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Lista de Figuras
Figura 1: Cadeia produtiva do Agronegócio........................................................................................................................ 6
Figura 2: Gastos em P&D em relação ao faturamento, 2005 (%) ....................................................................................... 7
Figura 3: Fatores que impactaram a indústria alimentícia mundial ao longo dos anos .................................................... 11
Figura 4: Participação setores industriais de Minas Gerais no PIB industrial – 2011 ....................................................... 13
Figura 5: Participação no faturamento da indústria de alimentos no Brasil (2009) ........................................................... 15
Figura 6: Aumento da produtividade agropecuária entre 1960 e 2005 ............................................................................. 15
Figura 7: Comparação mundial no consumo de alimentos embalados e alimentos frescos, 2009................................... 17
Figura 8: Variação do consumo aparente em períodos de tempo (%).............................................................................. 17
Figura 9: Despesas com alimentação * e renda per capita 2007 ..................................................................................... 18
Figura 10: Qualificação da mão-de-obra (2009) ............................................................................................................... 21
Figura 11: Concentração mundial no setor alimentício ..................................................................................................... 23
Figura 12: Marcas pertencentes a grandes empresas do setor de alimentos e bebidas .................................................. 24
Figura 13: Elos tecnológicos da indústria alimentícia ....................................................................................................... 31
Figura 14: Cadeia produtiva do setor alimentício .............................................................................................................. 33
Figura 15: Exemplo: Indústria de alimentos preparados nos EUA ................................................................................... 36
Figura 16: Variação da produção física industrial (ano base = 2002) ............................................................................... 41
Figura 17: Sabores de sucos industrializados consumidos no Brasil ............................................................................... 43
Figura 18: Exportação (FOB) em US$ milhões ................................................................................................................. 43
Figura 19: Mercado mundial de bebidas industrializadas ................................................................................................. 44
Figura 20: Qualificação da mão-de-obra (2009) ............................................................................................................... 45
Figura 21: Cadeia produtiva da indústria de bebidas ........................................................................................................ 47
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Lista de Tabelas
Tabela 1: Principais setores segundo o faturamento líquido (2007 - 2012) ...................................................................... 13
Tabela 2: Faturamento real (número índice, 2006 = 100) ................................................................................................ 14
Tabela 3: Participação dos setores mineiros no PIB industrial ......................................................................................... 16
Tabela 4: Principais exportadores mundiais de alimentos em 2010 (em valor) US$ bilhões ........................................... 19
Tabela 5: Exportações e Importações do setor alimentício .............................................................................................. 20
Tabela 6: Dados de emprego (base = 1.000 empregados) .............................................................................................. 21
Tabela 7: Principais players nacionais .............................................................................................................................. 24
Tabela 8: Principais players da Zona da Mata .................................................................................................................. 26
Tabela 9: Principais tendências do setor alimentício ........................................................................................................ 28
Tabela 10: Indústria de embalagens no Brasil .................................................................................................................. 35
Tabela 11: Variação e contribuição percentual dos setores da indústria em geral (%) .................................................... 40
Tabela 12: Faturamento real (número índice, 2006 = 100) .............................................................................................. 41
Tabela 13: Produtividade dos setores de Minas Gerais em relação ao Brasil (apenas setores que cresceram) ............. 42
Tabela 14: Pessoal ocupado ............................................................................................................................................ 45
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Lista de abreviaturas e siglas
ABDI Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial
ABIA Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação
APEX Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento, Econômico e Social
CEE / M.T.E. Cadastro de Estabelecimentos Empregadores
CT&I Ciência, Tecnologia e Inovação
EPAMIG EUA
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais Estados Unidos da América
FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
FOB GDI IBGE
FreeonBoard Gerência de Desenvolvimento Industrial Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPEADATA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Banco De Dados
M T E Ministério do Trabalho e Emprego
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MDIC Ministério Do Desenvolvimento, Indústria E Comércio Exterior
MIT Instituto de Tecnologia de Massachusetts
OXFAM Comitê de Oxford de Combate à Fome
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PIB Produto Interno Bruto
PINTEC Pesquisa de Inovação
RAIS Relação Anual De Informações Sociais
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECTES Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
SEDE Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
UFV Universidade Federal de Viçosa
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Sumário
1.1 Introdução: Agroindústria .................................................................................................................................. 6
1.1.1 O Setor de Alimentos .................................................................................................................................... 8
1.2 O Setor de Bebidas ........................................................................................................................................... 9
2 Indústria de Alimentos .............................................................................................................................................. 11
2.1 Panorama do setor .......................................................................................................................................... 11
2.1.1 Comparação do setor com indústria brasileira ............................................................................................ 12
2.1.2 Produção e produtividade do trabalho ........................................................................................................ 14
2.1.3 Mercado Externo e Interno .......................................................................................................................... 16
2.1.4 Setor externo: Exportação/Importação ....................................................................................................... 19
2.1.5 Emprego ..................................................................................................................................................... 20
2.1.6 Investimentos .............................................................................................................................................. 22
2.1.7 Principais players – Mundo e Brasil ............................................................................................................ 22
2.2 Perspectivas do Setor ..................................................................................................................................... 26
2.2.1 Movimentação Geográfica .......................................................................................................................... 26
2.2.2 Oportunidades e tendências ....................................................................................................................... 27
2.2.3 Perspectivas tecnológicas ........................................................................................................................... 30
2.2.4 Elos chave e Fatores Críticos de Sucesso (FCS) ....................................................................................... 32
3 Indústria de Bebidas ................................................................................................................................................ 38
3.1 Panorama do setor .......................................................................................................................................... 38
3.1.1 Comparação do setor com indústria brasileira ............................................................................................ 39
3.1.2 Produção e produtividade do trabalho ........................................................................................................ 40
3.1.3 Mercado Interno .......................................................................................................................................... 42
3.1.4 Setor externo: Exportação/Importação ....................................................................................................... 43
3.1.5 Emprego ..................................................................................................................................................... 44
3.1.6 Principais players – Mundo e Brasil ............................................................................................................ 46
3.2 Perspectivas do Setor ..................................................................................................................................... 46
3.2.1 Oportunidades e tendências ....................................................................................................................... 46
3.2.2 Elos chave e Fatores Críticos de Sucesso (FCS) ....................................................................................... 47
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4 Referências .............................................................................................................................................................. 49
5 Anexo ....................................................................................................................................................................... 51
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1.1 Introdução: Agroindústria
Agronegócio refere-se a atividades relacionadas à agropecuária e produtos oriundos de tal setor, contemplando desde o
fornecimento de insumos agrícolas ao processamento e transformação industrial desta matéria prima. Em 1957 foi
usado pela primeira vez o conceito, entendido como “operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas,
processamentos e distribuição dos produtos agrícolas e item produzidos a partir deles”. O elo industrial da cadeia
produtiva de agronegócios é representado pela agroindústria, que é segmentada em atividades de pré-beneficiamento,
beneficiamento e transformação:
Figura 1: Cadeia produtiva do Agronegócio
Fonte: BNDES Setorial (2013)
Os fornecedores são responsáveis tanto pelos insumos quanto pelos equipamentos agrícolas e industriais; o elo de
produção agropecuária é a produção de matérias prima; a agroindústria é o elo responsável pela industrialização dos
insumos, com destaque para a indústria de alimentos e bebidas, que representam praticamente 42% do PIB do setor.
Por fim, a distribuição e serviços que corresponde à comercialização de todos os produtos gerados ao longo do
complexo agroindustrial. Pela relevância da indústria de alimentos para o agronegócio, o foco prioritário de políticas
públicas é neste elo, uma vez que a capacidade de geração de transbordamento de benefícios para os demais elos da
cadeia produtiva é alta.
A modernização tecnológica ocorrida nos últimos anos também influenciou o trabalho no campo e gerou diversas
transformações na agroindústria brasileira. Além disso, a abertura internacional do país e o surgimento da globalização
geraram novos cenários nos quais o Brasil passou a participar. A década de 70 foi um marco em relação às mudanças
tecnológicas ocorridas no agronegócio. Fatores como aceleração do crescimento populacional e urbanização das
cidades também intensificaram a busca pelo aumento da produtividade na agroindústria. Em termos mundiais,
concomitantemente no período ocorreu uma internacionalização do modelo de produção agrícola intensiva em insumos
e tecnologia, alterando as relações e atividades do agronegócio. Enquanto a década de 70 pode ser entendida como
uma fase de transição e intensas mudanças no agronegócio, pode-se dizer que nos anos 90 houve a consolidação do
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setor para a economia nacional. Neste período o Brasil se consolidou no cenário mundial como um importante
fornecedor de produtos agroindustriais.
Todas estas mudanças acarretaram em uma intensificação de pesquisas e parcerias na agroindústria, antes incipiente.
O Brasil se tornou um centro de referência em pesquisa agropecuária, ao mesmo tempo em que houve um avanço no
sistema universitário relacionado a áreas do setor. Algumas entidades de referência no setor são: Embrapa, Epamig,
além de universidades federais que também tem linhas de pesquisa nesta área, como a Universidade Federal de
Viçosa (UFV), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade do
Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
Apesar da existência de uma ampla quantidade de entidades e instituições referências para a agroindústria, ainda é
muito baixa a geração e incorporação de inovações pelas empresas nacionais. De acordo com dados da PINTEC
(2005), a representatividade dos gastos com pesquisa e desenvolvimento em relação ao faturamento pelos segmentos
da agroindústria é muito inferior se comparado com países como Estados Unidos. A indústria de alimentos, por
exemplo, investiu apenas 0,1% do seu faturamento em P&D. Enquanto que nos Estados Unidos a média foi de 0,7% e
na União Europeia de 1,5%.
Figura 2: Gastos em P&D em relação ao faturamento, 2005 (%)
Fonte: Ernst Young & FGV, 2009
A agroindústria mineira é complexa e diversificada, subdividindo-se em várias cadeias agroindustriais entre as quais
cabe ressaltar café, leite, carnes, frutas e sucroalcooleiro. Vale observar a capacidade das cadeias de distribuir
regionalmente os impactos de seu avanço. Todavia, embora disponha de uma base agropecuária avantajada e de
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renomados centros de pesquisa agropecuária, Minas Gerais ainda não aproveita todo o potencial de que dispõe e não
reflete sobre a agroindústria nacional toda a grandeza da referida base, registrando grande espaço para a expansão
agroindustrial do Estado. De maneira geral, as limitações das diversas cadeias agroindustriais vão desde os aspectos
estruturais como baixo número e pequeno porte das empresas processadoras até questões gerenciais como o grau de
profissionalização das relações comerciais no interior de cada cadeia.
