana, sem
haver culpa ou dolo.
1.3.1.2 Causas primárias de incêndios
a. Natureza Física
Originados por um fenômeno
físico. Ex.: atrito, irradiação, convecção e
condução do calor.
b. Natureza Química
Originados por fenômeno
químico. Ex.: reações químicas que
liberem calor.
c. Natureza Biológica
Originados por fenômenos
biológicos. São normalmente reações
onde intervém a ação de seres vivos
inferiores, geralmente bactérias. Ex.:
fermentação.
1.3.1.3 Causas secundárias de incêndios
Caracterizam-se por corpos
incendiados que poderão produzir novos
incêndios.
1.3.2. Classificação dos Incêndios
1.3.2.1 Quanto às proporções
No Estado do Paraná os incêndios
seguem a classificação preconizada pela
1ª Edição do Manual de Combate a
Incêndios Florestais, sendo:
Princípios de Incêndios;
Pequenos Incêndios;
Médios Incêndios;
Grandes Incêndios;
Incêndios Extraordinários.
O professor Ronaldo Viana
Soares, em sua obra Proteção Florestal –
2ª. Ed. 1971A, estabeleceu uma divisão
em classes de incêndio, conforme a área
atingida em hectares (ha):
CLASSE A: < 1ha
CLASSE B: 1-10 ha
CLASSE C: 10-100 ha
CLASSE D: 100-1000 ha
CLASSE E: > 1000 ha
1.3.2.2 Quanto à propagação
Incêndio com fogo rasteiro;
Incêndio com fogo de copa;
Incêndio com fogo total.
1.3.2.3 Quanto aos locais
Terrenos particulares;
Plantações;
Reservas Florestais;
Bosques;
Campos.
A classificação mais adequada
para definir os tipos de incêndios se
baseia no grau de envolvimento de cada
estrato do combustível florestal – desde
o solo mineral até o topo das árvores -
no processo da combustão.
Neste caso os incêndios são
classificados em subterrâneos,
superficiais e de copa.
a. Incêndios subterrâneos
Os incêndios subterrâneos
propagam-se pelas camadas de húmus
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
29
ou turfa existentes sobre o solo mineral
e abaixo do piso da floresta. Esses
combustíveis são de textura fina,
relativamente compactados e isolados
da atmosfera.
Os incêndios subterrâneos
ocorrem geralmente em florestas que
apresentam grande acumulação de
húmus e em áreas alagadiças, tais como
brejos ou pântanos, que quando secas
formam espessas camadas de turfa
abaixo da superfície.
FIGURA 9 – Incêndio subterrâneo.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
Normalmente os incêndios
subterrâneos são precedidos por
incêndios superficiais. Devido ao pouco
oxigênio disponível na zona de
combustão, nos incêndios subterrâneos
o fogo se propaga lentamente, sem
chamas e com pouca fumaça.
A intensidade do calor e o poder
de destruição destes incêndios são
bastante altos.
b. Incêndios Superficiais
Os incêndios superficiais
propagam-se na superfície do piso da
floresta, queimando os restos vegetais
não decompostos, tais como folhas e
galhos caídos, gramíneas, arbustos,
enfim, todo material combustível até
cerca de 1,80 metros de altura. Esses
materiais, principalmente durante
períodos de seca, são bastante
inflamáveis e por isto os incêndios
superficiais apresentam propagação
relativamente rápida, abundância de
chamas e muito calor. Entretanto
quando comparados com outros tipos,
os incêndios superficiais não são muito
difíceis de combater, a não ser em
condições extremamente favoráveis à
propagação dos mesmos.
FIGURA 10 – Incêndio de superfície
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
c. Incêndios de copa
Os incêndios de copa
caracterizam-se pela propagação do
fogo pelas copas das árvores,
independentemente do fogo superficial.
Geralmente considera-se incêndio de
copa aquele que ocorre em combustíveis
acima de 1,80 metros de altura. Com
exceção de casos excepcionais, como
alguns incêndios causados por raios,
todos os incêndios de copa originam-se
de incêndios superficiais. Este é o mais
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
30
espetacular dos tipos de incêndios
florestais. Propaga-se rapidamente,
liberando grande quantidade de calor e
tornando o combate extremamente
difícil.
FIGURA 11 – Incêndio de copa
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
1.3.3 Processos de Extinção
Quando estudamos o fogo,
concluímos que a combustão ocorrerá
sempre, quando em proporções
convenientes, reunindo-se combustível,
comburente e energia para ignição. A
recíproca é verdadeira. Sempre que
eliminamos um ou mais dos fatores, o
fogo se extinguirá.
1.3.3.1 Retirada do material combustível
Caracteriza-se este processo de
extinção pela retirada do material
combustível impedindo deste modo que
o fogo continue. Este processo, embora
econômico é ideal (não requer qualquer
tipo de agente extintor). Este processo é
muito utilizado no setor florestal por
meio da construção de aceiros,
geralmente aplicado em conjunto com
outros processos.
1.3.3.3 Resfriamento
Este processo consiste na redução
ou eliminação da energia produtora da
reação em cadeia (calor). Baixando a
temperatura, não ocorrerá a evolução e
a continuação do fogo, pois foi baixado
o ponto de ignição do combustível
(absorção do calor).
1.3.3.4 Abafamento
Este processo consiste em
impedir que o comburente, oxigênio
contido no ar atmosférico, permaneça
em contato com o combustível em
porcentagens suficientes para a
combustão. O oxigênio do ar
atmosférico se encontra na proporção
de 21% (vinte e um por cento), no
entanto, o teor mínimo do oxigênio para
existir combustão, gira em torno de 16%
(dezesseis por cento). Este processo é
largamente usado no combate a
incêndios florestais, quer usando terra
ou com abafadores.
1.3.4 Agentes Extintores
São substâncias destinadas à
extinção dos incêndios, onde
normalmente utiliza-se a água, espuma,
pó químico seco ou CO2
.
Nos incêndios florestais são
utilizados os seguintes agentes
extintores:
ÁGUA
AGENTES QUÍMICOS
TERRA DO SOLO
1.3.4.1 Água
A água é o agente extintor mais
usado na extinção dos incêndios devido
a sua alta capacidade de absorver calor.
Quando eficientemente aplicada, a água
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
31
é o meio mais econômico de se
combater um incêndio.
No combate aos incêndios
florestais, o problema é como obter
água em quantidade suficiente e como
usá-la da maneira mais eficiente
possível. Em incêndios superficiais de
baixa ou média intensidade, quando as
condições permitem o trabalho de
bombeamento, a água é o meio mais
rápido e prático para extinguir o fogo.
Em incêndios superficiais de
maior intensidade, distantes de
estradas, a aplicação da água torna-se
cara, somente podendo ser feita com o
auxílio de mangueiras ou combate
aéreo. Porém, mesmo quando existem
limitações e sem seu uso direto nos
grandes incêndios, a água é essencial na
operação de rescaldo.
Como a água é um elemento
muito importante na extinção do fogo,
mas as vezes difícil de conseguir e
transportar, ela deve ser usada com
muito cuidado para se obter a maior
eficiência possível. O calor de
combustão do material florestal é cerca
de 4000 kcal/kg, enquanto o calor
latente de evaporação da água é cerca
de 500 kcal/kg. Por isso a água não
deve ser aplicada diretamente sobre as
chamas, onde o calor é mais intenso,
mas sim na base das chamas, com a
finalidade de resfriar o material
combustível que ainda não está
queimando.
A capacidade de combate a
incêndios florestais com a utilização da
água pode ser melhorada com a
utilização de aditivos que a tornam mais
viscosa e com maiores propriedades de
aderência ao combustível, como
veremos a seguir.
1.3.4.2 Agentes químicos
A água, como agente de extinção
do fogo, pode ser mais eficiente ainda
com a adição de agentes químicos que
são substâncias que reduzem a
inflamabilidade da vegetação.
Segundo POULAIN (1970), os
retardantes químicos melhoram as
propriedades extintoras da água por
torná-la mais viscosa e aderente à
vegetação, por reduzir a evaporação da
água aplicada sobre a vegetação e por
efeitos inibidores diretos sobre a
combustão.
O efeito dos agentes, entretanto,
é independente da umidade, isto é,
mesmo depois de seco o material
combustível tratado com os agentes
químicos continua com sua capacidade
de inflamabilidade reduzida. Uma chuva
porém pode “lavar” o combustível
removendo o retardante químico,
reduzindo ou mesmo eliminando seu
efeito protetor.
Os agentes químicos mais
utilizados são formados a base de
fosfato diamônico, fosfato
monoamônico, sulfato de amônia e
borato de cálcio e sódio.
Além dos agentes que se
adicionam à água, existem também os
retardantes em pó (normalmente
avermelhados) que são utilizados em
alguns países lançados de aeronaves
com grande capacidade para transporte
de carga.
Tal agente em contato com o fogo
gera reações que inibem sua progressão
pela diminuição da taxa de oxigênio,
causando até mesmo a extinção
completa dos incêndios.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
32
1.3.4.3 Terra do Solo
A terra do solo pode também ser
utilizada como agente extintor em
incêndios florestais, sendo lançada na
base das chamas. Desta forma ela age
por abafamento e por resfriamento, pois
contém umidade.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
33
02
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
FATORES DE PROPAGAÇÃO
DE INCÊNDIOS FLORESTAIS
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
34
2. FATORES DE PROPAGAÇÃO DE
INCÊNDIOS FLORESTAIS
O comportamento do fogo pode
ser definido pela maneira como o
combustível tem sua ignição, chamas se
desenvolvem e incêndios florestais se
propagam e exibem outros fenômenos.
A supressão de um incêndio
florestal está baseada na perfeita
assimilação dos fatores que influenciam
o comportamento do fogo, pois pode-se
precisar quais os esforços e medidas a
serem tomadas, quais os meios mais
indicados para o eficiente combate de
cada tipo de incêndio, bem como pode-
se prever os riscos que os combatentes
vão encontrar e as formas de saná-los.
2.1 FATORES DO MEIO AMBIENTE
FIGURA 12 – Fatores de influência dos
incêndios florestais.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.
As condições locais, influências e
modificações externas determinam o
comportamento dos incêndios. Os três
componentes fundamentais que alteram
o comportamento do fogo são:
COMBUSTÍVEL
CLIMA
TOPOGRAFIA DO TERRENO
Tais componentes interagindo
entre si na ocorrência de um incêndio,
determinam as características do
comportamento do fogo em um dado
momento.
Observando os sete fatores
listados abaixo dos combustíveis, vemos
que a umidade está em primeiro,
justamente por ser o fator determinante
no combate de um incêndio florestal.
Abaixo do clima vemos a velocidade e
direção do vento como os fatores
críticos à propagação dos incêndios
florestais. Topografia é o mais constante
dos fatores que fazem parte do meio
ambiente do fogo. A inclinação do
terreno é o tópico significativo, pois
pode causar profundos efeitos no
comportamento do fogo.
2.1.1 Combustíveis
Combustível é qualquer material
orgânico vivo ou morto, no solo, abaixo
do solo ou no ar, capaz de entrar em
ignição e queimar. Combustíveis são
encontrados em uma infinita
combinação de tipo, quantidade,
tamanho, forma, posição e arranjo no
ambiente florestal. O combustível é
amplamente encontrado no ambiente
florestal, desde grama esparsa e
material morto à coníferas de grande
densidade e devido a sua composição
complexa possuí alto índice de
inflamabilidade.
Os combustíveis em sua essência
são constituídos pela vegetação
predominante em uma determinada
área. O Estado do Paraná conta com
apenas 2,5% da superfície brasileira,
porém, detém em seu território a grande
maioria das principais unidades
fitogeográficas que ocorrem no país.
Originalmente 83% de sua
superfície eram cobertos por florestas.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
35
Estas florestas pertencem a três tipos
principais, cada um com suas
peculiaridades estruturais e florísticas: a
Floresta Ombrófila Densa (no Litoral e
Serra do Mar), a Floresta Ombrófila
Mista ou Floresta de Araucária (no
leste e sul da Região Planaltina) e a
Floresta Estacional Semi-Decidual (no
oeste e norte do Estado). Estes três tipos
de Florestas são legalmente
reconhecidos, no Brasil, como
componentes do Bioma “Mata Atlântica”.
Segundo Maack (1968), a
vegetação nos 17% restantes da área do
Estado originalmente era composta por
formações não-florestais, entre estas
estão os campos, encontrados nas
regiões de Ponta Grossa e Guarapuava,
os cerrados, encontrados em fragmentos
como na região de Jaguariaiva, a
vegetação pioneira de influência marinha
(restingas), fluviomarinha (mangues) e
flúvio-lacustre (várzeas), e pela
vegetação herbácea do alto das
montanhas (campos de altitude e
vegetação rupestre).
O combustível florestal é
classificado de acordo com a sua
localização em subterrâneo, superficial
e aéreo.
a. Combustível Subterrâneo
Todo material encontrado abaixo
da superfície da terra, como raízes e
pedaços de madeiras enterrados,
comumentemente caracterizados pela
denominação “turfa”.
b. Combustível Superficial
Todo material localizado
imediatamente acima do solo, como
gramas, húmus, turfa, pedaços de
madeiras mortas, pequenos galhos e
pequenos arbustos.
c. Combustível Aéreo
Todo combustível verde ou
morto, localizado no topo das árvores
(copa), como grandes árvores, troncos
mortos, e grandes arbustos.
No ambiente florestal os
combustíveis coexistem e interagem
entre si. Em muitas situações os
combustíveis superficiais servem como
fonte de propagação para que incêndios
atinjam a copa dos combustíveis aéreos,
como na figura 13.
FIGURA 13 – Combustíveis superficiais
servindo como “escada” de propagação.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
2.1.1.1. Umidade do combustível
Equivale a porcentagem de água
contida no combustível em relação a seu
peso seco. O combustível florestal é
encontrado com facilidade em todas as
regiões, variando de vegetações
rasteiras e esparsas até grandes
florestas e reflorestamentos. Se
analisarmos o potencial desse meio
ambiente queimar, imediatamente
incluiremos a umidade do material
combustível e carga do material como
pontos extremos. Dados nos tem
mostrado que quando a umidade do
material combustível chega acima de
25%, a ignição é extremamente
dificultada.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
36
FIGURA 14 – Combustíveis com teor de
umidade elevado (DIFÍCIL PROPAGAÇÃO)
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.
Em uma floresta em que o
material combustível esteja seco por
conta de um período de estiagem, o
fogo tem uma tendência a se propagar
de uma forma mais rápida. Com efeito
florestas onde os combustíveis possuem
elevado umidade devido ao orvalho e
por estarem verdes tendem a apresentar
dificuldade na queima.
Períodos de inverno com
estiagem, aliados a dias frios onde
ocorrem a formação de geadas, comuns
no Sul do Brasil, tornam a vegetação
extremamente seca, chegando algumas
vezes ao ponto de arder em grandes
incêndios com rápida propagação.
QUANDO O TEOR DE UMIDADE NO
COMBUSTÍVEL É GRANDE A IGNIÇÃO É
DIFICULTADA E AS CHAMAS SÃO
POBRES, ENTRETANTO SE O TEOR DE
UMIDADE É BAIXO, A IGNIÇÃO OCORRE
COM FACILIDADE, COM PROPAGAÇÃO
E QUEIMA RÁPIDA.
Isto se explica porque para se
vaporizar a água existente na umidade
do combustível é necessário uma grande
quantidade de energia, o que vai gerar
uma diminuição na energia calorífica
para a queima daquele combustível.
FIGURA 15 – Combustível seco (RÁPIDA
PROPAGAÇÃO)
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
2.1.1.2 Arranjo vertical do combustível
Definimos arranjo vertical do
combustível como uma relação entre o
tamanho relativo do combustível e sua
continuidade vertical. Para melhor
compreendermos o arranjo vertical do
combustível imaginemos um ambiente
florestal com combustíveis de superfície,
como grama, combustíveis baixos como
pequenos arbustos e árvores de
pequeno porte, combustíveis de média
altura como árvores em formação e
combustíveis de copa caracterizados por
árvores formadas (maduras) com altura
superior a 30 metros. Tais combustíveis
coexistem entre si no ambiente florestal
e os de menor tamanho agem como se
fossem uma escada para que o fogo
atinja a copa das árvores de maior porte.
Portanto, independente da altura
máxima do combustível existente em
um determinado local, do número de
espécies de combustível envolvidas,
todas tem relacionamento com o arranjo
vertical. Em reflorestamentos é prática
comum a desrama das espécies à
medida que vão crescendo com a
finalidade de causar uma quebra no
arranjo vertical, bem como evitar que
folhas ou acículas em queda se
depositem nos galhos mais próximos ao
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
37
solo e também funcionem como escada
para a propagação dos incêndios.
FIGURA 16 – Arranjo vertical do combustível
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
2.1.1.3 Carga do combustível
No ambiente florestal a carga do
material combustível é dada como o
peso do material seco dividido pela área
em que o mesmo se encontra, se
totalmente consumido pelo fogo.
Usualmente é expressa em toneladas
por acre (t/a). A carga do material
combustível varia de acordo com o tipo
de vegetação, como nos exemplos
abaixo:
COMBUSTÍVEL CARGA
Gramíneas 1 a 5 t/a
Arbustos 20 a 40 t/a
Árvores de grande porte 100 – 600 t/a
É importante observar que a carga
do material combustível envolve
diferentes tipos de classes de
combustíveis, o arranjo do combustível
no terreno e uma particular distribuição
sobre uma área específica.
2.1.1.4 Compactação do combustível
A compactação do material com-
bustível é definida como o espaço
existente entre as partículas do material.
Imaginemos um fardo com grama onde
em uma primeira situação temos o
mesmo espalhado em uma superfície
plana e em uma segunda situação o
mesmo estaria compactado em um
recipiente amarrado. No primeiro caso
haveria maior área de contato e mais
circulação de ar entre as partículas,
requerendo menos calor e tempo para a
ignição do fogo. Já no segundo caso
devido à compactação torna-se
necessário mais calor e maior tempo
para a ignição.
FIGURA 17 – Compactação do material
combustível
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
2.1.1.5 Tamanho e forma do
combustível
O tamanho e a forma do material
combustível afetam a razão área de
superfície – volume dos combustíveis.
Os combustíveis leves tem uma
razão área de superfície – volume mais
importante do ponto de vista florestal
que os pesados. Imaginemos um cubo
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
38
compacto com um metro de lado por um
metro de profundidade, que totalizaria,
portanto, 1 m³ e uma área de superfície
de 6 m². Se dividirmos o cubo em 16
peças teremos o mesmo volume de
combustível (1 m³), entretanto teremos
uma área de superfície de 18 m². Qual a
importância deste fato no
comportamento do fogo?
Sabemos que combustíveis de
menor tamanho tem ignição e mantém o
fogo mais facilmente que combustíveis
pesados. Portanto, se requer menos
calor para a ignição em partículas
menores de combustível.
2.1.1.6 Continuidade do combustível
A continuidade do material
combustível refere-se à distribuição
horizontal do combustível em uma
determinada área. Afeta diretamente na
propagação, pois em locais onde há
combustível de forma contínua, sem
barreiras naturais ou criadas, haverá um
“caminho” para o fogo percorrer, seja
nos combustíveis superficiais ou aéreos.
Ao contrário, uma
descontinuidade do material
combustível acarretará em uma barreira
para a propagação do fogo.
FIGURA 18 – Combustível em continuidade
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
FIGURA 19 – Descontinuidade do Combustível
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
2.1.1.7 Propriedades químicas do
combustível
Referem-se à presença de
substâncias voláteis no material
combustível florestal, como óleos,
resinas, ceras, breu, que podem alterar a
taxa de propagação do fogo. Devido as
suas características em povoamentos de
coníferas o fogo se propaga mais
intensamente que em um povoamento
de eucalyptus.
2.1.2 Fatores climáticos
Os fatores meteorológicos que
atuam diretamente no combustível
florestal, facilitando ou dificultando a
propagação dos incêndios, serão vistos
separadamente.
2.1.2.1 Velocidade e direção do Vento
O vento é o mais variável e o mais
crítico fator que altera o comportamento
do fogo, sendo também o mais
imprevisível deles. O vento é resultado
da diferença de temperatura causada
por gradientes de pressão entre
diferentes áreas, resultantes dos
processos de aquecimento e
resfriamento. O vento afeta a
intensidade, direção e propagação do
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
39
fogo, pré aquecendo combustíveis por
radiação e convecção, fornece
suprimento de oxigênio necessário à
propagação, favorece uma troca rápida
de umidade entre o ar e os
combustíveis, o que os tornarão mais
secos, carrega partículas de combustível
(fagulhas) e lança-as a frente da linha de
fogo, em áreas ainda não queimadas.
Nos incêndios de copa o vento torna
possível o transporte de calor e das
chamas entre a copa das árvores.
FIGURA 20 – A ação do vento determina a
intensidade e a propagação dos incêndios
florestais.
FONTE: sobreventos.com
O incêndio florestal, devido às
suas características próprias, causa
correntes locais que interagem ao efeito
das correntes de ar, atuando na
propagação do fogo. Pelo princípio das
correntes de convecção o ar que está
sobre as chamas (aquecido) tende a
subir, alimentando a combustão com
entrada de ar renovado. O mesmo
processo ocorre quando o sol aquece o
solo, fazendo com que o ar que está
próximo ao mesmo se levante, o que
nos permite observar que durante o dia
a tendência das correntes de vento é
subir os vales e declives, ocorrendo
processo inverso a noite devido à
inversão das correntes.
FIGURA 21 – Comportamento do vento
conforme o período.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
2.1.2.2 Umidade relativa do ar
Quando discutimos umidade na
atmosfera é importante conhecermos
dois pontos de referência para qualificar
a umidade em qualquer tempo e lugar,
que são o ponto de orvalho e a
umidade relativa do ar.
A umidade relativa do ar destaca-
se no estudo do comportamento do
fogo, principalmente em nossa região
onde existe, nos períodos críticos à
eclosão dos incêndios florestais, uma
tendência a dias com umidade relativa
do ar extremamente baixa. Fato
semelhante ocorre na região central de
nosso país que também é violentamente
assolada pelos incêndios florestais,
principalmente no cerrado. A umidade
do material combustível varia de acordo
com a umidade relativa do ar, no caso
da inexistência de precipitações. Os
combustíveis absorvem água de uma
atmosfera úmida e a liberam em dias
quentes, entretanto tal fenômeno está
também intimamente ligado ao
tamanho, compactação e arranjo do
material. À medida que a umidade
relativa do ar decresce a velocidade de
propagação do fogo aumenta,
tornando-se o combate extremamente
difícil. Outro ponto de destaque que
merece a atenção de quem comandará
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
40
as ações de combate aos incêndios
florestais é o desgaste dos combatentes
devido à baixa umidade, que poderá
causar desidratações e outras
complicações, portanto a rehidratação é
fator que deve ser colocado em primeiro
plano para um combate eficaz e sem
perda de pessoal.
No período noturno, devido a
existência de uma maior umidade no ar,
podemos ter a formação do orvalho, que
resulta da condensação do vapor de
água sobre superfícies arrefecidas.
Normalmente ocorre em noites claras,
em que o calor do solo é perdido por
radiação, e consiste na formação de
gotas de água nas superfícies frias
(folhas, ervas, pedras).
Assim, se a temperatura da
vegetação baixar, então o excesso de
vapor de água existente na atmosfera
condensa-se e deposita-se na vegetação,
formando o orvalho. Neste caso, a
tendência do incêndio é de arder mais
lentamente, devido a umidade absorvida
pelos combustíveis, fato este que
favorece o combate à noite, porque em
certos casos, o combate durante o dia
torna-se extremamente dificultado pelas
condições climáticas.
Entretanto devemos sempre
empregar todos os esforços para se
combater os incêndios durante o dia,
pois o risco de acidentes é menor, bem
como no caso de grandes incêndios é
necessário se prever o descanso de
pessoal empregado. Quando não for
possível tal combate, esforços maiores
devem ser dispensados à noite, desde
que o terreno ofereça condições para tal
prática.
A tabela a seguir mostra a relação
entre a umidade relativa do ar e a
velocidade de propagação do fogo.
UMIDADE RELATIVA
DO AR (%)
FATOR DE
PROPAGAÇÃO
45 – 41 1,0
40 – 31 1,4
30 – 26 2,0
25 – 16 2,8
< 16 3,2
2.1.2.3 Precipitação
A ocorrência de chuvas é o
principal fator na extinção de um
incêndio florestal. Sua influência direta
na propagação do fogo é evidente.
Entretanto precisamos compreender de
que forma ela age, principalmente no
combustível florestal.
FIGURA 22 – Ação da chuva na floresta
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
Longos períodos de estiagem
afetam o potencial de propagação do
incêndio, principalmente pela secagem
do combustível, o que aumentará a
probabilidade de ignição e facilitará a
propagação.
Com a ocorrência de precipitação
o potencial de propagação pode ser
reduzido a zero, mas devemos
considerar que condições críticas de
inflamabilidade não são revertidas
facilmente, pois combustíveis secos
devido a longos períodos de estiagem
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
41
são umedecidos superficialmente com a
ocorrência de precipitação, mas na
continuidade de tempo seco eles voltam
as mesmas condições que se
apresentavam, tornando-se novamente
inflamáveis.
2.1.2.4 Temperatura
A temperatura do ar atua em
conjunto com praticamente todos os
demais fatores de propagação dos
incêndios florestais. Normalmente ela é
medida em um termômetro e mensurada
em graus Celsius (º C) ou Fahrenheit (º
F).
Para conversão de Celsius para
Fahrenheit aplicar a fórmula a seguir:
C/5 = (F –32)/9
O combustível florestal depende
da temperatura do ar em volta dele para
entrar em ignição. Experiências
mostraram que a temperatura de ignição
do combustível varia de 260º a 400º C,
variando de acordo com o tipo do
combustível e com as condições
atmosféricas. O tempo necessário para o
início da combustão depende do teor de
umidade do combustível, ou seja, da
quantidade de calor necessária para
vaporizar a água antes que a ignição
possa iniciar. A temperatura máxima
que o combustível pode atingir se
considerando apenas a radiação solar é
em torno de 75º C, o que não é
suficiente para provocar a ignição.
Entretanto o aquecimento solar
principalmente nos dias com pouca
incidência de nuvens pode favorecer tal
fenômeno, pois quanto maior for a
temperatura do combustível, menor será
a diferença entre sua temperatura inicial
e temperatura de ignição.
Devemos lembrar que é muito
difícil medir a temperatura de um
combustível durante um incêndio,
portanto alguns pontos precisam
sempre ser reavivados por quem for
combater ou planejar o combate a um
incêndio florestal:
Os combustíveis finos tem
aquecimento facilitado pela
temperatura do ar e radiação;
Durante a parte mais quente do dia,
os combustíveis voltados para as
encostas norte e oeste apresentam
temperaturas mais altas que os
combustíveis das faces sul e leste;
Combustíveis maiores respondem
mais lentamente aos efeitos das
mudanças de temperatura do ar e
da radiação solar;
Combustíveis maiores apresentam
menor temperatura que os finos
durante o dia, ocorrendo o inverso
à noite;
Dos combustíveis expostos à
radiação solar os superficiais
apresentam maior temperatura que
os aéreos.
2.1.2.5 Estabilidade atmosférica
O ar na atmosfera pode estar
estável, neutro ou instável, dependendo
da temperatura em que se encontra. A
estabilidade atmosférica refere-se a tais
movimentos, que dependendo das
condições locais alteram o
comportamento do fogo.
Na atmosfera encontramos o ar
em movimento constante, variando de
acordo com a temperatura, umidade,
pressão e outras propriedades. Na
ocorrência de um incêndio em uma
floresta, a atmosfera próxima das
chamas se tornará extremamente
aquecida, o que produzirá grande
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
42
instabilidade em níveis acima, criando
movimentos verticais das correntes de ar
que poderão incrementar a atividade do
fogo. Tal fenômeno ocorre também em
dias muito quentes, quando o ar
aquecido por radiação solar gera
correntes verticais de instabilidade.
FIGURA 23 – Instabilidade atmosférica
resultante de incêndio florestal.
FONTE: USDA – Forest Service.
2.1.3 Topografia (relevo)
A topografia do terreno afeta o
meio ambiente do incêndio por alterar
os processos normais de transmissão de
calor e influenciar nas modificações do
clima local, influenciando no tipo de
vegetação e combustível. Pode-se dizer
que resulta em micro climas com
condições de umidade localizadas e
específicas.
Para melhor entendermos os
fatores topográficos nos incêndios em
florestas passamos a abordá-los a
seguir:
2.1.3.1 Inclinação
Os incêndios tendem a se
propagar mais rapidamente em
montanhas e vales acima (aclives) e mais
lentamente nos declives. A medida que a
inclinação aumenta a propagação do
fogo também aumenta, causando mais
destruição.
FIGURA 24 – Propagação do incêndio
conforme a inclinação.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
Nos aclives a inclinação favorece a
aproximação da chama com o
combustível, o que gera uma exposição
maior às ondas de calor transmitidas por
radiação e convecção aquecendo e
secando rapidamente o material
combustível, causando uma propagação
mais intensa do fogo. Ocorre ainda uma
interação de fenômenos, pois a corrente
de ar gerada pelo fogo encaminha-se
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
43
por convecção aclive acima gerando um
abastecimento de novo suprimento de ar
que favorecerá a combustão. Nos aclives
o combustível incendiado pode rolar
morro abaixo, dando início a novos
focos de fogo em áreas intactas e
expondo os combatentes ao risco de
ficarem confinados entre duas frentes de
incêndio.
2.1.3.2 Exposição
A exposição refere-se a incidência
direta dos raios solares no terreno.
Abaixo do Equador os raios solares
incidem com maior intensidade nas
faces voltadas para o norte, sendo estas
as mais aquecidas. Em seguida temos as
faces oeste, leste e sul, nesta ordem,
como as mais aquecidas.
FIGURA 25 – Exposição aos raios solares na
floresta.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
Devido a tal incidência, as faces
que mais recebem radiação vão
apresentar umidade de combustível mais
baixa, menor umidade relativa do ar,
maior temperatura, ocasionando assim a
secagem do material combustível,
aumentando o potencial de incidência e
propagação de incêndios florestais.
2.1.3.3 Elevação
A elevação está diretamente
relacionada com a estabilidade
atmosférica. Quanto maior a altitude,
mais rarefeito é o ar e mais baixas são
as temperaturas, o que influencia na
propagação do fogo. Topos de
montanhas e fundos de vales
apresentam diferentes condições de
queima devido às correntes de vento e
às condições de temperatura e umidade
em cada um deles. O potencial de
propagação é maior no fundo de um
vale durante o dia, sendo que à noite o
processo se inverte.
2.2 PARTES DE UM INCÊNDIO FLORESTAL
Se visualizarmos de cima, um
incêndio florestal começa de um ponto
que vai crescendo – trata-se de um foco
de incêndio.
O incêndio começa por um ponto
e vai se alastrando, desenvolvendo-se
inicialmente num pequeno círculo. A
energia do centro se junta com a energia
dos novos combustíveis que começam a
queimar. Passado pouco tempo observa-
se que, no centro, já não há chamas,
porém a quantidade de calor começa a
ser suficiente para que haja auto-
propagação.
Temos então três tipos de zonas
de chamas evoluindo:
A favor do vento ou encosta acima
(frente do incêndio);
Contra o vento ou encosta abaixo
(retaguarda);
Entre estas zonas (flancos).
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
44
Às diferentes partes de um
incêndio florestal são dados nomes, que
todos os combatentes devem conhecer:
Frente principal ou cabeça – zona
onde o incêndio se propaga com
maior intensidade;
Retaguarda ou cauda – zona
oposta à frente, onde o incêndio
assume menor intensidade, ainda
que possa também progredir nessa
direção;
Flanco – parte lateral situada entre
a frente e a retaguarda. São
divididos entre direito e esquerdo;
Dedo – saliência num flanco,
correspondente ao local onde o
incêndio se propaga com maior
velocidade;
Ilha – área situada no interior do
perímetro do incêndio que não foi
atingida pelo mesmo, isto é, não foi
queimada;
Foco secundário – ponto exterior,
separado do perímetro do incêndio
principal, onde se verifica a ignição
de um novo foco de incêndio;
Bolsa – zona compreendida entre o
flanco e o dedo.
FIGURA 26 – Partes de um incêndio florestal.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
2.3 PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS
FLORESTAIS
Como já abordado, os principais
fatores que influenciam na propagação
dos incêndios florestais são o vento e as
correntes de convecção.
2.3.1 Propagação pelo vento
Os incêndios propagados pelo
vento tem como características uma
coluna de fumaça direcionada para a
direção do vento, o que favorece ao
combatente identificar a cabeça,
retaguarda e flancos.
Podemos ainda observar nesses
tipos de incêndios:
Propagam-se de forma elíptica;
A intensidade e o sentido de
propagação estão diretamente
relacionados com a velocidade e
direção do vento;
Ocorrem, frequentemente, focos
secundários na frente do incêndio;
A retaguarda e os flancos podem
ser dominados, com relativa
facilidade;
É possível prever para onde o
incêndio vai propagar.
FIGURA 27 – Propagação em função do
vento.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
45
FIGURA 28 – Comportamento de incêndio
florestal em função do vento.
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
2.3.2 Propagação pela ação das
correntes de convecção
Nos incêndios propagados pela
ação das correntes de convecção
observam-se colunas de fumaça
ascendentes. Muita atenção neste tipo
de incêndio, pois, nestas situações, não
é possível determinar onde ficam a
cabeça, os flancos e a retaguarda.
Podemos ainda observar nesses
tipos de incêndios:
A velocidade e direção de
propagação são atípicas;
Pode haver fogo encosta abaixo e
sem a ajuda do vento;
Não há, normalmente, projeção de
materiais e partículas
incandescentes a grande distância;
Pode haver queda de partículas
incandescentes na área de
influência da coluna de fumaça,
mas a sua direção é aleatória;
O incêndio propaga-se de uma
forma intensa;
A dificuldade em dominar o
incêndio é muito grande;
Não é possível prever para onde o
incêndio se vai propagar.
FIGURA 29 – Ação das correntes de
convecção em um incêndio florestal.
FONTE: Combate a incêndios florestais – Escola
Nacional de Bombeiros – Portugal.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
46
03
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
DE COMBATE A INCÊNDIOS
FLORESTAIS
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
47
3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
DE COMBATE A INCÊNDIOS
FLORESTAIS
Nas ações de combate a incêndios
florestais as ferramentas e aparelhos
ocupam papel de destaque, pois os
trabalhos desenvolvidos, na maioria das
vezes, nas áreas de incêndios, são
inacessíveis ao transporte moto-
mecanizado terrestre, restando assim o
transporte do material portátil pelo
próprio homem ou por aeronaves.
O emprego de equipamentos
pesados, tais como veículos de combate
a incêndio, tratores e aeronaves
facilitam muito o trabalho dos socorros
e guarnições de combate, pois executam
rapidamente o trabalho de diversos
homens.
O material deverá estar sempre
reservado e disponível para o pronto
emprego. Os materiais de corte (enxada,
machado, pás, foices, facões, etc.)
devem ser destinados exclusivamente
para tal finalidade devendo ser
marcados, acondicionados em locais
previamente determinados e ter
manutenção periódica.
A classificação dos materiais e
equipamentos obedece, no Corpo de
Bombeiros do Estado do Paraná, os
seguintes critérios:
BOMBAS
ESCADAS
EXTINTORES
FERRAMENTAS E APARELHOS
MATERIAL DE ABASTECIMENTO
MATERIAL DE COMUNICAÇÃO
MATERIAL DE ESTABELECIMENTO
MATERIAL DE ILUMINAÇÃO
MATERIAL DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL (EPI)
MATERIAL ESPECIAL
VEÍCULOS
Tendo em vista o campo de
Combate a Incêndios Florestais ser
específico e possuir materiais
característicos passaremos a estudá-los
abaixo:
3.1 BOMBAS
São equipamentos hidráulicos
destinados a deslocar líquidos para a
extinção de incêndios. As bombas
poderão fazer parte de uma viatura de
combate a incêndios ou ser
independentes. Sabemos que a água é o
agente mais eficaz para o combate a
incêndios, portanto sempre que for
possível ela deverá ser levada ao local
do incêndio. Caso seja viável se
aproximar de um incêndio florestal com
uma viatura de combate a incêndios tipo
Auto Bomba Tanque (ABT) teremos uma
certa capacidade de água e uma bomba
para lançar o agente extintor.
Entretanto, é comum na prática do
combate, nos depararmos com locais
inacessíveis, e caso haja próximo uma
fonte de água poderemos lançar mão de
bombas portáteis, que serão muito
úteis. Atualmente existem bombas
portáteis que necessitam estabelecer
uma coluna de água para se iniciar o
bombeamento e também bombas auto-
escorvantes onde basta funcioná-las
para que se inicie o bombeamento. As
bombas auto escorvantes são as mais
indicadas, pois tem o manuseio
facilitado, existindo inclusive bombas
flutuantes, que realizam o
bombeamento em finas lâminas de água
(mínimo de 10 cm).
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
48
As bombas possuem acessórios
para seu manuseio como mangotes para
sucção, mangueiras e esguichos.
Devemos lembrar da previsão de
combustível sobressalente se
utilizarmos bombas no combate aos
incêndios florestais.
FIGURA 30 – Bombas de combate a
incêndios florestais. 1 Bomba Mosquito. 2
Bomba flutuante (Floto-Pump). 3 Bomba
Mark 3.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.2 FERRAMENTAS E APARELHOS
As ferramentas e aparelhos são
empregados no ataque direto e no
ataque indireto aos incêndios florestais,
devendo seu uso ser exclusivo para tal
atividade. As ferramentas devem ser
utilizadas de forma correta, observando-
se condições de segurança, tanto no
transporte, quando no trabalho de
campo.
Quando se anda em linha
devemos manter um mínimo de 1,5
(uma vez e meia) a distância do cabo da
ferramenta entre os componentes da
guarnição; e na construção de aceiros
esta distância deve ser pelo menos de
dois a quatro metros.
O manuseio correto das
ferramentas poupa o combatente de
esforços desnecessários, como por
exemplo, elevá-las demais não fará com
que o serviço tenha melhor qualidade,
somente desgastará o combatente.
3.2.1 Facão com bainha
Utilizado normalmente pelo
Chefe da Guarnição de Combate a
Incêndio Florestal, é empregado para se
marcar a linha de aceiro a ser seguida,
no corte de vegetação baixa e pequenos
arbustos. Durante o seu manuseio o
operador deve estar atento quanto a
acidentes que podem ocorrer.
Após utilizar a ferramenta a
mesma deve ser afiada, observando-se
um sentido único para o fio, bem como
o fio deve ser protegido por fita que o
isole (fita crepe ou similar).
3.2.2 Foice
Possui emprego similar ao do
facão, porém com capacidade de corte
de arbustos de maior porte a árvores de
pequeno diâmetro. Pode ser empregada
após a confecção do aceiro para se roçar
a vegetação em ambos os lados a fim de
diminuir a carga do material combustível
a ser queimado.
O uso da foice na linha de aceiro
requer muita atenção por parte de seu
operador, a fim de se evitar acidentes.
