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IV Encontro Nacional de Estudos da Imagem I Encontro Internacional de Estudos da Imagem
07 a 10 de maio de 2013 – Londrina-PR
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LIGA DA JUSTIÇA: DEMOCRACIA E ANTITERRORISMO NOS DESENHOS ANIMADOS
Mario Marcello Neto1 Resumo: Este trabalho pretende analisar a animação Liga da Justiça (DC Comics/Time
Warner, 2001) sob o espectro da Histórica Cultural, principalmente através dos conceitos
de Representação (CHARTIER, 2009) e Imaginário Social (BACZKO, 1985). Tendo em
vista que esta animação começou a ser produzida logo após um dos maiores atentados,
comumente, chamado de terrorista: a queda do World Trade Center em 2001. Tal
acontecimento traz consigo um caráter simbólico, mas que define um novo modelo na
geopolítica atual (CHOMSKY, 2003). Esse novo modelo, também acaba redefinindo padrões
dominantes na sociedade. Isso não foi diferente no que se refere aos conceitos de
globalização, terrorismo, democracia, abordados por Hobsbawm (2011); e o medo do
exterminismo – conceito abordado por Thompson (1985), se referindo ao temor a armas,
principalmente as, nucleares, que possuem grande potencial de destruição, capaz de
exterminar a humanidade –. Sendo assim, buscamos fazer uma análise quantitativa, em
relação ao número de episódios que os conceitos supracitados se evidenciam, e qualitativa,
analisando a forma do discurso, a estética e o personagem a qual estava envolvido, bem como
o contexto em que ele foi inserido e os efeitos de verdade produzidos permitindo a criação de
um imaginário social.
Palavras-Chave: Desenho Animado, Terrorismo, Democracia e Política.
Abstract: This article aims to analyze the animation Justice League (DC Comics / Time
Warner, 2001) under the specter of Cultural History , mainly through the concepts of
representation (CHARTIER, 2009) and social imaginary (BACZKO, 1985). Considering that
this animation started being produced after a major attack, commonly, called of the terrorist:
the fall of the World Trade Center in 2001. This event brings a symbolic character, but too
defines a new model in the current geopolitical (Chomsky, 2003). This new model also ends
up redefining standards prevailing in society. This was no different with regard to the
concepts of globalization, terrorism, democracy, discussed by Hobsbawm (2011), and the
fear of exterminism - concept discussed by Thompson (1985), referring to fears the weapons,
especially nuclear, which have great potential for destruction, capable of exterminating
humanity -. Thus, we seek to make a quantitative analysis on the number of episodes that the
1 Graduando do 7º Semestre do curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal de Pelotas – UFPel. Bolsista no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência – PIBID – Humanidades – UFPel / CAPES. [email protected]
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above concepts are evident, and qualitative, analyzing the form of discourse, aesthetics and
character which was involved, as well as the context in which it is inserted and the effects of
truth produced by allowing the creation of a social imaginary.
Key-Words: Cartoon, Terrorism, Democracy and Political.
1. Apresentando o Tema: Este artigo tem por objetivo realizar um estudo sobre os desenhos animados e a sua
relação com o imaginário social e suas formas de representações da sociedade. Para isso
optamos por analisar a animação Liga da Justiça produzida pela Time-Warner em parceria
com a DC Comics entre os anos de 2001 e 2003. Uma das maiores produções animadas feitas
até então. Sua transmissão alcançou o mundo inteiro, inclusive o Brasil no qual a meses atrás
ainda exibido em rede aberta de televisão, fato que ampliada o espectro de expectadores. Essa
animação foi produzida em um contexto marcado por tensões e conflitos como os atentados
terroristas as torres gêmeas do World Trade Center, Guerra do Iraque entre outros fatores.
Além disso, procuraremos entender como o imaginário social produzido em torno dos Super-
Herois nos acompanham nos dias de hoje. Buscando fazer uma analogia com o surgimento
dos mesmos nos anos 30-40 do século XX nas histórias em quadrinhos e a sua passagem para
a televisão. Isso nos permitirá compreender como a mídia hoje tem um poder formador de
opinião na sociedade; suas representações axiológicas de mundo, bem como o uso dos
estudos sobre o inconsciente coletivo, são possíveis de se notar na Liga da Justiça e
abordaremos ao longo deste texto. Sendo assim, através da linha teórico-metodológica da
história cultural buscaremos analisar não só a fonte em si, mas compreender as aspirações
desta sociedade que foi construindo historicamente um imaginário social em torno dos Super-
Herois, tornando-os modelos para as crianças, algo a ser seguido tornando, quase que, um
dever dos historiadores estudá-los.
Pesquisar sobre desenhos animados numa perspectiva histórica não é uma
tarefa fácil, pois as dificuldades da investigação já começam a aparecer no inicio da
caminhada. Eleger quais as fontes bibliográficas que servirão de aporte teórico,
metodológicos e que darão base para o desenvolvimento do trabalho é um processo que
demanda tempo e responsabilidade, pois essas questões serão (são) determinantes para o
sucesso da pesquisa.
2. Aspectos Teóricos Sobre Animação A primeira dificuldade encontrada para realizar esta pesquisa foi encontrar um aporte
teórico-metodológico que permitisse realiza-lá com qualidade e não perdendo o caráter
histórico, que é o que pretendemos alcançar. Por isso, o primeiro passo foi a realização de
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leituras que nos permitissem entender as formas e possibilidades de se trabalhar com fontes
audiovisuais, em especial os Desenhos Animados. Para que pudéssemos começar a entender
qual referencial teórico poderíamos utilizar nesta pesquisa, recorremos a leitura de dois livros
– O Desafio Historiográfico de José Carlos Reis e o Campo da História de José D’assunção
Barros – o primeiro mais denso e teórico abordando o fazer histórico, suas possibilidades e
desafios; e o segundo faz um breve explanação sobre as mais variadas correntes teóricas no
campo da História.
Após a leitura desses livros, pudemos compreender que chamada História Cultural, ou
na visão de Barros (2004), a História do Imaginário seria a mais adequada para esse trabalho.
