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Lívia Rodrigues Lothhammer
MÉTODO PARA DETERMINAR O CARREGAMENTO EXTERNO
EM DUTOS ENTERRADOS A PARTIR DA MEDIÇÃO DE
TENSÕES COMBINADAS PELA TÉCNICA DE FURO CEGO
INCREMENTAL
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa
Catarina para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Armando Albertazzi
Gonçalves Jr., Dr. Eng.
Coorientador: Matias Roberto Viotti, Dr. Ing.
Florianópolis
2016
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Dedico este trabalho aos
meus pais, Alfredo e Sirlei, e, em especial,
ao meu marido Mauricio.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus por nos dar a vida e,
cuja presença se traduz na força que nos mantém persistentes na busca
de nossos objetivos.
Agradeço aos meus pais, Alfredo Lothhammer e Sirlei Rodrigues
Lothhammer, e ao meu irmão, Frederico Rodrigues Lothhammer, que
sempre me dedicam apoio, amor e confiança, estando presentes em
todos os momentos da minha vida.
Meu agradecimento especial ao meu marido, Mauricio
Cargnelutti Venturini, pelo carinho, paciência e dedicação sem tamanho,
além do incentivo constante para a concretização dos meus ideais.
Ao Professor Dr. Eng. Armando Albertazzi pela orientação e
confiança depositada em mim para o desenvolvimento desta pesquisa.
Da mesma forma, agradeço ao Dr. Ing. Matias Viotti pela ajuda
direta no desenvolvimento deste estudo, pelas contribuições e discussões
sobre o assunto, por sua dedicação, amizade e pelos incentivos diários.
Ao Dr. Eng. Celso Veiga e ao Me. Eng. Anderson Pacheco pela
disposição em contribuir para o enriquecimento deste trabalho, assim
como ao colega Élsio Varela pelo grande auxílio durante os ensaios
realizados.
Aos integrantes e ex-integrantes do Laboratório de Metrologia e
Automatização (LABMETRO): Débora Simioni, Danilo Bonomo, Fábio
Silva, Rodrigo Blödorn, Pedro Buschinelli, Bruno Scheidt, Rosana
Vieira e demais colegas pela amizade e que, de alguma forma,
colaboraram para o desenvolvimento deste projeto.
Aos meus amigos Lidiani Pierri e Aarão Leão Foinquinos pelos
inúmeros apoios, conselhos e palavras de motivação.
À Universidade Federal de Santa Catarina, ao curso de Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica e a todos os professores que
fizeram parte desta jornada, incluindo o Prof. Dr. Jonny Carlos da Silva.
Ao LABMETRO por disponibilizar a infraestrutura e dar suporte
necessário para a realização deste trabalho.
À PETROBRAS pelo apoio financeiro através da concessão de
bolsa de estudos.
E, por fim, aos membros da Banca Examinadora pela disponibilidade e contribuições para a melhoria da qualidade deste
documento.
Muito obrigada!
RESUMO
A construção de malhas dutoviárias, instrumentos vitais para a economia
de muitos países, surgiu da necessidade de transportar, com eficiência,
agilidade e segurança, grandes volumes de óleo, gás e derivados. No
Brasil, dutos estão normalmente enterrados. A cobertura de terra sobre
eles oferece proteção física e mecânica. Todavia, a combinação entre
fatores climáticos e geológicos poderia causar instabilidades do solo e,
consequentemente, adicionar carregamentos significativos ao duto. Tais
esforços imprevisíveis poderiam aumentar o risco de falhas em serviço
ou mesmo acidentes no trecho enterrado, quando somados às cargas já
existentes. Neste estudo, entende-se por tensões combinadas aquelas
resultantes da ação simultânea de diferentes carregamentos que atuam
no duto, incluindo as tensões residuais geradas na fabricação de tubos.
Estas tensões são normalmente ignoradas do conjunto de tensões
combinadas devido ao pouco conhecimento disponível sobre elas, bem
como por sua difícil medição. No entanto, desprezá-las acaba por
comprometer a determinação de alguns parâmetros de interesse,
especialmente o carregamento axial atuante no duto em operação. Por
isso, o presente estudo visa compreender os mecanismos de formação
das tensões residuais na fabricação de tubos e, mais especificamente,
mapear a distribuição destas em alguns exemplares selecionados,
tipicamente utilizados na indústria de óleo e gás. Para tanto, um
dispositivo óptico que combina a técnica do furo cego incremental
(especificada na norma ASTM E837-13a) e a técnica de interferometria
DSPI foi utilizado como ferramenta de medição dessas tensões. Os
resultados experimentais apontam um comportamento equibiaxial entre
as tensões residuais longitudinais e circunferenciais, além de perfis de
tensões variáveis (na comparação entre as amostras de diferentes
processos de fabricação) com predomínio de tensões compressivas na
superfície externa dessas amostras. Posteriormente, define-se um
conjunto de procedimentos para avaliar o carregamento induzido pelo
solo através da medição das tensões combinadas, considerado a presença
de tensões residuais.
Palavras-chaves: tensões combinadas, tensões residuais, medição de
tensões, fabricação de tubos, furo cego, interferometria speckle (DSPI),
tubos enterrados.
ABSTRACT
Pipelines are vital instruments for economic activities as well as for the
energy matrix of most countries. Their constructions are related to the
need to transport large volumes of oil, gas and derivatives with
efficiency, flexibility and security. Pipelines are usually buried in Brazil.
The ground around the pipeline provides physical and mechanical
protection. However, the combination between geological and climatic
factors could cause ground instabilities and consequently could apply
significate loads to the pipeline. These unpredictable loads could
increase the risk of service failures or accidents in the pipeline when
combined with existing loads. In this study, combined stresses are
understood as those resulting from the action of various loading source
simultaneously acting on the pipeline, including the residual stresses
generated in the manufacturing of the pipe. Such stresses are usually
ignored from the set of the combined stresses due to the little knowledge
available as well as the difficulty for measuring them. However,
disregarding residual stresses compromises the determination of some
parameters of interest, especially the axial load acting on the pipeline
under operation. Therefore, this study aims to understand the generation
of residual stresses in the manufacturing of pipes and, more specifically,
to map their distribution in some selected pipe samples that are typically
used in the oil and gas industry. To this end, an optical portable device
combining the hole-drilling technique (specified in ASTM E837-13a)
and the interferometry DSPI technique was used as a measurement tool
of these stresses. The experimental results have revealed an equibiaxial
behavior between the longitudinal and circumferential residual stresses
as well as non-uniform stress profiles (in the comparison among the
pipes of the different manufacturing processes) with the predominance
of compressive residual stresses on external surface of these pipes.
Subsequently, this study defines a set of procedures to evaluate the
external load induced by the ground throughout the measurement of the
combined stresses and the consideration of the presence of residual
stresses.
Keywords: combined stresses, residual stresses, stress measurement, pipe manufacturing, hole-drilling, interferometry DSPI, buried pipelines.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Situação de um duto enterrado em uma encosta. ................. 30
Figura 2 – Representação da sobreposição das tensões residuais e das
tensões de serviço no corpo do material. ............................................... 38
Figura 3 – Comparativo entre as principais técnicas de medição de
tensões residuais. ................................................................................... 41
Figura 4 – Método do furo: Elementos necessários. ............................. 42
Figura 5 – Distribuição de tensões (a) uniformes e (b) não uniformes na
profundidade de furação. ....................................................................... 43
Figura 6 – Interpretação física das perturbações existentes nas paredes
de um furo em quatro incrementos de furação. ..................................... 43
Figura 7 – (a) Imagem do granulado óptico (speckle), resultante da (b)
dispersão da luz em uma superficie rugosa. .......................................... 44
Figura 8 – Dispositivo interferométrico POLAR. ................................. 45
Figura 9 – Mapa de diferença de fase para um estado uniaxial de tensão.
............................................................................................................... 46
Figura 10 – Etapas de conformação a frio do processo UOE-SAW. ..... 51
Figura 11 – Macrografia da solda SAW de um tubo UOE. ................... 52
Figura 12 – Representação esquemática: Etapas de fabricação de tubos
ERW. ..................................................................................................... 55
Figura 13 – Macrografia da solda ERW. ............................................... 57
Figura 14 – Gráfico de contorno: Deformação prevista em um tubo
ERW durante as etapas de formação. .................................................... 59
Figura 15 – Representação esquemática de uma calandra piramidal. ... 60
Figura 16 – (a) Flexão pura aplicada em um tubo. (b) Plano inclinado
que representa a distribuição de tensão de flexão em uma seção
transversal.............................................................................................. 67
Figura 17 – Deslocamento da linha neutra e conservação da inclinação
do plano das tensões de flexão quando combinados a um carregamento
axial. ...................................................................................................... 69
Figura 18 – Distribuição da tensão longitudinal na seção transversal de
um tubo submetido à flexão e ao carregamento axial. .......................... 70
Figura 19 – Representação para o cálculo de SL utilizando a média
aritmética do perfil de tensão de 20 passos. .......................................... 75
Figura 20 – Representação para o cálculo de SL mediante a média
aritmética do perfil de tensão de 13 passos. .......................................... 75
Figura 21 – Representação para o cálculo de SL pela média aritmética do
perfil de tensão de 8 passos. .................................................................. 76
Figura 22 – Percentual de deformação em função da razão
profundidade/diâmetro na análise de tensões uniformes. ...................... 79
Figura 23 – (a) Bancada de flexão carregada e detalhes dos módulos de
(b) fixação e (c) carregamento. ............................................................. 82
Figura 24 – Detalhes da bancada de flexão e seções de análise. ........... 83
Figura 25 – Modelo de viga biapoiada com carga central pontual P e
elementos para o cálculo do momento fletor numa dada seção Sx . ....... 83
Figura 26 – Diagramas de momento fletor e de flexão calculados
mediante a leitura dos extensômetros e da célula de carga. .................. 84
Figura 27 – Posição das seções de avaliação em tubos longos. ............ 87
Figura 28 – Posição angular dos pontos de medição na seção de um tubo
com costura. .......................................................................................... 88
Figura 29 – Dispositivo POLAR em operação...................................... 89
Figura 30 – Medição de tensões na seção S3 do Tubo 8 por meio do
dispositivo POLAR. .............................................................................. 90
Figura 31 – Posição dos pontos de medição de tensões sob flexão para
cada seção de avaliação. ........................................................................ 90
Figura 32 – Distribuição representativa de tensões residuais (pontos
individuais de medição) para as amostras tubos com diferentes
processos de fabricação. ........................................................................ 94
Figura 33 – Mapas de diferença de fase para o vigésimo passo de
furação, referentes às medições de tensões residuais apresentadas
anteriormente. ....................................................................................... 96
Figura 34 – Orientação da imagem interferométrica em relação ao eixo
longitudinal e circunferencial do tubo, bem como às tensões medidas. 97
Figura 35 – Distribuição das tensões residuais em torno da seção X7,
Tubo 1. .................................................................................................. 99
Figura 36 – Distribuição das tensões residuais médias: Tubo 1, processo
UOE. ................................................................................................... 101
Figura 37 – Distribuição das tensões residuais medidas em amostras do
processo UOE. .................................................................................... 104
Figura 38 – Distribuição das tensões residuais medidas em amostras
fabricadas por solda ERW. .................................................................. 105
Figura 39 – Distribuição das tensões residuais em amostras conformadas
pelos processos UOE, ERW e por calandras (com costura), além daquela
trefilada a frio (sem costura). .............................................................. 107
Figura 40 – Mapas de diferença de fase (para o vigésimo passo) das
medições de tensão sob flexão ao longo da seção S3, Tubo 8. ........... 108
Figura 41 – Distribuição das tensões na posição 180º, linha neutra da
seção S3 do Tubo 8 sob flexão. ........................................................... 109
Figura 42 – Distribuição da tensão longitudinal em três posições
distintas da seção S3 quando em flexão. ............................................. 110
Figura 43 – Comparativo entre os perfis de tensão circunferencial no
Tubo 8, quando com ou sem flexão..................................................... 111
Figura 44 – Resultados da Proposta 4 e suas incertezas expandidas no
diagrama de momento fletor e distribuição da tensão de flexão (valores
de referência). ...................................................................................... 113
Figura 45 – Resultado das propostas consideradas razoáveis no
diagrama de momento fletor e distribuição da tensão de flexão. ........ 114
Figura 46 – Resultado das propostas consideradas inválidas no diagrama
de momento fletor e distribuição da tensão de flexão. ........................ 115
Figura 47 – Orientação da linha neutra nas três seções segundo a
Proposta 4. ........................................................................................... 116
Figura 48 – Medições comparativas entre as técnicas DSPI e SG no
Tubo 4 para as tensões (a) longitudinais e (b) circunferenciais........... 119
Figura 49 – Medição de tensão com o método do furo cego. Roseta
extensométrica (SG) instrumentada próxima ao furo da medição com
DSPI. ................................................................................................... 120
Figura 50 – Medição de tensões mecânicas em trecho de duto. .......... 122
Figura 51 – Medição de tensões realizada em campo com o dispositivo
POLAR. ............................................................................................... 122
Figura 52 – Roseta extensométrica XY instrumentada na posição
angular 0º. ............................................................................................ 129
Figura 53 – Deslocamento do tubo após o seccionamento (seção S1). 129
Figura 54 – Distribuição das tensões longitudinais (compensadas pela
pressão interna) na seção S1, calculadas mediante as diferentes
propostas. ............................................................................................ 130
Figura 55 – Representação gráfica na seção S2 das tensões longitudinais
estimadas antes do seccionamento e orientação da linha neutra. ........ 134
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Deformações esperadas nas etapas de conformação UOE. . 54
Tabela 2 – Características nominais das amostras de tubo. ................... 63
Tabela 3 – Propriedades mecânicas dos materiais................................. 64
Tabela 4 – Coeficientes de ponderação para 20 passos de furação
(Proposta 10). ........................................................................................ 77
Tabela 5 – Coeficientes de ponderação para o intervalo de 13 passos
(Proposta 11). ........................................................................................ 78
Tabela 6 – Coeficientes de ponderação para 8 passos de furação
(Proposta 12). ........................................................................................ 78
Tabela 7 – Coeficientes de ponderação calculados pelo alívio de
deformação. ........................................................................................... 80
Tabela 8 – Valores medidos e suas incertezas para as grandezas de
entrada do cálculo do momento fletor. .................................................. 85
Tabela 9 – Valores de momento fletor e suas incertezas para as oito
seções da bancada de flexão. ................................................................. 86
Tabela 10 – Tensão axial na seção S3. ................................................ 117
Tabela 11 – Resumo dos resultados aplicando a Propostas 4 na seção S2.
............................................................................................................. 124
Tabela 12 – Resumo dos resultados aplicando a Proposta 6 na seção S2.
............................................................................................................. 124
Tabela 13 – Tensões estimadas pelo efeito da pressão interna. ........... 125
Tabela 14 – Resumo dos valores estimados do carregamento externo
atuante na seção S2, utilizando a Proposta 4. ...................................... 128
Tabela 15 – Resumo dos valores estimados do carregamento externo
atuante na seção S2, utilizando a Proposta 6. ...................................... 128
Tabela 16 – Deformação adquirida com SG após o seccionamento do
tubo. ..................................................................................................... 130
Tabela 17 – Variação de tensão na seção S2 pelo seccionamento do tubo
estimada pelos extensômetros (sem compensar a flexão pelo peso
próprio). ............................................................................................... 131
Tabela 18 – Variação da tensão longitudinal na seção S2 pelo
seccionamento do tubo estimada pelos extensômetros e compensando o
peso próprio. ........................................................................................ 132
Tabela 19 – Carregamento externo na seção S2 antes do seccionamento
do duto compensando ou não a flexão pelo peso próprio. ................... 132
Tabela 20 – Carregamento externo atuante na seção S2. .................... 133
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
API American Petroleum Institute
ASME American Society of Mechanical Engineers
ASTM American Society for Testing and Materials
BR Base Rotativa do POLAR
CARD3 Avaliação do Carregamento em Dutos a partir das
Tensões Residuais
DSPI Digital Speckle Pattern Interferometry
EP3 Envoltória do Perfil de Tensão Residual
EP3C Envoltória do Perfil da Tensão Residual
Circunferencial
EP3L Envoltória do Perfil da Tensão Residual
Longitudinal
ERW Electric Resistence Welding
FBE Fusion Bonded Epoxy
LABMETRO Laboratório de Metrologia e Automatização
MF Módulo de Furação do POLAR
MM Módulo de Medição do POLAR
Mt Motor do POLAR
NPS Nominal Pipe Size
PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A.
P3 Perfil de Tensão Residual
P3C Perfil de Tensão Residual Circunferencial
P3L Perfil de Tensão Residual Longitudinal
POLAR Nome do dispositivo portátil interferométrico que
mede tensões em coordenadas polares
SG Strain Gage
SAW Submerged Arc Welding
TH Teste Hidrostático
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UOE Sigla para as etapas de conformação de um tubo. A
chapa metálica é conformada em forma de U, seguida
da forma O. A etapa E refere-se à expansão a frio do
formato tubular, após a soldagem longitudinal.
ZTA Zona Termicamente Afetada
3LPE Polietileno em Tripla Camada
3LPP Polipropileno em Tripla Camada
LISTA DE SÍMBOLOS
Alfabeto latino:
A Área da seção transversal
,a b Constantes de calibração da norma ASTM E837-13a
, a b Matrizes de coeficientes da norma ASTM E837-13a
c Matriz tridiagonal
D Diâmetro nominal da roseta extensométrica
D0 Diâmetro do furo
e Espessura da parede do tubo
E Módulo de elasticidade
F Carregamento axial
i Número de incrementos de furação realizado em uma
medição com a técnica do furo cego
I Momento de inércia da área de uma seção
k Fator de abrangência
L Distância entre os pivôs das braçadeiras da bancada de
flexão
LP Na bancada de flexão, distância entre o ponto de aplicação
da carga e o pivô da braçadeira mais afastada da seção de
medição
Lx Na bancada de flexão, distância entre a seção de medição e
o pivô da braçadeira mais próxima
M Momento fletor
yM Momento fletor em torno do eixo y
SxM Momento fletor na seção Sx
n Número de medições com a técnica do furo cego realizadas
em uma amostra de tubo
p Pressão de operação do duto
p, q , t Deformações combinadas
p, q , t Vetores de deformação combinada
P, Q , T Tensões combinadas
P, Q , T Vetores de tensão combinada
Pi , Qi , Ti, Vetores de tensão combinada a cada incremento de furação
P Carregamento aplicado ao padrão de flexão
PPond Média ponderada para o vetor de tensão combinada P
Pondi i-ésimo coeficiente de ponderação
Pond Pi i-ésimo coeficiente de ponderação para o vetor de tensão
combinada P
Pond Qi ou
Ti
i-ésimo coeficiente de ponderação para o vetor de tensão
combinada Q ou T
QPond Média ponderada para o vetor de tensão combinada Q
r, φ Coordenadas polares do sistema interferométrico
0r Raio do furo
R Raio externo do tubo
Re Repetitividade
CS Tensão circunferencial representativa de uma medição
fS Tensão de flexão
flexS Tensão de flexão máxima
LS Tensão longitudinal representativa de uma medição, a qual
é utilizada na metodologia que determina o carregamento
externo em dutos
med
LS Tensão longitudinal média de uma seção transversal
max
LS Tensão longitudinal máxima de uma seção transversal
min
LS Tensão longitudinal mínima de uma seção transversal
Sx Seção x de medição no tubo
t Coeficiente de Student para um nível de confiança e um
número de graus de liberdade
u Incerteza-padrão de uma variável
ur Deslocamento na direção radial
U Incerteza expandida de uma variável calculada, neste
estudo, com nível de confiança de 95%
VM Valor medido de uma grandeza
z Distância entre o ponto avaliado e a linha neutra
Alfabeto grego:
P , Q e T Fator de regularização para os vetores de tensão P, Q e T.
Ângulo da tensão principal
i i-ésimo coeficiente da distribuição de tensões
x Deformação medida em Sx
L Deformação medida na direção longitudinal
C Deformação medida na direção circunferencial
Ângulo de orientação da seção transversal do tubo
LN Ângulo de orientação da linha neutra
maxS Ângulo de orientação da tensão máxima em uma seção
minS Ângulo de orientação da tensão mínima em uma seção
ν Coeficiente de Poisson
efν Número de graus de liberdade efetivos
1 Tensão principal máxima
2 Tensão principal mínima
C Tensão circunferencial
L Tensão longitudinal
Li Tensão longitudinal em um incremento de furação
x Tensão normal na direção x
R Tensão residual
S Tensão de serviço
y Tensão normal na direção y
xy Tensão de cisalhamento no plano xy
L C Tensão de cisalhamento no plano longitudinal e
circunferencial
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................... 29
1.1 Motivação ................................................................................... 30
1.2 Objetivos..................................................................................... 32
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................ 32
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................. 32
1.3 Estrutura do Trabalho ................................................................. 33
2 REVISÃO BIBlIOGRÁFICA .................................................... 35
2.1 Tensões Combinadas em Dutos Enterrados................................ 35
2.2 Tensões Residuais....................................................................... 37
2.3 Análise Experimental de Tensões Residuais .............................. 39
2.3.1 Método do Furo .......................................................................... 42
2.4 Interferometria Speckle ............................................................... 44
2.4.1 Dispositivo Interferométrico para Medir Tensões Residuais...... 45
2.5 Tensões Residuais na Fabricação de Tubos ................................ 49
2.5.1 Processo de Fabricação UOE-SAW ........................................... 50
2.5.2 Processo de Fabricação por Solda ERW..................................... 55
2.5.3 Processo de Fabricação por Calandras ....................................... 60
2.5.4 Processo sem Costura por Trefilação a Frio ............................... 61
3 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................... 63
3.1 Amostras de Tubos ..................................................................... 63
3.2 Medição de Tensão ..................................................................... 65
3.3 Metodologia: Determinação do Carregamento Externo em Dutos .
.................................................................................................... 66
3.3.1 Propostas para Determinar Tensões Longitudinais Características
.................................................................................................... 72
3.4 Bancada Experimental de Flexão ............................................... 81
3.4.1 Avaliação da Bancada de Flexão ................................................ 82
4 EXPERIMENTOS ...................................................................... 87
4.1 Ensaios sem Carregamento ......................................................... 87
4.2 Ensaios com Carregamento ........................................................ 89
4.3 Medição com Extensômetros Elétricos ...................................... 91
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................. 93
5.1 Ensaios sem Carregamento: Medição de Tensões Residuais em
Amostras de Tubos................................................................................ 93
5.1.1 Perfis de Tensão Residual Típicos ........................................... 103
5.2 Ensaios com Carregamento: Medição de Tensões sob Flexão . 108
5.2.1 Avaliação das Propostas que Definem a Tensão Longitudinal
Característica de uma Medição ........................................................... 112
5.3 Medição Comparativa entre as Técnicas DSPI e SG ............... 118
6 ESTUDO DE CASO ................................................................ 121
6.1 Medição de Tensões Mecânicas em Duto de Transporte ......... 121
6.1.1 Determinação das Tensões Mecânicas ..................................... 123
6.1.2 Resultado da Medição de Tensões Mecânicas ......................... 123
6.1.3 Discriminação das Componentes da Tensão Combinada ......... 125
6.1.4 Resultados do Carregamento Externo ...................................... 127
6.2 Medição de Deformação após o Seccionamento do Duto ........ 128
6.2.1 Resultado da Medição de Deformação ..................................... 130
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 137
7.1 Conclusões ............................................................................... 137
7.2 Sugestões de Trabalhos Futuros ............................................... 139
REFERÊNCIAS .................................................................................. 141
APÊNDICE A – Distribuição das tensões residuais em amostras de
tubos .................................................................................................. 145
APÊNDICE B – Mapas de diferença de fase das medições executadas
no tubo sob flexão ............................................................................... 153
APÊNDICE C – Distribuição de tensões nas medições sob flexão .... 155
APÊNDICE D – Resultados das propostas avaliadas ......................... 157
APÊNDICE E – Resultados das tensões mecânicas medidas em campo ..
.................................................................................................. 161
APÊNDICE F – Cálculos analíticos ................................................... 165
ANEXO A – Derivadas parciais ......................................................... 167
ANEXO B – Diagrama de momento fletor e distribuição de tensão de
flexão a cada incremento de furação ................................................... 169
ANEXO C – Certificado de calibração da célula de carga ................. 171
29
1 INTRODUÇÃO
Malhas dutoviárias, largamente utilizadas na indústria de petróleo
e gás, constituem instrumentos vitais para as atividades econômicas e
industriais, aumentando a eficiência e reduzindo os custos de logística,
transporte e de distribuição de seus produtos.
No Brasil, dutos encontram-se normalmente enterrados. A
cobertura de terra sobre os mesmos oferece proteção física e mecânica,
além de evitar variações bruscas de temperatura e eventuais incidentes,
inclusive contra ações de terceiros. Em geral, dutos percorrem áreas
adversas como serras, encostas, rios e regiões metropolitanas, ambientes
propícios para ocorrências de instabilidades no solo devido a fatores
climáticos e geológicos. Deslocamentos de terra podem produzir
intensos carregamentos transversais e longitudinais, gerando fortes
tensões mecânicas e comprometendo a sua segurança.
Todavia, as tensões às quais o material do duto está submetido
vão além da interação solo/duto. Há outras fontes geradoras de tensões
que, quando somadas, podem comprometer a integridade estrutural e a
perfeita condição operacional do duto.
Desse modo, definem-se tensões combinadas como sendo o
estado de tensão proveniente da combinação de diferentes
carregamentos sob os quais o duto está submetido. Podem ser citados:
(a) pressão do fluido; (b) gradientes térmicos entre solo e duto/fluido em
operação; (c) tensões decorrentes da construção e montagem do duto;
(d) esforços procedentes do movimento do solo; (e) tensões residuais
geradas durante a fabricação do tubo. Sobre essa última, há pouca
literatura não só sobre a geração de tensões residuais na fabricação de
tubos, como também sobre a influência delas em dutos em operação.
Tubos são elementos básicos para a construção de malhas
dutoviárias. Ao serem produzidos, inevitavelmente, são expostos a
severos processos de conformação mecânica, soldagem e testes que
levam o material além dos limites do escoamento. Consequentemente,
existe a deformação plástica não uniforme e o surgimento de tensões
residuais.
Essas tensões residuais estão em equilíbrio dentro do material na
ausência de forças externas. No entanto, elas podem ser perigosas
quando somadas às outras fontes de tensão, podendo comprometer a
integridade estrutural do duto. Por isso, a importância em conhecer a
real parcela oriunda do processo fabril dentro do universo que envolve
as tensões combinadas em malhas dutoviárias.
30
1.1 Motivação
Dutos enterrados não estão livres de possíveis incidentes, mesmo
estando protegidos fisicamente sob a terra. O que é considerado uma
proteção, também se torna um problema quando há ocorrências de fortes
chuvas e/ou instabilidades geotécnicas. Como consequência,
deslocamentos de solo podem comprometer a integridade e a segurança
do duto, principalmente quando o trecho estiver em condições adversas,
construído em um relevo acidentado e próximo às encostas e margens de
rios, conforme ilustra a Figura 1.