3.2.3 Machado lenhador (Pulaski)
É empregado quando o abate de
árvores é necessário e o uso da foice é
ineficiente.
1
2
3
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
49
Pode ser utilizado também para
raspar solos rígidos na linha de aceiro,
empregando o lado oposto ao de corte.
FIGURA 31 – Ferramentas de combate a
incêndios florestais. 1 Foice. 2 Pulaski. 3
Facão.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.2.4 Enxada
A enxada é ferramenta
fundamental para corte e remoção na
confecção de um aceiro. A vegetação
próxima ao solo deve ser retirada com o
emprego da enxada.
3.2.5 Rastelo (ancinho)
É empregado para a remoção do
material que foi cortado. Lembrar que
tal material deve ser depositado, no lado
oposto ao sentido de progressão da
frente de fogo.
3.2.6 “McLeod”
Ferramenta combinada com dupla
finalidade (enxada e rastelo) que pode
ser empregada para corte e raspagem
do combustível florestal e do solo.
3.2.7 Pás e cortadeiras
Tem emprego importante na
execução de aceiros, podendo ser
utilizadas para retirar material cortado,
no lançamento de terra na base das
chamas ou para cobrir troncos e árvores
incendiadas que estão no solo.
FIGURA 32 – Ferramentas de combate a
incêndios florestais. 1 Enxada. 2A e 2B
Rastelo. 3 McLeod. 4 Pá.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.2.8 Queimador para incêndio
controlado
Aparelho conhecido pela
denominação “pinga-fogo”, é utilizado
para as práticas de fogo contra-fogo e
queimada controlada. Confeccionado em
metal com capacidade para 5 litros de
combustível, que deverá ser uma
mistura de óleo diesel e gasolina ou
querosene na seguinte proporção:
Óleo Diesel/Gasolina: 4/1 litros
Óleo Diesel/Querosene: 3,5/1,5 litros.
Jamais deverá ser utilizada uma
proporção maior que a recomendada de
gasolina em sua mistura, pois poderá
ocorrer risco para o operador.
1
2
3
1
2a
A
2b
A
4
3
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
50
O aparelho possui dois sistemas
de regulagem, um para combustível e
outro para ar, e só funciona com ambas
abertas. É possível dosar a quantidade
de combustível a ser lançado na
vegetação, bem como a abertura para
entrada de ar.
Virando o aparelho com as
regulagens devidamente calibradas, o
combustível é lançado sobre uma
superfície espargidora, que é acesa pelo
operador. Ao caminhar com o aparelho
virado na vegetação gotas de
combustível incendiado são lançadas
iniciando focos de incêndio.
O queimador deverá ser operado
por pessoa que tenha conhecimento das
técnicas e dos tipos de queimadas, pois
seus efeitos podem gerar transtornos e
destruições com a criação de novos
focos de incêndio sem controle.
FIGURA 33 – Queimador para incêndio
controlado (pinga-fogo).
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.2.9 Motosserra
Utilizada na confecção de aceiros
onde se necessite abater árvores de
grande porte ou para cortar árvores já
incendiadas que estejam em brasa. A
operação com motosserra merece
cuidado especial do operador para
evitar acidentes pessoais, bem como
acidentes com as guarnições que
estejam trabalhando na área. Sinais
sonoros que indiquem queda de árvore
devem ser do conhecimento de todas as
equipes que estejam empenhadas no
combate. O operador de motosserra
deverá estar equipado com todos os
equipamentos de proteção individual
(EPI) que o caso requer.
Guarnições deverão prever
combustível extra para as motosserras
quando executarem tal atividade.
FIGURA 34 – Motosserra
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.2.10 Roçadeira
Importante aliada na confecção de
aceiros com maior velocidade, a
roçadeira pode ser utilizada em
vegetação baixa, devendo o operador
estar atento a tocos e pedras. Como na
motosserra, é fundamental o uso de EPI
e a previsão de combustível extra.
FIGURA 35 – Roçadeira.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
51
3.2.11 Abafador
Tem grande utilização no ataque
direto aos Incêndios Florestais. O
abafador age basicamente pelo princípio
do abafamento, ao batê-lo contra o fogo.
Existem dois tipos de abafadores,
sendo que o primeiro consiste em um
retângulo de borracha flexível com
aproximadamente 40 cm de
comprimento, 30 cm de largura e 0,6 cm
de espessura, presos a uma armação de
ferro em formato de T, e fixado a um
cabo de madeira com 2 m de
comprimento mínimo. Uma outra
solução para confecção de abafadores
consiste em cortar pedaços de
mangueira de combate a incêndios, com
40 cm de comprimento, e fixá-las na
mesma estrutura acima descrita. Neste
tipo de abafador devemos lembrar que
não se deve abrir a mangueira, pois o
aquecimento tende a enrolar seu
material, o que prejudica o combate.
Em situações de emergência ou
onde não existam abafadores, pode-se
abrir mão de arbustos para tal
atividade.
FIGURA 36 – Abafador
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.2.12 Mangueiras e esguichos
São utilizados nos combates a
incêndios florestais, quando é possível a
utilização de água para o combate, seja
disponível por meio de viaturas de
combate a incêndio ou moto bombas.
As viaturas destinadas a tal
atividade deverão ser providas de
grande quantidade de mangueiras, pois
muitas vezes há necessidade de se
penetrar em longos trechos de
vegetação, ou mesmo caminhar morro
acima, necessitando assim a utilização
de vários lances até que se atinja a área
queimada.
FIGURA 37 – 1 Mangueira. 2 Esguichos. 3
Derivantes. 4. Válvulas.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.2.13 Bomba Costal e Mochila Costal
Equipamento de grande
versatilidade utilizado no combate ao
incêndio florestal no ataque direto ao
fogo. A bomba costal possui uma
capacidade de transporte de 20 litros de
água sendo carregada como uma
mochila nas costas do combatente.
Possui um sistema manual de
pressurização e um esguicho com
requinte ajustável que permite regular a
qualidade do jato. Devemos lembrar que
1
2
4 3
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
52
ao lançarmos água em um combate a
incêndio florestal deveremos fazê-lo na
base das chamas.
A mochila costal possui as
mesmas características operacionais da
bomba costal, porém confeccionada em
PVC maleável que se molda
perfeitamente as costas do combatente,
lhe garantido mais conforto no
transporte e no combate.
No seu manuseio o combatente
florestal deverá estar atento a galhos,
tocos, cercas de arame e outros objetos
que possam vir a danificá-la.
FIGURA 38 – Bomba e mochila costal.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.2.14 Manutenção das ferramentas
O trabalho de combate a
incêndios florestais eficiente será
possível com ferramentas em boas
condições de uso. Todos os
combatentes são responsáveis pela
manutenção das melhores condições de
uso de todo o equipamento que se
encontra dentro de suas atribuições.
Após o uso elas devem ser
inspecionadas, ter a manutenção
realizada e serem acondicionadas
prontas para um próximo emprego.
a. Cabo das Ferramentas
Cuidado especial deve ser dado
ao cabo das ferramentas. Eles devem ser
inspecionados a procura de rachaduras,
deverão estar bem firmes e serem
colocados nas ferramentas com a
utilização de cunhas em madeira para
dar aperto.
b. Fio de Ferramentas
Ao afiarmos ferramentas devemos
ter o cuidado de não superaquecê-las. A
lima deve obedecer sempre ao sentido
de corte das mesmas e o fio é feito em
um único sentido. Após afiadas as
ferramentas é importante proteger o seu
fio com a colocação de uma fita
aderente (crepe) no mesmo, pois assim
garantiremos também proteção contra
ferrugem.
O responsável pela afiação deverá
estar portando luvas.
c. Transporte de Ferramentas
O transporte das ferramentas é
fator importante dentro de um combate
a incêndios florestais. Jamais podemos
transportar ferramentas e combatentes
juntos, devendo portanto haver um local
específico para as mesmas,
preferencialmente, em compartimentos
exclusivos. No transporte em linha por
combatentes o fio de corte sempre
deverá estar voltado para o solo, e por
questões de padronização e segurança
todas as ferramentas devem ser
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
53
transportadas do mesmo lado. A
distância entre homens será de no
mínimo 1,5 vez o tamanho do cabo da
ferramenta do companheiro da frente
em estrada e pelo menos 2 a 4 metros
no campo.
FIGURA 39 – Transporte de ferramentas por
uma guarnição de combate a incêndios
florestais (GCIF).
FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning
As ferramentas destinadas ao
incêndio florestal devem ter um fim
específico para tal, não devendo ser
empregadas em outras atividades que
não seja a confecção de linhas de
aceiros ou em missões de combate aos
incêndios florestais.
Em campo, quando houver
possibilidade, deve ser construído um
local específico para o
acondicionamento adequado das
ferramentas e equipamentos. Tal local
recebe a denominação de almoxarifado
de ferramentas e deve ter um
encarregado que irá oferecer suporte
logístico de manutenção e reparos.
As ferramentas devem ser
acondicionadas conforme o trabalho que
cada uma realiza (corte, remoção,
raspagem) objetivando facilitar a
organização do almoxarifado e evitar
que ocorram acidentes.
FIGURA 40 – Organização do almoxarifado
de campo.
FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning
3.3 MATERIAL DE ILUMINAÇÃO
São os materiais empregados nos
incêndios florestais nas missões
noturnas, para garantir segurança
pessoal, bem como propiciar condições
de trabalho. São empregados nos
acampamentos para iluminação e
desenvolvimento de todas as atividades
de apoio, onde se necessite energia
elétrica e iluminação.
3.3.1 Lanterna de mão
São essenciais para garantir
segurança ao combatente de incêndios
florestais. Deve-se optar por uma
lanterna de boa qualidade, com
interruptores protegidos, que não
apresentem o risco de ligar a lanterna
acidentalmente. O foco ajustável é uma
excelente característica disponível em
algumas lanternas. O refletor gira,
permitindo um foco mais concentrado
para iluminar mais a distância. Uma
lanterna sempre deverá possuir focos
sobressalentes, bem como baterias para
reposição. Para uma lanterna de mão
deverá ser previsto dois focos
sobressalentes e dois jogos de bateria,
de preferência alcalina.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
54
Atualmente existem lanternas
dotadas de baterias recarregáveis que
também podem ser empregadas pelas
guarnições de combate a incêndio
florestal, desde que seja possível a carga
das mesmas em campo, com a utilização
de geradores de energia ou viaturas que
permitam tal operação.
FIGURA 41 – Lanternas de mão.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.3.2 Lanterna de Cabeça (Headlamps)
Tem a mesma finalidade da
lanterna de mão, porém é de
fundamental importância nas atividades
de combate a incêndios florestais nos
horários noturnos, bem como nos
deslocamentos a noite, por ter um
sistema de tiras elásticas, a mesma se
adapta à cabeça do combatente,
deixando suas mãos livres para
trabalhos na linha de aceiro, dando
também mais confiança e segurança nos
deslocamentos. É importante o emprego
de modelos onde seja possível que a
lanterna seja presa ao capacete do
combatente florestal.
A existência da lanterna de
cabeça não desobriga o uso da lanterna
de mão, pois todo combatente deve
possuir duas lanternas para sua maior
segurança.
FIGURA 42 – Lanternas de cabeça.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.3.3 Gerador de Energia
Nos acampamentos organizados
para atividades de combate a incêndios
florestais, os geradores de energia são
peças de fundamental importância, pois
garantem a comodidade e o conforto
mínimo para o descanso das equipes
empenhadas no combate, bem como o
funcionamento da base e de toda a
estrutura necessária para o controle do
incidente. Os geradores devem ser
previstos de acordo com o número de
homens empregados na ação de
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
55
combate ao incêndio florestal. Deve-se
prever também a quais equipamentos
eles fornecerão energia, tais como
carregadores de rádios de comunicação,
material de informática e iluminação,
entre outros.
FIGURA 42 – Geradores de energia.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
Em qualquer acampamento é
imprescindível a utilização de dois
geradores, o que torna possível um
revezamento, evitando desgastes
excessivos, que poderão gerar panes
elétricas. É importante lembrar que em
muitos incêndios florestais os geradores
poderão funcionar por 24 horas
ininterruptamente, pois fornecerão
energia para estações fixas de rádio. O
gerador de energia sempre deverá
possuir sobressalentes suas peças
básicas para funcionamento, como velas
e cordeletes de partida. Deve-se prever
também o combustível para seu
funcionamento. O controle e
abastecimento do gerador deve ser feito
somente por uma única pessoa, de
preferência o encarregado do
almoxarifado do acampamento.
3.3.4 Extensões e Lâmpadas
Extensões deverão ser previstas
para todo o acampamento. Deve-se
sempre procurar fornecer energia a
todas as barracas onde os combatentes
irão descansar. O local destinado às
refeições deve ser bem iluminado.
Lâmpadas também devem ser previstas
admitindo-se um número elevado de
queimas, devido às oscilações
apresentadas pelo gerador.
3.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL (EPI)
Todo o combatente de incêndio
florestal deverá utilizar EPI, mesmo que
esteja empenhado no ataque indireto,
pois há o risco de acidentes que podem
gerar transtorno ao combatente e à
operação de combate.
3.4.1 Capacete
Garante ao combatente proteção
mecânica contra queda de galhos e
pequenos arbustos, além de protegê-lo
de eventuais acidentes com ferramentas
e equipamentos. Preferencialmente
deve-se optar por capacete que seja leve
e cômodo ao combatente, e possua
jugular ajustável, bem como encaixe
para lanterna.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
56
FIGURA 44 – Capacete
FONTE: MSA/Gallet
3.4.2 Protetor Auricular
Para proteção quando se utiliza
equipamentos como motosserras,
motogeradores e outros com elevada
taxa de emissão de ruídos.
3.4.3 Protetor de vista
Para proteção das vistas contra
galhos, pedaços de madeira e outros
riscos, além de proteção contra a
fumaça liberada nos incêndios. Deve ser
transparente, garantir um fechamento
total das vistas, inclusive lateral,
devendo ainda ser provido de meios que
evitem sua perda em caso de queda
(cordeletes).
FIGURA 45 – Óculos de proteção.
FONTE: sossul.com.br
3.4.4 Lenço em Algodão
Garante ao combatente de
incêndios florestais uma proteção facial
contra a fumaça, pois funciona como um
filtro contra a fuligem eliminada junto
com a fumaça. Garante também ao
combatente maior conforto, quando
preso junto ao capacete (envolvendo a
cabeça), pois é uma forma de dar maior
firmeza ao capacete, bem como um
filtro para o suor eliminado. Recomenda-
se a utilização de um lenço em algodão
com as dimensões de 55 cm por 50 cm.
FIGURA 46 – Lenço em algodão.
FONTE: sossul.com.br
3.4.5 Balaclava
Confeccionada em tecido anti-
chamas oferece proteção ao combatente
florestal, principalmente na região da
face e pescoço. Deve ser utilizada em
conjunto com o capacete.
FIGURA 47 – Balaclava.
FONTE: igbionline.com.br
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
57
3.4.6 Luva de vaqueta
Para proteção das mãos nas
atividades de Ataque Direto ou Indireto.
Importante utilizar uma luva que possua
sistema de fecho no punho.
FIGURA 48 – Luva de Couro com reforço.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
3.4.7 Bota
O calçado para o combate a um
incêndio florestal merece destaque, pois
deve dar garantias ao seu usuário de
resistência e conforto. Existem no
mercado vários tipos de calçados que
oferecem tais condições, entretanto não
devemos deixar de lembrar que a bota
deverá ser robusta o suficiente para
suportar os arranhões de rochas e
outros obstáculos comuns ao ambiente
florestal, além de possuir solado que
permita o caminhamento por curtos
períodos em áreas com brasa.
FIGURA 49 – Bota reforçada.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR
O material de sua constituição
deve ser preferencialmente o couro, pois
resiste mais à caloria dos incêndios e de
pequenas fagulhas em brasa que
venham a entrar em contato como
calçado.
3.4.8 Polainas em couro
Para a proteção das pernas do
combatente contra fagulhas e cortes em
pontas de madeira. Conforme a
constituição da polaina ela poderá
oferecer proteção contra picadas de
ofídios.
3.4.9 Roupa resistente a chama
Em uma atividade de combate a
incêndios florestais, devemos utilizar
roupas adequadas, que resistam a ação
das chamas e ofereçam proteção em
caso de contato próximo com as
mesmas.
Existem atualmente roupas
confeccionadas em tecidos anti-chamas
e ignifugantes que resistem a chamas
devido a sua constituição química.
Capas de combate a incêndios
garantem proteção ao combatente,
porém limitam seus movimentos. Caso
não seja possível a utilização de tecidos
anti chamas, devemos lembrar que
tecidos em algodão são os mais
recomendados, devendo-se evitar a
utilização de tecidos sintéticos, até
mesmo nas roupas íntimas, camisetas e
meias.
Vale lembrar que mesmo que o
combatente esteja utilizando uma roupa
adequada e todos os EPI recomendados,
todos os preceitos de segurança devem
ser observados, principalmente das
guarnições de ataque direto ao fogo,
que devem evitar contato direto com o
mesmo por um longo período. Jamais o
combatente deve se colocar em uma
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
58
condição que permaneça em exposição
direta às chamas sem rota de fuga
previamente estabelecida.
FIGURA 50 – EPI para combate a incêndios
florestais.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
3.5 VEÍCULOS DE COMBATE A
INCÊNDIOS FLORESTAIS
Veículos que transportam água
são fundamentais para apoio nas
operações de combate aos incêndios em
florestas. Para esta finalidade algumas
diferenças entre os veículos para
atividades de combate a incêndios
urbanos são necessárias, devido
principalmente ao local por onde tais
veículos vão trafegar.
Devemos considerar que grande
quantidade de transporte de água é
normalmente incompatível com a
realidade de um incêndio florestal, pois
as viaturas vão transitar em áreas de
difícil acesso, necessitando ser
relativamente leves e curtas para facilitar
as manobras. Para um eficaz combate
não se necessita de muita vazão de
água, pois a mesma deve ser lançada na
base das chamas de forma neblinada.
Portanto a melhor opção para um
veículo de combate a incêndio florestal
tipo Auto Bomba Tanque, é a
configuração para uma capacidade
transportável de 2.500 a 3.000 litros de
água, devendo ainda tal veículo ser
provido de um sistema de suspensão
reforçado e de mecanismo de tração
auxiliar. Seu sistema de bomba deve ser
independente para que permita ao
veículo transitar em estradas lançando
água ou espuma na vegetação próxima.
FIGURA 51 – Veículo para combate a
incêndios florestais.
FONTE: www.hvba.pt
Os equipamentos e ferramentas
disponibilizados para tal veículo devem
ser acondicionados de forma a ficarem
presos e travados, para que não sofram
avarias ao se trafegar por trechos de
estradas não pavimentadas, bem como
devem possuir compartimentos
específicos para cada tipo de material. A
fim de se evitar acidentes devemos
evitar o transporte de ferramentas,
materiais, equipamentos e pessoal.
Veículos 4 x 4 são essenciais para
tal atividade, pois possibilitam acesso a
trechos onde veículos normais (sem
sistema 4 x 4) não conseguem passar.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
59
FIGURA 52 – Veículo 4 x 4 (transporte de
GCIF e equipamentos com segurança).
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
3.5.1 Veículos pesados
Tratores são meios eficientes para
o combate aos incêndios florestais,
principalmente na confecção de aceiros.
Onde for possível o acesso de um
trator, ele fará o trabalho de várias
guarnições.
Quando possível, deve-se adotar
os tratores com esteiras para execução
da linha de aceiro, mas pode-se também
empregar tratores com rodas desde que
as condições de terreno assim
permitam. Existem limitações de
terreno, mas de um modo geral
podemos empregar tratores com
lâminas obedecendo aos seguintes
critérios:
DECLIVES: Em inclinações de até 70%;
ACLIVES: Em inclinações de até 60% ;
LADEIRAS: Máximo de 45%.
Antes da utilização dos tratores
deve-se fazer uma avaliação do terreno,
pois o mesmo pode ser alagadiço o que
causará transtornos à operação.
Devemos observar também o tipo de
vegetação e a presença de rochas que
venham a retardar ou impedir o serviço.
FIGURA 53 – Trator de esteira (empregado
na confecção de aceiros).
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
A utilização de tratores deve
prever pessoal especializado, sendo o
tratorista e o localizador, que o orientará
sobre o caminho correto a ser seguido
na construção da linha de aceiro. Prever
ainda combustível sobressalente.
As motoniveladoras são
importante no alargamento dos aceiros,
pois desenvolvem maior velocidade e
são mais facilmente encontradas, sendo
possíveis requisitá-las junto à prefeituras
e fazendas.
A ninguém será permitido viajar
sobre o trator além do operador ou
mecânico.
3.6 COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS
COM AERONAVES
O emprego de aeronaves
caracateriza-se como uma das formas
mais eficientes para o efetivo combate a
um incêndio florestal, sejam de asa fixa
(aviões) ou asa móvel (helicópteros),
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
60
pois ambos facilitam as operações de
apoio e combate propriamente ditas.
3.6.1 Emprego de aviões
Os aviões são eficazes no
transporte de tropa, transporte de
grande capacidade de carga e material
de combate.
Além disso são empregados no
ataque direto às chamas, lançando
agentes retardantes em áreas ainda não
atingidas pelo fogo, ou água sobre os
incêndios.
No Estado do Paraná tem sido utilizado
com sucesso o emprego de aviões
agrícolas, tipo Ipanema, com capacidade
para transporte de 600 litros de água,
que permite um lançamento na
vegetação que está queimando dividido
em duas cargas de aproximadamente
300 litros de água cada, ou uma única
com a capacidade total de transporte.
FIGURA 54 – Aeronave Ipanema executando
lançamento de água.
FONTE: fca.unesp.br
Internacionalmente se empregam
aviões maiores, com maior capacidade
de transporte de carga. Nos Estados
Unidos os aviões Hércules C 130
transportam e lançam retardante em pó.
No Canadá são empregado os modelos
CL, sendo atualmente o CL 415
empregado para lançamento de 6137
litros de água. Tais aviões abastecem em
movimento sobre represas e outras
fontes de captação de água,
necessitando de 12 segundos para o
abastecimento completo, além de um
trecho que compreenda 1190 metros
para manobras de descida e decolagem.
O percurso percorrido no
abastecimento é de aproximadamente
380 metros.
FIGURA 55 – Aeronave C-130 executando
lançamento de retardante em pó.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
FIGURA 56 – Aeronave CL 415 executando
lançamento de água.
FONTE: USDA – Forest Service
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
61
O emprego de aviões requer
pessoal especializado, como piloto e
equipe de apoio de terra.
PRINCIPAIS VANTAGENS (AVIÕES)
Rápida mobilização;
Grande capacidade de transporte
de pessoal e material;
Localização de focos de incêndio
facilitada;
Evita desgaste desnecessário de
equipes de terra.
NECESSIDADES (EMPREGO)
Pessoal especializado;
Pista para pouso;
Previsão de meios para
reabastecimento (caminhão ou
cisterna com moto-bomba);
Reabastecimento de combustível;
Custo elevado;
Operação limitada à condições de
visibilidade.
3.6.2 Emprego de Helicópteros
Os helicópteros tem realizado
com sucesso inúmeras operações de
combate a incêndios florestais, pois
comparativamente com os aviões
apresentam vantagens em mobilidade e
deslocamentos devido as suas
características únicas.
Eles podem ser também
empregados no transporte e lançamento
de tropa, materiais e equipamentos,
além de possuírem equipamentos
específicos para o combate.
O “Bambi Bucket” é um cesto em
lona preso ao helicóptero para o
transporte e lançamento de água ao
comando do piloto (comando elétrico).
Podem ser empregados também
tanques fixos ao helicóptero que são
destinados ao lançamento de água.
Existem no mercado equipamentos com
capacidade de 420 litros até 3000 litros
de água.
FIGURA 57 – Bambi bucket.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
FIGURA 58 – Sikorski 64
FONTE: USDA – Forest Service
Inúmeros modelos de
helicópteros são empregados para o
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
62
combate aos incêndios florestais, sendo
que os de maior potência devem ser
priorizados para tal fim, pois a medida
que se aumenta a potência pode-se
transportar e, consequentemente, lançar
mais água em um incêndio, como no
caso do helicóptero Sikorski S 64, que
transporta 9000 litros de água em
compartimento fixo.
Outros modelos são
tradicionalmente empregados nas ações
de combate a incêndios florestais como
os Bell (212, 412, etc.) e os modelos
Eurocopter (Esquilo).
FIGURA 59 – Bell 412 em operação.
FONTE: flickr.net
VANTAGENS (HELICÓPTEROS)
Rápida mobilização;
Agilidade no transporte e
lançamento de pessoal e material;
Localização de focos de incêndios
facilitada;
Evita desgaste desnecessário de
equipes de terra;
Não necessita de pista para pouso;
Abastecimento do “ Bambi Bucket “
pode ser feito em pontos com
pequenas capacidades de água e
pouca lâmina;
Permite rápida evacuação de
feridos;
Vistoria grandes áreas em curto
espaço de tempo;
Fornece ao Comandante do
Incidente uma visão ampla da área
e a realidade da situação;
Apoio ao pessoal de terra quanto a
melhores caminhos e itinerários.
FIGURA 60 – lançamento de água por
helicóptero.
FONTE: Combate a incêndios florestais – Escola
Nacional de Bombeiros – Portugal.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
63
NECESSIDADES (HELICÓPTEROS)
Pessoal especializado;
Heliponto;
Reabastecimento de combustível;
Uso limitado à luz do dia;
Operação com custo elevado;
Operação limitada a condições de
visibilidade.
3.6.2.1 Segurança nas operações com
helicópteros
As operações que envolvam
helicópteros devem ser realizadas
observando-se todos os preceitos de
segurança, pois a aeronave exige uma
criteriosa rotina de segurança que deve
ser seguida para evitar que acidentes
ocorram.
As recomendações abaixo são
válidas para o emprego em qualquer
tipo de helicóptero e garantem ao
combatente e a guarnição da aeronave a
segurança mínima, por isso devem ser
sempre observadas.
Fatores de segurança a serem
observados pelas equipes de terra:
a. Mantenha-se afastado no mínimo a
20m do helicóptero quando ele estiver
próximo ao solo. Procure ficar agachado
para maior proteção.
b. Aproximar-se somente pela frente do
helicóptero, para que o piloto tenha sua
visualização. Jamais se aproxime do
rotor de cauda.
c. Em terrenos inclinados, aproxime-se
sempre pelo nível mais baixo.
d. Não olhe para o helicóptero quando
ele está prestes a levantar vôo. Use
proteção para vistas, pois objetos
podem ser lançados devido ao
deslocamento de ar ocasionado pelo
movimento do rotor.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
64
e. Ao aproximar-se do helicóptero com
equipamentos e ferramentas, mantê-los
próximo ao solo e segurá-los
firmemente.
f. Somente pessoal qualificado deve
colocar cargas e pessoas no helicóptero.
Seguir as orientações do Comandante da
Aeronave.
g. Procure sempre indicar a direção do
vento ao piloto.
h. Mantenha entulhos, material cortado
nos incêndios florestais e qualquer tipo
de objeto no mínimo a 30 metros da
área de manobra dos helicópteros.
i. Não descarregue, nem lance nenhum
material ou equipamento do helicóptero
enquanto o mesmo não estiver
estabilizado no solo.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
65
j. Em caso de acidente com a aeronave,
após a retirada dos tripulantes e
guarnição mantenha distância e procure
isolar a área.
Fatores de segurança a serem
observados em vôo:
a. Mantenha distância dos controles,
voando como tripulante.
b. Mantenha equipamentos,
ferramentas, mapas e papéis
devidamente seguros em vôo.
c. Informe ao piloto dos riscos que
podem afetar o helicóptero durante o
vôo.
d. Use Sempre Cinto de Segurança (SEAT
BELT).
Nota: todas as ilustrações utilizadas são
de origem do Helicopter Safet Sumary –
USDA Forest Service. Tradução do autor.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
66
POSIÇÃO DE EMERGÊNCIA (EM VÔO)
Mantenha o cinto de segurança;
Pernas elevadas (sentado);
Braços envolvendo as pernas;
Mãos entrelaçadas;
Cabeça entre os joelhos.
SINAIS VISUAIS DE EMERGÊNCIA
Necessário a presença de médico,
ferido em estado grave
Necessário suprimentos médicos,
primeiros socorros =
Incapaz para prosseguir X
Necessário água e comida F
Necessário armas e munição V
Necessário material de orientação e
navegação
Necessário equipamento de
comunicação e iluminação
Indicar qual direção devo seguir K
Estou seguindo nesta direção
Necessário combustível L
Tudo bem LL
Não N
Sim Y
Não entendido JL
Necessário mecânico W
Necessário socorro urgente SOS
3.7 MATERIAIS ESPECIAIS DE COMBATE A
INCÊNDIOS FLORESTAIS
Os materiais especiais são
aqueles que apóiam as ações de
combate, não se enquadrando nas
classificações já estudadas.
3.7.1 Kit “pick-up” para incêndios
florestais
É constituído de um kit contendo
conjunto de moto bomba, mangueiras,
esguicho e tanque com capacidade de
armazenamento de 400 litros de água. O
kit pode ser facilmente instalado na
caçamba de uma “pick-up”, podendo ser
empregado em locais de difícil acesso
aos veículos pesados de combate a
incêndios florestais. É possível também
acoplar ao kit um sistema gerador de
espuma (retardante químico),
potencializando desta forma o emprego
do equipamento.
FIGURA 61 – Kit “pick-up” para incêndios
florestais.
FONTE: sossul.com.br
Outros modelos de kit podem ser
instalados em veículos tipo pick-up,
inclusive com tanque fixo. Em ambos os
casos é importante que o veículo possua
tração 4x4, pára-choque com ângulo de
ataque adequado e guincho elétrico. Os
pneus devem ser compatíveis com o
terreno tanto “on road” quanto “off
road”.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
67
FIGURA 62 – Viatura preparada para
combate a incêndios florestais, com tanque
fixo para 700 litros de água e kit de
ferramentas (Corpo de Bombeiros de
Londrina/PR).
FONTE: 3º GB – Londrina-PR
3.7.2 Extintor de explosão
Trata-se de um equipamento
especial de combate a incêndios
florestais.
Sua constituição apresenta
retardante químico (fosfato de amônia,
água e explosivo), o qual age
triplamente, quebrando o triângulo do
fogo, por meio dos efeitos abaixo
descritos:
A explosão gerada cria uma bolha
desprovida de oxigênio;
O retardante químico reduz a
temperatura juntamente com a
água, aumentando a umidade e
zona de proteção;
O efeito expansivo da detonação
gera dispersão do material em
volta.
O extintor de explosão pode ser
empregado tanto na prevenção, pois
pode ser colocado no terreno em locais
onde não há fogo, quanto no ataque
direto disponibilizado nos locais onde
há a incidência de fogo.
FIGURA 63 – Extintor de explosão.
FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning
Por se tratar de um equipamento
que pode oferecer risco ao seu usuário,
recomenda-se que somente seja operado
por pessoal que tenha treinamento
especializado sobre seu correto
emprego, e que as distâncias de
segurança abaixo sejam observadas,
pois foram verificadas com base nos
resultados de testes efetuados em
laboratórios:
30 metros: mínima para evitar
danos físicos (extintores de 5 kg);
90 metros: distância mínima, a fim
de evitar prejuízos para os ouvidos
causados pela explosão de nível
sonoro (5 kg).
Devido à sua composição, a
poluição gerada após explosão está
limitada aos resíduos sólidos do casco
do extintor (plástico) que se
despedaçam no momento da explosão.
O equipamento pode ser
transportado em veículos, embarcações
e aeronaves devendo ter cuidado com o
perfeito acondicionamento do mesmo.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
68
04
ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
69
4. ORGANIZAÇÃO DE PESSOAL
O Serviço de Combate a Incêndio
Florestal para dar atendimento à missão
que lhe cabe, é tecnicamente organizado
em:
Guarnições de Incêndios Florestais;
Socorro de Incêndios Florestais;
Prontidão de Incêndios Florestais.
O modelo organizacional que será
apresentado serve como referência para
a composição das equipes que irão dar
combate aos incêndios florestais.
Com a adoção da ferramenta
Sistema de Comando de Incidentes (SCI),
devemos lembrar que alguns princípios
devem ser observados quando
designarmos efetivo para ações de
combate a incêndios florestais, entre
eles o alcance de controle.
4.1 GUARNIÇÕES DE INCÊNDIOS
FLORESTAIS
São as unidades básicas
operacionais de combate a incêndios
florestais. Elas são divididas em:
Guarnição de Combate a Incêndios
Florestais;
Guarnição de Queima;
Guarnição de Tombamento.
4.1.1 Guarnição de Combate a Incêndios
Florestais (GCIF)
Menor fração destinada ao
combate aos incêndios florestais, que
pode atuar tanto de forma direta quanto
indireta (confecção da linha de aceiro).
No estado do Paraná, o Corpo de
Bombeiros emprega GCIF composta por
1 chefe e 5 auxiliares, porém tal número
pode ser expandido, recomendando-se
que não se perca o alcance de controle.
FIGURA 64 – GCIF atuando em construção
de linha de aceiro.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros/PMPR.
4.1.2. Guarnição de Queima (GQ)
Composta por um chefe e dois
auxiliares, a guarnição de queima é
responsável pela realização de contra
fogo, fogo de eliminação e aplicação das
várias técnicas de queima.
A queima para manutenção ou
eliminação devem ser estreitamente
ligadas entre si e coordenadas. A
queima deve ser feita observando-se
todos os preceitos de segurança, bem
como os fatores climáticos, de modo a
evitar que novos focos de fogo sem
controle sejam criados.
O principal equipamento para
queima é o queimador para incêndios
controlados ou “pinga fogo”. Podem ser
empregados também tochas e outros
meios disponíveis.
Para a manutenção serão
empregados com freqüência: bombas e
mochilas costais, bombas de combate a
incêndio, pás e machados-picaretas ou
“pulaskis”.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
70
FIGURA 65 – GQ atuando em construção de
linha de aceiro com fogo de eliminação.
FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning
4.1.3 Guarnição de Tombamento (GT)
A guarnição de Tombamento é
composta por dois bombeiros,
trabalhando com motosserras sob a
direção de um chefe, que deverá atuar
como vigia da segurança do trabalho.
FIGURA 66 – Guarnição de tombamento
trabalhando com motosserra.
FONTE: Acervo de Major QOBM Fernando R. Schuning
Todos os componentes da
guarnição deverão portar EPI e deve-se
atentar para peso da ponta das arvores,
direção do vento, proximidade de outras
árvores, proximidade de outras
guarnições ou pessoas, galhos soltos ou
secos, direção da inclinação da árvore,
inclinação do terreno, espécies de árvore
e disposição da mata.
Deve-se prever uma via de fuga
antes de ser tombada a árvore.
4.2 SOCORRO DE INCÊNDIOS
FLORESTAIS
É o conjunto de guarnições sob o
comando de um chefe de socorro e tem
por finalidade dar atendimento a todas
as solicitações de incêndios florestais.
4.3 PRONTIDÃO DE INCÊNDIOS
FLORESTAIS
É o conjunto de homens e
equipamentos alojados em centros de
socorros, com a finalidade de dar
atendimento aos pedidos de socorro
dentro de uma determinada área de
segurança. Uma prontidão de incêndios
florestais é formada de um ou mais
socorros. O comandante das ações de
combate a incêndios florestais recebe a
designação de comandante do incidente
(CI).
As prontidões de incêndios
florestais são classificadas em:
Reduzida;
Padrão;
Ampliada.
4.3.1 Prontidão Reduzida
É composta por um chefe de
socorro, uma guarnição de bomba, um
condutor de viatura leve, um condutor
de viatura pesada e uma guarnição de
combate a incêndios florestais (GCIF),
totalizando um mínimo de 11
combatentes.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
71
4.3.2 Prontidão Padrão
A prontidão padrão de combate a
incêndios florestais é apresentada no
esquema abaixo:
FIGURA 67 – Prontidão padrão de incêndios
florestais.
FONTE: Produzido pelo autor (EB).
01 Chefe do Socorro;
01 Adjunto do Socorro;
01 Condutor ABT;
04 Condutores de Pick-up 4 x 4;
19 combatentes florestais.
TOTAL: 26 COMPONENTES
O Chefe do Socorro assumirá a
função do Comandante do Incidente até
que seja feita a transferência de
comando.
4.3.3. Prontidão Ampliada
A prontidão ampliada será
estabelecida em situações de incêndios
florestais que ultrapassem a capacidade
rotineira de resposta da prontidão
padrão.
A administração de um evento
desta natureza tem por base a
ferramenta do Sistema de Comando de
Incidentes.
A prontidão ampliada será
comandado por um diretor de incêndio
florestal que receberá a designação de
Comandante do Incidente (CI).
Por se tratar de um evento de
grandes proporções o CI terá ao seu
dispor uma estrutura completa de apoio
operacional e administrativo,
estabelecendo, conforme a necessidade,
o “Staff de Comando”, compreendendo:
Oficial de Segurança;
Oficial de Informações Públicas;
Oficial de Ligação.
Poderá ser estabelecido ainda, o
“Staff Geral” do incidente, constituído
de:
Seção de Planejamento;
Seção de Operações;
Seção de Logística;
Seção de Administração e
Finanças.
Cada uma das Seções do Staff
Geral deverá verificar da necessidade de
estabelecer suas unidades, conforme a
situação requeira ou o Comandante do
Incidente solicite.
As guarnições operacionais serão
constituídas na Seção de Operações,
com capacidade de se expandir e retrair.
A figura 68 apresenta um modelo
de organograma a ser estabelecido para
uma prontidão ampliada de combate a
incêndios florestais.
O número de combatentes
designados para uma prontidão
ampliada varia de acordo com a situação
e magnitude do incêndio florestal que se
está combatendo.
Tendo em vista que um dos
princípios do SCI trata da terminologia
comum na designação de funções,
foram feitas algumas adaptações
necessárias, porém sem comprometer
os conceitos já vistos.
Chefe do
Socorro
GB GQ GCIF GCIF GCIF
Adjunto
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
72
.
AUTOR: Major QOBM Edemilson de Barros
FIGURA 68 – Organograma de uma prontidão ampliada de combate a incêndios florestais
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
73
5
TÉCNICAS E TÁTICAS DE
COMBATE
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
74
5. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE
A INCÊNDIOS FLORESTAIS
O combatente florestal deve ter
em mente que a prevenção é a primeira
linha de defesa contra os incêndios
florestais. Se a ocorrência de incêndios
em áreas florestadas ou reflorestadas
pudesse ser totalmente prevenida, todos
os danos produzidos pelo fogo
poderiam ser evitados. Um incêndio
prevenido não precisa ser combatido e
não causa nenhum dano. Entretanto,
mesmo se adotando as melhores
técnicas de prevenção, incêndios
ocorrerão, necessitando de uma rápida e
decidida ação de combate.
A operação de combate envolve
NOVE etapas distintas:
DETECÇÃO;
COMUNICAÇÃO;
MOBILIZAÇÃO;
CHEGADA AO LOCAL;
ESTUDO DA SITUAÇÃO;
COMBATE AO INCÊNDIO;
RESCALDO;
DESMOBILIZAÇÃO;
REGRESSO DAS GUARNIÇÕES.
