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Diretrizes para Organização Curricular
de Cursos de Licenciatura em
Ciências Agrárias (LICAS) no Brasil
Por Breno Henrique de Sousa
UFPB / APLICA
Licenciatura em Ciências Agrárias e identidade profissional
Expectativa do discente; Acesso mais fácil que outros cursos das
agrárias; Ciências Agrárias sim, licenciatura não; Caminho mais curto para atuar no campo
das Ciências Agrárias; Ingressar mais rapidamente numa pós-
graduação;
Conflitos na busca de um perfil para o egresso
Bacharelado x Licenciatura
Resolução CNE 02/2002 Mínimo de 2800 horas; 1800 horas – científico-culturais; 400 horas de estágio; 400 horas de prática; 200 horas de atividades
complementares.
Resolução CNE 329/2004 e 08/2007
Mínimo de 3600 horas; Estabelecer-se-ia que os estágios e
atividades complementares e/ou práticas, em conjunto, não poderiam exceder o total de 20% (vinte por cento) da carga horária total do curso (720 horas);
2880 horas – científico-culturais.
Diferença de carga horária científico-cultural
Licenciatura 1800 horas
Bacharelado 2880 horas
Diferença 1080 horas
Devemos querer ser um
bacharelado?
Conflitos na busca de um perfil para o egresso
Área técnica x Área Pedagógica
Conflitos na busca de um perfil para o egresso
Agricultura x Zootecnia
Conflitos na busca de um perfil para o egresso
Mercado Profissional x Formação Acadêmica
Conflitos na busca de um perfil para o egresso Interesses Docentes x Interesses
Discentes
Conflitos na busca de um perfil para o egresso
Ampliar as atribuições x Restringir as atribuições
Onde trabalha o egresso?
Realidade da Agricultura no Brasil e no Mundo
Segundo a FAO (2014), existem no mundo cerca de três bilhões de agricultores familiares e indígenas que produzem cerca de 80% dos alimentos no mundo;
Nos Brasil, dos cerca de 5 milhões de estabelecimentos rurais, 84% são da agricultura familiar e apenas 16% são da agricultura patronal, não familiar:
Os agricultores familiares brasileiros produzem mais de 70% dos hortifrutigranjeiros consumidos no país;
Realidade da Agricultura no Brasil e no Mundo
Na safra 2010/2011 o governo investiu cerca de 100 bilhões de reais na agricultura patronal e apenas 16 bilhões na agricultura familiar (IPEA, 2011);
77,88% por cento dos estabelecimentos rurais do Brasil não recebem assistência técnica. Segundo o MDA (2011) temos um déficit de 15 mil extensionistas;
Dos empregos gerados pela agricultura, 74% provém da agricultura familiar e apenas 26% provém da agricultura patronal.
O Profissional que queremos
Formação técnica generalista no campo das ciências agrárias que permita um profissional versátil, capaz de estabelecer relações entre os diversos saberes no campo das ciências agrárias;
Formação pedagógica que permite atuação no campo da educação formal e informal, escolar e não escolar;
Ênfase na formação para extensão rural, desenvolvimento comunitário, ONGs, coordenação de projetos e equipes multidisciplinares e educação do campo.
O engajamento político Encontrar soluções locais para problemas
globais, construídas a partir de metodologias participativas;
Trabalhar a contextualização do ensino de acordo com as demandas locais sem perder a universalidade do conhecimento;
Optar sempre pelos excluídos e minorias no processo desenvolvimento no campo;
Considerar o homem do campo o elemento central no contexto rural, sendo a produção um dos elemento para sua qualidade de vida;
O engajamento político Soluções técnicas que diminuam a dependência
do agricultor de insumos externos industrializados e de matriz energética fóssil;
Desenvolver pesquisa e extensão voltados para as necessidades reais da região, com o objetivo de solucionar os problemas do homem do campo;
Adaptar tecnologias possibilitando o acesso às mesmas ou criar soluções eficientes técnica e economicamente acessíveis ao homem do campo;
Ter a agroecologia como paradigma central, considerando toda sua abrangência e ressaltando a preservação do modo de vida camponês;
Pilares das Licenciaturas em Ciências Agrárias
Formação Técnica
Educação do Campo e Extensão
Rural
Formação Pedagógi
ca
Áreas técnicas que devem compor as Licenciaturas em C.