Figura 1 – Situação de um duto enterrado em uma encosta.
Nesta situação, é plausível que o duto seja puxado para baixo
pelo terreno (encosta) e que as tensões longitudinais trativas atuem no
tubo, principalmente no trecho indicado como 1 (Figura 1). Em casos
extremos, obras de contenção (indicadas na imagem) podem ser
realizadas para impedir o movimento da encosta e, indiretamente, o
avanço do carregamento axial que gera tensões trativas nas seções 1 e 2
e tensões compressivas nas seções 4 a 6. Porém, decisões e ações
corretivas devem ser tomadas com base nas avaliações geotécnicas aliadas ao estado de tensões totais que agem na região em risco. O
registro dessas tensões ocorre por intermédio de medições in loco. Na
Figura 1, as indicações 1 a 6 sugerem possíveis seções de análise.
Todavia, mensurar adequadamente o carregamento já presente em
um duto não é uma tarefa trivial. A medição de tensões por meio de
31
extensômetros de resistência (Strain Gages – SG) não é viável a menos
que seja possível instalar e zerar os extensômetros antes da ocorrência
da movimentação no solo. É necessário um caminho que meça, de forma
absoluta, a tensão já estabelecida no duto sem a necessidade de uma
referência zero. Contudo, tal tarefa não é simples. Isso porque, ao medir
o estado de tensões já estabelecido, a resultante será a combinação de
uma série de carregamentos que atuam simultaneamente no tubo,
inclusive, as tensões residuais de fabricação.
Informações importantes sobre a evolução dos esforços induzidos
pelo terreno podem ser obtidas mediante o controle da movimentação do
solo utilizando inclinômetros. Ademais, extensômetros de corda
vibrante contribuem para o monitoramento da evolução do estado de
tensões em dutos, mas, suas informações são relativas. Em outras
palavras, somente é possível acompanhar a evolução das tensões tendo o
momento de instalação como valor zero de referência (ALBERTAZZI;
VIOTTI, 2009) e, com tal conhecimento, não é possível caracterizar
adequadamente as tensões combinadas.
Assim, um caminho viável para medir o estado de tensões
combinadas já estabelecidas em um duto se faz pela utilização do
método do furo cego. Este mede o estado de tensões no material de
forma absoluta, ou seja, não necessita de um estado de tensões de
referência nulo ou previamente conhecido (ALBERTAZZI; VIOTTI,
2009). Embora seja a tensão absoluta o parâmetro mais interessante para
avaliar a integridade de um trecho de duto, não é possível separar as
várias componentes de tensão a partir de uma única medição.
Ao avaliar a integridade estrutural de um duto em operação, não é
raro que a análise das tensões combinadas desconsidere a presença das
tensões residuais. Logo, as respostas encontradas sobre o carregamento
induzido pelo solo, possivelmente, não se correspondem com a real
situação do trecho avaliado.
As tensões residuais são geradas nos diferentes processos de
fabricação e nas etapas de produção de tubos. Porém, pouco é divulgado
sobre a distribuição dessas tensões na camada superficial do tubo e
como isso afeta seu desempenho em campo.
Manter a integridade estrutural de trechos enterrados sob a ação
de deslocamentos do terreno, bem como conhecer o estado de tensões combinadas atuante em dutos, são consideradas preocupações reais. O
projeto CARD3, cuja sigla significa “Avaliação do Carregamento em
Dutos a partir das Tensões Residuais”, foi o projeto que fomentou o
presente estudo. Com início em novembro de 2012, o projeto atuou em
cooperação com a empresa Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS),
32
dentro do Programa Tecnológico de Transporte (Protran), e seu prazo de
execução foi de 36 meses. Vários objetivos particulares contemplaram o
projeto CARD3, sendo um deles o escopo principal desta tese.
Dessa forma, o presente estudo discute caminhos para determinar
o carregamento externo em dutos enterrados a partir da medição de
tensões combinadas, levando em conta a presença de tensões residuais
de fabricação em tubos selecionados. Adota-se o método do furo
incremental aliado à interferometria a laser como ferramenta de medição
dessas tensões.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Definir e validar procedimento para avaliar o carregamento
induzido pelo solo em dutos enterrados a partir da medição de tensões
combinadas considerando a presença de tensões residuais de fabricação
em tubos.
1.2.2 Objetivos Específicos
Sobre a determinação de tensões residuais:
(a) Mapear e caracterizar a distribuição de tensões residuais de
fabricação em tubos selecionados;
(b) A partir da técnica do furo cego, estabelecer o número de pontos a
serem medidos e as posições em que as medições devem ser realizadas a fim de melhorar a confiabilidade dos resultados;
(c) Avaliar a incerteza associada às medições de tensões residuais;
(d) Comparar os resultados obtidos com a literatura encontrada;
Sobre a determinação do carregamento externo em dutos:
(e) Medir o estado de tensão atuante em uma seção transversal em um
tubo submetido ao momento fletor, utilizando a bancada experimental desenvolvida por Pacheco (2014);
(f) Desenvolver e avaliar métodos mais adequados para estimar o
momento fletor em dutos a partir de análises feitas na bancada
experimental;
33
(g) Aplicar os métodos mais adequados em um estudo de caso,
considerando a presença das tensões residuais de fabricação na
determinação do carregamento externo de dutos.
1.3 Estrutura do Trabalho
O presente estudo está estruturado em sete capítulos de modo a
facilitar o entendimento do conteúdo apresentado. Esta tese abrange:
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO: Apresenta a pesquisa a partir de
uma breve contextualização do assunto. Descreve a motivação do
estudo, os objetivos e a estrutura do trabalho.
Capítulo 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: Apresenta a
fundamentação teórica para o desenvolvimento desta pesquisa. Trata
sobre conceitos relacionados às tensões combinadas presentes em dutos
enterrados e às tensões residuais na produção de tubos. Ainda descreve a
técnica experimental para medir tensões residuais utilizada neste
trabalho, bem como alguns tipos de processos de fabricação de tubos, os
quais se referem às amostras em estudo.
Capítulo 3 – MATERIAIS E MÉTODOS: O capítulo descreve
os materiais em estudo (amostras de tubos) e o procedimento utilizado
para medir tensões. Além disso, apresenta a metodologia utilizada na
determinação do carregamento externo em dutos enterrados, sendo
necessário estimar um valor de tensão longitudinal característico (a cada
medição). Para isso, são propostos dezessete métodos distintos
(chamados simplesmente de propostas). Por fim, apresenta a descrição
de uma bancada experimental de flexão, a qual será utilizada como
referência do padrão de tensão e para a validação dessas propostas.
Capítulo 4 – EXPERIMENTOS: O planejamento experimental
é apresentado não só para a medição de tensões residuais nos materiais
envolvidos (amostras de tubos), mas também para a avaliação das
tensões na presença de um carregamento conhecido e aplicado à
bancada experimental. O capítulo apresenta ainda o planejamento de
uma medição comparativa com o método do furo cego utilizando tanto a
interferometria quanto a roseta extensométrica.
Capítulo 5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES: Inicialmente, o
capítulo apresenta e discute os resultados obtidos nas medições de
tensões residuais realizadas nas amostras de tubos. No segundo
momento, o capítulo apresenta os resultados das medições de tensão sob
34
flexão, realizadas no tubo carregamento na bancada experimental. Na
sequência, apresenta a discussão sobre os resultados adquiridos por meio
de dezessete propostas que determinam a tensão longitudinal
característica a cada medição, bem como a aplicabilidade destas na
determinação do carregamento externo em dutos. Por fim, a avaliação
comparativa com o método do furo cego entre a técnica interferométrica
e a extensométrica.
Capítulo 6 – ESTUDO DE CASO: O capítulo apresenta as
medições de tensões mecânicas realizadas em campo durante a troca de
um trecho de duto. As informações sobre o carregamento externo
atuante no duto, estimadas por intermédio de duas boas propostas
(apresentadas no capítulo anterior), são confrontadas com as tensões
aliviadas pelo seccionamento, estas estimadas pela deformação medida
com extensômetros de resistência elétrica após o corte do duto.
Capítulo 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Apresenta as
conclusões sobre o estudo, assim como algumas recomendações para
trabalhos futuros.
35
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O presente capítulo descreve a fundamentação teórica adotada
para desenvolver o tema desta pesquisa. Conceitos sobre tensões
combinadas e tensões residuais são definidos, bem como discutidos suas
origens e importância de estudo. Ainda, nas páginas a seguir, serão
apresentados: a análise experimental de tensões residuais com ênfase no
método do furo e interferometria eletrônica, além do processo de
fabricação e a geração de tensões residuais em tubos para a construção
de dutos de petróleo e gás.
2.1 Tensões Combinadas em Dutos Enterrados
Dutos constituem o melhor e mais econômico meio de transporte
e distribuição de combustíveis. Estendem-se por vários quilômetros e
estão, geralmente, enterrados. Ao serem construídos, os mais variados
relevos e solos são transpostos, impondo significativas condições de
carregamento que podem ser agravadas na presença de atividades
geotécnicas.
Além disso, existem outras fontes de carregamento que agem nas
paredes de um duto enterrado, compondo um complexo estado de
tensões designadas aqui de tensões combinadas.
Sem considerar os efeitos do envelhecimento e da corrosão,
entende-se por tensões combinadas a presença simultânea de diferentes
campos de tensão, os quais o duto está submetido. Entre as fontes,
podem ser citadas:
(a) Pressão interna do duto: Esta é calculada durante o projeto da linha
dutoviária, sendo fundamental para o dimensionamento da
espessura de parede do tubo. Quando em operação, a pressão
interna influenciará, principalmente, nas tensões na direção
circunferencial do tubo (DONATO, 2007). Ademais, a pressão
interna é rigorosamente controlada e, portanto, sempre será um
dado conhecido no caso de gasodutos (RODRIGUES, 2007). Já em
oleodutos, a pressão é variável em função do perfil topográfico do
terreno (CANTO; LOUZADA, 2009), no entanto, seu cálculo pode
ser realizado de forma precisa, ao considerar as características do
relevo.
(b) Gradientes térmicos: As variações sazonais de temperatura
ambiente, assim como as variações de temperatura do fluido
36
transportado, fazem com que as diferenças de dilatação térmica
entre o duto e o solo induzam a formação de tensões. Estas não são
constantes e modificam-se com a mudança de temperatura.
(c) Construção e montagem do duto: Nesta etapa, tensões longitudinais
de flexão elástica podem existir em função da curvatura imposta ao
duto, tanto nos procedimentos de montagem e união de tubos,
quanto no posicionamento da tubulação dentro da vala. Tal
curvatura forçada submete a estrutura a níveis de tensão que se
somam aos carregamentos externos, quando o duto estiver em
operação (DONATO, 2007). Ademais, para se adequar ao traçado
especificado no projeto, alguns tubos são submetidos ao processo
de curvamento, o qual gera deformações permanentes e não
uniformes no tubo (CANTO; LOUZADA, 2009).
(d) Movimentação do terreno: Esforços resultantes da interação
duto/solo podem causar um estado de flexão no tubo enterrado
(ALBERTAZZI; VIOTTI, 2009; CANTO; LOUZADA, 2009;
RODRIGUES, 2007). Quando o tubo é forçado a se acomodar no
terreno, seja pelo movimento e peso do solo, seja pelo tráfego
veicular, uma flexão transversal é introduzida no duto. Um dos
resultados é o surgimento de tensões normais tangenciais na parede
tubular (conhecidas como circunferenciais) no plano da seção
transversal. Essas tensões variam de magnitude e de sinal ao longo
do perímetro do tubo (CANTO; LOUZADA, 2009).
Adicionalmente, elas somam-se às tensões tangenciais decorrentes
da pressão interna. Por isso, a carga externa deve ser limitada para
que a tensão circunferencial resultante não ultrapasse a tensão de
escoamento do material (CANTO; LOUZADA, 2009;
RODRIGUES, 2007). Em casos de deslocamentos de terra, a
exemplo da encosta apresentada na Figura 1, o traçado do duto
estará parte tracionada quando estiver na região mais alta, parte em
compressão quando estiver na base da encosta. Essa movimentação
do solo pode gerar não só efeitos relacionados às alterações
geométricas do duto (amassamentos, ovalizações, etc.), mas ainda
elevadas tensões longitudinais trativas e compressivas. Se, nessa
situação, as tensões longitudinais ao longo da seção transversal
forem trativas, o caso deve ser encarado como crítico, já que o duto estaria na eminência de uma falha por escoamento (RODRIGUES,
2007). Na abordagem experimental, o controle da movimentação
do solo pode ser realizado utilizando inclinômetros ou outros
instrumentos geotécnicos. Em dutos, para o monitoramento de
longa duração, existem sistemas de controle de tensões
37
longitudinais, tradicionalmente feitos por intermédio de
extensômetros de corda vibrante (DONATO, 2007) ou, mais
recentemente, por sensores de fibra-óptica e redes de Bragg
(PACHECO, 2014). Porém, essas técnicas estimam a evolução das
tensões em dutos tendo como referência o momento de sua
instalação.
(e) Tensões residuais: Sua origem é inerente do processo de
fabricação, seja de um tubo ou de qualquer outro produto. Ao
avaliar o estado de tensões em dutos em operação, as tensões
residuais não têm despendido adequada atenção e, algumas vezes,
são desconsideradas (RODRIGUES, 2007). Contudo, estudos
apontam a necessidade de mensurá-las, já que elas podem
influenciar na integridade estrutural do duto (ALBERTAZZI;
VIOTTI, 2009; LAW et al., 2006; RODRIGUES, 2007; VIEIRA,
2009; WANG; SARASWAT; MIRZAEE-SISAN, 2013), bem
como comprometer a determinação de carregamentos axiais
atuantes em um duto enterrado (PACHECO, 2014). Neste estudo,
as tensões residuais possuem grande importância e, por isso, elas
serão detalhadas no próximo tópico.
A avaliação experimental das tensões combinadas em dutos pode
ser realizada por técnicas como a do furo cego (adotada neste estudo) e a
difratometria de raios X. Ambas medem o estado absoluto de tensões,
ou seja, não necessitam de uma condição de referência nula ou
previamente conhecida. Porém, a técnica de difração de raios X possui a
ínfima profundidade de medição da ordem de 0,01 a 0,03 mm, além dos
riscos de radiação (KUDRYAVTSEV, 2008), enquanto o método do
furo cego consegue medir níveis de tensões em maiores profundidades
(até 2 mm, segundo a norma ASTM E837-13a (2013)).
2.2 Tensões Residuais
Tensões residuais são definidas como tensões internas em
equilíbrio dentro de um material, quando este estiver livre da influência
de forças externas ou de gradientes térmicos (KUDRYAVTSEV, 2008;
LU, 2005; SCHAJER; RUUD, 2013). Elas estão presentes em
praticamente todos os corpos rígidos, sejam eles metálicos ou não.
Segundo Lu (2005), as tensões residuais possuem caráter elástico
e superpõem-se às tensões geradas pelas cargas de serviço, como
representado na Figura 2. Assim, o campo elástico de tensões residuais
38
(σR) presente no corpo da peça pode somar-se à tensão de serviço (σS)
resultante, neste caso, de um momento fletor (M). Logo, um novo estado
de tensões atuará no corpo desta peça, caracterizada por σR + σS.
Figura 2 – Representação da sobreposição das tensões residuais e das tensões de
serviço no corpo do material. Fonte: adaptado de Lu (2005).
Tensões residuais têm origem nas deformações plásticas não
uniformes, bem como no aquecimento e resfriamento não homogêneo
do material durante as etapas de produção de um produto
(KUDRYAVTSEV, 2008; LU, 2005; SCHAJER; RUUD, 2013).
Processos de fabricação como soldagem, usinagem, trefilação e
conformação são exemplos de operações que introduzem um novo
estado de tensões residuais após suas aplicações. Em geral, o sinal da
tensão residual produzida é oposto ao sinal da deformação plástica que a
gerou (DIETER, 1981).
Na fabricação de tubos utilizados em linhas de transporte de óleo
e gás, o processo de conformação por dobramento é predominante. A
transformação de uma chapa plana em formato tubular ocorre por meio
de sucessivas etapas de deformação a frio. Tensões residuais
significativas são introduzidas dentro do material, o que pode ser visto
como uma característica intrínseca favorável ou não, dependendo do seu
tipo e magnitude. Por exemplo, tensões residuais trativas na superfície
externa do tubo são prejudiciais quando combinadas com outras fontes
de tensão, a exemplo da tensão gerada pela pressão interna do fluido em
transporte. Esta combinação pode reduzir o desempenho do duto ou
mesmo afetar a sua integridade estrutural e contribuir para a falha prematura por fadiga, corrosão sob tensão e até mesmo por fratura
(AMIRAT; MOHAMED-CHATEAUNEUF; CHAOUI, 2006; LAW et
al., 2006; WANG; SARASWAT; MIRZAEE-SISAN, 2013).
Segundo Schajer e Ruud (2013), o caráter autoequilibrante das
tensões residuais pode dificultar sua percepção e, por isso, elas acabam
39
sendo negligenciadas ou ignoradas durante os projetos de engenharia.
Contudo, os mesmos autores afirmam que essas tensões devem ser
consideradas da mesma forma como as tensões geradas durante um
carregamento externo.
Por isso, nos últimos anos, pesquisas básicas e aplicadas no
campo de tensões residuais vêm sendo intensificadas. Há um crescente
interesse em conhecer como o estado de tensões residual afeta as
propriedades mecânicas de um material. Sabe-se que o colapso de uma
estrutura não é devido apenas às cargas externas. Tensões residuais
podem estar relacionadas diretamente com a falha (ASTM E837-13a,
2013; LU, 2005), já que elas podem somar-se umas as outras ou, ainda,
a outros carregamentos externos. O resultado disso é um valor de tensão
elevado, em módulo, da ordem do limite de escoamento do material, o
que potencializa o risco de falha do componente (DIETER, 1981; LU,
2005).
Esse comportamento é característico das tensões residuais
denominadas Macroscópicas ou Tipo I. Elas atuam fortemente no corpo
de um componente, em uma escala maior do que o tamanho de grão do
material (KUDRYAVTSEV, 2008). Podem surgir durante as etapas de
fabricação do produto a partir de deformações não uniformes e
gradientes de temperatura que causam expansão irregular do material
(KUDRYAVTSEV, 2008; RODRIGUES, 2007). Assim, essas são as
tensões residuais de maior controle na engenharia, as quais são
consideradas neste estudo.
Todavia, há outras duas classificações. Tensões residuais
Microscópicas ou Tipo II são formadas por heterogeneidade da estrutura
cristalina do material. Essas mantêm uma distribuição uniforme no
domínio de um grão ou parte de um grão. Surgem na desorientação dos
grãos durante as deformações elastoplásticas de um material
policristalino (KUDRYAVTSEV, 2008; RODRIGUES, 2007). Por fim,
tensões residuais Submicroscópicas ou do Tipo III, estão presentes
dentro de um grão, geradas pela presença de defeitos na rede cristalina
do material como impurezas, vazios, discordâncias ou falhas de
empilhamento (KUDRYAVTSEV, 2008; RODRIGUES, 2007).
2.3 Análise Experimental de Tensões Residuais
Ao longo das últimas décadas, vários métodos quantitativos e
qualitativos para medir tensões residuais estiveram em desenvolvimento
40
a fim de aplicá-los durante o controle de qualidade na produção e
processamento de bens.
De modo breve, a Figura 3 apresenta as principais técnicas de
medição de tensões residuais, as quais podem ser classificadas em
destrutivas, semidestrutivas e não destrutivas.
Técnicas destrutivas são aquelas que geram danos ao componente
em análise, a ponto de comprometer sua normal utilização. Baseiam-se
na destruição do estado de equilíbrio de tensões dentro do espécime
mediante a remoção de material (LU, 2005). Os métodos por deflexão e
seccionamento são exemplos disto. O primeiro consiste em estimar as
tensões residuais a partir da medição das deflexões de um espécime após
sucessivas remoções de material, geralmente feita por usinagem
química. Já o segundo, mede as tensões residuais a partir das
deformações decorrentes da criação de novas superfícies livres para
prover a redistribuição das tensões residuais na região seccionada
(RODRIGUES, 2007).
Nas técnicas semidestrutivas, realiza-se uma pequena remoção de
material, porém sem comprometer a integridade física e mecânica do
componente, nem a sua utilização. A técnica do furo enquadra-se nesta
classificação. Ela será detalhada no próximo tópico, uma vez que é a
técnica adotada deste estudo.
Por fim, técnicas não destrutivas não acarretam nenhum prejuízo
ao material após o processo de medição de tensões residuais. Tal prática
baseia-se na relação entre as tensões residuais e os parâmetros físicos ou
cristalográficos do material. Enquadram-se nesta classificação os
métodos de difração de raios X, difração de nêutrons, técnica de ruído
Barkhausen (magnética) e por ultrassom.
Os métodos de difração de raios X e de nêutrons baseiam-se em
medir a distância interatômica que está relacionada com a tensão
residual do reticulado cristalino de um material policristalino. Contudo,
a baixa penetração do primeiro mede tensões residuais apenas nas
camadas superficiais do espécime, ao passo que o último consegue
atingir profundidade de análise um pouco maior (LU, 2005). A técnica
magnética de ruído Barkhausen avalia as tensões residuais de forma
qualitativa, pela orientação magnética de materiais ferromagnéticos
(RODRIGUES, 2007). Já a técnica de ultrassom tem como princípio a velocidade de propagação de ondas ultrassônicas, o qual varia
linearmente com o nível de tensões residuais presente no material em
análise (RODRIGUES, 2007).
41
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42
A escolha do melhor método de medição deve levar em conta o
material, o volume, a geometria e o acesso. Modelamentos matemáticos
também são capazes de estimativa de tensões residuais, todavia, a
validação com resultados experimentais é essencial (PEIXOTO FILHO,
2004).
2.3.1 Método do Furo
Normalizado pela ASTM E837-13a (2013), o método do furo
permite determinar o estado de tensões na superfície de um material
isotrópico linearmente elástico por meio da execução de um pequeno
furo (passante ou cego). Como consequência, a remoção do material
gera um alívio de tensões localizado que produz deformações na
superfície em torno do furo, as quais são medidas por extensômetros de
resistência elétrica do tipo roseta, como mostra a Figura 4 (a). Assim, tal
roseta extensométrica mede as deformações ao longo de três direções
indicadas pelos extensômetros 1, 2 e 3. No centro dela, um alvo indica o
local exato onde deve ocorrer a execução do furo. Para isso, utiliza-se
uma furadeira de alta rotação, Figura 4 (b), a fim de evitar a geração de
tensões adicionais pelo processo de usinagem.
(a) (b)
Figura 4 – Método do furo: Elementos necessários. (a) Configuração especial do conjunto de extensômetros tipo roseta. Fonte:
ASTM E837-13a (2013). (b) Dispositivo para a furação. Fonte: Albertazzi e Viotti (2009).
A norma ASTM apresenta duas abordagens quanto à distribuição
de tensão na profundidade de medição: (a) uniforme, quando as tensões
permanecem constantes, ou (b) não uniforme, quando elas variam
significativamente. Na primeira abordagem, o ensaio pode ser executado
43
em um único incremento de furação ou em mais passos, obtendo um
resultado de tensão constante na profundidade, conforme desenho da
Figura 5 (a). No segundo caso, Figura 5 (b), o comportamento das
tensões não é uniforme na profundidade de medição. Isto é, na execução
dos vários incrementos de furação, cada um resultará valores
independentes de tensão.
Nesse contexto, a norma estabelece que as medições de tensões
sejam uniformes para espécimes finos (espessura muito menor do que o
diâmetro do furo). Por outro lado, para peças consideradas grossas
(espessura muito maior do que o diâmetro do furo), as tensões podem
ser calculadas usando modelos tanto uniformes quanto não uniformes.
(a) (b)
Figura 5 – Distribuição de tensões (a) uniformes e (b) não uniformes na
profundidade de furação. Fonte: ASTM E837-13a (2013).
Considerando a hipótese de não uniformidade das tensões, a
Figura 6 mostra a influência dos passos ao longo da profundidade. A
cada etapa de furação, os registros das deformações anteriores são
percebidos, afetando diretamente a nova condição de equilíbrio. Esta é a
base para o denominado Método Integral (SCHAJER, 1988).
Figura 6 – Interpretação física das perturbações existentes nas paredes de um
furo em quatro incrementos de furação. Fonte: ASTM E837-13a (2013).
44
A norma ASTM E837-13a (2013) descreve todos os
procedimentos para calcular as tensões uniforme e não uniformes, bem
como suas respectivas constantes de calibração ( a e b ). Estas variam a
cada incremento de furação e são influenciadas pelo diâmetro do furo e
pelos parâmetros dimensionais da roseta extensométrica. As
propriedades do material como módulo de elasticidade e coeficiente de
Poisson também são necessárias para o cálculo das tensões.
Neste trabalho, adotou-se a técnica do furo cego para medir
campos de tensão residual não uniforme. Como alternativa aos
extensômetros de resistência elétrica, utilizou-se a interferometria
speckle para a medição de deformação na superfície ao redor do furo,
como explicado a seguir.
2.4 Interferometria Speckle
Interferometria Digital de Padrões de Speckle (Digital Speckle Pattern Interferometry, DSPI), também conhecida por Interferometria
Speckle ou Holografia Eletrônica, é uma técnica óptica utilizada para
medir campos de deslocamento, deformações, tensões e vibrações
(VIOTTI; ALBERTAZZI, 2014).
Tal método de medição baseia-se no fenômeno do granulado
óptico, também denominado speckle, Figura 7 (a). O padrão de
intensidade, composto por pontos aleatórios claros e escuros, é resultado
da distribuição aleatória de luz quando uma fonte coerente incide sobre
uma superfície rugosa, como mostra a Figura 7 (b).
(a) (b)
Figura 7 – (a) Imagem do granulado óptico (speckle), resultante da (b) dispersão
da luz em uma superficie rugosa.
45
A luz refletida é percebida por um observador, o qual capta a
interferência entre os raios provenientes dos diversos pontos da
superfície iluminada. Pontos escuros do speckle são resultantes da
interferência predominantemente destrutiva dos raios e pontos claros, da
construtiva. Esse padrão de intensidade luminosa é modificado pelos
deslocamentos da superfície, bem como por mudanças na iluminação e
na geometria de observação (VIOTTI; ALBERTAZZI, 2014).
Por isso, qualquer variação é facilmente percebida pelo
observador, tornando-se viável a substituição de extensômetros de
resistência elétrica pela técnica interferométrica durante a execução do
furo cego. O DSPI pode ser visto como uma técnica atraente por causa
de sua natureza sem contato e sua alta velocidade no processo de
medição (VIOTTI; ALBERTAZZI, 2013).
Com base nesse princípio, um dispositivo óptico portátil para
medir tensões residuais foi desenvolvido na Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) e será comentado a seguir.
2.4.1 Dispositivo Interferométrico para Medir Tensões Residuais
A Figura 8 apresenta o POLAR, dispositivo interferométrico
portátil para medir tensões residuais, desenvolvido no Laboratório de
Metrologia e Automatização (LABMETRO), UFSC.