5.1 DETECÇÃO
Tempo decorrido entre a ignição
ou início do fogo e o tempo que ele é
visto por alguém.
Quanto menor o fogo mais fácil o
seu combate. Por isto, a capacidade de
detectar ou descobrir rapidamente os
focos de incêndio é um dos principais
objetivos dos serviços de prevenção e
combate aos incêndios florestais.
As reflorestadoras e alguns
parques localizados em áreas de risco
de incêndios florestais possuem
sistemas de detecção que facilitam o
trabalho das equipes de combate. O
sistema normalmente é composto por
dispositivos que permitem descobrir e
comunicar à pessoa responsável pelo
combate, todos os incêndios que
ocorrerem na área antes que o fogo se
torne muito intenso, de modo a
viabilizar o combate o mais rápido
possível, bem como localizar o fogo com
precisão suficiente para permitir às
equipes de combate chegarem ao local
pela rota mais curta, no menor intervalo
de tempo possível.
As torres de vigilância
constituem-se no mais prático e eficiente
meio de detecção, localização e
informação de incêndios florestais.
FIGURA 69 – Torre de vigilância
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
O serviço executado pelo Corpo
de Bombeiros não contempla tal
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
75
atividade e a detecção dos incêndios
florestais, via de regra, é informada às
centrais de operações por meio de
contatos telefônicos, via sistema de
comunicação VHF com órgãos
ambientais ou por meio de informações
de aeronaves que sobrevoam áreas
atingidas por incêndios florestais.
5.2 COMUNICAÇÃO
Tempo compreendido entre a
detecção do fogo e o recebimento da
informação pela Central de Operações
do Corpo de Bombeiros.
Um sistema de comunicação
eficiente definirá o sucesso no combate
a um incêndio florestal. Além das linhas
de emergência (193/199), é importante
que a central seja provida de um sistema
de comunicação que permita o acesso
ao maior número possível de
frequências dos órgãos de apoio, tais
como batalhões ambientais, órgãos
ambientais municipais, estaduais,
federais, e concessionárias de serviços
em estradas. O sistema VHF tem
se destacado nas missões executadas,
entretanto o mesmo se tornará mais
eficiente com a instalação de repetidoras
em pontos elevados. Deve-se sempre
prever a comunicação entre todas as
equipes de combate e a Central de
Operações ou o Posto de Comando do
Incidente.
5.3 MOBILIZAÇÃO
Tempo decorrido entre o
recebimento da informação da
existência do fogo e o deslocamento das
guarnições para o combate.
Após a detecção, comunicação e
localização do incêndio é necessário que
a equipe responsável pelo combate seja
rapidamente mobilizada para se dirigir
ao local do fogo.
Portanto, nos períodos críticos à
eclosão dos incêndios florestais, é
importante que sejam mantidas
guarnições em prontidão para uma
eventual e rápida resposta.
O treinamento das equipes de
combate, principalmente a de primeira
resposta, é fundamental para se
conseguir um rápido controle do
incêndio. Neste treinamento o
responsável pela ação inicial deve definir
claramente as atribuições e
responsabilidades de todo o efetivo
empregado.
O tempo de viagem ou de
locomoção é talvez o ponto mais crítico
entre as várias fases que precedem o
combate propriamente dito. Se o
incêndio é muito distante e as vias de
acesso são precárias, o tempo
consumido no deslocamento da equipe
poderá permitir um grande aumento do
perímetro do fogo, dificultando seu
combate. Por este motivo é importante
uma manutenção de estradas e aceiros
nas áreas de risco.
Quando possível é interessante a
descentralização das equipes de
combate, de modo que se possa sempre
mobilizar a equipe mais próxima do
local do incêndio.
5.4 CHEGADA AO LOCAL
Tempo compreendido entre a saída
do pessoal de combate e a chegada da
primeira equipe ao incêndio. A primeira
equipe de resposta deverá manter a
Central de Operações informada de sua
chegada ao local, bem como da situação
inicialmente constatada no local.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
76
5.5 ESTUDO DA SITUAÇÃO
O combatente de maior posto ou
grau hierárquico, com capacidade de
resposta e decisão deverá assumir o
comando local do incidente, sendo
responsável para avaliar o
comportamento do fogo e planejar a
estratégia de combate.
Para tanto ele deverá lançar mão da
TARJETA DE CAMPO, que é um
instrumento de auxílio ao primeiro
respondedor que chega ao local do
incêndio florestal.
Guia de trabalho para o período inicial
no Sistema de Comando de Incidentes
Oito passos a seguir se você é o
primeiro a chegar à cena com
capacidade operacional:
1. Informar à base de sua chegada à zona
de impacto.
2. Assumir e estabelecer o Posto de
Comando.
3. Avaliar a situação.
4. Definir um perímetro de segurança.
5. Estabelecer seus objetivos.
6. Determinar as estratégias.
7. Determinar a necessidade de recursos e
possíveis instalações.
8. Preparar as informações para transferir
o comando.
Ao estabelecer o Posto de Comando,
assegure-se que este tenha:
Segurança e visibilidade
Facilidades de acesso e circulação
Disponibilidade de comunicações
Lugar distante da cena, do ruído e
da confusão.
Capacidade de expansão física.
Aspectos a considerar ao avaliar a
situação:
1. Qual é a natureza do incidente?
2. O que ocorreu?
3. Quais ameaças estão presentes?
4. Qual o tamanho da área afetada?
5. Como poderia evoluir?
6. Como seria possível isolar a área?
7. Quais seriam os lugares mais
adequados para PC, E e ACV?
8. Quais são as rotas de acesso e de saída
mais seguras para permitir o fluxo de
pessoal e do equipamento?
9. Quais são as capacidades presentes e
futuras, em termos de recursos e
organização?
Ao estabelecer um perímetro de
segurança devem ser considerados os
seguintes aspectos:
Tipo do Incidente .
Tamanho da área afetada.
Topografia.
Localização do incidente em
relação à via de acesso e áreas
disponíveis ao redor.
Áreas sujeitas a
desmoronamentos, explosões
potenciais, queda de escombros,
acidentes com cabos elétricos.
Condições atmosféricas.
Possível entrada e saída de
veículos.
Coordenar a função de isolamento
perimetral com o organismo de
segurança correspondente.
Solicitar ao organismo de
segurança correspondente a
retirada de todas as pessoas que
se encontrem na zona de impacto,
exceto o pessoal de resposta
autorizado.
Ao transferir o comando considere os
seguintes aspectos:
Estado do incidente.
Situação atual de segurança.
Objetivos e prioridades.
Organização atual.
Designação de recursos.
Recursos solicitados e a caminho.
Instalações estabelecidas.
Plano de comunicações.
Provável evolução.
Um dos erros mais frequentes no
combate é a precipitação na tomada das
primeiras decisões. Isto pode, às vezes,
dificultar ou retardar a ação de combate,
quando por exemplo se constroem
aceiros em locais inadequados ou se
criam novas frentes de fogo por meio de
contra-fogos mal colocados.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
77
Por este motivo, o responsável pela
ação de combate deve estudar
detalhadamente a situação antes de
tomar qualquer decisão.
O estudo da situação compreende,
por exemplo, o dimensionamento do
fogo (tamanho, extensão da frente,
velocidade de propagação e
intensidade), condições climáticas, tipo
de vegetação, rede de aceiros, estradas,
locais para captação de água e
possibilidade do emprego de aeronaves.
5.6 COMBATE AO INCÊNDIO
Tempo decorrido na operação de
combate ou eliminação definitiva do
incêndio, incluindo o rescaldo.
Não existem condições para
ocorrência ou propagação de um
incêndio na ausência de qualquer um
dos elementos do triângulo do fogo, isto
é, calor, oxigênio e combustível.
Portanto o princípio básico do
combate aos incêndios é remover um ou
mais desses elementos, da maneira mais
rápida e eficiente possível.
O combustível pode ser removido
por meio de um aceiro. O oxigênio pode
ser reduzido temporariamente por meio
de abafamento ou aplicação de água. E o
calor pode ser reduzido empregando
resfriamento com água ou terra.
Para se controlar um incêndio
florestal, com uma ou mais equipes de
combate, existem duas estratégias que
podem ser empregadas: ATAQUE
DIRETO E ATAQUE INDIRETO.
5.6.1 Ataque Direto
Neste método o fogo é diretamente
atacado com abafadores ou por meio da
aplicação de água ou terra.
O ataque direto somente pode ser
feito em incêndios de baixa intensidade,
que permitam aproximação suficiente do
pessoal de combate. Deve-se iniciar o
ataque pelos flancos do fogo até chegar
à cabeça.
Há casos onde já existe um
aumento na caloria e o ataque direto é
feito com uma linha de homens, sendo
que cada um bate no fogo com
abafadores e sai para que o próximo
realize o mesmo serviço. Desta forma, a
exposição dos combatentes ao fogo se
reduz.
FIGURA 70 – Ataque direto por meio de
abafadores.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
Sempre que possível deve-se
utilizar a água no ataque direto, seja
com viaturas ou bombas/mochilas
costais, pois há uma redução
significativa na caloria gerada pelo
incêndio que possibilita uma maior
aproximação do combatente à frente de
fogo. O emprego desta técnica permite
que homens realizem o trabalho com
bombas costais e abafadores, com
excelentes resultados na ação de
controle das chamas.
Ao optar por tal estratégia
devemos prever uma rota de fuga
segura, bem como um ponto onde a
guarnição se reúna na necessidade de se
evacuar a área em uma situação de
emergência.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
78
FIGURA 71 – Ataque direto bombas costais
(no caso a linha férrea serve como rota de
fuga).
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros.
5.6.2 Ataque Indireto
Este método é utilizado quando a
intensidade do fogo é alta e não há
possibilidade de se aproximar do
mesmo. Neste caso, deve-se abrir um
aceiro largo na frente do fogo para que
o mesmo cesse ao encontrar o aceiro.
Pode-se também abrir o aceiro e
usar contra-fogo para ampliá-lo ainda
mais.
FIGURA 72 – Construção de linha de aceiro.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros.
O trabalho de construção de
aceiros deve ser feito a uma distância
segura da frente de fogo a fim de
viabilizar a conclusão do serviço antes
da chegada do fogo.
O contra-fogo é uma técnica
eficiente, entretanto deve ser utilizada
somente por pessoal experiente, mesmo
assim tomando todas as medidas de
segurança necessárias. Também no
método indireto é necessário fazer o
rescaldo, ou seja, apagar por meio do
ataque direto todos os vestígios de fogo
dentro da área queimada.
Para a construção da linha de
aceiro pode-se empregar tratores, que
facilitam sobremaneira o trabalho das
guarnições, além de proporcionar um
ganho substancial na progressão da
equipe.
Usualmente se utiliza na confecção
de linhas de aceiro uma distância de
pelo menos uma vez e meia o tamanho
da vegetação predominante, entretanto
fatores do clima, principalmente a ação
do vento, pode gerar situações onde a
frente de fogo ultrapasse o aceiro
confeccionado.
Caso se utilize homens para tal
evento existem duas maneiras de se
realizar o aceiro:
5.6.2.1 Aceiro Progressivo
Técnica na qual a guarnição de
combate a incêndios florestais tem um
passo constante, ou seja, após o chefe
da equipe definir o comprimento,
traçado e forma de construção da linha
de aceiro, ele adentra à vegetação
iniciando a marcação, sendo que logo
em seguida iniciam-se os trabalhos das
ferramentas de corte e raspagem, que
vão caminhando e limpando a área.
Ao final todos se encontram no
ponto preestabelecido pelo chefe da
equipe, estando concluído o trabalho.
Quando o aceiro progressivo é
executado de forma rápida e com uma
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
79
pequena largura, com o objetivo de
diminuir a carga do combsutível, para
que se possa realizar um contra fogo,
ele é conhecido como “golpe único” ou
“método paralelo”.
FIGURA 73 – Construção de linha de aceiro –
técnica aceiro progressivo.
FONTE: Acervo do Corpo de Bombeiros.
5.6.2.2 Aceiro por Setor
Nesta técnica, o chefe da
guarnição necessita posicionar cada
integrante da mesma em determinado
ponto, estando os mesmos
equidistantes. Ao comando de iniciar o
trabalho cada um dos integrantes é
responsável por um determinado setor,
que deverá estar limpo no término do
mesmo.
Se compararmos as duas técnicas
acima descritas observamos haver
diferenças significativas entre ambas,
pois no aceiro progressivo se emprega
diferentes ferramentas, contrariamente
ao aceiro por setor, onde se necessita
que cada integrante possua ferramenta
semelhante para executar o serviço.
A experiência tem mostrado que
o aceiro progressivo é executado de
forma mais rápida, porém a qualidade
do serviço normalmente é melhor no
aceiro por setor.
A utilização de uma ou outra
técnica dependerá das condições que se
apresentarem, como tamanho da frente
de fogo, distância da mesma à linha de
aceiro e velocidade de propagação.
Devemos lembrar também que
em muitas ocasiões basta raspar uma
pequena área (quebra da continuidade
do material combustível) e roçar a
vegetação próxima (quebra do arranjo
vertical e diminuição da carga do
material combustível – bordadura).
5.6.2.3 Princípios de Construção de
Aceiros
Execute o aceiro após considerar
os quinze tópicos apresentados no
quadro a seguir:
1. Execute a linha de aceiro a uma
distância que possibilite o término da
mesma antes da chegada da frente de
fogo;
2. Calcule o tempo de forma que a
guarnição não execute apenas a linha
de aceiro, mas também outros
trabalhos necessários;
3. Fazer uma linha de aceiro curta e
estreita é a forma mais rápida e
prática;
4. Procure utilizar rotas fáceis, que
não sacrifiquem a guarnição.
5. Elimine a possibilidade de riscos
vindos da área queimada. Procure
isolar pontos considerados críticos
como arbustos secos, combustível
morto, etc.;
6. Evite pontos quentes na linha de
aceiro, como ângulos retos, que
propiciam um encontro de fogo
gerando intensa caloria;
7. Procure utilizar barreiras naturais e
barreiras construídas pelo homem;
8. Use maquinário quando possível
para a construção do aceiro;
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
80
9. Faça a previsão para socorro de
feridos a qualquer momento;
10. Considere o meio ambiente
predominante;
11. Percorra a linha de aceiro várias
vezes para certificar-se do serviço;
12. Oriente que na área raspada o
solo mineral deve ser exposto;
13. Avise a guarnição para ficar atenta
quanto aos riscos de acidentes com
répteis, rochas e troncos que podem
rolar;
14. Fique atento para a utilização dos
EPIs necessários;
15. Após concluído o serviço coloque
combatentes estrategicamente
posicionados, portando bombas
costais, que atuarão em caso do fogo
ultrapassar a linha de aceiro.
5.6.3 Técnicas de Queimadas
Em muitas situações o emprego
do fogo pode ser uma medida eficiente
no controle dos incêndios florestais; são
as chamadas “queimas controladas”.
Quando for realizar este tipo de
combate, devem ser observados os
fatores ambientais, tais como velocidade
e direção do vento, umidade relativa do
ar e condições atmosféricas. Em
hipótese alguma novos incêndios
florestais devem ser gerados devido ao
emprego das técnicas de queima.
A queima pode ser realizada com
a finalidade de se aumentar um aceiro,
também chamada de fogo de
eliminação, bem como pode ser
empregada por meio da técnica fogo
contra fogo, onde é feito um fogo à
frente da cabeça do incêndio de modo
que este “caminhe” de encontro ao fogo
principal, consumindo o combustível
florestal, porém com menor velocidade
de propagação devido ao fato de estar
progredindo contra a direção do vento.
A queima pode ser empregada na
prevenção de incêndios, com a aplicação
das técnicas que serão abordadas no
capítulo 6.
5.7 RESCALDO
O rescaldo é a operação que deve
ser tomada após o fogo extinto, para
evitar que ele se reative e volte a se
propagar.
O rescaldo inclui as seguintes
tarefas:
1. Descobrir e eliminar possíveis
“incêndios de pontos”, causados por
fagulhas lançadas na frente do fogo;
2. Ampliar o aceiro ou faixa limpa em
torno da área queimada, para melhor
isolamento da mesma;
3. Derrubar e enterrar árvores ou
arbustos que ainda estejam
queimando ou em incandescência,
para evitar que lancem fagulhas;
4. Eliminar, utilizando água ou terra,
todos os resíduos de fogo dentro da
área queimada (encobrir troncos com
terra);
5. Manter patrulhamento, com número
suficiente de pessoas até que não haja
mais perigo de reativação do fogo.
Voltar no dia seguinte para nova
verificação;
6. Confinar toda a área queimada
executando a raspagem no limite de
separação do combustível queimado
(linha de controle).
5.8 COMBATE INICIAL
O combate inicial consiste na
primeira adoção de medidas visando o
controle de um incêndio florestal. Os
recursos de pessoal e materiais
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
81
necessários ao ataque inicial dependem
do risco do incêndio, tipo de
combustível, bens a proteger e outros
valores. Normalmente se caracteriza por
envolver poucos recursos em pequenos
incêndios.
A grande maioria dos incêndios
atendidos pelo Corpo de Bombeiros são
controlados por meio do ataque inicial.
5.8.1 Características do combate inicial
Utiliza poucos recursos para seu
controle (1 GCIF);
Normalmente abrange princípios de
incêndios, pequenos e médios
incêndios;
Normalmente limita-se a um
período único de combate, mas que
pode evoluir;
Não requer um Plano de Operações
de Combate (Plano de Ação do
Incidente);
O combate inicial é comandado
pelo combatente mais experiente
que responde pela função de
Comandante do Incidente.
5.8.2 Informações Iniciais
Procure considerar as
informações preliminares, conforme
abaixo descrito:
Nome do informante;
Localização do incêndio;
Melhor acesso;
Proprietário da área;
Tamanho aproximado;
Como o fogo está propagando;
Causa inicial;
Bens a proteger.
5.8.3 Localizando o incêndio
Use mapas, cartas da região e
mídia eletrônica disponível (Ex.: Google
Earth) para:
Determinar e marcar a posição, por
meio de coordenadas;
Determinar a melhor rota de
acesso;
Verificar riscos e facilidades no
local do incidente;
Analisar a melhor forma de
combater e controlar o incêndio.
5.8.4 Análise do comportamento do
fogo
Verifique as principais questões a
respeito do comportamento do fogo,
considerando fatores que venham a
afetá-lo. Considere o índice de perigo
para o local em questão.
5.8.5 Procedimentos no deslocamento
O deslocamento deve ser seguro.
Todos os combatentes devem utilizar o
cinto de segurança. Os materiais e
equipamentos devem estar separados
dos componentes da guarnição e a
viatura deverá ser estacionada em local
seguro.
Em grandes incidentes, deverá
deslocar para a Área de Espera e
aguardar ordens.
Mentalize as informações colhidas
previamente e aquelas que sejam
informadas pela Central de Operações
durante o trajeto:
Tipo de combustível predominante;
Acessos;
Barreiras à propagação do fogo;
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
82
Proprietário;
Históricos de outros incêndios na
área;
Recursos disponíveis;
Forças reservas disponíveis.
Considerações importantes sobre
o comportamento do fogo:
Combustível;
Topografia;
Clima;
Como este incêndio se comportará
comparado com áreas similares?
O risco de incêndio cresce ou
decresce?
Considere os indicadores do
clima:
Cheque o vento. É forte ou fraco?
Sopra para a mesma direção
sempre?
Existem correntes de vento ou
turbilhonamentos que indiquem
mudanças severas no comporta-
mento do fogo?
São desfavoráveis as mudanças
climáticas iminentes?
Após visualizar a coluna de
fumaça:
Cheque o volume, tamanho, cor,
direção, densidade e formato;
Verifique a expectativa do
comportamento do fogo pela
observação da coluna de fumaça.
Ao se aproximar do fogo:
Procure por pessoas na área, anote
placas de veículos ou outras
informações que possam identificar
as prováveis causas;
Use cautela na aproximação;
Determine rotas de escape;
Procure por rotas de acessos
alternativas;
Procure por evidências de como o
fogo foi iniciado e preserve-as.
5.8.6 Chegada na área do incêndio:
Procure adotar os passos previstos
na Tarjeta de Campo;
Tenha em mente que o incêndio
deve ser combatido rapidamente,
entretanto jamais esquecer da
segurança e proteção de toda a
equipe, materiais e equipamentos.
Jamais se aproximar pela frente da
linha de fogo;
Viaturas devem ser estacionadas
em locais seguros, acessíveis, com
janelas fechadas e chaves na
ignição prontas para uma saída
rápida (estabeleça uma Área de
Espera);
Se a situação permitir faça o
reconhecimento da área, porém
sempre prevendo rota de fuga.
MENTALIZE OS SEGUINTES PASSOS
1º Passo
Formule um plano de combate
inicial logo após o reconhecimento. Ele
deve ser rápido e baseado no tamanho
do incêndio a ser combatido. A intenção
é de iniciar o trabalho logo que possível.
Para tanto, considere:
Localização da Rota de Fuga;
Riscos especiais, como tocos em
brasa e pontos quentes;
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
83
Bons pontos de fuga, como
estradas, áreas queimadas, etc.;
Onde atacar o fogo (flancos);
Como atacar o fogo (direta,
indiretamente ou queimada);
Possibilidade do uso de água por
meio de viaturas ou bombas;
Possibilidade de apoio aéreo;
Tipo de aceiro necessário;
Existência de barreiras que podem
ser usadas;
Quando novos recursos de apoio
chegarão;
Como a topografia afetará o
comportamento do fogo;
Localização e preservação do ponto
de origem do incêndio.
2º Passo
Converse com a guarnição antes
de iniciar o trabalho. Repasse
claramente as ordens, pois as ações
definidas no estágio inicial indicarão o
sucesso ou não do combate inicial.
Inicie o combate pelos flancos,
para atingir a cabeça, a fim de extinguir
o fogo rapidamente ou diminuir sua
propagação. Exceções ocorrerão:
Fogo caminha em direção a uma
barreira natural que impedirá sua
propagação;
Existem bens a ser protegidos em
outros locais fora do perímetro do
fogo;
Vários fogos esparsos em
combustíveis fora do perímetro do
foco principal, mas que podem
resultar em um aumento na
propagação;
Fogo está subindo morro, próximo
ao horário de inversão térmica.
3º Passo
Após adotadas as medidas de
supressão e iniciadas as ações de
controle, continue avaliando o incêndio,
reúna informações e procure determinar
a sua causa.
5.8.7 Avaliações do Combate Inicial
Caminhe em torno do fogo, ou
procure um ponto elevado onde seja
possível visualizá-lo amplamente. Se
pequeno, a avaliação é feita
rapidamente, enquanto se caminha pelo
seu perímetro. Em casos maiores, ou
ocorrendo rápida propagação, procure
um bom ponto de visualização, ou até
mesmo uma aeronave pode ser
necessária. Utilize observadores se
necessário. Considere o seguinte:
Segurança – procure por áreas de
risco e avalie as rotas de escape;
Ponto de origem e causa;
Tamanho do fogo;
Perímetro do fogo;
Bens a frente da linha de fogo;
Clima;
Comportamento do fogo – Qual a
expectativa;
Intensidade do Fogo;
Tipo de combustível;
Topografia;
Hora do dia.
Avaliação Plano de Combate
Inicial:
O combate inicial está dando
resultados. Se não, por quê?
São necessários recursos
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
84
adicionais?
Em quanto tempo será finalizada a
linha de aceiro?
Haverá mudanças climáticas, no
combustível e na topografia que
causarão impactos significativos no
comportamento do fogo?
A propagação e intensidade são
maiores que a esperada. Reporte
imediatamente ao superior.
Bens a proteger.
Se o plano do combate inicial
estiver funcionando, continue. Caso não,
mude o plano e implemente as
mudanças. Informe a Central de
Operações caso a complexidade do
incêndio exceder a capacidade
operacional de combate.
Solicite apoio sempre que julgar
necessário.
5.8.8 Informações iniciais a serem
reportadas
Assim que possível, as
informações abaixo listadas devem ser
reportadas à Central de Operações.
Qualquer alteração a respeito da
evolução do incêndio deve ser
constantemente informada.
Localização exata;
Acessos;
Tipo de terreno;
Tamanho do fogo;
Causa (se possível);
Bens a proteger;
Hora estimada do controle;
Clima;
Recursos utilizados;
Recursos necessários;
Comportamento do fogo.
5.9 COMBATE A GRANDES INCÊNDIOS
Quando não for possível o
controle pelo combate inicial, onde é
necessária a presença de recursos que
devem ser organizados pelo Diretor de
Operações Florestais, deverão ser
adotadas medidas de instalação do
Sistema de Comando de Incidentes.
5.9.1 O Sistema de Comando de
Incidentes
O conceito de Sistema de
Comando de Incidentes foi desenvolvido
há mais de 30 anos, após um incêndio
florestal que devastou a Califórnia.
Durante treze dias, no ano de 1970,
dezesseis vidas foram perdidas, mais de
setecentas edificações, de todas as
naturezas, foram destruídas e mais de
meio milhão de acres de vegetação
foram queimados. O custo total
estimado com as perdas durante os
incêndios foram de US$ 18 milhões por
dia. E, embora todas as agências e
instituições que responderam aos
incêndios tenham dado o melhor de si, a
falta de comunicações integradas e
coordenação entre elas levaram à perda
de efetividade das ações desenvolvidas.
Como resultado disso, o
Congresso americano determinou ao
Serviço Florestal dos Estados Unidos da
América que desenvolvesse um sistema
que daria “um grande salto na
capacidade das agências de proteção de
incêndios florestais do sul da Califórnia
de efetivamente coordenar ações
integradas e alocar recursos para
combate a situações dinâmicas de
múltiplos incêndios”.
O Departamento de Proteção
Florestal e de Incêndios da Califórnia,
Secretaria de Serviços de Emergência, os
Corpos de Bombeiros dos Condados de
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
85
Los Angeles, Santa Bárbara e Ventura e o
Corpo de Bombeiros da cidade de Los
Angeles se juntaram ao Serviço Florestal
dos EUA para desenvolver o sistema.
Este sistema, inicialmente, ficou
conhecido como FIRESCOPE (FIrefighting
RESources of California Organized for
Potential Emergencies). Em 1973, a
primeira equipe técnica do FIRESCOPE foi
estabelecida para conduzir as pesquisas
e o desenvolvimento do projeto. Os dois
principais componentes que resultaram
deste trabalho foram o Incident
Command System (Sistema de Comando
de Incidentes) e o Multi-Agency
Coordination System (Sistema de
Coordenação de Múltiplas Agências).
Após analisar os resultados
desastrosos da atuação integrada e
improvisada de diversos órgãos e
jurisdições naquele episódio, o
FIRESCOPE concluiu que o problema
maior não estava na quantidade nem na
qualidade dos recursos envolvidos, o
problema estava na dificuldade em
coordenar as ações de diferentes órgãos
e jurisdições de maneira articulada e
eficiente.
O FIRESCOPE identificou inúmeros
problemas comuns às respostas a
sinistros envolvendo múltiplos órgãos e
jurisdições, tais como:
Falta de uma estrutura de comando
clara, definida e adaptável às
situações;
Dificuldade em estabelecer
prioridades e objetivos comuns;
Falta de uma terminologia comum
entre os órgãos envolvidos;
Falta de integração e padronização
das comunicações;
Falta de planos e ordens
consolidadas.
Os esforços para resolver essas
dificuldades resultaram no
desenvolvimento do modelo original do
SCI para gerenciamento de incidentes.
Entretanto, o que foi originalmente
desenvolvido para combate a incêndios
florestais, evoluiu para um sistema
aplicável a qualquer tipo de emergência
e, muito do sucesso do SCI, é resultado
da aplicação direta de uma estrutura
organizacional comum e princípios de
gerenciamento padronizados.
Durante meados dos anos 1970,
as agências que integravam o FIRESCOPE
concordaram formalmente em adotar os
procedimentos e terminologia comuns
desenvolvidos para o SCI, conduzindo
experiências práticas do uso da
ferramenta. Em 1980, o SCI já havia sido
utilizado com sucesso na maioria dos
grandes incêndios florestais e urbanos
daquela época. Foi formalmente adotado
pelo Corpo de Bombeiros de Los
Angeles, pelo Departamento de Proteção
Florestal e de Incêndios da Califórnia e
pela Secretaria de Serviços de
Emergência, além de ter sido endossado
pela Diretoria de Serviços de Incêndio
daquele estado americano.
Em 1981 o Sistema de Comando
de Incidentes é alterado e melhorado
para atender aos padrões nacionais de
atendimento às emergências e
desastres, e, em 1982, toda a
documentação do Sistema de Comando
de Incidentes é revisada de acordo com
a terminologia e organização do NIIMS
(National Interagency Incident
Management System), que é o Sistema
Nacional de Gerenciamento
Interinstitucional de Incidentes. Este
sistema é utilizado para integrar os
níveis federal, estadual e municipal na
resposta aos desastres nos EUA.
Em virtude do sucesso relatado
pelos órgãos de emergência americanos
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
86
que utilizavam o Sistema de Comando
de Incidentes no gerenciamento de
emergências, o presidente americano,
George W. Bush expediu no dia 28 de
fevereiro de 2003, a Diretiva Presidencial
de nº. 5 (HSPD 5) - Homeland Security
Presidential Directive nº 5. Por meio
desta Diretiva foi criado o Sistema
Nacional de Gerenciamento de
Emergências (NIMS – National Incident
Management System), sendo que o
Sistema de Comando de Incidentes (ICS
– Incident Command System) foi
estabelecido como sendo a ferramenta
de gerenciamento de emergências
oficialmente a ser utilizada em território
norte-americano, independentemente da
causa, magnitude ou complexidade do
evento.
Nos Estados Unidos o Sistema de
Comando de Incidentes foi testado e
validado em resposta a vários tipos de
incidentes e situações emergenciais ou
não, tais como: resposta a desastres
naturais, emergências com produtos
perigosos, acidentes com múltiplas
vítimas, eventos planejados
(celebrações, paradas militares,
concertos, etc.), operações policiais
envolvendo outros órgãos, catástrofes,
incêndios, missões de busca e
salvamento, programa de vacinação em
massa.
A correta utilização do Sistema de
Comando de Incidentes vai permitir que
sejam atingidos três objetivos principais
durante o atendimento de um incidente:
A segurança dos respondedores do
incidente, bem como de todas as
pessoas envolvidas ou atingidas
pelo evento;
O cumprimento dos objetivos
táticos definidos para o
desenvolvimento das ações
relacionadas ao incidente;
O uso eficiente dos recursos
disponibilizados.
A flexibilidade inerente à
ferramenta faz com que ela possa
expandir ou contrair para atingir as
diferentes necessidades impostas pelo
evento que se está atendendo. Esta
flexibilidade torna o método de
gerenciamento efetivo para qualquer
situação, complexa ou simples, tanto do
ponto de vista do custo operacional,
quanto do ponto de vista da eficiência
da abordagem gerencial.
Sendo utilizado de maneira
correta e respeitando-se os princípios
adotados para a ferramenta, o SCI deve
atingir as finalidades e os benefícios
para os quais o sistema foi
desenvolvido, que seriam:
Atender as necessidades dos
incidentes, independente do seu
tipo ou magnitude;
Permitir que o pessoal empregado
no evento, proveniente de uma
variada gama de agências,
organizações e instituições,
possam ser integrados rapidamente
e com eficiência a uma estrutura de
gerenciamento padronizada;
Prover suporte administrativo e
logístico ao pessoal da área
operacional;
Ser efetivo, do ponto de vista do
custo e do emprego dos recursos,
evitando-se a sobreposição de
esforços.
Neste capítulo, não se pretende
esgotar o assunto relativo ao Sistema de
Comando de Incidentes, apenas
proporcionar ao leitor conhecimentos
básicos que possibilitem sua integração
à ferramenta.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
87
Desta forma recomenda-se que
seja consultado o manual do Curso do
Sistema de Comando de Incidentes,
elaborado pela Secretaria Nacional de
Segurança Pública em 2008.
5.9.1.1 Princípios do SCI
O SCI é uma ferramenta de
gerenciamento. Sendo assim, ele possui
uma série de princípios que, colocados
em prática, torna-o uma ferramenta
adequada para coordenar a atuação
integrada de múltiplos órgãos em
situações diversas. Por isso, é
importante destacar que o SCI é muito
mais do que apenas um organograma
demonstrando as funções de cada um.
O SCI se baseia em nove
princípios, que devem ser seguidos para
o efetivo funcionamento da ferramenta:
Terminologia Comum;
Alcance de Controle;
Organização Modular;
Comunicações Integradas;
Plano de Ação do Incidente;
Cadeia de Comando;
Comando Unificado;
Instalações Padronizadas;
Gerenciamento Integral dos
Recursos.
5.9.1.2 Estrutura e Funções do SCI
O Sistema de Comando de
Incidentes está baseado em oito
funções, sendo uma delas o Comando
do Incidente e as demais estão divididas
em dois Staffs:
Comandante do Incidente;
Staff Geral:
Planejamento;
Operações;
Logística;
Administração e Finanças;
Staff do Comando:
Segurança;
Informações Públicas;
Ligação.
5.9.1.3 Instalações do SCI
Instalações são espaços físicos ou
estruturas fixas ou móveis, designadas
pelo Comandante do Incidente (CI) para
cumprir uma função específica no SCI.
As instalações do SCI incluem:
Posto de Comando (PC);
Área de Espera (E);
Área de Concentração de Vítimas
(ACV);
Base (B);
Acampamento (A);
Helibase (H);
Heliponto (H1).
5.9.1.4 Gerenciamento de Recursos
Recursos são definidos como
pessoal, equipes, equipamentos,
suprimentos e instalações disponíveis ou
potencialmente disponíveis para serem
utilizadas no apoio ao gerenciamento do
incidente ou nas atividades operacionais
de resposta.
A capacidade de gerenciar
recursos em um incidente é um fator
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
88
decisivo para a eficiência da resposta.
Desta forma, pelo princípio do
Gerenciamento Integral dos Recursos é
possível a categorização, solicitação,
despacho, controle e otimização do
emprego dos recursos.
Para a categorização é empregada
uma terminologia específica, bem como
o emprego dos recursos se dá pela
utilização de formulários de registro e
consulta que são descritos no manual da
SENASP já comentado.
5.9.1.5 Situação do Incidente
Durante o gerenciamento de um
incidente, uma das ações primordiais
para o controle efetivo das operações é
a criação e a implementação de quadros
situacionais que possam disseminar,
sucintamente, todas as informações
relevantes a respeito do evento,
informações essas que serão utilizadas
pelos operadores do SCI.
FIGURA 74 – Apresentação da Situação do
Incidente por meio de “Flip Chart”.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
Essas informações são
apresentadas por meio de quadros,
mapas, organogramas, etc. e são de
responsabilidade do Líder da Unidade de
Situação, o qual responde diretamente
ao Chefe da Seção de Planejamento.
Informações essenciais para os
quadros situacionais:
Histórico do incidente;
Objetivos;
Organograma;
Recursos;
Mapas da área do incidente.
5.9.1.6. Comunicações no incidente
A capacidade de se comunicar
entre os elementos do SCI é
absolutamente fundamental na resposta
a um incidente ou evento onde o
sistema esteja implementado. Isso nem
sempre é fácil, pois de um modo geral a
comunicação entre os órgãos que
respondem a emergências é dificultada
pela incompatibilidade entre
equipamentos e freqüências.
Por isso, é absolutamente
necessário que o SCI desenvolva um
Plano de Comunicações prevendo “quem
conversará com quem e como”. Para
garantir a integração, pode ser
necessário distribuir, trocar ou
programar equipamentos.
De acordo com a necessidade, o
Plano de Comunicações pode prever o
estabelecimento de diferentes redes de
comunicação:
Rede de Comando;
Rede Tática;
Rede Administrativa;
Rede Terra-Ar;
Rede Ar-Ar;
Rede de Suporte Médico;
Rede Estratégica.
Regras para uma comunicação
eficiente:
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
89
Empregue o equipamento na
freqüência que for determinada
pelo Comandante do Incidente.
Ao receber um equipamento de
comunicação procure testá-lo e
certificar-se da freqüência de
operação, bem como da
disponibilidade da carga da bateria,
caso equipamento portátil.
Procure falar a uma distância
aproximada de 10 cm do microfone
do equipamento.
Pense primeiro na mensagem a ser
transmitida e somente depois
acione o botão de transmissão.
Fale devagar e de modo claro, a fim
de ter certeza que o receptor
compreendeu a mensagem
transmitida.
Nunca pressione o botão de
transmissão enquanto estiver
recebendo ou quando a rede estiver
ocupada.
Proteja o microfone se houver
ventos em grande intensidade.
Evite conversas desnecessárias.
Priorize as mensagens e
principalmente as emergências.
Ao notar qualquer anomalia com o
equipamento, não tente desmontá-
lo, mas sim chame um técnico para
que o faça.
Não dê partida em viaturas com o
rádio transmissor ligado.
5.9.2 Características de um grande
Incêndio Florestal
O combatente inicial de um
incêndio florestal, ao verificar que as
ações iniciais não foram suficientes para
o controle do fogo, deverá ter em mente
as questões a seguir, as quais sugerem
estar tratando de um incêndio florestal
de grandes proporções:
A extensão do incêndio ultrapassa
45000 m2
(45 hectares).
Necessita de várias guarnições para
controle;
São necessários equipes de
Planejamento, Operações,
Logística e Administração e
Finanças;
Necessita de Operações Aéreas;
Necessita de elaboração de Plano
de Operações (Plano de Ação do
Incidente) para seu controle;
Necessita de montagem de
estruturas (Posto de Comando,
Área de Espera, Base,
Acampamento).
5.9.2.1 Transição entre o combate inicial
e o combate a um grande incêndio
florestal
Ao ser reportado pelo
Comandante do combate inicial que o
incêndio não está sendo suprimido pela
sua equipe torna-se necessário o
emprego de forças extras adicionais.
Deverão ser mobilizadas o mais rápido
possível novas equipes que se
deslocarão ao local do incêndio.
O responsável pelo ataque inicial
deverá providenciar a transferência de
comando:
Estabelecimento de um Posto de
Comando, onde receba as forças
extras, e repasse as informações.
Normalmente a própria viatura
indicará tal local.
Documentos e meios necessários a
organização das ações de combate
(formulários padronizados do SCI);
Situação do incêndio;
Progresso atingido pela equipe de
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
90
combate;
Recursos adicionais necessários;
Condições climáticas, especial-
mente mudanças severas;
5.9.2.2 Assunção do comando
Após a chegada, o Comandante
do Incidente (Diretor de Operações
Florestais) assumirá as funções de
coordenação, onde deverá adotar os
seguintes critérios:
Assumir o comando e estabelecer o
PC, obtendo informações sobre o
ataque inicial, bem como sobre o
desenvolvimento do incêndio;
Zelar pela segurança do pessoal e
da segurança pública;
Avaliar as prioridades do incidente;
Determinar os objetivos
operacionais;
Desenvolver e executar o Plano de
Ação do Incidente (PAI);
Desenvolver uma estrutura
organizacional apropriada;
Manter o alcançe de controle;
Administrar os recursos;
Manter a coordenação geral das
atividades;
Coordenar as ações das instituições
que se incorporarem ao Sistema;
Autorizar a divulgação das
informações pelos meios de
comunicação pública;
Manter um quadro de situação que
mostre o estado e aplicação dos
recursos. Neste caso verificar os
mapas da região, plotando os
locais de risco e posicionamento da
frente de fogo;
Encarregar-se da documentação e
controle de gastos e apresentar o
Relatório Final.