Na região da Zona da Mata a agroindústria é representada principalmente pelos segmentos de alimentos e bebidas.
Estão presentes tanto empresas âncoras de referência para o mercado, quanto com uma quantidade elevada de micro
e pequenos estabelecimentos de fabricação pouco industrializada. Devido à importância e representatividade destes
dois segmentos para a Zona da Mata, o foco do estudo seguinte será na indústria alimentícia e de bebidas.
1.1.1 O Setor de Alimentos
A indústria alimentícia é uma das mais tradicionais da economia nacional, com contribuição relevante para o PIB do
país, 12,4%1 em 2011. Devido a todo desenvolvimento ocorrido no agronegócio, o setor de alimentos também sofreu
um processo de reestruturação recentemente. Nas últimas décadas prevalece uma tendência de aumento de alianças
estratégicas entre as empresas do setor, que vão desde acordos de cooperação comercial joint ventures, até aquisição
de outras empresas. Exemplos recentes de empresas brasileiras estão principalmente no segmento de frigoríficos,
como as empresas Chapecó, Perdigão e Sadia.
Além disso, verifica-se uma entrada no país de grandes empresas multinacionais. Ao mesmo tempo em que houve uma
expansão do consumo da população brasileira de alimentos processados em detrimento dos bens in natura, em termos
de comportamento, o consumidor atualmente se preocupa muito mais em ter uma alimentação saudável, nutritiva, e ao
mesmo tempo prática. Dessa forma, o grande desafio do setor alimentício tem sido conciliar todas estas exigências da
demanda, e atender as necessidades do mundo atual. A indústria tem buscado incorporar mudanças tecnológicas que
variam desde a utilização de novos componentes químicos até investimento em embalagens, máquinas e
equipamentos.
Dependendo do produto final, há algumas variações nos agentes participantes da cadeia produtiva. Por exemplo, no
setor de massas, as indústrias de fabricação de pó de cacau, bebidas (licores) e de fornecimento de frutas processadas
1 PIA – IBGE - Participação % do setor no Valor da Transformação Industrial (VTI) em 2011.
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(geleias, recheio) não entram no seu processo produtivo. Por outro lado, para a fabricação de biscoitos são necessários
todos esses insumos. O agronegócio é fundamental para a cadeia produtiva de alimentos, uma vez que as principais
matérias primas utilizadas advém da agricultura, como o trigo, leite, ovos, grãos, sementes. Os canais de distribuição do
produto final são bastante diversificados, e irão variar de acordo com o tipo de empresa presente na região. Porém a
nível nacional, 45% das vendas são feitas diretamente das empresas para hiper e supermercados, 35% para
atacadistas, 20% para distribuidores, e apenas 5% para o consumidor final.
Na região da Zona da Mata, a indústria de alimentos apresentou, no período recente, um papel de destaque na
estrutura econômica, devido à presença de empresas e empregos vinculados ao setor. Em 2011, o segmento foi o
segundo setor com maior participação nos empregos industriais da região, precedido apenas pelo setor de confecção.
Além disso, esta participação tem aumentado gradativamente desde 2007. Em relação à geração de empregos, o saldo
líquido entre 2007 e 2011 foi de 3.657, novamente ocupando o segundo lugar dentre os setores industriais da região da
Zona da Mata. A indústria alimentícia da Zona da Mata é bastante diversificada, com empresas de laticínios, produtos
de alimentos prontos, massas, pães, entre outros. A maior parte do total de estabelecimentos é voltada para a
fabricação de produtos de panificação, que compreende a produção de pães, roscas, bolos, farinha de rosca e produtos
de panificação congelados, e biscoitos.
1.2 O Setor de Bebidas
Assim como a indústria de alimentos, o setor de bebidas também produz bens que estão muito relacionados ao estilo
de vida da população, cujo principal objetivo também é nutrição. Porém, no Brasil, o segmento alimentício é mais
estruturado e tradicional do que o de bebidas. A produção de bebidas basicamente atende ao consumo interno, as
empresas brasileiras não tem características de exportação. O setor pode ser segmentado entre bebidas alcoólicas
(vinho, aguardente, cervejas, chopes, e outras bebidas destiladas) e não alcoólicas (águas envasadas, refrigerantes,
sucos, e outros), sendo que cada um destes segmentos possui uma cadeia produtiva específica. Além disso, o
processo produtivo não envolve uma alta complexidade em termos de processos. Ao mesmo tempo, o setor é altamente
dependente da renda da população, sendo o preço o principal determinante de consumo. (BNDES, 2006)
Em geral, são os segmentos de cervejas e refrigerantes que ditam o desempenho da indústria de bebidas como um
todo. A competitividade das empresas nestes segmentos depende fortemente de fatores como os elevados gastos com
propaganda e a uma configuração eficiente das redes de distribuição. Esses fatores atuam como fortes barreiras à
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entrada, fortalecendo a tendência de concentração nesses mercados e configurando-os em estruturas próximas ao
padrão de oligopólio competitivo. (BNDES, 2006)
Em Minas Gerais, em relação ao processamento de frutas, coexistem grandes agroindústrias e cooperativas agrícolas
fabricantes de sucos e polpa de frutas (concentradas especialmente no Triângulo Mineiro) em conjunto com uma
miríade de micro e pequenas fabricantes de doces (principalmente no Sul) que utilizam processos artesanais e
tecnologia obsoleta.
Na região da Zona da Mata, a indústria de bebidas é representada pela fabricação de sucos. A partir de uma matéria-
prima regional, a manga ubá, iniciou-se uma pesquisa científica e tecnológica na UFV, com destaque para as técnicas
de conservação e processamento de frutas que permitiram sua industrialização e cujo resultado final foi os sucos
prontos para beber. Com esta ciência consolidada, tecnologia pronta, nasceu a empresa de fabricação de sucos TIAL,
pioneira em sucos prontos para beber. Anos depois, chegaram as concorrentes na região: GOODY e BELA ISCHIA,
montadas a partir dos conhecimentos anteriores, da participação de profissionais do mercado e pesquisadores oriundos
da UFV. Deste mesmo programa de incubadora de empresas de base tecnológica surgiu a TIAL, e recentemente
emergiram da UFV dezenas de empresas inovadoras, dentre elas ARVE ALIMENTOS e FUNGITEC. (FARIA, 2010)
De acordo com o Diagnóstico da Fruticultura (EPAMIG, 2009), grande parte das frutas utilizadas pelas indústrias
processadoras da Zona da Mata advém de municípios da própria região. As aquisições de manga, por exemplo, são
realizadas nos municípios de Visconde do Rio Branco, Guiricema, Guidoval, Rodeiro, São Geraldo, Tocantins e Ubá. A
produção de goiaba é oriunda de Astolfo Dutra, Visconde do Rio Branco, Piraúba e Tocantins; produção de maracujá:
Astolfo Dutra, Miraí, Muriaé e Visconde do Rio Branco; e banana são realizadas no município de Visconde do Rio
Branco. Porém, nas entrevistas realizadas pela equipe do Programa de Competitividade Industrial Regional as
informações repassadas pelas empresas foi de que é comprada apenas a manga ubá de fornecedores da Zona da
Mata. As demais frutas são adquiridas de outros estados e regiões brasileiras.
Devido à existência de produção de sucos industrializados na Zona da Mata, na seção 3, onde será analisado o setor
de bebidas, alguns dados e informações disponibilizados serão específicos ao segmento de sucos. Cabe ressaltar
ainda a falta de dados desagregados para o setor de bebidas que, muitas vezes, são disponibilizados junto aos dados
do setor alimentício, o que dificulta as análises específicas.
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2 Indústria de Alimentos
No período recente, a oferta cada vez mais pressionada e demanda elevada pressionam os custos e a produção de
alimentos no mundo. População, poder aquisitivo, distribuição de renda, mudança de hábito e oferta de commodities
foram os principais fatores que impactaram na indústria de alimentação ao longo dos últimos 5 anos. O setor tem o seu
desempenho vinculado ao setor agropecuário, no qual abastece de matérias-primas, entre elas: café, leite, carnes, soja,
milho, frango, açúcar, entre outros.
Figura 3: Fatores que impactaram a indústria alimentícia mundial ao longo dos anos
Fonte:SEBRAE MG (2011)
2.1 Panorama do setor
De acordo com a FIESP (2010), o segmento de alimentos e bebidas foi o que apresentou, historicamente, o maior
número de empresas com, aproximadamente, 15% do total da indústria, embora o setor de confecção tenha assumido a
primeira posição em 2006.
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Segundo o IBGE, a fabricação de produtos alimentícios ficou em primeiro lugar no ranking elaborado pelo IBGE, com
uma participação de 12,6% do valor adicionado. O setor foi impulsionado, principalmente, pelo bom desempenho do
consumo interno e pela expansão do mercado externo. Atualmente, 85% dos alimentos consumidos pelos brasileiros
passam por algum processamento industrial, sendo que em 1980 este percentual era de 56%, e em 1990 de 70%, o
que representou uma taxa de crescimento anual na participação de alimentos industrializados na alimentação dos
brasileiros de 1,4%, considerando 2010 como último ano de referência.
A indústria tem explorado, de forma crescente, novos nichos de produtos, como os alimentos e bebidas funcionais e
dietéticos. Em 2012, o segmento de produtos de saúde e bem-estar (diet, light, funcionais, fortificados, naturais e
saudáveis) faturou R$38,4 bilhões, representando 8,9% das vendas totais. O crescimento do consumo de produtos de
maior valor agregado exige das empresas um maior nível tecnológico e de gestão.
Vale ressaltar também a importância da cadeia produtiva de alimentos a nível estadual. Segundo, Fernandes e Rocha
(2010), o setor de “fabricação de alimentos” é um dos setores chave de Minas Gerais considerando o número de
ligações na sua cadeia produtiva.
2.1.1 Comparação do setor com indústria brasileira
De acordo com dados do IBGE, o PIB setorial da indústria de alimentos em 2008 foi R$45,6 milhões, representando
11% do total das indústrias de transformação. O segmento alimentício é um dos mais importantes e que mais
contribuem para o PIB da indústria de transformação, atrás apenas do segmento de petróleo e derivados e de
metalurgia. Além disso, é um dos mais representativos para a movimentação de recursos na economia, uma vez que o
consumo intermediário do setor 2008 foi 19% do total consumido pelas indústrias de transformação. Em Minas Gerais, o
setor alimentício corresponde a 12,4% do PIB estadual, conforme figura abaixo.