Figura 8 – Dispositivo interferométrico POLAR.
46
O dispositivo é composto por um módulo de furação (MF),
responsável por realizar o furo cego, e um módulo de medição (MM)
baseado nos princípios da interferometria speckle. Um pequeno motor
(Mt) é utilizado para a rotação automática da base rotativa (BR),
permitindo o intercâmbio fácil e rápido entre MF e MM a cada passo de
furação, sempre garantindo que o eixo do centro do furo coincida com o
eixo do sistema de medição.
A descrição da configuração óptica do MM, bem como o
desenvolvimento do dispositivo portátil e sua evolução metrológica
podem ser encontradas tanto em Viotti e Albertazzi (2013), como em
Viotti, Albertazzi e Kapp (2008). O projeto do layout óptico e os
elementos específicos garantem a dupla iluminação na superfície e a
sensibilidade de medição no plano projetado.
A fixação do dispositivo portátil sobre a superfície de medição
ocorre por meio de quatro fortes pernas magnéticas ajustáveis e três pés
com pontas cônicas afiadas, o que garante robustez e estabilidade ao
sistema.
O processo de medição com o DSPI compreende o
monitoramento do campo de deslocamentos em torno do furo, em
coordenadas polares, diretamente relacionado com as deformações
resultantes do alívio de tensões gerado durante as etapas de furação.
Tal campo de deslocamento é calculado a partir da diferença dos
mapas de fase. Estes mapas, adquiridos antes e após cada incremento de
furação, referem-se às imagens instantâneas do speckle, cada qual
representando um estado da superfície. Como exemplo, a Figura 9
mostra o aspecto visual de um mapa de diferença de fase para a medição
de um estado de tensão uniaxial. As franjas na imagem representam o
deslocamento radial observado na superfície da amostra depois da
execução do furo.
Figura 9 – Mapa de diferença de fase para um estado uniaxial de tensão.
47
A técnica DSPI detecta variações de deslocamento a partir de
30 nm (ALBERTAZZI; VIOTTI, 2009). Entretanto, de acordo com a
norma ASTM E837-13a (2013), tensões são determinadas a partir das
deformações radiais ao redor do furo, e não pelos deslocamentos.
A partir dessa realidade, Viotti e Albertazzi (2013) descrevem o
procedimento completo para determinar campos de deformação e de
tensão a partir da medição de deslocamentos radiais e no plano,
utilizando as equações de Kirsch e as orientações da norma ASTM.
Com base nessas manipulações matemáticas, a função para o
campo de deslocamento em torno do furo ur pode ser relacionado com
as tensões combinadas (P, Q e T) e com o ângulo da tensão principal β
pela expressão:
2 2 4
0 0 04
2 3
2 4
0 042 3
cos
1 1, 2
3
1sen 2
3
r r rKu r P K Qr E r E r r
r rKK T
E r r
(1)
onde r e são as coordenadas polares, E e referem-se às
propriedades do material (módulo de elasticidade e coeficiente de
Poisson, respectivamente) e 0r faz referência ao raio do furo. As
constantes 2K = 3,5317 e 4K = -3,7169 são constantes ajustadas e
propostas por Viotti e Albertazzi (2013).
As tensões combinadas P, Q e T são definidas a seguir, onde 1σ e
2σ são as tensões principais:
cos 2
sen 2
2
2
2
1 2
1 2
1 2
+P
Q β
β
σ σ
σ - σ
σ - σT =
(2)
Valendo-se de um ajuste utilizando o método dos mínimos
quadrados na Eq. 1, um conjunto de tensões P, Q e T pode ser
determinado a partir do campo de deslocamento medido a cada
48
incremento de medição. Assim, um conjunto de i1 deformações
combinadas (p, q e t), pode ser calculado usando a seguinte relação:
2
0
2 4
0 0
2 4
2 4
0 0
2 4
21
2 21
2 21
rp P
E D
r rq K K Q
E D D
r rt K K T
E D D
(3)
Logo, as deformações e tensões combinadas são calculadas a
partir dos mapas de diferença de fase. Porém, nesse caso, a tensão
apresentada em cada incremento é uniforme.
A fim de se obter tensões combinadas para perfis não uniformes,
a metodologia integral, proposta na norma ASTM, deve ser utilizada.
Como consequência, os vetores de deformação combinada (p, q e t),
obtidos a partir da Eq. 3, são usados para determinar cada vetor de
tensão combinada (P, Q, T) da seguinte maneira:
1P
Q
T
E
E
E
T TT
T TT
T TT
a a c c P a p
b b c c Q b q
b b c c T b t
(4)
onde e a b correspondem às matrizes de coeficientes listados na norma
ASTM. A matriz c é um operador que atua sobre a curvatura da solução
a fim de evitar ruídos na solução de tensão. Por sua vez, os fatores de
P , Q e T controlam a intensidade de regularização usada na solução.
Neste trabalho, os fatores de regularização adotados foram iguais a 10-4
,
os quais correspondem à adequada convergência entre o ruído no
cálculo das tensões e a distorção nos resultados de tensão, como
esclarece Schajer (2007).
1 Número de incrementos de furação realizados em uma medição com a técnica
do furo cego. Neste estudo, adotaram-se 20 incrementos que resultam 20 deformações combinadas.
49
Na solução da Eq. 4, obtêm-se os três vetores P, Q, T com as
magnitudes de P, Q e T para cada profundidade de furação.
Consequentemente, as tensões principais ( 1σ e 2σ ) e a sua direção β
podem ser calculadas como:
2 2
2
1arctan
2
1 ,σ σ =
Q T
T
Q
P (5)
Da mesma forma, as tensões cartesianas ( xσ e yσ ) e a tensão de
cisalhamento no plano xy ( xy ) também podem ser estimadas:
x
y
xy
σ
σ =
Q
Q
T
P
P + (6)
O dispositivo POLAR mede tensões residuais no material pelo
método do furo cego, quando na ausência de cargas externas. Na
presença de outras formas de carregamento, o resultado será um valor de
tensões combinadas, isto é, o somatório de todas as componentes de
tensão que agem no elemento medido. Segundo Viotti, Albertazzi e
Kapp (2008), o dispositivo DSPI possui incerteza típica de 7% na
medição do campo de tensões em condições não adversas.
2.5 Tensões Residuais na Fabricação de Tubos
Como já mencionado, a geração de tensões residuais é inerente
dos processos de fabricação, não sendo diferente para a produção de
tubos.
A elevada deformação plástica não uniforme imposta a uma
chapa de aço com o propósito de transformá-la em formato circular,
inevitavelmente, gera consideráveis níveis de tensão residual dentro do
material.
Segundo Albertazzi e Viotti (2009), no processo de conformação
a frio de um tubo, as paredes escoam de forma não uniforme em
algumas camadas de sua espessura. Ao cessar a força aplicada, o
material tende a retornar à geometria inicial. A presença de regiões
escoadas impede o retorno total da chapa, gerando distorções
50
geométricas permanentes, acompanhadas de certas distribuições não
uniformes de tensões residuais na espessura do metal.
Autores como Albertazzi e Viotti (2009), Law et al. (2006),
Rodrigues (2007), Wang, Saraswat e Mirzaee-Sisan (2013), além de
Vieira (2009), julgam importante conhecer a distribuição de tensão
residual em um duto, uma vez que elas podem somar-se às cargas
externas e comprometer a integridade estrutural do duto.
Porém, há poucos trabalhos que estão focados na avaliação
experimental de tensões residuais geradas durante a fabricação de tubos
que, por vezes, ainda trazem informações contraditórias. Fica evidente
que o assunto ainda é pouco explorado e necessita de maior estudo.
Além do mais, é frequente encontrar referências preocupadas
apenas em caracterizar a deformação plástica durante o processo de
fabricação de tubos. Por exemplo, em Herynk et al. (2007) e Raffo et al.
(2007), modelos numéricos e simulações das etapas de conformação tipo
UOE são apresentados a fim de avaliar o comportamento estrutural de
um tubo em situação de colapso pela pressão externa. Já Deng et al.
(2010) não utiliza simulação, mas um procedimento de imagem
trigonométrica para estimar as deformações durante as etapas de
fabricação de tubos por solda ERW (Electric Resistence Welding).
As etapas de conformação UOE e o dobramento contínuo por
solda ERW são dois dos quatro processos de fabricação comentados a
seguir, sendo esses referentes aos tubos envolvidos neste estudo.
Vale lembrar que muitos tubos utilizados na indústria de óleo e
gás podem ser revestidos, etapa esta posterior a da conformação
mecânica. O revestimento aplicado sobre a superfície externa de tubos
de aço visa conferir proteção anticorrosiva e mecânica. No entanto,
poucas informações relevantes foram encontradas sobre os
procedimentos necessários para a aplicação do revestimento, seja na
literatura, seja em contatos com fabricantes. Apenas soube-se que o tubo
precisa ser limpo e aquecido. Tampouco foi obtido sobre os
procedimentos de limpeza, possivelmente realizado por jateamento (que
introduz tensões residuais), bem como sobre a temperatura de
aquecimento e se esta faz referência a algum tratamento térmico
superficial que possa influenciar na geração de tensões residuais.
2.5.1 Processo de Fabricação UOE-SAW
O processo de conformação UOE (sigla correspondente às três
últimas etapas de conformação a frio) produz tubos com costura
51
longitudinal a arco submerso (Submerged Arc Welding, SAW) a partir
de uma chapa plana.
Essa chapa é obtida por operações de laminação, as quais
aumentam o comprimento da placa, associado com a direção
longitudinal do tubo, à medida que a espessura é reduzida. Já a largura,
relacionada com a direção circunferencial, é mantida praticamente
constante durante o processo de laminação. Por estas razões, a direção
longitudinal da placa pode ter maiores variações nas propriedades
mecânicas, já que elevadas deformações plásticas ocorrem nesta direção
(KYRIAKIDES; CORONA, 2007).
Segundo informações de um fabricante (TENARIS, 2012), tubos
UOE podem ser produzidos com diâmetros externos entre 12¾ e 48
polegadas (323,9 a 1219,2 mm) e espessura de parede entre 0,250 e
1,575 polegadas (6,4 a 40 mm).
Esses tubos são amplamente utilizados na indústria de óleo de
gás, tanto em construções de linhas de transporte situadas em terra,
quanto em alto mar (KYRIAKIDES; CORONA, 2007).
A Figura 10 apresenta as quatro etapas de conformação a frio que
configuram a produção de tubos UOE-SAW.
Figura 10 – Etapas de conformação a frio do processo UOE-SAW.
Fonte: Vieira (2009).
A seguir, comenta-se brevemente sobre cada etapa de fabricação
dos tubos UOE:
Dobramento das bordas, Figura 10 (a): Primeira etapa de
conformação. As extremidades laterais da chapa são prensadas para
52
facilitar a deformação nas etapas seguintes (KYRIAKIDES;
CORONA, 2007; VIEIRA, 2009).
Dobramento U, Figura 10 (b): A chapa segue para o dobramento em
forma de U, onde um punção desse formato move-se para baixo e
curva o comprimento da chapa por dobramento em três pontos. O
punção mantém-se nessa posição enquanto os roletes laterais são
movidos para dentro, buscando eliminar o retorno elástico da dobra
(KYRIAKIDES; CORONA, 2007; VIEIRA, 2009). Nessa etapa, a
face interna da chapa sofre deformação em compressão, à medida
que a face externa é alongada (KOSTRYZHEV, 2009).
Dobramento O, Figura 10 (c): A chapa em forma de U segue para a
conformação em O, a qual é submetida a um esforço de fechamento
por meio de duas matrizes semicirculares até obter o formato tubular.
Nessa operação, utiliza-se lubrificante para reduzir o atrito durante a
conformação (KYRIAKIDES; CORONA, 2007; VIEIRA, 2009).
Uma vez que o tubo é formado, uma pressão extra de fechamento é
aplicada pelas matrizes, conferindo às faces externa e interna do tubo
uma forte deformação plástica compressiva (KOSTRYZHEV, 2009).
Solda tipo SAW: Em seguida, uma limpeza a seco é realizada no
tubo, em preparação à solda longitudinal SAW. O tubo passa por
uma série de rolos de pressão para assegurar o alinhamento das duas
extremidades. Inicialmente, a solda interna é realizada para,
posteriormente, a solda externa ser executada (KYRIAKIDES;
CORONA, 2007; VIEIRA, 2009). A Figura 11 mostra a macrografia
dos cordões de solda SAW de um tubo UOE de 30 polegadas de
diâmetro e espessura de parede igual a 40 mm (ataque químico não
mencionado na referência). Observa-se que a ZTA é pequena diante
da espessura do cordão de solda.
Figura 11 – Macrografia da solda SAW de um tubo UOE.
Fonte: adaptado de Kyriakides e Corona (2007).
53
Expansão, Figura 10 (d): Finalmente, o tubo segue para a expansão
a frio. Um mandril especial sob acionamento hidráulico, composto
por vários segmentos circunferenciais, expande radialmente o tubo
enquanto um lubrificante é aplicado simultaneamente. O mandril
movimenta-se ao longo do tubo por etapas, sempre realizando a
operação com alguma sobreposição entre a região já expandida e a
que vai ser expandida. Esse procedimento promove a circularidade,
melhora a retilineidade do tubo e ajusta o diâmetro desejado dentro
das tolerâncias. O tubo é tipicamente expandido 0,8 - 1,3% a partir
do seu diâmetro inicial (KYRIAKIDES; CORONA, 2007; VIEIRA,
2009). A força trativa aplicada no tubo, de dentro para fora, atua
alongando a superfície interna e externa (KOSTRYZHEV, 2009). A
expansão melhora a resistência à tração na direção circunferencial do
tubo, mas diminui a resistência à compressão, devido à resposta da
curva tensão-deformação associada com o efeito Bauschinger
(KYRIAKIDES; CORONA, 2007).
Teste Hidrostático (TH): Concluída as etapas de conformação a
frio, o tubo é submetido ao TH. O objetivo é avaliar se o tubo
produzido suporta os níveis especificados de pressão interna, sem
que haja vazamento ou ruptura. O teste consiste em encher o tubo
com água, pressurizar, manter sob pressão de teste por tempo
determinado, despressurizar e esvaziar o tubo, conforme exigências
da norma de fabricação API 5L (2012). De acordo com Vieira
(2009), a pressão de teste provoca uma tensão circunferencial de
60% a 90% da resistência mínima ao escoamento especificada para o
tubo. Segundo Pereira Filho (2004), considerando o TH em vasos de
pressão, a maior parte da estrutura estará submetida a uma tensão de
teste real inferior ao da tensão de escoamento. Entretanto, a presença
de descontinuidades localizadas resultará escoamentos localizados e
pequenas distorções. Essas observações podem ser consideradas na
avaliação de tubos, visto que, nessa situação, o TH simula um vaso
de pressão. O mesmo autor ainda relata que a aplicação do primeiro
TH após a fabricação causa um rearranjo das tensões residuais pela
ocorrência de pequenos escoamentos localizados. Tais regiões
ficarão sujeitas a tensões residuais compressivas após o
descarregamento. Dessa forma, outra importante finalidade do TH é
o alívio geral de tensões da estrutura.
Após o TH, procedimentos de controle de qualidade como
inspeção por ultrassom, radiografia e dimensional são realizados no tubo
antes da identificação e pesagem, que finalizam o processo de produção.
54
Tubos UOE não sofrem qualquer tratamento de alívio de tensão ao final
do processo produtivo (RODRIGUES, 2007).
Segundo Vieira (2009) e Kostryzhev (2009), o trabalho a frio que
os tubos UOE são submetidos, introduz mudanças no comportamento
tensão-deformação, principalmente na direção circunferencial, o que
gera tensões residuais no corpo do tubo.
Do mesmo modo, Rodrigues (2007) afirma que as etapas de
dobramento de uma chapa no processo UOE provocam maiores
variações de tensões residuais ao longo da espessura na direção
circunferencial do que na direção longitudinal. O mesmo autor mediu
tensões residuais com a técnica do furo cego (com o modelo de tensões
uniformes) na superfície externa de tubos UOE e encontrou, por vezes,
níveis de tensão da ordem do limite de escoamento do material.
Em contrapartida, Albertazzi e Viotti (2009) encontraram tensões
residuais longitudinais compressivas na superfície externa do tubo, com
base em medições utilizando o modelo de tensões não uniforme e a
técnica do furo cego combinado com interferometria a laser. Assim,
tensões residuais trativas atuariam ao longo da espessura de parede do
tubo, preservando o equilíbrio dessas tensões.
Uma análise das deformações plásticas esperadas em cada etapa
do processo UOE pode ser vista na Tabela 1, conforme estudo
apresentado por Kostryzhev (2009).
Tabela 1 – Deformações esperadas nas etapas de conformação UOE.
Deformações trativas (T) e compressivas (C).
Etapas de Produção UOE
Superfície Interna Superfície Externa
Oposta à solda
Borda da placa
Oposta à solda
Borda da placa
Chapa plana (sem deformação)
C C C C
U C - T -
O (início da conformação) T C C T
O (pressão de fechamento) C C C C
E T T T T
Fonte: adaptado de Kostryzhev (2009).
Ao observar o processo de expansão a frio, todas as regiões do
tubo sofrem deformações trativas no último estágio de conformação. Ao
considerar que o sinal da tensão residual produzida é oposto ao sinal da
55
deformação plástica que a gerou (DIETER, 1981), é aceitável que
tensões residuais compressivas sejam esperadas em ambas as
superfícies, após a conclusão desta etapa. Além disso, o TH também
contribui para a geração de tensões compressivas (PEREIRA FILHO,
2004).
Porém, é evidente a existência de deformações reversas ao longo
da conformação de tubos UOE. Segundo alguns autores, tais mudanças
na direção de deformação (fenômeno denominado Bauschinger, próprio
de metais policristalinos) podem influenciar na resistência do material,
já que a tensão de escoamento na deformação reversa sempre será
menor (DIETER, 1981; KOSTRYZHEV, 2009; VIEIRA, 2009). No
entanto, não se conhece a intensidade dessa influência a cada etapa
produtiva, tampouco seu resultado final.
2.5.2 Processo de Fabricação por Solda ERW
Tubos produzidos por solda de resistência elétrica ERW (Electric Resistence Welding) possuem menores diâmetros e espessuras, mas com
aço de alta resistência (DENG et al., 2010).
Normalmente, esses tubos são aplicados em dutos terrestres da
indústria de petróleo e gás (KYRIAKIDES; CORONA, 2007). Podem
ter diâmetros externos entre 5½ e 20 polegadas (139,7 a 508,0 mm) e
espessura de parede entre 0,188 e 0,575 polegadas (4,8 a 14,6 mm),
conforme manual de um fabricante (TENARIS, 2012).
A representação esquemática do processo de conformação de
tubos por solda ERW pode ser vista na Figura 12.
Figura 12 – Representação esquemática: Etapas de fabricação de tubos ERW. Fonte: adaptado de Kyriakides e Corona (2007).
56
Esse processo produtivo abrange uma linha de formação contínua
de soldagem longitudinal por resistência elétrica a partir de uma bobina
laminada.
O processo inicia com o desbobinamento da tira que é, então,
planificada a frio por rolos de aplanamento. Nessa etapa, tensões
residuais na direção longitudinal são geradas. Segundo Law et al.
(2006), isto se deve não só às operações de laminação controlada, mas
também às deformações plásticas que ocorrem nas superfícies da tira
durante as etapas de enrolar e desenrolar a bobina.
Em outras palavras, ao sair da laminação controlada, o aço é
enrolado em forma de bobina. Esse processo comprime a face interna da
tira e gera tensões trativas, ao passo que traciona a face externa e gera
tensões compressivas. O tubo é formado a partir do desenrolar de uma
bobina, sendo que a face interna da tira passa a ser a face externa do
tubo. Entretanto, a etapa de desbobinamento favorece a deformação
contrária no aço: a face interna da tira (superfície externa do tubo) é
tracionada, gerando tensões residuais compressivas, enquanto a face
externa (superfície interna do tubo) é comprimida, dando origem às
tensões residuais trativas (LAW et al., 2006).
Com a tira aplanada, bordas laterais são aparadas por intermédio
de tesouras circulares duplas que ajustam a largura da tira e preparam os
topos laterais para a futura soldagem.
A tira é dobrada progressivamente por meio de rolos formadores,
até atingir o formato tubular. Antes do fechamento completo, o tubo
passa por uma bobina de indução. A corrente elétrica passa através dos
topos laterais da tira no momento em que estes se tocam, ao final do
fechamento do tubo. Assim, o calor gerado provoca a fusão localizada e
a pressão de fechamento, imposta pelos roletes, faz com que as
extremidades laterais se unam, produzindo a costura longitudinal, sem
qualquer metal de adição (DIAN, 2012; VIEIRA, 2009). O excesso de
metal fundido é expulso para dentro e para fora do tudo, conforme exibe
a Figura 13 (a). Basicamente, o material sobressalente é constituído de
óxidos e é totalmente removido na etapa seguinte (usinagem) (DIAN,
2012). Logo após, a região soldada é inspecionada por ultrassom para
identificar possíveis defeitos.
Ainda sobre a Figura 13 (a), a macrografia da amostra de solda ERW foi revelada após imersão durante 3 minutos no ataque químico
Saspanansa (1,5 g de ácido pícrico, 100 ml de água e 1 ml de detergente
líquido), aquecido à 65 °C (DIAN, 2012). Nessa imagem, nota-se a ZTA
em forma de “relógio de areia” e, no centro desta, a linha de solda.
57
(a) (b)
Figura 13 – Macrografia da solda ERW. (a) como soldado e (b) após tratamento térmico. Fonte: adaptado de Dian
(2012).
Segundo Vieira (2009) e Dian (2012), a alta taxa de calor durante
a soldagem ERW gera grãos grosseiros nessa região. Por isso, após esta
etapa, o tratamento térmico de normalização é aplicado na junta
longitudinal. Dian (2012) explica que fornos de indução realizam o
aquecimento localizado na costura a fim de austenitizar a região. Feixes
de água são aplicados sobre a solda quando esta apresentar temperatura
abaixo de 600°C, com o propósito de reduzir a temperatura até a
temperatura ambiente. Para Kyriakides e Corona (2007), o tratamento
térmico, se cuidadosamente ajustado, pode produzir propriedades
praticamente homogêneas na solda e no corpo do tubo. Já para
Rodrigues (2007), o tratamento térmico gera o alívio de tensões
residuais na junta soldada.
O resultado final da macrografia da solda ERW pode ser vista na
Figura 13 (b). O ataque químico com Nital 3% revela uma linha bem
fina, referente à união dos topos laterais (linha de solda). Nota-se
também uma região escura no centro da amostra que é consequência do
tratamento térmico de normalização. Esta região apresenta forma de
funil, tendo dimensão maior na superfície externa, já que é nela que atua o aquecimento por indução. Além disso, o tratamento térmico apresenta
uma extensão tal que abrange toda a ZTA (DIAN, 2012).
Ainda na sequência produtiva, o tubo passa através de uma série
de rolos calibradores que executam uma leve conformação a frio
(compressiva) para melhorar a retilineidade do tubo, bem como a
58
circularidade do diâmetro final (KYRIAKIDES; CORONA, 2007;
VIEIRA, 2009). Desse modo, é possível considerar que tensões
residuais trativas longitudinais (devido à correção da retilineidade) e
circunferenciais (pelo ajuste da circularidade) são geradas no tubo na
passagem pelos rolos calibradores.
Ao se aproximar das etapas finais do processo ERW, o tubo é
cortado no comprimento desejado. Para corrigir possíveis
empenamentos, o tubo passa ainda por rolos de desempeno, os quais, em
rotação, fazem o tubo girar e se deslocar longitudinalmente. Logo, caso
necessário, mais deformações compressivas a frio são aplicadas ao tubo.
Por fim, o tubo passa pela inspeção com ultrassom, biselamento
dos topos e teste hidrostático (TH), tal como ocorre nos tubos UOE.
Ainda, após a pesagem, medição e identificação, o tubo está pronto para
ser comercializado.
Vieira (2009) afirma que as etapas de conformação a frio na
fabricação de tubos ERW, iniciando pelo desbobinamento da tira,
provocam tensões residuais elevadas no corpo do tubo acabado, em
particular, tensões longitudinais. Em contrapartida, Law et al. (2006)
afirmam que as tensões circunferenciais são fortemente afetadas durante
o dobramento da tira ao tornar-se circular, ao passo que as tensões
longitudinais são afetadas, em maior magnitude, nas etapas de
desbobinamento e aplanamento da tira (etapas iniciais do processo de
conformação).
Segundo Deng et al. (2010), que utiliza trigonometria para
estimar a distribuição da deformação plástica na superfície interna de
um tubo ERW durante as etapas de conformação, esperam-se
deformações negativas na direção circunferencial do tubo, sendo mais
intensas nas últimas operações (Rolos Formadores (RF) Finais) que
antecedem o processo de soldagem, conforme mostra o gráfico de
contorno da Figura 14.
Dessa forma, ao considerar que a tensão residual tem sinal oposto
ao da deformação plástica que a gerou (DIETER, 1981), espera-se a
formação das tensões residuais trativas, na direção circunferencial, na
superfície interna do tubo ERW, após as etapas de conformação. Do
mesmo modo que na direção longitudinal, uma vez que Law et al.
(2006) afirmam que a face externa da tira (superfície interna do tubo) é comprimida durante as operações de desbobinamento e aplainamento da
tira.
Deng et al. (2010) não avaliaram a superfície externa da tira na
fase de dobramento. Todavia, no raciocínio de tal situação, espera-se
59
alguma deformação positiva na face externa da tira durante a passagem
nos rolos formadores.
Figura 14 – Gráfico de contorno: Deformação prevista em um tubo ERW
durante as etapas de formação. Fonte: adaptado de Deng et al. (2010).
Considerando todas essas informações, pode-se concluir que a
conformação de tubos ERW sofre, basicamente, fortes deformações
compressivas, principalmente na direção circunferencial, partindo dos
rolos formadores, passando pelos calibradores e finalizando na etapa de
desempeno. Isto caracteriza a geração de tensões residuais trativas. No
entanto, há o tratamento térmico na região de solda que, segundo
Rodrigues (2007), favorece o alívio de tensões na costura. Além disso,
nas etapas finais do processo de fabricação, aplica-se o TH que, para
Pereira Filho (2004), contribui para o alívio geral de tensões da
estrutura, bem como favorece a geração de tensões compressivas.
Em suma, não se tem conhecimento sobre a intensidade dessas
deformações durante as etapas de conformação, bem como o quanto as
tensões residuais são aliviadas. Não foram encontradas respostas claras sobre o tipo de tensão residual e sua intensidade ao término do processo
produtivo. No entanto, diante do exposto, espera-se a presença de
tensões positivas e negativas no tubo acabado, mas sem conhecer o
equilíbrio entre elas e a real magnitude.
60
2.5.3 Processo de Fabricação por Calandras
O processo de fabricação por calandras produz tubos com costura
longitudinal a partir de chapas planas. Porém, devido à rigidez dos rolos,
normalmente, o comprimento do tubo é limitado a 6 m (VIEIRA, 2009).