Conforme a necessidade o
Comandante do Incidente deverá
estabelecer sua equipe de apoio, sendo
o “Staff Geral” e “Staff de Comando”.
a. Staff Geral
O Staff Geral divide-se em quatro
seções que tem a responsabilidade de
uma área funcional específica no
incidente (Planejamento, Operações,
Logística, Administração/Finanças).
As Seções são funções
subordinadas diretamente ao CI; estão
sob a responsabilidade de um Chefe e
contém unidades específicas.
FIGURA 75 – Seções do “Staff Geral”.
FONTE: Manual SCI/SENASP - Adaptado pelo autor.
a.1 Seção de Planejamento
As funções dessa Seção incluem
recolher, avaliar, difundir e usar a
informação acerca do desenvolvimento
do incidente e manter um controle dos
recursos. Sob sua direção estão os
Líderes das Unidades de Recursos, de
Situação, de Documentação,
Desmobilização e Unidades Técnicas.
O Chefe da Seção de
Planejamento reporta-se ao CI,
determina a estrutura organizacional
interna da Seção e coordena as
atividades.
As responsabilidades do Chefe da
Seção de Planejamento, são:
Obter informações do CI sobre o
evento;
Ativar as unidades da Seção de
Comandante
do Incidente
Seção de Operações
Seção de Planejamento
Seção de Logística
Seção de Administração
e Finanças
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
91
Planejamento;
Estabelecer as necessidades e
agendas de informação para todo o
Sistema de Comando do Incidente
(SCI);
Notificar a unidade de recursos
acerca de todas as unidades da
Seção de Planejamento que tenham
sido ativadas, incluindo os nomes e
locais onde está todo o pessoal
designado;
Identificar a necessidade de uso de
recursos especializados;
Compilar e distribuir informações
resumidas acerca do estado do
incidente;
Recursos empregados disponíveis;
Recursos necessários;
Disponibilidade de reconhecimen-
to aéreo com fotos.
Disponibilidade de água para
combate;
Previsão climática disponível.
a.1.1 Unidade de Recursos
Responsável por todas as
atividades de registro e de manter um
registro do estado de todos os recursos,
inclusive pessoal e equipamentos
designados para o incidente.
a.1.2 Unidade de Situação
Compila e processa as
informações sobre a posição atual,
prepara apresentações e resumos sobre
a situação, desenvolve mapas e
projeções.
a.1.3 Unidade de Documentação
Prepara o Plano de Ação do
Incidente, mantém toda a documentação
relacionada com o incidente e provê as
cópias necessárias.
a.1.4 Unidade de Desmobilização
Em emergências complexas ou de
grande magnitude, ajuda a efetuar a
desmobilização do pessoal de maneira
ordenada, segura e rentável, quando
deixa de haver necessidade de seu uso
no incidente.
a.2 Seção de Operações
A Seção de Operações é a
responsável pela execução das ações de
resposta. O Chefe da Seção de
Operações reporta-se ao CI, determina a
estrutura organizacional interna da
Seção, dirige e coordena todas as
operações cuidando da segurança do
pessoal da Seção, assiste o CI no
desenvolvimento dos objetivos da
resposta ao incidente e executa o Plano
de Ação do Incidente (PAI).
Responsabilidades do chefe da
seção:
Obter informações do CI sobre o
evento;
Obter um rápido relatório do CI;
Desenvolver a parte operacional do
Plano de Ação do Incidente (PAI) em
conjunto com a seção de
planejamento;
Apresentar um rápido relato e dar
destino ao pessoal de operações de
acordo com o PAI;
Supervisionar as operações;
Determinar as necessidades e
solicitar recursos adicionais;
Compor as equipes de resposta
designadas para a Seção de
Operações;
Manter informado o CI acerca de
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
92
atividades especiais da operação.
Definição da área de espera;
Definição da estratégia de ataque;
Definição das táticas;
Avaliação e uso de aeronaves;
Definição da operação das
guarnições de terra;
Avaliação e uso de tratores;
Operações com Viaturas ABT;
Localização de base de helicóptero;
Localização de aeroportos;
Condições da fumaça gerada
(efeitos na operação aérea, trafego
de veículos e observação da
floresta/vegetação).
a.3 Seção de Logística
A Seção de Logística é a
responsável por prover instalações,
serviços e materiais, incluindo o pessoal
que operará os equipamentos
solicitados para atender o incidente. As
funções da Seção são de apoio exclusivo
aos que respondem ao incidente. Ela
supervisiona o Coordenador do Setor de
Serviços e o Coordenador do Setor de
Apoio; bem como suas respectivas
unidades, conforme veremos na
sequência.
O Chefe da Seção se reporta
diretamente ao Comandante do
Incidente, determina a estrutura
organizacional interna da Seção e
coordena as atividades.
Responsabilidades:
Planejar a organização da Seção de
Logística;
Notificar à unidade de recursos
acerca das unidades da seção de
Logística que sejam ativadas,
incluindo nome e localização do
pessoal designado;
Identificar os serviços e
necessidades de apoio para as
operações planejadas e esperadas;
Coordenar e processar as
solicitações de recursos adicionais;
Assegurar o bem-estar geral e
segurança do pessoal da Seção de
Logística.
Montagem de acampamento /
acantonamento (barracas ou
instalações que possam ser
utilizadas) ;
Montagem do Posto de Comando;
Acessos e rotas;
Equipamentos de Comunicação ;
Plano de Comunicações;
Enfermaria;
Conhecimento dos principais riscos
(animais, desidratação, etc.);
Alimentação;
Instalações Sanitárias;
Cozinha e Refeitório;
Transporte de pessoal;
Combustíveis;
Almoxarifado de Ferramentas;
a.3.1 Unidade de Comunicações
Desenvolve o Plano de
Comunicações, distribui e mantém todos
os tipos de equipamentos de
comunicações e se encarrega do Centro
de Comunicações do Incidente.
a.3.2 Unidade Médica
Desenvolve o Plano Médico e
provê primeiros socorros e atenção
médica intensiva ao pessoal designado
para a emergência.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
93
a.3.3 Unidade de Alimentação
É responsável por determinar e
satisfazer as necessidades de
alimentação e hidratação em todas as
instalações do incidente e por todos os
recursos ativos dentro da Seção de
Operações.
a.3.4 Unidade de Materiais
Relaciona o pessoal,
equipamentos e materiais. Além disto,
armazena, mantém e controla a
distribuição dos materiais, assim como
ajusta e realiza manutenção dos
equipamentos.
a.3.5 Unidade de Instalações
Instala e mantém qualquer
instalação requerida para o incidente.
a.3.6 Unidade de Apoio Terrestre
Oferece transporte e se encarrega
da manutenção dos veículos designados
para o incidente.
a.4 Seção de Administração e Finanças
É responsável por justificar,
controlar e registrar todos os gastos e
por manter em dia a documentação
requerida para processos indenizatórios.
A Seção de Administração e
Finanças é especialmente importante
quando o incidente apresenta um porte
que poderia resultar na Decretação de
Situação de Emergência ou Estado de
Calamidade Pública. Esta Seção dirige os
Líderes das Unidades de Tempos, de
Provedoria e de Custos.
O Chefe da Seção se reporta ao
CI, determina a estrutura organizacional
interna da Seção e coordena as
atividades.
Responsabilidades:
Obter breve informação do CI;
Fazer acompanhamento dos
recursos financeiros
disponibilizados e empregados
durante o incidente;
Realizar compras, locação,
contratação e pagamento de
materiais e serviços;
Controlar e registrar os custos da
operação.
a.4.1 Unidade de Tempo
Deve registrar o período de
emprego do pessoal designado para o
incidente.
a.4.2 Unidade de Provedoria
Gerencia o trâmite dos
documentos administrativos
relacionados com o aluguel de
equipamentos e os contratos de
materiais e outros insumos. É
responsável pelo relatório das horas de
uso dos equipamentos.
a.4.3 Unidade de Custos
Responsável por colher toda a
informação sobre custos e apresentar
orçamentos e recomendações que
permitam economia de gastos.
Oferece transporte e se encarrega
da manutenção dos veículos designados
para o incidente.
b. Staff do Comando
O Staff de Comando é composto
por três funções de assessoria ao
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
94
Comandante do Incidente. Estas
funções, dependendo da complexidade
e tamanho do evento, podem ser
desempenhadas pelo próprio CI ou este
poderá delegá-las a outros. O título dado
a estas funções é de Oficial.
O organograma abaixo apresenta
a cadeia de comando entre o CI e seu
Staff.
FIGURA 76 – Funções do “Staff do
Comando”.
FONTE: Manual SCI/SENASP - Adaptado pelo autor.
b.1. Oficial de Segurança
Tem a função de vigilância e
avaliação de situações perigosas e
inseguras, assim como o
desenvolvimento de medidas para a
segurança do pessoal.
Responsabilidades:
Obter um breve relato do
Comandante do Incidente;
Identificar situações perigosas
associadas com o incidente;
Identificar situações potencial-
mente inseguras durante as
operações táticas;
Fazer uso de sua autoridade para
deter ou prevenir ações perigosas;
Investigar/pesquisar os acidentes
que ocorram nas áreas do
incidente.
b.2 Oficial de Informações Pública
Será o responsável pelo contato
com os meios de comunicação ou outras
organizações que busquem informação
direta sobre o incidente. Ainda que
todos os órgãos que estejam
respondendo ao incidente possam
designar membros de seu pessoal como
oficiais de Informação Pública, durante o
evento haverá somente um “Porta-Voz”.
Os demais atuarão como
auxiliares. Toda a informação deverá ser
aprovada pelo CI.
Responsabilidades:
Obter um breve relato do
Comandante do Incidente;
Estabelecer um centro único de
informações, sempre que possível;
Tomar as providências para
proporcionar espaço de trabalho,
materiais, telefone e pessoal;
Preparar um resumo inicial de
informações depois de chegar ao
incidente;
Respeitar as limitações para a
emissão de informação que
imponha o CI;
Obter a aprovação do CI para a
emissão de informação;
Emitir notícias aos meios de
imprensa e enviá-las ao Posto de
Comando e outras instâncias
relevantes;
Responder às solicitações especiais
de informação.
b.3 Oficial de Ligação
É o responsável pela integração
das instituições que estejam trabalhando
no incidente ou que possam ser
convocadas. Isto inclui organismos de
primeira resposta, saúde, obras públicas
ou outras organizações.
Comandante do Incidente
Segurança
Informações Públicas
Ligação
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
95
Responsabilidades:
Obter um breve relato do
Comandante do Incidente;
Proporcionar um ponto de contato
para os representantes de todas as
instituições;
Identificar os representantes de
cada uma das instituições,
incluindo sua localização e linhas
de comunicação;
Responder às solicitações do
pessoal do incidente para
estabelecer contatos com outras
organizações;
Observar as operações do incidente
para identificar problemas atuais
ou potenciais entre as diversas
organizações.
Os passos acima se referem ao
combate a um incêndio florestal que
pode durar vários dias. Devemos lembra
que é de fundamental importância
garantir o mínimo conforto às equipes
de combate, com instalações de repouso
condizentes, alimentação adequada e
balanceada para o tipo de atividade
desenvolvida e apoio de viaturas,
materiais e equipamentos que se
fizerem necessários.
Jamais se poderá lançar mão de
todas as equipes disponíveis, pois é de
extrema importância a previsão de um
dia de descanso a cada três dias de
trabalho, pois o combate ao incêndio
florestal é uma atividade extenuante.
PONTOS IMPORTANTES A
CONSIDERAR NO COMBATE AOS
INCÊNDIOS FLORESTAIS
PREPARAÇÃO E AÇÃO INICIAL
1. Estar preparado, dispor de
ferramentas e pessoal em quantidade
suficiente, bem distribuídos e prontos
para qualquer eventualidade;
2. Dirigir a(s) equipe(s) ao local do
incêndio, sem demora, a qualquer
hora;
3. Deve-se combater o fogo pelos
pontos que oferecem maior risco de
propagação, observando o ataque
inicial pelos flancos;
4. Deve-se usar no combate número
necessário e indispensável de
pessoas;
5. Deve-se determinar, assim que
possível, a causa provável do
incêndio.
ORGANIZAÇÃO E PLANO DE ATAQUE
1. Deve-se dividir os combatentes em
GCIFs de no máximo 7 pessoas, com
um chefe competente, designando o
setor e o serviço de cada equipe;
2. É Indispensável dimensionar
adequadamente o incêndio, a fim de
se poder planejar, com rapidez e
eficiência, a forma de ataque;
3. Manter-se constantemente
informado sobre o avanço e o
comportamento do fogo;
4. Tomar decisões rápidas e ter um
conceito definitivo de cada ação
planejada.
HORA DE COMBATE
1. Deve-se evitar o combate noturno,
pois se trata de risco elevado, além da
necessidade do descanso a noite;
2. Estar atento e aproveitar as
eventuais diminuições de intensidade
de fogo, causados por mudanças de
vento, aumentos de umidade ou
reduções de temperatura.
3. A prática do combate logo nas
primeiras horas do dia oferece várias
vantagens;
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
96
PONTO E MÉTODO DE ATAQUE
1. Procurar confinar o fogo tão logo
seja possível; em incêndios de
pequenas ou de baixa intensidade, o
ataque deve ser feito diretamente
sobre a frente de fogo; em incêndios
de intensidade alta o combate deve
ser feito pelos flancos e ir avançando
até a cabeça;
2. O responsável deve decidir pela
forma de combate que considere mais
eficiente para a circunstância;
3. Deve-se estar atento para os
incêndios causados por fagulhas
oriundas da frente de fogo.
ECONOMIA NO COMBATE
1. Eliminar o fogo enquanto pequeno
e concentrar um número suficiente de
combatentes para assegurar a
extinção no menor tempo possível;
2. Escolher técnicas que assegurem a
máxima rapidez no combate;
3. Manter vigilância na área até que se
tenha certeza de que não há mais
perigo de reativação do fogo.
ERROS COMUNS NO COMBATE
1. Demora em iniciar o combate;
2. Desatenção no estudo da situação;
3. Falta de planejamento adequado no
Combate;
4. Ferramentas em más condições;
5. Equipes destreinadas;
6. Uso de equipamentos não
recomendados;
7. Não revezar as turmas antes que se
cansem em demasia;
8. Não manter atuação e vigilância
adequada nos flancos;
9. Fazer rescaldo ineficiente.
PONTOS QUE NÃO SE DEVE
ESQUECER
1. No início o fogo se propaga em
círculo, expandindo gradativamente
em todas as direções; depois o ventos
e as condições de combustível
determinam a direção e a intensidade
de propagação.
2. A magnitude de um incêndio
depende da quantidade de material
combustível existente;
3. Uma atmosfera úmida retarda o
fogo, uma atmosfera seca aumenta
sua intensidade;
4. O melhor período para se combater
um incêndio vai do entardecer até a
manhã do dia seguinte, porque o ar
contém mais umidade, a temperatura
é menor e a atmosfera se encontra
calma. SOMENTE CONSIDERAR ESTA
POSSIBILIDADE, SE NÃO HOUVER
RISCO AOS COMBATENTES.
5. Nunca abandonar uma área após
um incêndio, sem se certificar que o
fogo não tem mais condições de se
reativar; deve-se ter certeza que o
incêndio está realmente extinto.
13 SITUAÇÕES DE RISCO PARA OS
COMBATENTES FLORESTAIS
1. Equipes atuando em uma encosta
acima do incêndio.
2. Equipes em encosta com material
rolante incandescente que poderá
originar focos secundários e/ou atingi-
los.
3. Vento começa a soprar, aumenta de
velocidade ou muda de direção.
4. Tempo quente e seco.
5. Equipes se encontram em aceiro ou
divisoras abertos em combustíveis
pesados.
6. Equipes em locais onde a topografia
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
97
ou a vegetação impeçam ou dificultem
o seu deslocamento.
7. Equipes em terreno desconhecido.
8. Desconhecimento dos fatores
locais que influenciam o
comportamento do incêndio.
9. Ataque direto pela cabeça do
incêndio.
10. Quando, no lado oposto da linha
de aceiro, aparecem focos secundários
com maior frequência.
11. Quando não é possível ver o
desenvolvimento do incêndio, nem ter
comunicação entre as equipes.
12. Ordens transmitidas não
assimiladas.
13. Equipes cansadas, com sono e
quando houver o risco de se deixar
adormecer perto do incêndio.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
98
PREVENCÃO CONTRA
INCÊNDIOS FLORESTAIS
6
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
99
6. PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
FLORESTAIS
Não existe mérito em se combater
um incêndio florestal se você não for
capaz de preveni-lo!
A frase acima revela a importância
do significado da palavra prevenção.
Todos os esforços devem ser envidados
no sentido de que o incêndio não
ocorra. Para tanto, são necessários que
se compreendam os conceitos a seguir
expostos.
6. 1 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
FLORESTAIS
Proteção contra incêndios
florestais é o conjunto de ações
preventivas aliadas ao
preparo de pessoal e material de
combate a incêndios florestais.
Na falha da prevenção, ações de
combate serão efetuadas empregando-
se material e pessoal treinado.
Portanto, temos o seguinte
conceito:
A Proteção contra incêndios florestais
é obtida pela prevenção comple-
mentada pelo combate ao incêndio.
6. 2 PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
FLORESTAIS
É o conjunto de medidas tomadas
e ações realizadas, de modo a evitar a
deflagração do incêndio, detectar o
incêndio e avisar a sua posição,
facilitando as ações de combate e
provendo a segurança do pessoal.
A prevenção contra incêndios
florestais envolve os seguintes aspectos:
Remoção e controle de riscos e
causas de incêndios florestais
ocasionados pelo homem.
Prevenção da Propagação do Fogo.
6.2.1 Remoção e controle de riscos e
causas de incêndios florestais
ocasionados pelo homem
A remoção e controle dos riscos de
incêndios florestais está ligado aos
incêndios que são causados pelo
homem. Deverá ser feita a proteção do
material combustível por meio da
educação da população com campanhas
preventivas, aplicação de legislação
específica e adoção de medidas
coercitivas que venham a evitar que o
incêndio ocorra.
6.2.1.1 Classificação do risco florestal
a. Risco Geral
É o risco global a ser protegido.
Para o Corpo de Bombeiros é
representado pelo Estado como um
todo. Para uma empresa particular pode
ser representado por um
reflorestamento.
b. Risco Particular
Representa uma parte do risco
geral e se caracteriza pelo aspecto
individual. Para o Corpo de Bombeiros
uma área reflorestada dentro do Estado
do Paraná é considerada um risco
particular. Por outro lado, quando o
risco é geral, para uma entidade, é uma
porção do terreno reflorestado ou
mesmo de reserva natural, por exemplo
alguns alqueires reflorestados de
eucaliptus dentro de um reflorestamento
maior.
6.2.1.2 Origem do incêndio florestal
Muitos incêndios florestais
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
100
acontecem por descuido humano. Os
incêndios resultam dos atos dos homens
e são causados pelo descuido ou
negligência. Para se realizar um bom
trabalho de prevenção contra incêndios
florestais será preciso que se determine
como iniciam os incêndios e quem os
inicia.
6.2.1.3 Riscos e causas
Os incêndios causados pelo
homem são resultados de uma
combinação de riscos e causas. Um risco
é qualquer material combustível que
possa ocasionar o incêndio. Alguns
riscos são decorrentes da ação do
homem, tais como o acúmulo de lixo.
Outros riscos advêm da própria
natureza, como pequenos arbustos,
acículas e combustível florestal morto.
Alguns riscos são mais ou menos sérios
que outros. Por exemplo, folhas secas
queimam com muito mais rapidez que
folhas verdes. Se há grande quantidade
de combustível em determinada área, o
risco é classificado como alto.
As causas são fenômenos que
causam a eclosão do incêndio. Exemplos
de causas são fósforos e isqueiros na
mão de crianças, cinzas quentes,
fagulhas de chaminés, uma pessoa
fumando em local de risco de incêndios
florestais e que atire pontas de cigarro
na vegetação, caçadores e
acampamentos com fogueiras não
protegidas e em áreas impróprias ou
proibidas, ferrovias cruzando florestas,
queimadas não autorizadas e pessoas
que causam incêndios propositadamente
(incendiários).
Registros mostram que inúmeros
incêndios causados pelo homem são
decorrentes de pessoas residentes na
floresta, ou que trabalham na floresta.
Muitos são causados por
visitantes de lugares remotos.
Causas + Riscos = Possíveis Incêndios
Quando as causas e os riscos são
combinados, o resultado é muitas vezes
um incêndio. A prevenção deve evitar
que ele ocorra, removendo os riscos ou
controlando as causas.
A remoção e controle dos riscos e
causas de incêndios florestais, pode ser
alcançada por:
Educação Preventiva;
Regulamentação do Uso da Floresta;
Ação Legal.
a. Educação Preventiva
É o controle e remoção de riscos
de incêndios florestais persuadindo as
pessoas a adotar um comportamento
compatível à segurança florestal,
objetivando seu próprio bem ou de seus
semelhantes. Ao notarmos práticas
indevidas, tais como abandono de
resíduos combustíveis em matas,
acampamentos, liberação de resíduos de
serrarias, e outros descontroles de
riscos, podemos por meio de ação
educativa formar uma conscientização
no público alvo sobre a importância da
floresta e os danos que os incêndios
ocasionam a mesma.
Para se chegar a tal objetivo deve-
se atingir todas as classes de pessoas
que possam vir a ocasionar tais
incêndios, por meio de uma linguagem
clara e objetiva, mostrando porque o
incêndio deve ser evitado.
Os principais veículos de
comunicação visando a educação da
população são a elaboração de livros,
cartilhas, mensagens em rádio e
televisão, apresentação de filmes,
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
101
painéis e palestras além de se realizar
nas regiões de maior risco, o contato
pessoal explicando os riscos e danos do
incêndio florestal.
Um plano de educação preventiva
requer perseverança e continuidade, de
modo a forçar o homem a agir
preventivamente, por hábito.
O órgão responsável pela
elaboração, planificação e fiscalização
da proteção, deve organizar e por em
prática um programa de educação
preventiva, dentro do qual serão
abordados os aspectos citados
anteriormente.
É importante também se difundir
os aspectos legais que implicarão na
deflagração de incêndios florestais
ocasionados por descuido ou
intencionalmente.
b. Regulamentação do Uso da Floresta
A regulamentação está
relacionada com a educação da
população e com a aplicação da
legislação. Isto porque inicialmente é
necessário uma campanha de
esclarecimento no sentido de explicar as
razões das restrições no uso da floresta.
A forma mais drástica de
regulamentação seria fechar a floresta,
ou os setores mais suscetíveis ao
incêndio durante os períodos críticos.
Outras medidas que poderiam ser
adotadas são a proibição ou restrição de
fumar em determinadas áreas em
épocas de grande perigo, determinação
de locais específicos para área de
acampamentos, proibição de pesca em
certas áreas durante a estação de
incêndio e outras medidas de caráter
local ou regional.
Conforme a situação de risco da
floresta e a necessidade em preservá-la,
é possível a decretação de certas áreas
florestais como intangíveis, proibindo-se
desta forma, a passagem de pessoas por
determinados locais, garantindo-se
assim uma prevenção mais efetiva.
c. Ação Legal
Este tipo de ação é obtido de leis
e regulamentos, os quais obrigam o
homem a acatar e agir preventivamente,
evitando incêndios. Essa ação é
complementada pela ação fiscalizadora.
Existem sempre pessoas
negligentes, descuidadas e refratárias a
qualquer legislação, que agem sempre
em seus interesses pessoais. Para estas
pessoas a aplicação rigorosa da
legislação é a medida mais eficiente na
prevenção de incêndios. A aplicação da
legislação nem sempre é fácil, pois deve-
se descobrir a causa do incêndio, em
seguida deve-se estabelecer a identidade
da pessoa responsável pelo fogo.
Finalmente, é necessário provar
legalmente o envolvimento da pessoa ao
incêndio.
6.2.2 Prevenção da propagação do fogo
O risco florestal, mesmo sem
agravantes produzidos pelo homem
(resíduos inúteis), em função das
variáveis fornecidas pela natureza –
fatores de propagação dos incêndios
florestais – se predispõe à eclosão de
incêndios. Desta forma todos os
esforços devem ser direcionados para o
controle absoluto e remoção das
principais causas de incêndio, quer por
meio de ação educativa, quer pela ação
legal.
As causas impossíveis de serem
removidas, deverão ser criteriosamente
controladas. Por exemplo, certas
práticas agrícolas exigem tecnicamente
a queima de vegetação, assim sendo,
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
102
deverá ser procedida dentro de uma
tecnologia apurada, observando a hora,
posicionamento do fogo inicial, aceiros e
outras ações técnicas indispensáveis à
segurança.
Todos os pontos quentes na
floresta devem ser catalogados para
devido controle, tais como: atividades
industriais, operacionalidade com
máquinas em abertura de estradas,
ferrovias e outros.
Mesmo os mais eficientes
programas de prevenção não
conseguem evitar totalmente o início de
incêndios em áreas florestais. Por este
motivo necessita-se estabelecer sistemas
que dificultem a propagação dos
incêndios, principalmente pelo controle
da quantidade, arranjo, continuidade e
inflamabilidade, ou potencial de queima
do material combustível.
A redução do risco de propagação
dos incêndios em áreas florestais pode
ser conseguida com a implantação das
seguintes técnicas preventivas:
Construção de aceiros de
segurança;
Cortinas de segurança;
Construção de açudes.
6.2.2.1 Construção de aceiros de
segurança
Aceiros são técnicas de prevenção
que visam quebrar a continuidade do
combustível. São trechos livres de
vegetação, podendo ser criados pelo
homem ou naturais, distribuídos na
floresta ou reflorestamento, de acordo
com as necessidades preventivas.
Os aceiros de proteção podem
variar de 10 a 50 metros em função do
risco a proteger. Eles normalmente
constam de uma parte roçada e outra
parte raspada. Por exemplo em um
aceiro de 20 metros pelo menos 6
metros deverão ser raspados por
tratores.
Os aceiros não servem apenas
para impedir temporariamente a
propagação do incêndio, mas também
facilitar o acesso e permitir a
demarcação do terreno.
Os aceiros, quando seguem um
sistema rígido de divisão topográfica
(seções, subseções) recebem o nome de
divisoras, por outro lado, as faixas
limpas do combustível (roçado) são os
contornos.
FIGURA 77 – Separação de aceiros
AUTOR: Major QOBM Edemilson de Barros
Geralmente, um talhão é separado
do outro por divisoras (faixas
transitáveis raspadas). No planejamento
de reflorestamentos, sempre devem
constar as divisoras, devidamente
marcadas, e sem plantio.
Normalmente, as divisoras de um
talhão medem 20 m de largura e os
contornos 10 metros.
Nas práticas preventivas, a
redução do combustível próximo ao
aceiro é chamada de bordadura.
A redução de material
combustível em uma floresta pode ser
feita por métodos químicos, mecânicos
ou por queima controlada.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
103
6.2.2.2 Cortinas de segurança
As cortinas de segurança são
técnicas que basicamente, alteram a
inflamabilidade do material combustível.
FIGURA 78 – Cortina de segurança
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
O plantio de espécies menos
inflamáveis, como o Eucaliptus, pode
servir como proteção a espécies com
níveis de inflamabilidade superior, tais
como as coníferas resinosas.
6.2.2.3 Construção de açudes
A construção de pequenos
açudes, formados por simples barragens
de terra ao longo de pequenos cursos de
água trazem vários benefícios, como
locais para captação de água, inclusive
para aeronaves (helicópteros),e no
aumento da umidade relativa do ar local.
6.2.3 Técnicas de queimada
As queimadas são meios
econômicos e eficientes de redução do
material combustível florestal, sendo
empregadas com sucesso como uma
técnica de combate. Entretanto se trata
de uma forma arriscada que pode ser
feita no interior da floresta desde que a
espécie seja resistente ao fogo.
A redução do material
combustível resistente ao fogo pode ser
feita também na periferia da floresta,
formando aceiros temporários que
impedem ou dificultam a penetração na
floresta dos incêndios vindos de fora. A
queima de vegetação seca às margens
de estradas em locais suscetíveis à
ocorrência de incêndios, é também um
meio eficiente de redução do material
combustível.
Para que se possa realizar uma
queima com segurança, o primeiro fator
que devemos considerar é a direção do
vento, pois a fumaça resultante deve ser
afastada de áreas sensíveis como
estradas, residências e aeroportos.
6.2.3.1 Queima contra o vento
Neste caso o fogo progride em
sentido contrário ao que o vento está se
propagando.
FIGURA 79 – Queima contra o vento
FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008
É importante que a velocidade do
vento esteja entre 6,5 e 16 km/h, para
dissipação da fumaça e do calor. A
propagação do fogo tem baixa taxa de
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
104
velocidade, entre 0,0055 e 0,00166 m/s.
(SOARES, BATISTA e NUNES - 2008).
6.2.3.2 Queima a favor o vento
Devem ser feitas uma ou mais
linhas de fogo, de forma que nenhuma
desenvolva grande intensidade.
É importante combinar queima a
favor e contra o vento, devendo estar
atento ao ponto de encontro das frentes
de fogo. (SOARES, BATISTA e NUNES -
2008)
FIGURA 80 – Queima a favor do vento
FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008
6.2.3.3 Queima de flancos
Esta técnica consiste em se
realizar linhas de fogo que sejam
paralelas à direção do vento, formando
um ângulo reto com o mesmo.
Esta é uma boa forma de segurar
o fogo lateralmente em conjunto com
outras técnicas.
Útil para pequenas áreas, ou em
grandes áreas em períodos de tempo
curto. (SOARES, BATISTA e NUNES -
2008).
FIGURA 81 – Queima de flancos
FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008
6.2.3.4 Queima em manchas
Esta técnica consiste de uma série
de pequenos pontos ou círculos de fogo,
que queimam em todas as direções,
porém se encontram antes de se
tornarem maiores.
A distância entre eles deve estar
entre 40m a 60m. (SOARES, BATISTA e
NUNES - 2008).
FIGURA 82 – Queima em manchas
FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008
6.2.3.5 Queima central
Vários pontos devem ser acesos
no centro da área a ser queimada, com o
aumento da propagação e liberação de
calor por meio de uma coluna de
convecção.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
105
Em áreas maiores que 4ha deve
ser formado um anel de fogo em volta
do fogo central, que tende a se deslocar
por meio de convecção ao encontro do
ponto central. (SOARES, BATISTA e
NUNES - 2008).
FIGURA 83 – Queima central
FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008
6.2.3.6 Queima em V (Chevron)
Empregada em áreas
montanhosas. Neste caso se acendem
linhas de fogo simultaneamente,
partindo de um único ponto no ápice da
montanha, e fazendo progredir para a
parte de baixo.
FIGURA 84 – Queima em V
FONTE: Adaptado de Soares e Batista 2008
6.2.4 Detecção e aviso de incêndio
Se fizermos uma comparação
entre o incêndio urbano e o incêndio
florestal, nota-se uma diferença entre os
dois tipos de incêndio.
No incêndio urbano o Corpo de
Bombeiros é rapidamente avisado,
podendo atuar no combate ao princípio
do incêndio, tornando o trabalho mais
fácil.
No incêndio florestal, devido ao
isolamento da floresta, normalmente
quando ocorre o aviso, já existem
grandes extensões de fogo e uma larga
área já foi devastada. E as proporções já
podem ter atingido a necessidade de um
dispositivo de reação muito grande.
Concluindo, podemos afirmar que
a floresta, principalmente na época
propícia à eclosão de incêndios
florestais, precisa ser OBSERVADA, e em
casos de incêndios, os mesmos devem
ser prontamente detectados, mostrando
aos combatentes do fogo a sua posição
exata e, se possível, um quadro da
situação para que ocorra um pronto
atendimento antes que o incêndio
florestal fuja de controle. Portanto,
ações eficientes de combate a incêndios
florestais deixarão de existir se não
ocorrer um apoio da prevenção contra
incêndios florestais, por meio de um
sistema de observação e detecção de
incêndios.
6.2.5 Plano de proteção florestal
A elaboração de um plano de
proteção florestal é uma das primeiras
ações necessárias para o
desenvolvimento eficitente de ações de
prevenção e combate. O plano de
proteção florestal deve envolver todos
os segmentos da sociedade organizada,
em especial dos órgãos que integram o
Sistema de Defesa Civil. Para que se
atinja tal propósito é fundamental o
envolvimento de órgãos governamen-
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
106
tais, que detêm o poder da tomada de
decisão, e das entidades não
governamentais com capacidade de
apoio e integração. Tão importante
quanto a elaboração do um plano, a
colocação em prática do mesmo
culminará com o seu sucesso e
aperfeiçoamento.
Para tanto, deverão ser
desenvolvidas várias etapas que
contemplem a elaboração de normas e
adoção de medidas de prevenção
(PREVENÇÃO E PREPARAÇÃO), bem como
as ações efetivas que devem ser
desencadeadas por todos os órgãos
participantes do sistema (RESPOSTA E
RECONSTRUÇÃO/RECUPERAÇÃO).
Para maior eficiência da
prevenção dos incêndios florestais,
planos regionais ou locais, especificando
as técnicas mais adequadas e viáveis,
podem ser estabelecidos. Para se
elaborar um plano de prevenção de
incêndios são necessárias algumas
informações e estatísticas sobre
ocorrências anteriores de fogo a
aspectos gerais da área. Estas
informações, basicamente, são:
a. Regiões de ocorrências
Os incêndios não se distribuem
uniformemente nas áreas florestais.
Existem locais onde a ocorrência de
incêndios é mais freqüente, como por
exemplo em vilas ou acampamentos,
margens de rodovias, margens de
estradas de ferro, proximidades de áreas
agrícolas e margens de rios e lagos. Por
outro lado existem locais que raramente
ocorrem incêndios.
A elaboração de um mapa de
risco, por meio da marcação dos pontos
onde ocorreram os incêndios, possibilita
visualização das áreas de maior
incidência de incêndios e ajuda na
adoção de medidas preventivas especiais
para as áreas de maior risco.
b. Causas dos incêndios
Para se fazer um trabalho objetivo
de prevenção de incêndios em uma área
é necessário conhecer as principais
causas ou grupos de causas desses
incêndios. Pode-se citar: raios, queimas
para limpeza, operações florestais,
fogos campestres, fumantes,
incendiários, estradas de ferro e
diversos.
As causas variam de região para
região, principalmente em países de
grande extensão territorial.
c. Duração do período de ocorrência
Os incêndios, devido
principalmente às condições climáticas,
não ocorrem com a mesma freqüência
durante todos os meses da ano. A
variação do número de ocorrências de
incêndio, de região para região, ao
longo dos meses, deve-se às
diversidades climáticas ou às diferenças
nos níveis de atividades agrícolas e
florestais.
d. Zonas prioritárias
Nenhum planejamento deve ser
feito sem definir claramente as áreas
que devem ser protegidas. Apesar de
toda a floresta precisar de proteção,
existem sempre áreas que devem
receber tratamento prioritário e por isto
mesmo marcadas com destaque no
mapa da região. A elaboração desses
mapas, de preferência com o uso de
cores diferentes indicando os diversos
tipos de vegetação, permite prever em
que áreas o fogo oferece maior risco de
propagação.
6.2.5.1 Objetivos de um plano de
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
107
proteção florestal
a. Integração
A integração é a base sólida para
o desenvolvimento de ações preventivas.
Ele deve acontecer no momento
preventivo e preparatório visando um
contato prévio entre as agências
envolvidas no plano de proteção, que
tende a resultar em uma harmonização –
base para um trabalho com eficiência e
eficácia no momento de resposta em um
desastre. Neste contexto, deve-se
estabelecer uma estrutura de parceria
interinstitucional para prevenção e
combate, envolvendo órgãos públicos,
iniciativa privada, mídia e segmentos
organizados da sociedade.
b. Monitoramento
Um serviço de monitoramento e
acompanhamento da situação da
vegetação, seja por meio de observação
direta da floresta em áreas particulares,
ou via satélite, deve ser implementado
nos períodos críticos para a deflagração
dos incêndios florestais. Sendo assim é
possível o processo de informações de
uma forma rápida culminando com a
rápida localização de um incêndio e a
adoção de medidas de respostas rápidas
e eficientes. Além disto, o
monitoramento nos possibilita a
determinação dos índices de perigo de
um incêndio em uma determinada
região, e a manutenção de uma banco
de dados com as informações coletadas.
c. Reuniões períodicas
Visando a integração, bem como
o monitoramento correspondente, faz-se
necessário a adoção de um calendário
de reuniões nos períodos críticos. Tais
reuniões deverão abordar minimamente
os seguintes tópicos:
Abertura;
Análise dos incêndios florestais
ocorridos no período;
Avaliações práticas das ações de
resposta;
Atividades preventivas (planejamento
adotado);
Exposição das atividades realizadas
por cada órgão que participa do
plano;
Encerramento dos trabalhos.
Todas as reuniões deverão ser
registradas em atas que serão
devidamente arquivadas.
d. Plano de Chamada
Um plano de chamada deverá ser
elaborado, associado ao protocolo de
ações preventivas e de resposta de cada
organismo integrante, que deverá
constar de uma ficha específica. Desta
forma, as atualizações no plano serão
constantemente executadas com a
substituição da ficha de controle.
e. Análise dos incêndios florestais
A análise dos incêndios visa o
aprimoramento dos procedimentos
adotados, da legislação e da
performance individual ou do grupo
envolvido no episódio. É imprescindível
analisar como todos os componentes
(policiais, bombeiros, empresas
privadas, agentes públicos, técnicos das
mais diversas áreas, etc.) das agências
envolvidas se relacionam, analisar as
desconformidades, detectar pontos
fracos para, a partir deles estabelecer
metas para a almejada evolução
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
108
acontecer de maneira gradativa. Assim,
estudos de caso devem ser objeto das
reuniões periódicas.
As constatações sobre pontos
críticos devem servir de subsídio para
planejamentos coletivos.
f. Ações preventivas
As ações preventivas sempre
serão contempladas nos planos de
prevenção florestal. Gestões devem ser
feitas objetivando a divulgação de
campanhas preventivas, recuperativas e
educacionais.
As campanhas essencialmente
priorizarão a conscientização, a
divulgação e a educação ambiental. É de
fundamental importância a adoção de
material de apoio, por meio de “folder”,
cartazes, folhetos, manuais, multimídia
e adesivos.