Embora as discussões teóricas discutidas entre as duas correntes historiográficas, aqui
trataremos ambas como similares, e/ou complementares, sem se aprofundar em discussões
mais densas sobre o caso. Os motivos pela qual se deu a nossa escolha foram muitos,
primeiramente ao entender o que a História Cultural estuda, seus conceitos e a sua ampliação
na forma pela qual amplia a possibilidade de fontes, podemos observar que isso contemplava
as necessidades que o trabalho com fontes audiovisuais exigiam. Além disso, os conceitos
abordados pela História Cultural como o de representação e de imaginário social abordam
práticas sociais e as suas formas de expressão e de compreensão de uma realidade. Para o
historiador, mais importante do que entender a realidade sobre aquilo que se imagina é
entender os motivos que levou aquela sociedade imaginar aquilo, não tendo como foco
comprovar, ou não, a veracidade dessa imaginação. Uma célebre frase do historiador
Bronislaw Baczko, explica isso dizendo,:
É assim que, através dos seus imaginários sociais, uma coletividade designa a sua identidade; elabora certa representação de si; estabelece a distribuição dos papéis e das posições sociais; exprime e impõe crenças comuns; constrói uma espécie de código de “bom comportamento”, designadamente através da instalação de modelos formadores tais como o do “chefe”, o “bom súbdito”, o “guerreiro corajoso”, etc. Assim é produzida, em especial, uma representação global e totalizante da sociedade como uma “ordem” em que cada elemento encontra o seu “lugar”, a sua identidade e a sua razão de ser. (BACZKO, 1985, Pág. 309).
O nosso objeto de estudo é o Desenho Animado de Super-Herois, ou seja, uma mídia
feita para o entretenimento, e com certeza para alimentar uma indústria cultural de massa,
visando um público-alvo de crianças e pré-adolescentes que assistem televisão.
Para que a existência dos Super-Herois aconteça, somos obrigados a imaginar. Essa
forma de imaginar, a construção desse arcabouço imaginário e as produções de sentido e as
variadas formas de representações da realidade são preocupações da História Cultura, e,
portanto, nossa também. Uma vez tendo compreendido o conceito desse arcabouço de
representações simbólicas que é o imaginário, não poderíamos deixar de falar na obra do
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brilhante sociólogo Pierre Bourdier, O Poder Simbólico. O autor vai fazer uma análise de
como as construções e representações sociais criam símbolos e signos que tomam forma de
acordo com a bagagem cultural de cada grupo social, bem como as suas formas de
simbolismo que se transformam em um Poder Simbólico muito mais efetivo do que outros
tipos de poder como o econômico ou militar. Nesse caso, o poder simbólico exercido pelos
Super-Herois em nossa sociedade é bem evidente, principalmente no que se refere a
construção de um imaginário e na forma de ver o mundo e distinguir o que é o bem e o que é
o mal, dualidade muito presente na Liga da Justiça.
Sendo assim, após a leitura desses autores supracitados, podemos afirmar que o ser
humano tem a necessidade de criar ídolos, endeusar pessoas e até seres que muitos insistem
em discutir a sua existência, ou não. Mas o que devemos perceber vai além disso. Precisamos
entender que o ser humano necessita de um referencial, de um exemplo. É preciso alguém
para ensinar e nos guiar nos ambientes culturais. A relação entre símbolo e o simbólico vão
muito mais além, elas permeiam questões que devem ser problematizadas. Então, ao invés de
tentarmos entender a veracidade dos simbolismos, o que, talvez, tenha sua importância,
buscaremos enfatizar as formas de construção do mesmo bem como os motivos sociológicos e
históricos que fazem a sua existência. O símbolo é o código máximo da existência humana e a
nossa análise segue esse caminho, tentando entender como os Super-Herois agem no
imaginário de quem assiste a Liga da Justiça e que visões da História Contemporânea são
representadas por essas animações.
Um importante estudo em relação à ação da cultura entre o fazer (ato em si) e o ver (a
forma como as pessoas imaginam e percebem o ato), Chartier (2010) chama de
representação. Para ele, essa dicotomia só é possível através da subjetividade de cada um,
aliada as diferenciadas formas de compreensão e acepção dos símbolos e signos. Para Chartier
representações: “[...] não são simples imagens, verdadeiras ou falsas, de uma realidade que
lhes seria externa; elas possuem uma energia própria que leva a crer que o mundo ou o
passado é efetivamente, o que dizem que é.” (CHARTIER, 2010, p. 51).
Se as representações não fazem parte de uma realidade externa, mas sim de um modo
de perceber as coisas, de uma forma a qual ela se torna real; podemos dizer que os Super-
Herois se encaixam perfeitamente nesse conceito. Isso pode ser afirmado devido à forma
como o expectador/leitor/ouvinte é realocado para um mundo que inicialmente pode ser
considerado fictício e em outros momentos real, porém não importando o seu potencial de
realidade e levando em conta, sim, a capacidade de imaginação, criando aquele pacto entre o
espectador e obra, onde o segundo sabe da impossibilidade da existência do primeiro, mas o
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pacto que é feito o permite imaginar e interagir em seu mundo não importando ser uma ficção.
Umberto Eco comenta sobre a transposição e identificação do imaginário com o real, dizendo
que:
Clark Kent personaliza, de modo bastante típico, o leitor médio torturado por complexos e desprezado pelos seus semelhantes; através de um óbvio processo de identificação, um accountant qualquer, de uma cidade norte-americana qualquer, nutre secretamente a esperança de que um dia, das vestes da sua atual personalidade, possa florir um super-homem capaz de resgatar anos de mediocridade. (ECO, 2004, Pág.248)
Além disso, é preciso entender que a concepção positivista de tentar encontrar a
“verdade” tanto em filmes quanto em animações, devem ser relativizadas. Afinal, a História
obrigatoriamente deve produzir um efeito de verdade mais próximo do “real” possível, a
literatura, cinema e outros também produzem seu efeito de verdade, muitas vezes mais efetivo
que a forma escrita dos historiadores, porém esses não possuem, obrigatoriamente, um
compromisso com o “real” em sua narrativa, como afirma Hagemeyer dizendo:
A tarefa do historiador se desdobra, portanto, entre “narrar” e “explicar”, em expor a dinâmica dos fatos e conferir a eles um nexo de casualidade que permita compreendê-los em uma estrutura mais ampla de seu contexto e desdobramentos. (HAGEMEYER, 2012, Pág. 116).
Complementando, o autor vai comentar que o cinema – e a animação também se inclui neste conjunto – irão produzir seus efeitos de verdade, afirmando que:
[..] nesse sentido, um filme, assim como um texto historiográfico, pode assumir diferentes tons em relação ao assunto abordado, mobilizar formas diversas de elaboração de enredo e assim produzir seus “efeitos de verdade”. (HAGEMEYER, 2012, Pág. 115-116).