Agrárias
Zootecnia
Agricultura
Tecnologia Rural
Administração rural
Agroindústria
Aqüicultura
Áreas pedagógicas que devem compor as Licenciaturas em C.
AgráriasEducação do Campo
Extensão Rural
Educação contextua
lizada
Ensino Formal
básico e tecnológi
co
Eixos norteadores e integradores
Meio Ambien
te e Educaç
ão Ambien
tal
Desenvolvimento
Sustentável
Economia
Solidária
O papel do estágio na formação curricular
O papel do estágio na formação curricular
O Estágio Supervisionado ontem e hoje; Repensando os Estágios Supervisionados; As atividades de extensão, de monitorias
e de iniciação científica na educação superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico do curso. (§3º, Art. 2º, Lei de Estágio – Lei 11.788);
O Estágio como atividade de Extensão nas LICAS;
Importância do estágio na forma de extensão
Permite uma integração entre a escola e o campo, adequando de forma compatível os calendários da universidade e de plantio na agricultura;
A intermitência entre o campo e a universidade promove uma interação dialética onde o educando lança novos olhares sobre sua realidade, a medida que reflete sobre seus saberes e sobre esta realidade;
Esta dinâmica permite a vivência do estágio curricular de maneira mais rica e interdisciplinar;
Importância do estágio na forma de extensão
Incentiva o aluno a permanecer em sua própria região, criando alternativas de trabalho e renda em uma perspectiva de economia solidária;
O Estágio Interdisciplinar de Vivência e Residência Agrária
O Estágio Interdisciplinar de Vivência Pedagógica ou Residência Agrária terá como objetivo promover a formação técnica e humanista dos Licenciandos em Ciências Agrárias a partir da sua convivência na comunidade e no desenvolvimento de projetos e pesquisas que contemplem a diversidade do campo em todos os seus aspectos: sociais, culturais, ambientais, políticos, econômicos, de gênero, geração e etnia, para sua atuação nas escolas do campo.
Importância do Estágio de Vivência e Res. Agrária
Permite uma integração real dos diversos saberes, caracterizando uma vivência interdisciplinar integrando os aspectos de pesquisa, ensino e extensão;
O Estagiário mergulha na realidade do agricultor percebendo desde então os diversos aspectos que integram sua realidade;
Constrói-se um saber orgânico, onde os saberes do agricultor, estagiário e supervisores se integram em uma releitura do meio;
Importância do Estágio de Vivência e Res. Agrária
Sensibiliza os futuros professores para o trabalho de educação no campo, ao mesmo tempo em que estas comunidades se tornam acessíveis para o trabalho dos futuros professores;
Oportunidade de prestar serviços à parcela expressiva da população do campo e que são portadores de evidente potencial de transformação social;
O Estágio na EAD
Avanços e Entendimentos
A carta de Catolé do Rocha O quê é o profissional de Licenciatura em
Ciências Agrícolas e Agrárias?
O Licenciado em Ciências Agrícolas e Agrárias é um profissional com formação técnica generalista, didático-pedagógica e sócio-política capaz de estabelecer relações de ensino, pesquisa e extensão entre os diversos saberes no campo da educação básica, técnica, tecnológica e superior nas áreas das ciências agrícolas e agrárias com competências e habilidades para atuar na educação profissional, educação ambiental, meio ambiente, agroecologia, extensão rural, agricultura familiar e educação do campo.
Atribuições atuais dos egressos do curso Exercer atividades docentes em espaços de educação
formal e não formal, escolar e não escolar; Atuar no campo da gestão escolar; Pesquisar, elaborar e executar projetos em sua área
de formação; Atuar em ações de desenvolvimento comunitário,
desenvolvimento rural e desenvolvimento urbano nos aspectos relacionados às temáticas inerentes a sua formação;
Exercer a função de extensionista rural (Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER e Assessoria Técnica Social e Ambiental – ATES) e no campo do cooperativismo, associativismo e empreendedorismo;
Coordenar e articular equipes multidisciplinares.