A campanha preventiva deve ser
colocada em prática anualmente no
período crítico, por meio dos veículos de
comunicação social, ações diretas nas
comunidades localizadas próximas a
área de risco e por meio de todas as
instituições que se integram ao plano de
proteção florestal.
g. Cooperação
Cada instituição deve contribuir
com todos os seus esforços possíveis
com o objetivo de reduzir os incêndios
florestais, bem como atuar de forma
eficiente e eficaz nas ações de resposta.
h. Qualificação integrada
A qualificação é uma das
facilitadoras para o sucesso da execução
do que foi planejado. Cada agente
envolvido no atendimento a um incêndio
florestal possui sua formação específica
dentro da sua área (ambiental,
emergencial, policial, trânsito, etc.),
porém, necessita-se convergir os
objetivos de cada instituição – que
justificam sua existência – à preparação
técnica durante a formação de cada
profissional envolvido e qual o seu nível
de contato nos momentos da
normalidade (prevenção e preparação) e
de anormalidade (resposta e
reconstrução), em relação aos incêndios
florestais.
Uma análise rápida logo se traduz
em constatação: não existe um
nivelamento entre os agentes
responsáveis. Essa dedução não provém
de um caráter empírico e irrestrito a
uma ou outra instituição, mas genérico a
ponto de ser necessário o
desenvolvimento de um calendário de
cursos de capacitação que objetivem a
qualificação integrada, proporcionando
desde o treinamento à possibilidade das
pessoas que potencialmente poderão
interagir num local de sinistro se
conhecerem, o que acarreta perguntas
simples com respostas nem tão simples
assim:
Qual o papel de cada órgão num
atendimento integrado de combate a
incêndio florestal?
Quem vai organizar o pessoal
disponível?
Onde estão os recursos materiais?
A quem caberá a logística?
Quem aplicará a multa?
Quais informações o Ministério
Público precisa para apurar as
responsabilidades?
Quem e como acionará o Ministério
Público?
Como preencher as ocorrências para
alimentar um banco de dados? E
como é esse formulário?
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
109
Essas são apenas algumas
perguntas que costumam surgir durante
um incidente, e respondê-las com
correção e velocidade requer um
preparo prévio que passa pela
integração entre os órgãos, além da
capacitação de seus agentes.
i. Aquisição e distribuição de materiais e
equipamentos
Atender a incêndios florestais
expõe recursos humanos e custa caro,
sem contar, é claro, o dano ambiental.
Caberá a alguém o pagamento dessa
conta. Nesse aspecto, o sistema
apresenta-se vulnerável e depende de
um ajuste entre seus partícipes para que
o panorama deixe de ser desfavorável
nesses momentos. O agente humano
corre risco, a população lindeira correrá,
por conseguinte, riscos semelhantes,
assim como a natureza fica
comprometida pela precariedade com
que se atende tais incêndios.
Não adianta plano elaborado,
comitês e metas estabelecidas, se não
houver recursos treinados, equipados e
com segurança debelando chamas.
Para tanto o plano deve indicar a
forma de aquisição de equipamentos,
sua distribuição na área a ser protegida,
bem como a forma de emprego dos
recuros.
j. Fluxo de informações
A comunicação incide diretamente
na probabilidade de obtermos êxito num
atendimento. Além de funcionar em
caráter intra-institucional precisa fluir
inter-institucionalmente, não apenas no
momento da emergência, mas nas fases
preventiva e preparatória.
O acionamento das estruturas
emergenciais dos diversos órgãos
participantes do plano de prevenção
deve ser contemplado. A definição de
equipes de plantão 24 horas, de
telefones que atendam no momento em
que a resposta faz a diferença para uma
orientação técnica adequada, diminuição
do tempo resposta para se chegar até o
local do atendimento e capacitação para
integrar o SICOE/SCI. O Ministério
Público tem interesse em realizar a
apuração de responsabilidades, porém,
eventualmente esbarra na simples falta
de dados que deixaram de ser coletados
porque os relatórios dos órgãos que
participaram daquele atendimento não
previam a necessidade de se obter tal
informação. Enfim, esses apontamentos
constituem-se numa série de detalhes
imprescindíveis e que implicam,
diretamente, no êxito ou fracasso de
uma operação.
6.2.6 Vigilância florestal
É a observação e marcação dos
incêndios florestais.
A vigilância preventiva é feita por
patrulhas onde é difundida a educação
preventiva e a orientação do controle de
riscos e controle de remoção de causas.
Pode ser considerada:
Móvel: Patrulhamento Aéreo e
Terrestre
Fixa: Empregando Torres de
Observação.
a. Vigilância móvel
A vigilância móvel é utilizada em
vários países desenvolvidos e vem sendo
implementada no Brasil, por se tratar de
um sistema comprovadamente eficaz na
detecção e localização de incêndios
florestais.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
110
O meio utilizado é também
empregado nas ações de combate.
Aviões e helicópteros, providos do
equipamento GPS, marcam em
coordenadas os focos do incêndio,
possibilitando que sejam lançadas
equipes de terra para o combate,
devidamente orientadas sobre o
localização exata do incêndio.
A mobilidade do sistema de
vigilância móvel é um ponto positivo,
pois com aviões e helicópteros se
percorrem extensas áreas em curto
espaço de tempo, além do que é
possível um acompanhamento da
progressão do fogo para aviso das
equipes de mudanças de direção ou
outros fenômenos.
Nos reflorestamentos particulares
os patrulhamentos terrestres,
empregando veículos para trabalho em
terrenos acidentados têm sido
eficientes, pois atingem grandes áreas
sem desgastar pessoal.
b. Vigilância fixa
Quando o setor preventivo, por
algum motivo falha, ou quando a origem
é uma causa natural e esta atinge o risco
(floresta), temos a deflagração do
incêndio que deve ser imediatamente
observado, localizado e transmitido para
o Centro de Socorro com o objetivo de
dar combate às chamas.
Na vigilância fixa se empregam
torres de observação. Tal método tem
mostrado sua eficiência em nosso país,
existindo inclusive fabricantes
especializados na montagem de tais
torres.
Nas empresas de reflorestamento
de grande porte, que dependem
diretamente de suas florestas para a
fabricação de matéria prima, é o sistema
mais utilizado, principalmente nos
períodos críticos à eclosão de incêndios
florestais e onde as áreas se limitam
com plantações e pastagens.
FIGURA 85 – Torre de observação em
reflorestamento
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
6. 3 ASPECTOS LEGAIS
Existe uma farta, porém recente,
legislação relacionada ao uso do fogo no
Brasil e em diversos Estados. A
legislação em vigor define as condições
de utilização do fogo, suas restrições,
responsabilidades por danos causados
ao meio ambiente e a terceiros, medidas
de prevenção e combate e penalidades
pelo seu uso incorreto.
6.3.1 Código Florestal
O Código Florestal – Lei Federal
n.º 4771, de 15 de setembro de 1965,
possui vários artigos relacionados à
questão dos incêndios florestais, sendo
destaque os seguintes:
Art. 11 – “O emprego de produtos
florestais ou hulha como combustível
obriga o uso de dispositivos que
impeçam a difusão de fagulhas
susceptíveis de provocar incêndios nas
florestas e demais formas de vegetação
marginal”.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
111
Art. 25 – “Em caso de incêndio
rural, que não se possa extinguir com os
recursos ordinários, compete não só ao
funcionário florestal como a qualquer
outra autoridade pública requisitar os
meios materiais e convocar os homens
em condições de prestar auxílio”.
Art. 26 – “Constituem
contravenções penais, puníveis com três
meses a um ano de prisão simples ou
multa de um a cem vezes o Maior Valor
de Referência, ou ambas as penas
cumulativamente:
Fazer fogo, por qualquer modo, em
florestas e demais formas de vegetação,
sem tomar as precauções adequadas.
Fabricar, vender, transportar ou soltar
balões que possam provocar incêndios
nas florestas e demais formas de
vegetação.
Art. 27 – “É proibido o uso do fogo nas
florestas e demais formas de vegetação.
Parágrafo único – Se peculiaridades
locais ou regionais justificarem o
emprego do fogo em práticas
agropastoris ou florestais, a permissão
será estabelecida em ato do Poder
Público, circunscrevendo as áreas e
estabelecendo as normas de precaução.
Art. 28 – “Além das contravenções
estabelecidas, substituem os
dispositivos previstos no Código Penal
(Art. 250) e nas demais leis, com as
penalidades neles cominadas.
6.3.2 Decreto Lei 97.635
O Decreto Lei n.º 97.635, de 10
de abril de 1989, regulamentou o artigo
27 do Código Florestal e criou o
PREVFOGO – Sistema Nacional de
Prevenção e Combate aos Incêndios
Florestais, que possui os seguintes
artigos:
Art. 1º. – Incêndio Florestal é fogo
sem controle em qualquer forma de
vegetação.
1º - É proibido o uso do fogo sem
controle nas florestas e demais formas
de vegetação, bem assim qualquer ato
ou omissão que possa ocasionar
incêndio florestal.
2º - Quando peculiaridades locais
ou regionais justificarem o emprego do
fogo, na forma de queima controlada,
em práticas agropastoris ou florestais,
poderá ser permitido, circunscrevendo
as áreas estabelecidas e observando as
normas de precaução.
3º - Compete ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis
estabelecer as condições de uso do
fogo, sob a forma de queima controlada.
Art. 2º - A prevenção de incêndios
florestais será promovida através do
Sistema Nacional de Prevenção e
Combate aos Incêndios Florestais –
PREVFOGO.
Parágrafo único – A coordenação
do PREVFOGO ficará a cargo do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.
Art. 3º - O Combate a incêndio
florestal será exercido por:
Corpo de Bombeiros;
Grupo de voluntários organizados pela
comunidade ou brigadas.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
112
Art. 4º - No caso de incêndio
florestal, que não possa ser extinto com
os recursos ordinários, cabe à
autoridade pública requisitar os meios
materiais necessários, qualquer que seja
seu proprietário, para extinção do
incêndio.
Art. 5º - Será segurado contra
danos direta ou indiretamente
provocados por incêndio florestal aquele
que prestar serviço nesta atividade,
compreendendo-se neste seguro os
eventos de doenças, invalidez e morte,
bem como pensão ao cônjuge,
companheiro e dependentes.
Art. 6º - Os trabalhos de combate
a incêndio florestal são considerados de
relevante interesse público.
6.3.3 Decreto Lei 6.515
O Decreto Lei 6.515, de 22 de
julho de 2008, Institui, no âmbito dos
Ministérios do Meio Ambiente e da
Justiça, os Programas de Segurança
Ambiental denominados Guarda
Ambiental Nacional e Corpo de Guarda-
Parques, onde se destaca:
Art. 1º Fica instituído, no âmbito dos
Ministérios do Meio Ambiente e da
Justiça, os Programas de Segurança
Ambiental denominados Guarda
Ambiental Nacional e Corpo de Guarda-
Parques, com o objetivo de desenvolver
ações de cooperação federativa na área
ambiental.
§ 1º Para a execução dos Programas de
que trata o caput, a União, por meio dos
Ministérios do Meio Ambiente e da
Justiça, celebrará convênios com os
Estados e o Distrito Federal, inclusive
com a previsão de repasse de recursos.
§ 2º Os Programas serão destinados,
prioritariamente, para as atividades de
prevenção e defesa contra crimes e
infrações ambientais, bem como para a
preservação do meio ambiente, da fauna
e da flora, conforme previsto neste
Decreto e no ato formal específico de
adesão dos entes federativos
interessados.
Art. 2º Os Programas de Segurança
Ambiental previstos neste Decreto serão
orientados pelos seguintes princípios e
diretrizes:
I - cooperação ambiental;
II - solidariedade federativa;
III - planejamento e fiscalização do uso
dos recursos ambientais;
IV - proteção de áreas ameaçadas de
degradação e de espaços territoriais a
serem protegidos e seus componentes;
V - prevenção contra crimes e infrações
ambientais;
VI - emprego de técnicas adequadas à
preservação ambiental; e
VII - qualificação especial para gestão de
conflitos.
Art. 3º As ações do Programa Guarda
Ambiental Nacional serão executadas
por integrantes das unidades
especializadas em policiamento
ambiental dos entes federativos
conveniados, cuja atuação será dirigida
à proteção e ao apoio de atividades
desenvolvidas por servidores do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA ou do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade -
Instituto Chico Mendes, conforme regras
específicas a serem estabelecidas nos
convênios de que trata o art. 1º.
Parágrafo único. O contingente
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
113
mobilizável da Guarda Ambiental
Nacional será composto por servidores
que tenham recebido treinamento
especial para atuação conjunta com
integrantes das polícias federais e dos
órgãos de segurança pública e de
preservação do meio ambiente dos
Estados e do Distrito Federal.
Art. 4º Caberá conjuntamente aos
Ministros de Estado do Meio Ambiente e
da Justiça determinar o emprego da
Guarda Ambiental Nacional, bem como
coordenar seu planejamento, preparo e
mobilização, compreendendo, inclusive,
a definição da estrutura de comando dos
seus integrantes.
§ 1º O ato que determinar o emprego da
Guarda Ambiental Nacional conterá:
I - delimitação da área de atuação e
limitação do prazo nos quais suas
atividades serão desempenhadas;
II - indicação das medidas de proteção
ambiental a serem implementadas; e
III - as diretrizes que nortearão o
desenvolvimento das operações.
§ 2º O emprego da Guarda Ambiental
Nacional será episódico e planejado,
segundo as condições estabelecidas
neste Decreto e nos respectivos
convênios.
§ 3º Antes de cada operação da Guarda
Ambiental Nacional, o Ministro de
Estado do Meio Ambiente deverá
informar os Governadores dos Estados
onde serão realizadas as operações.
§ 4º Por autorização do Ministro de
Estado da Justiça, a Força Nacional de
Segurança Pública poderá oferecer
instalações, recursos de inteligência,
transporte, logística, treinamento e sua
tropa especializada de pronto emprego,
de modo a contribuir com as atividades
da Guarda Ambiental Nacional.
Art. 5º O Programa Corpo de Guarda-
Parques será formado por integrantes do
Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar,
e seus Batalhões Florestais e Ambientais,
cuja atuação será dirigida à proteção
ambiental das unidades de conservação
federais situadas no território do
respectivo ente federativo.
§ 1º Caberá ao Corpo de Guarda-
Parques:
I - prevenir, fiscalizar e combater
incêndios florestais e queimadas no
interior das unidades de conservação e
em seu entorno imediato;
II - garantir a segurança dos visitantes e
funcionários das unidades de
conservação;
III - empreender ações de busca e
salvamento no interior das unidades de
conservação;
IV - promover atividades de
interpretação natural, cultural e histórica
relacionadas com as unidades de
conservação;
V - promover ações de caráter sócio-
ambiental voltadas para as comunidades
residentes na unidade de conservação e
no seu entorno;
VI - prestar apoio operacional e de
segurança aos servidores competentes
para exercer o poder de polícia
ambiental nas unidades de conservação
federais; e
VII - zelar pelo patrimônio físico das
unidades de conservação.
§ 2º O Corpo de Guarda-Parques
disponível em cada unidade de
conservação contribuirá para o
funcionamento, em parceria com os
servidores da área ambiental, de postos
florestais de proteção ambiental nessas
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
114
unidades.
Art. 6º Os servidores mobilizados para
atuar de forma integrada nos Programas
de Segurança Ambiental mencionados
neste Decreto ficarão sob coordenação
dos Ministérios do Meio Ambiente e da
Justiça enquanto durar sua mobilização,
mas continuam a integrar o quadro
funcional de seus respectivos órgãos.
Art. 7º O Ministério do Meio Ambiente,
consultados os entes federativos que
aderirem aos Programas de Segurança
Ambiental, elaborará proposta para a
provisão de assistência médica e seguro
de vida e de acidentes dos servidores
mobilizados, quando vitimados em
atuação efetiva em operações dos
Programas.
Art. 8º Ao Ministério do Meio Ambiente
caberá a coordenação geral dos
Programas de que trata este Decreto,
bem como:
I - realizar consultas a outros órgãos da
administração pública federal, quando
necessário, sobre aspectos pertinentes
às atividades dos Programas de
Segurança Ambiental;
II - solicitar apoio da administração dos
Estados e do Distrito Federal às
atividades dos Programas de Segurança
Ambiental, respeitando- se a
organização federativa;
III - providenciar a aquisição de bens e
equipamentos necessários às atividades
dos Programas de Segurança Ambiental
e coordenar ações de apoio material e
reaparelhamento destinadas aos órgãos
ambientais dos Estados e do Distrito
Federal;
IV - estabelecer as diretrizes e os
critérios de seleção e treinamento dos
servidores integrantes dos Programas de
Segurança Ambiental;
V - coordenar o planejamento
orçamentário geral e realizar a gestão
financeira relativos à execução das
atividades dos Programas de que trata
este Decreto;
VI - estabelecer a interlocução com os
Estados e o Distrito Federal, bem assim
com seus órgãos ambientais e demais
órgãos do Governo Federal, para a
disponibilização de recursos humanos,
materiais e financeiros necessários ao
funcionamento dos Programas de
Segurança Ambiental; e
VII - definir, de acordo com a legislação
aplicável, os sinais exteriores de
identificação e o uniforme dos
servidores mobilizados para atuar nas
operações dos Programas de Segurança
Ambiental.
Art. 9º Os servidores dos Estados e do
Distrito Federal mobilizados para atuar
nos programas mencionados neste
Decreto serão designados pelos seus
respectivos Governadores.
Parágrafo único. Caso algum servidor
público federal mobilizado venha a
responder a inquérito policial ou a
processo judicial por sua atuação efetiva
em operações dos Programas de
Segurança Ambiental, poderá ser ele
representado judicialmente pela
Advocacia-Geral da União, nos termos do
art. 22 da Lei no 9.028, de 12 de abril
de 1995.
Art. 10. As despesas com a execução
das atividades dos Programas de
Segurança Ambiental e suas respectivas
ações correrão à conta das dotações
orçamentárias consignadas anualmente
nos orçamentos do Ministério do Meio
Ambiente e do Ministério da Justiça.
§ 1º Os Ministérios referidos no caput
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
115
realizarão, no âmbito das suas
respectivas competências, o
planejamento orçamentário relativo à
execução das atividades dos Programas
de que trata este Decreto, observado o
disposto no inciso V do art. 8o.
§ 2º O Ministério do Meio Ambiente
fornecerá os recursos materiais
complementares necessários para
fortalecer a atuação específica na área
ambiental dos órgãos que participarem
dos Programas estabelecidos neste
Decreto.
Art. 11. Este Decreto entra em vigor na
data de sua publicação.
Além destes diplomas legais, as
portarias e resoluções do IBDF – Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal,
atual IBAMA e do CONAMA – Conselho
Nacional do Meio ambiente abaixo
relacionadas tratam da questão dos
incêndios florestais:
A Portaria IBDF n.º 183, de
06/06/84, institui o Dia Nacional de
Prevenção aos incêndios Florestais (1º
de junho de cada ano).
A Portaria IBDF n.º 231, de
08/08/88 trata do emprego de fogo sob
forma de queima controlada.
A portaria Normativa IBDF n.º
292-P, de 12/10/88 institui o
documento “Termo de Responsabilidade
e Permissão para Queima Controlada –
TR”.
A Resolução CONAMA n.º 011, de
14/12/88, estabelece em seu art. 1º que
as Unidades de Conservação, contendo
ecossistemas florestais, mesmo quando
atingidas pelo fogo, devem sempre
continuar a ser mantidas, com vistas a
sua recuperação natural.
No art. 3º, trata da utilização do
fogo como elemento de manejo
ecológico de campos, cerrados e outros
tipos de savana adaptados à ocorrência
de incêndios periódicos, vedando tal
prática em áreas florestais das Unidades
de Conservação, exceto se
expressamente autorizada pelo
CONAMA.
6.3.4 Decreto Estadual 4223
O Decreto Estadual 4223, de 14
de abril de 1998, cria o Plano Estadual
de Prevenção e Combate aos Incêndios
Florestais para o Estado do Paraná, bem
como estabelece critérios para manejo
do fogo por meio de queima controlada,
onde destaca-se:
Art. 1º - Considera-se incêndio florestal,
todo fogo sem controle sobre qualquer
forma de vegetação, provocado pelo
homem intencionalmente ou por
negligência, ou ainda por fonte natural.
Parágrafo único - O incêndio florestal
provocado pelo homem, por ação ou
omissão, é considerado crime e sujeitará
os seus autores às penalidades da Lei.
Art. 2º - Queimadas são práticas
agropastoris ou florestais, onde o fogo é
utilizado de forma controlada, atuando
como fator de manejo da vegetação ou
do solo.
Art. 3º - A emissão de autorização para
os casos em que se justifique o uso de
fogo, sob a forma de queima controlada,
em práticas agropastoris e/ou florestais,
será condicionada à observância dos
princípios e critérios aqui estabelecidos
e nas demais normas vigentes.
Art. 4º - O pedido de autorização para a
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
116
queima controlada deverá ser
protocolado junto ao Instituto Ambiental
do Paraná com antecedência mínima de
15 (quinze) dias da data em que se
pretende fazer uso do fogo.
6.3.5 Decreto Estadual 6416
O Decreto Estadual 6416, de 11
de outubro de 2002 aprovou o
regulamento do Sistema Integrado de
Comando em Emergência – SICOE para o
Estado do Paraná, trazendo em seus
anexos o citado regulamento, onde
destaca-se:
Art. 10. Considera-se, ainda, como
passível de mobilização do SICOE, as
emergências que:
V - tenham comprometimento do meio
ambiente;
VIII - resultem em incêndios florestais
que fujam do controle das autoridades
locais;
Art. 13. O Comandante da Emergência é
o comandante do SICOE e responde por
todas as ações no local do desastre.
Parágrafo único - O Comandante da
Emergência será a maior autoridade
militar do Corpo de Bombeiros na área
do desastre.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
117
7 METEOROLOGIA APLICADA
A INCÊNDIOS FLORESTAIS
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
118
7. METEOROLOGIA APLICADA À
INCÊNDIOS FLORESTAIS
A meteorologia (do grego
meteoros, que significa elevado no ar, e
logos, que significa estudo) é a ciência
que estuda a atmosfera terrestre. Seus
aspectos mais tradicionais e conhecidos
são a previsão do tempo e a
climatologia.
O tempo pode ser definido como
o estado da atmosfera em determinado
instante e lugar. O clima tem sido
frequentemente definido como um
tempo médio, ou seja, um conjunto de
condições normais que dominam uma
região, obtidas das médias das
observações durante um intervalo de
tempo.
Os serviços de combate a
incêndios florestais são afetados pelas
condições do tempo, principalmente as
variáveis meteorológicas como: a
temperatura do ar, a umidade do ar, a
pressão do ar, a velocidade e direção do
vento, tipo e quantidade de precipitação
e o tipo e quantidade de nuvens.
As estações do ano possuem
variações de comportamento em nosso
Estado, no entanto podemos definir
algumas características comuns, como a
seca (em média entre os meses de junho
a setembro) com suas características de
baixa umidade relativa do ar, formação
de nevoeiros, grande variação de
temperatura ao longo do dia e a falta de
chuva; a das águas (em média entre os
meses de novembro e março) com
acumulados de chuva em curto espaço;
desencadeando estiagens e cheias, de
forma que as variáveis com valores
muito acima ou muito abaixo da média
histórica vêm determinar o número e a
gravidade das emergências, motivo pelo
qual será objeto deste estudo.
Por sua vez não podemos ignorar o
efeito das intempéries sobre o homem,
em face de atividade intensa do combate
a incêndios florestais, com elevado
desgaste físico e stress.
7.1 CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS
Os aspectos meteorológicos que
influenciam decisivamente o
comportamento dos incêndios florestais
são: a temperatura e a umidade relativa
do ar e o rumo e velocidade do vento.
Faremos ainda uma abordagem quanto a
pressão do ar e tipo e quantidade de
chuvas e nuvens.
7.1.1 Temperatura
A temperatura é uma grandeza
física, característica de um dado corpo
(sólido, líquido ou gasoso), que é
superior ou inferior consoante esse
corpo absorveu mais ou menos energia.
É necessária a definição de que
calor é a energia cinética total dos
átomos e moléculas que compõem uma
substância e temperatura é uma medida
da energia cinética média das moléculas
ou átomos individuais.
Utilizaremos três escalas: a
Celsius, a Fahrenheit e a Kelvin (ou
absoluta). A escala Fahrenheit é muito
usada em países de língua inglesa,
principalmente Estados Unidos e
Inglaterra. A escala Kelvin também é
usada para fins científicos.
O ponto de fusão do gelo
corresponde a 0º C na escala Celsius,
32º F na escala Fahrenheit e 273 K na
escala Kelvin. O ponto de ebulição da
água corresponde, respectivamente, a
100º C 212º F e 373 K. O ponto zero da
escala Kelvin (zero absoluto)
corresponde, ao menos teoricamente, à
temperatura na qual cessa o movimento
molecular e o objeto não emite radiação
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
119
eletromagnética. Não há temperaturas
abaixo dessa. As relações entre as
diversas escalas é dada por:
C/5 = (F-32)/9
K = C + 273
Quanto maior for a temperatura
ambiente mais seca fica a vegetação e,
por conseguinte, mais aumentam as
condições para a ignição e rápida
propagação de incêndios.
7.1.2 Umidade
A umidade atmosférica exprime a
quantidade de vapor de água existente
na atmosfera. A capacidade que o ar tem
para adquirir umidade é muito
importante. Quanto mais alta for a
temperatura, maior a quantidade de
vapor de água que se pode manter no ar
sem passar ao estado líquido
(condensar). Ao contrário, quanto mais
frio estiver o ar, menos capacidade terá
em manter o vapor de água sem este se
condensar.
Esta presença de vapor d’água
pode ser descrita quantitativamente de
várias maneiras. Entre elas estão a
pressão de vapor, a umidade absoluta, a
razão de mistura e a umidade relativa.
7.1.2.1 Pressão de vapor
A pressão de vapor é
simplesmente a parte da pressão
atmosférica total devida ao seu
conteúdo de vapor d’água e é
diretamente proporcional à
concentração de vapor no ar. Surge
então o conceito de pressão de vapor de
saturação, sendo a quantidade máxima
de vapor de água a determinada
temperatura, conforme tabela:
Temperatura ºC g/kg
-40 0,1
-30 0,3
-20 0,75
-10 2
0 3,5
5 5
10 7
15 10
20 14
25 20
30 26,5
35 35
40 47
7.1.2.2 Umidade absoluta
A umidade absoluta é definida
como a massa de vapor de água
(usualmente em gramas) por unidade de
volume (usualmente em m³), sendo
calculada por:
UA= mv
V
7.1.2.3 Razão de mistura
A razão de mistura é a massa de
vapor d’água (usualmente em gramas)
por unidade de massa de ar seco
(usualmente Kg):
W= mv
md
7.1.2.4 Umidade relativa
Umidade relativa é a razão entre a
razão de mistura real w e a razão de
mistura de saturação ws:
UR= W x 100%
Ws
A UR indica quão próximo o ar
está da saturação, ao invés de indicar a
real quantidade de vapor d’água no ar.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
120
Como exemplo, vemos que em
25° C, ws = 20 g/kg. Se o ar contém 10
g/k num dia com 25° C, UR = 50%.
Variações da umidade relativa
causadas por variações da temperatura
ocorrem na natureza tipicamente por
variação diurna da temperatura,
movimento horizontal de massa de ar e
movimento vertical de ar.
FIGURA 86 – Variação UR x Temperatura
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
7.1.2.5 Medidas de umidade
A umidade absoluta e razão de
mistura são difíceis de medir
diretamente, mas podem ser obtidas da
umidade relativa, por meio de gráficos
ou tabelas. Para medir umidade relativa
usam-se higrômetros.
Um dos mais simples, o
psicrômetro, consiste de dois
termômetros idênticos, montados lado a
lado, conforme figura a seguir
FIGURA 87 – Psicômetro
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
Um deles é o chamado
termômetro de bulbo úmido, que tem
um pedaço de musselina amarrado em
torno do bulbo. Para usar o psicrômetro,
o tecido é molhado e é exposto a
contínua corrente de ar, ou girando o
instrumento ou forçando uma corrente
de ar por meio dele até atingir uma
temperatura estacionária (saturação).
A temperatura de bulbo úmido
cai, devido ao calor retirado para
evaporar a água. O seu resfriamento é
diretamente proporcional à secura do ar.
Quanto mais seco o ar, maior o
resfriamento. Portanto, quanto maior a
diferença entre as temperaturas de
bulbo úmido e de bulbo seco, menor a
umidade relativa; quanto menor a
diferença, maior a umidade relativa. Se o
ar está saturado, nenhuma evaporação
ocorrerá e os dois termômetros terão
leituras idênticas.
7.1.2.6 Umidade dos combustíveis
A umidade atmosférica também
influencia a umidade dos combustíveis.
Com efeito, durante o dia o ar seco
retira a umidade da vegetação (88), pois
está a uma temperatura mais elevada e
tem maior capacidade de absorver vapor
de água.
FIGURA 88 – Troca de umidade (dia)
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
121
Durante a noite passa-se o
contrário, pois o ar, mais frio, tem maior
teor de vapor de água e são os
combustíveis florestais que absorvem
umidade do ar (89).
FIGURA 89 – Troca de umidade (noite)
Autor: Sd QPM 2-0 Antonio Marcos de Lima Andrade
Outra grandeza importante
relacionada à umidade é a temperatura
de ponto de orvalho, que é a
temperatura a que o ar deveria ser
resfriado à pressão constante para ficar
saturado.
O termo ponto de orvalho provém
do fato de que durante a noite objetos
próximos à superfície da Terra
freqüentemente se resfriam abaixo da
temperatura de ponto de orvalho.
O ar em contato com estas
superfícies também se resfria por
condução até tornar-se saturado e o
orvalho começar a formar-se. Assim, se
a temperatura da vegetação baixar,
então o excesso de vapor de água
existente na atmosfera condensa-se e
deposita-se na vegetação, formando o
orvalho.
Quando a temperatura de ponto
de orvalho está abaixo da temperatura
de congelamento, o vapor d’água é
depositado como geada.
Quanto mais alto o ponto de
orvalho, maior a concentração de vapor
d’água.
7.1.3 Vento
O vento é o movimento do ar e
pode ocorrer em qualquer direção. Na
observação do vento considera-se, por
convenção, o rumo de onde sopra o ar,
referido aos pontos da rosa dos ventos:
cardeais, colaterais e intermédios,
consoante o pormenor desejado.
Um bom indicador do rumo do
vento é a movimentação das nuvens,
porque são por ele empurradas. O ar
desloca-se dos locais de maior pressão
atmosférica para aqueles onde ela é
menor. Sabe-se que o ar quente sobe e,
pelo contrário, o ar frio desce.
7.1.3.1 Tipos e características de ventos
A classificação a seguir considera
a velocidade do vento para que se possa
estabelecer uma classificação de força,
apresentando uma designação.
continua
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
122
FIGURA 90 – Tipos e características de
ventos
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
7.1.4 Nuvens
O vapor d’água é um gás invisível,
mas os produtos da condensação e
deposição de vapor d’água são visíveis.
As nuvens são manifestações
visíveis da condensação e deposição de
vapor d’água na atmosfera. Podem ser
definidas como conjuntos visíveis de
minúsculas gotículas de água ou cristais
de gelo, ou uma mistura de ambos.
As nuvens são classificadas com
base em dois critérios: aparência e
altitude.
Com base na aparência,
distinguem-se três tipos: cirrus, cumulus
e stratus. Cirrus são nuvens fibrosas,
altas, brancas e finas. Stratus são
camadas que cobrem grande parte ou
todo o céu. Cumulus são massas
individuais globulares de nuvens, com
aparência de domos salientes. Qualquer
nuvem reflete uma destas formas
básicas ou é combinação delas.
Com base na altitude, as nuvens
mais comuns na troposfera são
agrupadas em quatro famílias: Nuvens
altas, médias, baixas e nuvens com
desenvolvimento vertical. As nuvens das
três primeiras famílias são produzidas
por levantamento brando sobre áreas
extensas. Estas nuvens se espalham
lateralmente e são chamadas
estratiformes.
Nuvens com desenvolvimento
vertical geralmente cobrem pequenas
áreas e são associadas com
levantamento bem mais vigoroso. São
chamadas nuvens cumuliformes.
Nuvens altas normalmente têm
bases acima de 6000 m, nuvens médias
geralmente têm base entre 2000 a 6000
m e nuvens baixas tem base até 2000
m. Estes números não são fixos. Há
variações sazonais e latitudinais. Em
altas latitudes ou durante o inverno em
latitudes médias as nuvens altas são
geralmente encontradas em altitudes
menores.
Devido às baixas temperaturas e
pequenas quantidades de vapor d’água
em altas altitudes, todas as nuvens altas
são finas e formadas de cristais de gelo.
Como há mais vapor d’água disponível
em altitudes mais baixas, as nuvens
médias e baixas são mais densas.
Nuvens em camadas em qualquer
dessas altitudes geralmente indicam que
o ar é estável. Não esperaríamos
normalmente que nuvens crescessem ou
persistissem no ar estável. Todavia, o
desenvolvimento de nuvens desse tipo é
comum quando o ar é forçado a subir,
como ao longo de uma frente ou
próximo ao centro de um ciclone,
quando ventos convergentes provocam a
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
123
subida do ar. Tal subida forçada de ar
estável leva à formação de uma camada
estratificada de nuvens que tem uma
extensão horizontal grande comparada
com sua profundidade.
Nuvens com desenvolvimento
vertical estão relacionadas com ar
instável. Correntes convectivas
associadas ao ar instável podem
produzir nuvens cumulus, cumulus
congestus e cumulonimbus. Como a
convecção é controlada pelo
aquecimento solar, o desenvolvimento
de nuvens cumulus freqüentemente
segue a variação diurna da insolação.
Num dia de bom tempo as nuvens
cumulus começam a formar-se do meio
para o final da manhã, após o sol ter
aquecido o solo. A cobertura de cumulus
no céu é maior à tarde, visto que é
usualmente o período mais quente do
dia.
Se as nuvens cumulus apresentam
algum crescimento vertical, estas
normalmente chamadas cumulus de
"bom-tempo" podem produzir leve
chuva. Ao aproximar-se o pôr-do-sol a
convecção se enfraquece e as nuvens
cumulus começam a dissipar-se (elas
evaporam).
Uma vez formados os cumulus, o
perfil de estabilidade da troposfera
determina o seu crescimento. Se o ar
ambiente é estável mais para cima o
crescimento vertical é inibido. Se é
instável para ar saturado, então o
movimento vertical é aumentado e os
topos das nuvens cumulus sobem. Se o
ar ambiente é instável até grandes
altitudes, a massa da nuvem toma a
aparência de uma couve-flor, enquanto
se transforma em cumulus congestus e
então em cumulonimbus, que produz
tempestades.
FIGURA 91 – Tipos de nuvens
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
7.1.5 Precipitação
Todas as nuvens contem água, no
entanto algumas produzem precipitação
e outras não. Isto ocorre, por dois
motivos, o primeiro por que as gotículas
de nuvem são minúsculas, com diâmetro
médio menor que 20 mm.
Devido ao pequeno tamanho, sua
velocidade de queda é tão pequena, de
modo que, mesmo na ausência de
correntes ascendentes, ela se evapora
poucos metros abaixo da base da
nuvem. Segundo, por que as nuvens
consistem de muitas destas gotículas,
todas competindo pela água disponível,
logo seu crescimento via condensação é
pequeno.
A velocidade de queda de uma
gotícula de nuvem ou cristal de gelo por
meio do ar calmo depende de duas
forças: a força da gravidade (peso) e o
atrito com o ar.
O processo de colisão-
coalescência ocorre em algumas nuvens
quentes, isto é, nuvens com temperatura
acima do ponto de congelamento da
água (0° C).
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
124
FIGURA 92 – O processo de coalisão –
coalescência
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
Essas nuvens são inteiramente
compostas de gotículas de água líquida
e precisam conter gotículas com
diâmetros maiores que 20 mm para que
se forme precipitação. Estas gotículas
maiores se formam quando núcleos de
condensação "gigantes" estão presentes
e quando partículas higroscópicas, como
sal marinho, existem.
Estas partículas higroscópicas
começam a remover vapor d’água do ar
em umidades relativas abaixo de 100% e
podem crescer muito. Como essas
gotículas gigantes caem rapidamente,
elas colidem com as gotículas menores e
mais lentas e coalescem (combinam)
com elas, tornando-se cada vez maiores.
Tornando-se maiores, elas caem mais
rapidamente e aumentam suas chances
de colisão e crescimento.
Após um milhão de colisões, elas
estão suficientemente grandes para cair
até a superfície sem se evaporar.
7.1.5.1 Medidas de precipitação
A forma mais comum de
precipitação, a chuva, é provavelmente a
mais fácil de medir. Entretanto,
dispositivos sofisticados são usados
para medir pequenas quantidades de
chuva mais precisamente, assim como
para reduzir perdas por evaporação.
O pluviômetro padrão (Fig. 88)
tem um diâmetro em torno de 20 cm no
topo. Quando a água é recolhida, um
funil a conduz a uma pequena abertura
num tubo de medida cilíndrico que tem
área de seção reta de somente um
décimo da área do coletor.
Consequentemente, a espessura
da chuva precipitada é aumentada 10
vezes, o que permite medidas com
precisão de até 0,025 cm, enquanto a
abertura estreita minimiza a evaporação.
Quando a quantidade de chuva é menor
que 0,025 cm, é considerada um traço
de precipitação.
FIGURA 93 – Pluviômetro
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
7.1.6 Pressão atmosférica
Entre os vários elementos do
tempo (pressão, temperatura, umidade,
precipitação, ventos, etc.) a pressão é a
menos perceptível fisicamente. Contudo,
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
125
diferenças de pressão de um lugar para
outro são responsáveis pelos ventos e
variações na pressão têm importante
influência na variação do tempo. Como
veremos, a pressão do ar está
intimamente relacionada com os outros
elementos do tempo.
A pressão atmosférica em uma
dada posição é usualmente definida
como o peso por unidade de área da
coluna de ar acima desta posição. No
nível do mar uma coluna padrão de ar
com base de 1 cm² pesa um pouco mais
que 1 kg, isto representa a pressão de
uma atmosfera, ou seja, 1 atm,
correspondente também a 1 BAR.
À medida que a altitude aumenta,
a pressão diminui, pois diminui o peso
da coluna de ar acima. Como o ar é
compressível, diminui também a
densidade com a altura, o que contribui
para diminuir ainda mais o peso da
coluna de ar à medida que a altitude
aumenta. Inversamente, quando a
altitude diminui, aumenta a pressão e a
densidade.
FIGURA 94 – Variação Pressão x Altitude
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
Estima-se que a pressão cai em
torno de 1 mb a cada 8 m de ascensão
vertical.
A variação de pressão causa
mudanças de temperatura e gera a
instabilidade atmosférica, que influi
diretamente nos incêndios florestais e
vice-versa.
Em latitudes médias o tempo é
dominado por um movimento contínuo
de diferentes massas de ar que trazem
junto mudanças na pressão atmosférica
e mudanças no tempo. Em geral, o
tempo torna-se tempestuoso quando a
pressão cai e bom quando pressão sobe.
Uma massa de ar é um volume enorme
de ar que é relativamente uniforme
(horizontalmente) quanto à temperatura
e à concentração de vapor d’água.