Para falarmos sobre animações é necessário, também, termos ciência do seu processo
histórico de surgimento, bem como a evolução da sua técnica e linguagem. Sendo assim,
Leonard Maltin é um autor que aborda a história e o desenvolvimento da linguagem dos
desenhos animados, principalmente nos EUA, indo do inicio do século XX até a década de
1980. Seu livro Of Mice and Magic: A History of American Animated Cartoons nos permitiu
entender a evolução da linguagem, bem como a mudança de público-alvo com a difusão da
televisão: ao invés de desenhos voltados para adultos, assistidos nos cinemas, temos desenhos
voltados para crianças veiculados na televisão no horário da manhã, período ocioso no inicio
da década de 1950. No mesmo sentido de tentar compreender a evolução da linguagem da
animação, suas características e evolução da tecnologia e da sua produção são destaques da
importante obra do professor de História da Animação na Universidade de Singapura,
Giannalberto Bendazzi.
A sua obra, Cartoons: One Hundred Years of Cinema Animation, traz uma
interessante abordagem sobre o cinema em animação, explicando não só a evolução e os
principais estúdios, mas aborda sobre a recepção e aceitação por parte do público. Discute
questões como as bilheterias alcançadas com alguns filmes e o impacto da televisão no
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cinema, mudando o caráter do desenho animado, transformando sua linguagem e suas
técnicas param se adaptar a um novo sistema; saindo do cinema para adultos e chegando à
televisão com animações destinadas a crianças, no horário da manha a qual o autor aponta
como um período ocioso no inicio da programação televisa estadunidense e em grande parte
da América.
Ainda sobre os estudos em relação animação, desde sua origem até os dias atuais,
temos na obra de Sergi Camara, intitulada All About Techniques in Drawing for Animation
Production uma grande referência. Ela nos permite entender que a animação merece uma
atenção especial no método da análise histórica, pois suas características técnicas as
diferenciam de todas as outras artes. Na animação, na visão de Camara, no mínimo, três
elementos são fundamentais para sua produção: roteiro, storyboard e dublagem e/ou
sonoplastia. Num primeiro momento isso pode se assemelhar muito ao cinema, porém se
formos entender a sua prática vemos que a primeira referência técnica desde a origem dos
desenhos vem das artes sequenciais. As Histórias em Quadrinhos, ou seja, imagens em
sequencias até impressas – com ou sem diálogo – ao serem transplantadas para a tela do
cinema, inicialmente, e recebendo o auxilio da dublagem ou sonoplastia, tornam-se as
primeiras animações. Partindo deste ponto de vista entendemos como importante não só uma
análise histórica dos desenhos animados, mas ficar atento a sua forma de arte, seu roteiro, uso
de cores, ângulos, dublagem e trilha sonora. Tudo aquilo que compõe o arcabouço técnico e
que faz toda a diferença no momento em que se assiste.
Álvaro de Moya em seu livro Mundo de Disney nos dá uma noção mais aprofundada
da evolução das técnicas e linguagens da animação através da análise da obra de Walt Disney
e seus estúdios. Isso nos permitiu compreender algumas relações que em determinados
contextos, como a Segunda Guerra Mundial, norteou o trabalho de Disney para questões anti-
eixo e patriotas. Fato também percebido por Richard Shale no livro Donald Duck Joins Up –
The Disney Studio During World War II.
Isso comprova ainda mais que investigar a fundo quem e quando estão criando e
produzindo uma animação e para qual finalidade é extremamente importante para a pesquisa
histórica. A escolha por um desenho animado de Super-Herois ocorre por alguns motivos
básicos. O primeiro é a difusão e reprodutibilidade deste. Afinal, como afirmam Theodore
Adorno e Max Horkheimer (1997) estes conceitos é o que sustenta a Indústria Cultural do
cinema e televisão. Sendo assim, Liga da Justiça (Time Warner/DC Comics, 2001) é um
desenho animado de grande sucesso, foi traduzido para diversas línguas e a poucos meses
ainda era transmitido em rede aberta na televisão brasileira.
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O segundo motivo baseia-se na utilização de Super-Herois ocupando os postos de
personagens principais, nos permitindo ampliar o campo de análise; estudando desde o
imaginário construído sobre estes seres sobre-humanos desde a década de 1930, período do
seu surgimento. Esse desenho conta com os personagens mais consagrados do universo dos
Super-Herois: Batman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde, Flash, Super-Homem, Marciano
e Mulher Gavião formam uma liga de Super-Herois responsáveis por assegurar a paz e impor
a ordem ao planeta Terra. Nildo Viana, filósofo e sociólogo, Professor Doutor na
Universidade Federal de Goiás, em seu livro Herois e Super-herois nas Histórias em
Quadrinhos, comenta não só o contexto de criação dos mesmos – pós a crise de 1929: o crime
organizado, a máfia, a fome e o desemprego imperam nos EUA, além das tensões totalitárias
na Europa que se antevia uma guerra mundial – como também diferencia os Herois de Super-
Herois e Aventura de Superaventura. Pode parecer besteira em um primeiro momento, porém
a diferenciação destes termos permite compreender que:
O heroi é um ser extraordinário mas humano, não tendo superpoderes. É com o aparecimento do Super-Homem, em 1938, que temos o surgimento dos Super-Herois e de um novo gênero, a superaventura. Os Herois, sem dúvida, foram uma pré-condição para o surgimento dos super-herois. O mundo dos super-herois, no entanto, é muito mais complexo, pois não só o super-heroi é dotado de qualidades sobre-humanas que exigem uma maior elaboração do personagem como vive num mundo habitado por outros seres com superpoderes e isto torna a história mais complexa. (VIANA, 2005. P.72)
O alterego dos Super-Herois, por exemplo, é uma espécie de elo entre o fantástico e o
real. É através dele que os Super-Herois existem na vida comum, cotidiana. Na visão de
Reblin, esse fato de dupla-identidade, ora humano e comum e ora sobre-humano e fantástico é
o que aumenta ainda mais a fascinação entre o expectador e obra.
3. Contexto Histórico: A Geopolítica e o Cotidiano na Passagem do Século XX para o XXI
Muitos acontecimentos ocorreram na troca do século XX para o XXI, dentre eles
podemos destacar o temido terrorismo e desenfreada guerra ao terror. Estranho, para nós
historiadores, é entender o discurso de que a prática terrorista seja fruto apenas deste século.