A calandra é formada por três rolos em pirâmide, conforme exibe
a Figura 15. Ela executa gradualmente o dobramento da chapa metálica
(a) até atingir o formato circular (b).
Toda a largura da chapa sofre flexão em três pontos imposta pela
calandra. O raio de curvatura no dobramento é ajustado pelo
deslocamento vertical do rolo central que se encontra no interior do tubo
a ser formado. Quando as extremidades laterais da chapa se tocam, um
giro completo de acabamento pode ser realizado. Em seguida, as
extremidades são ponteadas e executam-se os passes interno e externo
do cordão de solda longitudinal por arco submerso (SAW) (VIEIRA,
2009). A macrografia resultante deve ser semelhante à apresentada na
Figura 11.
Figura 15 – Representação esquemática de uma calandra piramidal. (a) Início do processo. (b) Término do dobramento. Fonte: Vieira (2009).
O tubo segue para a expansão a frio, Figura 10 (d), etapa idêntica
ao processo UOE.
Para obter um segmento de aproximadamente 12 m, dois tubos
curtos são alinhados, evitando que as soldas longitudinais sejam
coincidentes. A soldagem circunferencial do tipo SAW faz a união dos
tubos. Finalmente, o segmento longo segue para as etapas finais de
inspeção, TH, pesagem e identificação (VIEIRA, 2009).
Tubos fabricados por calandras são menos frequentes do que os
outros dois já mencionados. Possivelmente, devido à baixa
produtividade, sua produção não é em escala. A produção de tubos
calandrados é quase artesanal e atende a características específicas
requeridas pelo cliente. Por isso, não há muitas referências que relatam
(a) (b)
61
essa maneira de produzir tubos, tampouco sobre a origem das tensões
residuais.
Entretanto, ante ao descrito durante a fase de dobramento (na
calandra piramidal), espera-se que deformações compressivas atuem na
face interna do tubo (gerando tensões trativas) enquanto o contrário atue
na superfície externa (produzindo tensões compressivas). Na etapa de
expansão a frio, toda a estrutura é alongada e, por isso, espera-se a
formação de tensões compressivas em ambas as faces. Na sequência, o
tubo longo sofre o TH, o qual, segundo Pereira Filho (2004), favorece
geração de tensões compressivas.
2.5.4 Processo sem Costura por Trefilação a Frio
Este é um processo de fabricação de tubos direcionado à indústria
automotiva e sua aplicação não é habitual no segmento de óleo e gás.
Todavia, neste estudo, avaliou-se uma amostra de tubo fabricado
por este processo, comprovado pelo certificado de inspeção do
fabricante (V & M DO BRASIL S.A., 2012). Tal amostra foi cedida
para estudo pela empresa Petrobras Transporte S.A. (TRANSPETRO)
no trabalho desenvolvido por Pacheco (2014).
O processo de trefilação a frio produz tubos sem costura de até
380 mm de diâmetro externo (BRENSING; SOMMER, 2016). Sua
matéria-prima são tubos pré-formados na laminação a quente, via
método contínuo ou automático, produzidos a partir do metal líquido.
Brensing e Sommer (2016) retratam quatro processos empregados
na operação de trefilação a frio: (a) Passe sem mandril; (b) Passe com
barra ou com mandril (c) estacionário ou (d) flutuante.
Cada operação possui suas particularidades. Porém, não fica claro
se, até obter o produto final, cada operação atua individualmente ou se
elas podem ocorrer sequencialmente.
Basicamente, o processo de trefilação a frio consiste em forçar
um tubo pré-formado contra uma matriz. O diâmetro do tubo é reduzido
em consequência do aumento do seu comprimento. Normalmente, no
passe sem mandril, a espessura de parede não sofre significativa
mudança. Entretanto, nos passes com barra ou com mandril, não só o diâmetro externo e interno do tubo é reduzido, mas também a espessura
da parede. Em qualquer operação de trefilação, lubrificantes são
utilizados para facilitar o escoamento do material.
Segundo manual de um fabricante (VALLOUREC, 2015), a
sequência produtiva de um tubo trefilado passa por tratamento térmico,
62
desempeno, ensaios não destrutivos, inspeção visual e embalagem. A
mesma referência não especifica qual tratamento térmico deve ser
utilizado. Todavia, tem-se conhecimento de que a têmpera e o
revenimento são tratamentos aplicáveis, já que os mesmos são
mencionados no certificado de inspeção de uma amostra em estudo.
O TH não é mencionado nesse manual. No entanto, sabe-se de
antemão que tubos regidos pela norma API 5L (2012) precisam ser
submetidos ao teste e, como já comentado, o TH favorece a geração de
tensões compressivas (PEREIRA FILHO, 2004).
Em geral, poucas informações foram encontradas sobre a
fabricação de tubos trefilados a frio. Normalmente, as literaturas sobre a
fabricação de tubos (para o segmento de óleo e gás) abordam tanto os
processos com costura quanto os sem costura. Contudo, dentro deste
último, o processo de trefilação a frio raramente é mencionado. Nem em
periódicos encontraram-se elementos relevantes. Contatos com o
fabricante foram realizados, mas sem sucesso. Por essa razão, a
descrição desse processo encontra-se simplificada.
Além disso, pouco se pode prever com relação às tensões
residuais, salvo as tensões compressivas que são favorecidas durante o
TH.
63
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Este capítulo apresenta os materiais em estudo e a técnica
experimental utilizada para a medição de tensões. Além disso, descreve
os equacionamentos teóricos para a determinação da tensão de flexão e
de momento fletor, bem como as propostas para calcular um valor de
tensão longitudinal representativo a partir de um ensaio com a técnica
do furo cego. Finalmente, apresenta uma bancada experimental de
flexão, a qual foi utilizada para a validação das propostas.
3.1 Amostras de Tubos
A Tabela 2 apresenta o conjunto de amostras em estudo e suas
especificações. A sigla NPS (Nominal Pipe Size) refere-se ao tamanho
nominal da amostra. Trata-se de uma designação adimensional adotada
pela norma ASME B36.10M (2000) para indicar o diâmetro externo de
tubos, em polegadas.
Todas as amostras de tubos podem ser consideradas como novas,
pois nunca estiveram em operação. As mesmas são tipicamente
aplicadas no transporte de petróleo, gás e seus derivados.
Tabela 2 – Características nominais das amostras de tubo.
Em destaque, amostras longas (12 m de comprimento).
Amostras Processo de
Fabricação
Tamanho
Nominal
Diâmetro Externo
Nominal
(mm)
Espessura Nominal
(mm)
Material
API 5L
Revesti-
mentoo
Tubo 1 UOE NPS 42 1 067 19,1 X52 FBE
Tubo 2 UOE NPS 28 711 15,9 X70 3LPE
Tubo 3 UOE NPS 38 965 15,9 X70 3LPE
Tubo 4 ERW NPS 18 457 11,9 X65 3LPE
Tubo 5 ERW NPS 18 457 11,13 X46 3LPE
Tubo 6 ERW NPS 18 457 7,9 X70 3LPE
Tubo 7 Calandrado NPS 38 965 11,1 X56 3LPE
Tubo 8 Trefilado
a frio NPS 8 219 8,2 X65 3LPP
64
As amostras em destaque na Tabela 2, identificadas em negrito e
rotuladas Tubo 1, Tubo 4, Tubo 7 e Tubo 8, referem-se às amostras
longas com comprimento nominal de 12 m. Importante ressaltar que,
devido às limitações do processo de fabricação, o Tubo 7 é formado por
dois segmentos de 6 m unidos por uma solda circunferencial. As demais
amostras são menores (0,5 m de comprimento), cada qual extraída da
extremidade de outros tubos longos.
A maioria das amostras possui revestimento polimérico tipo
3LPE (Polietileno em Tripla Camada). Contudo, há amostras com
revestimento epóxi FBE (Fusion Bonded Epoxy) e do tipo 3LPP
(Polipropileno em Tripla Camada).
Além disso, as amostras apresentam cordão de solda longitudinal,
exceto o Tubo 8, o qual foi produzido por um processo sem costura.
Ainda sobre o Tubo 8, este é o único com tratamento térmico
(temperado e revenido), conforme descrito no seu certificado de
inspeção (V & M DO BRASIL S.A., 2012). Porém, não há informação
sobre qual operação de trefilação foi utilizado para a fabricação deste.
As propriedades mecânicas dos materiais podem ser vistas na
Tabela 3, bem como os valores adotados para o módulo de elasticidade e
o coeficiente de Poisson. Sobre o primeiro, não se encontrou nos
manuais de engenharia um valor único para os materiais de classificação
API, mas sim, um intervalo entre 200 e 210 GPa. Neste estudo, adotou-
se o valor mais frequente encontrado na bibliografia, ou seja, 210 GPa.
Tabela 3 – Propriedades mecânicas dos materiais.
Grau do Aço
API 5L
Limite de Escoamento
Mín. (MPa) (API 5L, 2012)
Resistência à Tração
Mín. (MPa) (API 5L, 2012)
X46 320 435
X52 360 460
X56 390 490
X65 450 535
X70 485 570
Módulo de Elasticidade, E (GPa) 210
Coeficiente de Poisson, 0,29
65
3.2 Medição de Tensão
A técnica do furo cego foi adotada neste estudo para avaliar
experimentalmente o estado de tensão em amostras de tubo.
Nas amostras livres de qualquer carregamento, tensões residuais
foram medidas. Utilizou-se o modelo de cálculo para tensões não
uniformes da norma ASTM E837-13a (2013).
Em contrapartida, diante de um carregamento externo atuando
sobre uma amostra (neste estudo, no Tubo 8), tensões combinadas foram
medidas. Também se utilizou o modelo não uniforme de tensões
apresentado na ASTM.
Tradicionalmente, a norma recomenda instrumentar a superfície
de medição com uma roseta extensométrica para a avaliação de tensões.
Contudo, esse procedimento envolve cuidadosa preparação da superfície
e considerável tempo de instalação da roseta e do cabeamento (VIOTTI;
ALBERTAZZI, 2013). Diante da grande quantidade de medidas
experimentais envolvida neste estudo, utilizou-se o POLAR, dispositivo
portátil que combina o método do furo cego e a interferometria DSPI
(apresentado no tópico 2.4.1).
Assim, antes de iniciar a avaliação experimental, definiram-se os
locais de medição na superfície externa de cada amostra para posterior
remoção mecânica (com plaina elétrica) da camada polimérica que a
reveste. Esta operação de remoção ocorreu cuidadosamente até o
encontro da superfície metálica, que recebeu uma fina cobertura de tinta
fosca branca para aumentar a reflexão da luz e melhorar a qualidade das
imagens interferométricas.
Neste estudo, um ensaio de medição com a técnica do furo cego
corresponde a 20 passos iguais e sucessivos de furação com incrementos
de 0,05 mm. Na usinagem do furo, utilizou-se uma fresa de topo
invertido de 1,60 mm de diâmetro, substituída a cada novo ensaio. Dessa
forma, medições experimentais foram realizadas por meio do seguinte
procedimento:
1. Posicionamento, nivelamento e fixação do dispositivo
POLAR sobre a superfície;
2. Posicionamento do módulo de medição MM (ver Figura 8)
sobre a área de análise;
3. Aquisição de conjunto de imagens de speckle, Figura 7 (a),
deslocadas em fase para calcular a distribuição da fase de
referência;
66
4. Posicionamento automático do módulo de furação MF (ver
Figura 8) sobre a área de medição;
5. Execução do incremento de furação: profundidade em torno
de 0,05 mm;
6. Reposicionamento automático do MM sobre a área de análise;
7. Aquisição de novo conjunto de imagens speckle, deslocadas
em fase, bem como cálculo e armazenamento da nova
distribuição de fase. Assim, obtém-se o mapa de diferença de
fase (como mostra o exemplo da Figura 9), resultante dos
deslocamentos em torno do furo devido ao alívio de tensão
gerado no material pela execução do incremento de furação.
8. Repetição das etapas 4 a 7 durante 20 passos consecutivos a
fim de viabilizar a obtenção do perfil discreto de tensões ao
longo da profundidade final do furo de aproximadamente
1,00 mm.
O dispositivo POLAR mede a componente radial dos
deslocamentos no plano descritos em termos de coordenadas polares. Os
dados adquiridos foram transformados em valores de tensão por meio
dos equacionamentos apresentados no tópico 2.4.1. Nas medições em
tubos, as tensões cartesianas x e y (Eq. 6) coincidem
intencionalmente com as direções principais do tubo, nomeadas
circunferencial e longitudinal. Por isso, tais tensões serão expressas,
nessa ordem, como tensões circunferenciais C e longitudinais L .
3.3 Metodologia: Determinação do Carregamento Externo em
Dutos
A medição e monitoramento das tensões em dutos têm sido
utilizados como formas de estimar o nível de carregamento resultante da
interação entre duto e solo, bem como avaliar a integridade estrutural do
trecho enterrado.
Diante dessa situação, Viotti e Albertazzi (2014) apresentam um
método para a determinação da distribuição de tensão ao longo da seção de um tubo. A partir da técnica do furo cego, medem-se as tensões
combinadas longitudinais. Os valores determinados são aplicados em
modelos matemáticos, descritos a seguir, com base nos princípios
clássicos da elasticidade.
67
Na Figura 16 (a), uma viga isotrópica sujeita a um carregamento
de flexão puro apresenta uma distribuição linear de tensões ao longo da
sua seção transversal. O momento fletor é proporcional à carga aplicada
e, para cada ponto da seção transversal da viga, a tensão de flexão é
proporcional a sua distância da linha neutra.
(a) (b)
Figura 16 – (a) Flexão pura aplicada em um tubo. (b) Plano inclinado que representa a distribuição de tensão de flexão em uma seção transversal.
Fonte: Viotti e Albertazzi (2014).
Então, no caso da flexão pura em torno do eixo y, a tensão de
flexão fS é calculada por
y
f
M z
IS (7)
sendo yM o momento fletor aplicado a viga ao redor do eixo y , z
corresponde à distância entre o ponto avaliado e a linha neutra e I é o
momento de inércia da seção transversal de um tubo. Este último é
determinado a partir o raio externo ( R ) e a espessura da parede do tubo
( e ) mediante a equação
4 4( )4
I R R e
(8)
A tensão de flexão fS atua na direção longitudinal, coincidente
com o eixo x da Figura 16 (a). Nota-se, portanto, que a Eq. 7 representa um plano inclinado contendo o eixo y. Caso o momento da flexão pura
seja aplicado em torno de outro eixo qualquer, a linha neutra
corresponderá a esse próprio eixo, sempre contido no plano yz , e a
tensão de flexão sempre poderá ser representada por um plano inclinado,
como ilustrado na Figura 16 (b).
68
Considerando a seção transversal de um tubo e o modelo acima, o
maior valor de fS ocorre no ponto mais distante do eixo de aplicação
do momento, neste caso, o raio externo R . Portanto, a tensão de flexão
máxima, flexS , oriunda do carregamento de momento fletor para uma
seção transversal é descrita como:
flex
M R
IS (9)
sendo M o valor do momento fletor atuante em um eixo qualquer do
plano yz .
Em dutos enterrados, dificilmente, a flexão pura atuará
isoladamente. Mesmo na ausência de carregamentos provocados pela
pressão interna, espera-se a presença de carregamentos axiais, os quais
adicionarão tensões longitudinais, trativas ou compressivas, às tensões
causadas pela flexão. Considerando que as tensões decorrentes dos
carregamentos axiais sejam uniformes ao longo da seção transversal,
elas respondem pelo valor médio do perfil de tensões longitudinais,
sendo obtidas por
med
L
F
AS (10)
onde F é o carregamento axial atuante no duto e A , a área da seção
transversal, dada por
2 2( )A R R e (11)
A combinação das tensões de flexão com as do carregamento
axial não muda a inclinação do plano que representa as tensões
longitudinais ao longo da seção, mas altera seu valor médio e desloca a
linha neutra. Tal situação está ilustrada na Figura 17.
Dessa forma, o perfil de tensões longitudinais na seção de um
tubo pode ser associado à equação de um plano inclinado. Pacheco
(2014) demonstra esse equacionamento usando as constantes i , que
governam os valores da tensão longitudinal LS para cada ponto das
coordenadas y e z da seção do tubo.
0 L y zS y z (12)
69
Figura 17 – Deslocamento da linha neutra e conservação da inclinação do plano
das tensões de flexão quando combinados a um carregamento axial.
Fonte: Pacheco (2014).
Considerando que os valores de tensões são avaliados na
superfície externa do tubo, torna-se conveniente expressar a tensão
longitudinal em função da posição angular da seção transversal.
0 cos sen L y zS R R (13)
O valor de R é constante para toda a superfície externa da seção.
Já as constantes que definem o plano das tensões longitudinais podem
ser reescritas como:
1
2
y
z
R
R (14)
e, consequentemente,
0 1 2cos sen LS (15)
As constantes i podem ser determinadas a partir da resolução
de um sistema linear com base nos valores de tensão longitudinal medidos pela técnica do furo cego em pelo menos três pontos. Dessa
forma, utiliza-se o método dos mínimos quadrados para encontrar a
melhor equação do plano que se ajusta aos valores de tensão
longitudinal.
z
y Linha neutra
Linha neutra
SL
Flexão
Carregamento axial
Flexão +
Carregamento axial
70
No mínimo, três pontos de medição são necessários ao longo de
uma mesma seção transversal do tubo. Recomenda-se que os mesmos
estejam regularmente distribuídos ao longo do perímetro para a redução
da incerteza. Outra medida importante é evitar que os furos cegos sejam
executados em regiões próximas aos cordões de solda, bem como às
irregularidades e defeitos observados na superfície externa do tubo.
Na ausência de outras fontes de tensão, as componentes das
tensões combinadas longitudinais adquiridas com a técnica do furo cego
permitem não só determinar a intensidade da tensão de flexão e do
momento fletor que agem sobre o duto, mas também a orientação da
linha neutra e a tensão longitudinal média.
Portanto, utilizando o valor médio da tensão longitudinal na
seção, med
LS , este associado ao carregamento axial e a tensão de flexão
máxima, torna-se possível reescrever a Eq. 15 em função de .
maxcosmed
L L flex SS S S (16)
Por sua vez, maxS é a posição angular da tensão longitudinal
máxima na seção. Sua relação com o ângulo de orientação da linha
neutra, LN , é dada por
max2
LN S
(17)
A representação gráfica da distribuição da tensão longitudinal de
uma seção, apresentada pela Eq. 16, pode ser compreendida com o
auxílio da Figura 18.
Figura 18 – Distribuição da tensão longitudinal na seção transversal de um tubo
submetido à flexão e ao carregamento axial.
Fonte: Pacheco (2014).
71
Considerando as identidades trigonométricas, é possível expressar
as constantes i em função demed
LS , flexS , maxS .
0
1 max
2 max
cos
sen
med
L
flex S
flex S
S
S
S
(18)
Logo,
0
2 2
1 2
1 2max
1
tg
med
L
flex
S
S
S
(19)
O momento fletor M , o carregamento axial F e a orientação da
linha neutra LN também podem ser reescritas em função de i ,
considerando as equações apresentadas anteriormente.
42 2 4
1 2
2
0
1 2
1
4
2
tg2
LN
R R eM
R
F R e e
(20)
As variâncias das constantes i podem ser obtidas pelo ajuste
das tensões longitudinais medidas, utilizando o método de mínimos
quadrados. Para o cálculo dos intervalos de confiança do momento
fletor, do carregamento axial e da orientação da linha neutra, é
conveniente que essas grandezas sejam expressas em função de i . A
avaliação dos intervalos de confiança está detalhada minunciosamente
em Pacheco (2014) e foi utilizada neste trabalho. As equações das
derivadas parciais envolvidas nos cálculos de incerteza estão
reproduzidas no Anexo A.
Vale destacar que, para validar a determinação do carregamento
externo de flexão em um duto ( flexS , M e LN ), deve-se assumir que as
72
tensões residuais de origem fabril distribuem-se uniformemente ao
longo da seção transversal, exceto na região de solda, quando esta
existir. Entretanto, segundo Viotti e Albertazzi (2014), o mesmo não
pode ser adotado para o carregamento axial externo ( F ), já que as
tensões residuais alteram o valor calculado para essa grandeza. Por isso,
para a correta avaliação da carga axial, deve-se conhecer o perfil de
tensões residuais esperado para a seção.
3.3.1 Propostas para Determinar Tensões Longitudinais Características
Em um ensaio com a técnica do furo cego, utilizando o modelo de
distribuição de tensão não uniforme, obtém-se um perfil de tensões ao
longo de uma determinada profundidade. No entanto, a metodologia
antes apresentada utiliza um único valor de tensão longitudinal LS e não
um perfil de tensões para calcular a intensidade do carregamento externo
atuante em um tubo sob flexão. Por isso, é importante prever a
associação da distribuição de tensões em um único valor de LS que seja
característico dessa distribuição para, assim, poder utilizar a
metodologia.
Como visto no tópico 2.3.1, além do modelo de distribuição de
tensão não uniforme para a medição de tensões, a ASTM E837-13a
(2013) também recomenda o modelo uniforme. Este já fornece um valor
único representativo da distribuição média de tensão, mas considera que
ela seja sempre constante na profundidade medida.
Em frente aos modelos sugeridos pela norma e buscando
estratégias para determinar o valor LS representativo de um ensaio,
foram propostos e avaliados dezessete métodos distintos, chamados aqui
simplesmente de propostas. Porém, é importante ressaltar que, em todas
as propostas, foram utilizados os mesmos valores de deformação
(adquiridos dos ensaios do furo cego incremental). A diferença entre
elas está na maneira de calcular os valores da tensão longitudinal a cada
incremento Li e, consequentemente, o valor final LS .
Para esta avaliação, estavam disponíveis 20 valores de
deformação na profundidade de 0,05 a 1,00 mm. Entre as propostas, há aquelas que utilizaram todos os valores e outras que consideram apenas
parte deles. Dessa forma, três alternativas de análise foram elaboradas:
(A) Profundidade total de 0,05 a 1,00 mm (20 passos): Utilizou-se o
modelo e as constantes de calibração ( e ) a b estabelecidos na
73
norma para calcular tensões não uniformes a partir da deformação
medida a cada incremento de 0,05 mm de profundidade.
(B) Intervalo entre a profundidade 0,20 e 0,80 mm (13 passos): Tal
análise compreende o intervalo entre os passos 4 e 16, com
incrementos de furação de 0,05 mm. As constantes de calibração
( e ) a b foram recalculadas, já que a deformação na profundidade
de 0,20 mm carrega o histórico das deformações dos passos
anteriores. A motivação para usar esta faixa de valores decorreu da
forma do perfil típico de tensões residuais obtido nas amostras de
tubos, que apresentou menor dispersão neste intervalo (ver gráficos
no Apêndice A). A justificativa desta escolha também é comentada ao fim do tópico 5.1.
(C) Profundidade máxima de 0,80 mm e incremento de furação de
0,10 mm (8 passos): A redução do número total de passos traz
como objetivo uma execução mais rápida do ensaio em campo.
Para isso, tornou-se necessário recalcular as constantes de
calibração ( e ) a b para o incremento de furação de 0,10 mm.
Vale destacar que estas alternativas serão referenciadas na
descrição das propostas a seguir, organizadas em cinco grupos. O
método estatístico de Peirce (ROSS, 2003), recomendado por Pacheco
(2014), foi utilizado para eliminar possíveis pontos espúrios do valor LS
que determinam a distribuição típica de tensões na flexão.
1. Tensão Uniforme
Proposta 1: Tensão uniforme até a profundidade de 1,00 mm
Seguiu-se o procedimento da ASTM E837-13a (2013) para
calcular um valor único LS representativo da distribuição média de
tensão ao longo da profundidade de medição. Para isto, consideraram-se
as deformações encontradas a cada 0,10 mm de profundidade.
2. Tensão Não Uniforme: Avaliação em profundidades específicas
Utilizou-se a análise A para adquirir um perfil de tensão ao longo
dos 20 passos de uma medição. Todavia, considerou-se apenas o
resultado da tensão longitudinal em determinadas profundidades como
sendo o valor LS . Tendo em vista o estudo apresentado por Pacheco
(2014), a tensão longitudinal em profundidades específicas,
74
principalmente em torno de 0,50 mm (ver imagens do Anexo B), exibia
um comportamento próximo ao plano inclinado do momento. Porém, tal
referência as desconsiderou em razão da alta incerteza estimada. Mesmo
assim, jugou-se importante reavaliar as seguintes profundidades de
furação:
Proposta 2: Avaliação na profundidade 0,50 mm
Esta estratégia considera apenas o valor da tensão longitudinal na
profundidade 0,50 mm, passo 10, como sendo o valor LS representativo
da medição.
Proposta 3: Avaliação na profundidade 0,55 mm
Considerou-se o valor da tensão longitudinal na profundidade
0,55 mm, passo 11, como sendo o valor LS representativo da medição.
Proposta 4: Avaliação na profundidade 0,60 mm
Adotou-se, como valor LS , a tensão longitudinal calculada na
profundidade 0,60 mm, referente ao passo 12.
Proposta 5: Avaliação na profundidade 0,65 mm
A tensão longitudinal calculada na profundidade 0,65 mm,
referente ao passo 13, foi adotada como sendo o valor LS representativo.
3. Tensão Não Uniforme: Média aritmética do perfil de tensão
Neste grupo, os valores de tensão não uniforme foram calculados
a cada incremento de furação, Li , de acordo com a individualidade de
cada proposta. O valor LS representativo de um ensaio foi definido pela
da média aritmética do perfil de tensão obtido em i passos de furação.
Proposta 6: Média aritmética do perfil de tensão de 20 passos
Utilizou-se a análise A, apresentada anteriormente, para
determinar o valor Li a cada incremento de 0,05 mm. O valor LS foi
determinado pela média aritmética do perfil de tensão dos 20 passos de furação, como esquematizado da Figura 19. Pacheco (2014) já havia
avaliado essa estratégia, que a considerou uma das mais adequadas para
o cálculo das grandezas atuantes em um padrão de flexão.
75
Figura 19 – Representação para o cálculo de SL utilizando a média aritmética do
perfil de tensão de 20 passos.
Proposta 7: Média aritmética do perfil de tensão de 13 passos
Esta proposta considerou a análise B para calcular o valor Li em
cada um dos 13 incrementos de furação. O valor LS foi determinado pela
média aritmética do perfil de tensão no intervalo entre os passos 4 e 16,
como mostra a Figura 20.
Figura 20 – Representação para o cálculo de SL mediante a média aritmética do
perfil de tensão de 13 passos.
Proposta 8: Média aritmética do perfil de tensão de 08 passos
Em cada um dos 8 passos de furação, o valor de Li foi calculado
pela análise C. A tensão longitudinal LS foi definida pela média
aritmética do perfil de tensão até a profundidade de 0,80 mm (passo 16),
conforme apresenta a Figura 21.
76
Figura 21 – Representação para o cálculo de SL pela média aritmética do perfil
de tensão de 8 passos.