7.1.7 Estabilidade atmosférica
Qualquer fator que cause o
aquecimento do ar mais próximo à
superfície em relação ao ar mais para
cima aumenta a instabilidade. O oposto
é verdadeiro, sendo que qualquer fator
que resfrie o ar mais próximo à
superfície torna o ar mais estável.
A estabilidade é aumentada por
resfriamento radiativo da superfície da
Terra após o por do sol e, por
conseqüência, do ar próximo à
superfície; resfriamento de uma massa
de ar por baixo quando ela atravessa
uma superfície fria; e subsidência de
uma coluna de ar.
A instabilidade é aumentada por
intensa radiação solar que aquece o solo
e, por conseqüência, o ar por baixo;
aquecimento de uma massa de ar por
baixo quando ela atravessa uma
superfície quente; movimento
ascendente do ar associado com
convergência geral; levantamento
forçado de ar, tal como o induzido por
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
126
montanhas; e resfriamento radiativo do
topo de nuvens.
7.1.7.1 Levantamento orográfico
Este fenômeno ocorre quando
terreno inclinado, como montanhas, age
como barreira ao fluxo de ar e força o ar
a subir.
Além do levantamento para tornar
o ar instável, as montanhas ainda
removem umidade do ar por outros
meios.
A topografia irregular das
montanhas dá lugar à aquecimento
diferencial e instabilidade de superfície.
Por tudo isso, há geralmente
precipitação mais alta associada com
regiões montanhosas, comparada com a
das regiões baixas vizinhas.
FIGURA 95 – Estabilidade Atmosférica
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
O levantamento por cunha frontal
ocorre quando ar frio atua como uma
cunha sobre a qual o ar mais quente e
menos denso sobe. Este fenômeno é
comum no sul do Brasil e é responsável
por grande parte da precipitação. As
figuras 96 e 97 ilustram o levantamento
de ar estável e instável.
O levantamento forçado é
importante para produzir nuvens. A
estabilidade do ar, contudo, determina
em grande parte o tipo de nuvens
formadas e a quantidade de
precipitação.
FIGURA 96 – Levantamento frontal (ar
estável).
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
FIGURA 97 – Levantamento frontal (ar
instável)
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
7.2 CÁLCULO DE RISCO DE INCÊNDIO
O cálculo do risco de incêndio
mede a probabilidade de início de
incêndios, da intensidade de queima e
marcha de propagação dos incêndios já
iniciados.
O comportamento do fogo
esperado para classe típicas de incêndio
pode ser classificado em:
a. Baixo ou Nulo
Os incêndios não irrompem
prontamente da maioria das causas
acidentais, embora muitos fogos
provenientes de raios tenham início em
algumas áreas durante os períodos de
baixo risco. Os incêndios que irrompem
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
127
desenvolvem-se lentamente, e há pouca
tendência para surgirem.
Freqüentemente ardem com
obscuridade, mas desenvolvem-se em
ramificações.
b. Pequeno ou Baixo
Podem surgir de causas
acidentais, mas o número de princípios
é geralmente baixo. Marcha de
propagação moderada, concentrações
pesadas de combustíveis arderão com
grande caloria podendo haver
ramificações. O controle dos incêndios
durante períodos de risco geralmente
não apresenta problemas.
c. Médio ou Moderado
Os incêndios terão início com
bastante facilidade, arderão com caloria
elevada, propagando-se rapidamente,
ramificando-se prontamente. O controle
dos incêndios durante o período de risco
médio pode tornar-se difícil se não
combatidos de imediato.
d. Alto ou Elevado
Os incêndios irrompem
facilmente, terão propagação rápida e
em alta marcha de propagação, com
considerada ramificação. O ataque
direto pela frente do incêndio é
raramente possível após este arder por
alguns minutos.
e. Extremo
Os incêndios irrompem facilmente
de todas as causas podendo iniciar por
meios de causas comuns e inesperadas,
ardem e propagam-se rápida e
intensamente. O ataque raramente é
possível. As frentes que avançam são
geralmente incontroláveis enquanto
prevalecerem períodos de extremo risco
e o trabalho mais eficiente se resumirá
aos flancos.
7.2.1 Cálculo do índice de perigo
empregando fórmulas
7.2.1.1 Fórmula de ANGSTRON
B= 0,05 x H x 0,1 x (T-27)
B= índice de Angstron
H= umidade relativa do ar em %
T= temperatura do ar em º C.
RISCO BAIXO: B ≥ 3,0
RISCO MODERADO: 2,5 < B < 3,0
RISCO ELEVADO: B ≤ 2,5
7.2.1.2 Fórmula de Monte Alegre (FMA)
Desenvolvida com os dados da
região central do Estado do Paraná, é um
índice acumulativo, e tem como única
variável a umidade relativa do ar,
medida às 13 horas.
n
FMA= (100/H)
i = 1
FMA= Fórmula de Monte Alegre
H= Umidade relativa do ar em %.
a. Restrições da FMA
Chuva do dia
(mm)
Modificação do Cálculo
≤ 2,4 Nenhuma
2,5 a 4,9
Abater 30% na FMA
calculada na véspera e
somar (100/H) do dia.
5,0 a 9,9
Abater 60% na FMA
calculada na véspera e
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
128
somar (100/H) do dia.
10,0 a 12,9
Abater 80% na FMA
calculada na véspera e
somar (100/H) do dia.
12,9
Interromper o cálculo
(FMA=0) e recomeçar a
somatória no dia
seguinte.
b. Escala de perigo da FMA
Valor FMA Grau de Perigo
≤ 1,0 Nulo
1,1 a 3,0 Pequeno
3,1 a 8,0 Médio
8,1 a 20,0 Alto
20,0 Extremo
7.2.1.3 Fórmula de Monte Alegre
alterada (FMA+
)
n
FMA+
= (100/Hi
)ve 0,04
i=1
H= Umidade relativa do ar em
porcentagem, medida às 13:00h;
n= número de dias sem chuva maior ou
igual a 13 mm;
v= velocidade do vento em m/s, medida
às 13:00h;
e= base dos logaritmos naturais
(2,718282).
a. Restrições da FMA+
Chuva do dia
(mm)
Modificação do Cálculo
≤ 2,4 Nenhuma
2,5 a 4,9
Abater 30% na FMA
calculada na véspera e
somar (100/H) do dia.
5,0 a 9,9
Abater 60% na FMA
calculada na véspera e
somar (100/H) do dia.
10,0 a 12,9
Abater 80% na FMA
calculada na véspera e
somar (100/H) do dia.
12,9
Interromper o cálculo
(FMA=0) e recomeçar a
somatória no dia
seguinte.
b. Escala de perigo da FMA+
Valor FMA Grau de Perigo
≤ 3,0 Nulo
3,1 a 8,0 Pequeno
8,1 a 14,0 Médio
14,0 a 24,0 Alto
24,0 Extremo
De posse dos dados é possível o
desenvolvimento de programas
preventivos alertando a população sobre
o risco dos incêndios florestais.
Atualmente são mantidas placas em
pontos estratégicos das rodovias com
informações sobre o risco, como abaixo
ilustrado.
FIGURA 98 – Placa indicativa do risco de
perigo.
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
129
7.3. ÍNDICES DE DESCONFORTO HUMANO
A sensação de temperatura que o
corpo humano sente é freqüentemente
afetada por vários fatores. O corpo
humano é uma máquina térmica que
constantemente libera energia e
qualquer fator que interfira na taxa de
perda de calor do corpo afeta sua
sensação de temperatura. Além da
temperatura do ar, outros fatores
significativos que controlam o conforto
térmico do corpo humano são: umidade
relativa, vento e radiação solar.
O índice de temperatura-umidade
(ITU) é um avaliador do conforto
humano para o verão, baseado em
condições de temperatura e umidade.
ITU = T - 0.55 (1 - UR )( T - 14 )
onde T é a temperatura dada em graus
Celsius e UR é a umidade relativa dada
em fração decimal.
Como a evaporação é um
processo de resfriamento, a evaporação
do suor é uma maneira natural de
regular a temperatura do corpo. Quando
o ar está muito úmido, contudo, a perda
de calor por evaporação é reduzida. Por
isso, um dia quente e úmido parecerá
mais quente e desconfortável que um
dia quente e seco.
Valores de ITU acima de 25
indicam que a maior parte das pessoas
se sentirá desconfortável, enquanto
valores entre 15 e 20 são aceitos pela
maioria como confortáveis. Na tabela
abaixo são mostrados os ITU calculados
com temperaturas em graus Fahrenheit
e Celsius.
Temperatura Umidade Relativa (%)
o
F o
C 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
70 21,1 64 64 65 66 66 67 68 68 69 70
75 23,9 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75
80 26,7 69 70 71 72 73 75 76 77 78 80
85 29,4 71 73 74 76 77 79 80 82 83 85
90 32,2 74 75 77 79 81 82 84 86 88 90
95 35,0 76 78 80 82 84 86 88 90 92 95
100 37,8 79 81 83 86 88 90 93 95 97 100
105 40,6 82 84 87 89 92 95 97 100 102 105
Legenda
Sensação de frio
Nenhum desconforto
Pequeno desconforto
Desconforto considerável
Grande desconforto
Máximo desconforto
FIGURA 99 – Índice de temperatura-umidade
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
No inverno, o desconforto
humano com o frio é aumentado pelo
vento, que afeta a sensação de
temperatura. O vento não apenas
aumenta o resfriamento por evaporação,
devido ao aumento da taxa de
evaporação, mas também aumenta a
taxa de perda de calor sensível (efeito
combinado de condução e convecção)
devido à constante troca do ar aquecido
junto ao corpo por ar frio.
Por exemplo, quando a
temperatura é -8ºC e a velocidade do
vento é 30Km/h, a sensação de
temperatura seria aproximadamente -
25ºC. A temperatura equivalente
"windchill" ou índice "windchill" ilustra
os efeitos do vento.
Examinando a tabela a seguir (Fig.
100), nota-se que o efeito de
resfriamento do vento aumenta quando
a velocidade do vento aumenta e a
temperatura diminui. Portanto, o índice
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
130
"windchill" é mais importante no
inverno.
No exemplo acima não se deve
imaginar que a temperatura da pele
realmente desça a -25ºC. Por meio da
transferência de calor sensível a
temperatura da pele não poderia descer
abaixo de -8ºC, que é a temperatura do
ar nesse exemplo. O que se pode
concluir é que as partes expostas do
corpo perdem calor a uma taxa
equivalente a condições induzidas por
ventos calmos com -25ºC. Deve-se
lembrar que, além do vento, outros
fatores podem influir no conforto
humano no inverno, como umidade e
aquecimento ou resfriamento radiativo.
Velocidade do Vento ( km/h )
6 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
TEM
PER
AT
UR
A R
EA
L (ºc)
20 20 18 16 14 13 13 12 12 12 12 12
16 16 14 11 9 7 7 6 6 5 5 5
12 12 9 5 3 1 0 0 -1 -1 -1 -1
8 8 5 0 -3 -5 -6 -7 -7 -8 -8 -8
4 4 0 -5 -8 -11 -12 -13 -14 -14 -14 -14
0 0 -4 -10 -14 -17 -18 -19 -20 -21 -21 -21
-4 -4 -8 -15 -20 -23 -25 -26 -27 -27 -27 -27
-8 -8 -13 -21 -25 -29 -31 -32 -33 -34 -34 -34
-12 -12 -17 -26 -31 -35 -37 -39 -40 -40 -40 -40
-16 -16 -22 -31 -37 -41 -43 -45 -46 -47 -47 -47
-20 -20 -26 -36 -43 -47 -49 -51 -52 -53 -53 -53
FIGURA 100 – Temperatura equivalente
"windchill"
FONTE: Acervo de Cap. QOBM Ivan Ricardo Fernandes
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
131
8 PERÍCIA APLICADA A
INCÊNDIOS FLORESTAIS
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
132
8. PERÍCIA APLICADA À INCÊNDIOS
FLORESTAIS
O serviço de perícia se trata de
uma atividade fundamental para a
elucidação das causas de um incêndio
florestal. A perícia é uma ação que
ocorre paralelamente ao combate às
chamas, cabendo ao perito designado
seguir um protocolo que o leve a
identificar a causa do incêndio.
8.1 DETERMINAÇÃO DA ORIGEM DO
INCÊNDIO.
A descoberta imediata do
incêndio e a demarcação correta do
mesmo darão uma vantagem na
determinação de sua causa.
Em incêndios de grandes
proporções teremos muitos quilômetros
quadrados para determinar o ponto
exato da origem do incêndio.
Conhecimento sobre o
comportamento do fogo é uma
necessidade para a determinação do
ponto de origem. Os incêndios começam
pequenos. Eles existem em condições
latentes, movem-se lentamente,
alastram-se, terminam e deixam marcas.
O comportamento deles é
controlado pelas condições climáticas,
combustíveis e topografia. A medida que
o fogo espalha-se por uma determinada
área, os carvões deixados terão padrões
característicos que indicarão a direção
que o fogo estava indo. Os diversos
padrões de carvões, quando colocados
juntos, levarão à origem do incêndio.
Utilizando os princípios de
propagação do fogo e os indicadores da
direção do fogo contidos neste capítulo,
poderemos reduzir vários hectares a um
ponto de origem exato. Somente após
determinar aquele ponto a pesquisa
poderá continuar a fim de encontrar
vestígios da causa do fogo.
8.2 PRINCÍPIOS DE PROPAGAÇÃO DO
FOGO.
O fogo sempre queima para fora
do seu ponto de origem e se todas as
condições forem iguais, ele queimará em
círculo ou num padrão oval. Próximo à
área do início do incêndio o fogo
geralmente é pequeno, queima devagar
e deixa grande quantidade de material
não queimado no solo.
Depois que o fogo atinge um
determinado tamanho, ele não se
manterá inaIterado e com igual
intensidade. Devido a velocidade do
vento, declividade do terreno,
quantidade de combustível e barreiras, o
fogo queimará devagar ou aumentará e
queimará com maior ou menor
intensidade. Essas mudanças geralmente
são visíveis no solo e ajudarão na
descoberta da origem do incêndio.
8.2.1 Vento
O vento provavelmente possui o
maior efeito sobre todos os elementos
de propagação do fogo e de sua
intensidade. O fogo que queima a favor
do vento tem maior velocidade do que
um fogo contra o vento. Poderemos
observar a diferença nos tipos de carvão
e na quantidade de combustível
consumida. Após o fogo atingir
determinado tamanho ele começará a
criar o seu próprio vento e queimará
mais rápido do que no início. O fogo
normalmente jogará faísca criando
novos focos na direção que o vento está
soprando. Se um novo foco for
detectado em direção contrária,
devemos checá-Io.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
133
8.2.2 Declividade
Declividade é o próximo mais
importante fator que influencia a taxa de
propagação do fogo. O fogo queimará
mais rapidamente morro acima do que
morro abaixo, devido ao pre-
aquecimento dos combustíveis
existentes em lugares altos. Um
incêndio morro abaixo mover-se-á mais
lentamente.
8.2.3 Combustíveis
Os combustíveis são também uma
peça importante. O fogo queimará mais
depressa e completamente, quando os
combustíveis forem secos. Com alta
umidade ou orvalho os combustíveis
queimarão mais devagar e deixarão mais
material não queimado.
8.2.4 Barreiras
Barreiras tais como toras ou
rochas podem diminuir a intensidade do
fogo ou até mesmo extinguí-Io. Quase
todas as barreiras irão, pelo menos,
diminuir a intensidade do fogo à medida
que ele as ultrapasse. As barreiras
geralmente causam turbilhões de
ventos, que podem mudar a direção do
fogo pelo menos em distâncias
pequenas.
Não devemos confundir efeito de
uma mudança temporária de uma
barreira da direção do vento com a real
direção de onde o vento veio.
8.3 INDICADORES DA DIREÇÃO DO
FOGO
A maioria dos indicadores abaixo
estarão aparentes tanto nos
combustíveis pesados, quanto nos leves.
8.3.1 Indicadores nos talos de
gramíneas
A medida que o fogo se aproxima
de um talo de gramínea ele aquece e
começa a carbonizar de um lado
primeiro. Esse lado é reduzido em
tamanho e força. O efeito é quase o
mesmo que um corte baixo em uma
árvore. Consequentemente o talo da
gramínea tombará para o lado mais
fraco. A medida que o fogo avança em
um determinado padrão de vegetação,
os talos caídos indicarão a direção de
onde o fogo veio. Entretanto, como
acontece com todos os indicadores,
poderemos obter a direção correta a
partir de diferentes fontes, pois
determinados fatores tais como vento ou
o tempo podem afetar a direção para
onde os talos dobram.
FIGURA 101 – Gramínea indicando a origem
de um incêndio florestal
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
8.3.2 Indicadores de combustíveis
protetores
Um incêndio de queima vagarosa
em baixa temperatura queimará
somente a vegetação no lado em que ela
estiver virada para o fogo. Geralmente
os combustíveis que são protegidos não
mostram qualquer sinal de terem
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
134
queimado. Devido a esse fato, uma
enorme área que queime vagarosamente
apresentará uma coloração mais clara
devido às cinzas, uma combustão mais
completa quando avistada longe e uma
coloração mais escura quando
observada próxima a sua origem.
FIGURA 102 – Gramínea indicando a origem
de um incêndio florestal pela coloração
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
8.3.3 Indicadores de queima em forma
de cava
Cavas normalmente ocorrem na
direção do vento, tanto no tronco de
árvore quanto nos gramíneos. Este é o
lado exposto ao vento mais forte e
portanto, espera-se que queime
profundamente, enquanto o outro lado
permanece mais frio e protegido pelos
restos do lado queimado. Esse efeito
ocorre até mesmo em gramíneas e pode
ser examinado de perto friccionando-se
as costas do punho. Esse movimento,
quando feito na direção em que o fogo
veio, dará uma sensação de algo
aveludado, ao passo que quando feito
no sentido contrário a sensação será de
algo áspero. Você deverá fazer esse
movimento em todas as direções até
encontrar a direção que proporcione a
sensação mais aveludada e a mais
áspera.
FIGURA 103 – Queima em forma de cava.
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
8.3.4 Padrão de carbonização
Um incêndio queimando morro
acima ou com o vento a favor, cria um
tipo de carbonização padrão. O carvão
inclinará num ângulo maior do que o
declive do solo. Isso é um padrão
normal nas árvores e permanecerá por
muitos anos após o incêndio. Isso é
causado por um vácuo no lado de trás
da árvore que atrairá as chamas em uma
contra-corrente naquele lado. As chamas
são, portanto, puxadas para cima da
árvore por um movimento de calor.
FIGURA 104 – Padrão de carbonização com
fogo morro acima
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
135
Um fogo retrocedendo morro
abaixo ou contra o vento criará um tipo
padrão de carbonização paralelo ao
solo.
FIGURA 105 – Padrão de carbonização com
fogo morro abaixo ou contra o vento
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
Devemos considerar ainda:
Quanto mais fraco for o vento
maior será o padrão de queima
vertical;
Em ventos fortes esse padrão fica
quase que paralelo ao solo .
Inicialmente um incêndio que se
movimenta vagarosamente
desenvolvendo calor e velocidade.
No local da origem do incêndio a
temperatura é relativamente baixa
à medida que a superficie dos
combustíveis queima, ficando as
copas das árvores mais ou menos
intactas.
Distante da origem do incêndio a
temperatura aumenta e mais copas
são queimadas;
Todas as copas podem ser
queimadas a medida que o
incêndio se intensifica.
8.3.4.1 Forma de “jacaré”
É uma forma de carbonização e
normalmente é encontrada em objetos
tais como cercas de estacas, quadros,
estruturas, placas de sinalização, etc.
Pode ser grande ou pequena,
assim como lustrosa ou opaca. A
expressão "escalas largas e lustrosas"
significa que a queima resultou de um
fogo quente e rápido, enquanto que a
expressão "escalas pequenas e opacas"
significa que a queima resultou de um
fogo lento e não muito quente. A
profundidade da carbonização é um
bom indicador da trajetória do fogo.
FIGURA 106 – Carbonização em forma de
“jacaré”
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
8.3.4.2 “Congelamento” dos galhos das
árvores
Quando as folhas e pequenos
galhos recebem muito calor, tendem a
ficar macios e facilmente se curvam na
direção da corrente do vento. Quando o
incêndio é debelado e eles se resfriam,
geralmente ficam apontados na mesma
direção. Novamente, é necessário testar
diversos indicadores para certificar-se da
direção do fogo.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
136
FIGURA 107 – Congelamento dos galhos
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
8.3.4.3 Manchas
Rochas, latas de alumínio e outros
objetos não inflamáveis que estejam
expostos ao fogo ficarão manchados
pelos combustíveis vaporizáveis e
minúsculas partículas carregadas pelo
fogo.
FIGURA 108 – Manchas em rocha
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
A parte manchada do objeto
normalmente indica o caminho
percorrido pelo fogo. Os objetos tais
como latas de cerveja, pedaços de
fragmentos de metal, torrões de terra
suja e vegetação que não foi atingida
pelo fogo apresentarão manchas de
queima.
8.3.4.4 Fuligem
A fuligem será depositada no lado
das cercas na direção de origem do
incêndio e pode ser notada pela fricção
das mãos na superfície das cercas
Quando realizarmos uma análise em
uma cerca de arame o local a ser
considerado deve ser a parte mais baixa
da cerca, pois eles mostrarão mais
evidência de fuligem do que na parte
mais alta.
FIGURA 109 – Fuligem em cerca de arame
FONTE: Adaptado do Manual de Determinação das
Causas de Incêndios Florestais/IBAMA.
Devemos lembrar que a medida que
nos aproximarmos do ponto de
origem do incêndio, o tamanho do
indicador diminuí.
8.4 DETERMINAÇÃO DA CAUSA DO
INCÊNDIO
Uma vez tendo trabalhado sobre
os indicadores de direção para chegar à
origem do incêndio, a causa da ignição
pode estar aparente. Se o incêndio foi
acidental, a causa da ignição pode estar
ainda no local. Mas, se o incêndio foi
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
137
intencional, a fonte de ignição poderá
ter sido removida ou destruída pelo
fogo.
Em qualquer dessas hipóteses,
deve-se vasculhar a área do foco inicial,
visando encontrar a fonte de ignição que
identifique a causa do incêndio. Essa
procura deverá ser contínua até termos
certeza que a fonte de ignição foi
removida ou destruída.
8.4.1 Categoria das causas de incêndio
O resultado final da causa
determinante do incêndio será a
localização da causa do incêndio em
uma das nove categorias gerais
acordadas abaixo em conformidade com
as agências e organizações de
prevenção aos incêndios. São elas:
a. Relâmpago: Auto-explicativa.
b. Fogueira de acampamento: Um
incêndio florestal resultante de um
foco iniciado por cozimento,
aquecimento ou produzido por luz ou
calor moderado. (Excluir as operações
nas ferrovias).
c. Fumantes: Incêndios causados
pelos fumantes por meio de fósforos,
isqueiros, tabaco ou outro material de
fumo. (Excluir as crianças que brincam
de fazer fogo e as operações em
ferrovias).
d. Queima para limpeza: A
propagação de um incêndio
proveniente da limpeza do solo,
galhos cortados, entulhos, pastagens,
toras, campinas, estradas de terra,
serviços de corte de madeira ou
outras queimas prescritas. (Exclua as
operações em ferrovias).
e. Incendiário: Um incêndio causado
propositalmente por alguém para
queimar ou exterminar a vegetação ou
propriedade que não pertença a ele e
sem o consentimento do proprietário
ou procurador. (Exclua os incêndios
causados por negligência quando da
queima para limpeza).
f. Uso de Equipamentos: Incêndios
causados por equipamentos
mecânicos além daquelas operações
de ferrovias.
g. Estrada de Ferro: Incêndios
causados por todas as operações das
estradas de ferro, incluindo
queimadas em estradas/atalhos de
terra e pontas de cigarro jogadas
pelos empregados.
h. Crianças: Incêndios causados por
crianças menores de 12 anos de
idade.
i. Diversos: Incêndios que não podem
ser corretamente classificados em
neunhuma das causas anteriores.
8.4.2 Eliminação das causas
Como mencionado anteriormente,
uma vez definida a área de origem do
incêndio a causa dele pode estar
aparente. Mesmo que a fonte de ignição
não esteja aparente, devemos estar
aptos a eliminar o que não o causou. Por
exemplo, se não tiver ocorrido nenhum
relâmpago, então poderemos eliminar
essa hipótese.
Pelo mesmo motivo, se não
houver nenhuma estação de estrada de
ferro a alguns quilômetros do local do
incêndio, poderemos eliminar as
operações em ferrovias como causa e se
o fogo estiver no meio de uma área
totalmente inalterada e inacessível, você
poderá também descartar o uso de
equipamentos.
Com o emprego desse processo
de eliminação, poderemos nos
concentrar melhor na busca da fonte de
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
138
ignição, utilizando os indicadores
listados anteriormente.
8.5 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
Existem tantas maneiras de
pesquisar a área de origem do incêndio
quanto de dividir a área em
seguimentos. Se a área total for pequena
poderá ser pesquisada de uma só vez.
Entretanto, é melhor dividí-Ia em vários
seguimentos e compartimentos,
conforme as figuras 110 e 111.
FIGURA 110 – Divisão de área para perícia
FONTE: USDA Forest Service.
Devemos lembrar que
geralmente não existe uma segunda
chance. Portanto, é aconselhável
pesquisar cada área duas ou três vezes
e, se possível, ter uma segunda pessoa
pesquisando-a pelo menos uma vez
antes que se passe para uma outra área.
Quando pesquisando cada
seguimento da área de origem do
incêndio, devemos nos concentrar na
menor porção possível de área de cada
vez. Isto pode ser feito movendo o
ponto de visão a partir de uma régua
colocada ao longo da parte mais estreita
de cada seguimento e movendo-a
levemente somente após cada área ser
examinada cuidadosamente. Toda a área
de origem do incêndio deve ser coberta
dessa maneira.
FIGURA 111 – Pesquisa detalhada de área
FONTE: USDA Forest Service
Um imã forte (pelo menos 50
libras de atração/força) deve ser movido
sob a área a fim de coletar partículas
finas magnéticas, tais como fragmentos
de metais de sapatos ou partículas de
escapamentos de veículos que possam
ter causado o incêndio.
8.6 INDICADORES DE FONTE DE IGNIÇÃO
A seguir veremos as descrições de
indicadores que identificarão a causa do
incêndio. Uma vez determinado o foco
do incêndio poderemos classificar as
causas de acordo com o abordado no
ítem 8.4.
8.6.1 Relâmpagos
Incêndios causados por
relâmpagos geralmente são fáceis de ser
determinados devido às evidência fisicas
lançadas na área de origem. Isto inclui
marcas de raios em árvores, postes,
fendas/rachaduras nas toras, árvores,
raízes e solo perturbado, etc.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
139
Outro indicador é o conhecimento
de que a área de origem do incêndio
localiza-se em área de recente
tempestade com raios. Distância e
improbabilidade da atividade humana
também são considerados indicadores.
8.6.2 Dispositivos incendiários.
Incêndios premeditados
normalmente envolvem o uso de
dispositivos tais como fósforos,
cigarros, velas, cordas, arame, fita/tiras
de borracha, podendo aparecer em
diversas formas e combinações. Um
cigarro, em combinação com fósforos,
geralmente é um dispositivo incendiário.
Quando um cigarro for encontrado na
área de origem do incêndio, observe se
há no local resquícios de fita, barbante
ou ligas de borracha. Todas essas
combinações indicam muito mais um
fogo incendiário do que um incêndio
natural.
Quando um isqueiro for utilizado,
ele normalmente será recolocado no
bolso do seu usuário, daí não restará
nenhuma evidência. Essa falta de
evidência também é um indicador.
Quando os fósforos são
utilizados, um ou mais palitos podem
ser encontrados na área de origem do
incêndio. Por outro lado, a pessoa que
provocou o incêndio pode desfazer-se
dos fósforos em outro local após mantê-
Ios em seu poder temporariamente.
Se nenhum dispositivo for
encontrado, o investigador pode
localizar o ponto de ignição e
determinar a altura acima do nível do
solo onde o dispositivo foi utilizado. A
altura do material restante e uma área
de combustão mais completa indicará o
ponto de aplicação do dispositivo.
8.6.3 Incêndios causados peIa ação
humana e onde as prováveis fontes de
ignição do incêndio são óbvias.
Abaixo estão listadas algumas
fontes de ignição que podem ser
rapidamente identificadas:
Edifícios queimando;
Depósitos de lixo queimando;
Veículos queimando;
Fogueiras de acampamento;
Acidentes de avião;
Queima de lixo;
Práticas de manejo do solo:
Queima em campo;
Queima para limpeza de
terreno;
Queimada prescrita;
Queimada na borda das
estradas.
Sinais de fogo (pessoa perdida);
Queima para espantar abelhas
com fumaça ou brincando de
fazer sinais de fumaça.
8.6.4 Incêndios causados peJa ação
humana e cujas prováveis fontes de
ignição não são óbvias
A seguir encontram-se algumas
fontes de ignição que não são
rapidamente identificadas.
Dinamite
Essa expressão está associada a
construção, limpeza de área, construção
de estradas ou remoção de tocos.
Geralmente existe uma atividade
humana associada e uma forte evidência
do uso de dinamite no terreno.
A ignição do fogo pode ocorrer
logo após a explosão de material
detonado na área vizinha.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
140
Uso de equipamentos.
(1) Fragmentos de metal:
Fragmentos, tais como pedaços ou
lascas de metal, podem causar incêndio
e geralmente estão associados às
construções de ferrovias. Isto
normalmente ocorre com trens, quando
transitando em declives ou quando
freiam ao aproximarem-se de curvas,
pátios de manobras, desvios, pequenas
comunidades ou entroncamentos.
Geralmente o fragmento é
suficientemente grande para ser visto a
olho nu e pode rolar ladeira abaixo até a
próxima elevação do terreno.
(2) Colapsos: Falha mecânica ou queda
de energia podem resultar em pedaços
quebrados de metal quente, dispersos
como por um ventilador. Numa estrada
pavimentada o ponto de impacto pode
ser demarcado por ranhuras ou pedaços
arrancados. A disposição dos
fragmentos de metal indicarão a direção
da trajetória do veículo e a velocidade
aproximada dele. Falhas de freios
ocorrem mais frequentemente em
longos declives. Deslizamentos de
embreagem e fragmentação ocorrem
durante as subidas.
(3) Corte, Solda e Amolamento: Numa
proporção menor, os trabalhos de solda
e corte, amolamento em esmeril e
alisamento de rodas são fontes de
ignição. Quando partículas quentes
caem sobre madeira seca e podre ou
sobre feno fino e prensado, geralmente
ocorre um incêndio de combustão lenta.
O vento e o aquecimento provocados
pelo calor do sol aumentarão as
possibilidades de ignição a partir dessas
fontes.
(4) Descarga/Escapamento: Descargas
ou partículas de carbono desprendidas
num sistema de exaustão devem ser
fortes o suficiente para manter a
temperatura necessária para incendiar
os combustíveis. Motores de grande
porte e de baixa compressão, tais como
caminhões, locomotivas ou tratores são
mais susceptíveis à emissão de
partículas maiores de carbono do que os
motores de pequeno porte e de alta
compressão como os dos automóveis.
(5) Atrito: Nas operações de transporte
de lenha o atrito entre cabos de aço e
lenhas, árvores ou tocos de madeiras
são possíveis fontes de ignição. O atrito
entre duas superficies de metal ou entre
duas superficies de metal e uma pedra
pode produzir faíscas. Os indicadores
são desgastes no ponto de contato e/ou
partículas metálicas na área de origem.
Aqui, mais uma vez, o imã poderá
detectar pequenas partículas.
(6) Canos com várias ligações e
amortecedores: Durante uma operação
de veículo, as temperaturas dentro de
um motor de combustão interna são tão
altas que podem chegar a 1.000 graus.
Depois de um período de operação todo
o sistema de exaustão está muito
aquecido. Combustíveis tais como
gramíneas e arbustos, podem entrar em
contato com um cano de descarga.
Pedaços de vegetação leve podem ficar
presas no sistema de exaustão. Com o
funcionamento do veículo os materiais
de combustão podem cair e acender a
superficie dos combustíveis. Essa fonte
de ignição do fogo pode ser identificada,
determinando-se a que hora um veículo
estacionou ou passou pela área. Marcas
de pneus com resquícios de capim
queimado entre as marcas, indica que
um veículo estacionou ali.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
141
(7) Pneus e Óleo lubrificante. Um veículo
com vazamento de óleo, borracha
derretida ou graxa deixará uma trilha
visível. Gotas congeladas de combustível
não inflamável serão encontradas fora
da área do incêndio ao longo da rota do
trajeto percorrido pelo veículo. O início
da ignição pode ocorrer tanto ao nível
como acima do solo, dependendo da
altura e da densidade do combustível.
Cercas elétricas
Incêndios podem ser causados
por cercas elétricas. O fogo pode ocorrer
em qualquer parte da cerca que esteja
em contato com a vegetação. Um
indicador é um toco queimado em
determinada altura da cerca.
Fogos de artifício
Os chamados "seguros" fogos de
artifício apresentam um perigo
relativamente pequeno para o seu
usuário mas continuam a apresentar um
alto potencial de fonte de ignição.
Tochas e labaredas
Essas fontes químicas de ignição
possuem uma junta de metal ou papel
que funciona como uma alça ou suporte.
A menos que o usuário o jogue no lixo
após o seu uso, esse resto de dispositivo
permanecerá após o consumo do
foguete. Um pó cinza característico é
deixado nos locais onde são utilizados
dispositivos químicos para iniciar a
ignição.
Lentes de vidro e Metal refletivo
A probabilidade de ignição
advinda desses materiais é
extremamente remota. Todos os
elementos tais como condições
climáticas, combustíveis secos,
exposição do vidro ou metal ao sol,
precisam estar presentes para iniciar um
incêndio.
Linhas elétricas
Linhas de transmissão e
distribuição de alta tensão ou os
suportes que as acompanham, podem
dar início a incêndios por si próprias.
Quando objetos enraizados caem ou são
arrancados num único movimento pode
ocorrer ignição. Pode ocorrer incêndio
em um poste de luz quando o isolador
dele estiver com defeito ou quando uma
linha estiver sobrecarregada ou a
manutenção de rotina não estiver sendo
cumprida. Os fios podem se encontrar
ou penderem até a vegetação encoberta
ou adjacente, resultando em explosão
ou curto circuito.
Incêndios superficiais podem ser
causados por fios elétricos caídos ou
quebrados/partidos. Objetos externos,
tais como animais ou pássaros
eletrocutados e árvores ou galhos
podem incendiar-se antes de cairem.
Outras possibilidades incluem cruzetas
queimadas, topos de varas, partes de
transformadores e fusíveis queimados.
Pode ocorrer incêndio se um fio elétrico
caído for reenergizado durante um teste
de linha.
Fumaça, cigarros e fósforos
Os combustíveis devem estar
extremamente secos antes de um
cigarro poder iniciar um incêndio. A
umidade relativa geralmente não deve
exceder a 25 % e pelo menos 30 % da
queima do cigarro deve ficar em contato
com um combustível extremamente
fino.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
142
A parte inferior do cigarro que
está diretamente em contato com o solo
não é completamente consumida como
o toco de cigarro que queima
progressivamente.
Esse papel de cigarro não
consumido/queimado e a presença de
mancha de nicotina
indicam/caracterizam um cigarro
descartado. Pontas de cigarros antigas
são prontamente identificadas pelo seu
desgaste e a ausência de queima
progressiva.
Combustão espontânea
As combustões espontâneas
implicam na ignição de algum objeto
sem nenhuma fonte externa de calor. No
caso de compostos tais como óleo,
graxa ou tinta, o processo ocorre por
meio de reação química.
A ação bacteriana inicia o
processo quando substâncias vegetais,
tais como decomposição de feno,
sementes/cereais ou serragem são
envolvidas. Isto é causado pelo calor
gerado num espaço isolado, sem
oxigênio, adequado para uma completa
oxidação.
Um tempo considerável deve ser
gasto antes que o processo químico ou
bacteriano desenvolva calor suficiente
para a combustão.
Os elementos umidade, calor e
falta de ar são criticos neste processo de
combustão. Feno molhado ou montes de
serragem úmida são a mais frequente
fonte de combustão expontânea nos
casos de incêndios florestais.
Material preto carbonizado como
o carvão é produzido e ajuda na
identificação dessa fonte de ignição.
Projéteis Luminosos e munição
incendiária
Projéteis luminosos e munição
incendiária podem causar um incêndio a
centenas de quilômetros de distância do
lugar que a arma de fogo foi detonada,
caso a munição caia sobre material de
fácil combustão.
8.7 MATERIAIS PARA PERÍCIA
Existem algumas ferramentas
básicas e simples que auxiliarão na
investigação da causa de um incêndio.
Esta lista não é de todo completa;
entretanto, para realizar um trabalho
eficiente, deve ser considerada como
uma condição mínima.
FIGURA 112 – Materiais para perícia
FONTE: USDA Forest Service
8.7.1 Objetos demarcadores
Os objetos demarcadores de
qualquer perturbação servirão para
demarcar e resguardar a área de origem
do incêndio.
Tais objetos também ajudarão a
dividir a área de investigação em
seguimentos para uma averiguação mais
detalhada.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
143
8.7.2 Régua
Uma régua auxiliará em pontos de
pouca visibilidade quando no exame da
área de origem do incêndio. Servirá de
fundo para fotos das evidências. Ela
deverá ser opaca por razões
fotográficas.
8.7.3. Ímã
Um imã (envolto num saco
plástico para ajudar a limpeza) auxiliará
a localizar partículas magnéticas tais
como fragmentos de metal existentes
em sapatos, que são muito pequenos
para serem vistos a olho nu. A tração do
ímã deverá ser de, pelo menos, 50
libras.
8.7.4 Câmera
Preferencialmente digital, o
operador deverá atentar para tirar fotos
com qualidade entre 1,2Mp a 3 Mp.
Ela ajudará a confirmar
visualmente qualquer evidência
encontrada na área de origem do
incêndio, podendo a imagem ser
ampliada em computadores, visando
esclarecer possíveis dúvidas.
8.7.5 Materiais escritos
Um fichário, contendo papel
gráfico pautado, lápis e borracha é
necessário tanto para tomar notas como
para fazer esboços da área de origem do
incêndio.
8.7.6. Trena de aço
Uma fita métrica de metal dará as
distâncias exatas na localização das
evidências conforme relatadas nos
marcos permanentes.
8.7.7 Bússola.
Uma bússola deverá ser utilizada
para orientar esboços para todos os 4
pontos cardeais.
8.7.8 GPS
No GPS deverá ser plotado o
ponto de origem do incêndio, bem como
a definição das prováveis rotas de
caminhamento do incêndio. O
equipamento poderá ser empregado
também como ferramenta de cálculo de
área se vários pontos forem plotados.
8.8 AÇÕES NECESSÁRIAS
A investigação quanto à causa do
incêndio deve começar antes de
qualquer ação de combate. AS
ANOTAÇÕES DE CAMPO DEVEM INICIAR
A PARTIR DO MOMENTO EM QUE
RECEBER O CHAMADO.