O reflexo deste mundo conturbado e em transição se faz presente nos episódios da Liga da
Justiça. Eric Hobsbawm em uma das suas últimas obras: Globalização, Democracia e
Terrorismo comenta que o “Imperialismo dos Direitos Humanos” é a prática mais comum
adotada principalmente pelos EUA com relação a sua política externa. Essa prática de
intervenção militar, violenta e agressiva, em outra nação em nome de uma liberdade que
talvez não seja a mesma para todos é possível notar na animação que pretendemos pesquisar.
Afinal, os Super-Herois intervém no momento em que acham justo intervir, muitas vezes
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causando estragos e danos maiores em prol do fim de um “inimigo” utilizando a força física e
violência, quando a diplomacia e a negociação são a única forma efetiva de paz nos dias
atuais (HOBSBAWM, 2011).
Edward Thompson na introdução de sua obra prima, Costumes em Comum, salienta
algo que ele chamou de a Segunda Guerra Fria. Ele comenta que: “[...] no princípio da década
de 1980, a emergência da “Segunda Guerra Fria” e as demandas do movimento pacifista me
desviaram desse trabalho” (THOMPSON, 1998, Pág. 9), se referindo a demora em concluir a
obra supracitada. Embora nesse texto em questão o autor não se proponha a discutir essa
Segunda Guerra Fria, ele aponta a sua existência. Seguindo essa mesma linha de análise, Fred
Halliday (1989) faz uma excelente análise desse contexto histórico e social. Para esse artigo,
os textos de Halliday se tornam muito importantes, pois é nessa conjuntura social que ocorre
grandes transformações culturais e na área artística e do entretenimento não foi diferente. É
nessa época que surge a Graphic Novel (quadrinhos destinado ao público adulto abordando
assuntos até então proibidos como sexo, drogas entre outros), o movimento Punk, o
movimento Pacifista ganha força e o temor nuclear cada vez mais aumenta. É nesse contexto
de ameaças nucleares, com a Queda do Muro de Berlim (1989) e com o fim da URSS (1991),
que os principais agentes envolvidos no processo de criação e produção do desenho Liga da
Justiça estavam inseridos e essas influencias, inegavelmente, são notadas na animação.
Dwayne McDuffie (principal roteirista de série animada), Dan Riba e Butch Lukic
(principais diretores), Bruce Timm (principal produtor) mostram através de sua narrativa,
enredo e técnica questões que nos remetem a uma continuidade do que Thompson vai chamar
de Exterminismo, ou seja, o medo da ameaça nuclear é o mais evidente na série, praticamente,
a principal luta dos heróis está contra o terrorismo e a nuclearização do mundo.
A militância Pacifista de Thompson e sua excelente capacidade como historiador
permitiu a ele realizar uma excelente analise sobre o contexto em que o mundo estava
passando na década de 1980. Em sua obra Exterminismo e Guerra Fria o autor propõe a
categoria de Exterminismo para analisar o contexto final da Guerra Fria e projetando
possíveis relações para um futuro próximo, semelhante ao ensaio que Hobsbawm realizou
para discutir a questão do terrorismo. Com essa nova categoria, o autor, tenta mostrar como o
homem vinha utilizando os meios políticos e da pseudo-diplomacia para realizar a já
conhecida paz armada. Só que a diferença nessa ocasião é que as armas a qual os Estados
buscam armazenar como tentativa de intimidar as outras nações são armas de destruição em
massa, a grande maioria nucleares. Esse medo da nuclearização é o fator mais perceptível na
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Liga da Justiça onde os Super-Herois tem em seus principais vilões as armas nucleares ou o
uso delas contra a população como seus maiores inimigos.
Além disso, Hobsbawm inspirou ainda mais esta pesquisa. Ao propor uma discussão
contemporânea sobre os conceitos de globalização, democracia e terrorismo, podemos notar
que os desenhos da Liga apresentam traços, em vários momentos, que condizem com que o
autor fala, desde a globalização como forma de unificar os padrões no mundo até a
democracia imposta, principalmente por armas e por fim o terrorismo de mão dupla, onde o
afetado é também o agressor pode ser encontrado neste desenho. Para somar a essas ideias de
Hobsbawm, procuramos encontrar outras visões, além do marxismo inglês para a questão do
Terrorismo e a Democracia, temática em constante evidencia nesse desenho, afinal os Herois
são a representação máxima da justiça e da paz.
Sendo assim, Noam Chomsky (2003), crítico e estudioso sobre linguística, professor
universitário renomado e anarquista de formação político-ideológico, se torna indispensável
para analisar um mundo em conflitos sobre uma visão anarquista dele. Para ele o terrorismo é
uma forma de resposta a atitudes inconsequentes e não pensadas legitimadas por um Estado.
A diferença, para Chomsky está entre quem pratica os atos. Se for o estado, legitimado por
leis e com pequenas tropas regulares em países alheios causando pactos enormes não é
considerado terrorismo. Porém, se for um grupo armado, sem tática, sem definição de
localidade que emprega seus atos causando atrocidades iguais ou maiores que o Estado
opressor, esse sim é considerado terrorista. Se formos parar para analisar estas afirmações
acima para com os Super-Vilões da animação em questão, vemos que o que Chomsky
considera como terrorismo é exatamente as atitudes tomadas por eles. Seu objetivo maior não
assaltar um banco, como na era de Tio Patinhas, agora o que se quer é causar pânico, terror e
poder. O objetivo do Coringa (Super-Vilão clássico das HQ’s representado na Liga da
Justiça) é assustar a todos e não só roubar dinheiro, mas conseguir o poder que os Super-
Herois possuem.
Tentando entender o mundo contemporâneo, as mídias corporativistas por quem a
Liga da Justiça foi produzida e os seus principais criadores buscamos autores que pudessem
nos salientar o meio em que este foi produzido. Sendo assim, Paulo Vizentini, Professor Pós-
Doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fala sobre o Neoliberalismo e suas
práticas corporativistas, onde empresas buscam instalar suas indústrias em países diferentes,
principalmente aquele que o autor se refere como o Terceiro Mundo com o objetivo de
baratear a produção com uma mão-de-obra mais barata e excelentes condições fiscais;
baixando os custos da exportação e conquista outros mercados. Isso fica evidente nos
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desenhos animados, só que não relacionado à sua produção afinal ela envolve uma mão-de-
obra altamente qualificada e equipamentos tecnológicos de alto padrão, ficando restrito quase
que exclusivamente a serviço dos países, ditos, de Primeiro Mundo.