Proposta 9: Média aritmética do perfil de tensão de 03 passos
O perfil de tensão de 03 passos compreende o intervalo entre as
profundidades 0,55 e 0,65 mm (passos 11 a 13). Essa proposta foi
considerada diante dos bons resultados adquiridos nessas profundidades
(avaliadas no Grupo 2 – Tensão Não Uniforme: Avaliação em
profundidades específicas). Dessa forma, utilizando os valores Li já
calculados pela análise A, determinou-se o valor LS pela média
aritmética do perfil de tensão de 03 passos.
4. Tensão Não Uniforme: Média linearmente ponderada na
profundidade de medição
Nas propostas a seguir, cada qual com sua particularidade,
utilizaram-se diferentes coeficientes de ponderação, Pondi, para calcular
o valor característico LS pela média ponderada apresentada na Eq. 21.
.Li i
L
PondS
Pond
(21)
Proposta 10: Média linearmente ponderada com 20 passos de
furação
Utilizou-se a análise A para definir os valores de tensão Li a
cada profundidade. O valor LS foi definido pela média ponderada dos 20
passos de furação utilizando a Eq. 21. A tensão Li em cada incremento
77
deve ser multiplicada com o respectivo coeficiente de ponderação
(Pondi) apresentado na Tabela 4. Tais coeficientes variam de 1,00 a 0,05
e decrescem com o aumento da profundidade, até atingir o valor mínimo de 0,05 no vigésimo passo (profundidade de 1,00 mm).
Tabela 4 – Coeficientes de ponderação para 20 passos de furação (Proposta 10).
Li a cada profundidade (mm) Coeficiente de Ponderação Pondi
0,05 1,00
0,10 0,95
0,15 0,90
0,20 0,85
...
...
0,95 0,10
1,00 0,05
Proposta 11: Média linearmente ponderada com 13 passos de
furação
Nesta proposta, os valores de tensão a cada incremento Li foram
definidos pela análise B, uma vez que compreende um intervalo de 13
passos entre as profundidades 0,20 e 0,80 mm. O valor LS foi calculado
pela média ponderada da Eq. 21. A Tabela 5 apresenta os coeficientes de
ponderação utilizados nesta proposta, os quais devem ser multiplicados
com os respectivos valores de tensão Li calculados a cada
profundidade.
Proposta 12: Média linearmente ponderada com 08 passos de
furação
Inicialmente, determinou-se o valor de tensão Li a cada passo
pela análise C. O valor LS foi determinado por meio da Eq. 21,
utilizando os coeficientes de ponderação apresentados na Tabela 6 e as
tensões Li calculadas em cada incremento.
78
Tabela 5 – Coeficientes de ponderação para o intervalo de 13 passos (Proposta
11).
Li a cada profundidade (mm) Coeficiente de Ponderação Pondi
0,20 0,80
0,25 0,75
0,30 0,70
0,35 0,65
...
...
0,75 0,25
0,80 0,20
Tabela 6 – Coeficientes de ponderação para 8 passos de furação (Proposta 12).
Li a cada profundidade (mm) Coeficiente de Ponderação Pondi
0,10 0,80
0,20 0,70
0,30 0,60
...
...
0,70 0,20
0,80 0,10
Proposta 13: Média linearmente ponderada com 03 passos de furação
O valor LS foi calculado pela média ponderada apresentada na Eq.
21. Utilizaram-se as tensões Li das profundidades 0,55 a 0,65 mm,
estas calculadas por meio da análise A. Os coeficientes de ponderação
adotados foram: 0,65 – 0,60 – 0,55 para as profundidades 0,55 – 0,60 –
0,65 mm, nessa ordem.
79
5. Tensão Não Uniforme: Média ponderada considerando o alívio
de deformação gerado pelo furo
Os coeficientes de ponderação utilizados neste grupo foram
estimados pelo alívio de deformação gerado na usinagem de um furo,
considerando o modelo de tensão uniforme. A norma ASTM E837,
versão de 2008, apresenta graficamente a Figura 22, a qual exibe o
percentual das deformações combinadas aliviadas, tanto para p como
para q ou t, em função da razão entre a profundidade de furação e o
diâmetro da roseta extensométrica.
Figura 22 – Percentual de deformação em função da razão profundidade/diâmetro na análise de tensões uniformes.
Fonte: adaptado de ASTM E837-08 (2008).
A partir destas curvas, estimaram-se os coeficientes de
ponderação Pond Pi e Pond Qi ou Ti (apresentados na Tabela 7) por
meio da diferença entre o valor 1 e o valor do alívio de deformação a
cada profundidade de furação (estimado pelo gráfico da Figura 22).
Tais coeficientes foram aplicados na média ponderada
apresentada na Eq. 22, sendo os vetores de tensão Pi e Qi resultantes das
deformações a cada incremento de furação.
Por fim, o valor característico LS foi obtido pela soma dos
resultados de PPond e QPond, idêntico ao cálculo da tensão σy apresentado
na Eq. 6.
Cada proposta apresentada a seguir utiliza uma análise diferente
para determinar os vetores Pi e Qi.
80
.
.
i i
Pond
i
i i
Pond
i
Pond
Pond
Pond
Pond
P PP
P
Q QQ
Q
(22)
Tabela 7 – Coeficientes de ponderação calculados pelo alívio de deformação.
Proposta 14: Média ponderada com 20 passos de furação - ASTM
Os vetores Pi e Qi foram calculados a partir da análise A que
utiliza os 20 incrementos de furação de um ensaio para determinar o
Profundidade do passo
de furação (mm)
Coef. Ponderação
Pond Pi
Coef. Ponderação
Pond Qi ou Ti
0,05 0,95757 0,97140
0,10 0,90861 0,93716
0,15 0,85478 0,89842
0,20 0,79754 0,85622
0,25 0,73820 0,81147
0,30 0,67792 0,76501
0,35 0,61769 0,71760
0,40 0,55838 0,66989
0,45 0,50072 0,62244
0,50 0,44531 0,57577
0,55 0,39265 0,53029
0,60 0,34311 0,48635
0,65 0,29698 0,44425
0,70 0,25444 0,40420
0,75 0,21561 0,36638
0,80 0,18051 0,33091
0,85 0,14910 0,29785
0,90 0,12128 0,26724
0,95 0,09692 0,23905
1,00 0,07581 0,21325
81
valor LS . Tais vetores foram aplicados à Eq. 22, juntamente com seus
respectivos coeficientes de ponderação (apresentados na Tabela 7).
Proposta 15: Média ponderada com 13 passos de furação - ASTM
Nesta proposta, aplicou-se a análise B para determinar os vetores
Pi e Qi no intervalo de 13 passos que compreende as profundidades 0,20
a 0,80 mm. Do mesmo modo, consideraram-se apenas os coeficientes de
ponderação (Tabela 7) para o intervalo em questão. A tensão LS foi
obtida pela soma dos resultados da Eq. 22.
Proposta 16: Média ponderada com 08 passos de furação - ASTM
A análise C foi utilizada para determinar os vetores Pi e Qi a cada
incremento de 0,10 mm, até atingir a profundidade de 0,80 mm. Os
coeficientes de ponderação (Tabela 7), utilizados na Eq. 22, referem-se
somente às profundidades dos passos de furação desta análise.
Proposta 17: Média ponderada com 03 passos de furação - ASTM
Nesta estratégia, considerou-se o intervalo entre as profundidades
0,55 a 0,65 mm (passos 11 a 13) para determinar vetores Pi e Qi por
intermédio da análise A. O valor LS , determinado pela Eq. 22, considera
os coeficientes de ponderação (Tabela 7) para o mesmo intervalo.
3.4 Bancada Experimental de Flexão
Visando avaliar as propostas descritas quanto à medição de
tensões mecânicas atuantes na seção transversal de um duto, utilizou-se
uma bancada que aplica carregamento de flexão em tubos, Figura 23,
como referência de tensão de flexão.
Trata-se de um arranjo experimental desenvolvido por Pacheco
(2014). A bancada de flexão, Figura 23 (a), é composta por dois tubos
de 12 m, dispostos lado a lado e posicionados sobre cinco cavaletes,
nivelados e igualmente espaçados, a fim de minimizar o momento de fletor do seu próprio peso.
O módulo de fixação, Figura 23 (b), conecta os tubos entre si por
suas extremidades através de um conjunto de braçadeiras e pivôs. O
carregamento transversal e horizontal ocorre na seção central dos tubos
por meio de um módulo de carregamento, Figura 23 (c). Este é formado
82
por um atuador hidráulico e barras de ancoragem, estas usadas para
manter a carga estável no tempo após a retirada do atuador.
Figura 23 – (a) Bancada de flexão carregada e detalhes dos módulos de (b) fixação e (c) carregamento.
Fonte: Pacheco (2014).
A carga aplicada gera uma distribuição linear de momento fletor
ao longo do comprimento dos tubos. As medições de tensão
concentraram-se no Tubo 8 (o de menor diâmetro e já apresentado na
Tabela 2), fincando ao outro apenas a função estrutural para a aplicação
do carregamento.
Mais informações sobre esta bancada podem ser encontradas em
Pacheco (2014).
3.4.1 Avaliação da Bancada de Flexão
O elemento de estudo que compõe a arranjo experimental é o Tubo 8. Este foi analisado anteriormente por Pacheco (2014) que o
dividiu em oito seções de trabalho (S1 à S8) como mostra a Figura 24.
Porém, nesta tese, três seções foram avaliadas, todas próximas à
região de maior carregamento (seções S3, S4 e S5, em destaque na
Figura 24).
83
Figura 24 – Detalhes da bancada de flexão e seções de análise. Fonte: adaptado de Pacheco et al. (2016).
Considerando o Tubo 8 uma viga biapoiada e sujeita a um
carregamento central pontual P (como ilustra a Figura 25), calculou-se
o momento fletor por duas maneiras: (a) por meio da leitura da célula de
carga; (b) utilizando os valores de deformação medidos por oito pares de
extensômetros, estes distribuídos regularmente ao longo do
comprimento do tubo (seções S1 à S8). Neste estudo, a carga P
aplicada no atuador hidráulico (e posteriormente estabilizada pelas
barras de ancoragem) foi de (29,79 ± 0,16) kN.
Figura 25 – Modelo de viga biapoiada com carga central pontual P e elementos
para o cálculo do momento fletor numa dada seção Sx .
Fonte: Pacheco (2014).
Tendo por base a leitura da célula de carga P, o cálculo do
momento fletor na seção Sx do tubo é dado por
84
Sx
P xL LM
L P (23)
sendo xL a distância entre a seção de avaliação ( Sx ) e o pivô da
braçadeira de fixação mais próxima, LP a distância do ponto de
aplicação da carga até o pivô da braçadeira de fixação mais afastada da
seção, e ainda, L a distância entre os pivôs das braçadeiras da bancada
de flexão.
Uma vez calculado o valor de momento fletor, a tensão de flexão
pode ser determinada segundo a Eq. 9.
Todavia, as leituras dos valores de deformação x e o valor do
módulo de elasticidade E do material podem ser utilizados como
alternativa para calcular a tensão de flexão:
flex x ES (24)
Tais resultados também podem ser aplicados na Eq. 9 para o
cálculo do momento fletor.
Em vista disso, a Figura 26 exibe os diagramas de momento fletor
e tensão flexão, estes calculados com base na leitura da célula de carga e
dos extensômetros de resistência.
Figura 26 – Diagramas de momento fletor e de flexão calculados mediante a leitura dos extensômetros e da célula de carga.
85
Em geral, os valores determinados a partir de ambas as leituras
são coincidentes. Com relação ao momento fletor, observa-se uma
distribuição linear ao longo do comprimento do tubo. Na tensão de
flexão, nota-se que as seções S4 e S5 possuem valores próximos de
250 MPa, ou seja, em torno de 55% do limite de escoamento do material
(comparado com o valor teórico apresentado na Tabela 3, segundo a
norma API 5L (2012). Tal percentual encontra-se abaixo do limite de
80% da tensão de escoamento do material, valor recomendado pela
norma ASTM E837-13a (2013) como limite superior para a aquisição de
resultados confiáveis com a técnica do furo cego.
As incertezas para os valores de momento fletor foram estimadas
não só pelas derivadas parciais das variáveis correlacionadas na Eq. 23
(apresentadas no Anexo A: Momento fletor teórico em uma seção Sx),
como também pelas orientações de Castrup (2010)2, que apresenta uma
variação da equação de Welch-Satterthwaite para a determinação dos
graus de liberdade efetivos.
Dessa forma, para calcular o intervalo de confiança dos valores
de momento fletor, utilizaram-se as incertezas das grandezas de entrada
(P, LP, Lx e L) apresentadas na Tabela 8. Adotou-se a incerteza-padrão
do Tipo B para as três últimas grandezas, bem como a distribuição de
probabilidade retangular e simétrica a meia-largura de 5 mm. Além
disso, as mesmas foram consideradas grandezas correlacionadas, já que
as medidas de comprimento foram realizadas com o mesmo instrumento
de medição. Por sua vez, a incerteza-padrão do carregamento P foi
adotada a partir das informações do certificado de calibração da célula
de carga (apresentado no Anexo C).
Tabela 8 – Valores medidos e suas incertezas para as grandezas de entrada do cálculo do momento fletor.
VM u ef
P (N) 29789 80 258
LP (m) 5,890 0,003 ∞
Lx (m) (ver Tabela 9 ) 0,003 ∞
L (m) 11,780 0,003 ∞
2 Esta referência (CASTRUP, 2010) é recomendada por Pacheco (2014), visto
que a equação de Welch-Satterthwaite, comumente encontrada na literatura e
sugerida por INMETRO (2012), neste caso, não se mostra adequada para a obtenção os graus de liberdade efetivos para as Eq. 19 e 20.
86
As incertezas do momento fletor ao longo da bancada de flexão
(nas oito seções) podem ser vistas na Tabela 9.
Tabela 9 – Valores de momento fletor e suas incertezas para as oito seções da
bancada de flexão.
Seção Lx (m) Momento Fletor - MSx
VM (kN·m) u (kN·m) U (kN·m) k ef U (%)
S1 1,145 17,05 0,064 0,12 1,96 2402 0,73%
S2 2,345 34,93 0,105 0,21 1,98 137 0,59%
S3 3,507 52,23 0,149 0,31 2,05 27 0,59%
S4 4,710 70,15 0,197 0,45 2,31 8 0,65%
S5 4,770 71,05 0,199 0,47 2,36 8 0,66%
S6 3,545 52,80 0,151 0,31 2,06 26 0,59%
S7 2,345 34,93 0,105 0,21 1,98 137 0,59%
S8 1,145 17,05 0,064 0,12 1,96 2402 0,73%
Ao analisá-las, verifica-se um bom desempenho metrológico na
bancada experimental de flexão desenvolvida por Pacheco (2014), uma
vez que as incertezas expandidas apresentaram valores inferiores a 1%
do valor medido em toda a faixa de medição.
87
4 EXPERIMENTOS
Este capítulo apresenta o planejamento experimental para a
medição de tensões residuais nas amostras de tubos, assim como para a
avaliação das tensões na bancada de flexão, esta composta de um tubo
fletido com momento fletor conhecido.
Por fim, é planejada uma avaliação comparativa das tensões
residuais medidas pelo método do furo cego utilizando tanto a
interferometria a laser (dispositivo POLAR) quanto extensômetros de
resistência elétrica. As medições são feitas em regiões tão próximas
quanto possível, mas ainda suficientemente distantes para que não haja
influência entre os resultados. O objetivo dessa análise é confirmar a
confiabilidade do dispositivo POLAR utilizado neste estudo, já avaliada
anteriormente em outros trabalhos.
4.1 Ensaios sem Carregamento
Todas as amostras de tubos apresentadas na Tabela 2 foram
avaliadas sem qualquer carregamento externo.
Nesta condição, somente tensões residuais de fabricação foram
medidas pela técnica do furo cego, via dispositivo POLAR.
Em amostras longas (Tubos 1, 4 e 7), as quais possuem
comprimento nominal de 12 m, nove seções de avaliação (X1 à X9)
foram distribuídas ao longo de sua extensão. O espaçamento entre elas
está representado na Figura 27. Tal disposição visa à futura comparação
entre as seções simétricas.
Vale ressaltar que o Tubo 7 é formado por dois segmentos
idênticos (nomeados de A e B), unidos por uma solda circunferencial na
seção identificada X5. Assim, o segmento A compreende as seções X1 a
X5 enquanto B, as seções X6 a X9. As medições realizadas na seção X5
ocorreram a 150 mm da solda circunferencial.
Figura 27 – Posição das seções de avaliação em tubos longos.
X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9
88
Em cada seção, considerou-se suficiente para a avaliação de toda
a circunferência um conjunto de oito pontos de medição regularmente
espaçados a 45º, conforme mostra a Figura 28. Adotou-se o cordão de
solda como posição de referência da diretriz (ângulo zero). Entretanto,
sabe-se que tal região sofre forte aquecimento localizado e ainda, pode
conter material de adição. Por isso, evitou-se fazer o furo cego neste
local. A solução foi realizar a medição a uma distância da ordem de duas
vezes a largura do cordão de solda (tipo SAW), o que corresponde a
aproximadamente 50 mm. Tal afastamento garante que a medição
(nomeada 0°+ 50 mm) seja realizada em uma região livre da influência
da ZTA, conforme apresentou as Figuras 11 e 13, ao ilustrar as
macroestruturas das soldas SAW e ERW, nesta ordem. Além disso, essa
distância assegura o afastamento de possíveis desalinhamentos entre os
cordões interno e externo (no caso de solda tipo SAW).
Assim, foram realizadas, no total, setenta e duas medições de
tensões residuais na superfície externa de cada amostra longa. No
Tubo 7, quarenta medições foram executadas no segmento A e trinta e
duas, no segmento B.
Figura 28 – Posição angular dos pontos de medição na seção de um tubo com
costura.
Em amostras curtas (Tubos 2, 3, 5 e 6), as quais medem 500 mm,
somente uma seção foi avaliada. O mesmo conjunto de oito pontos de
medição e a mesma distância da linha de solda foi considerado (Figura
28). Tensões residuais foram medidas na superfície externa dessas
89
amostras e distantes 250 mm da borda, que é o mesmo afastamento
aplicado às bordas livres de tubos longos.
Como ilustração, a Figura 29 exibe o dispositivo POLAR durante
o processo de medição de tensões residuais.
(a) (b)
Figura 29 – Dispositivo POLAR em operação. Medição experimental de tensões residuais em (a) Tubo 4 e (b) Tubo 5, posição
de medição à 250 mm da borda livre.
Finalmente, a última amostra a ser avaliada foi o Tubo 8, antes de
receber o carregamento na bancada de flexão. As tensões residuais
foram medidas nas seções S5 e S6 (ver Figura 24). Em cada uma delas,
quatro pontos de medição foram considerados: posições 45°, 135°, 225°
e 315° (apresentadas na Figura 31). O número de avaliações por seção
foi menor nesta amostra, uma vez que Pacheco (2014) já havia
identificado uma distribuição de tensão residual, nesta mesma amostra,
equivalente à encontrada neste estudo.
4.2 Ensaios com Carregamento
Valores de referência de tensões de flexão foram estabelecidos na
bancada experimental, já descritos no tópico 3.4.1. Nesta condição, tensões combinadas foram medidas nas seções
S3, S4 e S5 do Tubo 8 (indicadas na Figura 24). A técnica do furo cego
foi utilizada por intermédio do dispositivo POLAR, como mostra a
Figura 30.
90
Figura 30 – Medição de tensões na seção S3 do Tubo 8 por meio do dispositivo
POLAR.
Em cada seção, foram avaliados oito pontos de medição
equidistantes, conforme posicionamentos apresentados na Figura 31. A
posição de referência coincide com a geratriz superior, lembrando que o
Tubo 8 é sem costura. Com o carregamento, a região do extradorso sofre
um esforço trativo enquanto no lado do intradorso, o esforço é
compressivo.
Figura 31 – Posição dos pontos de medição de tensões sob flexão para cada seção de avaliação.
91
4.3 Medição com Extensômetros Elétricos
A medição de tensões residuais utilizando extensômetros de
resistência elétrica (Strain Gages, SG), na configuração tipo roseta
triaxial, foi realizada em uma condição de ensaio seguindo todas as
recomendações da norma ASTM E837-13a (2013). Tal resultado de
medição foi comparado com o resultado adquirido por meio do
dispositivo interferométrico POLAR (técnica DSPI), visando confirmar
confiabilidade deste último.
Em estudo recente, Viotti e Albertazzi (2013) obtiveram bons
resultados na comparação metrológica entre DSPI e a técnica tradicional
com SG, ambas avaliadas pelo método do furo cego. Equivalência entre
os resultados de medição adquiridos com ambas as técnicas também foi
observada anteriormente por Viotti, Albertazzi e Kapp (2008).
Em vista disso, optou-se por realizar somente uma medição de
tensão residual com extensômetros em virtude do longo tempo
necessário para a realização da mesma.
Assim, utilizou-se uma roseta extensométrica (tipo A, conforme
ASTM E 837-13a (2013)), modelo CEA-06-062UL-120 do fabricante
Micro-Measurements. Esta foi conectada a uma ponte amplificadora de
múltiplos canais (Vishay Measurement Group, Micro-Measurements,
modelo P-3500). A configuração escolhida do circuito elétrico foi de
¼ de ponte.
A leitura de deformação ocorreu no mesmo equipamento a cada
incremento de furação (um extensômetro de cada vez).
Tal medição comparativa ocorreu no Tubo 4 (sem carregamento),
seção X7, posição 270º. A usinagem dos furos, em cada uma das
técnicas, foi executada tão próxima quanto possível com o propósito de
medir o mesmo perfil de tensão residual no material, permitindo a
comparação.
É importante ressaltar que distância mantida entre os furos foi
maior do que cinco vezes o diâmetro do orifício, visando evitar a
influência entre as medições devido à concentração de tensão gerada
pela usinagem. Nawwar e Shewchuk (1978) recomendam que o
espaçamento entre furos seja igual ou maior a cinco diâmetros de
distância entre centros.
92
93
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Inicialmente, são apresentados e discutidos os resultados das
medições realizadas na superfície externa das amostras de tubos, na
ausência de carregamento externo. Consequentemente, as tensões
apresentadas nos próximos parágrafos correspondem às tensões
residuais geradas pelo processo de fabricação do tubo.
Na sequência são apresentados os resultados das medições de
tensão de flexão, estas realizadas no tubo carregado na bancada
experimental. Tais informações serviram de subsídio para avaliar as
diferentes propostas no cálculo das grandezas que envolvem o
carregamento externo em dutos.
Por fim, o capítulo apresenta os resultados da avaliação
comparativa entre as medições de tensão residual com o método do furo
utilizando a técnica DSPI e a tradicional, com extensômetros de
resistência elétrica (SG). Esta avaliação foi realizada para comprovar a
validade dos resultados adquiridos com o dispositivo POLAR.
5.1 Ensaios sem Carregamento: Medição de Tensões Residuais em
Amostras de Tubos
O grande número de medição realizado nas amostras mostrou
tanto características comuns quanto particulares entre os diferentes
processos de fabricação de tubo.
Como exemplo, a Figura 32 mostra a distribuição de tensões
(longitudinais L , circunferenciais C e cisalhantes LC ) em função
da profundidade para quatro pontos individuais de medição, cada qual
realizado em uma amostra representativa de um processo de fabricação:
(a) Tubo 1, conformação UOE; (b) Tubo 4, por solda ERW; (c) Tubo 7,
conformação por calandras; (d) Tubo 8, trefilado a frio.
Convém destacar que tais amostras são bastante distintas entre si,
não só no processo de fabricação, mas também nas especificações
técnicas (diâmetro, espessura, material).
Em geral, independente do processo de fabricação, observa-se
uma forte correlação entre as tensões longitudinais e circunferenciais. Em outras palavras, normalmente, essas tensões possuem a mesma
distribuição ao longo da profundidade de furação, o que indica um
estado de tensões equibiaxiais. Ademais, a tensão cisalhante manteve-se
próxima de zero em toda a profundidade de avaliação, o que indica
94
tensões principais ( 1 e 2 ) coincidentes com as tensões das direções
longitudinal e circunferencial.
(continua)
(a) Tubo 1 – Medição representativa. Amostra conformada no processo UOE.
(b) Tubo 4 – Medição representativa. Amostra fabricada por solda ERW.
Figura 32 – Distribuição representativa de tensões residuais (pontos individuais
de medição) para as amostras tubos com diferentes processos de fabricação.
95
(conclusão)
(c) Tubo 7 – Medição representativa da amostra conformada por calandras.
(d) Tubo 8 – Medição representativa da amostra trefilada a frio (sem costura).
Figura 32 – Distribuição representativa de tensões residuais (pontos individuais de medição) para as amostras tubos com diferentes processos de fabricação.
96
A tendência do comportamento equibiaxial entre as tensões L e
C é confirmada na Figura 33. Os mapas de diferença de fase,
correspondentes às medições apresentadas na Figura 32, sinalizam as
deformações radialmente uniformes em torno do furo mediante a
formação de franjas circulares.
As franjas (níveis de cinza semelhantes) conectam pontos na
superfície que têm a mesma quantidade de deslocamento radial. O
número de franjas quantifica tal deslocamento e, consequentemente, a
intensidade medida das tensões residuais.
Ainda na Figura 33, os tons de cinza indicam o caráter
compressivo das tensões, conforme explica e apresenta Pacheco (2014).
Vale enfatizar que, para todos os mapas de diferença de fase
apresentados neste estudo, a direção horizontal e vertical da página
representam, respectivamente, a direção longitudinal e circunferencial
do tubo, conforme exibe a Figura 34.
(a) Tubo 1 - Conformação UOE (b) Tubo 4 – Fabricado por solda ERW
(c) Tubo 7 - Calandrado (d) Tubo 8 - Trefilado a Frio
Figura 33 – Mapas de diferença de fase para o vigésimo passo de furação,
referentes às medições de tensões residuais apresentadas anteriormente.
97
Figura 34 – Orientação da imagem interferométrica em relação ao eixo
longitudinal e circunferencial do tubo, bem como às tensões medidas.
Voltando à Figura 32, análises comparativas entre os perfis
podem ser feitas ao considerar a primeira e a segunda metade do ensaio:
(a) Primeira metade do ensaio (profundidade até 0,50 mm):
Nota-se nas quatro medições que, pelo menos, até o décimo passo
de furação, os perfis de tensão ( Lσ e Cσ ) são compressivos e tendem a
um comportamento equibiaxial. Além disso, observa-se que,
independente do processo fabril, as tensões atingem valores mínimos na
profundidade em torno de 0,20 mm. Isto sugere um possível tratamento
superficial comum a todas as amostras (no tubo pronto), executado antes
da aplicação do revestimento polimérico (porém, tal informação não foi
encontrada/confirmada na literatura).
Ainda, os perfis de tensão tornam-se menos negativos com o
avanço progressivo dos passos de furação, independentemente do
processo de fabricação do tubo.
