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Londres
Amor & Ódio
O que precisei deixar para trás e o que precisei fazer para
conseguir entrar na Inglaterra e o dia a dia em 7 anos – A
verdade nua e crua sem cortes!
Encontre seu guia sobre dia-a-dia em Londres, que inclui:
empregos, estudos, transportes; e muito mais.
[ 2 ]
Rivaldo Cândido Revisão da1ª Edição
Eclezio MF
Revisão 2ª Edição
Londres, outubro de 2014
[ 3 ]
Copyright© 2014 por Eclezio MF
Visite nosso site: www.viveremlondres.com
Facebook: http://www.facebook.com/ViveremLondres
Contato: [email protected]
Título: Londres: Amor e Ódio
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desse livro
pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios
existentes sem autorização por escrito do autor e/ou editores.
170 páginas
Formato: 14 x 21 cm
Escritório de Direitos Autorais (EDA) nº 616.351
ISBN: 9781311978127
[ 4 ]
INTRODUÇÃO
Este livro descreve minha trajetória desde a preparação
para deixar o Brasil, os problemas enfrentados, venda dos
meus pertences, a viajem para Londres, problemas na
imigração londrina, como sobreviví no país, meu 1º emprego,
como encontrei minha alma gêmea européia, nosso
casamento, mudança para a Hungria, nascimento do nosso
filho, retornos para Londres, desemprego de sete meses e até
os dias de hoje, 2014 em Londres. Este livro será seu guia de
referência e de de dicas em Londres!
Saibam as vantagens e desvantagens de morar aqui, e
de estar longe do Brasil, da língua portuguesa, e da profissão.
Leia sobre as roubadas de supostos amigos e
empregadores que enfrentei por aqui; a verdade e mentiras
sobre Londres, vida em Londres, como estudei e trabalhei
aqui, locais exóticos e diferentes que visitei tais como balada
de tudo que é tipo.
A outra parte do livro é um manual de sobrevivência
em Londres, que cobre: locais para visita, custo de vida,
passeios, cuidados por aqui, onde encontrar as coisas, viajens,
trabalho dentre outros assuntos.
lezio
[ 5 ]
Dedicatória
Dedico este livro, primeiramente, à minha esposa que
tanto me apoiou em todos os sentidos para que este projeto se
tornasse realidade. Também agradeço à minha família do
Brasil que e aos meus amigos, pois eles sempre estiveram
comigo nos momentos alegres e difíceis desta trajetória, seja
com suas orações ou com pensamentos positivos.
Também ofereço esta dedicatória para os meus
amigos do meu bairro de origem, amigos da faculdade
Oswaldo Cruz, amigos da Embratel, à S.R.G. e sua familia
que me ajudou muito momentos árduos da vida em São Paulo
e a todos aqueles que me ajudaram um dia ou continuam a
me ajudar.
[ 6 ]
ÍNDICE
CAPITULO 1 ............................................................................................ 9
O PONTAPÉ INICIAL ............................................................................. 9
CAPÍTULO 2 ..........................................................................................12
POR ONDE TUDO COMEÇOU – LONDRES, NOVO PROJETO DE
VIDA. ......................................................................................................12
CAPÍTULO 3 ..........................................................................................17
SÃO PAULO – A PONTE DO BRASIL PARA INGLATERRA E
HUNGRIA ...............................................................................................17
CAPÍTULO 4 ..........................................................................................24
VENDENDO TUDO ...............................................................................24
CAPÍTULO 5 ..........................................................................................26
O QUE TIVE QUE SABER PARA PASSAR PELA TEMIDA
IMIGRAÇÃO INGLESA ........................................................................26
CAPÍTULO 6 ..........................................................................................32
SAÍ DO BRASIL SEM FALAR NADA PARA QUASE NINGUÉM ......32
CAPÍTULO 7 ..........................................................................................35
CHEGADA À TEMIDA IMIGRAÇÃO INGLESA! ..............................35
CAPÍTULO 8 ..........................................................................................44
DEPOIS DA INTERROGAÇÃO VEM A REVISTA DA MINHA MALA!