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Figura 4: Participação setores industriais de Minas Gerais no PIB industrial – 2011
Fonte: PIA – IBGE
Analisando o desempenho da indústria de alimentos em termos de vendas, verifica-se um crescimento de
aproximadamente 4,96% de alimentos industrializados de 2012 em relação a 2011. De acordo com os dados da ABIA
(2011), o principal segmento é o de derivados de carnes, seguido do beneficiamento de café, chá e cereais, e da
produção de açúcar. Ao comparar os resultados dos anos de 2008 e 2012, os subsetores que apresentaram uma maior
expansão em termos de vendas foram o de açúcares, desidratados e supercongelados (pratos prontos congelados), e
diversos (salgadinhos, sorvetes, temperos, etc.).
Tabela 1: Principais setores segundo o faturamento líquido (2007 - 2012)
Indústria de Produtos Alimentares 2007 2008 2009 2010 2011
Derivados de Carne 61 58,5 66 79,1 88,7
Beneficia/o de Café, Chá e Cereais 31,1 32,9 35,9 40,6 46,9
Açúcares 15,9 30,2 37,7 42,2 41,9
Laticínios 26,4 29 33,1 38,1 42,2
Óleos e Gorduras 32 29 29,3 34,5 40,9
Derivados de Trigo 18,7 18,9 19,9 21,4 23,5
Derivados de Frutas e Vegetais 14,8 14,9 15,6 18,2 20,4
Diversos (salgadinhos, sorvetes, temperos) 14 15,4 17,7 20,5 24,2
Chocolate, Cacau e Balas 9,1 9,9 10,5 11,5 12,4
Desidratados e Supergelados (pratos prontos) 5,1 5,6 6,5 7,4 9,5
Conservas de Pescados 2 2,3 2,5 2,9 3,4
Fonte: ABIA
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2.1.2 Produção e produtividade do trabalho
A produção física industrial da indústria de alimentos expandiu nos últimos anos, principalmente em 2010 quando houve
um crescimento de 4,5% em relação ao ano anterior. Por outro lado, em 2009 e 2012 a produção do setor sofreu uma
redução de 1,66% e 1,16% respectivamente. No entanto, ao comparar com os índices da indústria geral e de
transformação, o desempenho do setor alimentício foi inferior à média das demais. Nos anos de retração a queda da
indústria alimentícia não foi tão elevada quanto a da indústria geral e de transformação. A participação no PIB do setor
alimentício manteve-se praticamente constante a 9,0% entre 2007 e 2012, assim como a contribuição do segmento
para a indústria de transformação, próximo de 20%.
Em termos de faturamento real, o setor alimentício apresentou um desempenho inferior nos últimos anos se comparado
à indústria geral, indústrias extrativas e indústrias de transformação. Em 2007 e 2008 houve um crescimento do
faturamento do setor, porém isso não se repetiu nos anos posteriores, com queda nos resultados. O mais baixo valor
verificado foi em 2011, uma redução de aproximadamente 10% em relação ao ano de 2006. Dessa forma, pode-se dizer
que a taxa de expansão da indústria de alimentos foi a uma velocidade menor do que as demais.
Tabela 2: Faturamento real (número índice, 2006 = 100)
Setores Indústria Geral Indústrias Extrativas
Indústrias de Transformação
Alimentos
2007 112,08 106,31 112,71 102,48
2008 126,51 108,31 128,52 102,85
2009 116,57 81,06 120,49 96,28
2010 130,44 105,15 133,23 98,33
2011 133,89 102,99 137,30 90,01
2012 134,30 94,99 138,64 95,27
Média (2007-2012) 125,63 99,80 128,48 97,54
Fonte: FIEMG Dados
O principal segmento em termo de faturamento da indústria alimentícia é o de derivados de carne, que em 2009 obteve
um rendimento de R$60,98 bilhões, liderando os resultados. Entre 2008 e 2009, o setor que se destacou em
crescimento foi o de açúcares, com 90%. A principal queda em categorias de alimentos foi vista em óleos e gorduras,
de aproximadamente 10%. (SEBRAE, 2011)
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Figura 5: Participação no faturamento da indústria de alimentos no Brasil (2009)
Fonte:SEBRAE MG (2011)
Em termos de produtividade, conforme citado anteriormente, o Brasil foi destaque em termos de desenvolvimento no
setor agropecuário entre 1960 e 2005 se comparado com os demais países. Isso se deve à ampla inserção de
máquinas e equipamentos no setor agrícola, além de utilização de insumos e defensivos na produção. Analistas
acreditam que o ganho de produtividade em todos os elos da cadeia produtiva possibilitará ao país entrar em
segmentos de mercado ainda pouco explorados. O mesmo aconteceu no setor, que visto o crescimento das demandas
internas e externas aumentou também o investimento em capacidade e eficiência produtiva.
Figura 6: Aumento da produtividade agropecuária entre 1960 e 2005
Fonte: Ernst Young & FGV, 2009
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Apesar do desempenho positivo da indústria de alimentos no período recente, ao analisar a participação do setor no
PIB industrial de Minas Gerais, o segmento foi um dos que teve sua participação reduzida. Percebe-se uma queda de
5,1% ao comprar os anos de 2007 e 2011.
Tabela 3: Participação dos setores mineiros no PIB industrial
Fonte: PIA - IBGE
2.1.3 Mercado Externo e Interno
Percebe-se um fenômeno global de expansão no consumo de alimentos a partir de 2007, o que, combinado com a
especulação nos mercados futuros, provocou um forte aumento dos preços de commodities. Contudo, a crise em 2008
fez com que diminuísse, em alguns países, o consumo de alguns produtos, como proteína animal e lácteos (Relatório
Unctad, 2008). O consumo de alimentos cresceu mais no Brasil do que nos países selecionados, devido principalmente
à melhor distribuição de renda. (SEBRAE, 2011)
Ao analisar o consumo mundial de alimentos embalados e alimentos frescos, com exceção do México, países em
desenvolvimento detém maior consumo de produtos frescos comparado aos produtos processados:
Setores que recuaram entre 2007 e 2011 2007 2011 Var.
Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 4,20% 4,20% -0,40%
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 13,70% 13,10% -3,90%
Fabricação de produtos do fumo 13,40% 12,80% -4,10%
Fabricação de produtos alimentícios 10,60% 10,10% -5,10%
Metalurgia 30,10% 28,40% -5,70%
Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias 16,00% 14,90% -7,00%
Fabricação de produtos têxteis 9,90% 9,10% -8,10%
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 7,50% 6,80% -9,90%
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 5,30% 4,70% -11,60%
Impressão e reprodução de gravações 6,90% 4,80% -29,80%
Confecção de artigos do vestuário e acessórios 7,90% 5,10% -35,10%
TOTAL MG 11,00% 11,30% 3,60%
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Figura 7: Comparação mundial no consumo de alimentos embalados e alimentos frescos, 2009
Fonte: SEBRAE MG (2011)
Em termos de consumo interno de produtos alimentícios, incluindo importações, ao comparar os anos de 2012 e 2011
percebe-se que houve uma retração no consumo de 2,1%. No entanto, o mesmo ocorreu na indústria de transformação
como um todo, que diminuiu em 2,8%. Cabe ressaltar que entre 2003 e 2011 houve um crescimento positivo no
mercado por bens alimentícios, em uma média de aproximadamente 1,4% ao ano. Apesar de ser positivo, o resultado
foi aquém da indústria de transformação, cuja taxa de crescimento no mesmo período foi de cerca de 4,4% a.a.
Figura 8: Variação do consumo aparente em períodos de tempo (%)
Fonte: Ipea
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
1998-2003 2003-2008 2008-2011 2011-2012-0,8
5,7
3,0
-2,8
-0,8
1,2 1,6
-2,1
Indústria de transformação
Produtos alimentícios
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Verifica-se que o aumento da renda das famílias tende a provocar também um aumento do consumo de produtos
fornecidos pela agroindústria, especialmente alimentos. Porém, esta relação não acontece na mesma proporção. No
Brasil esta resposta da demanda por alimentos acontece em menor escala do que verificado em outros países. Ao
analisar o total consumido de alimentos por classe de renda, tem-se a maioria concentrada na população com salários
de até R$1.000. Isso se deve a quantidade de pessoas desse extrato social ser bem maior do que as demais. Com o
aumento do PIB brasileiro nos próximos anos e aumento da renda familiar, espera-se que muitas famílias migrem para
um consumo mais elevado. Porém, o percentual gasto pelas famílias com alimentos tende a diminuir ao passo que há
um aumento da renda. Isso é confirmado, principalmente, em países ricos onde o consumo desse tipo de produto é
pouco sensível à elevação de renda. O Brasil ainda se encontra em um patamar elevado de despesas com alimentação
se comparado a demais populações, como figura abaixo:
Figura 9: Despesas com alimentação * e renda per capita 2007
Fonte: Ernst Young & FGV, 2009
De acordo com o estudo E&Y (2009), estima-se que o consumo doméstico brasileiro deverá aumentar a uma taxa de
3,8% a.a. até 2030, com destaque para o segmento de produtos proteicos e processados. O novo perfil do consumidor
tende a alterar nos próximos anos os produtos alimentares, mais voltados a produtos mais práticos, saudáveis,
funcionais, light, orgânicos, ambientalmente sustentáveis. Recentemente, a indústria tem explorado de forma crescente
esses novos nichos.
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Sendo assim, o Brasil continua classificado como um país com enorme mercado potencial para o consumo de
alimentos, principalmente devido aos níveis médios de consumo per capita, muito abaixo dos encontrados nos países
desenvolvidos.
2.1.4 Setor externo: Exportação/Importação
Os segmentos que exportam alimentos processados alcançaram posições de liderança no comércio mundial. O Brasil é
o 7º exportador de alimento processado e, considerando o agronegócio em geral, esta posição altera para o 5º lugar. O
país é o maior exportador mundial de café, soja em grãos, carne de frango, carne bovina, açúcar, sucos concentrados
de laranja, tabaco e álcool. Porém, apesar da indústria alimentícia ser um segmento de destaque na economia nacional,
geralmente as empresas exportadoras são transnacionais que se instalaram no país. Ou seja, grande parte das
indústrias brasileiras ainda não tem nível de maturidade ou competitividade tecnológica para entrar no mercado
internacional. Ao mesmo tempo, entre 2000 e 2012 a representatividade das exportações do setor alimentício no total
exportado pelo Brasil manteve-se entre 14% a 20%.