(b) Segunda metade do ensaio (profundidade entre 0,50 e 1,00 mm):
Nesta região de análise, para a maioria das amostras, o
comportamento equibiaxial entre as tensões ( Lσ e Cσ ) já não é tão
acentuado. Além disso, os perfis deixam de ser compressivos e passam a
ser trativos, exceto na amostra Tubo 7, Figura 32 (c). Nesta, conformada
por calandras, as tensões permanecem sempre negativas até o término do ensaio, sem indicar qualquer mudança de sinal. Essa presença
contínua de tensões negativas pode favorecer o surgimento repentino
das tensões trativas (talvez em pico), em algum local dentro da
espessura de parede, a fim de manter o equilíbrio entre as tensões.
Observa-se, ainda, que a tensão circunferencial é mais negativa do que a
98
longitudinal (valores na ordem de -130 e -40 MPa, respectivamente). Tal
característica é visível no mapa de diferença de fase, Figura 33 (c), ao
notar franjas mais alongadas na direção circunferencial, indicando a
maior intensidade do sinal negativo.
Na análise individual das demais amostras, o Tubo 1 (Figura
32 (a)) apresenta tensão circunferencial positivas (em torno de 50 MPa)
enquanto a longitudinal é negativa (mas próxima de zero). Nota-se essa
diferença no mapa de diferença de fase, Figura 33 (a), de modo
qualitativo, ao indicar franjas levemente alongadas na direção
longitudinal (no caso, o sinal mais negativo). No entanto, observa-se
neste ensaio individual a tendência das tensões estarem na região
compressiva. Novamente, para manter o equilíbrio entre as tensões
residuais no material, em algum momento, a área trativa deverá crescer.
No Tubo 8, única amostra que sofreu tratamento térmico
(têmpera e revenimento) após o processo de fabricação, também
apresentou leve separação das tensões nas direções de análise. Nem por
isso, observam-se diferenças expressivas das tensões quando comparado
com as demais amostras, principalmente na primeira metade do ensaio.
Após a profundidade 0,70 mm, as tensões longitudinal e circunferencial
mantêm-se praticamente constantes a 75 e 120 MPa, nesta ordem,
Figura 32 (d).
Já no Tubo 4, Figura 32 (b), as tensões crescem continuamente,
finalizando o ensaio com fortes tensões trativas, próximas de 350 MPa.
Este valor é considerado alto, uma vez que corresponde a 78% do limite
de escoamento mínimo deste material (valor de referência na Tabela 3).
Todavia, considerando as tensões negativas medidas na primeira metade
do ensaio, tal valor positivo vem favorecer o equilíbrio entre as tensões.
O mapa de diferença de fase, Figura 33 (b), reflete a alta intensidade
biaxial das tensões, ao apresentar maior formação de franjas em ambas
às direções.
Na avaliação das amostras curtas típicas do processo UOE (Tubos
2 e 3) e ERW (Tubos 5 e 6), os resultados das medições individuais
mostraram um comportamento das tensões semelhante ao observado na
amostra de mesmo processo de fabricação, no caso, Tubo 1 e Tubo 4
(Figura 32 (a) e (b), respectivamente). A avaliação comparativa entre
amostras de mesmo processo fabril será apresentada no tópico 5.1.1. Estendendo a avaliação feita nas medições individuais (Figura
32 ) para o conjunto de oito de medições executado em uma seção, a
Figura 35 exibe, como exemplo, as tensões longitudinais e
circunferenciais medidas ao longo da seção X7 do Tubo 1.
99
(a) Perfis da tensão residual longitudinal nas diferentes posições angulares da seção X7, Tubo 1.
(b) Perfis da tensão residual circunferencial nas diferentes posições angulares da seção X7, Tubo 1.
Figura 35 – Distribuição das tensões residuais em torno da seção X7, Tubo 1.
100
Nesta análise, geralmente, foram observados semelhanças entre
os perfis de tensão adquiridos ao longo do perímetro da seção do tubo,
inclusive na posição 0º + 50 mm, a mais próxima do cordão de solda.
Esse comportamento foi identificado com frequência nas amostras de
tubo com costura, independente do processo de fabricação.
Na Figura 35, nota-se que o perfil de tensões na posição 135º
destoa dos demais. Porém, tal comportamento não foi reincidente em
outras seções deste tubo. Observou-se que a variabilidade dos perfis
acontecia de forma aleatória nas seções em avaliação.
Nas amostras de tubos longos, não foram observadas variações
significativas de tensões entre as seções avaliadas, sejam elas simétricas
ou não. Por isso, não é necessária aqui a reprodução de tais resultados.
Em outra análise, considerando agora todos os perfis de tensão
adquiridos em n medições realizadas a cada amostra, calculou-se a
média aritmética da tensão residual a cada profundidade de furação.
Como resultado, obteve-se a distribuição da tensão residual longitudinal
e circunferencial representativa da amostra, nomeada aqui com as siglas
P3L e P3C (Perfil de Tensão Residual: Longitudinal e Circunferencial,
respectivamente). A dispersão dos resultados de n medições foi
representada pela envoltória do perfil, que determina os valores limites,
máximo e mínimo, das tensões medidas em cada amostra. A sigla EP3
(Envoltória do Perfil de Tensão Residual, seja na direção Longitudinal,
seja na Circunferencial) identifica a envoltória no perfil, estimada a cada
incremento pela equação da repetibilidade Re apresentada em
Albertazzi e Souza (2008):
.Re u t (25)
onde u é a incerteza padrão a cada profundidade de análise, avaliada a
partir de n medições e t é o coeficiente de Student com nível de
confiança de 95% e número de graus de liberdade n-1. Considerou-se o
mensurando variável e não se corrigiram os erros sistemáticos.
Dessa forma, a Figura 36 exibe, como exemplo, a distribuição das
tensões residuais (tanto longitudinal como circunferencial) e sua
respectiva EP3, ao considerar todos os pontos avaliados no Tubo 1. Para
as demais amostras em estudo, a mesma análise pode ser vista no
Apêndice A. Vale lembrar que nos Tubos 1, 4 e 7, setenta e dois pontos foram
avaliados. Por sua vez, o tubo conformado por calandras é formado por
dois segmentos de 6 m (A e B), nos quais foram realizadas,
respectivamente, quarenta e trinta e duas medições. Finalmente, nos
Tubos 2, 3, 5, 6 e 8, n corresponde a oito medições.
101
(a) Perfil da tensão residual longitudinal dos 72 pontos avaliados no Tubo 1 e sua respectiva envoltória.
(b) Perfil da tensão residual circunferencial dos 72 pontos avaliados no Tubo 1 e sua respectiva envoltória.
Figura 36 – Distribuição das tensões residuais médias: Tubo 1, processo UOE.
102
Ao avaliar a Figura 36, bem como as imagens apresentadas no
Apêndice A, observa-se uma maior dispersão nos passos iniciais e finais
de furação, o qual pode ser explicado pelas seguintes razões:
(a) A dispersão dos resultados nos passos iniciais pode ser
consequência de pequenas irregularidades superficiais (marcas
geradas tanto nos processos de conformação quanto na aplicação
do revestimento). Além disso, o baixo nível de deformação nos
passos iniciais de furação também pode contribuir para o aumento da incerteza, como explica Schajer e Whitehead (2013).
(b) A dispersão dos resultados nos últimos incrementos de furação
pode ser atribuída, principalmente, ao mau condicionamento
matemático do método integral utilizado para a avaliação do estado
de tensões. Por se tratar de uma metodologia inversa, ele tem uma
solução mal condicionada (ill-possed) (SCHAJER; WHITEHEAD,
2013). Consequentemente, as matrizes e a b , aplicadas na Eq. 4,
são menos sensíveis para os incrementos finais. Isto ocorre porque
as constantes de calibração decrescem com o aumento da
profundidade e, consequentemente, permitem que pequenas
flutuações nas deformações medidas produzam grandes variações
nas tensões calculadas. Com o aumento da profundidade de
furação, as deformações na superfície em torno do furo (geradas
pelo alívio de tensões) diminuem em magnitude e a sensibilidade da técnica é reduzida consideravelmente.
Por estas razões, a análise B, apresentada no tópico 3.3.1,
selecionou o intervalo de avaliação entre as profundidades 0,20 e
0,80 mm, visando definir um valor LS mais estável a cada ensaio.
Ainda sobre a faixa que compreende a envoltória EP3, em geral,
esta foi maior para as tensões longitudinais, principalmente nas amostras
de fabricação UOE (porém, tal dispersão não reflete os resultados de
uma mesma posição angular nas seções de medição).
Uma possível explicação para a maior dispersão das tensões
longitudinais em amostras UOE pode estar relacionada com a produção
da chapa metálica durante as operações de laminação, antes da
fabricação do tubo pela conformação UOE. Uma característica
importante presente na laminação é a conservação do volume do material enquanto a espessura é reduzida (KYRIAKIDES; CORONA,
2007). Assim, o comprimento da chapa (associada com a direção
longitudinal do tubo) aumenta ao passo que a espessura é diminuída, e a
largura (relacionada com a direção circunferencial) é mantida
praticamente constante durante o processo de laminação. Por estas
103
razões, a direção longitudinal da chapa pode ter variações maiores nas
propriedades mecânicas, bem como nas deformações plásticas ocorridas
nesta direção (KYRIAKIDES; CORONA, 2007).
5.1.1 Perfis de Tensão Residual Típicos
Em frente às avaliações realizadas nas diferentes amostras, são
notáveis as semelhanças entre os perfis de tensão residual cujos tubos
possuem mesmo processo de fabricação.
Dessa forma, a Figura 37 exibe um comparativo entre os perfis da
tensão residual (longitudinal e circunferencial) para as amostras do
processo UOE (Tubos 1, 2 e 3), as quais possuem especificações
técnicas distintas (diferentes diâmetros, espessuras e graus do aço).
Nos perfis de tensão longitudinal, Figura 37 (a), nota-se maior
variação até uma profundidade de 0,40 mm. Com o aumento da
profundidade, os mesmos perfis tornam-se ainda mais semelhantes e
com magnitude constante a partir de 0,60 mm, mesmo conhecendo a
ampla envoltória observada em cada amostra. Para os perfis de tensão
circunferencial, Figura 37 (b), também se observa a variação inicial e a
mesma semelhança na segunda metade do ensaio. As tensões em ambas
as direções são predominantemente compressivas, como observado nas
informações apresentadas na revisão bibliográfica.
A mesma análise comparativa entre amostras com solda ERW
pode ser vista na Figura 38 (Tubos 4, 5 e 6). Todas as amostras possuem
o mesmo diâmetro, mas diferem na espessura de parede e no grau do
aço. Mesmo assim, os perfis de tensão longitudinal e circunferencial,
(Figura 38 (a) e (b)) seguem uma mesma tendência: tensões fortemente
negativas nos passos iniciais (maior magnitude) e bastante positivas nos
passos finais. No entanto, nota-se maior intensidade positiva na direção
longitudinal que pode estar relacionada com a etapa inicial de
desbobinamento da tira, conforme visto na revisão bibliográfica. Quanto
à diferença entre os perfis de tensão dessas amostras, espera-se que o
grau do material seja uma possível explicação, a qual deve ser
confirmada mediante novas avaliações em outras amostras (Tubo 5
possui grau X46 enquanto Tubos 4 e 6 são X65 e X70, nesta ordem).
A amostra Tubo 7 (conformada por calandras) é formada pela
união de dois segmentos de mesmo diâmetro, espessura e material. Os
perfis de tensão em cada segmento são análogos entre si (ver Figuras A6
e A7, Apêndice A) com presença exclusiva de tensões compressivas (em
ambas as direções) ao longo da profundidade de análise, como esperado
no raciocínio apresentado na revisão bibliográfica.
104
(a) Perfis da tensão residual longitudinal para as amostras do processo UOE:
Tubos 1, 2 e 3.
(b) Perfis da tensão residual circunferencial para as amostras do processo
UOE: Tubos 1, 2 e 3.
Figura 37 – Distribuição das tensões residuais medidas em amostras do
processo UOE.
105
(a) Perfis da tensão residual longitudinal para as amostras fabricadas por solda ERW: Tubos 4, 5 e 6.
(b) Perfis da tensão residual circunferencial para as amostras fabricadas por solda ERW: Tubos 4, 5 e 6.
Figura 38 – Distribuição das tensões residuais medidas em amostras fabricadas por solda ERW.
106
Logo, parece evidente que os níveis de tensão residual são
influenciados em maior intensidade pelo processo de fabricação do que
pelas especificações do tubo, tais como a geometria e grau do aço.
Ainda sobre as Figuras 37 Figura 37e 38: Os perfis de tensão para
cada amostra de tubo são resultantes da avaliação particular em cada
uma delas (lembrando que setenta e duas medições foram realizadas nos
Tubos 1 e 4, ao passo que nas demais amostras, oito medições). Nem
por isso, houve divergência entre o comportamento típico visto em cada
processo de fabricação. Portanto, em uma seção transversal do tubo, a
medição de alguns pontos equidistantes poderia ser suficiente para
determinar um perfil representativo da tensão residual de toda a amostra.
Outra comparação pode ser vista na Figura 39. Esta apresenta as
diferenças na distribuição de tensão entre as amostras, comparando os
perfis de tensão ( Lσ e Cσ ) adquiridos nas amostras conformadas pelos
processos UOE, ERW e por calandras (Tubos 1, 4 e 7-A, nesta ordem,
todos com costura), além daquela trefilada a frio (sem costura, Tubo 8).
Para a primeira parte do ensaio (até 0,50 mm), a amostra Tubo 1,
assim como as demais do processo UOE, apresentam tensões (em ambas
as direções) menos compressivas. Por outro lado, o Tubo 4 apresenta as
tensões mais negativas. Os perfis de tensão do Tubo 1 e 4 se cruzam a
cerca de 0,55 mm de profundidade, o que que é semelhante ao ponto de
inflexão encontrado nas amostras dos processos UOE e ERW.
Para o perfil do Tubo 7-A, este cruza apenas o perfil Tubo 4 na
profundidade em torno de 0,45 mm, com tensão na ordem de -200 MPa
(para ambas as direções).
Na segunda metade do ensaio (de 0,50 mm até o final), Tubo 7-A
mante-se sempre negativo. O Tubo 4 apresenta fortes tensões trativas,
principalmente na direção longitudinal. Já no Tubo 1, as tensão
longitudinal estão próximas de zero enquanto a tensão circunferencial
encontra-se levemente positiva.
Analisando a única amostra sem costura, os perfis de tensão Lσ e
Cσ do Tubo 8 apresentam comportamento semelhante aos do Tubo 4,
porém menos compressivo, até 0,55 mm de profundidade. Nos passos
seguintes, os perfis tornam-se trativos e quase constantes (na ordem de
100 MPa) nos últimos sete incrementos de furação. Tais perfis cruzam todos os outros já apresentados, acima da profundidade 0,70 mm.
Na avaliação de todas as amostras, observa-se o predomínio de
tensões compressivas na superfície externa dos tubos. Estas causam um
efeito benéfico, visto que evitam a formação e crescimento de trincas,
aumentam a resistência à fadiga, bem como à corrosão sob tensão.
107
(a) Perfis da tensão residual longitudinal em amostras de diferentes processos.
(b) Perfis da tensão residual circunferencial em amostras de diferentes processos.
Figura 39 – Distribuição das tensões residuais em amostras conformadas pelos processos UOE, ERW e por calandras (com costura), além daquela trefilada a
frio (sem costura).
108
5.2 Ensaios com Carregamento: Medição de Tensões sob Flexão
As medições de tensões sob flexão ocorreram no Tubo 8, sob um
carregamento conhecido na bancada experimental.
Como exemplo, a Figura 40 exibe os mapas de diferença de fase
das oito posições de medição que circundam a seção S3. Assim, na
presença do estado de flexão, o extradorso do tubo sofre um esforço
trativo enquanto, no intradorso, o esforço é compressivo.
Nessa figura, evidenciam-se as mudanças nos mapas de diferença
de fase conforme a influência da tensão de flexão. A formação de
franjas reflete a intensidade de tensão em cada posição angular. Por esse
motivo, as geratrizes 90° e 270°, sob máxima influência do estado de
flexão, apresentam maior quantidade de franjas do que, por exemplo, as
medições vizinhas. O mesmo comportamento de formação de franjas foi
visto nas seções S4 e S5, porém em maior intensidade nas regiões de
máxima solicitação, visto que o momento fletor é superior (ver
Apêndice B).
Figura 40 – Mapas de diferença de fase (para o vigésimo passo) das medições
de tensão sob flexão ao longo da seção S3, Tubo 8.
Ainda na Figura 40, nas posições de medição 0° e 180°
(coincidentes com a linha neutra), nota-se o padrão de franjas circulares
109
idêntico ao observado na avaliação sem carregamento externo, Figura
33 (d), quando tensões residuais foram medidas. Consequentemente,
também foram observadas tensões equibiaxiais (entre L e C ) nos
resultados adquiridos na linha neutra. Como exemplo, a Figura 41
mostra a distribuição de tensões na posição 180º, a qual é semelhante ao
comportamento visto na posição 0º dessa seção.
Figura 41 – Distribuição das tensões na posição 180º, linha neutra da seção S3
do Tubo 8 sob flexão.
No extradorso do tubo (Figura 40), entre os ângulos 45° a 135°,
as franjas apresentam comportamento coerente à tensão trativa
longitudinal. As tensões compressivas, de origem residual, são
atenuadas na direção longitudinal pelas tensões trativas geradas pela
flexão. Este fenômeno pode ser observado na Figura 42, a qual exibe o
comportamento da tensão longitudinal L na posição 90º, este acima
dos perfis de tensão encontrados na linha neutra (0º e 180º).
O contrário, porém, pode ser visto na região do intradorso
(posições entre 225º e 315º). As tensões residuais compressivas, presentes no local, são intensificadas na direção longitudinal pela tensão
de flexão que, por sua vez, desloca o perfil de tensão longitudinal para
baixo, conforme mostra a Figura 42. A distribuição da tensão L na
posição 270º encontra-se abaixo dos perfis de tensão referentes à linha
110
neutra e, por esta razão, o padrão de franjas torna-se mais alongado e
intenso na direção longitudinal (ver intradorso, Figura 40).
Figura 42 – Distribuição da tensão longitudinal em três posições distintas da
seção S3 quando em flexão.
Quanto às tensões L e C no extradorso e intradorso do tubo,
observou-se que elas não são equibiaxiais. O Apêndice C mostra a
distribuição dessas tensões nos ângulos 90º e 270º da seção S3. Tal
comportamento de afastamento das tensões deve-se ao efeito do
momento fletor na seção transversal do tubo.
Ainda na mesma seção sob flexão, a Figura 43 (a) mostra a
distribuição da tensão circunferencial C nas posições 0° e 180°, além
do perfil da tensão C média, este calculado mediante a média
aritmética de cada incremento de furação, considerando os oito pontos
medidos ao longo da seção S3. Já a Figura 43 (b) apresenta o
comparativo entre os perfis de C média para as seções S3, S4 e S5 do
Tubo 8 sob flexão. Adicionalmente, tanto em (a) quanto em (b), há o
perfil de tensão residual, P3C, e a envoltória do perfil, EP3C, ambos
estimados para o Tubo 8 quando o mesmo estava livre de qualquer
carregamento externo (tal como ilustrados na Figura A8 (b), no
Apêndice A).
111
(a) Perfis da tensão circunferencial no Tubo 8 sob flexão (na linha neutra e
tensão média na seção S3), bem como o P3C e a EP3C para o mesmo tubo.
(b) Perfis da tensão circunferencial média nas seções do Tubo 8 sob flexão
(S3, S4 e S5), além do P3C e a EP3C para o mesmo tubo.
Figura 43 – Comparativo entre os perfis de tensão circunferencial no Tubo 8, quando com ou sem flexão.
112
As similaridades entre as tensões circunferenciais no Tubo 8 são
bastante interessantes, seja sob flexão (na linha neutra e entre C média
das seções), seja na comparação com as tensões residuais. Ademais, elas
estão contidas na EP3C. Diante do estado de flexão, as tensões
circunferenciais são menos afetadas e, por isso, os perfis da C média
das seções são semelhantes ao P3C.
Em avaliações em campo, quando nenhuma informação é
conhecida sobre o carregamento, estes resultados sugerem que as
tensões circunferenciais possam ser estimadas pela combinação da
parcela de tensão residual mais a parcela oriunda da pressão interna, esta
bem definida (PACHECO, 2014). Dessa forma, a componente de tensão
residual circunferencial pode ser estimada e relacionada à C média.
Considerando que as tensões residuais são equibiaxiais, a tensão
circunferencial poderia ser utilizada como estimativa da tensão residual
longitudinal para compensar o efeito da tensão residual longitudinal na
estimativa da carga axial atuante no duto. Isto eliminaria a necessidade
de uma amostra desconectada ao duto para a avaliação de tensões
residuais.
5.2.1 Avaliação das Propostas que Definem a Tensão Longitudinal
Característica de uma Medição
Como esclarecido anteriormente, o processo de medição com a
técnica do furo cego pode oferecer, como resultado, um perfil de tensão
em função da profundidade. No entanto, para calcular a intensidade do
carregamento externo atuante em um tubo sob flexão, é necessário
extrair um valor de tensão longitudinal LS que seja característico do
perfil de tensão de um ensaio. Para isso, dezessete propostas foram
apresentadas no tópico 3.3.1, sendo elas avaliadas por meio dos
resultados adquiridos nas medições de tensão com carregamento (Tubo
8). A seguir, apresentam-se os resultados e discussões dessas avaliações.
Tensão de flexão e momento fletor
Em meio às propostas avaliadas, algumas se mostraram
relacionadas com os valores de referência da bancada de flexão
(determinados pelos extensômetros de resistência elétrica e célula de
carga). Todavia, boa parte das propostas não levou a valores de tensão
de flexão comparáveis com os de referência.
113
Na análise que se segue, nenhum valor LS calculado a partir das
diferentes propostas foi considerado ponto espúrio pelo método
estatístico de Peirce, apresentado por Ross (2003).
Assim sendo, diante dos valores adquiridos de tensão de flexão e
de momento fletor, podem ser consideradas promissoras as seguintes
estratégias:
- Proposta 4: Avaliação na profundidade 0,60 mm;
- Proposta 9: Média aritmética do perfil de tensão de 03 passos;
- Proposta 13: Média ponderada com 03 passos de furação;
- Proposta 17: Média ponderada com 03 passos de furação - ASTM.
Nestas, os resultados adquiridos foram muito semelhantes entre
si, tanto nos valores medidos quanto nos cálculos de incerteza. As
tabelas contidas no Apêndice D exibem os resultados destas e das
demais propostas.
Como exemplo, a Figura 44 apresenta os resultados obtidos com
a Proposta 4, limitado às três seções em análise (S3, S4 e S5). Os
valores medidos e as incertezas expandidas estão representados no
diagrama de referência (momento fletor e distribuição da tensão de
flexão). Para o cálculo dos intervalos de confiança, determinou-se o
número graus de liberdade efetivo segundo equacionamentos indicados
por Castrup (2010), que apresenta uma variação da equação de Welch-Satterthwaite aplicável às combinações de erros independentes e
correlacionados.
Figura 44 – Resultados da Proposta 4 e suas incertezas expandidas no diagrama
de momento fletor e distribuição da tensão de flexão (valores de referência).
114
A Figura 44 representa bem os resultados encontrados nas
propostas julgadas promissoras para os cálculos de tensão e grandezas
atuantes em um padrão de flexão. Os valores medidos estão próximos
aos de referência, bem como a incerteza foi relativamente pequena
(comparado com outras propostas). No entanto, escolheu-se a Proposta 4
como representante desse grupo pela fácil aquisição do valor LS .
Ainda na análise das propostas, outras foram consideradas
razoáveis:
- Proposta 2: Avaliação na profundidade 0,50 mm;
- Proposta 3: Avaliação na profundidade 0,55 mm;
- Proposta 5: Avaliação na profundidade 0,65 mm;
- Proposta 6: Média aritmética do perfil de tensão de 20 passos;
- Proposta 7: Média aritmética do perfil de tensão de 13 passos.
Tal classificação deveu-se à elevada incerteza expandida
apresentada pelas propostas ou ainda, ao valor medido divergente do
valor de referência (mesmo quando o intervalo de confiança da proposta
o compreendia).
A Figura 45 mostra os valores medidos das propostas
consideradas razoáveis no diagrama de momento fletor e tensão de
flexão. Os resultados completos podem ser vistos no Apêndice D.
Figura 45 – Resultado das propostas consideradas razoáveis no diagrama de
momento fletor e distribuição da tensão de flexão.
115
As Propostas 6 e 7 foram as melhores avaliadas, mesmo
apresentando valores medidos inferiores aos da referência. Todavia, seus
intervalos de confiança foram os menores deste grupo.
Por fim, as demais propostas foram julgadas impróprias quanto à
estimativa da distribuição de tensão e seu momento fletor. Seus
resultados não se aproximaram dos valores de referência e suas
incertezas, por vezes, foram demasiadas (ver Apêndice D). Assim,
foram consideradas inválidas as seguintes estratégias:
- Proposta 1: Tensão uniforme até a profundidade de 1 mm;
- Proposta 8: Média aritmética do perfil de tensão de 08 passos;
- Proposta 10: Média ponderada com 20 passos de furação;
- Proposta 11: Média ponderada com 13 passos de furação;
- Proposta 12: Média ponderada com 08 passos de furação;
- Proposta 14: Média ponderada com 20 passos de furação - ASTM;
- Proposta 15: Média ponderada com 13 passos de furação - ASTM;
- Proposta 16: Média ponderada com 08 passos de furação - ASTM.
Dessa forma, a Figura 46 apresenta os valores medidos por estas
propostas no diagrama de momento fletor e tensão de flexão. Detalhes
sobre os resultados e intervalos de confiança podem ser vistos no
Apêndice D.
Figura 46 – Resultado das propostas consideradas inválidas no diagrama de momento fletor e distribuição da tensão de flexão.
116
Orientação da linha neutra
Quanto à determinação da orientação da linha neutra, em geral,
todas as propostas mostraram-se adequadas. Os valores medidos
estiveram bastante próximos do valor de referência e suas incertezas
foram relativamente pequenas.
Vale lembrar que, devido à configuração do dispositivo de flexão,
a linha neutra de referência encontra-se na vertical, ou seja, na posição
angular 0º.
Como exemplo, a Figura 47 apresenta um gráfico qualitativo com
orientação da linha neutra determinada nas três seções utilizando a
Proposta 4. Porém, este é bastante representativo para com os resultados
adquiridos na maioria das propostas.
Figura 47 – Orientação da linha neutra nas três seções segundo a Proposta 4.
No conjunto de propostas classificadas como promissoras, o valor
medido da linha neutra esteve entre -4 e 4°, sendo os erros inferiores a
10° (em todos os casos).
Já para as propostas consideradas razoáveis, o valor medido
esteve entre -6 e 4°. Entretanto, os mesmo apresentaram maior intervalo
de confiança: 60% das medições tiveram incerteza expandida entre 10 e
20° e 40%, entre 4 e 8°. A Proposta 2 foi a que apresentou maior faixa
de incerteza (com máxima de 20º). Por outro lado, a Proposta 7 foi a
menor (com máxima de 8°).
