Luís Filipe Castro Mendes - Resposta a Camões

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/26/2019 Lus Filipe Castro Mendes - Resposta a Cames

    1/2

    Lus Filipe Castro Mendes

    Resposta a Cames

    para o Lus Quintais

    Foi a noite junto igreja de Diu

    ou a tarde que entrmos nas grutas de Elefanta?

    H na tarde para sempre perdido um navio

    e h na noite um demnio sinistro que canta.

    Os deuses que avistmos na loucura mansa

    vingaramse de ns com seu simples durar

    e o !risto que trou"#mos na guerra e na $onan%a

    fe&se deus nesta terra e perdeuse do mar.

    Foi a noite que trou"e este manso esquecer

    em que a Histria se deu no passo de uma dan%a

    e nos chamam de longe os que vieram morrer

    al#m da sua terra e aqu#m da lem$ran%a?

    Foi a noite a entrar na igreja de Diu

    ou a som$ra de Deus na ilha de Elefanta?

    'hiva hermafrodita desta cave sorriu

    e o mundo se fe& contra toda a esperan%a(

    O tempo e a fragilidade humana no transcorrer do tempo , para mim, uma

    das grandes preocupaes ou fascinaes do poeta Lus Quintais. Para onde

    se encaminha a sua poesia: para um futuro sempre a devir ou para um

    passado que ! adveio"

    #ecursividade. $ minha poesia proectiva. %nteressa&me esse 'devir(. )as

    tam*m me interessa a revisita+o como parte desse devir. +o creio quehaa con-ito, apenas tens+o, e essa tens+o produtiva.

    As referncias biografia ou memria surgem muitas vezes nesteDepois da msica.

    Que relao trazes com o passado?

    No possvel fugir memria. Ela sitia-nos. Durao e escombro, assim o passado.

    medida !ue envel"eo vai "avendo cada ve# mais passado. Em verdade, escreve-se para os

    mortos e para os vindouros. $ presente no e%iste.

  • 7/26/2019 Lus Filipe Castro Mendes - Resposta a Cames

    2/2

    Uma fria secular faz-me fugirdas mltiplas vozesde um s deus.

    Est repleto de vestgios

    este mundo, de ecosque antepassados esclarecemequivocadamente.

    O indeterminado ofciodestes ecos repete-sesem que eu pressinta o padro,

    o desarme e a nitidez.i o meu pai c!orare o que me vence desde a" o eco do seu c!oro

    repetindo-se nos versos lidos,rou#ados por voca$o sem medida%uma &anela a#re-se para a po#re noite

    da carne tomada de assalto pela linguagem.e&o meu pai atrav"s dessa &anela.' linguagem inventada dilacera-me.

    ( uma msica do passado,uma marca-de-guano meu sistema nervoso.

    Os significados so e)teriores ao crculo

    que me inclui.*ersigo-os, por"m. +U/'0, 1223, p. 4145.