.................................................................................................................44
CAPÍTULO 9 ..........................................................................................48
NO METRÔ DE LONDRES – CHEGANDO À NOVA CASA .............48
CAPÍTULO 10 ........................................................................................54
CONVIVÊNCIA COM ESTRANHOS NA MESMA CASA ...................54
CAPÍTULO 11 ........................................................................................71
[ 7 ]
O PRIMEIRO EMPREGO ....................................................................71
CAPÍTULO 12 ........................................................................................78
SORTE OU DESTINO? O 2º E EMPREGO DEFINITIVO ................78
CAPÍTULO 13 ........................................................................................84
FAZENDO “BICOS” PARA PODER ME MANTER ............................84
CAPÍTULO 15 ........................................................................................94
ENCONTREI MINHA ALMA GÊMEA ...............................................94
CAPÍTULO 16 ........................................................................................99
QUERIA DEIXAR LONDRES ...............................................................99
CAPÍTULO 17 ..................................................................................... 101
MUDANDO PARA A HUNGRIA ....................................................... 101
CAPITULO 18 ..................................................................................... 102
CHEGADA À HUNGRIA E O NASCIMENTO DE NOSSO FILHO . 102
CAPÍTULO 19 ..................................................................................... 105
DIA-A-DIA NA HUNGRIA ................................................................ 105
TRABALHAR E ESTUDAR NA HUNGRIA ..................................... 115
CAPÍTULO 21 ..................................................................................... 119
RETORNO A LONDRES .................................................................... 119
CAPÍTULO 22 ..................................................................................... 121
MEU DESEMPREGO POR OITO MESES ....................................... 121
HOJE EM DIA (2014/2015) ............................................................. 124
PLANOS PARA 2015 ......................................................................... 125
GUIA DE TURISMOS EM LONDRES .............................................. 129
BALADAS ............................................................................................ 131
IR ÀS COMPRAS ................................................................................ 134
GUIA DE SOBREVIVÊNCIA EM LONDRES ................................... 150
[ 8 ]
DIRIGINDO EM LONDRES .............................................................. 151
DOCUMENTOS ................................................................................... 153
EMPREGO ........................................................................................... 158
LONDRES É SEGURA? ...................................................................... 165
SAÚDE ................................................................................................. 166
CUIDADOS! ........................................................................................ 168
MORADIA EM LONDRES ................................................................. 175
[ 9 ]
CAPITULO 1
O PONTAPÉ INICIAL
O meu desejo incontrolável de sair do Brasil nasceu
logo após eu ter iniciado o curso de inglês na Wizard Idiomas,
o que faz sentido e é natural porque eu passei a olhar mais
para a cultura inglêsa/americana de uma forma diferenciada;
passei a procurar artigos sobre os países da lingua inglêsa, as
fotos destes locais, revistas, guias de viagem dentre outros
que fizeram despertar o desejo de me aventurar em terras
estrangeiras.
Um outro motivo (e engraçado) foi na época em que
eu trabalhava como Customer Service (atendimento técnico e
comercial coorporativo na Embratel) que eu tive que ligar
para o diretor de uma empresa multinacional, mas essa pessoa
era um norte-americano que não falava português, foi então
que seu funcionário entrou em linha e perguntou a mim com
um tom bastante sarcástico: “- Ei você !? Meu chefe não é
brasileiro, você fala inglês?”; e eu lhe respondí com
humildade: “- Não. Desculpe, mas eu infelizmente não falo.”
Então ele me respondeu: “- Mas saiba que eu falo!!!”
A forma como ele me respondeu não foi das melhores,
mas é a vida, e considero que ele teve sorte, pois ele já falava
[ 10 ]
inglês naquela época que já era um diferencial na procura de
um cargo melhor. Esse incidente me deixou com muito triste e
acho que com raiva porém eu considerei isso como uma
catapulta que me impulsionou mais ainda para aprender o
inglês que era um dos meus sonhos.
Logicamente que eu também sabia que ter fluência na
língua inglêsa era ter um diferencial a mais para me
candidatar a uma vaga de nível melhor ou pelo menos
aumentar meus ganhos mensais. Mesmo naquela época falar
inglês já era importante, então nem preciso citar hoje em dia,
não é?
E quais foram os impedimentos para poder realizar
este sonho? Bem, meus pais foram os primeiros a duvidar dos
meus planos, e que minha aventura seria perigosa e talvez não
daria certo, porém eu não os culpo por pensarem assim,
mesmo porque eles não viajaram para lugares longes em suas
vidas, tanto por falta de verbas quanto por falta de tempo.
Suas desconfianças eram normais porque eu era o pioneiro da
família por parte da minha mãe que estava para fazer isso.