Finalmente, as propostas julgadas impróprias ou inválidas para o
cálculo da distribuição de tensões e momento fletor apresentaram,
entretanto, resultados aceitáveis na avaliação da orientação da linha
90º
0º
270º
180º
117
neutra. O valor medido esteve entre -5 e 3°, com incerteza expandida
entre 7 e 13°.
No Apêndice D é possível constatar os valores calculados para a
orientação da linha neutra e respectivos intervalos de confiança para
cada proposta em estudo.
Carregamento Axial e Tensão Axial
Para todas as propostas avaliadas anteriormente, observou-se a
presença de carregamento axial e, consequentemente, tensão axial
diferente de zero. Embora a bancada de flexão não tenha sido
desenvolvida para aplicar e avaliar tensões axiais, sua presença nos
resultados experimentais encorajam a procura de possíveis causas para
sua existência. Considerando as magnitudes encontradas, observou-se
que uma possível causa seria a presença das tensões residuais existentes
no tubo geradas pela fabricação.
Como exemplo, Tabela 10 exibe os valores de tensão axial
(equivalente à tensão longitudinal média, med
LS ) obtidos na seção S3 do
Tubo 8 sob flexão (ver coluna “Tensões Combinadas”: tensões residuais
somadas as tensões geradas pela flexão). Os valores de tensão axial
foram obtidos por meio das Propostas 4, 6 e 7 (estas, consideradas as
mais adequadas na avaliação mostrada previamente na bancada
experimental).
Tabela 10 – Tensão axial na seção S3.
Antes e após compensar as tensões residuais.
Seção S3
Propostas para
determinar o
valor único SL
Tensões Combinadas Compensando as Tensões
Residuais
med
LS (MPa) CS (MPa) med
LS (MPa)
Proposta 4 32,0 ± 8,5 +64,7 -32,7 ± 8,5
Proposta 6 -86,9 ± 8,1 -62,9 -24,0 ± 8,1
Proposta 7 -82,9 ± 5,1 -69,2 -13,7 ± 5,1
Diante da presença de tensão axial nos resultados adquiridos na
bancada de flexão, buscou-se cancelar tal tensão por intermédio da
anulação do efeito das tensões residuais. Por isso, estimou-se o valor
118
único da tensão circunferencial CS para cada proposta (ainda na coluna
“Tensões Combinadas”), considerando este valor equivalente à tensão
residual na direção longitudinal. Esta suposição baseia-se no fato de
terem sido encontradas tensões residuais equibiaxiais em todas as
amostras apresentadas até o momento, inclusive no Tubo 8 que constitui
a bancada de flexão.
Assim, determinou-se o valor CS considerando a equivalência
entre o perfil de tensão residual circunferencial e o perfil de tensão
circunferencial média ( C média ) em cada seção sob flexão (como
mostrou a Figura 43 (b)). Nota-se que os valores de CS não são iguais,
já que cada proposta adota uma estratégia de cálculo diferente para
determinar a tensão característica.
O novo valor de tensão axial, após anular o efeito das tensões
residuais (ver Tabela 10, coluna “Compensando as Tensões Residuais”),
ocorreu pela diferença entre med
LS e CS , estes adquiridos mediante as
tensões combinadas. Como resultado, esperava-se que o novo valor de
tensão axial fosse zero ou muito próximo disso. Entretanto, isto não foi
evidenciado em nenhuma das propostas.
O que se observou foi a redução dessa tensão de
aproximadamente 66 MPa. Mesmo assim, considerou-se válida a
anulação das tensões residuais por meio dessas propostas, já que trouxe
uma informação mais realista sobre a tensão axial presente na bancada
de flexão (principalmente com a Proposta 7). Porém, novos estudos e
avaliações experimentais devem ser realizados, não só para tentar
entender os possíveis motivos relacionados com estas diferenças
(sobretudo na Proposta 4), mas também para avaliar com mais detalhes
o efeito da flexão sobre as tensões circunferenciais.
5.3 Medição Comparativa entre as Técnicas DSPI e SG
Como mencionado anteriormente, essa análise visa confirmar a
confiabilidade do dispositivo POLAR utilizado neste estudo, já
comprovada anteriormente em outros trabalhos.
Assim, a Figura 48 exibe os resultados obtidos por meio das
medições com o dispositivo POLAR (técnica DSPI) e com a roseta
extensométrica (SG). As envoltórias EP3L e EP3C também estão
apresentadas. Estas são resultantes da avaliação com a técnica DSPI no
Tubo 4, as mesmas apresentadas na Figura A3 (Apêndice A).
119
(a) Perfis da tensão residual longitudinal para as medições individuais com
extensometria (SG) e com o dispositivo POLAR (DSPI).
(b) Perfis da tensão residual circunferencial para as medições individuais com
extensometria (SG) e com o dispositivo POLAR (DSPI).
Figura 48 – Medições comparativas entre as técnicas DSPI e SG no Tubo 4 para as tensões (a) longitudinais e (b) circunferenciais.
120
Vale lembrar que as medições comparativas foram realizadas
sobre uma mesma superfície com o método do furo cego, respeitando a
distância mínima entre furos maior do que cinco vezes o diâmetro do
orifício, como mostra a Figura 49.
Figura 49 – Medição de tensão com o método do furo cego. Roseta
extensométrica (SG) instrumentada próxima ao furo da medição com DSPI.
Na análise comparativa entre DSPI e SG, observa-se boa
concordância dos resultados experimentais. Para cada incremento de
furação, as medidas quantitativas de tensão são comparáveis e
equivalentes. Os perfis de tensão Lσ e Cσ adquiridos com SG esteve
dentro da envoltória do perfil ao longo de toda profundidade de análise.
Finalmente, os perfis de tensão de ambas as técnicas seguem o
mesmo comportamento dos perfis P3L e P3C do Tubo 4 (Figura A3 do
Apêndice A): até a profundidade do furo em torno de 0,55 mm, os perfis
Lσ e Cσ são negativos, ao passo que tornam-se positivos nos passos
subsequentes. Ao final do ensaio (profundidade de 1,00 mm) as tensões
são altamente trativas, com valores mínimos da ordem de 55% do limite
de escoamento para o material API 5L X65.
121
6 ESTUDO DE CASO
O presente capítulo apresenta as medições realizadas em campo
durante a substituição de um trecho de duto enterrado.
Antes do seccionamento do duto, tensões mecânicas foram
medidas pelo método do furo cego com o dispositivo POLAR. Os
resultados foram aplicados nas Propostas 4 e 6, vistas anteriormente,
para determinar o carregamento externo atuante no duto.
No seccionamento do trecho, deformações foram medidas com
extensômetros de resistência elétrica para conhecer o alívio de tensões
gerado pelo corte. Os resultados foram comparados com os estimados
previamente com as Propostas 4 e 6.
O trecho substituído tinha as seguintes características: material
API 5L X46, diâmetro nominal externo de 323,8 mm (NPS 12) e
espessura nominal de 7,9 mm. Não havia registros sobre a fabricação do
tubo, mas, possivelmente, a solda era do tipo SAW. Outros dados que
identificam o duto e o local avaliado foram propositalmente omitidos em
atendimento a requisitos de sigilo.
6.1 Medição de Tensões Mecânicas em Duto de Transporte
Antes do seccionamento do trecho, o duto encontrava-se em
operação, ora com o produto em repouso, ora em bombeio. A pressão do
produto durante o repouso era de 50,5 bar (51,5 kgf/cm²) e, durante o
bombeio, de 57,4 bar (58,5 kgf/cm²).
Nessas ocasiões, foram realizadas medições de tensões mecânicas
pelo método do furo cego em três seções transversais de um único
segmento de tubo (S1 e S2 com o produto em repouso, S3 em bombeio).
A Figura 50 (a) indica tais seções, as quais estavam separadas entre si a
uma distância de 3,6 m. O tubo exposto possuía comprimento total de
12,7 m e encontrava-se engastado no terreno. As seções S1 e S2 estavam
afastadas do engaste mais próximo a 1,7 e 3,8 m, respectivamente.
Em cada seção, definiram-se cinco pontos de medição
regularmente espaçados (a cada 72°), segundo recomendações de
Pacheco (2014). A Figura 50 (b) ilustra as posições angulares de avaliação. A orientação adotada foi o sentido horário, na direção do
fluxo, sendo o ponto superior definido como a posição angular 0°. As
medições foram afastadas do cordão de solda e de qualquer anomalia na
espessura. Por isso, as seções foram inspecionadas por ultrassom, o qual
apontou espessura de parede de (7,9 ± 0,2) mm.
122
Ainda na Figura 50 (a), é possível notar que o trecho em
avaliação apresentava uma curvatura num plano inclinado, localizada
entre as seções S1 e S3. Tal curvatura pode ser consequência de uma
acomodação do solo ou ainda o tubo pode ter sofrido um curvamento a
frio durante a fase de montagem.
A medição de tensões mecânica foi realizada com o dispositivo
POLAR, Figura 51, segundo o procedimento apresentado no tópico 3.2.
(a) (b)
Figura 50 – Medição de tensões mecânicas em trecho de duto. (a) seções de avaliação e sentido do fluxo; (b) orientação dos pontos de medição
na seção transversal do tubo.
Figura 51 – Medição de tensões realizada em campo com o dispositivo
POLAR.
S1
S3
S2
Sentido
do fluxo
θ
123
A distribuição das tensões na superfície do duto, ao longo da
posição angular das seções S1, S2 e S3, foi utilizada para decisões
quanto à ancoragem do duto para o posterior seccionamento.
6.1.1 Determinação das Tensões Mecânicas
A partir do perfil de tensões adquirido em cada ponto de medição,
determinou-se a tensão longitudinal LS representativa mediante as
seguintes propostas:
- Proposta 4: Avaliação na profundidade 0,60 mm;
- Proposta 6: Média aritmética do perfil de tensão de 20 passos.
Lembrando que, na avaliação das propostas apresentada no
capítulo anterior, a primeira apresentou bons resultados e foi julgada
promissora na determinação das grandezas atuantes em um estado de
flexão. Já a última foi considerada razoável. Entretanto, decidiu-se
aplicá-la visto que foi recomenda por Pacheco (2014).
Os valores LS foram avaliados pelo critério estatístico de Peirce
(ROSS, 2003) a fim de identificar a existência de pontos espúrios, os
quais não foram observados.
Posteriormente, os mesmos valores LS foram utilizados para
determinar o carregamento externo atuante no tubo em termos de força
axial, momento fletor, tensão máxima devida à flexão e sua localização
em , além da orientação da linha neutra.
A tensão circunferencial CS também foi estimada por intermédio
das mesmas propostas, visando à analogia com as tensões residuais.
6.1.2 Resultado da Medição de Tensões Mecânicas
Os resultados das tensões mecânicas obtidos em cada seção por
intermédio das propostas mencionadas, inicialmente, referem-se às
tensões combinadas: tensões residuais somadas às tensões geradas pela
ação do terreno e às tensões de serviço, derivadas da pressão interna.
Vale destacar que no carregamento resultante da interação solo/duto tensões de difícil identificação podem estar presentes como as
de origem térmica e as geradas durante a montagem do duto.
Como exemplo, as Tabelas 11 e 12 exibem um resumo das
tensões longitudinais LS e circunferenciais CS em cada posição angular
124
da seção S2, adquiridas com as Propostas 4 e 6, respectivamente. Os
resultados iniciais correspondem às tensões combinadas. As demais
colunas serão explicadas no tópico seguinte.
Para as seções S1 e S3, as tensões combinadas podem ser vistas
nas Tabelas E1 e E2, nesta ordem, no Apêndice E.
Tabela 11 – Resumo dos resultados aplicando a Propostas 4 na seção S2.
Seção S2 – Proposta 4
Posição
angular
Tensões Combinadas
Compensando a Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e
a Tensão Residual
LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa)
0º 119,3 129,1 88,3 25,8 53,7
72º 156,6 145,6 125,6 42,4 91,0
144º 207,3 124,9 176,3 21,6 141,7
216º 165,5 120,0 134,5 16,7 99,9
288º 152,3 169,8 121,3 66,5 86,7
Média 34,6
Tabela 12 – Resumo dos resultados aplicando a Proposta 6 na seção S2.
Seção S2 – Proposta 6
Posição
angular
Tensões
Combinadas
Compensando a
Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e
a Tensão Residual
LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa)
0º 52,8 50,8 21,9 -52,4 81,2
72º 35,6 31,1 4,6 -72,1 64,0
144º 81,0 13,5 50,0 -89,8 109,3
216º 104,6 67,6 73,6 -35,7 133,0
288º 41,9 56,5 10,9 -46,7 70,3
Média -59,4
Ao analisar os valores de tensão combinada em todas as seções,
nota-se que a Proposta 4 revelou tensões demasiadamente trativas
quando comparado com a Proposta 6. Se tais valores forem
125
confrontados com a tensão de escoamento do material (320 MPa, ver
Tabela 3), a Proposta 4 possui níveis relativamente altos de tensão, com
valor LS de até 243,6 MPa (76% do escoamento) na seção S3 (ver
Apêndice E, Tabela E2). Em contrapartida, a maior tensão longitudinal
positiva estimada pela Proposta 6 é praticamente a metade: 122,0 MPa
(38% do escoamento) também observado na seção S3.
Na maioria das seções, o valor de tensão mais trativo está situado
na posição 144º para ambas as estratégias de avaliação (exceto para a
Proposta 6, na seção S2, sendo este na posição 216º).
6.1.3 Discriminação das Componentes da Tensão Combinada
Como mencionado anteriormente, as seções foram avaliadas
enquanto o duto estava em operação. As pressões internas eram
conhecidas, mesmo com o produto em repouso ou em bombeio.
Considerando o efeito da pressão interna, estimaram-se as
componentes de tensão circunferencial e longitudinal em cada seção
mediante a Eq. 26, apresentada por Freire (2009), que utiliza a pressão
nominal que age no duto (p), o raio externo (R) e a espessura de parede
(e) do tubo, além do coeficiente de Poisson (ν). Os valores de pressão
em cada seção foram apresentados no início do tópico 6.1.
C
L C
R
e
p
(26)
Dessa forma, a Tabela 13 apresenta as tensões calculadas devido
à pressão interna que, posteriormente, foram subtraídas das tensões
combinadas medidas ao longo de cada seção.
Tabela 13 – Tensões estimadas pelo efeito da pressão interna.
Seção (produto) L (MPa) C (MPa)
S1 (em repouso) 31,0 103,2
S2 (em repouso) 31,0 103,2
S3 (em bombeio) 35,2 117,4
Retornando às Tabelas 11 e 12, os valores da tensão longitudinal
e circunferencial compensados pelos efeitos da pressão interna na seção
126
S2 estão apresentados na coluna denominada “Compensando a Pressão
Interna”. Tais resultados referem-se à diferença entre a tensão
longitudinal combinada em cada posição angular e a tensão longitudinal
gerada pela pressão interna na própria seção. O mesmo cálculo foi
realizado para as tensões circunferenciais entre as tensões combinadas e
a decorrente da pressão interna. Para as seções S1 e S3, esses valores
estão apresentados nas Tabelas E1 e E2, nesta ordem, no Apêndice E.
Assim, os valores compensados pela pressão interna refletem a
soma das tensões induzidas pelo terreno e as tensões residuais.
Tal dedução refletiu menores níveis de tensão. A Proposta 6
resultou, inclusive, em alguns valores negativos (principalmente em CS ).
Ainda nesta coluna (“Compensando a Pressão Interna”), a tensão
circunferencial CS foi associada ao valor de tensão residual do material
que, ao ser descontado da tensão longitudinal (sem o efeito da pressão
interna), resulta na parcela atribuída à interação solo/duto.
Agiu-se dessa forma uma vez que foi observado no tópico 5.1 que
as tensões residuais adquiridas nas amostras de tubo são equibiaxiais e
que, na avaliação prática na bancada de flexão, tópico 5.2, o perfil das
tensões circunferenciais médias nas seções avaliadas do tubo carregado
possui comportamento análogo ao perfil de tensões residuais do mesmo
tubo. Portanto, julgou-se que a tensão circunferencial poderia ser
utilizada como estimativa das tensões residuais para compensar o efeito
da tensão residual longitudinal na estimativa da carga axial atuante no
duto.
Dessa maneira, ainda nas Tabelas 11 e 12, a última coluna
apresenta as tensões LS após todas as compensações (resultantes da
diferença entre a tensão longitudinal em cada posição angular e o valor
da média CS , ambos sem o efeito da pressão).
Teoricamente, estas seriam as tensões induzidas pelo terreno em
torno da seção em questão. Para as seções S1 e S3, estes valores estão
apresentados, respectivamente, nas Tabelas E1 e E2 (Apêndice E).
De modo geral, as propostas apresentam valores semelhantes de
tensão longitudinal após todas as compensações.
Novamente, para a maioria das seções, a posição angular 144º
apresenta os valores mais trativos de tensão, independente da proposta
de avaliação. A única exceção está na seção S2, na Proposta 6, estando o
ponto localizado na posição 216º.
Com relação ao objetivo dessas medições, a ancoragem do duto
para a realização de um seccionamento seguro na seção S1, ambas as
propostas apresentaram tensão longitudinal LS mais trativa na posição
127
angular 144º nesta seção (tanto compensando apenas os efeitos da
pressão, o que resulta a soma entre a interação do solo e tensões
residuais, como anulando também as tensões desta última). Portanto, tal
resultado sugere um deslocamento do duto para a direção a 144º após o
seccionamento.
6.1.4 Resultados do Carregamento Externo
As Tabelas 14 e 15 apresentam os parâmetros envolvidos no
carregamento externo atuante na seção S2, calculados por meio das
tensões longitudinais LS adquiridas nas Propostas 4 e 6 (apresentadas
nas Tabelas 11 e 12, respectivamente). Os resultados obtidos nas seções
S1 e S3, a partir de seus respectivos valores de tensão, podem ser vistos
nas Tabelas E3 e E4, nessa ordem (Apêndice E).
Em todas as seções e independente da proposta de avaliação,
evidencia-se que a compensação das tensões não modifica as grandezas
relacionadas à flexão, uma vez que o mesmo valor é subtraído de cada
ponto medido. Por outro lado, a mesma compensação afeta
consideravelmente as componentes ligadas ao carregamento axial.
Nota-se ainda na Proposta 4 que o valor da carga axial decresce à
medida que as tensões são compensadas progressivamente. Esse
comportamento foi visto nas três seções. A carga axial final, após todas
as deduções, é em média 40% menor do que a calculada a partir das
tensões combinadas (valor médio entre as três seções).
Na Proposta 6, a força axial também apresenta uma redução ao
compensar os efeitos da pressão interna. Todavia, ao subtrair a tensão
residual (essa negativa), a carga aumenta a níveis maiores do que o valor
estimado inicialmente com as tensões combinadas. Novamente, esse
comportamento foi visto nas três seções e o aumento médio é de 38%
(em relação às tensões combinadas).
Assim, torna-se evidente que estas componentes não podem ser
desprezadas, inclusive as das tensões residuais.
Entretanto, em cada seção, as Propostas 4 e 6 apresentam valores
semelhantes entre si, quanto aos resultados finais de carga axial e de
tensão longitudinal média (associada à tensão axial), após todas as
compensações.
Os parâmetros finais calculados na seção S2 serão comparados
(no tópico 6.2.1) com os resultados adquiridos na mesma seção por
intermédio de extensômetros após o seccionamento do duto.
128
Tabela 14 – Resumo dos valores estimados do carregamento externo atuante na
seção S2, utilizando a Proposta 4.
Seção S2 – Proposta 4
Parâmetros Tensões
Combinadas Compensando a Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e a
Tensão Residual
flexS (MPa) 37,6 ± 11,0 37,6 ± 11,0 37,6 ± 11,0
maxS (°) 160,8 ± 16,2 160,8 ± 16,2 160,8 ± 16,2
M (kN·m) 22,7 ± 6,6 22,7 ± 6,6 22,7 ± 6,6
F (kN) 1249 ± 67 1006 ± 65 736 ± 63
LN (°) 70,8 ± 16,2 70,8 ± 16,2 70,8 ± 16,2 med
LS (MPa) 159,7 ± 7,6 128,7 ± 7,6 94,1 ± 7,6
Tabela 15 – Resumo dos valores estimados do carregamento externo atuante na
seção S2, utilizando a Proposta 6.
Seção S2 – Proposta 6
Parâmetros Tensões
Combinadas Compensando a Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e a
Tensão Residual
flexS (MPa) 29,7 ± 15,2 29,7 ± 15,2 29,7 ± 15,2
maxS (°) -166,8 ± 29,2 -166,8 ± 29,2 -166,8 ± 29,2
M (kN·m) 17,9 ± 9,2 17,9 ± 9,2 17,9 ± 9,2
F (kN) 490 ± 85 248 ± 84 712 ± 86
LN (°) -76,9 ± 29,2 -76,8 ± 29,2 -76,8 ± 29,2 med
LS (MPa) 62,7 ± 10,7 31,7 ± 10,7 91,0 ± 10,7
6.2 Medição de Deformação após o Seccionamento do Duto
A medição de deformação teve por objetivo conhecer o
comportamento decorrente do alívio de tensões gerado pelo seccionamento do duto, executado na seção S1 por uma empresa
terceirizada. Para a medição de deformação, extensômetros de
resistência elétrica tipo roseta XY3 (ou 90º), foram instalados na seção
3 Modelo PA-06-125TG-350-LEN do fabricante EXCEL SENSORES.
129
S2 em quatro pontos regularmente distribuídos (a cada 90° a partir da
posição angular 0º). A Figura 52 mostra a roseta extensométrica
instrumentada em campo e detalhes da mesma.
Figura 52 – Roseta extensométrica XY instrumentada na posição angular 0º.
A deformação na direção longitudinal é a informação de maior
interesse, porém a deformação circunferencial também foi medida para
fins investigativos.
A leitura dessas deformações foi realizada por uma ponte
amplificadora de múltiplos canais (Vishay Measurement Group, Micro-
Measurements, modelo P-3500). Os valores iniciais de referência dos
extensômetros foram adquiridos com o duto já despressurizado/vazio.
Após o seccionamento, nova leitura das deformações foi realizada.
A Figura 53 exibe a condição do tubo após o corte.
Figura 53 – Deslocamento do tubo após o seccionamento (seção S1).
O deslocamento lateral em função do relaxamento do momento
fletor e do efeito do peso próprio ocorreu na direção da posição 144º, o
130
que condiz com o sentido esperado a partir das medições de tensão da
seção S1.
Isto fica evidente na Figura 54. Graficamente, ela ilustra as
tensões LS ao longo da seção S1, calculadas após a compensação da
pressão (valores apresentados na Tabela E1, no Apendice E). A maior
intensidade da tensão trativa encontra-se na posição 144º, demonstrada
principalmente pela Proposta 4. A presença de torção não foi notável,
como mostra a Figura 53.
Figura 54 – Distribuição das tensões longitudinais (compensadas pela pressão
interna) na seção S1, calculadas mediante as diferentes propostas.
6.2.1 Resultado da Medição de Deformação
A Tabela 16 apresenta as deformações medidas na seção S2 com
extensômetros (SG) após o secionamento do tubo. As deformações na
direção circunferencial foram menos expressivas, como já se esperava.
Tabela 16 – Deformação adquirida com SG após o seccionamento do tubo.
Posição angular
de medição
Deformação (μm/m) na direção:
Longitudinal ( L ) Circunferencial ( C )
0º +50 +14
90º -290 +120
180º -535 +167
270º -208 +96
131
A partir das componentes de deformação longitudinal e
circunferencial medidas em cada posição angular , calculou-se as
tensões atuantes por meio da Eq. 27 (FREIRE, 2009). Os resultados
podem ser vistos na Tabela 17 e expressam a mudança do estado de
tensões decorrente do seccionamento, incluindo a acomodação das
tensões que existiam antes do corte e o efeito do peso próprio do tubo,
que passa para a condição de uma viga em balanço.
2
2
1(1 2 )
(1 )(1 2 )
L L C
C C L
E
E
(27)
Tabela 17 – Variação de tensão na seção S2 pelo seccionamento do tubo
estimada pelos extensômetros (sem compensar a flexão pelo peso próprio).
Tensão (MPa) L C
Posição 0º 15,1 9,5
Posição 90º -64,2 -1,2
Posição 180º -124,8 -16,8
Posição 270º -44,9 1,8
Para considerar o peso próprio do tubo, a tensão de flexão
máxima após o seccionamento foi avaliado pelo modelo elástico
clássico de uma viga em balanço com carga uniformemente distribuída
(HIBBELER, 2009), sob as seguintes condições de avaliação:
comprimento da viga 11,0 m; posição da seção S2 em relação à
extremidade da viga 7,2 m; carga distribuída de 605,1 N/m. Com isto,
estimou-se uma tensão de flexão de 25,9 MPa (cálculo no Apêndice F)
atuando com natureza trativa no ponto 0° e compressiva no ponto 180°
(já que o peso próprio não tem efeito nas outras duas posições
angulares). Assim, os valores foram compensados nestes pontos
(apresentados na Tabela 18), levando a uma estimativa mais realista do
relaxamento de tensões devido ao seccionamento. Nota-se que os resultados apontaram uma variação negativa de
tensões, o que significa que havia um estado trativo agindo no duto
antes do corte (também visto na Figura 53, no afastamento ocorrido após
o seccionamento). Portanto, a troca de sinal nas tensões longitudinais
deve ser considerada na estimativa do carregamento externo atuante no
132
duto antes do corte (compensando o peso próprio do tubo ou não), como
mostra a Tabela 19.
Tabela 18 – Variação da tensão longitudinal na seção S2 pelo seccionamento do tubo estimada pelos extensômetros e compensando o peso próprio.
Tensão (MPa) L
Posição 0º -10,8
Posição 90º -64,2
Posição 180º -98,9
Posição 270º -44,9
Tabela 19 – Carregamento externo na seção S2 antes do seccionamento do duto
compensando ou não a flexão pelo peso próprio.
Parâmetros na
Seção S2
Não compensando a flexão pelo peso próprio
Compensando a flexão pelo peso próprio
flexS (MPa) 70,6 ± 0,2 45,1 ± 0,2
maxS (°) 172,1 ± 0,2 167,6 ± 0,2
M (kN·m) 42,6 ± 1,0 27,2 ± 0,7
F (kN) 428 ± 11 428 ± 11
LN (°) 82,1 ± 0,2 77,6 ± 0,2
med
LS (MPa) 54,7 ± 0,1 54,7 ± 0,1
A compensação relacionada ao peso próprio não mudou o valor
do carregameto axial, estimado em 428 kN. No entanto, utilizando tal
valor, o resultado analítico para afastamento longitudinal esteve em
torno de 3 mm, muito menor do que o real observado (próximo de
22 mm). Possivelmente, no seccionamento, o afastamento inicial foi
menor e aumentou com o passar do tempo, o que leva a crer que, além
do relaxamento da força axial trativa, o efeito elástico e/ou de fluência
do solo esteve presente.
Outra possível explicação: com a realização do seccionamento, o
alívio da carga axial pode ter se extendido além do trecho desenterrado
(11,0 m). Consequentemente, o afastamento real será maior do que o
resultado analítico.