Tabela 4: Principais exportadores mundiais de alimentos em 2010 (em valor) US$ bilhões
Fonte: ABIA
As importações de alimentos no Brasil são bem menos significativas e concentradas em trigo, resultando em US$5,6
bilhões. Verifica-se um pequeno aumento das importações de alimentos industrializados nos últimos anos. Na área
externa, visando acesso a mercados, países importadores de alimentos processados como Egito, Índia, Turquia e
mesmo México, devem ser objeto de negociações bilaterais para ampliar esses mercados para o Brasil.O setor de
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alimentação é um dos mais relevantes para a geração de saldo comercial positivo, atingindo em 2012 US$37,8 bilhões
acima do saldo comercial da economia brasileira como um todo, de US$ 19,4 bilhões.
Tabela 5: Exportações e Importações do setor alimentício
Fonte: ABIA
2.1.5 Emprego
De acordo com a ABIA, diante do crescimento das demandas internas e externas, os fabricantes de alimentos e
bebidas tem investido em capacidade e eficiência produtiva. A indústria de alimentos e bebidas ampliou
significativamente a quantidade de mão de obra empregada ao comparar com os dados do ano de 2000, de
aproximadamente 87%. Porém, a participação da indústria de transformação manteve-se praticamente constante, cerca
de 18% – 19% do total de empregos gerados. No entanto, é importante salientar que o crescimento das vendas e dos
investimentos se manteve constante, até mesmo à revelia da desaceleração econômica. O ritmo anual de crescimento
foi de 3,3%, significativamente acima da média de indústria de transformação, de 2,6% ao ano.
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Tabela 6: Dados de emprego (base = 1.000 empregados)
Conceito 2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Indústria da transformação 4.735,00 6.133,50 6.594,80 7.082,20 7.310,80 7.361,10 7.885,70 8.133,80 8.394,60
Indústria de bebidas e alimentos industrializados
872 1.206,20 1.274,80 1.385,20 1.412,40 1.437,80 1.527,30 1.583,70 1.632,60
Participação na indústria de transformação (%)
18,4 19,7 19,3 19,6 19,3 19,5 19,4 19,5 19,4
Fonte: ABIA
A média salarial dos empregados do setor alimentício foi em 2009 de aproximadamente 2,7 salários mínimos, valor
abaixo de setores como fármacos, metalúrgico, tecnologia da informação, e automotivo.
Em termos de qualificação de mão-de-obra, a maioria dos empregados possui até ensino médio completo, como pode
ser visto no gráfico abaixo. O percentual de pessoas com superior completo é de apenas 5%.
Figura 10: Qualificação da mão-de-obra (2009)
Fonte: RAIS /M.T.E.
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2.1.6 Investimentos
A Zona da Mata passa por um momento de atração de empresas alimentícias. Atualmente, um projeto de implantação
de um condomínio de alimentação está em andamento em Juiz de Fora. De acordo com o Sindicato das Indústrias de
Alimentação de Juiz de Fora, a proposta é atrair pequenas e médias indústria do setor para a cidade. O
empreendimento contará com uma infraestrutura com refeitório, sala de reuniões, laboratórios, recursos humanos,
compras coletivas, com os custos rateados entre as empresas que se instalarem. De acordo com a presidente do
Sindicato de Alimentos, Valéria Vieira, “Duas prefeituras de municípios da região nos procuraram com interesse em
receber o empreendimento. A escolha vai depender das negociações. Hoje, um dos entraves é achar um bom terreno".
Além do projeto do condomínio, indústrias já instaladas na Zona da Mata estão com projetos de expansão. É o caso da
empresa Campo Bom, que fabrica temperos e grãos em geral, pretende ampliar em 22% o seu mercado em 2013. A
Duduxo, produtora de pães de queijo congelados, iniciou um projeto de produção de salgados como bolinho de
bacalhau, quibe e almondegas, pretendendo crescer 20% até o fim de 2013. Além dessas, a Gemacom Tech, cujo
negócio é totalmente voltado para a indústria da alimentação, está investindo em um setor de pesquisa,
desenvolvimento e inovação mediante a implementação do Centro de Inovação Tecnológica da Gemacom – um
investimento de R$5 milhões.
A nível nacional foram divulgados alguns investimentos privados na instalação de indústria do setor alimentício. Como,
por exemplo, a Alicorp, maior companhia de alimentos do Peru, que anunciou a entrada no país com a aquisição da
indústria de massas Santa Amélia. Além disso, empresas do exterior tem adequado seus produtos para atingir o
mercado nacional, como é o caso da Barilla, fabricante de massas.
Em relação a investimentos públicos, a nível nacional a indústria alimentícia é amplamente beneficiada por programas
destinados a diferentes segmentos e elos da cadeia produtiva. A Agência Brasileira de Promoções de Exportações e
Investimentos (APEX) possui projetos na área de competitividade e comércio exterior, principalmente, para a indústria
de panificação, frutas, biscoitos, massas, grãos e sementes, carnes e derivados. A nível estadual, prevalecem
programas da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES) voltados para a indústria de
laticínios. Especificamente na região da Zona da Mata, percebe-se uma maior atuação do Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/MG) tanto nas indústrias de processamento de alimentos quanto no setor de
biotecnologia para alimentos. Para mais detalhes verificar o Anexo I com todos os projetos listados por entidade.
2.1.7 Principais players – Mundo e Brasil
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O mercado alimentício mundial é bastante concentrado em grandes empresas que muitas vezes utilizam marcas
diferentes para diferentes segmentos, mas que fazem parte de uma única firma. De acordo com a Oxfam, as “10
Grandes” – Associated British Foods (ABF), Coca Cola, Danone, General Mills, Kellogg, Mars, MondelezInternational
(antes Kraft Foods), Nestlé, PepsiCo e Unilever – geram mais de US$ 1,1 bilhão por dia e empregam milhões de
pessoas direta ou indiretamente no cultivo, processamento, distribuição e venda de seus produtos. Conforme ilustrado
na figura abaixo, pouco mais de 500 empresas controlam 70% das escolhas dos 7 bilhões de consumidores mundiais.
Figura 11: Concentração mundial no setor alimentício
Fonte: Oxfam (2013)
“Nos supermercados há milhares de caixas de cereais, iogurtes de todos os tamanhos e sabores, prateleiras e
prateleiras de temperos e congelados – o moderno supermercado norte-americano comercializa mais de 38 mil
produtos. Na China, os supermercados não existiam em 1989, mas hoje respondem por vendas anuais de US$100
bilhões. Embora o número de produtos faça parecer que os consumidores tem muita escolha, a realidade é que a maior
parte de tudo que está nas prateleiras é produzido por poucas empresas.”, Oxfam (2013).
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Figura 12: Marcas pertencentes a grandes empresas do setor de alimentos e bebidas
Fonte: Oxfam (2013)
A nível nacional os principais players estão concentrados em São Paulo, e principalmente referem-se a segmentos de
carne e grãos.
Tabela 7: Principais players nacionais
Fonte: Revista Ingredientes e Tecnologia (2012);Obs.: Ranking baseado no faturamento anual
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Minas Gerais possui um polo consolidado da indústria de alimentos que inclui os frigoríficos da BR Foods, em
Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e a Pif Paf Alimentos, com unidades em vários locais do Estado. No município de
Extrema, na Região Sul, a suíça Barry Callebaut, maior fabricante de chocolate bruto do mundo, optou por Minas Gerais
ao decidir pela instalação da primeira unidade do grupo na América do Sul, destinada ao abastecimento dos mercados
brasileiro e dos países do Mercosul.
Ainda em Extrema, está instalada a fábrica de outra importante empresa do ramo, a Kopenhagen. Já o grupo italiano
Ferrero Rocher decidiu iniciar os negócios em Poços de Caldas, também no Sul de Minas, e já trabalha na expansão de
sua unidade industrial, bem como na instalação de um novo centro de distribuição no mesmo local.
Ainda no Sul de Minas, estão localizadas as unidades fabris do grupo CRM, detentor das marcas Brasil Cacau e Dan
Top, e do grupo Pandurata Alimentos, da marca Bauducco, voltada para a produção de panetones e biscoitos.
Vale registrar, também, a entrada em operação, em 2012, do projeto de expansão de unidades produtoras dos
Laticínios Tirolez, em Carmo do Paranaíba, Arapuá e Tiros, ambas no Alto Paranaíba.
No segmento de laticínios a oferta de matéria-prima atraiu a localização de unidades dos mais importantes grupos
lácteos em atuação no Brasil. Entre eles, estão a Nestlé, que opera em Minas Gerais sua maior fábrica de leite em pó; a
Danone, que mantém a única planta fabril de iogurte no país; a Vigor; a Itambé, maior cooperativa brasileira de
laticínios; a laticínios Jussara; e a Laticínios Porto Alegre, que instalou em Minas a maior fábrica brasileira em
processamento de soro e a maior unidade de processamento de queijos do Estado.
Na região da Zona da Mata estão presentes algumas empresas âncoras do setor alimentício, como é o caso da Pif Paf
Alimentos nas cidades de Visconde do Rio Branco e Leopoldina. Há também uma tradição da região no segmento
lácteo, e de biscoitos.
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Tabela 8: Principais players da Zona da Mata
*Ranking baseado no número de empregados das indústrias fabricantes de produtos alimentícios
Fonte: CEE/MTE
2.2 Perspectivas do Setor
2.2.1 Movimentação Geográfica
A dinâmica dos mercados internacionais de alimentos e matérias-primas agrícolas é marcada por um duplo movimento,
condicionado tanto pelas necessidades de consumidores do mundo desenvolvido como pela grande ampliação do
consumo nos países em desenvolvimento. Nos países em desenvolvimento o rápido crescimento da renda média das
famílias em economias com grandes populações, como China e Índia, faz ingressar no mercado contingente expressivo
de novos consumidores, processo que também se observa no Brasil.
O agronegócio brasileiro tem ampliado significativamente sua participação nos mercados internacionais. Porém, existe
uma série de fatores críticos que dificultam a ampliação da exportação de produtos do agronegócio para os mercados
desenvolvidos. No contexto externo, a manutenção de subsídios às produções domésticas e as barreiras tarifárias e
não tarifárias à importação de produtos oriundos do agronegócio são os principais entraves às exportações. Não
apenas fatores externos constrangem as exportações agropecuárias. No plano doméstico, o Custo Brasil, além da
deficiente infraestrutura e da política tributária e fiscal, entre outros fatores, reduz a competitividade dos produtos.