Os EUA também eram um destino escolhido por mim,
porém eu não conhecia ninguém que já morasse naquele país
para que pudesse me ajudar com informações, dentre outros (
com exceção de duas primas minhas, a Patrícia e a Daniela)
[ 11 ]
que já moravam nos EUAs por mais de 6 anos, porém nós não
tínhamos mais contato desde que éramos crianças.
Eu escolhi Londres para morar, ou creio eu, que
Londres tenha me escolhido, porque eu já conhecia um amigo,
o James, que morava lá há 1 ano; portanto, ficaria mais seguro
para eu ir a Londres do que para os EUAs com certeza. Então
fui para a terra da rainha e foi em Londres que tudo aconteceu
comigo, foi aqui que eu aprendí a conviver com pessoas de
comportamento extranho na mesma casa, a ser mais tolerante,
a ter mais cuidado com o que falo porque aqui você poderá
ser levado à corte por motivos que no Brasil parecem
irrisórios, aprendí a dividir a casa, o quarto, o banheiro, viver
com pessoas de outros países e culturas distintas, foi aqui
onde adquirí experiência internacional, viajei, absorví a
cultura, aprendí a língua, fiz muita amizade, aproveitei
bastante da noitada londrina, amei, odiei e onde eu construí
minha linda família.
O leitor pode estar se perguntando, mas porque eu não
fui para outro país da língua inglêsa como por exemplo a
Austrália? Bom, porque obviamente este país fica muito mais
distante, e conseguêntemente eu não gostaria de morar tão
longe ou tão isolado. Em contraste a Europa você sabe que
está cercado por diversos países e por essa razão você poderá
viajar de país em país gastando pouquíssimo; você poderá ir
[ 12 ]
de trêm, ônibus ou tomar um avião que o levará por apenas 2
horas e meia para alcançar seu destino.
CAPÍTULO 2
POR ONDE TUDO COMEÇOU – LONDRES, NOVO PROJETO
DE VIDA.
Vamos iniciar com a explicação da frase: "Brasileiro não
desiste nunca!”.
Eu sempre fui muito esforçado e corajoso para
conseguir alcançar os meus objetivos, e sempre fui
apaixonado pela língua inglesa; por tal razão que eu me
matriculei em um curso de inglês na escola de
idiomas com ênfase em conversação, chamada
Wizard.
Fiquei muito satisfeito por ter tido a
chance de investir em mim, mas a felicidade
estava prestes a terminar, pois como todos sabem a vida do
trabalhador comum não é fácil em muitos países e
[ 13 ]
logicamente que a do brasileiro não é nem um pouco fácil,
principalmente se comparada com a vida dos europeus. Nós,
no Brasil, trabalhamos em tempo integral, fazemos faculdade
das 19h às 22h50 de segunda a sexta-feira, e com isso só
sobram os finais de semana para cursar um curso
extracurricular, ou um de idioma ou outros. Entretanto, vale
lembrar: de que geralmente na Europa se estuda apenas dois
dias integralmente, ou todos os dias em meio período, ou
apenas uns dias por poucas horas ou apenas nos sábados.
Infelizmente, por não ter muito tempo e por falta de
dinheiro, eu fui obrigado a trancar o curso de inglês no
segundo semestre.
Não pensem que eu desistí ou abrí mão dos meus
projetos! Não, não, não! Eu apenas os coloquei em "stand by
for a while".
Sabiam que existe uma frase para descrever os
brasileiros no exterior? Sim. Alguns pessoas dizem:
"Brasileiro nunca desiste! Eles sempre acham solução pra
tudo!", e foi com essa garra, determinação, jogo de cintura e
flexibilidade da minha cultura encarnada na minha essência,
que não permitiu que eu desistisse do inglês, mesmo sabendo
que eu não dispunha de verbas para bancar um curso de 2,5
anos no Brasil, quem diria na Europa! Para não perder contato
com a lingua, eu tive a ousadia de pedir a uma pessoa na
[ 14 ]
escola, para me emprestar os seus cinco livros do curso
completo que ela havia terminado, para que eu pudesse tirar
cópias e estudar em casa por minha conta.
Foi com essa ousadia que eu estudei "on my own",
mesmo sem ter a noção se a minha pronúncia estava correta
ou não.
Como o leitor deve imaginar, naquela época você não
encontrava tudo na internet e nem ferramentas essenciais para
o estudante estavam disponíveis como por exemplo o Google
Translator, checador de pronûncia ou cursos on line grátis.
