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ALGUMAS PALAVRAS Prof. Maria Zilene Cardoso (FAPESC) , Prof. Carlos Rafael Guerber (UnC-Mafra ), Prof. Maria Suzete Neumann (SDR-Mafra ) Mafra 09/11/2010 - Inauguração da Incubadora Mafratec UnC campus de Mafra - SC. Dia oito de novembro o Secretário do Estado do Desenvolvimento Regional Sr. Osmar Telma SDR- MAFRA convidou-me para representá-lo na cerimônia de inauguração do I Workshop e Seminário de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento do Planalto Norte de Santa Catarina e Inauguração da Incubadora Mafratec na FUnC Fundação Universidade do Contestado, no campus de Mafra. Fiquei honrada com o convite. Aceitei. ALGUMAS PALAVRAS Em nome do secretário de desenvolvimento regional desejo sucesso ao empreendimento e quero dizer algumas palavras por mim mesma. Enquanto vinha para cá pensei no que poderia falar diante uma platéia tão seleta. Pensei na incubadora. Incubar, biologicamente falando de modo genérico refere-se à incubação de ovos e de plantas. Também à incubação de idéias. Esta, a mais importante de todas. No pós Grande Guerra Mundial era a palavra de horror entre cientistas e estrategistas pela simples suposição de respirar a morte causada por vírus mortais incubados em ovos e lançado por aviões nos países inimigos. Milhões, dentro de apenas um único ovo. A incubação de ovos está OK. Os bebês nascem a três por dois, resultado de alguns segundos de ação num projeto elaborado, executado e aperfeiçoado em milhões de anos por milhares de espécies animais até pouco tempo naturalmente e mais recentemente em casos especiais, nas incubadoras de bebês de proveta e na inseminação artificial. A incubação de plantas segue o mesmo caminho, salvo ações radicais de destruição de estufas e laboratórios de pesquisas por mulheres nem tão racionalmente humanas. Nasci no pós-guerra. A tecnologia mais avançada a que tínhamos acesso era um bom rádio GE sem transistores, mas com válvulas, que sintonizavam em ondas médias, curtas e frequência modulada. As notícias do exterior vinham diretamente da BBC de Londres transmitindo em português para o Brasil em ondas curtas, do Repórter Esso e da Voz do Brasil depois de devidamente filtradas, como cabia a um país zeloso. O lazer e a diversão ficavam por conta da Rádio Farroupilha nos domingos à noite na voz de Darci Fagundes, Luiz Menezes e dos convidados de canto e trova como só o Rio Grande do Sul tem. Chegavam também muito claro os sinais da rádio Tupi e da Rádio Nacional. A boa e velha ZYG-9 - Rádio Rio Negro local, na voz de pioneiros como Álvaro de Aquino colocavam Mafra, Rio Negro e região no mapa e no rumo do progresso. Ouvir o jogo no rádio era o esporte preferido para os homens e chorar com as novelas o esporte preferido para as mulheres. Ainda temos essas tecnologias e muito mais. Olhávamos o céu à noite para ver os primeiros satélites artificiais passarem sempre à mesma hora. Tofler e Verne previram e imaginaram, mas não o suficiente para o que já conquistamos. Ainda falta a Viagem no Tempo, Teletransporte, a conquista da paz mundial. Da Viagem ao Centro da Terra participamos ao vivo, com bilhões de outros

MAFRATEC

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Inauguração do I Workshop e Seminário de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento do Planalto Norte de Santa Catarina e Inauguração da Incubadora Mafratec na FUnC – Fundação Universidade do Contestado, no campus de Mafra.

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Page 1: MAFRATEC

ALGUMAS PALAVRAS

Prof. Maria Zilene Cardoso (FAPESC),

Prof. Carlos Rafael Guerber (UnC-Mafra),

Prof. Maria Suzete Neumann (SDR-Mafra)

Mafra 09/11/2010 - Inauguração da

Incubadora Mafratec UnC campus de

Mafra - SC.

Dia oito de novembro o Secretário

do Estado do Desenvolvimento

Regional Sr. Osmar Telma SDR-

MAFRA convidou-me para

representá-lo na cerimônia de

inauguração do I Workshop e

Seminário de Ciência, Tecnologia e

Inovação para o Desenvolvimento do Planalto Norte de Santa Catarina e Inauguração da

Incubadora Mafratec na FUnC – Fundação Universidade do Contestado, no campus de

Mafra. Fiquei honrada com o convite. Aceitei.

ALGUMAS PALAVRAS

Em nome do secretário de desenvolvimento regional desejo sucesso ao

empreendimento e quero dizer algumas palavras por mim mesma. Enquanto vinha para

cá pensei no que poderia falar diante uma platéia tão seleta. Pensei na incubadora.