Estão surgindo clusters ecorregionais especializados em produtos específicos ou conjuntos de produtos afins devido à
sinergia entre fornecedores, produtores, transformadores, consumidores e até turistas. A identidade ecorregional atua
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como marca registrada, oferecendo um diferencial de preço que pode incrementar lucros na cadeia e oferecer
novidades para exportação.
2.2.2 Oportunidades e tendências
O mercado de produtos da agroindústria vem assumindo um perfil qualitativo diferente do observado no passado devido
ao surgimento de novos hábitos de consumo, com exigências crescentes quanto à segurança alimentar e ao uso
sustentado dos recursos naturais, fato observado notadamente nos países desenvolvidos. Nas economias emergentes,
o rápido crescimento da renda média da população tem gerado pressões adicionais sobre a demanda por alimentos.
O novo perfil de consumo alimentar valoriza a incorporação de serviços no consumo do produto final (dentro e fora do
lar), a segmentação e descomoditização do mercado, e acréscimo de vitaminas ao invés de calorias e proteínas, além
de produtos frescos contra os industrializados. O crescimento da população de obesos em todas as faixa etárias e
classes sociais também vem aumentando a procura por alimentos light.
Cultura e hábitos alimentares são rígidos. Contudo, a globalização, a redução no preço dos alimentos, mudanças
socioeconômicas, modificações no estilo de vida, entrada de mulheres no mercado de trabalho, aumento da expectativa
de vida e preocupações com a saúde vem incentivando alterações nos hábitos alimentares e aumentando a busca por
produtos mais práticos, alimentos saudáveis, funcionais, light, dietéticos, orgânicos e ambientalmente sustentáveis.
Em 2001, os países desenvolvidos chegaram ao nível de saturação de consumo de alimentos. Atualmente, esses
países querem conhecer novos alimentos, o que abre espaço para fornecedores diversificados, para além do grupo
básico de commodities. Essa nova demanda é, aparentemente, favorável ao Brasil, pois representa uma oportunidade
para diversificar sua pauta de exportação. Essa tendência pode conduzir ao maior aproveitamento da
agrobiodiversidade nativa do Brasil, rica em frutas, castanhas, hortaliças e raízes amiláceas identificadas e
domesticadas pelas populações locais. (Embrapa, 2003)
Destacam-se cinco grande tendências para a indústria de alimentos: conveniência e praticidade, sensorialidade e
prazer, saudabilidade e bem-estar, qualidade e confiabilidade, responsabilidade social e ambiental. Em relação a
conveniência e praticidade, esta tendência está associada a alimentos que relacionam aspectos saudáveis e nutritivos
com a praticidade de consumo. Os segmentos mais promissores são aqueles minimamente processados, produtos
hortifrutícolas industrializados, indústria de suco de frutas e serviços de alimentação, especialmente voltados às
refeições fora do lar. Relacionado a sensorialidade e prazer estão os consumidores que tem um estilo mais impulsivo na
hora de comer, sendo guiados, sobretudo, pelo prazer sem culpa. Os nichos com maiores perspectivas de crescimento
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são fornecimentos de horifrutícolas para a alta gastronomia e o turismo real. No que tange a 3ª tendência,
saudabilidade e bem-estar, se refere a produtos que tenham aspectos saudáveis e que transmitam bem estar. A
confiança e qualidade dos produtos, principalmente produtos “frescos” de origem animal e vegetal também é uma
tendência. Consumidores com este perfil tem uma disposição em pagar mais por produtos nos quais detectam maior
qualidade, produtos certificados. Por fim, estima-se um crescimento na demanda de produtos que atendam as
exigências do “consumidor consciente”, que se preocupa com os efeitos dos alimentos sobre o ambiente e a sociedade.
Os segmentos mais promissores são os produtos com apelo de sustentabilidade socioambiental.
Tabela 9: Principais tendências do setor alimentício
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Os principais vetores de crescimento na indústria alimentícia são:
Pratos semiprontos: desafios tecnológicos para as empresas que optam por desenvolvê-los. Existem
verdadeiros laboratórios de P&D por trás da elaboração de novas receitas que mantenham as condições
organolépticas dos alimentos e preservem as características desejadas pelo consumidor.
Alimentos para o público infantil: o desafio para o setor é produzir alimentos com sabor, cor e textura
adequados ao paladar infantil e que também componham dietas balanceadas e nutritivas.
Alimentos light: reduzir os níveis de gordura e preservar o sabor, a textura e o tempo de conservação dos
produtos também demandam muita pesquisa.
Em relação a tendências relacionadas a questões sociais e ao meio ambiente, percebe-se que os consumidores das
classes média e alta valorizam produtos decorrentes de processos conduzidos com ética, tornando necessário o
conhecimento aprofundado da origem dos mesmos, além das características socioeconômicas das regiões produtoras.
Além disso, há um aumento da preocupação nacional e internacional com os efeitos negativos dos impactos
ambientais. Destaca-se uma forte pressão para conservação e manejo racional dos recursos ambientais no processo
produtivo, inclusive com normas ambientais mais rígidas. Ao mesmo tempo, há uma maior conservação e melhor
gerenciamento no uso da água nos processos produtivos. (Embrapa, 2003)
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2.2.3 Perspectivas tecnológicas
Em relação ao setor alimentício como um todo, verifica-se um baixo histórico de inovação nas empresas brasileiras, que
ocorre quase que exclusivamente pelo enquadramento em novas normas nacionais e em padrões aceitos
mundialmente. As inovações na indústria alimentícia são majoritariamente incrementais, e as principais e maiores
inovações estão nas áreas de insumos, biotecnologia, bens de capital e embalagens, e não na indústria que produz o
alimento final. Por este motivo, é preciso um desenvolvimento conjunto entre as empresas alimentícias e a indústria de
químicos e embalagens, principalmente.
Ao mesmo tempo, conforme abordado anteriormente, há diversos segmentos a serem explorados, e que estão em
expansão: alimentos funcionais, semiprontos, light, dietéticos, práticos, orgânicos, entre outros. Recentemente verifica-
se um aumento do grau de processamento dos alimentos e da produtividade da indústria alimentícia. Tradicionalmente,
os consumidores são conservadores em relação a novos produtos alimentares, o que pode ser um dificultador para a
entrada de novos produtos. Esta nova onda de produtos citados anteriormente, aumenta a importância de pesquisa por
novos realçadores de sabor, especiarias, corantes, etc. E não apenas na indústria química, mas também investimento
em embalagens responsáveis por modificar a aparência dos alimentos tornando-os mais atrativos, além de os
conservarem. Esta interface tecnológica com diversas outras indústrias torna o setor de alimentos um grande potencial
de atração de investimentos e desenvolvimento de novas tecnologias e inovações
A experiência em PD&I para o agronegócio acumulada nas últimas décadas, trouxe avanços ao setor, existindo hoje
uma percepção bastante forte de que há necessidade de reestruturar o sistema de pesquisa agropecuária definindo
papeis, responsabilidades e instâncias de decisão. Apesar dos significativos avanços e conquistas das últimas décadas,
a exemplo da grande impulsão na produtividade agrícola e alguma contenção da expansão das fronteiras agrícolas, via
aumento de produtividade, ainda resta muito a fazer.
O quadro de acentuada evolução observado nas últimas décadas no Brasil, o agronegócio e a PD&I para o agronegócio
ainda podem ser caracterizados em termos de contrastes dramáticos observados nos mais diferentes aspectos. O
investimento brasileiro em CT&I permite ao País ocupar uma posição intermediária no conjunto das nações que se
esforçam para colocar a produção de conhecimento no centro do desenvolvimento econômico e social.
Existe atualmente um grande interesse em aprimorar a qualidade dos alimentos e no uso de alimentos na prevenção de
doenças e isso pode ser alcançado por modificação genética de plantas, visando a agregar novas propriedades com
benefícios à saúde humana.
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A indústria de alimentos mantém interface tecnológica com diversas outras indústrias, estimulando inovações ao longo
de toda a cadeia produtiva, tanto na agropecuária quanto nas indústrias de embalagens, química, de máquinas e
equipamentos, etc. De acordo com BNDES (2013), a indústria de alimentos pode ser segmentada em cinco grandes
segmentos tecnológicos: Empresas dominadas pelo fornecedor (agropecuária); Empresas intensivas em escala
(indústria de alimentos); Fornecedores especializados de equipamentos; Empresas baseadas em ciência (empresas
químicas); Genética, sementes.
Figura 13: Elos tecnológicos da indústria alimentícia
Fonte: BNDES (2013)
As tecnologias associadas aos desafios citados anteriormente são:
• Pesquisas por novos realçadores de sabor, especiarias, corantes, amidos modificados, agentes de textura,
entre outros.
• Semiprontos e light também demanda durabilidade; nitratos, nitritos e sulfitos são pesquisados e utilizados
para conservar alimentos, pois coíbem a ação de bactérias.
Semiprontos feitos industrialmente com sabor de alimentos produzidos em casa, porém com durabilidade maior, tempo
curto de preparo e preços acessíveis não são triviais. Existem verdadeiros laboratórios de P&D por trás da elaboração
de novas receitas que mantenham as condições organolépticas dos alimentos e preservem as características desejadas
pelo consumidor.
A indústria alimentícia deve pesquisar melhores processos e formas de conservação de alimentos, com o auxílio da
indústria química. Desenvolvimentos conjuntos entre as empresas alimentícias e a indústria de químicos e embalagens
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são essenciais para que se atinja um resultado positivo e todos possam auferir ganhos com as inovações. Outra
tendência é a intensificação na associação entre alimentação e saúde; a crescente busca por dietas saudáveis desafia
a indústria alimentícia a alterar a composição natural dos alimentos, seja via adição de compostos desejáveis, seja via
supressão ou redução dos indesejáveis.
Outro ramo que impacta no complexo agroindustrial inclusive na indústria alimentícia é a biotecnologia moderna. De
acordo com o estudo do BNDES (2013), as sementes transgênicas e o mapeamento genético de animais são
resultados diretos de pesquisas em biotecnologia. Ela também contribui para maior padronização dos insumos que
serão fornecidos à indústria. O setor de alimentos se beneficia dos ganhos de produtividade, qualidade e padronização
do setor agropecuário advindos do desenvolvimento biotecnológico. Assim como é favorável o desenvolvimento da
biotecnologia moderna, por meio da modificação de organismos, para a indústria alimentícia.