Uma outra forma que encontrei para tentar aprender inglês a
qualquer custo foi tentar praticar o idioma nos fins de semana
com meu amiguíssimo Luciano Aparecido que com certeza
ele foi uma pessoa que realmente me aconselhou muito, me
apoiou nos meus projetos em torno da lingua e com quem eu
trocava cartas em inglês (cartas, não emails!) para não perder
contato com a lingua. Sua ajuda foi imensurável para que eu
não abandonasse meu sonho de ir para o exterior e aprender
inglês.
[ 15 ]
Então, no ano de 2001, já não aguentava mais o meu
trabalho na antiga Cosipa (hoje Usiminas), pois, em meu
íntimo, sentia que não me levaria a patamar nenhum, via que
não me oferecia nenhum desafio, e que alí não era meu lugar.
Diante de tal reflexão, tomei a iniciativa de ir ao RH da
empresa, e pedí a eles que me mandassem embora. E eles
assim o fizeram. Isso me possibilitou ter um pouco de verba
para fazer algo no futuro, já que eles pagaram todos os meus
direitos.
Mudança para São Paulo
Morar em São Paulo sempre foi o meu foco, porque eu
sabia que lá eu teria mais desafios e melhores ganhos, e
também porque aquela imensa e vibrante cidade me ofereceria
uma vida mais estabilizada.
Eu saí da Siderúrgica, localizada em Cubatão, que eu
trabalhava há cinco anos, juntei minhas coisas e me mudei
para São Paulo sem ter nada em vista, sem ter trabalho.
Contudo, acreditava que tudo daria certo. Se eu não
arriscasse, eu não teria tido a chance de estar em Londres até
hoje. Minha vida se resume em “tentativas” ou seja, antes de
falar que é impossível, vá lá e tente. Sempre tive essa frase em
minha mente.
[ 16 ]
Claro que, no ano de 2001 eu não me mudei sozinho
para São Paulo mas tive o apoio de uma pessoa importante,
inteligente, de coração bondoso, a S.R.G. e também não posso
deixar de mencionar as pessoas que cruzaram o meu caminho
naquela época e que me ajudaram com moradia, conselhos e
suporte (não citarei nomes de pessoas para manter a
privacidade de cada um).
Em termos de estudos, eu já estudava eletrônica na
Escola Federal de Cubatão a CEFET-SP; porém, eu pedí
transferência para a Federal de São Paulo, e ingressei no curso
de Telecomunicações que estava em alta e os empregos nessa
área se encontravam em seus melhores momentos. Por razão
dessa mudança de curso e cidade, é que finalmente a “ponte”
Brasil-Inglaterra” começara a ser construída.
Para ser honesto, eu não me julgo uma pessoa de sorte,
mas uma pessoa ousada, e que “sempre chuta a bola prá ver
no que vai dá”, e é justamente dessa forma eu tenho vencido
alguns desafios colocados pela vida em minha caminhada.
[ 17 ]
CAPÍTULO 3
SÃO PAULO – A PONTE DO BRASIL PARA INGLATERRA E
HUNGRIA
Estágio na Embratel
No ano de 2001, já matriculado no curso de
Telecomunicações do CEFET-SP, eu sonhava humildemente,
pelo menos, ser contratado por alguma “empresinha” de
telecomunicação para iniciar a carreira; para então, quem
sabe, tentar a outra empresa, chegar à Telefônica para que eu
finalmente pudesse alcançar um emprego na "tão sonhada
Embratel" que era a empresa TOP na época na área das
telecomunicações. Mas como eu costumo dizer, que: "O
impossível de conseguir, é tudo aquilo que você ainda não
tentou"!
Na sala de aula, do 1º módulo do curso de Telecom,
um funcionário da escola anunciava uma vaga de estágio na
tão desejada Embratel, porém, o requerimento para tal vaga
era que a pessoa estivesse pelo menos no 3º módulo do curso
de Telecom, porém esse não parecia o meu caso, pois eu
estava ainda no 1º módulo. Entretanto, mesmo assim, eu
decidí tentar, ou seja, “chutar a bola e ver se sairá um gol!”
[ 18 ]
Eu praticamente corrí para
perguntar ao funcionário se eu poderia
me candidatar, no entanto ele tentava me desanimar dizendo
que seria impossível a Embratel me escolher porque eu estava
no 1º módulo, mas eu repliquei:
- Posso tentar? Eu estudei dois módulos do curso de
eletrônica no passado e por esta razão eu acredito que
poderia ter uma chance! E eu não tenho nada a perder!