Incubar, biologicamente falando de modo genérico refere-se à incubação de ovos e de

plantas. Também à incubação de idéias. Esta, a mais importante de todas. No pós

Grande Guerra Mundial era a palavra de horror entre cientistas e estrategistas pela

simples suposição de respirar a morte causada por vírus mortais incubados em ovos e

lançado por aviões nos países inimigos. Milhões, dentro de apenas um único ovo. A

incubação de ovos está OK. Os bebês nascem a três por dois, resultado de alguns

segundos de ação num projeto elaborado, executado e aperfeiçoado em milhões de anos

por milhares de espécies animais até pouco tempo naturalmente e mais recentemente em

casos especiais, nas incubadoras de bebês de proveta e na inseminação artificial. A

incubação de plantas segue o mesmo caminho, salvo ações radicais de destruição de

estufas e laboratórios de pesquisas por mulheres nem tão racionalmente humanas. Nasci

no pós-guerra. A tecnologia mais avançada a que tínhamos acesso era um bom rádio GE

sem transistores, mas com válvulas, que sintonizavam em ondas médias, curtas e

frequência modulada. As notícias do exterior vinham diretamente da BBC de Londres

transmitindo em português para o Brasil em ondas curtas, do Repórter Esso e da Voz do

Brasil depois de devidamente filtradas, como cabia a um país zeloso. O lazer e a

diversão ficavam por conta da Rádio Farroupilha nos domingos à noite na voz de Darci

Fagundes, Luiz Menezes e dos convidados de canto e trova como só o Rio Grande do

Sul tem. Chegavam também muito claro os sinais da rádio Tupi e da Rádio Nacional. A

boa e velha ZYG-9 - Rádio Rio Negro local, na voz de pioneiros como Álvaro de

Aquino colocavam Mafra, Rio Negro e região no mapa e no rumo do progresso. Ouvir o

jogo no rádio era o esporte preferido para os homens e chorar com as novelas o esporte

preferido para as mulheres. Ainda temos essas tecnologias e muito mais. Olhávamos o

céu à noite para ver os primeiros satélites artificiais passarem sempre à mesma hora.

Tofler e Verne previram e imaginaram, mas não o suficiente para o que já

conquistamos. Ainda falta a Viagem no Tempo, Teletransporte, a conquista da paz

mundial. Da Viagem ao Centro da Terra participamos ao vivo, com bilhões de outros

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telespectadores de forma jamais imaginada, graças aos bits e bytes que reduziram as

dimensões da Terra. e nos permitiram mergulhar nas profundezas da mina de cobre no

Chile. Sou do tempo de Dick Tracy e do seu fantástico telefone de pulso que de ficção

passou a realidade. Sou do tempo dos Jetsons com seu carro voador, que também é

realidade. Sou do tempo em que se falava de um moderníssimo aparelho reprodutor de

som que não tinha nenhum contato com o disco. Esperei alguns anos por ele. Falávamos

do dia em que seria possível conviver com tais coisas. Sou do tempo de Perdidos no

Espaço, da Jornada nas Estrelas; de Bill Gates, de Steve Jobs, de inovadores visionários

como Linus Torvalds, Jon Maddog, dos que sonhavam com uma universidade em Mafra

e dos que hoje inauguram este projeto. Sou do tempo em que se trocava um fusca usado

em bom estado por um telefone comum, cuja preço astronômico gerava uma conta

astronômica difícil de pagar. Sou do tempo em que alugar telefone era um excelente

negócio e cada linha era disputada pela ordem de inscrição. Hoje até meu cachorro tem

celular. Ainda não sabe usar, mas tem. Sou do tempo em que a genialidade nos negócios

era privilégio de um ou dois cidadãos do mundo e não era compartilhada. Sou do tempo

de hoje, das parcerias em que a habilidade de gerenciar negócios e empreendimentos

depende de outros fatores não individuais, mas coletivos, com possibilidades de suporte

financeiro e técnico. Sou do tempo em que compartilhar recursos, idéias e experiências

não é dogma de partido político, nem de filosofias comunistas, nem socialistas, nem

imperialistas, nem religiosas. Sou do tempo profundamente envolvido no

desenvolvimento da vida com qualidade e na redução do abismo social por meio da

apropriação do conhecimento tecnológico por estudantes e professores. Acredito no

sucesso desse empreendimento. Mafra possui ideais, mentes criadoras e criativas. A

incubadora ainda fazia falta. Temos apenas que pensar numa maneira de fazer com que

o desenvolvimento não fique apenas entre os privilegiados que fazem parte do projeto,

mas que sirva para reduzir a fome das pessoas. Parabéns a todos. Muito obrigada.

Disse apenas algumas dessas palavras.

Paz e Prosperidade

Maria Suzete Neumann

Mafra, 10 de novembro de 2010.