A região da Zona da Mata é muito favorecida em termos de pesquisa no setor alimentício. A Universidade Federal de
Viçosa possui o Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA/UFV) com o intuito de gerar conhecimento e
competência na área alimentícia. O Departamento oferece dois cursos de graduação (Engenharia de alimentos e
Ciência e tecnologia de laticínios) e um de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado em Ciência e tecnologia
de alimentos). Além disso, são desenvolvidos projetos de extensão nas seguintes áreas: biotecnologia e fermentações
industriais; carnes, pescados e derivados; cereais, tubérculos e raízes; controle de qualidade e análise sensorial;
desidratação e secagem de alimentos; desenvolvimento de novos produtos; embalagens ativas; higiene e sanitização
industrial; informática aplicada à agroindústria de alimentos; instrumentação, simulação e fenômenos de transporte;
laticínios; microbiologia de alimentos e culturas láticas; prebióticos e probióticos; projetos agroindustriais e mercado de
alimentos; química, bioquímica e análise de alimentos; sucos e conservas vegetais. Além do Departamento, atualmente
a Zona da Mata conta com o Parque Tecnológico de Viçosa que dentre as áreas prioritárias está a Tecnologia de
Alimentos. Este campo envolve conhecimentos das áreas de química, bioquímica, nutrição e farmácia. Portanto, a
região possui um grande potencial de geração de conhecimento e tecnologia pela academia, e também relativo a
interface com a indústria local.
2.2.4 Elos chave e Fatores Críticos de Sucesso (FCS)
A cadeia produtiva que envolve a indústria de alimentos possui interface com diversos outros setores e segmentos.
Como já citado anteriormente o setor primário possui um importante papel, pois é a base para o fornecimento dos
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insumos utilizados pelas empresas alimentícias. Além disso, há também o elo da indústria química, responsável pelo
fornecimento de ingredientes e aditivos, o elo de embalagens que também concentra tecnologia e valor agregado ao
setor, e o elo de máquinas e equipamentos. Cabe ressaltar também a interface com entidades de ensino, centros de
pesquisa e tecnologia, centros de formação profissional, sistemas de regulação e certificadores. Nos aspectos
regulatórios, há uma crescente regulamentação e fiscalização da ANVISA nas indústrias de alimentos e food service,
sendo que para cada categoria de alimento exige uma regulamentação. A cada ano, a exigência sobre a indústria de
alimentos é maior, principalmente no Brasil, onde ainda existem níveis insatisfatórios de contaminação por bactérias e
vírus transmitidos por alimentos.
Figura 14: Cadeia produtiva do setor alimentício
Fonte: Elaboração própria com base em dados secundários
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A indústria alimentícia utiliza uma ampla gama de ingredientes orgânicos e inorgânicos com o objetivo principal de
aumentar a vida útil dos produtos e torná-los mais saudáveis e atraentes sensorialmente. Esses objetivos são perenes,
porém a forma de alcançá-los muda consideravelmente na medida em que inovações tecnológicas se apresentam.
Dessa forma, a indústria química é um elo muito relevante para a cadeia produtiva, uma vez que a durabilidade,
conservação, sabor, aroma, são fundamentais. Porém, na Zona da Mata este ainda é um setor incipiente, com
aproximadamente 16 indústrias. No entanto, não se pode afirmar que todas as empresas do setor químico existentes na
região fornecem para empresas alimentícias. Mas há de se verificar o potencial de crescimento do segmento, e possível
alteração do processo produtivo para adequar as indústrias alimentícias. Ao mesmo tempo, a Zona da Mata conta com
cursos na área química em importantes instituições de ensino, desde técnico a doutorado. Para atender o novo perfil
dos consumidores, ser competitivo no mercado, o setor químico se faz essencial, uma vez que é ele quem fornece os
principais insumos para a diversificação dos produtos.
Ao mesmo tempo, a embalagem se faz cada dia mais importante para a conservação de alimentos, e também para o
comércio e entrada no mercado. A embalagem tem um papel vital no mercado de alimentos e bebidas. Ela pode ser
usada para conferir uma vantagem competitiva ao produto, para aumentar o valor aparente deste ou para oferecer uma
vantagem funcional, influenciando a frequência de consumo. Além das funções de preservação/conservação, os
fabricantes tem percebido a importância da embalagem na comunicação com o consumidor e isto tem sido uma força
motriz na inovação. A inovação na embalagem pode até mesmo determinar onde e quando o alimento será consumido.
As tendências globais do setor de embalagens são produtos de alto desempenho forte barreiras, ingredientes
inteligentes e instâncias ativas que se adaptam às alterações do conteúdo embalado e do ambiente, aumentam a vida
de prateleira ou fornecem informações sobre o pacote e seu conteúdo para melhorias da cadeia de suprimento.
Portanto, os novos produtos serão: materiais com forte barreira, embalagem ativa, embalagem inteligente,
nanotecnologia, impressão digital para embalagem2. O mercado de embalagens para alimentos e bebidas no Brasil
superou US$ 17 bilhões em 2010:
2 http://www.worldpackaging.org–Market Statistics and Future Trends in Global Packaging
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Tabela 10: Indústria de embalagens no Brasil
Fonte: SEBRAE MG (2012)
A Zona da Mata possui 68 estabelecimentos de embalagem que empregam cerca de 3.391 pessoas. Não há um grande
número de empresas, embora tenham algumas relevantes em termos empregatícios, como Paraibuna Embalagens
(Juiz de Fora), EPM Embalagens (Juiz de Fora), Hiperrol Embalagens (Juiz de Fora), Embalagem Fortuce (Miraí), INPA
Embalagens (Pirapetinga) e Metalgráfica Palmira (Santos Dumont). Percebe-se também relativa diversidade quanto ao
tipo de produtos final, havendo fabricação de embalagens de plástico, papel e metálicas. Faz-se presente uma grande
empresa em Pirapetinga, cujo produto principal é embalagens de papelão ondulado. A empresa emprega 990 pessoas
e á principal fonte de arrecadação do município. Além dela, na Zona da Mata tem 5 médias empresas que também
fabricam embalagens, 3 delas estão em Juiz de Fora, as demais em Miraí e Santos Dumont.
Além destes elos, o setor primário é fundamental para o bom desempenho da agroindústria como um todo. Portanto, se
não há uma comunicação e logística eficiente entre os fornecedores de insumos e a indústria processadora, o setor
perde em termos de vendas o que impacta no seu resultado final. Um gargalo verificado no Brasil é a baixa instrução
dos fornecedores primários, o que dificulta o atendimento a grande indústria. Além disso, há uma imposição relativa de
preço, principalmente, pelo elo industrial, que muitas vezes os fornecedores não conseguem atender.
Um dos elos que mais agrega tecnologia e inovação na cadeia produtiva de alimento é o químico, que compreende a
fabricação de ingredientes para a indústria alimentícia, como mostrado na figura abaixo:
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68,6% destes 14 ingredientes são usados para a produção de alimentos processados, o restante é dividido entre
bebidas, produtos de beleza e cuidado pessoal, cuidado para casa e outros. A indústria de alimentos utilizou 123,5
milhões de toneladas de ingredientes especializados em 20113 (excluindo-se commodities). De 2011 a 2016 é estimado
um crescimento de 2,7% ao ano atingindo um volume de 140,8 milhões de toneladas em 2016. Estas empresas tem
característica de fazerem um elevado investimento em P&D, elas investem mais do que a média das empresas
processadoras de alimentos. O mercado de ingredientes no Brasil possui uma projeção de crescimento de 2,8% ou
mais de 1 milhão de toneladas projetado para 2011-2016. Além disso, o país representa 40% do mercado da América
Latina. (Sebrae, 2012)
De acordo com estudo do Sebrae, mais da metade das empresas processadoras de alimentos utilizam os fornecedores
no processo de inovação, conforme pode ser verificado no exemplo abaixo:
Figura 15: Exemplo: Indústria de alimentos preparados nos EUA
Fonte: SEBRAE MG (2012)
Em relação ao setor de equipamentos, o mercado global de maquinário e equipamento para a indústria de alimentos
deve atingir US$ 47 bilhões em 2015. Os principais fatores que impulsionaram o crescimento do mercado foram o
desenvolvimento de produtos alimentícios, novos processos, aumento da exigência do consumidor, aumento de
3Fonte: Euromonitor International – Packaged Food Ingredientes: Trends and Influences.
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regulamentação governamental para saúde e higiene, desenvolvimento econômico em países em desenvolvimento. Os
maiores mercados para maquinário na indústria alimentícia são: carnes (devido à mudança de processamento
tradicional para processamento industrial sofisticado), lácteos, alimentos secos e alimentos pré-processados4.
4 http://www.prweb.com-Food Processing Machinery & Equipment report porGlobal Industry Analysis
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3 Indústria de Bebidas
3.1 Panorama do setor
Da mesma maneira que o setor de alimentos, o de bebidas está estreitamente vinculado ao maior poder de consumo da
população. Perspectivas de aumento do rendimento médio salarial costumam influenciar diretamente, assim como o
crescimento da produção da indústria. Além disso, o setor mostra-se bastante sensível às variações do clima: quanto
mais quente, melhor para este mercado, que tem picos de consumo durante o período que combina festas, férias e
verão.
Segundo ACPV a indústria de bebidas no Brasil tem participação significativa no PIB nacional, chegando a 7,5%, só o
segmento de cerveja contribui com 1,5% dessa parcela (20% do total). Segundo dados do Ministério da Agricultura, são
mais de 72,3 mil produtos registrados no Brasil, 4.062 empresas registradas em todo o País. Ao analisar os anos de
2008 a 2010 em termo de surgimentos de novas empresas e produtos, verifica-se que houve um declínio nos registros
de 1,69% de empresas e um declínio de 7,93% em relação a 2009. Deve-se destacar o papel das pequenas empresas
do setor que, por não conquistarem ganhos de escala ou escopo devido à limitada capacidade de investimento, acabam
atuando em mercados regionais.
Especificamente, em relação ao segmento de sucos, até meados da década de 1990, a produção brasileira de sucos
era quase toda direcionada para a exportação. Porém, a partir do Plano Real, quando houve uma melhora da
distribuição de renda, também passou a atender os consumidores domésticos. O mercado de sucos atende,
principalmente, aos anseios das classes “A” e “B”, e 70% dos seus consumidores estão localizados na Região Sudeste.