Considerando apenas o trecho desenterrado, o elevado
afastamento final também não foi previsto com a força axial estimada
133
com a técnica do furo para ambas as propostas (após todas as
compensações), resultando um valor comum em torno de 5 mm. Como
exemplo, o Apêndice F apresenta os cálculos analíticos para o
afastamento longitudinal utilizando a carga axial determinada pela
Proposta 4 (736 kN, Tabela 14).
Para facilitar a comparação entre os resultados obtidos na seção
S2 por intermédio das medições com extensômetros (SG) e com a
técnica do furo cego associada à interferometria (POLAR), a Tabela 20
apresenta os parâmetros já apresentados anteriormente.
Tabela 20 – Carregamento externo atuante na seção S2.
Valores calculados mediante o alívio de tensão gerado pelo seccionamento (deformações medidas com SG), assim como pelas tensões adquiridas com o
POLAR utilizando as Propostas 4 e 6.
Seção S2 Medição com SG Medição com o POLAR:
Parâmetros
Compensando a
flexão pelo peso
próprio4
Compensando a Pressão Interna e
a Tensão Residual
Proposta 45 Proposta 6
6
flexS (MPa) 45,1 ± 0,2 37,6 ± 11,0 29,7 ± 15,2
maxS (°) 167,6 ± 0,2 160,8 ± 16,2 -166,8 ± 29,2
M (kN·m) 27,2 ± 0,7 22,7 ± 6,6 17,9 ± 9,2
F (kN) 428 ± 11 736± 63 712 ± 86
LN (°) 77,6 ± 0,2 70,8 ± 16,2 -76,8 ± 29,2
med
LS (MPa) 54,7 ± 0,1 94,1 ± 7,6 91,0 ± 10,7
Na comparação com os parâmetros estimados com a medição por
SG, em geral, as propostas apresentaram algumas grandezas coerentes
com o esperado, sobretudo os valores calculados com a Proposta 4
quanto à tensão de flexão, momento fletor e orientação da linha neutra.
Entretanto, observa-se que tais propostas apresentaram resultados
semelhantes entre si.
Com relação à carga axial, ambas as propostas estimaram valores
superiores ao calculado por SG (em torno de 70%). Isto reforça a necessidade de mais estudos sobre a determinação dessa grandeza.
4 Resultados apresentados na Tabela 19.
5 Resultados apresentados na Tabela 14.
6 Resultados apresentados na Tabela 15.
134
Outra análise comparativa pode ser vista na Figura 55, a qual
exibe graficamente, em escala de cores, as tensões LS estimadas em
cada ponto da seção S2 antes do seccionamento (tensões estas utilizadas
para determinar os parâmetros apresentadas na Tabela 20). O verde
corresponde às tensões longitudinais nulas. Anil e azul às tensões
negativas. Amarelo, laranja e vermelho às tensões positivas. A
orientação da linha neutra também está representada pela linha púrpura
que passa pelo centro da seção.
(a) SL estimada pelo alívio
gerado com o seccionamento. Consideraram-se os valores
apresentados na Tabela 18 com sinal contrário.
(b) Medição de tensões com o
POLAR, Proposta 4: SL compensado pela pressão interna
e tensão residual (valores apresentados na Tabela 11).
(c) Medição de tensão com o POLAR, Proposta 6: SL
compensado pela pressão interna e tensão residual (valores
apresentados na Tabela 12).
Figura 55 – Representação gráfica na seção S2 das tensões longitudinais estimadas antes do seccionamento e orientação da linha neutra.
135
Nessas imagens, torna-se evidente a semelhança das tensões
longitudinais entre as medições com SG, Figura 55 (a), e as estimadas
por meio das propostas, Figura 55 (b) e (c), especialmente quanto ao
estado trativo mais intenso agindo na região inferior do duto (posições
angulares entre 90º e 270º). Observa-se ainda que a orientação da linha
neutra entre (a) e (b) são equivalentes, ao passo que em (c) encontra-se
oposta ao observado em (a). Todavia, ao considerar a incerteza
calculada na Proposta 6, a orientação da linha neutra torna-se
comparável com a estimada em (a).
136
137
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O carregamento externo atuante em um duto enterrado vai além
dos esforços procedentes da movimentação do solo.
Existem diversas cargas que atuam simultaneamente em um duto,
as quais podem comprometer a integridade estrutural e a perfeita
condição operacional do mesmo.
Dessa forma, definiram-se tensões combinadas como sendo a
ação conjunta de todas as fontes de tensão às quais um duto pode estar
submetido, incluindo aquelas geradas durante a fabricação de tubos, as
chamadas tensões residuais.
O estudo também reforçou a necessidade de considerar as tensões
residuais na avaliação estrutural de dutos em operação, visto que
raramente as mesmas são consideradas. Em frente à importância destas
tensões e o pouco conhecimento que se têm sobre elas, realizou-se um
vasto mapeamento experimental em oito amostras de tubos, estas
obtidas por quatro diferentes processos de fabricação, com o propósito
de conhecer suas distribuições de tensão residual.
Por fim, o presente estudo discutiu e avaliou um conjunto de
métodos para determinar o carregamento externo em dutos enterrados a
partir da medição de tensões combinadas, levando em conta a presença
de tensões residuais. Adotou-se o método do furo incremental aliado à
interferometria DSPI como ferramenta de medição dessas tensões.
Assim, as conclusões sobre este estudo são apresentadas a seguir.
7.1 Conclusões
Sobre as tensões residuais geradas na fabricação de tubos:
As medições realizadas em diferentes amostras de tubos sem
carregamento externo revelaram uma forte correlação entre as tensões
longitudinais e circunferenciais ao longo da profundidade de um ensaio.
Em outras palavras, as tensões residuais em ambas as direções tendem a
um comportamento equibiaxial, principalmente até a profundidade de
0,50 mm. Tal comportamento foi observado em todas as amostras,
independente das especificações técnicas e do processo de fabricação. Ainda em todas as amostras, observou-se o predomínio de
tensões compressivas na superfície externa dos tubos. Isto pode ser
consequência de algum tratamento superficial realizado nos tubos antes
da aplicação do revestimento polimérico. Suspeita-se do procedimento
138
de limpeza (possivelmente realizado por jateamento), mais não foram
encontradas informações relevantes que confirme isto. No entanto, uma
coisa é certa: a presença de tensões compressivas na superfície externa
de tubos causa um efeito benéfico, pois evitam a formação e
crescimento de trincas, bem como aumentam a resistência à fadiga e à
corrosão sob tensão.
Perante o amplo número de medições realizadas nas amostras
selecionadas, foi notável a grande semelhança entre os perfis de tensão
cujos tubos possuem o mesmo processo de fabricação. Em
contrapartida, observou-se a variação desses perfis na comparação entre
as amostras conformadas por diferentes processos. Portanto, as
medições experimentais demonstraram que os níveis de tensão residual
são influenciados, em maior parte, pelo processo de fabricação do que
pelas características do tubo, tais como a geometria (diâmetro e
espessura da parede) e as propriedades do material.
Os resultados experimentais também indicaram que os processos
de fabricação em estudo geram um estado regular de tensões residuais
nos tubos. Observou-se isto tanto na avaliação de uma seção transversal
do tubo (nas diferentes posições angulares de medição) quanto ao longo
do seu comprimento. Desse modo, a medição de alguns pontos
equidistantes em uma seção transversal poderia ser suficiente para
determinar uma distribuição de tensão residual representativa de toda a
amostra.
Sobre a determinação do carregamento externo em dutos:
Na bancada experimental, foram realizadas medições de tensões
em um tubo submetido a um momento fletor conhecido. Nas posições
coincidentes com a linha neutra, os resultados mostraram a formação de
franjas circulares nos mapas de diferença de fase, idêntico ao observado
na avaliação do mesmo tubo sem carregamento (na medição de tensões
residuais). Isto significa tensões equibiaxiais nas posições de linha
neutra.
Ainda nos resultados experimentais, observou-se a similaridade
entre os perfis de tensão circunferencial do tubo, quando este estava ou
não submetido ao momento fletor. Assim, diante do estado de flexão, as tensões na direção circunferencial são menos afetadas e, por isso, os
perfis da tensão circunferencial média ( C média ), calculadas em cada
seção, são semelhantes ao perfil de tensão residual.
139
Esse comportamento é interessante na avaliação em campo.
Considerando que as tensões residuais são equibiaxiais, o valor
representativo do perfil de tensão C média poderia ser utilizado como
estimativa do valor de tensão residual longitudinal, com o propósito de
compensar o seu efeito na análise do carregamento axial atuante no
duto. Isto eliminaria a necessidade de uma amostra desconectada ao
duto para a avaliação de tensões residuais.
Sobre a avaliação do conjunto de métodos propostos para avaliar
o carregamento induzido pelo solo, considerou-se a Proposta 4 como a
mais promissora, seguidas das Propostas 6 e 7.
Já na determinação do carregamento axial, as mesmas propostas
não foram adequadas. Elas mostraram resultados encorajadores, mas
ainda não definitivos. Por isso, o assunto precisa ser mais estudado e
melhor avaliado.
7.2 Sugestões de Trabalhos Futuros
Como sugestões para futuras pesquisas seguindo o tema
apresentado, recomendam-se estudos acadêmicos mais aprofundados
nos seguintes aspectos:
Realizar novas pesquisas para compreender porque as tensões
residuais tendem ao comportamento equibiaxial nos tubos
utilizados na indústria de óleo e gás;
Realizar pesquisas e análises experimentais a respeito dos
procedimentos que antecedem a aplicação do revestimento
polimérico nos tubos, visando compreender se tais etapas
influenciam diretamente na introdução de tensões residuais;
Medir tensões residuais de fabricação na superfície interna de
amostras de tubos (ou ainda em toda a parede) a fim de estimar o
perfil de tensões na espessura de parede;
Medir tensões residuais no cordão de solda e na região próxima a
ele (em uma distância menor que 50 mm) nos diferentes tipos de
processo de fabricação com costura. O objetivo seria conhecer
não só a distribuição de tensão neste local, mas também a distância mínima do cordão de solda necessária para realizar uma
medição de tensão representativa do tubo;
Medir tensões residuais em amostras de mesmo processo fabril
que tenham igual diâmetro e espessura de parede, mas diferentes
graus de aço API 5L. O objetivo seria conhecer a influência da
140
resistência do material na geração de tensões residuais. Outra
análise poderia ser feita tendo como variável o diâmetro do tubo;
Desenvolver e avaliar experimentalmente novos métodos que
melhor concordem com a determinação do carregamento axial
em dutos enterrados, bem como compreender o efeito da flexão
sobre as tensões circunferenciais.
141
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145
APÊNDICE A – Distribuição das tensões residuais em amostras de
tubos
Figura A1 – Perfil da tensão residual média (a) longitudinal e (b) circunferencial
e respectiva EP3: Tubo 2, conformação UOE, 8 pontos de medição.
(a)
(b)
146
Figura A2 – Perfil da tensão residual média (a) longitudinal e (b) circunferencial e respectiva EP3: Tubo 3, conformação UOE, 8 pontos de medição.
(a)
(b)
147
Figura A3 – Perfil da tensão residual média (a) longitudinal e (b) circunferencial
e respectiva EP3: Tubo 4, fabricação por solda ERW, 72 pontos de medição.
(a)
(b)
148
Figura A4 – Perfil da tensão residual média (a) longitudinal e (b) circunferencial e respectiva EP3: Tubo 5, fabricação por solda ERW, 8 pontos de medição.
(a)
(b)
149
Figura A5 – Perfil da tensão residual média (a) longitudinal e (b) circunferencial e respectiva EP3: Tubo 6, fabricação por solda ERW, 8 pontos de medição.
(b)
(a)
150
Figura A6 – Perfil da tensão residual média (a) longitudinal e (b) circunferencial e respectiva EP3: Tubo 7, segmento A, conformação por calandras, 40 pontos
de medição.
(b)
(a)
151
Figura A7 – Perfil da tensão residual média (a) longitudinal e (b) circunferencial
e respectiva EP3: Tubo 7, segmento B, conformação por calandras, 32 pontos de medição.
(a)
(b)
152
Figura A8 – Perfil da tensão residual média (a) longitudinal e (b) circunferencial
e respectiva EP3: Tubo 8, conformação por trefilação a frio, 8 pontos de medição.
(b)
(a)
153
APÊNDICE B – Mapas de diferença de fase das medições
executadas no tubo sob flexão
Figura B1 – Mapas de diferença de fase (para o vigésimo passo) das medições
de tensão sob flexão ao longo das seções (a) S4 e (b) S5, Tubo 8.
(a)
(b)
154
155
APÊNDICE C – Distribuição de tensões nas medições sob flexão
Figura C1 – Distribuição de tensões na posição de medição (a) 90°, extradorso,
e (b) 270°, intradorso, da seção S3 do Tubo 8 sob flexão.
(a)
(b)
156
157
APÊNDICE D – Resultados das propostas avaliadas
As tabelas a seguir apresentam os valores medidos e suas
incertezas (padrão e expandida) para a tensão de flexão, momento fletor
e orientação da linha neutra. Estas foram calculadas a partir das tensões
longitudinais SL características determinadas nas propostas apresentadas
nesta tese.
a) Resultados das propostas consideradas promissoras:
Tabela D1 – Proposta 4: Avaliação na profundidade 0,60 mm.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 196 12 5,0 31 53 3 5,1 8 -4 4 5,0 9
S4 234 13 5,0 33 64 3 5,1 9 2 3 5,0 8
S5 243 14 5,0 36 67 4 5,1 10 4 3 5,0 8
Tabela D2 – Proposta 9: Média aritmética do perfil de tensão de 03 passos.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 196 12 5,0 30 53 3 5,1 8 -4 3 5,0 9
S4 234 12 5,0 31 64 3 5,1 8 1 3 5,0 8
S5 242 14 5,0 35 66 4 5,1 10 3 3 5,0 8
Tabela D3 – Proposta 13: Média ponderada com 03 passos de furação.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 195 12 5,1 30 53 3 5,1 8 -4 4 5,0 9
S4 234 11 5,0 29 64 3 5,1 8 1 3 5,0 7
S5 242 14 5,0 35 66 4 5,1 10 3 3 5,0 8
Tabela D4 – Proposta 17: Média ponderada de 03 passos de furação – ASTM.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 195 12 5,1 30 53 3 5,1 8 -4 4 5,0 9
S4 233 11 5,0 29 64 3 5,1 8 1 3 5,0 7
S5 242 14 5,0 36 66 4 5,1 10 3 3 5,0 8
158
b) Resultados das propostas consideradas razoáveis:
Tabela D5 – Proposta 2: Avaliação na profundidade 0,50 mm.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 171 22 5,1 57 46 6 5,1 16 -6 8 5,1 20
S4 213 24 5,0 61 58 6 5,0 17 -3 6 5,0 17
S5 238 21 5,0 53 65 6 5,0 14 3 5 5,0 13
Tabela D6 – Proposta 3: Avaliação na profundidade 0,55 mm.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 180 17 5,1 43 49 5 5,1 12 -5 5 5,1 14
S4 222 11 5,0 29 61 3 5,1 8 0 3 5,0 8
S5 241 16 5,0 41 66 4 5,1 11 4 4 5,0 10
Tabela D7 – Proposta 5: Avaliação na profundidade 0,65 mm.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 212 14 5,0 35 58 4 5,1 10 -3 4 5,0 10
S4 248 23 5,0 60 68 6 5,0 16 1 6 5,0 14
S5 243 14 5,0 35 66 4 5,0 10 3 3 5,0 8
Tabela D8 – Proposta 6: Média aritmética do perfil de tensão de 20 passos.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 178 11 5,1 29 48 3 5,2 8 -5 4 5,1 10
S4 220 6 5,1 16 60 2 5,3 4 -5 2 5,1 4
S5 212 14 5,0 35 58 4 5,0 10 -2 4 5,0 10
Tabela D9 – Proposta 7: Média aritmética do perfil de tensão de 13 passos.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 183 7 5,0 18 50 2 5,2 5 -4 2 5,0 6
S4 215 8 5,0 20 59 2 5,2 5 -3 2 5,0 5
S5 220 11 5,0 30 60 3 5,0 8 3 3 5,0 8
159
c) Resultados das propostas consideradas inválidas:
Tabela D10 – Proposta 1: Tensão uniforme até a profundidade de 1 mm
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 137 8 5,0 21 37 2 5,1 6 -2 3 5,0 9
S4 168 14 5,0 35 46 4 5,1 10 -2 5 5,0 12
S5 179 9 5,0 23 49 2 5,0 6 1 3 5,0 7
Tabela D11 – Proposta 8: Média aritmética do perfil de tensão de 08 passos.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 165 8 5,0 20 45 2 5,2 6 -4 3 5,0 7
S4 199 9 5,0 23 54 2 5,1 6 -2 3 5,0 7
S5 209 11 5,0 27 57 3 5,0 7 3 3 5,0 7
Tabela D12 – Proposta 10: Média ponderada com 20 passos de furação.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 151 7 5,0 19 41 2 5,1 5 -3 3 5,0 7
S4 186 11 5,0 29 51 3 5,1 8 -3 4 5,0 9
S5 193 10 5,0 27 53 3 5,0 7 1 3 5,0 8
Tabela D13 – Proposta 11: Média ponderada com 13 passos de furação.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 169 11 5,0 28 46 3 5,1 8 -3 4 5,0 10
S4 196 15 5,1 40 54 4 5,1 11 -5 5 5,1 12
S5 208 14 5,0 36 57 4 5,0 10 2 4 5,0 10
Tabela D14 – Proposta 12: Média ponderada com 08 passos de furação.
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 140 10 5,0 25 38 3 5,1 7 -3 4 5,0 10
S4 174 15 5,0 38 47 4 5,1 10 -3 5 5,0 13
160
S5 187 10 5,0 26 51 3 5,0 7 3 3 5,0 8
Tabela D15 – Proposta 14: Média ponderada com 20 passos de furação - ASTM
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 150 7 5,0 17 41 2 5,2 5 -3 3 5,0 7
S4 188 12 5,0 31 51 3 5,1 9 -3 4 5,0 10
S5 195 11 5,0 27 53 3 5,0 8 1 3 5,0 8
Tabela D16 – Proposta 15: Média ponderada com 13 passos de furação - ASTM
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 169 11 5,0 28 46 3 5,1 8 -3 4 5,0 10
S4 197 16 5,1 41 54 4 5,1 11 -5 5 5,1 12
S5 209 14 5,0 36 57 4 5,0 10 2 4 5,0 10
Tabela D17 – Proposta 16: Média ponderada com 08 passos de furação - ASTM
Seção flexS (MPa) M (kN·m) LN (°)
VM u efν U VM u efν U VM u efν U
S3 144 9 5,0 23 39 2 5,1 6 -3 4 5,0 9
S4 179 14 5,0 36 49 4 5,1 10 -3 5 5,0 12
S5 191 10 5,0 26 52 3 5,0 7 3 3 5,0 8
161
APÊNDICE E – Resultados das tensões mecânicas medidas em
campo
a) Resumo das tensões obtidas nas seções S1 e S3 por intermédio das
Propostas 4 e 6, antes e após a sequência de compensações.
Tabela E1 – Resumo dos resultados adquiridos na seção S1, utilizando as
Propostas 4 e 6.
Seção S1 – Proposta 4
Posição
angular
Tensões Combinadas
Compensando a Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e
a Tensão Residual
LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa)
0º 146,2 123,8 115,2 20,5 94,9
72º 109,2 106,7 78,3 3,5 57,9
144º 187,2 158,7 156,2 55,4 135,9
216º 135,9 136,5 104,9 33,3 84,6
288º 88,4 92,2 57,4 -11,1 37,1
Média 20,3
Seção S1 – Proposta 6
Posição
angular
Tensões Combinadas
Compensando a Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e
a Tensão Residual
LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa)
0º 47,3 35,3 16,3 -67,9 71,7
72º 20,8 23,3 -10,2 -79,9 45,1
144º 87,9 56,4 56,9 -46,8 112,2
216º 81,6 80,1 50,6 -23,1 106,0
288º 37,0 44,3 6,0 -58,9 61,4
Média -55,4
162
Tabela E2 – Resumo dos resultados adquiridos na seção S3, utilizando as
Propostas 4 e 6.
Seção S3 – Proposta 4
Posição
angular
Tensões Combinadas
Compensando a Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e
a Tensão Residual
LS (MPa) CS (MPa)
LS (MPa) CS (MPa)
LS (MPa)
0º 181,3 183,9 146,1 66,5 121,2
72º 103,4 166,0 68,2 48,7 43,3
144º 243,6 140,7 208,4 23,4 183,5
216º 78,5 80,7 43,3 -36,6 18,4
288º 120,8 139,8 85,6 22,4 60,7
Média 24,9
Seção S3 – Proposta 6
Posição
angular
Tensões Combinadas
Compensando a Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e
a Tensão Residual
LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa) CS (MPa) LS (MPa)
0º 98,1 101,0 62,9 -16,3 112,9
72º 23,9 65,3 -11,3 -52,1 38,7
144º 122,0 46,2 86,8 -71,2 136,8
216º 72,8 68,7 37,6 -48,6 87,6
288º 34,7 55,5 -0,5 -61,8 49,5
Média -50,0
163
b) Resumo dos valores estimados no carregamento externo atuante nas
seções S1 e S3. Valores calculados por intermédio das Propostas 4 e
6, antes e após a sequência de compensações.
Tabela E3 – Resumo dos valores estimados do carregamento externo atuante na seção S1 após compensações.
Seção S1 – Proposta 4
Parâmetros Tensões
Combinadas
Compensando a
Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e a
Tensão Residual
flexS (MPa) 29,5 ± 26,5 29,5 ± 26,5 29,5 ± 26,5
maxS (°) 137,3 ± 51,4 137,3 ± 51,4 137,3 ± 51,4
M (kN·m) 17,7 ± 15,9 17,7 ± 15,9 17,7 ± 15,9
F (kN) 1040 ± 148 799 ± 147 640 ± 147
LN (°) 47,3 ± 51,4 47,3 ± 51,4 47,3 ± 51,4 med
LS (MPa) 133,4 ± 18,7 102,4 ± 18,7 82,1 ± 18,7
Seção S1 – Proposta 6
Parâmetros Tensões
Combinadas Compensando a Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e a
Tensão Residual
flexS (MPa) 29,2 ± 15,6 29,2 ± 15,6 29,2 ± 15,6
maxS (°) -170,7 ± 30,7 -170,7 ± 30,7 -170,7 ± 30,7
M (kN·m) 17,5 ± 9,4 17,5 ± 9,4 17,5 ± 9,4
F (kN) 428 ± 87 187 ± 86 619 ± 88
LN (°) -80,7 ± 30,7 -80,7 ± 30,7 -80,7 ± 30,7 med
LS (MPa) 54,9 ± 11,0 23,9 ± 11,0 79,3 ± 11,0
164
Tabela E4 – Resumo dos valores estimados do carregamento externo atuante na
seção S3 após compensações.
Seção S3 – Proposta 4
Parâmetros Tensões
Combinadas Compensando a Pressão Interna
Compensando a Pressão Interna e a
Tensão Residual
flexS (MPa) 32,5 ± 55,0 32,5 ± 55,0 32,5 ± 55,0
maxS (°) 97,1 ± 97,2 97,1 ± 97,2 97,1 ± 97,2
M (kN·m) 19,7 ± 33,4 19,7 ± 33,4 19,7 ± 33,4
F (kN) 1146 ± 308 869 ± 307 673 ± 307
LN (°) 7,1 ± 97,2 7,1 ± 97,2 7,1 ± 97,2 med
LS (MPa) 145,5 ± 38,9 110,3 ± 38,9 85,4 ± 38,9
Seção S3 – Proposta 6
Parâmetros Tensões
Combinadas
Compensando a
Pressão Interna
Compensando a
Pressão Interna e a Tensão Residual
flexS (MPa) 18,2 ± 34,8 18,2 ± 34,8 18,2 ± 34,8
maxS (°) 155,8 ± 109,6 155,8 ± 109,6 155,8 ± 109,6
M (kN·m) 11,0 ± 21,1 11,0 ± 21,1 11,0 ± 21,1
F (kN) 554 ± 194 276 ± 194 670 ± 194
LN (°) 65,8 ± 109,6 65,8 ± 109,6 65,8 ± 109,6 med
LS (MPa) 70,3 ± 24,6 35,1 ± 24,6 85,1 ± 24,6
165
APÊNDICE F – Cálculos analíticos
a) Modelo elástico clássico de viga em balanço (HIBBELER, 2009).
Momento fletor calculado por:
P . x²
2M
onde P é a carga uniformemente distribuída (considerando a massa
linear nominal do tubo igual a 61,7 kg/m e a conversão para N/m) e x
corresponde a posição da seção S2 em relação à extremidade da viga (no
caso, seção S1).
2
604,7 N/m . 7,2 mP . x²15673,8 N.m
2 2M
Tensão de flexão calculada pela Eq. 9 e a inércia pela Eq. 8:
6 4
15673,8 N.m . 0,1619 m25,9 MPa
97,9x10 mflex
M R
IS
b) Afastamento longitudinal devido ao seccionamento do duto.
Área calculada pela Eq. 11, aplicada na Eq. 10:
3
736000 N94,4 MPa
7,8x10 m²
F
AS
Aplicando a Lei de Hooke (para E = 210 GPa) e estimando a variação de
deslocamento:
494,4 MPa. 4,5x10
2100000 MPaL ES
44,5x10 . 11000 mm = 4,9 mmL
LL
166
167
ANEXO A – Derivadas parciais
Derivadas parciais apresentadas por Pacheco (2014) para o
cálculo do intervalo de confiança:
a) Tensão de flexão máxima, 2
2
2
1 flexS
2
2
2
1
1
1
flexS
2
2
2
1
2
2
flexS
b) Ângulo de orientação da tensão máxima,
1
21
tgSmax
2
2
2
1
2
1
Smax
2
2
2
1
1
2
Smax
c) Momento fletor,
R
eRRM
4
442
2
2
1
2
2
2
1
44
1
1 4
R
eRRM
2
2
2
1
44
2
2 4
R
eRRM
2
3232
2
2
1
4
68
R
eeRRt
R
M
R
eR
e
M32
2
2
1
168
d) Carregamento axial, 2
0 2 eeRFx
2
0
2 eeRF
eR
F02
eRe
F
02
e) Momento fletor teórico em uma seção Sx , L
LLPM
Px
S X
L
LL
P
MPxSX
L
LP
L
Mx
P
SX
L
LP
L
MP
x
SX
2L
LLP
L
MPxSX
169
ANEXO B – Diagrama de momento fletor e distribuição de tensão
de flexão a cada incremento de furação
Análise utilizando a tensão longitudinal a cada incremento de
furação como variável no cálculo das grandezas atuantes em um padrão
de flexão (PACHECO, 2014):
Figura 1B – Diagrama de momento fletor e distribuição da tensão de flexão.
Procedimento Não Uniforme. Avaliação Passo a Passo entre as profundidades (a) 0,30 a 0,50 mm e (b) 0,55 a 0,75 mm. Fonte: Pacheco (2014).
(a)
(b)
170
171
ANEXO C – Certificado de calibração da célula de carga
172