Porém, além das traduções e dublagens, o neoliberalismo pressupõe a existência de
holdings nas quais bonecos, cadernos entre ouros são produzidos em países de Terceiros
Mundos. Como o desenho animado hoje, em sua maioria, é direcionado ao público infantil,
ou seja, futuros consumidores e atuais consumidores secundários (compram através dos pais
e/ou responsáveis) como afirmam Shirley Steinberg e Joe Kincheloe no seu livro: Cultura
Infantil: a Construção Corporativa da Infância é preciso ter um controle e atenção ao que
eles estão veiculando e propagando como o melhor para se viver. Isto é uma parte da intenção
deste trabalho, entender o que a Liga da Justiça nos diz sobre a sociedade atual e até sobre o
passado, analisando e discutindo elementos referentes à existência ou não de propagandas que
influenciem o Inconsciente Coletivo, questão que trataremos mais adiante.
Sobre isso, ainda é importante salientar que além da intencionalidade da
produtora/produtor nesse processo de criação é preciso entender que a subjetividade de cada
um vai fazer com que essa linguagem seja compreendida da forma como esperada pela
empresa. Além disso, o contexto atual onde a paz mundial é defendida pela guerra, pode-se
compreender um dos motivos que leva os Super-Herois a usarem a força física com arma
contra o mal. A reflexão feita por Walter Mead, especialista estadunidense em Relações
Internacionais, em torno das questões entre paz e guerras nos levam a pensar que ambas
andam, e sempre andaram, em uma linha tênue que uma vez rompida o estabelecimento da
paz por meios armados se torna inviável.
Embora o autor siga uma linha nacionalista, tentando justificar os feitos e buscando
compreender uma melhor maneira de governar no século XXI e suas relações externas, é
possível perceber que, embora a visão do autor não seja essa, a política intervencionista dos
EUA não tem como atingir seus objetivos. A imposição de uma democracia liberal é
extremamente questionada por Hobsbawm, argumentando que os motivos que os levam a se
declarar os redentores da democracia e com o direito de difundi-la parte de uma combinação
que: “[...] os Estados Unidos mantêm prontos, com a necessária combinação de megalomania
e messianismo derivada das suas origens revolucionárias” (HOBSBAWM, 2011, p. 117)
Sendo assim, é possível identificar esses elementos nos Super-Herois uma tentativa de
imposição da ordem e do controle. Ficando ainda mais claro que essa imposição é
normalmente estabelecida pela violência física.
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4. Análise Das Animações Uma animação é fruto de criação dos seus autores que estão dentro de um contexto e,
portanto nela representam (propositalmente, ou não) elementos desta época. Segundo Maria
Felisminda de Rezende e Fusari, em sua obra O Educador e o desenho animado que a criança
vê na televisão, o desenho animado é uma mídia de grande difusão e aceitação na sociedade,
principalmente em relação ao público jovem. O Desenho Animado, de um modo geral, possui
uma linguagem universal, ou seja, adaptável a todo público-alvo, utilizando o humor e
enredos que permitam uma maior compreensão de uma realidade própria da Animação.
Embora a autora tenha o foco no ensino de Artes através das animações, a leitura de sua obra
torna-se indispensável para entendermos a relação desta mídia com a escola e sua
aproximação com a linguagem da criança. Sendo assim, segundo Adriana Hoffman Fernandes
na sua dissertação de mestrado intitulada: As mediações na produção de sentido das crianças
sobre os desenhos animados faz uma análise extremamente importante para o nosso trabalho
mostrando como as crianças produzem sentidos e significados aos signos e símbolos que a
animação transmite.
Alguns artigos escritos para revista acadêmicas no Brasil ajudaram a pensar este
trabalho e suscitaram algumas discussões pertinentes ao se analisar os desenhos animados da
Liga da Justiça. O primeiro artigo a ser destacado é o artigo de Carla Molina, O Desenho
Animado e a Televisão na Cultura Contemporânea, escrito para a Revista Letra Magna. Em
poucas páginas a autora relata uma análise semiótica feita da animação Cyberchase tentando
entender a formação do imaginário infantil e as atuações da escola e família perante essa
“nova” cultura televisual. Esse texto nos permitiu pensar em como a compreensão das
questões técnicas são importantes para uma análise acadêmica, bem como comprovou, através
de suas bibliografias e resultado de suas pesquisas quantitativas, a influência dos desenhos
animados em nossa sociedade contemporânea. Por fim, o artigo de Joice Esperança, Meninos
versus meninas: representações de gênero em desenhos animados e seriados televisivos sob
olhares infantis, no qual traz uma importante discussão sobre o sexismo nos desenhos
animados. Seus estudos apontam para que desenhos de Super-Herois como a Liga da Justiça
são feitos com o intuito de atingirem um público-alvo de meninos. Sendo assim, é notório
analisar a pequena presença feminina na animação em questão. Dos sete personagens
principais somente dois são femininos e em muitos episódios pouco aparecem.
Antes de iniciarmos o processo de análise da animação em questão é necessário fazer-
se uma breve explicação de como é esta fonte e onde ela está acessível. Primeiramente, é
preciso salientar que a animação da Liga da Justiça é uma animação seriada e contínua.
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Portanto, o seu roteiro e a sua forma de reprodução não pode ser aleatória, cada episodio deve
ser visto na sequencia indicada uma vez que a história anterior complementa a próxima. Isso
gera no espectador uma necessidade de assistir diariamente. Devemos compreender que esta
animação é transmitida por redes televisas com um episódio por vez, a necessidade de assistir
a continuidade no dia seguinte é maior.