8.8.1 A caminho do incêndio
As anotações da hora do
recebimento do chamado até a sua
chegada ao local do incêndio devem
incluir o seguinte:
a. Auto-identificação
Coloque seu nome, unidade e
cargo nas anotações.
b. Data e hora
Registre a data e a hora em que
você recebeu o chamado.
c. Pessoa que fez o chamado
Registre todos os dados da
pessoa que fez o chamado. Ela poderá
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
144
ser a única testemunha que o seu
representante da legislação em vigor
tenha para entrevistar. Certifique-se de
pegar o endereço e telefone dele(a) se
possível.
c. Pessoas e/ou veículos
Registre todas as descrições,
localizações e hora em que as pessoas e
veículos foram vistas vindo da direção
do local do incêndio.
d. Portões e/ou trilhas
Registre quaisquer portões que
estejam quebrados, abertos ou
fechados. Se estiver em estrada de terra,
observe cuidadosamente os rastros de
pneus de carros ou pegadas humanas.
Dirija ou caminhe de tal forma que não
destrua essas pistas. Informe aos
bombeiros que estarão com você da
presença dessas marcas e da
necessidade de protegê-Ias.
e. Coluna de fumaça
A caminho do local do incêndio
atente para a coluna de fumaça e a sua
aparência. Faça uma estimativa da
direção e da velocidade do vento, assim
como da dimensão do incêndio. Registre
a hora da sua estimativa no seu caderno
de anotações.
f. Itens esquecidos
Coisas que estão faltando
também são tão importantes quanto as
que você vê. Anote isso também.
g. Itens do tempo
Registre as condições climáticas
tais como temperatura, tipo de nuvens,
chuvas, etc.
8.8.2 Chegando ao local do incêndio
Ao chegar ao local do incêndio
sua responsabilidade é impedir nova
propagação do incêndio. Ao mesmo
tempo você deve estar apto a fazer o
seguinte: FAÇA ANOTAÇÕES DAS SUAS
AÇÕES.
a. Avalie a dimensão do incêndio
Registre suas avaliações e o
tempo que você gastou para fazê-Ias.
Escreva o tamanho, direção e velocidade
da propagação, o tipo de combustível, o
grau de inclinação, a direção e a
velocidade do vento e outras condições
climáticas.
b. Localize e proteja a área de origem do
incêndio
Partindo do princípio de que 90%
de todos os incêndio florestais são
controláveis em menos de 4 hectares,
você provavelmente será capaz de
localizar a área geral do foco do
incêndio tão logo chegue ao local. Caso
isso seja possível, use imediatamente os
objetos demarcadores que levou consigo
para demarcar a área. Você deverá então
avaliar a dimensão do incêndio e outros
fatos mencionados no parágrafo
anterior.
Se possível, coloque um guarda
na área de origem e mantenha sua ação
de combate nessa área de forma
reduzida. Veículo, brigadas de incêndio
móveis, bombeiros florestais e outros
devem estar posicionados ao redor
dessa área. Certifique-se de que os
bombeiros ou observadores não joguem
materiais tais como pontas de cigarros
na área demarcada.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
145
Caso o incêndio seja tão grande
que a área de origem não seja fácil de
encontrar, isole ou restrinja o acesso a
uma grande área, na qual supõe que
provavelmente se encontre o foco do
incêndio. O mais importante nesse
momento é proteger toda a área para
evitar futuros distúrbios.
c. Procure e proteja as evidências
Após proteger a área de origem
do incêndio, olhe ao seu redor e observe
coisas tais como pessoas, veículos,
pegadas, dispositivos que possam iniciar
o fogo, sacos de papel, latas de cerveja
ou quaisquer objetos ou impressões que
possam ter a mais leve possibilidade de
vir a ser uma possível pista.
NÃO DESTRUA ESSES OBJETOS
Utilize os objetos demarcadores
que você levou para demarcar qualquer
coisa que você encontre. Marcas de
pneus de carro na estrada podem ser
protegidas posicionando um veículo
sobre as mesmas. Pegadas humanas ou
marcas de carros nas trilhas deverão ser
protegidas pelo desvio da rota do
trânsito para um dos lados da trilha.
Caso não exista maneira de evitar
a destruição de pistas valiosas, remova-
as cuidadosamente e guarde-as em lugar
seguro.
d. Identifique as testemunhas
Entrevistar as testemunhas no
local do incêndio é uma parte muito
importante na investigação do incêndio
mas, devido às leis estaduais e federal,
as testemunhas devem ser entrevistadas
somente por um representante da
legislação em vigor. Você pode
ajudá-Io registrando as seguintes
informações nas suas anotações de
campo:
Nome e descrição das pessoas
presentes no local do incêndio;
Anote o número das placas e
descrição dos veículos no local do
incêndio;
Anote quaisquer observações
feitas por pessoas no local do
incêndio e que estejam, de
alguma forma, relacionadas com
ele.
As pessoas que você encontrar no
local do incêndio quando de sua
chegada, ou aquelas que aparecem
durante o desenvolver do incêndio,
geralmente prestarão seus depoimentos
voluntariamente e por escrito, mas
relutarão a fazê-lo depois, ou seja,
quando o incêndio passar.
Não hesite em aproveitar-se desta
situação. Esse fato não deve ser
confundido com a entrevista de
testemunha, uma vez que você estará
somente solicitando a essas pessoas que
registrem quaisquer observações ou
outros fatos que elas estejam aptas a
fornecer por declarações feitas a mão.
Os seguintes passos deverão ser
observados quando obtendo declarações
voluntárias:
Peça para a pessoa escrever os
fatos detalhadarnente;
Se possível proporcione à pessoa
algum tipo de privacidade para
que não seja interrompida;
Solicite que a pessoa coloque o
número de seu telefone para
contato, date e assine cada folha
da declaração.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
146
Se essas declarações forem
alguma vez incluídas num processo
judicial, nunca serão tão importantes
quanto seus registros imediatos e
precisos de todas as observações e
conhecimentos relatados pela
testemunha.
Não compartilhe com ninguém
suas opiniões ou o que você tenha
observado no local do incêndio.
Quaisquer informações sobre pessoas
ou evidencias que possam ser os
causadores do incêndio não devem ser
compartilhadas com ninguém, a não ser
com a autoridade competente ou o
Comandante do Incidente, que tem a
responsabilidade de combater o
incêndio. Lembre-se:
“ O SEU TRABALHO É OBTER...E NÃO
DAR INFORMAÇÕES ”.
LISTA DE CHECAGEM
Obter um breve relato do
Comandante do Incidente;
Leve os materiais essenciais para
investigação com você ao local do
incêndio.
Faça anotações objetivas de todas
as suas ações e descobertas,
incluindo:
a) hora em que o incêndio foi
notificado.
b) nome e identificação da pessoa
que notificou o incêndio.
c) observações a caminho do local
do incêndio - pessoas e veículos.
d) condições do tempo -
ensolarado, nublado, etc.
e) nome e identificação de pessoas
e veículos que estejam nas
proximidades da origem do fogo.
Localize e proteja a área de origem
do incêndio.
Pesquise a área de origem do
incêndio com o propósito de
encontrar as evidências físicas das
causas do incêndio.
Proteja as evidências, mas NÃO AS
REMOVA, a menos que seja
necessário, a fim de evitar a sua
destruição.
Faça esboços da área de origem do
incêndio utilizando medidas exatas
da localização referente a todas as
evidências encontradas .
Tire fotografias de todos os
ângulos, incluindo as paisagens de
longa, média e curta distância da
área de origem do incêndio e das
evidências importantes.
Remeta todas as anotações,
informações e evidências físicas
para a autoridade competente.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
147
9 TÉCNICAS DE ORIENTAÇÃO
E NAVEGAÇÃO
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
148
9. TÉCNICAS DE ORIENTAÇÃO E
NAVEGAÇÃO
Nos incêndios florestais a
orientação é um processo imprescindível
para quem for combatê-los, tanto no
aspecto de segurança na entrada e saída
da floresta, quanto na correta
elaboração dos trabalhos de construção
das linhas de aceiro.
Em missão, o combatente
florestal deverá estar apto a operar
mapas, bússolas e o aparelho GPS
(Global Positioning System) para sua
orientação.
Deve-se sempre priorizar as rotas
de fuga em um incêndio na floresta. Para
tanto, em inúmeros casos as mesmas
são elaboradas com o auxílio de
instrumentos de orientação.
9.1 MAPAS (CARTAS TOPOGRÁFICAS)
Um mapa é a representação
gráfica, em geral uma superfície plana
em uma determinada escala, com a
representação dos acidentes físicos e da
superfície do terreno.
Todo o trabalho de combate a
incêndios florestais deve ser feito com
um prévio planejamento sobre um mapa
(carta da região). É importante se ter
conhecimento da data de publicação da
carta, pois estradas, trilhas e outros
aceiros naturais podem ser alterados
com o tempo.
9.1.1 Mapas topográficos
Os cartógrafos dividem a terra em
360 unidades chamadas graus. O globo
terrestre é então dividido em linhas
verticais, os meridianos, e linhas
horizontais, os paralelos. A medida leste
e a medida oeste são chamadas de
Longitude e a medida norte e a medida
sul são chamadas de Latitude. A
longitude é medida em 180 graus leste
ou oeste, começando a partir do
Meridiano de Greenwich na Inglaterra. A
latitude é medida em 90 graus norte ou
sul e começa na linha do Equador.
FIGURA 113 – Latitude e Longitude.
FONTE: cdb.br
Determinada a intersecção das
linhas de latitude e longitude, qualquer
ponto na superfície terrestre pode ser
localizado. Curitiba, por exemplo
localiza-se a 49 graus e 15 segundos de
longitude oeste e 25 graus e trinta
segundos de latitude sul (49º 15’ W 25º
30’ S). Cada grau é dividido em 60
minutos e cada minuto em 60 segundos.
No mapa, uma latitude sul de 50
graus, 47 minutos e 35 segundos
escreve-se: 50º47’35” S.
9.1.2 Sistema UTM
O sistema UTM (Universo
Transverso de Mercator) é hoje um dos
mais eficazes para utilização no
planejamento de combate a incêndios
florestais, pois nele desconsidera-se a
declinação magnética, que deve sempre
ser observada quando trabalhamos com
latitude e longitude.
Baseado em coordenadas
métricas, é definido em 60 zonas UTM,
múltiplas de 6 graus de longitude, na
Projeção Universal Transversal de
Mercator e cujos eixos cartesianos de
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
149
origem são o Equador, para coordenadas
N (norte) e o meridiano central de cada
zona, para coordenadas E (leste),
devendo ainda ser indicada a zona UTM
da projeção.
FIGURA 114 – Sistema UTM.
FONTE: gis.nwcg.gov
Tal sistema é empregado em
cartas militares e baseia-se na divisão de
áreas em quadrículas, que variam de
acordo com a escala que se está
trabalhando. Normalmente em um
incêndio florestal adotaremos o uso de
cartas na escala 1:50.000, que nos
fornece quadrículas divididas de 15’ em
15’ (4cm em 4cm).
9.1.3 Escala
A escala de uma carta topográfica
é a proporção entre uma medida gráfica
na carta e uma medida real. A escala
normalmente vem indicada na carta, na
parte de baixo, por uma fração numérica
ou gráfica. Por exemplo: 1:10.000, onde
um centímetro na carta equivale a
10.000 centímetros, ou seja 100 metros,
ou ainda 10 centímetros são iguais a 1
quilômetro.
A regra básica pode ser
representada da seguinte forma: uma
medida n na carta representa uma
grandeza n x 1.000 maior no terreno; ou
o inverso, onde uma medida n no
terreno é equivalente a uma medida n x
1.000 x menor na carta.
Tendo-se a escala é fácil calcular
as distâncias. Basta apanhar a medida
em centímetros na carta e multiplicar
pelo denominador da escala. Para saber
o inverso, quanto representa uma
medida no terreno numa carta de escala
conhecida, divide-se a medida (estimada
andada) pelo denominador da escala.
Normalmente as cartas
topográficas utilizadas nas atividades de
combate a incêndios florestais são
utilizadas na escala 1: 50.000, onde 1
centímetro na carta vale 500 metros no
terreno.
9.1.4 Como ler uma carta topográfica
Inicialmente devemos estar
atentos a todas as informações
oferecidas pela carta topográfica, tais
como edição, sinais convencionais (vias
de circulação, limites, elementos
planimétricos, elementos altimétricos,
elementos de vegetação e hidrografia).
Tais informações são facilmente colhida
na base inferior de uma carta
topográfica.
A articulação da folha, localização
da folha da unidade de federação e
divisão administrativa, fornece
informações para que o usuário localize
a carta em um contexto mais amplo.
A carta topográfica fornece ainda
informações sobre curvas de níveis,
datum horizontal e vertical, bem como
coordenadas.
A declinação magnética da carta é
fornecida de acordo com o ano de
edição da mesma, sendo necessário a
realização de cálculos para atualização
(o dado de crescimento da declinação é
fornecido).
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
150
9.1.5 Curvas de nível
As cartas topográficas
representam, além das coordenadas de
latitude e longitude, a altitude do
terreno por meio das curvas de nível.
Saber interpretar uma curva de
nível é de fundamental importância para
o combatente florestal, pois ele
conseguirá distinguir o melhor caminho
quando for traçar uma linha de aceiro
em carta. Poderá encontrar pontos onde
possivelmente existam lugares de
abastecimento de água, bem como
poderá definir o melhor local para a
progressão das equipes de combate.
A curva de nível é uma linha
imaginária que une pontos de mesma
altitude um uma carta, representando
as condições do terreno naquele local.
FIGURA 115 – Representação das curvas de
nível
FONTE: ibge.gov.br
Para que seja possível a
representação de um determinado
trecho do terreno são necessárias várias
curvas de nível. As curvas de nível
impressas com maior espessura são
denominadas curvas de nível mestras, e
normalmente indicam a altitude daquele
ponto específico.
Podemos verificar na figura 115
que quanto mais acentuado for o
declive, mais próximas estarão as curvas
de nível na representação planificada.
9.2 BÚSSOLA
A bússola é um instrumento de
orientação e navegação que possuí uma
agulha imantada que a mantém voltada
para uma direção permanente, o Norte
Magnético.
Sua caixa contém uma agulha de
aço imantado, um limbo fixo ou móvel,
graduado no sentido NE SO (nordeste
sudoeste), com leituras de 360º ou
6400”.
Toda bússola apresenta as
mesmas propriedades de
funcionamento, servindo a determinação
de ângulos horizontais (azimutais) e
eventualmente para medir ângulos
verticais, ou orientar cartas.
Nos incêndios florestais a bússola
é importante instrumento de orientação
e na confecção de aceiros.
Normalmente utiliza-se o aparelho
GPS e um helicóptero para marcar os
limites do aceiro, sendo que logo após a
plotagem dos pontos necessário no GPS,
abre-se o aceiro na mata com emprego
da bússola, que deve ser orientada de
acordo com a ângulo BRG do GPS.
9.2.1 Declinação magnética
A agulha da bússola é atraída
para o norte magnético, enquanto a
maioria dos mapas é orientada para um
ponto diferente na Terra, o polo norte
geográfico (norte verdadeiro).
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
151
Esta diferença entre o norte
verdadeiro e norte magnético, medida
em graus, é chamada declinação
magnética.
Um simples ajuste na bússola é
necessário para corrigir a declinação
magnética.
Em áreas a oeste da linha de
declinação zero, a agulha magnética
aponta para algum lugar a leste (para a
direita) do norte verdadeiro, então
dizemos que esta área tem declinação
leste.
Trabalha-se o oposto para áreas a
leste da linha de declinação zero. Aqui a
agulha magnética aponta para algum
lugar a oeste (esquerda) do norte
verdadeiro, assim esta área tem
declinação oeste.
Considerando uma montanha na
Serra do Mar, onde a declinação atual é
17º08'. O rumo verdadeiro é o ângulo
medido entre a linha do norte
verdadeiro e o ângulo de direção de
viagem.
A agulha magnética entretanto, é
atraída para o norte magnético, não o
norte verdadeiro. Então ao invés disso,
meça o ângulo entre a linha do norte
magnético e a linha de direção. este
“rumo magnético” é 17º08' maior que o
rumo verdadeiro. Para conhecer o rumo
verdadeiro devemos subtrair 17º08' do
rumo magnético.
Em áreas de declinação leste,
soma-se a declinação ao rumo
verdadeiro, e em áreas com declinação
oeste, que é nosso caso, subtrai-se a
declinação do rumo magnético para
conhecer o rumo verdadeiro.
Usualmente a declinação vem
expressa nas margens dos mapas.
As vezes torna-se necessário
orientar um mapa para se entender a
relação entre o mesmo e o local onde
nos encontramos.
A figura 113 demonstra a forma
de como se orienta um mapa, conforme
a declinação magnética do mesmo.
FIGURA 116 – Orientando uma mapa
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
Desta forma, colocamos a bússola
sobre o mapa, próximo ao diagrama de
declinação. Girar o mapa e a bússola
juntos até que a agulha que aponta para
o norte magnético esteja alinhada ou
paralela com a direção do norte
magnético no diagrama. O mapa estará
orientado em relação a área.
9.2.2 Componentes de uma bússola:
Agulha magnética com rotação livre.
Uma ponta tem cor diferente da
outra, assim você diferencia
facilmente qual ponta está indicando
o norte;
Caixa ou compartimento circular
estanque e giratório para a agulha.
Este compartimento é preenchido
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
152
com um fluído que reduz as vibrações
da agulha, tornando-a mais acurada;
Mostrador em volta da circunferência
do compartimento da agulha. O
mostrador é graduado no sentido
horário em graus que vão de 0 a
360º;
Seta de orientação e uma conjunto de
linhas ou meridianos paralelos. estes
estão por baixo da agulha imantada;
Linha de índice onde se faz a leitura
do rumo;
Base retangular e transparente para
completar a unidade. Esta base inclui
a linha de direção de viagem (algumas
vezes com uma seta na ponta) para
apontar na direção do objetivo.
Quanto maior esta lâmina de base,
mais fácil de fazer a leitura.
FIGURA 117 – Bússola SUUNTO
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
9.2.3 Azimute
O azimute ou rumo é a direção
tomada de um lugar para outro, medido
em graus de um ângulo em relação a
uma aceitável linha de referência. Esta
referência é a linha que aponta para o
norte verdadeiro.
O mostrador redondo de uma
bússola é dividido como os cartógrafos
dividem a Terra, em 360 graus.
A direção em graus de cada ponto
cardeal, partindo do topo em sentido
horário é: norte, 0º (o mesmo que 360º);
leste, 90º; sul 180º e oeste, 270º.
A bússola é utilizada em duas
tarefas básicas, considerando os
azimutes:
Para “tirar” rumos, ou seja pode-se
dizer que é usada para medir
azimutes. Tirar o rumo significa medir
a direção a partir de um ponto até o
outro, no mapa ou no terreno.
Para plotar azimutes, ou seja, traçar
rumos. Traçar um rumo significa
ajustar um rumo específico na
bússola e então plotá-lo ou segui-lo
na direção que o rumo aponta,
também no mapa ou no terreno
9.2.3.1 Azimutes sobre o mapa
A bússola é usada como um
transferidor para medir e traçar rumos
no mapa. O norte magnético e a
declinação magnética não influenciam
nesses cálculos.
Além disso devemos ignorar a
agulha magnética da bússola. Nunca
devemos usar a agulha magnética para
medir ou traçar azimutes sobre um
mapa.
O único momento em que a
agulha magnética é usada é sempre que
quisermos orientar o mapa com o norte
verdadeiro.
Não há necessidade de orientar o
mapa para traçar ou medir azimutes.
a. Medindo um azimute no mapa
Colocamos a bússola sobre o
mapa com a borda maior da base
Agulha
Mostrador
Linhas
Meridianas
Seta de
Orientação
Ponteiro
Indicador
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
153
correndo diretamente entre dois pontos
de interesse.
FIGURA 118 A e B – Medindo um azimute
sobre um mapa
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
Para medir o rumo de um ponto a
outro, devemos observar que a linha de
direção de viagem esteja apontada na
mesma direção dos pontos anteriores.
Giramos o compartimento
giratório até que as linhas de meridianos
estejam paralelas com a linha norte sul
do mapa. Devemos ter certeza que a
flecha de orientação, que gira junto com
as linhas de meridiano, esteja
apontando para o topo do mapa, para o
norte. Se estiver apontando para baixo a
leitura estará 180º fora. Então lemos o
número indicado na linha de índice. Este
é o azimute de um ponto a outro. Este
azimute encontrado é o azimute de
quadrícula. Para que tenhamos o
azimute magnético deverá ser verificada
a declinação magnética da carta e somar
ao ângulo (azimute) encontrado.
b. Traçando (seguindo) um azimute no
mapa
Devemos partir de um azimute
conhecido, que foi previamente lido em
campo. Imaginemos que no regresso de
um combate a um incêndio florestal a
equipe localizou uma fumaça legítima e
anotou o rumo 120º em um ponto
demarcado no terreno (cume, trilha,
picada, casa, etc.).
Para lançarmos uma nova equipe
de combate do ponto anotado faremos o
seguinte: primeiro ajustaremos o rumo
de 120º na linha de índice da bússola.
Coloque a bússola com a lateral maior
tocando o ponto de referência do rumo.
Gire a bússola inteira (não só o
compartimento da agulha) até que as
linhas meridianas estejam paralelas com
as linhas norte sul do mapa e tenha
certeza que a borda da lâmina de base
ainda esteja tocando a referência. Mais
uma vez certifique-se que a seta de
orientação esteja apontada para o norte.
Siga a linha traçada com a borda da base
seguindo em direção oposta à viagem,
pois o rumo original foi medido em
direção à referência.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
154
Onde a linha cruza a trilha é o
local exato que foi medido o rumo de
120º.
9.2.3.2 Azimute no campo
Neste caso a agulha magnética
fará seu trabalho. Todos os rumos no
campo são baseados onde a agulha
aponta. Para simplificar nestes dois
primeiros exemplos, vamos ignorar os
efeitos da declinação magnética.
a. Para medir um azimute no campo
Segure a bússola na sua frente e
aponte a linha de direção de viagem
para o objeto que você deseja encontrar
o azimute. Gire o compartimento da
bússola até que a ponta da flecha de
orientação esteja alinhada com a ponta
imantada da agulha. Leia o rumo na
linha de índice e pronto.
FIGURA 119 – Medindo um azimute
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
FIGURA 120 – Medindo um azimute (visão
da bússola)
FONTE: Acervo de Major QOBM Edemilson de Barros
b. Para traçar (seguir) um azimute no
campo:
Simplesmente reverta o processo
usado para tomar o rumo. Comece
girando o compartimento da agulha até
que você tenha o azimute desejado na
linha de índice, por exemplo 45º. Segure
a bússola nivelada à sua frente e então
gire seu corpo inteiro até que a ponta
imantada da agulha esteja alinhada com
a flecha de orientação. A linha de
direção de viagem está agora apontando
para o oeste adequado.
9.3 GPS
O GPS (Sistema de
Posicionamento Global) é importante
aliado dos bombeiros no combate a um
incêndio florestal, pois nos fornece
dados de latitude, longitude e altitude.
Possibilitar a elaboração de rotas e
calculo de distâncias, entre outras
funções.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
155
Entretanto nunca deve ser
utilizado como único meio de
orientação, pois o mesmo perde
facilmente o sinal ao adentrar em mata
fechada, que é o meio ambiente normal
de ocorrência de incêndios florestais.
O receptor GPS é um equipamento
que nos informa a posição na superfície
da terra em tempo real e nos fornece
outras informações.
FIGURA 121 – GPS Garmim etrex.
FONTE: mdetectors.com
O GPS oferece várias
possibilidades de formatos e datum que
podem ser alterados pelo seu usuário.
Seu princípio de funcionamento é
a comunicação com satélites (24
satélites que estão distribuídos em 6
orbitas, cada uma com 4 satélites). O
GPS se comunica com os satélites,
mostrando em sua tela os disponíveis e
processando as informações dos
mesmos. Atualmente os GPS são
fabricados com 12 canais o que permite
receber o sinal simultâneo de até 12
satélites.
Normalmente empregamos nos
incêndios florestais coordenadas em
graus, minutos, segundos e décimos de
segundos (dddºmm’ss.s”) e UTM/UPS
(coordenadas UTM entre as latitudes
80ºS e 84º e para as superiores
coordenadas UPS).
9.3.1 Waypoints
O GPS permite que marquemos
nossa posição e a arquivemos na
memória do aparelho. Via de regra é
feito por meio da tecla MARK, sendo
possível estabelecer um nome para esse
ponto, um ícone pré-estabelecido e fazer
uma observação curta.
É possível também se criar pontos
no GPS.
9.3.2 Função “GO TO”
Uma das possibilidades do GPS é
propiciar a navegação do ponto atual
(onde se encontra o navegador) para um
ponto marcado. Para tanto ele deve
pressionar a tecla “GO TO” ou “IR PARA”.
Seleciona-se o “waypoint”
desejado em uma lista e aperta-se a
tecla ENTER.
O GPS indicará o destino
(azimute) e a distância do ponto atual ao
ponto selecionado.
Enquanto caminhamos o GPS
fornece dados instantâneos e indica BRG
– “bearing” para o azimute de chegada e
TRK “tracking” para o azimute de
deslocamento daquele momento.
9.3.3 Função MOB – “Man Overboard”
Essa função traduzida “homem ao
mar” quando acionada por meio de dois
toques na função “GO TO” faz com que o
GPS armazene esta posição e ative a
função “GO TO” para essa mesma
posição.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
156
9.3.4 Considerações importantes
Caso o GPS esteja sendo utilizado
sem mapa e sem uma bússola é
importante que seja configurado para a
indicação de azimutes verdadeiros,
recomendando-se utilizar o datum WGS
84.
Caso usemos somente bússola
que não permita trabalhar com azimutes
verdadeiros e GPS, devemos configurá-lo
para azimute magnético. Desta forma os
azimutes indicados pelo GPS estarão em
conformidade com os azimutes da
bússola. Recomenda-se utilizar o datum
WGS 84.
Usando o GPS em conjunto com
carta topográfica configuraremos o
equipamento para azimute de
quadrícula, indicando a posição
UTM/UPS e datum idêntico ao da carta.
9.3.5 Empregando rotas no GPS
O GPS nos permite agrupar vários
“waypoints” de forma a criar uma rota.
O uso de uma rota permite que
diversas posições sejam marcadas e
facilitem o retorno ao ponto de origem
passando por determinados pontos.
No caso de se efetuar um aceiro a
longa distância o mesmo pode ser
traçado se empregando uma rota, de
forma a se evitar pontos quentes.
9.3.6 Uso do GPS em um incêndio
florestal
Já foi comentado da utilização do
GPS em um incêndio florestal.
Passaremos agora a exemplificar, passo
a passo como se procede a marcação de
um ponto ou mais e o deslocamento ou
construção de aceiros passando por tais
pontos. Neste caso consideramos um
GPS modelo Garmim.
9.3.6.1 Empregando uma carta
topográfica e GPS
Dispondo-se de uma carta
topográfica, marcamos na mesma o
ponto por onde o aceiro deve ser
traçado. Lembrar que o aceiro deve
confinar determinada área devendo
terminar em um ponto onde não possa
ocorrer a propagação do fogo.
Traçada a linha de aceiro
marcamos o ponto de início e término
do aceiro, os quais deverão ter suas
coordenadas encontradas na carta.
Exemplo:
Início do Aceiro (P1)
22J 7136118 mE
743704 mN
Término do Aceiro (P2)
22J 7135136 mE
0743664 mN
Apuradas as coordenadas
retangulares dos pontos, passar tais
dados para o GPS:
Com o aparelho já ligado na tela
que fornece os sinais de recepção
de satélites (principal), pressionar
a tecla PAGE até a mensagem
MAIN MENU.
Com o cursor central selecionar
WAYPOINT e pressionar a tecla
ENTER.
Com o cursor central selecionar a
palavra NEW e pressionar ENTER.
Nomear o ponto como for
conveniente e lançar as
coordenadas. Após, pressionar a
tecla ENTER para salvar os
dados.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
157
O primeiro ponto estará marcado.
Proceder da mesma forma para o
segundo ponto.
Obs.: Caso o sistema que o GPS
esteja trabalhando não seja a UTM, o
mesmo deverá ser selecionado:
Partindo da tela de recepção de
sinais, pressionar a tecla PAGE 4
vezes.
Com o cursor central selecionar
as palavras SETUP MENU e
pressionar ENTER
Com o cursor central selecionar
NAVIGATION e pressionar ENTER.
Com o cursor central selecionar a
palavra que estiver abaixo da
mensagem POSITION FORMAT e
pressionar ENTER.
Com o cursor central selecionar
UTM/UPS.
Para retornar a tela principal
pressionar ENTER.
Com os dados já apurados e
coordenadas plotadas no GPS, lançar o
pessoal no ponto de início da construção
da linha de aceiro, que deve coincidir
com o ponto pré-estabelecido na carta.
Partindo-se do ponto inicial com o
GPS na tela principal pressionar a tecla
GOTO, e o mesmo mostrará todos os
pontos já marcados. Selecionar o pontos
de interesse, que no caso é o ponto de
chegada do aceiro e pressionar ENTER.
O aparelho entrará
automaticamente em outra tela que nos
mostrará uma estrada virtual ou bússola,
conforme o tipo e modelo, entretanto o
que nos interessará é o ângulo BRG
mostrado na parte superior que dará a
coordenada de chegada ao ponto final
do aceiro.
Possuindo tal ângulo, o mesmo
deverá ser transferido para a bússola e
assim daremos início ao trabalho, agora
com a bússola, sendo que o GPS deverá
ser utilizado para verificar se não está
ocorrendo um desvio na rota.
9.3.6.2 Empregando uma aeronave:
Sobrevoa-se a área com uma
aeronave que possua GPS ou com um
GPS portátil. Marcar o ponto que se
deseja iniciar a construção da linha de
aceiro, com o GPS ligado.
Partindo-se da tela principal
pressionar a tecla MARK, e o
ponto será automaticamente
marcado. Tal ponto deverá ser
nominado, utilizando-se para isso
o cursor central.
Procede-se da mesma forma para
marcar o término do aceiro.
Marcados os pontos, procede-se
como descrito acima para lançar o
pessoal que trabalhará no ataque
indireto.
Os procedimentos descritos acima
são básicos para o operador do GPS,
entretanto é importante que o mesmo
tenha pelo conhecimento de todas as
funções do equipamento, pois caso o
mesmo não esteja em perfeito
funcionamento e calibrado poderão
ocorrer erros que prejudicarão o
trabalho e até mesmo colocarão em
risco a vidas dos combatentes.
O GPS JAMAIS SERÁ UTILIZADO COMO
ÚNICO MEIO DE NAVEGAÇÃO.
9.4 PERCURSOS DE CAMINHADAS
Nos incêndios florestais é comum
aos combatentes percorrerem longas
distâncias a pé, seja por estradas e
terrenos planos ou em locais irregulares.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
158
Para tanto, é importante se
estabelecer um controle do trecho
percorrido, o que normalmente é feito
por meio da contagem de passos
duplos.
Esta técnica é individual e deve
ser aferida para cada combatente.
A técnica de contagem é muito
simples: se iniciar a marcha com o pé
direito contará um passo duplo sempre
que pisar com o pé esquerdo.
A medição do passo deve ser feita
em uma distância demarcada
(normalmente 100 metros) e repetida 10
vezes (cinco idas e cinco voltas).
NORMALMANTE 64 PASSOS DUPLOS
EQUIVALEM A 100 METROS.
Nas longas caminhadas, o chefe
da guarnição designará um integrante
da guarnição de combate a incêndios
florestais para que execute a contagem.
O controle poderá ser feito dando-se nós
em um cordelete.
O emprego desta técnica permite
que se calcule a área de vegetação
afetada por um incêndio florestal
quando as condições do terreno e
extensão do incêndio o permitirem.
Um excelente exercício que
permite o emprego da técnica de passo
duplo e a utilização de bússola consiste
em marcar um quadrado:
Inicialmente marca-se o primeiro
canto (com uma bandeira por
exemplo) e percorre-se 100
metros na direção Norte e marca
o segundo canto;
A seguir percorre-se 100m na
direção Leste e marca-se o
terceiro canto;
A seguir percorre-se 100m na
direção Sul e marca-se o quarto
canto;
Finalmente percorre-se 100m na
direção Oeste e marca-se o quinto
canto.
Todo o caminhamento deverá ser
feito empregando-se o método da
contagem de passos duplos.
Haverá um erro entre a primeira e
a quinta marca, chamado erro de
fechamento.
FIGURA 122 – Exercício de campo –
marcando um quadrado
FONTE: Adaptado pelo autor (EB)
N
E
S
W
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
159
10 SOCORROS DE URGÊNCIA
NOS INCÊNDIOS FLORESTAIS
SEM EXCEÇÕES: SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
160
10. SOCORROS DE URGÊNCIA NOS
INCÊNDIOS FLORESTAIS
Conforme tratado nos capítulos
anteriores os incêndio florestais ocorrem
em locais muitas vezes inóspitos, e de
difícil acesso, o que compromete as
ações de resgate.
Além deste fato, os combatentes
de incêndios florestais estão sujeitos a
situações de quedas que podem gerar
contusões, ferimentos, fraturas e
luxações, acidentes com animais
(ofídios, aracnídeos, lagartas),
queimaduras e desidratação pelo
desgaste excessivo do trabalho de
campo.
Este capítulo objetiva abordar os
principais riscos que o combatente
florestal pode se deparar, bem como
técnicas de atendimento a serem
adotadas.
10.1 ATENDIMENTO INICIAL À VÍTIMA DE
TRAUMA
O objetivo do atendimento inicial
à vítima de trauma é identificar
rapidamente situações que coloquem a
vida em risco e que demandem atenção
imediata pela equipe de socorro. Deve
ser rápido, organizado e eficiente de
forma que permita decisões quanto ao
atendimento e ao transporte adequados,
assegurando à vítima maiores chances
de sobrevida.
10.1.1 Controle da Cena
10.1.1.1 Segurança do local
Antes de iniciar o atendimento
propriamente dito, a equipe de socorro
deve garantir sua própria condição de
segurança, a das vítimas e a dos demais
presentes. De nenhuma forma qualquer
membro da equipe deve se expor a um
risco com chance de se transformar em
vítima, o que levaria a deslocar ou
dividir recursos de salvamento
disponíveis para aquela ocorrência.
Devemos estar atentos para a
propagação do fogo, quedas de objetos
incendiados sobre a equipe,
possibilidade da equipe ser cercada pelo
fogo e outros acidentes inerentes ao
meio ambiente.
10.1.1.2 Mecanismo de trauma
Enquanto se aproxima da cena do
acidente, o socorrista examina o
mecanismo de trauma, observando e
colhendo informações pertinentes,
procurando identificar a possível causa
do acidente.
10.1.1.3. Abordagem da vítima
Visa identificar e manejar
situações de ameaça à vida. A
abordagem primária é realizada sem
mobilizar a vítima de sua posição inicial,
salvo em situações especiais que
possam comprometer a segurança.
Só se justifica mobilizar a vítima
de sua posição inicial na abordagem
primária quando a situação de risco não
puder ser afastada.
A abordagem primária é realizada
em duas fases:
Abordagem primária rápida;
Abordagem primária completa.
a. Abordagem primária rápida
É a avaliação sucinta da
respiração, circulação e nível de
consciência. Deve ser completada em no
máximo 30 segundos. Tem por
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
161
finalidade a rápida identificação de
condições de risco de morte, o início
precoce do suporte básico de vida (SBV)
e o desencadeamento de recursos de
apoio, tais como médico no local e
aeronave para o transporte.
Na abordagem primária rápida
devem ser seguidos os seguintes
passos:
1) Aproximar-se da vítima pelo lado para
o qual a face da mesma está voltada,
garantindo-lhe o controle cervical.
2) Observar se a vítima está consciente e
respirando. Caso não haja resposta,
examinar a respiração. Se ausente a
respiração, iniciar as manobras de
controle de vias aéreas e a ventilação
artificial.
3) Simultaneamente palpar pulso radial
(em vítima inconsciente palpar direto o
pulso carotídeo) e definir se está
presente, muito rápido ou lento. Se
ausente, palpar pulso de artéria carótida
ou femoral (maior calibre) e, caso
confirmado que a vítima está sem pulso,
iniciar manobras de reanimação
cardiopulmonar.
4) Verificar temperatura, umidade e
coloração da pele e enchimento capilar.
5) Observar rapidamente da cabeça aos
pés procurando por hemorragias ou
grandes deformidades.
b. Abordagem primária completa
Na abordagem primária completa
segue-se uma sequência fixa de passos
estabelecida cientificamente. Para
facilitar a memorização, convencionou-
se o “ABCD do trauma” para designar
essa sequência fixa de passos,
utilizando-se as primeiras letras das
palavras (do inglês) que definem cada
um dos passos:
Passo “A” (Airway) – Vias aéreas
com controle cervical;
Passo “B” (Breathing) – Respiração
(existente e qualidade);
Passo “C” (Circulation) – Circulação
com controle de hemorragias;
Passo “D” (Disability) – Estado
neurológico;
Passo “E” (Exposure) – Exposição da
vítima (para abordagem
secundária).
c. Abordagem secundária
Só iniciar a abordagem secundária
depois de completada a abordagem
primária. Examinar todos os segmentos
do corpo, sempre na mesma ordem
(exame segmentar): crânio, face,
pescoço, tórax, abdômen, quadril,
membros inferiores, membros
superiores e dorso.
10.2 RESSUSCITAÇÃO CÁRDIO-
PULMONAR
Ressuscitação cardiopulmonar é o
conjunto de manobras realizadas para
restabelecer a ventilação pulmonar e a
circulação sanguínea, tais como,
respiração artificial e massagem cardíaca
externa. Manobras essas utilizadas nas
vítimas em parada cardiopulmonar.
A ressuscitação cardiopulmonar
requer uma sequência de procedimentos
parecido com o ABCD da avaliação
inicial, com a diferença que o D do RCP
se refere a desfibrilação.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
162
A – Vias Aéreas: manter as vias
aéreas permeáveis para a passagem
do ar;
B – Respiração: ventilar os pulmões
da vítima para garantir um mínimo
de troca de ar;
C – Circulação: comprimir o tórax
de forma a realizar uma pressão
intratorácica que faça o coração
bombear sangue para os órgão
vitais;
D – Desfibrilação: aplicação de um
choque no coração para normalizar
os batimentos cardíacos que
entram em movimentos
descompassados.
10.2.1 RCP em adultos
Tendo em vista que as equipes
que vão atender situações de
emergências nos incêndios florestais
irão atuar, via de regra, com adultos
componentes das guarnições de
combate, este tópico será tratado
exclusivamente para tal situação.
10.2.1.1 Abertura de vias aéreas
Estabelecida que a vítima
apresenta os sinais característicos de
parada cardiopulmonar (inconsciência
sem resposta a estímulos; ausência de
movimentos respiratórios e ausência de
pulso), você deve iniciar os
procedimentos de RCP. Para tanto o
primeiro passo é garantir que a vítima
esteja em decúbito dorsal (costas no
chão), realizando a abertura das vias
aéreas.