Então ele olhou para mim com um olhar de quem
pensava que eu não teria chance ou que eu era um chato, e
finalmente colocou a folha de candidatura em minhas mãos.
Depois desse dia, apenas uma semana se passou para
que a Embratel me chamasse para participar da entrevista
junto com mais três candidatos!
Tudo foi muito rápido, eu recebí a resposta do
resultado da entrevista no mesmo dia quando me disseram que
a vaga era minha! A felicidade foi tão imensa que eu gritei ao
telefone: - Obrigado! Só não chorei porque me faltaram
lágrimas. A vaga era para um setor chamado Despacho que
havia alí um supervisor muito bom tecnicamente e muito
educado que era o Alex que até hoje é um grande amigo.
Depois do Alex o Eduardo passou a ocupar o cargo e posso
dizer para os 4 cantos do mundo que eles foram um dos
melhores chefes que eu já tive na minha vida profissional.
[ 19 ]
Eu também tive bons chefes na Hungria e na Inglaterra porém
guardo com carinhos os chefes no coração as lembranças de
bons chefes e coleagas da Embratel que hoje são meus
amigos. Aqui ficam meus parabéns para eles.
Algumas coisas na vida são intrigantes, engraçadas ou
doloridas, depende, e por conta disso nosso cérebro guarda as
coisas que ocorreram, sejam essas guardadas com carinho ou
com mágoas ou apenas como lembranças. Posso dizer que um
comentário de um colega de trabalho me magoou mas sei que
ele apenas estava me aconselhando porque ele não sabia da
minha realidade de vida que era uma vida sofrida, sem ter
muito, sem ter o que desejava. Para alguns, as pessoas não
sofrem porque eles nunca sofreram então como podem sentir
ou saber sobre isso?
Lembram dos livros da escola de idioma que eu fiz cópia por
não ter dinheiro para continuar o curso e com essas cópias
eles me manteriam atualizados com o Inglês? Então, ainda
como estagiário no Despacho, houve um colega o João Paulo
viu as cópias dos livros e achou aquilo “estranho” então ele
me perguntou: - Nossa Eclezio! porque você não faz o
curso??? (ele me olhou com uma cara achando minhas cópias
uma coisa inaceitável) porém eu respondí com humildade que
eu adoraria mas não tinha dinheiro mas ele não acreditou.
Bom, não vou entrar em detalhes da minha vida em São Paulo
[ 20 ]
mas, eu não tinha dinheiro para nada, nada naquela época.
Não digo que passei fome mas não podia comprar nada. Bom,
de qualquer forma, aquela pergunta do João Paulo me marcou
bastante bem como a pergunta do cliente falando que ele
falava inglês e eu não porém isso serviu como blocos para a
construção da ponte que me levaria rumo ao meu sonho.
Depois de estagiar por 12 meses na Embratel de São
Paulo, eu fui efetivado por uma contratada dela uma
terceirizada que passei a ocupar o cargo de supervisor junto
com meus colegas Marcos José, Marcos Dias, Robson, Max,
Edevaldo e outros que hoje em dia são meus melhores amigos
como já citado. Depois de 12 meses eu concorrí a uma vaga
no GATE (setor considerado uma gerência de configuração de
redes lógicas de alto nível da Embratel) onde eu tive a honra
de trabalhar com pessoas inteligentes, cordiais e que me
ajudaram em momentos difíceis como o Marcos Pires, Kléber,
Ana Paula, Márcio, Kênia, Fabiano Lopes, Willian Pedroso,
Marilene, Alfredo, dentre outros.
Depois de trabalhar no Gate eu me candidatei a uma vaga para
CS (Customer Service com experiência técnica) que logo após
me permitiu adquirir experiência comercial, que sem saber,
essa experiência me ajudaria a arranjar um emprego na
Hungria e mais tarde em Londres.
[ 21 ]
Eu havia ficado tão feliz, mas tão feliz com estas
conquistas que eu já planejava ficar na empresa por muitos
anos e, se possível, fazer carreira. Mas, só Deus sabe do
futuro que para nós é incerto.