Além disso, alguns sites de fãs e aficionados por animações e super-herois nos
auxiliaram imensamente na fase de busca de informações sobre os diretores, roteiristas, títulos
dos episódios entre outros. Informações pertinentes a própria produção das animações muitas
vezes foram retiradas desses sites como, por exemplo, o The JLanimated, um site feito por fãs
da animação que possui informações sobre cada episódio, os personagens e algumas
curiosidades. Outro site mais importante que nos auxiliou neste trabalho foi o DC Animated
Universe Wiki, um site no formato “wiki” onde associados podem postar informações sobre
os assuntos em questão. Esse site em si foca o universo de desenhos animados produzido pelo
universo da DC Comics. Ele contém a biografia dos produtores, características de seus traços
(no caso de desenhistas), entre outras informações muito pertinentes para a pesquisa, e
maioria das informações são referenciadas ao final. Estes sites, embora possam ter sua
confiabilidade questionada, para Marcos Napolitano no texto publicado no livro Fontes
Históricas, diz que:
Na fase de montagem de projetos, conferência de informações, levantamento de fontes (discografias, filmografias, biografias de personagens pesquisados, documentos escritos conexos e etc.), a internet é extremamente valiosa, se o pesquisador tiver algum tipo de experiência com esse tipo de pesquisa virtual, facilidade de acesso à rede e muita paciência para passar horas na frente da telinha. São centenas de websites sobre música, cinema e televisão, sobretudo europeus e norte-americanos, que podem e devem ser acessados. (NAPOLITANO In: PINSKY, 2010, Pág. 265)
Após essas considerações, faz-se necessário falarmos da disponibilidade das fontes.
Essa animação por ser bem popular e com as mais variadas formas de tecnologia de copia e
reprodução de materiais audiovisuais pode ser facilmente encontrada disponível para
download na internet ou então para se assistir online em sites como o Youtube. Além disso,
foi feito uma coletânea com quatro DVD com os episódios da série, que totalizam 52, mais
algumas cenas extras com entrevistas a roteiristas, animadores ou curtas em animação da DC
Comics. Essa coletânea também pode ser facilmente comprada em português em lojas que
vendam produtos audiovisuais e será ela que utilizaremos como o suporte desta fonte para
esse trabalho. Levando em consideração que nosso foco de análise é sobre esse desenho
transmitido pela televisão, que em termos de conteúdo, dublagem, cores e animação em nada
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se diferencia, o que o torna diferente do DVD é o meio pelo qual se veicula e as suas
diferentes formas de reprodução e recepção.
Para que esse artigo possa cumprir o limite estabelecido de páginas a serem escritas,
optamos por abordar aqui apenas a primeira temporada – que corresponde até o episódio de
número 26 – para que a qualidade do estudo não seja perdida na tentativa de abranger um
grande número de episódios. Analisaremos apenas alguns episódios que envolvem as
temáticas da democracia, terrorismo e do exterminismo. Abaixo segue um gráfico
explicitando as informações das temáticas mais recorrentes em cada episódio da temporada
em questão:
A partir de agora, faremos uma breve sinopse dos episódios relacionando-os com as
temáticas acima elencadas. Lembrando que os episódios são seriados, alguns possuem duas
ou mais partes onde o seu enredo fica totalmente em aberto e sua história só termina no
episódio seguinte. Por esse motivo, agrupamos os episódios na sequencia a qual foram
reproduzidos no DVD e na televisão e agrupamos esses episódios que estão divididos por
partes para facilitar a compreensão do leitor.
4.1.Episódios 1,2 e 3: Origens Secretas
Invasores alienígenas que vieram junto com astronautas que foram para Marte
despertaram e começam a tomar conta da Terra. Super-Homem e Batman resgatam J'onn
J'onnz, que estava preso pelos marcianos disfarçados de humanos. J’onn tinha convocado
telepaticamente a Mulher-Maravilha, a Mulher-Gavião, o Flash e o Lanterna Verde para
derrotar a invasão. Super-Homem reúne todos na Torre da Justiça que foi construída pelas
Indústrias Wayne (a qual o altergo de Batman – Bruce Wayne – é dono) e pede para que se
forme uma equipe, que ele chama de Liga da Justiça, que esteja pronta para salvar a
humanidade de ameaças tão fortes quanto essas que acabaram de enfrentar.
8
6
6
6Terrorismo e (falta de) democracia
Armas Químicas e/o Tecnológicas
Exterminismo (armas nucleares e afins)
Magias e Inimigos Comuns
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Esse episódio dá o tom de como a série seguirá daí em diante. Um dos momentos
cruciais desses episódios é quando Super-Homem no discurso que dá na ONU sobre a
substituição das armas que poderiam causar aquilo que Thompson (1985) chamou de
exterminismo da humanidade pelo super-heroi em questão, este discursou na mesma entidade
afirma seu pacto para com os seres humanos dizendo que: “Eu pretendo defender os ideais de
liberdade e de justiça, não só para a América, mas para o mundo” (Liga da Justiça: Origens
Secretas Parte 1, 00:09:50 min). Nesta frase fica claro a ideia da animação, no primeiro
episodio o principal personagem se declara como o defensor da liberdade e da justiça. E ainda
mais, ele fez questão de ressaltar que expandiria a liberdade e a justiça para o mundo. Porém,
se questionarmos que liberdade é essa? Para quem é essa liberdade? E o mesmo serve para a
justiça, indo de encontro com o que Hobsbawm (2011) fala sobre a expansão dos direitos
humanos dos EUA pelo mundo, naquilo que ele chamou de imperialismo dos direitos
humanos. Mesmo compreendendo que a intenção do Super-homem seja manter a paz no
mundo, essa ideia de intervenção em outras nações para que a diplomacia vença ao invés da
guerra nem que ele seja obrigado a utilizar a força bruta é a mesma que Walter Mead (2006)
utiliza em seu livro para justificar a política externa do EUA no século XXI e que, como já
dito, muito criticada por Hobsbawm.
Figura 1) Discurso de um líder político na ONU contra as armas nucleares (Liga da Justiça: Origens Secretas Parte 1, 00:08:15 min)
4.2.Episódios 4 e 5: Na Noite Mais Negra
Lanterna Verde se rende aos robôs, Manhunters, para ser julgado pela destruição de
um planeta. Enquanto o Flash atua como advogado de John Stewart (alterego de Lanterna
Verde), o resto da Liga descobre que os Guardiões do Universo, que também são os “chefes”
dos Lanternas Verdes, criaram os robôs para que ajudassem a manter a ordem no universo
impondo regras e julgando os culpados. Mas logo souberam que eles eram falhos, devido à
incapacidade de sua programação para distinguir as gradações sutis entre o bem e o mal. Em
vez de encerrar os robôs totalmente, os Guardiões escolheu reprogramá-los para funções
menores, a função de protetores do universo foi dada a Tropa dos Lanternas Verdes.