Além disso, o maior segmento de sucos industrializados é o de sucos em pó, o qual apresenta a menor relação preço
por litro e é consumido por 85% das famílias brasileiras.
O suco industrializado vem apresentando constante crescimento pelo incentivo de grandes marcas que estão investindo
mais em propagandas e merchandising, além de aquisições de pequenas empresas pelas grandes como a Coca-Cola
que, algum tempo atrás, comprou a Dell Valle e passou a liderar esse segmento. Os tipos de sucos industrializados
disponíveis para consumo podem ser classificados em cinco categorias:
Sucos naturais: Elaborados a partir da própria fruta
Sucos em pó: Produzido em um processo de desidratação
Sucos concentrados: Suco natural desidratada para torná-lo mais concentrado e reduzindo seu volume
Sucos prontos para beber: fabricados com extratos da fruta, água e uma serie de aditivos
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Sucos de polpa: que não possui nenhum tipo de processo químico, protegendo ao máximo as propriedades da
fruta.
Esse segmento, apesar de ser muito representativo no setor, ainda tem certa resistência pelos brasileiros, que tem
preferência apenas por sucos naturais sem adição de conservantes, mas a tecnologia já garante a conservação dos
produtos bem próximos ao do natural, preservando as propriedades naturais do suco.
3.1.1 Comparação do setor com indústria brasileira
Das portas das indústrias de alimentos e bebidas saem produtos que equivalem a 9,5% do Produto Interno Bruto (PIB)
do Brasil, que além de criar um número crescente de empregos, geram um saldo comercial superior àquele criado por
todo o restante da economia.
O mercado de bebidas movimenta anualmente milhões de reais no Brasil, em termos de faturamento e geração de
empregos diretos e indiretos. A indústria brasileira de bebidas reveste-se de considerável importância para a economia
nacional, em virtude não apenas do valor da produção, como também em função do elevado dinamismo que tem
apresentado recentemente. Tal dinamismo é especialmente acentuado em alguns segmentos e foi parcialmente
responsável pelo notável crescimento de determinados fabricantes que, hoje, ocupam posição de destaque no país e
no exterior. Apesar do papel que o setor de bebidas representa na economia brasileira, no entanto, é relativamente
difícil encontrar informações organizadas e acessíveis sobre ele, excetuando-se alguns segmentos.
Ao comparar o desempenho da indústria de bebidas com os demais segmentos, percebe-se que o setor apresentou um
desempenho na maioria do período inferior a média industrial. Destaque para o ano de 2009, quando a indústria geral
sofreu uma redução, mas o contrário ocorreu com o segmento de bebidas. Ademais, a representatividade do setor na
economia nacional é baixa, de apenas 1,5% em 2010.
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Tabela 11: Variação e contribuição percentual dos setores da indústria em geral (%)
Fonte: Ministério da Fazenda (2010)
3.1.2 Produção e produtividade do trabalho
Ao analisar a variação percentual da produção industrial de bebidas no Brasil verifica-se um desempenho positivo em
comparação com a indústria geral. Especialmente no ano de 2009, quando houve uma retração da economia nacional,
o setor de bebidas continuou crescendo. Porém, houve uma ligeira queda em 2011, de aproximadamente 0,09%. No
ano seguinte a indústria de bebidas recuperou o seu desempenho, crescendo 1,31% em relação a 2002. Dentre os
segmentos da agroindústria, bebidas foi o que obteve uma maior expansão de sua produção no período de 2005 a
2012.
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Figura 16: Variação da produção física industrial (ano base = 2002)
Fonte: IBGE
Ainda analisando o desempenho da indústria de bebidas no período recente, o faturamento das empresas do setor foi
superior ao observado na agroindústria como um todo. Além disso, ao comparar a média de variação do faturamento
entre 2007 e 2012, o resultado da indústria de bebidas foi de 140,5, enquanto que na indústria geral, extrativa e de
transformação foi inferior, de 125,6, 99,8 e 128,5 respectivamente. Estes dados apenas confirmam a performance
positiva do setor atualmente.
Tabela 12: Faturamento real (número índice, 2006 = 100)
Setores Indústria Geral Indústrias Extrativas
Indústrias de Transformação
Agroindústria Bebidas
2007 112,08 106,31 112,71 111,55 119,88
2008 126,51 108,31 128,52 120,74 151,32
2009 116,57 81,06 120,49 107,71 138,58
2010 130,44 105,15 133,23 120,83 146,89
2011 133,89 102,99 137,30 112,96 150,11
2012 134,30 94,99 138,64 111,16 136,42
Média (2007-2012) 125,63 99,80 128,48 114,16 140,53
Fonte: FIEMG Dados
(10)
(7)
(4)
(1)
2
5
8
11
14
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Indústria geral
Indústria extrativa
Indústria de transformação
Bebidas
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Tabela 13: Produtividade dos setores de Minas Gerais em relação ao Brasil (apenas setores que cresceram)
Fonte: PIA - IBGE
3.1.3 Mercado Interno
O mercado específico de sucos prontos para beber movimenta cerca de 250 milhões de litros/ano, no entanto, ainda
tem de conquistar a preferência dos consumidores brasileiros que resistem em tomar sucos industrializados. Os
mercados de sucos concentrados e de sucos de polpas procuram conquistar a preferência dos consumidores
baseando-se fundamentalmente, no aspecto da conservação das propriedades nutritivas das frutas. Em decorrência da
praticidade de consumo e distribuição, os sucos concentrados são vendidos com melhores preços unitários do que os
sucos de polpas. A facilidade de conservação e transporte torna-o o principal segmento para exportação.
Seguindo uma tendência mundial, a maior demanda por produtos saudáveis beneficia o consumo de sucos no Brasil.
Os sucos são comercializados principalmente por meio das redes de distribuição próprias, sendo os supermercados o
principal canal de vendas. Considerando a resistência cultural do brasileiro contra qualquer suco não-natural, a
tecnologia das embalagens já garante a conservação dos produtos em seu estado o mais próximo possível do natural.
O consumo de sucos industrializados no país em 2008, segundo dados da Fundação Nielsen, foi de 517 milhões de
litros uma elevação de 5% em relação aos outros anos. Já em 2009 ouve uma queda de 10 % foram consumidos 470
milhões de litros. Em 2010, foram consumidos 550 milhões de litros de sucos de todos os sabores no Brasil, um
crescimento de aproximadamente 17,02%. Os sabores mais consumidos no Brasil são estão dispostos na figura abaixo:
Setores que cresceram entre 2007 e 2011 2007 2011 07/nov
Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 39,5% 75,0% 89,8%
Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 51,9% 79,9% 54,1%
Fabricação de produtos de madeira 92,7% 117,4% 26,6%
Extração de minerais não-metálicos 69,5% 87,6% 26,0%
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 80,7% 94,8% 17,4%
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 105,5% 122,8% 16,4%
Fabricação de bebidas 89,1% 100,2% 12,5%
Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 91,4% 100,1% 9,4%
Fabricação de produtos diversos 47,6% 51,5% 8,3%
Metalurgia 110,5% 118,6% 7,4%
Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 64,5% 66,2% 2,7%
Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados 64,1% 65,6% 2,4%
Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 80,9% 81,7% 1,0%
Fabricação de móveis 77,9% 78,4% 0,7%
TOTAL MG 103,2% 110,9% 7,5%
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Figura 17: Sabores de sucos industrializados consumidos no Brasil
Fonte: Fundação Nielsen
3.1.4 Setor externo: Exportação/Importação
Apesar de a indústria de bebidas ser voltada principalmente ao mercado interno, as exportações do setor sofreram um
aumento nos últimos anos. Conforme visto na figura abaixo, o nível de exportação da indústria como um todo teve uma
queda em 2009, devido ao cenário econômico internacional. Pelo fato de a indústria de bebidas não estar muito
relacionada ao comércio externo, não houve um reflexo muito grande nos valores exportados.
Figura 18: Exportação (FOB) em US$ milhões
Fonte: Elaboração GDI/FIEMG com base nos dados da FUNCEX/MDIC
Os quatro maiores exportadores de sucos de frutas são o Brasil, Estados Unidos, Espanha e México. No entanto, ainda
que o Brasil seja o maior produtor mundial de suco de laranja, as exportações brasileiras referem-se ao produto
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processado básico, o qual é posteriormente colocado no mercado com marcas próprias por distribuidores locais. Depois
da laranja, os sucos de uva, maçã e abacaxi também se destacam na pauta de exportações brasileiras, principalmente
porque a produção interna dos países importadores não é capaz de suprir seus próprios mercados domésticos,
necessitando de complementação via importação durante as entressafras.
O suco de laranja é o mais consumido no mercado internacional de sucos – representa 39,9% do total – e suas
exportações alcançaram cerca de US$ 1,5 bilhão em 2004. Em 2º lugar está o suco de maçã, com um consumo
equivalente a 25,4% do total. Já as exportações chegaram a US$ 732 milhões.
Figura 19: Mercado mundial de bebidas industrializadas
Fonte: Tetra Park (2010)
3.1.5 Emprego
Assim como vem ocorrendo na indústria alimentícia, a expansão do mercado interno, principalmente, fez com que as
empresas se adequassem e expandiram suas empresas para atender a demanda. Um dos resultados deste processo
foi o aumento no número de empregados, verificado desde 2006 um crescimento contínuo. Porém, a representatividade
da indústria de bebidas na indústria de transformação manteve-se inalterada, de apenas 1,8%. Em relação ao
segmento de bebidas não alcoólicas, no qual está incluso a fabricação de sucos, ele corresponde a aproximadamente
57% do pessoal ocupado total da indústria de bebidas. Mas esta grande representatividade muito se deve a fabricação
de refrigerantes, e estima-se que o menor percentual é do segmento de sucos.
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Tabela 14: Pessoal ocupado
PESSOAL OCUPADO
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0)
Ano
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Indústria da Transformação 7.211.463 7.843.139 8.054.585 8.109.724 8.654.117 8.869.718
Fabricação de bebidas 120.848 132.392 134.771 144.512 157.977 157.459
Fabricação de bebidas não-alcoólicas 68.947 74.706 73.744 83.978 90.537 92.654
Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Anual
De acordo com dados da RAIS/MTE, a nível estadual os empregados do setor de bebida está majoritariamente
concentrado no ensino médio (46,8% em 2011), sendo que apenas 7,4% possui ensino superior completo. Há também
uma grande parcela de funcionários com até ensino fundamental de aproximadamente 31%. Ou seja, é baixo o nível de
qualificação dos empregados do setor de bebidas, o que pode ser devido ao tipo da estrutura das empresas de Minas
Gerais, em sua grande maioria de micro e pequeno porte.