Telmex compra a Embratel e demite mais de 100
Minha alegria durou apenas sete meses no novo setor
comercial; porque, infelizmente, a Embratel foi comprada
pela empresa Mexicana Telmex que anunciou "adaptação
gentil de cortes de gastos" que pôs fim a minha expectativa,
eu fui jogado na vala da demissão junto com mais de 100
pessoas.
Na sala do Recursos Humanos verdadeiramente
falando, eu me sentí como um animal na fila do matadouro,
esperando a minha vez para ser cortado. Todas as pessoas
estavam com seus papéis nas mãos só esperando a hora de
entrar na sala e dizer adeus à Embratel, pois eu não desejo
isso nem para meu pior inimigo. Parece besteira falar tão bem
assim de um emprego mas ele era um conquista que estva
sendo tirado das minhas mãos sem remorcio.
[ 22 ]
Demissão da Embratel, trampolim para Londres
Depois de deixar a Embratel, eu comecei a buscar
trabalho que utilizasse minha experiência técnica e comercial
adquirida e que pagasse tão bem quanto a Embratel mas para
a minha decepção, não era fácil no início de 2005. Mas se
fosse hoje em dia, ano de 2014, acredito que eu teria
conseguido.
Só para se ter uma idéia, eu si de R$ 900,00 na época
de estágio e consegui conquistar a marca dos R$ 2.200,00
(com benefícios) naquela época e por isso que considero uma
conquista de certa forma. Infelizmente ou felizmente eu posso
dizer que eu não conseguira achar outro emprego que pagasse
o mesmo salário mas, ao contrário, eu recebia propostas de
emprego que queriam me pagar R$ 520,00. Note que eu
procurei trabalho como músico, customer service, eletricista,
técnico em telecom, dentre outros.
Convite para me mudar para Londres (início das
roubadas e da alegria)
Naquela época, eu já tinha um amigo James, que havia
se mudado para Londres fazia 8 meses e graças a Deus nós
mantínhamos contato de vez em quando por telefone, e toda
[ 23 ]
vez que nos falávamos, eu pensava comigo: - Ahh! Ele está
lá! Ah Londres ... imagine como deve ser lá ...
Aconteceu que um dia, era véspera de Natal, quando
eu resolví ligar para ele e desejar-lhe Feliz Natal como
qualquer amigo faria. Para minha surpresa, ele ficou
imensamente feliz com a minha ligação porque ele disse que
se sentia solitário lá e que não havia recebido nenhuma
ligação de amigos ou parentes o que o fez muito triste porém,
a minha ligação fez completar o último bloco da ponte que me
levaria à Londres. Ele ficou tçao feliz de ter recebido meu
“Merry Christmas” que ele não hesitou em perguntar se eu
não desejaria ir pra Londres, e eu respondí: “- Claro! Você
está perguntando se defunto quer caixão!?" (minha mãe usa
muito essa expressão).
Este amigo ofereceu sua ajuda a mim pelo menos para
os primeiros meses quando eu estiver lá. Sua ajuda seria com
informação, ajuda com a matrícula do curso de inglês, o
pagamento das 1as semanas de moradia na casa em que ele
dividia, dentre outros e obviamente eu deveria devolver o
valor gasto por ele quando eu conseguisse um emprego. Fica
aqui registrado o meu eterno obrigado ao James de São Paulo.
[ 24 ]
CAPÍTULO 4
VENDENDO TUDO
Depois do convite do meu amigo, logicamente que eu
não hesitei em começar a planejar e preparar tudo, e a partir
deste ponto comecei a vender tudo que tinha, pois precisava
juntar o dinheiro para a passagem do avião e a minha estadia
em Londres que não eram nada baratas.
Perceba que no ano de 2005, não era tão fácil uma
pessoa comum viajar para o exterior como hoje em dia
acontece porque a Libra Esterlina estava valendo cinco vezes
mais o valor do Real! Sim, 5 vezes mais! e o Brasil não estava
tão bem como hoje em dia, o que facilita e muito a saída de
brasileiros para o exterior.
Naquela época brasileiro era discriminado na entrada
de paises Europeus e principalmente na Inglaterra que é um
país que deporta muitos imigrantes ou viajantes por motivos
injustos ou banais. Falo isso porque os jornais londrinos
mostraram que os agentes de imigração “brincavam de
deportar ou apostavam quem deportava mais pessoas por dia”
[ 25 ]
Depois da minha saída da Embratel no início de 2005, eu teria
que levantar dinheiro para sair do país e o único dinheiro que
eu possuia, estava investido em um carro Corsa usado e esse
carro havia sido adquirido com o dinheiro da minha demissão
da Cosipa e da Embratel (que por sinal comprei com muito,
muito esforço na época).