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Esses episódios são uma clara referência a Tropa dos Lanternas Verdes que desde os
quadrinhos são os defensores do universo, porém eles trazem questões que podem ser
problematizadas por diversas matrizes. A primeira é que no inicio do episódio 4 as cenas
iniciais se passam no subúrbio de Nova Iorque onde John encontra amigos e parentes vendo
jogo em um bar pela televisão, pessoas jogando basquete e uma loja é assaltada.
Essa representação de subúrbio é muito importante quando se fala em uma animação
que é destinada a crianças e que acaba “ajudando” ela a formar suas opiniões acerca daquilo
que está sendo visto. Além disso, o Lanterna Verde em questão é um negro, que pela primeira
vez está ocupando um posto de personagem principal em uma série animada de grande
vendagem. Isso permite problematizar bem mais a questão em relação ao preconceito racial e
entendermos um pouco mais o que a série se propõe. O fato de o roteirista Dwayne McDuffie
ser negro pode ter influenciado na escolha de John Stewart, o afro-americano ex-integrante da
marinha dos EUA a ser o personagem que iria compor o elenco da Liga da Justiça.
O episódio 5 mostra o que seria uma ditadura, ou um regime autoritário no qual um
grupo que foi colocado no poder, no caso os robôs Manhunters (que traduzido seria
“Caçadores de Humanos), perdeu o controle e realizou um julgamento sem nenhum senso de
justiça e a ganância pelo poder os cegaram, tornando-os cruéis. Eis então que a Liga intervém
para impedir que o pior aconteça. Um claro exemplo, que os seus criadores queriam mostrar,
de como um regime autoritário e antidemocrático pode ser cruel e devastador. Direcionando a
sua visão de mundo para seu público-alvo, um claro reflexo das influencias do contexto em
sua narrativa, período no qual se inicia a invasão no Afeganistão na qual segundo
Chomsky(2003) só serviria para retirar aquele que os próprio EUA colocaram no poder.
4.3.Episódios 6 e 7: Inimigo Submarino
Um nuclear submarino é atacado no Atlântico, obrigando a Liga de ficar cara-a-cara
com o Aquaman e seu exército Atlante. Aquaman vai para Metropolis para falar com os
governantes em uma assembleia muito semelhante a da ONU. Ele é ignorado e considerado
uma ameaça. Quando um mercenário atira e machuca gravemente Aquaman a Liga descobre
que Orm, seu próprio irmão estava por trás do ataque. Mais uma vez uma referência clara a
falta à democracia, pois Aquaman embora fosse uma espécie de monarca tinha o seu
reconhecimento e respeitava o seu povo. Seguindo a linha de pensamento de Hobsbawm a
democracia nos moldes atuais está mais voltada para o respeito aos direitos humanos e o
direito de escolher os seus representantes. Uma polêmica que ocorre antes da derrota Orm por
Aquaman e pela Liga é o fato de acusarem o líder de Atlantis de ter roubado a ogiva nuclear
que estava em um submarino estadunidense afundado pelo povo submarino.
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Figura 2) Local onde ficava uma ogiva nuclear instalada num submarino estadunidense afundado em águas pertencentes a Atlantis. (Liga da Justiça: Inimigo Submarino Parte 1, 00:09:04 min)
4.4.Episódios 8 e 9: Injustiça para Todos
Exposto como um criminoso, condenado à prisão, e em estado terminal devido ao
longo prazo de exposição à kryptonita, Lex Luthor escapa e monta uma equipe de supervilões
composta de Safira Estrela, Cobra Venenosa, Sombra, Chita, Solomon Grundy (um espécime
de zumbi, muito forte) e a inesperada chegada do Coringa. Esse grupo vai se chamar Liga da
Injustiça, seus planos e atos praticados tem a intenção de derrotar a Liga da Justiça para
conseguir a supremacia de seus crimes. Porém, na prática suas atitudes nos remetem ao
terrorismo, pois tendem a realizar atividades que tem a intenção de chocar a população em
prol de sua causa. Foram derrotados graças à traição de um de seus integrantes que ajudou
Batman a sobreviver. Mas esse episódio é mais importante pela forma como os vilões são
representados e a diferença de atitude entre o bem e mau, além de explicitar as vantagens (no
caso de Batman) e desvantagens (no caso da Liga da Injustiça) de se ter a tecnologia em
setores bélicos e militares.
4.5.Episódios 12 e 13: Planeta Arena
Super-Homem e Caçador de Marte (J'onn J'onnz) são raptados por extraterrestres
comerciantes de escravos e são vendidos a um planeta do governante despótico Mongul onde
a população gasta seu tempo assistindo estrangeiros em combate mortal em um coliseu
enorme. Lanterna Verde e Mulher-Gavião foram para resgatá-los. Esse episódio é mais um
onde o foco é a democracia. Mongul é o exemplo de um líder poderoso é sádico, como
muitos que podemos observar no século XXI, principalmente se formos olhar através da visão
das mídias corporativistas e pelo discurso oficial dos EUA, como nos relata Mead (2006).
4.6.Episódios 16 e 17: Fúria
Um malandro amazona chamada Aresia (nascido no mundo dos mortais e criada em
Themyscia) reúne um pequeno grupo de ex-integrantes da Liga da Injustiça incluindo Estrela
Safira, Sombra e outros. O objetivo desta amazona é matar população masculina do mundo,
que considera a responsável pela morte de seus familiares em uma guerra. Mulher Gavião o
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tentar estabelecer um diálogo com as amazonas e ser considerada inimiga e não ter sido
escutada diz: “Se não escutam a voz da razão...” (Liga da Justiça: Fúria Parte 1, 00:09:03
min) e parte para a briga com elas. O episódio traz consigo uma discussão muito interessante
sobre o mundo machista em que vivemos. Embora ela use de atitudes extremadas, como a
tentativa de matar todos os homens, Aresia questionava a forma pela qual o mundo era
conduzido e as formas com as quais as relações acontecem, onde as mulheres devem se
submeter ao homem. Isso é um exemplo claro de uma animação que nos permite discutir mais
a fundo o sexismo. Essa ideia superioridade da mulher em relação aos homens, como é o
discurso pregado pela rainha de Themyscia foi o que alimentou o ódio de Aresia. A história
acaba quando ela descobre que sua vida foi salva por um homem, mesmo assim, ela resolve
continuar seu projeto megalomaníaco, a qual a Liga acabou derrotando. Mas ao final, o
desenho deixou claro que a relação harmoniosa entre homens e mulheres é o mais importante
para a convivência em sociedade. Porém, não houve uma grande problematização em relação
as questões de gêneros, porém fica implícito que as reivindicações das amazonas são por uma
sociedade mais justa e igualitária onde a mulher é forte e autossuficiente, embora estas uses
pouca roupa e sua sensualidade e romantismo sejam explicitados (com o limite devido para
ser circulado para um público infantil) nos episódios. Aqui, os elementos terroristas ficam
evidentes, quando a vilã realiza atentados com o intuito de causar o caos e a desordem em um
ambiente em prol de chamar a atenção por uma causa. A diferença deste tipo de ação para o
que Hobsbawm comenta sobre terrorismo é que para ele tal atitude não representa uma real
ameaça às estruturas político-sociais. Diferente do que ocorre na animação em questão
quando as atitudes da vilã comprometem o funcionamento do mundo, pois embora no inicio
ele tenha cometido pequenos delitos, no final ela poderia ter acabado com a população
masculina, o que extinguiria a espécie humana.