Figura 20: Qualificação da mão-de-obra (2009)
Fonte: RAIS/M.T.E.
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3.1.6 Principais players – Mundo e Brasil
O setor de bebidas no Brasil sofre um regime de oligopólio, onde se tem quatro grandes empresas que juntas tem 100%
desse mercado, A principal delas e a AMBEV com 68% de participação, seguida por Schincariol com 10,97%,
Cervejaria Petrópolis com 10,80%%, e o Grupo FEMSA com 9%.
Em Minas Gerais, a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) integra a maior plataforma de produção e
comercialização de cervejas do mundo e possui unidades em várias cidades do Estado, além da Coca Cola Femsa, que
está instalando uma fábrica em Itabirito, na Região Central do Estado. A Zona da Mata destaca-se na produção de
sucos naturais, abrigando produtores como Tial, Bela Ischia, Agrofruit, e Goody.
3.2 Perspectivas do Setor
3.2.1 Oportunidades e tendências
As oportunidades e tendências da indústria de bebidas são muito semelhantes as do setor de alimentos. Para ambos
inovação é palavra permanente no vocabulário de empresários e gestores, que devem estar atentos para atender com
rapidez, ou mesmo antecipar, as novas demandas dos consumidores no Brasil e no mundo.Este é um segmento em
que fatores como o aumento do poder de compra da população, o maior acesso à informação, o aumento da
escolaridade, a modificação na estrutura das famílias e o envelhecimento da população, entre outros, modificam
diretamente as percepções e, consequentemente, as preferências e as escolhas em relação ao alimento a ser
consumido.
Uma forte tendência do setor é a de diversificação de sabores e tipos de bebidas. Os consumidores exigem cada vez
mais produtos originais, práticos e saudáveis. Para a alimentação fora do lar, cresce o consumo de produtos em
pequenas porções (snacking, fingerfood), produtos embalados para consumo individual (monodoses), produtos
adequados para comer em trânsito ou em diferentes lugares e situações. Entretanto, essas tendências convergem com
as necessidades de saudabilidade e bem-estar, resultando no aumento da demanda de alimentos convenientes, tais
como bebidas à base de frutas, snacks de vegetais, iogurtes etc.
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3.2.2 Elos chave e Fatores Críticos de Sucesso (FCS)
A cadeia produtiva do setor de bebidas é muito semelhante em relação aos segmentos de atuação, além disso possui
uma característica menos complexa e envolve menos elos. No caso de sucos especificamente o principal insumo é a
fruta, que pode ser processada pela indústria final de sucos industrializados. Mas na maior parte dos casos a
transformação da fruta em polpa é feita por outra empresa, ou outra unidade industrial. É importante que esta indústria
de fabricação de polpas esteja próxima ao produtor, uma vez que o transporte da fruta in natura não favorece a sua
conservação. O processo de envase do produto também pode ser terceirizado pela indústria de sucos industrializados,
apesar de existirem empresas que realizam o próprio envasamento.
Figura 21: Cadeia produtiva da indústria de bebidas
O processo produtivo da indústria de bebidas envolve a fabricação do produto básico, o engarrafamento e a
distribuição, além do fornecimento das matérias primas e embalagens. A localização espacial das plantas industriais
próximas ao mercado consumidor e a constituição de redes de distribuição com capacidade para alcançar as mais
distantes localidades são variáveis importantes e cruciais para a estratégia das grandes empresas.
A fabricação de embalagens é um elo fundamental da cadeia produtiva de bebidas, pois, além de representarem 50%
dos custos de produção de cervejas e refrigerantes, é o segmento que apresenta considerável nível de
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desenvolvimento e inovação.A introdução de embalagens inovadoras em termos de formas e tamanhos para diferenciar
os produtos da concorrência e atrair a atenção dos consumidores foi evidente no setor de alimentos e bebidas nos
últimos anos e deverá ter continuidade. As embalagens convergem para formatos mais modernos, que chamem
atenção e sejam de fácil manuseio. Dessa forma, as empresas buscarão diferenciar seus produtos mediante algum tipo
de inovação ou incremento de qualidade para assegurar fidelidade às marcas e aumentar as vendas do setor para
nichos de mercado de maior poder aquisitivo. As estratégias de integração (horizontal e vertical) das empresas da
cadeia produtiva de bebidas são cada vez mais percebidas como uma tentativa de obtenção de ganhos de escala e de
escopo.
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4 Referências
As 100 maiores indústrias de alimentos e bebidas do Brasil. Revista Ingredientes e Tecnologias. Março de 2012.
Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA). O setor em números; 2013. Acesso em setembro / 2013.
Disponível em: http://abia.org.br
BNDES Setorial. Inovação na indústria de alimentos: importância e dinâmica no complexo agroindustrial brasileiro.
2013.
BNDES Setorial. Panorama do Setor de Bebidas no Brasil.Rio de Janeiro: março de 2006.
CUNHA, Ana Oliveira da Cunha. Cadeia produtiva do pão: fontes informacionais utilizadas no planejamento de novos
produtos. UFRS, 2012.
EMBRAPA, Secretaria de Gestão e Estratégia. Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o agronegócio brasileiro:
Cenários 2002 – 2012. Brasília, DF. Embrapa Informação Tecnológica, 2003. 92 p.
ERNST YOUNG & FGV. Brasil Sustentável. Perspectivas do Brasil na agroindústria. São Paulo: estudo desenvolvido
pelo Departamento de Comunicação e Gestão da Ernst & Young Brasil e FGV, 2009.
FARIA, Emanuel. A interação entre o departamento de tecnologia de alimentos da Universidade Federal de Viçosa e as
empresas da Zona da Mata para a inovação. UFV, 2010.
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Brasil FoodTrends 2020. São Paulo: FIESP, Campinas:
ITAL, 2010.
FERNANDES, C.; ROCHA, R. Os setores-chave da economia de Minas Gerais: uma análise a partir das matrizes de
insumo-produto de 1996 e 2005. Belo Horizonte, Cedeplar/UFMG, 2010.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), Coordenação de Contas Nacionais (Conac).
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI). Produto Interno Bruto de Minas
Gerais, 1999 e 2009.
Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (INDI), Cadeias produtivas e potencialidades.
http://www.indi.mg.gov.br/site_indi/dinamismo-economico. Acessado em Outubro de 2013.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Publicações, 2013.
MINISTÉRIO DA FAZENDA. Conjuntura Setores Industriais. Setembro de 2010.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE). Cadastro de Estabelecimentos Empregadores (CEE), 2012.
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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE). Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), 2000/2007/2011.
OXFAM. 166 Informativo: Por trás das marcas. Fevereiro de 2013.
PELEGRINI, D.F. Diagnóstico da fruticultura o estado de Minas Gerais / Djalma Ferreira Pelegrini, Juliana Carvalho
Simões, BolivarMorroni de Paiva. Belo Horizonte: EPAMIG, 2009.
SEBRAE. Estudos de mercado: Biscoitos caseiros não industrializados. Setembro de 2008.
SEBRAE. Estudos de mercado: Pães caseiros não industrializados. Setembro de 2008.
TETRA PARK. Mercado Global de Bebidas. 2010.
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5 Anexo
ANEXO I – Matriz de Projetos do Setor de Alimentos
PROJETOS / AÇÕES INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL
Programa de Apoio à Competitividade dos Arranjos Produtivos Locais de Minas Gerais GDI / FIEMG
Programa Alimentos e Bebidas SENAI
Instituto Senai de Tecnologia (Alimentos e Bebidas) SenaiCetec
Câmara da Indústria de Alimentação SDE / FIEMG
Desenvolvimento do setor de alimentos e bebidas de Juiz de Fora e região SEBRAE
Desenvolvimento do Setor de Panificação e Confeitaria SEBRAE
Projeto Setorial Integrado de Promoção das Exportações de Biscoitos e Massas Alimentícias Apex / ANIB
Programa Alimentos e Bebidas SENAI
Biotecnologia aplicada ao segmento de tecnologia de alimentos e bem estar de Viçosa SEBRAE
Projeto Setorial Integrado de Promoção das Exportações de Arroz Apex / ABIARROZ
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Projeto Setorial Integrado de Promoção das Exportações de Frango Apex / UBABEF
Projeto Setorial Integrado de Promoção das Exportações de Frutas e Derivados Apex / IBRAF
Projeto Setorial Integrado de Promoção de Exportações das Empresas Produtoras de Fibras Naturais do Brasil
Apex / SINDIFIBRAS
Programa Setorial Integrado de Promoção Comercial da Carne Suína Brasileira no Exterior Apex / ABIPECS
Projeto Setorial Integrado de Promoção de Exportações de Alimentos e Bebidas Processadas Apex / ABBA
Projeto Setorial Integrado para Promoção Comercial de Mel e Derivados Apex / ABEMEL
Projeto Setorial Integrado de Promoção de Exportações de Produtos Orgânicos Apex / IPD
Polo de Excelência do Leite e Derivados SECTES
Inovação e Tecnologia de Leite e Derivados SEBRAE
Fonte: Elaboração GDI/FIEMG
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ANEXO I – Matriz de Projetos do Setor de Bebidas
PROJETOS / AÇÕES INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL
Programa de Apoio à Competitividade dos Arranjos Produtivos Locais de Minas Gerais GDI / FIEMG
Programa Alimentos e Bebidas SENAI
Instituto Senai de Tecnologia (Alimentos e Bebidas) SenaiCetec
Desenvolvimento do setor de alimentos e bebidas de Juiz de Fora e região SEBRAE
Cervejas e chopes artesanais em Juiz de Fora SEBRAE
Frutas processadas ABDI
Programa Alimentos e Bebidas SENAI
Projeto Setorial Integrado de Promoção de Exportações de Café Apex / ABIC
Projeto Setorial Integrado Cafés do Brasil Apex / BSCA
Programa Setorial Integrado de Promoção Comercial da Carne Suína Brasileira no Exterior Apex / ABIPECS
Projeto Setorial Integrado de Promoção de Imagem de Sucos Cítricos Apex / CitrusBr
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Projeto Setorial Integrado de Promoção de Exportações de Alimentos e Bebidas Processadas Apex / ABBA
Projeto Setorial Integrado de Promoção de Exportações de Produtos Orgânicos Apex / IPD
Fonte: Elaboração GDI/FIEMG