10.2.1.2 Ventilação
Após a abertura das VVAA, analise
a respiração da vítima usando o método
do Ver-Ouvir-Sentir. Este exame não
deve demorar mais do que dez
segundos. Se constatar que não há
respiração, ou a respiração é inadequada
(respirações agônicas), ou ainda, você
não tem certeza se a respiração é
adequada; inicie as ventilações
artificiais.
Pince o nariz da vítima usando o
polegar e dedo indicador da mão
que está na testa da vítima;
Respire normalmente e coloque
seus lábios na boca da vítima,
vedando-a completamente,
impedindo vazamento de ar;
Ventile 2 (duas) vezes (cerca de 1
segundo para cada ventilação) a
cada 30 (trinta) compressões
torácicas;
A ventilação deve provocar
elevação visível do tórax;
Observar o tórax subindo e
descendo, ouvir e sentir o fluxo
de ar;
Manter as vias aéreas abertas
para a expiração;
Não demore mais do que 10 (dez)
segundos na aplicação das
ventilações;
Se a ventilação não elevar o tórax
após algumas tentativas, inicie a
compressão torácica;
Havendo pulso, efetue de 10 a 12
ventilações por minuto sem
compressões torácicas;
Evite a hiperventilação, pois isto
pode causar uma distensão
gástrica reduzindo o débito
cardíaco.
10.2.1.3 Compressão torácica
Verificado que a vítima não possui
pulso, o socorrista deve iniciar as
compressões torácicas:
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
163
Certifique-se de que a vítima
esteja em decúbito dorsal sobre
uma superfície rígida;
Ajoelhe-se ao lado do peito da
vítima;
Exponha o peito da vítima e
coloque uma das mãos no centro
do peito na altura da linha
mamilar;
Coloque a outra mão sobre a
primeira e entrelace os dedos
com esta, não aplicando nenhuma
pressão sobre as costelas, o
término do esterno, ou o
abdômem;
Posicione-se verticalmente sobre
a vítima com os braços retos e
seus ombros sobre o peito da
vítima e comprima o tórax de
forma que o peso de seu corpo
auxilie na compressão;
Comprima 30 (trinta) vezes o
peito para cada 02 (duas)
ventilações na vítima adulta,
independente de estar em 1 ou 2
socorristas;
A taxa de compressão deve ser de
100 (cem) compressões por
minuto;
Comprima rápido, comprima forte
e permita o retorno completo do
tórax;
Execute a compressão com uma
profundidade de 4 (quatro) a 5
(cinco) centímetros;
Tempo de compressão e
descompressão devem ser iguais;
Limite as interrupções. A
compressão torácica é o
procedimento mais importante
para garantir uma sobre vida a
vítima;
Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco)
ciclos de RCP reavalie a vítima.
Não demore mais do que dez
segundos nesta avaliação;
A cada 2 (dois) minutos troque,
se possível, o socorrista que
comprime o tórax; estudos
comprovaram que, mesmo sem
referir cansaço, o socorrista perde
eficiência em apenas dois
minutos de compressão.
FIGURA 123 – Posição adequada do
socorrista
FONTE: Manual de APH – CB/PMPR
Em caso de sucesso nas
manobras de ressuscitação, deve seguir
o tratamento para restabelecer os sinais
vitais da vítima às condições normais.
Investigue as causas que levaram à
parada para melhor tratá-la. O primeiro
passo é garantir as VVAA e a ventilação
adequada da vítima, de preferência com
oxigênio e ventilação positiva, pois a
maioria das vítimas que retornam após
RCP precisam de auxílio na respiração.
Em caso de trauma, os
procedimentos para controle de
hemorragias e imobilização da vítima
vêm na sequência. Se o caso for clínico a
vítima deve ser colocada na posição de
recuperação. Evite a hipertermia
(aquecimento) da vítima no ambiente
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
164
pré-hospitalar tratando a febre de
maneira intensiva após a ressuscitação.
A decisão de se interromper a RCP
é de competência exclusiva da área
médica.
10.3 FERIMENTOS
Ferimento é qualquer lesão ou
perturbação produzida em qualquer
tecido por um agente externo, físico ou
químico.
Os agentes capazes de produzir
um ferimento podem ser físicos
(mecânico, elétrico, irradiante e térmico)
e químicos (ácidos ou álcalis).
Os ferimentois fechados são
aqueles onde a pele se mantém íntegra.
Os ferimentos abertos são
aqueles que rompem a integridade da
pele, expondo tecidos internos,
geralmente com sangramento. Também
são denominados feridas.
Os ferimentos abertos são
traumas de alta ou baixa energia,
decorrentes da superfície de contato do
agente vulnerante.
10.3.1 Atendimento a vítimas de
ferimentos
O atendimento pré-hospitalar dos
ferimentos visa três objetivos principais:
Proteger a ferida contra o trauma
secundário;
Conter sangramentos;
Proteger contra infecção.
Na fase pré-hospitalar deve-se
evitar perder tempo em cuidados
excessivos com os ferimentos que não
sangram ativamente e não atingem os
planos profundos, pois retardam o
transporte ao hospital, o que pode
agravar o estado geral dos pacientes
com lesões internas associadas.
No atendimento à vítima com
ferimentos deve-se seguir os seguintes
passos e cuidados:
Controle do ABC é a prioridade
como em qualquer outra vítima
de trauma. Ferimentos com
sangramento importante exigem
controle já no passo C.
Avaliação do ferimento,
informando-se sobre a natureza e
a força do agente causador, de
como ocorreu a lesão e do tempo
transcorrido até o atendimento.
Inspeção da área lesada, que deve
ser cuidadosa. Pode haver
contaminação por presença de
corpo estranho e lesões
associadas. O ferimento deve ser
exposto e, para isto, pode ser
necessário cortar as roupas da
vítima; evite movimentos
desnecessários com a mesma.
Limpeza da superfície do
ferimento para a remoção de
corpos estranhos livres e detritos;
utilizar uma gaze estéril para
remoção mecânica delicada e,
algumas vezes, instilação de soro
fisiológico, sempre com cautela,
sem provocar atrito. Não perder
tempo na tentativa de limpeza
geral da lesão, isto será feito no
hospital. Objetos impalados não
devem ser removidos, mas sim
imobilizados para que
permaneçam fixos durante o
transporte.
Proteção da lesão com gaze
estéril que deve ser fixada no
local com bandagem triangular
ou, se não estiver disponível,
utilizar atadura de crepe.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
165
10.4 FRATURAS E LUXAÇÕES
Fratura é a lesão óssea de origem
traumática, produzida por trauma direto
ou indireto. O conjunto de fragmentos
ósseos produzidos pela fratura e os
tecidos lesados em torno da lesão é
denominado foco de fratura. O osso é o
único tecido do nosso organismo que
cicatriza com o mesmo tecido anterior à
lesão. O processo de cicatrização óssea
denomina-se consolidação.
10.4.1 Classificação das fraturas
a. Quanto ao traço da fratura
Incompleta: ocorre a lesão óssea,
mas não rompe a continuidade óssea;
tipo de ocorrência comum em crianças.
Completa: os fragmentos ósseos
perdem a continuidade, ficando
desviados ou não. O manuseio destas
fraturas deve ser cuidadoso e técnico,
para evitar lesão nos tecidos vizinhos.
b. Quanto à exposição do foco
Fechada: o foco de fratura está
protegido por partes moles e com pele
íntegra.
Aberta ou exposta: o foco de
fratura está em contato com o meio
externo, com o osso exteriorizado ou
não. A pele, nestes casos, está sempre
lesada. O grau de lesão dessas partes
moles permite classificar as fraturas
expostas. A lesão da pele pode ocorrer
pelo trauma, pelos fragmentos ósseos e
pelo manuseio intempestivo da vítima,
tornando uma fratura fechada em
aberta.
Devido à comunicação do foco de
fratura com o meio externo, as fraturas
expostas são sempre contaminadas,
variando apenas o grau de
contaminação.
c. Quanto à presença de lesões
associadas
Simples: a fratura é uma lesão
única, sem evidência de lesão associada.
Complicada: está acompanhada
de lesões associadas. O trauma causador
de fratura exposta é de alta energia e
velocidade, podendo ocorrer lesões
associadas locais, como as musculares,
tendinosas, nervosas, vasculares, bem
como lesões sistêmicas associadas
(trauma abdominal, torácico e craniano).
10.4.2 Sintomas e sinais
Dor;
Aumento de volume;
Deformidade;
Impotência funcional;
Crepitação óssea.
10.4.3 Atendimento à vítimas de
fraturas
Não movimente vítima com fraturas
antes de imobilizá-Ia adequadamente.
Em fraturas expostas, controle o
sangramento e proteja o
ferimento, ocluindo-o com
curativos estéreis e bandagens;
Em fraturas fechadas, execute
manobras de alinhamento e
tração antes da imobilização.
Examine a sensibilidade e os
pulsos periféricos antes e depois
de tracionar e alinhar.
Reveja seu procedimento se esses
parâmetros mostrarem sinais de
piora.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
166
Mantenha a tração e o
alinhamento até que a tala de
imobilização esteja posicionada e
fixa.
Imobilize deformidades situadas
próximas a articulações que não
se corrijam com tração suave na
posição em que se encontram.
Quando imobilizar uma fratura
inclua na tala a articulação
proximal e distal à lesão.
As talas devem ser ajustadas e
não apertadas, de maneira a não
interromper a circulação local.
Transporte a vítima de modo
confortável e seguro; o principal
objetivo do resgate é não agravar
as lesões preexistentes.
O atendimento correto evita o
agravamento das lesões, reduz a dor e o
sangramento.
10.4.4 Luxações
As luxações caraterizam-se pelo
deslocamento de superfícies articulares,
modificando as relações naturais de uma
articulação.
Nas articulações existe uma
congruência articular entre as
superfícies ósseas em contato. Estas são
recobertas por cartilagem articular e
mantidas por uma cápsula articular
reforçada por ligamentos. Os traumas
indiretos, normalmente produzidos por
quedas com apoio nas extremidades,
fazem com que essas superfícies
articulares saiam de sua posição,
produzindo perda da congruência
articular da função da articulação
correspondente. As luxações ocorrem
mais comumente em articulações
móveis (ombro, quadril, dedos da mão).
10.4.4.1 Sinais e sintomas
Dor;
Deformidade;
Impotência funcional;
Palidez;
Edema;
Encurtamento ou alongamento.
10.4.4.2 Cuidados de emergência
A manipulação das luxações cabe
exclusivamente ao médico. Manobras
inadequadas e intempestivas podem
agravar a lesão já existente e produzir
dano adicional aos tecidos vizinhos,
inclusive fraturas.
No atendimento pré-hospitalar, a
imobilização deve ser na posição de
deformidade, buscando oferecer o
máximo de conforto à vítima. Ficar
atento a sinais e sintomas de choque,
informando se ocorrerem.
10.5 QUEIMADURAS
As queimaduras são lesões
frequentes e a quarta causa de morte
por trauma. Mesmo quando não levam a
óbito, as queimaduras severas
produzem grande sofrimento físico e
requerem tratamento que dura meses,
até anos. Sequelas físicas e psicológicas
são comuns. O atendimento definitivo
aos grandes queimados deve ser feito
preferencialmente em centros
especializados.
10.5.1 Anatomia da pele
A pele não é simplesmente um
tecido; vem a ser o maior órgão do
corpo humano, possuindo várias
funções. Compõe-se de duas camadas:
epiderme e derme. Abaixo da pele situa-
se o tecido subcutâneo.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
167
10.5.1.1 Epiderme
Camada mais externa, composta
de várias camadas de células destituídas
de vasos sanguíneos. Sua espessura
varia de acordo com a região do corpo,
sendo mais espessa em áreas sujeitas a
pressão ou atrito, como a planta dos pés
e palma das mãos. Impermeável à água,
funciona como uma barreira protetora
contra o meio ambiente. Esta camada é
constantemente renovada pela
descamação das células mais
superficiais e geração de novas na sua
camada mais profunda.
10.5.1.2 Derme
Camada mais interna, contém os
vasos sanguíneos, os folículos pilosos,
as glândulas sudoríparas, as glândulas
sebáceas e as terminações nervosas
especializadas.
10.5.1.3 Tecido subcutâneo
Camada situada logo abaixo da
derme, uma combinação de tecido
fibroso, elástico e gorduroso. Sua
espessura varia de acordo com a região
do corpo e de indivíduo para indivíduo.
10.5.2 Classificação das queimaduras
10.5.2.1 Quanto às causas
Térmicas: causadas por gases,
líquidos ou sólidos quentes, revelam-se
as queimaduras mais comuns.
Químicas: causadas por ácidos ou
álcalis, podem ser graves; necessitam de
um correto atendimento pré-hospitalar,
pois o manejo inadequado pode agravar
as lesões.
Por eletricidade: geralmente as
lesões internas, no trajeto da corrente
elétrica por meio do organismo, são
extensas, enquanto as lesões das áreas
de entrada e saída da corrente elétrica
na superfície cutânea, pequenas.
Por radiação: causadas por raios
ultravioleta (UV), por raios-X ou por
radiações ionizantes.
10.5.2.2 Quanto à profundidade
Primeiro grau (espessura
superficial): queimaduras que atingem
apenas a epiderme.
Segundo grau (espessura parcial):
queimaduras que atingem a epiderme e
a derme, produzindo dor severa. A pele
se apresenta avermelhada e com bolhas;
as lesões que atingem a derme mais
profunda revelam-se úmidas. São as
queimaduras que mais se beneficiam do
curativo efetuado corretamente.
Terceiro grau (espessura total):
atingem toda a espessura da pele e
chegam ao tecido subcutâneo. As lesões
são secas, de cor esbranquiçada, com
aspecto de couro, ou então pretas, de
aspecto carbonizado. Geralmente não
são dolorosas, porque destroem as
terminações nervosas; as áreas nos
bordos das lesões de terceiro grau
podem apresentar queimaduras menos
profundas, de segundo grau, portanto
bastante dolorosas.
10.5.2.3 Quanto à extensão
A extensão da queimadura, ou a
porcentagem da área da superfície
corporal queimada, é um dado
importante para determinar a gravidade
da lesão e o tratamento a ser instituído,
tanto no local do acidente quanto no
hospital. Utiliza-se para esse cálculo a
"regra dos nove". O resultado obtido é
aproximado, mas suficiente para uso
prático. No adulto, cada membro
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
168
superior corresponde a 9% da superfície
corporal; as partes ventral e dorsal do
tronco correspondem a 18% cada; cada
membro inferior a 18%, a cabeça a 9% e
a área genital a 1 %.
10.5.2.4 Quanto à localização
Queimaduras variam de gravidade
de acordo com a localização. Certas
áreas, como mãos, face, pés e genitais,
são consideradas críticas. Queimaduras
que envolvam as vias aéreas são
também bastante graves.
10.5.2.5. Quanto à gravidade
Sete fatores são usados para
determinar a gravidade da queimadura:
Profundidade;
Extensão (pela regra dos nove);
Envolvimento de áreas críticas
(mãos, pés, face e genitália);
Idade da vítima (crianças e idosos
tem maior risco);
Presença de lesão pulmonar por
inalação;
Presença de lesões associadas
(outros traumatismos);
Doenças preexistentes (Diabetes
mellitus, insuficiência renal etc.).
Queimaduras Críticas:
Primeiro grau maiores que 75% da
superfície corporal;
Segundo grau maiores que 25%
da superfície corporal;
Terceiro grau maiores que 10% da
superfície corporal;
Terceiro grau envolvendo face,
mãos, pés ou genitais;
Queimaduras associadas a
fraturas ou outras lesões de
partes moles. Queimaduras das
vias aéreas ou lesão respiratória
por inalação;
Queimaduras elétricas;
Vítimas idosas ou com doenças
graves preexistentes.
Queimaduras Moderadas
Primeiro grau de 50 a 75% da
superfície corporal;
Segundo grau de 15 a 25% da
superfície corporal;
Terceiro grau de 2 a 10% da
superfície corporal.
Queimaduras Leves
Primeiro grau menores que 50 da
superfície corporal;
Segundo grau menores que 15%
da superfície corporal;
Terceiro grau com menos que 2%
da superfície corporal.
10.5.3 Atendimento ao queimado
O atendimento inicial de
queimados segue a mesma sequência do
atendimento a vítima de outras formas
de trauma. Considerar o grande
queimado como um politraumatizado,
inclusive porque, frequentemente,
existem outras lesões associadas.
A primeira preocupação da equipe
é com a sua própria segurança, que se
aplica a qualquer situação, mas devendo
ser reforçada ao atender vítimas de
queimaduras em ambientes hostis.
Cuidar com as chamas, os gases
tóxicos, a fumaça. Considerar os fatores
ambientais (clima, combustível,
topografia do terreno).
O segundo passo no atendimento
à vítima é a interrupção do processo de
queimadura, na seguinte seqüência:
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
169
Extinguir as chamas sobre a
vítima ou suas roupas;
Remover a vítima do ambiente
hostil;
Remover roupas que não estejam
aderidas a seu corpo;
Promover o resfriamento da lesão
e de fragmentos de roupas ou
substâncias, como asfalto,
aderidos ao corpo do queimado.
Após interromper o processo de
queimadura, proceder ao
atendimento segundo o A-B-C-D-
E.
a. Curativos
Somente realizar os curativos
após completar a abordagem inicial da
vítima pelo A-B-C-D-E.
Funções dos curativos nas
queimaduras:
Diminuir a dor;
Diminuir a contaminação;
Evitar a perda de calor.
Freqüentemente a dor causada
pelas queimaduras é severa e requer
administração de analgésicos
endovenosos para seu alívio. Uma
medida simples para o combate à dor,
entretanto, é um curativo corretamente
realizado. Nas queimaduras de pequena
extensão, podem ser utilizados curativos
úmidos, frios, com soro fisiológico, para
alívio da dor. O uso do soro fisiológico é
recomendado para evitar a
contaminação da ferida; na sua
ausência, usar água limpa. Nas
queimaduras extensas, o uso de
curativos úmidos, frios, pode levar a
hipotermia, porque a pele queimada
perde a capacidade de auxiliar na
regulação da temperatura corporal,
ficando a vítima suscetível à perda de
calor; quando usados, não devem cobrir
mais que 10% da superfície corporal.
Quando a extensão da
queimadura for muito grande, é
preferível envolver ou cobrir a vítima
com lençóis limpos, secos, em vez de
tentar aplicar grandes curativos. Quando
houver hemorragia associada, usar
curativos compressivos habituais. Não
remover roupas firmemente aderidas
nem romper bolhas. Os curativos devem
ser espessos e firmes, mas não
apertados.
10.6 ACIDENTES COM ANIMAIS
PEÇONHENTOS
Animais peçonhentos são aqueles
que possuem glândula de veneno que se
comunicam com dentes ocos, ferrões ou
aguilhões, por onde o veneno passa
ativamente. Ex.: serpentes, aranhas,
escorpiões e arraias.
Animais venenosos são aqueles
que produzem veneno, mas não
possuem um aparelho inoculador
(dentes, ferrões), provocando
envenenamento por contato (lagartas),
por compressão (sapo) ou por ingestão
(peixe baiacu).
10.6.1 Ofídios (serpentes)
Para sabermos se uma serpente é
peçonhenta, observam-se três
características fundamentais:
Presença de fosseta loreal;
Presença de guizo ou chocalho no
final da cauda;
Presença de anéis coloridos
(vermelho, preto, branco ou
amarelo).
A fosseta loreal é um órgão
termossensorial situado entre o olho e a
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
170
narina, que permite à serpente detectar
variações mínimas de temperatura no
ambiente.
FIGURA 124 – Fosseta loreal em detalhe
FONTE: brasilescola.com
No Estado do Paraná existem três
gêneros de importância toxicológica:
Bothrops;
Crotalus; e
Micrurus.
10.6.1.1 Gênero Bothrops
São as serpentes jararaca, urutu,
cruzeira, cotiara, jararacuçu, etc.
Possuem fosseta loreal ou
lacrimal e escamas na extremidade da
cauda; de cor geralmente parda, vivem
em locais úmidos, atingindo na idade
adulta o tamanho de 40 cm a 2 m.
Muito agressivas, são
responsáveis por 70% dos acidentes
ofídicos no estado. Seu veneno tem ação
proteolítica, coagulante e hemorrágicas.
Pode haver manifestações locais
(edema, eritema, dor) de instalação
precoce e caráter evolutivo, com
aparecimento de equimose, bolhas,
sangramento no local da picada e
necrose. Nos acidentes causados por
filhotes, as manifestações locais podem
estar ausentes.
Como manifestações sistêmicas
(gerais) pode-se observar: náuseas,
vômitos, sudorese, hipotermia,
hipotensão arterial, choque,
hemorragias a distância (epistaxes,
sangramento gengival, digestivo,
hematúria) e insuficiência renal aguda.
Medidas gerais:
Lave o local da picada com água e
sabão;
Não faça cortes, perfurações,
torniquetes, nem coloque outros
produtos sobre a lesão;
Mantenha o acidentado calmo e
imóvel;
Ofereça água ou chá à vítima;
Transporte a vítima levando, se
possível, o animal agressor,
mesmo morto, para facilitar o
diagnóstico e a escolha do soro
mais adequado.
FIGURA 125 – Jararaca
FONTE: ra-bugio.org.br
O único tratamento específico é a
administração do soro, o que deve
acontecer com a maior brevidade, via
endovenosa, em dose única.
10.6.1.2 Gênero Crotalus
Refere-se ao grupo das cascavéis.
Sua característica mais importante é a
presença de guizo ou chocalho na ponta
da cauda. Possuem fosseta loreal,
atingem na idade adulta 1,6 m de
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
171
comprimento, vivem em lugares secos,
regiões pedregosas e pastos, não sendo
encontradas nas regiões litorâneas.
Menos agressivas que as
jararacas, não responsáveis por 11 % dos
acidentes ofídicos no estado, que
costumam ser de maior gravidade.
Seu veneno possui ação
neurotóxica, miotóxica (lesão da
musculatura esquelética) e coagulante,
causando manifestações muitas vezes
pouco intensas: edema e parestesias
(formigamentos) discretas, pouca dor.
FIGURA 126 – Cascavel
FONTE: vivaterra.org.br
Manifestações sistêmicas:
cefaléia, náusea, prostração, sonolência,
diplopia (visão dupla), visão turva,
midríase, ptose palpebral ("queda da
pálpebra"), dificuldade para deglutir,
mialgias (dores musculares) e urina
escura.
O tratamento consiste nas
medidas gerais já citadas e na
soroterapia específica precoce com soro
anticrotálico (SAC). Em caso de dúvidas
quanto ao agente agressor, pode ser
utilizado o soro antibotrópico-crotálico
(SABC).
10.6.1.3 Gênero Micrurus
Refere-se ao grupo das corais
verdadeiras.
São serpentes peçonhentas que
não possuem fosseta loreal (isto é uma
exceção) nem um aparelho inoculador
de veneno tão eficiente quanto o de
jararacas e cascavéis. O veneno é
inoculado por meio de dentes pequenos
e fixos.
Padrão de cor: vermelho (ou
alaranjado), branco (ou amarelo) e preto.
Habitam preferencialmente
buracos, tornando os acidentes raros,
mas muito graves, pela característica de
seu veneno de provocar parada
respiratória.
FIGURA 127 – Coral
FONTE: banco.agenciaoglobo.com.br
O veneno deste gênero possui
elevada toxicidade neurotóxica e
miotóxica. Os acidentes com este
gênero de ofídios geralmente não
causam manifestações locais
significativas, porém são graves as
sistêmicas: vômitos, salivação, ptose
palpebral, sonolência, perda de
equilíbrio, fraqueza muscular, midríase,
paralisia que pode evoluir,
comprometendo a musculatura
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
172
respiratória, com apnéia e insuficiência
respiratória aguda. Todos os casos
devem ser considerados graves.
O tratamento, além das medidas
gerais já citadas, inclui o soro
antielapídeo via endovenosa.
10.6.2 Aranhas
10.6.2.1 Aranha marrom (Loxosceles)
Pequena (4 cm), pouco agressiva,
de hábitos noturnos; encontrada em
pilhas de tijolos, telhas e no interior das
residências, atrás de móveis, cortinas e
eventualmente nas roupas.
FIGURA 128 – Aranha Marrom
FONTE: saude.pr.gov.br
A picada ocorre em geral quando
a aranha é comprimida contra o corpo
(ao vestir-se ou ao deitar-se), não
produzindo dor imediata. A evolução é
mais freqüente para a forma "cutânea",
evoluindo para eritema (vermelhidão),
edema duro e dor local (6 a12 h). Entre
24 h e 36 h aparece um ponto de
necrose central (escuro) circundado por
um halo isquêmico (claro) – Lesão em
alvo. Até 72 h, febre, mal-estar e
ulceração local.
Na forma "cutâneo-visceral" (mais
grave), além do quadro acima, entre 12h
e 24h após a picada, surgem febre,
cefaléia, náuseas, vômitos, urina escura
(cor de lavado de carne), anúria e
insuficiência renal aguda.
O tratamento consiste em anti-
sepsia, curativo local, compressas frias;
medidas de suporte e soroterapia
específica.
10.6.2.2 Aranha Armadeira (Phoneutria)
Muito agressiva, encontrada em
bananeiras, folhagens, entre madeiras e
pedras empilhadas e no interior das
residências. Tem coloração marrom
escura com manchas claras e atingem
12 cm de diâmetro.
Nos acidentes com as armadeiras,
predominam as manifestações locais. A
dor é imediata e em geral intensa,
podendo irradiar para a raiz do membro
acometido. Ocorrem edema, eritema,
parestesia e sudorese no local da picada,
onde podem ser encontradas duas
marcas em forma de pontos.
Tratamento suportivo e
sintomático; nos casos mais graves, está
indicada a soroterapia específica.
FIGURA 129 – Aranha Armadeira
FONTE: jornallivre.combr
10.6.3 Escorpiões
Pouco agressivos, os escorpiões
têm hábitos noturnos. Encontram-se em
pilhas de madeira, cercas, sob pedras e
nas residências.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
173
Existem diversas espécies, mas
somente o gênero Tityus tem interesse
médico. Os escorpiões picam com a
cauda, medem de 6 a 8 cm, têm hábitos
noturnos, escondendose durante o dia
sob cascas de árvores, pedras, troncos,
dentro de residências, etc.
A vítima apresenta dor local de
intensidade variável (pode chegar a
insuportável), em queimação ou
agulhada e com irradiação; pode ocorrer
sudorese e piloereção no local.
FIGURA 130 – Escorpião Amarelo
FONTE: saude.pr.gov.br
Manifestações sistêmicas:
lacrimejamento, sudorese, tremores,
espasmos musculares, priapismo, pulso
lento e hipotensão. Podem ocorrer
arritmias cardíacas, edema agudo de
pulmão e choque.
O tratamento inclui medidas
gerais e soroterapia específica.
10.6.4 Insetos
As lagartas (Lonomia), também
chamadas de taturanas, são larvas de
mariposas, medem de 6 a 7 cm e
possuem o corpo revestido de espinhos
urticantes que contêm poderosa toxina.
Sua cor é marrom-esverdeada ou
marrom-amarelada, com listras
longitudinais castanho-escuras.
Também conhecidas como
lagartas de fogo e oruga, vivem durante
o dia agrupadas nos troncos de árvores,
onde causam acidentes pelo contato
com seus espinhos.
A vítima pode apresentar dor local
em queimação, seguida de vermelhidão
e edema.
A seguir surgem, cefaléia,
náuseas e vômitos, artralgias. Após 8 a
72 horas, podem surgir manifestações
hemorrágicas, como manchas pelo
corpo, sangramentos gengivais, pelo
nariz, pela urina e por ferimentos
recentes. Os casos mais graves podem
evoluir para insuficiência renal e morte.
O soro específico ainda não está
disponível.
Tratamento suportivo e
sintomático; no local, aplique
compressas frias de solução fisiológica.
FIGURA 131 – Lagarta lonomia
FONTE: Acervo de Christian Marcelo Camargo
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
175
A - FATORES DE CONVERSÃO
COMPRIMENTO
1 polegada = 0,008333 pés / 25,4 milímetros
1 pé = 0,3048 metros / 304,8 milímetros
1 jarda = 3 pés / 36 polegadas / 0,9144 metros
1 milha = 5280 pés / 1,609 quilômetros / 0,8684 milhas náuticas
1 milha náutica = 6080 pés / 2026 jardas / 1,8532 quilômetros
1 metro = 1,094 jardas / 3,281 pés / 39,37 polegadas / 1000 milímetros
ÁREA
1 polegada quadrada = 0,006944 pés quadrados / 645,2 milímetros quadrados
1 acre = 45560 pés quadrados / 4840 jardas quadradas / 4047 metros quadrados
1 hectare (ha)= 1000 metros quadrados
1 alqueire 24200 metros quadrados
TEMPERATURA
C = F – 32 = K – 273
5 9 5
C = temperatura em graus Celsius
F = temperatura em graus Fahrenheit
K = temperatura em Kelvin
PESO
1 libra = 0,4536 quilogramas
1 quilograma = 2,205 libras
Obs.: 1 quilograma refere-se a massa de 1 litro de água a uma temperatura de 4º C
e a uma pressão atmosférica de 760 mm Hg (milímetros de mercúrio).
PRESSÃO
1 Atmosfera = pressão exercida por uma coluna de 760 mm Hg, ao nível do mar,
em uma densidade normal a uma temperatura de 0º C.
1 Atm = 1quilograma força por centímetro quadrado / 1 Bar
1 libra por polegada quadrada (psi) = 0,0680 quilograma força por centímetro
quadrado
1 quilograma força por centímetro quadrado = 14, 7 libra por polegada quadrada
Obs.: 1 Bar é a pressão exercida por uma força de um milhão de dinas em 1
centímetro quadrado de superfície.
FLUIDEZ
1 galão por minuto (gpm) = 0,006308 litros por segundo
CALOR
1 Britsh termal unit (BTU) = 0,2520 quilocaloria / 1055 joules
1 quilocaloria = 3,969 BTU / 4187 joules
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
176
B - EVOLUÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO ESTADO DO PARANÁ
ANO OCORRÊNCIAS FLORESTA
NATIVA
REFLORESTAMENTO ÁREA NÃO
REFLORESTADA
TOTAL Ha TOTAL Ha TOTAL Ha TOTAL Há
1963 2.000.000
1983 227 22.269 8 4.351 157 5.160 62 12.758
1984 2.113 3.570 6 9 90 1.302 115 2.259
1985 262 64.986 7 89 170 41.461 85 23.436
1986 479 21.440 10 57 353 16.725 116 4.658
1987 575 54.284 23 644 340 18.663 212 34.977
1993/94 1.323 27.442 295 7.477 150 1.527 889 18.438
1996 1.047 27.478 312 6.789 16 2.224 719 18.465
1997 912 12.692 85 641 181 944 646 11.107
1998 1.612 5.950 166 842 116 1.262 1.330 3.846
1999 6.610 126.864 477 7.193 235 2.263 5.998 117.408
2000 5.618 8.712 190 823 98 661 5.330 7.228
2001 3.102 1.470 126 111 55 241 2.921 1.117
2002 276 911 6 0,3 8 13 162 79
2003 5.989 48.007 810 835.887 226 983 1.576 972
2004 4.656 9.909 616 2.881 235 3.362 1.485 1.621
2005 5.448 12.947 429 630 90 156 4.929 12.161
2006 9.336 14.471 910 2.823 219 1.634 8.207 10.014
2007 13.107 100.477 2.049 70.365 271 1.553 10.787 28.558
2008 9.637 5.861 4.120 2.757 186 728 5.330 2.195
2009 7.350 6.935 2.834 1.948 116 127 4.400 4.860
FONTE: CORPO DE BOMBEIROS / SISTEMA DE CONTROLE E REGISTRO DE ESTATÍSTICA DE OCORRÊNCIAS (SYSBM )
OBS.: OS DADOS REFEREM-SE AOS ATENDIMENTOS REALIZADOS E REGISTRADOS PELO CORPO DE BOMBEIROS.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
177
C- FLUXOGRAMA DE DESPACHO E ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA
INCÊNDIO FLORESTAL/AMBIENTAL
REFERÊNCIAS
SOLICITAÇÃO
RADIO OPERADOR OU CHEFE DO SOCORRO COLETAM O MAIOR NÚMERO DE INFORMAÇÕES E:
DESPACHAM A GUARNIÇÃO MAIS PRÓXIMA MANTENDO O SOLICITANTE NA LINHA
AS GUARNIÇÕES DEVERÃO POSSUIR EPI E MATERIAIS PARA ATAQUE DIRETO E INDIRETO
RÁDIO OPERADOR PREENCHE SISCOPWEB
RADIO OPERADOR OU CHEFE DO SOCORRO ACIONAM O OFICIAL SUPERVISOR
RADIO OPERADOR FAZ AO SOLICITANTE AS SEGUINTES PERGUNTAS:
O QUE ESTÁ QUEIMANDO? (Mata Nativa, Reflorestamento, Campo, Bosque, Restinga, Plantação, Mangue)
COMO ESTÁ QUEIMANDO? (Controlado, Sem Controle...)
ONDE ESTÁ QUEIMANDO? (Montanha, Terreno Plano, Via Férrea...)
EXISTE RISCO A VIDA DE PESSOAS? (Quais?)
HÁ RISCO AO MEIO AMBIENTE? (Quais?)
HÁ RISCO A RESIDENCIAS? (Quais?)
HÁ RISCO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO? (Torres de Transmissão, Oleodutos, Mata Atlântica, etc...)
QUAL A VIA DE ACESSO MAIS RÁPIDA
RADIO OPERADOR REPASSA AS INFORMAÇÕES À(S) GCIF EM DESLOCAMENTO E AO SUPERVISOR
RADIO OPERADOR DEVERÁ ACESSAR O SITE:
www.simepar.br
ANOTAR E INFORMAR AO SUPERVISOR:
RISCO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS
VENTO
UMIDADE RELATIVA DO AR
ESTADOS DA VEGETAÇÃO
FOCOS DE CALOR
OBS: DADOS DISPONÍVEIS NO CAMPO PREVISÃO
RADIO OPERADOR DEVERÁ ACIONAR:
INSTITUTO AMBIENTAL (IAP)
CEDEC (3350-2575 / 3350-2574)
CIOSP (3304-4861)
SUBCOMANDANTE DA UNIDADE
OBSERVAÇÕES
1. O CONTATO COM O COMANDO DO CB SERÁ
FEITO PELO COMANDO DA UNIDADE.
2. CASO SEJA NECESSÁRIO O EMPREGO DE
AERONAVE O CIOSP DEVE SER COMUNICADO
CHEFE DA GCIF / OFICIAL SUPERVISOR:
SOLICITAR RECURSOS E INSTALAR O SCI SE NECESSÁRIO
COORDENAR OS TRABALHOS E APLICAR A TÉCNICA DE COMBATE ADEQUADA
ESTAR ATENDO AO CLIMA, TOPOGRAFIA E COMBUSTÍVEL FLORESTAL
PREVER ROTA DE FUGA
ESTAR ATENTO ÀS SITUAÇÕES DE RISCO
FINALIZANDO A SITUAÇÃO:
REALIZAR A LINHA DE CONTROLE
AFERIR A ÁREA ATINGIDA FAZENDO USO DO GPS E PROGRAMAS GEOPRO E GOOGLE EARTH
REGRESSAR AO QUARTEL E PREENCHER O RGO
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
178
REFERÊNCIAS
AMERICAN HEART ASSOCIATION, Suporte Básico de Vida, Manual para instrutores,
ACINDES – 2002.
BRASIL, Manual de Determinação de Causas de Incêndios Florestais, Brasília 1994 –
PREVFOGO/U.S. DEPARTMENT OF AGRICULTURE.
BRASIL, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Curso de Sistema de Comando de
Incidentes. SENASP. Brasília. 2008. 2ª Ed.
DEAL, TIM. Beyond Initial Response: using the National Incident Management System’s
Incident Command System. AuthorHouse. Bloomington. 2006.
FEMA. ICS 100 Manual. Federal Emergency Management Agency. Disponível em
http://training.fema.gov/EMIWeb/IS/is100alst.asp Acesso: 13 Fev 09.
FEMA. ICS 200 Manual. Federal Emergency Management Agency. Disponível em
http://training.fema.gov/EMIWeb/IS/IS200A/ICS200_SM.pdf Acesso: 13 Fev 09.
FEMA. NIMS Manual. Federal Emergency Management Agency. Disponível em
http://fema.gov/pdf/emergency/nims/NIMS_core.pdf Acesso: 13 Fev 09.
FRIEDMANN, Raul M. P, Fundamentos de orientação, cartografia e navegação terrestre.
Curitiba: Pro Books Editora & CEFET-PR, 2003.
IFSTA. Essentials of Fire Fighting and Fire Department Operations. Prentice Hall. USA.
2008. 5th Ed.
LIOU, KOU-NAN, An Introduction to Atmospheric Radiation. Academic Press, 1980.
LUTGENS, F. K. e E. J. TARBUCK, The Atmosphere: Ann Introduction to Meteorology.
Prentice Hall, 1989.
MAACK, REINHARD, Geografia Física do Estado do Paraná, Livraria J. Olympio Editora,
Curitiba - 2ª ed. 1981.
MORAN, J. M. e M. D. MORGANN, Meteorology: Atmosphere and the science of weather.
MacMillan, 1989.
OLIVEIRA, Beatriz F. Monteiro, PAROLIN, Monica K. Fiuza. e TEIXEIRA, Edison Valle,
Trauma – Atendimento Pré-Hospitalar, Editora Atheneu - São Paulo 2001.
PARANÁ, Corpo de Bombeiros: Manual do Curso de Prevenção e Combate a Incêndios
Florestais – 1975. 1ª Edição.
MANUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS – CB/PMPR
179
PARANÁ, Plano Mata Viva: Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – 2008. Edição
revisada.
SANTA CATARINA, Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão.
Capacitação em Defesa Civil – Sistema de Comando em Operações – SCO. UFSC/Lagoa
Editora Ltda. 2004.
SECCO, Orlando: Manual de Prevenção e Combate de Incêndio, 3ª Edição - 1982.
UNITED STATES, Departament of Agriculture/Forest Service: Fireline Handbook - NWCG
Handbook 3 - National Wildfire Coordinating Group – Washignton DC – November 1989.
UNITED STATES, Departament of Agriculture/Forest Service: Helicopter SAFETY SUMARY,
Pacif Southwest Region - 1987.
UNITED STATES, National Fire Protection Association: Fire Protection Handbook –
Fourteenth Edition – 1976.
UNITED STATES, Departament of Agriculture/Forest Service: S 390 Fire Behavior.
Montana - 1981.
VIANA,Ronaldo Soares: Proteção Florestal. Curitiba PR 1972, 2ª Edição.
VIANA,Ronaldo Soares: Incêndios Florestais – Controle e Uso do Fogo. Curitiba PR 1985
VIANA, Ronaldo Soares, BATISTA, Antonio Carlos e NUNES, José Renato Soares, Manual
de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, Gráfica AJIR – 2ª Edição. Curitiba -2008.
WALLACE, J.M e P.V. HOBBS, Atmospheric Science: An introduction survey. Academy
Press - 1977.