4.7.Episódios 22 e 23: Metamorfose
Lanterna Verde velho amigo de Rex Mason, que agora trabalha para um grande
empresário, sofre um "acidente" arranjado por seu empregador com ciúmes e se transforma
em super-herói Metamorpho. Esse novo personagem foi planejada pelo empresário para que a
empresa que trabalha com produtos químicos perigosos, que tinha um grande histórico de
acidente de trabalho e contaminação por parte de seus empregados, pudesse ter mais lucro ao
colocar para trabalhar um ser que não é afetado por nenhum dos elementos radioativos e
nocivos a saúde de um humano. Essa ganância pelo lucro é nitidamente criticada nestes
episódios. O Episódio termina quando Metamorpho percebe que estava sendo usado por
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Simon Stagg(o empresário) e com a ajuda da Liga da Justiça derrota o mostro que seu Stagg
se transformou ao ser contaminado pelos produtos químicos que transportava ilegalmente.
Fica evidente que a ideia deste episódio é mostrar o perigo das indústrias químicas, a
ganância capitalista a exploração e maus tratos aos trabalhadores. Isso mostra que não é só as
armas exterministas que são temidas, mas os produtos químicos e radioativos em uma era de
tecnologia voltada para o caráter militar, tudo se torna perigoso. Hobsbawm comenta que os
EUA são atualmente a principal potência em tecnologia militar, isso comprova que seus
criadores tentaram evidenciar as vantagens e desvantagens da mesma, mas sempre mostrando
que a ideia é boa, desde que a use para o bem.
4. 12. Episódios 24, 25 e 26: Nos Tempos de Savage
Ao retornar de uma missão no espaço, todos os integrantes da Liga (com exceção de
Batman) caíram numa espécie de fendo do tempo. Ao chegarem nesta outra dimensão, eles
encontram um o Batman um tanto quanto futurista, no qual estava vivendo na Terra em que a
Segunda Guerra teria sido vencida por um inimigo chamado Vandal Savage, que está ali para
substituir a figura de Hitler, um ditador tirânico e totalitário que abusa do terror para com o
povo. Conseguiu o poder voltando no tempo e mudando o rumo da História ao vencer a
Segunda Guerra Mundial. Através de uma nova fenda no tempo que os transportaria para a
Segunda Guerra Mundial, seria a chance dos super-herois de conseguirem fazer a História
voltar ao normal. Quando chegam lá se deparam com inúmeros casos diferentes, desde o
grupo Falcão Negro (Liga da Justiça: Nos tempos de Savage Parte 2), um grupo composto
por soldados dos países ocupados por Savage (que são os mesmos que a Alemanha Nazista)
como, por exemplo, a Holanda, Polônia e a França.
A história termina quando a Liga da Justiça conta com a ajuda de um espião dos EUA
infiltrado no exército de Savage. Aqui fica evidente a ideia de heroísmo e vanguardismo dos
estadunidenses na Segunda Guerra, pois afinal foi através da ajuda de um espião dos EUA
que foi possível vencer a guerra. Isso mudou os rumos da História, trazendo-a para aquilo que
se considera “normal” dentro da série. Além disso, a releitura do passado, no caso a Segunda
Guerra foi feita de uma maneira muito interessante, afinal misturaram armamentos e
tecnologias bem futuristas com vestimentas e alguns diálogos bem pertinentes para o período.
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Figura 3) Vandal Savage em primeiro plano. O ‘S” na faixa vermelha em seu braço faz referência a Savage, mas também tem a intenção de se direcionar ao nazismo e sua representação pela suástica. Ele é referido pelo o outro personagem na tela como “My Fuher”. (Liga da Justiça: Nos tempos de Savage Parte 3, 00:03:05 min)
5. Palavras Finais Então, a fim de concluir esse breve estudo acerca desta animação, podemos afirmar que
as possibilidades de análises são imensas. Este trabalho apenas apresentou algumas
possibilidades de análise a qual pretendemos dar continuidade em pesquisas futuras. Além
disso, percebemos que as representações da sociedade e os imaginários sociais construídos
em relação aos super-herois são muito importantes para a juventude que é expectadora de
televisão. A dualidade entre bem e mal e sobre justiça e liberdade (normalmente associada à
democracia) e temor a elementos nucleares é o que mais se evidencia nesta animação.
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7. Fonte Primária A coleção de DVD da Liga da Justiça é divida em dois volumes, cada um conta com 4
DVD, em que cada um possui de 6 a 7 episódios da série, com média de 20 minutos cada.
Além de um disco com cenas extras e entrevistas. A primeira temporada corresponde ao
primeiro episódio até o vigésimo sexto, após esses episódios ocorreu uma pequena pausa até
que a finalização e edição da segunda temporada ficassem prontas e depois seguiu-se mais 26
episódios que encerram a série em sua segunda temporada, tendo a sua continuação na
animação Liga da Justiça Sem Limites. Esses DVD estudados podem ser comprados
facilmente em lojas especializadas ao preço comum a este tipo de produto, além disso,
possuem informações e a ficha técnica mais especificada do que alguns dados coletados na
internet. Abaixo as referencias:
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LIGA DA justiça – Volume 1=Justice League Vol. 1. Direção de Dan Riba e Butch Lukic Roteiro de Dwayne McDuffie. Produzido por Bruce Timm e Paul Dini. Distribuído por Warner Home Video. EUA, 2002. 4 DVD (520 min), Son., Color.