Como a libra estava altíssima em 2005, isso tornava a
viagem para a Europa caríssima, e uma dor de cabeça terrível
porque eu teria que mostrar à imigração inglêsa que eu tinha
fundos suficientes para me manter no país, pois eu precisaria
entrar com pelo menos £1,500 em
dinheiro + passagem + cartão de
crédito+ Travel Card, etc para provar
que eu estava lá para aprender inglês de
fato e que poderia me manter para não largar os estudos e
procurar trabalho porque essa não era a intenção original na
cabeça deles. E tem mais,eles prefeririam que a pessoa
mostrassse provas que ainda teria laços com Brasil etc... etc...
Mais isso e aquilo...
Imagine você pegar R$ 15.000,00 e ver esse valor se
transformar em apenas £3.260,00? Parece muito em Libras?
Não, não é. Esse valor era suficiente para eu me manter por
três ou seis meses apenas, e isso se eu tivesse a sorte de
encontrar pelo menos um trabalho de faxineiro no início.
[ 26 ]
Infelizmente dizendo mas naquela época quem vinha à
Londres era obrigado a mentir um pouco (aumentar a história)
ou otimir um pouco para poder driblar a imigração, senão a
probabilidade de ser deportado era alta mesmo você tendo
todos os documentos em mãos ou com
histórias verdadeiras, você mesmo
assim ainda corria o risco de nem pisar
em solo londrino.
CAPÍTULO 5
O QUE TIVE QUE SABER PARA PASSAR PELA TEMIDA
IMIGRAÇÃO INGLESA
Ir a Londres significa: Obter muita, mas muita
informação para não ser deportado!
[ 27 ]
Antes de vir a Londres, eu fui alertado por muita gente
e por sites de informação de que eu deveria obter muita, mas
muitas informações mesmo para que fosse evitado qualquer
tipo de constrangimento na imigração, para não ser deportado
e retornar ao Brasil com vergonha e sem o dinheiro dinheiro
investido e sem trabalho.
Existe muito casos de pessoas que prepararam tudo,
venderam tudo que possuiam, fizeram uma festa de qualidade
e robusta para celebrar a despedida com seus amigos e
familiares no Brasil, para então viajar para Londres, porém,
no aeroporto essas mesmas pessoas tiveram a entrada
recusada e perderam tudo que investiram, e passaram
vergonha no seu retorno à terra natal, e eu obviamente queria
evitar isso para mim.
No setor de imigração eu teria que ser liberado pelos
oficiais que são considerados a "barreira de fogo" do país (no
aeroporto de Heathrow principalmente), e portanto estava
ciente de que eu ainda teria o risco de que eles pudessem fazer
mais perguntas na hora da entrevista e mesmo depois de
passar por essa, eles poderiam perguntar mais no momento da
checagem da mala (eles poderiam não gostar de algo, e então
me mandar de volta).
[ 28 ]
Dica postadas na internet me ajudou a passar pela
imigração
Existe sites na internet que oferecem muita informação
para ajudar as pessoas a terem respostas na ponta da língua
para poder responder com coerência aos oficiais, e mostrar
claramente que você é um turista ou estudante, e que você não
tem intenção de trabalhar no país (se for o caso).
Eu obtive muita informação do tipo: quanto dinheiro
deveria levar; o que deveria falar na hora (apesar de não falar
NADA de inglês na época); o que a mala deveria conter e o
que não conter; o que fazer assim que chegasse à "cidade
maravilhosa"; quais documentos eu deveria lhes mostrar, para
que fosse provado que eu ainda possuia laços com o Brasil, e
que não ficaria além do tempo permitido por eles (visto de
seis meses ou um ano para estudante) e etc.
Eu sabia que para obter toda essa informação
consumiria muito tempo e talvez dinheiro, mas de outra forma
eu estava ciente que os esforços para essa aventura valeria a
pena, afinal estava indo para Londres!
Nos sites eles mencionavam que seria "de boas
práticas" se você tivesse um guia de Londres em mãos (seja
um livro contando as experiências de alguém ou um guia
sobre Londres) uma máquina fotográfica, e mostrasse sempre
um sorriso no rosto para disfarçar o medo na hora da