Campos de atuação Escolas técnicas profissionalizantes, escolas
de educação básica, universidades, institutos de educação, ciência e tecnologia;
Nas Escolas Famílias Agrícolas, Casas Familiar Rural e Escolas de Educação do Campo;
Empresas de assistência técnica e extensão rural, social e ambiental, cooperativas, associações, ONG’s, nas esferas municipal, estadual e federal;
Instituições de pesquisas agropecuárias e agroindustriais.
Perspectivas Futuras
Propostas e encaminhamentos do IX ENLICA
Incluir estágios voltados, além da docência, à área de Extensão Rural –Podem ser incluídas atividades como: educação do campo, residência agrária, alternância, Pronera, entre outros;
Reforçar a dimensão pedagógica do curso (não como simples instrumento ou instrumentalizadora da técnica);
Componentes curriculares que podem contribuir nesta perspectiva são: Educação do Campo, Extensão Rural, dentre outras;
Propostas e encaminhamentos do IX ENLICA
Reconhecimento de outras áreas de atuação, diferentes das tradicionais, tais como: agricultura urbana, hortas verticais, jardinagem, ecoturismo, agroecoturismo, peixes ornamentais, novos usos do espaço rural – pluriatividade das atividades do campo, energias alternativas, terraços ecológicos, dentre outros;
Observação: estes temas podem ser trabalhados como atividades complementares, disciplinas optativas, estágio, seminários, entre outras atividades.
Propostas e encaminhamentos do IX ENLICA
Repensar a nomenclatura do curso: Licenciatura em Ciências Agrícolas ou em Ciências Agrárias?
Expandir o campo de atuação do Licenciado em Ciências Agrícolas/Agrárias, trabalhando com outros espaços educacionais, tais como: escolas famílias agrícolas, casas familiares, dentre outras;
Criar uma logomarca para o curso que retrate a sua identidade e crie uma imagem do mesmo. Atualmente não há e cada curso cria a sua imagem/logomarca.
Propostas e encaminhamentos do IX ENLICA
Criar programas de intercâmbio de alunos e docentes. Para concretizar estes programas é necessário pensar matrizes curriculares que tenham, ao menos em alguns semestres, matrizes semelhantes, facilitando o aproveitamento de estudos;
Definir uma posição/um compromisso com a questão camponesa/agricultura familiar, como forma de posicionar politicamente o curso – um posicionamento crítico ao modelo concentrador do agronegócio convencional;
Propostas e encaminhamentos do IX ENLICA
Inserir/fortalecer a agroecologia nas diretrizes curriculares;
Organizar uma carta de apresentação padrão para a divulgação do curso, inclusive para apresentá-la quando houver situações/necessidade de alterar editais de concurso público;
Organizar um arquivo digital com orientações, legislação e decisões favoráveis para facilitar/auxiliar nas intervenções em editais de concursos públicos.
Pensando o Currículo das LICAS
Refletir, na definição das diretrizes, acerca dos seguintes pontos: formar o que? Para quê? Quem?
Na discussão das diretrizes ter presente que a incorporação de novas áreas de atuação pode invadir espaço de atuação de outros profissionais e, além disso, descaracterizar o próprio curso. Para tanto, é necessário ter cuidado e muita reflexão, discussão e amadurecimento acerca desses temas.
Pensando o Currículo das LICAS
Pensar o currículo do curso em torno de dois núcleos: um básico (rígido), que tem a finalidade de atribuir as atribuições profissionais do licenciado em ciências agrícolas/agrárias; outro externo (flexível), para incorporar as questões relativas à educação não escolar, por meio de seminários, estágios, atividades complementares, dentre outros.
Pensando o Currículo das LICAS
Nas discussões das diretrizes, ter presente que elas são genéricas. Por outro lado devem definir aspectos que fundamentam dão identidade ao curso, tais como: concepção de sociedade, de campo, de educação e de currículo; a questão da multi, inter e transdisciplinaridade; a relação entre os diversos conhecimentos (científico-tecnológico, empírico, tradicional, dentre outros)
OBRIGADO